ANDRÉ PASTRELO CAVALLIERI “Distribuição de fluxos metabólicos na produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus” Orientador: Profa. Dra. Maria Lucia Gonsales da Costa Araujo Tese apresentada ao Instituto de Química, da Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de doutor em Biotecnologia. ARARAQUARA 2014 FICHA CATALOGRÁFICA Cavallieri, André Pastrelo C459d Distribuição de fluxos metabólicos na produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus / André Pastrelo Cavallieri. – Araraquara : [s.n], 2014 102 f. : il. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Química Orientador: Maria Lucia Gonsales da Costa Araujo 1. Biotecnologia. 2. Antibióticos beta-lactâmicos. 3. Metabolismo. 4. Streptomyces clavuligerus. 5.Fluxos metabólicos. I. Título. Elaboração: Diretoria Técnica de Biblioteca e Documentação do Instituto de Química de Araraquara Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação ANDRÉ PASTRELO CAVALLIERI ___________________________________________________________________________ Formação acadêmica/titulação 2010-2014 Doutorado em andamento em Biotecnologia. Instituto de Química de Araraquara- UNESP, IQAR-UNESP, Brasil Título: Análise de fluxos metabólicos para a produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus Orientador: Maria Lucia Gonsales da Costa Araujo Bolsista da: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 2008 - 2010 Mestrado em Biotecnologia. Instituto de Química de Araraquara- UNESP, IQAR-UNESP, Brasil Título: Adição de precursores em meio complexo solúvel para a produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus, Ano de obtenção: 2010 Orientador: Maria Lucia Gonsales da Costa Araujo Bolsista da: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 2002 - 2008 Graduação em Farmácia-Bioquímica. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil ___________________________________________________________________________ Formação complementar 2009 - 2009 Curso de curta duração em Engenharia Metabólica. Simpósio Nacional de Bioprocessos, SINAFERM, Brasil 2008 - 2008 Curso de curta duração em Operação e manutenção básica do Sistema HPLC. Scientific Instruments CO., SINC, Brasil 2008 - 2008 Curso de curta duração em Importância das Interações Medicamentosas na Terapêutica da Terceira Idade. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2008 - 2008 Curso de curta duração em Técnicas de Separação Cromatográficas. Instituto de Química de Araraquara- UNESP, IQAR-UNESP, Brasil 2006 - 2006 Curso de curta duração em Simpósio de Propaganda de Medicamentos. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Validade Científica do Modelo Homeopático. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Desenvolvimento de Fármacos no Brasil. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Atualização Terapêutica: AINEs Inibidores de COX 2. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Módulo Temático Empresarial. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em II Simpósio de Psicofarmacologia- Transtornos de Depressão. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Biofarmácia: Importância no Desenvolvimento Farmacotécnico e na Qualidade Terapêutica de Medicamentos. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em HIV/AIDS: Impacto Social, Estratégias de Combate e a Contribuição da Ciência. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Farmácia Hospitalar. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em O Papel do Farmacêutico na Área de Marketing e Atendimento ao Consumidor. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2005 - 2005 Curso de curta duração em Simpósio de Alimentos Nutracêuticos. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Sistema de Liberação de Farmácos. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Desenvolvimento de Fármacos no Brasil. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Saneamento Ambiental. Instituto de Química de Araraquara- UNESP, IQAR-UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Gestão Ambiental de Resíduos. Instituto de Química de Araraquara- UNESP, IQAR-UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Benefícios dos Silicones no Cuidado aos Cabelos. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Garantia de Qualidade em Farmácia. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil 2004 - 2004 Curso de curta duração em Cachaça- da Produção ao Controle da Qualidade. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, FCFAR- UNESP, Brasil ___________________________________________________________________________ Áreas de atuação 1. Microbiologia Industrial e de Fermentação 2. Microbiologia Aplicada 3. Bioquímica dos Micro-organismos 4. Biotecnologia ___________________________________________________________________________ Prêmios e títulos 2008 Classificação em 5º lugar na avaliação dos trabalhos cíentíficos da 55ª Jornada Farmacêutica da UNESP, Comissão organizadora da 55ª Jornada Farmacêutica da UNESP ___________________________________________________________________________ Produção bibliográfica Artigos completos publicados em periódicos 1. LEITE, C. A., CAVALLIERI, A. P., ARAUJO, M. L. Enhancing effect of lysine combined with other compounds on cephamycin C production in Streptomyces clavuligerus. BMC Microbiology, v.13, n. 296, 2013. 2. ANTONIO, T.; BELLÃO, C.; CORRÊA, T.; CAVALLIERI, A. P.; BADINO, A. C.; ARAUJO, M. L. G. C. Evaluation of different media for the production of cephalosporins by Streptomyces clavuligerus ATCC 27064. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.55, p.819 - 825, 2012. Trabalhos publicados em anais de eventos (completo) 1. Cavallieri, A. P.; Araujo, M. L. G. C. Adição de Lisina e Ácido alfa-Aminoadípico para a Produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus In: XVIII Simpósio Nacional de Bioprocessos - SINAFERM, 2011, Caxias do Sul-RS. Anais do XVIII Simpósio Nacional de Bioprocessos. , 2011. 2. Cavallieri, A. P.; Araujo, M. L. G. C. Efeito da adição de l-lisina e ácido alfa-aminoadípico na produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus In: IVSeminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4, 2010, São Carlos. Anais do IV Seminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4. , 2010. 3. Cavallieri, A. P.; CORREA, T., Araujo, M. L. G. C. Atividade de lisina-6-aminotransferase na produção de cefamicina C em meio complexo adicionado de lisina In: III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4, 2009, São Carlos - SP. Anais do III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4. , 2009. 4. Cavallieri, A. P.; BELLAO, C.; Badino, A. C.; Araujo, M. L. G. C. Estratégias de Eliminação de Biocompostos Interferentes na Análise de Cefamicina C por Bioensaio In: XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2009, Natal - RN. Anais do XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos. , 2009. 5. Cavallieri, A. P.; CORREA, T.; TEODORO, J. C.; Araujo, M. L. G. C. Influência da Adição de L-Lisina em Meio Complexo na Atividade de Lisina-6-Aminotransferase e na Produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus In: XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2009, Natal - RN. Anais do XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos. , 2009. 6. Cavallieri, A. P.; BELLAO, C.; Araujo, M. L. G. C; Badino, A. C. Influência das presenças de Ácido Clavulânico e Penicilina N na análise Cefamicina C In: III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4, 2009, São Carlos. Anais do III Seminário do projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4. , 2009. Trabalhos publicados em anais de eventos (resumo) 1. OLIVEIRA, J. P. S.; CAVALLIERI, A. P.; LEITE, C. A.; BAPTISTA, A. S.; Araujo, M. L. G. C. Purificação de Holomicina produzida por uma linhagem mutante de Streptomyces clavuligerus In: XXV Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2013, Araraquara. Anais do XXV Congresso de iniciação científica da Unesp. , 2013. 2. Cavallieri, A. P.; CILLI, E. M.; Araujo, M. L. G. C. Effect of the Addition of Amino Acids in the Cephamycin C Production by Streptomyces clavuligerus ATCC27064 In: XXXIX Reunião Anuala da Sociedade Brasileira de bioquímica e Biologia Molecular, 2010, Foz do Iguaçu. Anais da XXXIX Reunião Anuala da Sociedade Brasileira de bioquímica e Biologia Molecular. , 2010. 3. Cavallieri, A. P.; HEGUEDUSCH, D. F.; Suarez Jr. J. A. O.; MOREIRA, R. R. D. Farmacovigilância de Fitoterápicos em Araraquara - SP In: 55ª Jornada Farmacêutica da Unesp, 2008, Araraquara. Anais da 55ª Jornada Farmacêutica da Unesp. , 2008. 4. Cavallieri, A. P.; Araujo, M. L. G. C. Uso de Penicilinase na Análise de Cefamicina C Produzida em Meio Fermentativo de Streptomyces clavuligerus In: 55ª Jornada Farmacêutica da Unesp, 2008, Araraquara. Anais da 55ª Jornada Farmacêutica da Unesp. , 2008. 5. Cavallieri, A. P.; Lisboa H.C.F.; Sponchiado S.R.P. Evaluation of the tyrosinase activity in melanized strain of Aspergillus nidulans In: XXXIV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular- SBBq, 2005, Águas de Lindóia. XXXIV Reunião da Sociedade da Sociedade de Bioquímica e Biologia Molecular- SBBq. São Paulo: Adaltech Soluções para Eventos, 2005. v.XXXIV. Trabalhos publicados em anais de eventos (resumo expandido) 1. Cavallieri, A. P.; Araujo, M. L. G. C. Análise de fluxos metabólicos para a produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus In: IVSeminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4, 2010, São Carlos. Anais do IV Seminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4. , 2010. 2. Cavallieri, A. P.; Araujo, M. L. G. C. Influência de precursores em meio complexo solúvel na produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus In: III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4, 2009, São Carlos. Anais do III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4. , 2009. 3. Cavallieri, A. P.; Garcia Jr., Os.; Sponchiado S.R.P. Biossorção de Lantânio e Neodímio Pela Biomassa de Aspergillus nidulans In: XIX Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2007. Anais do XIX congresso de Iniciação Científica da UNESP. , 2007. 4. Cavallieri, A. P.; Garcia Jr., O.; Sponchiado S.R.P. Biossorção de Neodímio pela Linhagem Melanizada do fungo Aspergillus nidulans In: XVIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2006, Botucatu. Anais do XVIII Congresso de Iniciação Científica da UNESP. , 2006. Apresentação de trabalho e palestra 1. Cavallieri, A. P.; Cilli, E. M.; Araujo, M. L. G. C. Effect of the Addition of Amino Acids in the Cephamycin C Production by Streptomyces clavuligerus ATCC27064, 2010. (Congresso,Apresentação de Trabalho) Eventos Participação em eventos 1. Apresentação de Poster / Painel no XXV Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2013. (Congresso) Purificação de Holomicina produzida por uma linhagem mutante de Streptomyces clavuligerus. 2. Apresentação de Poster / Painel no XVIII Simpósio Nacional de Bioprocessos - SINAFERM, 2011. (Congresso) Adição de Lisina e Ácido alfa;-Aminoadípico para a Produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus. 3. Apresentação Oral no IV Seminário do Projeto Temático - Fapesp 05/55079-4, 2010. (Seminário) Análise de fluxos metabólicos para a produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus. 4. Apresentação Oral no IVSeminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4, 2010. (Seminário) Efeito da adição de l-lisina e ácido alfa;-aminoadípico na produção de cefamicina C por Streptomyces clavuligerus. 5. Apresentação de Poster / Painel na XXXIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, 2010. (Congresso) Effect of the Addition of Amino Acids in the Cephamycin C Production by Streptomyces clavuligerus ATCC27064. 6. Apresentação Oral no III Seminário do Projeto Temático - Fapesp Proc 05/55079-4, 2009. (Seminário) Atividade de lisina-6-aminotransferase na produção de Cefamicina C em meio complexo adicionado de lisina. 7. Apresentação de Poster / Painel no XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2009. (Congresso) Estratégias de Eliminação de Biocompostos Interferentes na Análise de Cefamicina C por Bioensaio. 8. Apresentação de Poster / Painel no XVII Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2009. (Congresso) Influência da Adição de L-Lisina em Meio Complexo na Atividade de Lisina-6- Aminotransferase e na Produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus. 9. Apresentação Oral no III Seminário do Projeto Temático - Proc. Fapesp 05/55079-4, 2009. (Seminário) Influência das presenças de Ácido Clavulânico e de Penicilina N na análise de Cefamicina C. 10. Apresentação Oral no III seminário do Projeto Temático - Fapesp Proc. 05/55079-4, 2009. (Seminário) Influência de precursores em meio complexo soluvel na produção de Cefamicina C por Streptomyces clavuligerus. 11. Apresentação de Poster / Painel na 55ª Jornada farmacêutica da Unesp, 2008. Farmacovigilância de Fitoterápicos em Araraquara - SP. 12. Apresentação de Poster / Painel na 55ª Jornada Farmacêutica da Unesp, 2008. Uso de Penicilinase na Análise de Cefamicina C Produzida em Meio Fermentativo de Streptomyces clavuligerus. 13. XXXVIII Semana da Química, 2008. 14. Apresentação de Poster / Painel no XIX Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2007. (Congresso) Biossorção de Lantânio e Neodímio Pela Biomassa de Aspergillus nidulans. 15. Apresentação de Poster / Painel no XVIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2006. (Congresso) Biossorção de Neodímio pela linhagem melanizada do fungo Aspergillus nidulans. 16. 53ª Jornada Farmacêutica da Unesp, 2006. 17. 52ª Jornada Farancêutica da UNESP, 2005. 18. XXX IV Semana da Química Shirley Ana Maria Costa, 2004. 19. 51ª Jornada Farmacêutica da Unesp, 2004. ___________________________________________________________________________ Outras informações relevantes - Aula ministrada intitulada “Enzimas Oxidorredutases”, na disciplina Enzimologia Farmmacêutica oferecida aos alunos do curso Farmácia-Bioquímica-Integral, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP, totalizando 2 horas de aula. - Aula ministrada intitulada “Enzimas Oxidorredutases”, na disciplina Enzimologia Farmmacêutica oferecida aos alunos do curso Farmácia-Bioquímica-Noturno, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP, totalizando 2 horas de aula. -Estágio final para conclusão do curso de graduação em Farmácia-Bioquímica na área de "Screening de substâncias bioativas em fungos endofíticos", perfazendo 400 horas (Ano de 2007). - Iniciação científica em Biossorção de metais terras raras por Aspergilus nidulans; Bolsita PIBIC/CNPq no período de setmbro/2005 a dezembro/2007. -Estudo de parâmetros cinéticos e ativação da enzima tirosinase em fungos melanizados da espécie Aspergilus nidulans (Ano de 2004). -Realização de estágio intitulado Noções Gerais de Microbiologia e Análise da mutação responsável pelo aumento da pigmentacão em Aspergillus nidulans, perfazendo total de 800 horas (Ano de 2003). AGRADECIMENTOS A Deus, pela sabedoria e capacidade de realização que a nós concedeu, sem as quais este trabalho não seria realizado. A meu pai Antonio Sérgio Cavallieri e a minha mãe Rosa de Fátima Pastrelo Cavallieri, pelos valores que me ensinaram, pois sem estes de nada me valeria um título de doutor. A minha orientadora Maria Lucia Gonsales da Costa Araujo pelos valiosos ensinamentos científicos. Agradeço também pela paciência, dedicação e amizade. Acredito que fizemos uma bela parceria ao longo destes anos. A minha namorada, Carla Andréa Leite, com quem compartilhei, tanto profissionalmente como pessoalmente, estes quatro anos de meu doutorado. Obrigado pelo valiosos auxílio na realização de muitos experimentos. Agradeço também pelo seu incondicional apoio em todos os momentos. A mestranda Amanda Salvador Baptista pelo auxílio na obtenção de dados para simulação dos modelos metabólicos. Ao químico Ademir Geraldo Cavallari Costa Longa pelas valiosas sugestões e enorme auxílio na operação do HPLC. Aos amigos de Laboratório Thiago Augusto Nascimento, João Pedro Sacrato de Oliveira, Thaline de Matos Carbonaro, Maria Lucia Frade, Tatiana Antonio e Caroline Leite. Obrigado pelo auxílio nas atividades de trabalho e por tornar o ambiente de trabalho mais leve, diminuindo as tensões do dia a dia. Aos meus amigos. Obrigado pelos excelentes momentos que me proporcionaram, possibilitando revitalizar as forças para vencer os obstáculos que nos são impostos ao longo do pecurso. A CAPES pela bolsa concedida. “Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário.” Albert Einstein “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.” Voltaire RESUMO Cefamicina C é um antibiótico produzido por Streptomyces clavuligerus de grande interesse, em virtude de seu maior grau de resistência a enzimas do tipo β-lactamases comparativamente a outros antibióticos beta-lactâmicos. Cefamcina C é produzida em pequenas concentrações na natureza assim como acontece com todos os metabólitos secundários. Assim, investimentos em programas de melhoria de linhagens e de otimização de meios de cultura e operação de biorreatores são aspectos-chave para o aumento da produção industrial. Porém, a eficácia de tais estratégias pode ser limitada, o que requer o uso de novas abordagens. Neste sentido, a engenharia metabólica é uma área importante que alia ferramentas de quantificação de fluxos metabólicos e de técnicas de biologia molecular para melhoria de linhagens. O estudo dos fluxos metabólicos permite, por meio de análise criteriosa do metabolismo do micro-organismo, identificar gargalos metabólicos na rota biossintética de um produto de interesse para, posteriormente, propor possíveis soluções para o aumento da produção. No presente projeto realizou-se o estudo dos fluxos metabólicos de S. clavuligerus com vistas a encontrar formas de operação do metabolismo que conduzam a aumentos da produção de cefamicina C. Para isto, primeiramente foi desenvolvido um meio de cultivo quimicamente definido contendo maltose como fonte de carbono e lisina como fonte de nitrogênio, para que análises do caldo fermentado não tivessem interferência de componentes desconhecidos. Tal meio possibilitou a obtenção de biomassa em torno de 9 g.L- 1 e cefamicina C ao redor de 200 mg.L-1 em processo contínuo. Este modo de operação foi possível somente em biorreator devido ao controle de pH, pois em shaker as variações deste parâmetro inviabilizaram o processo. Paralelamente, foi construído um modelo metabólico com 78 reações e 81 metabólitos, sendo 10 externos e 71 internos, que descreveu apropriadamente o metabolismo de S. clavuligerus. Este modelo foi simulado com auxílio do programa Optflux, um software multi-tarefa desenvolvido especialmente para esta finalidade. Os perfis de maltose, lisina, biomassa, cefamicina C, ácido clavulânico, proteína externa e CO2 na saída de gases foram monitorados e os dados obtidos foram utilizados para a simulação do modelo. Os resultados de simulação possibilitaram calcular os valores para energia de manutenção que, em comparação com a literatura de referência, mostraram-se adequados. As soluções das simulações mostraram que aumentos na produção de cefamicina C não provocariam grandes mudanças no metabolismo do carbono e na produção de energia para a célula. Porém, no metabolismo do nitrogênio mudanças significativas seriam necessárias, pois os fluxos deste elemento parecem estar limitando a produtividade de cefamicina C. Palavras-chave: Análise de fluxos metabólicos. Streptomyces clavuligerus. Meio quimicamente definido. Cefamicina C. Ácido clavulânico. ABSTRACT Cephamycin C is an antibiotic produced by Streptomyces clavuligerus of great interest due to its higher degree of resistance to β-lactamases as compared to other beta- lactam antibiotics. Cephamycin C is produced in small concentrations in nature as with all secondary metabolites. Therefore, investments in improvement of strains and optimization, of culture media and operation of bioreactors are key aspects to increase the production. However, the effectiveness of such strategies may be limited, requiring the use of new approaches. In this aspect, the metabolic engineering is an important field that combines quantification of metabolic fluxes and molecular techniques for improving strains. The study of metabolic fluxes enables one to identify metabolic bottlenecks through careful analysis of metabolism of the microorganism, and to suggest ways to increase production. In this project we carried out the study of metabolic fluxes in S. clavuligerus aiming to find ways to increase the production of cephamycin C. For this, first we developed a chemically defined culture medium because this kind of media does not cause interference in the analyses. The developed medium contained maltose as carbon source and lysine as nitrogen source and resulted in 9 g.L-1 of biomass and 200 mg.L-1 of cephamycin C in the continuous process. This mode of operation was only possible in the bioreactor due to its pH control. Due to variations in the pH, the continuous process in shaken-flasks became unviable. The metabolic model was constructed with 78 reactions and 81 metabolites (10 external and 71 internal) which suitably described the metabolism of S. clavuligerus. This model was simulated with the aid of Optflux, a multi- task software developed for this purpose. The profiles of maltose, lysine, biomass, cephamycin C, clavulanic acid, external protein and CO2 evolution were monitored. These data were used for the model simulations. The results allowed obtaining suitable values for the maintenance energy, according to the reference literature values. The solutions of the simulations showed that increases in the production of cephamycin C would not cause major changes in carbon metabolism and maintenance energy. However, in the nitrogen metabolism significant changes should be necessary, since the flow of this element limits the increase in the productivity of cephamycin C. Keywords: Metabolic flux analysis. Streptomyces clavuligerus. Chemically defined medium. Cephamycin C. Clavulanic acid. LISTA DE FIGURAS FIGURA 3. 1- ESTRUTURA QUÍMICA DO ANEL Β-LACTÂMICO ................................. 25 FIGURA 3. 2 - SUBCLASSES DE COMPOSTOS Β-LACTÂMICO .................................... 26 FIGURA 3. 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DA CEFAMICINA C........................................... 27 FIGURA 3. 4 - ESTRUTURA QUÍMICA DO ANTIBIÓTICO SEMI-SINTÉTICO CEFOXITINA .................................................................................................................. 27 FIGURA 3. 5 - ESTRUTURA QUÍMICA DO ÁCIDO CLAVULÂNICO............................. 28 FIGURA 3. 6 - ROTAS BIOSSINTÉTICAS EM S. CLAVULIGERUS DE (A) CEFC E (B) AC. .................................................................................................................................... 29 FIGURA 3. 7 - CONE POLIÉDRICO F REPRESENTANDO GRAFICAMENTE O ESPAÇO SOLUÇÃO PARA AS EQUAÇÕES 3.2 E 3.3 ............................................... 32 FIGURA 3. 8 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS PRINCIPAIS METODOLOGIAS PARA ESTUDO DE FLUXOS, APLICADAS A UMA REDE METABÓLICA SIMPLES. ............................................................................................. 34 FIGURA 4. 1- ETAPAS DE CULTIVO DE S. CLAVULIGERUS EM FRASCOS AGITADOS ...................................................................................................................... 41 FIGURA 4. 2 - CURVA DE CALIBRAÇÃO TÍPICA DE CEPC .......................................... 48 FIGURA 5. 1 - CROMATOGRAMA OBTIDO A PARTIR DA ANÁLISE DE UMA SOLUÇÃO DE LISINA 2 G/L, VOLUME DE INJEÇÃO IGUAL A 10 ΜL, COM COLUNA SHIMADZU SCR-102H. ................................................................................ 52 FIGURA 5. 2 - CROMATOGRAMA OBTIDO A PARTIR DA ANÁLISE DE UMA SOLUÇÃO DE NACL 2 G/L, VOLUME DE INJEÇÃO IGUAL A 10 ΜL, COM COLUNA SHIMADZU SCR-102H. ................................................................................ 52 FIGURA 5. 3– CROMATOGRAMA OBTIDO A PARTIR DA ANÁLISE DE UMA SOLUÇÃO DE CACL2 0,2 G/L, VOLUME DE INJEÇÃO IGUAL A 10 ΜL, COM COLUNA SHIMADZU SCR-102H. ................................................................................ 52 FIGURA 5. 4- CROMATOGRAMA OBTIDO A PARTIR DE AMOSTRA DE 24HORAS DE CULTIVO, VOLUME DE INJEÇÃO IGUAL A 10 ΜL, COM COLUNA SHIMADZU SCR-102H. ................................................................................................. 53 FIGURA 5. 5– CROMATOGRAMA OBTIDO A PARTIR DE AMOSTRA DE 24HORAS DE CULTIVO, VOLUME DE INJEÇÃO IGUAL A 10 ΜL, COM COLUNA SHIMADZU DE TROCA IÔNICA SHIM-PACK NA. .................................................. 53 FIGURA 5. 6 - CEPC TOTAIS OBTIDAS EM MEIO COMPLEXO PARA OS CULTIVOS C1 A C5 ............................................................................................................................ 55 FIGURA 5. 7 – CROMATOGRAMAS OBTIDOS DE UMA SOLUÇÃO DE GLICOSE 10 G/L (A) E DE UMA AMOSTRA DO MEIO C8 EM 12 HORAS DE CULTIVO (B). .. 57 FIGURA 5. 8 – BIOMASSA, CEPC TOTAIS, PRODUÇÃO ESPECÍFICA, MALTOSE RESIDUAL E PH PARA OS CULTIVOS C6 (A), C7(B) E C8(C). ............................... 58 FIGURA 5. 9 – IMAGENS DE CALDOS RESULTANTES DE CULTIVO CONTÍNUO INTERMITENTE DE 96 HORAS EM FRASCOS AGITADOS: COLORAÇÃO NORMAL À ESQUERDA E COLORAÇÃO VERDE-ACINZENTADA À DIREITA.59 FIGURA 5. 10 – CULTIVO C9: BIOMASSA, CEPC TOTAIS, PRODUÇÃO ESPECÍFICA E PH EM CULTIVO CONTÍNUO INTERMITENTE EM FRASCOS AGITADOS COM MEIO QUIMICAMENTE DEFINIDO. ................................................................. 60 FIGURA 5. 11 - CULTIVO C10: BIOMASSA, CEPC TOTAIS, PRODUÇÃO ESPECÍFICA, LISINA RESIDUAL, MALTOSE RESIDUAL E PH EM CULTIVO CONTÍNUO INTERMITENTE EM FRASCOS AGITADOS COM MEIO QUIMICAMENTE DEFINIDO. ...................................................................................................................... 60 FIGURA 5. 12– CULTIVO C11: BIOMASSA, CEPC TOTAIS, PRODUÇÃO ESPECÍFICA E MALTOSE RESIDUAL EM CULTIVO CONTÍNUO INTERMITENTE EM BIORREATOR. ................................................................................................................ 62 FIGURA 5. 13 – PERFIS DE MALTOSE (A), LISINA (B), BIOMASSA (C) E CEPC TOTAIS (D) OBTIDOS EM CULTIVO COM C12. ....................................................... 63 FIGURA 5. 14 – PERFIS DE MALTOSE (A) , LISINA (B), BIOMASSA (C), CEPC TOTAIS (D) E AC (E) NO CULTIVO C13 .................................................................... 64 FIGURA 5. 15 - PERFIS DE MALTOSE (A), LISINA (B), BIOMASSA (C), CEPC TOTAIS (D) E AC (E) NO CULTIVO C14.................................................................................... 65 FIGURA 5. 16 - PERFIS DE MALTOSE (A), LISINA (B), BIOMASSA (C), CEPC TOTAIS (D), AC (E), PROTEÍNA EXTERNA (F) E CO2 NA SAÍDA DE GASES (G) NO CULTIVO C14 ................................................................................................................. 67 FIGURA 5. 17- PERFIS DE VELOCIDADES ESPECIFICAS DE CONSUMO DE MALTOSE (A) E DE LISINA (B), E DE FORMAÇÃO DE BIOMASSA (C), CEPC TOTAIS (D), AC (E), PROTEÍNA EXTERNA (F) E CO2 (G). ..................................... 69 FIGURA 5. 18 – PERFIS DE BIOMASSA (A) E MALTOSE (B) PARA O CULTIVO C16, AJUSTADOS PELO MODELO PROPOSTO POR MONOD (1949) ............................ 70 FIGURA 5. 19 - PERFIS DE BIOMASSA (A) E LISINA (B) PARA O CULTIVO C17, AJUSTADOS PELO MODELO PROPOSTO POR MONOD ET AL. (1949) ............... 71 FIGURA 5. 20 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS OBJETIVANDO MAXIMIZAÇÃO DA BIOMASSA. ................................................... 82 FIGURA 5. 21 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS NO CULTIVO C16. .................................................................................................................................. 83 FIGURA 5. 22 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS NO CULTIVO C14, MAXIMIZANDO A SECREÇÃO DE PROTEÍNA. .............................................. 85 FIGURA 5. 23 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS NO CULTIVO C14, COM SECREÇÃO DE PROTEÍNA EXTERNA BASEADA EM DADOS DO CULTIVO C15 ................................................................................................................. 86 FIGURA 5. 24 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS DURANTE A FASE EXPONENCIAL DO CULTIVO C15. ................................................................. 90 FIGURA 5. 25 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS DURANTE A FASE CONTÍNUA DO CULTIVO C15 ......................................................................... 91 FIGURA 5. 26 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS FLUXOS VISANDO AUMENTOS NOS RENDIMENTOS DE CEFC ............................................................ 94 LISTA DE TABELAS TABELA 4. 1 - COMPOSIÇÃO DE MEIO SÓLIDO PARA OBTENÇÃO DE ESPOROS DE S. CLAVULIGERUS ................................................................................................... 39 TABELA 4. 2 - COMPOSIÇÃO DO MEIO DE GERMINAÇÃO ......................................... 39 TABELA 4. 3 - MEIO PARA PROPAGAÇÃO DE MICÉLIOS ............................................ 39 TABELA 4. 4 – MEIO BASE DE PREPARO DE INÓCULO ............................................... 41 TABELA 4. 5 - FONTES DE C E N UTILIZADAS PARA OS MEIOS DE PREPARO DE INÓCULO ........................................................................................................................ 42 TABELA 4. 6 - MEIO BASE DE PRODUÇÃO ..................................................................... 42 TABELA 4. 7 - FONTES DE C E N UTILIZADAS PARA OS MEIOS DE PRODUÇÃO .. 43 TABELA 4. 8 - TIPOS DE MEIO UTILIZADOS NO PREPARO DO INÓCULO E NA FASE DE PRODUÇÃO PARA OS CULTIVOS C1 A C18. .......................................... 44 TABELA 4. 9 - EQUIPAMENTO UTILIZADO, FORMA DE OPERAÇÃO, TAXA DE DILUIÇÃO E PERÍODO DE ALIMENTAÇÃO, PARA OS CULTIVOS C1 A C18 .... 45 TABELA 4. 10 – COMPOSIÇÃO DO MEIO DE ALIMENTAÇÃO PARA OS CULTIVOS C2, C3, C4 E C5 ............................................................................................................... 46 TABELA 4. 11 – COMPOSIÇÃO DO MEIO DE ALIMENTAÇÃO PARA OS CULTIVOS C9 A C14 .......................................................................................................................... 46 TABELA 4. 12 – COMPOSIÇÃO DO MEIO DE ALIMENTAÇÃO PARA O CULTIVO C15 ................................................................................................................................... 46 TABELA 4. 13 - COMPOSIÇÃO DO ÁGAR NUTRIENTE ................................................. 48 TABELA 5. 1 - FONTE DE C, N E LISINA PARA OS CULTIVOS C1, C2, C3, C4 E C5 . 54 TABELA 5. 2 – COMPOSIÇÃO GERAL DO MEIO DE PREPARO DE INÓCULO .......... 56 TABELA 5. 3 - FONTES DE C E N PARA OS MEIOS DE PRODUÇÃO C6, C7 , C8, E RESPECTIVOS MEIOS DE INÓCULO UTILIZADOS ................................................ 56 TABELA 5. 4 – COMPOSIÇÃO MACROMOLECULAR DA BIOMASSA ........................ 74 TABELA 5. 5 - COMPOSIÇÃO DA PROTEÍNA MÉDIA. ................................................... 74 TABELA 5. 6 – COMPOSIÇÃO DO RNA E DNA. ............................................................... 74 TABELA 5. 7 – CULTIVO C14: MÉDIAS DE VELOCIDADES ESPECÍFICAS E VALORES DE FLUXOS NORMALIZADOS. ............................................................... 84 TABELA 5. 8 – VARIAÇÕES GLOBAIS DE CONSUMO DE SUBSTRATOS E FORMAÇÕES DE PRODUTOS DURANTE A FASE EXPONENCIAL DO CULTIVO C15 ................................................................................................................................... 89 TABELA 5. 9 – MÉDIA DAS VELOCIDADES ESPECÍFICAS DE CONSUMO DE SUBSTRATOS E FORMAÇÕES DE PRODUTOS DURANTE A FASE CONTÍNUA DO CULTIVO C15 .......................................................................................................... 89 LISTA DE EQUAÇÕES EQUAÇÃO 3. 1 31 EQUAÇÃO 3. 2 31 EQUAÇÃO 3. 3 31 EQUAÇÃO 4. 1 48 LISTA DE ABREVIATURAS a-ACG – α-cetoglutarato AC – Ácido clavulânico ACV – L- α -aminoadipil-L-cisteinil-D-valina AEF – Análise de equilíbrio de fluxos AFM – Análise de fluxos metabólicos AME – Análise de modos elementares AVM – Análise de vias metabólicas C – Carbono CA-P – Carbamoil Fosfato ccaR – cephamycin and clavulanic acid regulator CefC – Cefamicina C CepC – Cefalosporina C DAC – deacetilcefalosporina C DAOC – deacetoxicefalosporina C GA-3P – Gliceraldeído-3-fosfato HOCDAC – 7-hidroxi-carbamoil-deacetilcefalosporina C LAT – Lisina- ε-aminotransferase MOPS – tampão biológico: Ácido 3-(N-morfolino)propanosulfonico N – Nitrogênio OCDAC – orto-carbamoil-deacetilcefalosporina C OAA – Oxaloacetato OPA – orto-phtalaldeído PenG – Penicilina G PenN – Penicilina N PEP – Fosfoenolpiruvato SUCC-COA – Succinil-Coenzima A UI – Unidade internacional SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 21 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 23 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 24 3.1. Streptomyces clavuligerus ............................................................................................................................. 24 3.2. Antibióticos β-lactâmicos ............................................................................................................................. 25 3.3. Cefamicina C ................................................................................................................................................. 26 3.4. Ácido clavulânico .......................................................................................................................................... 28 3.5. Biossíntese de CefC e AC por S. clavuligerus ............................................................................................. 28 3.6. Estudo de fluxos metabólicos ....................................................................................................................... 30 3.7. Softwares para simulação de fluxos metabólicos ....................................................................................... 35 3.8. Análise de fluxos metabólicos em S. clavuligerus ....................................................................................... 35 3.9 Considerações finais ...................................................................................................................................... 37 4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 38 4.1. Equipamentos ............................................................................................................................................ 38 4.2. Micro-organismo produtor e forma de estocagem .................................................................................... 38 4.3. Condições gerais dos cultivos....................................................................................................................... 40 4.3.1. Esquema de trabalho e meios utilizados .................................................................................................. 40 4.3.2. Alimentação dos cultivos ........................................................................................................................ 45 4.4. Métodos analíticos ........................................................................................................................................ 47 4.4.1. Coleta de amostras, armazenagem do sobrenadante e determinação de biomassa ................................. 47 4.4.2. Quantificação de Cefalosporinas totais ................................................................................................... 47 4.4.3. Análise de AC ......................................................................................................................................... 49 4.4.4. Análise de maltose .................................................................................................................................. 49 4.4.6. Análise de proteínas externa ................................................................................................................... 49 4.4.7. Análise CO2 ............................................................................................................................................ 50 4.5. Simulação dos modelos metabólicos ......................................................................................................... 50 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 51 5.1. Desenvolvimento de metodologia para análise de lisina ............................................................................ 51 5.2. Cultivos em meios complexos de produção ................................................................................................ 53 5.3. Formulação de meios quimicamente definidos .......................................................................................... 55 5.3.1. Definição das fontes de C e N ................................................................................................................ 55 5.3.2. Definição dos meios de inóculo .............................................................................................................. 55 5.3.3. Avaliação da composição dos Meios de produção ................................................................................. 56 5.3.4. Cultivo contínuo intermitente em mesa incubadora rotativa .................................................................. 58 5.3.5. Cultivo contínuo intermitente em biorreator ........................................................................................... 60 5.4. Cultivos contínuos com meio quimicamente definido ............................................................................... 62 5.4.1. Cultivo C12 com D=0,005 h-1 ................................................................................................................. 62 5.4.2. Cultivo C 13 com D=0,006 h-1 ................................................................................................................ 63 5.4.3. Cultivo C14 com D=0,012 h-1 ................................................................................................................. 65 5.4.4. Cultivo C15 com D=0,013 h-1 ................................................................................................................. 66 5.4.5. Cálculo de velocidades específicas nos cultivos C12 a C15 ................................................................... 67 5.4.6. Cultivos C16 e C17: crescimento com Maltose como única fonte de C e com lisina como única fonte de C ....................................................................................................................................................................... 70 5.5. Construção do modelo metabólico para S. clavuligeurs ............................................................................ 72 5.5.1. Considerações gerais .............................................................................................................................. 72 5.5.2. Metabolismo do C................................................................................................................................... 72 5.5.3. Metabolismo do N .................................................................................................................................. 72 5.5.4. Síntese da biomassa ................................................................................................................................ 73 5.5.5. Reações do modelo metabólico .............................................................................................................. 75 5.6. Estudo de fluxos metabólicos ....................................................................................................................... 80 5.6.1. Distribuição de fluxos considerando maltose como única fonte de C .................................................... 80 5.6.2. Distribuição de fluxos no cultivo C14 .................................................................................................... 84 5.6.3 Distribuição de fluxos no cultivo C15 ..................................................................................................... 87 5.6.4. Distribuição de fluxos visando aumento da produção de CefC .............................................................. 92 5.6.5. Cultivo C18: glutamato e lisina como fontes de N ................................................................................. 93 6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 96 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97 21 1. INTRODUÇÃO Em 1928, Alexander Fleming foi muito perspicaz ao observar uma contaminação em uma cultura bacteriana e não tratá-la como tal, mas sim como uma descoberta. Numa placa originalmente inoculada com Staphylococcus um fungo havia crescido e, ao redor desta colônia o cientista observou um halo transparente. De forma muita sábia Fleming procurou saber o que realmente havia acontecido ali, além da contaminação. O fungo tinha produzido uma substância capaz de inibir o crescimento bacteriano, mais tarde denominada penicilina, nome este derivado do fungo que a produzira, o Pencillium notatum (atualmente Penicillium chrysogenum). Aproximadamente uma década depois, Howard Florey e Ernest Chain demonstraram os efeitos quimioterápicos da penicilina em camundongos e em humanos (NIELSEN, 1995). Mas foi somente com a eclosão da Segunda Guerra Mundial que um grande impulso foi dado, iniciando-se então a produção em larga escala. A penicilina salvou milhares de vidas durante o conflito e uma nova era começou a partir da qual as infecções bacterianas passaram a ser controladas de forma eficaz. Com o passar dos anos novos antibióticos foram descobertos, a produtividade aumentou e o mercado destes medicamentos agigantou-se, movimentando, atualmente, cifras que excedem os 40 bilhões de dólares ao ano (HOLMES, 2014). Atualmente, os antibióticos mais importantes clinicamente pertencem aos grupos dos β-lactâmicos, aminoglicosídeos e tetraciclinas. Embora passados mais de 80 anos da descoberta do primeiro β-lactâmico, esta classe de antibiótico ainda é muito utilizada no tratamento de diversas patogenicidades. A partir da década de 1970, com a descoberta de que bactérias do gênero Streptomyces também produziam bioativos, o número de antibióticos conhecidos aumentou bastante. Mais da metade dos antibióticos hoje conhecidos são produzidos por Streptomyces (TORTORA et al., 2010; TIWARI; GUPTA, 2012). A bactéria Streptomyces clavuligerus é um exemplo da diversidade produtiva inerente a este gênero, sendo capaz de produzir mais de 20 diferentes metabólitos secundários. Destaque deve ser dado para o Ácido clavulânico (AC), um potente inibidor de β-lactamases, e para Cefamicina C (CefC), um antibiótico com elevada resistência à ação das enzimas β-lactamases. Devido à característica de resistência da CefC, esta é utilizada para a síntese de antibióticos semi-sintéticos de amplo espectro de ação (OMSTEAD et al., 1985). Desta forma existe grande interesse no aprimoramento do bioprocesso de produção de CefC. Entretanto, a biossíntese de um metabólito secundário na natureza é realizada em pequena escala, atendendo às necessidades do micro-organismo, ao contrário da indústria de 22 fermentação, na qual se buscam espécies altamente produtivas. Neste sentido, parte-se de linhagens selvagens com a habilidade em sintetizar determinado metabólito de interesse para posteriormente intervir na regulação do metabolismo microbiano, de forma a aumentar os rendimentos do produto. A espécie Penicillium chrysogenum é um excelente exemplo de aumento de produtividade obtido ao longo dos anos através de programas de seleção e melhoramento de linhagens: estima-se que as cepas hoje utilizadas sejam em torno de 1000000 de vezes mais produtivas que a linhagem originalmente isolada por Fleming. Em razão disto, a produção de penicilina excede as 60000 toneladas anuais, a um custo médio de U$5,00 por kg (ROKEM, 2007). A otimização do meio de cultura e das condições de operação do biorreator são formas eficientes de intervenção no metabolismo, limitadas, porém, pela capacidade produtiva do micro-organismo. A produtividade do micro-organismo está diretamente associada ao seu material genético, o qual pode ser modificado através de técnicas de mutagênese clássica ou engenharia genética. Apesar da ampla aceitação e dos muitos casos bem sucedidos, a mutagênese clássica é um processo randômico e, por isso, moroso. A engenharia genética dispõe, por sua vez, de ferramentas para a realização de modificações específicas que, ainda assim, não garantem resultados positivos (STEPHANOPOULOS, 1999). Torna-se necessário, portanto, compreender melhor o metabolismo para que mudanças possam ser realizadas de maneira mais adequada e com maior sucesso, atendendo as demandas do processo biotecnológico (STEPHANOPOULOS e VALINO, 1991). Neste ponto, insere-se a engenharia metabólica, que consiste na combinação de métodos de quantificação de fluxos metabólicos e do seu controle através de técnicas de biologia molecular, para implementar modificações genéticas com o objetivo de aumentar a conversão de substratos a produtos. Através de uma análise criteriosa das vias metabólicas e da montagem de um modelo estequiométrico que descreva o metabolismo microbiano, é possível conhecer a distribuição dos fluxos metabólicos de dado organismo e, assim, identificar os principais pontos de ramificação deste metabolismo, onde mudanças na partição dos fluxos podem conduzir a aumentos de formação do metabólito desejado. Diante do exposto, justificou-se o interesse em estudar a distribuição de fluxos metabólicos em S. clavuligerus, uma vez que o conhecimento gerado por este trabalho pôde prover informações importantes acerca do metabolismo desta espécie e, assim, indicar possibilidades de melhorias no bioprocesso de produção de CefC. 23 2. OBJETIVOS O objetivo central deste trabalho consistiu na obtenção da distribuição dos fluxos metabólicos operantes em S. clavuligerus, importante produtor de compostos bioativos  - lactâmicos. Para o cumprimento do objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos: (a) estabelecer meios de cultivo adequados à obtenção de dados para serem utilizados nas simulações dos modelos metabólicos; (b) estabelecer formas de operação dos cultivos que permitam obter dados reprodutíveis, confiáveis e em quantidade suficiente para serem utilizados nas simulações dos modelos metabólicos; (c) obter dados de consumo de substratos, formação de produtos e subprodutos em cultivos submersos; (d) construir uma rede metabólica que represente o metabolismo de S. clavuligerus; (e) simular o modelo metabólico proposto, utilizando os dados obtidos nos cultivos; (f) avaliar os resultados das simulações e as possibilidades de mudanças nas distribuições de fluxos; (g) identificar possíveis gargalos da biossíntese de CefC e, paralelamente, propor formas de operação dos fluxos que possam conduzir ao aumento da conversão de substratos a produto. 24 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Streptomyces clavuligerus Trata-se de uma bactéria filamentosa gram-positiva pertencente ao grupo dos actinomicetos, depositada nos bancos da ATCC e NRRL sob numerações 27064 e 3585, respectivamente. Seu nome deriva do latim e significa “tendo pequenas clavas”; radical clavul= pequena clava e sufixo igerus=tendo. Foi primeiramente isolada por Higgens e Kastner (1971) a partir de amostras de solo da América do Sul. É um micro-organismo aeróbio estrito, mesófilo (temperatura favorável entre 25 e 35°C) e com crescimento em pH ao redor da neutralidade (6,5 e 8,0). A incapacidade de utilizar glicose, ao mesmo tempo em que metaboliza amido, maltose e glicerol como fontes de carbono (C), é um fato intrigante, que se deve à deficiência no transporte do monossacarídeo (GARCIA-DOMINGUEZ et al., 1989; PÉREZ-REDONDO et al., 2010). Outra característica marcante desta bactéria é a incomum presença do ciclo da uréia em um procarioto (BUSHELL et al., 2006). S. clavuligerus destaca-se principalmente pela sua capacidade em produzir um grande número de metabólitos secundários, o que o torna um reservatório de bioativos a serem explorados. A tunicamicina, por exemplo, é uma mistura de dez ou mais homólogos de nucleosídeos, que atuam interferindo na formação de glicoproteínas em procariotos e eucariotos (KENIG e READING, 1979). Holomicina, outro composto produzido por esta bactéria, é um antibiótico pertencente à classe das pirrotinas, que possui atividade citotóxica em mamíferos, o que possibilita seu uso como antitumoral (LI e WALSH, 2010). O AC é um potente inibidor de enzimas do tipo β-lactamases, responsáveis pela inativação de compostos β-lactâmicos, sendo o composto de maior sucesso comercial produzido por S. clavuligerus, sendo abordado com maiores detalhes mais adiante no item 3.4 (PRUES et al., 1983; PARADKAR et al., 2013). Além de AC, esta bactéria produz ainda várias outras clavamas, algumas inclusive com atividade antifúngica (DE LA FUENTE et al., 2002; BAGGALEY et al., 1997). Por último e não menos importantes, os antibióticos β-lactâmicos penicilina N, deacetilcefalosporina C, deacetoxicefalosporina C e CefC (LIRAS, 1999). Dentre estes antibióticos, com certeza o maior destaque é dado a CefC por sua elevada resistência a β- lactamases (OMSTEAD et al., 1985; BRAKHAGE et al., 2005) 25 3.2. Antibióticos β-lactâmicos Os antibióticos pertencentes a esta classe possuem em sua estrutura o anel β- lactâmico, uma amida cíclica composta por quatro átomos (Figura 3.1). Este anel é responsável pela atividade do antibiótico, inibindo a enzima transpeptidase que realiza a interligação dos peptideoglicanos da parede celular bacteriana. Com isto ocorre o enfraquecimento da parede levando à lise celular e consequente morte do patógeno (TORTORA et al., 2010). Conforme a estrutura química os antibióticos pertencentes a esta classe são divididos em cinco subclasses, a saber: penicilinas, carbapenêmicos, cefalosporinas, monobactâmicos e os inibidores de β-lactamases (Figura 3.2) (BRAKHAGE, 1998; ELANDER, 2003). Como pode ser observado na Figura 3.2, as cefalosporinas possuem um anel de seis membros conjugado ao anel β-lactâmico, o que dá maior estabilidade ao sistema bicíclico. Este é um fator positivo por atuar oferecendo maior resistência ao ataque de enzimas β-lactamases. Por este motivo, as cefalosporinas são os antibióticos β-lactâmicos mais utilizados na terapêutica atualmente (TORTORA et al., 2010). O sucesso no uso dos β- lactâmicos advém de sua alta especificidade e relativa baixa toxicidade (BRAKHAGE, 1998). As penicilinas e cefalosporinas ainda podem ser classificadas como antibióticos peptídeos não ribossomais, pois tem origem na condensação não ribossomal de três aminoácidos: ácido α- aminoadípico, cisteína e valina. Uma diferença entre procariotos e eucariotos produtores de β- lactâmicos é o fato de o ácido α-aminoadípico ser formado a partir da degradação da lisina nos primeiros ao passo que em eucariotos ele é um intermediário da síntese da lisina (LIRAS, 1999; OMSTEAD et al., 1985). Figura 3. 1- Estrutura química do anel β-lactâmico Nesta figura apresenta-se a estrutura típica de uma cefalosporina. Os números dentro do sistema bicíclico indicam a o posicionamento dos átomos na estrutura. 26 Figura 3. 2 - Subclasses de compostos β-lactâmico 3.3. Cefamicina C CefC é um antibiótico β-lactâmico produzido por Nocardia lactamdurans e S. clavuligerus, descoberto pela primeira vez em 1971 por Nagarajan et al. (1971). Seu nome químico é ácido 7-(5-amino-5-carboxivalerilamino)-3-carbamoiloximetil-7-methoxi-3-cefem- 4-carboxílico. Em sua forma pura, trata-se de um pó branco, solúvel em água, levemente solúvel em etanol e dimetil sulfóxido (OMSTEAD et al., 1985). Pertence a classe das cefalosporinas, sendo a primeira cefamicina a ser isolada. A característica que diferencia a CefC dos demais compostos de sua classe é a presença de um grupamento metoxi na posição 7- α do sistema bicíclico de anéis. Tal grupamento promove maior estabilidade do anel β- lactâmico, o que aumenta sua resistência ao ataque de β-lactamases (OMSTEAD et al., 1985). CefC é particularmente efetiva contra bactérias gram negativas, mas possui baixa atividade contra gram positivas. Modificações químicas em sua estrutura através de alterações nas cadeias laterais têm sido realizadas visando aumentar o espectro de atividade contra gram positivas. A substituição do radicala α-aminoadipil por um radical tienilacetil originou a Cefoxitina (Figura 2.5), um fármaco com ação contra bactérias gram negativas, gram positivas e anaeróbias (OMSTEAD et al., 1985). 27 Figura 3. 3 - Estrutura química da cefamicina C Figura 3. 4 - Estrutura química do antibiótico semi-sintético Cefoxitina São necessárias 11 reações enzimáticas para a formação de CefC por S. clavuligerus. A primeira reação é catalisada pela enzima Lisina--aminotransferase (LAT) que promove desaminação do aminoácido lisina levando à formação de 1-piperideina-6-carboxilato. Este composto, por ação da enzima piperideina-6-carboxilato desidrogenase, é convertido no raro aminoácido ácido L-α-aminoadípico. Neste momento, ocorre a formação de um peptídeo através da condensação não ribossomal dos aminoácidos ácido L-α-aminoadípico, cisteína e valina, dando origem ao tripetídeo -(L--aminoadipil)-L-cisteinil-D-valina (ACV). A enzima isopenicilina N sintase realiza uma ciclização oxidativa do peptídeo levando ao surgimento da Isopenicilina N. Isopencilina N epimerase promove, então, a mudança conformacional da forma L para D da cadeia lateral aminoadipil, aparecendo assim o primeiro antibiótico da rota: a penicilina N. Com a expansão do anel tiazolidínico da penicilina N é formada a deacetoxicefalosporina C, a primeira cefalosporina desta rota biossintética. Este composto é convertido em deacetilcefalosporina C, que por sua vez dá origem a orto- carbamoil-deacetilcefalosporina C. Em antibióticos semi-sintéticos derivados de CefC, o grupamento Carbamoil presente na estrutura é responsável pela estabilidade in vivo (OMSTEAD et al., 1985). Finalmente, mais dois passos enzimáticos são responsáveis por promover a metilação da posição 7-α, que confere maior resistência às β-lactamases (MALMBERG et al., 1993; MARTIN, 1998; LIRAS, 1999; ALEXANDER et al., 2000). Tal característica de resistência tem motivado a realização de vários estudos acerca de seu bioprocesso, mesmo passados mais de 40 anos de sua descoberta, demonstrando assim a grande importância deste bioativo. Estes fatos justificaram e motivaram o desenvolvimento deste trabalho. 28 3.4. Ácido clavulânico Em 1967, o Beecham Research Laboratories iniciou um programa de triagem em busca de inibidores de β-lactamases de ocorrência natural (OLIVEIRA et al., 2009). Os testes eram realizados por meio de metodologia de bioensaio, tendo Klebsiella aerogenes como bactéria teste, em virtude da sua capacidade de produzir β-lactamases. Amostras de caldos de cultivo de diversos micro-organismos eram aplicadas conjuntamente com Benzilpeniclina, até que em dado momento observou-se a inibição do crescimento da bactéria teste (BUTTERWORTH, 1984). Assim, foi descoberto o AC (Figura 3.5), um composto β- lactâmico produzido por S. clavuligerus, com baixa atividade antibiótica, mas com alto poder de inibição das enzimas β-lactamases (OLIVEIRA et al., 2009). Diferentemente das penicilinas e cefalosporinas, o anel conjugado ao β-lactâmico não possui enxofre e sim um oxigênio como heteroátomo, tratando-se então de uma oxazolidina (BUTTERWORTH, 1984). Para que exerça efeito terapêutico, o AC deve ser administrado em conjunto com outro antibiótico β-lactâmico, onde o primeiro inibe as β-lactamases e o segundo age contra o patógeno (TORTORA et al., 2010). Clavulin® é um exemplo comercial muito conhecido de associação entre clavulanato de potássio e amoxicilina, sendo farmáco de escolha no tratamento de infecções resistentes. Após muitos anos de sua descoberta, alguns passos enzimáticos de sua biossíntese ainda não foram completamente elucidados. A Figura 3.6 (B) apresenta o esquema reacional mais aceito nos dias atuais, onde a síntese deste composto envolve oito reações catalisadas enzimaticamente. Figura 3. 5 - Estrutura química do Ácido Clavulânico 3.5. Biossíntese de CefC e AC por S. clavuligerus Como pode ser observado na Figura 3.6, as rotas bossintéticas dos dois principais compostos produzidos por S. clavuligerus são totalmente independentes. Todavia, a produção destes bioativos na linhagem selvagem ocorre de forma concomitante. Romero et al. (1984) conseguiram dissociar a produção de CefC da de AC em quimiostatos limitados pelo nitrogênio (N) e suplementados com 25 mM de fosfato. Entretanto os níveis de produção de CefC foram muito baixos, atingindo valores em torno de 6,5 mg.g-1 de célula. Em quimiostato 29 Figura 3. 6 - Rotas biossintéticas em S. clavuligerus de (A) CefC e (B) AC. (A) (B) (PenN – penicilina N, DAOC – deacetoxicefalosporina C, DAC – deacetilcefalosporina C, OCDAC – orto-carbamoil-deacetilcefalosporina C, HOCDAC – 7-hidroxi-carbamoil-deacetilcefalosporina C) Fonte: Liras (1999) 30 limitado por fosfato e na ausência de sulfato, estes mesmos autores obtiveram a condição inversa, ou seja, produção de AC sem observar a produção de CefC. Bignell et al. (2005) mostraram que o elemento multifuncional ccaR ("cephamycin and clavulanic acid Regulator"), codificado pelo gene ccaR, é responsável pela regulação da síntese tanto de CefC quanto de AC. Liras e Martín (2005) verificaram que mutantes não produtores de CefC por vezes também não produzem AC. A regulação da síntese de CefC e AC é um fenômeno muito complexo, influenciada pelas condições de cultivo. A presença e a concentração dos nutrientes no meio de cultivo pode favorecer a produção de um ou outro composto, todavia a produções de altos níveis de um destes bioativos em detrimento do outro, pela linhagem selvagem, é muito difícil. Na Figura 3.6 é possível observar que se tratam de duas moléculas com alto grau de complexidade de síntese, o que acarreta em rotas enzimáticas longas. Tais rotas consomem muitos precursores e cofatores, justificando, portanto, toda a regulação metabólica a que estão sujeitas. 3.6. Estudo de fluxos metabólicos A otimização das condições de cultivo, screening para obtenção de linhagens melhores produtores, mutagênese clássica e engenharia genética são recursos amplamente utilizadas na indústria de bioprocesso em busca do aumento da produtividade. Entretanto estas estratégias muitas vezes não são bem sucedidas porque as rotas metabólicas têm evoluído de forma a exibir estruturas complexas de controle que resistem ao redirecionamento dos fluxos metabólicos (STEPHANOPOULOS e VALINO, 1991). Estes mecanismos de controle mantêm a síntese de metabólitos precursores, energia (ATP) e força redutora (NADH, NADPH), os quais, sintetizados em razões estequiométricas, são necessários ao crescimento balanceado e à manutenção celular (STEPHANOPOULOS e VALINO, 1991). Por outro lado, altos rendimentos de produto requerem alterações radicais na distribuição de fluxos do metabolismo primário, desviando-os no sentido da produção do composto de interesse, em detrimento das condições ótimas ao crescimento celular. Desta forma, um importante aspecto a ser considerado na produção de metabólitos secundários, é a competição entre metabolismo primário e secundário por cofatores, precursores do produto e energia (STEPHANOPOULOS, 1999; VAN GULIK et al., 2000). O estudo da distribuição dos fluxos metabólicos coloca-se como uma ferramenta poderosa, podendo auxiliar na identificação de gargalos metabólicos que estariam impedindo o aumento da conversão de substratos em produtos de interesse (STEPHANOPOULOS, 31 1998). Aliando-se balanço de massa ao conhecimento da estequiometria reacional é possível montar um modelo que descreva o metabolismo e, através do uso de álgebra linear, encontrar a distribuição de fluxos metabólicos. A realização da análise de fluxos metabólicos requer conhecimento bioquímico do micro-organismo em estudo para que um modelo contendo as principais reações metabólicas seja montado. Exige-se, também, conhecimento matemático para simular e elucidar os fluxos metabólicos operantes. Alguns conceitos e equações que possibilitam a realização da análise de fluxos metabólicos são apresentados a seguir. Com base na lei de conservação de massa, o conjunto de transformações em uma determinada rede metabólica pode ser expresso pela seguinte equação )(•= xvN dt dx Equação 3. 1 onde x é a concentração dos metabólitos intracelulares, N é uma matriz estequiométrica representando as reações que descrevem o metabolismo e v(x) é o vetor das velocidades das reações (PFEIFFER et al., 1999). Para o estudo dos fluxos metabólicos assume-se o estado pseudo estacionário para os metabólitos intracelulares, no qual o acúmulo destes metabólitos é igual à zero (VARMA and PALSSON, 1994; PFEIFFER et al., 1999). Com base nesta consideração, a Equação 3.1 torna-se 0=)(• xvN Equação 3. 2 O conjunto completo de vetores v(x) que satisfaz a Equação 3.2 define a região denominada espaço nulo de N, no qual se encontram as soluções ou modos de operação do metabolismo em questão. O espaço nulo prediz as capacidades da rede metabólica em questão, ou seja, determina o que a rede metabólica é ou não é capaz de realizar. O conjunto v(x) pode ainda ser decomposto em dois subconjuntos vrev (para reações reversíveis) e virrev (para reações ireversíveis), obtendo-se a seguinte restrição 0 ≥v irrev Equação 3. 3 Devido à restrição representada pela Equação 3.3, o problema matemático passa a ter solução na análise convexa, através da qual a região que compreende os vetores que satisfazem as Equações 3.2 e 3.3 é representada por um cone poliédrico F (Figura 3.7) (PFEIFFER et al., 1999). 32 Figura 3. 7 - Cone poliédrico F representando graficamente o espaço solução para as Equações 3.2 e 3.3 Adaptado de SCHILLING et al. (1999) Para um modelo metabólico, o número dos graus de liberdade é calculado subtraindo- se o número de metabólitos intracelulares do número de reações (PEDERSEN et al., 1999). Se o número de fluxos medidos é maior que o número de graus de liberdade tem-se um sistema sobredeterminado e, caso seja igual, o sistema é dito determinado. Mas se o número de fluxos conhecidos for menor que os graus de liberdade trata-se, então, de um sistema indeterminado. No caso de sistemas sobredeterminados e determinados é possível chegar a uma solução única, ao passo que em sistemas indeterminados o número de soluções é infinito. Dependendo dos objetivos das análises a determinação dos fluxos metabólicos pode ser agrupada em três categorias: Análise de Fluxos Metabólicos (AFM), Análise de Equilíbrio de Fluxos (AEF) e Análise das Vias Metabólicas (AVM). A AFM é aplicada a sistemas sobredeterminados, atentando-se ao fato de que se obtém uma solução para cada condição particular de crescimento (TRINH et al., 2009). Para resolver sistemas indeterminados, uma função objetivo deve ser estabelecida, sujeita a algumas restrições, tais como velocidades de consumo de substratos e de formação de produtos, restrições termodinâmicas, entre outras. Neste caso, utiliza-se a AEF, pela qual se obtém uma distribuição de fluxos assumindo que o sistema biológico está operando de forma a otimizar ou minimizar determinada função celular (função objetivo), como o crescimento ou energia de manutenção por exemplo (LEE et al., 2006; TRINH et al., 2009). Deve-se tomar muito cuidado na escolha da função objetivo para que esta seja condizente com a condição de crescimento desejada do organismo em estudo. Esta metodologia também possibilita estudar estados do metabolismo onde se obtém máxima secreção de produtos de interesse (TRINH et al., 2009). A AVM, por sua vez, permite identificar todos os vetores de fluxos metabólicos sem fixar valores de velocidades de fluxos ou impor funções objetivo. Todavia, neste caso, o número de soluções admissíveis é infinito fazendo-se necessário a adoção de duas restrições adicionais, a não decomposibilidade e a 33 independência sistemática, para seja possível a obtenção de um número finito de soluções. A aplicação destas duas restrições resulta na análise de modos elementares (AME) que permite calcular um conjunto finito de soluções admissíveis para o sistema em estudo, possibilitando a avaliação das capacidades metabólicas da rede sob análise (SCHUSTER et al., 1999; TERZER e STELLING, 2007; TRINH et al., 2009). A realização da AFM, por exigir sistemas determinados, normalmente acarreta em coleta extensiva de dados experimentais (TRINH et al., 2009). Neste sentido, a AFM pode ser auxiliada por meio da utilização de substratos marcados radioativamente. Esta técnica consiste em alimentar o micro-organismo com substratos marcados, tais como, a glicose com 13C (WIECHERT, 2001). O átomo radioativo distribui-se, então, pelo sistema biológico, podendo ser detectado através de técnicas de ressonância magnética nuclear e espectroscopia de massas (WIECHERT, 2001). Tais dados devem ser processados, com uso de programas computacionais desenvolvidos para este fim, para que forneçam informações acerca dos fluxos intracelulares (WIECHERT, 2001). Trata-se de uma ferramenta poderosa, porém limitada pelo alto custo de aquisição de tais substratos (1 g D-Glucose-1-13C custa aproximadamente US$ 800,00). Portanto a realização de experimentos com tais substratos deve ser muito bem delineada de forma a minimizar a ocorrência de erros e, assim, maximizar as informações obtidas. Com base no que foi exposto, torna-se necessário adequar a metodologia do estudo da distribuição de fluxos ao sistema a ser estudado. Com AME é possível avaliar sistemas indeterminados e explorar as capacidades do metabolismo, entretanto o elevado número de respostas geradas pode dificultar a interpretação dos dados. A AFM, por outro lado, gera uma única resposta, mas exige sistemas determinados e reflete apenas uma condição fisiológica. Quando sistemas indeterminados necessitam ser avaliados, atualmente um caso comum em virtude da massificação da informação gerada pelas ciências ômicas, AEF pode ser uma excelente opção, lembrando-se, porém, que ela reflete apenas uma condição ótima de funcionamento de determinada função celular. A Figura 3.8 apresenta uma rede metabólica simplificada, a matriz que representa esta rede e um esquema explicando as principais diferenças ente AFM, AEF e AVM. Figura 3. 8 - Representação esquemática das principais metodologias para estudo de fluxos, aplicadas a uma rede metabólica simples. Painel A: apresenta uma rede metabólica simplificada composta por 9 reações, das quais 4 são ireversíveis (r 1-5,7,9); e uma matriz estequiométrica N, onde linhas representam os metabólitos (i) e as colunas as reações (j); cada elemento nij da matriz representa o coeficiente estequiométrico de uma metabólito i envolvido na reação j. Painel B: Interpretação geométrica mostrando o espaço solução admissível e a localização das respostas geradas por AFM (solução para determinado estado metabólico), AEF (solução ótima) e AVM (todas as soluções possíveis) dentro deste mesmo espaço. (Adaptado de Trinh et al., 2009). 34 35 3.7. Softwares para simulação de fluxos metabólicos A resolução dos fluxos operantes em um dado sistema pode ser realizada com o auxílio de programas computacionais específicos, muitos deles de acesso livre. Nos últimos anos, vários softwares têm sido desenvolvidos para tal finalidade, dentre os quais podem ser citados FluxAnalyzer (KLAMT et al., 2003), MetaFluxNet (LEE et al., 2003) CellNetAnalyzer (KLAMT et al., 2007), COBRA toolbox (BECKER et al., 2007), Systems Biology Research (WRIGHT and WAGNER, 2008), Metatool (PFEIFFER et al., 1999), Optflux (ROCHA et al., 2010). COBRA e CellNetAnalyzer permitem a realização de AEF e simulação com mutantes. Systems Biology Research consiste de um software aberto implementado em linguagem Java e que permite a realização de diversas tarefas. Entretanto, COBRA e Systems Biology Research não possuem interfaces amigáveis de uso e CellNetAnalyzer depende de software comercial. O programa Metatool foi desenvolvido com base no conceito de modos elementares de fluxos (PFEIFFER et al., 1999) ,e portanto, permite realizar AME, sendo muito útil para explorar as capacidades metabólicas da rede em estudo. Todavia, não permite a realização de outras tarefas. Rocha et al. (2010) desenvolveram o programa Optflux, que destaca-se principalmente pela interface amigável e facilidade de uso, possibilitando que usuários com pouco domínio na área da informática o utilizem sem maiores problemas. Trata-se de um software de acesso livre implementado em linguagem JAVA e modular, o que permite que outros cientistas insiram características específicas através de plug-ins. Dispõe de recursos para cálculo dos Modos elementares de fluxos, realização de AFM e AEF, e ferramentas para otimização de linhagens in silico, o que o torna muito versátil. Por estas razões este programa foi escolhido para o desenvolvido deste trabalho. 3.8. Análise de fluxos metabólicos em S. clavuligerus As linhagens selvagens produtoras de antibióticos têm sido alvo de programas de melhoramento através de processos randômicos de mutagênese clássica. Todavia, como já mencionado, esta abordagem exige grandes esforços para obtenção de uma linhagem superior em termos produtivos (THYKAER e NIELSEN, 2003). Por outro lado, avanços no campo da biologia molecular somados a métodos analíticos de quantificação de fluxos têm possibilitado a introdução de modificações direcionadas. No caso de S. clavuligerus, grande parte dos genes envolvidos na rota biossintética já foram descobertos (LIRAS, 1999), mas estudos no 36 campo de fluxos metabólicos com vistas à produção de CefC não existem. O aprofundamento nos mecanismos de controle metabólico deste micro-organismo possibilitaria a introdução de modificações com êxito. Malmberg e Hu (1991) desenvolveram um modelo cinético da biossíntese de cefalosporinas por S. clavuligerus e indicaram a condensação não ribossomal do tripeptídeo ACV como a etapa limitante da rota biossintética. Posteriormente, estes pesquisadores ampliaram estes estudos com estratégias de manipulação genética, construindo um mutante com uma cópia adicional do gene que codifica LAT (Malmberg et al., 1995). Comparando os cultivos da linhagem selvagem e do mutante, os autores constataram que LAT e ACV sintetase controlam a síntese de antibiótico nos estágios iniciais de cultivo, mas o acúmulo de produtos das atividades destas enzimas, observado após a fase exponencial de crescimento, indicou a existência de limitações em outros pontos do metabolismo. Khetan et al. (1999) determinaram Km aparente de LAT para lisina e -cetoglutarato in vitro e mediram a concentração intracelular destes compostos, constatando que esta concentração manteve-se em torno de 1/10 dos valores de Km, para ambos os substratos. Desta forma, os autores concluíram que os fluxos das duas substâncias estão direcionados principalmente para o metabolismo primário, e que atuam conjuntamente na regulação da biossíntese de cefalosporinas. Os relevantes trabalhos mencionados apresentaram informações importantes com relação ao estudo do controle da biossíntese de CefC, todavia não contemplaram a integração entre os metabolismos primário e secundário de uma forma global. Sendo assim, o presente trabalho propõe analisar o metabolismo de S. clavuligerus sob uma abordagem holística, estudando o metabolismo para identificar fluxos que possam influir, positiva ou negativamente, na produção do antibiótico. Bushell et al. (2006) realizaram estudos de fluxos metabólicos em S. clavuligerus para analisar a biossíntese de AC. Os pesquisadores propuseram um esquema para os principais fluxos de C e identificaram os aminoácidos que influenciam positivamente na produção, quando adicionados ao meio de cultura. Ainda no campo da produção de -lactâmicos, van Gulik et al. (2000) utilizaram AFM para avaliar a produção de penicilina G por Penicillium chrysogenum e concluíram que a produção do antibiótico é afetada pela baixa disponibilidade de NADPH. Li et al. (2010) também concluíram que Acremonium chrysogenum utiliza NADPH e ATP de forma pouco eficiente para a produção de Cefalosporina C (CepC) durante batelada alimentada com óleo de soja. 37 3.9 Considerações finais Como foi visto não há trabalhos disponíveis na literatura nos quais se estudou a distribuição de fluxos em S. clavuligerus com foco na biossíntese de CefC . Ainda, como descrito anteriormente, S. clavuligerus produz dois compostos importantes em quantidades significativamente maiores que as demais sintetizadas por este micro-organismo: CefC e AC (Figura 3.6). Estes compostos são sintetizados através de rotas biossintéticas totalmente independentes, porém são produzidos concomitantemente no meio de cultura e a dissociação da produção de ambos não é possível. Por isto, apesar do principal foco do presente trabalho ser o estudo da dinâmica de produção de CefC, pretende-se também considerar o fluxo de metabólitos e de energia direcionado à síntese de AC. Desta forma, este trabalho veio preencher a lacuna existente, somando conhecimento na área de fluxos metabólicos direcionados a produção de CefC por S. clavuligerus. 38 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Equipamentos Lista dos principais equipamentos utilizados para o desenvolvimento do trabalho: - Mesas rotativas incubadoras (New Brunswick Scientific), para os experimentos em frascos agitados, providas de controle de agitação e de temperatura. - Biorreator tipo tanque agitado e aerado em escala de bancada, provido de controle de pH, temperatura e controle de agitação, volume útil de 5 litros (New Brunswick Scientific). - Bomba peristáltica programável (Ismatec MCP) - Bomba peristáltica (Masterflex) - Espectrofotômetro (UV e luz visível - Pharmacia) - Câmara de fluxo laminar (Trox®) - Balanças Shimadzu AUYZZO, - Estufas (Fanem e Nova Ética) - pHmetros (Micronal B474) - Autoclaves Phoenix (AN75 e AV225) - Centrífuga refrigerada (Eppendorf 5810R) - Banhos termostatizados (Solab SL150/A e FANEM 100). - Cromatógrafo líquido de alta eficiência (Shimadzu) com detectores UV-Vis e índice de refração - Analisador de gases Quantek modelo 902P - Microcomputadores para o tratamento dos dados experimentais 4.2. Micro-organismo produtor e forma de estocagem Para o processo de produção de CefC foi utilizada a linhagem selvagem de S. clavuligerus ATCC 27064, adquirida da própria ATCC na forma de células vegetativas (micélios) liofilizadas. Esporos de S. clavuligerus foram obtidos em meio sólido proposto por Sánchez e Braña (1996), exposto na Tabela 4.1. O micro-organismo foi cultivado no meio sólido por 10 a 15 dias, em estufa incubadora com temperatura controlada em 28 ± 1 ºC. Após este período, os esporos foram recolhidos em solução crioprotetora (20% v/v glicerol) e armazenados em ultrafreezer a −80ºC. Para armazenamento do micro-organismo por períodos prolongados adotou-se o processo de liofilização. Para isto, inicialmente os esporos foram germinados em meio descrito na Tabela 4.2 por um período de 24 horas. Após este período, o micro-organismo foi transferido para o meio descrito na Tabela 4.3 por mais um período de 39 24 horas com a finalidade de obter massa micelial suficiente para o processo de liofilização. O micélio foi então recolhido, centrifugado, lavado e liofilizado. Tabela 4. 1 - Composição de meio sólido para obtenção de esporos de S. clavuligerus Componentes Concentração (g/L) Glicose 5,0 Caseína hidrolisada ácida 1,0 Extrato de levedura 0,5 Extrato de carne 0,5 MOPS 21 Agar 20 pH 7,0 Tabela 4. 2 - Composição do meio de germinação Componentes Concentração (g/L) Triptona 5,0 Extrato de levedura 3,0 Extrato de malte 10,0 MOPS 21,0 pH 6,8 Tabela 4. 3 - Meio para propagação de micélios Componentes Concentração (g/L) Glicerol 5,0 Extrato de malte 3,0 Peptona bacteriológica 10,0 MgSO4.7H2O 0,75 K2HPO4 2,5 MOPS 21,0 Solução de sais(a) 1 mL pH 7,0 (a) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) 40 4.3. Condições gerais dos cultivos Foram realizados 18 cultivos, denominados de C1 a C18, em regime de batelada (duração de 72 horas), cultivo contínuo intermitente (duração de 120 a 144 horas) e cultivo contínuo (120 horas). Nos cultivos em mesa incubadora rotativa, os frascos foram agitados com temperatura controlada em 28 ºC e freqüência de rotação de 260 rpm. As fermentações foram desenvolvidos em frascos tipo Erlenmeyer com volume útil de 500 mL, utilizando-se 45 mL de meio, para evitar problemas com relação à transferência de O2. As amostragens foram realizada a cada 24 horas, retirando-se um volume de 6 mL de amostra Em biorreator, a temperatura foi mantida em 28°C, o pH em 6,8 e o O2 dissolvido em 50% com relação à saturação por meio da variação automática da velocidade de agitação.O volume de trabalho em biorreator foi de 1500 mL, e volume de amostragem foi de 10 mL. 4.3.1. Esquema de trabalho e meios utilizados Primeiramente, o micro-organismo foi posto em um meio de germinação, conforme composição descrita na Tabela 4.2, por um período de 22 horas. Após a etapa de reativação, a bactéria passa para o meio de preparo de inóculo (composição base -Tabela 4.4), por mais um período de 22 horas. A fonte de C nesta etapa foi escolhida entre amido (utilizado em meios complexos) e maltose (utilizado em meios quimicamente definidos), e a de N entre extrato de semente de algodão (fonte complexa) e lisina mais glutamato de sódio (fonte quimicamente definida) (Resumo na Tabela 4.5). Uma alíquota do meio de preparo de inóculo correspondente a 10% do volume do meio de fermentação principal (Composição base - Tabela 4.6) foi utilizada para iniciar a etapa de produção. A(s) fonte(s) de C para produção variou(aram) entre amido e glicerol (em meios complexos) e maltose (em meios quimicamente definidos) conforme o objetivo do experimento, e a de N entre farinha de semente de algodão e lisina para o meio complexo e lisina, glutamato ou NH4Cl para o meio quimicamente definido. Estabeleceu-se para a fonte de C a concentração inicial de 10 g.L-1 baseando-se em experimentos anteriormente realizados em nossos laboratórios (ANTONIO et al., 2012; LEITE et al.,2013). Para as fontes de N as concentrações variaram conforme objetivo do experimento. A tabela 4.7 apresenta um resumo das fontes de C e N adicionadas no início do processo para cada um dos cultivos realizados neste trabalho. Demais informações acerca destes cultivos, tais como tipos de meios, equipamentos utilizados, forma de operação, taxa de diluição e período de alimentação estão apresentadas nas Tabelas 4.8 e 4.9. O esquema da metodologia utilizada é apresentado na Figura 4.1. 41 Figura 4. 1- Etapas de cultivo de S. clavuligerus em frascos agitados Tabela 4. 4 – Meio base de preparo de inóculo Componentes Concentração (g/L) Extrato de Levedura 1,0 K2HPO4 0,8 MgSO47H2O 0,75 MOPS 21,0 Solução de sais(a) 10,0 mL Solução de elemantos-traço(b) 1,0 mL pH 6,8 (a) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) (b) solução de elementos traço (g/L): CuSO45H2O (0,49), CoCl2 (0,28), Na2MoO4(0,15) – SOMENTE UTILIZADO EM MEIOS QUIMICAMENTE DEFINIDOS 42 Tabela 4. 5 - Fontes de C e N utilizadas para os meios de preparo de inóculo Componentes Concentração (g/L) Meio de inóculo complexo Amido 10,0 Proflo TM (a) 8,5 Meio de inóculo Maltose 10,0 quimicamente definido Lisina 4,0 (21,8 mM) Glutamato 5,5 (a) Extrato de semente de algodão, gentilmente cedida pela empresa Traders Protein (Lubbock, Texas, EUA) - SOMENTE UTILIZADO EM MEIOS COMPLEXOS Tabela 4. 6 - Meio base de produção Componentes Concentração (g/L) Tiossulfato de sódio(a) 1,0 K2HPO4 1,75 MgSO47H2O 0,75 CaCl2 0,2 NaCl 2,0 MOPS 21,0 Solução de sais(b) 5,0 mL Solução de elemantos-traço(c) 2,0 mL pH 6,8 (a) adição após 30 horas de processo (b) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) (c) solução de elementos traço (g/L): CuSO45H2O (0,49), CoCl2 (0,28), Na2MoO4(0,15) – SOMENTE UTILIZADO EM MEIOS QUIMICAMENTE DEFINIDOS 43 Tabela 4. 7 - Fontes de C e N utilizadas para os meios de produção Fonte de C (em g.L-1) Fonte de N (em g.L-1) Cultivo Amido Maltose ProfloTM (a) Lisina NH4Cl Glutamato C1 10 - 8,5 18,3 - - C2 10 - 8,5 18,3 - - C3 10 - 8,5 18,3 - - C4 10 - 8,5 5,5 - - C5 10 - 8,5 5,5 - - C6 10 - 8,5 18,3 - - C7 - 10 - 18,3 - - C8 - 10 - 18,3 - - C9 - 10 - 9,1 - - C10 - 10 - 9,1 - - C11 - 10 - 9,1 - - C12 - 10 - 7,2 - - C13 - 10 - 7,2 - - C14 - 10 - 7,2 - - C15 - 10 - 7,2 - - C16 - 10 - - 6 - C17(b) - - - 12 - - C18(c) - 10 - 9,2 - 9,4 (a) Extrato de semente de algodão, gentilmente cedida pela empresa Traders Protein (Lubbock, Texas, EUA) - SOMENTE UTILIZADO EM MEIOS COMPLEXOS (b) Este experimento teve por objetivo verificar o crescimento de S. clavuligerus em lisina como única fonte de C e N (c) Este meio foi delineado após resultados de análise de fluxos, visando aumento da produção de CefC 44 Tabela 4. 8 - Tipos de meio utilizados no preparo do inóculo e na fase de produção para os cultivos C1 a C18. Cultivo Meio de inóculo Meio de produção C1 Complexo Complexo C2,C3,C4,C5 Complexo Complexo C6 Complexo Complexo C7 Complexo Q. D.* C8 Q. D.* Q. D.* C9 Q. D.* Q. D.* C10 Q. D.* Q. D.* C11 Q. D.* Q. D.* C12 Q. D.* Q. D.* C13 Q. D.* Q. D.* C14 Q. D.* Q. D.* C15 Q. D.* Q. D.* C16 Q. D.* Q. D.* C17 Q. D.* Q. D.* C18 Q. D.* Q. D.* * – Meio quimicamente definido 45 Tabela 4. 9 - Equipamento utilizado, forma de operação, taxa de diluição e período de alimentação, para os cultivos C1 a C18 Cultivo Equipamento Operação D (h-1) Início da alimentação (h) Fim da alimentação (h) C1 Mesa I.R.* Batelada - - - C2,C3,C4,C5 Mesa I.R.* Intermitente 0,005 36 120 C6 Mesa I.R.* Batelada - - - C7 Mesa I.R.* Batelada - - - C8 Mesa I.R.* Batelada - - - C9 Mesa I.R.* Intermitente 0,005 48 96 C10 Mesa I.R.* Intermitente 0,005 48 120 C11 Biorreator Intermitente 0,005 36 96 C12 Biorreator Contínuo 0,005 42 96 C13 Biorreator Contínuo 0,006 38 96 C14 Biorreator Contínuo 0,012 42 120 C15 Biorreator Contínuo 0,013 44 120 C16 Mesa I.R.* Batelada - - - C17 Mesa I.R.* Batelada - - - C18 Biorreator Batelada - - - * - Mesa incubadora rotativa 4.3.2. Alimentação dos cultivos Nos cultivos contínuos iniciava-se a alimentação no período entre 36 a 48 horas, conforme resultados de análise de açúcares. Nos cultivos contínuos intermitentes em frascos agitados, o processo de retirada/alimentação de meio era realizado a cada 24 horas, ou seja, a cada intervalo estabelecido retirava-se uma alíquota de meio fermentado e adicionava-se meio fresco. Nos cultivos intermitentes em biorreator o intervalo entre cada alimentação foi reduzido para 12 horas. A taxa de diluição destes cultivos foi de D = 0,005 h-1. Os cultivos contínuos foram realizados apenas em biorreator e as taxas de diluição testadas para tais cultivos foram de 0,005; 0,006, 0,0012 e 0,013 h-1. Ainda, as composições dos meios de alimentação para os cultivos realizados encontram-se descritas nas Tabelas 4.10, 4.11 e 4.12. 46 Tabela 4. 10 – Composição do meio de alimentação para os cultivos C2, C3, C4 e C5 Componente Cultivo C2 C3 C4 C5 Amido (g.L-1) 37,2 - 37,2 - Glicerol (g.L-1) - 41,3 - 41,3 Lisina (g.L-1/mM) - - 13,7/ 75 13,7/ 75 MOPS 21,0 21,0 21,0 21,0 Solução de sais(a) (mL) 5,0 5,0 5,0 5,0 pH 6,8 (a) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) Tabela 4. 11 – Composição do meio de alimentação para os cultivos C9 a C14 Componentes Concentração (g/L) Maltose 37,2 (±1,4) Lisina 8,7(±0,6) (48mM) MOPS 21 Solução de sais(a) 5,0 mL Solução de elementos-traço(b) 2,0 mL pH 6,8 (a) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) (b) solução de elementos traço (g/L): CuSO45H2O (0,49), CoCl2 (0,28), Na2MoO4(0,15) Tabela 4. 12 – Composição do meio de alimentação para o cultivo C15 Componentes Concentração (g/L) Maltose 37,2 (±1,4) Lisina 8,7(±0,6) (48mM) K2HPO4 1,75 MgSO47H2O 0,75 CaCl2 0,2 NaCl 2,0 MOPS 21,0 Solução de sais(a) 5,0 mL Solução de elementos-traço(b) 2,0 mL pH 6,8 (a) solução de sais (g/L): MnCl24H2O (1,0), FeSO47H2O (1,0), ZnSO47H2O (1,0) (b) solução de elementos traço (g/L): CuSO45H2O (0,49), CoCl2 (0,28), Na2MoO4(0,15) 47 4.4. Métodos analíticos 4.4.1. Coleta de amostras, armazenagem do sobrenadante e determinação de biomassa Após a coleta de amostra, o caldo fermentativo foi centrifugado por 10 minutos, 15500 g a 4°C. O sobrenadante foi armazenado em ultrafreezer (80°C) para as análises de consumo das fontes de C e N, quantificação de CepC totais, AC e proteínas totais excretadas. O precipitado contendo a massa celular foi lavado duas vezes com água destilada para a remoção de impurezas, sendo o pellet resultante seco em estufa a 105°C, por 24 horas, em recipiente previamente pesado. Após este período, o recipiente contendo a biomassa seca seguiu para um dessecador e, após atingir a temperatura ambiente, foi pesado, sendo sua concentração expressa em termos de massa seca por volume de meio de cultura (g·L–1). 4.4.2. Quantificação de Cefalosporinas totais A metodologia de quantificação de antibióticos foi baseada em Liras e Martin (2005). Em virtude da indisponibilidade do padrão de CefC, a dosagem deste composto foi realizada por meio de bioensaio utilizando como padrão CepC, devido à semelhança de halos de inibição produzidos por estes dois bioativos. Assim, o antibiótico produzido foi quantificado de forma indireta e expresso em termos de concentração de Cefalosporinas totais (CepC totais, em mg/L). Utilizou-se a bactéria teste E. coli ESS 2235, cultivada em Meio Agar Nutriente, descrito na Tabela 4.13. Primeiramente, foi preparada uma suspensão desta bactéria, em solução salina 0,9 massa/volume, com absorbância igual a 1,000 em leitura a 600 nm. A cada 100 mL de agar nutriente era adicionado 1 mL desta suspensão e, então, o meio era vertido em placas de Petri. Após a solidificação do agar, poços com 5 mm de diâmetro eram perfurados para que padrões e amostras fossem depositados nestes orifícios. Com a adição de soluções com oito diferentes concentrações de CepC foi possível construir curvas de calibração que correlacionavam o diâmetro do halo de inibição com o log da concentração de antibióticos (Figura 4.2). Cada concentração foi aplicada em 16 poços, gerando 16 medidas de halos para cada concentração, possibilitando o cálculo do desvio padrão apresentado no gráfico. Ainda, para eliminar penicilina N que possivelmente existisse na amostra e pudesse interferir nos resultados de bioensaio utilizou-se a enzima BD Difco TM Penase®, adicionada a uma proporção de 20 μL de enzima por mL de amostra, reagindo-se por um período de 20 minutos. A solução enzimática foi adicionada à amostra de meio já diluída para que fosse minimizado o efeito de inibição de AC sobre a enzima. As características da enzima BD 48 Difco TM Penase são: potência 1977 UI/mL/min , a pH 7, 25ºC, tomando-se como base 1mg de Penicilina G (PenG) ≡ 1595 UI. No interior dos poços perfurados eram adicionados 20 L das soluções preparadas de amostras. As placas foram incubadas a 30ºC, por 18 horas, sendo medidos, então, os diâmetros dos halos de inibição. Posteriormente, a partir da medida do halo de inibição gerado pela aplicação das amostras de caldo de cultivo, era possível calcular a concentração de CepC totais no meio fermentado Tabela 4. 13 - Composição do Ágar Nutriente Componentes Concentração (g/L) Peptona 5,0 Extrato de carne 3,0 Ágar 15 pH 7,0 Figura 4. 2 - Curva de calibração típica de CepC Log [CepC] = 0,0665*Dhalo - 0,0298 Equação 4. 1 R2=0,99 0,9 1,1 1,3 1,5 1,7 1,9 2,1 12 15 18 21 24 27 30 L o g d a c o n c e n tr a ç ã o d e C e p C Diâmetro do halo (mm) 49 4.4.3. Análise de AC Costa e Badino (2012) avaliaram a produção de AC por S. clavuligerus por HPLC e por método espectrofotométrico (BIRD et al., 1982), concluindo que existe pouca diferença entre os resultados obtidos por ambos os métodos. Desta forma, neste trabalho utilizou-se o método espectrofotométrico proposto por Bird et al. (1982). Neste método, a amostra é derivatizada com imidazol (60 g/L) por 12 minutos 30ºC e após a reação, a solução é resfriada em banho termostatizado a 20ºC. O produto da reação (1-(4-aza-8-hydroxy-6-oxo) oct-2-en-1- oylimidazol) é então determinado através de leitura em espectrofotômetro UV a 312 nm. Previamente, foi construída uma curva de calibração com o padrão da substância. Este método é específico para AC, sendo que penicilinas praticamente não são detectadas. 4.4.4. Análise de maltose A análise de maltose por HPLC consistiu em um método isocrático, tendo como fase móvel 100 % de água e fluxo de 0,8 mL.min-1. Utilizou-se coluna Shim-Pack SCR-101P (7,9 mm x 30 cm), em forno a 80°C e o açúcar foi detectado por índice de refração (Modelo RID- 10A/ Shimadzu). O tempo de retenção médio foi de 11,8 minutos. 4.4.5. Análise de lisina Inicialmente a análise de lisina residual no meio de cultura era realizada por meio de método envolvendo derivatização pós-coluna com orto-phtalaldeído (OPA), utilizando-se uma coluna de troca iônica Shim-pack NA, em um analisador automático Shimadzu LC- 10A/C-47A, acoplado a um detector de fluorescência Shimadzu modelo RF-10a XL ajustado com o comprimento de onda de excitação e emissão de 350 nm e 450 nm, respectivamente. Posteriormente um método utilizando coluna de troca iônica Shim-pack NA, em um analisador automático Shimadzu LC-20AT, acoplado a um detector de refração modelo RID- 10A foi desenvolvido. Discussão detalhada sobre o desenvolvimento deste método é apresentada na Seção de Resultados e Discussões (Item 5.1). 4.4.6. Análise de proteínas externa A análise proteínas secretadas no caldo de cultivo foi realizada seguindo o método proposto por Lowry et al. (1959) e modificado por Hartree (1972). Utilizou-se como padrão soroalbumina bovina. As proteínas totais lidas neste método foram expressas sob a terminologia Proteína externa, tendo como unidade g.L-1. 50 4.4.7. Análise CO2 A análise de CO2 na saída de gases do reator foi realizada com detector infravermelho, aparelho Quantek modelo 902P. A concentração de CO2 emitido foi expressa em % de CO2 na saída de gases. Tais valores percentuais foram convertidos em velocidades específicas de geração de CO2 (em mmol CO2.gcél-1.h-1) para que pudessem ser utilizados como dados para os processos de simulação. Através da medida da percentagem foi possível calcular o volume de CO2 (em L) que saía do biorreator por hora e, com uso da lei dos gases (P*V=n*R*T), realizar a conversão para mmols. 4.5. Simulação dos modelos metabólicos Os modelos metabólicos foram simulados o software Optflux, versão 3, disponível em: www.optflux.org. Todos os processos de simulação foram realizados utilizando a técnica de AEF, com estabelecimento da função objetivo que melhor se adequava a cada processo de simulação. 51 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Desenvolvimento de metodologia para análise de lisina Visando à utilização de recursos disponíveis em nossos laboratórios, um novo método de análise para lisina foi desenvolvido em Cromatografia Liquída de Alta Eficiência (HPLC). Optou-se por utilizar detector de índice de refração, um detector universal que possui baixa sensibilidade, detectando apenas compostos em concentrações mais elevadas. No caso da utilização de meios quimicamente definidos, todos os constituintes adicionados em quantidades significativas são conhecidos e, assim, torna-se possível rastreá-los com o uso deste detector. Devido ao fato da lisina ser o único aminoácido presente em elevadas quantidades no meio, foi possível identificá-lo e quantificá-lo através de refração. Todavia, foi necessário o uso de uma coluna e de um método que promovessem adequada eluição do aminoácido. A primeira tentativa consistiu na utilização de ácido acético 0,05M como fase móvel e da coluna SCR-102H (Shimadzu) para ácidos orgânicos, uma vez que lisina possui o mesmo grupamento ácido destes compostos. Os cromatogramas obtidos a partir de análise do padrão (Figura 5.1) e de amostra do caldo fermentado (Figura 5.4) apresentaram boa resolução, entretanto, outros dois constituintes do meio, NaCl e CaCl2, eluíram conjuntamente com o aminoácido (Figuras 5.2 e 5.3, respectivamente), inviabilizando o método proposto. Tal fenômeno provavelmente se deve ao fato de que o tempo de retenção é determinado pela interação do ânion com a resina polimérica da coluna. Cloridrato de lisina foi utilizado como reagente e, desta forma, a espécie que interagiu com a coluna foi o íon cloreto, o mesmo responsável pela interação de NaCl e CaCl2. Além disto, mesmo que toda lisina fosse consumida, o ânion cloreto não seria e continuaria presente no meio, fazendo com que o pico referente a esta substância não desaparecesse, gerando então um resultado de falso positivo para a concentração de lisina no caldo. Desta forma, um novo método foi testado utilizando-se os mesmos equipamento e detector, porém trocando-se a coluna SCR-102H pela coluna de troca iônica Shim-pack Na (Shimadzu). O seguinte esquema de eluição foi utilizado: - 0 a 25 minutos: 100% de Borato de Sódio 0,05 M - 25 a 30 minutos: gradiente de Hidróxido de Sódio 0,2 M de 0 a 100% - 30 a 35 minutos: 100% de Hidróxido de Sódio 0,2 M - 35 a 40 minutos: gradiente de Borato de Sódio de 0 a 100% 0,05 M - 40 a 55 minutos: 100% de Borato de Sódio 0,05 M 52 Neste esquema, vários constituintes do meio eluíram logo no ínicio da corrida (pico em 1,6 minutos) e o pico referente à lisina foi detectado em 20,4 minutos (Figura 5.5). O uso de hidróxido de Sódio teve por função a eluição de possíveis contaminantes aderidos a coluna e o restabelecimento dos terminais de Sódio da resina polimérica. Figura 5. 1 - Cromatograma obtido a partir da análise de uma solução de lisina 2 g/L, volume de injeção igual a 10 μL, com coluna SHIMADZU SCR-102H. Figura 5. 2 - Cromatograma obtido a partir da análise de uma solução de NaCl 2 g/L, volume de injeção igual a 10 μL, com coluna SHIMADZU SCR-102H. Figura 5. 3– Cromatograma obtido a partir da análise de uma solução de CaCl2 0,2 g/L, volume de injeção igual a 10 μL, com coluna SHIMADZU SCR-102H. 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 min 0 5 10 15 mV Detector A 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 min 0 5 10 15 mV Detector A 0.0 2.5 5.0 7