ANÁLISE DA EXPRESSÃO GÊNICA DE PEQUENOS RNAs DERIVADOS DE tRNAS (tRFs) EM PLANTAS Orientados: Prof. Fábio Tebaldi Silveira Nogueira PhD Co-orientadora: Cristiane de Santis Alves Aluno: Vitor Favaretto Pinoti BOTUCATU SÃO PAULO- BRASIL 2012 VITOR FAVARETTO PINOTI ANÁLISE DA EXPRESSÃO GÊNICA DE PEQUENOS RNAs DERIVADOS DE tRNAS (tRFs) EM PLANTAS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de biociências da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Botucatu como parte das exigências do curso de Ciências Biológicas, para obtenção de título de bacharel em Ciências Biológicas. Orientados: Prof. Fábio Tebaldi Silveira Nogueira PhD Co-orientadora: Cristiane de Santis Alves BOTUCATU SÃO PAULO- BRASIL 2012 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Pinoti, Vitor Favaretto. Análise da expressão gênica de pequenos RNAs derivados de tRNAs (tRFs) em plantas / Vitor Favaretto Pinoti – Botucatu : [s.n.], 2012 Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Ciências Biológicas) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu Orientador: Fábio Tebaldi Silveira Nogueira Capes: 20303025 1. Genética – Expressão. 2. Ácido ribonucleico. 3. Enzimas. 4. Biologia molecular. 5. Genética molecular. Palavras-chave: Dicer; Estresse; Expressão; sRNA; tRNA. Aos meus pais AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”. Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Iniciação científica. Ao Laboratório de Genética Molecular do Desenvolvimento Vegetal, pela realizaão do trabalho. À minha família, meus pais Welington e Kristina e as minhas irmãs Débora e Carolina, pelo apoio incondicional durante todo o meu curso de graduação. Ao meu avô Oswaldo (in memoriam) que sempre foi e será um exemplo de pessoa para mim. Ao meu orientador, professor dr. Fábio Tebaldi Silveira Nogueira por todos os ensinamentos e ao tempo despendido na minha orientação. Aos colegas de trabalho Cristiane, Èder e Gicela pelos conselhos e ajuda durante toda minha passagem pelo laboratório. Ao meu amigo Edward Strini por me mostrar a biologia molecular e o quão incrível esta área da biologia pode ser. Aos meus amigos Jordano, Marco Aurélio, Gustavo e Bruno pelo apoio durante todos esses anos, pela incrível amizade e momentos inesqueciveis. À Deus por ter posto em minha vida todas essas pessoas e pelos momentos em que passei com elas. MUITO OBRIGADO “Não importa o quão estreito seja o portão, Quão repleta de castigos seja a sentença, Eu sou o dono do meu destino Eu sou o capitão de minha alma.” William Ernst Henley RESUMO Pequenos RNAs não codificadores emergiram como importantes personagens em diversos aspectos da biologia. Os mais estudados entre eles são os microRNAs (miRNAs) e short interfering RNAs (siRNAs), que regulam a expressão do gene alvo pós-transcricionalmente em plantas e animais e intermediários na via de RNAi, respectivamente. Ambas as classes possuem biogêneses semelhantes, sendo processadas pelas enzimas Dicer e subsequente associação com as enzimas Argonautas. Em plantas, miRNAs e siRNAs possuem importantes funções no desenvolvimento, integridade do genoma e em respostas a estresses bióticos e abióticos. Com os avanços nas tecnologias de seqüenciamento em larga escala e análises in silico, novas classes de pequenos RNAs não codificadores vem sendo descobertas, muitas delas ainda com biogênese e funções indefinidas. Pequenos RNAs derivados de tRNA (tRFs) são uma classe de pequenos RNAs não codificadores, que tem como precursores um molécula de tRNA. Estes foram descobertos na década passada em vários organismos e, recentemente, em plantas. Estudos recentes detectaram tRFs de diferentes tamanhos, com origens em diferentes porções da molécula do tRNA maduro ( terminação 5’; terminação 3’; anti-códon loop) e alguns originados do precursor do tRNA (pré-tRNA), sugerindo que esta pode ser uma nova classe de pequenos RNAs e não apenas produtos de degradações aleatórias. Estudos em humanos mostraram que alguns tRFs são processados pelas enzimas Dicer, possuem associação com as enzimas Argonautas e funções relacionadas diferenciação celular, ao surgimento de tumores e ao silenciamento gênico. Estudos em arabidopsis e em abóbora (Cucurbita maxima) mostraram, respectivamente, que os tRFs possuem possível resposta à stress nutricional e função de sinal a longa distância entre tecidos fonte e dreno, podendo também afetarem a tradução. A biogênese dos tRFs em plantas é, até o momento uma incógnita, não havendo nenhuma informação na literatura e sua(s) possível(is) função(ões) biológica(s) ainda foram pouco estudadas, tornando estes um interessante alvo de estudo dentre os pequenos RNAs não codificadores em plantas. ABSTRACT Small non coding RNAs emerged as important characters in several biology aspects. Among then, the most studied are microRNAs (miRNAs) and short interfering RNAs (siRNAs), that regulate their target gene post-transcriptionally in plants, animals and RNAi pathway intermediates, respectively. Both of classes have similar biogenesis being processed by Dicer enzymes and subsequent association with Argonaute enzymes. In plants, miRNAs and siRNAs have important functions in development, genome integrity and biotic and abiotic stress responses. The advances in high-throughtput sequencing and in silico analisys provide the uncover of new small non coding RNAs classes, many of them with unknown functions and biogenesis. tRNA derived small RNAs (tRFs) are a small non coding RNA class, that have as precursor a tRNA molecule. These were uncovers in the last decade in many organisms and, recently, in plants. Recent works detected tRFs from different sizes, with different source portions of the mature tRNA molecule (5’ end; 3’ end, anti-codon loop) and some from the tRNA precursor (pre-tRNA), suggesting that may be a novel class of small RNA and not random degradation products. Works in humans showed that some tRFs are processed by the Dicer enzymes, have association with the Argonaute enzymes and cell differentiation, tumor appearance and gene silencing related functions. Works in Arabidopsis and pumpkin (Cucurbita maxima) showed, respectively, that the tRFs have nutritional stress response possible functions and long distance signaling function between source and drain tissues, and may affect the translation. The tRFs biogenesis in plants are, until now an unknown, absence information about it in the literature and its possible biological functions are few studied yet, making then interesting target for studies among the small non coding RNAs in plants. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................09 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................12 2.1. Biogênese miRNAs siRNAs em plantas e animais.....................................12 2.2. O mecanismo de tradução............................................................................16 2.3. Biogênese, degradação, dinâmica e papel biológico de tRNAs..................18 2.4. Pequenos RNAs derivados de tRNAs (tRFs)..............................................20 3. OBJETIVOS.......................................................................................................27 3.1. Objetivos específicos....................................................................................27 4. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................27 4.1. Método de análise.........................................................................................27 4.2. Bibliotecas de sRNAs utilizadas...................................................................28 4.3. Banco de tRNAs utilizado............................................................................30 5. RESULTADOS..................................................................................................31 6. DISCUSSÃO.......................................................................................................38 7. CONCLUSÃO....................................................................................................41 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................42 9 1. INTRODUÇÃO Pequenos RNAs não codantes emergiram como moléculas chave na regulação de vários processos biológicos. Em plantas, microRNAs (miRNAs) e short- interfering RNAs (siRNAs) representam a grande maioria da população de pequenos RNAs não codantes. Estes são processados pelas enzimas DICER-LIKE (DCL1) e interagem com as enzimas Argonautas (AGO), efetuando o silenciamento gênico (Bartel, 2004). As DCLs são ribonucleases que clivam RNAs de fita-simples com estrutura do tipo hairpin ou RNAs de fita dupla, originando pequenos RNAs com tamanho variável de 18 a 25 nucleotídeos. Em Arabdopsis thaliana foram descritas quatro DCLs (DCL1-4), sendo que cada enzima, é capaz de gerar uma classe distinta de pequenos RNAs. No entanto, pode haver redundância na ação dessas enzimas (Ramachandran & Chen, 2008; Gasciolli et al,. 2005). A enzima DCL1 é requerida para biogênese de miRNAs (Kurihara & Watanabe, 2004). A enzima DCL2 gera siRNAs de origem viral e siRNAs anti-senso endógenos (nati-siRNAs) (Xie et al,. 2004; Borsani et al,. 2005). A enzima DCL3 forma siRNAs de 21 a 22 nucleotídeos, oriundos de elementos transponiveis, sequencias repetitivas do genoma e regiões heterocromáticas (Xie et al,. 2004). A biogênese dessa classe de siRNAs requer a enzima RNA polimerase 2 dependente de RNA (RdR2) (Ramachandran e Chen, 2008). A enzima DCL4 é necessária para a biogênese de trans-acting siRNAs (ta-siRNAs) e de alguns miRNAs (Gasciolli et al,. 2005). As AGOs são enzimas, que clivam alvos de RNAs fita-simples na região complementar ao pequeno RNA nela incorporado. Em Arabidopsis thaliana foram descritas 10 AGOs (Vaucheret, 2008). A enzima AGO1 atua na via de RNAi, ligando- se a miRNAs e siRNAs (Vaucheret et al,. 2004). A enzima AGO10 é a paráloga mais próxima da AGO1. Acredita-se que atue na mesma via de RNAi, em alguns tecidos (Vaucheret, 2008). A enzima AGO5 é a segunda paráloga mais próxima da AGO1 e até o momento, nenhuma relevância biológica foi atribuida a ela (Takeda et al,. 2008). A enzima AGO7 se associa preferencialmente à miRNAs, que guiam a clivagem depre- 10 cursores dos pequenos RNAs do tipo ta-siRNAs. A enzima AGO6 interage com siRNAs de regiões heterocromáticas e sua atividade é parcialmente redundante à da enzima AGO4, que se associa a siRNAs oriundos de sequencias repetitivas do genoma, elementos transponíveis e heterocromatina (Montgomery et al,. 2008; Vaucheret, 2008). As enzimas AGO2, AGO3, AGO8 e AGO9 ainda não tiveram suas funções biológicas elucidadas (Lobbes et al,. 2006; Takeda et al,. 2008). As novas tecnologias de sequenciamento permitem a identificação de novas classes de pequenos RNAs (Hsieh et al,. 2009). Análises de bioinformática mais detalhadas começaram a revelar uma nova classes de pequenos RNAs, fragmentos de 19 nucleotídeos derivados de RNA transpostadores (tRNAs). Tais fragmentos foram denominados tRNA-derived fragments ou tRFs (Röther & Meinster, 2011). Os RNAs transportadores (tRNAs) possuem papel central na produção de proteínas, atuando como um adaptador entre o RNA mensageiro (mRNA) e os aminiácidos (Hopper & Phizichy, 2010). Interessantemente, a geração de pequenos RNAs derivados de tRNAs ou tRFs tem sido observada em diversos organismos em situação de estresse, ocorrendo também a níveis basais na ausência de qualquer estresse (Lee & Collins, 2005, Thompson et al,. 2008). Trabalhos em mamíferos e plantas identificaram, através de sequenciamento em larga escala, populações de tRFs com tamanho variando entre 17 a 68 nucleotídeos, oriundos de diferentes regiões do tRNA maduro e do pre-tRNA com clivagem específica (Pederson, 2010, Hsieh et al, 2009, Zhang et al,. 2009). Em células de carcinoma de próstata, por exemplo, foram identificados tRFs com tamanho que variam de 17 a 26 nucleotídeos (nt), derivados do loop D, loop T e da extremidade 3’ do pre-tRNA e foi demonstrado que o tRF-1001, um fragmento derivado da extremidade 3’do precursor do tRNA Ser- TGA, é requerido para a proliferação celular e que seu processamento é dependente da enzima RNase Z (Lee et al,. 2009). Estudo com linhagens de células humanas mostraram, que tRFs oriundos do loop T, loop D do tRNA maduro são processados pela enzima Dicer e que possuem interação com as enzimas Argonautas, sugerindo que estes tipos de tRFs possam atuar na via de RNAi. Surpreendentemente, também foi obervado 11 que, os tRFs podem competir com miRNAs e siRNAs pelas enzimas Argonauta, diminuindo significantemente a atividade de silenciamento destes pequenos RNAs (Haussecker et al,. 2010; Cole et al,. 2009). Em plantas de arabidopsis crescendo sob deprivação de fosfato foram encontrados tRFs em tecido radicular e parte aérea. Estudos mais detalhados mostraram um acúmulo diferencial entre os tecidos analisados (Hsieh et al,. 2009). Em estudos com abóboras, foram identificados tRFs na seiva floemática, demonstrando que os mesmos podem, efetivamente, inibir a síntese protéica. Este trabalho sugere que os tRFs possam atuar como moléculas de sinalização a longa distância entre os tecidos fonte e dreno (Zhang et al,. 2009). Todos estes dados indicam que os tRFs ocorrem a partir de um processo de clivagem específica e podem revelar a existência de uma nova classe de pequenos RNAs, com procesamento e funções específicas (Hsieh et al,. 2009). No entanto, a biogênese dessa nova classe de pequenos RNAs em plantas é ainda desconhecida. Nosso grupo também identificou vários tRFs expressos em tecidos foliares de cana-de-açúcar, via geração e sequenciamento de bibliotecas de pequenos RNAs (processo FAPESP no.2007/58289-5). Estamos gerando um banco de dados contendo todos os tRFs advindos de tRNAs conservados entre cana-de-açúcar e arabidopsis. Elucidar a biogênese desta nova classe de pequenos RNAs em plantas, através da busca de enzimas responsáveis pelo seu processamento, proporcionará um maior entendimento sobre uma possível via de regulação gênica e metabólica de resposta a estresses bem como as funções específicas dos tRFs, gerando grandes contribuições ciêntíficas. 12 2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA 2.1 Biogênese de microRNAs (miRNAs) e short-interfering RNAs (siRNAs) em plantas e animais MiRNAs são sRNAs endógenos de 20-24 nucleotídeos (nt), produzidos a partir de um RNA precurssor longo fita-simples, com estrutura secundaria de “hairpin” contendo um stem-loop imperfeito. Estes são processados pelas enzimas RNase III e incorporados a membros da família de proteínas Argonanauta (AGO), promovendo o mecanismo de silenciamento gênico pós-transcricional (PTGS) (Bartel, 2004). Descritos primeiramente como reguladores do desenvolvimento em Caenorhabditis elegans e depois encontrados universalmente em quase todos os eucariotos (Reinhart et al., 2000; Llave et al,. 2002), os miRNAs apesar de serem conservados evolutivamente entre plantas e animais, apresentam diferenças substanciais entre as duas linhagens com relação aos mecanismo de biogênese e de regulação de seus alvos. Em animais, foram descritos três tipos de miRNAs, miRNAs canônicos, miRNAs intronicos canônicos e miRNAs intronicos não-canônicos, cada um possuindo um tipo específico de processamento. MiRNAs canônicos possuem suas próprias unidades transcricionais, denominadas genes MIR, localizados em regiões intergênicas. Genes MIR são transcritos pela RNA polimerase II (PolII) gerando uns transcrito primário (pri- miRNA.O passo inicial do processamento é mediado pelo complexo microprocessador, formado pelas proteínas Drosha e DGCR8, uma RNaseIII e uma proteína de ligação à RNA dupla-fita, respectivamente. O complexo irá clivar o pri-miRNA , removendo a cauda poliA e o cap 5’, a molécula resultante é denominada pre-miRNA, que é transportada para o citoplasma pelo fator de exportação exportin 5 (EXP5). No citoplasma, a enzima Dicer, também uma RNase III, cliva o pre-miRNA, removendo 13 gerando um duplex imperfeito contendo as fitas de miRNA maduro e miRNA*, que possui dois nt ressaltados nas extremidades 3’ de cada fita (Lim et al,. 2003). Por fim, a fita de miRNA* é degradada e a fita de miRNA maduro é incorporada as proteínas AGO (Liu et al., 2004; Kim et al., 2009). MiRNAs intronicos canônicos estão localizados em introns de genes codificadores de proteínas e seu processamento ocorre anteriormente ao splicing do mRNA. A maquinaria de splicing agrega os introns enquanto o complexo microprocessador cliva o precursor hairpin, gerando o pre-miRNA, que entra na via de miRNAs canônicos a partir deste ponto, enquanto que o resto do transcrito sofre o splicing típico de precurssores de mRNA (pre-mRNA) originando o mRNA maduro para a síntese protéica. MiRNAs intronicos não-canôniconicos, denominados mirtrons, são originados diretamente do mecanismo de splicing e desramificação, não sendo dependentes da clivagem do complexo microprocessador, devido ao tamanho reduzido dos introns em que estão contidos, que se assemelham a pre-miRNAs. Alguns mirtrons possuem caudas em suas extremidades 3’ ou 5’ e necessitam ser aparados antes do transporte para o citoplasma e a entrada na via de miRNAs canônicos (Kim et al., 2009). Em animais, a maioria dos miRNAs realizam o PTGS prevenindo a tradução do mRNA alvo por um processo que não envolve clivagem, conduzindo a desestabilização do mRNA ou seu sequestro em corpos citoplasmaticos especializados. Este tipo de mecanismo ocorre devido a complementaridade reduzida entre o miRNA e a região de anelamento ao mRNA alvo, sendo que os miRNAs de animais que efetuam esse tipo de mecanismo possuem complementariedade restritra a região 3’ UTR do mRNA alvo (lewis et al., 2003). Em contraste, os miRNAs de plantas se anelam , geralmente a região central do mRNA alvo e exibem elevada, se não total, complementaridade com seus alvos, regulando-os através de sua clivagem (Yekta et al., 2004). Além de possuirem mecanismo de regulação de seus alvos diferencial, a maioria, se não todos os miRNAs de plantas localizam-se em regiões intergênicas e possuem suas próprias unidades transcricionais (Reinhart et al,. 2002). Porém, a grande diferença entre miRNAs dos dois reinos é vista em seus mecanismos de biogênese. 14 Em plantas, os genes MIR são transcritos pela Pol II gerando o pri-miRNA (Xie et al., 2005), que em seguida é clivado pela enzima RNase III DICER-LIKE1 (DCL1), que possui a mesma atividade que a enzima Drosha (Kurihara et al,. 2004), originando o pre-miRNA. A seguir, ainda no núcleo, a DCL1 cliva o pre-miRNA liberando o duplex imperfeito contendo o miRNA maduro e miRNA* (Xie et al,. 2005). As enzimas HYNASTIC LEAVES1 (HYL1), também conhecida como DOUBLE- STRANDED RNA BINDING PROTEIN (DRB1) e SERRATE (SE), uma proteína de ligação a RNA dupla-fita e uma proteína zinc-finger C2H2, auxiliam a DCL1 no correto processamento do pri-miRNA até o duplex imperfeito. Estudos mostram que a DCL1 requere a presença da HYL1 e SE para assegurar a precisão de sua clivagem acima de 80% in vitro (Dong et al., 2008). Após a série de clivagens, o duplex imperfeito tem suas extremidades 3’ ressaltadas metiladas pela enzima HUA ENHANCER1 (HEN1) (Boute et al,. 2003), sendo transportado para o citoplasma pela HASTY (HST), um membro da família de transportadores nucleocitoplasmaticos importina β (Bollman et al,. 2003). No citoplasma, o miRNA maduro é incorporado as proteínas AGO1 ou AGO7, realizando a clivagem de seus respectivos alvos. Quimicamente e funcionalmente similares a miRNAs, os siRNAs são sRNAs de 18-25 nt gerados a partir de um RNA precurssor longo dupla-fita (dsRNA). Estes, assim como miRNAs, são processados pelas enzimas RNase III e também são incorporados as proteínas AGO, realizando o silênciamento gênico (Elbashir et al,. 2001). siRNAs foram descobertos primeiramente em plantas (Hamilton & Baulcombe 1999), e em arabidopsis, representam a maioria da população de sRNAs (Llave et al,. 2002). Eles desempenham papel importante em vários processos biológicos, incluindo defesa contra vírus, estabelecimento da heterocromatina, silenciamento de elementos transponiveis e transgenes e PTGS (Baulcombe, 2004). Em plantas, uma grande diversidade de sRNAs foi descrita, cada uma com mecanismos de biogênese específicos. Dentre as classes de siRNAs em plantas, os trans-acting siRNAs (ta- siRNAs), possuem, interessantemente, biogênese dependente da ação de miRNAs. ta- siRNAs são gerados a partir de precurssores TAS, que codificam transcritos não- 15 codificadores de proteínas, que são alvos de miRNAs incorporados a AGO1 e AGO7 (Allen et al,. 2005). Os fragmentos gerados são estabilizados pela proteína SUPPRESSOR OF GENE SILENCING3 (SGS3) e covertidos em RNAs fita-dupla pela RNA polimerase dependente de RNA 6 (RDR6) (Peragine et al., 2004). A enzima DCL4, em conjunto com a enzima DRB4, cliva o RNA fita-dupla gerando o duplex imperfeito, que é metilado pela HEN1 e transportado para o citoplasma pelo fator de exportação SDE5 (Gasciolli et al., 2005). No citoplasma o ta-siRNA, que possui 21 nt, é incorporado a AGO1 ou AGO7 e efetua a clivagem de seus alvos (Adenot et al., 2006). Em contraste com outros siRNAs, que regulam o seu gene ou loci precurssor, os ta- siRNAs atuam em trans, regulando outros genes (Hunter et al., 2006). No mecanismo de defesa contra vírus ou silenciamento de transgenes é observada uma biogênese de siRNAs parecida com com a apresentada pelos ta-siRNAs. RNAs fita-dupla exógenos produzidos por RNAs virais ou transgenes é clivado pelas DCL4 ou DCL2, que são auxiliadas pela DRB4, dando inicio ao ciclo de silenciamento. Os siRNAs gerados são incorporados a AGO1, guiando a clivagem de mRNAs virais ou do transgene. Os fragmentos gerados são processados pelas proteínas SGS3 e RDR6, gerando novos dsRNAs, dando continuidade ao processo (Xie & Qi, 2009). Outra classe de siRNAs endógenos, que regula seus alvos pós-transcricionalmente são os natural cis- acting siNAs (nat-siRNAs), diferentemente de ta-siRNAs, essa classe atua em cis, regulando seu gene precursor. Estes são gerados a partir de um loci com transcritos bidirecionais com regiões de sobreposição e sua biogênese é dependente das enzimas RNA Pol IV, RDR6, DCL1 e DCL2. Neste caso, apenas um dos transcritos que originaram o siRNA é clivado (Borsani et al,. 2005). Além do mecanismo PTGS, algumas classes de siRNAs podem efeutar o silenciamento gênico transcricional (TGS), através da metilação de um lóci alvo e a formação da heterocromatina. Essa classe de siRNAs é gerada a partir de regiões genômicas com sequencias repetitivas e elementos transponíveis, que são inicialmente transcritos pela RNA Pol IV. Em seguida, a RDR2 converte o transcrito fita-simples em um dsRNA, que é processado pela DCL3. Os siRNAs gerados são incorporados a AGO4, AGO6 e AGO9, que direcionarão a metilação do lóci precurssor do siRNA 16 incorporado através da DNA metiltransfera DRM2 (Liu et al,. 2009). A metilação de alguns lóci requer também a presença da Pol V e o fator remodelador de cromatina SWI2/SNF2-like DRD1. O padrão de metilação gerado por essa classe de siRNAs é mantida de forma independente através da metiltransferase MET1, a histona deacetilase HDA6 e o fator remodelador de cromatina SWI2/SNF2-like DDM1 ( Malloty & Vaucheret,. 2010). 2.2 O mecanismo de iniciação da tradução A regulação gênica transcricional e pós-transcricional mediada por siRNAs e miRNAs, respectivamente, são exemplos dos múltiplos níveis em que a expressão de genes pode ser regulada. Outro exemplo é o processo de tradução, que é responsável pela síntese de proteínas na célula e se encontra divido em quatro estágios: iniciação, elongação, terminação e reciclagem de ribossomos. Em eucariotos, o estágio de iniciação do processo de tradução é composto por um conjunto de reações que ligam o códon iniciador AUG do mRNA no sítio de decodificador de peptideo do ribossomo, via o pareamento de bases com o anti-códon do tRNA metionina iniciador (Met-tRNAi). O processo é iniciado pela ativação do mRNA pela ligação do complexo eIF4F, formado pelos fatores de iniciação eucarióticos eIF4E, eIF4G e eIF4A, ao cap5’ e a PABP (POLY(A) BINDIND PROTEIN) a cauda poli(A), o que provoca a circularização do mRNA. Em seguida, o complexo de pré- iniciação (PIC) 43S, formado pela subunidade ribossomal 40S, eIF1, eIF1A, eIF3 e eIF5, e o complexo ternário, constituído pelo eIF2α, GTP e o Met-tRNAi, liga-se proximamente ao cap-5’, este passo é facilitado pelas interações entre eIF3/eIF5 e eIF4G/eIF4B. Após sua ligação, o PIC 43S realiza uma busca na região 5’UTR pelo códon iniciador AUG em uma reação dependente de ATP, através da hidrólize parcial da molécula eIF2-GTP no complexo ternário para eIF2-GDP-Pi. O reconhecimento do códon AUG desencadea a dissociação do eIF1 da subunidade 40S, que permite a 17 liberação do Pi e eIF2-GDP. O próximo passo consiste na junção da subunidade ribossomal 60S ao complexo, que com a liberação de outros eIFs, é catalizada pra hidrólize da molécula eIF5B-GTP, esta reação desencadea a liberação do eIF5B-GDP e eIF1A, originando o complexo de iniciação 80S, que dará continuidade ao processo de tradução (Pestova et al., 2007). Em procariotos, o estágio de inicação difere fundamentalmente com relação ao mecanismo de busca pelo códon iniciador AUG. O mecanismo é mediado pelo pareamento de bases das sequências Shine-Dalgarno (SD), localizadas a jusante do códon iniciador AUG, com a subunidade ribossomal 16S. Em seguida, a subunidade ribossomal 16S recruta a subunidade ribossomal 30S, que em conjunto com os fatores de iniciação IF-1, IF-2, e o tRNA iniciador N-formilmetionina (fMet-tRNAi), forma o complexo de iniciação 30S. O passo seguinte consiste na ligação da subunidade ribossomal 50S, catalizada pela hidrólize da mólecula de GTP ligada ao IF-2, desencadeando a liberação do IF-1, IF-2, GDP e Pi, resultando na formação do complexo de iniciação 70S, que dará continuidade ao processo de tradução (Antoum et al., 2006). Outra possível via de iniciação do processo de tradução é realizada por mRNAs eucarióticos desprovidos de cap-5’, denominada via de iniciação interna. Nesta esse subconjunto de mRNAs procura por sequências especializadas, denominadas sítios de entrada internos do ribossomo (IRES), que recrutam o PIC para o códon iniciador de maneira parecida ao que as sequências SD. Esta via é comumente usada por RNAs virais, pois permiti que o processo de tradução continue quando eIFs estão inibidos nas células infectadas (Schuler et al., 2006). Dentre os quatro estágios do processo de tradução, o estágio de iniciação é o que mais sofre regulações. Em situações de estresse por deprivação nutricional a montagem do PIC 43S é inibida pela proteína kinase Gcn2, que fosforila o aminoácido Ser51 da subunidade α do eIF2, convertendo a molécula eIF2-GDP em um inibidor competitivo da subunidade 5 do fator de troca de guanina (GEF), o que reduz a formação do TC (Gomez et al., 2002). 18 Outro mecanismo usado para controlar a iniciação da tradução envolve o processo de reconhecimento do cap-5’ pelo eIF4F. A interação entre eIF4G e eIF4E presentes no complexo eIF4F é prejudicada pelo eIF4E homólogo, 4E-HP. Este homólogo é um membro da família de proteínas, denominadas proteínas de ligação a eIF4E (4E-BPs) que competem com eIF4G por sítios de ligação no eIF4E, o que não inibe a via de tradução dependente dos IRES, uma vez que esta não necessita do processo de reconhecimento a cap-5’. As 4E-BPs são forforiladas pela kinase mTOR, envolvida na via de sinalização PI3/Akt que integra estímulos extracelulares, disponibilidade de aminoácidos e nível de energia na célula (Sonenberg & Hinnebusch, 2002). 2.3 Biogênese, degradação, dinâmica e papel biológico de tRNAs tRNAs possuem papel central na biologia como adaptadores entre mRNAs e proteínas, em que o anti-códon interage com o códon do mRNA em uma das extremidades do tRNA em sua estrutura terciária em forma de L, permitindo que um aminoácido anexado a outra extremidade se condense com a cadeia peptídica em um segundo tRNA através da ação do ribossomo ( Hopper & Phizicky, 2003). Além desta função convencional, é bem estabelecido que tRNAs desempenham vários outros papéis tanto em procariotos e eucariotos. Eucariotos e procariotos apresentam dois papéis não convencionais de tRNA similares entre os dois domínios. O primeiro consiste no uso de tRNAs aminoacilados como doadores de aminoácidos para a conjugação de aminoácidos a região N-terminal de proteínas, o que acarreta na degradação da proteína receptora (Mogk et al., 2007). O Segundo consiste no papel de tRNAs em vias de transdução de sinal em resposta deprivação nutricional. No caso de leveduras, o mecanismo de resposta da via de resposta a deprivação de aminoácidos é efetuado através do uso de tRNAs não carregados que interagem com a Gcn2. Como descrito acima, a forforilação 19 do eIF2 resultado na diminuição dos níveis gerais de tradução, porém, paradoxalmente, eleva o nível de tradução do regulador de transcrição Gcn4, que promove a transcrição de vários genes involvidos na biosíntese de aminoácidos e nucleotídeos (Dever & Hinnebusch, 2005). Eucariotos possuem papéis não convencionais de tRNA exclusivos do seu domínio, por exemplo na regulação da apoptose em mamíferos, em que tRNAs se ligam ao citocromo c, impedindo a interação com o fator caspase Apaf-1 e prevenindo sua ativação (Mei et al., 2010). Outro papel não convencional importante de tRNAs eucarióticos é o seu emprego como primers para a transcrição reversa no ciclo de vida retroviral (Zaitseva et al,. 2006). A biogênese de tRNAs é um processo complexo e que, apesar do número crescente de estudos relacionados, continua não compreendido totalmente, tendo sido melhor descrito, até o momento, em leveduras. O primeiro passo do processo consiste na transcrição do precurso do tRNA (pre-tRNA) pela Pol III, seguido pelo processamento da extremidade 5’, catalizado pela endonuclease RNase P, sendo que ambos os passos ocorrem no nucleolo. Após isso, no nucleoplasma, é realizado o processamento da extremidade 3’, catalizado por exonucleases (Rex1, em leveduras) e a endonuclease RNase Z (Trz1, em leveduras), por fim, processamento da extremidade 3’ é finalizado com a adição da trinca de nucleotídeos CCA. Antes de ser transportado para o citoplasma via a exportina Los1, o tRNA sofre várias modificações, como metilações e pseudouridinizações, no nucleoplasma e na membrana interna do núcleo. Após o transporte para o citoplasma, tRNAs que possuem introns, são direcionados a superfície citoplasmática mitocondrial para a remoção dos introns, já em vertebrados o processo de splicing de tRNAs ocorre no núcleo. Outras modificações são realizadas no citoplasma e finalmente o tRNA é aminoacilado e habilitado a participar da síntese protéica (Phizicky & Hopper, 2010). Após sua maturação, os tRNAs podem transitar entre o núcleo e o citoplasma e seu tráfego por entre esse locais é realizado em três passos separados. O primeiro, já descrito acima, consiste no transporte de tRNAs recém transcritos e parcialmente processados para o citoplasma, denominado exportação nuclear primária de tRNAs, via Los1 (em leveduras). O segundo passo, denominado importação nuclear 20 de tRNAs, consiste no retorno de tRNAs do citoplasma ao núcleo mediado pela importina Mtr10 (em leveduras). No terceiro e último passo, tRNAs nucleares, que já estiveram no citoplasma, podem retornar ao núcleo. Este transporte é mediado pela Los1 e pela importina Msn5 e é restrito a tRNAs estruturados apropriadamente e aminoacilados. Os dois últimos são regulados pelo estado nutricional do organismo (Whitney et al,. 2007). A degradação de tRNAs é um processo relacionado ao mecanismo de controle de qualidade de sua biogênese e possui duas vias. Uma das vias ocorre no núcleo e é restrita a precurssores do Met-tRNAi que não foram metilados na adenina 58, os quais são poliadenilados pela poli(A) polimerase Trf4, presente no complexo TRAMP e em seguida degradados no sentido 3’-5’ pela exoribonuclease Rrp6, presente no exosomo nuclear (Kabada et al,. 2006). A outra via ocorre tanto no núcleo como no citoplasma e degrada, de forma genérica, tRNAs hipometilados através das exonuclease nuclear Rat1 e a exonuclease citoplasmatica Xrn1. Esta via requere a presença da enzima Met22 pois seu substrato, pAp, inibi a atividade da Rat1 e Xrn1. De maneira intrigante, esta via pode ter como substrato tRNAs aminoacilados (Chernyakov et al., 2008). 2.4 Pequenos RNAs derivados de tRNAs (tRFs) Com os recentes e exponenciais avanços nas tecnologias de sequenciamento em larga escala aliados a análises de bioinformática, uma nova classe de sRNAs derivados de tRNAs foi descoberta, apesar dos crescentes e intrigantes estudos relacionados a esses sRNAs, vários de seus aspectos biológicos, tal como biogênese e papel biológico, ainda não foram compreendidos. A geração de tRFs tem sido observada em diversos organismos em situação de estresse, incluindo: a bactéria Streptomyces coelicolor (Haiser et al., 2008); o fungo Aspergillus fumigatus (Jochl et al., 2008) e Saccharomyces cerevisiae (Thompson et al., 21 2008); os protozoários Tetrahymena thermophila (Lee & Collins, 2005), Trypanosoma cruzi (Garcia-Silva et al., 2010) e Giardia lamblia (Li et al., 2008); a mosca da fruta Drosophila melanogaster (kawamura et al., 2008); a planta Arabidopsis thaliana (Hsieh et al., 2010); e em linhagens celulares de mamíferos (Fu et al,. 2009). tRFs também foram detectados em células de mamíferos na ausência de qualquer estresse, sugerindo que a clivagem de tRNAs ocorre constitutivamente a níveis basais, havendo um aumento de sua atividade em situações de estresse. Porém, esse fenômeno não é observado em todas as condições, como no caso de leveduras sob deprivação de aminoácidos ou glicose e células de mamíferos irradiadas com raios γ ou cafeína [Thompson et al., 2008; Fu et al., 2009). A clivagem de tRNAs durante estresse é realizada, geralmente, em posições variáveis no loop do anti-códon de tRNAs maduros, gerando sRNAs de 30-60 nt denominadas tRNA halves (5’ ou 3’) e correspondem ao conjunto de tRFs mais abundante. Em mamíferos, tRNA halves são gerados pela ribonuclease Angiogenina, que pertence a família de protéinas RNase A, em contraste com leveduras, em que esse processo é realizado pela ribonuclease Rny1, pertencente a família de proteínas RNase T2. Angiogenina e Rny1 se localizam no núcleo e no vacúolo, respectivamente, mas em situações de estresse se deslocam para o citoplasma, onde realizam a clivagem dos tRNAs (Nawrot et al,. 2011). De maneira intrigante, foi visto em D. Melanogaster que algumas espécies de tRNAs são protegidas durante estresse pela DNA metiltranferase 2 (Dnmt2), que promove a metilação da citosina 38, localizada próxima ao loop do anti- códon, indicando um possível papel desta proteína na regulação da clivagem de tRNAs (Schaefer et al., 2010). Estudos mostram que tRNA halves 5’ dependentes de Angiogenina, mas não tRNA halves 3’, reprimem o processo de tradução deslocando eIF4G/eIF4A de mRNAs com ou sem cap-5’, impedindo a montagem do PIC. Além disso, a formação de grânulos de estresse (SGs) é desencadeada em células transfectadas com tRNA halves 5’ síntéticos ou naturais (Ivanov et al,. 2011). SGs são componentes chave no programa de resposta estresse sendo o local onde ocorre a estocagem e degradação de mRNA, além de serem associados fisicamente aos corpos de processamento (P-bodies), outro 22 compartimento celular que possui elevada concentração de enzimas responsáveis pela degradação de RNA (Emara et al., 2010). Interessantemente, foi observado o deslocamento da Dnmt2 para SGs em situações de estresse, sugerindo que este seja o possível local de clivagem dos tRNAs durante estresse (Shaefer et al., 2010). Através de ensaios de co-imunoprecipitação em humanos, foi identificada uma tRNA halve 5’, proveniente do tRNA-Glu, associada a RNase Z, indicando que tRNA halves promover o silenciamento gênico, pois ,além de processar pre-tRNAs, a RNase Z é capaz de clivar RNAs em qualquer sítio desejado através de um mecanismo de silenciamento similar ao exercido pelo complexo RISC, porém para exercer essa atividade a RNase tem de estar com um RNA incorporado a ela, guiando-a ao RNA alvo (Elbarbary et al,. 2009). O conjunto de tRFs menos abundante é composto por sRNAs de tamanho menor, variando entre 17 e 26 nt, derivados de diferentes porções da molécula de tRNA e também de pre-tRNA. Além de possuirem tamanho similar, este conjunto de tRFs apresenta pontos em comum com miRNAs e siRNAs quanto a biogênese e papel biológico. Sequenciamento em larga realizado em células de carcinoma de próstata identificou tRFs oriundos da extremidade 5’ (tRFs 5’) e 3’ (tRFs 3’), com sítios de clivagem localizados nos loop D e T do tRNA maduro, respetivamente, e tRFs oriundos da extremidade 3’ de pre-tRNAs (3’ trailer). Surpreendentemente, esses tRFs representaram aproximadamente 40% das sequências que não correspondem a miRNAs. Foi demonstrado também que o tRF-1001, derivado do 3’ trailer do tRNA Ser(UGA) é dependente da RNase Z e que é requerido para a proliferação celular , pois sua expressão reduzida via knockdown mediado por siRNA se correlaciona com a diminuição nos níveis de proliferação, sendo este nível restaurado quando se realiza a transfecção de um oligonucleotídeo de RNA síntético idêntico ao tRF-1001, mas que não interfere no tratamento por siRNA (Lee et al,. 2009). Em células HeLa foram identificados tRFs 5’ de 19 nt dependentes de Dicer, pois células com a expressão da enzima suprimida por siRNA mostraram um 23 acúmulo reduzido destes tRFs. No mesmo trabalho revelou-se, através de ensaios de co- imunoprecipitação de Ago2, uma fraca, porém existente interação destes tRFs com essa proteína. Uma análise bioquímica subsequente sugeriu que a ribose 3’ terminal dos tRFs é modificada, o que pode explicar a fraca interação com o complexo Ago, uma vez que miRNAs de humanos não apresentam tal modificação (Cole et al,. 2009). Haussecker e colaboradores também identificaram tRFs 3’ e trailers 3’ em linhagens celulares humanas. Neste trabalho relatou-se a dependência da enzima Dicer na biogênese de tRFs 3’, assim como a associação relativa de ambos os tipos de tRFs com Ago3 e Ago4 através de co-imunoprecipitação. Utilizando ensaios repórteres em que plasmídeos contendo genes reporteres Renilla luciferase, com sítios alvos complementares para um tRF 3’ e a um trailer 3’ inseridos na região 3’ UTR, foram transfectados em células expressando os tRFs complementares e observou-se que o trailer 3’ possui modesta atividade de silenciamento, que pode ser explicada devido a sua interação com Ago3 e Ago4, pois não são as Ago mais ativas em humanos. Por fim, a atividade de silenciamento de miRNAs e siRNAs se mostrou afetada devido ao nível elevado de tRFs, acarretado pela superexpressão do fator de transcrição da Pol III, Brf 1. Este dado sugere que tRFs podem competir com miRNAs e siRNAs pelas proteínas Ago (Haussecker et al,. 2010). Sequenciamento em larga escala realizado em linhagens de células tronco embrionárias de camundongos com a enzima Dicer ou DGCR8 nocauteadas, identificaram tRFs dependentes de Dicer e independentes de DGCR8 oriundos do pre-tRNA Ile. Diferentemente de outros genes de tRNAs, o transcrito primário deste lócus tem potencial de uma estrutura secundária alternativa a tradicional de trevo, em forma de um longo hairpin. Tal estrutura alternativa pode explicar a dependência de tRFs pela enzima, pelo fato de que os pre-tRNAs apresentariam estrutura parecida a pre-miRNAs, tornando-se o substrato preferencial dessa enzima, indicando que os mesmo podem desempenhar papéis de miRNAs e siRNAs como nos trabalhos descritos acima (Babiarz et al,. 2008). Análises de bioinformática em bibliotecas de pequenos RNAs de linhagens celulares humanas e camundongos, revalaram um possível padrão de processamento de tRFs 5’ e 3’ de 19-20 nt. Nela, dentre os 447 genes de tRNA que possuem tRFs 24 terminais (5’ e 3’) mapeados a eles, 75% possuem ambos os tipos de tRFs mapeados, dos quais 93% apresentaram diferença significativa (2 vezes) no acumúlo entre os dois tipos de tRFs, sendo que metade apresentaram um acúmulo de tRFs 3’ dez vezes maior ao de tRFs 5’. Em seguida, foi realizada a mesma análise em bibliotecas de mutantes knockout para Dicer e DGCR8, notou-se um acúmulo consideravelmente menor (duas vezes ou mais)em células mutantes relação as selvagens. No mesmo trabalho, dois tRFs 3’ foram avaliados em diferentes experimentos. Após isso, testou-se as possíveis funções destes tRFs e através de ensaios de co-imunoprecipitação e clivagem in vitro, sendo que os resultados mostraram a interação dos tRFs 3’ , oriundos dos tRNAs HisGTG e LeuCAG, com Ago2 e que os mesmos puderam clivar alvos sintéticos complementares. Curiosamente estes tRFs possuem complementaridade com lócus responsáveis pela replicação retroviral, sugerindo que estes tRFs possam ter papel repressor da atividade retroviral (Li et al,. 2012). Ensaios de co-imunoprecipitação realizados em Tetrahymena thermophila revelou a interação da Twi12, membro do clado Piwi, que pertence a família das proteínas Argonautas, com tRFs 3’. O mesmo estudo mostrou que Twi12 forma um complexo protéico com outras duas proteínas não identificadas anteriormente, as quais foram nomeadas Tan1 (Twi-associated novel) e Xrn2. A estrutura da proteína Xrn2 possui um domínio de exonuclease 5’-3’ monofosfato dependente e apresentou similaridade com as enzimas Rat1 de leveduras e XRN2 de humanos. Este complexo protéico se desloca para o núcleo, quando a proteína Twi12 apresenta um tRF 3’ incorporado a ela, e efetua o processamento de RNAs ribossomicos (rRNAs), através da clivagem da Xrn2 (Couvillion et al., 2012) Estudos em diferentes espécies de plantas também identificaram populações de tRFs. Em arabidopsis crescendo sob deprivação de fosfato, foram detectados tRFs 5’ de 19 nt e tRNA halves, em tecido radicular e parte aérea. Estudos mais detalhados mostraram um acúmulo diferencial de tRFs entre os tecidos analisados, sendo que o tRF oriundo do tRNA Gly-TCC reprensentou mais de 80% do pool de tRFs no tecido radicular, além de ter representado 18,44% e 27,70% nas bibliotecas de raízes crescendo na presença e ausência de fosfato, respectivamente (Hsieh et al., 2009). Além de 25 estresse por deprivação de fosfato, tRFs também foram encontrados em plantas sob estresse hídrico e de calor. No primeiro estudo, foram realizados sequenciamento em larga escala em plantas de cavada selvagem e de uma linhagem trânsgenica superexpressando o fator de transcrição DREB3 de trigo, ambas sob estresse hídrico. Na biblioteca do exemplar selvagem foram identificados 55 tRFs, dos 54 também foram anotados na biblioteca do exemplar trânsgenico. Destes o tRF oriundo do tRNA Gly- TCC foi o mais abundante correspondendo a 83,1% e 57,9% do pool de tRFs nas bibliotecas do exemplar selvagem e trânsgenico, respectivamente. Muitos dos tRFs identificados apresentaram expressão significativamente diferencial (log2>=1) entre os as bibliotecas, sendo que o tRF Gly-TCC apresentou acúmulo quatro vezes maior no exemplar selvagem. No mesmo estudo foram detectados tRFs de 19-20 nt derivados de tRNAs do genoma de cloroplasto, sendo que o tRF 5’ derivado do tRNA His-GTG foi o sRNA mais abundante dentro da população de sRNA derivados do genoma de cloroplasto (Hackenberg et al., 2012). Em bibliotecas de sRNAs de cloroplasto de nabo chinês (Brassica rapa) submetidos a a estresse de calor, também identificou-se tRFs 5’ e 3’, sendo que 95% dos tRFs identificados na biblioteca são tRF 5’ (Wang et al., 2011). Estes estudos mostram o forte impacto que diferentes tipos de estresse provocam na expressão destes tipos de tRFs, o que indica que os mesmos apresentem alguma função da resposta a estresse. Bibliotecas de pequenos RNAs de calos embrionários indiferenciados e diferenciados, identificaram tRFs 5’ e 3’ de 18-22 nt. O tRF mais expresso das bibliotecas possui 22 nt e é derivado da extremidade 5’ do tRNA Ala-AGC, correspondendo a aproximadamente 82% dos tRFs das bibliotecas, interessantemente o tRF 3’ mais expresso da biblioteca possui 18 nt e também é derivado desse mesmo tRNA. No mesmo trabalho, avaliou-se a expressão através de RT-qPCR dos tRFs 5’ derivados dos tRNAs Ala-AGC e Pro-CGG em calos embrionários indiferencidos, diferenciados e em folhas. Ambos os tRFs mostraram um aumento de expressão correlacionado com o nível de diferenciação das células, indicando que estes possam ter função relacionada a esse processo (Chen et al., 2011). Além de tRFs 5’ e 3’, tRNA halves 5’ e 3’ e tRFs 5’ também foram identificadas em seiva floemática de abóboras 26 (Cucurbita maxima). No mesmo trabalho, mostrou-se que pequenos RNAs presentes na seiva floemática (incluindo tRNA halves) inibiram a síntese protéica in vitro, o que levou os autores a hipótese de que as tRNAs halves sejam as possíveis responsáveis por esse fenômeno, assim como foi descrito em mamíferos. Além disso, o fato de tRFs e tRNA halves estarem presentes na seiva floemática e ter sido relatado um acúmulo diferencial de tRFs 5’ entre parte aérea e tecido radicular, indica que esta nova classe de sRNAs possa atuar como moléclas de sinalização a longa distância, entre tecidos fonte e dreno (Hsieh et al., 2009). Nosso grupo também identificou tRFs 5’ de 19 nt derivados de tRNAs nucleares e de cloroplasto, em bibliotecas de sRNAs de tecido foliar e gemas dormentes e ativas de cana-de-açucar. Esta descoberta impulsionou o ínicio do estudo dessa nova classe de sRNAs pelo nosso grupo. Em plantas a biogênese de tRFs ainda não foi estudada, sendo até o momento uma incógnita, porém os estudos acerca da biogênese de tRFs em mamíferos e leveduras podem contribuir para estudo do mesmo tema em plantas, sugerindo e auxiliando na escolha de possíveis enzimas candidatas a essa via. Como já dito acima, em mamíferos tRNA halves são gerados através da clivagem mediada pela ribonuclease Angiogenina no loop do anti-códon. O mesmo processo de clivagem é realizado pela Rny1 em leveduras, uma ribonuclease da família de protéinas RNase T2, a qual é amplamente conservada, tendo sido descrita em vírus, bactérias, fungos, plantas e animais, sugerindo que estas tenham uma origem ancestral e funções cruciais (Taylor & Green, 1991). Esta mesma família abriga as enzimas S-like, que são ubiquamente conservadas em plantas, sendo representadas em Arabidopsis por cinco genes, RNS1 a RNS5, sendo que três deles demonstram atividade de RNase e, intrigantemente, dois deles (RNS1; RNS2) apresentam expressão elevada em plantas sob deprivação de fosfato. Adicionalmente, estudos indicam que a RNS1 pode ser expressa em resposta a desidratração e a estresse frio, sendo essa indução de expressão regulada pela produção e sinalização de ABA (Melissa et al., 2008) e a RNS2 é requerida para o decaimento de rRNA em plantas (Melissa et al., 2011). 27 3. Objetivo Este trabalho possui como principal objetivo elucidar a biogênese e a(s) possível (eis) função(ões) biológica(s) de tRFs em plantas, através de análises de bioinformática em bibliotecas de sRNAs, disponíveis em bancos de dados públicos. 3.1 Objetivos específicos  Avaliar o acúmulo de tRFs em diferentes tecidos vegetais.  Avaliar o acúmulo de tRFs em plantas mutantes, deficientes para enzimas responsáveis pelo processamento de RNA.  Avaliar o acúmulo de tRFs em plantas mutantes, deficientes para enzimas envolvidas na via de RNAi.  Avaliar o acúmulo de tRFs em diferentes membros de proteínas AGO.  Avaliar o acúmulo de tRFs em plantas sob diferentes situações de estresse. 4. Material e métodos 4.1 Método de análise As sequencias de sRNAs presentes nas bibliotecas utilizadas em nossas análises, foram blastadas com o banco de tRNAs maduros de arabidopsis. Tal processo foi automatizado através de um script de comando, montado pelo professor Renato 28 Vicentini, no qual sequências que não possuiam 19 ou 20 nt, com um ou mais mismatchs e contagem de reads menor ou igual a 10 foram descartadas no processo. Após a identificão dos tRFs, foi eliminada a redundância dos mesmos nas bibliotecas de cada tratamento (exemplo: controle; estresse hídrico; estresse salino) de cada respectivo de experimentos. Essa redundância ocorreu devido o alinhamento de uma mesmo tRF em várias cópias do seu tRNA de origem. Em seguida, para cada experimento, foram selecionados apenas os tRFs, que mapeiam exatamente nas extremidades 5’ e 3’ dos tRNAs e que foram anotados no controle e em um ou mais tratamentos. Por fim, foi calculada a expressão normalizada dos tRFs em cada tratamento (número de reads no tratamento/ número de reads totais da biblioteca x 1.000.000). 4.2 Bibliotecas utilizados Foram utilizadas as seguinte bibliotecas de sRNAs em nossas análises: 1. Biblioteca de sRNAs de botões florais fechados de A. thaliana ecótipo columbia:  Mutantes: CBP80 (abh1-1) simples; XRN4 (ein5-6) simples; XRN4/CBP80 (ein5-6/abh1-1) duplo  Plataforma: Illumina  Referência: Gregory BD, O'Malley RC, Lister R, Urich MA, Tonti-Filippini J, Chen H, Millar AH, Ecker JR. (2008) A link between RNA metabolism and silencing affecting Arabidopsis development. Dev. Cell. 2008 Jun;14(6):854-66. Epub 2008 May 22 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Gregory%20BD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=O'Malley%20RC%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Lister%20R%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Urich%20MA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Urich%20MA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Tonti-Filippini%20J%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Chen%20H%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Millar%20AH%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Ecker%20JR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=18486559 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18486559 29 2. Biblioteca de sRNAs de folhas de roseta de A. thaliana ecótipo columbia:  Mutantes: hyl1-2 simples; hyl1-2/dcl1-20 duplo; hyl1-2;dcl1-21 duplo  Plataforma: sistema AB SOLiD 4  Referência: Liu C, Axtell MJ, Fedoroff NV. The helicase and RNaseIIIa domains of Arabidopsis Dicer-Like1 modulate catalytic parameters during microRNA biogenesis. Plant Physiol, 2012 Jun;159(2):748-58. 3. Bibliotecas de sRNAs de parte aérea de A.thaliana, ecótipo Columbia com 4 semanas de idade sob diferentes tipos de estresse abióticos:  Estresses: -> Hídrico (40-50% colume de água normal) -> Frio (5ºC por 24 horas) -> Salino (200mM NaCl por 5 horas)  Plataforma: Illumina  Referência: 4. Bibliotecas de sRNAs de diferentes tecidos de A. thaliana ecótipo Columbia:  Tecidos: ->Plântulas inteira ->Folhas de roseta 30 ->Flores ->Síliquas  Plataforma: 454  Referência: Axtell, M.J., Jan, C., Rajagopalan, R., and Bartel, D.P. (2006) A two-hit trigger for siRNA biogensis in plants. Cell 127:565-577 4.3 Banco de dados de tRNAs maduros utilizados O banco de dados com sequencias de tRNAs maduros de arabidopsis foi obtido do banco de dados de tRNAs genômicos, composto por genes de tRNAs preditos pelo programa tRNAscan-SE (referência: Lowe TM, Eddy SR tRNAscan-SE: a program for improved detection of transfer RNA genes in genomic sequence. Nucleic Acids Res. 1997 Mar 1;25(5):955-64). http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Lowe%20TM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9023104 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Eddy%20SR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9023104 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9023104?dopt=Abstract 31 5. Resultados 5.1 Acúmulo de tRFs em diferentes tecidos. Tabela 01: Os 10 tRFs mais expressos em plântulas e seu padrão de expressão em flores, rosetas, silíquas. Na primeira coluna, é reside identidade do tRF, mostrando o número que seu tRNA precurssor representa no banco de dados de tRNAs genômico, o cromossomo que o gene codificador do tRNA se encontra, qual aminoácido este codifica e qual seu anti-códon. Na tabela está indicado também em qual extremidade do tRNA o tRF é mapeado (Ext.) e o seu tamanho (Nts.) Identidade Plântulas Rosetas Flores Síliquas Sequência Ext. Nt. chr1.trna11 AlaAGC 1042,58179 48,154351 350,111112 349,94309 GGGGATGTAGCTCAGATGGT 5' 20 chr1.trna164 AlaCGC 629,78291 48,154351 199,368828 91,573894 GGGGGTGTAGCTCATATGGT 5' 20 chr4.trna74 LeuTAG 582,15227 10,700967 87,5277779 62,139428 GCCGCTATGGTGAAATTGG 5' 19 chr1.trna169 IleAAT 502,767869 37,453384 116,703704 94,84439 GGCCTATTAGCTCAGTTGGT 5' 20 chr1.trna14 GlyTCC 481,598696 230,07079 102,115741 143,90183 GCGTCTGTAGTCCAACGGT 5' 19 chr1.trna207 AlaTGC 481,598696 10,700967 97,2530866 81,762405 GGGGATGTAGCTCAAATGGT 5' 20 chr1.trna161 GlyGCC 381,045122 32,102901 252,858025 52,327939 GCACCAGTGGTCTAGTGGTA 5' 20 chr2.trna23 ProCGG 201,107148 0 116,703704 26,16397 GGGTGTTTGGTCTAGTGGTA 5' 20 chr2.trna29 ArgTCT 190,522561 240,77175 656,458334 209,31176 GCACCCATGGCCTAATGGA 5' 19 chr1.trna161 GlyGCC 169,353388 16,05145 82,6651236 39,245954 GCACCAGTGGTCTAGTGGT 5' 19 32 Gráfico 01: Os 10 tRFs mais expressos em plântulas e suas respectivas expressçoes em orgãos vegetais. 0 200 400 600 800 1000 1200 Plântulas Rosetas Flores Siliquas 33 5.2: Acúmulo de tRFs em mutantes de enzimas responsáveis pelo processmaento de RNA: Tabela 02: Expressão de tRFs anotados nas bibliotecas de diferentes mutante da via de processamento de RNA. Na primeira coluna, é reside identidade do tRF, mostrando o número que seu tRNA precurssor representa no banco de dados de tRNAs genômico, o cromossomo que o gene codificador do tRNA se encontra, qual aminoácido este codifica e qual seu anti-códon. Na tabela está indicado também em qual extremidade do tRNA o tRF é mapeado (Ext.) e o seu tamanho (Nts). Identidade Controle abh1-1 ein5-6 ein5- 6/abh1-1 Sequência Ext. Nts. chr1.trna74- ArgCCT 51,356816 108,73006 0 14,627257 GCGCCTGTAGCTCAGTGGA 5' 19 chr1.trna167- PheGAA 34,493384 0 10,896467 16,967618 GCGGGGATAGCTCAGTTGG 5' 19 chr1.trna167- PheGAA 37,559463 11,045593 18,476617 28,669423 GCGGGGATAGCTCAGTTGGG 5' 20 chr1.trna14- GlyTCC 1211,101 1038,2858 280,93933 348,12871 GCGTCTGTAGTCCAACGGT 5' 19 chr1.trna14- GlyTCC 233,02197 141,86684 86,697973 86,593359 GCGTCTGTAGTCCAACGGTT 5' 20 chr1.trna207- AlaTGC 51,718079 41,420974 0 32,765055 GGGGATGTAGCTCAAATGGT 5' 20 chr1.trna11- AlaAGC 133,37442 125,29845 96,173161 134,57076 GGGGATGTAGCTCAGATGG 5' 19 chr1.trna11- AlaAGC 745,29446 577,82259 545,77084 597,37716 GGGGATGTAGCTCAGATGGT 5' 20 chr1.trna174- AspGTC 32,193825 33,481954 15,160301 33,350145 GTCGTTGTAGTATAGTGGTA 5' 20 Gráfico 02: Gráfico ilustrando a expressão de tRFs nas bibliotecas de diferentes mutantes da via de provessamento de RNAs. 34 5.3 Acúmulo de tRFs em plantas mutantes deficientes em enzimas envolvidas na via de RNAi: Tabela 03: Expressão de tRFs anotados em bibliotecas de diferentes mutantes da via de RNAi. Na primeira coluna, é reside identidade do tRF, mostrando o número que seu tRNA precurssor representa no banco de dados de tRNAs genômico, o cromossomo que o gene codificador do tRNA se encontra, qual aminoácido este codifica e qual seu anti-códon. Na tabela está indicado também em qual extremidade do tRNA o tRF é mapeado (Ext.) e o seu tamanho (Nts.). Identidade Controle hyl1-2 hyl1- 2/dcl1-20 hyl1- 2/dcl1-21 Sequência Ext. Nts. chr3.trna24- TyrGTA 178,58833 80,221446 185,52441 102,67566 AAATCCAGCTCGGCCCACCA 3' 20 chr2.trna11- SerGGA 104,4697 48,09031 91,502621 41,073789 GAATCCCTCTCTTTCCCCCA 3' 20 chr4.trna74- LeuTAG 60,225114 33,4788 19,015642 59,786944 GAGTCCGAGTAGCGGCACCA 3' 20 chr1.trna9- ThrTGT 15,443866 0 69,805285 14,184642 GCCCGTATAGCTCAGTGGTA 5' 20 chr1.trna182- LysTTT 19,617884 0 110,39637 12,863091 GCCGTCTTAGCTCAGTGGTA 5' 20 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Controle abh1 ein5 ein5/abh1 35 Gráfico 03: Gráfico ilustrando a expressão de tRFs 5’ e 3’ nas bibliotecas de diferentes mutantes da via de provessamento de RNA. 5.4: Acúmulo de tRFs em plantas em diferentes situações de estresse Tabela 04: Expressão de tRFs 5’ em diferentes tipos de estresse. Este resultado mostra todos os tRFs que apresentaram, em qualquer tipo de estresse, um acúmulo 2 vezes maior ou menos em relação ao controle. Na primeira coluna, é reside identidade do tRF, mostrando o número que seu tRNA precurssor representa no banco de dados de tRNAs genômico, o cromossomo que gene codificador do tRNA se encontra, qual aminoácido este codifica e qual seu anti- códon. Na tabela está indicado também em qual extremidade do tRNA o tRF é mapeado (Ext.) e o seu tamanho (Nts.). 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Controle hyl1-2 hyl1-2/dcl1-20 hyl1-2/dcl1-21 36 Identidade Controle Hídrico Frio Salino Sequência Ext Nts chr1.trna14- GlyTCC 134,37327 991,30711 124,0957 247,32499 GCGTCTGTAGTCCAACGGT 5' 19 chr1.trna20- ArgACG 63,247356 418,15487 64,76708 67,321657 GACTTCATGGCCCAATGGA 5' 19 chr2.trna80- ArgACG 50,991813 313,1333 64,76708 51,927986 GACTCCATGGCCCAATGGA 5' 19 chr3.trna79- ArgACG 23,416841 127,23304 27,68669 24,424626 GGTTCCATGGCCCAATGGA 5' 19 chr5.trna61- ArgACG 16,413674 79,91297 16,315371 19,909149 GACTCCGTGGCCCAATGGA 5' 19 chr5.trna12- ArgCCT 11,380147 54,321505 0 17,65141 GCGTCTGTAGCTCAGTGGA 5' 19 chr2.trna28- ArgACG 32,608498 141,71877 37,821997 26,477115 GACTCTGTGGCCCAATGGA 5' 19 chr1.trna74- ArgCCT 108,98679 378,3191 122,11808 161,94143 GCGCCTGTAGCTCAGTGGA 5' 19 chr1.trna188- GlnTTG 54,712245 152,34164 84,048882 76,352611 GGTTCTATGGTGTAGTGGT 5' 19 chr1.trna64- ArgTCT 10,504751 28,971469 0 12,314937 GCGCCCGTGGCCTAATGGA 5' 19 chr1.trna167- PheGAA 79,661029 204,24886 132,25339 183,08207 GCGGGGATAGCTCAGTTGGG 5' 20 chr1.trna11- AlaAGC 254,30252 580,15367 376,24235 503,68093 GGGGATGTAGCTCAGATGGT 5' 20 chr1.trna186- ArgTCG 915,44529 2069,7701 950,74118 463,86264 GACCGCATAGCGCAGTGGA 5' 19 chr2.trna56- ArgTCT 17,945616 36,938623 0 15,80417 GCACCCGTGGCCTAATGGA 5' 19 chr4.trna74- LeuTAG 28,888066 58,184368 79,846438 45,15477 GCCGCTATGGTGAAATTGG 5' 19 chr4.trna74- LeuTAG 13,787486 27,281467 57,103799 29,145352 GCCGCTATGGTGAAATTGGA 5' 20 chr2.trna94- AspGTC 10,285902 13,037161 41,777238 18,472406 GGGATTGTAGTTCAATTGGA 5' 20 chr1.trna161- GlyGCC 34,35929 33,800048 32,877945 14,367427 GCACCAGTGGTCTAGTGGT 5' 19 37 Gráfico 04: Gráfico ilustrando a expressão de tRFs 5’ em diferentes tipos de estresse. 0 500 1000 1500 2000 2500 ch r1 .t rn a1 4 -G ly TC C ch r1 .t rn a2 0 -A rg A C G ch r2 .t rn a8 0 -A rg A C G ch r3 .t rn a7 9 -A rg A C G ch r5 .t rn a6 1 -A rg A C G ch r5 .t rn a1 2 -A rg C C T ch r2 .t rn a2 8 -A rg A C G ch r1 .t rn a7 4 -A rg C C T ch r1 .t rn a1 8 8 -G ln TT G ch r1 .t rn a6 4 -A rg TC T ch r1 .t rn a1 6 7 -P h eG A A ch r1 .t rn a1 1 -A la A G C ch r1 .t rn a1 8 6 -A rg TC G ch r2 .t rn a5 6 -A rg TC T ch r4 .t rn a7 4 -L eu TA G ch r4 .t rn a7 4 -L eu TA G ch r2 .t rn a9 4 -A sp G TC ch r1 .t rn a1 6 -P ro A G G ch r1 .t rn a1 6 1 -G ly G C C Controle Hídrico Frio Salino 38 6. Discussão Os resultados mostraram um acúmulo predominante de tRFs 5’ em todos os experimentos. Este resultado se mostra diferente do observado em mamíferos,em que ocorre um acúmulo predominante de tRFs 3’ (Li et al., 2012), o que pode implicar em biogêneses diferentes entre os tipos de tRFs e/ ou diferentes funções que os tRFs podem exercer entre os reinos. A análise em bibliotecas de arabidopsis em diferentes situações de estresse mostrou que vários tRFs 5’ apresentam resposta a esse tipo de estímulo em plantas, fato já observado em outros estudos (Hsieh et al,. 2009; Wang et al,. 2011; Hackenberg et al, 2012). Ao contrário de mamíferos, em que tRNA halves são as mais representadas nessas situações, sendo processadas pela Angiogenina e, no caso de leveduras, pela Rny1 (Emara et al,. 2010). Isto aliado aos fatos de que a RNS1 é superexpressa em plantas sob deprivação de fosfato e que tRNA halves foram detectadas nas mesmas condições, confere suporte a hipótese de que a RNS1 seja a responsável por clivar os tRNAs maduros no loop anti-códon. Além disso, o fato de que tRNA halves, presente no conteudo ribonucleotídico da seiva floemática de abóboras, podem estar envolvidas com a inibição da síntese protéica, nos leva acreditar que plantas possam apresentar o mesmo mecanismo de resposta a estresse que mamíferos, sugerindo um mecanismo conservado entre os reinos. Porém, seguindo este modelo a RNS1, não seria a responsável por gerar tRFs de tamanho menor, como os tRFs 5’ amplamente descritos. Entretanto, os resultados obtidos nas bibliotecas de mutantes da via de processamento de RNAs, fornecem possíveis resposta para essa questão. Nossos resultados mostraram que tRFs 5’ apresentaram um acúmulo menor no mutante ein5-6, que é nulo para a exoribonuclease XRN4, homóloga a Xrn1 de leveduras, que por sinal atua na via de degradação de tRNAs, e apresenta ativida 5’-3’ exoribonuclease. Esta enzima também participa da via decaimento de mRNAs e tem maior preferência por RNAs com extremidade 5’ monofosfatadas, as quais são encontradas também em tRNAs (Linda et al,. 2011), sugerindo que tRFs 5’ de 19-20 sejam 39 dependentes dessa enzima, que pode ter como substrato tRNA halves 5’ geradas pela clivagem da RNS1. Além disso, em mamíferos tRNA halves 5’ induzem a formação de grânulos de estresse, os quais são fisicamente ligado aos P-bodies, compartimento celular que abriga várias enzimas de degradação de RNA (Emara et al,. 2010), sugerindo uma co-localização entre as tRNA halves e a XRN4, apoiando a hipótese de que tRFs 5’ sejam dependentes dessa enzima. O mutante abh1-1, nulo para a proteína de ligação de cap (CAP BINDING PROTEIN (CBP80) e estudo mostrou que essa proteína em é um modulador negativo da sinalização de ABA. Nossos resultados mostraram que tRFs 5’ não apresentam um acúmulo diferencial nesse mutante, isso reforça a idéia de que a biogênese de tRFs 5’ dependente da RNS1 e XRN4, seja induzido em situações de estresse, pois a indução da atividade da RNS1 é controlada por ABA, hormônio que produzido pela planta em diferentes tipos de estresse, incluindo estresses hídrico e de frio (Melissa et al,. 2008). Dentre os tRFs 5’ identificados nas bibliotecas de sRNAs de plântulas (Tabela 01; Gráfico 01), o mais expresso é o tRF 5’ Ala-AGC, o qual também foi idêntificado em outros trabalhos realizados plantas sendo também o tRF 5’ mais expresso (Chen et al,. 2011). Entretanto, uma característica extremamente conservada e restrita dos tRNAs Ala de vários organismo, é apresentar um motivo de oligoguanina terminal (TOG), que consiste em quatro ou cinco resíduos de guanina em suas extremidades 5’. Estudos em mamíferos, mostraram que esse motivo é necessário para a inibição da síntese protéica e formação de SGs, pela tRNA halve 5’ derivada do tRNA Ala [Emara et al,. 2010; Ivanov et al,. 2011), mostrando o forte envolvimento desta tRNA halve na resposta a estresse, sugerindo também que o tRF 5’ Ala-AGC de plantas também possua papel de regulação importante. Porém, em nossas análises sobre o acúmulo de tRFs em diferentes situações de estresse (Tabela 04), o tRF 5’ Ala-AGC não apresenta variações drásticas de expressão se comparado a outros tRFs nas mesmas bibliotecas (exemplo: tRFs 5’ Gly-TTC e Arg-CCT). Caso a via de produção de tRNA halves em resposta a estresse seja conservada em plantas, os fatos acima sugerem que, em plantas, a resposta a estresse é mediada predominantemente por tRFs 5’, gerados a partir de tRNA halves 5’, e que diferentes tRNAs geram preferencialmente tRFs 5’ ou 40 tRNA halves 5’. Esta hipótese é sustentada pelo fato de que, em plantas, ainda não foram realizados estudos com o intuito de identificar de maneira ampla, através de sequenciamente em larga escala de sRNAs na faixa de 30-50 nt por exemplo, tRNA halves em situações de estresse. Fato que se aplica também, no caso dos tRFs 5’de humanos, sendo estes apenas descritos em células de carcinoma. Em humanos, estudos indicam que tRFs 5’ e 3’ são dependentes da enzima dicer, o que indica que os mesmos possam ter biogênese parecida a de miRNAs e siRNAs. Até o momento não foi realizado nenhum trabalho avaliando a possibilidade desses dois tipos de tRFs serem dependentes de DCLs em plantas e o fato de que a maioria de tRFs 5’ apresentam o mesmo tamanho dos descritos em humanos, sugere que estes também estejam envolvidos nessa via de biogênese em plantas. Em prol disso analisamos o acúmulo de tRFs no mutante simples hyl1-2 e nos mutantes duplos hyl1- 2/dcl1-20 e hyl1-2/dcl1-21. A DCL1 é a principal enzima na produção de miRNAs e as mutações nos alelos 20 e 21 geram a perda dos domínios helicase de RNA e RNase IIIa, respectivamente, que provoca uma diminuição na atividade catalítica da enzima DCL1 (Chenggang et al,. 2012). Nossas analises identificaram tRFs 3’ e 5’ nessas bibliotecas (Tabela03; gráfico 03), sendo que a maioria dos tRFs 3’ mostraram ligeira diminuição de expressão em um dos mutantes duplos, o que sugere que este tipo de tRF possa ser dependente de DCL1. No entanto, tRFs 5’ apresentaram maior acúmulo no mutante hyl1-2/dcl1-20, isto poderia indicar uma correlação com a biogênese de tRNA halves 5’ e tRFs 5’, em que um mesmo tRNA poderia ser capaz de gerar tRNA halves 5’, tRFs 5’ e/ou tRFs 3’. Esta hipótese é sustentada pelo fato de nossos resultados identificarem em bibliotecas de mutantes da via de RNAi e em bibliotecas de diferentes situações de estresse os tRFs 3’ e 5’ derivados do mesmo tRNA Leu-TAG, respectivamente, o que sugere um direcionamento da molécula de tRNA para uma das vias de biogênese, em resposta a diferentes estímulos. Entretanto, nossos experimentos detectaram tRFs 3’ com a presença da trinca de nucleotídeos CCA em suas extremidades 3’, significando que o tRF 3’ é derivado de um tRNA maduro, ao contrário de células tronco embrinárias de camundongo em que tRF 3’, dependente de dicer, é derivado do transcrito primário do 41 tRNA Ile , com capacidade de formar uma estrutura secundária de hairpin, gerando a dúvida se moléculas de tRNAs maduros tem capacidade de formarem estruturas secundárias de hairpin (Babiarz et al,. 2008). Entretanto, dentre os tRFs 3’ identificados em nossas análises, esta presente o tRF 3’ derivado do tRNA Tyr-GTA, o qual apresenta introns em seu lócus, o que adicionado ao fato de que durante a biogênese de tRNAs, a adição da trinca CCA ocorre anteriormente ao processo de spling, indicando que o tRF 3’ Tyr-GTA detectado em nossas análises pode ser derivado de um pre-tRNA parcialmente processado e que pode possuir maior capacidade a formar a estrutura de hairpin, o que é correlacionado ao mostrado em camundongos em que o lócus do tRNA Ile também apresenta um intron (Babiarz et al,. 2008). Interessantemente, o tRF 3’ Tyr- GTA é o mais expresso na biblioteca da amostra controle e apresenta um acúmulo relativamente menor no mutante hyl1-2/dcl1-20, o que pode ser uma consequencia do mesmo possuir introns. Porém o tRNA Leu-TAG não apresenta introns em seu precurssor, sugerindo que a enzima DCL possa ter mais de um tipo de substrato nesse via. 7. Conclusão As análises realizadas nesse trabalho em bibliotecas de sRNAs de diferentes mutantes, situações de estresse e diferentes tipos de tecido fornecem uma visão ampla sobre a o acúmulo de tRFs, que aliadas aos estudos realizados em outros organismos, geram hipóteses a respeito da biogênese e função biológica de tRFs em plantas, o que contribui para a eficácia de estudos em laboratório. Nossas análises estão baseadas em bibliotecas de sRNAs confeccionadas para outros fins o que pode dificultar a identificação de tRFs. Infelizmente foi mostrado que tRFs tem apresentado mudanças de expressão entre diferentes métodos de sequenciamento e montagem de bibliotecas (Chen et al., 2011). O que torna necessário 42 a revisão e elaboração de métodos para a detecção desta nova classe de sRNAs, para o obtenção de maior quantidade de informações a seu respeito. Este trabalho indica a atuação das enzimas RNS1 e XRN4 na via de produção de tRNA halves e tRFs 5’, sugerindo que ambas as vias estejam interligadas. No entanto, outras análises e experimentos ainda são necessários para o completo entendimento desta via. Além disso, fornece evidências para o processamento de tRNAs pela enzima dicer, evidenciando a necessidade de análise da estrutura de seus transcritos primários. Neste trabalho foram identificados tRFs com alta variação de expressão em situações de estresse, alguns já haviam sido identificados em outros trabalhos, o que indica que os mesmos tenham papel importante durante tais situações. Isto também mostra que nossos métodos de análise e identificação de tRFs estão sendo realizados da maneira correta.Por fim, muitos dos tRFs identificados necessitam ser validados em laboratório, bem como experimentos com mutantes das para as enzimas RNS1 e XRN4. 8. Referências bibliográficas  Reinhart, B.J. et al. 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