UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP - CAUNESP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA ΒETA-GLUCANO E MANANOLIGOSSACARÍDEO NA ALIMENTAÇÃO DE TILÁPIAS-DO-NILO (Oreochromis niloticus) SOBRE AS RESPOSTAS HEMATOLÓGICA, IMUNOLÓGICA E DESEMPENHO PRODUTIVO NYCOLAS LEVY PEREIRA ZOOTECNISTA JABOTICABAL - SÃO PAULO 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP - CAUNESP PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA ΒETA-GLUCANO E MANANOLIGOSSACARÍDEO NA ALIMENTAÇÃO DE TILÁPIAS-DO-NILO (Oreochromis niloticus) SOBRE AS RESPOSTAS HEMATOLÓGICA, IMUNOLÓGICA E DESEMPENHO PRODUTIVO NYCOLAS LEVY PEREIRA Orientadora: Dra Fabiana Pilarski Co-orientador: Prof. Dr. Felix G. R. Reyes Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em aquicultura como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Aquicultura. JABOTICABAL - SÃO PAULO 2013 Pereira, Nycolas Levy P436b βeta-glucano e mananoligossacarídeo na alimentação de tilápias- do-nilo (Oreochromis niloticus) sobre as respostas hematológica, imunológica e desempenho produtivo/ Nycolas Levy Pereira. – – Jaboticabal, 2013 x, 99 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Centro de Aquicultura da UNESP, 2013 Orientadora: Drª Fabiana Pilarski Co-orientador: Prof. Dr. Felix Guilhermo Reyes Reyes Banca examinadora: Prof. Dr Luiz Roberto Furlan, Marco Antônio Andrade Belo Bibliografia 1. Imunoestimulante. 2. Piscicultura. 3. Sanidade. 4. S. agalactiae I. Título. II. Jaboticabal-Centro de Aquicultura da UNESP. CDU 639.3.05 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. e-mail: nycolas.pereira@zootecnista.com.br AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família por tudo que tenho e que sou. Agradeço à professora Fabiana Pilarski pelo caminho trilhado ao meu lado até agora. Agradeço especialmente à Karina, minha namorada, por ser meu porto seguro. Dedico meu trabalho a todos os meus professores. “Ter apenas esperteza e talento é a forma mais baixa de ser útil” -Yamamoto Tsunemoto - Hagakure ÍNDICE GERAL Resumo.............................................................................................................................1 Abstract............................................................................................................................2 1. INTRODUÇÃO GERAL............................................................................................3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................6 a. Peixes e Ambiente de Criação.....................................................................................6 b. Oxitetraciclina...........................................................................................................11 c. β-Glucanos..................................................................................................................16 d. Mananoligossacarídeo...............................................................................................24 e. Referências.................................................................................................................30 3. Experimento I: β-GLUCANO E OXITETRACICLINA NA ALIMENTAÇÃO DE TILÁPIAS DO NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE SOBRE AS RESPOSTAS HEMATOLÓGICAS, IMUNOLÓGICAS E DESEMPENHO ZOOTÉCNICO................................................................................46 Resumo...........................................................................................................................47 Abstract..........................................................................................................................48 a. Introdução..................................................................................................................49 b. Material e Métodos....................................................................................................50 c. Resultados...................................................................................................................56 d. Discussão....................................................................................................................62 e. Conclusões..................................................................................................................68 f. Referências..................................................................................................................68 g.Agradecimentos..........................................................................................................68 4. Experimento II: COMPARAÇÃO DA INCLUSÃO DE Β-GLUCANO E MANANOLIGOSSACARÍDEO NA ALIMENTAÇÃO DE TILÁPIAS DO NILO COM A UTILIZAÇÃO DE OXITETRACICLINA...................................................74 Resumo...........................................................................................................................75 Abstract..........................................................................................................................76 a. Introdução..................................................................................................................77 b. Material e Métodos....................................................................................................68 c. Resultados...................................................................................................................82 d. Discussão....................................................................................................................86 e. Conclusões..................................................................................................................90 f. Referências..................................................................................................................90 g. Agradecimentos.........................................................................................................90 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Relação entre métodos e concentração de aplicação de β-glucano com diferentes patógenos em infecção natural ou experimental. I.C.: intra-celomática. N.s.: tratamento não significativo. *Peixes imunossuprimidos com Aflatoxina B1.....................................................................................................................................23 Tabela 2: Relação entre a concentração de mananoligossacarídeo na dieta e seus efeitos sobre, principalmente, o sistema imune dos peixes........................................29 Tabela 3: Níveis de garantia da formulação comercial utilizada no experimento...45 Tabela 4. Composição química do MacroGard® segundo o fabricante...................52 Tabela 5: Variáveis hematológicas de série vermelha. Ht: hematócrito; Hb: hemoglobina; RBC: contagem de células vermelhas; VCM: volume corpuscular médio; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média. Não houve diferença em relação aos tratamentos. Letras diferentes nas linhas significam diferença estatística entre os dias de coleta (Tukey)..................................................61 Tabela 6: Bioquímica sanguínea e cortisol sérico. PPT: proteína total plasmática. Letras diferentes na mesma linha significam diferenças significativas (Tukey). *Valores não obtidos.....................................................................................................61 Tabela 7: Burst: atividade respiratória de leucócitos. D.O.: Densidade óptica a 540nm. Letras diferentes na mesma linha significam diferenças significativas (Tukey)............................................................................................................................62 Tabela 8: Níveis de Garantia (quantidade por kg de ração).....................................78 Tabela 9: Composição química do MacroGard® segundo o fabricante..................78 Tabela 10: Composição química do ActiveMos® segundo o fabricante..................79 Tabela 11: Variáveis de imunidade inata. Burst: "Burst" respiratório de leucócitos.........................................................................................................................82 Tabela 12: Variáveis hematológicas de série vermelha. HB: Hemoglobina; Ht: Hematócrito; RBC: Quantidade de células vermelhas; VCM: Volume corpuscular médio; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média...............................................................................................................................83 Tabela 13 Parâmetros hematológicos de série branca. Tromb: Trombócitos; Leuc: Leucócitos; Mon: Monócitos; Linf: Linfócitos; Neut: Neutrófilos, Baso: Basófilos; Eos: Eosinófilos; L.I.:Linfócitos Imaturos..................................................................84 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Eixo Hipotálamo – Hipófise – Interrenal em peixes, adaptado de Mazeaud et al. (1977).......................................................................................................9 Figura 2: Estrutura molecular da oxitetraciclina (à esquerda) (Coyne et al., 2004). À direita, sítio de ligação das tetraciclinas e do rRNA (Pioletti et al, 2001). Tet 1: tetraciclina; H34: sítio de ligação das tetraciclinas no DNA bacteriano; A-tRNA: tRNA promotor do complexo de iniciação de transcrição (Pioletti, 2001)...............11 Figura 3: Estrutura esquemática de um polímero de β-glucano (Tsoni & Brown, 2008)................................................................................................................................16 Figura 4: As células que expressam Dectina-1 (em camundongos) estão posicionadas nas portas de entradas de patógenos e locais de desenvolvimento de linfócitos T. A dectina -1 é expressa nas camadas dermais da pele e do palato (pontas de flechas) mas não nas células de Langherhans.A Dectin-1 também é expressa nas células apresentadoras de antígenos dos pulmões e do intestino (vilos e placas de Peyer), e células Dectina-1+ são encontradas em todas as áreas da poupa branca esplênica, incluindo centros germinativos (pequena ponta de flecha no linfonodo) e regiões de células T em volta da arteríola central (pequena ponta de flecha). O tecido linfóide organisado nasal (O-NALT) demonstra similaridades regionais aos dos linfonodos. No timo, células Dectina-1+ parecem se concentrar nas regiões de junção corticomedulares. E: epiderme; D: derme; PP: placa de Peyer; B: área de células B; T: área de células T; GC: centro germinativo; C: Cortex; M: medula (Reid et al., 2009).........................................................................17 Figura 5: Molécula de α-manose..................................................................................24 Figura 6: Ganho de peso médio (GPM). P = 0,0207...................................................57 Figura 7: Taxa de Crescimento específico (TCE). P = 0,0207...................................57 Figura 8: Consumo total de alimento (Cons.). P = 0,0361.........................................58 Figura 9: Conversão alimentar (CA). P = 0,0004.......................................................59 Figura 10: Mortalidade relativa aparente. P = 0,0045...............................................59 Figura 11: Mortalidade dos peixes inoculados com 0,5mL de Solução contendo Streptoccocus agalactiae a 106 UFC . mL-1...................................................................85 Figura 12: Mortalidade dos peixes inoculados com solução de PBS........................86 1 Resumo O estresse ainda é um desafio na aquicultura mundial, não apenas pela diminuição da produtividade, mas, principalmente, por possibilitar o aparecimento de enfermidades devido a seus efeitos nocivos sobre o sistema imune, tanto inato quanto adaptativo. Na tentativa de evitar este problema, os aquicultores lançam mão de massivas quantidades de antimicrobianos, como medida terapêutica ou em doses diferentes das recomendadas, intentando a profilaxia de bacterioses oportunistas. O aparecimento de cepas bacterianas resistentes a uma ou mais drogas, incluindo à oxitetraciclina, já se tornou a maior ameaça à saúde pública da atualidade, e a Organização Mundial de Saúde, já a algum tempo, tenta regulamentar o uso não terapêutico destas substâncias. Tentando avaliar a possibilidade de substituição de agentes antimicrobianos na alimentação de peixes por substâncias mais seguras, os presentes experimentos tiveram como objetivo comparar os efeitos da inclusão de β-glucano e mananoligossacarídeo (MOS) com a inclusão de oxitetraciclina (Oxi) na alimentação de juvenis de tilápias do Nilo. No primeiro experimento, comparando a inclusão de Oxi com a de β-glucano para tilápias em tanques rede, o último mostrou resultados de sobrevivência iguais ao do antimicrobiano, além de melhor ganho de peso. Já no segundo experimento, comparando a inclusão de β-glucano, MOS e Oxi, os derivados de levedura não se mostraram diferentes do grupo controle, nem em relação às análises imunológicas, nem em relação às taxas de sobrevivência. 2 Abstract The stress is a challenge in the world aquaculture, not only by the productivity decrease, but, mainly, by promoting the diseases outbreaks, due to its bad effects on the immune system, either innate or adaptative. Attempting to avoid these problems, the farmers use massive antibiotic quantities, as treatment or in different levels, aiming the prophylaxis to opportunists diseases. The emergence of bacterial strains resistant to drugs, including to oxytetracycline, had become the greatest menace to public health, and the World Health Organization, at already sometime, tries to regulate the non-therapeutic uses of these substances. Attempting to evaluate the possibility of the antibiotic substitution by safer substances, the present assays compared the effects of β-glucan and mannan oligosaccharide inclusion (MOS) with the oxytetracycline (Oxi) inclusion in juvenile Nile tilapia diets. In the first assay, comparing the inclusion of Oxi with the β-glucan in the diets of Nile tilapia reared in net cages, the immunestimulant showed survival results similar with the antibiotic, moreover better weight gain. In the second assay, comparing the inclusion of Oxi, β-glucan and MOS, the yeast derived showed no differences from the control group in relation with the immune analysis and survival rates. 3 1. INTRODUÇÃO GERAL O estresse ainda é um desafio na aquicultura mundial, principalmente pela diminuição da produtividade causada, entre outros fatores, pelo aparecimento de enfermidades e seus efeitos nocivos sobre o sistema imune, tanto inato quanto adaptativo (Wendelaar Bonga, 1997). Na tentativa de evitar este problema, os aquicultores lançam mão de massivas quantidades de antimicrobianos, como medida terapêutica, ou em doses diferentes das recomendadas, buscando a profilaxia de bacterioses oportunistas. Porém, os resultados não são promissores, pois peixes com o sistema imune suprimido e/ou estressados comem quantidades de alimento bem menores que a recomendável, diminuindo a eficiência de tais drogas e aumentando demasiadamente os custos de produção. Tão ruim quanto a queda na lucratividade é o fluxo de antimicrobianos e seus metabólitos no ambiente, seja via excreção ou por contato direto com o alimento e com a água. O aparecimento de cepas bacterianas resistentes a uma ou mais drogas, incluindo à oxitetraciclina já se tornou uma grave ameaça à saúde pública (Levy & Marshal, 2004), e a Organização Mundial de Saúde, já há algum tempo, tenta extinguir o uso não terapêutico destas substâncias (WHO, 2001). A oxitetraciclina, pertencente ao grupo das tetraciclinas, é um agente antimicrobiano de terceira geração (amplo espectro de ação), amplamente utilizado em diversas criações animais, inclusive na piscicultura, para o tratamento de enfermidades causadas por bactérias gram positivas, gram negativas e outros microrganismos como Mycoplasma, Chlamydia e Rickettsia. São antibióticos bacteriostáticos cujo mecanismo de ação consiste na inibição da síntese das proteínas bacterianas por fixar-se na subunidade ribossômica 30 S (Mediavilla et al., 2008). 4 Não existem dados publicados sobre as dosagens empregadas na inclusão dietária desta droga na aquicultura brasileira ou em outros países em desenvolvimento, porém sabemos que a utilização do antimicrobiano ocorre de forma indiscriminada e é amplamente utilizada na piscicultura brasileira, mesmo em espécies não recomendadas pelos fabricantes (vide bula de Tm700®, Phibro). Mesmo não havendo dados publicados, sabemos que a dosagem em que este medicamento é introduzido nas dietas comerciais são bem maiores que as recomendadas por Noga (2010), de 55 a 100 mg.kg-1 de peso vivo e pelo Comitê Veterinário Europeu para Produtos Medicinais (CVMP), que é de 10 em 0,003 mg.kg-1 (EMEA, 1995). A alimentação de peixes com rações acrescidas de β-glucano ou mananoligossacarídeo, substâncias capazes de aumentar a resistência frente à patógenos e a situações estressantes, vem se tornando uma alternativa promissora frente ao uso de agentes antimicrobianos. O β-glucano, de modo geral, tem como via de ação a modulação da resposta imune inata (Sahoo e Mukherjee, 2001; Couso et al., 2003; Whittington et al., 2005; Misra et al., 2006a; Gopalakanan e Arul, 2009; Ai et al. 2007; Khuntu et al, 2009; Li et al., 2009). Já o MOS, além de ser capaz de influenciar este tipo de resposta imune (He et al., 2003; Staykov, 2007; Torrecillas et al., 2007; Rodriguez- Estrada et al., 2008; Samrongpan et al., 2008; Andrews et al., 2009), tem a capacidade de modular a microbiota intestinal, com o favorecimento de bactérias benéficas, como o Lactobacillus e o Bifidubacterium (Dimitroglou et al., 2009; Torrecillas et al., 2011). Vários estudos vêm demostrando a eficiência deste tipo de aditivo alimentar, porém, os resultados variam muito de acordo com a espécie, clima e ambiente de criação. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo comparar a inclusão dietética do β-glucano e do mananoligossacarídeo (MOS) com uma ração medicada (oxitetraciclina) sobre as respostas hematológica e imunológica, bem como sobre o 5 desempenho produtivo de tilápia-do-nilo criada em tanque-rede e em condições de laboratório. 6 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA a. Peixes e o ambiente de criação Talvez um dos maiores passos dados pela humanidade ocorreu a cerca de dez mil anos atrás, com o desenvolvimento da agricultura. Ainda que mais recente, a piscicultura, provavelmente, surgiu com o seguimento da mesma ideia: driblar a necessidade de deslocar-se por grandes distâncias e as dificuldades (competição intra e interespecífica, etc.) para conseguir alimento. Apesar de desnecessário falar sobre os avanços que remontam a atividade de criar peixes desde seu início, à quase tanto tempo quanto a agricultura, pode-se, porém, observar que as dificuldades foram e continuam sendo as mesmas: aumentar a produção e a produtividade sem aumentar muito o esforço empregado na criação (nos dias atuais pode-se entender esforço como investimentos, infraestrutura ou insumos). Alguns peixes de águas continentais ocupam lugar de destaque na piscicultura mundial, como a carpa, o bagre do canal e a tilápias-do-nilo. Esta última, foco do presente trabalho, foi trazida ao Brasil na década de 70 pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DENOCS), e hoje é a espécie que apresenta a maior parcela nos índices de peixes produzidos em território nacional. Pertencente à família Cichlidae, o grupo das tilápias compreende diversas espécies, todas de origem africana. Segundo Popma & Lovshin (1995), as tilápias de importância comercial são divididas em três grupos, de acordo, basicamente, com seu comportamento reprodutivo: Tilápia spp., que incubam seus ovos em substratos; Oreochromis spp., as quais incubam os ovos na boca da fêmea; e Sarotherodon spp., que o fazem na boca dos machos ou de ambos. 7 A tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) se destaca por características zootécnicas interessantes, como crescimento rápido e fácil adaptação ao ambiente de criação (Galli & Torloni, 1986). Dentro de seu limite de resistência, suportam bem condições de baixa qualidade de água, baixas concentrações de oxigênio, grandes variações de pH, altos valores de salinidade e apresentam uma certa resistência a diversas enfermidades (Zaniboni Filho, 2004), o que a torna uma das espécies mais indicadas para a criação intensiva. Ainda, a espécie apresenta requisitos típicos preferidos pelo mercado consumidor, como carne branca de textura firme, sabor delicado, de fácil filetagem, ausência de espinhas em Y (Jory et al., 2000). As tilápias possuem uma hierarquia baseada em confrontos entre os indivíduos, onde os maiores dominam os menores. O estresse social e físico do estabelecimento e manutenção desta hierarquia causa dano tanto ao dominante quanto ao submisso, sendo maior neste (FERNANDES, 1997), diminuindo a capacidade de adaptação, levando a uma imunossupressão e até mesmo a morte (BARTON & IWAMA, 1991). Portanto, uma característica na criação da tilápia-do-nilo no Brasil, que não pode ser deixada de lado, é o fato desta ser realizada com exclusiva utilização de animais machos (geralmente revertidos pelo processo de alimentação das larvas com dieta contendo 17 α-metil-testosterona). Binuramesh et al. (2006), trabalhando com Oreochromis mossambicus (Peters), compararam a secreção de cortisol e características imunológicas (inatas e adaptativas) em três grupos de peixes, um contendo apenas machos, um apenas fêmeas e o último contendo um número igual de machos e fêmeas. Os resultados encontrados foram valores mais altos de cortisol e prejuízos na defesa imunológica nos grupos monossexo em comparação ao terceiro grupo. Considerando o aumento de indivíduos por metro cúbico de água de criação, inerente à maioria dos processos que visam maior 8 produtividade (com isso maior disputa por comida e maior quantidade de excretas e matéria orgânica), somado aos manejos convencionais de uma piscicultura (transporte, biometria, formação de novos grupos de acordo com o peso, etc.), pode-se considerar a criação da tilápia monossexo em tanques-rede como potencialmente estressante. Segundo Barton (1997), “estresse é a resposta celular ou orgânica para qualquer demanda imposta sobre um ser vivo, causando uma extensão de seu estado fisiológico para além do estado normal de repouso”. Vários pesquisadores propuseram outras definições para o termo, porém todas se referem à ideia de desconforto, dificuldade ou distúrbio. O sistema nervoso central, ao detectar um agente estressante, aciona, como forma de alarme, neurônios que estimulam as células cromafins, presentes no rim cefálico, a produzir os hormônios catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). Seguindo a ativação deste eixo, o eixo hipotálamo-hipófise-interrenal é ativado, resultando na produção do hormônio liberador de corticotropina (CRH) pela hipófise e de corticosteróides pelas células do tecido interrenal, numa cascata de estímulos. A secreção destes dois grupos de hormônios leva a alterações secundárias de ordem metabólica, iônica, hematológica e imunológica. A manutenção da exposição dos peixes a agentes estressores por tempo longo (exposição crônica) leva o organismo a uma fase de Figura 1: Eixo Hipotálamo – Hipófise – Interrenal em peixes, adaptado de Mazeaud et al. (1977). 9 exaustão e incapacidade adaptativa, com prejuízos no crescimento, reprodução e maior susceptibilidade a doenças (Figura 1) (Bonga, 1997). O cortisol, por meio da circulação sanguínea, atinge importantes órgãos do sistema de defesa, como o fígado, baço e o rim, diminuindo a linfopoiese (Ellis, 1981). Agindo diretamente nos linfócitos, este hormônio alterou o número e a afinidade dos receptores específicos na membrana citoplasmática em Cyprinus carpio (Weyts et al., 1998), além de inibir a produção de interleucinas, substâncias que estimulam a proliferação de subpopulações de linfócitos T e recrutamento de linfócitos B, sendo estes últimos responsáveis pela produção de anticorpos, e pela possibilidade de se tornarem células de memória contra possíveis infecções futuras (Wedemeyer, 1996). Além disso, já foram encontrados valores de atividade de lisozima e produção de espécies reativas de nitrogênio inversamente proporcionais aos níveis de cortisol, assim como aumento da taxa de mortalidade após um desafio bacteriano (Binuramesh et al., 2006). Por que é tão importante conhecer a ação do estresse em peixes? Sob o ponto de vista evolutivo, tanto os patógenos quanto seus respectivos hospedeiros evoluíram juntos durante centenas de milhões de anos (bem mais tempo no caso de certas espécies de peixes), surgindo assim um “equilíbrio” entre eles. A esta corrida evolutiva em que tanto parasito quanto hospedeiro evoluem apenas para manter o status de homeostase é dado o nome de "Hipótese da Rainha Vermelha" (Van Valen, 1973)*. Quando entra em situação de estresse, como já dito previamente, o equilíbrio então é quebrado, e os organismos que viviam, de certo modo, sem promoverem enfermidades em seus hospedeiros agora se deparam com as barreiras imunológicas reduzidas. Assim, surgem as enfermidades oportunistas, causadas por parasitos e bactérias que dizimam lotes de peixes aguda ou prolongadamente estressados, seja por transporte, classificação, 10 mudanças de temperatura e pluviosidade, má qualidade de água, mal estado nutricional dentre outras (Lively et al., 1990). *Nas décadas de 60 e 70, Leigh Van Valen, tentando explicar alguns fenômenos evolutivos, criou o termo "Hipótese da Rainha Vermelha", fazendo alusão ao livro de Lewis Carroll, "Alice no País das Maravilhas". No conto, as personagens Alice e a Rainha Vermelha disputam uma corrida, mas ambas não saem do lugar. Com a mesma idéia, a comunidade científica adotou a hipótese para explicar a teoria da co-evolução de hospedeiros e parasitos, onde, mesmo apresentando diferenças genotípicas entre pais e descendentes, não havia eliminação do organismo competidor. Uma corrida que ambos os competidores não saem do lugar. 11 b. Oxitetraciclina A utilização de antimicrobianos na alimentação animal vem causando grande preocupação nas comunidades internacionais, principalmente no mercado europeu. O aparecimento de cepas bacterianas resistentes a um ou mais princípios ativos são uma ameaça não apenas aos animais de criação, mas também à saúde humana. A oxitetraciclina, antimicrobiano com amplo espectro de ação, é utilizada no tratamento de anthrax, clamídia, cólera, malária, sífilis, tifo, infecções respiratórias e causadas por Streptococcus, entre outros (Dollery, 1999). Assim como outros compostos do grupo das tetraciclinas, ela age inibindo a síntese de proteínas bacterianas interferindo na ligação do tRNA aminoacetilado ao sítio A da subunidade 30S dos ribossomos bacterianos (Figura 2), consequentemente impedindo o aparecimento do complexo de iniciação de tradução (Spahn e Prescott, 1996). Figura 2: Estrutura molecular da oxitetraciclina (à esquerda) (Coyne et al., 2004). À direita, sítio de ligação das tetraciclinas e do rRNA (Pioletti et al, 2001). Tet 1: tetraciclina; H34: sítio de ligação das tetraciclinas no DNA bacteriano; A-tRNA: tRNA promotor do complexo de iniciação de tradução (Pioletti, 2001). Na aquicultura brasileira a oxitetraciclina é amplamente utilizada na criação de várias espécies, muitas sem recomendações dos fabricantes, como ciclídeos e caracídeos, e não apenas no tratamento de enfermidades, mas também no período pré- 12 manejo, visando evitar surtos de enfermidades infecciosas. De acordo com a bula de um dos fornecedores do medicamento no Brasil (Tm700, Phibro), ele é indicado para o tratamento da septicemia hemorrágica (Aeromonas liquefaciens), doenças causadas por Pseudomonas sp., doença ulcerosa (Haemophillus piscium) e furunculose (Aeromonas salmonicida) em bagres e salmonídeos, na concentração de 8,3 g.kg-1 de peso vivo de oxitetraciclina ou 11,85 g.kg-1 de peso vivo por dia do produto comercial, com um período de carência de 21 dias. Contrastando esta informação, Noga (2010) preconiza o uso da oxitetraciclina (produto contendo 20% do princípio ativo) em uma dose mais baixa, variando de 55 a 100 mg.kg-1 de peso vivo (11 a 20 mg.kg-1 de peso vivo), aproximadamente 400 a 700 vezes mais baixa que a indicada na bula do produto citado anteriormente. Como existem poucas informações no Brasil sobre como esses fármacos devem ser utilizados em peixes, qual a concentração e a forma ideal de administração, estas são utilizadas de forma indiscriminada, ocasionando sérios impactos na saúde animal, humana e ambiental. Os medicamentos utilizados em animais destinados ao consumo humano precisam seguir regulamentações, nas quais é determinada a quantidade máxima de resíduos que podem remanescer nos alimentos (LMR) e não induz efeito adverso à saúde humana. Para tanto, deve-se considerar a ingestão diária aceitável (IDA) do composto (quantidade de uma substância que pode ser ingerida diariamente, durante toda a vida, sem que provoque danos à saúde), expressa em mg/kg de massa corpórea e baseia-se em informações toxicológicas disponíveis do composto na época da avaliação (JECFA, 2007). Para que essas quantidades máximas não sejam ultrapassadas, faz-se necessário o cumprimento às boas práticas veterinárias, respeitando o período de carência de cada 13 medicamento, pois estes valores já são determinados com base no tempo de absorção, metabolização e excreção dos fármacos dos tecidos (Castello-Branco, 2012). A Comunidade Europeia, através do Comitê para produtos medicinais de uso veterinário (CVMP), da Agência de Avaliação Medicinal Europeia (EMEA, 2008) estabeleceu o LMR para a oxitetraciclina em pescado de 100 μg/kg. Este valor refere-se à análise em músculo e pele em proporções naturais (soma do medicamento base e seu 4-epímero) (EU no 37/2010). A presença de resíduos de antimicrobianos em alimentos é um tema de elevada importância para a saúde dos consumidores, uma vez que a ingestão de doses diárias destes e sem prévio conhecimento, pode levar a seleção de formas resistentes de bactérias no organismo, bem como problemas alérgicos e efeitos tóxicos (Vásquez et al., 2001). É de conhecimento geral que a inserção de antimicrobianos em subdosagens na dieta de animais de criação, pode apresentar efeitos benéficos nos parâmetros produtivos, inclusive em peixes (Choubert et al., 1991a; Cravedi et al., 1987; Choubert et al., 1991a, b; Viola & Arieli 1987; Zoccarato et al., 1995). Rijkers et al. (1980), em trabalho realizado com carpa comum (Cyprino carpio) alimentadas com uma dieta contendo 2000 ppm de oxitetraciclina, relataram um aumento do ganho de peso destas após um mês de consumo da dieta (o inverso foi registrado nos grupos em que o antimicrobiano foi fornecido por meio de injeção intracelomática). Os efeitos dos antimicrobianos sobre o sistema imune dos peixes parecem depender das características intrínsecas da droga, da quantidade administrada e do animal utilizado como modelo experimental, porém a oxitetraciclina tem se mostrado um possível agente de imunossupressão. Rijkers et al., (1980) encontraram um número reduzido de linfócitos somados a monócitos e de eritrócitos em carpas inoculadas 14 intracelomaticamente com oxitetraciclina quando comparadas com peixes não inoculados (controle). O mesmo efeito não foi observado nos peixes alimentados com o medicamento. Em trabalho semelhante, realizado pelos mesmos pesquisadores (Rikjers et al., 1981), utilizando as mesmas vias de administração do antimicrobiano, observaram uma grande diminuição de imunoglobulinas em carpas alimentadas com a dieta medicada. Ainda, foi observada diminuição na resposta primária anti-RBC no rim e baço de coelho em relação ao grupo controle. Esta inibição na resposta imune inata e adaptativa, segundo os autores, se deve à redução da carga bacteriana e, consequentemente, antigênica presente no organismo dos peixes, levando a uma queda da atividade imunológica. Duas possibilidades citadas pelos autores são a inibição da clivagem das moléculas de C3 em compostos ativos, iniciando via lítica e a fagocitose (Alexander, 1975), e a segunda, a inibição da diferenciação de células T, consequentemente impedindo a diferenciação das células B em plasmócitos, na resposta de antígenos T dependentes (Rickjers et al., 1980). Siwiki et al. (1989), testaram uma injeção contendo oxitetraciclina e antígeno de Yersinia ruckeri em truta arco-íris, Onchorinchus mykiss, e observaram uma redução na quantidade de células produtoras de anticorpos nos peixes inoculados com o antimicrobiano e antígeno em relação aos peixes do grupo controle. Yonar et al. (2011), observaram uma diminuição na quantidade de anticorpos e na atividade respiratória de leucócitos em peixes inoculados com o medicamento. A oxitetraciclina é um forte promotor de degradação lipídica, gerando espécies reativas de oxigênio e hidrogênio, como o peroxinitrito e radicais hidroxila, levando à degradação de membranas celulares e, consequentemente, a efeitos nocivos como degradação muscular e nervosa, deteriorações metabólicas e morte celular (Frankell, 1995; Kelly et al., 1998). Yonar et. al (2011), alimentando trutas arco-íris com uma 15 dieta contendo 100 mg.kg-1 da droga, encontraram níveis reduzidos de algumas enzimas responsáveis pela proteção tecidual contra agentes oxidantes, sugerindo uma exaustão na capacidade antioxidante pelo organismos destes peixes. Toften & Jobling (1997) demonstraram que a oxitetraciclina, assim como outros medicamentos, reduz a palatabilidade do alimento, diminuindo sua ingestão. No mesmo experimento, utilizando a inclusão de 20 mg.Kg-1 do antimicrobiano na dieta, os autores encontraram uma diminuição do coeficiente de digestibilidade de matéria seca e na taxa de crescimento específico em salmão do atlântico, Salmo salar. 16 c. β-Glucanos A classe dos glucanos abrange todos os polímeros de glicose, inclusive a celulose (β- 1,4-glucano), apresentando inúmeras variações entre cada um deles, como tamanho da cadeia principal, peso molecular, presença ou ausência de ramificações, isômeros α ou β, e solúveis ou particulados (Figura 3). De acordo com Goodridge et al. (2009), os estudos sobre os efeitos imunomodulatórios, em sua maioria, dizem respeito ao β- 1,3/1,6-glucano, extraído da parede celular de fungos, como leveduras e cogumelos, e de algumas espécies de bactérias e algas. Figura 3: Estrutura esquemática de um polímero de β-glucano (Tsoni & Brown, 2008). A razão, pela qual o β-glucano consegue desempenhar um efeito imunoestimulatório em peixes ainda não está totalmente elucidada, porém, em estudos realizados com salmão do atlântico, Engstad & Robertsen (1993) observaram que os macrófagos destes peixes possuem receptores específicos para o reconhecimento deste composto. Evolutivamente, os organismos pluricelulares aprenderam a reconhecer certas estruturas conservadas, presentes em organismos possivelmente patogênicos (padrões moleculares associados a patógenos - PAMPs) através de receptores presentes na superfície celular do hospedeiro, os receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) 17 (Medzhitov, 2007), identificados como receptores de lectina tipo C (CLRs), dependentes de cálcio, e os receptores toll-like (TLRs). Dentre os CLRs estão os receptores de dectina-1 (Figura 4), uma proteína transmembrana com uma cauda intracelular contendo um imunoreceptor (imunoreceptor tyrosine-based activation-like motif ou ITAM-like). A expressão deste receptor pode sofrer influência de diversos fatores como a presença de citocinas e componentes microbianos. Altos níveis de expressão da dectina-1 podem ser encontrados em superfícies mucosas, como a do trato intestinal, sujeita a uma enorme gama de microrganismos, sugerindo que há certa preparação destes epitélios contra possíveis ameaças externas, além de macrófagos e neutrófilos (principalmente estas duas células) e outras células do sistema imune (Vautier et al., 2011). Figura 4: As células que expressam Dectina-1 (em camundongos) estão posicionadas nas portas de entradas de patógenos e locais de desenvolvimento de linfócitos T. A dectina -1 é expressa nas camadas dermais da pele e do palato (pontas de flechas) mas não nas células de Langherhans.A Dectin-1 também é expressa nas células apresentadoras de antígenos dos pulmões e do intestino (vilos e placas de Peyer), e células Dectina-1+ são encontradas em todas as áreas da poupa branca esplênica, incluindo centros germinativos (pequena ponta de flecha no linfonodo) e regiões de células T em volta da arteríola central (pequena ponta de flecha). O tecido linfóide organisado nasal (O-NALT) demonstra similaridades regionais aos dos linfonodos. No timo, células Dectina-1+ parecem se concentrar nas regiões de junção corticomedulares. E: epiderme; D: derme; PP: placa de Peyer; B: área de células B; T: área de células T; GC: centro germinativo; C: Cortex; M: medula (Reid et al., 2009). Linfonodo Baço Pele Palato O-NALT Timo Pulmão Intestino 18 Até o momento não foram encontrados estudos relatando a presença e/ou função deste receptor em peixes, porém em mamíferos, a ligação do β-glucano à Dectina-1 pode desencadear uma série de efeitos, como a maturação de células dendríticas, endocitose do ligante, aumento da atividade respiratória de leucócitos, produção de metabólitos do ácido aracdônico e de citocinas e quimiocinas, como TNF (fator de necrose tumoral), CXCL-2 (proteína de macrófagos inflamatória-2-α), IL-23 (Interleucina-23), IL-6 e IL-10 (Brown et al, 2006). Todavia, essas funções podem variar, dependendo da célula em que este receptor é expresso de acordo com a co- estimulação de outros receptores (Reid et al., 2009). Brown et al. (2002), utilizaram uma solução contendo laminarin purificado (β- 1,3-glucano) e observaram que a presença deste polissacarídeo inibiu o reconhecimento de grânulos de zymozan por macrófagos de camundongos, demonstrando a alta dependência dos receptores ligantes ao β-glucano neste processo. Ainda neste trabalho, utilizando anticorpos monoclonais anti-Dectina-1, observaram que a opsonização deste receptor diminuiu o reconhecimento dos grânulos de zymozan quase ao mesmo nível da adição do β-glucano exógeno, concluindo que a Dectina-1 é o receptor mais importante no reconhecimento de grânulos de zymozan por macrófagos. Outros receptores considerados secundários no reconhecimento do β-glucano pelo organismo de mamíferos são a proteína surfactante D (SP-D) e a lactosilceramida. A SP-D é geralmente encontrada nos pulmões destes animais (Holmskov et al., 2003), e sua função está mais relacionada com a aglutinação de microrganismos sem ativação das proteínas do complemento, agindo em um amplo espectro de antígenos fúngicos (Kishore et al., 2006). Além de ativar uma série de mecanismos de imunidade celular de forma ainda não elucidada, como a fagocitose, produção de interleucinas e atividade respiratória de leucócitos (Kishore et al., 2006), a SP-D também inibe a ingestão de 19 Candida e Pneumocystis e promove a captura e eliminação de Aspergillus (Crouch & Wright, 2001). A lactosilceramida, produzida pelo aparato de Golgi, ao interagir com o β-glucano, promove o aumento da atividade respiratória e ativação de neutrófilos por NF- κB (Fator Nuclear κ B) (Wakshull et al., 1999). Apesar da lacuna no conhecimento dos mecanismos de ação do β-glucano sobre o sistema imunológico dos peixes, vários estudos tem demonstrado a eficiência do uso deste polímero de glicose na aquicultura. Com relação ao desempenho produtivo, Ai et al. (2007) observaram aumento na taxa de crescimento específico com a inserção de 0,09% β-glucano na dieta de Pseudosciaena crocea, porém, com o aumento da concentração do produto para 0,18%, esta taxa retornou ao patamar da dieta controle. Cain et al. (2003) observaram em tilápia-do-nilo alimentada com dieta acrescida de β-glucano derivado de bactérias, que após 21 dias de alimentação houve diminuição dos níveis de cortisol sérico e da glicose com valores semelhantes aos do grupo controle. Interessantemente, Cook et al. (2003) verificaram um aumento do peso médio de Pagrus auratus alimentados com dieta contendo 0,1% de β-glucano, com temperatura da água de 12 °C, quando comparado com o grupo controle, porém essa diferença não foi observada quando as mesmas dietas foram fornecidas aos peixes mantidos à temperatura de 24 oC. De acordo com os autores, a temperatura baixa suprime o sistema imune dos peixes, e, neste caso a inclusão de β-glucano na dieta mostrou ser uma boa estratégia durante os períodos mais frios do ano. Em contraste, Whittington et al. (2005) e Li et al. (2009), apesar de observarem melhoras no sistema imunológico de peixes alimentados com rações contendo β-glucano, o mesmo não foi constado para o desempenho produtivo dos animais. 20 Modulações no sistema imune inato também têm sido demonstradas. Ai et al. (2007) observaram um aumento na produção de lisozima sérica conjuntamente ao aumento da quantidade de glucano na dieta, porém o mesmo não ocorreu com a atividade de complemento (via alternativa), onde não foram encontradas diferenças entre os grupos alimentados com dietas contendo glucano e o grupo controle. De modo semelhante, Li et al. (2009) encontraram efeito dose resposta para a atividade respiratória de leucócitos em peixes alimentados com dietas contendo diferentes níveis de β-glucano, onde a maior dose (0.2%) produziu resultados próximos a do grupo alimentado com a dieta controle, diferindo do grupo alimentado com 0,05 e 0,1%, salientando que a ação deste imunoestimulante depende da quantidade de imunoestimulante inserida na dieta, já que o excesso de β-glucano compete pelos ligantes, impedindo que o reconhecimento e a fagocitose dos microrganismos patogênicos sejam realizados (Müller et al., 1996 em Castro et al., 1999). Castro et al. (1999), testaram diferentes tipos de β-glucanos (diferentes marcas) e observaram que, de acordo com a estrutura do polímero, há diferença não apenas no aumento da atividade respiratória de leucócitos, como também na velocidade com que os macrófagos conseguiram responder ao estímulo, onde as estruturas maiores e mais ramificadas tem dificuldade para ativar os macrófagos, pois os receptores não conseguem alcançar os sítios de ligação. Sahoo & Mukherjee (2001), utilizando peixes imunossuprimidos experimentalmente por injeção de Aflatoxina B1, encontraram, nos peixes alimentados com dieta inclusa com glucano, índices fagocíticos duas vezes maiores do que nos peixes do grupo controle (não imunossuprimidos e não alimentados com β-glucano) e taxa fagocítica oito vezes superior. Bagnia et al. (2005) encontraram aumento significativo na atividade da via alternativa do complemento e na quantidade de 21 lisozima sérica em robalo português, Dicentrarchus labrax alimentados com 0,1% de β- glucano, porém, esse aumento não foi observado no mesmo dia da amostragem, sendo o pico da atividade do complemento encontrado após 15 dias de alimentação, e o da quantidade de lisozima, 30 dias após. Ainda neste trabalho, os autores, testando os efeitos da alimentação com este imunoestimulante por períodos longos (ciclos de 15 dias de dieta experimental e 30 de controle), não encontraram diferenças entre a atividade da via alternativa do complemento e da quantidade de lisozima, com o passar do tempo, entre o grupo tratado e controle. Essas diferenças foram observadas após o término do segundo ciclo, mas não ao final do terceiro e quarto ciclo, o que corrobora com o proposto por Castro et al. (1999), onde doses muito elevadas de β-glucano podem exaurir as reservas energéticas dos macrófagos, desencadeando uma exaustão do sistema imunológico. Gopalakannan & Arul (2009), utilizando carpas comum alimentadas com o imunoestimulante, observaram aumento da lisozima 15 dias após a alimentação e o dobro do valor encontrado 30 dias após a alimentação com o imunoestimulante. A atividade respiratória dos leucócitos apresentou o seu maior valor juntamente com os maiores valores da lisozima. Paulsen et al. (2003) demonstraram que a intensidade com que o β-glucano promove a expressão dos genes codificadores da lisozima em diferentes órgãos é diferente, e que a produção desta difere da mesma forma, já que este imunoestimulante parece aumentar a quantidade de lisozima no rim cranial e no intestino, mas não no baço e no fígado. Ainda com relação à lisozima, Bonaldo et al. (2006) não encontraram efeitos da inclusão de β-glucano na dieta de Dicentrarchus labrax, mesmo utilizando doses próximas dos experimentos citados anteriormente. Cook et al. (2001), demonstraram aumento da atividade respiratória dos leucócitos de pink snapper (Pagrus auratus) pelo ensaio de NBT e in vitro a ativação dos macrófagos por meio da 22 incubação destes após o isolamento do rim cefálico em uma solução contendo diferentes doses de β-glucano. Além da estimulação da resposta imune inata, foram observadas melhorias em alguns parâmetros da resposta imune adaptativa. Aakre et al. (1994), utilizando β-glucano como adjuvante na vacinação de salmão do atlântico contra Aeromonas salmonicida, relataram aumento na titulação de anticorpos dos peixes vacinados com o adjuvante quando comparados com peixes vacinados sem o adjuvante. Foram observados muitos trabalhos demonstrando os efeitos benéficos do uso do β-glucano na dieta de peixes desafiados experimentalmente com patógenos (Tabela 1). Porém, foram observados efeitos negativos ou a ausência de efeitos, como relatado Bridle et al. (2005), que não obtiveram maior sobrevivência de salmão do atlântico após os mesmos serem alimentados com três diferentes marcas comerciais de β-glucano após o desafio com (Neoparamoeba spp). 23 P ei xe M ét od o de ad m in is tr aç ão C on ce nt ra çã o P at óg en o E fe it o R ef er ên ci a C ha na s tr ia ta I. P . 10 0μ L ( 10 m g. m L ) A ph an om yc es in va da ns A um en to d a so br ev iv ên ci a M ile s et a l. (2 00 1) C yp ri nu s ca rp io In cl us ão n a di et a 1% A er om on as h yd ro ph ila M ai or s ob re vi vê nc ia q ue a d o gr up o co nt ro le e a d o gr up o al im en ta do c om p ar ed e de le ve du ra . G op al ak an na n & A ru l ( 20 09 ) La be o ro hi ta ( pó s- la rv as ) In cl us ão n a di et a 0, 00 1; 0 ,0 25 e 0 ,0 5% A . h yd ro ph ila e E dw ar ds ie la ta rd a M ai or p or ce nt ag em d e so br ev iv ên ci a em 0 ,0 25 % , se gu id o de 0 ,0 01 e 0 ,0 5% , to do s m ai or es q ue a so br ev iv ên ci a do c on tr ol e M is ra e t a l. (2 00 6a ) La be o ro hi ta ( pó s- la rv as ) I. P . u m a, d ua s e tr ês do se s 0, 2; 0 ,4 e 0 ,6 m g. m L -1 A . h yd ro ph ila e E . t ar da M ai or S ob re vi vê nc ia n o gr up o qu e re ce be u du as d os es M is ra e t a l. (2 00 6b ) La be o ro hi ta * In cl us ão n a di et a 0, 10 % A er om on as h yd ro ph ila A um en to d a so br ev iv ên ci as m es m o co m o s pe ix es im un os su pi m id os Sa ho o & M uk he rje e (2 00 1) M or on e ch ry so ps x M or on e sa xa til is In cl us ão n a di et a 0, 05 ; 0 ,1 e 0 ,2 % St re pt oc oc cu s in ia e R ed uç ão d rá st ic a da m or ta lid ad e em 0 ,1 % d e in cl us ao L i e t a l. (2 00 9) O nc ho ry nc hu s m yk is s I. P . 10 0μ g (e m 1 00 μL ) Lo m a Sa lm on ae D im in ui çã o dr ás tic a do nú m er o de x en om as n as br ân qu ia s G us el le e t a l. (2 00 7) O nc ho ry nc hu s m yk is s In cl us ão n a di et a 0, 2; 0, 6 e 1, 8% Fl av ob ac te riu m c ol um na re A um en to d a so br ev iv ên ci a em 1, 8% K un ttu e t a l. (2 00 9) O re oc hr om is n ilo tic us In cl us ão n a di et a 0, 05 ; 0 ,1 e 0 ,2 % St re pt oc oc cu s in ia e N .s . W hi tti ng to n et a l. (2 00 5) P se ud os ci ae na c ro ce a In cl us ão n a di et a 0, 09 e 0 ,1 8% V ib ri o ha rv ey i A um en to d a pr id uç ão d e lis oz im a, b ur st r es pi ra tó rio e so br ev iv ên ci a em 0 ,0 9% A i e t a l. (2 00 7) Sa lm o sa la r A dj uv an te d e va ci na 5m g . m l-1 A er om on as s al m on ic id a A um en to d a so br ev iv ên ci a na pr im ei ra d os e A ak re e t a l. (1 99 4) Sc op ht ha lm us m ax im us In cl us ão n a di et a 2% V ib ri o an gu ill ar um So br ev iv ên ci a do g ru po tr at ad o nã o di fe re d o co nt ro le B au ln y et a l ( 19 96 ) Sp ar us a ur at us In cl us ão n a di et a 0, 1 e 1% d e tr ês fa br ic an de s di fe re nt es P ho to ba ct er iu m d am se la e D ua s da s m ar ca s di m in ui ra m dr as tic am en te a m or ta lid ad e na s co nc en tr aç õe s de 1 % C ou so e t a l. (2 00 3) T ab el a 1: R el aç ão e nt re m ét od os e c on ce nt ra çã o de a pl ic aç ão d e β- gl uc an o co m d ife re nt es p at óg en os e m in fe cç ão n at ur al o u ex pe rim en ta l. I. C .: in tr a- ce lo m át ic a. N .s .: tr at am en to n ão s ig ni fic at iv o. * P ei xe s im un os su pr im id os c om A fla to xi na B 1. 24 d. Mananoligossacarídeo O mananoligossacarídeo (MOS) é um complexo proteico rico em manose fosforilada, glucose e proteína, e, assim como o β-glucano, é extraído da parede celular de leveduras (Saccharomyces cerevisiae) e frequentemente utilizado como aditivo alimentar para vários grupos de animais. Uma vez dentro do intestino, o MOS pode desempenhar as seguintes funções: modular resposta imunológica, alterar o perfil bacteriano da microbiota intestinal, aumentando o número de lactobacilos fecais (Swanson et al., 2002) e de bifidobactérias (Grieshop et al., 2004) e preservar a integridade da superfície de absorção intestinal, ao bloquear a aderência das bactérias patogênicas às células epiteliais da mucosa do intestino. Estruturalmente, a manose é considerada um PAMP (padrão molecular associado a patógenos), podendo ser reconhecida por receptores específicos chamados PRRs (receptores de reconhecimento de patógenos), expressos em diversas células do sistema imune. Em mamíferos, alguns PRRs capazes de reconhecer a manana já foram descritos, como o Toll-like receptor 4 (TLR-4), colectinas, receptor de manose (MR), Dectina-2 e o ligante- I-CAM-3 não integrina específico de células dendríticas (DC-SIGN) (Willment & Brown, 2007). Figura 5: Estrutura esquemática de uma α-manose. 25 O MR é um receptor transmembrana amplamente expresso em macrófagos teciduais e em células dendríticas, assim como no tecido hepático e no endotélio linfático (McKenzie et al., 2007; Taylor et al., 2005), desempenhando a maior parte de suas atividades intracelularmente. Alguns estudos mostram que o receptor de manose pode induzir a ativação do NF-κB (nuclear factor κB) e a produção de várias citocinas, como IL-12, IL-8, IL-1β, IL-6 e fator de estimulação de colônias de macrófagos- granulócitos (GM-CSF) (Taylor et al., 2005; Zhang et al., 2004; Pietrela et al., 2005). A dectina-2 pode ser encontrada facilmente em macrófagos teciduais, mas também em células de Langerhans e em células dendríticas, e sua expressão sofre um aumento em casos de inflamações, incluindo as induzidas por fungos (Ariizumi et al., 2000; Taylor et al., 2005). Os mecanismos pelos quais a dectina-2 desempenha suas funções de reconhecimento de invasores ainda não estão bem elucidados, porém sabe-se que ela é capaz de aumentar a produção de antagonistas aos receptores de TNF e IL-1 (Sato et al., 2006). O receptor DC-SIGN (CD 209), presente nas células dendríticas, já foi encontrado em linhagens de macrófagos e em endotélios (Koppel et al., 2005; Krutzki et al., 2005; Lai et al., 2006; Tailleux et al., 2005). Capaz de reconhecer estruturas ricas em manose de uma forma cálcio dependente, o DC-SIGN é capaz de promover a endocitose de antígenos, assim como a fagocitose em alguns casos (Cambi et al., 2003; Serrano-Gomes et al., 2004; Koppel et al., 2005). É proposto que, este receptor, através da modulação das respostas mediadas por TLRs, induza níveis elevados de IL-10, uma citocina com atividades imunossupressoras, sendo este fenômeno uma estratégia evolutiva de patógenos para conseguir invadir um organismo hospedeiro (Van Kooyk & Geitjenbeek, 2003). Dentre as colectinas, encontram-se as proteínas surfactantes A e D (SP-S e SP-D) e a lectina ligante à manose (MBL). A MBL é um receptor capaz de 26 ativar as proteínas do complemento, ocasionando a deposição destas (ou opsonização) sobre a superfície do microrganismo, assim como agir como uma opsonina por si própria (Holmskov et al., 2003; Kilpatrick, 2002). Há suspeitas de que a MBL possa modular respostas inflamatórias, porém poucos estudos tem sido realizados e o mecanismo por trás deste fenômeno ainda são desconhecidos (Chaka et al., 1997). As SP-A e D tem um amplo espectro de ligantes, tendo como funções principais a aglutinação de patógenos, assim como a fagocitose, produção de citocinas e aumento da atividade respiratória de leucócitos (Crouch & Wright, 2001). Até o momento, o PRR específico para manose em peixes não foi identificado, e poucos estudos tem sido realizados visando à caracterização destes. Rodríguez et al. (2003), trabalharam com leucócitos isolados de robalo português, pré-incubados com cloroquina, uma substância inibitória de receptores de manose em mamíferos e encontraram índices fagocíticos reduzidos quando os fagócitos foram incubados com Saccharomyces cerevisiae. Alimentando Dicentrarchus labrax com MOS, Torrecillas et al. (2007), observaram uma queda na produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) nos animais que receberam 0,2% do prebiótico e um aumento desta produção no grupo alimentado com 0,4%. Andrews et al. (2009) obtiveram resultados semelhantes com carpa indiana, Labeo rohita alimentada com 1, 2 e 4% de MOS. Staykov et al. (2007), alimentaram trutas arco-íris mantidas em tanques rede com 0,2% de MOS por 60 dias e encontraram aumento nos níveis séricos de lisozima, assim como no título de anticorpos e atividade do complemento. Resultados similares foram encontrados por Zhou & Li (2004) e Staykov et al. (2005). Zhou et al. (2010), observaram maior quantidade de lisozima em Sciaenops ocellatus alimentados com 1% de MOS, mas nenhuma diferença foi observada com relação à atividade respiratória de leucócitos. 27 O efeito prebiótico do mananoligossacarídeo adicionado à dieta de animais de criação, observado por vários pesquisadores pode ocorrer por uma série de fatores intrínsecos à estrutura deste composto. Oyofo et al. (1989a e b) e Spring et al. (2000) mostraram que as partículas de MOS são capazes de adsorver as bactérias gram- negativas com fímbrias tipo 1 em sua superfície, o que não apenas previne a aderência destas bactérias ao epitélio intestinal, mas também as remove (Yang et al., 2009). Zentek et al. (2002) e Vasques et al. (2005), constataram que o MOS, quando adicionado à dieta, pela especificidade de sua fermentação, estimula o crescimento e a estabilidade de populações microbianas produtoras de ácidos orgânicos (ácido lático e acético), os quais reduzem o pH luminal do intestino e, juntamente com enzimas produzidas por esta microbiota, inibem a proliferação de microrganismos patogênicos, como o Vibrio sp. dentre outros. Torrecillas et al. (2011), alimentando Dicentrarchus labrax com 0,4% de MOS, observaram uma redução, após o isolamento bacteriano realizado no fígado, baço e rim cefálico de Vibrio anguillarum e Aeromonas hydrophila no epitélio intestinal dos peixes. Baurhoo et al. (2007) e Sims et al. (2004) encontraram aumento na quantidade de Lactobacillus no intestino de frangos e perus alimentados com ração adicionada de MOS. As bactérias ácido lácticas, como as do grupo dos Lactobacillus, são conhecidas por serem capazes de modular resposta imune inata, localmente e sistemicamente (Cross, 2002). Alguns autores mostram melhorias no sistema imune inato devido à presença de algumas espécies de Lactobacillus na microbiota intestinal. Panigrahi et al. (2011) observaram mudanças benéficas no perfil de expressão de genes de interleucinas como TGF-β, TNF-α, IFN e alguns genes de imunoglobulinas, tanto no baço quanto no rim cefálico de trutas arco-íris após alimentá-las com Lactobacillus rhamnosus 28 liofilizados. Alimentando larvas de Dicentrarchus labrax e Sparus aurata com rotíferos e artêmia enriquecidos com L. fructivorans e L. plantarum, Abelli et al. (2009) encontraram níveis menores de transcritos IL-1β, IL-10, cox-2 e TGF-β. Porém, Harikrishnan et al. (2010) descreveram aumentos na produção de EROs, na atividade da via alternativa do complemento e na atividade de lisozima quando alimentando Paralichtys olivaceus com duas cepas comerciais de Lactobacillus. 29 Pe ix e In cl us ão n a di et a E fe ito s R ef er ên ci a O nc ho ri nc hu s m yk is s 2g kg -1 A um en to d o C re sc im en to e d a so br ev iv ên ci a. A um en to d a tit ul aç ão de a nt ic or po s e at iv id ad e de li so zim a St ay ko v et a l.( 20 07 ) O nc ho ri nc hu s m yk is s 0 e 4 g kg -1 , 1 2 se m an as A um en to d o cr es ci m en to , d as a tiv id ad es h em ol íti ca s e fa go cí tic as , qu an tid ad e de m uc o e so br ev iv ên ci a a Ví br io a ng ui lla ru m R od rig ue s- Es tra da e t a l.( 20 08 ) Ti lá pi a hí br id a 0, 2 e 6 g k g- 1, 5 8 di as A um en to n a so br ev iv ên ci a e em re sp os ta s in at as H e et a l.( 20 03 ) O re oc hr om is n ilo tic us 0, 2 , 4 , e 6 g k g- 1, 3 s em an as A um en to d e pe so , t am an ha e g an ho d e pe so d iá rio d os p ei xe s al im en ta do s co m 4 e 6 g . A um en to d a so br ev iv ên ci a co nt ra St re pt oc oc cu s ag al ac tia e Sa m ro ng pa n et a l.( 20 08 ) D ic en tr ar ch us L ab ra x 8 se m an as D im in uç ão d a tra ns lo ca çã o de p at óg en os p ar a ór gã os he m at op oi ét ic os e a um en to d a su pe rf íc ie d a m uc os a in te st in al To rr ec illa s et a l. (2 01 1) O nc ho ri nc hu s m yk is s 11 1 di as p ar a su ba tu lto s e 58 di as p ar a ju ve ni s A um en to d a ár ea d o ep ité lio in te st in al . N os s ub ad ul to s ho uv e um au m en to d a qu an tid ad e de L ac to ba ci llu s, e nq ua nt o qu e pa ra o s ju ve ni s ho uv e um a di m in ui çã o. N os ju ve ni s ho uv e um a di m in ui çã o da q ua nt id ad e de A er om on as /V íb ri o s pp . D im itr og lo u et a l. (2 00 9) Sc ia en op s oc el la tu s 1% , 8 s em an as A um en to d a lis oz im a. D im in ui çã o da s ob re vi vê nc ia Zh ou e t a l. (2 01 0) La be o ro hi ta 1, 2 e 4 % , 6 0 di as A um en to d a pr od uç ão d e ER O s, do n úm er o de c él ul as b ra nc as e d a so br ev iv ên ci a a de sa fio c om A er om on as h yd ro ph ila A nd re w s et a l. (2 00 9) D ic en tr ar ch us la br ax 2 e 4% A um en to d a re sis tê nc ia à in fe cç ão p or V íb ri o al gi no ly tic us To rr ec illa s et a l. (2 00 7) T ab el a 2: R el aç ão e nt re a c on ce nt ra çã o de m an an ol ig os sa ca ríd eo n a di et a e se us e fe ito s so br e, p rin ci pa lm en te , o s ist em a im un e do s pe ix es . 30 e. Referências AAKRE, R.; WERGELAND, H.I.; AASJORD, P.M.; ENDRESEN, C. 1994. Enhanced antibody response in Atlantic salmon (Salmo salar L) to Aeromonas salmonicida cell wall antigens using a bacterin containing β-1,3-M-Glucan as adjuvant. Fish and Shellfish immunology, 4, 47-61. ABELLI L., RANDELLI E., CARNEVALI O., PICCHIETTI S. 2009. Stimulation of Gut Immune System by Early Administration of Probiotic Strains in Dicentrarchus labrax and Sparus aurata. Trends in Comparative Endocrinology and Neurobiology: Annals of the N.Y. Academy of Science. (1163) 340–342. AI Q., MAI K., ZHANG L.,TAN B., ZHANG W., XU W., LI H. 2007. Effects of dietaryb-1, 3 glucan on innate immune response of large yellow croaker, Pseudosciaena crocea. Fish & Shellfish Immunology, 22, 394-402. ALEXANDER J.W. 1975. Antibiotic agents and the immune mechanisms of defense. Bulletin of the New York Academic Medicine, 51, 1039-1045. In: Rijkers G.T.; Van Oosterom R.; Van Muiswinke W.B. 1981. The immune system of cyprinid fish, oxytetracycline and the regulation of humoral immunity in carp (Cyprinus carpio). Veterinary Immunology and Immunopathology, 2, 281-290. ANDREWS S.R., SAHU N.P., PAL A.K., KUMAR S. 2009. Haematological modulation and growth of Labeo rohita fingerlings: effect of dietary mannan oligosaccharide, yeast extract, protein hydrolysate and chlorella. Aquaculture Research, 41, pp. 61–69. ARIIZUMI, K.; SHEN ,G.; SHIKANO , S.; RITTER, R.; ZUKAS, P.; EDELBAUM, D.; MORITA, A.; TAKASHIMA, A. 2000. Cloning of a second dendritic cell- 31 associated C-type lectin (dectin-2) and its alternatively spliced isoforms. Journal of Biological Chemistry, 275, 11957–11963. BAGNIA, M.; ROMANO, N.; FINOIAM.G., ABELLI L., SCAPIGLIATI G., TISCAR P.G., SARTI M.; MARINO, G. 2005. Short- and long-term effects of a dietary yeastb-glucan (Macrogard) and alginic acid (Ergosan) preparation on immune response in sea bass (Dicentrarchus labrax). Fish & Shellfish Immunology, 18, 311-325. BARTON, B.A & IWANA, G.K. 1991. Physiological changes in fish from stress in aquaculture with emphasis on the response and effects of corticosteroids. Annual Review of Fish Diseases, 10, 03-26. BARTON, B.A. 1997. Stress in finfish: Past present and future- a historical perspective. In: Fish stress and health in aquaculture. IWAMA G.K.; PICKERING, AD.; SUMPTER, J.P.; SHRECK, C. B (Editors), Cambridge University Press. Cambridge, 1-33. BAURHOO B., PHILLIP L., RUIZ-FERIA C.A. 2007. Effects of Purified Lignin and Mannan Oligosaccharides on Intestinal Integrity and Microbial Populations in the Ceca and Litter of Broiler Chickens. Poultry Science (86) pp 1070–1078. BINURAMESH C., PRABAKARAN M., STEINHAGEN D., MICHAEL R. D. 2006. Effect of sex ratio on the immune system of Oreochromis mossambicus (Peters). Brain Behavior and Immunology 20, 300–308. BONALDO,A.; THOMPSON, K.D.; MANFRIN, A.; ADAMS, A.; MURANO, E.; MORDENTI, A.G.; GATTA, P.P. 2007. The influence of dietary β-glucans on the adaptive and innate immune responses of European sea bass (Dicentrarchus labrax) vaccinated against vibriosis. Italian Journal of Animal Science, 6, 151- 164. 32 BRIDLE, A.R.; CARTER, C.G.; MORRISON, R.N.; NOWAK, B.F. 2005. The effect of β-glucan administration on macrophage respiratory burst activity and Atlantic salmon, Salmo salar L., challenged with amoebic gill disease evidence of inherent resistance. Journal of Fish Diseases, 28, 347–356. BROWN, G.D. 2006. Dectin-1: a signalling non-TLR pattern-recognition receptor. Nature Reviews in Immunology, 6, 33-43. BROWN, G.D., TAYLOR P.R., REID D.M., WILLMENT J.A., WILLIAMS D.L., MARTINEZ-POMARES L., WONG S.Y.C., AND GORDON S. 2002. Dectin-1 is a major β-glucan receptor on macrophages. Journal of Experimental Medicine 196:407–412. CAIN, K.D.; GRABOWSKI, L.; REILLY, J.; LYTWYN, M. 2003. Immunomodulatory effects of a bacterial-derived β-1,3 glucan administered to tilapia (Oreochromis nilotocus L.) in a Spirulina-based diet. Aquaculture Research, 34, 1241-1244. CAMBI A., KOOPMAN M., FIGDOR C.G. 2005. Microreview: How C-type lectins detect pathogens. Cellular Microbiology 7(4), 481–488. CASTRO, R.; COUSO, N.; OBACH, A.; LAMAS, J. 1999. Effect of different beta- glucans on the respiratory burst of turbot (Psetta maxima) and gilthead seabream (Sparus aurata) phagocytes. Fish & Shellfish Immunology, 9, 529–541. CHAKA W., VERHEUL A.F.M., VAISHNAV V.V. , CHERNIAK R., SCHARRINGA J., VERHOEF J., SNIPPE H., HOEPELMAN A.I.M. 1997. Induction of TNF-a in Human Peripheral Blood Mononuclear Cells by the Mannoprotein of Cryptococcus neoformans Involves Human Mannose Binding Protein. The Journal of Immunology. 159 (6) 2979-2985. 33 CHOUBERT, G., DE LA NOÜE, J., LÉSEL, R. 1991a. Effects of dietary fat levels and antibiotics (Flumequine + Gentamycin) on nutrient digestibility in rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum). Aquatic Living Resources, 4, 147–153. CHOUBERT, G.; DE LA NOÜE, J.; BLANC, J.M. 1991b. Apparent digestibility of canthaxantin in rainbow trout: effect of dietary fat level, antibiotics and number of pyloric caeca. Aquaculture, 99, 323–329. COOK M.T., HAYBALL P.J., HUTCHINSON W., NOWAK B.F. AND HAYBALL J.D. 2003. Administration of a commercial immunostimulant preparation, EcoActiva as a feed supplement enhances macrophage respiratory burst and the growth rate of snapper (Pagrus auratus, Sparidae (Bloch and Schneider) in winter. Fish & Shellfish Immunology, 14, 333–345. COOK, M.T.; HAYBALL, P.J., HUTCHINSON, W.; NOWAK, B.F.; HAYBALL, A.D. 2001. The efficacy of a commercial-glucan preparation, EcoActiva, on stimulating respiratory burst activity of head-kidney macrophages from pink snapper (Pagrus auratus), Sparidae. Fish & Shellfish Immunology ,11,661–672. COUSO N., CASTRO R., MAGARIÑOS B., OBACH A, LAMAS J. 2003. Effect of oral administration of glucans on the resistance of gilthead seabream to pasteurellosis. Aquaculture.V. 219, I.1–4, P 99–109. COYNE R., HJELTNES B., BERGH Ø., ANDERSEN K., RUDRA H., SMITH P. 2004. Quantitative properties of data generated by the examination of Aeromonas salmonicida infected fish by the standard bacteriological loop. Aquaculture, 236, pp. 27–35. CRAVEDI, J.P.; CHOUBERT, G.; DELOUS, G. 1987. Digestibility of chloramphenicol, oxolinic acid and oxytetracycline in rainbow trout and influence of these antibiotics on lipid digestibility. Aquaculture, 60, 133–141. 34 CROSS, M.L .2002. Microbes versus microbes: Immune signals generated by probiotic lactobacilli and their role in protection against microbial pathogens. FEMS. Immunology and Medical. Microbiology., 34: 245-253. CROUCH, E & WRIGHT, J.R. 2001. Surfactant proteins A and D and pulmonary host defense. Annual Reviews in Physiology, 63, 521–554. DIMITROGLOU, A.; DAVIES, S.J.; SWEETMAN, J.; DIVANACH, P.; CHATZIFOTIS, S. 2009. Dietary supplementation of mannan oligosaccharide on white sea bream (Diplodous sargus L.) larvae: effects on development, gut morphology and salinity tolerance. Aquaculture Research 41, 245–251. DOLLERY, C. 1999. Gemfibrozil . In: Therapeutic Drugs. Dollery C. Eds, UK: Churchill Livingstone, Edinburgh (UK), G34–G37. ELLIS, A.E, 1990. Serum antiproteases in fish and lysozyme assays. In: J.S. STOLEN, FLETCHER, T.C.; ANDERSON, D.P.; ROBERSON.; B.S.; VAN MUISWINKEL, W.B. (Editors), Techniques in Fish Immunology., SOS Publications, Fair Haven NJ, 95–103. ENGSTAD, R.E & ROBERTSEN, B. 1993. Recognition of yeast cell wall glucan by Atlantic salmon (Salmo salar L.) macrophages. Developmental Comparative Immunology, 17,319-330. FERNANDES, M.O. 1997. Estresse social, metabolismo e crescimento em peixes. Dissertação (Mestre em Zootecnia), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Botucatu. 106p. FRANKEL, E.N. 1995. Oxidation of polyunsaturated lipids and its nutritional consequences. In: Castenmiller W.A.M (Editor). Proceedings of the 21st world congress of the international society for fat research. England: P.J. Barnes and Associates; 265-269. 35 GALLI, L.F & TORLONI, C.E. 1986. Criação de Tilápias. In: Criação de Peixes. São Paulo, Nobel, 3.ed., 74-85. GOODRIDGE, H.S.; WOLF, A.J.; UNDERHILL, D.M. 2009. β-glucan recognition by the innate immune system. Immunological Reviews, 230, 38-50. GOPALAKANNAN, A & ARUL, V. 2010. Enhancement of the innate immune system and disease-resistant activity in Cyprinus carpio by oral administration of β- glucan and whole cell yeast. Aquaculture Research, 41(6) 884-892. HARIKRISHNAN R., BALASUNDARAMB C., HEO M-S. 2010. Effect of probiotics enriched diet on Paralichthys olivaceus infected with lymphocystis disease virus (LCDV). Fish & Shellfish Immunology, (29) pp 868-874. HE, S.; XU, G.; WU, Y.; WENG, H. ; XIE, H. 2003.Effects of IMO and FOS on the growth performance and non-specific immunity in hybrid tilapia. Chinese Feed, 23, 14-15. HOLMSKOV, U.; THIEL, S.; JENSENIUS, J.C. 2003. Collections and ficolins: humoral lectins of the innate immune defense. Annual Reviews in Immunology, 21, 547–578. JORY D.E.; ALCESTE C.; CABRERA, T.R. 2000. Mercado y comercialización de tilapia en los Estados Unidos de Norte América. Panorama Acuicola, Sonora, 5(5), 50-53. KELLY, K.A.; HAVRILLA, C.M.; BRADY, T.C.; ABRAMO, K.H.; LEVIN, E.D. 1998. Oxidative Stress in Toxicology: Established Mammalian and Emerging Piscine Model Systems. Environmental Health Perspectives, 106, 375–384. KILPATRICK, D.C. 2002. Mannan-binding lectin: clinical significance and applications. Biochimica et Biophysica Acta, 1572, 401–413 36 KISHORE U., GREENHOUGH T.J., WATERS P., SHRIVE A.K., GHAI R., KAMRAN M.F., BERNAL A.L., REID K.B., MADAN T., CHAKRABORTY T. 2006 Surfactant proteins SP-A and SP-D: structure, function and receptors. Molecular Immunology. 43,1293–1315. KOPPEL E.A., VAN GISBERGEN K.P.J.M., GEIJTENBEEK T.B.H., VAN KOOYK Y. 2005. Distinct functions of DC-SIGN and its homologues L-SIGN (DC- SIGNR) and mSIGNR1 in pathogen recognition and immune regulation. Cellular Microbiology. 7 (2) pp 157–165. KRUTZIK, S. R.; TAN, B.; LI, H.; OCHOA, M. T.; LIU, P. T.; SHARFSTEIN, S. E.; GRAEBER, T. G.; SIELING, P. A.; LIU, Y. J.; REA, T. H.; BLOOM, B. R.; MODLIN, R. L. 2005. TLR activation triggers the rapid differentiation of monocytes into macrophages and dendritic cells. Nature Medicine, 11, 653–660 LAI, W.K.; SUN, J.P.; ZHANG, J.; JENNINGS, A.; LALOR, P.F.; HUBSCHER,S.; JANE A. MCKEATING, J.A. 2006. Expression of DC-SIGN and DC-SIGNR on human sinusoidal endothelium: a role for capturing hepatitis C virus particles. The American Journal of Pathology. 169, 200–208 LEVY S.B & MARSHALL B. 2004. Antibacterial resistance worldwide: causes, challenges and responses. Nature Medicine, 10, 122–129. LI P., WEN Q., GATLIN III D.M. 2009. Dose-dependent influences of dietary β-1,3- glucan on innate immunity and disease resistance of hybrid striped bass Morone chrysops x Morone saxatilis. Aquaculture Research, 40,1578-1584. LIVELY, C.M.; CRADDOCK, C.; VRIJENHOEK, R.C.1990. Red Queen hypothesis supported by parasitism in sexual and clonal fish. Letters to Nature. Nature. 344. 864:866. 37 MAZEAUD, M.M.; MAZEAUD, F.; DONALDSON, E.M. 1977. Primary and secondary effects of stress in fish: some new data with a general review. Transactions of the American Fisheries Society, 106, 201-212. MCKENZIE, E.J.; TAYLOR, P.; STILLION, R.J.; LUCAS, A.D.; HARRIS, J.; GORDON , S. ; MARTINEZ-POMARES, L. 2007. Mannose receptor expression and function define a new population of murine dendritic cells. Journal of Immunology, 178, 4975–4983. MEDZHITOV, R. 2007. Recognition of microorganisms and activation of the immune response. Nature, 449, 819-826. MISRA, C.K., DAS B.K., MUKHERJEE S.C., PATTNAIK P. 2006. Effect of long term administration of dietary β-glucan on immunity, growth and survival of Labeo rohita fingerlings. Aquaculture, 255(1). MÜLLER, A.; RICE, P.J.; ENSLEY, H.E.; COOGAN, P.S.; KALBFLEISCH, J.H.; KELLEY, J.L.; LOVE, E.J.; PORTERA, C.A.; HÁ, T.; BROWDER, I.W.; WILLIAMS, D.L. 1996. Receptor binding and internalization of a water-soluble (1-3)-β-D-glucan biologic response modifier in two monocyte/macrophage cell lines. The Journal of Immunology, 156, 3418–3425. NOGA E.J. 2010. Fish Disease: Diagnoses and treatment. Second edition. Wiley- Blackwell. 382-383. OYOFO, B.A.; DELOACH, J.R.; CORRIER, D.E.; NORMAN, J.O.; ZIPRIN, R.L.; MOLLENHAUER, H.H. 1989a. Prevention of Salmonella typhimurium colonization of broilers with D-mannose. Poultry Science. 68:1357–1360. OYOFO, B.A.; DROLESKEY, R.E.; NORMAN, J.O.; MOLLENHAUER, H.H.; ZIPRIN R.L.; CORRIER, D.E., DELOACH, J.R. 1989b. Inhibition by mannose 38 of in vitro colonization of chicken small intestine by Salmonella. Poultry Science. 68:1351–1356. PANIGRAHI A., VISWANATH K., SATOH S. 2011. Real-time quantification of the immune gene expression in rainbow trout fed different forms of probiotic bacteria Lactobacillus rhamnosus. Aquaculture Research, (42) pp 906-917. PAULSEN, S. M., LUNDE, H., ENGSTAD, R. E., ROBERTSEN, B. 2003. In vivo effects of β- glucan and LPS on regulation of lysozyme activity and mRNA expression in Atlantic salmon (Salmo salar). Fish Shellfish Immunol., 14, 39-54. PHIBRO. 2012. Tm700. Ficha Técnica. www.phibro.com.br/ft/TM_700.FT.pdf PIETRELLA, D.; CORBUCCI, C.; PERITO, S.; BISTONI, G.; VECCHIARELLI, A. 2005. Mannoproteins from Cryptococcus neoformans promote dendritic cell maturation and activation. Infection and Immunity, 73, 820–827. PIOLETTI M., ÈNZEN F.S., HARMS J., ZARIVACH R., GLUEHMANN M., AVILA H., BASHAN A, BARTELS H.,AUERBACH T., JACOBI C.,HARTSCH T., YONATH A., FRANCESCHI F.E. (2001). Crystal structures of complexes of the small ribosomal subunit with tetracycline, edeine and IF3. The EMBO Journal,20(8), 1829-1839. PIOLETTI, M.; ÈNZEN, F.S.; HARMS, J.; ZARIVACH, R.; GLUÈHMANN, M.; AVILA, H.; BASHAN, A; BARTELS, H., AUERBACH, T.; JACOBI, C., HARTSCH, T.; YONATH, A.; FRANCESCHI, F.E. 2001. Crystal structures of complexes of the small ribosomal subunit with tetracycline, edeine and IF3. The EMBO Journal, 20(8), 1829-1839. POPMA, T.J & LOVSHIN, L. L.1995. Worldwide Prospects for Commercial Production of Tilapia. International Center for Aquaculture and Aquatic 39 Environments Department of Fisheries and Allied Aquacultures, Auburn University, Alabama, 36849. REID, G.; WALLANT, N.G.; PATEL, R.; ANTONIC, A.; SAXON-ALIIFAALOGO F.; CAO, H.; WEBSTER, G.; WATSON, J.D. 2009. Potent subunit-specific effects on cell growth and drug sensitivity from optimised siRNA-mediated silencing of ribonucleotide reductase. Journal of RNAi Gene Silencers, 5(1), 321- 330. RIJKERS, G.T.; TEUNISSEN, A.G.; VAN OOSTEROM, R.; VAN MUISWINKEL W.B. 1980. The immune system of cyprinid fish. The immunosuppressive effect of the antibiotic oxytetracycl ine in carp (Cyprinus carpio L. ). Aquaculture, 19, 177-189. RIJKERS, G.T.; VAN OOSTEROM, R.; VAN MUISWINKE, W.B. 1981. The immune system of cyprinid fish, oxytetracycline and the regulation of humoral immunity in carp (Cyprinus carpio). Veterinary Immunology and Immunopathology, 2, 281-290. RODRIGUES-ESTRADA, U.; SATOH, S.; HAGA, Y.; FUSHIMI, H.; SWEET-MAN, J. 2008. Studies of the effects of Mannan-oligosaccharides, Enterococcus faecalis and Poly Hydrobutyric Acid as Immune Stimulant and Growth Promoting Ingredients in Rainbow Trout Diets. 5th World fisheries Congress, Yokohama, Japan, October 20–25. Abstract 2d-1-5, 158p. RODRÍGUEZ A., ESTEBAN M.A., MESEGUER J. 2003. A mannose-receptor is possibly involved in the phagocytosis of Saccharomyces cerevisiae by seabream (Sparus aurata L.) leucocytes. Fish & Shellfish Immunology. 14 (5) pp 375–388. SAHOO P.K & MUKHERJEE S. C. 2001. Effect of dietary β-1,3 glucan on immune responses and disease resistance of healthy and aflatoxin B1-induced 40 immunocompromised rohu (Labeo rohita Hamilton). Fish & Shellfish Immunology, 11, 683–695. SAMRONGPAN, C.; AREECHON, N.; YOONPUNDH, R.; SIRSAPOOME, P. 2008. Effects of mannan-oligosaccharides on growth, survival and disease resistance of Nile tilapia (Oreochromis niloticus Linnaeus) fry. http://ag.arizona.edu/azaqua/ista/ISTA8/Abstracts_Papers/Chinnapat's%20full%2 0paper-Thailand.doc. SATO, K.; YANG, X.L.; YUDATE,T.; CHUNG, J.S.; WU, J.; LUBY-PHELPS, K.; KIMBERLY, R.P.; UNDERHILL, D.; CRUZ JR, P.D.; ARIIZUMI, K. 2006. Dectin-2 is a pattern recognition receptor for fungi that couples with the Fc receptor gamma chain to induce innate immune responses. Journal of Biological Chemistry, 281, 38854–38866. SERRANO-GÓMEZ, D.; DOMÍNGUEZ-SOTO, A.; ANCOCHEA, J.; JIMENEZ- HEFFERNAN, J.A.; LEAL, J.A.; CORBÍ, A.L. 2004 . Dendritic cell-specific intercellular adhesion molecule 3-grabbing nonintegrin mediates binding and internalization of Aspergillus fumigatusconidia by dendritic cells and macrophages. Journal of Immunology, 173, 5635–5643 SIMS M.D., DAWSON K.A., NEWMAN K.E., SPRING P., HOOGE D.M. 2004. Effects of Dietary Mannan Oligosaccharide, Bacitracin Methylene Disalicylate, or Both on the Live Performance and Intestinal Microbiology of Turkeys. Poultry Science, (83) pp 1148–1154. SIWICKI, A. K. 1989. Immunostimulating influence of levamisole on non-specific immunity in carp (Cyprinas carpio). Developmental & Comparative Immunological. 13, 87-91. 41 SPAHN C.M.T., PRESCOTT C.D. 1996 Throwing a spanner in the works: antibiotics and the translation apparatus. Journal of Molecular Medicine 74, 423–439. SPRING, P.; WENK, C.; DAWSON, K.A.; NEWMAN, K.E. 2000. The Effects of Dietary Mannanoligosaccharides on Cecal Parameters and the Concentrations of Enteric Bacteria in the Ceca of Salmonella-Challenged Broiler Chicks. Poultry Science, 79,205–211. STAYKOV, Y.; SPRING, P.; DENEV, S.; SWEETMAN, J. 2007. Effect of a mannan oligosaccharide on the growth performance and immune status of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Aquaculture International, 15, 153–161. TAILLEUX, L.; PHAM-THI, N.; BERGERON-LAFAURIE, A.; HERRMANN, J.L.; CHARLES, P.; SCHWARTZ, O.; SCHEINMANN, P.; LAGRANGE P. H.; DE BLIC, J.; TAZI, A.; GICQUEL, B.; NEYROLLES, O. 2005. DC-SIGN induction in alveolar macrophages defines privileged target host cells for mycobacteria in patients with tuberculosis. PLoS Med, 2 (12), e381. TAYLOR, P. R.; REID, D. M.; HEINSBROEK, S.E.; BROWN, G. D.; GORDON,S.; WONG, S. Y. 2005. Dectin-2 is predominantly myeloid restricted and exhibits unique activation-dependent expression on maturing inflammatory monocytes elicited in vivo. European Journal of Immunology, 35, 2163– 2174 TOFTEN, H & JOBLING, M. 1997. Feed intake and growth of Atlantic salmon, Salmo salar L., fed diets supplemented with oxytetracycline and squid extract. Aquaculture Nutrition, 3, 145-151. TORRECILLAS S., MAKOL A., CABALLERO M.J., MONTERO D., GINÉS R., SWEETMAN J., IZQUIERDO M. 2011. Improved feed utilization, intestinal mucus production and immune parameters in sea bass (Dicentrarchus labrax) fed mannam oligosaccharides (MOS). Aquaculture Nutrition, 17, pp. 223–233. 42 TORRECILLAS S., MAKOL A., CABALLERO M.J., MONTERO D., ROBAINA L., REAL F., SWEETMAN J., TORT L., IZQUIERDO M.S. 2007. Immune stimulation and improved infection resistance in European sea bass (Dicentrarchus labrax) fed mannan oligosaccharides. Fish Shellfish Immunol. 23 (5) pp 969-81. TORRECILLAS S., MAKOL A., BENÍTEZ-SANTANA T., CABALLERO M.J., MONTERO D., SWEETMAN J. & IZQUIERDO M.S. 2011. Reduced gut bacterial translocation in European sea bass (Dicentrarchus labrax) fed mannan oligosaccharides (MOS). Fish & Shellfish Immunology, 30, 674–681. TORRECILLAS, S.; MAKOL, A.; CABALLERO, M.J.; MONTERO, D.; ROBAINA, L.; REAL, F.; SWEETMAN, J.; TORT, L.; IZQUIERDO, M.S. 2007. Immune stimulation and improved infection resistance in European sea bass (Dicentrarchus labrax) fed mannan oligosaccharides. Fish Shelfish Immunology, 23(5), 969-981. TSINAS, A. C.; KYRIAKIS, S. C.; LEIWAS, S.; SARRIS, K.; BOURTZT- HATZOPOULOU, E.; SAOULIDI, K.1998. Control of Proliferative Enteropathy in Growing/Fattening Pigs Using Growth Promoters. Journal of Veterinary Medicine, 45, 115-127. TSONI S.V., BROWN G.D. 2008. β-Glucans and Dectin-1. Annals of New York Academic Sciences, 1143, 45-60. VAN KOOYK, Y & GEIJTENBEEK, T.B. 2003. DC-SIGN: escape mechanism for pathogens. Nature Reviews Immunology, 3, 697–709. VAN VALEN, L. 1973."A New Evolutionary Law". Evolutionary Theory, 1, 1-30. VAUTIER, S.; MACCAULLUM, D.M.; BROWN, G.D. 2011. C-type lectin receptors and cytokines in fungal immunity. Cytokine, 58(1), 89-99. 43 VÁZQUEZ, J.A.; GONZÁLEZ, M.P.; MURADO, M.A. 2005. Effects of lactic acid bacteria cultures on pathogenic microbiota from fish. Aquaculture, 245, pp 149- 161. VIOLA S., ARIELI Y. (1987) Non hormonal growth promoters for tilapia and carp. I. Screening test in cages. Israeli Journal of Aquaculture, 39, 31–38. em Toften H., Jobling M. (1997). Feed intake and growth of Atlantic salmon, Salmo salar L., fed diets supplemented with oxytetracycline and squid extract. Aquaculture Nutrition, 3, 145-151. WAKSHULL, E.; BRUNKE-REESE, D.; LINDERMUTH, J.; FISETTE, L.; NATHANS, R.S.; CROWLEY, J.J.; TUFTS, J.C.; ZIMMERMAN, J.; MACKIN, W.; ADAMS, D.S. 1999. PGG-glucan, a soluble beta-(1,3)-glucan, enhances the oxidative burst response, microbicidal activity, and activates an NF-kappa B-like factor in human PMN: evidence for a glycosphingolipid beta-(1,3)-glucan receptor. Immunopharmacology, 41, 89–107. WEDEMEYER G.A., BARTON B.A., MCLEAY D.J. 1990. STRESS AND ACCLIMATION. IN: SCHRECK C.B., MOYLE P.B. (Editors). Methods for Fish biology. American Fisheries Society, 451-489. WEDEMEYER, G.A.1996. Phisiology of fish in intensive culture systems. Chapman & Hall, Nova York. In: CYRINO J.E.P, URBINATTI E.C, FRACALOSSI D.M., CASTAGNOLLI N.(2004) (Editores). Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo. TecArt. WENDELAAR BONGA S.E. 1997. Stress response in fish. Physiological Reviews, 77(3), 591-625. 44 WEYTS, F.A.A.; VERBURG-VAN KEMENADE, B.M.L.; FLIK, G.1998. Characterization of glucocorticoite receptor in peripheral blood leukocytes of carp, Cyprinus carpio L. General and comparative endocrinology,111, 1-8. WHITTINGTON, R., LIM, C., KLESIUS, P.H. 2005. Effect of dietaryh-glucan levels on the growth response and efficacy of Streptococcus iniae vaccine in Nile tilapia, Oreochromis niloticus. Aquaculture, 248, 217–225. WILLMENT J.A., BROWN G.D. 2007. C-type lectin receptors in antifungal immunity. Trends in Microbiology. Vol.16. n°1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Global Strategy for Containment of Antimicrobial Resistance. Geneva: WHO; 2001. WHO document WHO/CDS/CSR/DRS/2001.2. YANG Y., IJI P.A., CHOCT M. 2009. Gut microflora and alternatives to in-feed antibiotics. World's Poultry Science Journal. Vol. 65. YONARA, M.E., YONAR, S.M.; SILICI, S. 2011. Protective effect of propolis against oxidative stress and immunosuppression induced by oxytetracycline in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss,W.). Fish & Shellfish Immunology, 31, 318-325. ZANIBONI FILHO, E. 2004. Piscicultura das espécies exóticas de água doce. In: Poli C.R.; Poli A.T.B.; Andreatta, E.; Beltrame, E. (Editores) Aqüicultura: Experiência Brasileira. Multitarefa, Florianópolis, 309-336. ZHANG , J.; ZHU, J.; IMRICH, A.; CUSHION, M.; KINANE,T. B.; KOZIEL, H. 2004. Pneumocystis activates human alveolar macrophage NF-kB signaling through mannose receptors. Infection and Immunity, 72, 3147–3160 ZHOU Q-C., BUENTELLO J.A., GATLIN III D.M. 2010. Effects of dietary prebiotics on growth performance, immune response and intestinal morphology of red drum (Sciaenops ocellatus). Aquaculture 309 pp 253–257. 45 ZHOU X.-Q.; LI Y.-L. (2004) The effect of Bio-Mos on intestinal microflora and immune function of juvenile Jian carp (Cyprinus carpioVar. Jian). In: Nutritional Biotechnology in the Feed and Food Industries, Proceedings of Alltech’s 20th Annual Symposium (Suppl. 1: Abstracts of posters presented). 24–26, p. 109. ZOCCARATO, I.; GASCO, L.; LEVERONI CALVI, S.; FORTINA, R.; BIANCHINI, M.L.; ROLLIN, X. 1995. Effect of dietary avoparcin on performances and carcass composition in rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum). Aquaculture Research, 26, 361-366. In: Toften, H.; Jobling, M. 1997. Feed intake and growth of Atlantic salmon, Salmo salar L., fed diets supplemented with oxytetracycline and squid extract. Aquaculture Nutrition, 3, 145–151. 46 3. Experimento I: EFEITO DA INCLUSÃO DIETÉTICA DE β- GLUCANO E OXITETRACICLINA NAS RESPOSTAS HEMATOLÓGICA E IMUNOLÓGICA E NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE TILÁPIAS-DO-NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE 47 Resumo Visando encontrar possíveis substitutos para a utilização de antimicrobianos de modo profilático na dieta pré-manejo de peixes, o presente trabalho teve como objetivo comparar a inclusão de 0,1% de β-glucano (MacroGard®, Biorigin) com 0,83% de oxitetraciclina (Tm700®, Phibro) na dieta de tilápia-do-nilo por 14 e 7 dias, respectivamente, criadas em tanques rede, tendo como estímulo estressante o manejo de classificação (separação dos peixes de acordo com o tamanho). Foram realizadas amostragens no dia da classificação e após 7, 14 e 28 dias. Não foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos nas análises hematológicas, bioquímicas, no cortisol sérico e na atividade respiratória de leucócitos (burst oxidativo). O ganho de peso médio diminuiu nos peixes alimentados com a ração medicada. A taxa de crescimento específico (TCE) no grupo alimentado com a ração medicada foi menor que a do grupo controle, no entanto, a TCE do grupo que alimentado com ração contendo β-glucano apresentou valor intermediário entre os dois grupos anteriores (ração medicada e controle), porém, sem diferença estatística. O consumo não diferiu significativamente entre os grupos, porém a conversão alimentar foi menor nos peixes alimentados a ração medicada e com o β-glucano. A mortalidade nos grupos alimentados com a ração medicada e com o β-glucano não diferiram entre si, sendo ambas menores que a do controle. Os resultados deste estudo demonstram que a inclusão de 0,1% de β-glucano na dieta de tilápia-do-nilo melhorou os índices produtivos dos peixes quando comparado com a inclusão de 0,83% de oxitetraciclina, pois a taxa de mortalidade não diferiu entre os tratamentos e foi menor que a do grupo controle e, ainda, o imunoestimulante evitou a redução do ganho de peso médio. Palavras-chave: imunoestimulante, antimicrobiano, saúde, produtividade, tilápia-do- nilo. 48 Abstract Objecting to find possible substitutes to the prophylactic antibiotics utilization in pre handling fish diets, in the present assay we compared the inclusion of 0.1% of β-glucan (Beta) (MacroGard®, Biorigin) with 0.83% of oxitetracycline (Oxi) (Tm700®, Phibro) in Nile tilapia diets, for 14 and seven days, respectively, reared in net cages, right after the classification handle (separation of the fish by size). The samples were made at the day of classification and at seven, 14 and 28 days after. We could not observe statistical differences among the treatments in the hematological or biochemical analisys, in the serum cortisol or in the respiratory burst assay. The average weight gain decreased in the antibiotic fed fish. The specific growth rate (TCE) in the antibiotic group presented was lower in relation with the control group, however, no differences were found between the β-glucan fed group and the others. The consumption did not differed statistically, but the feed conversion rate (CA) was lower in the fish fed with Beta and Oxi. The mortality in the treated fish did no differed statistically, but both groups presented lower mortality than the control group. Our results showed that the β-glucan inclusion at 0.1% in Nile tillapia diets made the productive indices better than the 0.83% oxytetracycline inclusion and, moreover, the immunestimulant avoid the reduction in the in the average weight gain GPM Key words: imunostimulant, antibiotic, health, productivity, Nile tilapia. 49 a. Introdução O estresse ainda é um desafio na aquicultura mundial, não apenas pela diminuição da produtividade, mas, principalmente, por possibilitar o aparecimento de enfermidades devido a seus efeitos nocivos sobre o sistema imune, tanto inato quanto adaptativo. Na tentativa de evitar este problema, os aquicultores lançam mão de massivas quantidades de antimicrobianos, como medida terapêutica ou em doses diferentes das recomendadas, intentando a profilaxia de bacterioses oportunistas. Porém os resultados não são promissores, pois peixes com o sistema imune suprimido e/ou estressados comem quantidades bem menores de alimento que o recomendável, diminuindo a eficiência de tais drogas e aumentando demasiadamente os custos de produção. Tão prejudicial quanto a queda na lucratividade é a quantidade de antimicrobianos e seus metabólitos no ambiente, seja pela excreção ou por contato direto com o alimento e com a água. O aparecimento de cepas bacterianas resistentes a uma ou mais drogas, incluindo à oxitetraciclina já se tornou uma grande ameaça à saúde pública (Levy & Marshal, 2004). Visando minimizar perdas econômicas com mortalidade de peixes e gastos com medicamentos, além de prejuízos à saúde, pesquisadores de vários países tentam desenvolver técnicas de produção sustentável, reduzindo ou evitando a utilização de antimicrobianos na alimentação animal. Entre as substâncias utilizadas no manejo profilático na aquicultura e em outras criações (aves e suínos), estão os glucanos, mais especificamente o β-1,3-glucano, extraído da parede celular de leveduras (Saccharomices cerevisae) e, que através de estímulos a receptores do sistema imune inato, é capaz de promover uma barreira eficiente contra organismos invasores. 50 O presente trabalho teve como objetivo, avaliar o potencial de substituição da oxitetraciclina pelo β-1,3-glucano na criação de tilápia-do-nilo em tanques-rede de maneira profilática, após um estímulo estressante (classificação dos peixes), através de parâmetros hematológicos, imunológicos, bioquímicos e de desempenho produtivo. b. Material e Métodos Peixes e alimentação O experimento foi realizado em uma piscicultura comercial localizada às margens do rio Tietê, na cidade de Arealva, São Paulo, Brasil. Foram utilizados doze tanques-rede de 18m2, contendo aproximadamente seis mil tilápias-do-nilo (150 g), revertidas sexualmente, cada um caracterizando uma unidade experimental. Os tanques-rede foram divididos em três grupos, de acordo com a dieta fornecida: quatro receberam uma dieta contendo a inclusão de 0,1% de β-glucano (MacroGard®, Biorigin, Lençóis Paulistas, São Paulo, Brasil) durante 14 dias, outros quatro receberam uma dieta medicada, contendo 0,83% de oxitetraciclina (Tm-700®, Phibro, Guarulhos, São Paulo, Brasil), contendo 70% de oxitetraciclina em sua formulação por sete dias e os outros quatro receberam uma dieta controle (dieta basal comercial com 32% proteína), isenta de antimicrobiano e imunoestimulante (Tabela 2). Após o período de alimentação de sete (oxitetraciclina) e 14 dias (β-glucano), os peixes dos dois grupos experimentais passaram a receber a mesma ração do grupo controle. Os três grupos experimentais foram submetidos ao manejo de classificação (biometria) no dia anterior ao início da colheita sanguínea e, após a primeira amostragem, os peixes começaram a ser alimentados duas vezes ao dia, às 9:00 e às 15:00 h, com as rações experimentais com 3% da biomassa estimada. 51 As três dietas experimentais seguiram a formulação convencional de uma fábrica de ração comercial (Nutreco-Fri-Ribe). A primeira dieta foi formulada de acordo com as exigências da tilápia em crescimento e 0,1% de β-glucano (MacroGard®), foi incluído na dieta. O mesmo procedimento foi adotado para a ração com antimicrobiano, utilizando a mesma formulação, todavia, foi incluído na dieta 0,83% de oxitetraciclina (Tm700®). A dieta controle seguiu a mesma formulação, todavia, isenta da inclusão de imunoestimulante ou antimicrobiano. Tabela 3: Níveis de garantia da formulação comercial utilizada no experimento Níveis de Garantia (quantidade por kg de ração) Umidade** 120g Colina* 800mg Proteína Bruta (Mínimo) 320g Ácido Fólico* 5,4mg Extrato Etéreo* 60g Niacina* 112,5mg Matéria Mineral** 110g Biotina* 0,58mg Matéria Fibrosa** 70g Ácido Pantotênico* 36mg Cálcio 10 - 30g Vit A* 9000U.I. Fósforo* 6000mg Vit B1* 20,25mg Magnésio* 31,25mg Vit B12* 22,5μg Zinco* 100mg Vit B2* 20,25mg Cobre* 25mg Vit B6* 20,25mg Ferro* 62,5mg Vit C* 300mg Manganês* 62,5mg Vit D3* 3150U.I. Cobalto* 0,6mg Vit E* 135U.I. Iodo* 1,25mg Vit K3* 9mg Selênio* 0,25mg Inositol* 80,g *Mínimo. **Máximo 52 Tabela 4. Composição química do MacroGard® segundo o fabricante Ingrediente Quantidade *β-glucanas % Mín. 60,0 *Proteína Bruta % Máx. 8,0 *pH ( solução 10% ) 4,0 - 7,0 *Cinzas % <10,0 Distribuição do tamanho de partícula Média 41 μm <20 μm 19% 20 - 50 μm 43% 51 - 100 μm 28% 101 - 200 μm 10% >200 μm 0 Fluidez (seg) 70 Ângulo de repouso (graus) 31 Compressiblidade % 37 Capacidade de retenção de água (média) 7,4 Índice de solubilidade em água 7,9 MacroGard® (Biorigin), é um aditivo para alimentação animal rico em β-1,3/1,6 glucanas purificadas extraídas da leveduras (Saccharomyces cerevisiae) de uma cepa selecionada e patenteada (Boletim Técnico da Biorigin, 2012). Os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética e Bem Estar Animal (CEBEA) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista – Unesp, Campus de Jaboticabal, sob o protocolo de número 22.517/10, estando de acordo com os Princípios Éticos na experimentação animal adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). Amostragem Foram realizadas quatro amostragens, a primeira antes do início da alimentação com as dietas experimentais e outras três após, sete, 14 e 28 dias de alimentação. Sete peixes de cada tanque-rede foram anestesiados em solução de benzocaína (1 g de benzocaína para 53 10 L de água). Cerca de 3,0 mL de sangue periférico foi colhido por punção do vaso caudal, e dessa quantidade, cerca de 0,3 mL foi armazenado em tubo plástico de 2 mL contendo 15 μL de heparina (1:50) e 0,3mL dispensado em tubo plástico de 2 mL contendo Glistab®. O restante foi dispensado em tubo de vidro para coagulação por 45 minutos à temperatura ambiente. Após este período, o sangue coagulado foi centrifugado a 1500 G por cinco minutos, e o soro foi armazenado em ultrafreezer (-70 °C). Desempenho Produtivo Os peixes foram pesados um dia antes do início do experimento, isto é, antes do início da alimentação com as dietas experimentais e, novamente no 163°dias (135 dias após a última amostragem). A pesagem foi realizada da seguinte maneira: Em um puçá, 15 peixes eram capturados e pesados; Fazia-se a média de peso desses peixes, repetindo o processo 15 vezes por tanque rede; Utilizando os mesmos puçás, pesava-se apenas o restante dos peixes do tanque- rede, estimando a quantidade pelo peso médio de cada indivíduo. A avaliação do desempenho produtivo foi realizada de acordo com as equações: - Ganho de Peso (GP): GP = Peso Final - Peso Inicial - Ganho de Peso Médio (GPM): GPM = GP / N° de Peixes - Conversão Alimentar (CA): CA = (Quantidade de alimento consumido durante todo o período) / GP - Taxa de Crescimento Específico (TCE): 54 TCE = [ln(Peso Final) - ln(Peso Inicial)] / N° de dias - Sobrevivência Relativa: Sobrevivência = número inicial de peixes /número final de peixes x 100 - Mortalidade Relativa: Mortalidade = 100 - Sobrevivência Relativa. Hematologia Para a determinação da quantidade de eritr