JONAS LEANDRO FERRARI CONTROLE DE Conyza sumatrensis POR GLYPHOSATE, FLUMIOXAZIN E SULFENTRAZONE ISOLADOS E EM MISTURAS Botucatu 2019 JONAS LEANDRO FERRARI CONTROLE DE Conyza sumatrensis POR GLYPHOSATE, FLUMIOXAZIN E SULFENTRAZONE ISOLADOS E EM MISTURAS Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp - FCA Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Proteção de Plantas) Orientador: Prof. Dr. Edivaldo Domingues Velini Botucatu 2019 F375c Ferrari, Jonas Leandro Controle de Conyza sumatrensis por glyphosate, flumioxazin e sulfentrazone isolados e em misturas / Jonas Leandro Ferrari. -- Botucatu, 2019 90 p. : il., tabs., fotos Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu Orientador: Edivaldo Domingues Velini 1. Buva. 2. Interação sinergística. 3. Interação antagonística. 4. Interação aditiva. 5. Mistura em tanque. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. Aos meus amados pais, familiares e amigos, dedico AGRADECIMENTOS À Deus, sem esse, eu nada seria. Pelo dom da vida e por tudo que sempre me concedeu. Aos meus queridos pais, Luiz Antônio e Luiza, avós, irmãos, e todos os familiares, pelo apoio incondicional. E, aos amigos, que somos uma família a qual escolhemos. Também ao amigo, orientador da graduação, Prof. Dr. Guilherme Sachs (UENP), meu primeiro incentivador à pesquisa. Agradeço ao Núcleo de Pesquisas Avançadas em Matologia (NUPAM) pela estrutura a qual possibilita com que a execução da pesquisa aconteça de forma rápida e eficaz, na presença dos técnicos laboratoriais. Com alegria, agradeço os amigos e parceiros de trabalho que estiveram presente em cada etapa do estudo, possibilitando para que este ocorresse, Luciano Del Bem Júnior, Gustavo Dário e Vitor Muller Anunciato, bem como as colaborações de Leandro Bianchi, Renan Fonseca Nascentes, entre outros. Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Edivaldo Domingues Velini, pela orientação e a cada ensinamento, não medindo esforços e sempre paciente, incentivando e depositando toda a confiança em mim, e como exemplo de professor e ser humano. Ao Prof. Dr. Caio Antonio Carbonari, pelas contribuições e ensinamentos ao longo desse período. Agradeço também a banca examinadora, Dr. Marcelo Rocha Corrêa e Prof. Dr. Leandro Tropaldi, pelo comprometimento e empenho em agregar com a melhoria deste trabalho. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida. A Faculdade de Ciências Agronômicas – Campus de Botucatu, pela ótima estrutura de estudos e trabalhos, de maneira acolhedora, bem como todos os colaboradores que não medem esforços para a capacitação dos discentes. “Tente uma, duas, três vezes e se possível tente a quarta, a quinta e quantas vezes for necessário. Só não desista nas primeiras tentativas, a persistência é amiga da conquista. Se você quer chegar ao lugar em que a maioria não chega, faça o que a maioria não faz.” Bill Gates RESUMO A Conyza sumatrensis é uma das espécies de plantas daninhas de maior importância no Brasil, devido à alta competividade aos recursos naturais essenciais para as culturas, além da resistência ao glyphosate, principal herbicida utilizado no manejo de plantas daninhas em pós-emergência. Em decorrência disto, tem sido comum a mistura em tanque de glyphosate com outros herbicidas, com o intuito de obter controle eficaz da C. sumatrensis. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o controle de Conyza sumatrensis por flumioxazin, sulfentrazone e glyphosate aplicados isoladamente, de glyphosate + flumioxazin e glyphosate + sulfentrazone, bem como o efeito da interação de tais herbicidas em mistura. Para tanto, foram conduzidos dois experimentos em casa de vegetação, sendo que no experimento 1, os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de flumioxazin, sulflentrazone e glyphosate aplicados isoladamente, por doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) e doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1). No experimento 2, os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de glyphosate aplicado isoladamente, por doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) e doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1). O controle foi avaliado por notas visuais de controle aos 4, 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação (DAA) e matéria seca da parte aérea (MSPA) aos 28 DAA. Foi determinado curvas de dose-resposta pelo ajuste da equação dos dados coletados utilizando modelo log-logístico. O efeito da interação das misturas foi avaliado conforme o controle. Observou- que a aplicação de flumioxazin, em pós-emergência, proporciona controle inexpressivo de C. sumatrensis. A aplicação de sulfentrazone, na dose de 600 g i.a. ha-1 em pós-emergência, proporciona controle insuficiente ou bom de C. sumatrensis. A aplicação de glyphosate proporciona controle insuficiente do biótipo de C. sumatrensis em estudo, evidenciando resistência a esse herbicida. A associação de flumioxazin em mistura em tanque de glyphosate não proporciona aumento considerável no controle de C. sumatrensis. A associação de sulfentrazone em mistura em tanque de glyphosate proporciona antecipação e aumento do controle de Conyza sumatrensis. Palavras-chave: Buva. Interação sinergística. Interação antagonística. Interação aditiva. Mistura em tanque. ABSTRACT Conyza sumatrensis is one of the most important weed species in Brazil, due to the high competitiveness of natural resources essential for crops, in addition to resistance to glyphosate, the main herbicide used in the management of weeds in post-emergence. As a result, it has been common tank mixing of glyphosate with other herbicides, in order to obtain effective control of C. sumatrensis. Thus, the objective of this work was to evaluate the control of C. sumatrensis by flumioxazin, sulfentrazone and glyphosate applied alone, by doses of glyphosate + flumioxazin and glyphosate + sulfentrazone, as well as the effect of the interaction of such herbicides in mixture. For this purpose, two experiments were carried out in a greenhouse, being the experiment 1, the treatments consisted of different doses of flumioxazin, sulflentrazone and glyphosate applied alone, by doses of flumioxazin + glyphosate (900 g a.e. ha-1) and doses of sulfentrazone + glyphosate (900 g a.e. ha-1). In experiment 2, the treatments consisted of different doses of glyphosate applied alone, by doses of glyphosate + flumioxazin (50 g a.i. ha-1) and doses of glyphosate + sulfentrazone (600 g a.i. ha-1). The control was evaluated by visual injury rating at 4, 7, 14, 21 and 28 days after application (DAA) and dry matter of the aerial part (MSPA) at 28 DAA. Dose-response curves were determined by the adjustment of the collected data equation using a log-logistic model. The effect of the mixtures interaction was evaluated according to the control. It was observed that the application of flumioxazin, in post-emergence, provides inexpressive control of Conyza sumatrensis. The application of sulfentrazone, at a dose of 600 g a.i. ha-1 in post-emergence, provides insufficient or good control of C. sumatrensis. The application of glyphosate provides insufficient control of the C. sumatrensis biotype under study, observing resistance to this herbicide. The association of flumioxazin in tank mixing of glyphosate does not considerable increase the control of C. sumatrensis. The association of sulfentrazone in tank mixing of glyphosate provides anticipation and increased control of Conyza sumatrensis. Keywords: Horseweed. Synergistic interaction. Antagonistic interaction. Additive interaction. Tank mixing. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 17 2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 19 2.1 Aspectos da biologia de Conyza spp. ......................................................... 19 2.2 Resistência e manejo químico da Conyza spp. .......................................... 20 2.3 Modo de ação dos herbicidas inibidores da EPSPs ................................... 22 2.4 Modo de ação dos herbicidas inibidores da PPO....................................... 23 2.5 Mistura de herbicidas .................................................................................... 25 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 27 3.1 Experimento 1: Curva de dose-resposta de flumioxazin e sulfentrazone em mistura com glyphosate ......................................................................... 29 3.2 Experimento 2: Curva de dose-resposta de glyphosate em mistura com flumioxazin e sulfentrazone ......................................................................... 29 3.3 Avaliações experimentais ............................................................................. 30 3.4 Análises estatísticas ..................................................................................... 31 3.4.1 Controle de Conyza sumatrensis..................................................................... 31 3.4.2 Matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis ........................ 31 3.4.3 Interação da mistura de herbicidas.................................................................. 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 34 4.1 Experimento 1 ................................................................................................ 34 4.2 Experimento 2 ................................................................................................ 63 5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 81 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 83 17 1 INTRODUÇÃO As plantas daninhas reduzem a produtividade das culturas agrícolas devido a competição por recursos naturais como água, luz e nutrientes, produção de compostos fitoquímicos que influenciam negativamente, além de causar problemas durante o processo de colheita. Dentre as plantas daninhas mais relevantes no Brasil, destaca-se Conyza sumatrensis, também conhecida, na maior parte do país, como buva, ou, em certas regiões de voadeira, rabo-de-foguete, entre outros (LORENZI et al., 2014). Essa planta possui alta capacidade de disseminação, devido a quantidade expressiva de sementes, que são facilmente disseminadas pelo vento. O controle da Conyza sumatrensis foi dificultado após a ocorrência de casos de biótipos resistentes ao glyphosate, herbicida utilizado com frequência em aplicações de pós-emergência, devido a vantagens como amplo espectro de controle, baixo custo, baixa persistência no ambiente, controle satisfatório de plantas adultas, etc. Em função da resistência, a aplicação apenas de glyphosate não apresenta níveis desejáveis de controle. A fim de melhorar o controle de plantas daninhas resistente ao glyphosate, de forma aditiva ou sinergística, é comum sua mistura com herbicidas de diferentes mecanismos de ação, como exemplo, os herbicidas 2,4-D e saflufenacil, têm apresentado resultados satisfatórios. Os herbicidas flumioxazin e sulfentrozone são amplamente utilizados para o controle de plantas daninhas na modalidade de pré-emergência, em diversas culturas. Esses atuam como inibidores da enzima protoporfirinogênio oxidase (PPO ou Protox), são considerados não sistêmicos, com predominância de controle de espécies de plantas daninhas de folha larga. Desta forma, flumioxazin e sulfentrazone constituem-se como ferramentas no controle de plantas daninhas em pré-emergência, bem como no manejo contra a resistência a herbicidas pela diversificação do mecanismo de ação. No entanto, não há indicação desses herbicidas para o controle em pós-emergência de Conyza sumatrensis e pouco se sabe sobre os efeitos da mistura destes com glyphosate, para tal finalidade. Considerando isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos herbicidas glyphosate, flumioxazin e sulfentrazone isolados, e das interações das 18 misturas em tanque de glyphosate + flumioxazin e glyphosate + sulfentrazone, no controle em pós-emergência de Conyza sumatrensis. 19 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Aspectos da biologia de Conyza spp. O gênero Conyza spp., comumente conhecida como buva, pertence à classe botânica das Magnoliopsidas, família Asteraceae, e inclui aproximadamente 50 espécies (SANTOS et al., 2013; SANTOS et al., 2014). As espécies com maior ocorrência são Conyza canadensis, Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis, sendo que a primeira se diferencia morfologicamente das demais e as últimas apresentam menor grau de diferenciação entre si (THEABAUD; ABBOTT, 1995). A Conyza spp., planta daninha habitualmente anual, facultativas de inverno, tendo possibilidade de emergir tanto no outono como na primavera, ou mesmo nas duas temporadas sempre que as condições ambientais sejam propícias (CICI; VAN ACKER, 2009; TOZZI; VAN ACKER, 2014). São espécies muito prolíficas, sendo que C. bonariensis tem a capacidade de produzir até 375.000 sementes, C. canadensis em torno de 200.000 sementes e C. sumatrensis mais de 60.000 sementes planta-1 (GREEN, 2010). Geralmente, são plantas que apresentam boa adaptabilidade em sistemas conservacionistas do solo, como o plantio direto, o cultivo mínimo e em áreas de fruticultura que adotam o manejo integrado de produção (BHOWMIK; BEKECH, 1993). A dispersão das sementes das espécies de Conyza spp. acontece principalmente pelo vento (anemocoria), de maneira abiótica, sendo um dos vetores de disseminação mais estudados (WU, 2007; GOMES, 2014). As características estruturais de sementes reduzem a velocidade de queda, como “papus” (modificação do cálice de suas flores, constituída por ganchos e espinhos), proporcionam elevada área superficial em relação ao volume total, aumentam a probabilidade de transporte lateral por correntes de ar (CHAMBERS; MACMAHON, 1994; COUSENS; MORTIMER, 1995). Dauer, Mortensen e Vangessel (2007) indicam que sementes de C. canadensis podem ser dispersas a distâncias de pelo menos 500 m a partir do local de produção. Levando em consideração os modelos teóricos de dispersão ajustados a uma infestação simulada de 5 hectares, os autores concluíram que a 20 dispersão das sementes poderia afetar propriedades no raio de 1,5 km de distância. Além disso, as sementes não apresentam dormência e podem germinar prontamente após a dispersão em condições de temperatura e umidade favoráveis, mantendo-se no solo por longos períodos (SANTOS et al., 2013). No caso de C. sumatrensis, as sementes requerem temperaturas entre 10 ºC e 25 ºC e luz para germinar (ZINZOLKER et al., 1985). A habilidade de autopolinização da espécie, aliada à grande produção de sementes facilmente dispersáveis, são fatores que contribuem para a boa adaptabilidade ecológica, para a sobrevivência de biótipos resistentes e para as altas infestações nos sistemas conservacionistas de solo (MOREIRA et al., 2007). Além disso, destaca-se a não adoção de rotação de culturas, aplicações contínuas e frequentes de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação e o baixo nível de conhecimento e identificação das espécies (LAMEGO; VIDAL, 2008). 2.2 Resistência e manejo químico da Conyza spp. A resistência de plantas daninhas aos herbicidas é definida como a capacidade natural e herdável de determinados biótipos, dentro de uma população, de sobreviver e se reproduzir após a exposição a doses de herbicidas que seriam letais a indivíduos normais (suscetíveis) da mesma espécie (CHRISTOFFOLETI; LÓPEZ-OVEJERO, 2004). Nos últimos anos, plantas do gênero Conyza spp. têm se tornado sério problema em áreas de cultivo, dado a seleção de biótipos resistentes pelo intenso e constante uso do herbicida glyphosate (MOREIRA et al., 2007; URBANO et al., 2007). Além disso, a utilização inadequada da tecnologia de aplicação, subdoses e superdoses de herbicidas, entre outros, favorece o aumento da pressão de seleção. Essas práticas aliado à boa adaptabilidade ecológica dessas espécies e a sistemas conservacionistas de manejo de solo, contribui para o aparecimento de biótipos resistentes (GELMINI et al., 2005; LAZAROTO; FLECK; VIDAL, 2008). 21 Até os dias atuais, no mundo, foram registrados 16 casos de C. bonariensis, 42 de C. canadensis e dez de C. sumatrensis de resistência ao glyphosate. Quanto à última espécie, foram encontrados dois casos, em 2017, de resistência ao saflufenacil, herbicida inibidor da PPO (HEAP, 2020). Foram elucidados até o momento, pelo menos cinco mecanismos que podem explicar a resistência de uma planta a herbicidas: redução da concentração do herbicida no sítio de ação; absorção foliar e/ou translocação reduzida do herbicida; metabolização e/ou detoxificação intensa do herbicida a substâncias menos fitotóxicas; perda de afinidade do herbicida pelo sítio de ação devido a uma alteração deste local, resultante de variabilidade genética, além da super expressão do gene que codifica a enzima 5-enolpiruvilshikimate-3-fosfato sintase (EPSPs) (SHERMAN et al., 1996; CARDINALI, 2009). Trabalhos realizados por Feng et al. (2004) e Koger e Reddy (2005) atribuíram a resistência encontrada em biótipos dessas espécies à redução na translocação do glyphosate para as regiões meristemáticas das plantas. Mueller et al. (2003) sugerem a possibilidade da existência de isômeros da enzima EPSPs em plantas resistentes, os quais possuiriam menor afinidade pela molécula de glyphosate, conferindo o caráter de resistência às plantas. Dinelli et al. (2006) observaram que nos biótipos resistentes houve maior translocação do herbicida em direção as folhas, ao contrário da população suscetível, a qual a maior concentração do herbicida translocou para as raízes. Ainda de acordo com o autor, houve uma superexpressão do gene EPSPs nos biótipos resistentes em relação aos suscetíveis. O manejo de Conyza spp. em sistema de cultivo convencional é menos oneroso, pois tal forma de preparo de solo pode reduzir em até 50% a densidade populacional dessa espécie (BUHLER; OWEN, 1997). Entretanto, no sistema de semeadura direta, o revolvimento do solo é substituído pelo uso de herbicidas, de modo que a presença dessa planta vem se tornando sério problema (LAZAROTO; FLECK; VIDAL, 2008). O uso intenso e repetido de herbicidas de mesmo mecanismo de ação aumenta a pressão de seleção de populações de plantas daninhas, levando ao surgimento de biótipos resistentes (CHRISTOFFOLETI; LÓPEZ-OVEJERO, 2004). Em uma população com densidade 22 de 13,3 plantas m-2 de C. bonariensis, houve redução de 25% no rendimento de grãos de soja (TREZZI et al., 2013). Dentre as várias estratégias de manejo para evitar a resistência de plantas daninhas, destaca-se a utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação em rotação, realização de aplicações sequenciais e uso de misturas de herbicidas (OWEN; ZELAYA, 2005). Dalazen et al. (2015) concluíram que glyphosate (540 g e.a. ha-1) + saflufenacil (35 g i.a. ha-1), além de melhorar o controle da Conyza bonariensis, também preveniu o rebrote das plantas. No caso de C. canadensis, 900 g e.a. ha-1 de glyphosate + 25 g i.a. ha-1 de saflufenacil proporcionou controle superior a 95% das plantas (BYKER et al., 2013). Em alguns casos, o controle ineficiente de plantas pelo glyphosate pode ser devido a causas diversas e não à resistência, tais como doses subletais, estádio de desenvolvimento da planta daninha, tecnologia de aplicação ineficiente, alta densidade tricomática e cera epicuticular, dentre outras (PROCÓPIO, 2003; KOGER et al., 2004a). Desta forma, é fundamental determinar se o controle inadequado de plantas daninhas pelo herbicida é devido à resistência ou por outros fatores. Assim, pesquisas relacionadas à ecofisiologia e ao manejo de espécies problemáticas para a agricultura podem contribuir para a elaboração de práticas mais racionais, seguras e eficientes, sem comprometer a produtividade. 2.3 Modo de ação dos herbicidas inibidores da EPSPs Os herbicidas inibidores da EPSPs têm como ingrediente ativo o herbicida N-(fosfonometil) glicina (glyphosate) (KRUSE; TREZZI; VIDAL, 2000). O mecanismo de ação do herbicida glyphosate é atribuído à inibição da EPSPs, que catalisa a reação na qual chiquimato-3-fosfato (S3P) reage com fosfoenolpiruvato (PEP), formando 5-enolpiruvilshikimate-3-fosfato (EPSP) e fosfato inorgânico (MOLDES et al., 2008; REDDY et al., 2008). A inibição da EPSPs leva ao acúmulo de altos níveis de chiquimato nos vacúolos, o que é intensificado pela perda de controle do fluxo de carbono na rota (FEDTKE; DUKE, 2005). Ocorre, ainda, o bloqueio da síntese de três aminoácidos aromáticos: o triptofano, a fenilalanina e a tirosina 23 (ZABLOTOWICZ; REDDY, 2004), que são precursores de compostos como a lignina, alcalóides, flavonóides e ácidos benzóicos (TAN; EVANS; SINGH, 2006). Em plantas suscetíveis tratadas com glyphosate, a molécula do herbicida não se liga à enzima livre, mas ao complexo EPSPs-S3P, impedindo a ligação do PEP, formando o complexo inativo EPSPs-S3P-glyphosate (MONQUERO et al., 2004). Nas plantas, a EPSPs é sintetizada no citoplasma, sendo transportada ao cloroplasto em forma de pré-enzima (pEPSPs). A ligação e inibição do glyphosate à enzima também acontece no citoplasma, formando o complexo glyphosate-pEPSPs-S3P (KRUSE; TREZZI; VIDAL, 2000). A inibição da enzima EPSPs pela ação do glyphosate, afeta a rota metabólica do ácido chiquímico e podem representar até 35% da biomassa vegetal (MONQUERO et al., 2004; GOMES, 2011). De acordo com Velini et al. (2009), cerca de 20% de todo fluxo de carbono nas plantas são processados pela rota do ácido chiquímico. Assim, o efeito mais rápido e drástico da aplicação de glyphosate em plantas sensíveis é o acúmulo de chiquimato (AMRHEIN et al., 1980). O glyphosate é absorvido preferencialmente pelas folhas, translocado principalmente pelo floema, com uma rápida penetração inicial pela cutícula seguida por uma absorção simplástica lenta e, geralmente, segue o fluxo de movimento de fotoassimilados fonte-dreno e se acumula em áreas de crescimento ativo, os meristemas (MONQUERO et al., 2004). Os sintomas típicos de intoxicação das plantas pelo uso deste herbicida são a paralisação do crescimento, o amarelecimento dos meristemas e das folhas jovens, folhas com estrias ou avermelhadas com posterior necrose e morte das plantas (GOMES et al., 2013). A morte da planta sensível ocorre em um período de quatro a 20 dias após o tratamento, sendo exclusiva para tecidos vivos, como folhas, ramos e brotos (VARGAS, 2003). 2.4 Modo de ação dos herbicidas inibidores da PPO Os herbicidas inibidores da enzima protoporfirinogênio oxidase (PPO ou Protox) são produtos não sistêmicos, de controle predominantemente de 24 espécies de plantas daninhas de folha larga (MATZENBACHER et al., 2014). A enzima PPO é encontrada em cloroplastos e mitocôndrias de células vegetais, onde ocorre a biossíntese de clorofila e compostos heme. Entretanto, sua inibição ocasiona o acúmulo de protoporfirinogênio, que se difunde para fora do centro reativo, a qual acontece uma oxidação não-enzimática da mesma (OLIVEIRA JUNIOR, 2011; MATZENBACHER et al., 2014). Dentro das células vegetais, esses herbicidas causam acumulação de compostos que interagem com luz e oxigênio (fotodinâmica de compostos) para produzir oxigênio altamente reativo (O2 singlet), o qual seria responsável, em última instância, pela peroxidação de lipídeos observada nas membranas celulares (HESS, 2000), resultando em perda da clorofila e carotenoides e no rompimento das membranas, o que faz com que as organelas desidratem e se desintegrem rapidamente (OLIVEIRA JUNIOR, 2011). Os herbicidas inibidores da enzima PPO são compostos por vários grupos químicos e moléculas comercializados, desde a década de 1960, e podem ser aplicados na pré-emergência de plantas (flumioxazin, oxadiazona, oxifluorfena, sulfentrazone) ou pós-emergência de plantas daninhas (acifluorfen, fomesafen, lactofen, carfentrazone, flumiclorac e flutiaceto) (FALK; AL-KHATIB; PETERSON, 2006; SENSEMAN, 2007). As folhas de plantas sensíveis atingidas pelos inibidores da PPO tornam- se brancas ou cloróticas, murcham e necrosam em até dois dias após a aplicação (VIDAL, 1997). Doses subletais podem produzir sintomas de bronzeamento das folhas mais novas, ao passo que a deriva de pequenas gotas causa o aparecimento de pequenas manchas brancas nas folhas e, quando aplicados em pré-emergência, estes herbicidas causam a morte das plantas quando partes da plântula entram em contato com a camada de solo tratada (OLIVEIRA JUNIOR, 2011). Herbicidas como o flumioxazin e o carfentrazone, isolados ou em misturas com outros herbicidas como glyphosate e 2,4-D, podem ser utilizados em operações de dessecação pré-plantio, em áreas de semeadura direta, normalmente com o objetivo de acelerar o efeito de dessecação ou de melhorar o controle sobre plantas daninhas específicas (JAREMTCHUK et al., 2008). Biffe et al. (2010) concluíram que glyphosate + 2,4-D + flumioxazin (960 g e.a. + 536 g e.a. + 75 g i.a. ha-1) garantiu controle de 95% em plantas menores de Conyza spp. Desta forma, para mitigar os 25 problemas de plantas daninhas resistentes ao glyphosate e outros herbicidas, os inibidores da PPO aparecem como boa alternativa de manejo. 2.5 Mistura de herbicidas A mistura de herbicidas torna-se promissora no controle de plantas daninhas, uma vez que, pode demonstrar aumento do número de espécies controladas dentro do complexo florístico infestante ( VIEIRA JÚNIOR; JAKELAITIS; CARDOSO, 2015). Ademais, pode ser considerada uma prática benéfica na prevenção de plantas daninhas resistentes ou mesmo tolerantes a herbicidas, principalmente quando se utilizam misturas com diferentes mecanismos de ação (KRUSE; TREZZI; VIDAL, 2000; OWEN; ZELAYA, 2005). Todavia, a alteração ocasionada pela adição de outro composto no tanque de aplicação pode provocar mudanças na absorção, translocação e metabolização dos herbicidas, e consequentemente afetar o desempenho desses produtos (BIANCHI, 2018). A interação de moléculas herbicidas na calda pode acontecer tanto antes como após a aplicação, tanto fora ou dentro da planta (FIGUEIREDO, 2015). Quando os produtos são misturados, podem ocorrer três tipos de interações: antagonística, sinergística e aditiva. A interação sinergística é caracterizada quando ocorre o aumento do controle de determinada planta daninha, devido a uma maior absorção e translocação, ocasionada pelo uso de adjuvantes ou a mistura com outros herbicidas (WANG; LIU, 2007). Já a antagonística é quando a mistura de produtos exerce efeito inferior em comparação à soma dos efeitos dos produtos isolados e, quando o efeito da mistura for igual à soma dos efeitos dos produtos isolados, é considerado interação aditiva (COLBY, 1967). O interesse em misturas que apresentam interação sinergística é evidente, pois podem permitir o uso de menor dose de herbicidas ou aumento da sua eficiência, além de favorecer o controle de plantas daninhas resistentes. Dessa forma, a mistura em tanque de herbicidas, além dos benefícios supracitados, pode ainda reduzir o custo de pulverização e a dose recomendada, consequentemente a 26 minimização de resíduos no solo e de toxicidade à cultura de interesse (MACHADO et al., 2006; QUEIROZ et al., 2014). Por ter um amplo espectro de controle, o glyphosate é combinado com diversos herbicidas de diferentes mecanismos de ação para garantir um melhor manejo. De maneira geral, a mistura de glyphosate com herbicidas de translocação sistêmica tende a ter efeito sinergístico, pois favorece sua absorção e translocação em plantas, como exemplo, os inibidores auxínicos e inibidores da acetolactato sintase (ALS) (BIANCHI, 2018). Entretanto, o tipo de interação resultante das misturas de glyphosate com inibidores da PPO têm sido mais frequentemente antagonística (EUBANK et al., 2013). Herbicidas que apresentam como sintoma a rápida necrose podem causar a disrupção da membrana celular, inibindo a absorção e translocação de outros herbicidas, quando aplicados em mistura (EUBANK et al., 2013). Agostineto et al. (2016) verificaram que glyphosate, carfentrazone e saflufenacil, quando aplicados de maneira isolada, apresentaram eficácia inferior à aplicação da mistura de glyphosate + carfentrazone ou glyphosate + saflufenacil, que proporcionaram controle mais rápido e intenso. Inoue et al. (2012), observaram que a eficiência da associação de herbicidas (glyphosate + carfentrazone e glyphosate + saflufenacil) sobre plantas adultas de Crotalaria spp. foi superior a aplicação isolada dos respectivos herbicidas. Ramires et al. (2010) concluíram que a mistura de glyphosate com carfentrazone aumentou a eficiência de controle de plantas daninhas, dentre outros motivos, segundo Werlang e Silva (2002), por aumentar a velocidade de controle. Em outro trabalho, a adição de glyphosate permitiu a redução da dose de saflufenacil, mantendo o mesmo controle da C. canadensis. A dose de 25 g i.a. ha-1 de saflufenacil em mistura com glyphosate (840 g e.a. ha-1), proporcionou controle semelhante à aplicação de 50 g i.a. ha-1 de saflufenacil isoladamente (MELLENDORF et al., 2013). Desta forma, faz-se necessário pesquisas que elucidem as interações de glyphosate em mistura com herbicidas inibidores da PPO, em pós-emergência, a fim de otimizar as estratégias de controle da Conyza sumatrensis. 27 3 MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois experimentos, em casa de vegetação, no Núcleo de Pesquisas Avançadas em Matologia (NUPAM), pertencente ao Departamento de Proteção Vegetal da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Botucatu - SP. Para obtenção do biótipo em estudo, foram coletadas sementes de apenas uma planta de Conyza spp., não controlada após aplicação de glyphosate, em área de cultivo de grãos e histórico de uso desse herbicida, no município de Assis Chateaubriand - PR, latitude 24º16’53,8’’S e longitude 53º30’47,5’’O. Após a coleta das sementes, realizou-se a semeadura em bandejas de polietileno contendo substrato comercial (Carolina Soil®), composto por turfa de esfagno, vermiculita expandida, calcário dolomítico, gesso agrícola e fertilizante NPK. O pH em 5,5 (±0,5); condutividade elétrica de 0,7 (±0,3) mS cm-1; densidade (umidade 50%) = 145 kg m-3 e CTC = 1200 mmolc dm-3, conforme descrição do fabricante. Quando as plântulas atingiram cerca de 3 cm de altura, foram transplantadas para vasos de 0,35 L, contendo o mesmo substrato e mantidas em casa de vegetação para a realização dos experimentos 1 e 2. Posteriormente, foram realizados estudos morfológicos do biótipo e classificado como Conyza sumatrensis. Em ambos experimentos, as aplicações foram realizadas por pulverizador estacionário (Figura 1) localizado em ambiente fechado, equipado com uma barra de pulverização contendo quatro pontas XR11002-VS, espaçadas em 0,5 m e posicionadas a 0,5 m de altura em relação às plantas, que estavam com cerca de 20 folhas (Figura 2). A pressão de trabalho foi de 196,13 kPa, pressurizado por ar comprimido e a velocidade de deslocamento foi 3,6 km h-1 para obter taxa de aplicação de 200 L ha-1. 28 Figura 1. Pulverizador estacionário com as unidades experimentais no decorrer da aplicação. Botucatu. 2017. Figura 2. Visualização do estádio vegetativo das plantas de Conyza sumatrensis no dia da aplicação. Experimento 1. 1ª época. Botucatu. 2017. 29 3.1 Experimento 1: Curva de dose-resposta de flumioxazin e sulfentrazone em mistura com glyphosate O experimento 1 foi replicado em duas épocas, caracterizado como 1ª e 2ª época, nos quais ocorreram nos meses de novembro a dezembro de 2017 e junho a julho de 2018, respectivamente. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com cinco repetições, cada uma representada por um vaso contendo uma planta. Os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de flumioxazin, sulflentrazone e glyphosate aplicados isoladamente, por doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) e doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), totalizando 35 tratamentos. As diferentes doses foram: 0,0, 112,5, 225,0, 450,0, 900,0, 1800,0 e 3600,0 g e.a. ha-1 de glyphosate (Roundup Original®), 0,0, 6,25, 12,5, 25,0, 50,0, 100,0 e 200,0 g i.a. ha-1 de flumioxazin (Flumyzin 500®) e 0,0, 75,0, 150,0, 300,0, 600,0, 1200,0 e 2400,0 g i.a. ha-1 de sulfentrazone (Boral 500®). Devido à ausência de indicação de controle de Conyza sumatrensis em bula do Roundup Original®, escolheu-se 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, com base na dose indicada para C. bonariensis. 3.2 Experimento 2: Curva de dose-resposta de glyphosate em mistura com flumioxazin e sulfentrazone O experimento 2 foi replicado em duas épocas, caracterizado como 1ª e 2ª época, nos quais ocorreram nos meses de novembro a dezembro de 2017 e junho a julho de 2018, respectivamente. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com cinco repetições, cada uma representada por um vaso contendo uma planta. Os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de glyphosate aplicados 30 isoladamente, por doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) e doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), totalizando 21 tratamentos. As diferentes doses foram: 0,0, 112,5, 225,0, 450,0, 900,0, 1800,0 e 3600,0 g e.a. ha-1 (Roundup Original®). Devido à ausência de indicação de controle em pós-emergência de Conyza sumatrensis em bula do Flumyzin® e Boral 500®, a escolha de 50 g i.a. ha-1 e 600 g i.a. ha-1, respectivamente, foi baseada na dose indicada para o controle em pré-emergência de outras espécies de folha larga. 3.3 Avaliações experimentais Foram realizadas avaliações visuais de controle aos 7, 14, 21 e 28 dias após aplicação (DAA) dos herbicidas, atribuindo-se notas de controle em comparação ao tratamento sem aplicação de herbicidas, considerando-se “zero” para ausência de sintoma e “100%” para o controle total, representado pela morte da planta, conforme SBCPD (1995). A matéria seca da parte aérea das plantas (MSPA) foi quantificada aos 28 DAA. Para isso, as plantas foram cortadas na região do colo e secadas em estufa de circulação de ar forçado a 60 °C, até atingir massa constante. A partir desses valores, foi subtraída a MSPA da média de 15 plantas cortadas no dia da aplicação. Portanto, a MSPA dos tratamentos, juntamente com a testemunha, foi equivalente ao incremento dessa variável após a aplicação e, apresentadas em percentagem em relação à testemunha, conforme eq. 1. As MSPA foram determinadas através de balança de precisão de quatro casas decimais. 𝑀𝑆𝑃𝐴 (%) = 𝑇𝑟𝑎𝑡. − 𝑇𝑒𝑠𝑡. 1 𝑇𝑒𝑠𝑡. 2 − 𝑇𝑒𝑠𝑡. 1 𝑥 100 em que: MSPA (%) = percentagem de matéria seca da parte aérea após aplicação; Trat. = matéria seca do tratamento aos 28 dias após aplicação; Test.1 = matéria (eq. 1) 31 seca da parte aérea da testemunha no dia da aplicação; Test.2 = matéria seca da parte aérea da testemunha aos 28 dias da aplicação. 3.4 Análises estatísticas 3.4.1 Controle de Conyza sumatrensis Os dados de controle foram submetidos à análise de variância e teste F a 5% de probabilidade. Quando significativos, foram ajustados pelo modelo de regressão não linear do tipo log-logístico (“LL.3”) proposto por Streibig et al. (1988) (eq.2). Quando ajustado pelo modelo, foi elaborada a curva de dose-resposta para determinação da percentagem do controle observado. Também foi calculado o C50 e C80, demostrado em tabela, correspondentes a dose que promove 50% e 80% de controle das plantas. 𝑦 = 𝑎 1 + ( 𝑥 𝑏 ) 𝑐 em que, na eq. 2: y = percentual de controle; x = dose do herbicida; a = diferença entre o ponto máximo e mínimo da curva; b = ponto de inflexão da curva; c = declividade da curva em torno de b. Os ajustes do modelo e gráficos foram realizados através do software SigmaPlot 12.5. 3.4.2 Matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis Os dados de matéria seca da parte aérea (MSPA) foram submetidos à análise de variância e aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Quando significativos, os dados foram ajustados ao modelo de regressão não linear do tipo log-logístico (“LL.4”) proposto por Streibig et al. (1980) (eq.3). Quando ajustado pelo modelo, foi elaborada a curva de dose-resposta para determinação da percentagem (eq. 2) 32 de matéria seca da parte aérea (MSPA). Também, foi calculado o GR50 e GR80, demostrado em tabela, correspondentes a dose que reduz 50% e 80% da MSPA. 𝑦 = 𝑑 + 𝑎 1 + ( 𝑥 𝑏 ) 𝑐 em que, na eq. 3: y = percentual de matéria seca da parte aérea (MSPA); x = dose do herbicida; a = diferença entre o ponto máximo e mínimo da curva; b = ponto de inflexão da curva; c = declividade da curva em torno de b; d = limite inferior. Os ajustes do modelo e gráficos foram realizados através do software SigmaPlot 12.5. 3.4.3 Interação da mistura de herbicidas Para as interações das misturas de herbicidas, antagonística, aditiva ou sinergística, foi calculado o controle esperado da mistura conforme o modelo proposto por Colby (1967) (eq. 3). 𝐸 = 100 − (100 − 𝑋) 𝑥 (100 − 𝑌) 100 em que: E = percentagem de controle esperada pela mistura; X e Y = são a percentagem de controle obtido pelo herbicida X e Y aplicado isoladamente, respectivamente. Para a determinação da interação resultante da mistura em tanque dos herbicidas no controle de Conyza sumatrensis, controle esperado e controle observado foram comparados através de suas médias pelo teste t de Student, e quando significativo a 5% de probabilidade, a interação da mistura observada dos herbicidas foi classificada como antagonística ou sinergística, e o percentual dessa (eq. 3) (eq. 3) 33 interação determinado conforme eq. 4. Valores negativos e positivos, referem-se à interação antagonística e sinergística, respectivamente. Nas tabelas, as interações foram representadas por meio de escala de tonalidade da cor, antagonística em vermelho e sinergística em verde. Quando não significativo pelo teste t de Student, não se observou interação dos herbicidas em mistura e, portanto, foi considerada interação aditiva. 𝐼 = ( 𝑂 𝐸 − 1) 𝑥 100 em que: I = percentagem da interação da mistura; O = percentagem de controle observado pela mistura; E = percentagem de controle esperada pela mistura. (eq. 4) 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Experimento 1 O comportamento de controle da Conyza sumatrensis, ao decorrer do período de avaliações, pela aplicação isolada de doses do herbicida flumioxazin estão demonstrados na Figura 3. Observou-se que aos 7 e 14 dias após aplicação (DAA) ocorreu maior controle, em ambas as épocas, com posterior redução de controle nas avalições de 21 e 28 DAA. Quanto a análise da curva de dose-resposta do herbicida flumioxazin, aos 28 DAA, observou-se ajuste significativo para as duas épocas (Tabela 1). Foi visualizado que flumioxazin proporcionou baixa eficiência de controle de Conyza sumatrensis aos 28 DAA (Figura 4 e 5), em ambas épocas, sendo que na dose máxima, o controle não ultrapassou 15%. Esses resultados confirmaram a ausência de indicação em bula de flumioxazin para o controle de C. sumatrensis em pós-emergência. 35 Figura 3. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de flumioxazin da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 36 Tabela 1. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de flumioxazin, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor 0,0001 0,0004 CV (%) 55,59 46,09 PARÂMETROS a 1100,8109 3,0886 b -0,3154 -4,9337 x0 335862767,7737 5,2035 R2 0,7866 0,8164 Desv. Pad. da estimativa 2,3738 0,6717 C50 21522,8 i.c. C80 104703,7 i.c. C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente; i.c. = impossibilidade de controle. Figura 4. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação de flumioxazin, e ajuste da curva de dose-resposta pelo modelo “LL.3”, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 37 Figura 5. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de flumioxazin. 1ª época. Botucatu. 2017. Quanto à matéria seca da parte aérea (MSPA) da C. sumatrensis, não se observou diferença significativa entre as doses de flumioxazin para ambas épocas (Tabela 2), ou seja, as aplicações de flumioxazin não diferiram da testemunha (sem aplicação). Tal resultado pode ter ocorrido devido a variabilidade dos dados (Figura 6). Quanto à literatura, são poucas pesquisas que avaliaram o efeito da aplicação de flumioxazin isolado na redução da MSPA de Conyza sumatrensis. Tabela 2. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA) e coeficiente de variação (CV) da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis a partir da aplicação de doses de flumioxazin, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor 0,2751 0,3734 CV (%) 7,57 25,86 38 Figura 6. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de flumioxazin em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. Com relação a aplicação de sulfentrazone isolado no controle da C. sumatrensis, observou-se que o herbicida proporcionou efeito de toxicidade de forma rápida, com resultados expressivos do controle aos 7 DAA em ambas épocas. (Figura 7). Na 1ª época, atingiu-se bons níveis de controle da C. sumatrensis aos 7 DAA, e manteve-se esse comportamento nas doses a partir de 600 g i.a. ha-1 de sulfentrazone, entretanto, houve recuperação nas doses inferiores. Para a 2ª época, o controle da C. sumatrensis foi menor em comparação à época anterior, com diminuição do controle das plantas em todas as doses de sulfentrazone, e recuperação total para as menores doses. O controle de Conyza sumatrensis por sulfentrazone aos 28 DAA, através da análise de variância, indicaram diferenças entre as doses para ambas épocas, e ajuste de regressão da curva de dose-resposta pelo modelo “LL.3” (Tabela 3). 39 Embora, até os dias atuais, não há indicação em bula de sulfentrazone para o controle de nenhuma espécie de planta daninha em pós-emergência, bem como o controle de Conyza sumatrensis em pré-emergência, a aplicação do herbicida foi considerada satisfatória na 1ª época, atingindo controle de 82% na dose de 600 g i.a. ha-1, sendo esta a dose próxima à indicada para outras espécies de plantas daninhas de folha larga em pré-emergência (Figura 8 e 9). Considerando esse resultado, o sulfentrazone pode ser uma ferramenta no manejo de Conyza sumatrensis em pós-emergência. Também nessa época, a dose de 1200 g i.a. ha-1 e 2400 g i.a. ha-1, resultaram o controle de 96% e 100% da C. sumatrensis, respectivamente. Já na 2ª época, o controle foi moderado nos primeiros dias após a aplicação, e controle máximo de 26% pela aplicação de 2400 g i.a. ha-1 de sulfentrazone (Figura 8). A diferença de controle observada entre as épocas pode ser explicada pelas diferentes condições climáticas, a qual a 1ª época foi realizada na primavera/verão e a 2ª época em outono/inverno. O controle inexpressivo de C. sumatrensis pelo sulfentrazone na 2ª época pode estar relacionado à baixa transpiração das plantas decorrido após aplicação devido à menor temperatura e fotoperíodo, reduzindo a absorção e qualquer mínima translocação do herbicida. Os resultados referentes ao sulfentrazone obtidos no presente estudo discordam de Inacio e Monquero (2013), que verificaram controle insatisfatório de Conyza bonariensis e Conyza canadensis pela aplicação de 600 g i.a. ha-1 de sulfentrazone, em que aos 28 DAA proporcionou controle de 24% e 18% para as espécies, respectivamente. Devido a divergência de resultados, novos estudos são necessários para elucidar a eficácia de sulfentrazone em diversas condições de cultivo. 40 Figura 7. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de sulfentrazone da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 41 Tabela 3. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de sulfentrazone, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 0,0034 CV (%) 18,84 141,21 PARÂMETROS A 101,0097 26,2000 B -2,0044 -30,4928 x0 288,5667 620,9868 R2 0,9528 0,6837 Desv. Pad. da estimativa 10,9820 9,0686 C50 285,7 i.c. C80 562,3 i.c. C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente; i.c. = impossibilidade de controle. Figura 8. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação de sulfentrazone, e ajuste da curva de dose-resposta pelo modelo “LL.3”, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 42 Figura 9. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de sulfentrazone. 1ª época. Botucatu. 2017. Para a avaliação da MSPA de C. sumatrensis, foi observada diferença entre as doses aplicadas de sulfentrazone, e ajuste da curva de dose-resposta pelo modelo para 1ª e 2ª época (Tabela 4). O GR50 foi obtido em doses consideradas baixas, 239,6 g i.a. e 274,0 g i.a. ha-1 de sulfentrazone, quando comparadas às indicadas para o controle de outras espécies de plantas daninhas em pré-emergência. De acordo com a curva de dose-resposta desse herbicida, aos 28 DAA, notou-se que a dose de 600 g i.a. ha-1 reduziu 87,0% e 56,0% da MSPA para 1ª e 2ª época, respectivamente (Figura 10). Nas doses superiores à mencionada, os acréscimos em termos de redução da MSPA foram mínimos, não havendo razão para o uso das mesmas. 43 Tabela 4. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de sulfentrazone, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 0,0086 CV (%) 28,74 48,08 PARÂMETROS A 94,2451 62,0183 B 2,0313 1,0026 y0 -2,1710 37,6642 x0 266,3383 68,2766 R2 0,9602 0,8397 Desv. Pad. da estimativa 11,4223 13,1694 GR50 239,6 274,0 GR80 475,8 i.r.m.s. GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha; i.r.m.s. = impossibilidade de redução da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. 44 Figura 10. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de sulfentrazone em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. Outro herbicida estudado foi a aplicação isolada de glyphosate em C. sumatrensis, em que o comportamento de controle ao longo as avaliações, para ambas épocas, estão visualizados na Figura 11. Pode-se verificar na 1ª época que o controle foi mais pronunciado aos 21 DAA, e que após essa avaliação, houve recuperação das plantas. Já na 2ª época, houve uma tendência de estabilidade do controle da C. sumatrensis, a partir dos 14 DAA, e aumento desse nas doses a partir de 1800 g e.a. ha-1 de glyphosate. Os parâmetros do ajuste do modelo “LL.3” para o controle aos 28 DAA da C. sumatrensis podem ser verificados na Tabela 5. As doses proporcionaram controle significativamente diferentes, resultando em C50 de 3051,7 g e.a. e 1490,3 g e.a. ha-1 de glyphosate, na 1ª e 2ª época, respectivamente, e com doses superiores ao dobro dessas para obtenção do C80. Verificou-se que o controle foi 45 superior na 2ª época, realizada em condições mais frias. Esse resultado diverge da literatura, em que é observado controle inferior de plantas daninhas pela aplicação de glyphosate quando em condições mais amenas, devido menor translocação e absorção desse herbicida (GANIE; JUGULAM; JHALA, 2017). As doses observadas para o C50 foram maiores que as doses encontradas por Lamego e Vidal (2008), para o controle de outras espécies resistentes ao glyphosate, sendo de 677 g e.a. e 705 g e.a. ha-1 de glyphosate, para o controle de Conyza bonariensis e Conyza canadensis, respectivamente. Através das curvas de dose-resposta aos 28 DAA da C. sumatrensis, nas duas épocas, verificou-se que o controle foi baixo pela aplicação de 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, dose próxima à indicada para o controle de outras espécies de plantas daninhas (Figura 12). Na 2ª época, o controle da Conyza sumatrensis foi considerado satisfatório (82,5%) pela aplicação de 3600 g e.a. ha-1 de glyphosate. Através desses resultados, o biótipo de Conyza sumatrensis em estudo pode ser considerado como resistente ao glyphosate (Figura 13). 46 Figura 11. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 47 Tabela 5. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 30,95 40,28 PARÂMETROS A 44208,6358 43650,7254 B -0,5075 -0,5691 x0 1947859022,6978 218892919,4719 R2 0,9657 0,9836 Desv. Pad. da estimativa 4,1608 4,4780 C50 3051,7 1490,3 C80 7714,9 3407,7 C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente. Figura 12. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação de glyphosate, e ajuste da curva de dose-resposta pelo modelo “LL.3”, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 48 Figura 13. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de glyphosate. 1ª época. Botucatu. 2017. Ainda com relação à aplicação de glyphosate sobre C. sumatrensis, aos 28 DAA, para a MSPA houve diferença significativa entre as doses aplicadas para ambas épocas e ajuste do modelo da curva de dose-resposta. Os parâmetros do modelo estão apresentados na Tabela 6. Verifica-se o GR50 das duas épocas são de 1716,0 g e.a. e 508,6 g e.a. ha-1, respectivamente. Os GR50 observados foram superiores quando comparada aos dados encontrados na literatura para controle do biótipo suscetível, como 121,02 g e.a. ha-1 de glyphosate (PINHO et al., 2019). Dentre o mecanismo provável e mais difundido da resistência ao glyphosate da C. sumatrensis, é a superexpressão gênica, como observado por Schneider (2018). Entre as épocas, a redução da MSPA foi mais intensa na 2ª época, na qual as doses de 1800 g e.a. e 3600 g e.a. ha-1 causaram redução de 78,7 e 87,9%, respectivamente (Figura 14). Já na 1ª época, a redução foi menor, sendo 65,4% na maior dose de glyphosate. Para a concentração de 900 g e.a. ha-1, a redução da MSPA foi de 39,0 e 64,5%, em ordem de condução das épocas. Esses resultados demonstram que o glyphosate proporcionou controle insuficiente, principalmente na faixa de dose comumente utilizada nas áreas de produção. 49 Tabela 6. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de glyphosate, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 18,18 35,55 PARÂMETROS A 271,7625 99,9440 B 0,4575 1,0613 y0 -171,5407 1,5456 x0 43992,9714 480,3309 R2 0,9931 0,9655 Desv. Pad. da estimativa 2,6022 8,8615 GR50 1716,0 508,6 GR80 6564,8 1946,6 GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. Figura 14. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de glyphosate em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 50 Com relação a mistura em tanque de herbicidas, foi estudado o controle da Conyza sumatrensis pela aplicação de 900 g e.a. ha-1 de glyphosate em mistura com doses de flumioxazin, os quais os controles da mistura após a aplicação, pelas avaliações visuais das duas épocas, podem ser observados na Figura 15. Na 1ª época, a mistura das doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) resultou em controle da C. sumatrensis acima de 80% nos primeiros dias após a aplicação e, que diferentemente do uso de flumioxazin isolado, os sintomas, na mistura, foram semelhantes à herbicidas imóveis, ou seja, de rápida necrose do tecido foliar. Entretanto, a partir do 7 DAA, o controle foi diminuído pela recuperação da C. sumatrensis do efeito causado pela mistura. Em outros trabalhos de dessecação de manejo de plantas daninhas de forma semelhante se observou aceleração na velocidade de dessecação da mistura de glyphosate + flumioxazin (MONQUERO; CHRISTOFFOLETI; SANTOS, 2001; MACIEL; CONSTANTIN, 2002; JAREMTCHUK et al., 2008). Também Oliveira Neto et al. (2013), a utilização de sistemas de manejo que incluam herbicidas com atividade residual no solo não altera a eficácia de dessecação de plantas daninhas e proporciona benefícios adicionais como maior velocidade e controle residual dos novos fluxos de plantas daninhas que emergem no início do ciclo das culturas. Conforme ocorre nas propriedades rurais, tornou-se comum a mistura de glyphosate com outros herbicidas, com intuito de otimizar o controle da Conyza spp. resistente ao glyphosate (CULPEPPER, 2006; WILSON et al., 2007). Através da análise de variância, observou-se que houve diferença significativa entre as doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) apenas na 1ª época, ou seja, diferenciação de controle quando comparada a aplicação isolada de glyphosate (Tabela 7). Mas, devido a variabilidade do controle pelas misturas, não foi possível ajustar os dados ao modelo “LL.3”. Aos 28 DAA, o controle da Conyza sumatrensis na 1ª época ficou próximo de 45%, sendo considerado controle insatisfatório, mesmo nas doses superiores (Figura 16 e 17). A utilização de flumioxazin em mistura com glyphosate e/ou 2,4-D tem aumentado os níveis de controle (MOREIRA et al., 2010; OLIVEIRA NETO et al., 2010). Já na 2ª época, o controle pelas doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) ficou próximo de 35%, demonstrando que a mistura auxiliou no 51 controle da Conyza sumatrensis, quando comparada à aplicação desse herbicida isoladamente. Em trabalho conduzido por Moreira et al. (2010), observaram que a associação de flumioxazin + glyphosate não resultou em controle eficaz, aos 28 DAA, da população de Conyza spp., não diferindo do glyphosate aplicado isoladamente. Quando se trabalha com mistura em tanque, deve-se conhecer o comportamento do controle da planta daninha pelos herbicidas aplicados de forma conjunta, bem como seria a sua resposta pela aplicação sequencial desses isoladamente. Este estudo demostra se, na mistura, os herbicidas estão beneficiando um ao outro ou estão atuando de forma paralela, ou até mesmo inibindo o efeito do outro. Na Tabela 8, apresenta-se o efeito das interações de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1). Verificou-se que durante a 1ª época, a maioria das doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) foi sinergística no controle da Conyza sumatrensis em quase totalidade das avaliações, chegando a valores superiores a 300%. Nessa mesma época, o efeito sinergístico foi maior nas primeiras avaliações, em que, possivelmente, o glyphosate potencializou o flumioxazin, acelerando a degradação dos tecidos das plantas. Tal fato ocorreu, provavelmente, devido ao aumento da absorção de um herbicida pelo outro, ou, pela complementaridade. Na 2ª época, a interação sinergística manteve-se até a avaliação dos 14 DAA, e nas demais a interação de todas misturas foram aditivas ou antagonísticas. Tal fato pode ter ocorrido devido pequena limitação de um ou de ambos herbicidas quando em mistura, em comparação ao controle dos herbicidas isolados. A interação aditiva evidencia que a aplicação da mistura em tanque desses herbicidas não possui efeitos de diminuição no controle exercido pelo outro e sinergística quando há aumento do controle em relação às aplicações separadas (WANG; LIU, 2007). 52 Além das vantagens descritas acima, a mistura em tanque de herbicidas propicia redução de custos, do número de entradas na área, de combustível e do volume de água, menor compactação do solo, e menor tempo de exposição do trabalhador ao produto fitossanitário (MATTOS et al., 2002). Figura 15. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 53 Tabela 7. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1), da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª rep. exp. 2ª rep. exp. P-value <0,0001 0,1147 CV (%) 20,71 7,37 Figura 16. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação, pela aplicação de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) na 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 54 Figura 17. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1). 1ª época. Botucatu. 2017. Tabela 8. Efeitos das interações de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) no controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. n.s. = interação aditiva da mistura; * = significativo a 5%; ** = significativo a 1%; *** = significativo a 0,1%; em verde corresponde ao efeito sinergístico e em vermelho ao efeito antagonístico. Com relação à MSPA de Conyza sumatrensis aos 28 DAA, a mistura de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1), de maneira semelhante ao controle visual, foram significativamente diferentes apenas para 1ª época (Tabela 9). glyphosate flumioxazin 900,0 6,25 336 *** 126 *** 85 *** 49 *** 69 *** 900,0 12,5 332 *** 122 *** 78 *** 29 *** 14 *** 900,0 25,0 317 *** 118 *** 68 *** 27 *** 29 *** 900,0 50,0 297 *** 114 *** 57 *** - n.s. - n.s. 900,0 100,0 271 *** 110 *** 44 *** 17 ** 49 *** 900,0 200,0 243 *** 107 *** 31 *** 28 *** 24 * 900,0 75,0 87 *** 5 *** 65 *** -1 *** -18 *** 900,0 150,0 93 *** 14 *** 77 *** - n.s. -13 * 900,0 300,0 98 *** 16 *** 85 *** - n.s. - n.s. 900,0 600,0 100 *** 17 *** 78 *** - n.s. - n.s. 900,0 1200,0 100 *** 17 *** 79 *** -10 * - n.s. 900,0 2400,0 99 *** 16 *** 77 *** -5 * - n.s. g ha -1 1ª Épocas 7 14 21 28 Avaliações (DAA) 4 2ª 55 Na 2ª época, a mistura de flumioxazin + glyphosate não diferiu da aplicação do glyphosate isolado. Quanto à 1ª época, a aplicação de 6,25 g i.a. ha-1 de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1), determinada pelo modelo “LL.3”, contribuiu para a redução de 14% da MSPA da C. sumatrensis, em comparação ao glyphosate isolado, elevando a redução a 53% quando comparada à testemunha (Figura 18). Observou-se nessa época, que a associação de pequenas doses de flumioxazin na mistura auxiliou na redução da MSPA da C. sumatrensis, já que as respostas em doses superiores foram mínimas, e o efeito do flumioxazin + glyphosate, em pós-emergência, foi favorecido por décimos da dose indicada em pré-emergência para outra espécie do genêro Conyza. Tabela 9. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1), aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor 0,0143 0,1393 CV (%) 18,46 35,60 PARÂMETROS A 123,4158 - B 0,1283 - y0 -64,3822 - x0 248642964,3212 - R2 0,6992 - Desv. Pad. da estimativa 5,4020 - GR50 0,6 - GR80 610902,4 - GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. 56 Figura 18. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de flumioxazin + glyphosate (900 g e.a. ha-1) em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. Outra mistura em tanque de herbicidas estudada para o controle de Conyza sumatrensis foi sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1). Assim como observado com a mistura anterior, a associação de pequena dose de sulfentrazone em mistura com glyphosate, causou acentuado controle da planta daninha desde o início das avaliações (Figura 19). Os controles foram superiores na 1ª época, provavelmente, devido condições como maior fotoperíodo e temperatura, favorecendo a atuação de herbicidas como sulfentrazone, via de regra, os herbicidas inibidores da PPO. As diferentes doses de sulfentrazone + 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, aos 28 DAA, para o controle da C. sumatrensis foram significativamente diferentes, em ambas épocas, quando comparadas com a aplicação isolada de glyphosate. Entretanto, não foi possível o ajuste do modelo “LL.3” na 2ª época, mas os valores variaram entre 34% e 64% (Tabela 10). Verifica-se na Figura 20, que na 1ª época o 57 controle foi de 84% e 95% nas doses de 1200 g i.a. e 2400 g i.a. ha-1, respectivamente. Nessa época, o controle pela associação de sulfentrazone foi superior em relação às misturas contendo flumioxazin (Figura 21). Alguns autores já têm avaliado a utilização de sulfentrazone associado ao glyphosate para o controle de Conyza spp. em pós-emergência, entretanto, os resultados são variáveis. Moreira et al. (2010) observaram controle de apenas 35% para as misturas de glyphosate (1440 g e.a. ha-1) + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1). Já em pesquisa conduzida por Paula et al. (2011), o controle foi de 67% com a aplicação de 1080 g e.a. ha-1 de glyphosate + 400 g i.a. ha-1 de sulfentrazone. Apesar do controle, em pós-emergência, pela associação de sulfentrazone em misturas não ser satisfatório em determinadas situações (como observado na 2ª época), seu uso pode ser vantajoso, durante o manejo de limpeza, com o intuito de proporcionar efeito residual para controlar outras plantas daninhas de folha larga (OSIPE et al., 2014; MATTE et al., 2019). Constituindo uma ferramenta contra à resistência das plantas daninhas aos herbicidas. Os resultados da interação pela aplicação das misturas de glyphosate + sulfentrazone no controle de Conyza sumatrensis, estão demonstrados na Tabela 11. Observou-se que durante a 1ª época, a associação de sulfentrazone, até a dose de 300 g i.a. ha-1, em mistura com glyphosate, resultou em efeitos que variaram entre aditivos e sinergísticos. Tal fato pode ter ocorrido devido em doses pequenas de sulfentrazone ter sido favorecido em mistura com glyphosate e, em doses acima de 600 g i.a. ha-1, o glyphosate limitou a atuação do sulfentrazone no controle da C. sumatrensis, se comportando como interação aditiva ou suavemente antagonística, para todas as avaliações durante o período. Os resultados observados durante a 2ª época, até aos 7 DAA, verificou-se que a mistura de glyphosate + sulfentrazone foi antagonística, pois reduziu o controle da C. sumatrensis quando comparada com o controle esperado pela mistura. Isso ocorreu, pois, a aplicação de sulfentrazone isolado resultou em rápida toxicidade às plantas, limitando o efeito do glyphosate. Aos 14 DAA, houve interação sinergística para quase a totalidade das misturas. Nas avaliações de 21 e 28 DAA, observou-se que nas doses até 150 g i.a. ha-1 de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), houve efeito sinergístico das misturas, já visualizado que doses 58 pequenas de sulfentrazone adicionado ao glyphosate causa aumento expressivo no controle da C. sumatrensis. A partir de 300 g i.a. ha-1 de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), a maioria das misturas variaram entre antagonística à aditiva, possivelmente, devido a redução da ação do glyphosate, pela limitação da translocação na planta. Figura 19. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1) da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 59 Tabela 10. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0182 CV (%) 12,07 37,65 PARÂMETROS A 1410,7996 - B -0,1974 - x0 1420945202,0251 - R2 0,8154 - Desv. Pad. da estimativa 12,8127 - C50 76,6 - C80 926,9 - C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente. Figura 20. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação, e ajuste da curva de dose-resposta de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1) pelo modelo “LL.3”, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 60 Figura 21. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1). 1ª época. Botucatu. 2017. Tabela 11. Efeitos das interações de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1) no controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. n.s. = interação aditiva da mistura; * = significativo a 5%; ** = significativo a 1%; *** = significativo a 0,1%; em verde corresponde ao efeito sinergístico e em vermelho efeito antagonístico. Com relação aos resultados observados quanto à MSPA, pela mistura em tanque de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), houve diferenças entre as glyphosate sulfentrazone 900,0 75,0 8 * 92 *** 59 *** 24 ** 58 *** 900,0 150,0 2 ** 33 *** 29 *** - n.s. 33 *** 900,0 300,0 - n.s. - n.s. 9 *** - n.s. - n.s. 900,0 600,0 -6 *** -4 *** 0 *** -9 *** -15 *** 900,0 1200,0 -8 *** - n.s. - n.s. -7 * - n.s. 900,0 2400,0 -10 * - n.s. - n.s. - n.s. - n.s. 900,0 75,0 -41 *** -19 *** 34 *** 42 ** 64 * 900,0 150,0 -43 *** -22 *** 19 *** 16 *** 49 * 900,0 300,0 -40 *** -23 *** 9 *** -20 *** -2 ** 900,0 600,0 -34 *** -23 *** 3 *** -23 *** - n.s. 900,0 1200,0 -26 *** -22 *** 0 *** -37 *** -38 *** 900,0 2400,0 -16 * -21 ** -2 *** - n.s. - n.s. g ha -1 1ª Épocas 7 14 21 28 Avaliações (DAA) 4 2ª 61 doses de sulfentrazone em mistura e ajuste significativo do modelo para as duas épocas (Tabela 12). Na Figura 22, observou-se que na 1ª época os valores de MSPA foi reduzido à metade, em comparação a aplicação de glyphosate isolada, pela dose de 95 g i.a. ha-1 de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), caracterizando-se como dose pequena e com ótima viabilidade. A aplicação de 365 g i.a. ha-1 de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), causou redução da MSPA de 80%, em comparação à testemunha. Na 2ª época, a aplicação de glyphosate isolado reduziu 60% e, quando em mistura com 7 g i.a. e 620 g i.a. ha-1 de sulfentrazone, reduziu 70% e 80% da MSPA, respectivamente, demostrando nessa época que pequena dose de sulfentrazone foi suficiente para o aumento do controle da C. sumatrensis. Tabela 12. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1), aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 0,0238 CV (%) 52,58 50,32 PARÂMETROS A 402,1511 209,6220 B 0,2277 0,1642 y0 -343,0794 -169,3651 x0 6538477,1111 506031361,1136 R2 0,9889 0,7893 Desv. Pad. da estimativa 2,7640 5,9099 GR50 0,4 r.o. GR80 366,1 619,9 GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha; r.o. = redução obtida pelo glyphosate isolado. 62 Figura 22. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1) em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 63 4.2 Experimento 2 Os resultados de controle pelas doses de glyphosate em Conyza sumatrensis, ao decorrer das épocas, estão observados na Figura 23. Verificou-se que houve tendência de recuperação da planta daninha. Observou-se que houve diferenças significativas, através da análise de variância, entre as doses no controle da C. sumatrensis, e os parâmetros de ajuste pelo modelo “LL.3” das curvas de dose-resposta referente ao controle aos 28 DAA, para ambas épocas, estão na Tabela 13. Através desses resultados, verifica-se que foi praticamente impossível obter o C50, demonstrando evidente suspeita de resistência do biótipo de C. sumatrensis ao glyphosate. A curva de dose-resposta de controle da C. sumatrensis, aos 28 DAA, pela aplicação de glyphosate, foram semelhantes entre as épocas (Figura 24), e o controle foi pouco influenciado a partir de 900 g e.a. ha-1, principalmente para a 1ª época (Figura 25), dose essa que controlou 26% e 29%, para 1ª e 2ª época, respectivamente. Na 2ª época, o controle de 42% foi alcançado através da dose de 3600 g e.a. ha-1 de glyphosate, evidenciando controle insuficiente da C. sumatrensis pela aplicação da maior dose do herbicida. Vargas et al. (2007) verificaram que a dose de 720 g e.a. ha-1 glyphosate controlou determinado biótipo suscetível de C. bonariensis, mas que o controle de biótipo resistente foi de apenas 30%. Similarmente, em biótipos resistentes ao glyphosate, quando aplicado 720 g e.a. ha-1, o controle foi inferior a 60% (LAMEGO; VIDAL, 2008) ou 30% (MOREIRA et al., 2007), enquanto os biótipos suscetíveis mostraram controle total. Alternativas de manejo, como a integração de métodos ou mesmo a mistura com herbicidas de outros mecanismos de ação, se fazem necessárias a fim de otimizar seu controle. Outro fator que pode implicar em dificuldades no manejo de espécies de Conyza spp. é o tamanho da planta no momento da aplicação (SHRESTHA; HEMBREE; VA, 2007). Plantas de Conyza spp. com oito folhas ou menos s foram mais sensíveis ao glyphosate do que as plantas com 11 folhas (TREZZI et al., 2011). 64 Figura 23. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 65 Tabela 13. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 20,36 34,93 PARÂMETROS A 33,2063 50,4109 B -1,3943 -0,9783 x0 338,6360 665,5337 R2 0,9943 0,9671 Desv. Pad. da estimativa 1,1649 3,4897 C50 i.c. 90086,0 C80 i.c. i.c. C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente; i.c. = impossibilidade de controle. Figura 24. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação de glyphosate, e ajuste da curva de dose-resposta pelo modelo “LL.3”, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 66 Figura 25. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de glyphosate. 1ª época. Botucatu. 2017. A MSPA da Conyza sumatrensis pela aplicação da curva de dose-resposta de glyphosate, nas duas épocas, foi significativa pela análise de variância e ajustada através do modelo “LL.4”, e os seus parâmetros encontram-se na Tabela 14. Na Figura 26, observou-se na 2ª época que a redução da MSPA foi superior quando comparada com a época anterior. Esse comportamento também havia ocorrido no Experimento 1. Na dose de 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, a redução da MSPA da C. sumatrensis foi de 41% e 55% na 1ª e 2ª época, respectivamente. Esses valores indicam que houve redução insuficiente de tal variável na dose próxima a comumente utilizada no campo. Enquanto que na maior dose, o controle foi de 56% e 69%, ainda insuficientes. Também demonstrado por Trezzi et al. (2011) e Dalazen (2012) verificaram que houve redução da matéria seca de Conyza spp. e Conyza bonariensis, respectivamente, com o aumento da dose de glyphosate. Nos Estados Unidos, Koger et al. (2004b) constataram que biótipos de C. canadensis sobreviveram após aplicação de 840 g e.a. ha-1 desse herbicida, com redução de menos de 30% da matéria seca. 67 Tabela 14. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de glyphosate, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 19,47 27,67 PARÂMETROS A 66,0956 72,4952 B 1,0128 1,1878 y0 35,9730 26,5150 x0 487,6773 355,2035 R2 0,9275 0,9657 Desv. Pad. da estimativa 8,4851 6,8295 GR50 1780,5 659,9 GR80 i.r.m.s. i.r.m.s. GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, de matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha; i.r.m.s. = impossibilidade de redução da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. Figura 26. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de glyphosate em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 68 O próximo estudo, foi composto por aplicação de misturas de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1). Os comportamentos de controle ao longo do período de avaliações estão demonstrados na Figura 27. Observou-se na 1ª época que os maiores valores de controle pela mistura foram obtidos aos 14 e 21 DAA, com posterior recuperação da C. sumatrensis aos 28 DAA. Esse comportamento foi semelhante à aplicação de glyphosate isolada, inferindo-se pouca contribuição do flumioxazin no controle da planta daninha ao término das avaliações. Durante a 2ª época, o controle tendeu-se estável quanto à aplicação de doses inferiores de glyphosate em mistura. O controle pelas doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1), aos 28 DAA, foram significativamente diferentes conforme análise de variância, e os parâmetros do ajuste das curvas de dose-resposta podem ser verificados na Tabela 15. Consta-se, também, conforme ajuste do modelo da 1ª época, que o C50 e C80 não foram determinados devido a impossibilidade de tais controles, independentemente da dose. Na Figura 28, observou-se que doses crescentes de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) demonstrou pouco incremento de controle na 1ª e 2ª época. A aplicação de 3600 g e.a. ha-1 de glyphosate resultou em controle da C. sumatrensis de 42% e 58%, respectivamente. Esses resultados sugerem que a mistura de flumioxazin + glyphosate tem pouca contribuição no controle da Conyza sumatrensis (Figura 29). Moreira et al. (2010) verificaram que a mistura de glyphosate + flumioxazin (600 g e.a. + 25 g i.a. ha-1) não proporcionou controle eficaz de população de Conyza spp., e que não diferiu do glyphosate aplicado isoladamente. Maciel e Constantin (2002) observaram que a mistura a partir de 10 g i.a. ha-1 de flumioxazin + 900 g e.a. ha-1 de glyphosate foram eficazes no controle de S. rhombifolia, B. pilosa, R. brasiliensis, B. decumbens e D. horizontalis, acelerando a morte das plantas daninhas. O efeito da interação das misturas quanto ao controle da C. sumatrensis pela aplicação de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1), estão demostradas na Tabela 16. 69 Verifica-se que na 1ª época, o efeito predominante foi o sinergístico, seguido de aditivo, e somente a mistura contendo a menor dose de glyphosate, aos 21 DAA, apresentou interação antagonística. Entretanto, na 2ª época, as interações sinergísticas ocorreram somente aos 7 DAA, devido à acentuada necrose, nos primeiros dias após aplicação, do efeito do flumioxazin em mistura com glyphosate. Ainda na 2ª época, a partir dos 14 DAA, as interações das misturas foram aditivas e antagonística, devido a diminuição do controle pela recuperação das plantas de C. sumatrensis. Presume-se que houve diminuição da absorção e/ou translocação de glyphosate e, por isso, controle menor quando comparado ao produto dos efeitos dos herbicidas aplicados isoladamente. As diferenças encontradas no comportamento do controle entre as épocas, podem ter sido influenciadas por fatores como fotoperíodo, intensidade da radiação solar, temperatura, entre outros. Trabalho realizado por Wehtje, Gilliam e Marble (2010), detectaram interações antagonísticas da mistura de glyphosate + flumioxazin para a maioria das espécies de plantas daninhas as quais estudaram. Entretanto, os autores relataram que a popularidade da mistura se deve ao flumioxazin apresentar efeito em pré e pós-emergência. Tal escolha se torna uma ferramenta a mais na supressão do surgimento de biótipos resistentes a herbicidas. 70 Figura 27. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 71 Tabela 15. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1), da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 14,15 31,83 PARÂMETROS A 48,6248 1884,1504 B -0,9051 -0,4001 x0 507,3788 20140480,5456 R2 0,9634 0,9497 Desv. Pad. da estimativa 3,4277 5,1340 C50 i.c. 2476,8 C80 i.c. 8355,2 C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente; i.c. = impossibilidade de controle. Figura 28. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação, e ajuste da curva de dose-resposta de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) pelo modelo “LL.3”, 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 72 Figura 29. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1). 1ª época. Botucatu. 2017. Tabela 16. Efeitos das interações de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) no controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. n.s. = interação aditiva da mistura; * = significativo a 5%; ** = significativo a 1%; *** = significativo a 0,1%; em verde corresponde ao efeito sinergístico e em vermelho ao antagonístico. Considerando os resultados de MSPA, as misturas de diferentes doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) foram significativamente, e os parâmetros do ajuste do modelo, em ambas épocas, estão apresentados na Tabela 17. glyphosate flumioxazin 112,5 50,0 22 * 235 ** 202 *** -47 *** - n.s. 225,0 50,0 - n.s. 235 *** 194 *** - n.s. - n.s. 450,0 50,0 40 ** 215 *** 134 *** 55 *** - n.s. 900,0 50,0 73 ** 178 *** 71 *** 73 *** - n.s. 1800,0 50,0 - n.s. 129 *** - n.s. 60 *** 14 *** 3600,0 50,0 230 ** 79 *** 5 *** 37 *** 22 *** 112,5 50,0 188 *** -48 * - n.s. -38 * -46 * 225,0 50,0 221 *** - n.s. - n.s. -40 *** - n.s. 450,0 50,0 194 *** -22 *** - n.s. - n.s. -11 *** 900,0 50,0 217 *** - n.s. -12 *** -12 *** - n.s. 1800,0 50,0 240 *** -8 *** -10 *** -10 *** - n.s. 3600,0 50,0 264 *** -6 *** - n.s. - n.s. - n.s. g ha -1 1ª Épocas 7 14 21 28 Avaliações (DAA) 4 2ª 73 Observa-se que durante a 1ª época houve menor redução da MSPA das plantas de C. sumatrensis, reduzindo 41% pela dose de 900 g e.a. ha-1 de glyphosate (Figura 30). Durante a 2ª época, a redução da MSPA foi mais acentuada, 62% para a mesma mistura. Para ambas as épocas analisadas, observa-se que as doses superiores de glyphosate (3600 g e.a. ha-1) + flumioxazin (50 g i.a. ha-1), não apresentaram expressiva redução da MSPA comparada a proporção de aumento da dose de glyphosate, tornando-se inviável essa mistura. Tabela 17. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1), aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor 0,0238 <0,0001 CV (%) 24,68 29,04 PARÂMETROS A 1313,8163 666,0440 B 0,2857 0,1406 y0 -1229,5806 -548,6740 x0 887361313,6317 1341074808,4942 R2 0,9842 0,9741 Desv. Pad. da estimativa 2,1419 7,1935 GR50 2778,2 239,8 GR80 27316,0 4745,2 GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, de matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. 74 Figura 30. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de glyphosate + flumioxazin (50 g i.a. ha-1) em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. Considerando os resultados observados quanto à mistura em tanque de sulfentrazone, na dose de 600 g i.a. ha-1, com as respectivas doses de glyphosate, no decorrer das avaliações, estão demonstrados na Figura 31. Nota-se que o comportamento de controle foi semelhante entre as épocas realizadas. Nas avaliações aos 7 DAA, observou-se que a aplicação de sulfentrazone isolado foi similar às misturas contendo glyphosate. Entretanto, aos 28 DAA, a associação de glyphosate na mistura contribuiu de forma significativa para o aumento do controle da C. sumatrensis. Analisando a curva de dose-resposta de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), aos 28 DAA, houve diferenças significativas entre as diferentes doses de glyphosate e ajuste do modelo “LL.3” (Tabela 18). Através da curva de dose-resposta (Figura 32), comparado com a curva de dose-resposta do glyphosate 75 aplicado isoladamente, percebe-se que o aumento do controle pelas doses de glyphosate na mistura foi em função do seu próprio efeito. Verificou-se que a partir da dose de 450 g e.a. ha-1 o controle não foi relevante quanto o aumento da dose de glyphosate, principalmente na 1ª época (Figura 33). Mesmo com a aplicação da mistura contendo 3600 g e.a. ha-1 de glyphosate, o controle da C. sumatrensis foi de 40% e 48%, para 1ª e 2ª época, respectivamente. Através desses resultados, mesmo que houvesse boa contribuição do glyphosate no controle da planta daninha quando comparado ao uso isolado de sulfentrazone, ainda é considerado como controle insuficiente. Outros trabalhos também demonstram tal ocorrência para outras espécies do gênero Conyza (MOREIRA et al., 2010; INACIO; MONQUERO, 2013). Quanto à interação das misturas de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), avaliando o controle da C. sumatrensis, o efeito foi divergente entre as duas épocas (Tabela 19). Na 1ª época, até cerca de 4 DAA, o efeito foi acentuadamente antagonístico, pois a contribuição do glyphosate foi suprimida pela rápida necrose do tecido foliar das plantas pela aplicação de sulfentrazone. A partir dos 7 DAA, a aplicação de glyphosate, até a dose de 450 g e.a. ha-1 na mistura, predominou como interação aditiva, seguida de sinergística, resultado da menor recuperação da C. sumatrensis em comparação a aplicação isolada dos herbicidas. Nas doses superiores a 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, sugere-se que parte do glyphosate aplicado foi limitado de exercer controle. Esse mesmo efeito foi observado para algumas misturas durante a 2ª época, a partir dos 7 DAA. Historicamente, a combinação de glyphosate com herbicidas inibidores da PPO, tais como o fomesafen e sulfentrazone, se comportam como interação antagonística, devido à rápida destruição dos tecidos causada por herbicidas de contato, reduzindo a eficiência de ambos os herbicidas (STARKE; OLIVER, 1998; SHAW; ARNOLD, 2002). 76 Figura 31. Controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1) da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 1 ª é p o c a 2 ª é p o c a 77 Tabela 18. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros da equação de regressão do controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação de doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor <0,0001 <0,0001 CV (%) 11,79 23,00 PARÂMETROS A 390,8511 60,9536 B -0,1770 -0,6631 x0 825471993,7781 535,9816 R2 0,5122 0,9655 Desv. Pad. da estimativa 9,4771 3,4741 C50 16111,2 5291,6 C80 385839,0 i.c. C50 e C80 = dose que proporciona 50% e 80% de controle, respectivamente; i.c. = impossibilidade de controle. Figura 32. Controle de Conyza sumatrensis, aos 28 dias após aplicação, e ajuste da curva de dose-resposta de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1) pelo modelo “LL.3”, 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 78 Figura 33. Conyza sumatrensis aos 28 dias após aplicação de doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1). 1ª época. Botucatu. 2017. Tabela 19. Efeitos das interações de doses de sulfentrazone + glyphosate (900 g e.a. ha-1) no controle de Conyza sumatrensis aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. n.s. = interação aditiva da mistura; * = significativo a 5%; ** = significativo a 1%; *** = significativo a 0,1%; em verde corresponde ao efeito sinergístico e em vermelho ao antagonístico. Considerando os resultados de MSPA da C. sumatrensis pela aplicação de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), as doses de glyphosate foram diferentes significativamente, em ambas épocas, e ajustadas conforme o modelo “LL.4”, e valores dos parâmetros da curva de dose-resposta estão apresentados na sulfentraz. glyphosate 600,0 112,5 -59 * - n.s. - n.s. - n.s. 68 *** 600,0 225,0 -66 *** - n.s. 26 *** 21 *** 49 *** 600,0 450,0 -88 *** - n.s. - n.s. 0 ** -2 *** 600,0 900,0 -70 *** - n.s. -18 *** - n.s. -8 *** 600,0 1800,0 -35 ** - n.s. -32 *** - n.s. - n.s. 600,0 3600,0 - n.s. -21 *** -40 *** -8 * - n.s. 600,0 112,5 - n.s. - n.s. - n.s. - n.s. - n.s. 600,0 225,0 - n.s. - n.s. - n.s. - n.s. -7 *** 600,0 450,0 16 *** -33 ** -19 *** - n.s. -10 *** 600,0 900,0 - n.s. -33 *** - n.s. -17 *** - n.s. 600,0 1800,0 20 *** -32 *** - n.s. -15 ** - n.s. 600,0 3600,0 19 *** -32 *** - n.s. -14 *** - n.s. g ha -1 1ª Épocas 7 14 21 28 Avaliações (DAA) 4 2ª 79 Tabela 20. Nota-se que os valores de GR50 foi obtido através de doses inferiores de glyphosate, 377,5 g e.a. e 197,3 g e.a. ha-1, respectivamente entre as épocas, quando em mistura com sulfentrazone. Na Figura 34, observou-se que a 2ª época foi o período que mais reduziu a MSPA. Na 1ª época, até 900 g e.a. ha-1 de glyphosate, demonstrou ser a dose mais economicamente viável, com redução de 55% da MSPA da C. sumatrensis e, a partir dessa dose, as respostas em termos de redução foram mínimas, não havendo razão para a aplicação das mesmas. Foi observado, que 3600 g e.a. ha-1 de glyphosate + 600 g i.a. ha-1 de sulfentrazone reduziu 59% da MSPA. Na 2ª época, a redução da MSPA da planta daninha foi mais intensa, sendo de 70% e 88% para as misturas citadas anteriormente, respectivamente. Entretanto, não se verificou, economicamente, o uso da dose superior de glyphosate em mistura. Tabela 20. Valor da significância (P-valor) da análise de variância (ANOVA), coeficiente de variação (CV) e parâmetros do modelo “LL.4” da matéria seca da parte aérea (MSPA) da Conyza sumatrensis, a partir da aplicação de doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1), aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. ANOVA 1ª época 2ª época P-valor 0,0007 0,0020 CV (%) 24,12 55,24 PARÂMETROS A 40,6100 85,1298 B 0,7052 0,6606 y0 37,2959 -11,3858 x0 123,6796 830,8492 R2 0,9188 0,9887 Desv. Pad. da estimativa 5,3726 3,2263 GR50 377,5 197,3 GR80 i.r.m.s. 1875,6 GR50 e GR80 = dose que proporciona redução de 50% e 80%, respectivamente, de matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha; i.r.m.s. = impossibilidade de redução da matéria seca da parte aérea (MSPA) em relação à testemunha. 80 Figura 34. Matéria seca da parte aérea (MSPA), em percentagem em relação à testemunha, a partir da aplicação de doses de glyphosate + sulfentrazone (600 g i.a. ha-1) em Conyza sumatrensis, aos 28 dias após a aplicação, da 1ª época (2017) e 2ª época (2018). Botucatu. 81 5 CONCLUSÕES A aplicação de flumioxazin, em pós-emergência, proporciona controle inexpressivo de Conyza sumatrensis. A aplicação de sulfentrazone, na dose de 600 g i.a. ha-1 em pós-emergência, proporciona controle insuficiente ou bom de Conyza sumatrensis. A aplicação de glyphosate proporciona controle insuficiente do biótipo de Conyza sumatrensis em estudo, evidenciando resistência a esse herbicida. A associação de flumioxazin em mistura em tanque de glyphosate não proporciona aumento considerável no controle de Conyza sumatrensis. A associação de sulfentrazone em mistura em tanque de glyphosate proporciona antecipação e aumento do controle de Conyza sumatrensis. 82 83 REFERÊNCIAS AGOSTINETO, M. C. et al. 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