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THAYLA NÉSPOLA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DE DANOS AMBIENTAIS NA QUALIDADE DO AR
PROVENIENTES DA EXTRAÇÃO DE ARGILA COMO MATÉRIA PRIMA
NO POLO CERÂMICO DE SANTA GERTRUDES
SOROCABA / SP
2022
THAYLA NÉSPOLA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DE DANOS AMBIENTAIS NA QUALIDADE DO AR
PROVENIENTES DA EXTRAÇÃO DE ARGILA COMO MATÉRIA PRIMA
NO POLO CERÂMICO DE SANTA GERTRUDES
Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação apresentado como parte dos pré-
requisitos para a obtenção do título de
Engenheiro Ambiental, à Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Orientador: Prof. Dr. Admilson Irio Ribeiro
SOROCABA / SP
2022
O48a
Oliveira, Thayla Néspola de
Análise de danos ambientais na qualidade do ar provenientes da extração de
argila como matéria prima no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes / Thayla
Néspola de Oliveira. -- Sorocaba, 2022
57 p. : il., tabs., fotos
Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Engenharia Ambiental) -
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia,
Sorocaba
Orientador: Admilson Irio Ribeiro
1. Engenharia ambiental. 2. Poluição atmosférica. 3. Qualidade do ar. 4.
Setor industrial cerâmico. I. Título.
Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca do Instituto de Ciência e
Tecnologia, Sorocaba. Dados fornecidos pelo autor(a).
Essa ficha não pode ser modificada.
RESUMO
O setor industrial cerâmico localizado no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes e
composto pelos municípios Santa Gertrudes, Rio Claro, Cordeirópolis, Iracemápolis,
Limeira e Ipeúna, sendo considerado o terceiro maior produtor e o sexto maior
vendedor e exportador do mundo, gerando 28 mil empregos diretos e 200 mil indiretos,
além de ser responsável por 92% da produção cerâmica do estado de São Paulo. Para
que as indústrias cerâmicas e mineradoras possam operar suas atividades, deve ser
realizado o licenciamento ambiental, a fim de se obter as licenças prévia, de instalação
e de operação. Diante disso, os empreendimentos devem seguir normas e cumprir com
diversas responsabilidades técnicas e ambientais. Dessa forma, faz-se de suma
importância a compreensão do processo de atividade cerâmica, avaliando quais os
principais danos e impactos ambientais negativos provenientes dessa atividade e
entender se são realizadas medidas com o objetivo de reduzir a poluição atmosférica.
Portanto, por meio de levantamentos de dados bibliográficos, avaliação das
responsabilidades do setor cerâmico, análise da percepção da população quanto à
poluição atmosférica e a análise da qualidade do ar por meio da extração de dados da
base da CETESB, foi possível analisar a correlação das variáveis meteorológicas em
relação a concentração do poluente material particulado na atmosfera, além de
compreender quais as principais etapas da produção responsáveis pelas maiores
emissões de material particulado (MP10). Além disso, a adoção de medidas mitigadoras
como umectação das principais vicinais, caminhões cobertos de lona e limpeza dos
veículos responsáveis pelo transporte de matéria-prima, visam diminuir a concentração
de MP10 na atmosfera enquanto não são implantadas novas tecnologias. Diante desses
fatos, pode-se conceituar que os altos índices de umidade relativa do ar e precipitações
contribuem para diminuir as concentrações de material particulado e que as etapas de
extração, beneficiamento da argila e transporte da mesma são as principais
contribuintes para a emissão desse poluente.
Palavras-chave: Poluição atmosférica. Material particulado. Medidas mitigadoras.
Setor cerâmico.
ABSTRACT
The ceramic industrial sector located in the Santa Gertrudes Ceramic Pole and
comprising the municipalities of Santa Gertrudes, Rio Claro, Cordeirópolis,
Iracemápolis, Limeira and Ipeúna, is considered the third largest producer and the
sixth largest seller and exporter in the world, generating 28 thousand jobs and 200
thousand indirect ones, besides being responsible for 92% of the ceramic production
in the state of São Paulo. In order for the ceramic and mining industries to operate
their activities, environmental licensing must be carried out, in order to obtain prior,
installation and operating licenses. In view of this, the enterprises must follow
standards and comply with various technical and environmental responsibilities.
Thus, it is extremely important to understand the ceramic activity process, assessing
the main damages and negative environmental impacts from this activity and
understanding whether measures are taken with the aim of reducing atmospheric
pollution. Therefore, through surveys of bibliographic data, assessment of the
responsibilities of the ceramic sector, analysis of the population's perception of
atmospheric pollution and analysis of air quality through the extraction of data from
the CETESB database, it was possible to analyze the correlation of the
meteorological variables in relation to the concentration of pollutant particular
material in the atmosphere, in addition to understanding which are the main stages of
production responsible for the highest particulate material emissions. In addition, the
adoption of mitigating measures such as watering the main roads, trucks covered
with canvas and cleaning the vehicles responsible for transporting raw materials, aim
to reduce the concentration of particulate material in the atmosphere while new
technologies are not implemented. Given these facts, it can be conceptualized that
the high levels of relative humidity and precipitation contribute to reduce the
concentrations of particular material and that the stages of extraction, clay processing
and transport are the main contributors to the emission of this pollutant.
Keywords: Atmospheric pollution. Particulate material. Mitigating measures.
Ceramic sector.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 6
2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................. 8
2.1 Órgãos de classe do setor cerâmico ............................................................................ 8
2.2 Licenciamento ambiental ............................................................................................ 10
2.3 Normas Reguladoras de Mineração ........................................................................... 11
2.4 Matéria-prima: Argila .................................................................................................. 12
2.5 Processo cerâmico ..................................................................................................... 14
2.6 Material particulado .................................................................................................... 16
2.7 Critérios e índices de qualidade do ar ........................................................................ 17
2.8 Plano de Redução da Emissão de Fontes Estacionárias - PREFE ............................. 19
3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 22
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 22
3.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 22
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 23
4.1 Levantamento de base de dados ............................................................................... 23
4.2 Análise da qualidade do ar ......................................................................................... 23
4.3 Avaliação da percepção da população sobre a qualidade do ar ................................. 25
4.4 Análise das responsabilidades do setor cerâmico em relação a qualidade do ar ........ 25
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 27
5.1 Resultados da análise da qualidade do ar .................................................................. 27
5.2 Correlação de Pearson ............................................................................................... 35
5.3 Avaliação da percepção da população sobre a qualidade do ar ................................. 37
5.3 Resultado da análise da responsabilidade do setor industrial cerâmico ..................... 40
5.4 Redução da poluição atmosférica ............................................................................... 43
6 Considerações finais ..................................................................................................... 45
ANEXO A ............................................................................................................................ 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 47
1 INTRODUÇÃO
A argila consiste na matéria-prima para a produção de diversos produtos
cerâmicos, devido a sua capacidade de moldagem e plasticidade quando umedecida e,
após a secagem, apresenta grande coesão do material e alta resistência. Para que seja
utilizada no processo de produtos cerâmicos e revestimentos, a parte referente aos
grãos deve possuir diâmetro máximo de valores inferiores a 0,005 mm, conforme
definição da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (ANFACER, 2020).
O Brasil trata-se de um imenso fabricante de revestimentos cerâmicos, sendo o
terceiro maior produtor do mundo, apresentando uma capacidade produtiva de 1,2
bilhão de m², além disso, em relação ao ranking mundial de vendas, ocupa a sexta
posição, exportando e vendendo para mais de 110 países. Uma das maiores metas
para esse setor de produção brasileiro, trata-se do Brasil atingir a terceira posição nas
exportações de revestimentos cerâmicos no mundo. O novo presidente da Associação
Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e
Congêneres (ANFACER), Benjamin Ferreira Neto, tem como propósito, dar
continuidade a gestão anterior, atribuindo como prioridade esse aumento da
participação do país no comércio internacional. (CERAMIC WORLD REVIEW, 2021)
Conforme dados apresentados pela CERAMIC WORLD REVIEW (2021), o Polo
Cerâmico Brasileiro produziu em média 905 milhões de m² por ano no período de 2014
a 2020, visto que de 2019 para 2020 houve uma queda na produção de 7,6% devido a
pandemia da COVID-19. De acordo com a ANFACER (2020), a atividade de produção
cerâmica é responsável pela geração de 28 mil empregos diretos e 200 mil empregos
indiretos no Brasil e engloba 6% do PIB na indústria de material para construção. No
estado de São Paulo, a geração de empregos diretos está em torno de 14 mil e
empregos indiretos 100 mil (ASPACER, 2021).
Na etapa de preparação de massa, a produção de revestimentos cerâmicos
pode ser dividida em via seca e via úmida. O Polo Cerâmico de Criciúma/SC tem
predominantemente a moagem em via úmida e destina-se às classes mais altas da
sociedade, enquanto que, no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes/SP a moagem sucede
predominantemente por via seca (MME; Bird, 2009). O Polo Cerâmico de Santa
Gertrudes/SP representa um dos maiores polos da América e corresponde a 92% da
produção paulista, sendo composto pelas cidades de Santa Gertrudes, Rio Claro,
Cordeirópolis, Iracemápolis, Limeira e Ipeúna. (ASPACER, 2020).
Embora essa atividade seja de grande importância econômica para o país e para
a geração de empregos, as etapas de extração da matéria-prima argila são executadas
de forma inadequada, ocasionando diversos impactos ambientais negativos,
prejudicando a qualidade do ar da região, podendo levar à problemas de saúde da
população local. (CHRISTOFOLETTI; MORENO, 2011).
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Órgãos de classe do setor cerâmico
A ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para
Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres) foi fundada no ano de 1984 com o
propósito de possibilitar o desenvolvimento sustentável da indústria cerâmica. Essa
entidade constitui-se por diversos empresários do setor cerâmico, responsáveis por
integrar um corpo administrativo com muita experiência, proporcionando a evolução de
novas tecnologias e qualidade para os produtos já existentes e para novos produtos a
serem desenvolvidos, abrangendo mercados internacionais. (ANFACER, s.d.)
Para garantir a qualidade dos produtos fabricados, em 1993, foram criados
métodos de testes em laboratórios e auditorias nas indústrias e revendas cerâmicas.
Um desses monitoramentos compreende o “Programa Setorial da Qualidade de Placa
Cerâmica e Porcelanato (PSQ)” que apresenta uma lista de empresas conformes e
empresas não conformes, sendo que as não conformes são aquelas que apresentam
“não conformidade sistemática.” Esse programa conta com a participação de 80% da
indústria nacional cerâmica. Especificamente para as cerâmicas, há o “PQ Cerâmica”
explanando os seus benefícios e características como por exemplo não possuir
formaldeído e PVC em sua composição e a não emissão de Compostos Orgânicos
Voláteis durante sua fabricação, sendo esses elementos altamente nocivos para saúde.
Um grande benefício corresponde à reciclagem e reutilização, uma vez que as
indústrias conseguem reutilizar os seus resíduos como parte da matéria-prima no
processo de fabricação. (ANFACER, s.d.)
Outra forma de monitoramento consiste no “Selo da qualidade para porcelanato”,
conforme figura 1, integrante do PSQ e baseado no princípio de informar aos
consumidores a respeito dos aspectos do porcelanato e proporcionar segurança e
credibilidade do produto, além de estimular que as indústrias obtenham a certificação
de seus produtos cerâmicos e reprimir a não conformidade proposital, atendendo a
norma NBR ISO 13006. (ANFACER, s.d.)
Figura 1. Selo da qualidade para porcelanato
Fonte: ANFACER
A Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (ASPACER)
corresponde a uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1999 com sede na cidade
de Santa Gertrudes/SP, cuja criação foi pensada para promover a união das cerâmicas
paulistas, visando o desenvolvimento de novas tecnologias, aderência de benefícios e
resolução de problemas em conjunto, defendendo os interesses de seus associados.
(ASPACER, s.d.).
Essa instituição, que atualmente conta com 26 cerâmicas associadas, sendo 20
delas do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, promove feiras, congressos e cursos para
expandir cada vez mais o conhecimento a respeito deste setor, visando o
desenvolvimento de novas tecnologias e desenvolvimento da indústria cerâmica.
(ASPACER, s.d.).
2.2 Licenciamento ambiental
Um procedimento muito importante da política ambiental é a Avaliação de
Impactos Ambientais (AIA), responsável por conter ocorrências e danos ilícitos ao meio
ambiente. Esse instrumento refere-se uma etapa do licenciamento ambiental, visto que
será responsável por quantificar e classificar o impacto ambiental a ser gerado por um
empreendimento, como forma de prever as consequências de tal atividade, mediante a
isso, a licença ambiental será negada ou concedida, assim, sendo o AIA indispensável
e serve como sustento para deliberação do poder público no processo de
licenciamento, conforme estabelecido pelo Decreto n. 88.351/83 (RODRIGUES, 2018).
Licença e licenciamento ambiental, embora façam parte do mesmo núcleo, não
apresentam exatamente o mesmo significado, visto que, a licença será obtida a partir
do processo de licenciamento ambiental, ou seja, no caso de deliberação do poder
público. A licença trata-se de um ato administrativo e retrata um produto final do
procedimento administrativo, o de licenciamento ambiental, ambos definidos conforme
Resolução CONAMA n. 237/97 (FIORILLO, 2013).
Conforme o art. 8º da Resolução CONAMA n. 237 (1997), o licenciamento
ambiental apresenta três etapas para se obter aprovação do mesmo, sendo elas a
Licença Prévia, a Licença de Instalação e a Licença de Operação, conforme figura 2. A
Licença Prévia consiste na avaliação e aprovação da localização da atividade e
concepção da atividade ou empreendimento, assim, atesta quais são os requisitos
mínimos que devem ser atendidos nas fases seguintes, compreendendo a primeira
etapa do planejamento. A Licença de Instalação outorga a instalação da atividade ou
do empreendimento conforme as especificações, planos, projetos e controle ambiental
apresentados previamente. Por fim, a autorização para operação da atividade ou
empreendimento é deliberada pela Licença de Operação, avaliando se as medidas
determinadas nas licenças anteriores estão sendo cumpridas (FIORILLO, 2013;
RODRIGUES, 2018).
Figura 2. Etapas do licenciamento ambiental.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ademais, as licenças ambientais apresentam prazo de validade que variam para
cada tipo de licença. Para a Licença Prévia a validade é de até 5 anos, a Licença de
Instalação apresenta validade de até 6 anos e a Licença de Operação o prazo mínimo
é de 4 anos e o máximo de 10 anos. Assim, as etapas para renovação da licença
ambiental referem-se a um processo de licenciamento, no qual pondera-se o fato de ter
sido outorgado uma licença de operação ao solicitante anteriormente (RODRIGUES,
2018).
2.3 Normas Reguladoras de Mineração
Para uma utilização e aproveitamento prudente das jazidas minerais com
medidas de saúde e segurança dos trabalhadores, segurança e preservação do meio
ambiente, foram estabelecidas as Normas Reguladoras de Mineração (NRM) do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), assim, busca-se aliar de forma
sustentável o progresso da atividade de mineração com a crescente produtividade
industrial. (DNPM, 2001).
Como método de controle e informação, as Normas Reguladoras de Mineração
consistem na verificação de diversos documentos, como: Planos e relatórios finais de
pesquisas, requerimentos de utilização, registro de extração, plano de lavra, relatório
anual de lavra, plano de controle de impacto ambiental na mineração, entre outros. No
caso das lavras a céu aberto, existe a norma nº 02, responsável por definir os
regulamentos a respeito de bancadas, taludes, controles topográficos e geológico-
geotécnico (DNPM, 2001).
2.4 Matéria-prima: Argila
A argila consiste na definição com base na granulometria, independente de sua
composição química. Quando umedecida em água, esse material terroso adquire
plasticidade e a sua classificação abrange partículas com fração granulométrica menor
que 0,002 mm ou menor 0,005 mm, dependendo do autor, exemplificados na figura 3
(CORREIA FILHO, 1997).
Figura 3. Frações do solo.
Fonte: Suporte solos.
A atividade de mineração, de forma geral, provoca grandes impactos ambientais
negativos devido à exposição do solo à erosão e supressão de vegetação,
principalmente quando realizada de forma inadequada e desordenada, além de poluir o
ar e atingir zonas aquáticas. Diante do exposto, se faz necessário a prevenção e um
planejamento, por meio de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA) e o Plano de Lavra, assim como todo o licenciamento ambiental
para tal atividade, além da adoção de medidas mitigadoras (MECHI e SANCHES,
2010).
A extração da argila é realizada com o auxílio de retroescavadeiras, trator de
esteiras e pás carregadeiras, ou até mesmo, por dinamites nas porções mais duras e
inferiores das jazidas do mineral. Após o seu aproveitamento, são coletadas amostras
do início e fim da extração, a fim de se avaliar e realizar testes laboratoriais sobre a
qualidade da argila e, então, o material é carregado até caminhões que farão o
transporte aos pátios para realizar o pré-beneficiamento. Assim, as principais etapas da
atividade no Polo Cerâmico que causam impactos ambientais negativos são as de
extração da matéria-prima e do seu pré-beneficiamento (CHRISTOFOLETTI;
MORENO, 2011; FIEMG; FEAM, 2013). Além disso, de acordo com Ednéia Parada,
gerente da regional da CETESB de Limeira-SP, a Companhia tem realizado estudos
referentes ao fato de que o setor cerâmico retrata o principal responsável para a
emissão de material particulado na atmosfera, desde a extração de argila até a
produção do produto final (CETESB, 2018).
O Polo Cerâmico de Santa Gertrudes localiza-se na Formação Corumbataí
ilustrado na figura 4, embora essa formação esteja presente em quase todo o estado
de São Paulo, a matéria-prima encontrada nessa região apresenta características
diferenciadas, sendo compostas predominantemente por siltitos arenosos ou argilosos,
laminados, maciços ou intercalados e argilitos (CHRISTOFOLETTI, 2003).
Figura 4. Formação Corumbataí na área do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes.
Fonte: Christofoletti; Moreno, 2011.
2.5 Processo cerâmico
Após a extração de matéria-prima e o carregamento em caminhões
responsáveis pelo transporte, realiza-se a etapa de pré-beneficiamento dividida em
trabalho de pátio e sazonamento, além disso, os torrões de argila são moídos no
procedimento de britagem. O trabalho de pátios consiste na disposição da argila em
terreiros para promover a secagem ao ar livre, acarretando na diminuição dos custos
do processo. O sazonamento consiste em um importante processo para que se atinja a
qualidade ideal do produto final, visto que essa etapa contempla o aumento de
plasticidade da argila e a homogeneização da mesma pelo fato de ocorrer a oxidação
da matéria orgânica. O tempo de secagem e sazonamento da argila pode levar meses
ou até 2 anos em média (CHRISTOFOLETTI; MORENO, 2011).
Finalizadas as etapas de extração e pré-beneficiamento, o material é
direcionado para a produção industrial, representado na figura 5. Inicialmente, a argila
passa pelo processo moagem, sendo que essa pode ser realizada por via úmida ou via
seca. No setor cerâmico em estudo, o método empregado compreende
predominantemente a via seca, sendo a moagem realizada em moinhos de martelos e
pendulares associados, posterior a moagem, através do peneiramento, é possível
realizar uma seleção granulométrica, sendo assim, a argila é armazenada na forma de
pó granulado em silos. Feito isso, a argila será umidificada para a obtenção da massa
cerâmica para prensagem (FUNDACENTRO, 2010).
Para conhecimento, no método de via úmida, após a britagem, a argila será
direcionada para a moagem em esteiras com a adição de água e alguns minerais como
calcário, feldspato e caulim, sendo assim, os moinhos rotativos de esferas de alumina
formam um fluído viscoso chamado “barbotina” e, por fim, direcionada para a secagem
por atomizador e armazenado sob forma de pó atomizado em silos
(CHRISTOFOLETTI; MORENO, 2011; FUNDACENTRO, 2010).
Na etapa de prensagem, o material sucede à disposição em esteiras e em
peneiras vibratórias, as quais serão responsáveis por segregar as granulometrias fora
do padrão desejado. Assim, a massa será prensada, obtendo a placa cerâmica que
será posteriormente encaminhada aos secadores com temperaturas em torno de 120
ºC e, por fim, para a esmaltação e acabamentos finais como a remoção de rebarbas,
escovação, lixamento e aplicação de texturas e decorações. Para finalizar a etapa de
produção, as placas passam pelo ciclo de queima com temperaturas de 1100 ºC,
alternando com resfriamento para obter o produto final. Assim, seguem para o processo
de embalagem e estocagem e recebem os devidos selos de acordo com as normas
técnicas (FUNDACENTRO, 2010).
Figura 5. Etapas do processo cerâmico
Fonte: BNDES, 2013.
Recentemente a ASPACER, adjunto da Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo (CETESB) e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), firmaram um
Termo de Compromisso com o objetivo de diminuir a poluição do ar proveniente da
atividade de produção industrial cerâmica nas cidades de Rio Claro, Santa Gertrudes e
Cordeirópolis. Pelo fato do método empregado para secagem e moagem ser por via
seca, esse compromisso visa a melhora da qualidade do ar por meio de adoção de
novas tecnologias para tais processos, assim como, plano de contingência e medidas
mitigadoras. Desta maneira, a previsão de substituição do método atual deverá ocorrer
durante o ano de 2024. Como ação mitigadora, são realizadas umectação das vias
não-pavimentadas e áreas de transporte e armazenamento da argila, além da
elaboração e alteração das rotas para vias pavimentadas. (SECRETARIA DE
INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE, 2022).
2.6 Material particulado
O material particulado em suspensão (MPS) são partículas presentes na
atmosfera de diferentes composições químicas, físicas e diâmetros. Conforme varia a
sua fonte de emissão, sendo primária ou secundária, há a alteração da granulometria,
na qual as partículas são classificadas em inaláveis finas ou grosseiras. As partículas
inaláveis finas são aquelas representadas por diâmetro aerodinâmico ≤ 2,5 μm e as
partículas inaláveis grossas entre 2,5 μm e 10 μm, além disso, em relação às fontes de
emissão, as primárias referem-se às partículas lançadas diretamente na atmosfera,
enquanto as secundárias, são geradas ou sofrem alterações a partir de vapores e
gases particulados (CETESB, 2006). Na figura 6, é possível analisar a comparação do
diâmetro de MP2,5 e MP10 quando comparados ao diâmetro do fio de cabelo e do grão
de areia.
As partículas inaláveis finas (MP2,5 e MP1) podem se alojar no sistema
respiratório, inclusive em locais profundos dos pulmões, sendo altamente prejudiciais
para a saúde, ocasionando doenças cardiopulmonares, ademais, partículas MP1 são
capazes de invadir alvéolos pulmonares, atingindo a circulação sanguínea. Enquanto
que as partículas inaláveis grossas (MP10) são aquelas que adentram o nariz e boca
(CETESB, 2006).
Figura 6. Comparação entre grão de areia, fio de cabelo, MP2,5 e MP10.
Fonte: Revista Gestão Industrial
2.7 Critérios e índices de qualidade do ar
Em 2013, estabeleceu-se o Decreto Estadual nº 59113 de 23 de abril de 2013
responsável por definir novos padrões de qualidade do ar, os quais os valores vigentes
são referentes a MI2 para MP2,5 e MP10, apresentados na tabela 1, aliados a objetivos
para diminuir a poluição atmosférica gradativamente, seguindo os seguintes critérios:
Metas Intermediárias – (MI) estabelecidas como valores temporários a serem
cumpridos em etapas, visando à melhoria gradativa da qualidade do ar no
Estado de São Paulo, baseada na busca pela redução das emissões de fontes
fixas e móveis, em linha com os princípios do desenvolvimento sustentável;
Padrões Finais (PF) – Padrões determinados pelo melhor conhecimento
científico considerando as menores concentrações possíveis no contexto de
limitações locais, capacidade técnica e prioridades em termos de saúde pública
para que a saúde da população seja preservada ao máximo em relação aos
danos causados pela poluição atmosférica (Decreto Estadual n° 59.113/2013).
As metas intermediárias (MI) são elaboradas em 3 etapas:
Meta Intermediária Etapa 1 – (MI1) – Valores de concentração de
poluentes atmosféricos a serem respeitados a partir de 24/04/2013. Estes
valores ficaram vigentes até 31/12/2021.
Meta Intermediária Etapa 2 – (MI2) – Valores de concentração de
poluentes atmosféricos que devem ser respeitados subsequentemente à MI1,
que entrará em vigor após avaliações realizadas na Etapa 1, reveladas por
estudos técnicos apresentados pelo órgão ambiental estadual, convalidados
pelo CONSEMA. a MI2 entrou em vigor a partir de 01/01/2022 (Deliberação
CONSEMA nº 4, de 19/05/2021, publicada no DOE de 26/05/2021).
Meta Intermediária Etapa 3 – (MI3) – Valores de concentração de
poluentes atmosféricos que devem ser respeitados nos anos subsequentes à
MI2, sendo que seu prazo de duração será definido pelo CONSEMA, a partir do
início da sua vigência, com base nas avaliações realizadas na Etapa 2 (Decreto
Estadual n° 59.113/2013).
Tabela 1. Padrões Estaduais de Qualidade do Ar
Poluente Tempo de amostragem MI1 (µg/m³) MI2 (µg/m³) MI3 (µg/m³) PF (µg/m³)
MP10 24 horas
Média aritmética anual
120
40
100
35
75
30
50
20
MP2,5 24 horas
Média aritmética anual
60
20
50
17
37
15
25
10
Fonte: Autoria própria, extraído de Decreto Estadual nº 59113 (2013).
Assim, foram determinados índices da qualidade do ar e critérios para episódios
agudos de poluição do ar para os poluentes, sendo elencados na tabela 2 e 3 conforme
Decreto Estadual nº 59113 de 23/04/2013, visto que os valores de qualidade do ar,
além de receberem uma qualificação, os mesmos estão atrelados a uma cor. Além do
mais, para efeitos de avaliação, embora cada concentração de poluente apresente
valores diferentes, adota-se o índice como número adimensional (CETESB, 2022).
Ressalta-se ainda que a qualificação do ar apresentada na tabela 2 se baseia
nos efeitos à saúde humana e está de acordo com a norma legal Resolução CONAMA
n° 491/2018, efeitos esses descritos na figura 7. A partir de 2018, o Decreto Estadual nº
59113 de 2013, passou a vigorar também no âmbito federal por meio da Resolução
CONAMA nº 491 de 2018, ambos com finalidade da preservação da saúde da
população e meio ambiente e devido aos efeitos provenientes da poluição ambiental.
Na tabela 3 estão contidos os valores da concentração de material particulado que
quando atingidos, são considerados estados de atenção, alerta e emergência
(CETESB, 2022).
Tabela 2. Índice de qualidade do ar
Qualidade Índice
(adimensional)
MP10 (µg/m3)
24h
MP2,5 (µg/m3)
24h
BOA - N1 0 - 40 0 - 50 0 - 25
MODERADA - N2 41- 80 >50 - 100 >25 - 50
RUIM - N3 81 - 120 >100 - 150 > 50 - 75
MUITO RUIM - N4 121 - 200 >150 - 250 > 75 - 125
PÉSSIMA - N5 >200 >250 > 125
Fonte: Autoria própria, extraído de CETESB (2022).
Tabela 3. Critérios para episódios agudos de poluição do ar
Parâmetros Atenção Alerta Emergência
Partículas inaláveis
finas (µg/m3) – 24h
125 210 250
Partículas inaláveis
grossas (µg/m3) – 24h
250 420 500
Fonte: Autoria própria, extraído de CETESB (2022).
Figura 7. Qualidade do ar e efeitos na saúde humana de acordo com a Resolução
CONAMA n° 491/2018.
Fonte: CETESB (2022).
2.8 Plano de Redução da Emissão de Fontes Estacionárias - PREFE
O Plano de Redução da Emissão de Fontes Estacionárias (PREFE) foi
elaborado em 2014, mediante ao estabelecimento do Decreto Estadual nº 59.113 de
23/04/2013 de que nas localidades que não seguem e atendem os índices de qualidade
do ar pré-estabelecidos, deveriam ser adotados planos a fim de diminuir as emissões e
poluição atmosférica. Assim, conforme o art. 6 do Decreto Estadual, o PREFE deve ser
atualizado a cada 3 anos, sendo que a última atualização ocorreu no ano de 2021. Para
cada localidade e quantidade de fontes emissoras, são estabelecidas diferentes metas
(CETESB; PREFE, 2014).
De acordo com o PREFE de 2014, as metas de redução são calculadas
utilizando dados das médias, dos últimos 3 anos, de concentração do poluente e o
índice de qualidade do ar que deve ser alcançado. Dessa forma, tem como finalidade a
adoção de medidas e ações para se cumprir os padrões da qualidade do ar
estabelecidos para cada região do Estado de São Paulo, reduzindo as emissões
proporcionalmente a quantidade de fontes estacionárias existentes no empreendimento
(CETESB; PREFE, 2014).
Em 2014, a meta de redução da concentração de material particulado para a
região de controle de Santa Gertrudes (figura 9) para longo prazo era de 52,4% e para
curto prazo 29,4%, utilizando os dados dos anos de 2009 a 2012. Assim, conforme
figura 8, MA é referente a média aritmética das médias anuais referentes aos três
últimos anos representativos, M4VD refere-se a média do quarto valor diário mais
elevado dos últimos três anos, considerando os valores de padrão de qualidade do ar
sendo: curto prazo (24 horas) a meta de 40 µg/m³ e a longo prazo (anual) a meta de
120 µg/m³ (CETESB; PREFE, 2014).
Figura 8. Resultados do Monitoramento e percentual (%) das metas de redução
Material Particulado MP10.
Fonte: CETESB; PREFE, 2014
Figura 9. Região de controle 06 - Santa Gertrudes/SP
Fonte: CETESB; PREFE, 2014
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
O objetivo desse estudo foi analisar a qualidade do ar atmosférico da atividade
de produção cerâmica no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, assim como, os danos
ambientais percebidos pela comunidade local.
3.2 Objetivos específicos
- Avaliar quais são os principais danos ambientais na qualidade do ar atmosférico
proveniente dessa atividade.
- Avaliar a percepção da população afetada do entorno em relação a qualidade do
ar atmosférico.
- Análise das responsabilidades do setor cerâmico em relação a qualidade do ar.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Levantamento de base de dados
Por meio de consultas bibliográficas em sites, dissertações, teses, livros e
artigos científicos, realizou-se um levantamento de informações pertinentes ao
assunto estudado, proporcionando uma base de conhecimento teórico e estrutural
sobre a temática abordada, sendo possível o entendimento do processo produtivo do
setor cerâmico, das normas para mineração e licenciamento ambiental, bem como a
abrangência de conceitos sobre material particulado, índices de qualidade do ar e
entidades regentes das Associações de Cerâmicas e Revestimento.
4.2 Análise da qualidade do ar
A área de pesquisa abrangeu cidades do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes,
sendo que, para a análise da qualidade do ar, foram considerados os valores
concentração de material particulado MP10, visto que se trata de um dos principais
poluentes emitidos durante o processo industrial cerâmico e, para isso, foram utilizados
dados das estações de medição de qualidade do ar localizadas nas cidades de Santa
Gertrudes e Rio Claro.
Assim, como recorte temporal, foram selecionados dados de maio de 2021 a
maio de 2022. Para a extração de dados, utilizou-se o site da CETESB na plataforma
QUALAR, na qual é possível selecionar qual o tipo de rede, a data inicial e final de
avaliação, os tipos de dados que se deseja obter, qual estação e parâmetro a ser
analisado, conforme figura 10. Conseguinte, obtém-se uma planilha de dados
possibilitando a análise da concentração de material particulado MP10 em µg/m³ a cada
hora do dia de acordo com a figura 11.
Figura 10. Sistema de Informações da Qualidade do Ar - QUALAR (MP10
partículas inaláveis)
Fonte: CETESB - QUALAR, 2022.
Figura 11. Recorte da planilha de dados de material particulado por hora -
QUALAR
Fonte: CETESB - QUALAR, 2022.
Posto isso, a partir dos dados obtidos das estações de Rio Claro e Santa
Gertrudes, os valores da concentração diária por hora foram exportados para cálculo
da média de concentração de MP10 mensal, sendo possível a geração de gráficos para
análises.
Para analisar a influência de variáveis meteorológicas, foram extraídas também
da plataforma QUALAR informações sobre a umidade relativa do ar, velocidade dos
ventos e temperatura, possibilitando a correlação da concentração de material
particulado, por meio da realização de médias mensais no recorte temporal de maio de
2021 a maio de 2022. Para estudos e análises complementares, foi solicitado à
Estação Meteorológica do Centro de Análise e Planejamento Ambiental
(CEAPLA/IGCE/UNESP), dados sobre a precipitação pluviométrica no mesmo período.
Assim, após obter os valores das variáveis meteorológicas, por meio do método
estatístico Correlação de Pearson, analisou-se a correlação entre a umidade relativa do
ar, velocidade dos ventos, temperatura do ar e precipitação com a concentração de
material particulado MP10 na atmosfera, ou seja, o quanto essas variáveis
meteorológicas influenciam nas oscilações de MP10.
4.3 Avaliação da percepção da população sobre a qualidade do ar
A fim de avaliar a percepção da população sobre a gestão da qualidade do ar e
seus efeitos adversos na saúde humana, realizou-se uma pesquisa com uma amostra
populacional de 112 indivíduos. Foram abordadas questões como a faixa etária dos
entrevistados, se julgam pertinente que a qualidade do ar que respiram afeta a saúde e
se as indústrias cerâmicas devem aliar a sua produtividade com a sustentabilidade
ambiental. Além disso, avaliou-se quais os principais sintomas que os entrevistados
sentiram e sentem em épocas mais secas e alto índice de partículas no ar. Algumas
medidas mitigadoras são realizadas há certo tempo na região do Polo Cerâmico de
Santa Gertrudes, assim, foi questionado à amostra populacional se acreditam que
limpeza dos caminhões responsáveis por fazerem o transporte de argila e a
umidificação dessas estradas são eficientes para melhora da qualidade do ar. Por fim,
permitiu-se que os entrevistados adicionassem comentários e opiniões a respeito do
assunto.
4.4 Análise das responsabilidades do setor cerâmico em relação a
qualidade do ar
Para contextualizar o estudo e sua abrangência, em debate com responsáveis
do setor ambiental cerâmico, foram abordados assuntos em relação a extração de
matéria-prima, se as mesmas realizam um relatório ambiental para a CETESB e como
são fiscalizadas as responsabilidades ambientais. Ademais, se a licença de operação é
impactada no caso de descumprimento de alguma norma previamente definida pelo
licenciamento ambiental e entender se o setor cerâmico realiza algum programa para
diminuição dos impactos no ar.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Resultados da análise da qualidade do ar
Nos anos de 2014 e 2018, de acordo com a CETESB, foram noticiados que Rio
Claro e Santa Gertrudes apresentavam o ar mais poluído do estado de São Paulo
(figura 12), ultrapassando o índice de qualidade do ar recomendado, sendo as
indústrias cerâmicas e mineradoras os maiores contribuintes para o alto índice de
material particulado no ar, conforme monitoramento realizado pela Companhia das
coletas de informações das estações de monitoramento.
Figura 12. Poluição atmosférica na região de Rio Claro e Santa Gertrudes.
Fonte: G1, 2018.
A partir do final do mês de abril, a ASPACER passou a disponibilizar nas suas
publicações de boletins semanais, o índice de qualidade do ar relacionados ao material
particulado. O Termo de Compromisso firmado entre a ASPACER e a CETESB, impõe
a condição que na ocorrência de um índice de qualidade do ar “ruim”, ou seja, acima de
120, nas estações medidoras de Rio Claro ou Santa Gertrudes, as operações, carga e
transporte de argila têm de ser paralisadas, como por exemplo na figura 13 do boletim
informativo nº 522.
Figura 13. Qualidade do ar de Rio Claro e Santa Gertrudes com base no material
particulado - boletim informativo nº 522.
Fonte: ASPACER, 2022.
A partir dos dados extraídos da plataforma QUALAR da CETESB, foi possível
obter as médias mensais para concentração de MP10 no recorte temporal entre maio de
2021 e maio de 2022, representados na tabela 1 para a estação localizada em Rio
Claro/SP. De acordo com a classificação apresentada pela CETESB para índices de
qualidade do ar, foram atribuídas cores às médias mensais para a concentração de
material particulado, onde a cor verde refere-se ao índice de qualidade do ar “boa” e
amarela refere-se a “moderada”. Feito isso, construiu-se o gráfico 1 para comparação
dos valores ao longo dos meses.
Tabela 1. Médias mensais com atribuição de cores para valores de concentração de
material particulado MP10 da estação de Rio Claro/SP.
Mês MP10 µg/m3
Maio/21 54
Jun/21 42
Jul/21 66
Ago/21 67
Set/21 78
Out/21 30
Nov/21 31
Dez/21 23
Jan/22 18
Fev/22 28
Mar/22 26
Abril/22 41
Maio/22 37
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 1. Comparativo mensal com atribuição de cores de acordo com a classificação
do índice da qualidade do ar para concentração de materiais particulados MP10 obtidos
pela estação de Rio Claro/SP.
Fonte: elaborado pelo autor.
A mesma análise foi realizada para os dados obtidos da estação localizada em
Santa Gertrudes/SP, na tabela 2 é possível observar os valores obtidos para as médias
mensais da concentração de material particulado MP10 ,atrelada às cores de acordo
com a classificação previamente definida. No gráfico 2, nota-se que apresenta o
mesmo comportamento do gráfico 1, onde nos meses de Maio a Setembro os valores
são mais elevados e decaem nos meses de Outubro a Março.
Tabela 2. Médias mensais com atribuição de cores para valores de concentração de
material particulado MP10 da estação de Santa Gertrudes/SP.
Mês MP10 µg/m3
Maio/21 63
Jun/21 54
Jul/21 78
Ago/21 80
Set/21 90
Out/21 45
Nov/21 38
Dez/21 30
Jan/22 28
Fev/22 42
Mar/22 36
Abril/22 53
Maio/22 48
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 2. Comparativo mensal com atribuição de cores de acordo com a classificação
do índice da qualidade do ar para concentração de materiais particulados MP10 obtidos
pela estação de Santa Gertrudes/SP.
Fonte: elaborado pelo autor.
Com os dados obtidos pela Estação Meteorológica do Centro de Análise e
Planejamento Ambiental (CEAPLA/IGCE/UNESP) dispostos na tabela 3, elaborou-se o
gráfico 3 para comparativo e análise das precipitações mensais.
Tabela 3. Precipitações mensais no período de Maio de 2021 a Maio de 2022.
Mês Altura diária de chuva (mm)
Maio/21 28,9
Jun/21 30,5
Jul/21 21,4
Ago/21 9,0
Set/21 7,4
Out/21 236,1
Nov/21 97,5
Dez/21 160,9
Jan/22 359,6
Fev/22 197,9
Mar/22 88,0
Abril/22 33,7
Maio/22 11,0
Fonte: CEAPLA/IGCE - UNESP, 2022.
Gráfico 3. Comparativo das precipitações mensais entre maio de 2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor.
Assim, foi possível observar que nos meses de Julho, Agosto e Setembro, sendo
considerados os meses de menores precipitações, a concentração de material
particulado MP10 na atmosfera apresenta-se mais elevada, resultando em valores de
qualidade “moderada”. Enquanto que nos meses com maiores índices de precipitação,
Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, o índice de material
particulado MP10 na atmosfera reduz, proporcionando valores de qualidade do ar “boa”.
Ainda torna-se possível avaliar que no mês mais chuvoso (Janeiro), foi a menor
concentração de MP10, enquanto que no mês mais seco (Setembro), foi a maior
concentração de MP10. Assim, nos baixos índices de precipitação, as partículas
permanecem suspensas durante maior período de tempo no ar.
Para a variável da umidade relativa do ar, com a extração dos dados da base
QUALAR - CETESB, foram calculadas as médias mensais e elaborado os gráficos 4 e
5 apresentando a variação ao longo dos meses para Rio Claro e Santa Gertrudes
respectivamente. Além disso, realizou-se os mesmos cálculos para as variáveis de
temperatura e velocidade dos ventos para ambos os municípios, representados nos
gráficos 6, 7, 8 e 9.
Gráfico 4. % da umidade relativa do ar para a cidade de Rio Claro de maio de
2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 5. % da umidade relativa do ar para a cidade de Santa Gertrudes de
maio de 2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 6. Temperatura média mensal para a cidade de Rio Claro de maio de
2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 7. Temperatura média mensal para a cidade de Santa Gertrudes de maio
de 2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 8. Velocidade média dos ventos para a cidade de Rio Claro de maio de
2021 a maio de 2022.
Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 9. Velocidade média dos ventos para a cidade de Santa Gertrudes de maio de
2021 a maio de 2022. *Valores não disponíveis para os meses de Junho/21 e Julho/21.
Fonte: elaborado pelo autor
Para uma análise mais fidedigna das influências exercidas pelas variáveis
meteorológicas na concentração de material particulado em suspensão, realizou-se o
cálculo a partir da correlação do coeficiente de Pearson.
5.2 Correlação de Pearson
De acordo com FIGUEIREDO FILHO e SILVA JÚNIOR (2009), o coeficiente da
correlação de Pearson demonstra o grau de relação e associação linear entre duas
variáveis. O seu índice varia de -1 a 1, assim, quando for positivo, indica que as duas
variáveis se relacionam e aumentam progressivamente e, quando for negativo,
representa que uma variável diminui e a outra aumenta. Na tabela 4 abaixo é possível
analisar os coeficientes e sua força, tanto para valores positivos quanto para negativos.
Tabela 4. Coeficientes da correlação de Pearson e a força que correlacionam.
Coeficiente (r) Força
0,1 - 0,3 Fraca
0,4 - 0,6 Média
0,7 - 1,0 Forte
Fonte: elaborado pelo autor, com base em Dancey e Reidy (2005)
Assim, foram calculados, utilizando o software e fórmula do Excel, os
coeficientes de Pearson da concentração de material particulado relacionados a
precipitação, temperatura, velocidade dos ventos e umidade relativa do ar, obtidos na
tabela 5 abaixo.
Tabela 5. Coeficiente de Pearson da correlação entre MP10 e variáveis meteorológicas.
Coeficiente de Pearson (r) Variável meteorológica Município
-0,83 Umidade relativa do ar Santa Gertrudes
-0,21 Velocidade do vento Santa Gertrudes
-0,45 Temperatura Santa Gertrudes
-0,42 Temperatura Rio Claro
-0,29 Velocidade do vento Rio Claro
-0,73 Precipitação Rio Claro
-0,87 Umidade relativa do ar Rio Claro
Fonte: elaborado pelo autor.
Embora seja possível visualizar graficamente a correlação das concentrações de
material particulado e as variáveis meteorológicas, ao realizar os cálculos do
coeficiente de Pearson, comprova-se a influência dessas variáveis na concentração de
MP10. Assim, verifica-se que a umidade relativa do ar e as chuvas exercem forte
influência sobre o poluente MP10 e, como apresenta valor negativo, conclui-se que
conforme diminui a umidade relativa do ar e o índice pluviométrico, maior será a
concentração de MP10, comprovando o fato observado nos gráficos, pois nos meses
com menores valores de umidade relativa do ar e precipitações, maior foi a
concentração de MP10 e vice-versa. Conclui-se que a precipitação faz-se de extrema
importância para reduzir os materiais particulados em suspensão, visto que parte das
partículas de MP10 são integradas à água da chuva.
Embora contribuam para a dispersão do material particulado na atmosfera, para
os dados coletados, a velocidade do vento exerceu fraca influência na dispersão de
MP10, nesse caso, indicando pouca relação entre a variável meteorológica e o poluente.
Quanto à temperatura, houve média influência para a contribuição de material
particulado na atmosfera.
5.3 Avaliação da percepção da população sobre a qualidade do ar
Foram entrevistadas 112 pessoas de diferentes faixas etárias conforme gráfico
10, das quais 29,5% compreendem a faixa dos 21 a 30 anos, 29,5% a faixa dos 31 a 40
anos e 22,3% a faixa dos 41 a 50 anos. Os entrevistados que se enquadram na faixa
etária de 15 a 20 anos representam 6,3% e as faixas etárias entre 51 a 60 e mais de 60
anos representam 8% e 4,5% respectivamente. Assim, pode-se avaliar os efeitos
adversos da poluição atmosférica nas mais variadas idades.
Gráfico 10. Porcentagem da faixa etária dos entrevistados.
Fonte: elaborado pelo autor.
A fim de contextualizar o tema de estudo, foram abordadas questões como a
interferência da qualidade do ar na saúde humana, e se a produtividade do setor
cerâmico deve estar aliada com a sustentabilidade ambiental, conforme ilustrado nos
gráficos 11 e 12. Dos entrevistados, 98,2% acreditam que a indústria cerâmica deveria
associar a produtividade com medidas de preservação à natureza, ou seja, utilizar de
forma racional e sustentável os recursos naturais e 100% dos entrevistados concordam
que a qualidade do ar que respiram afeta a saúde.
Gráfico 11. Resultados obtidos referente à questão da interferência da qualidade do ar
na saúde da população.
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 12. Resultados obtidos sobre o setor cerâmico associar a produtividade a
medidas sustentáveis.
Fonte: elaborado pelo autor.
A emissão de material particulado na atmosfera provoca efeitos adversos na
saúde humana e para avaliação dos principais sintomas enfrentados pela população
em épocas com baixo índice pluviométrico, baixa umidade do ar e alto índice de poeira,
obteve-se os resultados representados no gráfico 13 abaixo. As principais queixas são
referentes a nariz e garganta secos, seguidos por tosse. Além disso, nessas condições
observa-se também irritações nos olhos e o aumento de doenças respiratórias como
pneumonia, asma, tuberculose, bronquite, rinite entre outras. Algumas pessoas
entrevistadas relataram também a falta de ar e descamação da pele.
Por fim, realizou-se o questionamento se medidas mitigadoras como a
umidificação das vias não-pavimentadas de transporte de argila e a limpeza dos
caminhões que realizam o carregamento dessa matéria-prima seriam formas de
proporcionar melhora na qualidade do ar, sendo esses resultados representados no
gráfico 14, onde 92% da amostra populacional concorda que se tratam ações
amenizadoras.
Ademais, os entrevistados puderam expor suas opiniões a respeito do assunto,
sendo que, destacaram a importância e enfoque do tema e como o setor cerâmico deve
aliar a produtividade com o meio ambiente e a saúde dos seus funcionários, além de
adotar medidas mitigadoras na etapa de extração da argila e durante o processo
industrial cerâmico.
Porém, é de grande relevância destacar que a região também apresenta-se
muito forte na plantação e indústria de cana-de-açúcar, nas quais ocorrem alto índice
de atividades de colheita e transporte, contribuindo para a elevação de material
particulado na atmosfera.
Gráfico 13. Principais sintomas enfrentados pela população entrevistada em épocas
com baixa umidade do ar e alto índice de poeira.
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 14. Avaliação em relação a efetividade de medidas mitigadoras como
umectação das vias não-pavimentadas e caminhões responsáveis pelo transporte de
argila.
Fonte: elaborado pelo autor.
5.3 Resultado da análise da responsabilidade do setor industrial
cerâmico
Em debates com responsáveis pela gestão e consultoria ambiental de algumas
cerâmicas do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, pode-se confirmar o conceito visto
em teoria, o qual devem ser realizados diversos projetos e estudos para obter as
licenças (prévia, instalação e operação), tanto para as cerâmicas quanto para as
mineradoras. No caso de descumprimento de responsabilidades ambientais, ocorrerão
impactos no momento de solicitação na renovação da licença de operação, porém, as
cerâmicas devem estar em regularidade das exigências técnicas ambientais, visto que
estão passíveis de fiscalização e autuação. O setor cerâmico tem investido esforços e
tomado providências em relação à qualidade do ar, conforme exigências do Plano de
Redução de Fontes Estacionárias (PREFE).
O PREFE foi elaborado no ano de 2014 e em 2021 passou por revisões e
atualizações, e tem como objetivo a adoção de medidas e ações para se cumprir os
padrões da qualidade do ar estabelecidos para cada região do Estado de São Paulo,
reduzindo as emissões proporcionalmente a quantidade de fontes estacionárias
existentes no empreendimento. Assim, o seu funcionamento decorre do fornecimento
de informações da empresa cerâmica à CETESB por meio do preenchimento de
planilha eletrônica de dados cadastrais e das fontes estacionárias poluentes vigentes
no empreendimento, conforme exemplo das figura 14 e 15, sendo a planilha
apresentada na íntegra no anexo A. Diante disso, na folha de dados cadastrais deve
ser inseridas informações a respeito da empresa, do responsável pelo preenchimento e
qual a principal atividade, sendo que essas podem ser produção de pisos cerâmicos,
extração de argila e secagem. Além disso, devem ser informados dados sobre o
número da licença de operação (LO), data de vencimento e se já está no período de
renovação da mesma.
Assim, realiza-se o preenchimento dos aspectos das chaminés existentes e de
armazenamento, sendo que em relação ao armazenamento e transporte de argila
deve-se indicar se a argila é estocada a céu aberto ou em galpões e informações a
respeito dos veículos e equipamentos responsáveis por realizar o transporte da
matéria-prima.
Após o preenchimento dos dados cadastrais, cada ficha representada na figura
15, apresentada na íntegra no anexo A, refere-se a 1 fonte estacionária, na qual deverá
ser informado o tipo de fonte e combustível, qual sua finalidade e o tempo de
funcionamento. De acordo com cada seleção do combustível, sendo as opções: GLP,
gás natural, óleo diesel, óleo combustível e sem queima de combustível, as lacunas
vão sendo liberadas para preenchimento de informações necessárias àquele item.
Figura 14. Ficha de dados cadastrais do Plano de Redução de Emissão de Fontes
Estacionárias.
Fonte: PREFE - CETESB, 2021.
Figura 15. Ficha de dados das fontes do Plano de Redução de Emissão de Fontes
Estacionárias.
Fonte: PREFE - CETESB, 2021.
5.4 Redução da poluição atmosférica
Mediante aos estudos apresentados, diversas ações mitigadoras estão sendo
realizadas para diminuir os efeitos da poluição atmosférica proveniente da atividade do
setor cerâmico, como por exemplo, implantação de cortina vegetal nas áreas
mineradoras, umectação das principais áreas e vias não-pavimentadas de transporte e
carregamento da argila, além da cobertura com lona, escapamento virado para cima e
limpeza dos caminhões e veículos responsáveis por realizarem o transporte.
Recentemente, foram investidos diversos recursos para pavimentação das principais
vias (Fazenda Itaúna, Fazenda Campo do Cocho e Fazenda Goiapá), sendo que na via
de Itaúna o serviço já foi iniciado. Além do mais, o Plano de Redução de Emissão de
Fontes Estacionárias - PREFE tem como intuito a redução de emissão de poluentes na
atmosfera.
O Termo de Compromisso firmado entre a ASPACER e a CETESB, visa a
implantação até o final do ano de 2024 tecnologia alternativa para secagem de argila,
evitando assim, que a mesma seja realizada a céu aberto. Por isso, iniciou-se o plano
de contingência, adotando formas de medidas mitigadoras enquanto as novas
tecnologias de secagem não são implantadas.
6 Considerações finais
Diante do exposto, foi possível analisar a qualidade do ar atmosférico e os danos
ambientais percebidos pela comunidade local provenientes da atividade de produção
cerâmica do Polo Cerâmico de Santa Gertrudes.
A compreensão de todo o processo produtivo do setor cerâmico, desde a
extração, transporte e pré-beneficiamento da matéria-prima até a produção do produto
final foram de suma importância para avaliar que as principais etapas emissoras de
material particulado MP10 são atreladas não só a extração e secagem ao ar livre, mas
também durante o carregamento e transporte da argila. Além disso, observa-se que o
problema da poluição atmosférica vinculada ao setor cerâmico não é recente e perdura
há alguns anos, sendo a qualidade do ar da região considerada mais de uma vez a pior
do estado de São Paulo. Por isso, se faz necessário a adoção de medidas mitigadoras
e planos de contenção e redução da emissão de material particulado na atmosfera.
Os principais pontos levantados pela população como a principal queixa em
épocas mais secas e alto índice de poeira no ar, são os sintomas respiratórios
enfrentados nas diferentes faixas etárias. Ademais, observam-se diversas ocorrências
nesse mesmo período como poluição visual no Polo Cerâmico de Santa Gertrudes e o
acúmulo de poeira nas residências dos moradores da região.
Foi possível correlacionar as variáveis meteorológicas, como os índices
pluviométricos, umidade relativa do ar, temperatura e velocidade dos ventos com a
concentração de material particulado, visto que os maiores índices de MP10 ocorreram
em épocas de baixos valores de chuva e umidade relativa do ar, sendo essas variáveis,
que de acordo com o coeficiente de Pearson, são as que exercem forte influência.
Assim, observa-se as variações constantes da qualidade do ar em períodos mais secos
e menos chuvosos, no qual o material particulado permanece em suspensão na
atmosfera durante maior tempo.
ANEXO A
Razão Social:
Endereço:
Município: UF: SP
Telefone: Ramal: e-mail:
Data do vencimento: Processo:
Número da Licença
de Operação Vigente:
/ /
Passou por alteração no processo produtivo,
incluindo ampliação nos últimos 05 anos?
Data da apresentação:
Nome do Responsável
pelo preenchimento:
DADOS CADASTRAIS
Atividade principal: Está em período de renovação da L.O.?
Há processos de licencimento
em andamento?
Possui Estudo de Dispersão Atmosférica
já apresentado à CETESB?
/ /
SIM NÃO
NÃOSIM
SIM
NÃO
SIM NÃOSelecione uma opção
Dados Cadastrais 28/05/2022 | 09:54 Página 1 de 4
- , - SP
Altura (m)
Diâmetro
interno (m)
Coordenada
UTM-E
(m)
Vazão
(Nm³/h)
Coordenada
UTM-N
(m)
DADOS DE CHAMINÉ
Identificação da
Chaminé
Fontes de poluição com emissão direcionadas a chaminé
Dados Cadastrais 28/05/2022 | 09:54 Página 2 de 4
- , - SP
Movimentação anual
(m³/ano)
DADOS DE ARMAZENAMENTO
Tanque de armazenamento Produto armazenado Tipo Teto
Dados Cadastrais 28/05/2022 | 09:54 Página 3 de 4
- , - SP
Transporte de argila: Pátio de carga e descarga pavimentados?
As esteiras de transporte da área de beneficiamento são:
Estocagem de argila:
ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE ARGILA
Em galpão
A céu aberto Próprio
Terceiros
SIM
NÃO
Enclausuradas
Enclausuradas com bandeja
Abertas
Enclausuradas somente nos pontos de transferência
Veículos possuem cobertura com lona
Dados Cadastrais 28/05/2022 | 09:54 Página 4 de 4
TAG:
dias/mês
COMBUSTÍVEL:
Identificação
da Fonte:
Local (utilidades ou qual
setor produtivo):
Funcionamento: horas/dia
Produção Sazonal:
MOINHOMOINHO
AQUECEDOR DE FLUÍDO AQUECEDOR DE FLUÍDO
TÉRMICOTÉRMICO
FORNOFORNO
SECADORSECADOR
GERADOR DE ENERGIAGERADOR DE ENERGIA
SIMSIM NÃONÃO
OUTROOUTRO
Selecione uma opção
FONTE 1 28/05/2022 | 09:53 Página 1 de 6 .
Medidor de combustível de forma individualizadaMedidor de combustível de forma individualizada Queimador tipo LowNoxQueimador tipo LowNox
Controle da mistura ar/combustívelControle da mistura ar/combustível
Pré-aquecimento do gás de combustãoPré-aquecimento do gás de combustão
Recirculação dos gases de combustãoRecirculação dos gases de combustão
MONITOR CONTÍNUO DE OPERAÇÃO
Temperatura no interior do equipamentoTemperatura no interior do equipamento
Temperatura de saída dos gasesTemperatura de saída dos gases
ProduçãoProdução
PressãoPressão
Teor de O2 na chaminé (%)Teor de O2 na chaminé (%)
CO na chaminé (ppm)CO na chaminé (ppm)
SOxSOx
NOxNOx
MONITOR CONTÍNUO DE EMISSÃO
HCTHCT
MPMP
OUTROS PARÂMETROS. QUAIS?OUTROS PARÂMETROS. QUAIS?
COMBUSTÃO
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COMBUSTÃO
HCNM
Fluoretos
Totais
CORREÇÃO
DE O2:
MP
NOx
SOx
EMISSÕES
P
O
L
U
E
N
T
E
EstimadoEstimado
AmostradoAmostrado
EstimadoEstimado
AmostradoAmostrado
EstimadoEstimado
AmostradoAmostrado
EstimadoEstimado
AmostradoAmostrado
EstimadoEstimado
AmostradoAmostrado
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COMBUSTÃO ECP - EQUIPAMENTO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO
CicloneCiclone
Filtro de TecidoFiltro de Tecido
Lavador de GasesLavador de Gases
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COMBUSTÃO
Preciptador EletrostáticoPreciptador Eletrostático
Torre de AdsorçãoTorre de Adsorção
Sistema CatalíticoSistema Catalítico
ECP - EQUIPAMENTO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO
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COMBUSTÃO
OBSERVAÇÕES GERAIS:
NÃO ULTRAPASSAR OS LIMITES DA CAIXA DE TEXTO.
FONTE 1 28/05/2022 | 09:53 Página 6 de 6 .
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https://docplayer.com.br/62530568-Aspectos-ambientais-e-sustentaveis-de-apl-de-base-mineral.html
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