MARÍA ELIZABETH PEÑA TÉLLEZ Ergonomia e biossegurança em estudantes de odontologia ARAÇATUBA - SP 2024 MARÍA ELIZABETH PEÑA TÉLLEZ Ergonomia e de biossegurança em estudantes de odontologia Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista (UNESP), como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Saúde Coletiva em Odontologia. Orientadora: Profa. Assoc. Dra. Tânia Adas Saliba ARAÇATUBA - SP 2024 Catalogação na Publicação (CIP) Diretoria Técnica de Biblioteca e Documentação – FOA / UNESP Peña Téllez, María Elizabeth. P397a Avaliação ergonômica e de biossegurança em estudantes de odontologia / María Elizabeth Peña Téllez. - Araçatuba, 2024 100 f. : il. ; tab. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Odontologia, Araçatuba Orientadora: Profa. Tânia Adas Saliba 1. Ergonomia 2. Contenção de riscos biológicos 3. Fotografia 4. Odontólogos 5. Estudantes de odontologia 6. Equipamento de proteção individual I. T. Black D5 CDD 617.601 Claudio Hideo Matsumoto CRB-8/5550 Dedico este trabalho aos meus pais Leonor e Rodrigo pelo apoio incondicional, amor e dedicação. Por sempre estar em meu lado. Gratidão eterna. À minha tia Haydée por sempre acreditar em mim. Aos meus tios que sempre me apoiaram nos meus sonhos e projetos. Aos meus filhos Luis e Adrián, meus tesouros mais apreciados e a força para continuar cada jornada. Ao meu esposo Anselmo, por me motivar e incentivar a continuar em frente das dificuldades. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Agradeço a minha orientadora professora Tânia Adas Saliba pelos seus ensinamentos, amizade e a confiança em mim depositada, pela ajuda experiente cuja dedicação e paciência serviram como pilares de sustentação para a conclusão dessa pesquisa. Agradeço cada minuto dedicado à orientação desse projeto. À professora Suzely Adas Saliba Moimaz por sua ajuda, apoio e sugestões. Obrigada por esclarecer tantas dúvidas, pelo ensinamento e ser tão atenciosa e paciente. À professora Cléa Adas Saliba Garbin pelo carinho, minha gratidão pelos seus ensinamentos e ajuda, Aos professores do Programa de Odontologia Preventiva e Social, Nemre Adas Saliba, Orlando Saliba, Artênio Jose Isper Garbin, Fernando Chiba e Ronald Jefferson Martins. À direção da Faculdade de Odontologia de Araçatuba- UNESP, na pessoa do Diretor Alberto Carlos Botazzo Delbem. Aos meus colegas de pós-graduação Lia, Jorge, Aryane, Erika, Marcial, Naiana, Gleice, Júlia, Júlio, Cláudia pelo companheirismo e amizade. Ao Nilton Cesar Souza, pela atenção e ajuda em todos os momentos. Aos funcionários da Biblioteca, em especial, Ana Claudia Grieger Manzatti. À Seção de Pós-Graduação (Valéria de Queiroz Marcondes Zagato, Cristiane Regina Lui Matos e Lilian Sayuri Mada), pela atenção e ajuda. À agência de fomento Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, pela bolsa de doutorado para o desenvolvimento da pesquisa. Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. Mahatma Ghandi RESUMO GERAL Peña Téllez ME. Avaliação ergonômica e de biossegurança em estudantes de odontologia [tese]. Araçatuba: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Odontologia; 2024. O cumprimento das normas de biossegurança no consultório odontológico garante a saúde de profissionais e pacientes. Nesta pesquisa o objetivo foi avaliar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs); a adoção de medidas de biossegurança e posturas ergonômicas por acadêmicos de odontologia durante a prática, em clínica de ensino após a introdução de protocolos pela COVID-19. O estudo transversal, descritivo e exploratório envolveu três fases: na primeira, realizou-se uma revisão integrativa sobre o uso dos EPI (equipamentos de proteção individual) antes e depois da pandemia; na segunda fase, foram realizados inquéritos com os participantes sobre conhecimento e preparo para emprego das medidas de biossegurança estabelecidas no protocolo diante a pandemia da COVID-19, uso de equipamentos de proteção individual e as dificuldades enfrentadas, tempo de trabalho e presença de dor musculoesquelética. Na terceira fase, foram realizadas observações com tomadas fotográficas durante o atendimento de pacientes em clínica de ensino, as fotografias foram avaliadas de acordo as normas ISO/FDI e pelo método RULA para determinar o nível de risco ergonômico. A pesquisa foi conduzida em estudantes de odontologia (n=97) de uma Instituição de Ensino Superior pública. Foram incluídos no estudo estudantes regularmente matriculados que já cursavam disciplinas clínicas e, que realizavam atividades de prática clínica antes do período da pandemia COVID-19. No total, 75 estudantes responderam ao inquérito e 84 participaram das tomadas fotográficas. Observou-se que 92,00% dos alunos consideraram o seu nível de preparação suficiente para empregos das novas medidas de biossegurança; 57,33% relataram dificuldade em manter uma postura ergonômica com uso dos EPI; 74,67% sentiram-se cansados e 85,33% relataram dor musculoesquelética após os tratamentos. Do total de participantes, 62,67% disseram ter tido um aumento no tempo de trabalho; 82,67% expressaram dificuldade em se comunicar com o paciente; 78,67% afirmaram que óculos de proteção e protetor facial dificultavam a visualização das estruturas bucais e 78,77% relataram ter apresentado lesões cutâneas. Em relação à análise fotográfica, baseada nas normas preconizadas pela ISO/FDI, as maiores porcentagens de postura incorreta foram observadas no pescoço, coluna cervical e nos membros superiores. A pontuação obtida no método RULA variou entre 6 e 7 pontos, indicando o nível de alto risco ergonômico. Com os resultados obtidos foi elaborado um produto técnico sobre ergonomia em odontologia em formato de manual. Conclui-se que os estudantes de odontologia estão preparados para adotar as novas medidas de biossegurança após a pandemia de COVID-19. As principais dificuldades relatadas com a introdução dos protocolos de biossegurança foram relacionadas a comunicação com o paciente, visualização das estruturas bucais e aumento do tempo de trabalho. Palavras-chave: ergonomia; contenção de riscos biológicos; fotografia; odontólogos; estudantes de odontologia; equipamento de proteção individual. GENERAL ABSTRACT Peña Téllez ME. Ergonomic and biosafety assessment of dental students [tese] [tese]. Araçatuba: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Odontologia; 2024. Compliance with biosafety standards in dental practices guarantees the health of professionals and patients. The aim of this study was to evaluate the use of personal protective equipment (PPE), the adoption of biosafety measures and ergonomic postures by dentistry students during practice in a teaching clinic after the introduction of COVID-19 protocols. The cross-sectional, descriptive and exploratory study involved three phases: in the first, an integrative review was carried out on the use of PPE (personal protective equipment) before and after the pandemic; in the second phase, surveys were carried out with the participants on knowledge and preparation to use the biosafety measures established in the protocol in the face of the COVID-19 pandemic, use of personal protective equipment and the difficulties faced, length of time working and presence of musculoskeletal pain. In the third phase, observations were made with photographs taken during patient care in a teaching clinic. The photographs were evaluated according to ISO/FDI standards and using the RULA method to determine the level of ergonomic risk. The study was conducted among dental students (n=97) at a public higher education institution. The study included regularly enrolled students who were already studying clinical subjects and who were carrying out clinical practice activities before the COVID-19 pandemic. A total of 75 students responded to the survey and 84 took part in the photography. It was observed that 92.00% of the students considered their level of preparation to be sufficient for using the new biosafety measures; 57.33% reported difficulty in maintaining an ergonomic posture when using PPE; 74.67% felt tired and 85.33% reported musculoskeletal pain after the treatments. Of the total number of participants, 62.67% said they had had an increase in working time; 82.67% expressed difficulty in communicating with the patient; 78.67% said that goggles and face shields made it difficult to see the mouth structures and 78.77% reported having skin lesions. In relation to the photographic analysis, based on the standards recommended by ISO/FDI, the highest percentages of incorrect posture were observed in the neck, cervical spine and upper limbs. The score obtained in the RULA method varied between 6 and 7 points, indicating a high level of ergonomic risk. With the results obtained, a technical product on ergonomics in dentistry was produced in the form of a manual. The conclusion is that dental students are prepared to adopt the new biosafety measures following the COVID-19 pandemic. The main difficulties reported with the introduction of biosafety protocols were related to communication with the patient, visualization of oral structures and increased working time. Keywords: ergonomics; containment of biohazards; photograph; dentists; students dental; personal protective equipment. LISTA DE FIGURAS Capítulo 1 Figura 1. Estratégia de busca e seleção de estudos 37 Capítulo 3 Figura 1 - Análises de postura 69 Figura 2 - Medição RULA (antebraço) 71 Figura 3 - Medição RULA (braço) 71 Figura 4 - Medição RULA (pescoço) 71 Figura 5 - Método RULA (tronco) 72 Figura 6 - Método RULA (pernas) 72 Figura 7 - Posição e pontuações do braço. Método RULA 73 Figura 8 - Posição e pontuações do antebraço. Método RULA 73 Figura 9 - Posição e pontuações do punho. Método RULA 74 Figura 10 - Posição e pontuações do pescoço. Método RULA 75 Figura 11 - Posição e pontuações do tronco. Método RULA 75 Figura 12 - Posição das pernas e pés. Método RULA 76 LISTA DE QUADROS Revisão de literatura Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual 21 Metodologia expandida Quadro 1 - Ficha para registro de avaliação ergonômica 30 Quadro 2 - Quadro de scores utilizados para realizar a associação das pontuações pelo método RULA. Araçatuba 2024 31 Quadro 3 - Níveis de score pelo método RULA para estabelecer o nível de risco ergonômico. Araçatuba 2024 31 Capítulo 1 Quadro 1. Artigos sobre uso dos equipamentos de proteção individual(EPI) antes e depois da pandemia da COVID-19 38 Capítulo 3 Quadro 1 - Ficha para registro de avaliação ergonômica pela ISO/FDI 69 Quadro 2 - Quadro de scores utilizados para realizar a associação das pontuações pelo método RULA. Araçatuba 2024 77 Quadro 3 - Níveis de score pelo método RULA para estabelecer o nível de risco ergonômico. Araçatuba 2024 78 LISTA DE TABELAS Capítulo 2 Tabela 1 - Distribuição absoluta e percentual dos graduandos em relação às dificuldades com o uso de EPI durante o atendimento ao paciente. Brasil, 2024 55 Capítulo 3 Tabela 1 - Avaliação de postura em estudantes de odontologia durante o primeiro procedimento odontológico. Araçatuba, 2024 79 Tabela 2 - Avaliação de postura em estudantes de odontologia durante o segundo procedimento odontológico. Araçatuba, 2024 79 Tabela 3 - Pontuação da postura do braço, antebraço e punho pelo método RULA. Araçatuba, 2024 81 Tabela 4 - Pontuação do Grupo A pelo método RULA. Araçatuba, 2024 82 Tabela 5 - Pontuação da postura do pescoço, tronco e pernas pelo método RULA. Araçatuba, 2024 83 Tabela 6 - Pontuação do Grupo B pelo método RULA. Araçatuba, 2024 84 Tabela 7 - Pontuação final pelo método RULA durante a realização do primeiro e segundo procedimentos odontológicos. Araçatuba, 2024 85 LISTA DE GRÁFICOS Capítulo 2 Gráfico 1 - Distribuição absoluta dos graduandos segundo a presença de dor musculoesquelética (nas regiões do corpo), relacionada ao uso de EPI em aulas práticas. Brasil, 2024 56 Gráfico 2 - Partes do corpo com maior frequência de lesões por uso de EPI em estudantes de odontologia. Brasil, 2024 56 Gráfico 3 - Frequência de respostas sobre lesões cutâneas, de acordo com o tipo de EPI e sexo do estudante. Brasil, 2024 57 LISTA DE ABREVIATURAS CEP Comitê de Ética em Pesquisa COVID-19 Doença do coronavírus EPI Equipamento de proteção individual ISO/FDI International Standards Organization e a Federation Dentaire Internacionale OMS Organização Mundial da Saúde PPE Personal Protective Equipment RULA Rapid Upper Limb Assessment UBS Unidade Básica de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO GERAL 17 2 OBJETIVOS 20 2.1 Objetivo geral 20 2.2 Objetivos específicos 20 3 REVISÃO DE LITERATURA 21 4 METODOLOGIA EXPANDIDA 27 5 CAPÍTULO 1 - REVISÃO INTEGRATIVA: EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EM ODONTOLOGIA ANTES E DESPOIS DA COVID-19 33 5.1 Resumo 33 5.2 Abstract 34 5.3 Introdução 34 5.4 Metodologia 36 5.5 Resultados e Discussão 37 5.6 Considerações Finais 43 5.7 Referências bibliográficas 45 6 CAPÍTULO 2- CONHECIMENTOS E PREPARAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA NAS MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA DURANTE A PANDEMIA COVID-19 49 6.1 Resumo 49 6.2 Abstract 49 6.3 Introdução 50 6.4 Metodologia 52 6.5 Resultados 54 6.6 Discussão 57 6.7 Conclusões 60 6.8 Referências 60 7 CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO FOTOGRÁFICA DE POSTURAS ERGONÔMICAS NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA PELO MÉTODO RULA 64 7.1 Resumo 64 7.2 Abstract 65 7.3 Introdução 65 7.4 Metodologia 67 7.5 Resultados 78 7.6 Discussão 85 7.7 Conclusão 87 7.8 Referências 88 7.9 Produto técnico 91 ANEXOS 94 17 1 INTRODUÇÃO GERAL* A Ergonomia, como ciência, é um conjunto de saberes multidisciplinares aplicados na organização da atividade laborativa e nos elementos que compõem o posto de trabalho, para estabelecer um ambiente seguro, saudável e confortável, prevenindo agravos à saúde e contribuindo para a eficiência produtiva1. A adaptação da atividade ao trabalhador e não do trabalhador à atividade e a melhoria das práticas das tarefas com conforto, segurança e eficácia são alguns dos propósitos da análise ergonômica2. Nos últimos anos, a ergonomia aplicada à odontologia ganhou relevância crescente, devido principalmente ao número cada vez maior de cirurgiões-dentistas, que expressam sintomatologias da dor relacionadas ao trabalho3. Segundo Garbin et al.4 a ergonomia tem como propósito reduzir o estresse cognitivo e físico; prevenir as doenças relacionadas ao exercício da profissão, por meio de adequações do ambiente de trabalho e da otimização do atendimento, além de melhorar a qualidade de vida do profissional e proporcionar mais conforto ao paciente. As atividades desenvolvidas no trabalho repercutem na vida cotidiana, no contexto profissional, doméstico e social, interferindo na qualidade de vida5. A odontologia é uma profissão que gera muitos riscos para a saúde do cirurgião- dentista6. Uma postura incorreta provoca lesões por esforços repetitivos que podem causar doenças, prejudicando e comprometendo a saúde do trabalhador, impossibilitando, muitas vezes, que o indivíduo possa continuar executando a mesma função, em decorrência, por exemplo, de uma deficiência motora7. Nos consultórios odontológicos quando não se trabalha com posturas baseadas nos princípios ergonômicos e não são usados os meios de proteção adequados o profissional fica exposto a fatores que, a longo prazo, afetam a saúde, desencadeando problemas como lesões musculoesqueléticas, surdez, estresse, hipertensão, conjuntivite, herpes, micose, varizes e infecções cruzadas8-10. Além dos riscos ergonômicos, existem os riscos biológicos no consultório odontológico devido à contaminação por vírus, bactérias e fungos, causando doenças transmitidas por instrumentos, equipamentos odontológicos, superfícies * Lista de Referências no Anexo A 18 contaminadas pelo sangue e outros fluidos corporais. Independentemente do tipo de procedimento, desde um simples exame clínico até cirurgias complexas, o uso de medidas de biossegurança nunca deve ser negligenciado11. Com o surto de doença devido a um novo coronavírus na província de Hubei (China), em dezembro 2019, a declaração pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como emergência internacional de saúde pública e o alto risco de a doença de coronavírus (COVID-19) se espalhar para outros países do mundo, a OMS e as autoridades de saúde pública de todo o mundo, indicaram medidas para conter a pandemia10. Dentre as medidas, destaca-se a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) por todos os profissionais nos locais de assistência à saúde: luvas, máscaras cirúrgicas, óculos de proteção ou proteção facial e jalecos cirúrgicos, bem como itens para procedimentos específicos, como o uso de respiradores, máscaras de classificação N95, peças faciais filtrantes (PFF2) ou de padrão equivalente e aventais12. Com base no cenário epidemiológico causado pela pandemia da COVID-19, a princípio o sistema educacional na totalidade foi forçado a fechar as portas de todas as instituições escolares no nível presencial13 e depois as instituições de ensino superior, de forma articulada com outros setores da sociedade, uniram forças no sentido de prevenir e controlar a disseminação da doença, introdução e pesquisa de novos protocolos de biossegurança para dar continuidade ao processo de ensino. Nesse sentido, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, instituição pública de ensino do Brasil, implementou um novo protocolo com medidas para impedir a transmissão da COVID-19 dentro da Universidade e foco na assistência odontológica presencial14, além do plano de retomar as atividades presenciais com o planejamento do relaxamento de medidas restritivas e distanciamento social, a partir da adoção de critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)15. Durante as aulas práticas de odontologia, os estudantes desenvolvem habilidades que contribuem para a sua formação profissional, entretanto posturas inadequadas podem transformar-se, com o tempo, em hábitos difíceis de serem corrigidos. Neste contexto, é de máxima prioridade o aprendizado das posturas ergonômicas para o atendimento do paciente, evitando a aparição de transtornos musculoesqueléticos, assim como o uso adequado dos meios de proteção pessoal, sendo, na atualidade, aspecto fundamental, pois com a pandemia COVID-19 gerou- 19 se a necessidade de redobrar as medidas de biossegurança para garantir a saúde do profissional e do paciente durante o atendimento odontológico. A retomada das atividades práticas em odontologia, depois do período de isolamento pela COVID-19, envolveu novas medidas de biossegurança e um processo de adaptação dos estudantes. O objetivo neste estudo foi avaliar o uso de equipamentos de proteção individual e a adoção de medidas de biossegurança e posturas ergonômicas por acadêmicos de odontologia durante a prática clínica. A pesquisa foi estruturada em três capítulos, o primeiro abordou uma revisão integrativa sobre o uso dos equipamentos de proteção individual antes e depois da pandemia COVID-19, no segundo capítulo realizou-se a avaliação dos conhecimentos dos estudantes de odontologia sobre medidas de biossegurança durante a pandemia COVID-19 e no terceiro capítulo foi realizada a avaliação fotográfica de posturas ergonômicas na prática odontológica pelo método RULA. Com os resultados da tese foi elaborado um produto técnico em formato de manual com orientações sobre ergonomia em odontologia, visando transferir conhecimento para estudantes e profissionais. 20 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Analisar o uso de equipamentos de proteção individual antes, durante e após da COVID 19; percepção e cumprimento das medidas de biossegurança estabelecidas em decorrência da pandemia e adoção de posturas ergonômicas por acadêmicos de odontologia durante a prática clínica. 2.2 Objetivos específicos 1. Analisar o uso dos equipamentos de proteção individual antes e depois da pandemia da COVID-19. 2. Verificar o conhecimento e a percepção dos estudantes de odontologia em relação às medidas estabelecidas em decorrência da pandemia da COVID19. 3. Determinar o impacto pelo uso dos equipamentos de proteção individual. 4. Avaliar as posturas ergonômicas adotadas durante a prática clínica, com uso dos EPIs. 5. Determinar o risco ergonômico por meio da avaliação postural com a análise fotográfica e método RULA. 6. Elaboração de produto técnico em formato de manual com orientações sobre ergonomia em odontologia para estudantes e profissionais. 21 3 REVISÃO DE LITERATURA† Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (continua) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Allsopp J, Basu MK, Browne RM, Burge PS, Matthews JB (1) 1997 Inglaterra Transversal Investigar o uso dos equipamentos de proteção individual e doenças em relação ao trabalho em odontologia. n=122 cirurgiões dentistas n=115 enfermeiras n=86 higienistas n=74 recepcionistas - Exposições prolongadas a aerossóis. - Necessidade de uso dos EPI. Vilagra JM (2) 2002 Brasil Transversal Investigar a prevalência de sinais clínicos e distúrbios musculoesqueléticos de origem ocupacional, decorrentes das atividades práticas realizadas por acadêmicos de Odontologia. n=80 acadêmicos de odontologia - Existe relação entre atividades práticas na odontologia e distúrbios musculoesqueléticos. Garbi, AJI, Garbin CAS, Arcieri RM, Crossato M, Ferreira NF (3) 2005 Brasil Descritivo Avaliação descritiva da aplicação de medidas de precaução universal para controle de infecção entre cirurgiões-dentistas. n=20 profissionais de odontologia do setor público - O setor público apresenta mais falhas em relação ao uso de barreiras protetoras. Vilagra JM, Reis PF, Vilan K, Moro ARP (4) 2006 Brasil Transversal Avaliar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos. n=96 acadêmicos de odontologia - Altas pontuações (6- 7) pelo método RULA, o que precisa intervenção ergonômica nos acadêmicos. † Lista de Referências no Anexo B 22 Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (continuação) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Ferreira RC, Martins AMEBL, Mota RDP, Santos NC, Queiroz IOA (5) 2010 Brasil Transversal Avaliou a prevalência e os fatores associados do uso de equipamentos de proteção individual entre os cirurgiões-dentistas e as principais razões alegadas para o não uso. n=297 cirurgiões dentistas -Ainda é negligenciado o uso dos EPI, sendo mais utilizados entre mulheres, entre cirurgiões-dentistas que realizam pausas entre cada paciente e naqueles que foram vacinados contra hepatite B. Sakzewski L, Naser-ud-Din S (6) 2015 Austrália Descritivo Investigar a prevalência e os fatores de risco de DORT entre dentistas e ortodontistas australianos. n=447 ortodontistas e n=450 cirurgiões dentistas - Alta prevalência de dor musculoesquelética associada ao estresse do trabalho. Lages SMR, Santos AF, Silva Júnior FF, Costa JG (7) 2015 Brasil Transversal, descritivo Analisar o conhecimento e condutas de alunos de graduação em odontologia frente à ocorrência de acidente com exposição a material biológico e controle de infecção. n=224 alunos de odontologia - Alunos apresentam déficits no conhecimento em relação à exposição a material biológico potencialmente contaminado. Saliba TA, Machado ACB, Garbin AJÍ, Peruchini LFD, Garbin CAS (8) 2016 Brasil Quanti- qualitativo, observacional, descritivo Analisar aspectos ergonômicos de atendimentos clínicos realizados em quatro especialidades odontológicas n=6 acadêmicos realizaram 48 procedimentos em 4 especialidades odontológicas. - Posturas inadequadas de trabalho foram observadas nos atendimentos que demandavam maior tempo clínico e precisão pelos profissionais. 23 Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (continuação) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Salazar KLF, Puga, JAG, González RMT, Rubial RES, Zavala MOQ (9) 2016 México Transversal Identificar transtornos musculoesqueléticos em odontólogos n=30 cirurgiões dentistas - Maior porcentagem nos transtornos no pescoço, costa e ombros. Álvarez Barahona FM, Juna Juca CF (10) 2017 Equador Transversal Avaliar o nível de conhecimento e gestão de padrões de biossegurança no pessoal de odontologia. n=29 profissionais de odontologia - Adequado nível de conhecimento em relação a biossegurança na prática odontológica. Cervera-Espert J, Pascual- Moscardó A, Camps-Alemany I (11) 2018 Espanha Transversal Avaliar os conhecimentos em relação à ergonomia e a sua aplicação à prática clínica de rotina entre os estudantes. n=336 estudantes de odontologia - A análise postural mostrou uma grande variabilidade sem diferenças significativas na postura entre homens e mulheres. Moodley R, Naidoo S, Wyk JV (12) 2018 África do Sul Revisão sistemática Estudo da prevalência de doenças ocupacionais em dentistas e higienistas, na prática da odontologia n=49 artigos - Alta prevalência de doenças ocupacionais associadas a equipamentos odontológicos. Santos RR, Garbin CAS, Saliba TA, Gatto RCJ, Garbin AJI (13) 2018 Brasil Transversal Avaliar a incapacidade gerada pela dor e o nível de intensidade da dor, verificando se existe uma correlação entre essas. n=303 estudantes de odontologia - Alta prevalência (82,6%) de sintomatologia dolorosa. 24 Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (continuação) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Howarth AL, Hallbeck MS, Lemaine V, Singh DJ, Noland SS (14) 2019 Estados Unidos Transversal Identificar a prevalência e o impacto da DORT e orientar estratégias preventivas para prolongar o bem-estar. n=95 cirurgiões dentistas -Alto nível de desconforto do cirurgião dentista afetando a postura,resistência, sono, cirurgia, velocidade, relacionamentos, e concentração. Meisha DE, Alsharqawi NS, Samarah AA, Al- Ghamdi MY (15) 2019 Arabia Saudita Transversal Avaliar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos relacionados com o trabalho e identificar as práticas ergonômicas associadas entre os dentistas. n=234 cirurgiões dentistas -A prevalência de DORT foi de 70%. A localização mais comum da dor causada por DORT foi na região lombar (85%) e no pescoço (84,6%). Coelho MMF, Cavalcante VMV, Moraes JT, Menezes LCG, Figueirêdo SV, Branco MFCC, et al (16) 2020 Brasil Transversal Descrever a prevalência e os fatores associados à lesão por pressão relacionada ao uso de equipamentos de proteção individual durante a pandemia da COVID-19. n=1.106 profissionais de saúde -Alta prevalência de lesões de pele com uso dos EPI. Frómeta-Ortiz Y, González- Espangler L, Valdés-Gómez Y Romero-García LI (17) 2021 Cuba Descritivo Descrever o nível de conhecimento dos dentistas sobre biossegurança em face da COVID-19. n=40 cirurgiões dentistas -Adequado nível de conhecimento sobre biossegurança em face da COVID-19. 25 Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (continuação) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Marfil Rivera A, Garza M, Fernández Garza LE (18) 2021 México Transversal Avaliar a prevalência de cefaleia associada ao uso de equipamentos de proteção individual(óculos de proteção e máscara). n=886 médicos de Mexico, América Latina, América do Norte e Europa - O uso dos EPI por mais de 3 horas na semana pode produzir cefaleia associada a outros fatores. Barbosa-Liz DM, Agudelo-Suárez AA, Atuesta- Mondragón MF, Ariza-Olaya JT, Plaza-Ruíz SP (19) 2021 Colômbia Transversal Avaliar a modificação das práticas, a utilização de equipamento de proteção individual, os protocolos de biossegurança durante a pandemia de COVID-19 na Colômbia. n=5370 cirurgiões dentistas - A pandemia de COVID-19 teve um forte impacto, na prática da medicina dentária na Colômbia, gerando alterações nas atividades clínicas e nas perspectivas de carreira. Saliba TA, Oliveira JMA, Ruy WVDS, Garbin AJÍ (20) 2022 Brasil Transversal Investigar o conhecimento dos acadêmicos de odontologia do sexto ano de graduação em relação à postura e doenças ocupacionais. n=41 alunos de odontologia - Número significativo em relação à proporção de alunos que relataram sentir dor, e desconforto físico e psicológico como consequência de práticas ergonômicas inadequadas de trabalho. 26 Quadro 1 - Revisão de literatura sobre ergonomia e equipamentos de proteção individual (conclusão) Autores Ano País Tipo de pesquisa Objetivo Amostra Principais conclusões Kee D (21) 2022 Coreia Revisão sistemática Comparar três métodos observacionais representativos para avaliar cargas musculoesqueléticas e sua associação com distúrbios musculoesqueléticos. n=34 artigos - RULA é o método mais utilizado Ruiz-Quilcat C, Aguirre-Morales AK, Mezzich- Gálvez JL (22) 2022 Peru Revisão de literatura Comparar as indicações e normativas estabelecidas para uso dos equipamentos de proteção individual. n= 40 normativas - A normativa mais detalhada foi a Diretiva Sanitária 100- MINSA publicada em 2020. Fonte: Autor,2024 27 4 METODOLOGIA EXPANDIDA‡ Tipo de estudo Trata-se de um estudo transversal, tipo inquérito, observacional e descritivo de abordagem qualitativa e quantitativa, conduzido em estudantes de odontologia, no ano 2021, durante a pandemia da COVID-19. Local de estudo A pesquisa foi realizada na clínica de ensino de uma IES pública durante a realização das aulas práticas na disciplina de dentística restauradora. Coleta de dados A pesquisa foi estruturada em 3 fases. A primeira fase consistiu em um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa de revisão integrativa com o objetivo de identificar o uso dos equipamentos de proteção individual antes e depois da pandemia. Foram consultadas as seguintes bases de dados: SciELO, PubMed, Web of Science, BVS durante o período compreendido de agosto 2010 – agosto 2022. A estratégia de busca utilizada foi: ((Contenção de riscos biológicos) OR (Containment of Biohazards) OR (Contención de riesgos biológicos) OR( Biossegurança)) AND ((Pandemia) OR (Pandemics) OR (Pandemia COVID-19) OR (COVID- 19)) AND ((Equipamento de proteção individual) OR (Personal Protective Equipment) OR (Equipo de Protección Personal)) AND ((Odontología) OR (Dentistry)OR (Odontologia)) AND ((Odontólogos) OR (Dentists) OR (Dentistas) OR (Cirurgião-dentista) OR ( Cirurgiões-dentistas)) AND ((Estudantes de Odontologia) OR(Estudiantes de odontología) OR (Students, dental)) AND ((Prevenção) OR (Disease Prevention) OR (Prevención de enfermidades)). A análise foi baseada nas recomendações do modelo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses.24 ‡ Lista de Referências no Anexo B 28 Na segunda fase, foi elaborado um instrumento com base em estudos observados. O questionário foi estruturado em seções. As primeiras perguntas referiam-se ao perfil sociodemográfico dos entrevistados, contendo as variáveis idade e sexo. Outras questões buscaram investigar como as informações foram recebidas em relação ao protocolo estabelecido para a retomada das aulas práticas e outras questões relacionadas à variação do empo de trabalho e produtividade durante a realização de tratamentos utilizando EPI, presença de dor musculoesquelética, relato de ocorrência de lesões cutâneas e as regiões do corpo onde essas lesões ocorreram com mais frequência. Antes de disponibilizar o questionário aos alunos pela plataforma Google forms, foi realizado um estudo piloto com 10 alunos que não compuseram a amostra final do estudo com o objetivo de verificar a compreensão adequada das questões do formulário evitando vieses nas respostas. Para o desenvolvimento da terceira fase do estudo foram realizadas tomadas fotográficas nas clínicas odontológicas de ensino, durante tratamentos odontológicos executados por 84 estudantes do terceiro ano do curso de odontologia. As fotografias foram realizadas por um único pesquisador, previamente treinado, posicionado a uma distância de 1 metro da cadeira odontológica, com visão posterior para avaliar a postura do operador e padronizar os registros. Uma folha de papel A4 com a impressão de um ângulo de 90° foi utilizada como referência e assistência de escala na padronização das fotografias. Realizaram-se duas avaliações posturais, a primeira baseada nas normas preconizadas pela ISO/FDI8 para os atendimentos clínicos odontológicos, composto por 8 aspectos que devem ser seguidos, verificando 5 dos 8 elementos por meio das fotografias: pernas, coluna cervical, pescoço, membros superiores e pés. A segunda avaliação foi realizada pelo método RULA25 para determinar o ângulo formado entre o tronco e o braço; o ângulo formado entre o braço e o antebraço, o ângulo formado entre o antebraço e mão, deslocamento radial ou ulnar do punho, torção do punho, ângulo formado entre o pescoço e o tronco, ângulo formado entre o tronco e o plano vertical e distribuição do peso do corpo nas pernas e nos pés. As medições e avaliações foram realizadas no lado direito do operador. 29 Critérios de elegibilidade e amostra da pesquisa Foram incluídos no estudo alunos do curso de odontologia de uma IES pública. A seleção da amostra foi baseada no cronograma de estudo dos alunos que iniciaram a realização de aulas práticas após o período de isolamento em decorrência da pandemia da COVID-19. Os critérios de inclusão estabelecidos para participar da pesquisa foram: estudantes regularmente matriculados que já estudavam disciplinas clínicas e, por sua vez, realizavam atividades de prática clínica antes do período da pandemia COVID-19; e aqueles que concordaram em participar do estudo. Foram excluídos aqueles que estavam ausentes durante o período de coleta de dados. Análise dos dados Na revisão integrativa, inicialmente, foram encontrados 329 artigos. Para a análise e posterior síntese dos estudos que atenderam aos critérios de inclusão foi realizado um quadro sinóptico, especialmente construído para esse fim, que contemplou os seguintes aspectos, considerados pertinentes: título do artigo; país e ano; objetivo de estudo; participantes e método empregado para coletar a informação e os EPI avaliados nos principais resultados. Os formulários respondidos foram analisados incluindo as seguintes variáveis: idade e sexo. Também foram incluídas variáveis sobre informações recebidas em relação ao protocolo estabelecido para a retomada das aulas práticas: conhecimento e preparação para lidar com as novas medidas de biossegurança, uso de equipamentos de proteção individual, as dificuldades enfrentadas durante a realização de procedimentos odontológicos em pacientes; à variação do tempo de trabalho e produtividade durante a realização de tratamentos utilizando EPI e a presença de dor musculoesquelética (das regiões do corpo mais afetadas); identificar a ocorrência de lesões cutâneas (devido ao uso de equipamentos de proteção) e as regiões do corpo onde essas lesões ocorreram com mais frequência. Os dados foram processados e submetidos a uma análise estatística descritiva com o auxílio do software Excel e os resultados apresentados em tabelas e gráficos. 30 Na análise das fotografias foram realizadas duas avaliações, para a coleta de dados, na primeira avaliação pela ISO/FDI elaborou-se uma ficha com os aspectos a avaliar em cada registro fotográfico. Quadro 1 - Ficha para registro de avaliação ergonômica Fonte: Saliba et. al,2016 Na segunda avaliação, baseada no método RULA, as imagens obtidas foram transferidas para um notebook para análise: o programa Golden Ratio (aplicativo gratuito disponível para Androide que ajuda a editar fotos e medir proporções com precisão), foi utilizado para realizar a medição dos ângulos formados pelos segmentos corporais. Obtidas as pontuações A ( braço, antebraço e punho) e B ( pescoço, tronco e pernas) foi conformada uma pontuação final pela associação de ambas(resultados de A e B) com as numerações preestabelecias (Quadro 2) Aspectos para avaliação de postura Correta Incorreta Pernas (ângulo formado entre a parte posterior da coxa e a panturrilha de 110° ou mais, pernas levemente esticadas) X X Coluna cervical (sentado simetricamente ereto e distante do assento. O tronco inclinação máxima de 10°. Sem rotações e inclinações laterais) X X Pescoço (Cabeça com uma inclinação de até 25°) X X Membros superiores (ao lado da parte superior do corpo na frente do tronco, com o antebraço levantado em aproximadamente 10° com um limite máximo de 25°) X X Pés (apoiados inteiramente no chão e o pedal a próximo a eles, evitando movimentos laterais) X X Total de Itens 31 Quadro 2 - Quadro de scores utilizados para realizar a associação das pontuações pelo método RULA. Araçatuba 2024 Fonte: Diego-Mas,2015 O registro final para determinar o nível de ação realizou-se pelo quadro 3. Quadro 3 - Níveis de score pelo método RULA para estabelecer o nível de risco ergonômico. Araçatuba 2024 Fonte: Diego-Mas,2015 Os dados foram processados e submetidos a uma análise de estatística descritiva, analisou-se frequência e porcentagem das variáveis e os resultados apresentados em tabelas e gráficos. A análise dos dados foi realizada com o software Epi Info 7.2. Score C Pontuação extremidade superior 1 2 3 4 5 6 7 8 ou + Score D-Pontuação pescoço, tronco, pernas 1 2 3 4 5 6 7 ou + 1 2 3 3 4 5 5 2 2 3 4 4 5 5 3 3 3 4 4 5 6 3 3 3 4 5 6 6 4 4 4 5 6 7 7 4 4 5 6 6 7 7 5 5 6 6 7 7 7 5 5 6 7 7 7 7 Score Nível de ação Descrição do nível 1 1 Indica que a postura é aceitável se ela não for mantida ou repetida por longos períodos. 2 3 2 Indica que investigações são necessárias e alterações devem ser feitas 4 5 3 Indica que investigações são necessárias e que alterações devem ser feitas em breve. 6 7 4 Indica que investigações são necessárias e que alterações devem ser feitas imediatamente. 32 Produto técnico Para ampliar o conhecimento de estudantes e profissionais de odontologia elaborou-se um produto técnico em formato de manual com orientações sobre riscos, condições do ambiente de trabalho e posturas ergonômicas adequadas durante o atendimento odontológico. O manual foi desenvolvido baseado nas normas preconizadas pela ISO/FDI para os atendimentos clínicos odontológicos. Aspectos éticos O estudo foi realizado com o Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos participantes e mantendo a confidencialidade dos dados do processo de pesquisa garantindo o anonimato, sigilo das informações e o uso dos dados encontrados apenas para fins científicos. O projeto foi aprovado do Comitê de Ética (CAAE:84305818.3.0000.5420). 33 5 CAPÍTULO 1- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EM ODONTOLOGIA ANTES E DESPOIS DA COVID-19 : UMA REVISÃO INTEGRATIVA .§ 5.1 Resumo Introdução: Com a pandemia da COVID-19 novos protocolos de biossegurança foram estabelecidos para manter a saúde dos profissionais e pacientes. Objetivo: Avaliar o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) antes e depois da pandemia da COVID-19. Metodologia: Foi realizada uma revisão na literatura científica, nas seguintes bases de dados: SCIELO, Pubmed, Web of Science, BVS e no Google acadêmico desde agosto 2010 – agosto 2022. Resultados: Foram encontrados 329 artigos, 129 selecionados após a leitura do título e resumo, 46 duplicados eliminados, 69 foram excluídos por não apresentarem clareza na descrição da metodologia e tendo sido selecionados 14 estudos para a revisão integrativa. Todas as pesquisas avaliavam conhecimentos, atitudes, práticas e fatores relacionados ao uso dos EPI. Dificultava-se o acesso dos profissionais de saúde aos equipamentos de proteção individual antes da pandemia. Ainda com medidas de biossegurança estabelecidas nem todos os profissionais usavam os EPI em conjunto durante o atendimento com pacientes, referindo que as luvas e óculos de proteção dificultam o trabalho; que máscara, avental e touca não são necessários. Depois da pandemia com as mudanças dos protocolos de biossegurança, existem dificuldades no uso do EPI, principalmente em relação à paramentação e desparamentação dos EPI. Conclusão: A pandemia da COVID-19 trouxe uma maior atenção para o uso de Equipamentos de Proteção Individual em todas as áreas de saúde, incluindo a odontologia. Palavras-chave: equipamentos de proteção individual, odontologia, contenção de riscos biológicos § Normatizado de acordo com a Revista Medisur - http://scielo.sld.cu/revistas/ms/einstruc.htm http://scielo.sld.cu/revistas/ms/einstruc.htm 34 5.2 Abstract Introduction: With the COVID-19 pandemic, new biosafety protocols have been established to maintain the health of professionals and patients. Objective: To evaluate the use of Personal Protective Equipment (PPE) before and after the COVID-19 pandemic. Methodology: A review of the scientific literature was carried out in the following databases: SCIELO, Pubmed, Web of Science, VHL and Google Scholar from August 2010 - August 2022. Results: 329 articles were found, 129 were selected after reading the title and abstract, 46 duplicates were eliminated, 69 were excluded because their description of the methodology was unclear, and 14 studies were selected for the integrative review. All the studies assessed knowledge, attitudes, practices, and factors related to the use of PPE. Health professionals had little access to personal protective equipment before the pandemic. Even with biosafety measures in place, not all professionals used PPE together during patient care, saying that gloves and goggles make it difficult to work; that masks, aprons and caps are not necessary. After the pandemic, with the changes to biosafety protocols, there are difficulties in using PPE, especially in relation to dressing and undressing. Conclusion: The COVID-19 pandemic has brought greater attention to the use of Personal Protective Equipment in all areas of health, including dentistry. Key words:Personal Protective Equipment, Dentistry, Containment of Biohazards 5.3 Introdução O ambiente odontológico oferece diversos riscos à saúde do profissional pelas diversas formas de contaminação com a existência de microrganismos patógenos presentes na saliva e no sangue.(1) Aplicar as normas de biossegurança têm a finalidade de proteger a equipe e os pacientes em ambiente clínico, diminuindo e eliminando os riscos próprios da atividade.(2) 35 Dentre estes, o risco biológico aponta-se como um dos principais entre os profissionais de saúde, após o aparecimento da Aids e do crescimento do número de pessoas infectadas pelos vírus da hepatite B e C, pelo que desde o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) como entidade clínica e o conhecimento de seu mecanismo de transmissão, tem sido motivo de preocupação para os trabalhadores de saúde que reconhecem que esta doença ser adquirida pela prática de trabalho e neste contexto mudaram as práticas de biossegurança.(3) Ao longo dos anos, novos protocolos têm sido estabelecidos para evitar a transmissão ocupacional destas doenças na odontologia, incluindo o uso de equipamentos de proteção individual (luvas, máscara, óculos de proteção e jaleco) e a vacinação de todo o pessoal que realiza tarefas que envolvam contato com sangue, outros fluidos corporais, ou superfícies contaminadas por fluidos corporais.(4) A partir de dezembro 2019, vários países foram acometidos pela COVID-19, pandemia que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 21 de março 2023 confirmou 761.071.826 casos e 6.879.677 mortes em todo o mundo.(5) Com o avanço do conhecimento sobre o novo coronavírus, foram determinadas as principais vias de transmissão: mediante tosse, espirro, por contato com mucosa oral, nasal e ocular após superfícies contaminadas serem tocadas, assim como os aerossóis, principalmente em ambientes fechados.(6,7) Diante desta nova situação epidemiológica, novos protocolos de biossegurança foram estabelecidos e diversas estratégias de controle de infecções respiratórias destacando-se, entre elas, a utilização dos novos equipamentos de proteção individual (EPI), para manter a segurança do trabalhador e o paciente.(7,8) O equipamento padrão consiste em vestimentas protetoras, como o jaleco, luvas e máscaras. No entanto, para infecções transmitidas pelo ar, como a COVID-19, equipamentos adicionais, incluindo luvas, touca, máscaras, óculos de proteção, protetores faciais, trajes de isolamento e roupas de proteção, projetados para proteger a pele e as membranas mucosas dos olhos, boca e nariz devem ser usados.(9) Entretanto, mesmo em casos com a utilização dos equipamentos individuais de proteção, não é descartada a possibilidade de contaminação do profissional. Isso pode ser justificado por fatores como uso incorreto dos equipamentos, acidentes 36 durante o atendimento e medidas inadequadas antes, durante e após os procedimentos executados. Com o início da pandemia algumas medidas foram propostas para evitar a transmissão do vírus e novos protocolos foram estabelecidos sobre a base de critérios adotados pela OMS.(10,11) Com o objetivo de avaliar o uso dos equipamentos de proteção individual antes e depois da pandemia da COVID-19 foi realizada esta revisão integrativa de literatura. 5.4 Metodologia Foi realizada uma revisão na literatura científica, nas seguintes bases de dados: SciELO, PubMed, Web of Science e BVS durante o período compreendido de agosto de 2010 – agosto de 2022. A questão norteadora foi: qual a incidência do uso dos equipamentos de proteção individual antes da pandemia e que mudanças aconteceram depois de estabelecidas as medidas após a pandemia COVID 19? Como critérios de inclusão foram eleitos artigos que avaliaram o conhecimento dos profissionais e estudantes de odontologia e o uso dos equipamentos de proteção individual antes e depois da pandemia; artigos publicados em inglês, português e espanhol disponíveis na íntegra nas bases de dados selecionadas. Foram excluídas teses, artigos de revisão, e aqueles artigos cuja conclusão não respondia ao objetivo proposto. Os descritores utilizados e seus sinônimos foram combinados aos operadores booleanos: AND e OR para compor as chaves de busca a serem utilizadas nas bases de dados: ((Contenção de riscos biológicos) OR (Containment of Biohazards) OR (Contención de riesgos biológicos) OR(Biossegurança)) AND ((Pandemia) OR (Pandemics) OR (Pandemia COVID-19) OR (COVID- 19)) AND ((Equipamento de proteção individual) OR (Personal Protective Equipment) OR (Equipo de Protección Personal)) AND ((Odontología) OR (Dentistry)OR (Odontologia)) AND ((Odontólogos) OR (Dentists) OR (Dentistas) OR (Cirurgião-dentista) OR (Cirurgiões- dentistas)) AND ((Estudantes de Odontologia) OR(Estudiantes de odontología) OR (Students, dental)) AND ((Prevenção) OR (Disease Prevention) OR (Prevención de enfermidades)) 37 Para a análise e posterior síntese dos artigos que atenderam aos critérios de inclusão foi realizado um quadro sinóptico especialmente construído para esse fim, que contemplou os seguintes aspectos, considerados pertinentes: título do artigo; país e ano; objetivo de estudo; participantes e método empregado para coletar a informação e os EPI avaliados nos principais resultados. (Tabela 1) 5.5 Resultados e Discussão: A partir da pesquisa inicialmente foram encontrados 329 artigos, 129 selecionados após a leitura do título e resumo, 46 duplicados eliminados, 69 foram excluídos por não apresentarem clareza na descrição da metodologia e tendo sido selecionados 14 estudos para a revisão integrativa. (Figura 1), apresentando o resumo das principais características dos artigos na Tabela 1. Figura 1. Estratégia de busca e seleção de estudos Total de artigos = 329 SCIELO=258 PUBMED=13 BVS =24 Web of Science=34 Artigos selecionados após leitura do título e resumo n=129 Publicações selecionadas n=83 Artigos eliminados n=69 Artigos incluídos na revisão n=14 Artigos duplicados n=46 38 Quadro 1. Artigos sobre uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) antes e depois da pandemia da COVID-19 Título /Artigo País /data Objetivo Participantes/Método Principais resultados em relação aos EPIs Uso de equipamentos de proteção individual entre cirurgiões-dentistas de Montes Claros, Brasil(12) Brasil /2010 Avaliar a prevalência de fatores associados ao uso dos equipamentos de proteção individual. n=297 cirurgiões dentistas /Questionário - Uso de luvas e jaleco 88,5% e 76,8% respectivamente em tempo integral - Touca no 62,2% dos procedimentos Condutas do cirurgião- dentista frente a acidentes biológicos(13) Brasil/2010 Revisar as condutas a serem adotadas em casos de acidente com material biológico contaminado. n=63 cirurgiões dentistas /Questionário - Uso de luvas 100% dos procedimentos, 26,2 % jalecos descartáveis, 57,2 % óculos de proteção e máscaras 95,2%. Knowledge, Attitudes, and Practice of Infection Control among Dental Students at Sana’a University, Yemen(14) Iémen /2015 Investigar o conhecimento, atitudes e prática de estudantes sobre controle da infecção. n=145 estudantes de odontologia/Questionário - 96,6% usavam luvas nos atendimentos, 87,5% trocavam os jalecos. Baixo porcentagem no uso óculos de proteção e 53,8 % usavam máscaras. Compliance with occupational exposure risk management procedures in a dental school setting(15) Reino Unido/2017 Avaliar as mudanças nos processos de biossegurança num período de 5 anos. n=49 consultas clínicas com estudantes e profissionais em diferentes disciplinas odontológicas /Questionário - 100 % usavam luvas, 94% óculos de proteção. Nivel de conocimientos sobre bioseguridad en Estomatología(16) Cuba /2017 Determinar conhecimentos sobre biossegurança em técnicos e profissionais de odontologia. n=26 técnicos e cirurgiões dentistas /Questionário - 61,5 % usavam luvas Uso de equipamentos de proteção individual por cirurgiões dentistas em unidades básicas de saúde: estudo piloto(17) Brasil/2017 Avaliar a adesão ao uso dos EPI e sua disponibilidade. n=32 cirurgiões dentistas/Questionário Luvas, 18,8% jaleco e máscaras 39 Título /Artigo País /data Objetivo Participantes/Método Principais resultados em relação aos EPIs Avaliação dos conhecimentos, atitudes e práticas clínicas de Cirurgiões Dentistas da Cidade de Londrina em relação à pandemia de COVID-19(18) Brasil /2020 Avaliar o conhecimento, atitudes e práticas de cirurgiões dentistas em relação à pandemia. n=197 cirurgiões dentistas/Questionário - 93,40 % usavam luvas, 55,7 % jaleco, 80,3 % touca descartável e máscaras N95/PFF2. Avaliação do uso de equipamentos de proteção individual pela equipe de saúde bucal em unidades básicas de saúde. Paraíba(19) Brasil/2022 Avaliar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs)em técnicos e cirurgiões dentistas. n=32 cirurgiões dentistas n=29 técnicos de saúde bucal/Questionário - 100 % usavam luvas,86,29 % toucas descartável, Conocimiento y preparación de los odontólogos mexicanos ante la pandemia por COVID-19(20) México /2020 Descrever os conhecimentos gerais sobre o SARS-CoV-2, recomendações e medidas de proteção em odontólogos mexicanos. n=1286 cirurgiões dentistas /Questionário - 77,8 % usavam máscaras cirúrgicas e 62,5% máscaras N95. Assessment of knowledge and practice of dentists towards Coronavirus Disease (COVID-19): a cross-sectional survey from Lebanon(21) Líbano/2020 Avaliar o conhecimento e a prática de dentistas em relação à epidemia de COVID-19 no Líbano. n=357 cirurgiões dentistas/Questionário - A maioria tinha bons conhecimentos (91,3%) e quase metade dos inquiridos tinha uma boa prática (58,7%) relativamente à COVID-19. Comparison of COVID-19 Relevant Knowledge and Attitudes of Clinical and Preclinical Dental Students in Turkey(22) Turquia /2020 Comparar o conhecimento e atitude de estudantes de odontologia clínica e pré-clínica em relação a pandemia de COVID-19. n=159 estudantes de odontologia (pré-clínica) e n=130 estudantes de odontologia (clínica) /Questionário - Os estudantes na clínica têm maior preocupação em relação à contaminação pela COVID- 19 ainda com o uso dos EPI. 40 Título /Artigo País /data Objetivo Participantes/Método Principais resultados em relação aos EPIs Knowledge of COVID-19 and its implications in dental treatment, and practices of personal protective equipment among dentists: A survey- based assessment(23) Índia /2021 Avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre a COVID-19, métodos para prevenir sua transmissão e implicações da COVID-19 no tratamento odontológico. n=413 cirurgiões dentistas /Questionário - 52,9% dos pós-graduados e 43,7% dos graduados responderam corretamente sobre a sequência de colocação, e 47,9% dos pós- graduados e 46,1% dos graduados tinham conhecimentos sobre a sequência correta de remoção do EPI The impact of the COVID- 19 pandemic on dental practice in Brazil(24) Brasil /2021 Dilucidar os comportamentos e adversidades de odontólogos durante a pandemia n=1811 cirurgiões dentistas /Questionário - 91,12 % usavam touca descartável protetor facial. Dental practice modification, protocol compliance and risk perception of dentists during COVID-19 pandemic in Colombia: a cross-sectional study(25) Colômbia /2021 Avaliar a modificação da prática, o uso de elementos de proteção individual, os protocolos de biossegurança, a afetação nos planos de carreira, a prevalência de contágio e a percepção de risco dos dentistas durante a pandemia de COVID-19 na Colômbia n=5370 cirurgiões dentistas /Questionário Luvas, 89,65 % máscaras N95 e 43,97 % máscaras cirúrgicas, 41 Dentre os 14 estudos selecionados em base ao objetivo proposto,11 foram realizados com cirurgiões dentistas,(12,13,16-21,23-25) 2 com estudantes de odontologia (14,22) e 1 com estudantes e profissionais.(15) O método para obtenção de dados utilizado nos estudos foi o questionário. Do total de artigos, 6 estudos foram realizados antes da pandemia(12-17) e 8 deles depois do começo da pandemia da COVID-19.(18-25) Todas as pesquisas avaliavam os conhecimentos, atitudes, práticas e fatores relacionados ao uso dos equipamentos de proteção individual. Os Equipamentos de Proteção Individual têm como finalidade proteger uma região específica. Cada EPI está desenhado e possui importância na prevenção de doenças transmissíveis garantindo a segurança do trabalhador e o paciente, por isso não se deve negligenciar o uso deles especialmente na odontologia onde as infecções cruzadas são muito mais comuns do que se evidenciam, sendo importante o uso correto e rotineiro desses EPIs.(26) Luvas As luvas são utilizadas com frequência no manejo de materiais biológicos dos pacientes, facilitando a realização de procedimentos e possibilitando o acesso a materiais contaminados.(27) Dentre dos estudos realizados, Ferreira et al.(12) em 2010 constatou a prevalência de uso dos EPIs em 100% do tempo e verificou que apenas 88,5% dos cirurgiões dentistas usavam luvas em tempo integral; outro estudo(13) notificou que 100% dos entrevistados usavam luvas durante os procedimentos odontológicos. Em pesquisa no Iêmen em estudantes de 40 e 50 anos de odontologia,(14) a grande maioria (96,6%) dos alunos afirmou usar luvas durante o atendimento a pacientes e a maioria deles (96,5%) relatou trocar de luvas entre os pacientes, porém apenas 47% relataram lavar as mãos após cada troca de luvas, sem diferença significativa entre alunos do 4º e 5º ano. Em geral, apenas 53,1% sempre removia as luvas ao sair da área de atendimento ao paciente. Estudo realizado em Londres(15) durante período de 5 anos em 49 consultas odontológicas com estudantes e profissionais encontrou que 100% dos operadores usavam luvas e máscaras e 94% usavam óculos de proteção. 42 No estudo realizado em Cuba(16) em 2017, para avaliar os conhecimentos referente as normas de uso de equipamentos de proteção individual, 61,5% e 53,8% foram insuficientes na avaliação, com respeito as variáveis de utilização e troca de luvas, respectivamente. Nesse mesmo ano, estudo piloto realizado no Brasil(13) sobre ao uso dos EPIs, refere que 87,5% dos entrevistados fazem uso de todos os EPIs recomendados em procedimentos não cirúrgicos, enquanto em procedimentos cirúrgicos, apenas 37,5% utilizam luvas estéreis. Depois do início da pandemia no final do 2019 duas pesquisas realizadas no Brasil,(18,19) em 2020 e 2022 respectivamente, com base no sistema de trabalho adotado pelos profissionais e na prevalência do uso de cada um dos EPIs; referem que as luvas foram usadas 93,40% e 100% dos procedimentos respectivamente. Jaleco e Toucas O jaleco é item obrigatório para o atendimento em odontologia em diferentes procedimentos, sua finalidade é evitar o contato de fluidos e evitar a disseminação da contaminação para outros lugares, já as toucas protegem o cabelo e o couro cabeludo do profissional, impedindo que aerossóis cheguem até eles.(27) No estudo de Ferreira et al.(12) a prevalência no uso do jaleco era 76,8% em tempo integral e a touca só era utilizado em 62,2% dos procedimentos. Ao analisar o uso de todos os equipamentos de proteção simultaneamente, neste estudo, apenas 36,6% dos dentistas faziam esse uso. Em outra pesquisa(13) também do mesmo ano, 2010, 26,2% dos cirurgiões dentistas entrevistados faziam uso de jalecos descartáveis e 47,6% de toucas, enquanto pesquisa(14) realizada em estudantes de odontologia, 87,5% relataram trocar de jaleco/jalecos se estiverem visivelmente contaminados. Outro estudo(17) realizado em profissionais mostra que 18,8% utilizavam avental estéril na rotina de procedimentos cirúrgicos. Estudos mais recentes, realizados no período da pandemia,(18,19) referem o uso da touca descartável 80,3% e 86,29% respectivamente, sendo 55,7% para o avental. Outra pesquisa24 realizada em odontólogos mostrou que dentre os EPIs utilizados pelos cirurgiões-dentistas, o mais citado foram a touca descartável (91,12%). 43 Óculos de proteção, protetor facial e máscaras Os óculos de proteção têm a finalidade proteger os olhos de traumas mecânicos, substâncias químicas e contaminação microbiana, devendo ser usados pelos integrantes da equipe de saúde e pelo paciente. A máscara é indispensável para proteger as mucosas da boca e do nariz contra a inalação de aerossóis e na transmissão de microrganismo para o paciente.(27) O uso da máscara 100% pelos cirurgiões-dentistas dos procedimentos odontológicos pode diminuir o índice das infecções respiratórias.(28) No estudo de Bragança et al.(13) apenas 57,2% dos profissionais faziam o uso de óculos de proteção e 95,2% utilizavam máscaras. Uma pesquisa conduzida em estudantes,(14) apenas 53,8% usavam máscaras, sem diferença significativa entre alunos do 4º e 5º ano. Com relação aos óculos, apenas 18,6% dos alunos do 4º ano e 9,6% dos alunos do 5º ano sempre usavam proteção óculos, enquanto a maioria usava ocasionalmente. Outros estudos(18,19) mostraram o uso protetor facial em 92,89%, de máscaras N95/PFF2 em 79,69% e 50,8% dos entrevistados respectivamente. Un estudo realizado no México(20) sobre o conhecimento dos EPI e os protocolos de atendimento em odontologia, reafirmou que a maioria está conforme as recomendações nacionais e internacionais, a exceção do uso de máscara onde 77,8% responderam que usariam máscaras cirúrgicas e só 62,5% N95, sendo a indicada pela OMS para utilizar com maior segurança em procedimentos que gerem aerossóis. Na Colômbia, um estudo(25) realizado em odontólogos demostrou em relação ao uso de EPI, que 89,65% usavam máscaras (N95 ou similares) e 43,97% usavam máscaras cirúrgicas. 5.6 Considerações Finais De acordo com os estudos analisados nesta revisão integrativa, o uso dos Equipamentos de Proteção antes da pandemia em odontologia já era uma prática 44 essencial para garantir a segurança dos profissionais, estudantes e dos pacientes durante os procedimentos odontológicos. Antes da pandemia existia dificuldade para adquirir EPI, os participantes relataram que as UBSs não disporiam de EPIs suficientes.(14) Ainda com medidas de biossegurança estabelecidas não todos os profissionais usavam os EPI em conjunto durante o atendimento de pacientes e os argumentos mais citados para o não uso de EPI foram: que luvas e óculos de proteção dificultam o trabalho; que máscara, avental e touca não são necessários;(12) o que pode estar associado ao uso prolongado dos equipamentos de proteção que pode afetar fisicamente os profissionais de saúde causando incômodos na ponte nasal, nas mãos, nas bochechas e na testa. Depois da pandemia e em relação às mudanças dos protocolos de biossegurança, existem dificuldades no uso do EPI, principalmente em relação à paramentação e desparamentação da máscara N95. Uma pesquisa(19) revela que apenas 52,9% dos pós-graduandos e 43,7% dos graduados responderam corretamente sobre a sequência de colocação dos EPIs, sendo que 47,9% dos pós- graduandos e 46,1% dos graduandos tinham conhecimento sobre a sequência correta de retirada dos EPIs. É fundamental que os profissionais estejam sempre atualizados quanto às recomendações e normas vigentes relacionadas ao uso dos EPIs na odontologia. A escolha dos EPIs pode variar segundo o grau de exposição ao risco de contaminação, recomendando o uso de máscaras do tipo N95 ou PFF2, que oferecem maior proteção contra partículas respiratórias. A pandemia COVID-19 trouxe uma maior atenção em todas as áreas da saúde, incluindo a odontologia. Com as novas medidas adotadas nas instituições de saúde, visando a prevenção e proteção do profissional, é necessário conscientizar a necessidade 100% de uso de todos os EPI nos atendimentos. 45 5.7 Referências Bibliográficas 1. 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J Appl Oral Sci. 2005; 13(2): 163-6. 49 6 CAPÍTULO 2 - CONHECIMENTOS E PREPARO DE ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA SOBRE MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA DURANTE A PANDEMIA COVID-19 6.1 Resumo Objetivo: Verificar o conhecimento e a preparação dos alunos de odontologia sobre as novas medidas de biossegurança estabelecidas pela pandemia COVID-19 e o impacto do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) em aulas práticas. Material e método: Realizou-se um estudo transversal com questionário digital em 75 alunos do curso de odontologia para identificar dados sobre o perfil sociodemográfico, informações sobre conhecimento e preparo sobre medidas de biossegurança, uso de equipamentos de proteção individual e dificuldades enfrentadas por eles; avaliação sobre tempo de trabalho e presença de dor musculoesquelética. Resultados: 92,00% dos alunos consideraram o seu nível de preparação suficiente com as novas medidas de biossegurança. Com o uso de EPIs, 57,33% relataram dificuldade em manter uma postura ergonômica, 74,67% sentiram- se cansados e 85,33% relataram dor musculoesquelética após os tratamentos. Dos participantes, 62,67% disseram ter tido um aumento no tempo de trabalho, 82,67% expressaram dificuldade em se comunicar com o paciente; 78,67% afirmaram que óculos de proteção e protetor facial dificultam a visualização da cavidade oral e 78,77% relataram ter lesões cutâneas. Conclusão: Os estudantes de Odontologia estão preparados para as novas medidas de biossegurança após a pandemia de COVID-19; com o uso de EPIs nas aulas práticas enfrentam dificuldades como: fadiga, dor musculoesquelética, impedimento na manutenção de uma postura correta, na comunicação com o paciente, na visualização da cavidade oral e aumento do tempo de trabalho, bem como desconforto cutâneo e lesões. Palavras-chave: avaliação ergonômica, biossegurança, dentistas, equipamentos de proteção individual 6.2 Abstract Objective: To verify the knowledge and preparation of dental students on the new biosafety measures established by the COVID-19 pandemic and the impact of the 50 use of personal protective equipment (PPE) in practical classes. Material and methods: A cross-sectional study was carried out with a digital questionnaire in 75 students of the dentistry course to identify data on the sociodemographic profile, information on knowledge and preparation on biosecurity measures, use of personal protective equipment and difficulties faced with them; evaluation on working time and presence of musculoskeletal pain. Results: 92.00% of the students considered their level of preparation sufficient with the new biosecurity measures. With the use of PPE, 57.33% reported difficulty maintaining an ergonomic posture, 74.67% felt tired and 85.33% reported musculoskeletal pain after treatments. Of the participants, 62.67% said they had an increase in working time, 82.67% said difficulty in communicating with the patient; 78.67% said that protective glasses and face shield make it difficult to visualize the oral cavity and 78.77% reported having skin lesions. Conclusion: Dental students are prepared for the new biosecurity measures after the COVID-19 pandemic; with the use of PPE in practical classes they face difficulties: fatigue, musculoskeletal pain, impediment in maintaining a correct posture, in communication with the patient, in the visualization of the oral cavity and increase in working time, as well as skin discomfort and lesions. Key words: ergonomic evaluation, biosecurity, dentists, personal protection equipment 6.3 Introdução As experiências de trabalho têm impacto no cotidiano, no contexto profissional, doméstico e social, interferindo na qualidade de vida. A relação entre trabalho, riscos ocupacionais, doença e saúde é um tema que tem sido abordado a partir de diferentes perspectivas (1,2). A odontologia é uma profissão que gera muitos riscos para a saúde do cirurgião dentista: riscos físicos, químicos, ergonômicos, mecânicos, e riscos biológicos (3). Como consequência destes riscos, os cirurgiões-dentistas são considerados um "grupo vulnerável" por serem portadores de doenças ocupacionais em decorrência dos riscos existentes nos consultórios odontológicos. Nas aulas práticas, os alunos são submetidos a riscos como ruído causado pelo motor de alta velocidade, compressor, sucção da saliva e outros fatores associados ao ambiente 51 de trabalho (4,5). Quanto mais jovem o acadêmico ou profissional, maior o risco de desenvolver doenças ocupacionais por falta de experiência (6). No que se refere aos riscos ergonômicos, a ergonomia aplicada à odontologia tem se tornado cada vez mais importante nos últimos anos, devido ao crescente número de cirurgiões-dentistas que expressam patologias dolorosas relacionadas ao trabalho (7). A ergonomia visa reduzir o estresse cognitivo e físico; prevenir doenças relacionadas ao exercício da profissão, por meio de ajustes do ambiente de trabalho e otimização do cuidado, além de melhorar a qualidade de vida do profissional e proporcionar mais conforto ao paciente (8). Nos consultórios odontológicos o profissional é exposto a fatores que, a longo prazo, afetam a saúde, desencadeando problemas como lesões musculoesqueléticas, surdez, estresse, hipertensão, conjuntivite, herpes, micose, varizes e infecções cruzadas (9-11). O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) tem se mostrado eficaz não só na proteção do cirurgião-dentista e auxiliares, mas também do paciente, o qual é a fonte da grande contaminação que ocorre no consultório (12). Garbin et al. (13) observaram que os profissionais dos setores públicos de saúde bucal apresentam maiores deficiências em relação ao uso de EPIs quando comparados aos do setor privado. Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde pública devido ao alto risco de disseminação da doença por coronavírus (COVID-19) para outros países. Como resultado, as autoridades de saúde pública de todo o mundo, tomaram medidas para conter o surto da pandemia, levando a mudanças nos protocolos de biossegurança já estabelecidos (14). Foi necessário reforçar a necessidade de os profissionais de saúde utilizarem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, conforme as diretrizes da Anvisa, estabelecidas na Nota Técnica GVIMS/GGTES/Anvisa nº 04/2020 (15). Com base no cenário epidemiológico causado pela pandemia COVID-19, a princípio o sistema educacional na totalidade foi forçado a fechar as portas de todas as instituições escolares no nível presencial (16) e depois as instituições de ensino 52 superior, de forma articulada com outros setores da sociedade uniram forças no sentido de prevenir e controlar a disseminação doença, introdução e pesquisa de novos protocolos de biossegurança para dar continuidade ao processo de ensino (17). Nesse sentido, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, instituição pública de ensino do Brasil, implementou um novo protocolo com medidas para impedir a transmissão da COVID-19 dentro da Universidade e foco na assistência odontológica presencial (18); além do plano de retomar as atividades presenciais com o planejamento do relaxamento de medidas restritivas e distanciamento social, a partir da adoção de critérios organizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (19). Com a realização deste estudo no reinício das aulas práticas, espera-se conhecer e verificar o conhecimento e a preparação dos alunos de odontologia em relação às novas medidas de biossegurança estabelecidas pela pandemia da COVID19 e o impacto do uso de equipamentos de proteção individual, a fim de propor estratégias nas instituições de ensino para garantir um ambiente adequado e saudável para estudantes e profissionais odontológicos. 6.4 Metodologia Foi realizado um estudo transversal com estudantes de graduação em odontologia durante o período da pandemia COVID-19, entre os meses de agosto e dezembro de 2021. O universo de estudo foi constituído pelos alunos do curso de odontologia de uma universidade pública brasileira, regularmente matriculados, amostra final (N=97) do terceiro ano integral e quarto ano noturno. A seleção da amostra foi baseada no cronograma de estudo dos alunos que iniciaram a realização de aulas práticas após o período de isolamento em decorrência da pandemia COVID-19. Os critérios de inclusão estabelecidos para participar da pesquisa foram: estudantes que já cursavam disciplinas clínicas e, por sua vez, realizavam atividades de prática clínica antes do período da pandemia COVID-19; alunos regularmente matriculados e aqueles que concordaram em participar do estudo. Foram excluídos aqueles que estavam fora da faculdade durante o período de coleta de dados. 53 Foi desenvolvido um instrumento, e disponibilizado na plataforma "Google Forms", com a inclusão do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a aprovação do Comitê de Ética. Os estudantes participantes do estudo foram informados dos objetivos e receberam o link de acesso ao questionário eletrônico por meio de e-mails institucionais. O instrumento foi elaborado com base em estudos observados na literatura, passando primeiramente por um processo de validação por meio de um julgamento de especialistas, o grupo de especialistas foi composto por 5 professores universitários com experiência clínica e de pesquisa. A avaliação foi analisada pelos juízes segundo os critérios de relevância, relevância e clareza, bem como sugestões de questões de redação, a fim de melhorar a compreensão por parte dos participantes. Em seguida, a concordância entre os avaliadores foi verificada pelo coeficiente V de Aiken (0,80). Após de validado, antes de disponibilizar o questionário aos alunos, foi realizado um estudo piloto com 10 alunos que não participaram da pesquisa para verificar a compreensão adequada das questões do formulário, evitando vieses nas respostas. O questionário foi estruturado dividido em seções. As primeiras perguntas referiam-se ao perfil sociodemográfico dos entrevistados, contendo as variáveis idade, sexo e ano de estudo. Outras questões visavam identificar como as informações foram recebidas em relação ao protocolo estabelecido para a retomada das aulas práticas: conhecimento e preparação para lidar com as novas medidas de biossegurança, uso de equipamentos de proteção individual, bem como as dificuldades enfrentadas durante a realização de procedimentos odontológicos em pacientes. Outras questões relacionadas à variação do tempo de trabalho e produtividade durante a realização de tratamentos utilizando EPI e a presença de dor musculoesquelética (com referência à seleção das regiões do corpo mais afetadas); identificar a ocorrência de lesões cutâneas (devido ao uso de equipamentos de proteção) e as regiões do corpo onde essas lesões ocorreram com mais frequência. 54 Os dados foram processados e submetidos a uma análise de estatística descritiva, analisou-se frequência e porcentagem das variáveis e os resultados apresentados em tabelas e gráficos. A análise dos dados foi realizada com o software Epi Info 7.2. O estudo foi realizado com a aprovação do Comitê de Ética (CAAE: 4305818.3.0000.5420), com o TCLE dos participantes e mantendo a confidencialidade dos dados do processo de pesquisa. 6.5 Resultados De um total de 97 alunos, 75 responderam ao questionário (taxa de resposta de 77,31%). A maioria dos participantes era do sexo feminino (73,33%) com idade média de 22 anos(desvio-padrão: 1,975134) Quando questionados sobre o novo protocolo estabelecido para a retomada das aulas práticas, 100% dos alunos disseram ter recebido informações sobre medidas de biossegurança e prevenção da infecção pela COVID-19 em clínicas e laboratórios odontológicos. Quanto ao nível de preparo em relação a essas medidas notificadas e à colocação passo a passo e remoção de EPI, a maioria respondeu afirmativamente (92%) considerando que ela tinha sido suficiente. (Tabela 1) Na pergunta sobre as dificuldades com o uso de EPI durante o atendimento ao paciente, 57,33% relataram dificuldade na postura ergonômica; 74,67% se sentiram cansados e 85,33% tiveram dor musculoesquelético após a conclusão dos tratamentos; 78,67% afirmaram que óculos de proteção e protetor facial dificultam a visualização da cavidade oral e 82,67% consideraram que esses EPI interferem na comunicação com o paciente, além disso, 78,77% relataram ter apresentado lesões cutâneas. (Tabela 1) 55 Tabela 1 - Distribuição absoluta e percentual dos graduandos em relação às dificuldades com o uso de EPI durante o atendimento ao paciente. Brasil, 2024 Fonte: Autor,2024 Dentre as consequências relacionadas ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), estabelecidas no protocolo de biossegurança durante a pandemia, 85,33% dos escolares manifestaram dor musculoesquelética após a conclusão do atendimento ao paciente, sendo o pescoço e as costas as regiões mais afetadas. (Gráfico 1) Questões Sim Não n % n % Informações recebidas sobre o novo protocolo de Biossegurança? 75 100 0 0 Considera seu nível de preparo suficiente em relação às novas medidas de biossegurança? 69 92 6 8 Considera suficiente a preparação passo a passo da colocação e remoção de EPI? 72 96 3 4 O EPI tem dificultado sua postura ergonômica? 43 57,33 32 42,67 Com o uso de EPI você se sentiu cansado após o atendimento ao paciente? 56 74,67 19 25,33 Desenvolveu dor musculoesquelético após o atendimento ao paciente? 64 85,33 11 14,67 EPI tem dificultado movimentos manuais no atendimento ao paciente? 19 25,33 56 74,67 Óculos de proteção e protetor facial dificultam a visualização da cavidade oral? 59 78,67 16 21,33 Óculos de proteção e escudos faciais dificultam a comunicação com o paciente? 62 82,67 13 17,33 EPI tem causado lesões cutâneas? 59 78,67 16 21,33 Sente-se otimista ante os novos desafios ? 70 93,30 5 6,70 56 Gráfico 1 - Distribuição absoluta dos graduandos segundo a presença de dor musculoesquelética (nas regiões do corpo), relacionada ao uso de EPI em aulas práticas. Brasil, 2024 Fonte: Autor,2024 O aparecimento de lesões cutâneas também foi frequente, 59 (78,67%) dos alunos relataram apresentar alguma lesão e as regiões mais afetadas foram a ponte nasal e a testa. (Gráfico 2). A sintomatologia frequente nessas lesões foi a vermelhidão do nariz e bochechas, seguida pelo ressecamento das mãos e do rosto devido à higiene excessiva. A máscara N95 e o escudo facial foram identificados como o EPI que causou mais lesões cutâneas. (Gráfico 3) Gráfico 2 - Partes do corpo com maior frequência de lesões por uso de EPI em estudantes de odontologia. Brasil, 2024 Fonte: Autor,2024 0 10 20 30 40 50 60 70 Cabeça Pescoço Ombros Braços Costas Mãos Pernas Joelhos Pés Tornozelo Alunos de odontologia R eg iõ es d o c o rp o 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Ponte nasal Malares Orelhas Testa Mãos Alunos de odontologia P ar te s d o c o rp o 57 Gráfico 3 - Frequência de respostas sobre lesões cutâneas, de acordo com o tipo de EPI e sexo do estudante. Brasil, 2024 Fonte: Autor,2024 Dos participantes do estudo, 47 afirmaram que o EPI aumentou o tempo de trabalho, mas 45 sentiram que não afetava a produtividade. A maioria dos entrevistados (93%), apesar das dificuldades, expressou otimismo sobre os novos desafios a serem enfrentados. 6.6 Discussão A biossegurança na odontologia está relacionada à prevenção e procura proporcionar aos profissionais e instituições o conhecimento adequado para reduzir ou evitar os riscos da profissão. Antes da pandemia da COVID-19, já havia protocolos de biossegurança estabelecidos nas universidades para atendimento ao paciente, e muitos dos estudos foram baseados em questionários para avaliar os conhecimentos, atitudes e comportamentos sobre o uso de EPI por estudantes de odontologia (20-24). Com a pandemia, o risco de exposição à infecção aumentou, sendo necessário observar as precauções padronizadas pela Organização Mundial da Saúde. Para minimizar o risco, recomenda-se fornecer EPI e realizar treinamentos em relação ao uso de colocação e remoção de EPI (25,26). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Mascara N95 Óculos de proteção Protetor facial Luvas A lu n o s d e o d o n to lo gi a Tipos de EPIs Feminino Masculino 58 Neste estudo, os resultados mostram que as diretrizes sobre o novo protocolo de biossegurança foram satisfatórias para todos os alunos participantes da pesquisa. Pode acontecer que o uso de novos equipamentos de proteção individual dificulte, a princípio, o processo de colocação e remoção em alguns alunos, o que está sendo resolvido através da prática sistemática. Nesta pesquisa, a grande maioria dos alunos entrevistados relatou dificuldades com o uso de EPI em relação à postura ergonômica adequada, manifestando sensação de cansaço após o término do atendimento ao paciente, dificuldade em movimentos manuais, visualização da cavidade oral e interação com o paciente. Coincidindo com os resultados, um estudo realizado em 2010 já os alunos relatavam a dificuldade de usar luvas e óculos no trabalho devido à limitação dos movimentos na realização de tratamentos odontológicos (27). Outros estudos conduzidos em estudantes de odontologia de 5 IES, realizados entre 1995 e 2005, com a aplicação de questionários, mostraram que a grande maioria usava luvas e máscaras; em 1995, apenas 66,1% usavam óculos durante todos os procedimentos e com todos os pacientes; dez anos depois, apenas 55,1% usavam óculos de proteção (21). Em outro estudo, observou-se que 49,6% usavam óculos dependendo do procedimento a ser realizado e 18,8% afirmaram não usar esse EPI, e os alunos de períodos mais avançados usavam óculos protetores mais do que os dos períodos iniciais (22). As dificuldades apresentadas baseiam-se no fato de que antes da pandemia equipamentos adicionais como protetores faciais, máscaras N95 e vestidos de laboratório descartáveis não eram recomendados na prática odontológica, em clínicas de ensino. No uso de EPI, além daqueles considerados comuns e essenciais, como vestido de laboratório, luva descartável, óculos, boné e máscara, foi necessário adicionar o uso de escudo facial – Escudo facial, vestido de laboratório impermeável e máscaras específicas – N95 ou PFF2, sendo indispensável no controle de infecções e prevenção da propagação do vírus SARS- CoV-2 dentro do consultório odontológico (19). Outros resultados deste estudo mostram alta prevalência de dor musculoesquelético nesses alunos após a conclusão do atendimento ao paciente. A literatura mostra que existem vários fatores que podem causar a ocorrência de 59 LER/DORT: repetição de movimentos, manutenção de postura imprópria por um longo período, esforço físico, pressão mecânica, particularmente em determinados segmentos do corpo como nas extremidades superiores, trabalho muscular estático, choques, impactos, vibração e fatores organizacionais (28). Esses resultados são semelhantes ao estudo realizado por Vilagra et al. (29) com alunos cursando a disciplina clínica integrada em que 80% dos entrevistados apresentaram dor. Nos resultados obtidos, as regiões corporais mais afetadas foram pescoço e costas, coincidindo com a pesquisa de Pereira e Graça (30), onde obtiveram maior prevalência de dor na região cervical e lombar (43,6%), seguidas pelos ombros (38,5%), punhos/mãos, dedos e região dorsal (30,8%). O aparecimento de lesões cutâneas foi frequente na maioria dos entrevistados, resultado semelhante foi exposto em estudo de prevalência com 69,4% para lesões de pressão relacionadas ao uso de equipamentos de proteção individual (31), sendo a ponte nasal a região mais afetada e a máscara N95 do EPI que causou a maior lesão cutânea. Os alunos participantes manifestaram-se como sintomatologia mais frequente a vermelhidão do nariz e bochechas seguidas pelo ressecamento das mãos e do rosto devido à higiene excessiva; estudo sobre equipamentos de proteção mostra a maior prevalência (42,8%) de lesões por pressão, seguida por lesões por umidade e atrito, com 30% e 2%, respectivamente (32). Segundo a literatura, os dispositivos de proteção permanecem úmidos e em contato com a pele, o que contribui para o aparecimento das lesões. Esse tipo de lesão ocorre quando a força do dispositivo é maior que a da pele, e acaba separando a epiderme da derme, que pode causar dor e oferecer risco de infecção, prejudicando a qualidade de vida do profissional (33,34). Recomenda-se aplicar um revestimento profilático como interface entre a pele e a área de fixação dos dispositivos, que pode ser com espuma de poliuretano, silicone, película transparente ou capas de placas hidrocoloides extrafinas (35). Em relação ao tempo de trabalho com o uso de EPI, os alunos consideraram que aumentou o tempo de realização dos tratamentos, consideramos que foi influenciada pelo processo de adaptação a novos meios de proteção não utilizados antes da pandemia. 60 Apesar das dificuldades enfrentadas nas aulas práticas pela maioria dos estudantes de odontologia entrevistados, eles expressaram otimismo sobre como lidar com as novas medidas de biossegurança. Recomendamos, com base nos resultados, que se avalie periodicamente a utilização de equipamento de proteção e o cumprimento das normas de biossegurança nas aulas práticas de odontologia. 6.7 Conclusões Os estudantes de odontologia receberam adequadamente as orientações das novas medidas sobre os protocolos de biossegurança estabelecidos após a pandemia da COVID-19, mas ainda há dificuldades com a adaptação ao uso dos equipamentos de proteção individual. É importante destacar que, com o uso dos novos EPIs nas aulas práticas, os alunos têm apresentado dores musculoesqueléticas associadas à postura ergonômica inadequada, dificuldade de comunicação com o paciente e de visualização da cavidade oral, aumento do tempo de trabalho, além de desconforto e lesões cutâneas. 6.8 Referências 1. Moimaz SAS, Costa ACO, Saliba NA, Bordin D, Rovida TAS, Garbin CAS. Condições de trabalho e qualidade de vida de cirurgiões dentistas no sistema único da saúde. Rev Ciênc Plural. 2015;1(2):68-7. 2. 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