UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL COMPORTAMENTO TÉRMICO DE COBERTURAS EM CAMADAS DUPLAS E ESTUDO DA SUBSTITUIÇÃO DA CAMA POR PISO PLÁSTICO NA QUALIDADE DO AR, DESEMPENHO E ÍNDICE DE LESÕES EM FRANGOS DE CORTE Eduardo Alves de Almeida Engenheiro Agrícola 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL COMPORTAMENTO TÉRMICO DE COBERTURAS EM CAMADAS DUPLAS E ESTUDO DA SUBSTITUIÇÃO DA CAMA POR PISO PLÁSTICO NA QUALIDADE DO AR, DESEMPENHO E ÍNDICE DE LESÕES EM FRANGOS DE CORTE EDUARDO ALVES DE ALMEIDA Orientador: Prof. Dr. Renato Luis Furlan Coorientador: Prof. Dr. Adhemar Pitelli Milani 2014 Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia Almeida, Eduardo Alves de A447c Comportamento térmico de coberturas em camadas duplas e estudo da substituição da cama por piso plástico na qualidade do ar, desempenho e índice de lesões em frangos de corte / Eduardo Alves de Almeida. – – Jaboticabal, 2014 IIX, 94 p. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2014 Orientador: Renato Luis Furlan Coorientador: Adhemar Pitelli Milani Banca examinadora: Roberta Passini, Jorge de Lucas Júnior Bibliografia 1. Telha. 2. Ambiência. 3. Conforto Térmico. 4. Qualidade do ar. 5. Amônia. 6. Piso Plástico. 7. Frango de Corte. I. Título. II. Jaboticabal- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 636.5:631.22 DADOS CURRÍCULARES DO AUTOR Eduardo Alves de Almeida nasceu na cidade de Anápolis no estado de Goiás em 21 de fevereiro de 1988. Ingressou no curso de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Goiás em Anápolis-GO no primeiro semestre de 2006. Formou-se Engenheiro Agrícola no ano de 2011. Durante a graduação participou de diversos projetos de pesquisa tendo desenvolvido projetos nas áreas de bioclimatologia animal e construções rurais e ambiência, visando o conforto animal e sua máxima produtividade. Atuou como Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e como voluntário em outros projetos de pesquisa no Programa de Voluntários de Iniciação Científica (PVIC-UEG). Estagiou no Instituto Federal Goiano (IFG) – Campus Urutaí, trabalhando com Avicultura, Cunicultura e Piscicultura. Foi monitor da Disciplina de Criação e Exploração de Animais Domésticos por dois semestres (2010/01 e 2010/02). Participou de projeto de pesquisa na área de bem-estar animal na Universidade de São Paulo (USP- Pirassununga), em 2011. No ano de 2011 ingressou no Mestrado pelo programa de Pós-Graduação em Zootecnia na FCAV – UNESP Jaboticabal, dedicando-se a área de Construções rurais e ambiência animal. “Proponha-se a atingir o sol e você poderá não o alcançar, mas sua seta voará muito mais alto do que se fosse apontada para um objeto ao mesmo nível de você.” Joel Hawes AGRADECIMENTOS Ao completar mais essa importante etapa em minha vida, não poderia iniciar meus agradecimentos de outra forma que não fosse agradecendo a Deus por tamanha conquista, agradecer por ter me dado forças dia após dia, por ter cuidado de mim e de minha família, e, por me proporcionar essa oportunidade única. Agradeço imensamente a minha mãe Loyd, pelo amor, carinho, por me apoiar em minhas decisões e ser meu porto seguro em todos os momentos. Essa conquista seria impossível sem a senhora em minha vida. Agradeço a minha avó Adelina por todo apoio, pelas orações, por sempre acreditar em minha capacidade, e por me amparar em todos os momentos. A senhora é um grande exemplo de determinação. Muito obrigado. Agradeço as minhas irmãs Alinne e Ellen por acreditarem em mim e se orgulharem de minhas escolhas. Agradeço ao meu orientador Renato Luis Furlan, pela amizade, pela oportunidade de ser seu orientado, pela paciência e pelos ensinamentos ao longo desses anos de convivência. Agradeço ao meu co-orientador Adhemar Pitelli Milani pela amizade, ensinamentos e por toda ajuda ao longo do mestrado. Agradeço ao professor Marcos Macari pela atenção e colaboração durante os experimentos, pelos ensinamentos e por todo apoio. Agradeço ao professor Jorge de Lucas Júnior pela disponibilidade em colaborar e pela valiosa contribuição neste trabalho. Agradeço aos grandes amigos conquistados ao longo desses anos, em especial ao Raphael Nogueira Bahiense por todo apoio e colaboração desde a fase de implantação dos experimentos até a coleta final dos dados, ao Vitor Rosa de Almeida pela grande amizade, por todo apoio e por ter se tornado quase um irmão, a Cintia Carol pelos conselhos, atenção e amizade, a Angela Takamura pela amizade, pela companhia e por me apoiar em diversos momentos. Vocês foram fundamentais para que eu conseguisse chegar até aqui. Agradeço também a Vitória Rau (trapaiada), Fabrício Hada, Daniel Mendes, Fernando Souza, Lilian Arantes, Aline Sant'Anna, Lara Amaral, João Matos Junior, Elaine (Tocha), Giuliana (Laka), Thays (Black), Carla (Biskoita), Sarah (Pipeta), Gisele (Fome), Tamiris (Pi), Viviane Morita (Vandinha) e Diana Castiblanco, por todo apoio e colaboração na condução dos experimentos, sem vocês essa conquista seria impossível, muito obrigado!!! Agradeço aos demais amigos e colegas que fizeram parte da minha vida ao longo desses anos, em especial a Ana Rebeca, Isa Marcela, Kris McCoy, Rafael Farinha, Aretuza, Franciely costa, Mary Baiana, Monique Carvalhal, Karen Camille, Maria Camila, Rachel Santini, Cláudio Mathias, Chris Araújo, Fabiana Barreiro, Lívia espinha, Mariana Thimotheo, entre outros. Ter vocês em minha vida tornou tudo mais fácil, muito obrigado. Aos funcionários da Unesp de Jaboticabal por todo apoio e colaboração durante o período de mestrado, em especial ao Robson, Vicente e Izildo (aviário), Euclides, Clara e Vagner (Morfologia e fisiologia animal). A todos os professores da Unesp de Jaboticabal que fizeram parte da minha formação, em especial a professora Isabel Boleli e Alex Sandro Maia. A professora Roberta Passini, minha grande incentivadora, a quem eu devo muito do que sou hoje. Muito obrigado pela amizade, por acreditar em mim e por sempre me apoiar. À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão da bolsa de estudos e pelos recursos concedidos ao projeto. A Universidade de Campinas (Unicamp) na pessoa da professora Daniella Moura, pela colaboração cedendo o equipamento para mensuração de gases. A Universidade Estadual Paulista (Campus de Jaboticabal), por me proporcionar a oportunidade de subir mais um degrau na minha carreira profissional, pelo acolhimento e qualidade do ensino oferecido. É um grande orgulho fazer parte de um programa de pós graduação de excelência. A cidade de Jaboticabal, pelo acolhimento ao longo de todos esses anos. Muito Obrigado! i SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 3 2.1. Produção da carne de frango ......................................................................... 3 2.2. Importância dos fatores ambientais na produção de aves ............................. 4 2.3. Zona termoneutra ou zona de termoneutralidade .......................................... 5 2.4. Bem-estar animal ........................................................................................... 7 2.5. A importância da cobertura em uma instalação avícola ................................. 9 2.6. Ambiente aéreo ............................................................................................ 11 2.7. Influencia da cama no desempenho e qualidade do ar ................................ 11 2.8. Modelos reduzidos ....................................................................................... 14 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 15 CAPÍTULO 2 - ESTUDO DE DIFERENTES COBERTURAS E ESPAÇAMENTOS ENTRE CAMADAS DUPLAS SOBRE A TEMPERATURA SUPERFICIAL DA TELHA E DO AMBIENTE ...................................................................................................... 26 RESUMO................................................................................................................... 26 ABSTRACT. .............................................................................................................. 27 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 28 2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 29 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 32 4. CONCLUSÕES ................................................................................................... 41 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 42 CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DO TIPO DE CAMA NA QUALIDADE DO AR, DESEMPENHO, LESÕES DE CARCAÇA, ESCORES DE HIGIÊNE E LOCOMOÇÃO EM FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM CONFORTO E EM ESTRESSE TÉRMICO. ............................................................................................. 44 RESUMO................................................................................................................... 44 ABSTRACT ............................................................................................................... 45 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 46 ii 2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 48 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 56 3.1. Experimento 1 – Conforto Térmico .............................................................. 56 3.2. Experimento 2 – Estresse Térmico .............................................................. 70 4. CONCLUSÕES ................................................................................................... 85 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 86 1 1. INTRODUÇÃO Em países de clima tropical como o Brasil, o principal fator limitante para se alcançar o bem estar das aves e uma boa produtividade é o ambiente, que incluí as altas temperaturas e elevada umidade no interior das instalações, ocasionando estresse ao animal e diminuição da produção (SOUSA, 2005). Devido ao crescimento da avicultura e a necessidade de se criar aves com precocidade e em maior densidade, a indústria brasileira tem passado por um processo de transformação, tendo que levar em consideração o conforto térmico da ave, para que se consiga boa produção, readaptando a infra estrutura já existente e projetando novas instalações que priorizem o bem estar animal (TINÔCO, 2001). A temperatura dentro dos galpões de criação de frangos de corte deve ser mantida entre 15 e 25ºC para frangos adultos, sendo necessária a utilização de técnicas e equipamentos que sejam capazes de diminuir a quantidade de calor dentro da instalação, obtendo-se melhor eficiência produtiva e menor índice de mortalidade (MEDEIROS, 2001). De acordo com Moraes et al. (1999), as coberturas são as principais responsáveis pela diminuição dos índices térmicos da instalação de produção, podendo ser associadas a outros métodos que promovam diminuição da temperatura no interior da instalação, como pintura branca na superfície externa da telha (SAMPAIO et al., 2011), telha tipo sanduíche (CANEPPELE et al., 2013), sombreamento da telha (FIORELLI et al., 2012) entre outros. Além da temperatura, outro fator de extrema importância no que se diz respeito ao bem-estar de frangos de corte é a qualidade do ar. Sabe-se que em instalações de produção de frangos de corte os teores de amônia são altos devido a rápida decomposição dos dejetos acumulados na cama. De acordo com Jones et al. (2005), níveis de amônia acima de 20 ppm são tóxicos para as aves, sendo verificado por Beker et al. (2004), que valores acima de 25 ppm causam forte redução na eficiência produtiva do animal. Segundo Oliveira et al. (2011), o crescimento das atividades de produção animal sobre cama (aves e suínos), fez com que ocorresse uma diminuição na disponibilidade de maravalha, passando a existir indústrias que processam madeira exclusivamente para a obtenção deste material, ocorrendo assim um aumento 2 significativo no valor da mesma. Com este aumento do valor diversos produtores passaram a reutilizar essa cama em diversos ciclos de criação, promovendo aumento na concentração de amônia no ar, devido a maior quantidade de nitrogênio presente na mesma. Tendo em vista o exposto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de estudar a variação térmica de coberturas de fibrocimento e coberturas metálicas, instaladas em camadas simples e duplas, variando o espaçamento de 1 a 5 cm em modelos reduzidos de instalações zootécnicas, bem como, estudar a substituição da cama de frango por piso plástico suspenso, sobre a concentração de amônia e dióxido de carbono no ar, desempenho, lesões de peito, jarrete e coxim plantar, escores de higiene e locomoção em frangos de corte. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Produção da carne de frango Nos últimos anos a produção mundial de frangos de corte tem se elevado significativamente, sendo produzidos frangos cada vez mais precoces e com elevado ganho de peso (SOUZA et al., 2010). Segundo Ferreira (2005), dentre as atividades da pecuária brasileira a avicultura é a que tem apresentado maior desenvolvimento tecnológico, colocando o Brasil em posição de destaque no mundo. Segundo a Associação Goiana de Avicultura (AGA, 2011), a produção de aves no Brasil teve seu início a partir da década de 60, com a importação de matrizes de linhagens híbridas geneticamente melhoradas dos Estados Unidos, sendo que a aquisição desse material genético de alto padrão, aliada ao melhoramento das instalações de produção, das técnicas de manejo e condições sanitárias adequadas e atendimento das exigências nutricionais das aves, propiciaram um grande desenvolvimento da avicultura nacional. De acordo com o relatório anual 2013 da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (UBABEF, 2013) a produção de carne de frango chegou a 12,645 milhões de toneladas em 2012, ocorrendo uma redução de 3,17% em relação a 2011. O Brasil manteve a posição de maior exportador mundial e de terceiro maior produtor de carne de frango, atrás dos Estados Unidos e China. Do volume total de frangos produzido no país, 69% foi destinado ao consumo interno, e 31% para exportações. Com isto, o consumo per capita de carne de frango atingiu 45 quilos. Ainda segundo o mesmo relatório da UBABEF (2013), a maior produção nacional de carne de frango encontra-se no estado do Paraná, com uma produção aproximada de mais de 30,4% do total nacional em 2013, seguido dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, responsáveis por 17,3%, 14,1% e 12,9%, respectivamente. Vale ressaltar que, os principais importadores de proteína animal possuem normativas específicas referentes às boas práticas pautadas no bem-estar, acompanhadas por forte tendência dos consumidores em adquirir produtos desenvolvidos a partir de princípios éticos e com qualidade garantida desde a 4 origem, ou seja, com a observação de todas as etapas dos sistemas de produção (NAZARENO et al., 2011). 2.2. Importância dos fatores ambientais na produção de aves Em países de clima tropical, como o Brasil, os principais fatores limitantes para o bem estar das aves para se alcançar uma alta produtividade, são os fatores ambientais, que incluem altas temperaturas e elevada umidade dentro das instalações, ocasionando estresse ao animal e, consequentemente, diminuição da produção (SOUSA, 2005). A sensação de conforto baseia-se na perda de calor do corpo pelo diferencial de temperatura entre o animal e o ambiente, complementada pelos mecanismos termorreguladores. O calor é produzido pelo corpo através do metabolismo e sua perda é menor em temperaturas elevadas do que em temperaturas mais baixas (GOMES, 2007). A zona de conforto térmico do animal varia de acordo com a idade. Na idade de 1 a 7 dias, encontra-se entre 31°C e 33°C; de 35 a 42 dias a zona de conforto encontra-se entre 21°C e 23°C. Estes dados são válidos para UR de 65 a 70%, e nessas condições, os sistemas de regulação de temperatura do animal atuam com menor gasto energético, promovendo ganho de peso e conversão alimentar mais eficientes (MACARI, 1996). Segundo Ferreira (2005), aves adultas apresentam melhor produção em ambientes com umidade relativa na faixa de 40 a 70%. Para Santos et al. (2005), o aumento de umidade diminui a qualidade da cama (empastamento) comprometendo a perda de calor das aves por meio da evaporação por via respiratória e favorecem a decomposição microbiana do ácido úrico, ambos prejudiciais à produção avícola. Segundo Furlan (2006), a umidade excessiva da cama, frequentemente se relaciona a pouca espessura do substrato e ao derramamento de água, criando condições favoráveis para a produção de amônia e propiciando o crescimento de agentes patogênicos. A capacidade das aves em suportar o calor é inversamente proporcional ao teor de umidade relativa do ar. Quanto maior a umidade relativa, mais dificuldade a ave tem de remover calor interno pelas vias aéreas, o que leva ao aumento da 5 frequência respiratória. Todo esse processo que a ave realiza no sentido de manutenção da homeotermia promove modificações fisiológicas que podem comprometer seu desempenho (OLIVEIRA et al., 2006). De acordo com Sevegnani (2001), a ventilação é um meio eficiente de reduzir a temperatura dentro das instalações avícolas por aumentar as trocas térmicas de convecção e de renovar a oxigenação do ambiente. Para Ronchi (2004), a falta de ventilação pode ocasionar o aumento da umidade relativa do ar, aumento na concentração de gases tóxicos como amônia e dióxido de carbono, aumento na concentração de poeira e baixa concentração de oxigênio disponível. Por outro lado, o excesso de ventilação pode causar diminuição da temperatura ambiental, excesso de corrente de ar sobre as aves, descompensação metabólica e aumento do custo operacional. Segundo Barnwell e Rossi (2003), a velocidade do ar ideal no interior de uma instalação para produção de aves de corte deve estar entre 2,29 e 2,41 m/s. 2.3. Zona termoneutra ou zona de termoneutralidade A instalação deve promover um ambiente confortável ao animal, sem que seja necessário o dispêndio de energia na conservação ou dissipação do calor. Nesta situação, o animal se encontra dentro da zona de conforto térmico ou zona de termoneutralidade (ABREU, 2004), possibilitando a expressão do seu máximo potencial produtivo (NAZARENO, 2009). Cada espécie animal possui uma zona de conforto térmico diferente, variando ainda dentro da espécie em função da idade, nível nutricional, fase de produção, genética, etc. Para aves recém-nascidas a zona de termoneutralidade ou zona termoneutra (Figura 1) encontra-se em torno de 32°C a 35°C, enquanto que para aves adultas a zona de conforto térmico encontra-se entre 18°C e 28°C (BAÊTA e SOUZA, 2010). 6 Figura 1 - Zona de termoneutralidade ou zona termoneutra. Fonte: SOUSA (2005). Quando o animal encontra-se fora da sua zona de conforto térmico há um comprometimento da produção, podendo ocorrer problemas com altas taxas de mortalidade, saúde do animal, redução no ganho de peso e qualidade do produto final (RODRIGUES, 2010). Conhecer e garantir o bem-estar das aves no sistema de criação sempre foi importante, pois isso afeta diretamente a produção das aves. Considerando as pequenas margens de lucro do produtor, o bem-estar das aves pode significar a viabilidade econômica no negócio (PEREIRA et al., 2007). O estresse térmico não pode ser relacionado apenas com o excesso de calor externo no ambiente de criação. Cada animal tende a expressar mudanças de comportamento quando se encontra em situação de estresse calórico. As aves abrem o bico (Figura 2) e aceleram a taxa de respiração, consomem mais água, abrem as asas com o objetivo de aumentar a superfície de dissipação de calor por convecção e em situação de estresse severo tendem a ficar prostradas (Figura 3) (FERREIRA, 2005). 7 Figura 2 - Aves com bico aberto devido ao estresse calórico. Fonte: Arquivo Pessoal (2010). Figura 3 - Aves prostradas devido ao estresse calórico. Fonte: Arquivo Pessoal (2010). 2.4. Bem-estar animal Existem diversas definições para bem-estar animal. Em 1976, Huges definiu o bem-estar animal como “o estado do organismo em que há harmonia física e mental entre o organismo e seu ambiente”. Mais tarde Broom (1991) definiu o bem- estar animal como “o estado do organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao seu ambiente”. Cada vez é mais evidente a importância de se criar animais em situação de bem-estar, já que se sabe que animais criados nessa situação apresentam melhor desempenho, qualidade de carne e um maior valor agregado. (NÃÃS et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2008). É crescente a convicção dos 8 consumidores de que os animais destinados a produção de alimentos devam ser bem tratados. As campanhas movidas por diferentes segmentos e a pressão de um número crescente de organizações não-governamentais sensibilizaram a opinião pública em muitos países para esse aspecto, o que originou progressos legislativos consideráveis (ALVES et al., 2007). De acordo com a Welfare Quality (2009), sociedade que trabalha com bem- estar, existe quatro princípios que norteiam o bem-estar animal, sendo eles: a) boa alimentação, no qual o animal não deve passar por fome ou sede durante um período prolongado, b) boa instalação, que incluí um ambiente adequado, com temperatura adequada e que o animal possa se movimentar, c) apresentar boa saúde, ou seja, livre de injúrias, doenças e manejo correto, e d) um ambiente adequado, onde os animais possam expressar seus comportamentos naturais e sociais, além de uma boa relação humano-animal e livre de estresse em geral. Para Silva (2012), alguns fatores, como o adensamento adequado por espaço físico, a relação máxima de comedouro e bebedouro por ave e as condições ambientais com controle dos efeitos estressantes, não foram devidamente analisados para a criação em alta densidade de frangos de corte em climas tropicais, podendo ser um fator que contribui para uma situação de baixo bem-estar para as aves. Sabe-se que na criação de frangos de corte, boa parte dos princípios de bem-estar animal são quebrados, já que os animais são criados em um ambiente reduzido, em alta densidade, não podendo expressar seus comportamentos naturais, se movimentar, além de um elevado teor de amônia e outros gases que podem ser tóxicos no ar da instalação de produção. De acordo com Paganini (2004), a qualidade da cama é fator determinante de lesões de patas e peito, além de importante causa de condenações dessas partes no abatedouro, resultando em grande perda econômica. Estevez (2007) verificou que a prática de alojar aves em alta densidade promove uma redução do desempenho da ave, quanto ao consumo de ração e conversão alimentar, além de maiores incidências de lesões, dermatites, problemas na tíbia e discondoplasia. 9 2.5. A importância da cobertura em uma instalação avícola Em uma instalação de produção, o ambiente térmico é muito influenciado pelo telhado, pois este absorve grande parte da energia proveniente da radiação solar e transmite para o interior das edificações, aumentando os ganhos térmicos e, consequentemente, elevando a temperatura interna. Tal fato se deve à grande área de interceptação de radiação (MICHELS, 2007). De acordo com Sampaio et al. (2011), em áreas não cobertas as variações de temperatura tendem a acompanhar a variação da temperatura ambiente local, enquanto no interior das instalações há um comportamento térmico mais suave no decorrer do dia, pois a cobertura ameniza as variações e não deixa a flutuação térmica ocorrer de forma abrupta. Entre as características do telhado que influenciam no ambiente térmico no interior de uma instalação, destaca-se o material constituinte das telhas, sua natureza superficial e a existência e efetividade de isolantes térmicos e forros (DAMASCENO, 2008; CONCEIÇÃO et al., 2008). SILVA et al. (1990) estudaram a influência de diferentes tipos de telhas no ambiente térmico de aviários (telha de barro, cimento-amianto simples de 6 mm e dupla camada de telha de cimento-amianto (6 mm) com uma camada de ar de 4 cm), e verificaram que a cobertura de cimento amianto com colchão de ar apresentou eficiência próxima à da telha de barro, demonstrando a eficiência na utilização de camadas duplas desse tipo de cobertura na melhoria do ambiente térmico no interior de uma instalação. Em estudo realizado por Sampaio et al. (2011), verificou-se que a utilização de telhas metálicas não favorecem o ambiente térmico, apresentando amplitude térmica durante o dia de até 11 ºC superior em relação às outras telhas estudadas, o que é inconveniente, pois os ambientes com essa telha poderão apresentar bolsões de calor e alta desuniformidade de temperatura ambiente durante o dia. Resultado semelhante foi observado por Conceição (2008), que ao comparar o sombreamento promovido por telhas de fibrocimento, galvanizadas e com tela de polipropileno (80%), verificou que o melhor desempenho foi obtido na cobertura de fibrocimento, enquanto a cobertura galvanizada apresentou situação de maior desconforto térmico, semelhante à apresentada pela tela de polipropileno. 10 Pereira (2007) também comparou diferentes tipos de telhas (telhas de cerâmica, telhas de cimento com polpa celulósica e fibrocimento com fibras de PVA) na melhoria do ambiente térmico em instalações de produção avícola, verificando que tanto as telhas reforçadas com fibras naturais ou artificiais apresentaram comportamento térmico semelhante ao apresentado pela cobertura de cerâmica, sendo compatíveis as necessidades de criação. Jacomé (2007) comparou a utilização de telhas de cerâmica e telhas de fibrocimento em instalações de criação de aves de postura, e observou valores de índices térmicos significativamente menores em galpões utilizando telhas de cerâmica, enquanto as telhas de fibrocimento proporcionaram uma situação de maior desconforto térmico às aves de postura. Resultado semelhante foi encontrado por Fiorelliet al. (2009), que ao compararem diferentes tipos de coberturas em modelos reduzidos de galpões avícolas por meio de índices de conforto térmico, verificaram que a cobertura de cerâmica apresentou melhor desempenho em comparação com a cobertura de fibrocimento favorecendo a situação de conforto térmico no interior da instalação. Furtado et al. (2010), ao avaliarem o ambiente térmico no interior de galpões avícolas com a utilização de telha cerâmica e de fibrocimento, não observaram diferença significativa entre as coberturas para a temperatura ambiente. Resultado semelhante foi observado por Oliveira et al. (2005) (1), que ao estudarem o comportamento térmico de apriscos com telhas de barro e de fibrocimento, não observaram diferença significativa na temperatura do ar. Tonoli (2006) ao estudar o comportamento térmico de telhas onduladas produzidas com diferentes teores de fibras naturais (polpa de sisal) e artificiais (fibras de polipropileno), verificou que, telhas onduladas produzidas com a utilização do amianto, possuem desempenho térmico inferior ao apresentado pelos demais tipos de coberturas, apresentando situação de maior desconforto para o animal. Fiorelliet al. (2010) avaliaram o ambiente térmico em quatro protótipos de galpões avícolas com diferentes tipos de coberturas (fibrocimento, telha cerâmica, telha cerâmica pintada de branco e telha reciclada à base de embalagens longa vida (Tetra Pak), sendo observado o melhor resultado para a telha cerâmica pintada de branco e resultado inferior para a telha de fibrocimento, com os maiores valores de 11 índices de conforto térmico, apresentando a telha reciclada índices de conforto semelhantes àqueles encontrados para as telhas cerâmicas. 2.6. Ambiente aéreo Outro fator extremamente importante para o bem-estar animal é a qualidade do ar. Segundo NÄÄS et al. (2007), a qualidade do ar em ambientes de produção animal vem sendo referenciada como ponto de interesse em estudos de sistema de controle ambiental, focando tanto a saúde dos animais que vivem em total confinamento, quanto a dos trabalhadores que permanecem de 4 a 8 horas por dia nesse ambiente de trabalho. De acordo com Owada et al. (2007), um dos poluentes aéreos mais presentes em galpões de criação de frangos de corte é a amônia. A variação na concentração de amônia é influenciada pela temperatura, umidade, densidade animal e taxa de ventilação (KOCAMAN et al., 2006). Para Medeiros (2007), a alta concentração de amônia em instalações de produção de frangos de corte influencia negativamente tanto o ambiente criatório como as comunidades urbanas próximas a eles, causando quedas na produção e aumento nos casos de doenças. De acordo com Terzichet al. (2000), a produção de frangos de corte gera uma enorme quantidade de resíduos ricos em nitrogênio, fósforo, potássio e minerais como cobre e zinco, que com a rápida decomposição dentro e fora da instalação geram problemas adicionais com pó, amônia, pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio e outros compósitos orgânicos voláteis que aumentam os odores (Nahm, 2000; Seiffert et al., 2000; Williams et al., 1999). 2.7. Influencia da cama no desempenho e qualidade do ar Segundo Cavalcanti et al. (2010), para se ter um bom manejo na avicultura, é importante escolher a cobertura do piso (cama) dos aviários optando por um material de boa qualidade com relação a absorção, maciez, não toxicidade e que libere pouca quantidade de poeira. A cama apresenta grande impacto na qualidade 12 e produtividade do frango de corte, tendo a função de absorver umidade, diluir uratos e fezes, fornecer isolamento térmico e proporcionar uma superfície macia para as aves, evitando a formação de lesões cutâneas no coxim plantar, jarrete e peito (Hernandes e Cazetta, 2001). O teor de umidade da cama, quando elevado, propicia o crescimento e desenvolvimento de bactérias e fungos que poderão contaminar os frangos. Alguns estudos têm sido conduzidos com o objetivo de estudar diferentes tipos de materiais de cama no desempenho da ave e na qualidade do ar da instalação. Avila et al. (2008) estudaram diferentes tipos de camas (maravalha; casca de arroz; sabugo de milho triturado; capim-cameron picado; palhada de soja picada; resto da cultura do milho picado e serragem) sobre o desempenho de frangos de corte, e observaram que não houve efeito do tipo de cama no desempenho das aves, o que possibilita a inserção de novos materiais no sistema de produção. Em estudo conduzido por Oliveira et al. (2005) (2), verificou-se que a maravalha apresenta características superiores a serragem quando utilizada em cama de frango, sendo observados menores valores de umidade e amônia volatizada na cama de maravalha em comparação com a cama de serragem. Santos et al. (2000) ao estudarem quatro materiais usados como cama (cepilho de madeira, casca de arroz, casca de café e sabugo de milho triturado) e duas granulometrias (inteira e moída), no desempenho de frangos de corte verificaram que os materiais de cama não afetaram o desempenho das aves. Oliveira e Carvalho (2002) ao avaliarem o rendimento e a produção de carne total e a incidência de lesões no peito, joelho e coxim plantar na carcaça de aves submetidas a dois tipos de cama (resíduo da cultura de girassol e feno de braquiária), não observaram efeito do tipo de cama, sobre o peso, rendimento de carcaça e de cortes e lesões no peito, joelho e coxim plantar. Segundo Oliveira et al. (2011), com o aumento da produção animal sobre cama (aves e suínos), a disponibilidade de maravalha diminuiu, passando a existir indústrias que processam madeira exclusivamente para a obtenção da maravalha, ocorrendo assim um aumento significativo no valor da mesma. De acordo com Carneiro et al. (2004), a cama de frango representa 20% dos custos variáveis do 13 produtor. Atualmente grande parte dos produtores tem reutilizado a cama na produção de frangos de corte por diversas vezes com o objetivo de diminuir os custos com a aquisição de camas novas e aumentar a quantidade de nutrientes presentes na cama, para posterior utilização como biofertilizante na agricultura (CARVALHO et al., 2011). Porém, Gonzáles e Saldanha (2001) e Carvalho et al. (2011), constataram que a reutilização da cama de frango promove um aumento na concentração de amônia no interior das instalações de produção. Oliveira et al. (2003), observaram maiores níveis de amônia volatilizada na cama submetida a duas criadas em relação àquela com um ciclo de criação. Para Medeiros et al. (2008), a reutilização de cama por diversos ciclos de criação pode potencializar ainda mais os efeitos indesejáveis da amônia. De acordo com Weitzenburger et al. (2006), se o substrato no qual o animal for criado não for adequado, podem aparecer pododermatites e lesões, devido a presença de excrementos molhados, sendo que ainda de acordo com Mearns (2007) e Scott (2007), essa presença de excrementos pode causar uma forte contaminação, podendo ser fonte de doenças para os animais. Outro fator importante é a aderência do piso, sendo que de acordo com Boyle et al. (2000), pisos escorregadios fazem com que os animais mudem o comportamento, em relação a postura e locomoção, sendo aconselhado pisos que promovam maior aderência da superfície da pata do animal. Em alguns países como China e Estados Unidos, um novo sistema tem sido estudado, e consiste em criar os frangos de corte em pisos plásticos elevados, semelhantes aos utilizados na criação de suínos. Com isso objetiva-se diminuir os problemas gerados pela utilização da cama, melhorando a qualidade do ar na instalação de produção, já que os dejetos produzidos pelas aves são eliminados periodicamente, evitando o acúmulo de matéria orgânica e resíduos que possam causar o aumento de gases e odores no galpão. Apesar de parecer uma boa solução para adequação do sistema de produção, ainda existe uma ausência de estudos sobre esse tipo de tecnologia e o efeito dela na criação de aves. É preciso saber se a utilização desse sistema é realmente viável, se promove um aumento da produtividade, se proporciona uma melhora significativa na qualidade do ar no ambiente de produção, reduzindo a quantidade de poeira, amônia e outros gases 14 tóxicos, e se não ocasiona lesões cutâneas nas regiões do peito, joelho e coxim plantar. 2.8. Modelos reduzidos O uso de modelos reduzidos de abrigos para avaliação de instalações de produção animal tem como principal limitação a impossibilidade de realizar os testes em condições de produção, sendo apenas possível a simulação do calor dissipado pelos animais e da umidade adicionada ao meio. Para a avaliação do comportamento térmico do projeto, entretanto, a realização de experimentos deste tipo apresentam várias vantagens, como o baixo custo de material, mão de obra e tempo envolvido. Outro fator importante é a possibilidade de otimização do produto, uma vez que quaisquer alterações para melhorar o desempenho do projeto podem ser realizadas com maior facilidade e menor custo (JENTZSCH, 2002). De acordo com Koltzsch e Walden (1990) citados por Jentzch (2002), a qualidade está diretamente relacionada com o nível de detalhamento e dos materiais empregados na confecção do modelo. Quanto mais exata for à reprodução dos detalhes geométricos e das propriedades termo físicas dos materiais do protótipo, maior será a similitude de comportamento entre eles. De acordo com Glenn Murphy (1950), os modelos podem ser divididos em quatro tipos gerais:  Modelos verdadeiros: todas as características relevantes são reproduzidas em escala e atendem a todos os critérios de projeto e condições de operação;  Modelos adequados: permitem uma predição acurada de uma característica, mas não permitem necessariamente uma predição acurada de outras características;  Modelos distorcidos: são aqueles em que alguns critérios de projeto são violados, tornando necessária a correção da equação de predição;  Modelos dissimilares: são aqueles em que o original e o modelo apresentam qualidades físicas básicas distintas, mas têm em comum características funcionais e estruturais. 15 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGA. Associação Goiana de Avicultura. Avicultura de Corte (2011). Disponível em: . 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No total utilizaram-se 12 tratamentos (telhas x espaçamentos), com dois protótipos para cada tratamento. Foram instalados sensores de temperatura na parte inferior da cobertura e no centro do modelo, obtendo-se a Temperatura da Superfície Interna das coberturas (TSI) e a Temperatura Ambiente (TA) no interior do modelo. Os dados foram analisados utilizando-se o PROC MIX do SAS (Statistical Analysis System), considerando os horários de medição para cada dia avaliado, sendo realizada análise de variância e teste de Scott-Knott a 1% de significância. Para TSI observou-se uma diferença de 11,3°C às 14h entre a telha metálica simples (42,9°C) e em camada dupla com 5cm de espaçamento (31,6°C), e diferença de 7,6°C entre a telha de fibrocimento simples (39,3°C) e com 5cm entre camadas duplas (31,7°C ). Para TA observou-se valor máximo para a telha metálica simples (36,1°C) e mínimo para a camada dupla com 5cm de espaçamento (30,8°C). Para fibrocimento, observou-se para camada simples 35,4°C e para 5 cm de espaçamento 30,9°C. A utilização de telha metálica e de fibrocimento em camadas duplas foi eficiente, promovendo decréscimo nos valores de TSI e TA no modelo estudado. PALAVRAS-CHAVE: Telha, Ambiência, Conforto térmico, Bem-estar animal 27 CHAPTER 2 - STUDY OF THE DIFFERENT COVERS AND SPACING BETWEEN DOUBLE LAYERS ON THE SURFACE TEMPERATURE OF TILE AND THE ENVIRONMENT ABSTRACT: The cover has a fundamental role in a facility, being able to prevent much of the solar radiation to penetrate and raise your temperature. This experiment was conducted at UNESP in Jaboticabal, with the objective of evaluating the efficiency of the installation of two types of toppings (Metallic and Fibercement) in single and double layers, varying spacing between double layers of 1cm to 5cm. As repetition was adopted the collection days and the number of prototypes, totaling 30 replicates for each treatment (2 prototypes x 15 collection days). In total 12 treatments were used (tile x spacing ) with two prototypes for each treatment. Temperature sensors were installed on the bottom of the cover and the center of the model, obtaining the internal surface temperature of the covers (IST) and the ambient temperature (AT) inside the model. The data were analyzed using the PROC MIX SAS (Statistical Analysis System), considering the schedules for each day of measurement assessed with variance analysis performed and Scott-Knott test at 1% significance. For IST we observed a difference of 11.3 °C at 14h between simple metal tile (42.9 °C) and double layer with 5cm spacing (31.6 °C), and difference of 7.6 °C between simple tile fiber cement (39.3 °C) and 5cm between double layers (31.7 °C). For AT was observed maximum value for the simple metal tile (36.1 °C) and minimum for the spacing of 5cm between double layers (30.8 °C). For fiber cement, was observed for single layer 35.4 °C and spacing of 5 cm 30.9 °C. The use of metal tile and fiber cement double layers was efficient in promoting a decrease in the values of IST and AT in this model. KEY-WORDS: Tile, Ambience, Thermal comfort, animal welfare 28 1. INTRODUÇÃO Em uma instalação zootécnica, o ambiente térmico é muito influenciado pelo telhado, pois este absorve grande parte da energia proveniente da radiação solar e transmite para o interior das edificações, aumentando os ganhos térmicos e, consequentemente, elevando a temperatura interna (MICHELS, 2007). De acordo com Sampaio et al. (2011), em áreas não sombreadas as variações de temperatura tendem a acompanhar o clima local, enquanto no interior das instalações a cobertura ameniza as variações e não deixa a flutuação térmica ocorrer de forma abrupta. Entre as características do telhado que influenciam no ambiente térmico do interior de uma instalação, destaca-se o material constituinte das telhas, sua natureza superficial e a existência e efetividade de isolantes térmicos e forros (DAMASCENO, 2008; CONCEIÇÃO et al., 2008). Para Curtis (1983), o material ideal para cobertura deve possuir superfície superior com alta refletividade solar e alta emissividade térmica e superfície inferior baixa refletividade solar e baixa emissividade térmica. As coberturas são responsáveis por promover um ambiente mais adequado à produção animal, sendo que a utilização de abrigos com os mais diversos materiais de cobertura (sombrite, fibrocimento, etc.) promovem a diminuição de até 30% da carga térmica de radiação quando comparada a recebida pelo animal ao ar livre, melhorando a situação de conforto térmico (BAÊTA e SOUZA, 2010). Vale ressaltar que, a diminuição das condições de estresse térmico aumenta significativamente o conforto animal, resultando em uma melhor produção (PERISSINOTTO, 2006; NAVARINI, 2009). De acordo com Caneppeleet al. (2013), a utilização da telha tipo sanduíche é capaz de proporcionar um ambiente térmico mais favorável, fato esse explicado pela maior capacidade térmica deste tipo de cobertura, favorecendo a inércia térmica da instalação. Tendo em vista a importância das coberturas em instalações zootécnicas e a necessidade do desenvolvimento de novos métodos de instalação de coberturas que promovam maior conforto térmico, conduziu-se um experimento com o objetivo de avaliar a eficiência de dois tipos diferentes de coberturas instaladas em camada simples e com diferentes espaçamentos entre camadas duplas, sendo analisados os valores de temperatura no ambiente e na superfície interna das coberturas. 29 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural situado na FCAV/Unesp Jaboticabal, a 21º15’22’’ S de latitude e 48º18’58’’ W de longitude, com altitude de 595 m. O clima, baseado na classificação de Köppen, é do tipo Awa, descrito como tropical de estiagem no inverno, com estação seca definida (abril a setembro) e concentração das chuvas nos meses de verão (outubro a março). Foram utilizados dois tipos de coberturas, sendo telhas de fibrocimento e telhas metálicas, com dimensões comerciais de 6mm e 0,50mm respectivamente, instaladas em camadas simples e com diferentes espaçamentos entre camadas duplas (1, 2, 3, 4 e 5cm), colocados sobre protótipos, constituído de caixas de isopor com dimensões internas 340 mm de altura; 741 mm de comprimento; 553 mm de largura e 100 mm de espessura, sendo que para a minimização das interferências dos ventos, os espaços deixados pela telha sobre a caixa de isopor foram vedados com espuma. Os protótipos foram fixados em placas de cimento, a uma altura de 0,10m do solo (Figura 1), dispostos em um terreno livre de sombreamento. No total utilizaram-se 12 tratamentos (telhas x espaçamentos) (Tabela 1), com dois protótipos para cada tratamento, sendo estudadas as telhas simples (sem utilização de camadas duplas) e instaladas em camadas duplas com diferentes espaçamentos entre telhas (Figura 2). Como repetição adotaram-se os dias de coleta e o número de protótipos, totalizando 30 repetições para cada tratamento (2 protótipos x 15 dias de coleta). Figura 1 – Esquema de montagem dos protótipos 30 Tabela 1 – Esquema dos tratamentos experimentais MS Metálica Simples (Camada simples) MD1 Metálica com espaçamento de 1cm entre camadas (Camada dupla) MD2 Metálica com espaçamento de 2cm entre camadas (Camada dupla) MD3 Metálica com espaçamento de 3cm entre camadas (Camada dupla) MD4 Metálica com espaçamento de 4cm entre camadas (Camada dupla) MD5 Metálica com espaçamento de 5cm entre camadas (Camada dupla) FS Fibrocimento Simples (Camada simples) FD1 Fibrocimento com espaçamento de 1cm entre camadas (Camada dupla) FD2 Fibrocimento com espaçamento de 2cm entre camadas (Camada dupla) FD3 Fibrocimento com espaçamento de 3cm entre camadas (Camada dupla) FD4 Fibrocimento com espaçamento de 4cm entre camadas (Camada dupla) FD5 Fibrocimento com espaçamento de 5cm entre camadas (Camada dupla) Figura 2 – Esquema de disposição dos tratamentos no local de instalação 2m 2m 31 Para a obtenção dos dados de temperatura interna em cada um dos protótipos utilizou-se 01 termopar tipo T, modelo 105 T (Figura 3a), posicionado debaixo da telha e isolado com uma placa de isopor de 60x60 mm e 12mm de espessura, e um termopar semelhante instalado no centro geométrico do protótipo. A leitura para coleta dos dados foi realizada de hora em hora, entre os meses de maio a agosto de 2013, através do sistema de aquisição de dados, Datalogger marca CAMPBELL SCIENTIFIC-INC (Figura 3b). Figura 3 – Termopares tipo T (a) e Datalogger Campbell Scientific-INC(b) . Utilizou-se o PROC MIX do SAS (Statistical Analysis System), para análise com medidas repetidas no tempo, considerando os horários de medição para cada dia avaliado, sendo realizada análise de variância e teste de Scott-Knott para a comparação de médias, a 1% de significância. 32 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 4 e 5 (Tabela 2 em anexo) encontram-se os dados referentes à variação da temperatura média superficial das coberturas das 8h às 18h. 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Te m p e ra tu ra ( °C ) Horas do dia MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 Figura 4 – Temperatura da superfície interna das telhas metálicas nos diferentes horários 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Te m p e ra tu ra ( °C ) Horas do dia FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 Figura 5 – Temperatura da superfície interna das telhas de fibrocimento nos diferentes horários 33 Verificou-se que o comportamento térmico da temperatura superficial interna (TSI) das coberturas seguiu o mesmo padrão, apresentando os menores valores nas primeiras horas do dia e assumindo seu valor máximo próximo às 14h, horário tido como o de máxima radiação solar, e posteriormente decrescendo. Tal comportamento térmico também foi verificado por Almeida e Passini (2013), que ao estudarem índices de conforto térmico em modelos reduzidos de galpões avícolas com diferentes tipos de coberturas, obtiveram uma curva de crescimento desses índices, atingindo seu valor máximo às 14h, decrescendo posteriormente. Fiorelli et al. (2012) também verificaram maiores índices de conforto térmico às 14h, sendo tal comportamento térmico justificado por ser o horário de maior radiação solar. O uso de camadas duplas promoveu um decréscimo significativo nos valores TSI das coberturas, sendo observados valores de mais de 10oC inferiores em relação a não utilização de camadas duplas às 14h (MS e MD5).Tal fato mostra a eficiência da utilização das camadas duplas, onde a porção de ar presente entre as duas camadas de telha atua como isolante térmico, evitando que parte da energia solar seja transmitida para a superfície interna da cobertura. Em relação à utilização de camadas simples, verificou-se que a cobertura de fibrocimento apresentou valores menores de temperatura superficial em relação a cobertura metálica, sendo observada às 14h valores de 42,9oC e 39,3oC para as coberturas metálicas e fibrocimento, respectivamente. Tal resultado está de acordo com diversos estudos, sendo resultados semelhantes encontrados por Abreu et al. (2011), que observaram menores valores de TSI em telhas de fibrocimento em relação a telhas metálicas às 14h. Fonseca et al. (2011) também obtiveram resultados semelhantes, ao estudarem coberturas de fibrocimento e zinco na melhoria do ambiente em abrigos para bezerros, verificando uma melhor eficiência térmica da cobertura de fibrocimento em relação a cobertura metálica estudada (zinco). Sampaio et al. (2011), ao estudarem temperatura superficial de telhas e sua relação com o ambiente térmico na instalação, verificaram que as telhas metálicas superaram os 53 °C na sua superfície e foram piores no conforto térmico comparado com as outras telhas estudadas.(fibrocimento e barro). Em relação à utilização de camadas duplas, observou-se que esse mecanismo foi altamente eficiente na redução da TSI das coberturas, sendo os 34 menores valores observados nos tratamentos MD2, MD3, MD4, MD5, FD4 e FD5, em que a maior variação pode ser claramente observada nos horários mais quentes do dia. Observou-se redução máxima da TSI nos tratamentos com a utilização de camadas duplas, sendo os menores valores encontrados para cobertura metálica com espaçamento de 2 a 5cm, e de fibrocimento de 4 e 5cm de espaçamento. Na Figura 6 (Tabela 2 em anexo) estão representados os valores médios de TSI nos diferentes tratamentos estudados, no horário tido como crítico (14h), ou seja, de maior temperatura. 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 Te m p e ra tu ra ° C Tratamentos T °C Figura 6 – Valores médios de TSI ás 14h para os diferentes tratamentos Às 14h (horário crítico) pode-se verificar claramente a eficiência dos tratamentos com a utilização de camadas duplas em relação aos tratamentos onde se utilizou apenas uma camada simples de telha. Em relação à cobertura metálica, os menores valores foram observados nos tratamentos MD2, MD3, MD4 E MD5, sendo que MD1 apresentou valor de TSI menor que MS e intermediário entre os tratamentos com a mesma cobertura. Já em relação a cobertura de fibrocimento, observou-se que, assim como nos tratamentos com cobertura metálica, os menores valores foram observados na utilização de camadas duplas em relação a utilização de camada simples, sendo os menores valores encontrados nos tratamentos FD4 e FD5, e o maior valor em FS, sendo que os demais tratamentos apresentaram valores intermediários de TSI. 35 Essa diminuição dos valores de TSI com a utilização de camadas duplas deve-se a formação de um bolsão de ar entre as duas camadas, que, devido à baixa condutividade térmica do ar, este atua como isolante térmico, impedindo que parte da radiação absorvida pela cobertura seja transmitida para o interior da instalação, dissipando essa energia para o meio. Vale ressaltar que, de acordo com Abreu et al. (2011), a diminuição das temperaturas superficiais das coberturas não indicam por si só conforto térmico para os animais, sendo importante medir a carga térmica de radiação recebida pelos animais sob essas coberturas. Nas Figuras 7 e 8 (Tabela 3 em anexo) encontram-se os dados referentes à variação da temperatura média do ambiente interno dos protótipos nos diferentes tratamentos das 8h às 18h. Figura 7 – Temperatura do ambiente interno dos protótipos com a utilização de telhas metálicas 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 34,0 36,0 38,0 40,0 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Te m p e ra tu ra A m b ie n te ( °C ) Horas do dia MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 36 Figura 8 – Temperatura ambiente interno dos protótipos com a utilização de telhas de fibrocimento Os valores de temperatura do ambiente (TA) seguiram o mesmo padrão observado para TSI, sendo às 14h foram verificados os maiores valores de TA nos tratamentos com a utilização de camada simples, em relação aos tratamentos em que se utilizaram camadas duplas. Verificou-se também maior inércia térmica das coberturas em camadas duplas, ou seja, uma menor variação de temperatura entre os horários mais quentes e mais frios, algo de extrema importância na produção animal, já que grandes oscilações de temperatura são prejudiciais no que se diz respeito a produção animal. De acordo com Lima (2006) grandes oscilações de temperatura provocam estresse, influenciando negativamente a produção animal, causando grandes perdas nos processos produtivos e reprodutivos. Observou-se que a utilização de telhas em camadas simples (MS e FS) promoveu uma oscilação de mais de 20°C entre o horário mais frio (6h) e o mais quente (14h), enquanto que as mesmas coberturas instaladas em camadas duplas de 5 cm obtiveram uma variação de 13°C e 14°C, respectivamente, ou seja, além de diminuir os valores de TA, a utilização de camadas duplas promove um ambiente mais estável, com maior inércia térmica e com variações de temperatura menores. Na Figura 9 estão representados os valores de TA nos diferentes tratamentos no horário crítico (14h). 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Te m p e ra tu ra A m b ie n te ( °C ) Horas do dia FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 37 Figura 9 – Valores médios de Temperatura ambiente (TA) nos diversos tratamentos às 14h Observou-se que a utilização de camadas duplas foi extremamente eficiente no que se diz respeito à redução da temperatura ambiente nos diversos tratamentos, sendo observado que o aumento do espaçamento entre camadas duplas promove uma tendência de diminuição gradativa da TA, devido à formação de um bolsão de ar maior, atuando com maior eficiência como isolante térmico. Observa-se também que, em camadas duplas, o tratamento com telhas metálicas apresentou maior eficiência, sendo observados menores valores de TA em espaçamentos a partir de 2cm, enquanto que com a utilização da telha de fibrocimento, os menores valores só foram verificados nos espaçamentos de 4 e 5cm.Tais resultados estão de acordo com Caneppele et al. (2013), que observaram menores valores de temperatura ambiente com a utilização de telha tipo sanduíche, além de maior inércia térmica, com menores oscilações diárias na temperatura ambiente. Dias (2011) ressalta que a utilização da telha tipo sanduíche é extremamente eficiente na promoção de um ambiente térmico melhor em regiões de grande amplitude térmica diária, sendo capaz de diminuir essa variação térmica. Tal informação está de acordo com o observado no presente estudo, onde a amplitude térmica no interior da instalação foi menor utilizando-se telhas em camadas duplas. 28,0 29,0 30,0 31,0 32,0 33,0 34,0 35,0 36,0 37,0 MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 TA °C 38 Na figura 10 estão representados os valores de TSI e TA nos diversos tratamentos às 14h. Figura 10 – Relação entre a TSI e a TA nos diversos tratamentos Observou-se que o comportamento da TA depende diretamente da TSI, ou seja, quanto maior a TSI, maior a TA na instalação. Esse resultado demonstra a importância de se aumentar o isolamento térmico das coberturas, sendo que de acordo com D'Orazio et al. (2010), o aumento da densidade de isolamento do telhado reduz os gastos com resfriamento artificial no interior das instalações. Na Figura 11 estão representados os coeficientes de variação (%) dos valores de TA e TSI observados ao longo dos dias estudados nos diversos tratamentos. 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 Te m p e ra tu ra ( °C ) Tratamentos TSI °C TA °C 39 Figura 11 – Coeficientes de Variação de TA e TSI para os tratamentos Os valores do coeficiente de variação das TA e TSI nos diferentes tratamentos demonstram a eficiência da utilização de coberturas em camadas duplas na redução da variação térmica horária ocorrida ao longo do dia. Nos tratamentos MS e FS verificaram-se valores de CV superiores aos encontrados nos tratamentos em que se utilizaram camadas duplas. A menor variação de temperatura ao longo do dia é algo desejável em instalações de produção animal, tanto no ponto de vista de bem-estar do animal quanto em termos financeiros, pois, o sistema termorregulador do animal tende a funcionar com menor gasto energético para a manutenção da homeostase, enquanto que no processo de automatização para controle climático em uma instalação o sistema será acionado um menor número de vezes, tendo em vista a maior homogeneidade da distribuição de temperatura ao longo do dia, reduzindo os gastos com energia elétrica. De acordo com Guimarães et al. (2014), animais mantidos em ambientes com amplitudes muito amplas podem ter seu desempenho comprometido em razão de terem que se adaptar às variações de temperatura em curto espaço de tempo, o que pode comprometer a manutenção de seus índices fisiológicos. Abreu et al. (2007), ao estudarem o desempenho de frangos de corte criados em aviários com forro e sem forro observaram a importância da redução da amplitude térmica, sendo que os 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 MS MD1 MD2 MD3 MD4 MD5 FS FD1 FD2 FD3 FD4 FD5 C o e fi c ie n te d e V a ri a ç ã o ( % ) Tratamentos TA TSI 40 galpões com forro apresentaram menores amplitudes térmicas e os animais tiveram melhores ganho de peso e consumo de ração, em relação aos animais criados no ambiente sem forro. 41 4. CONCLUSÕES A instalação de telhas metálicas e de fibrocimento em camadas duplas demonstrou uma maior inércia térmica em relação às mesmas coberturas instaladas em camadas simples, promovendo decréscimo nos valores da Temperatura Superficial Interna das coberturas (TSI) e na temperatura do ambiente interno (TA) no modelo estudado, com maior eficiência quando instaladas com espaçamento variando de 2cm a 5cm para telha metálica e de 4cm a 5cm para a telha de fibrocimento. 42 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, P. G.; ABREU, V. M. N.; COLDEBELLA, A.; JAENISCH, F. R. F.; PAIVA, D. P. Condições térmicas ambientais e desempenho de aves criadas em aviários com e sem o uso do forro. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, p.1014-1020, 2007. ABREU, P.G.; ABREU, V.M.N.; COLDEBELLA, A.; LOPES, L.S.; CONCEIÇÃO, V.; TOMAZELLI, I. L. Análise termográfica da temperatura superficial de telhas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.15, n.11, p.1193-1198, 2011. ALMEIDA, E.A.; PASSINI, R. Thermal comfort in reduced models of broilers' houses, under different types of roofing materials. Engenharia Agrícola, v.33, n.1, p. 19-27, 2013. BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais – Conforto animal. 2º Edição. Editora UFV, 2010. 269 p. CANEPPELE, L.B.; NOGUEIRA, M.C.J.A.; VASCONCELLOS, A.B. Avaliação da eficiência energética e custo benefício no uso de coberturas metálicas em supermercados empregando o software energyplus. 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Avaliação do desempenho térmico de coberturas metálicas utilizadas em edificações estruturadas em aço. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. FIORELLI, J.; SCHMIDT, R.; KAWABATA, C.Y.; OLIVEIRA, C.E.L.; SAVASTANO JUNIOR, H.; & ROSSIGNOLO, J.A. Eficiência térmica de telhas onduladas de fibrocimento aplicadas em abrigos individuais para bezerros expostos ao sol e à sombra. Ciência Rural, v.42, n.1, p.64-67, 2012. FONSECA, P.C.F.; ALMEIDA, E.A.; PASSINI, R. Thermal comfort índices in individual shelters for dairy calves with different types of roofs.Engenharia Agrícola, v.31, n.6, p.1044-1051, 2011. GUIMARÃES, M.C.C.; FURTADO, D.A.; NASCIMENTO, J.W.B.; TOTA, L.C.A.; SILVA, C.M.; LOPES, K.B.P. Efeito da estação do ano sobre o desempenho produtivo de codornas no semiárido paraibano. 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Cada experimento foi composto por quatro tratamentos em fatorial 2x2 com os fatores, tipos de piso (cama e piso plástico) e sexo (macho e fêmea). Foram utilizadas duas câmaras climáticas, em uma câmara utilizou-se maravalha e na outra o piso plástico suspenso, sendo essas divididas em 16 boxes, com área aproximada de 1m2 cada, sendo 8 para machos e 8 para fêmeas. Os animais foram pesados semanalmente, quantificado o consumo de ração e conversão alimentar. Foram realizadas mensurações de concentração de amônia e CO2 aos 28, 32, 35, 39 e 42 dias. Ao final do ciclo avaliou-se escores de higiene, locomoção, lesões de peito, jarrete e coxim plantar, viabilidade, produção de carne, rendimento de carcaça e de partes. Os dados de desempenho foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% no programa SAS (Statistical Analysis System). As concentrações de amônia e CO2 foram maiores no ambiente com maravalha em relação ao piso plástico. No piso plástico observou-se maior produção de carne.m-2 para machos em relação a maravalha, e melhor desempenho produtivo (ganho de peso, peso médio e conversão alimentar) para machos criados em piso plástico. O piso plástico favoreceu a higiene dos animais, porém desfavoreceu a locomoção. Aves criadas no piso plástico apresentaram maior incidência de lesões no coxim plantar, enquanto aves criadas na maravalha tiveram maior incidência de lesões no jarrete. O piso plástico apresentou resultados satisfatórios, podendo ser uma boa alternativa na substituição da cama de frango. PALAVRAS-CHAVE: qualidade do ar, amônia, piso plástico, lesões de carcaça 45 CHAPTER 3 - INFLUENCE OF TYPE OF THE BED ON THE AIR QUALITY, PERFORMANCE, CARCASS INJURIES, SCORES OF THE HYGIENE AND LOCOMOTION IN BROILER RAISED IN COMFORT AND HEAT STRESS. ABSTRACT: The surface where the birds are raised (bed) has great importance in the production process, is directly linked to welfare and animal production. This study aimed to evaluate the use of plastic floor replacement in poultry litter, in two different experiments (experiment 1 and 2), in experiment 1, the birds were raised in thermal comfort, and in experiment 2 in heat stress. Each experiment consisted of four treatments in a 2x2 factorial with the factors, types of flooring (plastic bed and conventional floor) and sex (male and female). Two climatic chambers were used in a camera was used shavings and the other suspended plastic floor, these being divided into 16 boxes, with an approximate area of 1m2 each, being 8 for males and 8 for females. The animals were weighed weekly, quantified feed intake and feed conversion. Measurements of CO2 and ammonia concentration were performed at 28, 32, 35, 39 and 42 days. At the end of the cycle was evaluated scores of hygiene, locomotion, breast lesions, hock and footpad, viability, production of meat, carcass and parts. The performance data were subjected to analysis of variance and Tukey's test at 5% in SAS (Statistical Analysis System). The concentrations of ammonia and CO2 were higher in the atmosphere with wood shavings in relation to the plastic floor. In plastic floor there was greater production carne.m-2 for males compared to shavings, and better performance (weight gain, feed conversion and average weight) for males reared in plastic flooring. The plastic floor favored the cleanliness of animals, but disfavors locomotion. Birds reared in plastic floor had a higher incidence of lesions in the footpad, whereas birds reared on wood shavings had higher incidence of lesions in the hock. The plastic floor showed satisfactory results and can be a good alternative for the replacement of poultry litter. KEY- WORDS: air quality, ammonia, plastic flooring, injuries carcass 46 1. INTRODUÇÃO Um fator extremamente importante para o bem-estar animal é a qualidade do ar. Segundo NÄÄS et al. (2007), a qualidade do ar em ambientes de produção animal vem sendo referenciada como ponto de interesse em estudos de sistema de controle ambiental, focando tanto a saúde dos animais que vivem em total confinamento, quanto dos trabalhadores que permanecem até 8 horas por dia nesse ambiente de trabalho. Para Owada et al. (2007), um dos poluentes aéreos presentes em maior concentração nos galpões de criação de frangos de corte é a amônia, produzida pela decomposição de dejetos ricos em nitrogênio no interior das instalações de produção (Terzich et al., 2000). Segundo Cavalcanti et al. (2010), para se ter um bom manejo na avicultura, é importante escolher a cobertura do piso (cama) dos aviários optando por um material de boa qualidade com relação a absorção, maciez e não toxicidade. De acordo com Hernandes e Cazetta (2001), a cama além de absorver umidade, deve evitar a formação de lesões cutâneas no coxim plantar, no joelho e no peito. Oliveira et al. (2011), ressaltam que o crescimento das atividades de produção animal sobre cama (suínos e aves) fez com que ocorresse uma diminuição na disponibilidade de maravalha, passando a existir indústrias que processam madeira exclusivamente para a obtenção desse material, ocorrendo assim um aumento significativo no valor da mesma. Para Carneiro et al. (2004), a cama de frango representa 20% dos custos variáveis do produtor. Devido ao alto custo desses materiais, passou-se a praticar a reutilização da cama, com finalidade principal de redução dos custos no processo produtivo, sendo observado por Gonzáles e Saldanha (2001) e Carvalho et al. (2011) que a reutilização da cama promove um aumento na concentração de amônia no interior das instalações de produção, fato constatado também por Oliveira et al. (2003) que observaram maiores níveis de amônia no ambiente com cama submetida a duas criadas em relação àquela com um ciclo de criação. Em alguns países como China e Estados Unidos, um novo sistema tem sido estudado, que consiste em criar os frangos de corte sobre pisos plásticos elevados, semelhantes aos utilizados na criação de suínos. Com isso objetiva-se diminuir os 47 problemas gerados pela utilização da cama, melhorando a qualidade do ar na instalação de produção, já que os dejetos produzidos pelas aves são eliminados periodicamente, evitando o acumulo de matéria orgânica e resíduos que possam causar o aumento de gases e odores no galpão. Apesar de parecer uma boa solução para adequação do sistema de produção, ainda são escassos os estudos sobre esse tipo de tecnologia e o efeito dela na criação de aves. É preciso saber se a utilização desse sistema é realmente viável, se promove aumento da produtividade, se proporciona uma melhora significativa na qualidade do ar no ambiente de produção, reduzindo a quantidade de poeira, amônia e outros gases tóxicos, e se não ocasiona lesões cutâneas nas regiões do peito, joelho e coxim plantar. Com base no exposto, conduziu-se um experimento objetivando avaliar a utilização de piso plástico na substituição da cama de maravalha, através de dois experimentos, sendo o primeiro em situação de conforto térmico e o segundo em situação de estresse térmico. Foram mensurados o desempenho das aves e a qualidade do ar através da mensuração das concentrações de amônia e dióxido de carbono (PPM) no ambiente de produção, em pisos plásticos e sobre cama de maravalha, avaliando-se o ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar, produção de carne/área, viabilidade, lesões cutâneas na região do peito, joelho e coxim plantar, escores de locomoção e higiene. 48 2. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) campus de Jaboticabal, no setor de avicultura, em câmaras climáticas, sendo avaliado o ganho de peso semanal das aves, consumo de ração, conversão alimentar, produtividade, viabilidade, lesões cutâneas no peito, coxa e coxim plantar, escores de locomoção, higiene, e qualidade do ar, através do monitoramento da concentração de amônia e CO2. O estudo foi composto de dois experimentos. No experimento 1 as aves foram criadas em conforto térmico (agosto e setembro de 2013), e no experimento 2 em estresse térmico, seguindo os valores de temperatura ambiente da Tabela 1. Cada experimento foi composto por quatro tratamentos em esquema fatorial 2x2 com os fatores, tipos de piso (maravalha e piso plástico) e sexo (macho e fêmea). Foram utilizadas duas câmaras climáticas, em uma câmara utilizou-se maravalha (Figura 1a) e na outra o piso plástico suspenso (Figura 1b), sendo essas divididas em 16 boxes cada (Figura 2a), com dimensões de 0,9 x 1,2m cada, e uma área aproximada de 1m2 cada, sendo 8 boxes de machos e 8 boxes de fêmeas. O tratamento piso plástico foi montado a uma altura de 0,5m do solo, através de um ripado de madeira suspenso (Figura 2b). Tabela 1 - Faixas de temperaturas adotadas no experimento. Temperatura Ambiente °C Período (dias de idade) Conforto Térmico Estresse Térmico 1 a 4 35 35 5 a 7 32 35 8 a 14 30 34 15 a 16 28 34 17 a 21 26 33 22 a 44 24 33 Fonte: Adaptado de BRUNO et al. (2000). Foram utilizadas aves da linhagem Cobb®-500, adquiridas com 1 dia de vida, sexadas, provenientes de incubatório comercial Globo Aves da cidade de Itirapina- SP. Para a distribuição das aves no experimento realizou-se a pesagem de 20% do lote total, calculando-se a média de peso inicial e o respectivo desvio padrão, sendo 49 posteriormente montadas as repetições dentro dos tratamentos de forma homogênea, ou seja, com pintos dentro de um peso padrão. As aves foram alojadas na densidade de 12 aves/m2. Figura 1 – a) Aves criadas em maravalha; b) Aves criadas em piso plástico Figura 2 – Divisão dos boxes experimentais Durante todo período experimental as aves receberam água e ração à vontade. O regime alimentar das aves foi constituído por 2 tipos de ração (inicial: de 1-21 dias de idade, crescimento: 22-42 dias), formuladas seguindo as exigências nutricionais estabelecidas para frangos de corte em condições tropicais por Rostagno et al. (2012) (Tabela 2). Os pintos foram vacinados contra doença de Marek e Bouba Aviária ainda no incubatório, contra as doenças de Gumboro (cepa intermediária Lukert) e Newcastle (cepa La Sota) no 8º dia de vida. 50 Tabela 2 – Composição percentual e nutricional calculada das rações, segundo as fases de inicial (1-21 dias de idade) e crescimento (22-42 dias de idade) Ingredientes(%) Inicial* Crescimento** Milho 60,81 63,74 Farelo de soja 45% 35,15 29,79 Óleo soja - 3,12 Fosfato bicálcico 1,63 1,16 Calcário 0,84 0,76 Sal 0,42 0,44 L-Lisina HCL (78%) 0,25 0,21 DL-Metionina (99%) 0,29 0,23 L-Treonina 0,08 0,04 BHT 0,01 0,01 Suplemento vitamínico e mineral* 0,50 0,50 Total 100,00 100,00 Composição nutricional calculada Proteína bruta (%) 21,27 18,86 Energia metabolizável (kcal/kg) 2.883 3.121 Ca (%) 0,85 0,69 Na (%) 0,19 0,20 Fósforo disponível (%) 0,42 0,32 Metionina + cistina dig. (%) 0,88 0,77 Metionina dig. (%) 0,56 0,49 Lisina dig. (%) 1,22 1,05 Treonina dig. (%) 0,79 0,68 Triptofanodig. (%) 0,24 0,21 Arginina dig. (%) 1,32 1,16 Nutrientes por quilograma de ração: *fase de 1 a 21 dias de idade - Vit. A 7.000 U.I., Vit. D3 3.000 U.I., Vit.E 25 U.I., Vit. K 0,98 mg, Vit. B1 1,78 mg, Vit. B2 9,6 mg, Vit. B6 3,5 mg, Vit. B12 10 µg, ÁcidoFólico 0,57 mg, Biotina 0,16 mg, Niacina 34,5 mg, Pantotenato de Cálcio 9,8 mg, Cobre 0,12 g, Cobalto 0,02 mg, Iodo 1,3 mg, Ferro 0,05 g, Manganês 0,07 g, Zinco 0,09 mg, ZincoOrgânico 6,75 mg, Selênio 0,27 mg, Colina 0,4 g, Promotor de crescimento (bacitracina de zinco) 30 mg, (narasina+nicarbazina) 0,1g, Metionina 1,68g. **Fase de 22 a 42 dias de idade- Vit. A 7.000 U.I., Vit. D3 3.000 U.I., Vit. E 25 U.I., Vit. K 0,98 mg, Vit. B1 1,78 mg, Vit. B2 9,6 mg, Vit. B6 3,5 mg, Vit. B12 10 µg, Ácido Fólico 0,57 mg, Biotina 0,16 mg, Niacina 34,5 mg, Pantotenato de Cálcio 9,8 mg, Cobre 0,12 g, Cobalto 0,02 mg, Iodo 1,3 mg, Ferro 0,05 g, Manganês 0,07 g, Zinco 0,09 mg, Zinco Orgânico 6,75 mg, Selênio 0,27 mg, Colina 0,6 g, Promotor de crescimento (avilamicina) 7,5 mg, (monensina sódica) 0,1g, Metionina 1,4g. As aves foram pesadas semanalmente, assim como a ração, determinando- se assim o ganho de peso e o consumo de ração semanal e, posteriormente, a conversão alimentar. A temperatura ambiente foi mantida com o auxílio de lâmpadas de infravermelho (aquecimento) e de monoblocos frigorífico (resfriamento). 51 A avaliação da produção de carne (PC) expressa em quilogramas de peso vivo por metro quadrado de piso foi calculada com base no peso final total das aves de cada box, pela seguinte fórmula: �� = �� � em que: PC = produção de carne/área (kg/m2) PT = peso total de aves de cada box (kg) A = área dos boxes (m2) A viabilidade foi determinada com base no número de aves sobreviventes em cada tratamento, transformando esse número em percentagem. A fórmula utilizada para essa finalidade foi: � = �� � 100 �� em que: V = viabilidade (%) NF = número de aves vivas no final do ciclo NI = número inicial de aves alojadas em cada box Nos tratamentos com piso plástico, os dejetos foram retirados a cada 7 dias nas primeiras duas semanas, a cada dois dias do 14o até o 42o dia, sendo realizada uma raspagem abaixo do piso com o auxílio de um rodo de aço (Figura 3). 52 Figura 3 – Raspagem dos dejetos no tratamento com piso plástico Para o monitoramento da concentração amônia (NH3 ) e dióxido de carbono (CO2), utilizou-se uma bomba de gases Dräger Accuro® (Figura 4a), acoplada a tubetes reagentes (Figura 4b), sendo mensuradas as concentrações desses gases aos 28, 32, 35, 39 e 42 dias de criação. A mensuração era sempre realizada no centro da câmara climática, a uma altura correspondente ao centro de massa das aves. Figura 4 – a)Bomba detectora de gases Dräger Accuro®, b) Tubete reagente Para avaliação dos escores de lesão de pé, peito, coxim plantar, locomoção e higiene, utilizou-se o protocolo de bem-estar animal da Welfare Quality® (2009) para frangos de corte, sendo atribuídos escores para cada fator por um avaliador treinado, aos 42 dias de criação. Foram amostradas 50% do total de aves alojadas, 53 ou seja, seis aves por box, num total de 48 machos e 48 fêmeas por tratamento. Para distribuição aleatória dos animais a serem avaliados, foram selecionados os seis animais mais próximos ao lado esquerdo do bebedouro em cada box, sendo estes marcados com tinta sobre o dorso (Figura 5a) e, posteriormente, à seleção dos animais era realizada a avaliação visual dos escores de lesão, higiene e locomoção. Figura 5 – a) Seleção dos animais a serem avaliados, b) Avaliação visual Para a atribuição dos escores de lesão de peito, jarrete e coxim plantar, os animais foram avaliados quanto a presença ou não de lesões nesses membros, e se presente quanto a dimensão da injúria em cada ave (Figura 6). Na avaliação do escore de higiene, as aves eram avaliadas quanto a limpeza das suas penas, peito e pernas, sendo também atribuído uma nota de acordo com a quantidade de sujeira impregnada nos mesmos (Figura 7). Já, para a avaliação do Gait score, ou escore de locomoção, as aves eram colocadas individualmente no chão e estimuladas a se locomover por cerca de 10 passos, sendo a nota atribuída de acordo com a facilidade ou dificuldade desse animal em se locomover (Figura 8). Todas as avaliações seguiram criteriosamente o Poultry Protocol da Welfare Quality (2009). 54 Figura 6 – Exemplos de lesões de peito, jarrete e coxim plantar Figura 7 – Aves com diferentes graus de higiene Figura 8 – Avaliação do Gait score (escore de locomoção) 55 Para a análise do rendimento de carcaça quente, todas as aves de cada box foram pesadas, posteriormente calculada a média de peso sendo separadas três aves por box (25% do total alojado) cujo peso estivesse próximo a média +ou- 5% do peso médio, totalizando 48 aves por tratamento, sendo 50% machos e 50% fêmeas. As aves foram então identificadas com o auxílio de anilhas de plástico enumeradas e colocadas em um jejum pré-abate de oito horas. As aves foram insensibilizadas em CO2, posteriormente passaram pela sangria, escalda, depenagem, evisceração e posteriormente o corte. As partes pesadas foram: peito, dorso, coxa + sobrecoxa e asa, além da carcaça inteira. O rendimento de carcaça foi feito com base na relação do peso do animal em jejum e do peso da carcaça limpa antes do resfriamento, o rendimento de partes foi feito com base no peso do corte pelo peso da carcaça limpa. Os resultados obtidos referentes ganho de peso semanal, consumo de ração, conversão alimentar, produtividade e viabilidade foram submetidos à análise de variância, utilizando-se para comparação de médias o teste de Tukey, a 5% de significância, no programa SAS (Statistical Analysis System). Para os valores de concentração de amônia e CO2, foram confeccionados gráficos com a curva de concentração desses gases ao longo do ciclo produtivo. Para a análise dos escores das lesões no peito, jarrete, coxim pl