UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA AUTOCURA METAFÍSICA: REVISÃO INTEGRATIVA Fernanda Martin Catarucci Botucatu 2013 Fernanda Martin Catarucci AUTOCURA METAFÍSICA: REVISÃO INTEGRATIVA Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “ Julio de Mesquita Filho ”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Prof.ª Dra. Regina Stella Spagnuolo Coorientadora: Prof.ª Dra. Ione Morita Botucatu 2013 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Catarucci, Fernanda Martin. Autocura metafísica : revisão integrativa / Fernanda Martin Catarucci. – Botucatu : [s.n.], 2013 Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina de Botucatu Orientador: Regina Stella Spagnuolo Coorientador: Ione Morita Capes: 40600009 1. Medicina alternativa. 2. Terapias alternativas. 3. Promoção de saúde. 4. Políticas públicas – Aspectos sociais. Palavras-chave: Metafísica; Terapias Complementares; Oração; Meditação. FERNANDA MARTIN CATARUCCI AUTOCURA METAFÍSICA: REVISÃO INTEGRATIVA Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. COMISSÃO EXAMINADORA Orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Stella Spagnuolo Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Assinatura: ___________________________________ Prof.ª Dr.ª Eliana Mara Braga Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Assinatura: ___________________________________ Prof. Dr. Alberto Peribanez Gonzalez Coordenador do Projeto Alimentação Viva no Programa de Saúde da Família Assinatura: ___________________________________ Botucatu, 05 de julho de 2013. Dedico este trabalho a todoDedico este trabalho a todoDedico este trabalho a todoDedico este trabalho a todos os seres s os seres s os seres s os seres que que que que aaaaceitaram o desafio de regressarem ceitaram o desafio de regressarem ceitaram o desafio de regressarem ceitaram o desafio de regressarem a si mesmoa si mesmoa si mesmoa si mesmossss.... AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos Existem muitas pessoas que tornaram esse projeto possível e quero deixar aqui a minha eterna gratidão. Nenhum movimento teria ocorrido se não tivesse conhecido Marina Cruz, aluna e amiga que após assistir a um curso que ministrava e que continha as idéias centrais desta dissertação, me incentivou a buscar o Mestrado. Ela me apresentou ao meu primeiro orientador, Ivan Guerrini, que além de conversas riquíssimas, me apoiou com o projeto inicial e aprovação no mestrado. Com seu afastamento da universidade, a professora Regina Stella Spagnuolo me auxiliou de forma muito competente e atenciosa a transcrever minhas idéias poéticas para uma linguagem compreensível ao mundo acadêmico. Agradeço também a professora Ione Morita pelo apoio, sempre se mostrando à disposição durante essa jornada; à professora Karina Pavão e alunos da enfermagem pela acolhida no estágio docência. Ao Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu por ter me concedido uma bolsa de estudos (CAPES) que proporcionou minha dedicação exclusiva à dissertação pelo período de um ano e meio. Há pessoas coadjuvantes a este trabalho, mas que alimentam a minha alma com sua presença: meus pais, irmãos, companheiro, amigos, professores e pacientes. Foi um prazer compartilhar este projeto e vida com todos vocês. NamastêNamastêNamastêNamastê “Tu“Tu“Tu“Tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, as forças naturais, as que estão dentro de ti, as forças naturais, as que estão dentro de ti, as forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que serão as que serão as que serão as que curarãocurarãocurarãocurarão tuas enfermidades” tuas enfermidades” tuas enfermidades” tuas enfermidades” Hipócrates Hipócrates Hipócrates Hipócrates RESUMO CATARUCCI, F.M. Autocura Metafísica: Revisão Integrativa. 2013. 55f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2013. Este estudo consiste de uma revisão integrativa da literatura nacional e internacional sobre autocura metafísica, publicada no período de 2001 a 2011. Está alicerçado metodologicamente nas fases propostas por Ganong (1987): seleção das hipóteses, estabelecimento de critérios para seleção da amostra, apresentação das características da pesquisa primária, análise dos dados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. Realizou-se busca on-line dos trabalhos científicos nas bases de dados: Lilacs, Medline,Web of Science, Pubmed, Scopus; com as palavras-chave: “Autocura”, “Autocura e Terapias Complementares” e “Autocura e Terapias Integrativas”. Foram incluídos artigos completos, nos idiomas português, inglês ou espanhol, e excluídos os artigos incompletos, que se repetiram entre as bases de dados e que não fossem pertinentes ao objeto de estudo, resultando numa amostra composta por 89 artigos. A análise de conteúdo na vertente temática proposta por Bardin (2011) foi utilizada como estratégia metodológica qualitativa para organizar os dados. A caracterização do corpus de análise, apresentada em nove tabelas e submetidas à análise estatística descritiva, aponta uma produção majoritária de publicações internacionais (93%), com predomínio da língua inglesa (94%), das quais 39% são oriundas dos Estados Unidos. O método quantitativo foi predominante (66%) em relação ao qualitativo (34%) sendo 69,5% transversais e 30,5% prospectivos. O número de publicações apresentou crescimento até 2008 (18%), mas a partir de 2009 ocorre uma queda de mais da metade do número de publicações (8%), principalmente da metodologia qualitativa que não apresentou nenhum estudo nos últimos dois anos (2010 e 2011). A análise qualitativa desvelou três categorias: “características dos usuários de práticas regidas pelos princípios da autocura”, “a relação entre os profissionais de saúde e as práticas regidas pelos princípios da autocura” e “as práticas regidas pelos princípios da autocura”. Os dados demonstram serem as mulheres, mais velhas e com maior escolaridade as mais propensas a buscar estas práticas, sendo a oração e a meditação as mais citadas; geralmente indicadas por amigos e familiares, já que a maioria dos pacientes relata a dificuldade em conversar sobre o uso destes métodos com a equipe de saúde. A integração entre as práticas convencional e alternativa é limitada devido às diferentes lógicas de análise do processo de adoecimento. Enquanto a medicina contemporânea busca tratar a doença, a prática alternativa se inclina para a recuperação da saúde. São vantagens os custos mais baixos, ausência de efeitos colaterais, melhora significativa dos aspectos físicos e, principalmente, emocionais. Para muitos dos que a utilizam, a doença deixa de ser um castigo e passa a ser uma mensagem manifestada no corpo físico que reflete a desarmonia das escolhas que o indivíduo vem fazendo para si e o desequilíbrio com o seu meio. A inclusão de disciplinas sobre métodos regidos pelo princípio da autocura nos componentes curriculares das universidades e o incentivo a pesquisas de natureza clínica podem mapear outras dimensões do conhecimento na área, estimulando sua prática, podendo contribuir significativamente com políticas públicas no âmbito da saúde. Palavras-Chave: Metafísica; Terapias Complementares; Oração; Meditação. ABSTRACT CATARUCCI, F.M. Self Healing Metaphysics: An Integrative Review. 2013. 55f. Thesis (Master) - Faculty of Medicine of Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2013. This research consists of an integrative review of national and international literature about metaphysical self-healing, published between the years 2001 to 2011. The methodology is grounded on the phases proposed by Ganong (1987): selection of hypotheses, establishing criteria for sample selection, presentation of the characteristics of the primary research, data analysis, interpretation and presentation of the results of the review. The online search on scientific work on these databases: Lilacs, Medline, Web of Science, Pubmed, Scopus, using the keywords: "Self-healing", "Self-Healing and Complementary Therapies" and "Self- Healing and Integrative Therapies”. Full articles were included, in Portuguese, English or Spanish, and incomplete articles, which were repeated between databases and were not relevant to the study object, resulting in a sample of 89 articles. Content analysis of the thematic side proposed by Bardin (2011) was used as a qualitative methodological strategy to organize the data. The characterization of the corpus analysis, presented in nine tables and subjected to statistical analysis, it points to a production majority of international publications (93%), with a language predominance of English (94%), of which 39% are from the United States. The quantitative method was predominantly (66%) compared to qualitative (34%) with 69.5% and 30.5% prospective cross. The number of publications grew by 2008 (18%), but since 2009, there is a decrease of more than half on numbers of publications (8%), mainly qualitative methodology presented no studies in the past two years (2010 and 2011). Qualitative analysis unveiled three categories: "characteristics of users of practices governed by the principles of self-healing", "the relationship between health professionals and practices governed by the principles of self-healing" and "practices governed by the principles of self- healing." The data shows that women, older and more educated, were the most likely to seek these practices; prayer and meditation being the most cited, usually advised by friends and family, since most patients report difficulty on talking about these methods with the healthcare team. The integration of conventional and alternative practices is limited due to various logical analysis of the disease process. While modern medicine seeks to treat the disease, the alternative practice leans towards recovery. Advantages are lower costs, lack of side effects, significant improvement of the physical and especially emotional. For many who use it, the disease is no longer a punishment and a message manifested in the physical body shows those reflects of the disharmony of the choices that the individual is doing for yourself and the imbalance with its environment. The inclusion of disciplines on methods governed by the principle of self-healing components in the curriculum of universities and encouraging clinical research which can map other dimensions of knowledge in the area, stimulating their practice and can contribute significantly to public policy in health. Keywords: Metaphysics; Complementary Therapies; Prayer; Meditation. LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 - Distribuição dos artigos encontrados nos bancos de dados utilizando as palavras- chave, no período de coleta de dados entre setembro a novembro de 2011 ...................................................................................... 21 Quadro 2 - Distribuição do número de artigos excluídos nas bases de dados conforme os critérios de exclusão.............................................................................. 22 Tabela 1- Distribuição dos artigos coletados inicialmente e após a análise pelos critérios de inclusão e exclusão nas bases de dados no período de setembro a novembro de 2011....................................................................... 27 Tabela 2 - Distribuição dos artigos sobre autocura, segundo o ano de publicação e bases de dados, no período de 2001 a 2011................................................ 28 Tabela 3 - Distribuição dos artigos sobre autocura segundo o periódico onde foram publicados.................................................................................................... 29 Tabela 4 - Distribuição das publicações sobre autocura segundo país de origem e bases de dados, no período de 2001 a 2011............................................... 31 Tabela 5 - Distribuição dos artigos sobre autocura segundo a metodologia e tipo de pesquisa entre os anos de 2011 a 2011............................................. 32 Tabela 6 - Distribuição dos artigos sobre autocura segundo as abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas e nas bases de dados publicados entre os anos de 2001 a 2011................................................. 32 Tabela 7 - Distribuição dos artigos sobre autocura segundo as abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas e o ano de publicação............ 33 Tabela 8 - Distribuição dos autores dos artigos sobre autocura, segundo a profissão.... 34 Tabela 9 - Distribuição dos autores dos artigos sobre autocura, segundo titulação........ 34 LISTA de ABREVIATURAS e SIGLAS OMS Organização Mundial da Saúde MT Medicina Tradicional MCA Medicina Complementar e Alternativa MS Ministério da Saúde do Brasil SUS Sistema Único de Saúde PIC Práticas Integrativas e Complementares PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares NCCAM National Center for Complementary and Alternative Medicine PNPS Política Nacional de Promoção de Saúde EUA Estados Unidos da América PBE Prática Baseada em Evidências MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde BIREME Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde ISIS Web of Science UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho TJACM The Journal of Alternative and Complementary Medicine TSWJ The Scientific World Journal BDORT Bi-Digital O-Ring Test (Teste do Anel Bidigital) FDA Food and Drug Administration SUMÁRIO Resumo Abstract Lista de Quadros e Tabelas Lista de Abreviaturas e Siglas Apresentação 1 Introdução 2 Objetivos 3 Material e Método 3.1 Estabelecimento do Problema da Revisão 07 08 09 10 13 14 18 19 19 3.2 Seleção da Amostra 3.2.1 Período de Tempo 3.2.2 Bases de Dados Utilizadas 3.2.3 Amostra 3.2.4 Composição da Amostra 3.3 Categorização dos Estudos 3.4 Análise dos Resultados 3.5 Apresentação dos Resultados e Discussão 3.5.1 Referencial Teórico 3.6 Apresentação da Revisão 4 Resultados 4.1 Dados Referentes às Publicações 4.2 Dados Referentes à Metodologia 4.3 Dados Referentes à Autoria 4.4 Análise Qualitativa 4.4.1 Características dos Usuários de Práticas Regidas pela Autocura 4.4.2 A Relação entre os Profissionais de Saúde e às Práticas de Autocura 4.4.3 As Práticas Regidas pelos Princípios da Autocura 5 Discussão 5.1 Os Usuários das Práticas Regidas pela Autocura 5.2 A Relação entre os Profissionais de Saúde e às Práticas de Autocura 5.3 As Práticas Regidas pelos Princípios da Autocura 20 20 20 21 21 23 23 24 24 26 27 27 31 33 35 35 36 37 38 38 41 43 6 Conclusão Referências Anexos 47 49 56 APRESENTAÇÃO Todo pesquisador traz uma história sobre sua hipótese, que justifica sua pesquisa em seu coração. A minha história começou na faculdade de fisioterapia, quando meu irmão ficou muito doente. Apesar de ter acesso aos melhores médicos e hospitais, foi um acupunturista que salvou sua vida, revertendo um processo grave de desnutrição gerado pela patologia autoimune. Neste momento meu universo se ampliou, percebi que havia muito mais coisas que envolviam o processo saúde/doença do paciente. O que estava sendo ensinado na faculdade não era a única verdade. Comecei a estudar sobre práticas alternativas e complementares, iniciando pela medicina chinesa, que é uma grande paixão. Depois de formada montei um consultório e fui convidada para trabalhar em uma escola de acupuntura, coordenando ambulatórios e ministrando aulas. Após dez anos de prática, e apesar dos resultados serem melhores do que o da fisioterapia convencional isoladamente, ainda carregava uma inquietude a respeito das recaídas e resultados limitantes com as doenças crônicas. Outras propostas de trabalho relacionadas às práticas complementares surgiram. Estudei sobre ayurveda, naturopatia e xamanismo, e constatei um eixo comum em relação à fisiopatologia e aos tratamentos: ambos se baseavam em fortalecer o terreno biológico. Neste mesmo período eu fiquei doente, e também não respondi aos tratamentos convencionais. Busquei tratamentos alternativos, que me trouxeram melhores resultados, mas apesar de mais espaçadas, eu ainda apresentava crises muito dolorosas. Resolvi aplicar os conhecimentos que estudei. Passei a meditar, a ter mais contato com a natureza e melhorei minha alimentação. A resposta foi impressionante. Aprendi a compreender os sinais do meu corpo e dominar o meu processo de “doença”. A cura se manifestou não só no meu corpo, mas na minha vida, pois são campos que não estão dissociados. Partilhar esses conhecimentos com meu pacientes e perceber que eles também se curaram e que outras pessoas escrevem e pesquisam a respeito é que me deu forças para falar sobre essas experiências em meus cursos e escrever este trabalho, que busca diminuir o abismo entre a ciência e o conhecimento milenar, que está armazenado em cada um de nós, aguardando o momento em que decidimos nos conectar a ele. 14 1 INTRODUÇÃO A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a difusão do uso das Medicinas Tradicionais (MT) nos países em desenvolvimento e o crescente uso da Medicina Complementar e Alternativa (MCA) nos países desenvolvidos. 1 A OMS lançou uma estratégia global, que cobriu o período de 2002 a 2005, que visou apoiar: 1) programas nacionais de pesquisa e treinamento, 2) definição de diretrizes técnicas e padrões internacionais, 3) a facilitação da troca de informações e 4) a integração da MT/MCA nos sistemas nacionais de saúde. 1 Segundo a OMS, de seus 191 Estados-membros, apenas 25 tem alguma política nacional sobre MT/MCA, 65 tem leis e regulamentações para fitoterápicos e 19 tem um instituto nacional de pesquisa nestas áreas. 2 O Ministério da Saúde do Brasil (MS), atendendo à necessidade de se conhecer experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública, realizou o “Diagnóstico Nacional”, no período de março e junho de 2004, que envolvesse as racionalidades já contempladas no Sistema Único de Saúde (SUS). 3 Os resultados do diagnóstico situacional das Práticas Integrativas e Complementares (PIC) nos sistemas de saúde de estados e municípios demonstraram a estruturação de algumas dessas práticas em 232 municípios, dentre esses 19 capitais, num total de 26 estados. 3 Em virtude da crescente demanda da população brasileira, Conferências Nacionais de Saúde e das recomendações da OMS, o MS aprovou em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) 3 no SUS. A PNPIC contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, que envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. 3 Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens abrangidas nesse campo e que valem ser ressaltados, são a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. 3 A MCA abrange uma extensa variedade de modalidades de terapias e diagnóstico. Segundo a classificação adotada pelo National Center for Complementary and Alternative 15 Medicine (NCCAM), essas práticas podem ser divididas nas seguintes categorias: a) sistemas médicos completos (inclui a homeopatia, a naturopatia e as medicinas tradicionais, como a chinesa e a ayurvédica); b) intervenções mente-corpo (inclui meditação e oração); c) terapias baseadas na biologia (inclui terapia ortomolecular e fitoterapia); d) métodos de manipulação corporal (inclui quiropraxia, osteopatia e massagens); e) terapias energéticas (inclui qi gong, reiki e magnetoterapia). 4 Estas práticas não são apenas eliminadoras de sintomas, como ocorre no caso dos medicamentos químicos ou intervenções cirúrgicas. Seus métodos estimulam o sistema imune do organismo a eliminar com maior facilidade, e por si mesmo, as toxinas ou a lutar contra os patógenos. 5 As filosofias destas técnicas apresentam como princípio a autocura, cujo objetivo é estimular a saúde antes de tentar curar a doença, pois se acredita que os estímulos e causas específicas da enfermidade só são efetivos quando o organismo permite que eles o sejam.6 Sendo assim, não basta eliminar os sintomas, é preciso compreender os motivos que trouxeram o desequilíbrio, para que a cura realmente se estabeleça. Desta forma é possível diferenciar o termo autocura conforme sua proposta de intervenção. Robb (2003) 7 classificou em cinco categorias: “Autocura Sintética” (referente a um polímero que repara materiais utilizados no corpo, como as próteses), “Cura Cibernética” (dispositivo que restaura uma operação incorreta do organismo, sem intervenção humana) e “Autocura Biofísica” (é realizada no interior das células do corpo, como ocorre com as células embrionárias). Estas três primeiras categorias acreditam que a capacidade de cura do organismo está apenas na erradicação dos sintomas da doença, e muitos terapeutas das modalidades da MCA, atuam com o mesmo pensamento ocidental, acreditando promover a cura ao utilizar suas técnicas alternativas para diminuir ou eliminar as queixas do paciente. Isto pode explicar porque mais de 30% das pessoas que visitam um profissional da medicina alternativa afirmam se sentirem “muito descontentes” com os tratamentos recebidos. 5 Entretanto, as outras duas categorias ampliam esta definição. No grupo denominado “Autoajuda” aparece as ferramentas destinadas a instruir sobre as técnicas de cura ou melhoria de si mesmo (como livros, cursos e cremes). E na última modalidade, no qual se centraliza esse trabalho, a “Autocura Metafísica” explica que nosso aspecto intuitivo saberia existir ou retornar à harmonia, e a doença seria apenas uma expressão de um desequilíbrio em nossas vidas, orientando-a para um sentido mais propício e satisfatório. 7,8 16 Desta forma a autocura metafísica é identificada como um processo natural, único e individual, que ocorre a partir de dentro, restaurando o equilíbrio dos sistemas, e possibilitando o autodiagnostico e reparação sem esforço consciente. Um processo ativo no qual os pacientes assumem a responsabilidade pela sua própria saúde. 8 A técnica do diálogo interior, sugerida por Clark (1981) 9 como uma abordagem de autocura, consiste em exercícios de relaxamento que permitem um estado meditativo em que o paciente consulta o seu conselheiro interior, que conhece todas as razões para os desequilíbrios e que pode ajudar no processo de reequilíbrio. Estudos recentes acreditam que confiar nessa força interna, em vez dos efeitos das drogas, seria útil no tratamento das doenças, pois produz mecanismos compensatórios naturais. 10 Seria uma capacidade inata, muitas vezes descartada nos estudos como efeito placebo, como algo que deve ser controlado e eliminado. 11 A conexão a esta força interior pode ser realizada através de métodos naturais que auxiliam o reequilíbrio do organismo. O método de autocura definido por Chaves (2002)12 parte do princípio de que é possível ativar os poderes inatos de nosso corpo e mente, através de movimentos suaves, combinados com massagem, alongamento, respiração e visualização. Outros autores recomendam meditação, relaxamento, imaginação, hipnose, yoga, tai chi, terapias de toque energético, acupressão, reflexologia, oração de cura, xamanismo, sexo e o riso como atividades autônomas que beneficiariam a saúde. 8,13,14 Mas não basta cuidar da mente, devemos também procurar manter nosso terreno biológico, que são nossas células, limpos e sadios; pois só assim poderemos evitar que seres microscópicos inofensivos, que vivem em simbiose dentro de nós, sejam substituídos por micróbios parasitas multirresistentes. 15 Neste sentido devemos evitar fatores e influências externas que produzam prejuízos ao equilíbrio da saúde, pois exercem forças que dificultam o retorno ao estado de harmonia do corpo. 5,16 Redução do esforço físico, estresse, variações térmicas (ar-condicionado e a baixa exposição à luz solar) e alimentação (como a homogeneização dos alimentos, gerada pela indústria alimentícia, e a hiperhigienização), que caracterizam a vida moderna, são fatores que podem resultar nestas disfunções sistêmicas. 16 No SUS, a Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS)17 é uma estratégia de retomada da possibilidade de enfocar estes aspectos que determinam o processo saúde- adoecimento, ampliando as formas de intervir em saúde. 17 Nas últimas décadas, tornou-se importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte prematura de indivíduos e população. 17 A crescente popularidade da MCA é um reflexo destas mudanças nas necessidades e valores da sociedade moderna em geral, além de ser um importante fator em saúde pública, justificando a importância deste trabalho. 18 Decorre de uma elevação na prevalência de doenças crônicas, maior acesso à informação, desejo de mais controle e liberdade em relação ao próprio cuidado à saúde, um senso aumentado na designação de uma melhor qualidade de vida, declínio da crença de que medicina convencional terá maior relevância no tratamento de uma doença pessoal e um interesse aumentado em espiritualismo, autorrealização e crescimento pessoal. 19,20 O uso da MCA pode ajudar na redução de custos médicos, por meio da prevenção e tratamento de doenças além de proporcionar um cuidado mais humanizado, que respeite as filosofias e crenças dos pacientes. 2 O’Brien (2004) 4 afirma que há um potencial a longo prazo para economia por parte dos convênios de saúde e do governo. Este autor cita um estudo com duração de 11 anos de uma população por um convênio de saúde nos Estados Unidos (EUA) que comparou 2.000 pessoas que praticavam meditação com 600.000 que não praticavam. Constatou 63% de redução nos gastos com saúde, 11,4 vezes menos internações hospitalares por doença cardiovascular, 3,3 vezes por câncer e 6,7 vezes por desordens mentais e substâncias de abuso naqueles que praticavam meditação. 4 Um intercâmbio de caráter cooperativo entre os sistemas, que entende que os procedimentos terapêuticos possam combinar técnicas e medicamentos convencionais e alternativos sem que haja base teórica comum, pode auxiliar na redefinição do paradigma da medicina ocidental. 21 Diante desse cenário, este estudo busca responder o que a literatura nacional e internacional apresenta sobre a autocura metafísica a fim de reunir esse conhecimento à academia, profissionais de saúde e a sociedade em geral permitindo reflexões e o aprofundamento do tema investigado. 18 2 OBJETIVOS GERAL Reunir e sintetizar a produção acadêmica sobre autocura metafísica na literatura nacional e internacional. ESPECÍFICOS • Identificar as publicações junto às bases de dados nacionais e internacionais no período de 2001 a 2011. • Caracterizar as publicações nacionais e internacionais sobre autocura metafísica no que se refere à base de dados, ano de publicação, periódicos, país de origem, tipos de estudo, titulação e profissão dos autores. • Analisar qualitativamente o conhecimento produzido na temática autocura metafísica. 19 3 MATERIAL E MÉTODO Em virtude da quantidade crescente e da complexidade de informações na área da saúde, tornou-se imprescindível o desenvolvimento de artifícios, no contexto da pesquisa cientificamente embasada, capazes de delimitar etapas metodológicas mais concisas e de propiciar aos profissionais, melhor utilização das evidências elucidadas em inúmeros estudos. Nesse cenário, a revisão emerge como uma metodologia que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática. 22 A revisão constitui basicamente um instrumento da Prática Baseada em Evidências (PBE), que se caracteriza como uma abordagem voltada ao cuidado clínico e ao ensino fundamentado no conhecimento e na qualidade da evidência. 23 Dessa forma, é fundamental diferenciá-la das linhas de estudos existentes. A meta-análise é um método de revisão que combina as evidências de múltiplos estudos primários a partir do emprego de instrumentos estatísticos, a fim de aumentar a objetividade e a validade dos achados. 24 A revisão sistemática, por sua vez, é uma síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionadas a uma questão específica, enfocando primordialmente estudos experimentais, comumente ensaios clínicos randomizados. 23 A revisão integrativa, método utilizado neste trabalho, é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. 24 Para o presente trabalho, os estudos publicados que compuseram a amostra foram analisados conforme os pressupostos de Ganong (1987) 25 que esclarece que o método de “revisões integrativas da literatura” envolve seis passos: estabelecimento do problema da revisão, seleção da amostra, categorização dos estudos, análise dos resultados, apresentação e discussão dos resultados e apresentação da revisão. 3.1 ESTABELECIMENTO DO PROBLEMA DA REVISÃO 20 Nesta etapa são formuladas as hipóteses ou questões para a revisão. O problema deve ser estabelecido com a mesma clareza e especificidade que a hipótese de uma pesquisa primária. A construção da questão da pesquisa deve estar relacionada a um raciocínio teórico e deve basear-se em definições já apreendidas pelo pesquisador. 25 A presente revisão pretende responder à seguinte questão: – O que a literatura nacional e internacional apresenta sobre autocura metafísica ao longo da última década (2001 a 2011)? 3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA Intrinsecamente relacionada à fase anterior, a busca em base de dados deve ser ampla e diversificada. 23 Os critérios de amostragem precisam garantir a representatividade da amostra, sendo importantes indicadores da confiabilidade e da fidedignidade dos resultados. Estes mesmos critérios poderão sofrer reorganização durante o processo de busca dos artigos, tendo em vista que na medida em que avança o procedimento metodológico pode- se fazer necessária uma redefinição destes critérios e até mesmo do problema, face aos artigos encontrados na literatura. A avaliação da adequação de metodologia não deve ser utilizada como um critério de inclusão, pois esta exigência seria um problema se o pesquisador excluísse quase todos os estudos encontrados com metodologia inadequada. 26 3.2.1 Período de tempo Foram considerados trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais, considerando o objetivo da revisão no período delimitado entre os anos de 2001 a 2011. 3.2.2 Bases de dados utilizadas Para o levantamento dos artigos na literatura, foram utilizados cinco banco de dados. Inicialmente a base Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem (Medline) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), disponibilizados através do site de acesso livre do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, antiga Biblioteca Regional de Medicina (Bireme). A dificuldade em encontrar artigos nestes bancos de dados, trouxe a necessidade de ampliar à busca para bancos internacionais: Pubmed, Scopus e Web of Science (Isis), sites 21 que foram consultados no Serviço de Biblioteca e Documentação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus Botucatu, que também disponibilizou todos os artigos selecionados pelo processo de comutação entre as bibliotecas cooperadoras e consulta no acervo de periódico. 3.2.3 Amostra As palavras-chaves utilizadas inicialmente foram “Autocura” e “Self Healing”. Para limitar a busca quando a amostra se apresentou extensa (superior a 1000 artigos) foram utilizadas duas palavras-chaves combinadas em português e inglês. A primeira relacionada ao objeto de estudo desta revisão e a segunda palavra envolvia terapias complementares e integrativas, pois estas palavras compõem práticas relacionadas à autocura. Desta forma estabelecemos: “Autocura e Terapias Complementares”, “Self Healing and Complementary Therapy” e “Autocura e Terapias Integrativas”, “Self Healing and Integrative Therapy”. O quadro abaixo apresenta o número de artigos encontrados nos bancos de dados com as palavras-chaves descritas no parágrafo anterior, no período de coleta de dados realizado entre setembro a novembro de 2011. Quadro 1: Distribuição dos artigos encontrados nos bancos de dados utilizando as palavras-chaves, no período de coleta de dados entre setembro a novembro de 2011. Palavras- chaves Lilacs Medline Isis Pubmed Scopus Total Autocura 11 99 0 0 2 112 Self Healing 12 1215 5942 3574 8570 12 Autocura e Terapias Complementares 0 0 0 0 0 0 Self Healing and Complementary Therapy 0 26 71 602 217 916 Autocura e Terapias Integrativas 0 0 0 0 0 0 Self Healing and Integrative Therapy 0 3 19 34 45 101 Total Inicial da Amostra 23 128 90 636 264 1141 3.2.4 Composição da amostra 22 Para responder a questão da presente revisão se fez necessária a delimitação da situação/ambiente dos fenômenos estudados. Os critérios de inclusão foram: artigos na íntegra acerca da temática autocura metafísica, artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos dez anos (2001 a 2011), publicações em periódicos nacionais e internacionais nos idiomas: português, inglês e espanhol. Foram excluídos da amostra os artigos que apresentaram pesquisas cujos objetivos ou objetos estudados, assim como população/amostras estudadas, não se relacionaram, essencialmente, com a temática ‘autocura metafísica'. Trabalhos que apresentavam apenas o resumo ou se repetiram nas bases de dados, anteriores a 2001 e em outro idioma que não fosse português, inglês e/ou espanhol também foram excluídos. Além destes, os estudos de natureza teórica, tais como artigos de revisão de literatura (revisões bibliográficas), reflexões, ensaios e editoriais foram excluídos. No quadro dois é observada a distribuição do número de artigos excluídos nas bases de dados conforme os critérios de exclusão: Quadro 2: Distribuição do número de artigos excluídos nas bases de dados conforme os critérios de exclusão. Critérios de Exclusão LILACS MEDLINE ISIS PUBMED SCOPUS Total 1. Fora do tema 13 99 0 10 9 131 2. Não estão na íntegra 0 3 65 562 125 755 3.Teóricos 2 13 3 13 23 54 4. Anteriores a 2001 2 3 9 7 50 71 5. Repetidos 1 2 2 10 18 33 6. Em outros idiomas 0 2 0 5 1 8 Total de Excluídos 18 122 79 607 226 1052 O critério que mais excluiu artigos foi o que apresentava apenas o resumo e que portanto não se encontrava na íntegra na base de dados. A busca por outros meios de conseguir estes artigos foi desestimulada, porque se considerou que a amostra final era satisfatória para responder a pergunta deste trabalho. 23 O fluxograma a seguir demonstra o número de artigos obtidos nos bancos de dados com as palavras-chaves, totalizando uma amostra inicial de 1141 trabalhos e, após a análise pelos critérios de inclusão e exclusão, o número de trabalhos selecionados, que somaram 89 artigos na amostra final. 3.3 CATEGORIZAÇÃO DOS ESTUDOS Segundo Ganong (1987) 25, a essência da revisão integrativa é a categorização dos estudos. O revisor tem como objetivo nesta etapa, organizar e sumarizar as informações de maneira concisa, formando um banco de dados de fácil acesso e manejo. Geralmente as informações devem abranger a amostra do estudo (sujeitos), os objetivos, a metodologia empregada, resultados e as principais conclusões de cada estudo. 27 O fichamento dos artigos selecionados, permitindo avaliar separadamente cada artigo e possibilitando extrair os dados e a síntese destes, foi norteado por um instrumento elaborado e validado por Rocha28 (anexo A). 3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS LILACS: 23 MEDLINE: 128 ISIS: 90 SCOPUS: 264 PUBMED: 636 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: 1. Artigos relevantes ao tema 2. Artigos na íntegra 3. Artigos publicados no período: 2001-2011 4. Artigos no idioma: português, espanhol e/ou inglês CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: 5. Trabalhos teóricos, entrevistas e editoriais 6. Artigos repetidos TOTAL DE ARTIGOS INCLUÍDOS: 89 LILACS: 5 MEDLINE: 6 ISIS: 11 SCOPUS: 38 PUBMED: 29 Seleção Inicial da Amostra: 1141 24 De forma semelhante à análise dos dados das pesquisas convencionais, esta fase demanda uma abordagem organizada para ponderar o rigor e as características de cada estudo22,29. O processo de análise dos estudos desta pesquisa deu-se nas dimensões quantitativa e qualitativa. A vertente quantitativa encontra-se apresentada em tabelas, seguindo a sugestão de Ganong, que expressam as principais características e delineamento dos artigos selecionados. 25 Para a qualitativa utilizou-se da análise de conteúdo na vertente representacional do tipo temática, conforme proposto por Bardin (2011) 30, para instrumentalizar e operacionalizar a análise do conteúdo dos artigos que compõem a amostra deste trabalho. A análise de conteúdo desdobra-se em três fases. A pré-análise é uma fase de organização, com o objetivo de tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais elaborando um plano de análise, e inclui (a) leitura flutuante, (b) escolha dos documentos, (c) formulação de hipóteses e objetivos, (d) referenciação dos índices e elaboração de indicadores, (e) preparação do material. Esta fase deverá obedecer a regras, como: exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência. 30 Na segunda fase, serão feitas operações de codificação e enumeração, e na terceira fase poderão ser feitas operações estatísticas simples ou complexas que permitirão estabelecer um quadro de resultados com as informações organizadas pela análise anterior. Posteriormente, será possível a realização de inferências e interpretação dos dados, obtendo-se categorias temáticas para cada tópico investigado na entrevista. 3.5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta etapa, os dados foram interpretados e discutidos estabelecendo relações com outras teorias, dando sugestões para futuras pesquisas. Os dados extraídos dos estudos permitiram a produção de nove tabelas que caracterizaram os artigos incluídos e a categorização de três temáticas. 3.5.1 Referencial teórico Os referenciais teóricos que alicerçam este trabalho são três fontes: o livro “Os Eternos Segredos da Saúde” de Andreas Moritz (2011)5 que discute os princípios da autocura, a Política Nacional de Promoção de Saúde (2006)17 , que busca a melhora da qualidade de vida em vez de lutar contra a doença (que é um dos eixos da autocura), e a Política Nacional 25 de Práticas Integrativas e Complementares (2006)3, que apresenta técnicas com ideias comuns ao da autocura e que, portanto podem ser utilizadas para auxiliar este processo. Moritz (2011) 5 descreve que o corpo humano não está desenhado para a doença; ao contrário, defende que o organismo conta com muitos programas próprios para manter um perfeito estado de equilíbrio e para se restabelecer em caso de desarmonia. Acredita que a natureza do ser humano é estar saudável, mas que está em nossas mãos estabelecer as condições necessárias para que este programa funcione de modo eficaz. Seria simplista crer que vitaminas, um novo fármaco, uma intervenção ou um tratamento médico alternativo poderiam emendar os efeitos de muitos anos de desatenção. O corpo teve que suportar muita pressão, durante anos em que não teve uma boa nutrição, insuficientes horas de sono e ausência de exercício adequado. 5 A saúde também se ausenta quando desaparece a felicidade. Qualquer ação que nos afaste deste propósito está relacionado ao fracasso ou a criar obstáculos que aparecem para que retornemos ao caminho da felicidade. 5 Há uma lei natural que indica que a energia segue o pensamento. Se a atenção se centra na doença ou esta se estabelece como ponto de referência e certeza em nossa vida, a pessoa nunca se libertará da enfermidade, já que a doença se nutre da energia negativa. 5 O envelhecimento e as doenças são originados por efeitos combinados de atitudes mentais negativas e temerosas, emoções e excessiva acumulação de substâncias tóxicas no corpo. 5 Estes também são princípios da promoção de saúde e que estão presentes na PNPS. 17 Recuperar a saúde não consiste em recorrer a uma solução mágica e rápida; ao contrário, se trata de um processo de reconstrução que afeta cada faceta de nossa vida: criatividade, trabalho, amizades, emoções, felicidade, etc. 5 A análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela centralidade dos sintomas. 17 A PNPS 17 propõe uma política transversal, integrada e intersetorial, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos participem no cuidado com a saúde. Suas prioridades são a promoção, informação e educação em saúde, principalmente em relação à atividade física, alimentação e hábitos de vida saudáveis (controle do tabagismo e uso abusivo de bebida alcoólica); e o processo de envelhecimento. 17 26 O estado de saúde é um reflexo de como cada pessoa percebe a si mesmo e ao mundo à sua volta. 5 Existe um enorme potencial curativo latente no interior de cada um para restaurar o equilíbrio do corpo, da mente e espírito; e as práticas integrativas e complementares (PIC) podem auxiliar o contato com esta força interior adormecida. Desta forma a PNPIC 3 corrobora para a integralidade da atenção à saúde e contribui para o fortalecimento dos princípios fundamentais do SUS (universalidade, a integralidade, a equidade, a descentralização e a participação popular), ao considerar o indivíduo em uma esfera global, mas sem deixar de ver sua singularidade. As PIC atuam na prevenção, promoção, manutenção e recuperação da saúde, centrada na integralidade do indivíduo e atenção humanizada. Tais abordagens ampliam a corresponsabilidade dos indivíduos pela saúde, contribuindo assim para o aumento do exercício da cidadania. 3 A utilização dos próprios poderes de cura cria um espaço reconfortante e permanente, uma sensação continua de satisfação, e a base de uma vida criativa, próspera e gratificante. 5 3.6 APRESENTAÇÃO DA REVISÃO Esta etapa consiste na elaboração do documento que deve contemplar a descrição das etapas percorridas pelo revisor e os principais resultados evidenciados da análise dos artigos incluídos. É um trabalho de extrema importância já que produz impacto devido ao acúmulo do conhecimento existente sobre a temática pesquisada. A importância da divulgação dos resultados da investigação é incondicionalmente reconhecida, mas as formas de como divulgar ainda são limitadas devido às exigências dos periódicos científicos, a necessidade de outro idioma e dos recursos financeiros dispensados, apesar dos enormes avanços na tecnologia da comunicação. 31 27 4 RESULTADOS A amostra das publicações coletadas no período de setembro a novembro de 2011 apresentou 1141 artigos (amostra inicial). Estes trabalhos passaram por uma seleção que respeitou os critérios de inclusão e exclusão. 4.1 Dados referentes às publicações Foram selecionados no banco de dados da Lilacs cinco artigos, seis no Medline, 11 no Web of Science (ISIS), 29 no Pubmed e 38 no Scopus, totalizando 89 artigos selecionados (amostra final). Estes trabalhos correspondem a 7,8% da amostra inicial. A tabela 1 demonstra a representatividade da amostra inicial e final nos bancos de dados onde às publicações foram indexadas. Tabela 1 - Distribuição dos artigos coletados inicialmente e após a análise pelos critérios de inclusão e exclusão nas bases de dados no período de setembro a novembro de 2011 Artigos Amostra Inicial Artigos Amostra Final Banco de Dados n f N f Lilacs 23 2,00% 5 5,61% Medline 128 11,21% 6 6,74% Isis 90 7,89% 11 12,36% Pubmed 264 23,14% 29 32,58% Scopus 636 55,74% 38 42,70% TOTAL 1141 100% 89 100% A produção científica sobre autocura apresentou um crescimento a partir de 2004. Este período coincide com a fase em que a OMS lançou uma estratégia global na tentativa de integrar a MT/MCA nos anos de 2002 a 2005(1). Entre os anos de 2004 e 2008 foram indexados o maior número de artigos que compõem esta revisão, foram 61 (68,5%) dos 89 trabalhos publicados, sendo 2008 o ano em que ocorreu o maior número das publicações (18%). 28 Entretanto a partir de 2009 ocorre uma diminuição de mais da metade do número de publicações de trabalhos que envolvem o tema autocura. Esta realidade se mantém até 2011, como podemos observar na tabela dois. Tabela 2 - Distribuição dos artigos sobre autocura, segundo o ano de publicação e bases de dados, no período de 2001 a 2011 BANCO de DADOS Ano de Publicação Lilacs Medline ISIS Pubmed Scopus Total % 2011 0 0 2 0 4 6 6,74 2010 0 0 2 1 5 8 8,99 2009 1 1 2 1 2 7 7,86 2008 1 0 2 4 9 16 17,98 2007 1 0 1 6 4 12 13,48 2006 1 1 0 4 4 10 11,23 2005 1 0 1 5 5 12 13,48 2004 0 2 0 5 4 11 12,35 2003 0 0 1 3 1 5 5,61 2002 0 2 0 0 0 2 2,25 2001 0 0 0 0 0 0 0 TOTAL 5 6 11 29 38 89 100 Os artigos foram encontrados em 49 periódicos apresentados na tabela três. As revistas “The Journal of Alternative and Complementary Medicine” (TJACM) e “The Scientific World Journal” (TSWJ) foram as que apresentaram a maior parte dos artigos (29%). A TJACM 32 é uma revista de acesso aberto, que publica artigos sobre relatórios analíticos, e observacionais, sobre tratamentos da medicina alternativa; e tem como escopo as palavras “Botanical Medicine”, “Acupuncture and Traditional Chinese Medicine”, “Mind- Body Medicine”, “Nutrition and Dietary Supplements”, “Yoga”, “Ayurveda”, “Naturopathy”, “Homeopathy”, “Tai Chi”, “Qi Gung”, “Massage Therapy”, “Subtle Energies and Energy Medicine”, “Neurostimulation”, “Integrative Biophysics”, que são termos relacionados a autocura. 29 A TSWJ 33, que também é uma revista de acesso aberto abrange uma ampla gama de assuntos de ciência, tecnologia e medicina; apresenta dentro de suas temáticas a técnica psicodinâmica (presente em muitos artigos selecionados), que é baseada na salutogênese (teoria de autocura praticada por Rudolf Steiner). Tabela 3 - Distribuição dos artigos sobre autocura segundo o periódico onde foram publicados Periódicos n % The Journal of Alternative and Complementary Medicine 13 14,60 The Scientific World Journal 13 14,60 Complementary Therapies in Medicine 4 4,49 Integrative CancerTherapies 4 4,49 Complementary Therapies in Clinical Practice 3 3,37 Journal of General Internal Medicine 3 3,37 Annals of Family Medicine 2 2,25 Arthritis & Rheumatism (Arthritis Care & Research) 2 2,25 BMC Complementary and Alternative Medicine 2 2,25 Explore 2 2,25 Oncology Nursing Forum 2 2,25 Support Care Cancer 2 2,25 Alternative Medicine Review 1 1,12 American Journal of Obstetrics & Gynecology 1 1,12 BMC Cancer 1 1,12 BMC Health Services Research 1 1,12 BMJ Online First 1 1,12 Canadian Family Physician 1 1,12 Canadian Journal of Public Health 1 1,12 Clinical Orthopaedics and Related Research 1 1,12 Clinical Pediatrics (Phila) 1 1,12 Clinical Rehabilitation 1 1,12 Environmental Health Perspectives 1 1,12 Gender Medicine 1 1,12 Hawai’I Medical Journal 1 1,12 30 Tabela 3 – Distribuição dos artigos sobre autocura segundo o periódico onde foram publicados (continuação) Periódicos n % Headache 1 1,12 Journal of Affective Disorders 1 1,12 Jornal Brasileiro de Psiquiatria 1 1,12 Journal of Emergency Nursing 1 1,12 Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 1 1,12 Journal of Holistic Nursing 1 1,12 Journal of Midwifery & Women’s Health 1 1,12 Journal of Professional Nursing 1 1,12 Journal of Psychosomatic Research 1 1,12 Journal of Sociology 1 1,12 Medicina (Buenos Aires) 1 1,12 Pediatrics 1 1,12 Preventive Medicine 1 1,12 Qualitative Health Research 1 1,12 Revista da Associação Médica Brasileira 1 1,12 Revista Mineira de Enfermagem (REME) 1 1,12 Revista de Psiquiatria Clínica. 1 1,12 Social Science & Medicine 1 1,12 Sociology of Health & Illness 1 1,12 The Canadian Journal of Neurological Sciences 1 1,12 Tohoku Journal of Experimental Medicine 1 1,12 Torture 1 1,12 Transcultural Psychiatry 1 1,12 Women’s Health Issues 1 1,12 Total 89 100% Na tabela quatro, podemos observar que o país que mais publicou artigos sobre autocura foram os Estados Unidos (39%), com quase metade de toda produção científica, seguido do Canadá (10%), Dinamarca (9%) e Israel (9%). 31 O Brasil apresenta seis artigos publicados com a temática autocura, o que representa quase 7% da produção total da amostra. Publicou quatro artigos em português e dois trabalhos indexados em inglês nos bancos de dados internacionais. O idioma predominante foi a língua inglesa (94%). Apenas cinco artigos eram em outro idioma: quatro na língua portuguesa (4,5%) e um na espanhola (1,12%), os quais estavam indexados no Lilacs. Tabela 4 - Distribuição das publicações sobre autocura segundo país de origem e bases de dados, no período de 2001 a 2011 País de Origem Lilacs Medline ISIS Pubmed Scopus Total % Estados Unidos 0 4 5 11 15 35 39,32 Canadá 0 1 0 2 6 9 10,11 Dinamarca 0 0 0 8 0 8 8,99 Israel 0 0 1 5 2 8 8,99 Austrália 0 0 3 0 3 6 6,74 Brasil 4 0 0 0 2 6 6,74 Reino Unido 0 0 0 2 4 6 6,74 Alemanha 0 0 0 1 1 2 2,25 China (e Taiwan) 0 1 0 0 1 2 2,25 Argentina 1 0 0 0 0 1 1,12 Austria 0 0 1 0 0 1 1,12 Escócia 0 0 1 0 0 1 1,12 Itália 0 0 0 0 1 1 1,12 Malasia 0 0 0 0 1 1 1,12 Noruega 0 0 0 0 1 1 1,12 Turquia 0 0 0 0 1 1 1,12 Total 5 6 11 29 38 89 100 4.2 Dados referentes à metodologia A maior parte dos artigos abordam usuários e profissionais de saúde em um único momento (62 artigos) e quantifica suas respostas (59 publicações da amostra), portanto 32 esta revisão está composta na sua maioria por estudos transversais (69%) e que utilizaram metodologia quantitativa (66%), como observamos na tabela abaixo. Tabela 5 – Distribuição dos artigos sobre autocura segundo a metodologia e tipo de pesquisa entre os anos de 2001 a 2011 Transversais Prospectivos Total (n) Total (f) Quantitativos 48 11 59 66,29% Qualitativos 14 16 30 33,70% Total (n) 62 27 89 100% Total (f) 69,66% 30,33% 100% 100% A diferença entre a porcentagem de metodologias quantitativas (66%) e qualitativas (34%) torna-se importante quando os artigos do banco de dados da Scopus são computados, pois este apresentou quase 80% dos seus trabalhos publicados na metodologia quantitativa. Esta preferência na publicação de artigos com metodologia quantitativa apresentada pelo Scopus não se repetiu em todos os bancos dados. Na Medline houve uma igualdade na distribuição percentual do tipo de metodologia usada, e na Pubmed os artigos qualitativos chegaram a ser em maior número (55%). Estes dados podem ser observados na tabela seis. Tabela 6 – Distribuição dos artigos sobre autocura segundo as abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas e nas bases de dados publicados entre os anos de 2001 a 2011 Método Lilacs Medline ISIS Pubmed Scopus Total f Quantitativo 4 3 9 13 30 59 66,3% Qualitativo 1 3 2 16 8 30 33,7% Total 5 6 11 29 38 89 100% Na tabela sete, nota-se que os anos que mais publicaram trabalhos quantitativos foram 2007 (17%) e 2008 (17%). A partir de 2009 o número de artigos com esta abordagem metodológica diminui, mas ainda se observa publicações quantitativas que abordam a temática sobre autocura. 33 Estes dados se tornam relevantes quando se analisam os trabalhos qualitativos, que vinham mantendo uma boa frequência de publicações em 2004 (20%), 2005 (20%) e 2008 (20%), mas que sofre uma diminuição importante em 2009 com metade da produção dos anos anteriores e que nos últimos dois anos (2011 e 2010) não apresenta nenhuma publicação. Este dado sugere a necessidade de resgatar a abordagem qualitativa dentro desta temática, principalmente porque a autocura é definida como um processo individual, e a abordagem qualitativa têm como proposta o estudo dos significados da experiência do indivíduo, enriquecendo o conhecimento sobre este tema. Tabela 7 – Distribuição dos artigos sobre autocura segundo as abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas e o ano de publicação Quantitativo Qualitativo ANO n f n f 2011 6 10,17% 0 0% 2010 8 13,56% 0 0% 2009 4 6,78% 3 10% 2008 10 16,95% 6 20% 2007 10 16,95% 2 6,66% 2006 6 10,17% 4 13,33% 2005 6 10,17% 6 20% 2004 5 8,47% 6 20% 2003 3 5,08% 2 6,66% 2002 1 1,69% 1 3,33% 2001 0 0% 0 0% TOTAL 59 100% 30 100% 4.3 Dados referentes à autoria Houve um grande número de trabalhos que não apresentaram dados sobre a profissão (80%) e a titulação (58%) dos autores em seus artigos como observamos nas próximas duas tabelas, 8 e 9. 34 Apenas 20% dos pesquisadores indicaram sua profissão nos artigos, e dentre as citadas, as mais encontradas foram a de médicos (10,26%), seguido pelos enfermeiros (7,12%). É interessante observar nesta tabela relacionada às profissões, a presença de farmacêuticos, principalmente vinculados a artigos sobre fitoterapia; e sociólogos que buscaram compreender a dinâmica da autocura em relação ao ambiente. Tabela 8 – Distribuição dos autores dos artigos sobre autocura, segundo a profissão. Profissão Número % Médico 36 10,26 Enfermeira 25 7,12 Farmacêuticos 5 1,42 Sociólogo 3 0,85 Terapeuta Holístico 1 0,28 Estudante 1 0,28 Desconhecida 280 79,77 Total 351 100 Apenas 42% dos autores divulgou a titulação nos artigos, demonstrando a necessidade de uma maior atenção por parte dos pesquisadores em informar estes dados nos trabalhos. A titulação de “doutor” (24%) foi a mais representativa, pois a maioria dos estudos estava vinculado às universidades (tabela 9). Tabela 9 – Distribuição dos autores dos artigos sobre autocura, segundo titulação. Titulação Número % Pós Doutorado (PhD) 84 23,93 Doutorado 6 1,71 Mestrado 47 13,39 Bacharel 6 2,56 Desconhecida 205 58,40 Total 351 100% 35 4.4 Análise Qualitativa A análise qualitativa alicerçada na análise de conteúdo na vertente representacional temática30 desvelou três categorias relativas à Autocura Metafísica. 4.4.1 Características dos Usuários de Práticas Regidas pela Autocura Esta categoria discute o perfil destes usuários, as técnicas mais utilizadas, os motivos que estimulam a busca por estas técnicas, as dificuldades e vantagens que estes usuários identificaram nas práticas regidas pelos princípios da autocura. Esta categoria apresenta mais da metade (52) dos artigos 34-85 desta revisão. As pesquisas com os objetivos de caracterizar os usuários 34-43, concluíram que as mulheres (62%), mais velhas, com mais educação e piores condições de saúde são mais propensas a usar MT/MCA. Em relação ao tipo de prática, existe um número significativo de usuários, principalmente quando a oração, que é a mais citada, é incluída como uma destas terapias. As outras práticas mais citadas são as vitaminas, suplementos, dietoterapia, meditação, massagens e musicoterapia. 44-67 A classificação sobre o que é ou não é MCA, é discutida em dois artigos desta revisão. 34,68 E demonstrou que ao incluir todos os tipos (que apresentam um terapeuta alternativo ou que é autorrealizado pelo usuário, como por exemplo, a oração) apresenta 98% de usuários. Mas que atribuir o uso da MCA à presença de um terapeuta esta proporção é reduzida para apenas 20% de usuários. 68 Outra questão levantada pelos pesquisadores é o número significativo de medicamentos alternativos que podiam interagir negativamente com a medicação alopática. 44 Uma realidade que é agravada quando se observa que a maioria dos estudos demonstra que os pacientes não abordam sobre o uso destas terapias com sua equipe de saúde. 45,69 Na maioria dos artigos o incentivo e informação para iniciar o uso da MCA foram de um amigo ou parente 46-48,70, ou seja, a divulgação sobre os resultados destes métodos partem de experiências pessoais partilhadas em grupos sociais heterogêneos. A procura por este apoio leva muitos pacientes a buscarem a internet. Pacientes com câncer descobriram nesta opção elementos que propiciam uma forma de viver com uma doença crônica ao invés da simples aceitação da “sentença de morte”. 71 36 O atendimento insuficiente prestado ao doente na medicina convencional aparece como um dos motivos pela opção de buscar a MCA, mas não é exclusivo. Pacientes de doenças crônicas citaram que a principal motivação para o uso das MCA foi “ajudar o seu corpo a se curar”, para “impulsionar o sistema imunológico” e para “dar uma sensação de controle em relação ao seu tratamento”. 49,72-75 Em trabalhos qualitativos sobre o uso das MCA aparecem relatos sobre as dificuldades e vantagens observadas pelos pacientes que optam pelo tratamento com estes métodos, como: i) a tensão entre a percepção da necessidade de autodisciplina restritiva ao lado de um sentido do potencial emancipatório, ii) o papel dos terapeutas em reconceituar a doença, e iii) a complexa interação entre noções de autocura e aceitação da mortalidade individual. 76-83 Pacientes com história de cura de patologias crônicas descrevem que as competências clínicas que facilitam estes processos são: autoconfidência, autogestão emocional, atenção e conhecimento. E que três pontos desenvolvidos nesses processos foram: confiança, esperança, e uma sensação de autoconhecimento. 84 Outro trabalho canadense corrobora com estas ideias e conclui que embora os profissionais de saúde não possam ser capazes de criar experiências transformadoras para os pacientes, eles podem estabelecer e manter condições que apoiem este processo. 85 4.4.2 A Relação entre os Profissionais de Saúde e as Práticas de Autocura Esta categoria discute a forma como instituições e profissionais de saúde convencionais analisam esta integração entre as práticas instituídas e a MCA regidas pelos princípios da autocura. Esta temática envolveu dez artigos. 86-95 Estes trabalhos demonstraram que os hospitais estão buscando criar ambientes mais holísticos e que as enfermeiras são as profissionais de saúde que mais oferecem modalidades alternativas nestes locais. 86-88 Entretanto, outros estudos demonstram que existem desafios para esta integração.89-91 Por um lado, em relação ao fato de que a visibilidade da MCA é possível apenas em relação às práticas convencionais, e, por outro, as notáveis diferenças nas lógicas de operação da medicina alopática, alicerçada no discurso sobre a doença e a cura sintomatológica; e das MCA, pautadas na manutenção da saúde. 91-93 37 Uma forma de auxiliar nesta integração seria através da inserção de disciplinas que discutissem as práticas alternativas e complementares nas instituições de ensino da área da saúde e pós-graduações orientadas para esta temática. Dois artigos com estudantes de enfermagem 94, 95, demonstraram que mais de 85% dos alunos desejavam mais educação sobre o assunto, sem necessariamente aprender as habilidades para realizar estas terapias. 4.4.3 As Práticas Regidas pelos Princípios da Autocura Esta categoria foi composta pelos 27 trabalhos prospectivos96-122, que acompanharam e analisaram os resultados de terapias complementares e alternativas regidas pelos princípios da autocura. Quatro trabalhos publicados se basearam na teoria da salutogênese 96-99, proposta por Aaron Antonovsky (1979), em que as forças que geram a saúde se opõem à patogênese, ou seja, às influências que causam a doença. Foi fundamentada no '‘senso de coerência’', que significa um estado de harmonia e bem-estar com o meio social, familiar e consigo mesmo. Estes estudos apresentaram melhoras significativas, segundo estes autores, ao final do tratamento. Assim como artigos que buscaram trabalhar com grupos de apoio usando a educação em autocuidado100, automassagem 101, práticas corporais (Tai Chi) 102 e arteterapia103. Resultados similares ao da terapia de grupo foram observados em pacientes em tratamento de psicoses e dependência química que frequentavam grupos religiosos. 104,105 O apoio social prestado ao paciente e a família foi o ponto central apontado nestes trabalhos. Além da fé que foi apontada em outros dois estudos como um fator importante no processo de cura. 106,107 A alimentação saudável, evitando produtos que contenham aditivos químicos, foi uma orientação prescrita por 95% dos terapeutas alternativos e complementares 108 e o ambiente tranquilo em meio à natureza109 foi descrito por um grupo de pacientes como um auxilio importante para a centralização de sua atenção sobre a autocura e desenvolvimento de um melhor senso de equilíbrio entre sua mente e corpo. Oito estudos de casos com resultados significativos, segundo seus autores, foram publicados em Israel 110-117 e utilizaram a meditação, como técnica para facilitar a cura e a autonomia, ajudando na conexão da sua voz interior e na busca do seu propósito de vida. Além das vantagens nos sintomas físicos e emocionais, outros estudos demonstram como pontos positivos em relação uso das MCA: os custos mais baixos 118, a 38 ausência de efeitos adversos 119 e o incentivo aos pacientes para tomarem um papel ativo e de autocuidado 120-122. Os efeitos permanecem mesmos quando associadas à medicina alopática.121,122 5 DISCUSSÃO O corpus de análise da revisão integrativa permitiu ter uma visão global da produção acadêmica acerca da autocura metafísica, mapeada a partir de bases de dados internacionais e nacionais que deram visibilidade a esse conhecimento. Os trabalhos selecionados permitiram desvelar três categorias temáticas que foram discutidas à luz dos referenciais teóricos da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 3, Política Nacional de Promoção à Saúde 17, e o livro Os Eternos Segredos da Saúde 5. 5.1 Os Usuários das Práticas Regidas pela Autocura A PNPIC 3 foi uma grande conquista à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos municípios e estados. O estudo do diagnóstico situacional das práticas integrativas e complementares no SUS observou a existência de alguma das práticas em 26 estados da Federação, com concentração nos estados da região sudeste. 3 Destaca-se que este número poderia ser muito maior, pois é uma variável dependente da classificação da MCA pelo Departamento de Atenção Básica e secretarias estaduais e municipais do país que responderam o questionário do diagnóstico situacional. Este dado pode inclusive explicar a concentração da região sudeste no diagnóstico situacional no SUS. Outro estudo brasileiro demonstra a prevalência de 9% do uso de medicinas complementares e alternativas quando consideradas somente as que envolvem custos e, portanto a presença de um terapeuta (homeopatia, acupuntura, quiropraxia, medicina ortomolecular, técnicas de relaxamento/meditação e massagem); e de 70% quando incluímos todas as terapias, como a oração. 34 39 Os resultados do diagnóstico situacional no SUS ainda demonstraram que quanto à frequência, o Reiki e Lian Gong são predominantes, seguidas da Fitoterapia, Homeopatia e Acupuntura e que as ações, preferencialmente, estão inseridas na Atenção Básica – Saúde da Família. 3 Desta forma optou-se como estratégia de elaboração desta Política a formação de subgrupos de trabalho, representados pelas Associações Brasileiras de Fitoterapia, Homeopatia, Acupuntura e Medicina Antroposófica. 3 Observamos que apesar do Reiki (técnica baseada na teoria dos chacras) e o Lian Gong (prática que pertence à teoria da Medicina Chinesa) terem sido as práticas mais citadas no diagnóstico situacional no SUS, não tiveram representantes na elaboração da PNIPIC. Os subgrupos representados pelas Associações Brasileiras de Fitoterapia, Homeopatia, Acupuntura e Medicina Antroposófica criaram diretrizes gerais que abrangem todas as práticas integrativas e complementares, mas a descrição da implementação destas diretrizes foi especificada apenas para as áreas representadas por estes subgrupos. Na prática isto pode representar mais apoio a implantação e pesquisas às práticas que abrangem estes grupos. Desta forma abrimos opções de intervenções alternativas que apresentam como vantagens tratamentos com menos efeitos colaterais e menor custo se comparados com a medicina alopática 118,1119, mas que mantém a dependência do paciente por um terapeuta para poder intervir em seu processo de adoecimento, pois as técnicas propostas nas implementações das diretrizes insistem em atuar como a medicina convencional, ou seja, buscam reequilibrar a desarmonia do paciente, mas sem compreender o fator causal da doença, mantendo assim o usuário passivo neste processo. A teoria microbiológica das doenças, em que se baseia o moderno sistema médico, foi postulado pelo químico francês Louis Pasteur no final do século XIX, no qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas, portanto o tratamento deve buscar o microrganismo responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo. 5 Pasteur, ao final de sua vida, teria admitido que seu conterrâneo e rival Antoine Béchamp, químico e biólogo francês, estaria correto ao afirmar que a ecologia do sangue e dos tecidos desempenha um papel decisivo na hora de determinar se a enfermidade chegará a se manifestar, 15 demonstrando que se o equilíbrio acidobásico (pH) do corpo estiver tendendo para acidez, o organismo se torna um ambiente propício para microrganismos destrutivos e o risco de ficar doente aumenta. 5 40 Portanto a enfermidade é uma manifestação de uma crise de toxicidade do corpo, que produz um ambiente propício à multiplicação dos micróbios. Entre as toxinas se encontram os aditivos químicos alimentares, a contaminação ambiental, os resíduos do metabolismo (como por exemplo, a adrenalina liberada em momentos de estresse) e a toxicidade gerada pelas bactérias e fungos que descompõem os alimentos que não foram assimilados no sistema digestivo. 5,123 Neste sentido, a PNPS 17 parece estar mais alinhada com a proposta da autocura, ao propor que as intervenções em saúde ampliem seu escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades de saúde e seus determinantes e condicionantes, de maneira que as ações operem sobre os efeitos do adoecer e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham. 17 Os trabalhos qualitativos com usuários de medicinas complementares e alternativas demonstram que os pacientes estão querendo ajudar o seu corpo a se curar, impulsionando o sistema imunológico e na busca por um controle maior em relação ao seu tratamento. 49,72-75 Como as propostas de políticas de promoção de saúde permanecem no papel e o acesso à medicina convencional é difícil (seja pelo custo alto dos exames e terapêuticas ou pelas filas de espera no sistema público) e, quando possível, apresenta resultados insatisfatórios, grupos independentes estudam e praticam formas alternativas de recuperar a saúde. Zago (2005) 124, autor do livro “Câncer tem Cura”, descreve sua experiência bem- sucedida com o uso de uma fórmula natural feita a partir da babosa (aloe vera) para a cura de várias doenças. Relata sua experiência em uma comunidade de baixa renda aliando o tratamento com educação. As aulas falavam sobre a importância da felicidade (bons pensamentos), alimentação (sem carne), fitoterapia local e produção autossuficiente dos alimentos através da horta comunitária, diminuindo os custos e melhorando a qualidade ao consumir produtos sem agrotóxicos. 124 O projeto Alimentação Viva, coordenado pelo Dr. Alberto Gonzalez 15 trabalha de forma similar em Programas de Saúde da Família de cidades do interior do estado de São Paulo. Os pacientes passam por consulta médica, e são encaminhados para as oficinas sobre o preparo de alimentos funcionais, sendo assim convidados e treinados para serem agentes ativos no seu processo de cura. 41 Podemos citar também o grupo Biosaúde que utiliza o método da bioenergética, que é uma técnica inspirada na cinesiologia aplicada. Através de testes musculares é possível detectar a causa e indicar o tratamento, sempre orientando recursos simples, acessíveis e naturais, como por exemplo, chá, argila e banhos de sol. 125 Este grupo foi inúmeras vezes notícia nos meios de comunicação acusados de realizaram atividades perigosas e fraudulentas. Mas a mesma técnica criticada pela mídia é divulgada com o nome de “Teste do Anel Bidigital (BDORT)” pela Associação Médica Brasileira de Acupuntura 126, sobre o qual há livros e artigos publicados, demonstrando a eficácia do método. Só que em vez de usarem a técnica para testar tratamentos acessíveis vindos da natureza, orientam o uso para a prescrição de medicamentos. O eixo comum destas práticas é a reconexão com os recursos simples e baratos que a natureza oferece, como a alimentação, respiração e exercícios. São práticas sempre citadas nos meios acadêmicos e de comunicação, mas que não estão presentes na rotina diária dos enfermos e dos centros de saúde. Por isso estes grupos não deveriam ser vistos como inimigos do atual sistema de saúde, e que, portanto devem ser combatidos. São experiências positivas, que poderiam ser apoiadas e estudadas, permitindo uma maior compreensão de seus benefícios e limitações. Discutidas e aplicadas nos sistemas educacionais de saúde poderiam ampliar a visão limitada dos profissionais de saúde que atuam apenas sobre o sintoma e auxiliar na difícil integração atual entre a medicina convencional e a denominada alternativa. 5.2 A Relação entre os Profissionais de Saúde e às Práticas de Autocura A PNPS 17 tem como objetivo promover o entendimento da concepção ampliada de saúde entre os trabalhadores de saúde, assim como a PNPIC 3, que tem entre suas diretrizes a divulgação e informação dos conhecimentos básicos da PIC para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando as metodologias participativas e o saber popular e tradicional. Apesar das intenções mencionadas nestas políticas, a realidade ainda é bem diferente. Gonzalez (2008) 15, médico e docente em fisiologia, questiona em seu livro a atual forma do ensino da Medicina, em que não há no ciclo clínico, a discussão em como fazer o regresso ao estado de saúde pela recuperação da fisiologia e do metabolismo normais. Os alunos estudam medicamentos e equipamentos de alta tecnologia diagnóstica e intervencional, 42 que os habilitarão a interromper as perfeitas rotas metabólicas e os sistemas fisiológicos que foram ensinados no ciclo básico. A prática alopática cristaliza-se na vida profissional, por intermédio de uma fiel e abrangente parceria estabelecida entre a indústria farmacêutica e a de prestação de serviços médicos. 15 Os numerosos procedimentos e medicamentos desnecessários, erros e falsos diagnósticos foi a principal causa de morte nos Estados Unidos em 2007, superando as cardiopatias e câncer. 5 Para Moritz (2011)5 as investigações científicas não devem ser usadas de forma exclusiva para formular uma verdade determinada, pois é muito fácil utilizar os estudos para manipular as opiniões e crenças. Cita como exemplo a FDA (Administração de Drogas e Alimentos), nos Estados Unidos, que retira 150 remédios ao ano do mercado devido aos efeitos secundários que causam em numerosos pacientes. Sendo que estas mesmas drogas foram testadas por estudos clínicos e aprovadas por esta agência fiscalizadora nos anos anteriores. Para Trudeau (2004) 127, a questão da fiscalização dos medicamentos e produtos alimentícios é agravada quando se observa que a maiorias das pessoas envolvidas na liberação destes produtos para comercialização pertenceram às empresas submetidas aos testes e que, portanto não seriam resultados imparciais. Segundo este autor, algo similar ocorreria em relação aos alimentos processados e industrializados, fiscalizados também pela FDA. Sugerindo a existência de uma rede criada para gerar doenças, no qual a população é envenenada por produtos ricos em aditivos químicos (corante, aromatizantes, emulsificantes, glutamato monosódico, etc.), para depois usar os medicamentos. 127 Um exemplo atual é o da empresa Monsanto, que produz alimentos transgênicos proibidos na Europa (após pesquisas em ratos que demostraram sua ação cancerígena), mas vendidos em larga escala em toda a América como ingrediente dos produtos alimentícios industrializados. 127,128 No Brasil, essa cumplicidade se estabelece na segunda e terceira fases da terapêutica exploratória, quando os efeitos colaterais dos medicamentos ainda não são plenamente conhecidos. Exemplos drásticos são o do Vioxx® e do Celebra®, que foram trazidos ao país com grandes honras, na forma de antiinflamatórios sem efeitos gastrointestinais, mas provavelmente, após anos de uso em milhões de pacientes, demonstraram ser capazes de dobrar os riscos de infarto do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais. 15 43 A maioria dos métodos atuais de diagnóstico clínico para doenças crônicas se centram nos sintomas e, portanto, ocultam ou não tratam as causas desses sintomas. 129 Assim se substitui as terapias naturais que possuem o conhecimento para a prevenção e cura das mais diversas doenças, não patenteáveis, por terapias sintéticas patenteáveis e, portanto, lucrativas.15 Gonzalez (2008)15 reflexiona que o conhecimento da prevenção e cura das mais diversas doenças já está disponível ao domínio público, mas que não são utilizados por serem considerados simplórios ou obsoletos, sendo algumas práticas até condenadas, embora sejam eficientes e completamente desprovidas de complicações ou de efeitos colaterais. Entre as diretrizes das PNPS 17 e PNPIC 3 está o incentivo a pesquisa em promoção da saúde e PIC, respectivamente, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações e cuidados prestados. Por não serem práticas que envolvem registro de patentes, não há interesse por parte das indústrias e empresas, por isso são as comunidades acadêmicas que serão os ambientes ideais para que estas pesquisas de desenvolvam. As universidades podem se tornar os maiores aliados de uma nova tomada de consciência, no qual os medicamentos alopáticos serão utilizados apenas na dose e na hora apropriadas. 15 Isto já começa a ser realidade em algumas universidades norte-americanas que apresentam programas curriculares de Medicina Integrativa, que tem como proposta integrar os vários aspectos biopsicossociais, no qual as interações do indivíduo com seus familiares e seu ambiente social são estudados para a compreensão do processo saúde-doença. 15 5.3 As Práticas Regidas pelos Princípios da Autocura Desde a infância nossos pais, professores e a sociedade em geral nos convenceram de que o corpo é frágil, principalmente quando o processo de envelhecimento começa a manifestar os primeiros sinais. Antes somente íamos ao médico quando se estava doente. Agora temos que ir ao médico de forma regular, desde antes de nascer e logo durante toda a vida. 5 Desta forma, educados a delegar as percepções e decisões sobre nosso corpo para outras pessoas, consideradas especializadas no funcionamento do organismo, pessoas lotam os sistemas públicos de saúde por sintomas simples. Após longa espera, saem geralmente medicadas, e caso não recebem uma prescrição medicamentosa acreditam que não foram tratadas. 44 Os casos mais graves são submetidos a exames invasivos e métodos que muitas vezes provocam efeitos colaterais piores que o sintoma inicial, como a quimioterapia. Sendo considerado aceitável e uma fatalidade, se o paciente morrer durante o tratamento. Se a pessoa optar por um tratamento alternativo e tiver o mesmo fim será considerado imprudente e irresponsável, sendo o médico punido por tal fato. Foi o que aconteceu com a médica dinamarquesa Kirstine Nolfi 130 na Dinamarca em 1950, após a morte de dois pacientes. Ela foi responsabilizada pelas autoridades médicas pelo falecimento destas pessoas e perdeu o direito de exercer a medicina, apesar dos familiares dos pacientes a defenderam durante o processo, por incentivar o tratamento através da alimentação crudívora. Outro exemplo, atual e no Brasil, foi a decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) em 2012, de enviar denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) contra o obstetra Jorge Kuhn. A denúncia foi motivada por sua participação em reportagem em programa televisivo, defendendo o parto domiciliar. O sentimento de não poder fazer algo por si mesmo, de não ter controle sobre si, é uma das razões mais comuns das doenças físicas e mentais. A maioria das pessoas chama este sentimento de “estresse”. A idéia de vulnerabilidade e insegurança gera medo e desencadeia profundas mudanças bioquímicas no corpo. 5 Todo pensamento e sentimento se traduzem instantaneamente em substâncias bioquímicas no cérebro e outras partes do corpo. O sistema endócrino, farmácia pessoal e gratuita, gera hormônios em resposta a nossas experiências mentais. O laboratório que todos nós levamos dentro pode fabricar tudo o que necessitamos e somos nós mesmos que formulamos as receitas. 5 Entre essas substâncias se encontram os hormônios do estresse (adrenalina, cortisol e colesterol), que quando liberadas no sangue podem salvar a vida, mas que de forma constante podem ferir os vasos sanguíneos e afetar nosso sistema imunológico. Por outra parte as emoções de felicidade se manifestam com endorfinas, serotonina e interleucinas, que são substâncias relacionadas com experiências agradáveis. 5 Da mesma forma ocorre com os componentes da natureza, que são perfeitos quando utilizados in natura, pois apresentam sinergismo. Mas que passam a apresentar efeitos colaterais ou não apresentam resultados, quando tem um dos seus componentes sendo utilizado de forma isolada. 15, 124 45 A divisão corpo-mente, baseada nos velhos e antiquados paradigmas do comportamento humano, na realidade nunca existiu. A crença de que o homem é essencialmente físico na atualidade, ignora o grande papel que a mente, os sentimentos e emoções tem em nosso bem-estar. 131 O sistema atual de saúde busca culpar a doença por nossa falta de bem-estar, insistindo em combatê-la como se fosse um inimigo. 132 Ao centrar a atenção na doença, ou estabelece-la como ponto de referência e certeza em nossa vida, a pessoa não consegue se libertar dela, já que a doença se nutre de nosso pensamento negativo, originando um forte estado imunudepressivo e impedindo que o sujeito recupere efetivamente a saúde. 5 Ao mesmo tempo, Bruzos et al. (2011) 133 atenta que o meio ambiente vem sendo concebido como um simples cenário, algo externo ao ser humano, onde não estamos inseridos e no qual acontecem suas interações e inter-relações. A degradação ambiental vem modificando nosso cenário de forma acelerada e interferindo negativamente no processo saúde–doença de toda a comunidade. A complexidade dos problemas ambientais clama pela adoção de medidas que superem práticas assistencialistas, levando à adoção de práticas transdisciplinares que avancem na promoção da saúde. 133 Assim a enfermidade desaparece quando se gera estímulos saudáveis e vitais para o corpo e a mente. No livro “Os segredos eternos da Saúde” (2011) 5, o autor discute sobre hábitos de vida que estimulam o bem-estar e, portanto, a saúde. Aborda sobre vantagens da alimentação vegetariana e orgânica, hidratação e banhos de sol diários, prática de exercícios físicos regulares, métodos de desintoxicação (e supressão dos hábitos que levam a este processo: alimentos industrializados, tabaco, álcool), rotina de sono, meditação, exercícios de respiração e terapias naturais (urino terapia, geoterapia, gemoterapia, auto-hemoterapia, massoterapia, fitoterapia, radiestesia e arte terapia). Zago (2005) 124 defende o uso da babosa (aloe vera) no combate ao câncer e orienta outras associações para auxiliar os efeitos benéficos da planta, que corroboram com o livro usado como referencial teórico deste trabalho, como a alimentação vegetariana. Acrescenta ainda que a doença surge quando não se está em sintonia com seu propósito interior. O paciente requer amor, cuidados, nutrição e a sensação de estar inteiro novamente. A única experiência que necessita o desequilíbrio corpo-mente para se recuperar é a experiência de felicidade, a qual chega quando a pessoa assume a responsabilidade por sua saúde e elimina toda congestão e desequilíbrio do seu corpo físico e mental. Trata-se de um grande processo de fortalecimento interno que satisfaz a alma, o corpo e o coração. 5 46 O MS vem discutindo estas perspectivas e, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde que agrega entre seus eixos o Pacto em Defesa da Vida, que possui entre as suas macroprioridades o acesso e a qualidade dos serviços prestados no SUS, com a ênfase no fortalecimento e na qualificação estratégica da Saúde da Família; a promoção, informação e educação em saúde. 17 Estas prioridades compõem as diretrizes da PNPS17 que ainda possui em suas ações específicas prevenção da violência e estímulo à cultura de paz e a promoção do desenvolvimento sustentável. Trazendo o conceito da conexão entre o corpo e o meio, enquanto a PNPIC 3 traz a associação entre corpo e a mente nas bases de suas práticas. Moritz (2011) 5 encerra um dos seus capítulos com uma descrição exata sobre o processo da autocura: “Os segredos da saúde e rejuvenescimento não constituem em um conjunto de outros conhecimentos que temos que introduzir do exterior em nossa vida. Cada pessoa é a fonte desses segredos e sabedoria de cura intemporal (...)”. Podemos solicitar ajuda para suprimir os sintomas de uma patologia, mas não delegar o controle sobre o processo de adoecimento a outra pessoa, seja alternativa ou convencional. Mas conscientes de que a enfermidade é uma mensagem manifestada no corpo físico que reflete nossas escolhas e nossa interação com o meio, e que, portanto para vivenciar a autocura é preciso se reconectar a si mesmo, se perceber e buscar compreender as causas da perda da saúde. Se encorajar para transformar o que precisa ser renovado, e assim conquistar a autonomia sobre a saúde novamente. 47 6 CONCLUSÃO Este trabalho reuniu e sintetizou a produção acadêmica em relação à autocura metafísica possibilitando identificar e caracterizar as publicações e discutir o conhecimento produzido em três dimensões: a dos usuários destas práticas, dos profissionais da saúde convencional e as propostas e resultados de terapias regidas pelo princípio da autocura. Apontou que a maioria das publicações foi coletada em bases de dados internacionais entre os anos de 2004 a 2008, mas que a partir de 2009 ocorre uma queda significativa de mais da metade do número de publicações, principalmente qualitativos que não apresentou nenhum estudo nos últimos dois anos da coleta (2010 e 2011). Estes dados demonstram a necessidade de incrementar as pesquisas de abordagens quantitativas e principalmente qualitativas, pois, sendo a autocura um processo individual, esta abordagem permite observar os significados da experiência do indivíduo, enriquecendo o conhecimento sobre esta área. A análise qualitativa deu visibilidade à caracterização dos usuários das práticas de autocura demonstrando serem as mulheres, mais velhas e com maior escolaridade as mais propensas a buscar estas técnicas, sendo a oração e a meditação as mais citadas; e geralmente indicadas por amigos e familiares, já que a maioria dos pacientes relata que não abordam sobre o uso destes métodos com a equipe de saúde. Os trabalhos que abordaram os profissionais de saúde observaram que a integração entre as práticas convencional e alternativa realmente existe e é limitada devido às lógicas de análise do processo de adoecimento. Enquanto a medicina contemporânea busca tratar a doença, a medicina alternativa se inclina para a recuperação da saúde. Uma forma de auxiliar nesta integração seria através da inserção de disciplinas que discutissem as práticas alternativas e complementares e pós-graduações orientadas para esta temática nas instituições de ensino da área da saúde. 48 Os estudos prospectivos de métodos baseados em princípios da autocura selecionados para este trabalho demonstraram, além de custos mais baixos e ausência de efeitos colaterais, melhora significativa dos aspectos físicos e emocionais dos pacientes. Mas acima de tudo, trouxeram confiança, esperança, autonomia e autoconhecimento. A doença deixa de ser um castigo e passa a ser uma mensagem manifestada no corpo físico que reflete a desarmonia das escolhas que o indivíduo vem fazendo para si e o desequilíbrio com o seu meio. As técnicas regidas pelo princípio da autocura podem contribuir significativamente com as políticas públicas no âmbito da saúde, principalmente em relação à PNPS que traz o conceito da conexão entre o corpo e o meio, e a PNPIC, que traz a associação entre corpo e a mente nas bases de suas práticas. A inclusão de disciplinas sobre esta temática nos componentes curriculares das universidades e o incentivo a pesquisas de natureza clínica podem mapear outras dimensões na área melhorando o conhecimento e estimulando sua prática. 49 REFERÊNCIAS 1. Zhang X. Integration of traditional and complementary medicine into national health care systems. J Manipulative Physiol Ther. 2000; 23(2): 139-40. 2. Holliday I. Traditional medicines in modern societies: an exploration of integrationist options through East Asian experience. J Med Philos. 2003; 28 (3): 373-89. 3. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. 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