UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Caso de interesse: Penectomia e uretrostomia pré-escrotal devido ruptura traumática de uretra – Relato de Caso Giovanna Bobadilla Morelli JABOTICABAL, SP 2º SEMESTRE DE 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Caso de interesse: Penectomia e uretrostomia pré-escrotal devido ruptura traumática de uretra – Relato de Caso Giovanna Bobadilla Morelli Orientadora: Prof.ª Dra. Beatrice Ingrid Macente Supervisores: Prof. Dr. Francisco Claudio Dantas Mota, Mariana De Morais Mariani, Juliàn Andrés Sanjuán Galindez Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus Jaboticabal, para obtenção de título de bacharel em Medicina Veterinária JABOTICABAL, SP 2º SEMESTRE DE 2024 FICHA CATALOGRÁFICA CERTIFICADO DE APROVAÇÃO AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de expressar minha mais profunda gratidão à minha mãe, Rita, pelo amor incondicional que sempre me ofereceu. Sua dedicação, seus conselhos e o apoio constante em cada passo da minha jornada foram essenciais para que eu chegasse até aqui. Seu exemplo de força e perseverança são, para mim, uma fonte diária de inspiração. Você é o exemplo de mulher que não mede esforços para fazer o possível (e o impossível) pelos seus filhos. Todo este caminho é reflexo do que aprendi com você. Ao meu pai, quero agradecer por acreditar em mim incondicionalmente. Sua confiança e suas palavras de incentivo foram fundamentais para me impulsionar a alcançar meus objetivos. Obrigado por me ensinar a importância da determinação, do esforço e da honestidade como valores fundamentais na vida. Você é minha inspiração de caráter e integridade. Ao meu padrasto e a minha madrasta, sou imensamente grata por todo o carinho e apoio sempre demonstraram durante meu crescimento. Vocês estiveram ao meu lado em momentos estendendo o amor e o cuidado que me fortaleceram em minha caminhada. Aos meus irmãos, Renan, Viviane e Fernando, agradeço a presença constante, mesmo quando a vida nos separa por breves instantes. Vocês sempre foram minha companhia, meus maiores aliados e a razão de tantos momentos de felicidade durante esses anos. Crescer ao lado de vocês fez minha jornada mais leve e mais rica, vocês são um presente na minha vida. A toda minha família, que, direta ou indiretamente, esteve presente em cada etapa desse processo, minha eterna gratidão. O amor, a união e o apoio de vocês foram o alicerce que me permitiu superar os desafios e celebrar as conquistas. Esse sonho que hoje realizo é, sem dúvida, um reflexo do suporte e dos valores que recebi de vocês. Aos meus amigos de Ribeirão Preto – Luiza, Thiago, Murilo, Isadora, Marcelo, Victoria e Bianca – que cresceram comigo, minha imensa gratidão. É maravilhoso ver o crescimento de cada um de vocês e perceber que, apesar das mudanças, seguimos crescendo juntos. Que venham muitos mais momentos compartilhados enquanto descobrimos e enfrentamos a vida adulta, sempre com a mesma diversão, apoio e cumplicidade que sempre tivemos. Aos meus amigos da faculdade, Victoria, Hugo, Adrian, Francis, Caroline, Luciana, Laura, Isabella, e Beatriz meu muito obrigada. Vocês foram fundamentais para tornar essa jornada mais especial. Os momentos de sufoco, aprendizado e, principalmente, de felicidade foram únicos ao lado de vocês. Agradeço por cada risada, por cada ombro amigo e por tornarem o ambiente universitário tão acolhedor. Sem vocês, essa experiência não teria sido a mesma, e espero que nossa amizade permaneça por toda a vida. Ao meu namorado, Renato, obrigada por acreditar em mim mesmo quando eu duvidei, por me apoiar em absolutamente tudo e por me incentivar diariamente a perseguir meus sonhos. Sua parceria, paciência e amor foram meu refúgio e minha força em todos os momentos dessa jornada. Gostaria de expressar minha profunda gratidão à minha faculdade, a UNESP, e a todos os professores que, ao longo dos anos, contribuíram para a realização do meu sonho de me tornar médica veterinária e uma profissional capacitada. Agradeço especialmente à minha orientadora, Profa. Beatrice, que esteve ao meu lado durante o período de estágio curricular, orientando-me e oferecendo todo o suporte necessário para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional. Também a minha banca que tenho muito carinho e admiração, o Professor Gilson e Professora Beth. Sou grata a todos os que tive o privilégio de conhecer durante minha trajetória na faculdade. Agradeço aos meus amigos, aos membros do PETVET, da LACV e da LAC, que, de alguma forma, me ajudaram, compartilharam experiências e contribuíram para o meu crescimento. Sou eternamente grata a cada um de vocês por fazerem parte da minha história e por contribuírem de maneira única para que eu pudesse chegar até aqui. Este trabalho não é apenas meu, mas também de todos vocês, que sempre estiveram ao meu lado. VII SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................................ VIII LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ................................................................................... XIV I RELATÓRIO DE ESTÁGIO ...................................................................................................... 15 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15 1. DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE ESTÁGIO ........................................................................... 17 2.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG .... 17 2.2 BMvet Hospital Veterinário - Ribeirão Preto, SP ............................................................ 24 2.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez ............................................... 30 3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ............................................................................................ 33 3.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG .... 33 3.1.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG – Área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA) ................................................... 33 3.1.2 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG – Área de CMPA e UTI........................................................................................................ 37 3.2 BMvet Hospital Veterinário .......................................................................................... 40 3.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez ............................................... 46 4. DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................. 50 4.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) ............................... 50 4.2 BMvet Hospital Veterinário .......................................................................................... 51 4.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez ............................................... 52 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 54 II MONOGRAFIA: ................................................................................................................... 55 PENECTOMIA E URETROSTOMIA PRÉ-ESCROTAL DEVIDO ...................................................... 55 RUPTURA TRAUMÁTICA DE URETRA – RELATO DE CASO ......................................................... 55 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 55 2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 56 2.1 Anatomia do sistema urinário ................................................................................... 56 2.2 Etiologia ................................................................................................................... 57 2.3 Sinais clínicos e diagnóstico ..................................................................................... 58 2.4 Penectomia e uretrostomia pré-escrotal ................................................................... 59 3. RELATO DE CASO ...................................................................................................... 60 4. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 68 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 70 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 71 VIII LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. Fachada do Hospital B. Recepção C. Sala de Triagem-Emergência D. Corredor Central. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 2. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. Farmácia foto 1 B. Farmácia foto 2 C. CCPA – Sala técnica operatória – cirurgia D. CCPA – Sala de Residentes. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 3. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA – Vestiário B. CCPA – Sala técnica operatória – Paramentação C. CCPA – Sala de preparação dos animais 01 D. CCPA – Sala de preparação dos animais 02. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 4. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA – Sala de paramentação B. CCPA – Sala de Curativo C. CCPA – Sala Cirúrgica 01 a 03 – foto 1 D. CCPA – Sala Cirúrgica 01 a 03 – foto 2. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 5. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA - Preparação de materiais cirúrgicos B. CCPA – Sala material Cirúrgico 01 C. CCPA – Sala material Cirúrgico 02 D. CCPA – Sala material cirúrgico 03. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 6. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA - Preparação de materiais cirúrgicos B. CCPA – Corredor interno C. CCPA – Autoclave D. CCPA – Atendimento. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. IX Ilustração 7. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CMPA -Consultório 01 ao 05 - foto1 B. CMPA -Consultório 01 ao 05 - foto 2. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 8. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. UTI CMPA - foto 1 B. UTI CMPA- foto 2. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Ilustração 9. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet primeiro andar. A. Fachada do hospital B. Recepção C. Sala de espera felinos D. Sala de espera caninos E. Corredor F. Sala ambiente. Fonte: acervo pessoal. Ilustração 10. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet primeiro andar. A. Banheiro feminino clientes B. Banheiro masculino clientes C. acesso as escadas para segundo andar D. Laboratório E. Sala de emergência F. Sala de atendimento felinos. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Ilustração 11. Estrutura do Hospital Veterinário primeiro andar. A. Sala de atendimento canino 01 B. Sala de atendimento canino 02 C. Sala de atendimento canino 03 D. Sala de Sala de atendimento oftalmologia. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Ilustração 12. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Escadas acesso ao segundo andar B. Acesso ao elevador C. Corredor D. Copa com cozinha e banheiro para funcionários E. Lavanderia F. Escritório. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. X Ilustração 13. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Sala de materiais quimioterapia 01 B. Sala de quimioterapia C. Sala de atendimento da oncologia Oncospes. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Ilustração 14. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Sala para exames de imagem (ultrassom e raio-x) B. Área lavatório C. Sala de internação doenças infectocontagiosas D. Sala de internação caninos E. Sala de internação felinos. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Ilustração 15. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar, bloco cirúrgico. A. Sala de esterilização B. Sala de materiais cirúrgicos 01 C. Sala de materiais cirúrgicos 02 D. Corredor do bloco cirúrgico E. Centro cirúrgico limpo F. Centro cirúrgico contaminado. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Ilustração 16. Representação gráfica dos atendimentos de várias clínicas veterinárias. Ilustração 17. Representação gráfica dos atendimentos em várias cidades na região, sendo estas do estado de São Paulo. Ilustração 18. Representação gráfica da distribuição das espécies atendidos na CCPA do Hospital Veterinário da UFU, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 19. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. XI Ilustração 20. Representação gráfica de raça definida dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 21. Relação dos animais domésticos quanto as raças atendidas no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 22. Relação dos animais domésticos quanto a categoria cirúrgica afetado dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 23. Representação gráfica da distribuição das espécies atendidos na CMPA e UTI do Hospital Veterinário da UFU, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 24. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 25. Representação gráfica de raça definida dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 26. Relação dos animais domésticos quanto a espécie e raça atendidas no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. XII Ilustração 27. Relação dos animais domésticos quanto ao sistema afetado dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 28. Representação gráfica das espécies dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 29. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 30. Representação gráfica das raças dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 31. Relação dos animais domésticos quanto a espécie e raça atendidas no atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 32. Representação gráfica das categorias cirúrgicas afetadas dos animais que passaram por procedimento cirúrgico no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 33. Representação gráfica das categorias clínicas afetadas dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet e que ficaram internados, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Ilustração 34. Representação gráfica das categorias afetadas dos animais que passaram por atendimento na área de clínica veterinária no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. XIII Ilustração 35. Representação gráfica das espécies dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 36. Representação gráfica dos sexos dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 37. Representação gráfica dos animais que possuem raça definida ou que são sem raça definida (SRD), que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 38. Representação gráfica das raças dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 39. Categoria cirúrgica afetada dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 40. Fotografia trans cirúrgica. Imagem do local da lesão no pênis, na qual a seta azul representa a presença da massa, as setas pretas indicam os processos de necrose e as seta vermelha indica o local da ruptura da uretra. Fonte: Fotos cedidas por Mariana Laura D. Silva. Ilustração 41. Fotografias trans cirúrgicas. A. Imagem durante o procedimento cirúrgico de uretrostomia que evidencia a presença da sonda pelo canal da uretra B. Imagem final da cirurgia de penectomia com uretrostomia pré- escrotal. Fonte: Fotos cedidas por Mariana Laura D. Silva. XIV LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS AFAST Traduzida como Avaliação Abdominal Focada com Ultrassonografia para Trauma APA Associação De Proteção Animal BCNRNF Batimentos Cardíacos Normais, Ritmo Normal E Frequência Normal Bpm Batimentos Por Minuto CCPA Clínica Cirúrgica De Pequenos Animais CMPA Clínica Médica De Pequenos Animais CHCM Concentração De Hemoglobina Por Hemácia HV-UFU Hospital Veterinário Da Universidade Federal De Uberlândia IC Infusão Contínua IV Intravenoso mcg/kg/min micrograma/quilograma/minuto mg miligrama mg/kg miligramas/quilo mg/kg/h miligrama/quilograma/hora mL Mililitros mL/h mililitros/hora mL/kg/h mililitros/quilograma/hora mmHg milímetros de mercúrio Mrpm Movimentos Respiratórios Por Minuto Oncospes Serviço Especializado em Oncologia Veterinária PDS Fio de Polidioxanona PGA Fio de Poliglactina SRD Sem Raça Definida TFAST Traduzida como Avaliação Torácica Focada com Ultrassonografia para Trauma. TPC Tempo de Preenchimento Capilar TVT Tumor Venéreo Transmissível UFU Universidade Federal de Uberlândia UTI Unidade de Tratamento Intensivo VCM Volume Corpuscular Médio ºC Grau Celsius ® Marca Registrada 15 I RELATÓRIO DE ESTÁGIO INTRODUÇÃO O presente relatório refere-se às atividades desenvolvidas pela discente Giovanna Bobadilla Morelli, graduanda do décimo semestre do curso de bacharelado de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Câmpus de Jaboticabal, sob a orientação da Profa. Dra. Beatrice Ingrid Macente, no período de estágio curricular obrigatório. Este foi desenvolvido na área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) localizada em Uberlândia-MG, também em diversas áreas no Hospital Veterinário BMvet de Ribeirão Preto-SP, e por fim, na área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais com o médico veterinário cirurgião volante Dr. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez em Ribeirão Preto- SP e região. O estágio curricular de um estudante de Medicina Veterinária é essencial para a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, permitindo que o estagiário vivencie a realidade da profissão e desenvolva habilidades técnicas em diversas áreas da saúde animal. Seu principal objetivo é integrar teoria e prática, proporcionando experiência em atividades clínicas, cirúrgicas e entre outras, além de promover o desenvolvimento de competências em comunicação, tomada de decisão e trabalho em equipe. O estágio também é fundamental para a formação ética e responsável do futuro profissional, preparando-o para atuar com competência e segurança no cuidado dos animais e no atendimento aos tutores. No período de 01 de agosto a 31 de setembro de 2024, o estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, perfazendo um total de 336 horas. As atividades desenvolvidas envolveram o acompanhamento de exames de imagem como ultrassonografia e radiografia, realização de anamnese e exames físicos na parte clínica, monitoramento e medicação dos animais internados na UTI, e no centro cirúrgico auxiliou no preparo pré-operatório dos animais (cateterização venosa, tricotomia e antissepsia), atuação como auxiliar nos procedimentos cirúrgicos e acompanhamento pós-operatório dos pacientes. 16 No período de 01 a 31 de outubro de 2024, o estágio foi realizado na BMvet Hospital Veterinário, totalizando 160 horas de atividades. Durante esse período a estagiária acompanhou diversas áreas do hospital, integrando-se à rotina clínica, cirúrgica e de internação. As atividades realizadas incluíram a observação de atendimentos clínicos, a execução de procedimentos cirúrgicos, além do monitoramento e administração de medicações aos pacientes internados. A estagiária também participou de procedimentos técnicos, como cateterização venosa, sondagem uretral, coleta de sangue e acompanhamento de exames de imagem. Finalizando, no período de 01 a 30 de novembro de 2024, o estágio foi realizado sob a supervisão do médico veterinário cirurgião volante, Dr. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, que realizava atendimentos e procedimentos cirúrgicos em Ribeirão Preto- SP e nas cidades da região, como Serrana, Sertãozinho, Cravinhos, Brodowski e Pitangueiras, totalizando 160 horas de atividade. Durante este período, a estagiária acompanhou a rotina de atendimentos pré-cirúrgicos e cirurgias realizadas pelo profissional, prestando auxílio em todas as fases do processo, incluindo atividades pré-operatórias, transoperatórias e pós-operatórias, além de oferecer suporte como auxiliar durante alguns dos procedimentos cirúrgicos realizados. 17 1. DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE ESTÁGIO 2.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV-UFU) está localizado na cidade de Uberlândia-MG, na Avenida Mato Grosso, nº 3289 - Bloco 2 S - Campus Umuarama. O horário de funcionamento se inicia às 07h e se estende até as 18h de segunda a sexta-feira, e aos finais de semana funciona apenas a parte da internação, sendo de funcionamento 24 horas. O quadro funcional do HV-UFU é composto por 17 docentes, 36 Médicos Veterinários Residentes, 22 técnicos administrativos, 7 funcionários contratados pela Fundação de Apoio e 11 funcionários terceirizados, totalizando 93 profissionais distribuídos nas diversas especialidades. O HV-UFU oferece ampla casuística para aulas, estágios curriculares e pesquisas nas áreas de graduação e pós-graduação, atendendo alunos da UFU e de outras instituições de ensino, nacionais e internacionais. O hospital realiza, em média, 50 atendimentos diários, 250 semanais, 1.000 mensais e 12.000 anuais. Anualmente, são realizados cerca de 3.000 cirurgias, 35.000 exames laboratoriais, 5.000 exames de imagem e 1.000 exames de patologia animal. O HV-UFU oferece 36 vagas em programas de aprimoramento profissional nas áreas de clínica médica e cirúrgica, patologia clínica, medicina de animais selvagens, entre outras. A equipe do hospital é composta por médicos veterinários, enfermeiros veterinários, técnicos de radiologia, farmacêuticos, recepcionistas e uma equipe de apoio responsável pela limpeza e manutenção das instalações. 18 A infraestrutura do Hospital Veterinário é composta por uma recepção, onde os tutores e animais são acolhidos de forma cordial e eficiente, com um espaço destinado para que o tutor aguarde o atendimento. Um consultório de triagem e emergência, onde são realizados atendimentos urgentes e avaliações preliminares dos pacientes, possibilitando a identificação imediata de casos críticos e a tomada de decisões rápidas, e complementando a estrutura, há um corredor que interliga todas essas áreas, garantindo fácil acesso e fluidez no atendimento (Ilustração 1). Ilustração 1. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. Fachada do Hospital B. Recepção C. Sala de Triagem-Emergência D. Corredor Central. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. O hospital possui também uma farmácia que é responsável pelo armazenamento, controle e dispensação de medicamentos e produtos farmacológicos essenciais para o atendimento e tratamento dos pacientes; uma sala de técnica operatória, projetada para realizar procedimentos específicos e preparações pré-operatórias que exigem cuidados especializados; e uma sala dos residentes do setor de clínica cirúrgica de pequenos animais (CCPA), proporcionando um espaço dedicado para o estudo, planejamento e supervisão das atividades cirúrgicas (Ilustração 2). 19 Ilustração 2. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. Farmácia foto 1 B. Farmácia foto 2 C. CCPA – Sala técnica operatória – cirurgia D. CCPA – Sala de Residentes. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. O bloco cirúrgico do Hospital Veterinário dispõe de vestiários masculinos e femininos para troca de roupas e calçados apropriados. Conta também com uma sala de paramentação, onde os profissionais se preparam com os equipamentos de proteção necessários para garantir a assepsia e a segurança durante as cirurgias. Além disso, há uma sala específica para a preparação dos animais, onde são realizados os cuidados iniciais, como sedação e tricotomia (Ilustração 3). 20 Ilustração 3. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA – Vestiário B. CCPA – Sala técnica operatória – Paramentação C. CCPA – Sala de preparação dos animais 01 D. CCPA – Sala de preparação dos animais 02. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. O bloco cirúrgico conta com uma infraestrutura especializada, composta por uma segunda sala de paramentação, uma sala destinada exclusivamente à realização de curativos, além de três salas adequadas para a execução dos procedimentos cirúrgicos. Cada uma dessas salas é equipada com os materiais e instrumentos necessários para garantir a realização segura e eficiente das cirurgias, proporcionando um ambiente controlado e otimizado para o atendimento dos pacientes (Ilustração 4). 21 Ilustração 4. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA – Sala de paramentação B. CCPA – Sala de Curativo C. CCPA – Sala Cirúrgica 01 a 03 D. CCPA – Sala Cirúrgica 01 a 03. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. No bloco cirúrgico, há uma sala dedicada à preparação dos materiais cirúrgicos, devidamente equipada para garantir que todos os instrumentos necessários estejam prontos e esterilizados para os procedimentos. Além disso, o bloco conta com três salas específicas para o armazenamento de materiais cirúrgicos e outros materiais de uso veterinário, como seringas, agulhas, gazes, entre outros itens essenciais. Essas salas são organizadas de forma a garantir o fácil acesso e a conservação adequada dos materiais, assegurando que estejam disponíveis e em condições ideais para utilização durante os atendimentos e intervenções cirúrgicas (Ilustração 5). 22 Ilustração 5. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA - Preparação de materiais cirúrgicos B. CCPA – Sala material cirúrgico 01 C. CCPA – Sala material cirúrgico 02 D. CCPA – Sala material cirúrgico 03. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. Além disso no bloco cirúrgico, também se encontra o espaço destinado ao atendimento do setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA). Este ambiente é complementado por um corredor interno que proporciona a circulação eficiente entre as áreas do bloco cirúrgico. O setor dispõe de uma sala dedicada à preparação dos materiais cirúrgicos, garantindo que todos os instrumentos estejam adequadamente organizados e esterilizados. Também está presente uma sala equipada com uma autoclave, utilizada para a esterilização dos materiais cirúrgicos, assegurando a máxima higiene e segurança durante os procedimentos (Ilustração 6). 23 Ilustração 6. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. CCPA - Preparação de materiais cirúrgicos B. CCPA – Corredor interno C. CCPA – Autoclave D. CCPA – Atendimento. Fonte: Coordenação de estágio da UFU. O Hospital Veterinário conta com cinco consultórios destinados ao atendimento clínico dos pacientes, adequadamente estruturados para oferecer um ambiente apropriado para a realização das consultas e avaliação dos animais (Ilustração 7). Ilustração 7. Estrutura do hospital veterinário da UFU. A. CMPA -Consultório 01 ao 05 B. CMPA - Consultório 01 ao 05 Fonte: Coordenação de estágio da UFU. O Hospital dispõe de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), destinada ao acompanhamento e tratamento de animais internados em estado crítico. Nessa unidade, são acomodados tanto caninos quanto felinos, garantindo um ambiente adequado para o monitoramento contínuo de suas condições clínicas (Ilustração 8). 24 Ilustração 8. Estrutura do Hospital Veterinário da UFU. A. UTI CMPA B. UTI CMPA Fonte: Coordenação de estágio da UFU. 2.2 BMvet Hospital Veterinário - Ribeirão Preto, SP O Hospital Veterinário da BMvet está localizado na cidade de Ribeirão Preto-SP, no endereço Avenida Professor João Fiúsa, 1125 – bairro Jardim São Luiz. O Hospital Veterinário BMvet possui pronto atendimento 24 horas, incluindo domingos e feriados, com todo suporte necessários para qualquer tipo de emergência. Ele conta com médicos veterinários contratados que atuam em seus respectivos setores e especialidades, como clínica geral para cães e gatos, ultrassonografia, radiologia, dermatologia, endocrinologia, oftalmologia, oncologia, nutrição, ortopedia, infectologia. Além de enfermeiros veterinários, recepcionistas, equipe de apoio, responsáveis pela limpeza e manutenção das instalações. A infraestrutura do Hospital Veterinário é composta por dois andares. O primeiro andar inclui uma recepção, uma sala de espera para caninos e outra sala de espera para felinos, um corredor e uma sala ambiente (Ilustração 9). 25 Ilustração 9. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet primeiro andar. A. Fachada do hospital B. Recepção C. Sala de espera para felinos D. Sala de espera para caninos E. Corredor F. Sala ambiente. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Possui um banheiro feminino e um masculino para clientes, uma área de acesso para as escadas ou um elevador para o segundo andar, um laboratório em que são realizadas as análises dos exames clínicos, uma sala de emergência onde são realizados atendimentos urgentes e uma sala de atendimento exclusiva de felinos (Ilustração 10). 26 Ilustração 10. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet primeiro andar. A. Banheiro feminino clientes B. Banheiro masculino clientes C. acesso as escadas para segundo andar D. Laboratório E. Sala de emergência F. Sala de atendimento felinos. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. O hospital conta também com quatro salas de atendimento clínico destinadas a caninos, para oferecer um ambiente apropriado para a realização das consultas e avaliação dos animais. E uma sala exclusiva para atendimentos oftalmológicos, para pacientes que necessitam de atendimento especializado nessa área (Ilustração 11). 27 Ilustração 11. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet primeiro andar. A. Sala de atendimento canino 01 B. Sala de atendimento canino 02 C. Sala de atendimento canino 03 D. Sala de Sala de atendimento oftalmologia. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. No segundo andar, encontra-se o acesso as escadas e elevador, uma lavanderia onde são lavadas as toalhas, cobertas de animais e demais itens necessários, uma copa com cozinha e banheiro para funcionários, e um escritório (Ilustração 12). Ilustração 12. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Escadas acesso ao segundo andar B. Acesso ao elevador C. Corredor D. Copa com cozinha e banheiro para funcionários E. Lavanderia F. Escritório. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. 28 Encontram-se também no segundo andar um consultório de oncologia na qual atende o médico veterinário oncologista Dr. Paulo Jark. uma sala de quimioterapia da Oncospes que oferece as condições adequadas para o tratamento de animais com câncer ou outras doenças que exigem terapias agressivas, garantindo segurança, conforto e monitoramento adequado durante o processo. E uma sala destinada ao armazenamento de materiais quimioterápicos veterinários, os quais são mantidos em condições rigorosamente controladas e adequadas para garantir sua integridade e segurança (Ilustração 13). Ilustração 13. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Sala de materiais quimioterapia 01 B. Sala de quimioterapia C. Sala de atendimento da oncologia Oncospes. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. O segundo andar possui três salas de internação: uma para caninos, uma para felinos e outra para pacientes com doenças infectocontagiosas, como a parvovirose. O andar também abriga uma sala para exames de imagem (incluindo ultrassonografia e radiologia). E um lavatório de animais caso estes se sujem e seja necessária sua limpeza (Ilustração 14). 29 Ilustração 14. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar. A. Sala para exames de imagem (ultrassom e raio-x) B. Área lavatório C. Sala de internação doenças infectocontagiosas D. Sala de internação caninos E. Sala de internação felinos. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. Por fim, ele ainda conta com um bloco cirúrgico, que é composto por uma sala de esterilização, duas salas dedicadas ao armazenamento de materiais cirúrgicos, um corredor de acesso, uma sala destinada à realização de procedimentos cirúrgicos classificados como limpos, e uma sala separada para a execução de procedimentos cirúrgicos considerados contaminados (Ilustração 15). 30 Ilustração 15. Estrutura do Hospital Veterinário BMvet segundo andar, bloco cirúrgico. A. Sala de esterilização B. Sala de materiais cirúrgicos 01 C. Sala de materiais cirúrgicos 02 D. Corredor do bloco cirúrgico E. Centro cirúrgico limpo F. Centro cirúrgico contaminado. Fonte: Giovanna Bobadilla Morelli, outubro de 2024. 2.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez O Médico Veterinário Juliàn Andrés Sanjuán Galindez possui graduação em Medicina Veterinaria y Zootecnia pela Universidad de la Amazonia - UDLA, Florencia, Caquetá, Côlombia (2012), Mestrado (2020) em Cirurgia Veterinária pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista - FCAV/Unesp, Jaboticabal, SP com ênfase em ortopedia, traumatologia e neurocirurgia. Atualmente é médico veterinário autônomo atuando nas áreas de clínica cirúrgica, cirurgia de tecidos moles, ortopedia, traumatologia e neurocirurgia de pequenos animais. 31 Considerando que o estágio foi conduzido sob a supervisão de um médico veterinário volante, não houve um local fixo e previamente designado para sua realização. Dessa forma, os procedimentos cirúrgicos ocorreram em uma variedade de clínicas e hospitais veterinários (Ilustração 16), abrangendo tanto a cidade de Ribeirão Preto quanto outras localidades da região, sendo todas no estado de São Paulo (Ilustração 17). Esse caráter itinerante permitiu a atuação em distintas cidades próximas, incluindo Serrana, Sertãozinho, Cravinhos, Brodowski e Pitangueiras, proporcionando uma experiência diversificada e abrangente em diferentes contextos clínicos e hospitalares. Ilustração 16. Representação gráfica dos atendimentos das clínicas veterinárias. 32 Ilustração 17. Representação gráfica dos atendimentos em várias cidades na região, sendo estas do estado de São Paulo. 33 3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 3.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG O Hospital Veterinário da UFU conta, na área de Cirurgia de Pequenos Animais, com uma equipe de oito residentes que participam ativamente da rotina clínico- cirúrgica do estabelecimento, composta por quatro residentes de primeiro ano (R1) e quatro de segundo ano (R2). O estágio é estruturado de modo que o estagiário passe a cada mês no hospital, distribuindo-se durante três semanas no centro cirúrgico e uma semana em outros setores, como a clínica ou a UTI. 3.1.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG – Área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA) No centro cirúrgico, os estagiários eram responsáveis pela reposição de todos os materiais, incluindo tapetes higiênicos nas baias dos animais e a organização dessas baias. Além disso, realizavam a reposição de materiais descartáveis, como agulhas, seringas, cateteres, gazes, esparadrapos, micropore, entre outros necessários. Também era incumbência dos estagiários reabastecer os fármacos utilizados, retirando novas unidades na farmácia, e garantir a reposição dos produtos necessários na sala de cirurgia, enchendo as almotolias com álcool, clorexidina degermante, clorexidina alcoólica e outros itens essenciais. O estagiário era responsável pela coleta de amostras de sangue dos animais, conforme as orientações clínicas, como parte do exame pré-operatório. Esse procedimento era essencial para avaliar os parâmetros hematológicos e bioquímicos, garantindo que o estado de saúde do animal fosse adequado para a cirurgia, permitindo à equipe veterinária identificar riscos e contraindicações, e assim, realizar o procedimento de forma segura. O estagiário desempenhava funções abrangendo todas as etapas do processo cirúrgico. No pré-operatório, realizavam atividades como tricotomia, cateterização venosa e antissepsia. Durante os procedimentos cirúrgicos, atuavam como auxiliares ou assistentes, participando de práticas simples, como suturas de musculatura, subcutâneo e pele. No pós-operatório, eram responsáveis pelos cuidados necessários, como realização de curativos e bandagens, além de fornecer orientações 34 sobre as prescrições aos tutores e proceder à entrega dos animais. Os estagiários, quando não estavam auxiliando nos procedimentos cirúrgicos, acompanhavam o estado anestésico do animal, verificando frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, pressão, oxigenação e demais parâmetros, auxiliando o anestesista na manutenção do bem-estar do paciente durante a cirurgia. A Ilustração 18 representa a quantidade de animais atendidos na Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, organizados de acordo com a sua espécie. Ilustração 18. Representação gráfica da distribuição das espécies atendidos na CCPA do Hospital Veterinário da UFU, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. A Ilustração 19 representa os sexos dos animais que foram atendidos durante o estágio realizado na CCPA do Hospotal Veterinário da UFU. Ilustração 19. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. 35 A Ilustração 20 demonstra a relação entre a quantidade de animais sem raça definida (SRD) e animais com raça definida, dentre os animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais. Ilustração 20. Representação gráfica de raça definida dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. A Ilustração 21 mostra a relação dos animais domésticos quanto a raça atendida no Hospital Veterinário da UFU do setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA), mostrando as quantidades de cada raça e sua porcentagem em relação ao total de animais atendidos, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. 36 Ilustração 21. Relação dos animais domésticos quanto as raças atendidas no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. RAÇA QUANTIDADE PORCENTAGEM SRD 182 80,2% Shih Tzu 10 4,4% Pinscher 5 2,2% Spitz Alemão 5 2,2% Yorkshire Terrier 4 1,8% Pitbull 3 1,3% Dachshund 3 1,3% Poodle 3 1,3% Beagle 2 0,9% Buldogue Francês 1 0,44% Blue Heeler 1 0,44% Red Heeler 1 0,44% Lhasa Apso 1 0,44% Cocker Spaniel 1 0,44% Pastor Belga 1 0,44% Chihuahua 1 0,44% Labrador 1 0,44% Rotweiller 1 0,44% Chow-Chow 1 0,44% TOTAL 227 100% A Ilustração 22 mostra a relação dos animais domésticos quanto a categoria cirúrgica afetada ao qual foi necessário o procedimento cirúrgico, dentre os animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU do setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA), no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Ilustração 22. Relação dos animais domésticos quanto a categoria cirúrgica afetado dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CCPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. CATEGORIA CIRÚRGICA QUANTIDADE PORCENTAGEM Ortopédica 72 31,7% Oncológica 62 27,3% Reprodutiva 44 19,4% Tecidos moles 32 14,1% Oftálmica 12 5,3% Tegumentar 3 1,3% Odontológica 2 0,9% TOTAL 227 100% 37 3.1.2 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Uberlândia, MG – Área de CMPA e UTI Na UTI os estagiários eram responsáveis por monitorar a condição dos animais internados, verificando sinais vitais, temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão, tempo de preenchimento capilar, coloração de mucosas, e outros parâmetros clínicos conforme orientação dos residentes. Eram responsáveis por auxiliar na administração de medicamentos prescritos, seja via oral, injetável ou tópico, e acompanhar os horários e doses dos tratamentos. Participava de procedimentos básicos, como a coleta de sangue, aplicação de soro e realização de exames, como ultrassonografia ou raio-X, sempre sob supervisão. Além de auxiliar na alimentação dos animais internados, garantindo o cumprimento das dietas prescritas, e colaborar com a limpeza e higienização dos leitos e das áreas onde os animais permanecem. Na rotina da Clínica Médica de Pequenos Animais (CMPA) os estagiários eram responsáveis pelo apoio no exame clínico, auxiliando o residente durante a consulta, realizando anamnese, exame físico, registrando informações sobre a saúde e o histórico médico do paciente, ajudando na coleta de dados importantes para o diagnóstico. Além de realizar, sob orientação, coletas de sangue, urina, ou outros materiais biológicos necessários para exames laboratoriais. A Ilustração 23 representa a quantidade de animais atendidos na Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais e UTI, organizados de acordo com a sua espécie. Ilustração 23. Representação gráfica da distribuição das espécies atendidos na CMPA e UTI do Hospital Veterinário da UFU, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. 38 A Ilustração 24 representa os sexos dos animais que foram atendidos durante o estágio realizado na Clínica Médica de Pequenos Animais e UTI do Hospital Veterinário da UFU. Ilustração 24. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. A Ilustração 25 demonstra a relação entre a quantidade de animais sem raça definida (SRD) e animais com raça definida, dentre os animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais e UTI. Ilustração 25. Representação gráfica de raça definida dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. A Ilustração 26 denota a casuística dos animais domésticos com relação as raças atendidas no Hospital Veterinário da UFU nos setores de CMPA e UTI, no período de 39 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Vale ressaltar que os valores apresentados não representam a casuística total do estabelecimento durante o período apresentado, mas sim dos casos acompanhados pela estagiária. Ilustração 26. Relação dos animais domésticos quanto a espécie e raça atendidas no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. RAÇA QUANTIDADE PORCENTAGEM SRD 37 68,5% Shih Tzu 4 7,4% Pitbull 3 5,6% Pinscher 2 3,7% Rotweiller 2 3,7% Lhasa Apso 1 1,85% Husky Siberiano 1 1,85% Yorkshire 1 1,85% Fila 1 1,85% Pug 1 1,85% Chow-Chow 1 1,85% TOTAL 54 100% A Ilustração 27 mostra a relação dos animais domésticos quanto ao sistema afetado ao qual foi necessário o procedimento cirúrgico, dentre os animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU do setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. Vale ressaltar que os valores apresentados não representam a casuística total do estabelecimento durante o período apresentado, mas sim dos casos acompanhados pela estagiária. Ilustração 27. Relação dos animais domésticos quanto ao sistema afetado dos animais atendidos no Hospital Veterinário da UFU no setor de CMPA e UTI, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2024. SISTEMA AFETADO QUANTIDADE PORCENTAGEM Musculoesquelético 25 46,4% Gastrointestinal 10 18,4% Respiratório 5 9,2% Tegumentar 5 9,2% Reprodutivo 5 9,2% Cardiovascular 2 3,8% Oftálmico 2 3,8% TOTAL 54 100% 40 3.2 BMvet Hospital Veterinário No Hospital Veterinário BMvet, a estagiária realizava atividades de apoio em vários setores, desempenhando uma série de funções que contribuíam para o atendimento e cuidado integral dos pacientes. Na área de clínica geral, sua atuação envolvia auxiliar o médico veterinário durante as consultas, participando da coleta de informações para a anamnese, verificando e registrando parâmetros vitais dos animais, como temperatura, frequência cardíaca e respiratória, e, quando necessário, auxiliando na coleta de sangue e outros exames laboratoriais. Essas atividades permitiam que o veterinário obtivesse dados completos e atualizados para o diagnóstico e tratamento adequado dos pacientes. Além das funções na clínica geral, a estagiária acompanhava e prestava suporte a especialistas de diversas áreas que atuavam na clínica, como cardiologistas, ultrassonografistas, radiologistas, oftalmologistas e endocrinologistas. Durante esses atendimentos especializados, a estagiária auxiliava na contenção dos animais, garantindo que os procedimentos fossem realizados com segurança tanto para os pacientes quanto para os profissionais. Também colaborava na organização e preparo dos materiais necessários para os exames, contribuindo para que o atendimento transcorresse de forma eficiente e dentro dos padrões de higiene e assepsia. O estágio contava com o auxílio na internação, observando e registrando os parâmetros vitais dos animais internados, como temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão e outros sinais clínicos importantes, seguindo a frequência estabelecida pelos protocolos do hospital. Auxiliava na administração de medicamentos conforme prescrição, podendo realizar aplicações orais, tópicas ou injetáveis. O estagiário também ajuda a monitorar os horários e doses para garantir que os tratamentos sejam seguidos corretamente. Realizava, sob orientação, a cateterização venosa, coleta de amostras de sangue, urina, fezes ou outras secreções, seguindo as normas de biossegurança. Essas amostras são enviadas ao laboratório para avaliação diagnóstica. Ajudava na alimentação dos animais, respeitando as dietas prescritas para cada paciente. Também auxilia na manutenção da higiene, limpando os leitos e cuidando da limpeza dos animais quando necessário. Observava os pacientes em recuperação após procedimentos cirúrgicos, garantindo a realização de curativos e bandagens, verificando sinais de dor, infecção ou outras complicações, e relatando qualquer 41 alteração ao veterinário responsável. Ajudava a manter o ambiente limpo e organizado, garantindo que os materiais e instrumentos estejam sempre disponíveis e que as áreas de internação respeitem os padrões de higiene e assepsia. O estagiário também prestava apoio no centro cirúrgico, auxiliando na preparação dos animais para a cirurgia, incluindo a realização da tricotomia e a aplicação de antissépticos na área da incisão, seguindo os protocolos de assepsia. Além disso, ajudava na organização e reposição dos materiais cirúrgicos, garantindo que todos os instrumentos estivessem esterilizados e prontos para o uso. Durante os procedimentos, quando autorizado, o estagiário atuava como assistente, passando instrumentos ao veterinário, ajudando a manter a exposição do campo cirúrgico e prestando suporte em outras tarefas, como a realização de suturas simples e monitoramento dos sinais vitais, sempre sob supervisão. A estagiária também teve a oportunidade de acompanhar a rotina do médico veterinário oncologista especialista da clínica Dr. Paulo Jark, participando ativamente do atendimento clínico aos pacientes oncológicos da Oncospes (Serviço Especializado em Oncologia Veterinária). Durante esse acompanhamento, a estagiária prestava suporte em diversas atividades, como a coleta de sangue, a realização de anamnese detalhada dos pacientes e outras tarefas necessárias para o adequado diagnóstico e monitoramento dos animais. Além disso, a estagiária auxiliava diretamente nos procedimentos de quimioterapia, colaborando na administração dos tratamentos aos animais, assegurando que todos os protocolos e cuidados específicos fossem seguidos, sempre sob a supervisão do especialista. A Ilustração 28 representa a quantidade de animais atendidos, organizados de acordo com a sua espécie. 42 Ilustração 28. Representação gráfica das espécies dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. A Ilustração 29 representa a quantidade de animais atendidos, categorizados conforme o seu sexo. Ilustração 29. Representação gráfica dos sexos dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. 43 A Ilustração 30 representa a quantidade de animais atendidos, organizados de acordo com a raça, se eles possuem ou não uma raça definida. Ilustração 30. Representação gráfica das raças dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. A Ilustração 31 denota a casuística dos animais domésticos com relação as raças atendidas atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. Vale ressaltar que os valores apresentados não representam a casuística total do estabelecimento durante o período apresentado, mas sim dos casos acompanhados pela estagiária. 44 Ilustração 31. Relação dos animais domésticos quanto a espécie e raça atendidas no atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. RAÇA QUANTIDADE PORCENTAGEM SRD 58 32% Shih Tzu 24 13,3% Yorkshire Terrier 18 10% Golden Retriever 9 5% Poodle 8 4,4% Border Colie 8 4,4% Pitbull 7 3,9% Dachshund 7 3,9% Maltês 6 3,3% Beagle 5 2,8% Buldogue Francês 5 2,8% Labrador 4 2,2% Pastor alemão 4 2,2% Persa 3 1,7% Coton de Tulear 3 1,7% Lhasa Apso 2 1,1% Chow-Chow 2 1,1% Cavalier King Charles Spaniel 2 1,1% Schnauzer 1 0,5% Poodle Toy 1 0,5% Bernese 1 0,5% Whippet 1 0,5% Mastim Inglês 1 0,5% Basset Hound 1 0,5% TOTAL 181 100% A Ilustração 32 ilustra as categorias cirúrgicas dos animais que passaram por procedimento cirúrgico dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. 45 Ilustração 32. Representação gráfica das categorias cirúrgicas afetadas dos animais que passaram por procedimento cirúrgico no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. A Ilustração 33 ilustra a categoria clínica afetada nos animais que apresentaram condições mais graves, exigindo a necessidade de internação no Hospital Veterinário da BMvet. Ilustração 33. Representação gráfica das categorias clínicas afetadas dos animais atendidos no Hospital Veterinário BMvet e que ficaram internados, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. 46 A Ilustração 34 ilustra a quantidade de animais atendido no hospital e que passaram por atendimento na área de clínica veterinária, e quais foram as categorias afetadas. Ilustração 34. Representação gráfica das categorias afetadas dos animais que passaram por atendimento na área de clínica veterinária no Hospital Veterinário BMvet, no período de 01 a 31 de outubro de 2024. 3.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez Ao acompanhar o médico veterinário volante, a estagiária desempenhou diversas funções essenciais ao suporte das atividades cirúrgicas. Primeiramente, a estagiária participava dos atendimentos, acompanhando o veterinário nas consultas para auxiliar na identificação e diagnóstico do problema, preparando-se para o procedimento cirúrgico. Além disso, era responsável por acompanhar o veterinário entre diferentes clínicas, ajudando no transporte, organização e higienização dos instrumentos e equipamentos ao final de cada visita, bem como na organização do espaço e preparação dos materiais cirúrgicos, produtos de assepsia e equipamentos de monitoramento. Entre as atribuições da estagiária, incluía-se a preparação do paciente para a cirurgia, realizando tricotomia (remoção dos pêlos da área de incisão), cateterização venosa, aplicação de antisséptico e monitoramento dos sinais vitais 47 antes do procedimento. Ela também auxiliava na organização e disposição dos materiais necessários, como instrumentos cirúrgicos e medicamentos, garantindo que o ambiente estivesse pronto para o atendimento. Quando necessário, a estagiária prestava suporte no exame de raio-X no pré, trans e pós-operatório, ajudando a garantir a eficácia da cirurgia realizada pelo médico veterinário. Durante o procedimento cirúrgico, atuava como assistente, passando instrumentos, ajudando a manter a exposição do campo cirúrgico e, em alguns casos, realizando suturas simples na musculatura, subcutâneo e pele, conforme orientação. Além disso, cuidava do fechamento da incisão, aplicava curativos e realizava a limpeza da área cirúrgica, monitorando o paciente na recuperação inicial e observando sinais de dor ou complicações. Por fim, ao término do procedimento, a estagiária limpava e esterilizava os instrumentos utilizados, higienizava o ambiente e organizava os materiais para o próximo atendimento, assegurando a continuidade do padrão de assepsia. A Ilustração 35 ilustra a quantidade de animais atendido no hospital e que passaram por atendimento na área de clínica veterinária, e quais foram os sistemas comprometidos destes. Ilustração 35. Representação gráfica das espécies dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. A Ilustração 36 ilustra o sexo dos animais atendidos e que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn A. S. Galindez. 48 Ilustração 36. Representação gráfica dos sexos dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. A Ilustração 37 Mostra os animais que possuem raça definida ou que são sem raça definida (SRD), dentre os que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez. Ilustração 37. Representação gráfica dos animais que possuem raça definida ou que são sem raça definida (SRD), que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. A Ilustração 38 evidencia os animais que possuem raça definida, e quais são elas, dentre os animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez. 49 Ilustração 38. Representação gráfica das raças dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. RAÇA QUANTIDADE PORCENTAGEM SRD 16 27,2% Yorkshire 6 10,2% Poodle 5 8,5% Shih Tzu 4 6,8% Spitz Alemão 3 5% Golden Retriever 3 5% Rotweiller 3 5% Dachshund 2 3,4% Pinscher 2 3,4% Lhasa Apso 2 3,4% Chihuahua 2 3,4% Buldogue Inglês 1 1,7% Maltês 1 1,7% Dogue Alemão 1 1,7% Cane Corso 1 1,7% Pastor Alemão 1 1,7% Border Colie 1 1,7% Buldogue Francês 1 1,7% Pitbull 1 1,7% Blue Heeler 1 1,7% Labrador 1 1,7% Beagle 1 1,7% TOTAL 59 100% A Ilustração 39 representa a categoria cirúrgica afetada dos animais que precisaram passar por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. Ilustração 39. Categoria cirúrgica afetada dos animais que passaram por procedimento cirúrgico com o Médico Veterinário volante Juliàn Andrés Sanjuán Galindez, no período de 01 a 30 de novembro de 2024. CATEGORIA CIRÚRGICA QUANTIDADE PORCENTAGEM Musculoesquelético 44 74,6% Neoplasia 7 11,9% Urinário 5 8,4% Digestório 1 1,7% Auditivo 1 1,7% Reprodutor 1 1,7% TOTAL 59 100% 50 4. DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 4.1 Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Entre 1º de agosto e 30 de setembro de 2024, o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizou o atendimento de 281 animais. Desses, 227 foram submetidos a procedimentos cirúrgicos no setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA), enquanto 54 receberam atendimento no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais (CMPA) e na UTI. Em termos de distribuição por sexo, 168 animais eram fêmeas (59,8%) e 113 machos (40,2%). Quanto às espécies, 242 eram caninos (86,1%), 38 felinos (13,5%) e 1 coelho (0,4%). Desses, 219 animais eram de Sem Raça Definida (SRD), representando 78%, enquanto 62 possuíam raça definida, correspondendo a 22%. Entre 242 caninos, 180 eram SRD (74,65%). No grupo de animais com raça definida, destacam-se várias raças: 14 Shih Tzu (5,8%), 7 Pinscher (2,9%), 6 Pitbull (2,5%), 5 Spitz Alemão (2%), 5 Yorkshire Terrier (2%), 3 Dachshund (1,25%), 3 Poodle (1,25%), 3 Rotweiller (1,25%), 2 Beagle (0,8%), 2 Lhasa Apso (0,8%), 2 Chow-Chow (0,8%), 1 Buldogue Francês (0,4%), 1 Blue Heeler (0,4%), 1 Red Heeler (0,4%), 1 Cocker Spaniel (0,4%), 1 Pastor Belga (0,4%), 1 Chihuahua (0,4%), 1 Labrador (0,4%), 1 Husky Siberiano (0,4%), 1 Fila (0,4%) e 1 Pug (0,4%). Quanto aos 38 felinos e ao único coelho atendido, todos eram classificados como SRD, totalizando 100% desses animais. Na área de Clínica Médica de Pequenos Animais e UTI, o sistema mais frequentemente acometido foi o musculoesquelético. A distribuição dos sistemas afetados, em ordem decrescente de frequência, foi a seguinte: 25 casos relacionados ao sistema musculoesquelético (46,4%), 10 ao sistema gastrointestinal (18,4%), 5 ao sistema respiratório (9,2%), 5 ao sistema tegumentar (9,2%), 5 ao sistema reprodutivo (9,2%), 2 ao sistema cardiovascular (3,8%) e 2 ao sistema oftálmico (3,8%). Na área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, as categorias cirúrgicas mais frequentes foram relacionadas a condições musculoesqueléticas e 51 oncológicas. A distribuição dos casos, organizada em ordem decrescente de frequência, foi a seguinte: 72 procedimentos ortopédicos (31,7%), 62 relacionados a condições oncológicas (27,3%), 44 envolvendo o sistema reprodutivo (19,4%), 32 procedimentos em tecidos moles (14,1%), 12 oftálmicos (5,3%), 3 de tegumentar (1,3%) e 2 odontológicos (0,9%). 4.2 BMvet Hospital Veterinário No período de 1º a 31 de outubro de 2024, o Hospital Veterinário BMvet realizou o atendimento de 181 animais. Dentre eles, 25 foram submetidos a procedimentos cirúrgicos, 50 receberam atendimento no setor de clínica, e 106 necessitaram de internação. Quanto à distribuição por espécies, 153 eram caninos (84,5%) e 28 felinos (15,5%). Em relação à classificação racial, 123 animais pertenciam a raças definidas (68%), enquanto 58 foram identificados como Sem Raça Definida (32%). No que tange ao sexo, 93 eram fêmeas (51,4%) e 88 machos (48,6%). Entre os 153 cães atendidos, 33 foram classificados como Sem Raça Definida (SRD), representando 21,5% do total. Os demais 120 animais pertenciam a raças definidas, distribuídas da seguinte forma: 24 Shih Tzus (15,6%), 18 Yorkshire Terriers (11,8%), 9 Golden Retrievers (5,9%), 8 Poodles (5,2%), 8 Border Collies (5,2%), 7 Pitbulls (4,6%), 7 Dachshunds (4,6%), 6 Malteses (3,9%), 5 Beagles (3,2%), 5 Bulldogs Franceses (3,2%), 4 Labradores (2,6%), 4 Pastores Alemães (2,6%), 3 Coton de Tulear (2%), 2 Lhasa Apsos (1,3%), 2 Chow-Chows (1,3%), 2 Cavalier King Charles Spaniels (1,3%), e um exemplar de cada uma das seguintes raças: Schnauzer (0,7%), Poodle Toy (0,7%), Bernese (0,7%), Whippet (0,7%), Mastim Inglês (0,7%) e Basset Hound (0,7%). Entre os 28 felinos atendidos, observou-se que 3 deles pertenciam à raça Persa, representando 10,7% do total. Os demais 25 felinos, correspondentes a 89,3%, foram classificados como Sem Raça Definida (SRD). Essa predominância de animais sem raça definida reflete um padrão frequentemente observado em atendimentos clínicos de rotina. 52 Na área clínica, dentre os 50 atendimentos realizados os maiores problemas foram relacionados a oncologia, o qual representou 34 casos (68%). Os demais casos apresentaram como distribuição das categorias afetadas, em ordem decrescente de frequência, a seguinte: 4 do sistema tegumentar (8%), 3 do sistema cardiovascular (6%), 3 do sistema endócrino (6%), 2 do sistema musculoesquelético (4%), 2 do sistema respiratório (4%), 1 do sistema urinário (2%) e 1 do sistema digestório (2%). Entre os 106 animais internados, 16 deles (15,1%) apresentaram problemas na categoria clínica oncológica, e os foram distribuídos, em ordem decrescente de frequência, da seguinte forma: 20 casos envolvendo o digestório (18,9%), 17 relacionados ao sistema respiratório (16%), 15 ao sistema urinário (14,2%), 12 ao sistema nervoso (11,3%), 7 ao sistema musculoesquelético (6,6%), 7 ao sistema cardiovascular (6,6%), 6 ao sistema endócrino (5,8%), 3 ao sistema tegumentar (2,8%), 1 ao sistema oftálmico (0,9%), 1 ao sistema reprodutivo (0,9%) e 1 ao sistema auditivo (0,9%). Com relação aos 25 animais submetidos a procedimentos cirúrgicos, 7 deles (28%) estavam na categoria cirúrgica oncológica. As outras categorias foram classificadas, por ordem de frequência, da seguinte maneira: 6 casos envolvendo o sistema oftálmico (24%), 5 relacionados ao sistema musculoesquelético (20%), 2 do sistema reprodutivo (8%), 2 do digestório (8%), 1 do sistema auditivo (4%), 1 do sistema circulatório (4%) e 1 caso envolvendo oncológico associada a acometimento oftálmico (4%). 4.3 Médico Veterinário Me. Juliàn Andrés Sanjuán Galindez No período de 1º a 30 de novembro de 2024, o Médico Veterinário volante Julián Andrés Sanjuán Galíndez realizou o atendimento de um total de 59 animais. No que se refere à distribuição por espécies, 52 eram caninos (88,1%) e 7 felinos (11,9%). Dentre esses, 43 animais foram identificados como pertencentes a raças definidas (72,9%), enquanto 16 não apresentavam raça definida (27,1%). Quanto à distribuição por sexo, observou-se que 33 dos animais atendidos eram fêmeas (55,9%), enquanto 26 eram machos (44,1%). 53 Entre os 52 caninos submetidos a procedimentos cirúrgicos, 9 eram classificados como Sem Raça Definida (SRD), correspondendo a 17,3% do total. Dentre os animais de raça definida, a distribuição foi a seguinte: 6 Yorkshire Terriers (10,2%), 5 Poodles (8,5%), 4 Shih Tzus (6,8%), 3 Spitz Alemães (5%), 3 Golden Retrievers (5%), 3 Rottweilers (5%), 2 Dachshunds (3,4%), 2 Pinschers (3,4%), 2 Lhasa Apsos (3,4%), 2 Chihuahuas (3,4%), 1 Bulldog Inglês (1,7%), 1 Maltês (1,7%), 1 Dogue Alemão (1,7%), 1 Cane Corso (1,7%), 1 Pastor Alemão (1,7%), 1 Border Collie (1,7%), 1 Bulldog Francês (1,7%), 1 Pitbull (1,7%), 1 Blue Heeler (1,7%), 1 Labrador Retriever (1,7%) e 1 Beagle (1,7%). Entre os 7 felinos submetidos a procedimentos cirúrgicos, verificou-se que a totalidade (100%) pertencia à categoria de Sem Raça Definida (SRD). Essa uniformidade reflete a predominância de animais dessa classificação entre os atendidos para intervenções cirúrgicas no período analisado. Dos 59 animais submetidos a procedimentos cirúrgicos pelo Médico Veterinário volante Julián Andrés Sanjuán Galíndez, 7 casos foram relacionados a neoplasias (11,9%), e a distribuição dos sistemas acometidos dos demais procedimentos foi a seguinte: 44 casos envolvendo o sistema musculoesquelético (74,6%), 5 ao sistema urinário (8,4%), 1 ao sistema digestório (1,7%), 1 ao sistema auditivo (1,7%) e 1 ao sistema reprodutor (1,7%). 54 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A seleção de locais de estágio com características tão distintas proporcionou uma experiência ampla e diversificada no âmbito da prática veterinária. Essa variedade permitiu vivenciar diferentes abordagens de atendimento, estruturas organizacionais e perfis de casuística, contribuindo significativamente para o aprimoramento técnico e a formação de uma visão mais abrangente e crítica sobre as demandas e desafios da profissão. O primeiro local, o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), trata-se de um hospital-escola que oferece inúmeros benefícios, atendendo especialmente tutores de baixa renda, ONGs, a Associação de Proteção Animal (APA), a polícia militar, animais de rua atropelados, entre outros casos sociais. O segundo, o Hospital Veterinário BMvet, é uma instituição privada, localizada em um bairro nobre de Ribeirão Preto, caracterizado por um público com maior renda e uma infraestrutura moderna. Por fim, a terceira experiência foi com um médico veterinário volante, que não possui clínica fixa e presta serviços em diversas clínicas veterinárias em Ribeirão Preto e região, ampliando a experiência prática em diferentes contextos profissionais. Outro fator relevante a ser considerado é a casuística. O Hospital Veterinário da UFU, por ser um hospital-escola que oferece diversos benefícios e atrai uma quantidade significativamente maior de casos em comparação aos demais locais, no qual o atendimento exige maior investimento financeiro por parte dos tutores. Além disso, observa-se que a maioria dos atendimentos no Hospital Veterinário da UFU é destinada a animais sem raça definida (SRD), e em contrapartida, nos estágios realizados no Hospital Veterinário BMvet e com o médico veterinário volante, predominam os atendimentos a animais de raça definida, evidenciando diferenças nos perfis de atendimento entre as instituições. Por fim, é importante destacar que todos os locais de estágio desempenharam um papel significativo no desenvolvimento profissional, proporcionando valiosas oportunidades de aprendizado prático na Medicina Veterinária. Essas experiências complementaram a formação acadêmica, contribuindo para a aquisição de habilidades técnicas e práticas essenciais, além de preparar o estagiário para o exercício da profissão com competência, ética e responsabilidade. 55 II MONOGRAFIA: PENECTOMIA E URETROSTOMIA PRÉ-ESCROTAL DEVIDO RUPTURA TRAUMÁTICA DE URETRA – RELATO DE CASO 1. INTRODUÇÃO Uretrostomia é uma técnica de salvamento empregada em cães e gatos, que consiste em realizar uma abertura cirúrgica de uma fístula em uma porção da uretra, de forma permanente (SILVA, 2017). A uretrostomia é indicada para (1) cálculos obstrutivos recorrentes que não podem ser tratados clinicamente; (2) cálculos que não podem ser removidos por retrohidropropulsão ou uretrotomia; (3) estenose uretral; (4) neoplasia uretral ou peniana ou trauma grave; e (5) neoplasia prepucial com necessidade de amputação peniana. Dependendo do local da lesão, a uretrostomia pode ser pré-escrotal, escrotal, perineal ou pré-púbica em cães (FOSSUM, 2018). A escolha da região da abertura da fístula, deve levar em consideração a localização da lesão no sistema urinário, devendo assim ser realizada cranialmente a lesão (SILVA, 2017). O presente estudo tem como objetivo relatar o caso de um cão sem raça definida (SRD), atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Uberlândia-MG. O animal apresentava um quadro grave, incluindo ruptura da uretra, necrose significativa no pênis e uma massa de grandes proporções na mesma região. Diante da gravidade das lesões, optou-se pela realização de uretrostomia pré-escrotal e penectomia, associadas à orquiectomia, como medidas necessárias para o tratamento. Esses procedimentos foram indicados devido às condições críticas apresentadas, possivelmente agravadas por um trauma prévio. 56 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Anatomia do sistema urinário Os órgãos urinários estão intimamente relacionados aos órgãos reprodutores no que diz respeito ao desenvolvimento embrionário e à topografia anatômica. Eles também compartilham segmentos terminais comuns, situados na cavidade pélvica. Portanto, os dois conjuntos de órgãos costumam ser descritos sob uma única rubrica, o aparelho urogenital. Os órgãos urinários são os rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Os rins produzem urina a partir do sistema circulatório por meio de filtração, secreção, reabsorção e concentração. Os ureteres transportam a urina desde os rins até a vesícula urinária, onde ela é armazenada até sua eliminação pela uretra (KONIG et al.,2016). A função principal do rim é manter a composição dos líquidos corporais dentro do âmbito fisiológico. Ele remove produtos do metabolismo e excreta substâncias do sangue pela filtração do plasma, inicialmente obtendo um grande volume de líquidos, a urina primária (KONIG et al.,2016). O ureter tem início em uma expansão comum, a pelve renal, dentro da qual todos os ductos papilares se abrem. Ao chegar na cavidade pélvica, o ureter se curva medialmente para adentrar a prega genital, no caso dos machos, ou o ligamento largo, no caso das fêmeas. No macho, o ureter passa dorsalmente ao ducto deferente correspondente. O ureter penetra na parede da bexiga de forma acentuadamente oblíqua (DYCE et al., 2010). A bexiga é um órgão muscular que armazena a urina antes de sua excreção. Nos cães, ela está localizada na região pélvica e possui uma estrutura elástica que permite sua expansão conforme a urina se acumula. É um órgão musculomembranoso oco cuja forma, tamanho e posição variam conforme a quantidade de urina que contém (KONIG et al.,2016). A uretra na fêmea serve exclusivamente para o transporte de urina, enquanto no macho ela canaliza a urina, o sêmen e secreções seminais. A uretra feminina se projeta caudalmente no assoalho pélvico ventral ao trato reprodutor, ela atravessa a parede da vagina em sentido oblíquo e se abre com o óstio externo da uretra ventralmente na união entre vagina e vestíbulo. A uretra masculina se prolonga desde uma abertura interna no colo da vesícula urinária até uma abertura externa na extremidade do pênis (KONIG et al.,2016). 57 2.2 Etiologia As afecções penianas e de prepúcio são recorrentes na rotina clínica de pequenos animais (VOLPATO et al., 2010), sobretudo, em virtude do posicionamento anatômico externo dessas estruturas, tornando-as assim, suscetíveis a lesões traumáticas diretas (FOSTER et al., 2018). Podem apresentar origem congênita, ou adquirida, provenientes de traumas, processos neoplásicos, priapismo e balanopostites (VOLPATO et al., 2023). Segundo Voelkl (2012) os traumatismos são um dos principais fatores que levam ao comprometimento estrutural peniano e prepucial, afetando, em sua grande maioria, a funcionalidade reprodutiva e urinária dos cães. Os traumas podem ser decorrentes da cópula, acidentes automobilísticos, brigas ou saltos, podendo consequentemente, acarretar lacerações, fraturas e hematomas (VOLPATO et al., 2023). Esses fatores favorecem a entrada de microrganismos no espaço prepucial, resultando em alguns casos em inflamação e necrose tecidual (Cruz et al., 2015). Outro risco destes traumas é a ruptura da uretra, podendo comprometer a saúde do animal. As neoplasias penianas e prepuciais são desafiadoras, sobretudo em casos graves onde há grande comprometimento regional, afetando a reconstrução cirúrgica (BJORLING et al., 2003; MACPHAIL et al., 2013). Na maioria dos casos, faz-se necessária penectomia e uretrostomia. Os tumores com maior ocorrência na região cutânea, adjacente ao prepúcio, são os mastocitomas e carcinomas de células escamosas (Morris; Dobson, 2001; Burrow et al., 2011). Já no pênis e mucosa prepucial, destacam-se os hemangiomas, melanomas, papilomas, histiocitomas, hemangiossarcomas e tumores venéreos transmissíveis (TVT) (Voelkl, 2013). 58 2.3 Sinais clínicos e diagnóstico As neoplasias do pênis em cães, como os carcinomas de células escamosas, são raras, mas representam uma das principais causas de lesões penianas em cães adultos. Os sinais clínicos frequentemente observados incluem ulcerações, aumento de volume local e lesões, que podem ser acompanhadas por dor e disúria (dificuldade para urinar). Além disso, sangramento peniano ou presença de secreção podem ser relatados. O diagnóstico definitivo requer biópsia e exame histopatológico, enquanto exames de imagem, como ultrassonografia e radiografia, auxiliam na avaliação da extensão e possíveis metástases regionais (Fossum et al., 2018; Ettinger et al., 2017). A necrose peniana pode ocorrer devido a interrupções no fluxo sanguíneo, que podem ser causadas por traumas, infecções graves ou complicações secundárias a doenças sistêmicas. Clinicamente, observa-se descoloração do pênis, presença de áreas necróticas, odor fétido e secreção purulenta. Em casos avançados, podem surgir sinais sistêmicos, como febre e letargia, indicando possível infecção secundária. Segundo Fossum (2018), a avaliação inicial inclui exame físico detalhado e diagnóstico diferencial para excluir neoplasias ou infecções específicas. Biópsias e cultura microbiológica podem ser necessárias para identificação do agente causal. A ruptura uretral é frequentemente associada a traumas externos, como atropelamentos ou lesões causadas por obstruções crônicas. Os sinais clínicos incluem incontinência urinária, dor localizada, distensão abdominal e sinais de peritonite química, como letargia e vômitos. Exames de imagem, como uretrografia com contraste e ultrassonografia, são fundamentais para confirmar o diagnóstico e avaliar o local e a extensão da ruptura. De acordo com a literatura (Fossum, 2018; Bojrab, 2014), o tratamento cirúrgico é indispensável em casos graves, sendo a uretrostomia uma técnica comum em casos de lesão irreparável da uretra. 59 2.4 Penectomia e uretrostomia pré-escrotal A penectomia e a uretrostomia pré-escrotal são procedimentos indicados em cães para tratar lesões graves no pênis e na uretra, como traumas extensos, neoplasias, necrose tecidual e obstruções irreversíveis. Essas técnicas são frequentemente empregadas quando outras abordagens terapêuticas são inviáveis, garantindo a funcionalidade urinária do animal e melhorando sua qualidade de vida (Fossum et al., 2018; Bojrab et al., 2014). A penectomia envolve a remoção total ou parcial do pênis, sendo indicada em casos de lesões extensas, como neoplasias ou necrose irreversível. A uretrostomia pré-escrotal, por sua vez, consiste na criação de uma nova abertura uretral na região pré-escrotal, permitindo a eliminação da urina. Esse procedimento é realizado em associação com a penectomia para garantir um fluxo urinário adequado e prevenir complicações posteriores, como estenoses uretrais (Bojrab et al., 2014; Fossum et al., 2018). Durante a cirurgia, é essencial manter uma técnica asséptica rigorosa e um manejo anestésico adequado, frequentemente utilizando anestesia geral associada a bloqueios regionais. O pós-operatório exige monitoramento cuidadoso para sinais de infecção, administração de analgésicos e manutenção da permeabilidade da nova abertura uretral. Um estudo recente relatou o uso dessas técnicas em um cão com lesões traumáticas e necrose peniana, destacando a eficácia das intervenções no controle da dor e na recuperação funcional do paciente (Fossum et al., 2023; Rease et al., 2023). Esses procedimentos são bem documentados na literatura veterinária e representam abordagens fundamentais em casos complexos que afetam o sistema urogenital de cães (Ettinger et al., 2017; Fossum et al., 2018) 60 3. RELATO DE CASO Em setembro de 2024 um cão de rua SRD, pesando 20,8 kg, com idade estimada de 4 anos, macho e não castrado, foi atendido pelo serviço de triagem da Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Uberlândia-MG. Segundo o relato da pessoa que cuidava do animal na rua, suspeitava-se de atropelamento ocorrido durante a madrugada, após ouvirem um barulho característico e na manhã seguinte, observaram que o cão apresentava uma fratura exposta. Não foi possível confirmar se o animal havia urinado ou defecado desde o incidente, e desde então, o animal vinha apresentado claudicação, vocalização de dor e estava prostrado. No exame físico geral, o animal apresentou os seguintes parâmetros: temperatura retal de 36,8ºC, frequência cardíaca de 108 bpm, frequência respiratória de 20 mrpm, nível de consciência apático, pressão arterial sistólica de 120 mmHg, glicemia de 77 mg/dL, mucosas normocoradas e úmidas, com TPC de 2 segundos. Na avaliação cardiorrespiratória, foram observados sons cardíacos discretamente abafados, sugestivos de contusão, sem alterações significativas na ausculta pulmonar (BCNRNF). Durante a palpação abdominal, constatou-se ausência de algia. Os achados clínicos identificados no exame físico de triagem incluíram apenas fratura de fêmur e fratura exposta na região do tarso, não sendo observados os outros problemas que posteriormente vieram à tona no caso. Diante da gravidade do quadro, o animal foi classificado como de risco urgente, sendo recomendada ao tutor a realização de consulta no setor de cirurgia veterinária para avaliação e tratamento especializado. No exame AFAST, não foram observados líquidos livres nas janelas abdominais avaliadas no momento da realização do exame. Já no TFAST, foi identificada a presença de linhas B (indicativas de líquido interstício-alveolar) em quantidade discreta nas janelas médias bilaterais e na região perihilar direita, o que pode estar associado a contusão pulmonar, sendo considerado também um diagnóstico diferencial para pneumonia. 61 O animal foi inicialmente medicado na triagem com metadona na dose de 0,3 mg/kg por via intramuscular, para alívio da dor, e posteriormente internado no Hospital Veterinário. Ao ser internado com parâmetros dentro da normalidade, foi inserido na prescrição a aplicação de enrofloxacina 10% (5mg/kg), por via intravenosa, a cada 12 horas por 5 dias para evitar infecções; além de metadona via subcutânea, a cada 8 horas por 2 dias para alívio de dor, e mantido em fluidoterapia com ringer lactato na taxa de 41,5ml/h para manter o equilíbrio de fluidos e eletrólitos. Ele apresentou disúria e fezes amolecidas com hematoquezia. Diante disso, foi prescrito o seguinte tratamento: Ampicilina com Sulbactam, 22 mg/kg (1,8 ml), via intravenosa, a cada 8 horas por 5 dias; infusão contínua de lidocaína e cetamina, 3 mL/kg/hora, a cada 8 horas por 2 dias; Metronidazol, 15 mg/kg (62,4 ml), via intravenosa, a cada 12 horas por 5 dias. Em seguida, o paciente foi encaminhado para consulta com o setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA) da UFU. Na consulta cirúrgica, não houve acréscimos significativos às informações previamente obtidas na triagem. Considerando a fratura diagnosticada, foi solicitado um exame radiográfico do membro afetado, e as radiografias realizadas nas projeções craniocaudal e mediolateral revelaram fraturas em tíbia e fíbula esquerdas, com desalinhamento dos fragmentos, além de ferida e edema nos tecidos moles adjacentes. Foi realizado exames bioquímicos, o qual não apresentou alterações. Foi realizado também hemograma, no qual o eritrograma apresentou alterações dos segmentados que estavam acima do ideal (13024 /uL, Referência laboratorial: 3.000 - 11.500 /uL) e linfócitos que estavam abaixo do ideal (888 /uL, Referência laboratorial: 1.000 - 4.800 /uL); com leucograma e plaquetograma sem alterações. Recomendou-se a reinternação do animal no estabelecimento para a realização de antibioticoterapia, controle da dor e preparo para o procedimento cirúrgico de osteossíntese. 62 Durante o pré-operatório para a cirurgia de osteossíntese foram observados fatores que mudaram totalmente o caso. Até então, o que havia sido identificado durante as avaliações teria sido apenas a fratura, mas ao tentar a passagem de uma sonda uretral, foi identificada a presença de uma grande massa no pênis, uma extensa área de necrose no pênis, osso peniano desconecto e ruptura da uretra. A hipótese seria de que o animal já apresentava algumas dessas alterações em evolução antes do trauma, mas que podem ter se agravado após o ocorrido. A osteossíntese então deixou de ser o plano inicial para intervenção cirúrgica, e diante da gravidade das lesões penianas e uretrais decorrentes do trauma, optou-se pela realização de penectomia com uretrostomia pré-escrotal. Além disso, foi indicada e realizada a orquiectomia como parte do procedimento cirúrgico. Foi realizada a drenagem de urina por meio de uma sonda uretral. A urina apresentava coloração amarelo-escura e, ao final do procedimento, foi possível drenar um volume superior a 250 mL. Iniciou-se o procedimento cirúrgico pela orquiectomia, na qual realizou-se uma incisão suficiente para a exposição do testículo na região pré escrotal, liberando um testículo por vez, e em cada um foi aprofundando até a túnica vaginal parietal, expondo o testículo apenas pela túnica vaginal visceral. Para liberação do testículo da túnica vaginal foi posicionada uma pinça hemostática onde a túnica se liga à cauda do epidídimo seguida por tração na pinça até liberar o testículo da túnica. Foi exposto o plexo pampiniforme e ducto deferente, sendo posicionadas duas pinças hemostáticas prosseguindo para secção entre elas, e após liberação total do testículo e logo após foi realizada ligadura simples com PGA 2.0 do plexo pampiniforme e ducto deferente juntos, observado se havia presença de sangramento e retornado o cordão espermático para dentro da túnica. O mesmo procedimento foi realizado no outro testículo. Para a realização da penectomia com uretrostomia, foi feita uma incisão longitudinal de 2 cm na uretra peniana, seguida de sutura em oito com fio PDS 5.0, em padrão separado, iniciando com pontos de ancoragem na base caudal 63 da uretra, laterais e dorsais. Em seguida, foi realizada uma incisão elíptica no pênis, abaixo do osso peniano, procedendo com a ligadura do vaso peniano ventral. Foi feita uma ligadura no corpo peniano transfixando com sutura em padrão de Wolf utilizando fio PGA 2.0. Após a incisão do pênis e do subcutâneo, realizou-se a ligadura dos vasos com fio PGA 2.0. A síntese da calha formada pelo corpo peniano foi feita com sutura em zigue-zague utilizando PGA 2.0 no subcutâneo. A síntese do subcutâneo foi também realizada com o fio PGA 2.0 em padrão de zigue-zague. Por fim, após a realização das suturas de aproximação utilizando a técnica de Walking suture, a síntese da pele foi feita com fio de nylon 3-0 em pontos simples e separados. Não foi realizada a excisão cirúrgica da bolsa escrotal. As Ilustrações 40 e 41 ilustram imagens trans cirúrgicas do procedimento de penectomia com uretrostomia pré-escrotal, realizado no Hospital Veterinário da UFU, pelo setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA). As imagens evidenciam presença de uma massa no pênis, processos de necrose no pênis e a ruptura da uretra. Algumas dessas lesões aparentavam estar em estágio de progressão, como a presença da massa e os processos de necrose, e podem ter sido agravadas pelo trauma sofrido pelo animal, possivelmente resultando na ruptura da uretra e no agravamento das condições previamente mencionadas. 64 Ilustração 40. Fotografia trans cirúrgica. Imagem do local da lesão no pênis, na qual a seta azul representa a presença da massa, as setas pretas indicam os processos de necrose e as seta vermelha indica o local da ruptura da uretra. Fonte: Fotos cedidas por Mariana Laura D. Silva. 65 Ilustração 41. Fotografias trans cirúrgicas. A. Imagem durante o procedimento cirúrgico de uretrostomia que evidencia a presença da sonda pelo canal da uretra B. Imagem final da cirurgia de penectomia com uretrostomia pré-escrotal. Fonte: Fotos cedidas por Mariana Laura D. Silva. No pós-operatório, o animal permaneceu internado para acompanhamento clínico. No período pós-cirúrgico, o animal apresentou episódios de êmese com coloração marrom escura. Para manejo do quadro, foi administrado Cerenia® por via intravenosa lenta, na dose de 2 mL, uma vez ao dia, durante cinco dias, e Ondansetrona 1% na dose de 1 mg/kg (2,1 mL), por via intravenosa, a cada 8 horas, também por cinco dias. Após a administração dos medicamentos, o paciente foi encaminhado para recuperação pós-anestésica na enfermaria, sendo mantido em infusão contínua (IC) de lidocaína a 50 mcg/kg/min e cetamina a 0,6 mg/kg/h, com uma taxa de infusão de 3 mL/kg/h, para controle analgésico no pós-operatório. Foram prescritos os seguintes medicamentos de uso oral: dipirona 500 mg, a ser administrada a cada 8 horas durante 7 dias; cloridrato de tramadol 50 mg, a cada 8 horas durante 5 dias; amoxicilina 500 mg com clavulanato de potássio 66 125 mg, a cada 12 horas durante 14 dias; meloxicam 2 mg, a cada 24 horas durante 2 dias; e metronidazol 250 mg, a cada 12 horas durante 7 dias. Além disso, foram fornecidas orientações quanto à realização dos curativos. O tutor foi instruído a limpar a ferida cirúrgica com solução fisiológica e, com o auxílio de uma gaze, secar a região ao redor da incisão (evitando o contato da gaze com os pontos para prevenir rompimento e deiscência). O procedimento deveria ser realizado a cada 4 horas, até que ocorresse a redução do inchaço, intercalando com compressas frias na região. Caso o uso de gelo fosse necessário, deveria ser envolvido em um tecido para proteger a pele do animal. Como recomendações adicionais, foi orientado a manter o animal em um ambiente limpo, acolchoado e em repouso absoluto. A higienização da região perineal do animal deveria ser realizada sempre após urinação ou defecação. E a limpeza de uretrostomia com solução fisiológica gelada em jatos, não esfregando a região e jogando de longe, a cada 6 horas, por 5 dias. O uso do colar elizabetano foi recomendado por 24 horas por dia, durante 15 dias. A data de retorno para avaliação e remoção dos pontos foi agendada com o tutor. Durante o período de internação para acompanhamento, o animal apresentou desconforto na região do saco escrotal, com edema da bolsa escrotal e sangramento uretral. Em resposta a esses sinais, foram incluídas compressas frias e a administração de ácido tranexâmico (Transamin®) na dose de 10 mg/kg (IV) para o manejo hemorrágico. O paciente ingeriu água normalmente e apresentou hematúria, que atribuída ao procedimento de uretrostomia. Nos dias subsequentes, o animal permaneceu com parâmetros clínicos estáveis, embora apresentasse apatia. O animal foi submetido ao procedimento cirúrgico de osteossíntese em decorrência da fratura do membro previamente mencionado, apresentando uma recuperação cirúrgica satisfatória, mas sendo mantido na internação no estabelecimento Na internação, ao ser conduzido para passeios, demonstrou comportamento animado, correndo, exercitando-se e urinando espontaneamente, ainda com hematúria observada. Com o passar do tempo houve melhora significativa do edema e do desconforto, o que permitiu a alta hospitalar com orientações para continuidade do tratamento em domicílio. 67 Posteriormente, retornou ao Hospital Veterinário para a retirada dos pontos, apresentando cicatrização adequada e limpeza satisfatória da ferida cirúrgica. O material coletado do pênis, incluindo a massa presente, foram encaminhados para análise histopatológica. No entanto, até a data de conclusão deste trabalho, os resultados do exame ainda não estavam disponíveis. 68 4. DISCUSSÃO O caso apresentado descreve um cão macho SRD não castrado, de 4 anos, com suspeita de atropelamento e múltiplas lesões, incluindo fraturas e complicações associadas. A fratura evidencia o trauma severo e, associadas ao quadro de dor, prostração e claudicação, foram elementos importantes no diagnóstico clínico. A abordagem inicial, com o uso de analgésicos, antibióticos e fluidoterapia, foi adequada para estabilizar o paciente, evitando a progressão de infecções e controlando a dor. A falta de evacuação urinária logo após o trauma poderia indicar obstrução uretral ou complicações secundárias ao trauma. Os sinais de estenose uretral por lesão traumática incluem hematúria, oligúria ou anúria, com excessiva dilatação do trato urinário, que se inicia pela distensão vesical e causa hidroureter e hidronefrose (BJORLING et al., 2003). O animal apresentou disúria, hematúria e fezes amolecidas com hematoquezia, indicando assim a possibilidade de lesões urinárias, como a ruptura da uretra. Testes diagnósticos adicionais usados para confirmar a presença de lesão do trato urinário e uroperitônio incluem o uso de imagens de contraste, como a uretrocistografia retrógrada para lesões do trato urinário distal, procedimentos estes que não foram realizados. Outra forma de diagnóstico adicional também pode ser feita pela identificação de ruptura no momento da cirurgia (GRIMES et al., 2018), como foi o caso do relato, no qual, ao tentar sondar o animal para o pré-operatório da osteossíntese da fratura, foram identificadas as lesões em pênis, com a presença de massa, necrose e ruptura de uretra, além do osso peniano desconecto. Tem sido relatado que lesão uretral é mais comum em machos, mas é possível em qualquer animal com fraturas pélvicas graves ou trauma em outras áreas da uretra (SELCER,1982). A descoberta da massa no pênis e a extensa necrose, associada à ruptura da uretra, configuraram complicações graves que exigiram a realização de penectomia com uretrostomia pré-escrotal, juntamente com a orquiectomia. A orquiectomia é associada para que a remoção dos testículos evite estímulos hormonais, além de evitar sangramentos durante a execução da penectomia (Oliveira, 2020). A opção pela penectomia foi embasada pela gravidade das lesões penianas, que incluíam necrose 69 tecidual e lesões irreparáveis no órgão, comprometendo sua função e saúde. A uretrostomia foi indicada como alternativa para restabelecer a função urinária do animal, uma vez que a uretra estava severamente danificada e rompida. Uma etapa do procedimento cirúrgico que divergiu das descrições na literatura foi a não remoção do escroto (Oliveira, 2020). Essa abordagem resultou no desenvolvimento de edema escrotal significativo, causando intensa dor e desconforto no período pós-operatório. Um possível diferencial seria a excisão cirúrgica da bolsa escrotal, o que teria contribuído para evitar a dor e o desconforto do paciente no período pós-operatório. Após o procedimento, o animal apresentou melhora clínica significativa, com estabilização dos parâmetros vitais. A continuidade do tratamento com antibióticos, analgesia e monitoramento pós-operatório foi essencial para a recuperação do paciente. O quadro urinário foi resolvido com sucesso, e a continuação do tratamento em casa, com acompanhamento rigoroso, foi indicada para garantir a recuperação plena. Este caso reforça a importância de um diagnóstico preciso e de uma abordagem multidisciplinar no manejo de traumas graves em cães. Um ponto crucial a ser destacado é que a realização de um exame físico detalhado é fundamental para a identificação de todos os problemas presentes, indo além daqueles mais evidentes ou visualmente mais alarmantes, que frequentemente atraem maior atenção. No caso em questão, embora a queixa principal fosse a fratura, as lesões no pênis, como a presença de uma massa e necrose, além de ruptura da uretra passaram a ser prioridades. 70 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A penectomia foi uma abordagem necessária devido a gravidade das lesões na glande do pênis, bem como a presença de uma massa e a desconexão do osso peniano, tornando inviável a manutenção dessa estrutura. O caso relatado também exemplifica o uso de desvios urinários como solução para a ruptura uretral. A técnica de uretrostomia pré-escrotal associado a penectomia se mostrou uma alternativa viável no tratamento das lesões com ruptura de uretra no cão deste estudo. As rupturas do trato urinário em caninos configuram emergências que demandam atenção imediata, sendo o diagnóstico rápido essencial para garantir um prognóstico favorável. Nesse sentido, destaca-se a importância de realizar um exame físico completo e detalhado, que desempenha um papel indispensável na identificação de todas as alterações presentes. Dessa forma, um exame abrangente contribui significativamente para um manejo clínico mais eficaz e para o bem-estar geral do paciente. 71 REFERÊNCIAS BJORLING, D. E.; MACPHAIL, C. Diseases of the lower urinary tract. In: SLATTER, D. Textbook of Small Animal Surgery. 3rd ed. Philadelphia: Saunders, 2003. p. 1404-1419. BOJRAB, M. J. Current Techniques in Small Animal Surgery. 5th ed. Philadelphia: Williams & Wilkins, 2014. BURROW, R. D.; MORRIS, J. S.; DOBSON, J. M. Small Animal Oncology. 2nd ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011. BURROW, R. D. et al. Penile amputation and scrotal urethrostomy in 18 dogs. Veterinary Record, v. 169, n. 25, p. 657-665, 2011. DOI: 10.1136/vr.100039. CRUZ, F. S.; et al. Avaliação de técnicas cirúrgicas em cães com neoplasias de pênis. 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