UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CAMPUS DE ARARAQUARA FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS E MEDICAMENTOS DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS LÍQUIDO- CRISTALINOS PARA INCORPORAÇÃO DO TRANS-RESVERATROL: ENSAIOS DE PERMEAÇÃO CUTÂNEA IN VITRO E AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA IN VIVO ANDRESSA TERUMI FUJIMURA ORIENTADOR: PROF. DR. MARLUS CHORILLI CO-ORIENTADORA: PROFA. DRA RÚBIA CASAGRANDE ARARAQUARA – SP 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JULIO DE MESQUITA FILHO" FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CÂMPUS DE ARARAQUARA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS LÍQUIDO- CRISTALINOS PARA INCORPORAÇÃO DO TRANS-RESVERATROL: ENSAIOS DE PERMEAÇÃO CUTÂNEA IN VITRO E AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA IN VIVO ANDRESSA TERUMI FUJIMURA Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, Área de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Ciências Farmacêuticas. ORIENTADOR: Prof. Dr. MARLUS CHORILLI CO-ORIENTADORA: RÚBIA CASAGRANDE ARARAQUARA – SP 2014 Dedicatória Andressa Terumi Fujimura COMISSÃO EXAMINADORA A Comissão organizadora dos trabalhos de defesa da Dissertação de Mestrado em sessão pública realizada no dia 28 de novembro de 2014, consideram a canditada: ( X ) APROVADA ( ) REPROVADA Presidente da Banca: Prof. Dr. MARLUS CHORILLI Membros: Prof. Dr. MARCOS ANTÔNIO CORRÊA Profa. Dra. PRYSCILA DANIELY MARCATO Dedicatória Andressa Terumi Fujimura Com todo amor, dedico este trabalho aos meus pais Augusto e Gelma, a minha irmã Jéssica, ao meu sobrinho Arthur e ao meu cunhado Anderson Ricardo Agradecimentos Andressa Terumi Fujimura AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por dar uma vida repleta de bênçãos e oportunidades, sou grata a minha família e amigos. Agradeço aos meus pais Augusto e Gelma que nunca mediram esforços em oferecer a mim e a minha irmã apoio em todos os momentos difíceis, segurança, educação, conduta pessoal e profissional. Agradeço pelo imenso amor e incentivo constante. Obrigada pelo exemplo de caráter, sabedoria e determinação e por tanto confiarem na minha capacidade para realização desse trabalho. Agradeço a minha irmã Jéssica e ao meu cunhado Anderson pelo carinho, amor, incentivo, confiança e dedicação em momentos difíceis da minha vida. Agradeço também pela chegada do meu sobrinho Arthur em 2013 que veio para alegrar ainda mais a minha família. Agradeço a minha querida tia Queico e tio Sérgio pelo carinho, amor, incentivo e principalmente pela ajuda nos momentos difíceis. Agradeço a tia Queico, que me ensinou o quanto tenho que ser forte, mesmo nas situações mais extremas. Agradeço a minha tia Cida e tio Fernando pelo enorme apoio nesta etapa da minha vida. Obrigada pelo carinho, amor e paciência. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Marlus Chorilli pela orientação, paciência, confiança, incentivo e pela ajuda no meu crescimento profissional. Obrigada por ajudar a tornar meu sonho realidade. Agradeço a minha querida co-orientadora Profa. Dra. Rúbia Casagrande, um exemplo de dedicação e amor à pesquisa. Agradeço por me receber de braços abertos, pela orientação, carinho, amizade, dedicação, por dispor de todo apoio material, moral, intelectual e principalmente pela paciência. Sem dúvida, será uma referência para toda minha vida, não só profissional como pessoal também. Agradecimentos Andressa Terumi Fujimura Sou eternamente grata ao Prof. Dr. Anselmo Gomes de Oliveira, homem trabalhador e honesto que teve grande contribuição na realização deste trabalho e na qualificação. Obrigada pelo apoio e ajuda em situações difíceis. Agradeço aos amigos do programa de pós-graduação, Juliana, Márcia, Andréia, Flávio, Bruno, Leonardo, Aline, Cristiane, Vanessa, Giovana, Lilian, Fernanda, Natália, Gisela, Jéssica, Roberta, Maíra, Liliane, Gustavo, Fabíola, Ana Luiza, Charlene, Mariana e Martina. Obrigada pela amizade, companheirismo, ideias e contribuição nos experimentos. Em especial agradeço aqueles que se tornaram amigos pessoais e especiais em minha vida: Juliana Reis, Márcia Oyafuso, Andréia Meneguim, Bruno Fonseca- Santos, Flávio Campos. Obrigada pela linda amizade, pelos momentos agradáveis em que passamos juntos, momentos de alegria e de desabafo, e pela contribuição indispensável de cada um de vocês para a realização deste trabalho. Agradeço particularmente ao amigo Bruno Fonseca-Santos pela paciência e disposição em sempre ajudar com os problemas relacionados à formatação deste trabalho. Agradeço à querida amiga Juliana Reis, primeira grande amizade que fiz ao chegar na UNESP, e que se estendeu para minha vida pessoal e se tornou essencial, sempre a guardarei em meu coração. Grata por todos os momentos que passamos juntas, pelo conhecimento transmitido, pelas longas conversas, pelos desabafos, pelos conselhos e por essa linda amizade que se estenderá pela vida toda. Agradeço também a família da Juliana por me receberem de braços abertos em sua casa e pelo enorme carinho. Agradeço a querida Kelly Pestana, que não mediu esforços em me ajudar em um dos momentos que mais precisei durante a realização desde trabalho. Obrigada pelo conhecimento transmitido e pela enorme contribuição neste trabalho. Em especial, agradeço também a amiga Renata Martinez e Felipe Pinho, os quais tiveram imensa contribuição durante a realização dos experimentos in vivo na UEL. Agradeço a Renata pela sua dedicação, paciência, pela linda amizade, Agradecimentos Andressa Terumi Fujimura sabedoria, e pela pessoa honesta e trabalhadora que é. Com certeza um exemplo a seguir. Agradeço as minhas grandes amigas pessoais Mariana Proença, Margareth Yonamine que apesar de não participarem da minha vida acadêmica, compartilharam comigo as alegrias e angustias de cada etapa deste trabalho. Obrigada pelos longos anos de amizade, conselhos, conversas, paciência, por sempre estarem dispostas a me ajudar em todos os momentos da minha vida. Sempre as guardarei em meu coração e em minhas orações. Agradeço ao meu grande amigo João Victor Laureano, que mesmo longe, não mediu esforços em me ajudar nesta jornada. Obrigada pela enorme amizade, pelo companheirismo, pelos conselhos, pela paciência e pelas longas conversas. Agradeço aos funcionários do Departamento de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP-Araraquara, em particular a querida técnica do laboratório Natália Santos. Agradeço a Seção de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP-Araraquara, em especial à Cláudia, Daniela e Joyce, pela atenção e apoio. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio financeiro, o qual possibilitou que eu me dedicasse exclusivamente à pesquisa e à escrita dessa dissertação. E, por fim, agradeço a todos que me ajudaram a ser quem sou, que depositam confiança em mim e para os quais sou uma esperança, resta-me não vos decepcionar. Muito obrigada! Epígrafe Andressa Terumi Fujimura “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King) Resumo Andressa Terumi Fujimura RESUMO A exposição diária da pele à radiação ultravioleta pode causar dano direto ao DNA e ocasionar a proliferação de espécies reativas de oxigênio (EROs), conduzindo ao desequilíbrio entre estes radicais livres e as enzimas antioxidantes presentes na epiderme, como a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx). Este desequilíbrio leva a um estado definido como estresse oxidativo, o qual pode ser adiado e até mesmo tratado por meio da utilização de produtos com propriedades antioxidantes. Pesquisas têm demonstrado vários efeitos benéficos do trans-resveratrol (RES) à saúde humana, dentre eles a sua ação antioxidante e anti-infllamatória, podendo ser um importante aliado na prevenção e tratamento de desordens cutâneas como o fotoenvelhecimento, hiperpgmentação e câncer de pele. Entretanto, algumas propriedades físico- químicas como limitada solubilidade aquosa, dificultam a sua eficiência na terapia cutânea, uma vez que possui baixa penetração na pele. Dessa forma, a utilização de sistemas de liberação nanoestruturados para administração cutânea do RES, como o sistema líquido-cristalino (SLC), seria extremamente viável a fim de localizar o fármaco em seu sítio-alvo, modulando sua ação e reduzindo possíveis efeitos colaterais, além de aumentar a sua penetração através do estrato córneo. Os objetivos deste trabalho foram desenvolver SLC para incorporação do RES e caracterizá-los por meio de microscopia de luz polarizada (MLP), espalhamento de raios-X de baixo ângulo (SAXS), análise de perfil de textura e reologia. Foram realizados ensaios de liberação, retenção e permeação in vitro empregando pele de modelo animal. Avaliou-se ainda a eficácia anti-inflamatória e antioxidante in vivo de RES incorporado nas formulações pelos seguintes ensaios: edema cutâneo, atividade da mieloperoxidase (MPO), secreção-atividade da metaloproteinase-9 (MMP-9) e IL-10, dosagem de GSH, FRAP, ABTS, catalase, hidroperóxidos lipídicos e produção do ânion superóxido. Os pontos de trabalho foram selecionados fixando- se a fase aquosa - FA (dispersão de Carbopol® 974 0,5%) em 25% e variando-se o tensoativo – silicone DC® 5329 (T) e a fase oleosa – silicone DC® 193 (FO). De acordo com os resultados de MLP e SAXS, as formulações apresentaram estrutura lamelar e se comportaram como um fluido não newtoniano, pseudoplástico e tixotrópico. Além disso, os estudos reológicos demonstraram que as formulações possuem certo grau de estruturação. Na análise do perfil de textura e bioadesão in vitro, as formulações desenvolvidas foram bioadesivas e apresentaram espalhabilidade na pele. Estudos de citotoxicidade realizados com células Caco-2 e SV-80 evidenciaram que os componentes da formulação não são citotóxicos. Os ensaios de liberação, permeação e retenção cutânea in vitro evidenciaram pequena liberação, permeação e retenção cutânea para o RES incorporado em F1 (25% FA, 55% T e 20% FO). Nos ensaios in vivo observou-se que o RES incorporado nesta formulação possui elevada capacidade anti-inflamatória e antioxidante. Os resultados obtidos sugerem que este sistema contendo RES, em virtude das características estruturais, acitotóxicas, antioxidantes e anti-inflamatórias, é promissor para utilização no tratamento de desordens cutâneas decorrentes do estresse oxidativo. Palavras Chave: sistemas líquido-cristalinos, nanotecnologia farmacêutica, trans- resveratrol, fotoenvelhecimento, estresse oxidativo. Abstract Andressa Terumi Fujimura ABSTRACT The daily exposure of the skin to ultraviolet radiation can cause direct damage to DNA and cause the proliferation of reactive oxygen species (ROS), which leads to an imbalance between free radicals and antioxidant enzymes in the epidermis, such as superoxide dismutase (SOD), catalase (CAT) and glutathione peroxidase (GPx). This imbalance leads to a state of oxidative stress and consequently to photoaging, which can be delayed and even treated by the use of products with antioxidant properties. Researches have shown many beneficial effects of trans-resveratrol (RES) to human health, including its antioxidant and anti-inflamatory actions. It can be an important ally on prevention and treatment of cutaneous desorders like cutaneous aging, hyperpigmentation and cacinogenesis. However, some of their physicochemical properties, such as limited aqueous solubility, make their effectiveness on therapeutic cutaneous more difficult since it has low penetration into the skin. Thus, the use of nanostructured delivery systems for cutaneous administration of the RES, such as liquid-crystalline systems (LCS) would be extremely viable in order to locate the active ingredient in its site of action, modulating their action and reducing possible side effects, and increasing their penetration through the stratum corneum. The objectives of this work are to develop LCS to incorporate the RES and to characterize them by means of polarized light microscopy, small-angle x-ray scattering (SAXS), texture evaluation and rheology. It was done release, retention and permeation tests using skin of an animal model. It was evaluated in vivo RES anti-inflammatory and antioxidant efficacy by following tests: edema, myeloperoxidase activity, cytokines levels, matrix metallopro-tease-9 (MMP-9) secretion/activity, reduced glutathione (GSH), FRAP, ABTS, catalase activity, lipid peroxidation and superoxide anion. The working points were selected settling the aqueous phase - FA (Carbopol ® 974 dispersion 5%) by 25% and varying the surfactant (T ) - silicon DC® 5329 (T) and the oil phase – silicon DC® 193. According to the results of SAXS and MLP , the formulations showed lamellar structure and behave as non- Newtonian fluid , pseudoplastic and thixotropic . Additionally, rheological studies have demonstrated that the formulations have highly structured. In texture profile analysis and in vitro bioadesion assays, the developed formulations were bioadhesion and showed skin spreadability. Cytotoxicity studies performed with Caco- 2 and SV -80 cells showed that the formulation components are non-cytotoxic. The tests of in vitro release, permeation and skin retention showed little release, permeation and skin retention for RES incorporate into F1 (25% WP, 55% S e 20% OP). On in vivo tests it was noted that the RES incorporated into this formulation had a high anti-inflammatory and antioxidant capacity. The results suggest that this system with RES, due to structural, and non- cytotoxic features, anti-inflamatory and antioxidant efficacy, is promising for use in the treatment of skin disorders resulting from oxidative stress. Keywords: Liquid-crystalline systems, pharmaceutical nanotechnology, trans- resveratrol, photoaging, oxidative stress. Lista de Figuras Andressa Terumi Fujimura LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrutura química do trans-resveratrol e cis-resveratrol, respectivamente 29 Figura 2: Representação esquemática da reação de redução do AB. ..................... 44 Figura 3: Diagrama de fases – Análise visual. ( ) sistema viscoso translúcido, ( ) sistema viscoso transparente, ( ) sistema transparente de baixa viscosidade, ( ) sistema líquido transparente, ( ) sistema translúcido de baixa viscosidade e ( ) separação de fases. ................................................................................................. 56 Figura 4: Diagrama de fases para o sistema estabilizado com silicone DC 5329 como tensoativo, fase oleosa silicone DC 193 fase aquosa com 5% de dispersão de carbopol. As áreas delimitadas representam: ME - microemulsão, FC – fase cúbica, FH – fase hexagonal, FL – fase lamelar e TF – transição de fase. .......................... 58 Figura 5: Fotomicrografias das formulações obtidas por microscopia de luz polarizada – A: F1; B: F2; C: F3; D: F4 .................................................................... 59 Figura 6: Fotomicrografias das formulações obtidas por microscopia de luz polarizada com a presença de 0,1% de Trans-resveratrol – A: F1R; B: F2R; C: F3R; D: F4R ...................................................................................................................... 60 Figura 7: Curvas de SAXS das formulações F1, F2, F3, e F4 acrescidas ou não de trans-resveratrol. (A) F1 e F1R, (B) F2 e F2R, (C) F3 e F3R, (D) F4 e F4R ............ 61 Figura 8: tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F1 .......................................................................................................... 66 Figura 9: Tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F2 .......................................................................................................... 67 Figura 10: Tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F3 .......................................................................................................... 67 Figura 11: Tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F1 e F1 acrescida RES (F1R). .............................................................. 70 Figura 12: Tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F2 e F2 acrescida de RES (F2R). ......................................................... 70 Figura 13: Tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento para formulação F3 e F3 acrescida de RES (F3R). ......................................................... 71 Figura 14: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F1. ..................................... 73 Lista de Figuras Andressa Terumi Fujimura Figura 15: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F2. ..................................... 74 Figura 16: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F3. ..................................... 75 Figura 17: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F4. ..................................... 75 Figura 18: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F1 e F1 acrescida de RES (F1R). ....................................................................................................................... 76 Figura 19: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F2 e F2 acrescida de RES (F2R). ....................................................................................................................... 77 Figura 20: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F3 e F3 acrescida de RES (F3R). ....................................................................................................................... 78 Figura 21: Variação do módulo de armazenagem G’, módulo de perda G’’ e viscosidade em função da frequência para formulação F4 e F4 acrescida de RES (F4R). ....................................................................................................................... 79 Figura 22: Curva analítica do RES em solução receptora. ...................................... 84 Figura 23: Cromatograma de 10ug/ml de RES em meio receptor. .......................... 86 Figura 24: Cromatograma do meio receptor. ........................................................... 87 Figura 25: Cromatograma da solução contendo a formulação. ................................ 87 Figura 26: Viabilidade celular em relação à porcentagem de controle de células Caco-2 tratadas com dispersão de carbopol 974, silicone DC193, silicone DC 5329 em diferentes concentrações durante 24 horas. ............................................. 88 Figura 27: Viabilidade celular em relação à porcentagem de controle de células Caco-2 tratadas com dispersão de carbopol 974, silicone DC 193, silicone DC 5329 em diferentes concentrações durante 48 horas. ............................................. 89 Figura 28: Viabilidade celular em relação à porcentagem de controle de células SV- 80 tratadas com dispersão de carbopol 974, silicone DC 193, silicone DC 5329 em diferentes concentrações durante 24 horas. ...................................................... 90 file:///C:/Users/Andressa/Documents/mestrado%202/DISSERTAÇÃO/dissertacao%20final%205.docx%23_Toc406596023 Lista de Figuras Andressa Terumi Fujimura Figura 29: Viabilidade celular em relação à porcentagem de controle de células SV- 80 tratadas com dispersão de carbopol 974, silicone DC 193, silicone DC 5329 em diferentes concentrações durante 48 horas. ...................................................... 90 Figura 30: Perfil de liberação in vitro do RES na formulação F1 R durante 24 horas de análise. ................................................................................................................ 92 Figura 31. Perfil de liberação in vitro do RES incorporado em propilenoglicol durante 24 horas de análise. ................................................................................................. 94 Figura 32. Sistema líquido-cristalino contendo RES no edema cutâneo induzido pela irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado, e #comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ................................................................. 97 Figura 33. Sistema líquido-cristalino contendo RES inibe a atividade da MPO induzida pela irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado, #comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ................................................................. 99 Figura 34. Sistema líquido-cristalino contendo RES na secreção/atividade da MMP-9 induzida pela irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado, #comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ............................................................... 101 Figura 35. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES na produção de citocinas induzidas pela irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle Lista de Figuras Andressa Terumi Fujimura irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES................. 102 Figura 36. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES nos níveis de GSH após irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado e # comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ............................................................... 104 Figura 37. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES nos níveis do antioxidante catalase após irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado # comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ....................................................... 105 Figura 38. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES no poder redutor férrico após irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado # comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido- cristalino contendo RES. ........................................................................................ 107 Figura 39. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES em sequestrar o radical ABTS+ após irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado # comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ............................................................... 107 Figura 40. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES na produção de hidroperóxidos lipídicos após irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado # comparado com grupo controle irradiado e SLC Lista de Figuras Andressa Terumi Fujimura sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ....................................................... 109 Figura 41. Efeito do sistema líquido cristalino contendo RES na produção do ânion superóxido induzido pela irradiação UVB. Os resultados são representados pela média ± EPM de 2 experimentos separados, com 5 animais por grupo. *comparado com grupo controle não irradiado e # comparado com grupo controle irradiado e SLC sem RES (p<0,05). CNI: Controle não irradiado, CI: Controle irradiado, SLC: grupo tratado apenas com sistema líquido-cristalino sem RES e SLC-RES: grupo tratado com sistema líquido-cristalino contendo RES. ........................................... 111 Lista de Tabelas Andressa Terumi Fujimura LISTA DE TABELAS Tabela 1: Formulações preparadas com concentração fixa de fase aquosa e variações nas concentrações de fase oleosa e tensoativo. ..................................... 57 Tabela 2. Valores da razão entre as distâncias interplanares das formulações F1, F2, F3, F4 e F1R, F2R, F3R, F4R acrescidas de RES. ........................................... 63 Tabela 3: Comportamento de fluxo (n) e índice de consistência (K) das formulações F1, F2, F3. ................................................................................................................ 68 Tabela 4: Comportamento de fluxo (n) e índice de consistência (K) das formulações F1, F2, F3 e F1, F2, F3 acrescidas de RES (respectivamente, F1R, F2R e F3R). .. 71 Tabela 5: Propriedades mecânicas das formulações determinadas por meio do teste de TPA. Cada valor representa a média do ensaio ± desvio padrão. ...................... 81 Tabela 6: Trabalho da força bioadesiva (mN.s) das formulações. Os valores representam a média ± desvio padrão, à temperatura de 32ºC. .............................. 83 Tabela 7: Resultados da avaliação da precisão. ...................................................... 85 Tabela 8: Resultados da avaliação da exatidão. ...................................................... 86 Tabela 9. Coeficiente de liberação in vitro do RES obtido, pelos de diferentes modelos matemáticos para a formulação F1R. ........................................................ 93 Tabela 10: Quantidade de RES retido na pele após 24h de experimento na formulação F1R. ....................................................................................................... 96 Sumário Andressa Terumi Fujimura SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 22 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 25 2.1. Consequências da exposição aos raios UV ............................................... 25 2.2. Trans-resveratrol ........................................................................................ 27 2.3. Sistemas líquido-cristalinos........................................................................ 31 3. OBJETIVO ........................................................................................................ 34 4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 35 4.1. Material ...................................................................................................... 35 4.1.1. Soluções e reagentes ........................................................................... 35 4.1.2. Equipamentos ....................................................................................... 36 4.2. Métodos ..................................................................................................... 37 4.2.1. Preparação da dispersão de Carbopol C974 ...................................... 37 4.2.2. Construção do diagrama ternário de fases ........................................... 38 4.2.3. Análise estrutural do sistema ................................................................ 38 4.2.3.1. Microscopia de luz polarizada ........................................................ 38 4.2.3.2. Espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS) .......................... 38 4.2.3.3. Determinação do comportamento reológico .................................. 39 4.2.3.4. Ensaio de perfil de textura (TPA) ................................................... 39 4.2.3.5. Ensaio de bioadesão in vitro .......................................................... 40 4.2.4. Metodologia analítica para quantificação de RES por CLAE ................ 40 4.2.4.1. Linearidade .................................................................................... 41 4.2.4.2. Precisão ......................................................................................... 41 4.2.4.3. Exatidão ......................................................................................... 41 4.2.4.4. Especificidade / Seletividade ......................................................... 41 4.2.5. Avaliação da toxicidade em células Caco-2 e SV-80 ........................... 42 4.2.5.1. Culturas celulares: manutenção e manuseio ................................. 42 Sumário Andressa Terumi Fujimura 4.2.5.1.1. Cultura celular .......................................................................... 42 4.2.5.1.2. Meios de cultura ...................................................................... 42 4.2.5.1.3. Tratamento das células............................................................ 43 4.2.5.1.4. Ensaio de citotoxicidade utilizando Alamar Blue® .................... 43 4.2.6. Estudo de liberação do RES in vitro ..................................................... 45 4.2.7. Ensaio de permeação cutânea in vitro ................................................. 45 4.2.8. Avaliação da retenção cutânea in vitro do RES .................................... 46 4.2.9. Avaliação da eficácia in vivo do RES ................................................... 46 4.2.9.1. Animais experimentais ................................................................... 46 4.2.9.2. Fonte de radiação UVB .................................................................. 47 4.2.9.3. Protocolo experimental para administração tópica do RES ........... 47 4.2.9.4. Avaliação da eficácia anti-inflamatória in vivo do RES................... 48 4.2.9.4.1. Avaliação do edema cutâneo ................................................... 48 4.2.9.4.2. Avaliação da atividade de MPO ............................................... 48 4.2.9.4.3. Avaliação da inibição de secreção/atividade da MMP-9 .......... 49 4.2.9.4.4. Avaliação da produção de IL-10 .............................................. 50 4.2.9.5. Avaliação da eficácia in vivo do RES na proteção da capacidade antioxidante da pele ...................................................................................... 51 4.2.9.5.1. Dosagem do antioxidante endógeno GSH............................... 51 4.2.9.5.2. Avaliação do poder antioxidante redutor férrico (FRAP) .......... 52 4.2.9.5.3. Capacidade sequestradora do radical ABTS+ .......................... 52 4.2.9.5.4. Dosagem da atividade de catalase (CAT) ............................... 52 4.2.9.5.5. Avaliação dos níveis de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) ....... 53 4.2.9.5.6. Produção de ânion superóxido ................................................ 53 4.2.9.6. Análise estatística .......................................................................... 54 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 55 5.1. Construção do diagrama ternário de fases ................................................ 55 Sumário Andressa Terumi Fujimura 5.1.1. Formulações selecionadas ................................................................... 57 5.2. Análise estrutural dos sistemas ................................................................. 58 5.2.1. Microscopia de luz polarizada para as formulações selecionadas ....... 58 5.2.2. Espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS) ................................ 60 5.2.3. Determinação do comportamento reológico ......................................... 64 5.2.3.1. Análise reológica de fluxo contínuo................................................ 64 5.2.3.2. Análise reológica oscilatória de varredura de frequência ............... 72 5.2.3.3. Ensaio de perfil de textura (TPA) ................................................... 80 5.2.3.4. Ensaio de bioadesão in vitro .......................................................... 82 5.3. Metodologia Analítica ................................................................................. 84 5.3.1. Linearidade ........................................................................................... 84 5.3.2. Precisão ................................................................................................ 85 5.3.3. Exatidão ................................................................................................ 85 5.3.4. Especificidade / Seletividade ................................................................ 86 5.4. Avaliação da citotoxicidade em células Caco-2 e SV-80 ........................... 88 5.5. Avaliação da Liberação do RES in vitro ..................................................... 91 5.6. Avaliação da permeação e retenção do RES in vitro em peles de modelo de animal .............................................................................................................. 95 5.7. Avaliação da eficácia in vivo do RES ......................................................... 96 5.7.1. Avaliação da eficácia anti-inflamatória in vivo do RES ......................... 97 5.7.1.1. Avaliação do edema cutâneo ......................................................... 97 5.7.1.2. Avaliação da atividade de MPO ..................................................... 98 5.7.1.3. Avaliação da inibição de secreção/atividade da MMP-9 .............. 100 5.7.1.4. Avaliação da produção de IL-10 .................................................. 102 5.7.2. Avaliação da eficácia in vivo do RES na proteção da capacidade antioxidante da pele ........................................................................................ 103 5.7.2.1. Dosagem do antioxidante GSH e CAT ......................................... 103 5.7.2.2. Ensaios FRAP e ABTS ................................................................ 105 Sumário Andressa Terumi Fujimura 5.7.2.3. Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) ...................... 108 5.7.2.4. Produção do ânion superóxido .................................................... 110 6. Conclusões ..................................................................................................... 113 7. Referências ..................................................................................................... 115 Introdução Andressa Terumi Fujimura 22 1. INTRODUÇÃO A exposição da pele a diversos agentes externos pode causar sérios danos e contribuir para o desenvolvimento de várias doenças cutâneas. A radiação solar ultravioleta (UV) é dividida, de acordo com o comprimento de onda, em três regiões: UVA (320-400 nm), UVB (280-320 nm) e UVC (200-280nm), sendo que esta última é absorvida pela camada de ozônio da atmosfera da Terra e, portanto, o seu papel na patogênese humana é mínimo (SKOBOWIAT et al., 2011). A radiação UVA é mais penetrante que a UVB e induz a formação de espécies reativas de oxigênio (EROs) que, por sua vez, interagem com proteínas e lipídeos ocasionando alterações na função celular e mutações no DNA. Já a radiação UVB é a responsável por vários danos imediatos à pele, como por exemplo, inflamação, queimadura e hiperpigmentação. Além disso, causa dano direto ao DNA e também ocasiona a proliferação de EROs (MONTAGNER & COSTA, 2009; KATIYAR, 2008). Os efeitos da energia solar sobre a pele são determinados pela dose e duração da exposição aos raios UV, pela área exposta e pré-disposição genética do indivíduo (VOLKMER & GREINERT, 2011). Os efeitos nocivos dessa radiação sobre a pele podem ser imediatos, como queimaduras e prurido, ou crônicos, como fotoenvelhecimento, hiperpigmentação e câncer de pele (VENDITTI et al., 2011). De acordo com Chang et al. (2010), a radiação UV tem sido associada à crescente incidência de câncer de pele ao redor do mundo. Desde 1940, houve crescimento de 600% nos casos de câncer de pele não-melanoma e melanoma (HATFIELD et al., 2009). O carcinoma do tipo não melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a 25% dos tumores malignos, apresentando alto percentual de cura e baixa mortalidade. Já o carcinoma do tipo melanoma é o mais grave devido a sua alta possibilidade de metástase, porém, corresponde a 4% das neoplasias malignas registradas no país (INCA, 2012). Estudos anteriores demonstraram que o trans-resveratrol (RES) atua como um importante aliado na prevenção e no tratamento de desordens cutâneas, como a carcinogênese, e também pode auxiliar no tratamento e prevenção do fotoenvelhecimento. Além disso, este composto natural apresenta outros efeitos benéficos à saúde humana, tais como atividade antioxidante, anti-inflamatória, ação cardioprotetora, que inclui supressão da peroxidação lipídica e da síntese de Introdução Andressa Terumi Fujimura 23 eicosanoides, inibição da agregação plaquetária e ação vasorrelaxante (NDIAYE et al., 2011; AGGARWAL et al., 2004; VANG et al., 2011). Um dos maiores problemas relacionados ao RES é a baixa biodisponibilidade in vivo quando administrado por via oral. Em mamíferos, esta substância sofre rápida metabolização hepática e intestinal, em torno de 30 a 60 minutos após a sua administração. Desta forma, a sua utilização sistêmica é prejudicada, uma vez que o pico plasmático diminui rapidamente (COTTART et al., 2010; NDIAYE et al., 2011). Logo, a administração cutânea do RES pode ser conveniente a fim de localizá-lo no seu sítio de ação. No entanto, algumas propriedades físico-químicas, como limitada solubilidade aquosa, dificultam sua eficiência terapêutica tópica, uma vez que possui baixa penetração na pele (AZIZ et al., 2005). As estratégias tecnológicas que apresentem a capacidade de compartimentalizar eficientemente diversos grupos de princípios ativos e de modificar suas propriedades e comportamento em meio biológico, podem se adotadas objetivando melhorar aspectos relacionados à formulação, como instabilidade e baixa eficácia. Sabe-se que a introdução de um novo princípio ativo no mercado, além de levar vários anos de pesquisa, envolve custos altíssimos. Assim, uma alternativa que pode ser empregada para contornar estes elevados custos é recorrer à estratégia de desenvolvimento de sistemas de liberação para estes princípios ativos, o que tem permitido o aumento de eficiência de diversas substâncias ativas, a re-introdução de outros princípios ativos anteriormente descartados por suas propriedades indesejáveis e o aprimoramento de novas substâncias antes que sejam efetivamente lançadas no mercado ou utilizadas na terapêutica (MAINARDES et al., 2006). Dessa forma, durante os últimos anos têm sido desenvolvidos novos veículos com o objetivo não só de aumentar a seletividade e eficácia de princípios ativos, como também, permitir a redução da dose total necessária, minimizando os efeitos colaterais tóxicos, além de permitir o controle de liberação (GRILL et al., 2009). Em virtude do grande número de citações na literatura científica, as indústrias farmacêuticas e cosméticas têm se mostrado interessadas no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados, os quais apresentam vantagens relacionadas principalmente ao fato de promoverem liberação controlada de fármacos, além de Introdução Andressa Terumi Fujimura 24 protegerem princípios ativos da degradação térmica ou fotodegradação (MOHANRAJ & CHEN, 2006; GUTERRES et al., 2007; VENUGOPAL et al., 2009). Os sistemas líquido-cristalinos (SLC) apresentam propriedades de um sólido cristalino e de um líquido isotrópico e estão ganhando notoriedade como um carreador de substâncias ativas para administração cutânea, principalmente em virtude de suas características de interação com o estrato córneo e outras camadas da pele, além da capacidade de arranjo do fármaco com efeito protetor e sustentador da liberação. Quando comparado com outros veículos, como emulsões e géis, os SLC apresentam a vantagem de controlar a liberação do fármaco, promoverem baixa irritação cutânea e protegerem a substância ativa da ação da luz. Além do mais, os SLC apresentam tamanho de partícula reduzido, aumentando o contato com o estrato córneo e promovendo maior penetração cutânea. Tais sistemas também apresentam normalmente baixo custo, possibilidade de produção em escala industrial e, ainda, melhora da estética do produto final devido à sua aparência translúcida e transparente (ROSSETTI, 2010; ANDRADE, 2008; BOOCK, 2007). Existem poucos estudos focados no desenvolvimento de sistemas de liberação contendo RES. Grande parte dos estudos envolve o uso de nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) e lipossomas para incorporação desta substância ativa. Teskac e Kristl (2010) demonstraram que NLS contendo RES podem atravessar a membrana celular dos queratinócitos, aumentando o tempo de exposição das células a esta substância. Guo et al. (2010) utilizaram nanopartículas de RES ligado à albumina sérica bovina em ratos com câncer de ovário primário. Os resultados demonstraram maior inibição do crescimento tumoral para o RES incorporado na nanopartícula que para aquele livre. Amri e colaboradores (2012) encapsularam RES em lipossomas e observaram aumento da estabilidade e da atividade antioxidante, permitindo também uma liberação sustentada desta substância. De maneira geral, as publicações verificadas apresentaram resultados promissores que justificam estudos que evidenciem a liberação controlada do RES, dentre eles envolvendo SLC, objetivando aumentar sua biodisponibilidade e diminuir sua dose administrada. Logo, sua utilização em SLC para administração cutânea seria extremamente viável, a fim de localizá-lo no seu sítio de ação. Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 25 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Consequências da exposição aos raios UV A pele é um dos órgãos mais importantes do corpo humano, sendo constituída por diversas camadas que, por sua vez, se diferem na estrutura e composição. A sua função é atuar como barreira protetora dos órgãos internos, ficando exposta a agentes químicos, físicos e microbiológicos, os quais são capazes de induzir alterações estruturais como o envelhecimento cutâneo e levar ao aparecimento de patologias (NDIAYEA et al., 2011; NKENGNE & BERTIN, 2012). Diariamente, estamos expostos a radiações UV emitidos pelo sol. A exposição prolongada à radiação UV desencadeia uma série de eventos fisiopatológicos na pele resultando em declínio funcional e mortalidade das células e organismos. Além disso, ocorre o processo definido como estresse oxidativo devido ao desequilíbrio entre os antioxidantes naturais da pele e a produção exacerbada de radicais livres ou espécies reativas de oxigênio (EROS) (MORIWAKI & TAKAHASHI, 2008; SHAH & MAHAJAN, 2013). Os radicais livres são espécies químicas que contêm um ou mais elétrons desemparelhados em seu orbital de valência (GUTTERIDGE; HALLIWELL, 2009). Quando formados, interagem facilmente com outras substâncias por meio de reações de oxi-redução para estabilizar rapidamente a sua configuração eletrônica (JENSEN, 2003; HALLIWELL, 2009). Dentre as principais EROS formadas como consequência a exposição excessiva aos raios UV destacam-se o radical hidroxil (HO•) e ânion superóxido (O2•-), os radicais peroxil e alcoxil (RO2• e RO•), o oxigênio singlete (1O2) e os peróxidos de hidrogênio (H2O2) e orgânicos (ROOH). Além das EROs, também ocorre a formação de espécies reativas de nitrogênio (ERN), como por exemplo, óxido nítrico (NO•), óxido nitroso (N2O3), ácido nitroso (HNO2), nitritos (NO2−), nitratos (NO3−) e peroxinitritos (ONOO−) (FRANCO et al., 2009). As EROS desempenham diferentes papéis in vivo, podendo ser benéfico ou projudicial a saúde humana. Quando em concentrações baixas, participa de diversos processos fisiológicos, como produção de energia, regulação do crescimento celular, fagocitose e síntese de substâncias importantes, tais como hormônios e enzimas (MARTINDALE; HOLBROOK, 2002; SCHNEIDER; OLIVEIRA, Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 26 2004; SILVA, 2013). Por outro lado, quando produzidos em excesso, reagem com lipídeos de membrana, proteínas e enzimas teciduais, carboidratos e ácido desoxirribonucléico (DNA), induzindo oxidação nestas moléculas, causando danos a membrana, modificações protéicas e danos ao DNA inibindo a sua função normal. Além disso, podem desregular as vias de transdução redox-sensível, de citotoxicidade e de apoptose. (PIETTA, 2000; IVAN, 2013; SILVA, 2013). A epiderme é composta principalmente de queratinócitos que são ricos em enzimas sequestradoras de radicais livres (antioxidantes), tais como: superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), e glutationa peroxidase (GPx). (GAO & ZHANG, 2008; VOLKMER & GREINERT, 2011). De acordo com Gao & Zhang (2008), dentre as enzimas antioxidantes, a SOD é a mais eficiente. Esta enzima converte superóxido (O2•-) em peróxido de hidrogênio (H2O2), evitando assim os possíveis danos que poderiam ser ocasionados por este radical. O H2O2 formado é removido pela CAT e GPx. A CAT é a enzima que catalisa a reação de decomposição do H2O2 em água e oxigênio. Já a GPx catalisa as reações de doação de elétrons, tendo como agente redutor a glutationa reduzida (GSH) e consequentemente dando origem à glutationa oxidada (GSSG). Entretando, há situações em que o equilíbrio entre a produção dos radicais livres e as defesas antioxidantes pode ser prejudicado devido à produção exacerbada dessas espécies reativas ou à deficiência das defesas antioxidantes da célula (HALLIWELL, 2009). Dessa maneira, o estresse oxidativo tem sido apontado como uma das causas de numerosas doenças como câncer, aterosclerose, doenças autoimunes como a artrite reumatóide, Parkinson, doença neuro motora, doenças pulmonares, diabetes e propagação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) em pacientes HIV positivos (ARUOMA, 1999; VASCONCELOS et al., 2007). A exposição à radiação UV, além de induzir ao desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes da pele, ainda ocasiona a liberação de uma rede de citocinas inflamatórias. Essas citocinas, por sua vez causam vasodilatação, alargamento das junções endoteliais, extravasamento de proteínas e líquido no interstício resultando em edema na pele. Neutrófilos são ativados e ocorre a estimulação da atividade da mieloperoxidade (MPO) e das metaloproteínases (MMPs). Além disso, ocorre o aumento de interleucinas, TNF - α, diferentes receptores de fatores de crescimento, ativação de NF- kB e, por fim, diminuição nos Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 27 níveis de TGF. Dessa forma, ocorre à indução de um processo inflamatório. Tais eventos podem ser considerados primordiais para o aparecimento danos na pele e fotoenvelhecimento. O processo inflamatório decorrente da liberação dessas substâncias após a irradiação UV representa uma tentativa de proteção do organismo para restaurar a homeostasia. Entretanto, essa tentativa de restaurar o estado homeostático pode, ao mesmo tempo, ser prejudicial, resultando assim, em doenças inflamatórias como a psoríase e a dermatite de contato (CAMPANINI et al, 2013). 2.2. Trans-resveratrol Os compostos fenólicos têm atraído considerável interesse pela comunidade científica devido aos seus efeitos benéficos à saúde humana (SHI et al., 2008). O resveratrol é um composto polifenólico e não-flavonóide encontrado em uvas, amendoim, amora e outros alimentos que geralmente são consumidos como parte da dieta humana. Este composto foi isolado pela primeira vez em 1940 como um ingrediente das raízes de heléboro branco (Veratrum grandiflorum O. Loes) e foi identificado em 1963 a partir de raízes secas de Cuspidatum polygonum, uma planta usada na medicina asiática tradicional (BAUR & SINCLAIR, 2006; NOTAS et al., 2006; KUNDU & SURH, 2008). O resveratrol se acumula na planta em resposta ao estresse, lesões, infecção fúngica e irradiação UV (NOTAS et al., 2006). Desde a descoberta, e, especialmente, a partir de 1990, o resveratrol tem recebido muita atenção da comunidade científica. Este composto tem demonstrado não só a capacidade de inibir a ativação do câncer, mas também de diminuir o desenvolvimento do tumor em diversos tipos desta doença (LUCAS-ABELLÁN et al., 2007). Outros efeitos benéficos foram demonstrados, incluindo proteção cardíaca (AMRI et al., 2012; BRITTES et al., 2010), anti-inflamatória, antimicrobiana (PIOTROWSKA et al., 2012), inibição da agregação de plaquetas (LI et al., 2007; ZAMIN et al., 2006), melhoria do perfil lipídico e metabolismo das lipoproteínas, aumento na sensibilidade a insulina, prolongamento da sobrevida (LU et al., 2009; ROCHA et al., 2009), e, por fim, propriedades antioxidantes e atividade anti- envelhecimento (KALRA et al., 2008; FERNÁNDEZ-MAR et al., 2012; ZHANG et al., 2012). Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 28 Segundo Baur & Sinclair (2006) e King et al. (2005), as ações biológicas do resveratrol são decorrentes da sua capacidade para inibir a oxidação da lipoproteína de baixa densidade humana, supressão de ciclo-oxigenase-2, diminuição da produção e atividade do óxido e redução do estresse oxidativo. Tais funções benéficas acentuam seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Há relatos também sobre a sua ação como agente terapêutico em doenças neurodegenerativas (Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla) (WIGHT et al., 2012); modulação da artrite inflamatória por meio da supressão da resposta humoral, a qual é necessária para o desenvolvimento da doença (XUZHU et al., 2012), inibição da síntese de tromboxano B2 e hidroxiheptadecatrionato (HHT) e inibição de maneira dose-dependente da agregação plaquetária (PACE-ASCIAK et al., 1995). O resveratrol é um pó esbranquiçado com fórmula molecular C14H12O3, peso molecular igual a 228,25 g.mol-1, ponto de fusão entre 253 e 255°C, log P igual a 3,1, solubilidade em água a 0,03 g/L, solubilidade em DMSO a 16 g/L e solubilidade em etanol igual a 50 g/L (KRISTL et al., 2009; MISHRA, 2011; AMRI et al., 2012). Mesmo apresentando baixa solubilidade em água, este composto exibe alta permeabilidade em membranas, podendo assim ser classificado como componente de classe-II no Sistema de Classificação Biofarmacêutica (AMIDON et al., 1995; AMRI et al., 2012). O resveratrol existe na forma de dois isômeros estruturais: cis-(Z) e trans-(E) (Figura 1). O trans-isômero é biologicamente mais ativo que o cis-isômero provavelmente devido à sua conformação planar, o que lhe confere maior estabilidade numa faixa de pH de 1 a 7, além da viabilidade comercial (FULDA, 2010; RIUS et al., 2010; AMRI et al., 2012). Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 29 Figura 1. Estrutura química do trans-resveratrol e cis-resveratrol, respectivamente Trans-resveratrol Cis-resveratrol De acordo com Ichihashi et al. (2009), Lagouge et al. (2006) e Baur & Sinclair (2006) devido à capacidade antioxidante, diferenciação das células da epiderme e regulação do metabolismo energético mitocondrial, o RES tem se mostrado um importante aliado na prevenção do fotoenvelhecimento. Afaq e colaboradores (2003) conduziram um estudo em camundongos sem pêlo SKH – 1 a fim de analisar o potencial efeito benéfico dos trans-resveratrol frente à radiações UVB. Os autores demonstraram que a aplicação tópica deste composto antes da irradiação UV-B inibiu significativamente o edema causado pela irradiação UVB e, ainda, diminuiu a geração de peróxido de hidrogênio e a infiltração de leucócitos. Dessa forma, devido às suas propriedades antioxidantes, o trans-resveratrol foi capaz de conferir proteção contra os danos causados pela exposição à radiação UVB. Reagan-Shaw et al. (2004) avaliaram a proteção do RES por meio de moléculas reguladoras do ciclo celular durante múltiplas exposições à radiação UVB. Eles observaram que a aplicação tópica do RES resultou na diminuição da hiperplasia e infiltração de leucócitos. Além disso, foi relatado que este composto modulou a expressão e a função do ciclo celular das proteínas reguladoras de ciclina D1 e D2, cdk-2, -4 e -6 e WAF1/p21. Portanto, o RES mostrou-se útil para a prevenção de danos cutâneos causados pela radiação UVB. Por outro lado, estudos também revelam a baixa biodisponibilidade por via oral do RES. Walle et al. (2004), utilizaram RES marcado com carbono 14 (RES-C14) para administração oral e intravenosa em 6 voluntários para a avaliação da absorção, Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 30 biodisponibilidade e metabolismo do RES. Eles observaram que após administração de 25 mg de RES, a absorção foi de 70% e o pico plasmático desta substância e seus metabólitos foi de 491 ± 90 ng/mL (aproximadamente 2μM). Além disso, foi constatado que o tempo de meia-vida do RES plasmático foi de 9,2 ± 0,6 horas. A partir da dose de RES recuperada na urina, foram identificadas 3 vias metabólicas, para as quais observou-se a produção de sulfato e ácido glucurônico conjugado de grupos fenólicos e hidrogenação de ligação dupla alifática. Este último composto provavelmente foi produto da microflora intestinal. De acordo com os pesquisadores, provavelmente o fator limitante para a baixa biodisponibilidade do RES é a rápida conjugação pelo fígado e intestino (WALLE et al., 2004). Em outro estudo conduzido também por Walle e colaboradores (2011) avaliando a biodisponibilidade do RES, foi demonstrado que a absorção oral desta substância foi aproximadamente 75%. Este estudo está de acordo com pesquisas anteriores realizadas pelo mesmo grupo, indicando que a baixa biodisponibilidade oral do RES (menor que 1%) é devido ao extenso metabolismo intestinal e hepático (WALLE et al., 2011). A dose diária ideal de RES recomendada pela via oral é de 400mg, o que corresponde cerca de 1000 litros de vinho. Desta forma, nota-se a necessidade do desenvolvimento de novas técnicas e formulações para ser administradas por outras vias de administração (SARAF & KAUR, 2010; NDIAYEA et al., 2011; FONTES, 2013). Recentemente há uma grande atenção por parte das indústrias farmacêuticas em sistemas de liberação que sejam capazes de aumentar a estabilidade de compostos sensíveis ao oxigênio, água e luz. Além disso, há o interesse também em sistemas que oferecem um melhor direcionamento para a camada superior da pele e que minimizem os efeitos adversos observados na administração pela via oral, o que consequentemente aumenta a aceitação pelo paciente (KAUR et al., 2007). Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 31 2.3. Sistemas líquido-cristalinos Estudos recentes têm demonstrado a importância dos sistemas de liberação na eficácia da farmacoterapia. Diversos são os problemas associados a falhas farmacoterápicas, tais como: toxicidade de alguns fármacos (fármacos na terapia do câncer), baixa solubilidade, baixas concentrações plasmáticas de alguns fármacos devido à baixa absorção, rápida metabolização e, ainda, rápida eliminação (RES). Com relação à biodisponibilidade dos fármacos, a via oral acarreta certos problemas como flutuações nos picos plasmáticos devido à absorção imprevisível e presença de alimentos provenientes do consumo diário (RIGON, 2013). Dessa maneira, estudos tem se focado no desenvolvimento de sistemas de liberação adequados para a finalidade pretendida de cada tratamento, como por exemplo, os sistemas líquido-cristalinos. Em 1889, Lehmann descreveu um estado intermediário decorrente da transformação térmica do estado sólido para o liquido que, a partir deste momento, passou a ser conhecido como cristal líquido (CLs). Já em 1922, para tentar definir este novo estado da matéria, Friedel utilizou o termo ―estado mesomórfico‖ (mesos – intermediário e morphé – forma). Dessa forma, os cristais líquidos passaram a ser conhecidos também como fases mesomórficas cristalinas ou simplesmente fases mesomórficas (MULLER-GOYMANN & FRANK, 1986; FERRARI, 1998; FERRARI et al., 2004; MORAIS, 2006; CHORILLI et al., 2009). Os sistemas líquido-cristalinos apresentam, concomitantemente, propriedades de um sólido cristalino como rigidez e ligações definidas e, de um líquido isotrópico, como regiões desordenadas e fluidas. Esta mistura característica confere ao cristal liquido propriedades mecânicas típicas do estado líquido, incluindo fluidez e tensão superficial, porém com certa ordem molecular, ou seja, possui característica de uma fase fluida ordenada. Além disso, estas mesofases cristalinas exibem propriedades ópticas como anisotropia (direção óptica), birrefringência e dicromismo de acordo com o seu arranjo molecular (FERRARI, 1998; HYDE et al., 2001; FERRARI et al., 2004; MORAIS, 2006; CHORILLI et al., 2009). A anisotropia ocorre quando o material é capaz desviar a propagação da luz em direções não equivalentes. A birrefringência, também conhecida como refração dupla, ocorre quando um feixe individual de luz branca penetra no material e separam-se em dois feixes que passam a vibrar a ângulos retos um em relação ao Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 32 outro. Já o dicromismo é consequência da maior absorção de um componente de luz polarizada em relação a outro (CHORILLI et al., 2009). Os cristais líquidos são formados por moléculas de tensoativo que se auto- agregam quando estão na presença de água. Estas mesofases são classificadas em liotrópicas e termotrópicas. Os sistemas liotrópicos são formados por meio da adição de solventes; já para os termotrópicos, a sua formação é dependente da temperatura. De acordo com a variação na concentração de tensoativo, diferentes formas líquido-cristalinas podem ser formadas, como lamelares, hexagonais e cúbicas (FORMARIZ et al., 2005). A fase lamelar é formada por arranjos paralelos e planares, composta de uma bicamada de tensoativo que se estende por longa distância e é separada por camadas de água, formando uma rede unidimensional. Esta mesofase é caracterizada pela presença de cruz de malta sob o plano de luz polarizada. A fase hexagonal é formada pelo arranjo de cilindros longos formando estruturas bidimensionais. Sua característica sob o plano de luz polarizada é a presença de estrias. Já a fase cúbica, também conhecida como fase isotrópica viscosa, consiste em micelas normais (fase contínua polar) ou reversas (fase contínua apolar) empacotadas em simetria cúbica ou bicontínua. Diferentes das fases lamelar e hexagonal, a fase cúbica não apresenta birrefringência quando observada em microscópio de luz polarizada (FORMARIZ et al., 2005; CARVALHO, 2012; CALIXTO, 2013). Diversas técnicas físico-químicas podem ser utilizadas na identificação e diferenciação das fases líquido-cristalinas, dentre elas podemos citar difração de nêutrons, SAXS e reologia. Além disso, a microscopia de luz polarizada é uma ferramenta muito útil na identificação destas mesofases devido a sua birrefringência, apresentada em sistemas líquido-cristalinos, e facilidade de detecção desta técnica (BRINON et al., 1999; URBAN, 2004, OYAFUSO, 2012). Sob um plano de luz polarizada, se o material for capaz de desviar o plano de luz incidente é classificado como anisotrópico. Por outro lado, se a amostra não for capaz de desviar o plano de luz incidente, é classificada como isotrópica. As mesofases lamelares e hexagonais são anisotrópicas, enquanto as cúbicas são isotrópicas (FORMARIZ et al., 2005; MORAIS, 2006; URBAN, 2004). Revisão Bibliográfica Andressa Terumi Fujimura 33 De acordo com Chorilli e colaboradores (2011), a vantagens de se utilizar os cristais líquidos como um sistema de liberação de fármacos é o grande potencial de solubilização e a melhor estabilidade física dos princípios ativos quando incorporados em sistemas líquido-cristalinos. Dessa maneira, os fármacos podem ser incorporados tanto na parte polar como na parte apolar dos cristais líquidos. Além disso, há a possibilidade de incorporação entre as moléculas de tensoativo (OTTO et al., 2009). Conforme Makai e colaboradores (2003), estas mesofases cristalinas tem sido muito utilizadas na liberação de fármacos pela via cutânea, principalmente a fase lamelar, devido à grande similaridade desta estrutura com a membrana lipídica intercelular da pele. Além disso, as mesofases lamelares e cúbicas, quando utilizadas como sistema de liberação e como veículos para administração de fármacos, apresentam propriedades bioadesivas (FORMARIZ et al, 2005). Objetivo Andressa Terumi Fujimura 34 3. OBJETIVO O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver um sistema de liberação nanoestruturado para o RES que otimize a utilização desta substância ativa na terapia tópica antioxidante / anti-inflamatória e no tratamento de desordens cutâneas decorrentes do estresse oxidativo. Os objetivos específicos foram:  Desenvolvimento do sistema líquido-cristalino (SLC) para incorporação do RES  Caracterização dos SLC:  Microscopia de luz polarizada;  Espalhamento de raios-X de baixo ângulo (SAXS)  Reologia;  Ensaio do perfil de textura  Ensaio de bioadesão in vitro  Avaliação da toxicidade em células Caco-2 e SV-80  Realização de ensaios de liberação in vitro utilizando membranas de celulose;  Realização de estudos de retenção e permeação in vitro empregando peles de modelo animal.  Avaliação da eficácia anti-inflamatória e antioxidante in vivo do RES  Avaliação do edema cutâneo  Avaliação da atividade de MPO  Avaliação da inibição de secreção/atividade da MMP-9  Avaliação da produção de IL-10  Dosagem do antioxidante endógeno GSH  Avaliação do poder antioxidante redutor férrico (FRAP)  Capacidade sequestradora do radical ABTS+  Dosagem da atividade de catalase (CAT)  Avaliação dos níveis de hidroperóxidos lipídicos (LOOH)  Produção de ânion superóxido Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 35 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Material 4.1.1. Soluções e reagentes  2,2’ azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) (ABTS) (Sigma-Aldrich);  2,2-difenil-1-picrilidrazil (DPPH) (Sigma-Aldrich);  2,4,6 tripiridil-S-triazina (TPTZ) (Sigma-Aldrich);  2-deoxi-D-ribose (Acros);  Acetonitrila grau CLAE (J.T. Baker, USA);  Ácido 5,5’-ditio-bis-(2-nitrobenzóico) (DTNB) (Sigma).  Ácido acético glacial (J.T. Baker, USA);  Ácido linoléico (Sigma-Aldrich)  Ácido tiobarbitúrico (TBA) (Synth);  Água (Milli-Q);  AlamarBlue® (AB; Invitrogen, Alfagen, Portugal);  Batofenantrolina (BPS) (Acros);  Brometo de hexadecil trietil amônio (HTAB) (Sigma-Aldrich);  Carbopol 974 (Lubrizol - Cleveland, OH);  Células Caco 2 (CLS, Eppelheim, Alemanha);  Células SV-80 (CLS Cell Lines Service, Alemanha);  Corante azul brilhante (Sigma-Aldrich);  Ditiocarbamato de pirrolidina (PDTC) (Alexis Corporation);  DMEM (Dulbeco’s modified Eagle's medium) (Gibco, Life technologies, USA);  Fenantrolina (Sigma-Aldrich);  Fita adesiva 750 transparente Scotch® (3M Brasil);  Fluoreto de fenilmetilsulfonila (Sigma-Aldrich);  Glutationa Reduzida (GSH) (Sigma-Aldrich);  Kits de ELISA para dosagem das citocinas IL-10 (Bioscience);  L-glutamina (Gibco, Life technologies, USA);  Metanol grau CLAE (J.T. Baker, USA);  N-etilmaleimida (Sigma-Aldrich);  o-Dianisidina (Sigma-Aldrich); Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 36  Penicilina (Gibco, Life technologies, USA);  Polissorbato 80 (Sigma-Aldrich, USA);  Silicone DC 193 (Dow Corning - Brasil);  Silicone DC 5329 (Dow Corning - Brasil);  Soro fetal bovino, FBS (Gibco, Life technologies, USA);  streptomicina (Gibco, Life technologies, USA);  Substância química de referência (SQR) é o trans-resveratrol (3,5,4’-tri-hidroxi- trans-estilbeno), 99% de pureza (Sigma-Aldrich, USA).;  Trans-resveratrol (Regu® Fade, Sarfam, Brasil).  Trietanolamina (Synth - Brasil);  Tripsina- EDTA 0,05 % (v/v), (Gibco, Life technologies, USA).  Trolox (Acros)  Xilene cianol (Amresco); 4.1.2. Equipamentos  Agitador mecânico (Fisatom®);  Agitador Orbital, modelo 255 (Fanem®);  Amostrador Auto Multi Fill™ (Hanson Research, USA);  Analisador de textura TA-XTplus (Stable Micro Systems, Surrey, UK);  As medidas de SAXS foram realizadas na linha D11-A SAS do Laboratório Nacional de Luz Sincroton (LNLS), em Campinas-SP;  Balança analítica, Micronal B160;  Banho Maria 100 (Fanem);  Banho, modelo 314/2 DN (Nova Ética);  Bomba de vácuo;  Centrífuga refrigerada, modelo Rotina 46 R (Hettich Zentrifugen);  Centrífuga Sorvall® TC6 (Sorvall, Brasil);  Centrífuga, modelo Baby I 206-BL (Fanem);  Coluna C18 Luna (250 mm x 4,6mm I.D. 5um; Phenomenex, Torrance, EUA);  Compartimento de madeira projetado para irradiação;  Contador automático (TC10 automated cell conter) (BIO-RAD, Portugal) Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 37  Cromatógrafo de Alta Eficiência Waters® Alliance, modelo 2695, equipado com detector UV-Vis Photodiodearray, modelo 2996;  Deionizador de água, modelo Purebal Option-Q (Elga);  Espectrofotômetro, modelo Evolution 60 (Thermo Scientific);  Espectrofotômetro, modelo Helios alfa (Thermo Spectronic);  Estufa 0-120 °C (De LEO & Cia);  Fonte elétrica para eletroforese, modelo MS 300V (Major Science);  Homogeneizador de tecido, modelo Tissue-Tearor (Biospec);  Homogeneizador de tecidos Ultra Turrax®, modelo T18 basic (IKA);  Lâmina de leitura (BIO-RAD, Portugal);  Lâmpada ultravioleta fluorescente, modelo PHILIPS TL/12 40W RS-UVB (MedicalHoland);  Leitor de microplaca, modelo Asys Expert Plus (Biochrom);  Leitor de microplaca, modelo Victor X3 (Perkin Elmer);  Microscópio Jenamed 2, Carl Zeiss – Jena;  Permeador Microette Plus™ (Hanson Research, USA);  pHmetro, modelo Tec-3MP (TECNAL);  Pipetas automáticas 20, 100, 200 e 1000 Μ, modelo LabMate (HTL);  Radiômetro IL 1700 (Research Radiometer);  Reômetro AR 200 EX – TA Intruments ;  Ultrassom Ultrasonic Cleaner Unique Modelo USC 2800A (Unique Ind., Brasil);  Ultrassom Unique;  Vortex Phoenix® AT56 (Phoenix, Brasil); 4.2. Métodos 4.2.1. Preparação da dispersão de Carbopol C974 A dispersão de Carbopol® C974 (C974) foi preparada na concentração de 5,0% (m/m). Este polímero foi suspenso em água Milli-Q e misturado com o auxílio de grau e pistilo. Após a completa solubilização, o pH foi ajustado para 7,0 com trietanolamina. Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 38 4.2.2. Construção do diagrama ternário de fases Foi construído um diagrama ternário de fases fixando-se o silicone DC 193 como fase oleosa, o silicone DC 5329 como tensoativo e a dispersão polimérica de Carbopol® 974 a 0,5% como fase aquosa. Inicialmente, misturou-se 10% da dispersão polimérica a 5% com água, de modo que resultasse numa porcentagem polimérica final nos sistemas de 0,5%. Os sistemas foram preparados por mistura direta dos componentes à temperatura ambiente e homogeneização com a utilização de bastão de vidro durante 10 minutos. Para delimitar as diferentes regiões no diagrama de fase, os sistemas formados e suas consistências foram analisados visualmente, contra fundo escuro e classificados como sistemas viscosos ou líquidos opticamente transparentes, translúcidos ou opacos, ou ainda separação de fases. A partir desses dados, foram selecionadas as regiões dos sistemas para a análise estrutural. A incorporação de RES foi feita na fase oleosa. Incorporou-se 0,1% do fármaco no sistema (RIGON, 2013), uma vez que a incorporação de maiores quantidades de fármaco ocasionava a alteração estrutural do sistema. 4.2.3. Análise estrutural do sistema 4.2.3.1. Microscopia de luz polarizada Realizou-se a microscopia de luz polarizada colocando-se uma pequena quantidade das formulações obtidas sobre lâmina de vidro, coberta com lamínula, para análise em microscópio de luz polarizada Jenamed, Carl Zeiss. Foi avaliada a homogeneidade da formulação e, com auxílio de polarização, analisou-se a presença de área de anisotropia, o que é um indicativo da presença de cristal líquido (CHORILLI et al., 2009). A análise foi realizada à temperatura ambiente e utilizou-se aumento de 20 vezes. 4.2.3.2. Espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS) As formulações selecionadas foram analisadas por SAXS no Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS-Brasil), Campinas-SP, que é equipado com um Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 39 monocromador do tipo Si (111), com comprimento de onda de 1,608 Ǻ, um detector vertical localizado cerca de 1,5 m da amostra e um analisador multicanal para registrar a intensidade do espalhamento I(q), em função do vetor de espalhamento, q. Essa instalação permitiu um vetor de espalhamento, q, entre aproximadamente 0,1 e 2,3 Å-1. O espalhamento por partículas existentes no sistema sem amostra foi subtraído da intensidade total da amostra. As intensidades de todas as amostras foram medidas em unidades relativas, mas para uma comparação quantitativa, as medidas foram normalizadas nas mesmas condições experimentais. 4.2.3.3. Determinação do comportamento reológico Os reogramas das formulações selecionadas foram obtidos utilizando Reômetro AR 200 EX – TA Intruments, com dispositivo cone-placa de 40mm e temperatura constante a 32 ᵒC. As propriedades reológicas dos sistemas foram avaliadas por análise reológica contínua e por análise reológica oscilatória. Para a realização do teste, as amostras foram aplicadas à placa inferior cuidadosamente, tentando assegurar o mínimo de cisalhamento possível da formulação. Logo após, a amostra foi deixada em repouso (relaxamento da tensão introduzida antes da análise) de 5 minutos antes de cada determinação. Na análise reológica de fluxo contínuo, fez-se um estudo da tensão de cisalhamento em função da velocidade de cisalhamento na região de 0 a 30 s-1. Na análise reológica oscilatória de varredura de frequência as medidas foram realizadas em função da frequência (1 – 100 Hz), aplicando uma tensão de 1 Pa. Os ensaios foram realizados em triplicata. 4.2.3.4. Ensaio de perfil de textura (TPA) As formulações selecionadas foram submetidas ao teste TPA (Texture profile analysis) por meio do analisador de textura TA-XTplus (Stable Micro Systems, Surrey, UK). Para a realização do teste, as formulações (10 g) foram colocadas em tubos de centrífuga cônicos de 50 mL (Falcon, BD®, Franklin Lakes, EUA). Em seguida, esses tubos foram colocados embaixo da sonda analítica (10 mm de diâmetro) do analisador de textura, que foi programado para comprimir a amostra, em dois ciclos, à velocidade de 0,5 mm/s até a profundidade pré-definida (10 milímetros) e retornar Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 40 para a superfície da amostra na mesma velocidade. Após 5 segundos de repouso, a segunda compressão foi iniciada nas mesmas condições. Dessa forma, foi possível obter uma curva com as características mecânicas do sistema, como dureza, compressibilidade, adesividade e coesão. 4.2.3.5. Ensaio de bioadesão in vitro Para o ensaio de bioadesão foi utilizado o analisador de textura TAXTplus (Stable Micro Systems, Surrey, UK), no modo Adhesion Test. Como membrana, utiizou-se a pele de orelha de porco dermatomizada. Na temperatura de 32ºC, as formulações foram acondicionadas em recipientes de vidro pequenos sob a sonda. O teste foi iniciado abaixando a sonda a uma velocidade constante (1 mm/s) até que a pele entrasse em contato com a amostra. A pele e a amostra foram mantidas em contato durante 60 segundos e nenhuma força foi aplicada durante este tempo. Em seguida, a sonda subiu a velocidade constante (0,5 mm/s) até ocorrer o destacamento da pele da amostra. A força necessária para destacar a pele da amostra foi calculada pela curva força versus tempo, que resultou no pico de adesão e no trabalho de adesão do sistema. O teste foi realizado em triplicata (KOFFI et al., 2006). 4.2.4. Metodologia analítica para quantificação de RES por CLAE A metodologia analítica foi validada por Rigon (2013) e para a quantificação do RES neste trabalho foi utilizado o mesmo equipamento Waters® Alliance, modelo 2695, equipado com detector UV-Vis Photodiode Array 2996, com injetor automático. A coluna utilizada foi a coluna C18 Luna (250 mm x 4,6mm I.D. 5um; Phenomenex, EUA), o comprimento de onda do detector foi fixado em 306,6 nm. A fase móvel foi eluída por modo de gradiente em um fluxo de 1 mL/min, sendo composta entre 0 e 3,5 min por água: acetonitrila (75:25, v/v); de 3,6 e 5,8 min por água: metanol: acetonitrila (32,5:30:37,5; v/v) e 5,9 e 10 min por água: acetonitrila (75:25, v/v) e o tempo de corrida foi de 10 minutos. Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 41 4.2.4.1. Linearidade Construiu-se a curva analítica de RES em diferentes concentrações (0,1 – 10 μg/mL). Após a construção desta curva analítica em função da área de pico a linearidade do método na faixa de concentração testada foi avaliada pela análise da regressão linear (NEMEN; LEMOS-SENNA, 2011). 4.2.4.2. Precisão A precisão foi avaliada através de ensaio de precisão intermediária. A precisão intermediária, por sua vez, foi determinada pela análise de 3 injeções consecutivas da solução padrão de RES, em três diferentes concentrações, em dois dias distintos (BRASIL, 2003). 4.2.4.3. Exatidão A exatidão de um método analítico é a proximidade dos resultados obtidos pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro. A exatidão foi verificada por meio de nove injeções, ou seja, três concentrações diferentes com três réplicas cada. Ela pode ser expressa pela relação entre a concentração média determinada experimentalmente e a concentração teórica correspondente, sendo calculada pela Equação 1 (BRASIL, 2003). Exatidão = (CME/CT) x 100 (Equação 1) em que CME = Concentração média experimental; CT = Concentração teórica. 4.2.4.4. Especificidade / Seletividade A especificidade / seletividade expressa à capacidade do método em mensurar o RES no ambiente real de ensaio, especialmente na presença de interferentes, como o meio receptor e a formulação. Na análise deste parâmetro foi utilizada uma solução de trabalho contendo 10 µg/ml de RES em meio receptor do ensaio de liberação, permeação e retenção cutânea em comparação com uma solução contendo a formulação e outra solução apenas contendo o meio receptor (Polissorbato 80 a 2%). Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 42 4.2.5. Avaliação da toxicidade em células Caco-2 e SV-80 O presente ensaio foi realizado durante estágio no Centro de Investigação e Tecnologia de Ciências Agro-ambientais e Biológicas (CITAB), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real, Portugal, sob supervisão da Profa. Dra. Amélia M. Lopes Dias da Silva. 4.2.5.1. Culturas celulares: manutenção e manuseio 4.2.5.1.1. Cultura celular Células epiteliais Caco-2 (CLS, Eppelheim, isoladas a partir de adenocarcinoma de cólon humano) e SV-80 (CLS no. 300345; isoladas a partir de fibroblastos do pulmão) foram mantidas em meio de cultura completo numa incubadora (Binder) a 37 °C com 5 % de CO2 / 95 % de ar no Laboratório de Biologia Celular e Bioenergética do Departamento de Biologia e Ambiente da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (DeBA-UTAD). Ambas as linhas celulares foram manipuladas em condições assépticas numa câmara de fluxo laminar, classe I (Faster, BH-En 2004) para prevenir quaisquer contaminações bacterianas, fúngicas ou virais (PHELAN, 2007; WILLARD; MERRITT & DEAN, 1965). 4.2.5.1.2. Meios de cultura O meio de cultura para o crescimento destas células continha vitaminas, aminoácidos, glicose, íons inorgânicos, entre outros. Dessa forma, este meio foi capaz de fornecer todos os nutrientes essenciais para a proliferação celular, crescimento e metabolismo celular. Foram utilizados dois tipos diferentes de meio de cultura, um com soro (soro fetal bovino), denominado de meio de cultura completo e outro sem soro. O meio de cultura completo consistiu de meio base DMEM (Dulbeco’s modified Eagle's medium), este já contém 25,0 mM de glicose e 0,1 g/L de piruvato. Em seguida foi suplementado com 2,0 mM de L-glutamina, 10 % (v/v) de soro fetal bovino, FBS e antibióticos (200 U/mL de penicilina e 200 μg/mL de estreptomicina). O meio de cultura sem soro foi constituído de meio base DMEM suplementado com 2 mM de L-glutamina e antibióticos (200 U/mL de penicilina e 200 μg/mL de estreptomicina). Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 43 4.2.5.1.3. Tratamento das células As células foram tratadas com 1 mL de solução de tripsina (tripsina- EDTA 0,05 % (v/v) por 4 a 10 minutos a 37ºC para desagregar as células). Após este tempo, foi adicionado 1mL de meio de cultura com soro para inativar a tripsinização e individualizar as células. Em seguida colocou-se uma alíquota desta suspensão de células em lâmina de leitura e foi realizada a contagem das células utilizando um contador automático. Após a determinação do número de células por mililitro da suspensão, foram realizados cálculos de forma a obter a densidade de 5x104 células/mL. As células já contadas foram diluídas em meio de cultura completo e 100 µL de células foram semeadas em placas de cultura de 96 poços e incubadas por 24 h para restabelecimento das condições. Após as 24 h de cultura, o meio foi removido e substituído por 100 μL de meio de cultura sem soro suplementado com as diferentes substâncias a serem testadas (Carbopol 974®, silicone DC 193®, silicone DC 5329®), nas concentrações de 5, 10, 25, 50 e 100 μg/mL ou por meio de cultura sem soro (controle). 4.2.5.1.4. Ensaio de citotoxicidade utilizando Alamar Blue® Uma das formas de avaliar a viabilidade celular in vitro é o emprego de uma solução denominada Alamar Blue® (AB). Este reagente possui como substância ativa a resazurina que é capaz de permear as membranas celulares, é não-tóxica e apresenta cor azul na forma oxidada. Esta, por sua vez, pode ser facilmente reduzida por uma das oxiredutases da cadeia respiratória, dando origem ao composto resorufina que é fluorescente e de cor vermelho-rósea, sendo assim um indicador direto da atividade mitocondrial celular e do estado de viabilidade da célula. Quando o AB é adicionado em uma cultura de células, sua forma oxidada (cor azul) é capaz de entrar no citosol e, assim, é convertido a sua forma reduzida (cor vermelho-rósea) (AL-nasiry et al., 2007; BOPP & LETTIERI, 2008). Logo, a taxa de conversão de resazurina e resorufina é diretamente proporcional ao número de células vivas (AL-NASIRY et al., 2007). A Figura 2 demonstra a reação de redução do AB. Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 44 Figura 2: Representação esquemática da reação de redução do AB. (adaptado de Promega, 2013). A alteração de cor ocasionada pela redução do AB é facilmente medida por espetrofotometria ou fluorometria nos comprimentos de onda de 570 nm (resazurina, forma oxidada) e 620 nm (resorufina, forma reduzida). Após 24 h de incubação da placa com os componentes da formulação, adicionou-se 10 μL/poço de uma solução de Alamar Blue® seguida por um período de incubação de 1 h (37ºC, 5% de CO2, 95% de umidade) e medida de absorbância nos comprimentos de onda de 570 nm e 620 nm. A placa foi incubada por 24 e 48 horas. O número de células viáveis é diretamente correlacionado com a quantidade de AB que foi reduzido, sendo expresso em percentagem de redução de AB (AL- NASIRY et al., 2007; BOPP & LETTIERI, 2008). A equação 2 demonstra o cálculo da percentagem de redução de AB: ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) (Equação 2) (adaptado de Al-Nasiry et al., 2007) onde, ɛ λ1 e ɛ λ2 representa o coeficiente de extinção molar de AB a 570 e 620 nm, respectivamente, no estado oxidado (ɛox) e reduzido (ɛred). Aλ1 e Aλ2 representam a Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 45 absorbância da amostra a 570 e 620 nm, respectivamente. A’λ1 e A’λ2 representam a média da absorbância do controle a 570 e 620 nm, respectivamente. 4.2.6. Estudo de liberação do RES in vitro Os ensaios de liberação do RES in vitro foram conduzidos utilizando o sistema de célula de difusão vertical (células de Franz) com volume no compartimento receptor de 7 mL e área de contato com a amostra de 1,77 cm2. Para avaliar a liberação, foi colocada entre o compartimento doador e receptor da célula de difusão uma membrana sintética de acetato de celulose com poro de 0,45 μm e o compartimento receptor foi preenchido com solução receptora composta por solução aquosa de polissorbato 80 a 2,0% (m/v), garantindo a condição sink durante todo o ensaio. As formulações escolhidas foram previamente pesadas (300mg) e transferidas com auxilio de uma espátula para o anel dosador colocado sobre a membrana de acetato de celulose (DETONI et al., 2012). Os experimentos foram conduzidos a 32 ± 2 °C e a solução receptora foi constantemente agitada a 300 rpm (DETONI et al., 2009).Durante o ensaio, alíquotas de 2 mL foram coletadas nos tempos 5, 15 e 30 minutos e 1, 2, 4, 8, 14, 20 e 24 horas, filtradas em membrana de 0,45 μm e analisadas por CLAE para avaliar a cinética de liberação do fármaco. 4.2.7. Ensaio de permeação cutânea in vitro Neste ensaio foi utilizado peles de orelha de porco, obtidas no Frigorífico Olhos d’Água logo após o abate dos animais. As orelhas foram lavadas com água corrente, e os pêlos em excesso e tecidos não desejados foram removidos com o auxilio de tesoura. Logo após este procedimento, essas orelhas foram dissecadas com auxilio de bisturi e pinça. Em seguida, as peles foram dermatomizadas retirando-se apenas o estrato córneo, epiderme e a camada mais externa da derme com auxilio de um dermatômetro. Uma porção da pele foi colocada entre o compartimento doador e receptor da célula de Franz. Dessa forma, o estrato córneo ficou em contato com a formulação, e a derme em contato com a solução receptora (PRIMO et al., 2008). O experimento foi conduzido nas mesmas condições do ensaio de liberação in vitro com coletas nos tempos 5, 15 e 30 minutos e 1, 2, 4, 8, 14, 20 e 24 horas. Em seguida, as Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 46 amostras coletadas foram filtradas em membrana de 0,45 μm e analisadas por CLAE para quantificar o RES na solução receptora. As peles submetidas ao estudo de permeação foram limpas com papel absorvente e avaliadas quanto à retenção. 4.2.8. Avaliação da retenção cutânea in vitro do RES Logo após o término do ensaio de permeação in vitro (24 horas), as peles foram retiradas das células de Franz e o excesso de formulação foi retirado com papel absorvente, sendo mantidas em vidro de relógio durante a técnica de tape stripping para não haver perda do fármaco. Dessa forma, o estrato córneo foi removido com o objetivo de quantificar a substância ativa que não permeou a pele. Para isso, foram utilizadas 16 fitas adesivas (Scoth 750 3M), descartando-se a primeira fita. As fitas foram transferidas para um tubo de ensaio com 5 mL de metanol, agitado em vórtex por 1 minuto e posteriormente submetido ao banho de ultrassom por 15 minutos. A solução foi filtrada em membrana 0,45 μm e quantificada por CLAE. Em seguida, o restante da pele já com o estrato córneo removido foi picotado com o auxilio de uma tesoura para avaliar a retenção na derme e epiderme. Este fragmentos foram colocados em tubos para centrífuga com 5 mL de metanol, agitados em vórtex por 2 minutos, levado ao homogeneizador Turrax® por 1 minuto e, por fim, foram colocados em lavadora ultrassônica por 30 minutos. Logo após, filtrou-se em membrana de e 0,45 μm e a quantificação de RES foi realizada por CLAE. 4.2.9. Avaliação da eficácia in vivo do RES 4.2.9.1. Animais experimentais Como modelo animal foram utilizados camundongos sem pelo da linhagem HRS/J, de ambos os sexos, adultos e com peso de 20 a 30 g. Os animais foram mantidos no biotério do Hospital Universitário de Londrina-PR, em sala com temperatura controlada, ciclo claro/escuro de 12h e com suprimento de água e ração ad libitum. Os experimentos foram conduzidos conforme as normas da Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual de Londrina (Processo CEUA no. 25664.2012.35, OF. CIRC. CEUA No. 273/12,). Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 47 4.2.9.2. Fonte de radiação UVB Para indução de estresse oxidativo foi utilizado como fonte de luz a lâmpada UVB fluorescente modelo PHILIPS TL/12 40W RS (Medical-Holand). A lâmpada emite radiação na faixa de λ de 270 a 400 nm com pico máximo de emissão em 313 nm. Esta lâmpada foi instalada em um compartimento de madeira desenvolvido para a indução do estresse oxidativo. Os animais foram colocados em caixas de plástico e cobertos com uma tela plástica para garantir a total exposição da região dorsal. Foi realizado um rodízio com as caixas contendo os animais devido a possíveis variações de radiação ao longo da lâmpada. Os animais ficaram a 20 cm da fonte de irradiação e movimentavam-se livremente na caixa (CASAGRANDE et al., 2006; CAMPANINI et al., 2013; IVAN et al., 2014). 4.2.9.3. Protocolo experimental para administração tópica do RES Os animais foram aleatoriamente colocados em quatro grupos, (n= 5). Sendo: Grupo CNI = não irradiados e não tratados; Grupo CI = irradiados e não tratados; Grupo SLC = irradiados e tratados com sistema líquido-cristalino sem RES; Grupo SLC-RES = irradiados e tratados com sistema líquido-cristalino contendo RES; As formulações foram aplicadas em todo o dorso dos animais com o auxílio de um pincel, cerca de 0,5 g, 12 h, 6 h, 5 min antes da irradiação e 6 h após o início da irradiação. A dose de irradiação utilizada para indução do estresse oxidativo foi de 4,14 J/cm2 (SHINDO; WITT; PACKER, 1993; CASAGRANDE et al., 2006;CAMPANINI et al., 2013). Os animais foram terminalmente anestesiados e sacrificados, 2 h (dosagem da atividade de catalase e produção de ânion superóxido), 4 h (avaliação dos níveis de hidroperóxidos lipídicos e dosagem de IL- 10) e 12 h (avaliação de edema cutâneo, atividade de mieloperoxidase (MPO), avaliação do poder antioxidante redutor férrico (FRAP), sequestro do radical livre ABTS+ e dosagem dos níveis da glutationa reduzida (GSH) após o término da Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 48 exposição à irradiação UVB, a pele do dorso foi retirada, limpa, lavada com NaCl 145 mM e armazenada a -70°C para as análises. Apenas a avaliação do edema cutâneo foi realizado no mesmo dia da coleta da amostra de pele. 4.2.9.4. Avaliação da eficácia anti-inflamatória in vivo do RES 4.2.9.4.1. Avaliação do edema cutâneo O edema cutâneo foi avaliado por meio do aumento de peso da pele dorsal dos animais. Com o auxílio de um molde, coletou-se uma área constante de pele do dorso de cada animal e, posteriormente, a mesma foi pesada (AFAQ; ADHAMI; AHMAD, 2003; BATHIA et al., 2011; IVAN et al., 2014). O efeito do RES no edema induzido por radiação UVB foi mensurado por meio do aumento da espessura da pele na região dorsal. O resultado foi expresso em mg de pele. 4.2.9.4.2. Avaliação da atividade de MPO A migração de neutrófilo na pele induzida por radiação UVB foi realizada pelo método cinético-colorimétrico da avaliação da atividade da MPO (BRADLEY et al., 1982, CASAGRANDE et al., 2006), uma enzima oxidorredutora do peróxido de hidrogênio encontrada em grânulos de leucócitos. As amostras de pele foram coletadas em 400 μL de tampão fostato 0,05 M (pH 6.0) com 0,5% de HTAB e trituradas com o triturador Tissue-Tearor (Biospec). O homogenato foi centrifugado (Rotina 46 R, HettichZentrifugen) a 11000 rpm por 2 min a 4°C e o sobrenadante foi retirado para o ensaio. Em microplaca preparou-se uma curva analítica com neutrófilos na concentração de 97,65 a 100.000 que foi utilizada para inferir o número de neutrófilos presentes nas amostras. A curva foi preparada com a adição de 100 µL de tampão fosfato 0,05M e uma solução contendo 200.000 neutrófilos no primeiro poço (A1) com posterior diluição seriada até o décimo primeiro poço (A11). O décimo segundo poço (A12) foi utilizado como branco ao qual foi adicionado apenas 200 µL de água deionizada. O ensaio com as amostras foi realizado na mesma placa com a adição de 30 µL da amostra. A reação colorimétrica inicia-se pela adição em todos os poços de 200 µL de uma solução contendo 10% de tampão fosfato 0,05 M (pH 6,0), 0,0167% Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 49 de o-dianisidina e 0,05% de H2O2 em água deionizada. A leitura foi realizada em até 5 minutos em 450 nm (Asys Expert Plus, Biochrom). Os resultados foram expressos em número de neutrófilos/mg de pele. 4.2.9.4.3. Avaliação da inibição de secreção/atividade da MMP-9 Para determinação de MMP-9 com atividade gelatinase foi utilizada zimografia em gel de poliacrilamida com duodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE). As amostras de pele foram diluídas (1:4) e trituradas (T18 basic, IKA) em tampão Tris/HCl 50 mM (pH 7.4) contendo cloreto de cálcio (CaCl2) 10 mM e 1% de inibidores de proteinases (fenantrolina, fluoreto de fenilmetilsulfonila e N- etilmaleimida). O homogenato foi duplamente centrifugado a 12.000 g por 10 min a 4°C. Alíquota de 50 µL do sobrenadante foi coletada e diluída em 10 µL de tampão Tris/HCl (pH 6.8) contendo 20% de glicerol, 4% de duodecil sulfato de sódio (SDS) e 0,005% de xileno cianol. Para aplicação no gel de eletroforese foi utilizado 25 µL desta mistura. Também foi realizada a dosagem de proteínas das amostras pelo método de Lowry. A espessura do gel utilizado foi de 1 mm e era composto por um gel de concentração (3 cm) e o gel de separação. O gel de concentração foi preparado contendo: - Água deionizada 4.060 μL - Acrilamida / bisacrilamida (30:0,8) 860 μL - Tampão Tris HCl/SDS (pH 6.8) 1.670 μL - APS (Persulfato de amônio) 10% 33 µL - Temed 6.6 µL O gel de separação foi preparado contendo: - Água deionizada 5.870 µL - Acrilamida / bisacrilamida (30:0,8) 5.000 µL - Tampão Tris HCl/SDS (pH 8.8) 3.750 µL - Gelatina 10% 375 µL - APS (Persulfato de amônio) 10% 50 µL - Temed 10 µL O gel foi submetido a uma pré-corrida de 10 mA por 15 min. Durante a eletroforese a corrente aplicada foi de 10 mA para o gel de largada e 13 mA para o Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 50 gel de corrida, sendo que a última corrente foi mantida constante por 15 min após a saída do corante do gel. Após a eletroforese o gel de poliacrilamida foi lavado por 1 h com solução de triton X-100 2,5% sob constante agitação, posteriormente o gel foi incubado por 12 h a 37°C em tampão Tris/HCl 50 mM (pH 7.4) CaCl2 10 mM e 0,02% de azida sódica. Ao final da incubação o gel foi corado com uma solução contendo 0,25% de azul brilhante, 10% de ácido acético e 50% de metanol em água deionizada. Para visualização das bandas o gel foi descorado com ácido acético 20% (FONSECA et al., 2010). A atividade proteolítica foi analisada semi-quantitativamente por meio da comparação entre as bandas dos diferentes grupos pelo programa ImageJ (NIH, Bethesda, MD, USA). 4.2.9.4.4. Avaliação da produção de IL-10 A quantificação da citocina IL-10 foi realizada utilizando-se a técnica de enzima imunoensaio (ELISA) com kits comerciais (eBioscience) conforme descrito previamente por Verri et al. (2008). As amostras de pele foram trituradas com o triturador Tissue-Tearor (Biospec) em 500 μL de solução NaCl 0,9%, centrifugadas a 2.000 g (Rotina 46 R, HettichZentrifugen) por 15 min a 4oC e o sobrenadante foi retirado para análise. Para a realização do ensaio, microplacas com 96 poços foram incubadas por toda à noite a 4oC com anticorpos de captura contra as proteínas de interesse (10 g/mL). Após esse tempo de incubação, as placas foram lavadas com tampão de lavagem (PBS com 0,05% de Tween 20) e incubadas por 1 h à temperatura ambiente com uma solução a 1% de albumina bovina. Após esse bloqueio e lavagem das placas com tampão de lavagem, a curva padrão e as amostras foram adicionadas (100 L) e incubadas a 4oC por 12 h. Posteriormente, as placas foram lavadas com tampão de lavagem e os anticorpos policlonais biotinilados (anticorpo de detecção) foram adicionados (100 L). Após incubação em temperatura ambiente por 1 h, as placas foram lavadas com tampão de lavagem e 100 L de enzima avidina-peroxidase foram adicionados. As placas foram incubadas por 30 min à temperatura ambiente, lavadas, e adicionado 100 L de reagente contendo 0,04% de ortofenilenodiamina (OPD), 0,04% de H2O2 em tampão fosfato, a placa foi Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 51 mantida no escuro em temperatura ambiente por 15 min. A reação enzimática foi interrompida com uma solução de H3PO4 1M e a absorvância determinada em 450 nm (Victor X3, Perkin Elmer). A curva padrão foi utilizada para quantificar a citocina presente na amostra e os resultados foram expressos em picogramas (pg) de citocina/mg de pele (SAFIEH-GARABEDIAN et al., 1995; VERRI et al., 2008). 4.2.9.5. Avaliação da eficácia in vivo do RES na proteção da capacidade antioxidante da pele 4.2.9.5.1. Dosagem do antioxidante endógeno GSH Dentre os diversos antioxidantes endógenos presentes na pele, o GSH é um dos principais, sendo seus níveis diminuídos pela exposição da pele a radiação UV (FUCHS, 1998). Neste ensaio realiza-se a detecção do ácido 5-mercapto-2- nitrobenzóico, um composto amarelo, liberado pela quebra da ligação dissulfeto do ácido 5’,5’-ditio-bis-(2-nitrobenzóico) (DTNB) pelo grupo sulfidrila da glutationa (HUBER; ALMEIDA; FÁTIMA, 2008). As amostras de pele foram diluídas (1:4) em EDTA 0,02 M e trituradas (Tissue-Tearor, Biospec). Ao homogenato foi adicionado ácido tricloroacético (TCA) 50% na proporção de 1:0,2 de EDTA e TCA, respectivamente. A mistura foi centrifugada a 4000 rpm por 10 min a 4°C. O sobrenadante foi recentrifugado a 4000 rpm por 15 min a 4°C, o sobrenadante final foi retirado para análise. O ensaio foi realizado em microplaca e adicionou-se 50 µL de amostra ao meio reacional contendo 100 µL de tampão Tris 0,4 M (pH 8.9) e 5 µL de uma solução de DTNB em metanol (1,9 mg/mL em metanol). A absorvância foi determinada após 5 min de incubação a 405nm (Asys Expert Plus, Biochrom). A curva analítica foi preparada com 0 a 150 µM de GSH e no branco foi adicionado 50µL de EDTA 0,02M, 100µL Tris 0,4M (pH= 8,9) e 5µL de DTNB. Os resultados foram expressos em μM de GSH/mg de pele (MORON; DEPIERRE; MANNERVIK, 1979; SRINIVASAN; SABITHA; SHYAMALADEV, 2007; IVAN, 2013). Material e Métodos Andressa Terumi Fujimura 52 4.2.9.5.2. Avaliação do poder antioxidante redutor férr