UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - FMVZ CÂMPUS DE BOTUCATU - SP DESEMPENHO DE VACAS LEITEIRAS EM PASTEJO DE ALFAFA FRANK AKIYOSHI KUWAHARA Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do Título de Doutor. BOTUCATU - SP AGOSTO / 2015 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - FMVZ CÂMPUS DE BOTUCATU - SP DESEMPENHO DE VACAS LEITEIRAS EM PASTEJO DE ALFAFA FRANK AKIYOSHI KUWAHARA ORIENTADOR: Prof. Dr. Ciniro Costa COORIENTADOR: Prof. Dr. Paulo Roberto de Lima Meirelles Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do Título de Doutor. BOTUCATU - SP AGOSTO / 2015 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – DIRETORIA TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP – FCA – LAGEADO – BOTUCATU (SP) Kuwahara, Frank Akiyoshi, 1985- K97d Desempenho de vacas leiteiras em pastejo de alfafa / Frank Akiyoshi Kuwahara. – Botucatu : [s.n.], 2015 xv, 148 f. : grafs. color., ils. color., tabs., fots. color. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Fa- culdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2015 Orientador: Ciniro Costa Coorientador: Paulo Roberto de Lima Meirelles Inclui bibliografia 1. Bovino de leite – Alimentação e rações. 2. Pasta- gens. 3. Leite – Produção. 4. Milho – Silagem. I. Costa, Ciniro. II. Meirelles, Paulo Roberto de Lima. III. Uni- versidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Câmpus de Botucatu). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. IV. Título. iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu pai Akiyoshi Kuwahara e minha mãe Deosdete Kuwahara, que nunca mediram esforços e estiveram sempre presente em todos os momentos de sua realização. As minhas irmãs Kellen Cristina Kuwahara, Mikahely Lúcia Kuwahara e ao meu irmão Flávio Kiyokichi Kuwahara pelo carinho e confiança, que são exemplos de esperança. A minha família que, em todos os momentos de realização desta pesquisa, esteve presente. A minha namorada, amiga, companheira Kezia Aparecida Guidorizi pelo apoio em todos momentos para realização deste trabalho. E para todos que de alguma forma contribuíram para minha formação profissional. Assim dedico. A todos meus familiares, em especial ao meu avô KIYOKICHI KUWAHARA (in memorian) e avó FUGI KUWAHARA, por todo amor, apoio, paciência, carinho, preocupação, saudades, disposição e sabedoria transmitidos durante anos. iv AGRADECIMENTOS Ao professor orientador, Dr. Ciniro Costa que, na rigidez de seus ensinamentos, fez aprimorar meus conhecimentos; À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/Unesp) – Campus de Botucatu, do qual tenho muito orgulho e me identifico, meus agradecimentos pela formação acadêmica, condições oferecidas e possibilidade de engrandecimento profissional; Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, e aos funcionários da Seção de Pós-Graduação Seila Cristina C. Vieira e Carlos Pazini Junior pelos conselhos e ajuda; Aos docentes, colaboradores do Programa de Pós-Graduação e discentes: Professores Doutores Paulo Robeto de Lima Meirelles, Josineudson Augusto II de Vasconcelos Silva e Carlos Ducatti (e equipe do Laboratório de Física e Biofísica), ao Doutorando em Zootecnia da FMVZ/Unesp André Michel de Castilhos e Pós- doutorando Cristiano Magalhães Pariz, pela amizade e conhecimentos transmitidos; À EMRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA Pecuária Sudeste – São Carlos/SP pelo apoio e infra-estrutura para realização do experimento; Aos Pesquisadores da EMBRAPA Pecuária Sudeste Dr. Reinaldo de Paula Ferreira, Dr. Oscar Tupy, Dr. Waldomiro Barioni Júnior, Dr. Alexandre Berndt, Dra. Teresa Cristina Alvez, Dr. Sergio Esteves Novita, Dr. Luiz Francisco Zafalon, Dra. Alessandra Pereira Fávero, Dr. Frederico de Pina Matta e Dr. Alexandre Mendonça Pedroso pela apoio e conhecimento transmitidos; Aos estagiários, amigos, companheiros, irmãs e irmãos de coração... da EMBRAPA Pecuária Sudeste: Ana Paula Janini, Daniele Marcki, Gabriela Conti, Jaqueline Bicudo, Juliana Bas, Natalia Helena F. Centoamore, Thaisa de Lima, Viviane Magrini, Viviane Monteiro, Cesar Marquetti, Guilherme Junior, Luiz Henrique Gheller, Murilo Klosovski Carneiro, Rodolfo Elke Rossi, Samuel Costa, Vinícius Avarino Alves pela amizade e companheirismo e enormes momentos de risos e felicidades que serão lembrados eternamente; Ao Sistema de Leite da EMBRAPA Pecuária Sudeste pelo apoio logístico e de infra-estrutura para condução do experimento, bem como a todos os funcionários: José v Carlos Didoné (Didoné), David Sérgio Santana de Andrade, Douglas Cordeiro de Carvalho, Paulo Agostinho (Seu Paulo) Aurélio Chagas Afonso (Seu Aurélio), João Bosco Francisco (Joãozinho), Bendito Aparecido da Silva (Cidinho), Carlos Juarez Filgueiras, Leni Rosento Pinto (Dona Leni) e Raul Costa Mascarenhas Santana pela amizade e apoio; Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Pecuária Sudeste Gilberto Batista de Souza, Carlos Henrique Garcia, Victor Rogério Del Santo e Aparecida de Lourdes Sylvestre pela ajuda e conhecimentos transmitidos nas análises de laboratório; Ao Setor de Gestão de Campos Experimentais, ao Zootecnista Cezar Antônio Carneiro, Jorge Novi dos Santos, Luiz Antônio Trevisan e equipe pelo apoio, colaboração e compreensão na realização do experimento; Ao Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da EMBRAPA Pecuária Sudeste Emília Mara Pulcinelli Camarnado e Sônia Borges de Alencar pelo apoio, auxílio e espaço no desenvolver e elaboração dessa Tese; Ao Setor de Gestão de Pessoas e Mara Angélica Pedrochi pelo apoio e amizade; Ao Setor de Pesquisa de Desenvolvimento, Silvia Helena Piccirillo Sanchez e Ane Lysie Fiala Garcia Silvestre pelo apoio, amizade e gentis momentos de conversa no desenvolver do experimento; À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo Auxílio à Pesquisa – Regular (Processo FAPESP 2010/51054-5) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela concessão das bolsas de estudo no Brasil e Exterior; Ao Prof. Dr. Marcelo Zacharias Moreira (Universidade de São Paulo – USP, Laboratório de Ecologia Isotópica, Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENA, Piracicaba - SP); Dr. Duarte Vilela e Dr. Marco Antônio Sundfeld da Gama (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA Gado de Leite, Juíz de Fora - MG); Dr. Eduardo Alberto Comeron (Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária – INTA, EEA Rafaela, Rafaela, Santa Fé, Argentina) pelo apoio nas análise de laboratório e conhecimento transmitidos; Enfim, a todos àqueles que mantiveram ótimos relacionamentos de amizade, bem como, aos que deram sua importante contribuição para minha formação acadêmica. vi “ Detesto, de saída quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com o cérebro por engano bastava-lhe a medula espinhal. ” Albert Einstein. vii APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS Neste trabalho, sua redação e resultados obtidos nos experimentos realizados são apresentados em forma de capítulos. O capítulo 1, intitulado “Cultivo e utilização da alfafa”, de frente as características particulares inerentes ao cultivo da alfafa e seu grande potencial de utilização para alimentação animal, neste capitulo é realizado uma abordagem resumida da obra “Cultivo e utilização da alfafa em pastejo para alimentação de vacas leiteiras” (ISBN: 978-85-7035-426-6), a fim de atribuir conhecimento e difundir práticas culturais adequadas de cultivo e utilização da alfafa em pastejo para alimentação de vacas leiteiras. Nesta referida obra, os dados coletados para tese do pós-graduando, são utilizados para confecção do capítulo “Utilização da alfafa em pastejo para alimentação de vacas leiteiras”, no qual o aluno também participou como autor. O capítulo 2, intitulado “Desempenho de vacas leiteiras em pastejo de alfafa: Manejo alimentar para período de Inverno”, teve como objetivo avaliar a nutrição e desempenho de vacas leiteiras de alta produção em sistema tradicional de criação no período de inverno, sendo os animais alimentados com silagem de milho e ração concentrada balanceada, comparando-os com animais em dietas com incremento de alfafa em horas diárias restritas de pastejo. O capítulo 3, intitulado “Desempenho de vacas leiteiras em pastejo de alfafa: Manejo alimentar para o período de verão”, teve como objetivo avaliar a nutrição e desempenho de vacas leiteiras de alta produção em sistema intensivo de produção de leite em pasto, sendo os animais alimentados em pastagem tropical rotacionada em manejo intensivo, Panicum maximum cv. Tobiatã e ração concentrada balanceada, comparando-os com animais em dietas com incremento de alfafa em horas diárias restritas de pastejo. O capítulo 4, intitulado “Considerações finais sobre a utilização da alfafa para alimentação de vacas leiteiras” é a conclusão geral do trabalho em conjunto de viii resultados observados, uma visão ampla ao sistema de produção de leite em condições tropicais. Elaboração conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ix SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 01 01 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 01 02 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 03 03 2. CORREÇÃO DE SOLO E SEMEADURA .............................................................. 03 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 05 3. ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO E MANUTENÇÃO .............................................. 03 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 06 4. CULTIVARES .......................................................................................................... 03 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 08 5. MANEJO DE IRRIGAÇÃO ...................................................................................... 07 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 09 6. NECESSIDADE HÍDRICAS E IRRIGAÇÃO DA ALFAFA .................................. 08 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 09 6.1 Estresse hídrico ........................................................................................................ 09 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 09 6.2 Consumo de água ..................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 11 6.3 Eficiência do uso da água ........................................................................................ 11 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 12 6.4 Mensuração ou estimativa de consumo de água ...................................................... 11 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 13 6.5 Manejo de irrigação ................................................................................................. 11 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 13 7. MANEJO DE FORRAGEM ...................................................................................... 13 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 14 8. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ............................................................... 15 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 18 9. DOENÇAS ................................................................................................................. 16 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 21 9.1 Medidas gerais no controle de doenças ................................................................... 20 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 22 10. PRAGAS .................................................................................................................. 22 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 24 11. CONSERVAÇÃO DA FORRAGEM ...................................................................... 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 27 11.1 Corte da forragem para conservação ...................................................................... 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 28 11.2 Produção de feno .................................................................................................... 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 29 11.3 Processo de desidratação da forragem ................................................................... 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 30 11.4 Perdas durante o processo de secagem .................................................................. 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 36 11.5 Armazenamento ..................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 38 11.6 Aditivos .................................................................................................................. 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 40 11.7 Silagem .................................................................................................................. 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 43 11.8 Emurchecimento e aditivos .................................................................................... 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 46 x 12. POTENCIAL FORRAGEIRO DA ALFAFA ........................................................ 46 11.5 Armazenamento .................................................................................................... 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 49 13. TIMPANISMO ESPUMOSO .................................................................................. 46 11.5 Armazenamento .................................................................................................... 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 46 11.5 Armazenamento .................................................................................................... 39 11.2 Produção de feno ................................................................................................... 29 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 28 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 54 Página CAPÍTULO 2 ................................................................................................................. 01 65 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01 68 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 71 2.1 Objetivos Gerais ....................................................................................................... 03 71 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 03 71 3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 03 71 3.1 Análise de Consumo Total de Matéria Seca ............................................................ 03 75 3.2 Análise da Qualidade do Leite ................................................................................. 03 76 3.3 Análise do Comportamento Animal ........................................................................ 03 76 3.4 Análise Econômica .................................................................................................. 03 78 3.5 Análise Estatística .................................................................................................... 03 79 4. RESULTADO ............................................................................................................ 03 79 4.1 Consumo de Matéria Seca ....................................................................................... 03 79 4.2 Desempenho Animal ................................................................................................ 03 81 4.3 Qualidade do Leite ................................................................................................... 03 83 4.4 Comportamento Animal ........................................................................................... 03 85 4.5 Viabilidade Econômica ............................................................................................ 03 88 5. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 03 90 6. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 03 96 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 03 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 03 96 Página CAPÍTULO 3 ................................................................................................................. 01 102 xi 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01 105 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 107 2.1 Objetivos Gerais ....................................................................................................... 03 107 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 03 107 3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 03 107 3.1 Análise de Consumo Total de Matéria Seca ............................................................ 07 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 03 112 3.2 Análise da Qualidade do Leite ................................................................................. 03 113 3.3 Análise do Comportamento Animal ........................................................................ 03 113 3.4 Análise Econômica .................................................................................................. 03 115 3.5 Análise Estatística .................................................................................................... 03 116 4. RESULTADO ............................................................................................................ 03 116 4.1 Consumo de Matéria Seca ....................................................................................... 03 116 4.2 Desempenho Animal ................................................................................................ 03 119 4.3 Qualidade do Leite ................................................................................................... 03 120 4.4 Comportamento Animal ........................................................................................... 03 122 4.5 Viabilidade Econômica ............................................................................................ 03 125 5. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 03 127 6. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 03 133 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 03 133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 03 134 Página CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 03 140 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ALFAFA PARA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS ................................................................ 03 141 xii Página CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 01 01 LISTA DE TABELAS TABELA 1 (Pragas da cultura da alfafa e seus predadores e parasitores mais comuns) .......................................................................................................................... 03 21 TABELA 2 (Porcentagem de MS para os tratamentos ao longo do período de desidratação) .................................................................................................................. 03 33 TABELA 3 (Teor de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) de folhas e caules do feno de alfafa em função dos métodos de fenação) ............................................................................................... 03 36 TABELA 4 (Previsão de perdas (%) durante o processo de fenação de acordo com condições de secagem no campo) .......................................................................... 03 37 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 (Foto esquemática da planta de alfafa) ....................................................... 03 15 FIGURA 2 (Porcentagem de proteína bruta da alfafa em função de estádios de crescimento) .................................................................................................................. 03 17 FIGURA 3 (Quantidade da forragem expressa em porcentagem de proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN) em pastagem de alfafa) ....................... 03 17 FIGURA 4 (Variação da digestibilidade de alfafa de acordo com extratos de pastejo) ........................................................................................................................... 03 18 FIGURA 5 (Área de alfafa onde se aplicou o paraquat) ................................................ 03 21 FIGURA 6 (Chave para identificação de pragas da cultura da alfafa) .......................... 03 24 FIGURA 7 (Estimativa de perda de matéria seca (MS) durante a colheita e o armazenamento de forragem conservada com diferente teores de água na colheita) .......................................................................................................................... 03 29 xiii Página CAPÍTULO 2 ................................................................................................................. 01 65 LISTA DE TABELAS TABELA 1 (Quantidade dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período de inverno) ................................................................................... 03 72 TABELA 2 (Relação percentual estimada entre os componentes das dietas experimentais no período do inverno) ........................................................................... 03 73 TABELA 3 (Concentração dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período de inverno) ...................................................................... 03 73 TABELA 4 (Análise bromatológica da silagem de milho, alfafa, farelo de milho e farelo de soja) .............................................................................................................. 03 74 TABELA 5 (Dados meteorológicos coletados durante todo o período experimental) ................................................................................................................. 03 78 TABELA 6 (Quantidade dos ingredientes das dietas nos tratamentos, de acordo com o consumo efetivo) ................................................................................................. 03 80 TABELA 7 (Relação percentual estimada entre os componentes das dietas experimentais no período do inverno) ........................................................................... 03 81 TABELA 8 (Concentração dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período de inverno) ....................................................................... 03 81 TABELA 9 (Produção de leite e Peso dos animais nos tratamentos de pastejo em alfafa) ....................................................................................................................... 03 82 TABELA 10 (Produção de leite, gordura, proteína, lactose, sólidos totais e sólidos totais desengordurados, N-uréico no leite e contagem de células somáticas (CCS)) ........................................................................................................... 03 84 TABELA 11 (Comportamento animal em seus respectivos tempos de pastejo na alfafa) ............................................................................................................................. 03 85 TABELA 12 (Estimativas dos custos de produção nos diferentes tratamentos) ........... 03 88 LISTA DE FIGURAS xiv FIGURA 1 (Produção de leite e Peso dos animais nos diversos tratamentos de pastejo em alfafa) ........................................................................................................... 03 83 FIGURA 2 (Atividade dos animais e taxa de bocado animal, no tratamento de 4 horas de acesso ao pastejo na alfafa) ............................................................................. 03 86 FIGURA 3 (Atividade dos animais e taxa de bocado animal, nos tratamentos de 1 e 2 horas de acesso ao pastejo na alfafa) .................................................................... 03 87 FIGURA 4 (Margem de lucro dos tratamentos) ............................................................ 03 89 Página CAPÍTULO 3 ................................................................................................................. 01 102 LISTA DE TABELAS TABELA 1 (Quantidade dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período do verão) ...................................................................................... 03 109 TABELA 2 (Relação percentual estimada entre os componentes das dietas experimentais no período do verão) ............................................................................... 03 109 TABELA 3 (Concentração dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período de verão) ......................................................................... 03 110 TABELA 4 (Análise bromatológica do capim-tobiatã, alfafa, farelo de milho e farelo de soja) ................................................................................................................. 03 111 TABELA 5 (Dados meteorológicos coletados durante todo o período experimental) ................................................................................................................. 03 115 TABELA 6 (Quantidade dos ingredientes das dietas nos tratamentos, de acordo com o consumo efetivo) ................................................................................................. 03 117 TABELA 7 (Relação percentual estimada entre os componentes das dietas experimentais no período do verão) ............................................................................... 03 118 TABELA 8 (Concentração dos ingredientes das dietas nos tratamentos de pastejo em alfafa no período do verão) .......................................................................... 03 118 TABELA 9 (Produção de leite e Peso dos animais nos tratamentos de pastejo 119 xv em alfafa) ....................................................................................................................... 03 TABELA 10 (Produção de leite, gordura, proteína, lactose, sólidos totais e sólidos totais desengordurados, N-uréico no leite e contagem de células somáticas (CCS)) ........................................................................................................... 03 121 TABELA 11 (Comportamento animal em seus respectivos tempos de pastejo na alfafa) ............................................................................................................................. 03 125 TABELA 12 (Estimativas dos custos de produção nos diferentes tratamentos) ........... 03 126 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 (Produção de leite e Peso dos animais nos diversos tratamentos de pastejo em alfafa) ........................................................................................................... 03 120 FIGURA 2 (Atividade dos animais e taxa de bocado animal, no tratamento de 4 horas de acesso ao pastejo na alfafa) ............................................................................. 03 123 FIGURA 3 (Atividade dos animais e taxa de bocado animal, nos tratamentos de 1 e 2 horas de acesso ao pastejo na alfafa) .................................................................... 03 124 FIGURA 4 (Margem de lucro dos tratamentos) ............................................................ 03 127 Página ANEXOS ....................................................................................................................... 03 144 FIGURA 1 (Módulo do sistema de produção de alfafa) ................................................ 03 144 FIGURA 2 (Animais pastejando no sistema rotacionado de alfafa) .............................. 03 145 FIGURA 3 (Animais sendo arraçoados, na etapa do inerno) ........................................ 03 146 FIGURA 4 (Animais pastejando no sistema rotacionado de Panicum maximum cv. Tobiatã) .................................................................................................................... 03 147 FIGURA 5 (Imagem do módulo do sistema sistema de produção de leite da EMBRAPA Pecuária Sudeste, módulo do sistema de produção de alfafa e sistema rotacionado do capim-tobiatã. A, sala de ordenha; B, módulo alfafa; C, pastagem de P. maximum) . ........................................................................................... 03 148 1 CAPÍTULO 1 Título: “Cultivo e Utilização da Alfafa” Instituições de Apoio: UNESP / Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Campus de Botucatu / Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Pecuária Sudeste, São Carlos/SP. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Gado de Leite, Juíz de Fora/MG. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Milho e Sorgo, Sete Lagoa/MG. Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária – INTA, EEA Rafaela, Rafaela, Santa Fé, Argentina. Coordenadores Técnicos: Dr. Reinaldo de Paula Ferreira Dr. Duarte Vilela Dr. Eduardo Alberto Comeron Dr. Alberto C. de Campos Bernardi Dr. Décio Karam 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Sistemas intensivos de produção leiteira, podem ser inviabilizados pelo alto custo de produção. Paralelamente, a sazonalidade de produção de gramíneas forrageiras tropicais, aumentam a dependência do uso de silagens e concentrados, assim a utilização da alfafa pode ser uma alternativa considerável para sustentabilidade do sistema intensivo de produção de leite. A utilização de uma forragem de melhor qualidade implicará em menor dependência quanto à quantidade de concentrado necessária para determinado nível de produção. A alfafa (Medicago sativa L.) como substituto de parte do alimento concentrado, reduz o custo de produção de leite e manutenção da qualidade da dieta, por apresentar características de digestibilidade elevada e alto teor de proteína. Tal forrageira promove manutenção da produção de leite, sem comprometer o peso vivo e a eficiência reprodutiva dos animais. Porém, são escassas as informações sobre a utilização de alfafa para alimentação de vaca leiteiras, principalmente em clima tropical. A adequada alimentação animal visa fornecer os nutrientes capazes de manter e assegurar as exigências de mantença e o nível de produção pretendido. Dessa forma, verifica-se que a nutrição de vacas lactantes constitui a base do sucesso de uma exploração leiteira, visto que os custos com alimentação representam mais da metade do custo da produção, o que exercerá, sem dúvida, grande influência sobre a rentabilidade de todo o processo produtivo. Assim, para uma exploração leiteira lucrativa, é necessário que se trabalhe com animais de alto potencial genético, submetidos às condições alimentares que permitam obter altas produções, com custos mais econômicos. Isto se torna possível, principalmente, por intermédio de adequado manejo nutricional, reprodutivo e sanitário. Para categorias animais que apresentam requerimentos nutricionais mais altos, o feno e, ou, a silagem de gramíneas podem ser incapazes de manter altos desempenhos, se os mesmos constituírem a maior porção da dieta. Dessa forma, a nutrição de animais, visando à produção leiteira ou de carne, necessita de forragens com alta qualidade de modo a obter redução nos custos provenientes da utilização de concentrados, visando o fornecimento de energia e, ou, proteína para o animal, sem, contudo, comprometer o desempenho animal. 3 As vacas em lactação têm alto requerimento de proteína, principalmente, no início da lactação. Tal característica, aliada ao fornecimento de uma forragem de alta qualidade e redução nos custos de produção favorece a utilização de mais de uma forrageira em dietas de vacas lactantes, é uma prática de manejo nutricional que induz maior uniformização no consumo de nutrientes, retirando, dessa forma, os riscos decorrentes da falta de algum nutriente, que por ventura, possa ocorrer, por intermédio de diversos fatores ambientais. Neste contexto, ao inserir a alfafa em sistemas sustentáveis e competitivos de produção de leite em pasto, espera-se: redução na sazonalidade da produção de leite, diminuição na estacionalidade da produção de forragens, aumento na produtividade do rebanho e decréscimos no custo de produção de leite. Além desse aspecto, a utilização da alfafa, como parte da dieta, tem potencial para propiciar benefícios para o meio ambiente, diminuindo os riscos de contaminação do lençol freático com nitrato, o que pode ocorrer quando se utiliza níveis muito elevados de adubos nitrogenados. A utilização de alfafa, como parte da dieta, também pode contribuir para a redução da poluição ambiental, causada pela redução da produção de metano, que se observa, quando os animais são alimentados com forragem de melhor qualidade. 1. INTRODUÇÃO Em razão do seu potencial de produção de forragem e da sua adaptação a diversas condições ambientais, a alfafa é uma das espécies forrageiras de maior importância mundial, com mais de 32 milhões de hectares de cultivo. Os EUA, a Rússia, o Canadá e a Argentina são os principais países produtores. A alfafa possui excelentes características agronômicas e qualitativas, tais como qualidade proteica, palatabilidade, digestibilidade, capacidade de fixação biológica de nitrogênio no solo e baixa sazonalidade de produção; além disso, contém altos teores de vitaminas A, E e K, bem como a maioria dos minerais requeridos pelos animais produtores de leite e de carne, especialmente cálcio, potássio, magnésio e fósforo (RASSINI et al., 2008). A alfafa pode ser fornecida aos animais na forma conservada ou na forma verde picada ou sob pastejo. As principais formas de conservação da forragem da alfafa são o 4 feno (forragem armazenada com teor de umidade abaixo de 20%), a silagem (forragem armazenada com teor de umidade ao redor de 65%) e o pré-secado (forragem normalmente armazenada em sacos de polietileno e com teor de umidade que varia de 40% a 60%). Existem outras formas menos utilizadas, tais como a de péletes (forragem desidratada e compactada em pequenos cubos de alta densidade). A alfafa também pode ser utilizada sob pastejo direto e na forma verde fornecida no cocho. Na Argentina, a alfafa é utilizada em grande proporção sob pastejo e, nos EUA, na forma de feno. No Brasil, a forma mais difundida até o momento tem sido o feno, possivelmente pela facilidade de transporte e de comercialização, embora sua utilização na forma verde picada ou em pastejo esteja adquirindo importância, tendo em vista o elevado custo de produção do feno de alfafa (RODRIGUES et al., 2008). Existem poucos trabalhos sobre avaliação da produção de leite de vacas em pastagens de alfafa, principalmente em clima tropical. Vilela et al. (1994) avaliaram dois sistemas de manejo de vacas de alto potencial de produção de leite: um deles tinha o pasto de alfafa como único alimento, enquanto no outro os animais eram mantidos em confinamento total com silagem de milho e concentrado. Esses autores concluíram que a utilização do pasto de alfafa como alimento exclusivo para vacas em lactação foi viável, por apresentar potencial para suportar 3,0 vacas/ha e proporcionar média de produção de leite de 20,0 kg/vaca/dia, atingindo no início da lactação 23,6 kg/vaca/dia sem comprometer o peso vivo e a eficiência reprodutiva dos animais. Trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste (NETTO et al., 2008 a, b) mostrou que a utilização da alfafa em pastejo, como parte da dieta de vacas no estágio médio da lactação, alimentadas com silagem de milho e 5,0 kg de concentrado, permitiu média de produção de 25 litros de leite/vaca/dia. Isso representa economia significativa na quantidade de concentrado geralmente utilizada, que é de 8,0 kg para obtenção desse nível de produção, bem como redução do teor proteico do concentrado e da quantidade de silagem de milho necessária, o que contribui para redução do custo de produção de leite. Com base nesse trabalho, Vinholis et al. (2008) verificaram redução no custo de produção de leite variando de 9% até 15% para dietas em que a alfafa participou com 20% ou 40% da matéria seca da dieta, respectivamente. Esses resultados mostram, de forma inequívoca, a viabilidade da alfafa para ser inserida em um sistema sustentável e competitivo de produção de leite em pasto no país. 5 Estima-se que atualmente a área cultivada com alfafa no Brasil seja de 30 mil hectares, dos quais cerca de 90% esteja no Paraná e no Rio Grande do Sul, sendo esse último estado o maior produtor do país. O cultivo da alfafa tem se expandido para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, em áreas mais extensas e mais tecnificadas. Os fatores limitantes para o aumento do cultivo da alfafa no Brasil são o desconhecimento de tecnologias de cultivo, a baixa fertilidade do solo, o manejo inadequado, a baixa disponibilidade de sementes e a pouca disponibilidade de cultivares adaptadas às condições tropicais. Associado a esses fatores, a falta de conhecimento sobre controle de plantas daninhas, de pragas e de doenças que ocorrem mais comumente nos trópicos contribui significativamente para o baixo cultivo dessa forrageira no Brasil (VILELA et al., 2008). Em virtude das características particulares de cultivo da alfafa e manejo dos animais no decorrer do período experimental, com contribuição intelectual dos Doutores Reinaldo de Paula Ferreira; Duarte Vilela; Eduardo Alberto Comeron; Alberto C. de Campos Bernardi e Décio Karam, neste capitulo será abordada de forma objetiva as práticas culturais adequadas para o cultivo e manejo para utilização da alfafa em pastejo, de forma transmitir conhecimentos básicos para produção de forragem de alta qualidade para alimentação de vacas leiteiras nos trópicos. 2. CORREÇÃO DO SOLO E SEMEADURA Em aspectos gerais a escolha da área é muito importante para a formação de um alfafal, as áreas com pouca declividade, solo de textura média, profundo, com boa drenagem, sem camada de impedimento (compactação), possuir boa fertilidade natural, com altos níveis de matéria orgânica e com facilidades de irrigação, observando-se, principalmente, proximidade e quantidade de água, tais características são vitais para o sucesso da cultura na propriedade A alfafa é uma planta muito sensível à acidez do solo, dessa maneira a calagem além de eliminar ou diminuir significativamente a acidez do solo, reduzir a toxicidade de alumínio e manganês, aumentar a disponibilidade de nutrientes e favorece a mineralização da matéria orgânica (fonte de N, P, S, B e de outros elementos), exerce vários efeitos benéficos para cultura, como aumentar a eficiência da fixação simbiótica 6 do N, fornecer Ca e Mg, melhorar a eficiência de uso dos adubos potássicos e, principalmente, dos fosfatados, além de melhorar a atividade microbiana do solo (HAVLIN et al., 1999; MOREIRA et al., 2008). O época de semeadura mais apropriada deve ser realizada em fins de verão (abril/maio), uma vez que nessa época já ocorreu a germinação da maioria das sementes das ervas daninhas, diminuindo-se, assim, a concorrência no estabelecimento da cultura, desde que possua um sistema de irrigação, além de uma formação adequada, a alfafa poderá ser cultivada durante todo o ano. A semeadura deve ser mecânica, com espaçamento de 20 cm entre linhas, utilizando-se 15 kg de sementes/ha. Após o plantio, usa-se um rolo compactador para melhor incorporação da semente ao solo. Considera-se um bom stand inicial 400 plantas/m2, o qual decrescerá com o tempo, estabilizando em aproximadamente 200 plantas/m2 (RASSINI et al., 2008). 3. ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO E MANUTENÇÃO O suprimento de nitrogênio (N) para alfafa é realizado exclusivamente pela simbiose entre a planta e estirpes da bactéria Sinorhizobium melilotti. A estirpe SEMIA- 116, oriunda do Centro Nacional de Energia Nuclear da Agricultura (CENA – USP), tem se mostrado eficiente nesse processo (RASSINI, 2000). É fundamental adquirir sementes inoculadas com estirpes de Sinorhizobium melilotti. Se não estiverem inoculadas, é importante realizar o processo até um dia antes da semeadura. Para 20 kg de sementes, devem-se utilizar 1 litro de cola branca, 1 litro de água, 1 kg de açúcar cristal, 1,2 kg de inoculante específico para alfafa, 12 kg de calcário fino (filler), 3 g de cobalto (Co), 3 g de níquel (Ni) e 25 g de molibdênio (Mo). Com esses materiais, o processo de tratamento da semente é: misturar a cola, a água, o açúcar e o inoculante; adicionar as sementes, o Co, o Ni e o Mo e agitar até todos os materiais entrarem em contato com a mistura; colocar o calcário aos poucos e agitar, até as sementes se soltarem; finalmente, secar as sementes à sombra em camadas finas (RASSINI et al., 2008). Quanto ao fósforo (P), devido à sua carência na maioria dos solos brasileiros, seu fornecimento à planta é fundamental para altos rendimentos de forragem. A quantidade de P para a alfafa deve ser com base em resultados de análise química do solo, 7 mantendo-se o seu nível em 20 mg/dm³. Se, por exemplo, a análise revelar resultado de 17 mg/dm³, o solo deverá ser corrigido em 3 mg/dm³, aplicando-se 30 kg de P2O5/ha, pois para cada mg/dm³ é necessário aplicar 10 kg P2O5/ha. Essa aplicação é realizada no estabelecimento da cultura e uma vez por ano, quando necessário (RASSINI et al., 2008). Em consequência do baixo nível de P nos solos brasileiros, o estabelecimento da cultura, a manutenção do stand, a longevidade do alfafal e a produção de matéria seca estão diretamente relacionados com uma adequada adubação fosfatada (SARMENTO et al., 2001). O potássio (K) é o mineral mais requerido pela alfafa, sendo também o mais negligenciado em termos de recomendação de adubação. A perda de vigor dos alfafais, que propicia o desenvolvimento agressivo de plantas daninhas, é causada, principalmente, pela deficiência de potássio. Recomenda-se manter o nível de K em valores iguais a 5% da CTC do solo. Por exemplo, se uma análise revelar que um determinado solo possui uma CTC de 64 mmol/dm³, a correção de potássio para o cultivo de alfafa será de 0,9 mmol/dm³. Essa correção tem por base 5% da CTC, ou seja, 5% de 64, que é igual a 3,2. Se o nível atual de potássio pela análise é de 2,3 mmol/dm³, ter-se-á uma diferença de 0,9 mmol/dm³ para atingirem-se 3,2 mmol/dm³. Nesse caso, essa correção é realizada pela aplicação de 90 kg K2O/ha, pois para cada mmol/dm³ são necessários 100 kg K2O/ha (MOREIRA et al., 2008). Em função da extração elevada de potássio pela cultura, há necessidade de realizar adubação em cobertura. Doses de 100 kg de K2O/ha após cada corte têm sido suficientes para obterem-se rendimentos altos de forragem (RASSINI e FREITAS, 1998; BERNARDI et al., 2013). O macronutriente K é essencial no processo fotossintético e, quando deficiente, a fotossíntese diminui e a respiração aumenta, condições que reduzem o suprimento de carboidratos para as plantas, impedindo, inclusive, a incorporação eficiente do N (LANYON e GRIFFITH, 1988). Por isso, em quantidades adequadas, o K aumenta a persistência e a longevidade do alfafal (SMITH, 1975; BERG et al., 2005). Os micronutrientes (B, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn) também são essenciais para a alfafa. Dados obtidos pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP, evidenciaram que a aplicação de 40 kg de FTE BR 12/ha/ano foram suficientes para que 8 a planta não apresentasse sintomas de deficiência desses elementos (MOREIRA et al., 2008). De acordo com Moreira et al. (2008), as faixas adequadas de nutrientes para que o alfafal alcance o seu maior potencial produtivo são: N = 26 a 35 g/kg, P = 2,5 a 3,5 g/kg, K = 20 a 40 g/kg, Ca = 10 a 20 g/kg, Mg = 2 a 6 g/kg, S = 1,2 a 1,4 g/kg, B = 46 a 60 mg/kg, Cu = 11 a 14 mg/kg, Fe = 124 a 220 mg/kg, Mn 60 a 82 mg/kg, Mo = 1,1 a 4,0 mg/kg e Zn = 42 a 83 mg/kg. Por ser uma cultura exigente em fertilidade do solo, a alfafa demanda grandes quantidades de nutrientes para desenvolver-se, exportando, para cada 20 toneladas de matéria seca, em kg/ha: 400 kg de N, 133 kg de P2O5 e 678 kg de K2O (WERNER et al., 1996). Deve-se enfatizar que o suprimento de nitrogênio (N) para alfafa é realizado exclusivamente pela simbiose entre a planta e estirpes da bactéria Sinorhizobium melilotti, não havendo necessidade de aplicar esse elemento ao solo. 4. CULTIVARES Países com maior tradição no cultivo da alfafa, tais como EUA, Canadá e Argentina, dispõem de número elevado de cultivares, adaptadas aos diferentes ambientes para os quais foram selecionadas. Já o Brasil tem a maior parte da área cultivada de alfafa ocupada por variedades oriundas da população Crioula. A população Crioula é resultante de um processo conjunto de seleção, ocorrido no Rio Grande do Sul por meio de introduções realizadas do Uruguai e da Argentina. As principais variedades oriundas da população Crioula de que se tem conhecimento são: Crioula CRA, Crioula Itapuã, Crioula na Terra, Crioula Nativa, Crioula Ledur, Crioula Roque, Crioula Chile e Crioula UFRGS (KÖPP et al., 2011). Resultados de pesquisa realizada em alfafa, tanto para corte como para pastejo, em condições tropicais e em condições subtropicais, têm demonstrado superioridade das variedades crioulas, com produção de até 25 t.ha-1.ano-1 de massa seca, baixa estacionalidade, alta fixação biológica de N atmosférico, boa tolerância às doenças e eficiência no uso de água (RASSINI et al., 2008). A introdução e a avaliação de cultivares já melhoradas é uma estratégia interessante a ser adotada em programas de melhoramento, sendo o Instituto Nacional 9 de Tecnologia Agropecuária (INTA), da Argentina, instituição parceira da Embrapa nesse intercâmbio. Dentre as cultivares introduzidas de outros países, apenas a Monarca SP INTA, a Super Leiteira, a Trifecta, a WL-325 HQ e a WL-525 HQ estão inscritas no Registro Nacional de Cultivares, do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (BRASIL, 2009) e, portanto, podem ter suas sementes comercializadas no Brasil. Entretanto, deve-se enfatizar que a cultivar Crioula continua sendo a mais plantada no país, com boa adaptabilidade e boa estabilidade (FERREIRA et al., 2004; KÖPP et al., 2011). 5. MANEJO DA IRRIGAÇÃO A intensificação do uso das pastagens é o fator mais importante para a viabilidade técnico-econômica da produção de leite, pois a alimentação é o item de maior custo nos sistemas de produção animal. O aumento da oferta e da qualidade da pastagem pode reduzir o custo de produção, devido à diluição de custos de máquinas e implementos, de infraestrutura e de mão de obra. Nesse contexto, o pastejo rotacionado de alfafa possibilita a oferta de forragem de excelente qualidade, com alta produtividade e redução do custo da alimentação do rebanho. A alfafa é uma forrageira que apresenta alta resposta à disponibilidade de água. Para ter boa produtividade e qualidade da forragem não deve haver períodos de déficit hídrico acentuado. Na maior parte do Brasil, isso só é possível com a irrigação, que aumenta sua produção e a oferta de forragem de excelente qualidade por todo o ano. Um manejo adequado da irrigação é necessário para evitar o desperdício e aumentar a eficiência do uso de água. Tal manejo consiste em um conjunto de técnicas para projetar, instalar, monitorar e operar o sistema de irrigação de modo a obter o máximo rendimento econômico com a cultura. Um bom manejo deve considerar diversos aspectos, tais como o clima, o local, a capacidade de armazenamento de água do solo, as características da cultura e o tipo de sistema de irrigação. 6. NECESSIDADES HÍDRICAS E IRRIGAÇÃO DA ALFAFA 6.1 Estresse hídrico 10 A necessidade hídrica de qualquer cultura é representada pela evapotranspiração, que é estimada por meio da soma da evaporação do solo e da transpiração das plantas. As necessidades hídricas da alfafa estão associadas à finalidade do cultivo. Para a produção de forragem (pastejo ou feno), o ideal é manter uma alta disponibilidade de água no solo, para que a planta mantenha-se em plena vegetação. Para a produção de sementes há duas fases: a inicial, na qual deve haver alta disponibilidade hídrica; e a final, na qual deve-se restringir a disponibilidade hídrica a um grau que induza a planta a iniciar o processo reprodutivo. Embora Paula e Silva (1998) afirmem que a alfafa tem um sistema radicular profundo, que pode estender-se a até 3 m em solos profundos, a maioria das raízes está nas camadas mais próximas à superfície. Taylor e Marble (1986) realizaram experimentos de produção de sementes em regiões de seca acentuada, verificando que os rendimentos mais altos foram obtidos considerando-se uma camada de solo de 0,6 m para o manejo da irrigação. A umidade adequada do solo é essencial para a germinação e o estabelecimento das plântulas de alfafa. A germinação é inibida em solos com pouca umidade ou alta salinidade. Heichel (1983) observou que a queda acentuada da umidade do solo por quatro semanas causou redução de 28% no número de caules da planta de alfafa, de 31% no número de brotos e de 58% no peso da planta. Quando a evapotranspiração máxima da cultura for de 5 a 6 mm.dia-1, pode-se esgotar ao redor de 50% do total da água disponível no solo sem se afetar a evapotranspiração do cultivo (DOORENBOS e KASSAM, 1994). Se a evapotranspiração exceder a capacidade de transporte interno de água da planta, haverá estresse hídrico. O estresse hídrico acentuado diminui o crescimento das raízes, nodulação e a atividade da nitrogenase nos nódulos pode diminuir em até 85% (HEICHEL, 1983). Brown e Tanner (1983), citados por Guitjens (1990), concluíram que o estresse hídrico na última metade do ciclo de crescimento da cultura não afetou a densidade de caules e folhas e o total de peso seco, mas a densidade de caules diminuiu 23% quando o estresse ocorreu durante os primeiros 14 dias da rebrota, com as irrigações posteriores não sendo capazes de recuperar tal perda. Apesar de um estresse severo por déficit hídrico ser prejudicial é necessário que as plantas sofram certo grau de déficit hídrico para estimular a produção de sementes. A 11 alfafa é conhecida por responder positivamente a um estresse hídrico moderado, mas são pouco conhecidos os efeitos da irrigação com déficit sobre a viabilidade e o tamanho das sementes. Shock et al. (2007) realizaram um experimento com duas cultivares de alfafa, no estado do Oregon (USA), no qual a indução do florescimento era feita com a aplicação de uma lâmina d’água equivalente a 65% da evapotranspiração máxima da cultura (65% ETm). Após a indução floral, foram aplicados quatro tratamentos de irrigação, com base na evapotranspiração máxima da cultura (80%, 60%, 40% e 20% de ETm), com turnos de rega de 3 a 4 dias. Os autores concluíram que a reposição de 50% ETm após o florescimento maximizou a produtividade e a qualidade das sementes, ultrapassando o padrão de 85% de sementes viáveis. 6.2 Consumo de água A evapotranspiração potencial de qualquer cultura agrícola cresce com o aumento do estande de plantas. Como essa densidade geralmente é menor em áreas de produção de sementes de alfafa e maior em áreas de pastejo e fenação, o manejo da irrigação deve ser adaptado à finalidade de cultivo. A evapotranspiração é a resposta à demanda atmosférica por água, mas como há interação entre o solo, a planta e a atmosfera, a intensidade desse processo é modificada pela disponibilidade de água no solo. Um decréscimo na umidade do solo pode afetar o transporte de água através da planta e, portanto, o seu crescimento (GUITJENS, 1990). Para alfafa, Guitjens (1990) afirma que o potencial matricial de água no solo não deve ser inferior a -200 kPa. A alfafa aumenta seu consumo hídrico no início da floração (cultivo para produção de sementes) e imediatamente após o corte (cultivo para silagem, fenação ou pastejo) (BRASIL, 1987). Algumas pesquisas mostram que a necessidade de água da alfafa é maior que a do milho e a do sorgo. As estimativas do requerimento de água da alfafa variam conforme as condições de crescimento, a evapotranspiração e a disponibilidade de água no solo (HEICHEL, 1983). O consumo anual médio de água da alfafa está entre 800 e 1.600 mm, dependendo do clima e da duração do período vegetativo (BRASIL, 1987; RASSINI, 2001). A evapotranspiração máxima pode variar muito, de acordo com as condições climáticas locais. Compilação de resultados de diversos autores mostra que a evapotranspiração 12 pode variar de 4,1 a 12 mm/dia (HEICHEL, 1983; CUNHA et al., 1994), mas geralmente a ETm diária da alfafa não excede 10 mm/dia. Rassini (2001) cita os trabalhos de Gheorgiù (1993), na Itália, e de Bosniak (1992), na antiga Iugoslávia, que tratam do consumo de água da alfafa. O primeiro autor observou o consumo de 5.873 m3/ha (587,3 mm) e de 6.292 m3/ha (629,2 mm), no primeiro e no segundo ano de cultivo, respectivamente. O segundo relatou que a exigência anual de água variou de 545 a 730 mm e que a irrigação suplementar aumentou de 50 a 55% o rendimento de feno de alfafa. Outra maneira de apresentar a necessidade hídrica das culturas é o consumo por unidade de peso de matéria seca (kg H2O/kg MS). Heichel (1983) cita o trabalho de Briggs e Shantz (1914), no qual os autores relatam que o requerimento de água da alfafa está entre 631 a 834 kg H2O/kg MS de alfafa. O autor também cita o trabalho de Shantz e Piemeisel (1927), que encontraram valores de 890 a 957 kg H2O/kg MS de alfafa, dependendo da cultivar. Por último, cita que Gifforrd e Jensen (1967) relataram requerimentos de água de 800 a 1.360 kg H2O/kg MS de alfafa. Nos alfafais irrigados, a produção de massa seca por kg de água aumenta, o que evidencia maior eficiência no uso da água em áreas irrigadas. As taxas médias de demanda hídrica variam de 512 a 663 kg H2O/kg MS, sugerindo que as necessidades hídricas de 1 ha de alfafa variam de 56 a 73 mm/t MS durante a estação de crescimento (HEICHEL, 1983). O requerimento máximo de água da alfafa ocorre nos períodos pós-corte e produção de sementes (HEICHEL, 1983). Quando não se pode contar com a água das chuvas, a irrigação nessas fases é primordial para o bom desenvolvimento da planta e o aumento na produtividade. 6.3 Eficiência no uso da água Além do consumo de água, também é importante determinar a eficiência no uso da água (EUA) para verificar se há desperdício e ineficiência no sistema de produção. Segundo Cunha et al. (1994), a forma mais comum de se medir a EUA é a razão entre a massa seca da parte aérea (MSPA) e a evapotranspiração total (ET) no período entre dois cortes sucessivos. Assim, tem-se: 13 EUA = (MSPA/ET) em que, EUA – eficiência no uso da água, kg/ha de MS/mm de água; MSPA – produção de massa seca da parte aérea da planta, kg; ET – evapotranspiração da cultura entre dois cortes sucessivos, mm. Wright (1988) mediu o consumo de água da alfafa durante cinco anos, citando consumo de 1.022 mm com produção de forragem de 17,6 t MS/ha, em cultivo de abril a outubro, o que dá um consumo unitário de água de 58,1 mm/t MS/ha e uma EUA de 17,2 kg/ha de MS/mm de água. Cunha et al. (1994) realizaram trabalho semelhante na região Sul do Brasil e verificaram que a EUA variou de 3,71 a 9,59 kg/ha de MS/mm de água. 6.4 Mensuração ou estimativa do consumo de água O aumento na produtividade de qualquer cultura depende de fatores como a genética, o clima, o solo, o manejo da cultura e da irrigação. Entre as dificuldades para expansão do cultivo da alfafa no Brasil está o desconhecimento da necessidade de irrigação da cultura no país (VILELA et al., 2008). Há vários métodos de medir ou estimar o consumo de água de qualquer cultura. Os métodos mais práticos para uso em propriedades rurais são as equações com dados meteorológicos e o uso de medidores de evaporação de água (evaporímetros). Esses métodos podem ser encontrados na literatura científica. Os principais métodos são descritos por Mendonça e Rassini (2008) e um estudo mais detalhado sobre esses métodos é apresentado por Pereira et al. (1997). 6.5 Manejo da irrigação A irrigação é uma das técnicas que podem ser adotadas para minimizar os efeitos do déficit hídrico. Para um manejo correto da irrigação, é necessário conhecer as exigências hídricas da cultura no local e as características dos métodos e dos sistemas 14 de irrigação utilizados, levando-se em conta os mais eficazes e de menor custo possível, objetivando maximizar o retorno econômico. Em cada ciclo de crescimento e corte há uma variação na evapotranspiração, que é proporcional à área foliar da planta. No manejo da irrigação, essa variação do consumo é representada pelo coeficiente de cultura (Kc), que é a razão entre a evapotranspiração da alfafa (ETc) e a evapotranspiração da cultura de referência (ETo), no caso a grama Batatais. Os valores de Kc ficam por volta de 0,4 após o corte, aumentando para 1,05 a 1,2 imediatamente antes do próximo corte, na produção de forragem, ou até a metade da floração, na produção de sementes. Nesse último caso, o valor de Kc reduz-se bruscamente após esse período (DOORENBOS e PRUITT, 1977). 7. MANEJO DA FORRAGEM A produtividade e persistência do alfafal estão diretamente relacionadas ao seu manejo, uma vez que a rebrota da planta se efetua às expensas de reservas de carboidratos das raízes e da coroa da planta, acumuladas durante o período de crescimento da forrageira. O primeiro corte ou pastejo da alfafa deve ser realizado quando a cultura encontra-se em florescimento pleno, com 80% das plantas florescidas, para que, por meio da fotossíntese, acumule maior quantidade de reservas de carboidratos e apresente coroa e sistema radicular bem desenvolvidos. Para as cultivares testadas na região Sudeste do país, esse período é de 70 a 80 dias. A partir do segundo corte ou pastejo é recomendado realizar o corte ou iniciar o pastejo quando 10% das plantas entram em florescimento, período em que há equilíbrio entre a produção e a qualidade da forragem. No período de inverno pode não haver emissão de flores e, quando esse fato ocorre, recomenda-se que a alfafa seja cortada ou pastejada quando a brotação basal atingir altura média de 3 a 5 cm. Isto permitirá que a planta, depois de cada pastejo, acumule quantidade suficiente de substâncias de reserva para favorecer boa rebrota, elevada produção e alta persistência ao longo do tempo. O corte da forragem deve ser realizado entre 8 a 10 cm da superfície do solo, mesma altura em que deve ser mantido o resíduo de pastejo. O pastejo em alfafa é diário, com período de descanso na região Sudeste no inverno, ao redor de 34 dias e, nas demais estações do ano, próximo de 28 dias. O sistema com pastejo rotacionado possibilita o descanso 15 Raiz principal Raiz lateral Brotação da coroa Haste Folha Folíolo Pecíolo Coroa necessário para que a recomposição de reservas nas raízes redunde em rebrotas vigorosas e pastagens longevas e produtivas (RASSINI et al., 2008). Na Figura 1 é apresentada de forma esquemática uma planta de alfafa, formada por raiz principal, raízes laterais, coroa, brotação da coroa, hastes, pecíolos, folhas e folíolos. Figura 1. Forma esquemática da planta de alfafa. Fonte: Reinaldo de Paula Ferreira. A coroa da alfafa é formada por tecidos perenes provenientes do caule e também pela parte superior da raiz. A conformação da coroa é influenciada por período de frio, período de seca, práticas culturais, ataque de pragas e de doenças, vigor geral e idade das plantas. Como essa estrutura situa-se abaixo do nível do solo, ela fica protegida de 16 danos causados pelo pastejo e pelo corte da planta, de modo que essa localização é um mecanismo natural de proteção da alfafa (RODRIGUEZ e EROLES, 2008). A rebrota da alfafa é promovida por meio de reservas de carboidratos armazenados principalmente na parte superior de sua raiz e na coroa basal, constituídos em maior proporção por amido e, em menor escala, por glicose, frutose e sacarose. Todavia, deve-se salientar que em função do tipo de exploração da planta forrageira (corte ou pastejo), esse acúmulo de reservas não é contínuo, uma vez que é interrompido em cada período de produção da planta. É nesse tempo decorrido entre intervalo de corte ou pastejo que se acumulam carboidratos não estruturais na raiz e na coroa basal. Dessa forma, maior percentual de reservas de carboidratos na alfafa implica em redução do tempo necessário para que a nova rebrota atinja o ponto de corte ou pastejo. Por outro lado, se forem menores as reservas, o tempo para que a rebrota atinja o ponto de corte ou pastejo será maior (RASSINI et al., 2008). No que se refere à qualidade de forragem, não se deve considerar somente o teor de proteína mas também outras variáveis, como porcentagem de folhas, de caule, de fibra e de lignina, digestibilidade e consumo. Quando cortada em estádios imaturos, a alfafa produz forragem de melhor qualidade, mas isso reduz significativamente sua produção e a persistência. Estádios muito maduros produzem maior quantidade de forragem, mas de menor qualidade, embora a persistência melhore (RODRIGUES et al., 2008). Na Figura 2 é apresentada a variação nos teores de proteína bruta da alfafa em estádios de pré-florescimento e de florescimento. Observa-se que com o avanço do estádio de desenvolvimento da planta, reduz-se o teor de proteína bruta da alfafa, que alcança o ápice no estádio de pré-botão. Entretanto, a alfafa não deve ser manejada no estádio de pré-botão, por não permitir a recuperação das reservas. Além do teor de proteína bruta e de fibra em detergente neutro (FDN) ser bastante variável conforme o estádio de desenvolvimento da planta, esses teores também dependem da altura ou do extrato em que a planta é colhida ou pastejada. Observa-se que o teor de PB diminuiu linearmente do ápice para a base da planta e os teores de FDN aumentam do ápice para a base (Figura 3). Na base da planta, as folhas são mais velhas, a parede celular é mais espessa, os teores de FDN são maiores e, consequentemente, a digestibilidade é menor (Figura 4). 17 Figura 2. Porcentagem de proteína bruta da alfafa em função de estádios de crescimento. Fonte: Department of Agricultural, Food and Rural Initiatives (2006). Figura 3. Qualidade da forragem expressa em porcentagem de proteína bruta (PB) e de fibra em detergente neutro (FDN) em pastagem de alfafa. Fonte: Comerón e Romero (2007). Pré-botão Botão 10% de florescimento Florescimento completo PB (% ) Extratos (cm) 60-70 50-60 40-50 30-40 20-30 10-20 0-10 0 10 20 30 40 50 60 70 (%) % PB % FDN 18 Figura 4. Variação da digestibilidade da alfafa de acordo com extratos de pastejo. Fonte: Cangiano (2007). 8. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS As plantas daninhas podem reduzir consideravelmente a produtividade da cultura da alfafa, competindo por água, luz, nutrientes, além de reduzirem a qualidade da forragem e das sementes (PETERS; PETERS, 1992). O período crítico de competição estende-se dos 15 aos 50 dias após a emergência da alfafa (SILVA et al., 2004), período que corresponde à fase em que as práticas de controle devem ser efetivamente adotadas. Assim, a comunidade infestante que se instalar após esse período não mais terá condições de interferir, de maneira significativa, sobre a produtividade da cultura da alfafa. Entretanto, para se estabelecerem métodos adequados de controle é importante que sejam feitos levantamentos das plantas daninhas presentes na área, pois um mesmo método de controle não apresenta eficácia em controlar todas as espécies existentes no local. As principais plantas daninhas que infestam a cultura da alfafa, conforme listadas, são: cabelo-de-anjo (Cuscuta spp.), serralha (Sonchus oleraceus), nabiça (Raphanus raphanistrum), guanxuma (Sida rhombifolia), carrapicho-rasteiro (Acanthospermum australe), carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum), mentrasto (Ageratum 19 conyzoides), caruru (Amaranthus spp.), picão-preto (Bidens spp.), capim-braquiária (Brachiaria decumbens), marmelada (Brachiaria plantaginea), capim-colchão (Digitaria spp.), tiririca (Cyperus spp.), grama-bermuda (Cynodon dactylon), trapoeraba (Commelina benghalensis), erva-de-Santa Luiza (Chamaesyce hirta), capim-amargoso (Digitaria insularis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), falsa-serralha (Emilia sonchifolia), leiteiro (Euphorbia heterophylla), botão-de-ouro (Galinsoga spp.), corda- de-viola (Ipomoea purpurea), joá-de-capote (Nicandra physaloides), mentruz (Lepidium virnicum), poaia-branca (Richardia brasiliensis), beldroega (Portulaca oleracea), pata- de-cavalo (Centella asiatica), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii), capim- carrapicho (Cenchrus echinatus), erva-de-touro (Tridax procumbens), roseta (Soliva pterosperma) e fedegoso (Senna obtusifolia) (BRIGHENTI e CASTRO, 2008). Dentre as alternativas para o controle eficiente das plantas daninhas em alfafa está o controle químico com herbicidas. Suas principais vantagens são a rapidez na aplicação, a economia de recursos humanos e a eficácia do controle das espécies infestantes. Em contrapartida, esse método exige técnica apurada, acompanhamento de um engenheiro agrônomo, pessoal capacitado e bem treinado, além dos cuidados com a saúde do aplicador e com o meio ambiente. Deve-se tomar cuidado com a frequência e dosagens de aplicação de herbicidas, por afetarem a velocidade de rebrota e a persistência do alfafal. O número de herbicidas registrados no Brasil para a alfafa é muito limitado. Apenas o Diuron é registrado para essa cultura no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse herbicida é utilizado em alfafais com mais de um ano, em cobertura total, logo após o corte e antes do surgimento de nova brotação nas doses de 1,2 a 2,0 kg i.a. ha-1 (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998). Serão descritos, a seguir, alguns herbicidas utilizados em alfafa em outros países do mundo e que apresentam boa seletividade para a cultura. Para o controle de espécies daninhas, principalmente as de folhas largas (dicotiledôneas) há o Imazethapyr, o Imazamox e o Paraquat. E para o controle de espécies daninhas de folhas estreitas (gramíneas) há o Trifluralin, o Fluazifop-p-butyl e o Clethodim. Entretanto, vale salientar que, como ainda não há registro desses herbicidas no MAPA, não podem ser recomendados para o cultivo da alfafa no Brasil. 20 No caso do Imazethapyr, este herbicida é aplicado em pós-emergência precoce, até quatro folhas das plantas daninhas de folhas largas. Preferencialmente, se aplica esse produto na dose de 100 g i.a. ha-1 quando as plantas da alfafa encontram-se com a terceira folha trifoliolada (MELLO et al., 2000; SILVA et al., 2002; SILVA et al., 2004). O Imazamox é aplicado em condições de pós-emergência da cultura da alfafa e controla espécies daninhas de folhas largas na dose de 28 g i.a. ha-1 (SILVA et al., 2004; MESBAH e MILLER, 2005). É aconselhável sua aplicação 25 dias após a emergência da alfafa, a fim de evitar injúrias mais acentuadas quando da aplicação em estádios iniciais do ciclo da cultura. O Paraquat é um herbicida de contato utilizado em aplicação em pós-emergência das plantas daninhas de folhas largas e de folhas estreitas. É aplicado logo após o corte da alfafa, pois como a coroa fica abaixo do nível do solo, ela não recebe o herbicida, ficando protegida. A dose de Paraquat normalmente aplicada é de 300 g i.a. ha-1 mais o adjuvante não iônico na dosagem de 0,2% v/v (RAINERO et al., 1995). Não é aconselhado aplicá-lo após a rebrota das plantas de alfafa, pois os sintomas de intoxicação são muito acentuados e, em aplicações excessivas, podem afetar a velocidade de rebrota e a persistência do alfafal (Figura 5). O Trifluralin controla espécies daninhas na sua maioria gramíneas, embora também seja eficaz no controle de algumas folhas largas. Em pré-semeadura incorporado, as concentrações são 445 e 600 g i.a. L-1. Nessa modalidade de aplicação, o solo deve estar bem preparado, preferencialmente seco ou com baixa umidade, livre de torrões, para facilitar a mistura do produto, evitando as perdas, principalmente por volatilização (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998). A incorporação é feita por meio de duas passadas de grade niveladora. Em pré-emergência, o Trifluralin é aplicado na formulação 600 g i.a. L-1, logo após a semeadura da alfafa. Nessas condições, o solo deve estar bem preparado, livre de torrões, restos de cultura e em boas condições de umidade. Aplicado em solo seco, há necessidade de chuvas ou irrigação num prazo de cinco dias, caso contrário a eficácia do produto é reduzida. As doses recomendadas são 0,9 a 1,2 kg i.a. ha-1 em pré-semeadura incorporado e 1,8 a 2,4 kg i.a. ha-1 em pré- emergência (RODRIGUES e ALMEIDA, 1998). 21 O Fluazifop-p-butyl controla espécies daninhas de folhas estreitas nas dosagens de 125 a 187 g i.a. ha-1 (MELLO et al., 2000; SILVA et al., 2004). É aplicado de preferência quando as plantas daninhas encontram-se nos estádios iniciais de crescimento. O Clethodim também é aplicado em pós-emergência para o controle de plantas daninhas gramíneas na dosagem 100 g i.a. ha-1 mais 0,5% v/v de óleo mineral (RAINERO et al., 1995; MELLO et al., 2000). Figura 5. Área de alfafa onde se aplicou o paraquat. Foto: Reinaldo de Paula Ferreira. Quando se opta por um manejo correto de plantas daninhas é imperativo a orientação de um engenheiro agrônomo. Além disso, o fato de existir apenas um herbicida registrado para a alfafa junto ao MAPA limita de forma considerável as ações técnicas. Nesse caso, o uso de práticas culturais que auxiliem na supressão de plantas daninhas deve ser considerado, pois aumenta o potencial competitivo da cultura. A densidade de semeadura correta da alfafa, as adubações e os tratos culturais recomendados proporcionam condições favoráveis à cultura da alfafa frente à competição exercida pelas plantas daninhas (BRIGHENTI e CASTRO, 2008). 9. DOENÇAS As doenças provocam perdas econômicas de dois tipos: perdas diretas e perdas indiretas. As perdas diretas envolvem decréscimo da produtividade, causado pela mortandade de plantas ou pela diminuição do vigor, e redução da qualidade da 22 forragem, provocada pelas manchas foliares e ou pela desfolha. As perdas indiretas compreendem diminuição do valor nutricional da forragem causada pela perda e pela degradação dos compostos químicos de alto valor nutricional (proteínas, açúcares, lipídios e vitaminas), presença de micotoxinas, diminuição na nodulação, aumento da susceptibilidade ao ataque de insetos e proliferação de plantas daninhas agressivas (GIECO e BASIGALUP, 2011). As doenças da alfafa são ocasionadas por um amplo espectro de fitopatógenos, o qual inclui fungos, bactérias, vírus, fitoplasmas e nematoides. Dentro desse conjunto de organismos, os fungos são responsáveis pela maioria das doenças de importância econômica. A seguir serão citadas as principais doenças que atacam a alfafa, descrevendo-se o agente causal: Murcha fusariana (Fusarium oxysporum); Podridão úmida das raízes (Phytophthora megasperma); Corchose (Xylaria spp); Cancro radicular (Rhizoctonia solani); Complexo de podridão da coroa e da raiz (é um complexo de fungos de várias espécies, entre os quais podem-se enumerar Rizoctonia solani, Fusarium oxysporum, Colletotrichum trifolii); Mancha foliar amarela (Leptotrochila medicaginis); Míldio (Peronospora trifoliorum); Mosaico da alfafa (Alfalfa mosaic virus - AMV); Antracnose (Colletotrichum trifolii); Ferrugem (Uromyces striatus); Mancha ocular (Leptosphaerulina briosiana); Caule preto (Cercospora medicaginis); Pinta preta (Pseudopeziza medicaginis); Mofo branco (Sclerotium rolfsii); Queima da folha (Sclerotinia trifoliorum); Escova de bruxa (fitoplasma - procariotas sem parede celular). 9.1 Medidas gerais de controle de doenças O adequado manejo da cultura é primordial para o sucesso das práticas culturais e para a eficiência dos métodos de controle. Um dos pontos básicos é o uso de sementes sadias, sem o vírus do mosaico, sem a presença de sementes de Cuscuta spp., sem escleródios e inoculadas, para haver eficiente fixação de nitrogênio. Por ocasião do estabelecimento da cultura é recomendável investigar quais moléstias predominam na região e se existem cultivares com resistência correspondente. É recomendável verificar também o histórico da área, para decidir sobre a necessidade de rotação de cultura, de aração profunda e de outras práticas agronômicas (PORTO, 2008). 23 A seguir são apresentadas as principais medidas de controle, variáveis em função dos agentes casuais e seus ciclos: • Antecipação dos cortes As moléstias foliares que causam desfolhamento podem ter seus danos reduzidos com a antecipação dos cortes ou, no mínimo, sem qualquer atraso na colheita. • Aração profunda Alguns patógenos produzem estruturas que persistem por longo período na superfície ou nas camadas superficiais do solo. O enterrio profundo desses propágulos reduz drasticamente as fontes de inóculo primário. • Cultivares resistentes O uso de cultivares resistentes é considerado o meio mais simples, mais econômico e mais eficiente de redução dos prejuízos causados pelas doenças. O trabalho de seleção de cultivares resistentes vem sendo realizado por diversos pesquisadores brasileiros, com resultados promissores, embora ainda pouco abrangentes. • Controle de vetores Esta é uma medida mais específica para o controle do mosaico da alfafa, cujos vetores (afídeos) têm papel fundamental na disseminação do vírus, a partir de fontes de inóculo. • Limpeza do equipamento de colheita Alguns fitopatógenos têm a capacidade de permanecer viáveis em resíduos de alfafa aderidos aos equipamentos de colheita, protegidos de intempéries. Na realidade, a cada novo trabalho na lavoura, todo o equipamento deve ser inspecionado e limpo. • Rotação de culturas Como se trata de uma espécie perene ou semiperene, a rotação de culturas não é prática comum no manejo da alfafa. No entanto, em áreas com carga de inóculo muito elevada, a rotação de culturas pode se transformar na única alternativa viável. • Sementes limpas O uso de sementes sadias e limpas é fundamental para o estabelecimento da cultura. As sementes devem estar livres de restos culturais, de sementes de ervas daninhas (principalmente de Cuscuta spp.) e de fitopatógenos, tais como o vírus do mosaico da alfafa. 24 • Uso de fungicidas O uso de fungicidas em plantas forrageiras, como é o caso da alfafa, é um tanto complicado por se tratar de material de consumo in natura pelos animais e que, portanto, não deve conter resíduos. Se o plantio de alfafa se destinar exclusivamente à produção de sementes, a aplicação de fungicidas pode ser feita como em qualquer cultura, lembrando que o fungicida deve estar registrado para utilização em alfafa. 10. PRAGAS O reconhecimento das principais pragas da cultura da alfafa pode ser realizado por meio da chave de identificação (Figura 6) e das características mais facilmente visualizáveis. Figura 6. Chave para identificação de pragas da cultura da alfafa. Fonte: Zucchi et al. (1993). A seguir serão mencionadas as principais pragas da cultura da alfafa (BUENO et al., 2011): • Pulgões 25 São as pragas de maior importância econômica na alfafa por causa da sua capacidade de reprodução e de causar danos à cultura. Formam colônias nas folhas e caules da planta, onde convivem indivíduos de diferentes idades. Na sua maioria, são pulgões sem asas; insetos com asas aparecem quando a colônia está muito grande e outras plantas devem ser colonizadas para perpetuação da espécie. No Brasil são encontradas quatro espécies de pulgões que causam danos à cultura da alfafa e cada uma delas tem preferência por determinada condição climática. São elas: Pulgão-manchado-da-alfafa (Therioaphis trifolii forma maculata); Pulgão-da- ervilha ou pulgão-verde-da-alfafa (Acyrthosiphon pisum); Pulgão-azul-da-alfafa ou pulgão-verde-azulado (Acyrthosiphon kondoi); Pulgão-das-leguminosas (Aphis craccivora). Os pulgões sugam a seiva das plantas e injetam saliva tóxica, deixando as folhas severamente amareladas, provocando deformação e enrugamento das folhas e brotos, além do encurtamento dos entrenós, nas hastes. Esses insetos liberam uma substância adocicada onde cresce um fungo preto denominado fumagina, prejudicando a fotossíntese. Desse modo, as plantas reduzem a produção de folhas e, consequentemente, a de forragem e de feno, podendo ser mortas. A maior sensibilidade da alfafa ao ataque de pulgões ocorre no início da rebrota. Outra consequência grave do ataque de pulgões à alfafa é o fato de muitas espécies agirem como vetores de importantes viroses, que limitam a produção da planta: o mosaico da alfafa, o mosaico das nervuras, no trevo-vermelho, e o mosaico das enações. Os indivíduos com asas aumentam a dispersão dos vírus. • Lagartas A ocorrência de lagartas na alfafa também pode ser bastante importante, porque esses insetos consomem folhas, diminuindo a produção de massa vegetal, produto de maior interesse na planta por parte dos agricultores e pecuaristas. Várias são as espécies de lagartas presentes na cultura, embora a grande maioria ocorra principalmente em outros cultivos e somente esporadicamente na alfafa. As espécies de largatas mais comuns são: Lagarta-da-alfafa (Colias lesbia pyrrhothea); Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis); Lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda); Curuquerê-dos- capinzais (Mocis latipes); Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon); Broca-das-axilas (Epinotia aporema). • Besouros 26 Os principais besouros que causam danos à alfafa são: Gorgulho-da-alfafa (Naupactus leucoloma ou Pantomorus leucoloma); Brasileirinho ou patriota (Diabrotica speciosa); Vaquinha (Epicauta atomaria); Cigarrinha-verde; Tripes (Caliothrips fasciatus, Thrips tabaci e Frankliniella occidentalis) e Ácaros. Em razão principalmente do seu uso como forragem na alimentação animal, deve- se evitar o controle químico de pragas na cultura da alfafa, optando-se por outros métodos. Atualmente não há registro de inseticidas químicos para uso na cultura da alfafa junto ao Ministério da Agricultura. Os métodos recomendados são: Preventivos (Uso de cultivares resistentes; manejo racional do mato, evitando plantas espontâneas que abrigam as mesmas pragas da alfafa etc.; Culturais (evita a perda da fertilidade do solo); Físicos (antecipação do corte ou do pastejo) e Biológicos (preservação de áreas de refúgio diversificadas para inimigos naturais). Por se tratar de uma cultura perene, a alfafa forma um agroecossistema relativamente estável em que inimigos naturais podem se estabelecer. Assim, predadores e parasitoides, juntamente com outros fatores, como temperatura e precipitação, são componentes que apresentam um papel importante na redução das populações de pragas. Insetos que agem como agentes reguladores da população de pragas (inimigos naturais), tais como joaninhas, moscas sirfídeos, percevejos predadores e crisopídeos podem ser facilmente visualizados pelos agricultores, que não devem confundi-los com as pragas. O reconhecimento deles é fundamental para o sucesso do controle biológico natural. Na Tabela 1 são apresentados as pragas da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns. Outro ponto a ser levado em conta no controle de pragas da alfafa é o fato de ela necessitar, obrigatoriamente, de insetos para a sua polinização. É muito importante o conhecimento das relações entre os métodos de controle e os agentes polinizadores, principalmente quando se visa produzir sementes. A abelha comum (Apis mellifera), a mamangava (Xylocopa brasilianorum) e a irapuá (Trigona spinipes) foram relacionadas como as espécies mais comumente associadas à polinização de alfafa no Brasil. 27 Tabela 1. Pragas da cultura da alfafa e seus predadores e parasitoides mais comuns. PRAGAS INIMIGOS NATURAIS Pulgões Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e Anthocoridae, além das joaninhas (Coccinellidae); larvas de Chrysopidae e Syrphidae. Parasitoides: Microvespas (Aphidiidae). Largatas Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae, Nabidae e Anthocoridae. Parasitoides: De ovos (Trichogrammatidae) e de lagartas (vários). Besouros Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Geocoridae e Nabidae; e joaninhas (Coccinellidae); larvas de Chrysopidae. Parasitoides: Microvespas (várias). Cigarrinha-verde Predadores: Percevejos jovens e adultos das famílias Nabidae e Anthocoridae; larvas de Chrysopidae. Parasitoides: Microvespas (várias). 11. CONSERVAÇÃO DA FORRAGEM Em sistemas de produção animal que têm por base a utilização de pastagens, observa-se irregularidade na oferta e na qualidade da forragem ao longo do ano, principalmente devido aos fatores climáticos. Dessa forma, a adoção de práticas eficientes de produção e conservação de forragem de elevado valor nutritivo, tais como a ensilagem e a fenação, permite explorar o potencial produtivo das plantas forrageiras. O processo de ensilagem é um método de conservação da forragem em que, por meio da fermentação, se formam compostos orgânicos que reduzem o pH da massa e diminuem assim a atividade de microrganismos e a deterioração do alimento. Já a fenação é o processo de conservação de volumosos que, mediante rápida desidratação, paralisa o metabolismo da planta e a atividade de microrganismos presentes na forragem e no ambiente e preserva, de forma mais estável, o valor nutritivo do alimento. Cada sistema de conservação de forragem apresenta suas vantagens e desvantagens em relação aos demais. A produção de silagem permite intensa mecanização na confecção e no fornecimento aos animais e pode poupar trabalho manual. Além disso, a forragem picada é facilmente utilizada em rações em mistura completa. Porém a ensilagem requer mais energia para a colheita, para o manuseio e para o fornecimento aos animais e grande investimento em máquinas e em estrutura de armazenamento, o que resulta em alto custo (CÂNDIDO et al., 2008). 28 O feno enfardado requer menos espaço para armazenamento do que a silagem e é facilmente transportado e vendido. Porém, é necessário considerar que para produzir feno de alta qualidade ao menos duas condições precisam ser observadas: a forragem colhida deve ser de alta qualidade e ser seca com o mínimo de perda de nutrientes. A ensilagem e a fenação não devem ser comparadas em termos de eficiência e tampouco na qualidade do produto, pois são processos de conservação que produzem forragens com características nutricionais distintas e em muitas circunstâncias feno e silagem podem ser usados na dieta de maneira complementar. Devido ao seu potencial de produção, à alta qualidade e à adaptação a diversas condições ambientais, a alfafa tem sido cultivada em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. A alfafa é utilizada tanto no pastejo como nas formas de feno e de silagem, mas a fenação é a principal forma de uso no Brasil e em países como os Estados Unidos (PEREIRA et al., 2005). 11.1 Corte da forragem para conservação Vários autores indicam a importância do estádio de desenvolvimento da forragem no momento do corte, pois é conveniente encontrar o equilíbrio entre o valor nutritivo da forragem e a produção por unidade de área (REIS et al., 2001; JUAN e ROSSI, 2007). Com o crescimento ocorrem alterações na planta, que resultam em elevação dos teores de compostos estruturais como a celulose, a hemicelulose e a lignina e, paralelamente, na diminuição do conteúdo celular. Além dessas alterações, é importante salientar que a diminuição na relação folha-caule resulta em modificações na estrutura das plantas. Dessa forma é de se esperar que plantas mais velhas apresentem menor conteúdo de nutrientes potencialmente digestíveis (nutrientes que serão absorvidos mais facilmente durante o processo de digestão). Honda e Honda (1990) afirmaram que a melhor época para o corte da alfafa é aquela em que a cultura possuir de 10% a 20% da floração. Outra opção é considerar a brotação basilar, cuja altura deve estar ao redor de 5 cm. No inverno, a alfafa no Brasil produz poucas flores, portanto é de grande importância observar o estádio de desenvolvimento. 29 Para a produção de forragem conservada, a altura ideal do corte é de 7 a 8 cm do nível do solo, de modo que as reservas acumuladas nas raízes, na coroa e no caule sejam suficientes para a próxima rebrota (JUAN e ROSSI, 2007). De acordo com Martins e Vilela (2008), recomenda-se efetuar o primeiro corte da alfafa num período de floração plena, de modo a assegurar um bom desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Os cortes subsequentes devem ser feitos quando houver entre 5 e 10% de floração ou quando existir suficiente brotação, em períodos do ano em que não ocorre o florescimento. Segundo esses autores, a altura de corte deverá ser de 8 a 10 cm do solo e o corte deve ser feito pela manhã, após a evaporação do excesso de orvalho. Qualquer que seja o processo de conservação utilizado, tanto na fenação como na ensilagem tem-se perdas durante a colheita e o armazenamento (Figura 7). As perdas podem ser amenizadas ou intensificadas, dependendo do teor de matéria seca (MS) da forragem ou do método utilizado para conservação. Figura 7. Estimativa das perdas de matéria seca (MS) durante a colheita e o armazenamento de forragem conservada com diferentes teores de água na colheita. Fonte: Holland e Kezar (1990). 11.2 Produção de feno 30 O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da forragem por meio da rápida desidratação, para que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos, seja paralisada. Assim, a qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às condições climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado. As operações envolvidas no processo de fenação incluem implantação da cultura, aplicação de fertilizante, corte, revolvimento da forragem, enleiramento, enfardamento, recolhimento e armazenamento dos fardos. Para a produção de feno de alto valor nutritivo, alguns fatores básicos devem ser observados: as condições climáticas apropriadas para a secagem no período de corte; a colheita da forragem no estádio de desenvolvimento no qual o valor nutritivo é máximo; o corte de uma quantidade de forragem que possa ser manuseada com base nos equipamentos e na mão de obra disponíveis; a avaliação da fertilidade do solo e a aplicação de fertilizantes, para atender à demanda em relação à produção e à qualidade da forragem; o controle de plantas invasoras; o uso de equipamentos apropriados para o corte e o manuseio da forragem no campo; o enfardamento do feno quando o teor de água do material atingir 18%; o armazenamento em local apropriado. 11.3 Processo de desidratação da forragem Segundo Rotz (1995), a forragem ao ser cortada para fenação contém de 70 a 80% de umidade, isso é, 2,3 a 5,6 partes de água para cada parte de MS. Quando a forragem é cortada e espalhada no campo para secar há súbita interrupção da transpiração (HARRIS e TULLBERG, 1980). A supressão do suprimento de água pelas raízes e uma evaporação contínua da superfície foliar levam ao pré-murchamento, secagem e morte das células. Durante a secagem, alguma atividade enzimática prossegue e nutrientes podem ser perdidos. Assim, quanto mais rapidamente ocorrer a secagem e, consequentemente, a morte das células, menor será a perda de valor nutritivo. A curva de secagem das plantas forrageiras apresenta formato tipicamente exponencial, de tal forma que cada unidade adicional de perda de água requer maior tempo. Embora o padrão de perda de água em condições ambientais constantes seja uniforme, o período de secagem pode ser convenientemente dividido em duas ou três 31 fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência à desidratação (MacDONALD e CLARK, 1987). Durante o processo de secagem, quando a forragem é enleirada, a progressiva perda de água e o sombreamento promovem o fechamento dos estômatos, o que resulta em aumento na resistência à desidratação. Embora os estômatos se fechem em aproximadamente uma hora após o corte, quando as plantas possuem de 65% a 70% de água, de 20% a 30% dessa água é perdida nessa primeira fase da secagem (MacDONALD e CLARK, 1987). Numa segunda fase da secagem, após o fechamento dos estômatos, a perda de água acontece por evaporação cuticular. Assim, a estrutura das folhas, as características da cutícula e a estrutura da planta afetam a duração dessa fase de secagem. Após o fechamento dos estômatos, de 70% a 80% da água deverá perder-se pela cutícula, cujas funções são prevenir a perda de compostos da planta por lixiviação e prover proteção contra a abrasão e os efeitos da geada e da radiação. Na fase final de secagem, a membrana celular perde a sua permeabilidade seletiva e então ocorre rápida perda de água. Essa fase se inicia quando o teor de água da planta atinge em torno de 45% e é menos influenciada pelo manejo e mais sensível às condições climáticas do que as anteriores, principalmente à umidade relativa do ar. Alguns fatores como condições climáticas, estrutura da planta, maquinário utilizado no corte e manuseio da forragem, uso de condicionadores químicos e tipo de secagem devem ser considerados, pois interferem na desidratação das plantas. As principais variáveis a serem consideradas em relação ao clima são radiação solar, temperatura, umidade do ar e velocidade do vento. De acordo com MacDonald e Clark (1987), em condições de secagem controlada, a alfafa arranjada em camadas finas atingiu 20% de água em 25 h, com umidade relativa do ar de 45%, mas o tempo de secagem se prolongou para 47 h, ou seja, quase o dobro, quando a umidade relativa foi de 70%. Assim, é importante considerar a previsão de chuvas, pois o risco de ocorrência de condições desfavoráveis à secagem é grande durante o verão no Brasil Central. Cerca de 50% dos dias de verão nessa região apresentam condições apropriadas para a desidratação, ou seja, umidade relativa do ar baixa, temperatura elevada e ocorrência de ventos. 32 Os fatores relativos à planta que afetam a taxa de secagem, segundo Rotz (1995), são o conteúdo inicial de ág