0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 LUIZ ALBERTO DE GENARO São Paulo 2020 TESE DE DOUTORADO Programa de Pós-Graduação em Artes do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Orientador: Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 LUIZ ALBERTO DE GENARO São Paulo 2020 Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Artes Visuais. Orientador: Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA I 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 II 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 III GENARO, Luiz Alberto de. Artemídia Equivalente à Prospectiva da Refração da Personalidade Artística. Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Doutor em Artes Visuais. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. _________________________ Instituição ______________________ Julgamento _______________________ Assinatura ______________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição ______________________ Julgamento _______________________ Assinatura ______________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição ______________________ Julgamento _______________________ Assinatura ______________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição ______________________ Julgamento _______________________ Assinatura ______________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição ______________________ Julgamento _______________________ Assinatura ______________________ ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 IV Dedico este trabalho à minha esposa, Patrícia, que tão profundamente incentiva minhas ações artísticas, e às minhas filhas, Catarina e Isabella, todas as três, que me fazem vivenciar o verdadeiro amor familiar com Beleza, Bondade e Sabedoria. E assim, temos conseguido transformar a Família em sede diária de uma singular experiência artística, científica e religiosa. No entanto, a visão e a compreensão da composição familiar como fruto desse singularíssimo tipo de experiência não vem de mim, eu os recebi, prontos e acabados, de meus amados pais, Vicente e Márcia, bem como do convívio com meus irmãos, João Carlos e Marcos Paulo, a quem, igualmente, fazem por merecer esta lembrança de amor e gratidão pela permanente confiança em mim sempre depositada. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 V AGRADECIMENTOS Aos artistas Rubens Matuck e Jorge Mori, pelo excelente trabalho propedêutico que me proporcionaram em seus ateliers, quando de minha adolescência e juventude, respectivamente, sem o qual minha férrea disciplina artística, por certo, tomaria outros rumos. Ao artista e Prof. Dr. Evandro Carlos Jardim, da Faculdade de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, pela sempre exemplar capacidade de conciliar uma postura artística ancorada no respeito às tradições junto às necessidades de interlocução com a contemporaneidade, sem a qual meu “tradicionalismo contemporâneo” simplesmente não se configuraria de modo tão sistêmico e pautado pela reciprocidade. Ao Prof. Dr. Leon Kossovitch, do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, pela minúcia hermenêutica aguda e cuidadosa, sem a qual eu não conseguiria fazer o devido transporte analítico-interpretativo para o universo plástico-visual de minhas proposições. Ao Prof. Dr. Jorge Aristides De Souza Carvajal, in memoriam, meu orientador no Mestrado realizado na Faculdade de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, por ter-me apresentado a prospectiva e a obra de Piero della Francesca com um entusiasmo infinito, homogêneo e contínuo, inteira gratidão para sempre. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 VI Ao filósofo e Prof. Olavo de Carvalho, pela paciente capacidade de ensinar e esclarecer a escalada das ciências rumo à Ciência Primeira, sem a qual seria muito improvável que eu obtivesse algum êxito no traçar meu percurso artístico em suas possíveis fugas para a casa do Pater Omnipotens Aeterne Deus, conforme a célebre escrita de Cézanne. Ao Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira, meu orientador, agradeço seu espírito amplo, de grandeza cinematográfica, vastidão marítima, potência naval, construtividade politécnica e mediação multimidiática, como se por “Trinta Valérios” valesse, sem os quais não seria possível que eu viesse a refratar a mim mesmo, no antes e no depois do atual processo doutoral, memorável partida de Xadrez Equivalente!, capacitando-me redirecionar a habitual e múltipla curiosidade à unicidade das minhas exigências de coerência lógica. Ao artista José D’Ápice, meu tio, de poderosas intuições técnicas e conceituais, de grande, inteligente e inesquecível humor, talento artístico nato, que levou-me pela primeira vez ao acervo do MASP, e, à longa distância, incentivou-me a trilhar os caminhos artísticos desde o início, sem o qual minhas convicções seriam invariavelmente frágeis, imensa gratidão. À artista e Profa. Iole di Natale, in memoriam, da Faculdade Santa Marcelina, por ter visto, pela primeira vez, meus desenhos a Lápis de Cor através de uma lupa, magicamente retirada do bolso de seu avental, e assim, fez-me conceber uma obra esférica, entretecida pelo conta-fios de cada verso livre deste MathÉtico Poema. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 VII Aos colegas discentes de Pós-Graduação do Programa, e também, aos alunos da Graduação em Artes Visuais, mas, fundamentalmente, aos colegas do Grupo de Pesquisa ‘Artemídia e Videoclip’, pelo convívio harmonioso, instigante, provocador na justa medida, colaborativo e de comunicação sempre amigável que assinalou o encontro frequente no curso e no cumprimento das solicitações disciplinares, cabe minha grande consideração. Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação do Programa e demais equipes do Instituto de Artes, seguranças, porteiros e faxineiros, merecem destaque especial por fazerem a mecânica institucional rodar sem sobressaltos, garantindo a normalidade cinética aos escalões mais elevados para girarem ao redor da Ciência da Arte, é igualmente pertinente minha gratidão, pois, quem haveria de negar que limpar o chão é uma arte e requer a devida ciência? Quem negaria que uma verdeira concepção orgânica da Arte e da Ciência começa desde a humildade do chão? Eu, particularmente, aprecio muito o fato de poder ter os meus pés fincados no chão. Ao corpo docente do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, pela disponibilidade e qualidade constante dos diálogos que asseguraram a elevação nos debates e fundamentações. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 VIII A todos os alunos do Atelier L. A. de Genaro, àqueles que interromperam seus cursos, aos que concluíram, aos que ainda permanecem fiéis, mesmo nas horas mais difíceis, seja pela carência de recursos, seja pelas condições de saúde, ou pela diversidade dos rumos de seus projetos de vida pessoal, a todos eles que jamais negaram a boa vontade e a compreensão perante meus pobres ensinamentos, que nunca deixaram de corrigir o perfil de uma figura, a esfumatura de um dorso, a matização de duas ou mais cores, a ênfase num empaste luminoso e a delicadeza do sombreado mais transparente, que não se furtaram de paciência perante as justificativas conceituais necessárias, porém, às vezes, que as fiz abundantes demais, em suma, a todos eles que me permitiram ficar vivo, intelectual e artisticamente, nestes últimos anos, eu agradeço de coração. Enfim, ao leitor que me corresponder em generosidade, porque farei exigências de compreensão que poderão facilmente parecer descabidas, pois, a visada é de profundo alcance. Espero ter aprendido de todos os alunos essas virtudes todas, espero ter transportado cada uma delas para meu Doutorado, espero ter visto meu distinto orientador, Prof. Pelópidas, querido e naval “Pel”, com os mesmíssimos e respeitosos olhos através dos quais eles sempre me viram. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 IX “Um dos discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse: ‘Está aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isso para tanta gente?’. Disse Jesus: ‘Fazei-os sentar’.” (JOÃO, 6, 8-10) “A verdade não pode ser separada da crença, nem a crença da verdade (...) e sem ambas é impossível viver seu papel ou criar qualquer coisa.” (STANISLAVSKI, Constantin, 1924) “Meu doutorado é um ato de fé.” (GENARO, Luiz Alberto de, 2017) ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 X “Artemídia Equivalente à Prospectiva da Refração da Personalidade Artística” é um projeto de Doutorado que se apresenta sob dupla forma: 1) como Tese, e; 2) como Arte. O objetivo central é a proposição de um “Princípio de Equivalência” (P.E.): 1) que garanta a reciprocidade entre Arte-Ciência e Ciência-Arte, e; 2) que assegure a correspondência e a comunicabilidade entre campos científicos distintos entre si por meio das linguagens intrínsecas às Artes Visuais. A metodologia adotada, é de caráter enxadrístico-geométrica, ou seja, lúdico-analítica. Espero que os resultados alcançados pelo projeto possam colaborar, de forma concreta: 1) para a ordenação de uma “Prospectiva de Probabilística Universal” dos fatores composicionais da obra de arte; 2) para a reverberação dessa prospectiva para além do território artístico específico, particularmente nos âmbitos em que a criatividade humana se fizer essencial, e; 3) para a concepção estrutural de uma “Axiologia Artística”. Deduzo as conclusões: 1) o “Princípio de Equivalência” é uma possibilidade ficcional provável; 2) logo, o Artista é um Cientista da Poética; 3) portanto, a estruturação prospectiva da personalidade artística está na razão direta da capacidade humana para refratar sua alma em camadas; 4) segue que o êxito do Artista-Cientista depende que a retidão de sua alma artística contribua, por mínima que seja, para endireitar as veredas da alma do espectador, e; 5) sendo assim, o “Princípio de Equivalência” se encontra na arte do bem viver o destino pela Providência. RESUMO Palavras-chave: Artemídia. Prospectiva. Geometria Sagrada. Pintura. Personalidade Artística. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 XI ABSTRACT “Artmedia Equivalent to the Prospective of the Artistic Personality Refraction” is a PhD project presented in two ways: 1) as a Thesis, and; 2) as Art. The main objective is the proposition of an “Equivalence Principle” (E.P.): 1) that guarantees the reciprocity between Art-Science and Science-Art, and; 2) that assures the correspondence and the communicability among different scientific fields with one another, through the intrinsic languages of the Visual Arts. The methodological character adopted inherits the principles derived from the combination of the chess game with the geometry, that is, ludic-analytical. I hope the results reached by this project can concretely collaborate: 1) to the ordination of a “Universal Probabilistic Prospective” of the artwork compositional factors; 2) to the reverberation of this prospective beyond the specific artistic territory, mainly in the scope where the human creativity is essential, and; 3) to the structural conception of an “Artistic Axiology”. I deduce the following conclusions: 1) the “Equivalence Principle” is a potential fictional possibility; 2) ergo, the Artist is a Scientist of the Poetry; 3) therefore, the prospective structure of the artistic personality is directly related to the human capacity to refract their soul in layers; 4) so, the success of the Artist-Scientist depends on how the righteousness of their soul can contribute, however minimal, to straighten the paths of the spectator’s soul, and; 5) consequently, the “Equivalence Principle” is found in the art of good living the destiny by the Providence. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro Key words: Artmedia. Prospective. Sacred Geometry. Painting. Artistic Personality. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 XII SUMÁRIO ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro CANTO I - Sobre a Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’. p. 13 CANTO II - Há corpo com apenas um membro? p. 31 CANTO III - p. 51 CANTO IV - Pintor x Pintura = Unidade Sujeito-Objeto. p. 82 CANTO V - p. 106 CANTO VI - GenÉtica do Aro: Sobre o Belo. p. 167 CANTO VII - A Lógica do Futebol é um Sistema de Partidas Dobradas. p. 181 CANTO VIII - A PoÉtica da Geometria Sagrada. p. 213 CANTO IX - Cor: num só elemento da Pintura, o Universo inteiro. p. 236 CANTO X - As dez estações de uma inesperada corrida. p. 274 BIBLIOGRAFIA p. 301 = Medida Ready-Made Prospectiva 3 ImagÉtica = Termo Mediador . (Sujeito - Objeto) Canto I Sobre a Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’. 1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 1.5 Escrita Cronológica, pois segue a circularidade do tempo, enquanto é perseguida pela segmentação retilínea da própria linha do tempo. 1.6 De substância Cíclica, mutável no perímetro de seus quadrantes, absolutamente Perpétua na oportunidade de atualização do momento central. 1.10 Sua substância é o Número, dos quaternários ritmos da aritmética ‘Tetraktys’. 1.11 Escrita Ética, enfim, porque mensura, valora, qualifica e dignifica de Humanidade Transcendente a individualidade da pessoa. 1.12 Sua substância é a Virtude, nascida da ‘Diametria’, hipotética ciência que estuda e sistematiza as Artísticas Mediações das Simetrias. 1.7 Escrita Cinemática, porque encadeia palavras e imagens em alternada sucessão, com o objetivo constante de capturar a simultaneidade espaço-temporal. 1.9 Escrita Mathética, de ‘Mathesis Megiste’, Ensinamento Supremo do filósofo Mário Ferreira dos Santos, do alto da Sabedoria das Leis Eternas. 1.4 De substância Luminosa, variada nos Matizes, problematizada pelas Tonalidades e equilibrada pelas Saturações. 1.3 Escrita Cromática, porque importa do universo das cores sua economia estrutural. 1.2 De substância Possível, direta à Retórica, complementar à Dialética e coerente à Lógica. 1.1 Escrita que defende a modalidade discursiva da Poética como alimento da Imaginação. 1. Defino a Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’: 1.8 Sua substância é o Movimento, como ‘Kinêma’ do que se passou, ‘Kinêmata’ do fracionado passado, e como ‘Kinesis’ do continuado presente. 2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 2.3 Essa Oposição é tão incontestável e contrastante quanto o dia e a noite, estes que, juntos, compõem a duração de um Dia. 2.5 A Escrita Cromática, porque variada entre a luz e a escuridão, indica essa diferenciação. 2.6 A Escrita Cronológica, porque cíclica entre o mutável e o eterno, afirma essa distinção. 2.10 Não se encolerize o leitor com a evidência desse diapasão “Beta - Alfa”, pois, até a cólera, em seu fogo interior, inflama o ser à combustão de baixo para cima! 2.11 Além disso, há muita dignidade no interior da inferioridade “Beta”, eis uma afirmação das elevações a que o mundo inferior, por natureza, sujeita-se. 2.12 Pensando bem, há faíscas de dignidade nas profundezas do subterrâneo da inferioridade “Beta”, exemplo arquitetural disso é o próprio Inferno de Dante. 2.8 A Escrita Mathética, porque ensina o elevado, sinaliza que, acima do alto, há um Supremo. 2.9 Em suma, a Escrita Ética, porque, ao mensurar valores qualitativos, justamente, pressupõe a existência desse contraste. 2.4 A Escrita Poética, porque remete ao possível e não só ao fato, envolve esse discernimento. 2.2 É inadmissível confundir essas duas dimensões, tanto quanto invertê-las ou tomá-las como sinônimas, pois, constituem a Oposição Fundamental que emoldura todo ser do Universo. 2.1 A “Dimensão Beta” implica o campo de manifestação da concretude, e a “Dimensão Alfa” significa o mundo dos princípios que regem os fatos concretos. 2.7 A Escrita Cinemática, porque aliança palavra e imagem, tempo e espaço, encadeia esses extremos. 3 2. A partir da definição da Escrita Poética referida, deduz-se: cada uma de suas seis partes tem os pés na “Dimensão Beta” e a cabeça na “Dimensão Alfa”. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 3. Na Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’, Poética, Cor, Tempo, Cinemática e Ética gravitam pentagonalmente ao redor do Número, seu umbigo. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 3.5 Logo, o Número constituirá forma ideal de escrita a investigar cada essência compositiva do projeto. 3.6 Refiro-me não só à dimensão quantitativa do Número, mas à qualitativa, que harmoniza sua forma. 3.10 O Tempo é atraído ao Número a cada milionésima parte de um só e único instante, entretanto, ao mesmo tempo, cada partícula de Tempo é oportunidade do eterno ser. 3.11 A Cinemática é atraída ao Número a cada argola de sua ‘Kinêmata’ corrente, ao mesmo tempo, na natureza cada movimento parece algemar-se livremente. 3.12 Por sua vez, a Ética é atraída ao Número a cada virtude da justa medida, ao mesmo tempo horizontal e vertical, pois, o que o centro é para a quantidade, o princípio é para a qualidade. 3.8 A Poética é atraída ao Número a cada grau que o fato concreto concede à possibilidade, e, ao mesmo tempo, em todos os arcos possíveis de sua distância gravitacional perante o centro. 3.9 A Cor é atraída ao Número a cada fração da luz, e, ao mesmo tempo, do ponto de vista do Círculo Cromático, a cada intervalo primário graduam-se três matizes derivados. 3.4 Dependerá da divisão interna da matéria analisada: sua organicidade, sua dinâmica e sua essência. 3.3 Numerados, sub-numerados e, quando necessário for, intra-sub-numerados e, assim por diante. 3.2 Por isso, os versos são numerados: para assinalar a cadência conceitual rítmica do ‘arithmós’. 3.1 Portanto, a Mathética é o centro da forma pentagonal de escrita da presente Tese. 3.7 Do contrário, para sua angústia, o Número não participaria da “Dimensão Alfa”, e, assim sendo, a Aritmética jamais seria a ética do ritmo. 4 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.5 O Cinco é a Lei da Forma, porque todo ser, na unidade das inversões relacionais que equilibram suas oposições, é um microcosmo formal sistêmico que o proporciona e o balanceia configuradamente. O ser é, e a forma da reciprocidade nas relações das tensões que poderiam fazê-lo deixar de ser, essa forma do ser, fundamentalmente, é. 4.6 O Seis é a Lei da Harmonia, porque todo ser, na centralidade desse processo de auto-conhecimento e de legítima formatividade, encontra o repouso harmônico na diminuta ordem das suas partes, fazendo-as gravitar espacialmente. Portanto, concluída a formação harmônica do ser no sentido corpóreo e anímico inferior, esse ser jamais deixará de ser o que ele é. 4.4 O Quatro é a Lei da Reciprocidade, porque todo ser, no existir relacional das oposições que compõem sua unidade, é um pequeno sistema de inversões recíprocas que o estrutura e o proporciona equilibradamente. O ser é a reciprocidade das relações entre o que ele pode deixar de ser e o que ele, de fato, é. 4.3 O Três é a Lei da Relação, porque todo ser, na unicidade existencial dos seus antagonismos, é um pequeno sistema de tensões relacionais que o estrutura proporcionalmente. O ser é relação entre o que ele é e o que ele pode deixar de ser. 4.2 O Dois é a Lei da Oposição, porque todo ser, em sua unidade existencial, é um pequeno sistema de forças opostas que o delimitam estruturalmente. O ser pode deixar de ser. 4.1 O Um é a Lei da Unidade, porque todo ser, na coesão das partes de sua concretude, é uma indivisa unidade. O ser é. 4. De acordo com a interpretação de Mário Ferreira dos Santos, para Pitágoras, os Números são Leis Eternas que professam a Sabedoria Divina. São Dez Leis, que compõem a conhecida ‘Tetraktys’, ou Década. 5 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.10 O Dez é a Lei da Unidade Transcendente, porque todo ser, nas alturas a que poderá alcançar pelo universalismo do vôo de sua humanidade e, pela grandeza de sua alma superior agora posta a descoberto, anseia pela visão da finalidade última da luminosa primícia do seu existir essencial. Logo, o ser reconhecerá a semente de transcendentalidade que o acompanhou desde o início, fazendo-lhe descobrir-se unidade de corpo e unidade de alma graças à unidade do intelecto, esta que o tornou possível para ser, a esse ser e a todos os outros seres, inteligentes partes operantes do Uno do Universo. 4.7 O Sete é a Lei da Evolução Superior, porque todo ser, na harmonia formal anelar de suas partes, percebe que a espacialidade do próprio corpo é pequena demais, e a alma que o vivifica é, ainda, muito inferior para assegurar e pacificar seu desejo de dinamicidade. Então, tal qual uma seta, o Sete chama o ser, critica-o, enceta-o para o exterior de sua própria harmonia e o situa no interior de um mundo no qual todo ser é vital. 4.8 O Oito é a Lei da Assunção, porque todo ser, no processo de evolução crítica de sua harmonia interior, confrontado com a vitalidade dinâmica do mundo à sua volta, compreende a necessidade da crise como etapa transformadora de sua alma inferior no desencadear de um novo movimento, agora em busca de desenvolver a metade superior da alma. Assim, o ser, que fora, que foi, que por fundamento é e que jamais deixaria de ser, supera-se como ser, e move, para o alto, a ampulheta da sua vida. 4.9 O Nove é a Lei da Integração Universal, porque todo ser, do alto da assunção das crises de sua harmonia interior, observa ao seu redor e reconhece a variedade tríplice que cromaticamente diferencia e, ao mesmo tempo, integra, o combate humano para restituir a sua dignidade humana. Então, o ser, que indivíduo fora, que microcosmo foi, que diminuta ordem é e jamais deixaria de ser, integra-se no seio do Universo, sem o qual micro algum seria cosmo. 5.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.11 Assim, em forma de pitagórica ‘Tetraktys’, finalizo a escalada do ser em busca do ser. Na altitude atingida, pode-se deduzir o Onze como a Lei da Unidade na Unidade Transcendente, ou seja, aquele oportuno momento do tempo perene em que o ser concreto vê sua Causa Primeira, e, por Ela, o ser é visto. Portanto, não nos iludamos com a aparente igualdade entre os repetidos algarismos que configuram o Onze, pois, o primeiro “um” é tão pequeno diante do segundo “um” quanto o Universo é menor em relação ao Uno para o qual versa. 4.12 Em suma, desvelando a totalidade que esta tão modesta contagem encerra, contento-me com o Doze, e a hipotética dedução do seu enunciado: Lei da Unidade da Oposição na Unidade Transcendente. Claríssimo parece-me que, tanto a Unidade quanto a Oposição referidas não mais são aquelas que emolduraram o ser na sua particularizada concretude; ao contrário, tratando-se de uma Oposição no interior absoluto da Unidade Transcendente, é, nada mais nada menos que a Oposição Principial travada entre a Dimensão ‘Beta’ e a Dimensão ‘Alfa’, estas que reproduzem, no microcosmo individual, a combatividade imensurável, tanto quanto indestrutível, do Uno, para o qual, dia após dia, o Universo se converte. E, assim, eis os Números centrais da Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’. 5.2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 5.5 Relação-Assunção: as relações são a superação das oposições como a assunção faz da crise uma evolução. 5.6 Reciprocidade-Integração Universal: reconhecido o ser em si mesmo, o longínquo salto micro-macrocosmo fica um pouco mais próximo e plausível. 5.10 Logo, a possível paridade dos números, garantidos os significados de suas Leis, só poderá ser admitida se essa justaposição respeitar a forma intrínseca de cada Lei. 5.11 Certamente haverá de ser assim, pois, se a diferença é a Forma, é porque há de existir uma Forma específica para cada uma das cinco paridades. 5.12 Do contrário, se esse salto de justaposição fosse simples sobreposição de uma Lei à outra, por que razão respeitaríamos a contagem natural de 1 a 10? 5.7 Forma-Unidade Transcendente: auto-consciente da complexidade compositiva da própria forma, o ser desfruta de favoráveis condições para deduzir sua origem a partir da Unidade Transcendente. 5.8 Portanto, neste outro modo de dispor a ‘Tetraktys’, a pentagonalidade das justaposições salienta a diferença quinária entre elas, pois: 6 - 1 = 5; 7 - 2 = 5; 8 - 3 = 5; 9 - 4 = 5 e 10 - 5 = 5. 5.9 Ou seja, a diferença quinária afirma, retroativamente, a Lei da Forma. 5.4 Oposição-Evolução Superior: as oposições do ser o inquietam tanto quanto a crítica evolução, só que a primeira é de dentro para fora, a segunda é de fora para dentro. 5.3 Unidade-Harmonia: a unidade do ser implica, praticamente impõe, sua harmonia, e vice-versa. 5.1 Em dois grupos pentagonais, o significado das Leis Eternas fica potencializado. 5.2 É possível justapor: o 1 ao 6, o 2 ao 7, o 3 ao 8, o 4 ao 9 e o 5 ao 10. 5. Além da ordem crescente natural, podemos dispor a ‘Tetraktys’ de outra forma. 6 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 6.5 É compreensível que seja assim, afinal, se todo cinco sucede o quatro, é em virtude de toda Forma ser consequência da reciprocidade das relações de oposição da unidade. 6.6 Por certo, pois a auto-consciência formal do ser é já a busca por suas origens que palpita. 6.10 Essa Gênese foi: da Unidade fez-se a Díada, no interior da Díada fez-se a Mídia, e, no interior da Mídia fez-se a Arte, que, dotada de espírito quaternário, permitiu que as Leis Eternas participassem da Dimensão ‘Beta’ tanto quanto proporcionou, com reciprocidade, que as formas concretas fossem participadas pela Dimensão ‘Alfa’. 6.11 Será possível corresponder termo a termo à Gênese da tradição judaico-cristã? 6.8 Quero dizer: é provável que a referida sequência implique o percurso descendente, de cima para baixo, isto é, do universal ao particular, semelhante ao curso da areia na ampulheta. 6.9 Se for assim, 1-2-3-4 significará a ordem decrescente da Criação Integral do Universo. 6.4 Porque 1 + 2 + 3 + 4 = 10; ou seja, os quatro primeiros números são um videoclip da Década. 6.3 Quer figura mais relacional, eloquente e principial que o triângulo? 6.2 Quer oposição mais concreta senão as pedras contra o chão, o chão contra as pedras? 6.1 Com dez pedras dispostas na ordem 1-2-3-4 forma-se um triângulo. 6. No entanto, a forma lapidar da ‘Tetraktys’ é: 1, 2, 3, 4. 12 6.7 Todavia, será que a sequência 1-2-3-4 não deveria ser compreendida pelo avesso da ordem crescente, esta que, por sua vez, é análoga ao percurso ascensional do particular ao universal? 6.12 Nos quatro primeiros dias, Deus criou: 1) Luz; 2) Firmamento; 3) Água e Terra, e; 4) Luzes do Firmamento (Sol, Lua e estrelas). 7 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 7.5 Cotejar a Década em dois quinários... Que banal tabuada é essa? 7.6 Figurá-la triangularmente num ritmo 1-2-3-4... De onde veio essa bobagem? 7.10 E se eu espalhasse estas páginas todas pelo chão? 7.11 Ou melhor: e se eu tratasse os parágrafos como lâminas dispersas? 7.12 No fim, restará o fato de que tais lâminas deverão ser lidas mesmo assim? 7.7 Estou cansado de ler tantas e desnecessárias formulações. Precisa mais? 7.8 Só de pensar que são “Considerações Iniciais”... E se eu pulasse páginas? 7.9 E se eu lesse um pouco daqui, um pouco dali e fizesse uma mescla geral? 7.4 Desde quando o Número é Lei? E, Lei Eterna? 7.3 A escolha do Número como centro pentagonal não é arbitrária? 7.2 Sua nomenclatura não é ridiculamente dificultosa e labiríntica? 7.1 A Escrita Poética é necessária? 7. Questionamentos são admissíveis. 12 8 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 8.5 Assim, você supera-me pulando partes, e eu lhe supero com uma escrita que é trilho contínuo e pouso para suas aleatórias partes de leitura. 8.6 Escrevendo, estou em harmonia comigo mesmo, e, com sinceridade, ofereço-lhe empate em um a um desejando que, igualmente, você encontre harmonia análoga na eventualidade de sua salteada leitura. 8.10 Tudo começa pelo Um, o Ponto, seja no sentido sensível, material, seja no sentido imaterial, como Origem da Unidade Transcendente. 8.11 Logo, há um Ponto que é sinal gráfico, toque do instrumento sobre o suporte, autêntico um a um, e há o Ponto imaterial, detentor de todas as direções espaciais possíveis em absoluto. 8.12 O Um é Ponto. O Ponto é Um. Ponto e basta. 8.7 Retomaria o ritmo 1-2-3-4 quando o leitor interrompeu-me com um questionamento a mais. Tudo bem, compreendo: a vida acadêmica está se tornando um cárcere piranesiano... 8.8 Falemos da geometria 1-2-3-4. Um é Ponto. Dois é Linha. Três é Plano. Quatro é Volume. 8.9 Rudimentos Plásticos, já que, sem eles, não há universo plástico que se manifeste. 8.4 Permita-me apenas reciprocar a liberdade concedida deixando que eu escreva a meu modo, ou, mais apropriadamente: que eu escreva da forma como eu sou, ok? 8.3 Caro leitor: leia-me do jeito que quiser e relacione-se com o texto como bem, ou mal, entender. 8.2 Mas, Genaro, isto é necessário? Comece logo a “Introdução” e... ‘vambora’ com este texto. 8.1 Um a um, neste caso, não é placar esportivo, é postura doutoral, risivelmente tética; então, retomemos o ritmo 1-2-3-4, agora, do ponto de vista geométrico. 8. Bem, como aconselharia a Lei do Oito: superemos os questionamentos, absorvendo-os um a um. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 9 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 9.5 Porque cabe ao Triângulo recordar a hierarquia formal intrínseca ao universo dos seres existentes. 9.10 Como a Geometria é para o Espaço o que a Música é para o Tempo, convém girar a razão do “quarteto tetráktyco” ao ponto de vista das proporções fundamentais. 9.11 Neste sentido, o ritmo 1-2-3-4 reúne, na inteireza de intervalo dos algarismos, três proporções musicalmente notáveis. 9.12 1:2 = Diapason (Oitava); 2:3 = Diapente (Quinta), e; 3:4 = Diatessaron (Quarta). 9.7 O Volume é o Quatro porque põe em crise a superficialidade bidimensional ao posicionar o quarto vértice fora do plano original de base. 9.8 Essa inquietação é apaziguada quando os vértices são interligados ao mesmo tempo em que revolucionam-se no espaço. 9.9 Assim, com o Tetraedro nasce todo um universo de sólidos, e ele encerra geometricamente a ‘Tetraktys’ com quatro planos triangulares e modestíssimos quatro pontos: isto é que é Videoclip universal! 9.3 O Três é Plano, soberanamente triangular, pois, toda forma, geométrica ou orgânica, pode sintetizar-se numa belíssima e engenhosa trama de triangulações. 9.2 No desenho a mão livre, a Linha é orgânica e opõe tensões agradáveis a sinuosos descansos. 9.1 O ponto é tensão na fixidez, a Linha, é tensão retilínea no curso de seu típico movimento. 9. O Dois é Linha, porque a Linha é, do ponto de vista geométrico, a direção que conecta dois pontos em lugares distintos. 12 9.6 No entanto, não haveria imagem mais plena de harmonia entre os Rudimentos Plásticos, não fosse pela existência do Quatro, que é o Volume. 9.4 Onde houver superfície, haverá de existir, seja em ato ou em potência, uma gama de triângulos. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 10 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 10.5 Destas considerações geométrico-aritmético-musicais emerge uma nova forma de dividir e evoluir os degraus da ‘Tetraktys’: o Ponto é Lei da Unidade; a Linha tensiona Oposição e Relação; o Plano integra Reciprocidade, Forma e Harmonia, e; o Volume confere plenitude à Evolução Superior, Assunção, Integração Universal e Unidade Transcendente. 10.6 Ora, se observarmos que entre os Quatro Rudimentos Plásticos há Três Intervalos Proporcionais Musicais, a harmônica beleza rítmica 1-2-3-4 tornar-se-á auto-evidente para o leitor vocacionado para ao menos uma das três competências: musical, plástico-geométrica, ou, aritmética. 10.7 Entretanto, a harmonia não está completa, pois falta uma disciplina a arrematar o derradeiro andamento quaternário da melodia ‘tetráktyca’ proveniente do ‘Quadrivium’: a Astronomia, genuína fusão espaço-temporal do Número. 10.4 Pois, a proporção Diapason equilibra 1:2 e 2:1, ou seja, a metade e o dobro; a Diapente reciproca 2:3 e 3:2, ou seja, dois terços e uma vez e meia, e; a Diatessaron analoga 3:4 e 4:3, ou seja, três quartos e uma vez e um terço. 10.3 Retângulos que figuram frações, assegurando a trilogia do ‘Quadrivium’: Geometria, Música e Aritmética. 10.2 Ora, Diapason, Diapente e Diatessaron resultam em três tipos de retângulos, fundados na unidade do quadrado de base: o duplo quadrado, o quadrado e meio e o quadrado e um terço. 10.1 Circunscreverei o tema, porém, reendereçando as proporções ao campo da Geometria, certo de que o leitor, hábil na Arte do Tempo, estabelecerá a transcendência devida. 10. Lamento, todavia, não aprofundar a análise do ponto de vista musical, pois a matéria transcende. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 11 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 10.10 Logo, brota a supranatural pergunta: existirá uma Forma que manifeste e dê conta expressiva da Universalidade que está no bojo da plástica-visual ‘ChromnoKineMathÉtica’? Existirá uma Forma que seja Fonte Transcendente e Fuga Imanente, Escrita Plástico-Literário-Visual que justifique o Trabalho Equivalente? 10.11 Claro que sim! E, no meu caso, essa Forma reúne Pentágono e Hexágono, já tão naturalmente implicados entre si, contudo, também reúne seus dobros, Decágono e Dodecágono, a culminar, todos os quatro planos regulares, na etérea solidez de platônica revolução: o Dodecaedro. 10.12 São Dez os capítulos, denominados “Cantos”. São Doze os versos de cada uma das Doze estrofes que compõem cada “Canto”. Pretendo que cada capítulo constitua um Caderno, sendo que, aos outros Dois Cadernos restantes caberá: 1) Formalidades Doutorais da Tese, e; 2) Bibliografia. No total, Doze Cadernos. Daí a Forma / Fórmula ideal para equacionar a Escrita pretendida: o ‘Dodecaderno’. 10.8 A Astronomia, quarta disciplina do ‘Quadrivium’, pertence ao Rudimento Volume e revoluciona a totalidade dos seres no que possuem de mais permanente na constituição de suas essências: são Fogo no Tetraedro, Ar no Octaedro, Água no Icosaedro, Terra no Cubo e Éter no Dodecaedro. 10.9 É chegada a hora de discernir: uma coisa é a problemática literária inerente à Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’, porém, coisa bem diversa é a Forma plástico-visual através da qual essa Escrita Universal deverá revelar-se. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 11.1 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 11.5 Daí que a Forma Intrínseca da Escrita Poética seja centrada no Número da Mathética. 11.6 Anteriormente, referi-me às Três Proporções Fundamentais, mas, para que a Tábua Pitagórica das Harmonias esteja completa ainda faltam duas. 11.10 A métrica é vertical porque pretende, a Escrita Poética, ao Possível da Unidade Transcendente. 11.11 Deduz-se: a métrica reverbera a verticalidade do Número, da Poética, da Cromática, do Tempo Perene, da Cinemática e da Ética. 11.12 De modo que a métrica vertical autoriza a transversalidade da leitura. 11.8 A problematicidade infinita destas proporções só é superada pela Geometria, que impõe finitude até mesmo em dízimas periódicas. 11.9 Portanto, no interior dos Doze versos de cada estrofe, inseri as Cinco Proporções mais suas recíprocas, totalizando o universo métrico de Nove: 3 / 3,5 / 4 / 4,6 / 6 / 7,4 / 8 / 8,5 / 9. Para salientar as irracionais, sublinhei e fortaleci em negrito determinadas palavras, ou conjunto delas, no interior dos versos 3, 4, 7 e 8, esperando dar conta dos decimais: 3,5 / 4,6 / 7,4 / 8,5. 11.4 Sim, há uma metrificação vertical que vaza o texto de norte a sul, leste a oeste. 11.3 Entretanto, o que não é livre, mas de intensa relação, é a métrica vertical. 11.2 O curso horizontal dos versos é livre, e tangenciam, por vezes, a prosa. 11.1 É uma Escrita cujas métricas pentagonal e dodecaédrica empatam-se. 11. Creia-me, prezado leitor, será assim no intuito de favorecer a legibilidade da Escrita Plástico-Literário-Visual. 12 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 11.7 São Proporções de aritmética irracional, que só problematizam o universo dos inteiros ritmos: a 2 e a Seção Áurea.% 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12.5 Leia ainda de outra forma: às cegas, sorteando números, motivado pela pura incompreensão labiríntica da montagem sanfonada das páginas. 12.6 Leia até mesmo sem ler!, vale dizer, motivado pela plasticidade e pela visualidade em rosácea destes dodecafônicos cadernos. 12.4 Leia às avessas, de trás pra frente, reciprocando versos, estrofes e cantos, e eu duvido que, pela Cinemática da Escrita, você não a preencha de sentido, restabelecendo a coerência da tese inteira. 12.3 Leia o começo, o meio e o fim, e eu duvido que não terá vontade de devorar os capítulos intermediários. 12.2 Pule capítulos inteiros, vá para a face diametralmente oposta do Dodecaderno, e a Escrita Pentagonal centrada no Número estabelecerá, na pior das hipóteses, tensões e contrastes altamente estimulantes. 12.1 Pule estrofes inteiras, e o trilho Poético da Escrita unificará o sentido. 12. De fato, estimado leitor, salte quanto quiser as partes do texto, porque, na verticalidade métrica da Escrita, o sentido da tese estará sempre conservado graças à evolução numérico-conceitual da versificação. 12 13 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12.10 Sugiro, portanto, uma leitura transversal-helicoidal, cuja hélice cumpra, ao mesmo tempo, a meta de ventilar e turbinar o sentido mais profundo destes versos. 12.11 Palavras, palavras e palavras... Se o leitor posicionar, de fato, um ventilador sobre estas páginas em rosácea, nada sobrará senão uma sopa de letrinhas retornadas ao pacote de macarrão. 12.12 Pois então, que, simultânea e lateralmente ao ventilador, ajuste também uma turbina, e o sentido último deste pretenso hiper-texto de Escrita Poética ‘ChromnoKineMathÉtica’ renascerá flutuante, na imagem compacta, tanto quanto transparente, de um eterno véu. 12.7 Proíbo apenas que leia com má vontade, pois, movido pela vontade do não-querer, literatura alguma sobrevive. Por meio dessa vontade que não quer, o leitor sai sempre vencedor, no entanto, é uma vitória egoísta que é uma derrota poética, pois terá havido uma recusa de aderência à ficcionalidade intrínseca da narrativa. Ouso advertir o leitor: não havendo vontade, não há necessidade nem de destampar a caixa. 12.8 A presente transversalidade da versificação possibilita a proposição de uma leitura para além da diagonal: ela evolui em círculos de espirais de ritmadas e retorcidas helicoidais, não muito distantes das figuras ‘serpentinatas’ de ilustríssimo escultor. 12 12.9 Ou seja, a leitura pode transladar-se e sobre si rotacionar num movimento de ação e retroação: quando age, ventila e dispersa os significados, direcionados e periféricos, e; quando retroage, aspira e recolhe sentidos das mais remotas direções do universo. 13.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 Autor: L. A. de Genaro Título: “Raiz Quadrada de 2 em Triangulações para Quarenta Partes” Técnica: Maquete Ficcional (detalhe) (Pregos, Elásticos e Fios de Náilon sobre Compensado) 14 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro Canto II Há corpo com apenas um membro? 1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro “Se o pé disser: ‘Eu não sou mão, portanto não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. Se o ouvido disser: ‘Eu não sou olho, portanto não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs os membros e cada um deles como quis. Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo? Há muitos membros e, no entanto, um só corpo. O olho não pode, pois, dizer à mão: ‘Não preciso de ti’. Nem a cabeça pode dizer aos pés: ‘Não preciso de vós’.” (SÃO PAULO, 1 Cor, 12, 15-21) 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 1.3 Então, infértil, o corpo constituirá obstáculo à inteligência. Fortes dores de cabeça... Intransponível parede, de Minerva alguma. 1.6 Porque o pintor, vendo através da gordura do real, sempre mirou o ideal que lhe governa Minerva. Pelo ideal da pintura e do pintor, Minerva sempre guerreou, e ainda haveria de consagrar a oliveira! 1.4 Portanto, não falarei como burro pintor. Não desejaria que assim fosse. Essa burrice existe, sim. Consiste na redução do Real ao real, e, não raro, na sua cópia, então substituta desse pequeno real. 1.5 Implica a duplicação reprodutiva e servil da aparência. Nenhum pintor conheceu o louvor por esse caminho mecânico e torpe. 1.2 Porque posta bem diante dos olhos. Claro, o olhar poderá cravar-se na gordura da existência corpórea. 1.1 Falarei como pintor. Pintor de gorda Minerva. De matéria não separada da inteligência, ou melhor, de matéria fecundada pela inteligência. 1. Um pintor de elétrons? 1.8 Pois, apesar da abundância intelectual, pode ocorrer que seja escassa de inteligência. Que desperdício... Segue que, falarei como pintor que não desperdiça inteligência. A minha, e muito menos a do leitor. Quem terá o direito de lançar fora a inteligência alheia? 1.7 Ao contrário, claro que o olhar poderá emagrecer a matéria até exauri-la. Então, deveria falar somente como matemático, para matemáticos, e, que não parecesse abusar da inteligência, no uso de seu nome, em vão! 2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 1.11 Resultou a atomística dos rudimentos vocabulares, sintáticos e semânticos da linguagem plástica, destituídos da necessária morfologia. Acrescente-se generosa pitada do sal da ruptura representacional, e, eis a dieta culinária do problema da Minerva abandonada! Qual problema? Ora, o problema de falar como pintor. Segue: não obstante os esforços de teorização da arte, faz toda a diferença falar como pintor à época de Alberti, e falar como pintor hoje. Detalhe: por mais que, em ambos os casos, objetive-se a dignidade científica da arte que a Pintura é. 1.12 Protejamo-nos, sob a égide da Minerva original, para que o combate de todas as partes deste texto se reúnam num corpo único e variadamente coeso. Peço que o leitor não se enerve. As linhas de fuga serão múltiplas, porque o corpo que pretendo é orgânico. Portanto, falarei como pintor, e pintor de organismos. Pintor com domínio dos códigos, postos a serviço da representação. Porém, pintor que não duplica o real, mas corrige todos os membros que lhe são viventes. Pintor de órgãos e micro-organismos, analista da estrutura gramatical da linguagem que a perscruta em todas as suas dimensões, mas, que não a considera como elétrons erráticos no campo gravitacional ausente de núcleo. 1.10 Não é simples propor que o meio de expressão do pintor é outro. A Minerva pictórica ficou tão gorda, que abandonou seu estatuto modelar. No começo das vanguardas, valores espirituais ainda norteavam o interesse pela composição de uma nova gramática plástico-visual, todavia, o poder dessa infusão degenerou rapidamente. E a fecundidade da busca pelos valores plásticos puros excedeu-se rumo à pura particularização. 1.9 Afinal, o desperdício de inteligência é uma vertente da burrice. A forja, a todo custo conceitual, será também o esbanjar do que, no fundo e na verdade, não se tem. De modo que, não nos resta outro caminho senão utilizarmos a inteligência inteligentemente. Isto passa pelo conceito de Minerva mais gorda, repito: de matéria fecundada pela inteligência. 2.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 2.3 Segue a proporção: a Tese está para a ‘Artemídia Equivalente’ assim como a Arte está para a ‘Prospectiva da Refração da Personalidade Artística’. 2.6 Cabe ao “à” o papel de estabelecer a igualdade entre os dois membros da expressão. Pois, a contração do “a” craseado é exemplar da igualdade pretendida pelo enunciado do projeto. 2.7 Logo, a + a � 2a, pois: a + a = à! Homógrafos, os “a” têm funções gramaticais distintas. 2.10 O termo “Equivalente” atualiza a problemática do valor: investiga a forma adequada de apresentar os valores éticos ao homem contemporâneo. 2.11 Há “P. E.” homônimo, que sustenta a Teoria da Relatividade Geral. 2.12 Princípio já intuído pela mecânica clássica, propõe a equivalência entre massa inercial e massa gravitacional. 2.8 “Equivalente” não é simples igual, apesar da raiz, ‘equi’. ‘Valente’ flexiona do encorajador “valente” à inspiradora “valência”, em toda a gama de seus valorosos matizes. 2.9 Daí o “Princípio de Equivalência” (“P.E.”): remete a objetos diferentes de mesmos valores, e à perfeição relacional a ser estabelecida entre os objetos de valores equiparáveis. 2.4 Será preciso ter Ciência. Terá mister ser Arte. 2.5 O título do projeto poderia verter-se para a expressão: AE = P x [R x (P/A)]. Isto é: Artemídia Equivalente = (à) Prospectiva x (da) Refração x (da) Personalidade / Artística. 2.2 Será preciso ter à mão as gorduras todas preservadas em seu estatuto modelar, e que elas se dirijam a uma só pintura: uma ‘Pintura-Fuga’. 3 2. O “Princípio de Equivalência” é o gravitar de uma Arte inerte? 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 2.1 É impossível fazer isto sem saber pintar. E é impossível fazê-lo sem saber conceituar. Será necessário penetrar nos caminhos da razão, e que eles conduzam à fuga do intelecto. 3. As nervuras da “Artemídia Equivalente”. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 3.5 Em tempo, faço uma correção: não falarei mais somente como pintor. Polemizei contra pintores que só sabem ver pintura e não lançam correspondência com os territórios gráfico e escultórico, e, vice-versa. 3.6 Falarei como artista, pois, há em mim o pintor, o gravador, o escultor, o desenhista, o geômetra, o aquarelista, o fotógrafo, o roteirista, o escritor e o performer (sem carisma e sem humor, é verdade!), que me enquadram sob a regência da plástica. 3.4 Daí, a plurivocidade do Videoclipe, porque são inúmeras as formas de mediação narrativa a que ele pode servir, a partir da interatuação causal da Arte frente à consequente Comunicação. 3.2 “Artemídia” implica a problemática da comunicabilidade da arte por meio do videoclipe. 3.1 Avancemos retrocedendo à “Artemídia”, usado no sentido dado pelo meu orientador. 3.7 Portanto, como “Artemídia”, a Tese é: 3.7.1 Equivalente à natureza Multimídia, poliedricamente plurifacetada de minha carreira; 3.7.2 Equivalente à organicidade estrutural inerente à composição da obra como um todo; 3.7.3 Equivalente à polidirecionalidade prospectivista através da qual procuro vislumbrar os desdobramentos futuros das ações artísticas, e; 3.7.4 Equivalente à multiplicidade de âmbitos científicos exteriores à esfera artística, na direção dos quais minha visão sistêmico-interdisciplinar da arte almeja lançar alguma luz, mínima que seja, para estabelecer a transdisciplinaridade imanente ao “Princípio de Equivalência” (“P.E.”) pretendido. 43.3 Três termos indissoluvelmente ligados: 1) Arte; 2) Comunicação, e; 3) Videoclipe. Onde: 1 x 2 2, pois, 1 x 2 = 3! Dado que: “1” é elemento causal; “2” é resultante, e; “3” é mediador, posto que, entre “1” e “2” não há mera adição, mas, uma relação de produto a gerar “3”. � ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 3.10 Grande é o risco, mas, exatamente por isso escolhi a área de Multimídia, que é receptiva ao enlace do campo tecnológico com o âmbito mais tradicionalmente plástico, este que é compreendido como genuína matriz arqueológica daquele. 3.11 Ademais, se não for por meio da presente orientação, vale dizer, pela competência enquanto cineasta-politécnico-naval de meu orientador, quando me seria permitido alinhavar e sustentar um recorte tão vasto, intenso e profundo? 3.12 Não me resta dúvida: seja a Artemídia Equivalente à Prospectiva da Refração da Personalidade Artística! 3.8 Depois dos “multis”, “polis” e “pluris” há como fugir da hipérbole em cascata? E o risco de que tudo isto resulte numa totalidade monstruosamente disforme? Não seria o contrário da almejada organicidade, coerente, variada e una? Eis que o ímpeto só faria incrementar a inconsequência no querer seguir adiante. 3.9 Não! Um-múltiplo-não! “Um-niversal”-não! De modo algum pretenderei que o reino da multiplicidade esmigalhe-se, e que do seu farelo infinitesimal forçosamente eu venha propor uma equivalência à natureza da unidade. 4.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.8 Que Leonardo me perdoe e conceda a licença... 4.7 Quem se atreveria retirar o frenesi das folhagens contradizendo a estabilidade românica dos troncos de árvore, e retirar o bailado rotacional dos icosaedros d’água pelos córregos? 4.6 Porém, quem se atreveria retirar da natureza a musicalidade dos movimentos atmosféricos, e, não obstante o fraseado incompreensível, retirar a literatura sonora dos pássaros? 4.10 Inquieta que não estejam disputando, juntas, lá no topo de suas superioridades todas, o acalorado debate com a Ciência. 4.11 Daí que o projeto seja “Artemídia Equivalente”: para estruturar as nervuras intra-artísticas e coroar-lhes com a abóbada de multi-canhões transvalentes. 4.12 Daqui, vem a pergunta inicial, de origem paulina, que é um escândalo, de síntese e clipe: há corpo com apenas um membro? 4.9 O que mais inquieta não é a ideia de superioridade e inferioridade entre as artes, mas, que todas elas não estejam organicamente reunidas num só e coeso corpo. 4.5 Compreendemos a relevância poético-científica do pintor pretendida por Leonardo. 4.4 A poesia, carente dessa simultaneidade, será posicionada abaixo da pintura. 4.3 Que a fará neta da variadíssima natureza, e bisneta de Deus. 4.2 Leonardo teorizará que a visão simultânea do todo é especificidade nobilíssima da pintura. 4.1 Pergunto: quantas vozes e discursos, quantas formas conflitantes de pensamento e quanta diversidade temporal se qualificam e se reúnem sob o único arco da ‘A Escola de Atenas’, afresco de Rafael, na Stanza della Segnatura Papal? 4. Uma ‘kinêmata’ da plurivocidade do Videoclipe. 5 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 5.5 Retirem-me os traços todos de teimosa insistência. Subtraiam-me as lacunas conceituais e eliminem os hiatos lógicos que perfuram miudamente a superfície polida da oratória tão imperfeita quanto o mármore não o era nas mãos de Canova. Porém, que no desbastar, preservem a sinceridade do meu interesse teorético. 5.6 Contra a hipotética objeção, diria o seguinte: como assim, não há um só corpo com todos os membros de todos os corpos possíveis? E a Natureza, seria o quê? É a Natureza um único Corpo? 5.7 Quando o pintor representa a paisagem em toda sua riqueza e variedade orgânica, acaso necessita munir-se dos conhecimentos mineralógicos, botânicos, zoológicos, atmosféricos e astrais? Se assim fosse, não haveria pintura de paisagem alguma. Não daria tempo. No entanto, não nos compraz o pressuposto de que algo de essencial o pintor soube eleger de todas as variadas coisas para compô-las em unidade pictórica? 5.4 De fato, perante este argumento, eu ficaria em posição dificílima, sendo que, contra ele, nenhum direito à réplica teria, não sem antes incorrer em rochosa teimosia. Mas, permitam-me. Vejam como eu desdobraria a hipotética objeção. 5.3 Logo, uma tese que visasse mimetizar essa amplitude de multiplicidades seria não só infundada, como fadada à monstruosidade, distante da beleza infundida na natureza a partir da qual se inspira. 5.1 Poder-se-ia objetar: não, não há corpo com apenas um membro, assim como não há um só corpo com todos os membros de todos os corpos possíveis. 5.2 Há limites para a multiplicidade constitutiva de qualquer organicidade corpórea. 5. Uma hipotética objeção: quantos talentos devolver? 6 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 5.9 No entanto, não nos agrada demais o pressuposto de que o professor soube eleger algo de essencial na variedade dos problemas narrados para garantir o equilíbrio dentre todos os alunos avaliados? Eu tive professores assim! 5.10 Seja como pintor, artista, pesquisador e como cientista, falarei em sentido macro. Um bom clínico geral assim falaria. Um cineasta, engenheiro naval, marinheiro, também. Simplesmente porque existem macro-profissões. Existe a indústria. Existe o ateliê e o micro empreendedor individual, contudo, a seu lado, senão em seu interior e vocação, existe a multinacional. 5.11 Pois, é possível que a multi e o micro se toquem. Ora, falo dessas grandezas por inclinação megalomaníaca ou porque elas são concretamente reais, e, como tais, merecem não só a citação quantitativa mas, fundamentalmente, a responsável especulação imaginativa para encarregar-se do preparo das pessoas e personalidades envolvidas nessas macro-profissões? 5.7 Por outro ponto de vista: quando um professor tem diante de si uma Classe com 40 alunos durante um semestre letivo para ensinar um determinado conteúdo, a variadíssima forma através da qual os 40 estudantes reagem perante os ensinamentos impossibilitará o professor de avaliá-los ao final do semestre? E a Classe, seria o quê? 5.8 Seria a Classe, e toda a sua heterogeneidade, senão um único Corpo a exigir uma mesma espinha dorsal de critérios no processo de avaliação? E mesmo que nem todos os alunos tenham condição de entregar os trabalhos necessários, como de hábito acontece..., acaso o professor deverá conhecer em profundidade e, em detalhe, cada problema ocorrido com cada aluno? Se assim fosse, ele concluiria o semestre no exato prazo do pintor e a paisagem: um semestre levaria seis anos, anos que levariam sessenta... 5.12 Qual a minha expectativa de contribuição? Com um talento enterrado ou cinco talentos devolvidos? Eis a questão: qual a medida da minha servidão? 6.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 6.7 Portanto, deve haver a premissa Tese e deve haver a premissa Arte. 6.9 Ao atender, a premissa conclusiva seria o quadrado da relação dual. 6.10 Logo, que ninguém descuide a especificidade do âmbito científico no qual o projeto localiza-se, e que lhe confere, claro, Unidade Transcendente: 6.11 As Artes Visuais. 6.12 Afinal, deverá atender às exigências de caráter acadêmico-artístico. 6.8 Assim, antes que a conclusão silogística se efetive, pretendo que o projeto atenda ao rigor das exigências formais e conceituais inerentes à pesquisa acadêmico-científica. 6.1 Retornemos à natureza dual do projeto. 6. Academizando rupturas? - introito. 12 6.2 Ele é Tese. Ele é Arte. 6.5 Poderia ser proposto como tais. Não é o caso. Gostaria ardentemente que não fosse. 6.6 E que a estrutura de cada uma de suas lógicas fosse preservada. A lógica da Tese. A lógica da Arte. 6.4 Ele não é uma Tese artística. Ele não é uma Arte tética. 6.3 Insisto que seja dual. 7 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 7.10 Por outro lado, revoltante, não para aqueles que não compreendem o sentido das manifestações artísticas contemporâneas, mas para alguns representantes dessa própria contemporaneidade. 7.11 Pois: como assim, academizar a arte contemporânea? 7.12 E, aniquilar a ideia de academia de arte, como assim? 7.8 Estranho, pois, que sentido faz academizar a arte contemporânea com a finalidade de aniquilá-la enquanto Academia? 7.9 Seria um ‘non sense’. Bem... e quem disse que o ‘non sense’ não é um ingrediente e tanto a servir de estímulo a boa parte dessas manifestações? 7.7 Colocada a questão desta maneira, poderá parecer estranho para uns e revoltante para outros. 7.4 Sim e não. 7.5 Sim, se considerarmos que, desde o princípio das academias de arte, todos os esforços voltaram-se para salvaguardar o caráter científico da arte. 7.6 Não, se considerarmos todos os esforços de academicização da arte contemporânea segundo ditames que norteiam processos de ruptura que aniquilam a ideia de academia de arte. 7.1 Poder-se-ia objetar: as academias, científica e artística, não são, em essência, uma só? 7.3 Se o Corpo Universitário provê, no interior de seus membros institucionais constitutivos, um Instituto de Artes, já não é sinal suficiente do estatuto científico reconhecido à Arte? 7.2 Se o Instituto de Artes pertence à Universidade, já não estaria implícita a ideia da correspondência científica entre todos os Institutos que a compõem? 12 8 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 7. Academizando rupturas? - primeiro movimento: dois ou um? 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 8.1 Deparamo-nos, portanto, diante de um impasse. 8.2 Eu disse: é muito diferente falar como pintor à época de Alberti, e falar como pintor hoje. 8.4 Já, nos dias de hoje, aqui no Brasil, o problema da pintura ainda volta-se contra a problemática representacional mediante o questionamento sistemático dos códigos inerentes à linguagem plástica. 8.3 À época de Alberti, a pintura, e a arte de um modo geral, voltava-se para satisfazer, aperfeiçoar e fundamentar as necessidades inerentes ao problema da representação artística. 8.5 Enquanto Alberti falava uma língua ancorada na retórica para salvar o conceito de quadro-janela, aqui fala-se o ‘plastiquês’ para negar a plástica dentro dos paradigmas da “nova” visualidade. 8.6 O ‘plastiquês’ é uma língua falada estritamente por artistas plásticos e visuais que defendem a autonomia e a “pureza” da linguagem plástica. 8.7 Mas, é preciso mais: é necessário absolutizar os rudimentos e os elementos plástico-visuais. 8.8 Não que se creia no Absoluto, longe disso, num meio em que reina, absoluto, o relativismo. 8.9 É que, absolutizando-os, acaba-se por esvaziar a Arte Plástica de qualquer outro tipo de conteúdo que não seja ela mesma. 8.10 E assim, a Arte Plástica não mais representa, ou melhor, claro que representa!: representa o modo através do qual a própria Arte Plástica apresenta a si mesma. 8.11 Esse discurso tem data e hora para findar, entretanto, no Brasil, perpetua-se para além dos limites aceitáveis pelo próprio relativismo que o baliza. 8.12 Quando um músico, ator, bailarino, escritor fala em público, é compreensível o fundo de humanidade de sua linguagem. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 9 8. Academizando rupturas? - segundo movimento: do beco não passa. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 9.10 Foi o despertar da consciência artística por meio da pintura, como arte mental, digna de figurar entre as disciplinas componentes das sete artes liberais. 9.11 Reclamava-se a nova posição do artista na sociedade, o que, por rebatimento, exigia renovada concepção do ensino de arte. 9.12 Pergunto: a história se repete? 9.8 A palavra “academia” é atualmente utilizada tanto na acepção de academia de ciências e letras quanto na de academia de arte. 9.9 Parece que a primeira academia de arte reuniu-se entre os alunos de Leonardo da Vinci. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 10 9. No ‘plastiquês’ não. Porque o ‘plastiquês’ é pseudo-hermético. Academizando rupturas? - terceiro movimento: o artista liberal. 9.1 Será possível realizar algum tipo de contribuição para a solução do impasse? 9.2 Valerá a pena traçar as diretrizes históricas básicas da origem das academias científicas e artísticas? 9.3 Precisaremos relacionar a origem das academias científicas e artísticas, e a relação conflitiva entre as vanguardas artísticas e a academia de arte. 9.5 Desde o princípio, a Academia foi uma reunião de eruditos, informal e livre. 9.6 Já, a Universidade, era a corporação de docentes e discentes. 9.7 No início do séc. XVI ocorreu uma transformação etimológica da palavra “academia” que a tornou sinônimo de universidade, sendo adotada como sua tradução latina. 9.4 Será que o impasse não está diretamente implicado com o modo através do qual a contemporaneidade brasileira tem interpretado a pós-modernidade, especialmente no ensino de arte? 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 10.5 De outra parte, que tipo de Arte é possível fazer sem nenhuma raiz institucional? 10.6 Respondo: sua escala tonal tipológica vai da sinceridade da arte ingênua à malícia programática criticista, antiacadêmica e antiinstitucional, às vezes harmônicas, mas, nem sempre. 10.7 Cadeia crítica: exacerbada a individualidade criadora, segue a fase de culto intimista, que antecede ao solipsismo propriamente dito, este que é a mola propulsora à adesão coletivista. 10.12 Duchamp agradece: xeque-mate! 10.11 Quão longe está o contemporâneo da ideal normalidade de instalar-se como nova “Arte Ordinária”? 10.10 Contudo, o que se seguiu ao afortunado desmanche da “Arte Ordinária” não tem sido a eternização de um modelo paradigmático desconstrutivo, que é previsível, antiparadigmático e, muito pouco, extraordinário? 10.9 E se houvesse uma forma de integrar dialeticamente a reprodutibilidade do ordinário à universalidade solar da arte extraordinária? Ora, mas isso não significa rever o XIX? 10.8 Emergirá, então, a figura soberana do designer e sua ética aplicada? 10.4 Consequência: a hiper-valorização da criatividade intensifica a desconfiança no sistema educacional: Arte se aprende? Arte se ensina? Educar é transmitir? 10.2 “Infortúnio da Academia” = cultura contemporânea que não crê na Academia. 10.3 Pois, a instrução artística, paralisada na década de ‘70, alterna neo-romantismo, abstração expressionista, informalismo e conceitualismo. 10.1 Há, ainda, a segunda parte da matéria: o conflito Vanguardas x Academia. 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 11 10. Academizando rupturas? - quarto movimento: infortúnio acadêmico. 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 11.5 Mas, haveremos de compreender a Prospectiva não só como código artístico de representação plástico-visual, mas, como agente mediador principal de comensurabilidade da “Refração da Personalidade Artística”. 11.6 Que essa “Refração” deva ser da “Personalidade Artística” parece-me claríssimo, pois, é refratando-a que espero libertá-la da cadeia que a autonomia da linguagem plástica veio transformar-se. 11.4 A Prospectiva, enquanto expediente geométrico-poético poderá satisfazer, como já propus, às necessidades delimitadas pelo “Princípio de Equivalência” (P.E.), no que concerne não apenas aos objetos diferentes que tenham os mesmos valores mensuráveis, mas, fundamentalmente, à perfeição relacional a ser estabelecida entre esses distintos objetos de valores equiparáveis, afinal, a Prospectiva é “filha” da Proporção, logo, termo mediador das diferenças. 11.1 Sobre a Prospectiva, no tocante ao título da tese, ‘Artemídia Equivalente à Prospectiva da Refração da Personalidade Artística’, bastará dizer: 11.3 E, que pretendo contribuir para: 11.3.1 ordenar a “Prospectiva Probabilística Universal” dos fatores composicionais da obra de arte; 11.3.2 reverberar essa probabilística além do território artístico específico, ou seja, para os âmbitos em que a criatividade humana se fizer essencial, e; 11.3.3 conceber a estrutura de uma “Axiologia Artística”, pois, sem uma prospectiva verdadeiramente axial de ação artística, “Princípio de Equivalência” algum haverá de estabelecer-se entre a ciência da Arte e as demais ciências. 11.2 Que a pensarei sob a categoria “lugar”, conforme postulado pelo pintor Piero della Francesca e seu consequente sistema poético-geométrico euclidiano. 11. É possível sair da prisão prospectiva? 12 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 11.7 Desse xadrez, o artista haverá de emergir para ver adiante e profundamente, para fora e bem longinquamente; ainda que, do ponto de vista metodológico, deverei imergir nas regras e preceitos intrínsecos ao Jogo de Xadrez. 11.8 Do xadrez ao Jogo de Xadrez, da cadeia ao jogo de tabuleiro, a reconquista da “Personalidade Artística” é pretendida como termo de liberdade translúcida sobre o qual o pintor se projeta a fim de proporcionar a recuperação do significado profundo da representação. 11.9 A gramática plástica, para a qual a representação sempre esteve vocacionada, foi outrora explicitada em virtude da busca original, e justificável, da parte de seus precursores, pelos seus valores espirituais instrínsecos, particularizou-se ao limite extremo, e, nos dias de hoje, não passa de auto-exibicionismo linguístico, restando esvaziada de seu sentido principial. 11.12 Que eu me desembarace do duplo risco procedendo como o prisioneiro liberto da caverna, que, de consequência em consequência, de projeção em projeção, descobriu um outro tipo de cadeia: o libertador encadeamento das causas que conduz à Causa. 11.11 Por outro lado, bem sei que o Jogo de Xadrez também é uma linguagem, e, como tal, poderá tornar-se uma prisão. Se combinado com a apaixonante Prospectiva, então!, resultaria uma prisão de segurança máxima de fazer inveja a Alcatraz e ao Castelo d’If. E tautologia alguma lhes escaparia. 11.10 É, portanto, de se cogitar: sobre esse mesmo plano translúcido de projeção, agora num processo de reintegração dos estilhaços, poderia também o espectador vislumbrar, por estrito modo prospectivo, as mais prováveis alternativas que contribuíssem para a restauração de sua própria personalidade? 12 12.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12.5 Espero que prospectivar a “Refração da Personalidade Artística” permita recuperar a necessária transparência para uma visão intelectiva do problema do homem contemporâneo, e que o artista, com domínio da plástica e da visualidade, muito poderá contribuir. 12.6 Por último, a “Refração”. Entre a “Prospectiva” e a “Personalidade Artística” há um hiato, há uma distância nítida: a primeira, codificou-se ao extremo; e a segunda, enclausurou-se na subjetividade de um intimismo sensível, porém, não menos preocupante, ou, por outro lado, submeteu-se à desconstrução, seja pelo materialismo linguístico, seja pelo excessivo conceitualismo criticista. 12.4 Que espécie de função social o artista pretende exercer se estiver enredado num emaranhado de opacas linguagens que turvam o discernimento dessas três dimensões fundantes do ser humano? Que espécie de postura e de distanciamento crítico manifestará se não distinguir em si mesmo em que lugar ele é indivíduo, quando ele é pessoa e em quê ele é personalidade? 12.3 Personalidade significa o longo processo de aperfeiçoamento e auto-realização da pessoa humana. 12.2 Entre o macro e o micro, temos, dentre tantos seres, o ser humano: sua individualidade, sua pessoalidade e sua personalidade. É oportuno esclarecer o significado do termo “Personalidade” utilizado no título do projeto. 12.1 A Prospectiva preenche com todas as suas partes esse intervalo extremo: das mais cavernosas e obscuras consequências à Causa Suprema. Neste sentido, a Prospectiva é termo mediador. 12. Por que refratar não é desviar? 12 13 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12.10 Em que sentido proponho essa refração? Num sentido aberto, dos possíveis acontecimentos que traspassam a vida humana, dotando-a de real significado: seja de natureza concreta, como o mundo, as pessoas, os objetos...; seja aqueles de natureza abstrata, como o sentido da existência, a morte, a dor, o sacrifício, a sabedoria... 12.11 A “Refração” pretendida é inspirada no fenômeno da refração da luz. Trata-se de uma apropriação poética da experiência científica do físico Isaac Newton, quando da decomposição do raio de luz solar através do prisma e a consequente geração das sete cores espectrais. 12.7 Não nego as manifestações artísticas que dessas vertentes todas brotaram. Ao contrário, elas existem e são rigorosamente válidas. O problema é que elas não estão vocacionadas para estabelecerem modelos paradigmáticos. 12.8 Ocorre que a defesa repetível da ruptura, dada a insistência, acaba por configurar um padrão, mas, regras, padrões, modelos e cânones são essencialmente propositivos pelo que manifestam deliberadamente com certa vontade de ordenar, e o padrão da ruptura não é compositivo, é destrutivo. É inorgânico. Desmembra e não corporifica. 12 12.9 Estou disposto a empreender meus esforços para a reintegração da personalidade artística. Propus anteriormente que esse processo deve ser operacionalizado pela prospectiva, todavia, não basta prospectivar a personalidade artística. É necessário refratá-la. Mudar-lhe a direção. 13.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12.12 Conforme a interpretação poético-ficcional pretendida a partir do experimento newtoniano, proponho a chave de leitura: 12.12.1 Há uma unidade maior, a Luz Branca, exterior ao recinto fechado e escuro; 12.12.2 Que é selecionada, filtrada e reduzida a uma parte, um único raio, de luz branca; 12.12.3 Parte essa que, interceptada pelo prisma; 12.12.4 Refrata, divide e multiplica a parte de luz branca em outras luzes, de características distintas do raio inicial; 12.12.5 Sendo que, se essas luzes forem submetidas uma vez mais ao prisma, agora em posição invertida; 12.12.6 Elas resgatarão a unidade do raio de luz branca inicial. 12.12.7 Em síntese, tem-se a formulação respectiva: A) Unidade; B) unidade da Unidade; C) interceptação da unidade; D) multiplicidade; E) interceptação da multiplicidade, e; F) restabelecimento da unidade. 12.12.8 Melhor: a unidade, desgarrada da Unidade, submetida ao devir da natureza, se divide em unidades menores que, compreendendo os ritmos do devir natural, restituem a sua própria unidade, e, vêem, a Unidade. 12 13.2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 Autor: L. A. de Genaro Título: “Raiz Quadrada de 2 em Triangulações para Quarenta Partes” Técnica: Maquete Ficcional (detalhe) (Pregos, Elásticos e Fios de Náilon sobre Compensado) 14 12 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro Canto III = Medida Ready-Made Prospectiva ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 1.5 De modo que a Medida é o produto do Ready-Made pela Prospectiva. 1.6 Marcel Duchamp foi o Prefeito do Ready-Made, e, depois que Piero della Francesca tratou da Prospectiva, deixou-a pronta. 1.12 Duchamp sabia disso, e não inverteu a Prospectiva da Arte: ao contrário, chamou-nos a atenção para o fato de que a Prospectiva que a indústria necessita está no pólo oposto, sendo uma inversão àquela requerida pela Arte Poética. 1.10 Porque a indústria subverte a Poética da Prospectiva tornando-a um utilitário. 1.11 O Ready-Made da Prospectiva que Piero aprontou visava outra Utilidade: a relação forma-função do Pretório de Pilatos. 1.7 Ou seja, se recebemos a Prospectiva de Piero já feita, a Prospectiva é um Ready-Made. 1.9 Acima de todos, Duchamp deixou pronto: deliberadamente, inverteu a Prospectiva da indústria! 1.4 A pré-feitura do objeto Ready-Made depende da Prospectiva. 1.3 O Ready-Made é o objeto feito, pronto, pré-fabricado. 1.2 Prospectiva é um procedimento geométrico de representação poético-visual. 1.1 Ou melhor: a Prospectiva é o quociente da Medida pelo Ready-Made. 1. A Prospectiva é uma relação entre a Medida e o Ready-Made. 2 1.8 Claro que a superação deste problema dependia das deliberações de um Prefeito. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 2.3 Dentre tantas interpretações possíveis, há de se reconhecer e valorizar os seguintes campos de interesse de Marcel Duchamp: 2.3.1 2.3.2 2.3.3 T 2.3.4 2.3.5 A abordagem A decomposição estática fortalece a imobilidade típica da pintura tradicional; O combate à fisicalidade fortalece a imaterialidade espiritual da representação; anto o literário quanto o religioso são mentais; Liberta-se do passado, mas, não sem antes libertar-se da poeira do presente, e; filosófica na pintura é potencializada pela literatura, verdadeira Fonte do intelecto artístico. 2.5 A pintura física é só espaço, entregue à mercê do tempo, que lhe subjuga impiedosamente, reduzindo a imagem ao descritivismo experimental dos fenômenos. 2.4 Eis o conceito da tradição pictórica ocidental: a capacidade do tempo na imagem perdurar. 2.4.1 O fato da natureza da imagem pictórica ser posta a nu num breve lapso à visão, não quer dizer que seja nem impeditiva e nem refratária ao tempo; 2.4.2 A Pintura cristaliza, compacta, condensa o tempo; 2.4.3 A pintura de Courbet é “física” porque corre atrás do tempo, tal qual Aquiles no paradoxo de Zeno. 2.2 Se esta pergunta merecer resposta, não só a Fuga será a Fonte, como a Fonte será um manancial originário de todas as diretrizes que, da Fuga, nasceram. 2.2.1 E, para as quais, Fuga e Fonte, haveremos todos de retornar. 2.1 Fica, portanto, estabelecida a questão desde o início: a Fuga é a Fonte? 2. A matéria é complexa: abordarei essa improvável dialética alternando as estrofes entre o Ready-Made e a Prospectiva. Quem sabe, encontrarei a Medida pelo caminho... 3 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 2.7 Aceitemos: a obra de Duchamp, no todo e na celebrada parte do Ready-Made, não nos arrebata ao movimento. Convida-nos a parar, como faz a pintura literária e religiosa. É quieta. Aquieta o corpo, todavia, com agudeza, a mente inquieta. 2.8 A questão altamente controversa é que não somos instigados à admiração e ao deleite, e exatamente aqui o espírito crítico da estética moderna protesta e repudia a contestação duchampiana da pintura física. 2.8.1 O artista-antiartista tem razão ao convidar-nos a parar diante de uma obra de arte não somente em nome do estético, do estilístico ou do gramatical, mas a favor do literário, do mental e do intelectual; 2.8.2 Na detenção do movimento corporal, na contenção da ação prática e na inércia escandalizante do Ready-Made, o espectador é convidado a recolocar sua alma em equilíbrio no intuito de refletir sobre todos os fatores que são dados para o questionamento da finalidade da arte e da ação artística. 2.9 Seria o “retarde” a detenção do movimento em nome do congelamento anestesiante dos sentidos e da inteligência? 2.9.1 Bem, reconheçamos: isto não libertaria o pintor de sua inseparável burrice, não é verdade? 2.6 Está claro: a imagem pintada não necessita reproduzir o tempo: inútil trabalho. Porém, a imagem necessita do tempo para encetá-lo com o espaço, e assim, desvirginar o Tempo Perene! 3.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 2.10 Ou seria o “retarde” a favor daquela espécie de intuição reflexiva que perscruta a profundidade essencial, a qüididade que está guardada em todas as coisas? 2.10.1 A idéia de um “Tempo Perdurante” conforma-se à noção do tempo cronológico? 2.10.2 Se o literário e o religioso são mentais o mental é compreendido na chave do sentimento ou do intelecto? 2.10.3 Qual dimensão humana faz o tempo perdurar mais: a corpórea-sensível, ou a mental-inteligível? 2.10.4 O “retarde” é uma operação da mente ou do corpo? 2.10.5 O literário é retificadamente mental, ou ele é apenas a crítica anti-mental e anti-espiritual, do mental? 2.11 Duchamp: um mestre da lógica poética. 2.11.1 Por que será que sua obra, num estupendo giro paradoxal, autoriza questões de cariz tão devedoras à terminologia tradicional, a ponto de se transformar até em genuíno artigo de fé? 2.12 Coloquemos em relevo: 2.12.1 Ao mesmo tempo em que Duchamp afirma a necessidade de libertar-se do passado, exorta à libertação das influências do ambiente imediato, ou seja, do presente!; 2.12.2 É preciso libertar-se também das amarras do contexto histórico que encadeiam o ser humano, propõe Duchamp. 2.12.3 Por que será? 2.12.4 Eis uma pergunta que convém retardar. 3.2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 3.3 Por outro lado, o prefixo ‘pro-’ está para o que, num movimento para diante de si, se realiza em proporção, em conformidade ao que se vê, ao que se tem defronte. 3.3.1 Deduz-se que a “Prospectiva” está para a percepção daqueles dados, fenomênicos e ópticos, desde que subordinada às categorias de tempo e de lugar assim como a faculdade métrica decorrente da presença visiva dos mesmos está para a vocação em transcender ao próprio tempo e lugar graças à presciência do futuro, ou, à intercessão da providência em nosso intelecto. 3.2 O prefixo ‘per-’ está para o que se realiza inteira e perfeitamente através de, ou, por meio de, por intermédio de, com o auxílio de algo como a visão. 3.2.1 Deduz-se que a “Perspectiva” está para a percepção, tanto da realidade como um todo quanto dos próprios fenômenos óptico-fisiológicos, assim como a perceptibilidade de todos esses dados somados está para a clareza da sua inteligibilidade. 3.1 Antes de tudo, esclareço a distinção entre Perspectiva e Prospectiva: 3.1.1 Na Perspectiva, do ponto de vista etimológico, 3.1.2 Na Prospectiva, reconhece-se, por um lado, as propriedades da visão no sentido do ver, olhar, observar, espiar e perceber, com transparência, e; por outro lado, a potencialidade do intelecto no sentido do examinar, meditar, reconhecer, evidenciar e compreender com clareza. tem-se, por um lado, as faculdades visuais concernentes aos lugares, às diferentes distâncias no sentido do olhar adiante, ao longe, de longe, do medir com a vista e do estar voltado para, e; por outro lado, a sua capacidade previdente no sentido do conhecimento de causa, daquele que prevê, que contempla a prosperidade das circunstâncias, que eleva a visão longínqua e que, enfim, profetiza. 3. Alternemos essas questões com a Prospectiva. 4 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 3.5 Todavia, reverberam internamente em suas partes as dimensões subjetiva e objetiva, antes no todo presentes. 3.8 Qual o sentido da afirmação das linhas que partem do objeto e dirigem-se ao olho? 3.9 Para Piero, a Pintura constitui-se de três partes principais: ‘Desenho’, ‘Medida’ e ‘Cor’. 3.10 Desenho são os perfis e contornos contidos no objeto. 3.11 Medida é a colocação proporcional desses perfis e contornos em seus lugares. 3.12 Por colorir, ele compreende como nas coisas se demonstram: claras e escuras, conforme as luzes lhes fizerem variar. 3.6 Do ponto de vista “Perspectivo”, temos: 3.6.1 Visão: dimensão sensitivo-material (binômio Sujeito-sujeito, flanco experimental), e; 3.6.2 Meditação: dimensão mental-principial (binômio Sujeito-objeto, flanco hierárquico). 3.7 Do ponto de vista “Prospectivo”, temos: 3.7.1 Medição: dimensão quantitativo-perceptiva (binômio Objeto-sujeito, flanco experimental); 3.7.2 Conveniência: dimensão qualitativo-intelectual (binômio Objeto-objeto, flanco hierárquico). 3.4 A “Perspectiva” está para a dominância do sujeito assim como a “Prospectiva” está para a dominância do objeto. 4.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.5 Por outro lado, se estamos atrasados em “retarde”, correndo contra a tartaruga do tempo, ou a favor dela, podemos nos permitir deixar o presente passar, e assim, perdê-lo? 4.5.1 Porque, nada como um dia após o outro para resgatarmos o tempo perdurante que para trás ficou. 4.6 Não seria o “retarde” a forma de fazer o uraniano presente modernista, que anseia pelo novo fecundar tanto quanto recusa sua própria criação, libertar as novidades que à Terra acorrentou? 4.7 Não seria o “retarde” a recriação jupiteriana do presente modernista saturnino, castrador do pai uraniano e dubitante dos frutos que gerou, enfim vomitar os filhos que devorou? 4.4 Se não estamos atrasados, todavia, se estamos sempre alertas em “retarde”, seria, cada momento presente, um momento de potencial presença de espírito? 4.3 Não seria o “retarde” o necessário atraso para se evitar a cilada de “apostar corrida contra o relógio?”, qual seja, o relógio do contexto modernista que cercava o Dadá de Duchamp? 4.2 Não seria o “retarde” muito mais que mero atraso e freio temporal, uma suspensão nesse mesmo tempo, a devida retenção do efêmero a filtrar seletivamente os dados circunstanciais que deverão ser dados em essência? 4.1 Não seria o “retarde” um prenúncio desse desligamento do ambiente imediato? 4.1.1 Pois, o que retarda, atrasa, não adere ao fluxo contínuo e ininterrupto do tempo. 4. Retornemos ao “retarde” que o Ready-Made promoveu ao convidar-nos à libertação das influências do ambiente imediato, ou seja, o presente. 5 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 4.10 Portanto, “atrasemo-nos” para o passado! 4.10.1 Passado que hoje acabou de passar, porque enquanto o passado era presente, nós nos acorrentamos a ele de tal modo, que fomos pela História devorados!; 4.10.2 Vomitemo-nos desse presente que tanto se ensoberbece de conceder-nos liberdade, mas que, no fundo, nos subjuga, e impede, implodindo, sorrateiro, o verdadeiro presente que é nossa presença de espírito!; 4.10.3 Brademos o último “Viva!” à saturnina História, atriz principal desse pré-fabricado documentário a que nós mesmos nos reduzimos. 4.11 Se não for pela expulsão bucal do suco gástrico que estamos fazendo de nós mesmos ao permitirmos nos aprisionar ao presente histórico, se não nos expurgarmos dessa poderosa mescla de forças uraniano-saturninas, o que será de nós? 4.12 Marcel Duchamp, seria esse Júpiter da contemporaneidade? 4.9 Consideremos a opção intelectual pela ruptura ser verdadeira, pergunto: 4.9.1 De qual passado fala Duchamp?; 4.9.2 De todo o passado?; 4.9.3 Do passado ancestral?; 4.9.4 Do passado antigo?; 4.9.5 Ou, ao contrário, de um determinado passado, bem recente, modelito séc. XIX? 5.1 4.8 Há em Duchamp um raciocínio escalonado, tipicamente hierárquico-enxadrístico, em nada anárquico. 4.8.1 Duchamp não fala em romper, mas em “evitar” ser influenciado; 4.8.2 Duchamp não fala em romper, mas em “afastar-se” dos lugares-comuns, e; 4.8.3 Duchamp não fala em romper, mas em “libertar-se”. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 5.3 Reflitamos: 5.3.1 Das cinco partes da ‘Prospectiva’, três dependem da óptica; 5.3.2 A quarta parte, não obstante a vocação óptica, trata das linhas ou raios que relacionam o objeto visto e o olho, implicando o cone visual; 5.3.3 E estabelece o sentido desses raios: partem do objeto em direção ao olho, e não do olho em direção ao objeto, repropondo a pirâmide visual, e; 5.3.4 O termo onde se pretende dispor com prospectiva o desenho das coisas vistas está entre o olho e a coisa vista. 5.1 Sintetizemos algumas noções centrais para Piero della Francesca: 5.1.1 Papel mediador do preceito “Commensuratio” dentre as três partes da Pintura; 5.1.2 Caráter objetivo e demonstrativo do ‘Desenho’; 5.1.3 Definição de ‘Medida’ como proporção do ‘Desenho’; 5.1.4 ‘Medida’ como o objeto central do seu tratado; 5.1.5 Cinco partes da ‘Medida’ ou, ‘Prospectiva’, e; 5.1.6 Identidade preceptiva entre ‘Medida’ - Proporção -‘Prospectiva’. 5. Avancemos retrocedendo à Prospectiva, quando respondia à questão das linhas que partem do objeto e dirigem-se ao olho. 6 5.2 Por sua vez, a ‘Prospectiva’ constitui-se de cinco partes: 5.2.1 O ver, isto é, o olho; 5.2.2 A forma da coisa vista; 5.2.3 A distância do olho à coisa vista; 5.2.4 As linhas que partem da extremidade da coisa e dirigem-se ao olho, e; 5.2.5 O termo que está entre o olho e a coisa vista, onde se pretende dispor as coisas. ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 5.5 Logo, a definição da ‘Prospectiva’ como ‘Medida’ resulta da ação de cada uma de suas partes, tomadas entre si, umas sobre as outras. 5.7 Depois destas considerações, devemos aceitar a ‘Prospectiva’ como objetivação do subjetivo? 5.6 Filha da ‘Medida’, a ‘Prospectiva’ harmoniza um sistema de vistas que pretende dar conta da rotatória volumétrica do objeto visto. 5.10 Era desta problemática que tratava a “piada” duchampiana? 5.11 Porém, eram esses os objetos vistos por Piero? 5.12 ‘Retardemos’ a visão do objeto industrial, e veremos a objetivação do subjetivo! 5.12.1 O ‘Designer’ é o sujeito dessa objetivação? 5.12.2 O ‘Designer’ usa a ‘Perspectiva’ para conceber já prontos seriais? 5.12.3 Entretanto, o que dizer de uma Arte Poética pré-fabricada? 5.12.4 E Piero: lança mão da ‘Prospectiva’ para designar tabernáculos? 5.12.5 E Duchamp: teria visto a carência poética de sujeitos sem nenhuma vocação para o Objeto dos objetos? 5.8 Pelo prisma hodierno, sim, pois, estamos cercados de objetos industriais por toda parte. 5.9 Aceitemos: onde houver um objeto industrial, haverá um Ready-Made em ato, não em potência. 5.4 Segue que: 5.4.1 5.4.2 5.4.3 5.4.4 Interceptando a visão e o objeto, o termo, antes de tudo, a pressupõe; Interceptando o objeto e a visão, o termo torna presente a representação do objeto; Se o termo está a uma distância razoável do olho tanto quanto o olho em relação à coisa vista, é o próprio termo uma realidade visível; Ora, se o termo está a interceptar os raios do cone visual que partem do objeto ao olho, é o termo, para além de uma realidade visível, ao mesmo tempo, a concretude pictórica de uma possibilidade translúcida! 6.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 6.5 Mergulhar nesse campo, é correr sérios riscos, e o principal deles é “matar” o artista plástico, o genético pintor que há em mim. 6.5.1 Mas, existe outra alternativa se desejo extrair verdade pictórica duradoura? 6.6 Ora, ora, Genaro, deixe de leitura neoplatônica de botequim, pois, você sabe muito bem que o neoplatonismo foi toda uma outra coisa, bem distinta da ideia do pintor sem mãos. 6.4 Como justificar, de maneira inteligente, uma postura tão pobremente dualista para discutir a perspectiva pictórica aberta por Cézanne e relacioná-la com temas tão estimulantes quanto a geometria não-euclidiana, a quarta dimensão e o princípio da incerteza, a não ser pelo viés de uma, permitam-me dizer, “Filosofia da Pintura”? 6.3 Tinha necessidade de um debate verdadeiramente inteligente sobre o assunto, e, em sã consciência, quem haverá de concordar que ser simploriamente a favor ou contra Cézanne é suficiente para compreender os desdobramentos futuros a que a pintura, a partir do “Mestre de Aix”, se refrataria? 6.2 Duchamp reclamava de seus contemporâneos no tocante ao excesso de preocupação com os aspectos físicos da pintura, e que eles se limitavam a ser contra ou a favor de Cézanne. 6.1 Essa atitude deverá ser dividida por uma necessária, e cavalar dose, de perspectiva filosófica aplicada à pintura. 6. Para Duchamp, esse Júpiter da contemporaneidade, o Dada foi uma atitude metafísico-niilista. 12 6.7 De modo que, hoje em dia, há plena condição para uma “Filosofia da Pintura”, Pin-ta-da! 7 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 6.10 Portanto, a recusa duchampiana de não deixar-se influenciar por outros pintores a favor dos escritores poderia ser entendida na chave do endosso ao renascentista Alberti? 6.11 De ponta cabeça!: e o que dizer da possibilidade inversa? Ou seja, de Alberti profeticamente antecipar Duchamp, uma vez que, mesmo sem a pintura, é na invenção que reside a força das artes: poética, pictórica e retórica. 6.8 Que tipo de literatura poderá constituir Fonte genuína do intelecto artístico, a fortificar o resultado proporcionado pela atitude metafísico-niilista dividida pela necessidade de perspectiva filosófica na pintura? 6.8.1 Queira Deus!, o pintor ser resgatado de sua ensimesmada burrice. 6.8.2 Porém, que não venha com pseudo-inteligência racionalista... 6.9 Poderia ser uma leitura compreendida na chave do “Princípio de Equivalência” horaciano do ‘ut pictura poesis’? 6.9.1 Ou, que confirmasse a recomendação albertiana de que o pintor deveria acercar-se da boa companhia de poetas e oradores para suas composições? 6.9.2 Afinal, a força da ‘inventio’ é tal que agrada mesmo sem pintura. 12 6.12 Ou ainda: iria eu mais fundo se recordasse que a mais confusa pintura aristotélica, plena de belas cores, mais não nos agradaria se apenas esboçasse em branco uma figura? 7.1 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 7.4 Represento geometricamente essa relação entre substâncias: 7.4.1 Papel mediador da ‘commensuratio’; 7.4.2 Caráter determinador da ‘Medida’ como proporção do ‘Desenho’; 7.4.3 ‘Medida’ como o objeto central do tratado; 7.4.4 Este último, de forma mais dinâmica, pode ser: 7.3 Diz respeito à possibilidade de atualização de uma substância (a Pintura, ou, o Pintar) que declina mediante a ação de uma unidade substancial, a ‘Prospectiva’, objeto central do tratado. 7.2 Refere-se a dois objetos distintos, que deverão, no momento sucessivo, ser postos em relação. 7.1 Significa: “Sobre a Prospectiva na Pintura”, ou “Da Prospectiva no Pintar”, ou, mais simplesmente, “Prospectiva na Pintura”. 7. “De Prospectiva Pingendi” é o título do tratado escrito por Piero. 12 8 Desenho Medida Cor Desenho Desenho Desenho Desenho Desenho Medida MEDIDA Cor Cor Cor Cor Cor Desenho Medida Cor ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 12 8.1 7.5 Já, para a representação dos tópicos abaixo, resultariam do incidir perpendicular sobre a parte ‘Medida’ dos seus atributos cada vez menos circunstanciais, logo, qualitativamente mais, e mais, essenciais: 7.5.1 Identidade ‘Medida’ - Proporção - ‘Prospectiva’; 7.5.2 E, enfim, as partes da ‘Prospectiva’: ‘Prospectiva’ Proporção Medida ‘Prospectiva’ Proporção Medida ‘Prospectiva’ Proporção Desenho CorMedida ‘Prospectiva’ Proporção Desenho Termo Pictórico Raios Visuais Distância Forma Olho CorMedida ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 7.6 Portanto, do título “De Prospectiva Pingendi” é dedutível: “Olho Y Forma Y Distância Y Raios Visuais Y Termo Pictórico” constituem planos descendentes, regulados pelo vértice da ‘Proporção’, esta que, sob o ponto de vista horizontal, revela-se como ‘Medida’. 7.10 Estamos, portanto, muito próximos da célebre recomendação de Cézanne: ver a natureza através do Cilindro, da Esfera e do Cone. 7.11 No entanto, o que será que os contemporâneos de Duchamp, que eram apenas contra ou a favor de Cézanne pensavam disso? 7.12 Teriam eles percebido a profunda conexão da concepção cézanneana do espaço pictórico em absoluta consonância à noção da ‘Prospectiva’, de acordo com seu significado original tal qual concebida por Piero della Francesa e seus conterrâneos? 7.7 A ‘Medida’, por sua vez, é determinante do ‘Desenho’, e, por que não?, considerando-se Piero fundamentalmente um pintor, também seria a ‘Medida’ determinante do ‘Colorir’. 7.8 Logo, se a possibilidade de atualização da substância ‘Pintura’ depende da sua capacidade declinante mediante a ação da unidade substancial da ‘Proporção’, da qual a ‘Prospectiva’ é nobre parte, então, para obtermos a premissa conclusiva, basta simplesmente cruzarmos as representações dos tópicos 7.4.4 e 7.5.2. 7.9 Então, temos o confronto recíproco da base circular com a face frontal triangular: ora, ora, ora... O Cone é a premissa conclusiva! 12 8.2 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 8.5 O esboçar da figura em branco é criação de pensamento por excelência? 8.6 A consciência impõe, para estas seis perguntas, a concordância de que temos seis respostas, cabal e afirmativamente, positivas. 8.7 Logo, é admissível concluirmos que: 8.7.1 Há “algo” para muito além da tripla e propalada operação do Ready-Made como: 8.7.1.1 Deslocamento do objeto utilitário, 8.7.1.2 Assinatura, 8.7.1.3 Exposição em local institucional de arte, e; 8.7.2 Esse “algo”, são dois conceitos: 8.7.2.1 A invenção prescinde da pintura, e; 8.7.2.2 O mito é uma figura em branco. 8.4 A meta da invenção é criar um pensamento? 8.3 O objeto utilitário desaparece sob um título tanto quanto a figura em branco suprime-se no branco fundo? 8.2 O objeto utilitário desaparece sob um título tanto quanto a pintura é obliterada pela invenção? 8.1 E, quando escolhe, ele esboça em branco uma figura? 8. Retornemos ao Ready-Made: Quando o artista escolhe, ele inventa sem pintura? 12 9 ARTEMÍDIA EQUIVALENTE À PROSPECTIVA DA REFRAÇÃO DA PERSONALIDADE ARTÍSTICA Tese de Doutorado de Luiz Alberto de Genaro 0 3 4 6 8,5 8 9 4,6 7,4 3,5 8.10 Por conseguinte, mais outra