UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS CURSO DE FISIOTERAPIA CAMPUS DE MARÍLIA PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO EM PRIMIGESTAS E SECUNDIGESTAS Vitória Vargas Figueiredo Marília 2021 Prevalência, severidade e impacto da incontinência urinária específica da gestação em primigestas e secundigestas Vitória Vargas Figueiredo Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Conselho de Curso de Fisioterapia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília, como parte das exigências para a obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientadora: Profa. Dra. Angélica Mércia Pascon Barbosa Marília 2021 Vitória Vargas Figueiredo PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO EM PRIMIGESTAS E SECUNDIGESTAS Profa. Dra. Angélica Mércia Pascon Barbosa Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp, Campus Marília Ma. Fabiane Affonso Pinheiro Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp, Campus Botucatu Ms. Raissa Escandiusi Avramidis Faculdade de Medicina de Botucatu Unesp, Campus Botucatu 07/06/2021 Agradecimentos Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida, e por me permitir chegar até aqui. Mesmo com todas as dificuldades, Ele nunca me desamparou e sempre derramou bençãos sobre mim! Em segundo lugar, agradeço aos meus pais, que desde criança vem me dando todo o suporte até mesmo quando eles não puderam, para que eu pudesse alcançar os meus sonhos. Essa conquista não é só minha, é de nossa família, e espero ainda dar muito orgulho a vocês. Obrigada, vocês são os melhores pais do mundo! Agradeço a minha querida orientadora, Professora Angélica, por toda a paciência e ajuda para desenvolver o meu projeto. Em tempos tão difíceis que estamos vivendo, conseguimos conciliar os nossos encontros para que no final pudéssemos chegar até aqui com um excelente trabalho. Agradeço a Fabiane e a Raissa por aceitarem o convite de serem minha banca! Agradeço ao meu namorado Guilherme, por me ouvir em meio a tantos dias de desespero, de angústia e medo, e por ser a minha calmaria nos momentos em que eu só sabia murmurar. Obrigada, você faz parte dessa conquista! Agradeço a toda a minha família e meus amigos, que sempre acreditaram no meu potencial. Sem o apoio de vocês eu não teria chego até aqui. Obrigada por tudo! Dedicatória Este trabalho é dedicado aos meus pais, a minha irmã Valentina e, aos meus avós Aparecida e João, que hoje me aplaudem lá do céu. E também a minha vozinha Neusa, que vibra ao meu lado a cada conquista alcançada. Prevalência, severidade e impacto da incontinência urinária específica da gestação em primigestas e secundigestas RESUMO Introdução: A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina. A gestação representa ciclo de grandes mudanças para o corpo da mulher e para os músculos do assoalho pélvico, devido ao peso do feto e da placenta, podendo desencadear a incontinência urinária especifica da gestação (IU-EG). A literatura não nos traz diferença concreta sobre a perda urinária em mulheres primigestas e secundigestas, diante disso, o estudo aborda a perda urinária nessas diferentes gestantes. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi analisar e comparar a prevalência, severidade e impacto da IU-EG entre gestantes primigestas e secundigestas. Método: O estudo foi realizado com gestantes a partir de 18 anos, em qualquer momento gestacional a partir de 24 semanas, normoglicêmicas, continentes urinárias previas a atual gestação, sem doenças musculares degenerativas e que nunca tenham realizado previamente treinamento dos MAP. Foi aplicado o questionário ICIQ-SF que abrange a frequência da perda urinária, o volume e o impacto e o questionário ISI que diz a respeito da frequência e quantidade da perda de urina. Resultados: Em análise dos dados, houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes, sendo o grupo secundigestas com maior valor significativo. O motivo da perda mais prevalente foi a incontinência urinaria mista. Quanto ao escore final dos questionários não houve diferença. No entanto, a percepção da gestante sobre o impacto da IU em sua vida foi maior em gestantes secundigestas. Conclusão: Conclui-se que houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes independente da paridade, a severidade foi semelhante entre os grupos e o impacto da IU-EG foi mais negativo em secundigestas. Palavras-chave: Assoalho pélvico, gestação, paridade e incontinência urinária. Occurrence, severity and impact of pregnancy specific urinary incontinence in primiparous and secundiparous ABSTRACT Introduction: Urinary incontinence (UI) is defined as the involuntary loss of urine. Pregnancy represents a cycle of great changes for the woman’s body and for the pelvic floor muscles, due to the weight of the fetus and the placenta, which can trigger specific pregnancy urinary incontinence (UI-EG). The literature does not bring us a concrete difference about urinary loss in primigravid and secundigravid women, therefore, the study addresses urinary loss in these different pregnant women. Objective: The objective of the present study was to analyze and compare the prevalence, severity and impact of IU-EG between primigravid and secundigravid women. Method: The study was carried out with pregnant women from 18 years old, at any gestational moment from 24 weeks, normoglycemic, urinary continents prior to the current pregnancy, without degenerative muscle diseases and who had never previously performed MAP training. The ICIQ-SF questionnaire was applied, which covers the frequency of urinary loss, volume and impact and the ISI questionnaire that says about the frequency and amount of urine loss. Results: In data analysis, there was a prevalence of UI-EG in the majority of pregnant women, with the secondary pregnancy group having the highest significant value. The most prevalent reason for loss was mixed urinary incontinence. About the final score of the questionnaires, there was no difference. However, the perception of the pregnant woman about the impact of UI on her life was higher in pregnant women who were secundigravid women. Conclusion: It was concluded thar there was a prevalence of UI-EG in most pregnant women regardless of parity, the severity was similar between the groups and the impact of UI-EG was more negative in pregnant women. Keywords: Pelvic floor, gestation, parity and urinary incontinence. SUMÁRIO Páginas 1. INTRODUÇÃO. ......................................................................................... 11 2. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 13 3. RESULTADOS .......................................................................................... 15 4. DISCUSSÃO. ............................................................................................ 19 5. CONCLUSÃO. ........................................................................................... 20 REFERENCIAS ......................................................................................... 21 ANEXO I .................................................................................................... 23 ANEXO II. .................................................................................................. 27 ANEXO III .................................................................................................. 29 ANEXO IV ................................................................................................... 30 Artigo elaborado segundo as normas da Revista International Urogynecology Journal – Qualis B1 PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO EM PRIMIGESTAS E SECUNDIGESTAS Vitória Vargas Figueiredo, Angélica Mércia Pascon Barbosa Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Júlio de Mesquita Filho - UNESP – Campus de Marília, SP, Brasil. *Correspondências do autor: Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, SP, Brasil. Av. Hygino Muzzi Filho, 737, CEP 17525-900 Marília, SP. E-mail: pasconbarbosa@gmail.com mailto:pasconbarbosa@gmail.com Resumo Introdução: A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina. A gestação representa um ciclo de grandes mudanças para o corpo da mulher e para os músculos do assoalho pélvico, devido ao peso do feto e da placenta, podendo desencadear a IU especifica da gestação (IU-EG). A literatura não nos traz uma diferença concreta sobre a perda urinária em mulheres primigestas e secundigestas, diante disso, o estudo aborda a perda urinária nessas diferentes gestantes. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi analisar e comparar a prevalência, severidade e impacto da IU-EG entre gestantes primigestas e secundigestas. Método: O estudo foi realizado com gestantes a partir de 18 anos, em qualquer momento gestacional a partir de 24 semanas, normoglicêmicas, continentes urinárias previas a atual gestação, sem doenças musculares degenerativas e que nunca tenham realizado previamente treinamento dos MAP. Foi aplicado o questionário ICIQ-SF que abrange a frequência da perda urinária, o volume e o impacto e o questionário ISI que diz a respeito da frequência e quantidade da perda de urina. Resultados: Em análise dos dados, houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes, sendo o grupo secundigestas com maior valor significativo. O motivo da perda mais prevalente foi a incontinência urinária mista. Quanto ao escore final dos questionários não houve diferença. No entanto, a percepção da gestante sobre o impacto da IU em sua vida foi maior em gestantes secundigestas. Conclusão: Conclui-se que houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes independente da paridade, a severidade foi semelhante entre os grupos e o impacto da IU-EG foi mais negativo em secundigestas. Palavras-chave: Assoalho pélvico, gestação, paridade e incontinência urinária. 11 Introdução De acordo com o conceito proposto pela Sociedade Internacional de Continência (ICS), a incontinência urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina (1). Sendo, prevalente problema de saúde pública que vem mostrando tendências crescentes, principalmente na população feminina, como consequência do envelhecimento populacional (2) . Além de implicações clínicas, a IU apresenta importante influência no contexto social das mulheres que com ela convivem (3). Cabe ressaltar que a IU pode ocorrer de forma transitória associada a diversos contextos, dentre os quais podem ser citados: infecções urinárias, diabetes mellitus descompensado, uso de medicamentos, consumo de álcool e/ou cafeína, gestação e parto e distúrbios emocionais, podendo ser devidamente diagnosticada e tratada multidisciplinarmente (4). A gestação representa a fase do ciclo vital feminino, a qual caracteriza-se por mudanças morfofisiológicas e mecânicas no assoalho pélvico, levando a alteração de sua força muscular. Isso ocorre devido ao peso do feto e desenvolvimento placentário (5). Com a evolução do período gestacional há maior dificuldade de transmissão da pressão intra-abdominal para a uretra por conta da posição de sua porção proximal (6). Além disso, o peso do útero gravídico também desencadeia alterações na pressão vesical. Outra modificação presente na maioria das gestações é a anteversão pélvica apresentando tendência à horizontalização do sacro, o que incorre em mudança no ângulo de inserção da musculatura pélvica e abdominal o que, consequentemente, os distende e prejudica sua força de contração (6). 12 Os tipos mais frequentes que acometem as gestantes são: IU mista, IU de urgência e IU de esforço. Na maioria delas a IU-EG apresenta início gradual e agravamento progressivo. As mulheres que estão na sua segunda gestação tendem a ser mais velhas do que as que estão na sua primeira gestação, nos levando a pensar que a função de seu assoalho pélvico esteja diminuída devido ao próprio envelhecimento das fibras musculares e pelo fato de ter se submetido a outra gestação, no qual, este assoalho sofreu toda a descarga de peso fetal e placentário e também à ação hormonal proveniente da gestação (5)(7). O trabalho de parto e o parto propriamente dito intensificam as alterações anatômicas já citadas podendo deixar lesões no suporte pélvico, no esfíncter anal e no corpo perineal. Tais modificações podem ser consideradas fatores primordiais na fisiopatologia da perda urinária futura. Os estudos deixam evidente que as alterações fisiológicas da gestação são condições que influenciam na origem da IU determinando, portanto, que ela pode ocorrer mesmo em mulheres submetidas a parto de via cirúrgica (8). A literatura, no entanto, não esclarece totalmente se a incidência de IU em primigestas e secundigestas são muito distintas. Deste modo, o presente estudo objetiva, além de abordar a funcionalidade dos músculos sustentadores pélvicos, avaliar a população gestante na intenção de esclarecer esse importante dado e sugerir formas eficazes de prevenção multidisciplinar. O objetivo do presente estudo foi analisar e comparar a prevalência, severidade e impacto da IU-EG entre gestantes primigestas e secundigestas. 13 Materiais e métodos Desenho do estudo e determinação do tamanho da amostra O presente estudo transversal foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP/Botucatu, CAAE: 82225617.0.0000.5411 e tem aprovação do CEP das instituições coparticipantes, Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) UNESP/Marília, Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) e Hospital Regional de Assis. As participantes selecionadas para o projeto foram notificadas a respeito de todos os procedimentos da coleta de dados, e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, no qual concordaram com a coleta de dados e as autorizaram. Participaram do estudo gestantes com idade a partir de 18 anos, em qualquer momento gestacional a partir de 24 semanas, normoglicêmicas, continentes urinárias prévias a atual gestação, sem doenças musculares degenerativas, e que nunca tenham realizado previamente treinamento dos MAP. Os critérios de exclusão foram: parto vaginal prévio, diagnóstico de diabete gestacional ou clínico (tipo I ou II), IU prévia ou na gestação atual, diagnóstico de prolapso vaginal, cirurgia prévia de prolapso ou IU, mais de duas gestações, sem compreensão do comando para contração dos MAP, doenças neurológicas, tabagismo, parto prematuro e aborto. As participantes compuseram 2 grupos estudo, sendo eles, primigestas e secundigestas com parto cesárea prévio. Padrões de medição e registro de dados As gestantes que estavam aguardando a consulta pré-natal de rotina, foram convidadas a participar do estudo e as gestantes que assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) responderam inicialmente um inquérito quanto 14 aos dados pessoais, demográficos e antropométricos. Seguido de dois questionários de IU. Questionários de incontinência urinária A prevalência, severidade e impacto da IU foram avaliados subjetivamente pelos questionários: International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) (9) e Incontinence Severity Index (ISI) (10) . O ICIQ-SF é o questionário que consiste em três questões abrangendo a frequência de perda urinária, o volume e o quanto ela interfere na vida da paciente, segundo suas impressões. A cada resposta é dada pontuação que somada a todas as pontuações chega ao escore final. Este questionário tem a vantagem de ser breve, simples e autoaplicável (9). O ISI também é questionário breve, composto por duas questões a respeito da frequência e quantidade da perda de urina. O escore final é obtido a partir da multiplicação dos escores da frequência pela quantidade da perda, possibilitando a classificação da incontinência como leve, moderada, grave ou muito grave (10). Análise estatística Os dados categóricos estão expressos em frequência absoluta e relativa e foram comparados pelo teste de qui-quadrado de Pearson. Os dados numéricos apresentam-se em mediana e mínimo e máximo por apresentarem distribuição não- paramétrica ao teste de Komolgorov-smirnov. Foi aplicado o teste Mann-Whitney entre grupos. Adotou-se nível de significância de < 0,05 (p valor). O pacote estatístico utilizado foi SPSS 20.0. 15 Resultados Foram incluídas para análise final no estudo 421 gestantes, sendo 305 primigestas e 116 secundigestas. As informações sobre a inclusão, não inclusão e exclusão das participantes estão apresentadas na Figura 1. Figura 1. Flowchart sobre a participação das gestantes no estudo. A tabela 1 demonstra as características pessoais e obstétricas das participantes. As gestantes incluídas estavam entre 16 e 39 semanas gestacionais e a média gestacional das participantes foi entre 29 e 30 semanas gestacionais, não houve diferença significativa entre grupos. As gestantes dos dois grupos apresentavam estado civil, etnia e escolaridade semelhantes. Fatores como maior idade, maior IMC prévio e maior IMC gestacional eram esperados em gestantes 16 secundigestas quando comparados com gestantes primigestas e apresentaram-se significativamente diferentes entre os grupos. Tabela 1: Características sociodemográficas e idade gestacional das participantes. Variável Primigesta (n=305) Secundigesta (n=116) p* Estado Civil1 Casada 253 (83%) 99 (85,3%) .195 Solteira 51 (16,7%) 13 (11,2%) Etnia1 Caucasiana 228 (74,8%) 93 (80,2%) .190 Negra 67 (22%) 17 (14,7) Amarela 2 (7%) - Escolaridade1 Ensino médio completo 51 (16,7%) 13 (11,2%) .407 Ensino médio incompleto 253 (83%) 99 (85,3%) Semana Gestacional2 29,8 (19-39) 29,3 (16-39) .555 Idade (anos) 2 25,6 (18-43) 30,2 (18-47) .000 IMC prévio2 26,7 (15,1-51,1) 28,3 (18-50,5) .003 IMC gestacional2 29,9 (16-82) 30,8 (19-46) .012 Ganho de peso materno2 7,6 (-33-45) 6,9 (-14-32) .126 IMC: índice de massa corporal; * Mann-Whitney entre grupos. p de < 0,05; 1: dados em frequência absoluta e relativa; 2: dados em mediana (mínimo-máximo). Na análise dos dados, houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes, sendo que, cerca de 50% delas referiram IU em algum momento. Os grupos apresentam prevalência de IU-EG significativamente diferentes (p=.013), sendo o grupo secundigesta com maior prevalência de IU-EG (Tabela 2 e Figura 2). 17 O motivo mais prevalente de IU-EG foi a incontinência mista, seguido da incontinência por urgência e incontinência por esforço, não havendo diferença significativa quanto ao motivo da perda entre os grupos (p=.617). Tabela 2 - Prevalência e subtipos de IU-EG na população estudada. Características Primigestas (n=305) Secundigestas (n=116) p* Prevalência IU-EG 159 (52,1%) 76 (65,5%) ,013 Motivo da perda IUM 123 (77,4%) 63 (82,9%) ,617 IUU 30 (18,9 %) 11 (14,5%) IUE 6 (3,8%) 2 (2,6%) * qui-quadrado. p de < 0,05; n= amostra; IU-EG: Incontinência urinária específica da gestação; IUM: incontinência urinária mista; IUU: incontinência urinária urgência; IUE: incontinência urinária esforço Figura 2: Prevalência e motivo da IU-EG. O grupo secundigesta apresentou maior prevalência de IU-EG, no entanto, não houve diferenças em relação a frequência e volume da perda urinária. No questionário ICIQ-SF, aplicado as gestantes primigestas tivemos escore final de 11, e quando aplicado nas secundigestas de 12, ou seja, não houveram diferenças significativas entre os grupos. Os valores dos escores demonstram que nos dois grupos a avaliação 18 da severidade está na classificação moderada (11). No questionário ISI, onde foi abordado sobre a frequência e quantidade de perda de urina, os escores finais não apresentaram diferenças significativas pontuando escore 3, sendo considerado nível moderado de severidade na vida mulher com IU. Quanto ao escore final dos questionários de incontinência ISI e ICIQ-SF não houve diferença. No entanto, a percepção da gestante sobre o impacto da IU em sua vida foi significativamente maior em gestantes secundigestas (p=.030) (Tabela 3). Tabela 3: Impacto e severidade da incontinência urinária na vida da gestante. Variável Primigesta (n=305) Secundigesta (n=116) p* ICIQ-SF Frequência Uma vez na semana ou menos 57 (35,8%) 24 (31,6% .520 Duas ou três vezes por semana 48 (30,2%) 21 (27,6%) Uma vez ao dia 23 (14,5%) 17 (22,4%) Diversas vezes ao dia 29 (18,2%) 14 (18,4%) O tempo todo 2 (1,3%) - Volume Uma pequena quantidade 120 (75,4%) 64 (84,2%) .364 Uma moderada quantidade 33 (20,8%) 11 (14,5%) Uma grande quantidade 6 (3,8%) 1 (1,3%) Quanto interfere na vida 6,1 + 2,8 6,9 + 3 .030 Escore final ICIQ-SF 11 (2-18) 12 (3-20) .189 ISI Frequência Menos de 1 vez ao mês 22 (13,8%) 9 (11,8%) .343 Algumas vezes ao mês 21 (13,2%) 9 (11,8%) Algumas vezes na semana 70 (44%) 27 (35,5%) Todos dias e/ou noites 46 (28,9%) 31 (40,8%) Quantidade Gotas 148 (93,1%) 70 (92,1%) .787 Pequeno jato 11 (6,9%) 6 (7,9%) Muita quantidade - - Escore final ISI 3 (1-8) 3 (1-8) .159 Estratificação por severidade Leve 40 (25,2%) 17 (22,4%) .384 Moderado 117 (73,6%) 56 (73,7%) Grave 2 (1,3%) 3 (3,9%) Muito grave - - * qui-quadrado; Mann-Whitney 19 Discussão O presente estudo mostrou que a maioria das gestantes apresentaram IU-EG, independente se primigesta ou secundigesta. As secundigestas apresentaram maior prevalência de IU-EG quando comparado com as primigestas, no qual, de acordo com o estudo descrito por Agateli et al., 2015 que concorda com o fato de mulheres multíparas sejam mais acometidas pela IU, principalmente se possuírem mais idade, associada ao maior IMC. Essa maior incidência de IU no período gestacional foi importante fator de risco de IU dois anos após o parto (12). Os resultados de importantes estudos, da literatura como no relatado por Moccellin et al., 2011 demonstram achados similares dos encontrados, confirmando a maior prevalência de sintomas miccionais nas mulheres submetidas a parto vaginal anterior. Ele também sugere que mais do que o parto, a gestação pode estar associada as alterações do assoalho pélvico (13). O subtipo com prevalência significativamente maior foi IUM, no qual as primigestas apresentaram 77,40% e as secundigestas 82,90%. Estudo recente de 2019, corrobora nossos achados em relação ao maior índice de IUM nas gestantes, sendo contrário apenas ao índice de IUE e IUU (14). No entanto, quando avaliadas individualmente sobre volume e frequência de IU ambos os grupos demonstram perdas similares, e de acordo com o estudo, as perdas são em quantidades razoáveis (14). Não houve diferença entre os escores dos questionários, porém os números obtidos ainda demonstram prejuízo na vida dessas gestantes incontinentes. É importante atentarmos ao fato de que as secundigestas quando avaliadas somente sobre o impacto que a IU-EG tem em suas vidas, este grupo demonstra maior valor. Estudo realizado em 2014 avaliou a IU relacionada com a força perineal no primeiro 20 trimestre de gestação e os escores finais do questionário ICIQ-SF foram compatíveis ao presente estudo, sendo consideráveis moderado (15). Mesmo que diante dos resultados obtidos a partir dos questionários não haja diferença significativa entre os grupos, devemos ainda assim nos atentar a eles. Aproximadamente 50% das gestantes perdem urina de 1 a 3 vezes por semana, estando na primeira gestação ou não. E a quantidade dessa urina perdida, em mais de 50% da população do estudo é de pequena quantidade, ou seja, estar gestante, ocasiona IU mesmo que seja mínima, mas que pode causar grande impacto na vida desta mulher. De acordo com o estudo de 2014 que avaliou a IU na gestação e o impacto na qualidade de vida (13), os sintomas miccionais podem intensificar-se e piorar a percepção geral de saúde da incontinência ao longo da gestação. Destacou também que os domínios sono, disposição e limitações de atividades diárias tiveram os piores escores, afetando a qualidade de vida das gestantes. Assim como em nossos os estudos, mesmo que a quantidade não seja significativa, o impacto que a incontinência gera na vida da mulher gravida é muito grande. Conclusão Com os resultados da comparação deste estudo conclui-se que houve prevalência de IU-EG na maioria das gestantes independente da paridade, a severidade foi semelhante entre os grupos e o impacto da IU-EG foi mais negativo em secundigestas. 21 Referências 1. ICS. The 2019 compilation of the International Continence Society Standardisations , Consensus statements , Educational modules , Terminology and Fundamentals documents , with the International Consultation on Incontinence algorithms ICS STANDARDS 2019. 2019; 2. E. RJ. La incontinencia urinaria Urinary incontinence. 2015;29(2):219–32. 3. Gomes AGP, Veríssimo JH, Santos KFO dos, Andrade CG de, Costa ICP, Fernandes M das G de M. Impacto da incontinência urinária na qualidade de vida de mulheres TT - The impact of urinary incontinence on quality of life of women TT - Impacto de la incontinencia urinaria en la calidad de vida de las mujeres. Rev baiana enferm [Internet]. 2013;27(2):181–92. 4. Botelho F, Silva C, Cruz F, Complementar I, Hospitalar A. Incontinência Urinária Feminina Definição e Epidemiologia Tipos de incontinência. Acta Urológica. 2007;24:79–82. 5. Originais A. Efeito da via de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico. 2005;27(18):677–82. 6. Moccellin AS, Rett MT, Driusso P. Existe alteração na função dos músculos do assoalho pélvico e abdominais de primigestas no segundo e terceiro trimestre gestacional ? 2016; 7. Ferreira VR. Avaliação da força muscular do assoalho pélvico em idosas com incontinência urinária. 2011;24(1):39–46. 8. Liamara Cavalcante de Assis Efetividade de exercícios do assoalho pélvico durante a gestação como medida preventiva da incontinência urinária e da disfunção muscular do assoalho pélvico Botucatu. 2010; 9. Gebara R, Di DEG. ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE O ESCORE DO INTERNATIONAL CONSULTATION ON INCONTINENCE QUESTIONNAIRE – URINARY INCONTINENCE / SHORT FORM E A AVALIAÇÃO URODINÂMICA EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA CORRELATION OF THE INTERNATIONAL CONSULTATION ON INCONTINE. 2012; 10. Severity I. radução e validação para a língua portuguesa de um questionário para avaliação da gravidade da incontinência urinária. 2011; 11. DI BIASE M, Mearini L, Nunzi E, Pietropaolo A, Salvini E, Gubbiotti M, et al. Abdominal Vs Laparoscopic sacrocolpopexy: a randomized controlled trial, final results. Neurourol Urodyn. 2015;415(February):411–5. 12. Incontinence U, Menani C, Mendon SL. Incidência da incontinência urinária na gestação e puerpério imediato e sua correlação com o tipo de parto e número de filhos. 2015; 13. Moccellin AS, Rett MT, Driusso P. Incontinência urinária na gestação: Implicações na qualidade de vida. Rev Bras Saude Matern Infant. 2014;14(2):147–54. 14. Carolina A, Santini M, Santos ES, Schneider Vianna L, Bernardes JM, Dias A, 22 et al. Prevalência e fatores associados à ocorrência de incontinência urinária na gestação Resumo. Rev Bras Saúde Mater Infant [Internet]. 2019;19(4):975– 82. 15. El EN, Trimestre P, Embarazo DEL, Transversal E, Luiza M, Riesco G, et al. da gestação : estudo transversal URINARY INCONTINENCE RELATED TO PERINEAL MUSCLE STRENGTH IN THE FIRST. 2014;48:33–9. 23 ANEXO I 24 25 26 27 ANEXO II 28 29 ANEXO III 30 ANEXO IV