UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA CINDY PAOLA GUZMÁN LASCANO CONVERSOR INVERSOR INTEGRADO TRÊS ESTADOS BUCK-BOOST PARA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA, COM OPERAÇÃO CONECTADA OU ILHADA. Ilha Solteira 2015 CINDY PAOLA GUZMÁN LASCANO CONVERSOR INVERSOR INTEGRADO TRÊS ESTADOS BUCK-BOOST PARA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA, COM OPERAÇÃO CONECTADA OU ILHADA. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Ilha Solteira da UNESP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica. Área de Conhecimento: Automação. Prof. Dr. Carlos Alberto Canesin Orientador Ilha Solteira 2015 Dedico este trabalho à minha mãe, Monica, pela vida, pelo amor e pelo constante sacrifício. AGRADECIMENTOS Como Deus mesmo disse: a quem tem gratidão, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem gratidão, até o que tem lhe será tirado. Diante desse ensinamento, eu quero expressar os meus sinceros agradecimentos àqueles que contribuíram para a concretização desta jornada. Em primeiro lugar, à Deus, por ter escutado as minhas orações e por permitir que eu fosse escolhida como estudante deste Mestrado em Engenharia Elétrica. À minha mãe, Monica, por ser a minha melhor amiga e por plantar em mim o amor pelo estudo e a superação. Ao meu pai, Eduardo, por ter me apoiado nos meus primeiros anos como estudante, ao aceitar-me como sua filha. Aos meus irmãos, Kelly e Eduardo, por seu amor e seu respeito, e por terem me apoiado quando eu decidi deixar o meu lar. À minha amada irmã caçula, Monica Sophia, que, mesmo com apenas dois anos de idade, é dona do sorriso que sempre me deu a força que eu precisava para continuar. Ao meu avô, Álvaro, que, desde as minhas mais remotas lembranças, sempre me falava sobre a importância dos estudos para se conseguir o sucesso. Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Canesin, pela oportunidade de orientação durante o Mestrado. À Jose Carlos Ugaz Peña, pela importantíssima colaboração no desenvolvimento experimental, pela paciência e pela amizade Ao meu irmão de coração, Emerson Rojas, pelo incentivo e pelo carinho, e por ser, sempre, mesmo à distância, a chave para o meu desenvolvimento. Ao Prof. Dr. Guilherme De Azevedo e Melo, pela ajuda durante o desenvolvimento da etapa experimental desta pesquisa. Ao Prof. Dr. Moacyr Aureliano Gomes de Brito pela participação na banca examinadora da dissertação de mestrado, juntamente com suas sugestões para o aprimoramento deste trabalho. Ao professor e amigo Gilberto Gonzáles, pela sua ajuda quando eu mais precisei, sempre me lembrando de que os planos de Deus são perfeitos. À Betty Liliana Espinel, por sua grande intervenção para que eu pudesse realizar o meu sonho. Aos meus ex-companheiros de trabalho do Instituto Tecnológico de Soledad Atlántico (ITSA), que, mesmo à distância, me incentivaram na luta para conseguir vencer este desafio. Aos meus colegas e amigos Luís, Luz, Pablo, Cristina, Darwin, Caroline, Priscilla e Melissa pela amizade e pela colaboração em várias ocasiões. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro concedido. “Haz tuyas mis palabras, hijo mío; guarda en tu mente mis mandamientos, presta oído a la sabiduría; entrega tu mente a la inteligencia. Pide con todas tus fuerzas inteligencia y buen juicio; entrégate por completo a buscarlos, cual si buscaras plata o un tesoro escondido. Entonces sabrás lo que es honrar al Señor; ¡Descubrirás lo que es conocer al Señor!” (Provérbios 2.1-5) RESUMO Com a motivação existente pela necessidade de crescimento das novas fontes de energia alternativas, bem como pelos avanços das tecnologias para os sistemas de conversão de energia, o presente estudo propõe a utilização do conversor integrado três estados Buck-Boost monofásico para o aproveitamento da energia proveniente dos sistemas solares fotovoltaicos. Os sistemas de painéis fotovoltaicos fornecem tensões contínuas, contudo, a grande maioria de aparelhos ou cargas de uso domiciliar necessita de tensões alternadas, com valores eficazes nominais de 127 V ou 220 V, no Brasil. Isso leva à necessidade do estudo de estruturas conversoras CC-CA, conhecidas como inversores. Considerando que as tensões alternadas fornecidas pelos inversores encontram-se dependentes do valor máximo da tensão de entrada, é indispensável a inclusão de um estágio elevador no sistema geral, antes de fornecer energia para as cargas, resultando, assim, em uma redução no rendimento, devido à quantidade de componentes, ao aumento de peso e ao volume. Nesta dissertação, o inversor estudado realiza, em uma única estrutura, a função do estágio elevador ou redutor, garantindo níveis reduzidos de distorção harmônica na corrente injetada e tensão de saída no modo ilhado, com um bom rendimento, fornecendo energia para cargas conectadas em modo de operação ilhado ou conectado à rede. Neste conversor, o sistema de chaveamento de três estados proporciona uma melhora das características dinâmicas. A adição do terceiro estado simplifica o controle por modo tensão, na medida em que elimina o zero presente no semiplano direito da função de transferência do conversor Buck-Boost convencional. Para o desenvolvimento das estratégias de controle, adotou-se o modelo matemático por valores médios instantâneos, em espaço de estados. Adicionalmente, foi realizada uma revisão e avaliação de alguns dos algoritmos de MPPT (Maximum Power Point Tracking). Ainda, neste estudo, são expostas detalhadamente as análises qualitativa e quantitativa para a modelação do inversor, bem como é exibido o projeto dos controladores para a estrutura estudada. Apresentam-se, também, as simulações computacionais e finalmente, são apresentados os resultados experimentais do protótipo implementado em laboratório para o inversor proposto. Palavras-chave: Inversor Buck-Boost três estados. Energias alternativas e renováveis. Energia solar fotovoltaica. Rastreamento do ponto máximo de potência. ABSTRACT The current motivation of growing need for new alternative energy sources, as well as by improvements in technologies for energy conversion systems, this study proposes the use of the single-phase tri-states Buck-Boost integrated converter for the use of energy from solar photovoltaic systems. Photovoltaic systems provide DC voltages and, on the other hand, the large majority of machines or domestic use loads require alternating voltage with RMS values of 127 V or 220 V in Brazil. This points out to the need to study of DC-AC converter structures, known as inverters. Due to the limitation that the alternating voltage supplied by the inverters are dependent on the maximum value of the input voltage, the inclusion of an elevator stage in the general system is necessary, before providing power to the load, thus resulting in a reduction in the performance by the number of components, increased weight and volume. In this dissertation, the studied inverter performs, in a single structure, the functions of the elevator stage or reducer stage, also performs the continues in alternating voltage conversion function, ensuring reduced levels of harmonic distortion in the current injected to the main grid and the output voltage in islanding mode, with an increase performance in the output voltage, and that should provide power to loads connected in both modes islanding or grid connected. In the presented converter, the switching system of three states has improved the behavior of dynamic characteristics due to the addition of the third estate, simplifying the control by eliminating the zero present in the right half-plane of the transfer function of Buck-Boost inverter, controlled in voltage mode. For the development of control strategies is adopted the mathematical model for instantaneous average values. The modeling of the structure is made by the mean values method in the state spaces. Additionally, is carried out a review and assessment of some MPPT algorithms. Furthermore, in this study, qualitative and quantitative analysis for modeling will be exposed and will show the design of controllers for the studied structure in both modes islanding or grid connected. Will be showed its computationally simulation. Finally, its present the experimental results of the prototype implemented in the laboratory for the proposed inverter. Keywords: Buck-Boost tri-states inverter. Alternative and renewable energies. Photovoltaic solar energy. Maximum power point tracking. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Circuito esquemático do inversor três estados Buck-Boost, conectado à rede em CA. ............................................................................................................................................ 24 Figura 2 - Atlas Solarimétrico do Brasil. .................................................................................. 29 Figura 3 - Potência instalada por tecnologia solar até 2020, no estado de São Paulo. ............. 30 Figura 4 - Mobilidade e fluxo de elétrons em uma célula fotovoltaica de silício. ................... 33 Figura 5 - Esboço rudimentar da curva corrente-tensão de uma célula fotovoltaica de silício. .................................................................................................................................................. 33 Figura 6 - Circuito equivalente para uma célula fotovoltaica de silício. .................................. 34 Figura 7 - Curvas IV e PV do painel. ....................................................................................... 43 Figura 8 - Topologia padrão de condicionamento de energia de um sistema fotovoltaico com controle MPPT. ......................................................................................................................... 46 Figura 9 - Topologia para condicionamento de energia com conversor Boost e LCI, e controle MPPT. ....................................................................................................................................... 47 Figura 10 - Curva característica de potência do sistema fotovoltaico ...................................... 48 Figura 11 - Diagrama de blocos Escalada (Hill Climbing) ou P&O. ....................................... 49 Figura 12 - Divergência do algoritmo P&O. ............................................................................ 50 Figura 13 - Esquemático do algoritmo InC. ............................................................................. 51 Figura 14 - Diagrama de blocos de tensão constante. .............................................................. 53 Figura 15 - Diagrama do algoritmo Beta. ................................................................................. 54 Figura 16 - Diagrama do algoritmo oscilação do sistema. ....................................................... 55 Figura 17 – Figura 17 - Diagrama do algoritmo correlação do ripple. .................................... 55 Figura 18 - Função de pertinência de entradas e saídas do controlador por lógica difusa. ...... 57 Figura 19 - Exemplo de rede neural. ........................................................................................ 58 Figura 20 - Etapas da síntese do inversor integrado Buck-Boost. ............................................ 62 Figura 21 - Topologias dos modos de operação. ...................................................................... 63 Figura 22 - Primeira etapa de funcionamento no semiciclo positivo e circuito equivalente. ... 65 Figura 23 - Segunda etapa de funcionamento no semiciclo positivo e circuito equivalente. ... 65 Figura 24 - Terceira etapa de funcionamento no semiciclo positivo e circuito equivalente. ... 66 Figura 25 - Principais formas de onda idealizadas para um período de chaveamento. ............ 67 Figura 26 - Geração de pulsos da modulação de três estados com banda de sobreposição. .... 69 Figura 27 - Forma de onda trapezoidal da corrente na chave Buck-Boost. .............................. 74 Figura 28 - Forma de onda trapezoidal e quadrada da corrente nos diodos 1 e 2. ................... 75 Figura 29 - Forma de onda trapezoidal da corrente nas chaves 3 e 4. ...................................... 75 Figura 30 - Forma de onda triangular e quadrada da corrente no indutor Buck-Boost............. 76 Figura 31 - Modelo inicial do inversor integrado Buck-Boost três estados conectado à rede. . 83 Figura 32 - Primeira etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (D1) no modo conectado à rede......................................................................................................................................... 84 Figura 33 - Segunda etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (D2) no modo conectado à rede......................................................................................................................................... 84 Figura 34 - Terceira etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (1- D1- D2) no modo conectado à rede. ...................................................................................................................... 85 Figura 35 - Diagrama de blocos do modelo médio do Buck-Boost três estados no modo conectado à rede. ...................................................................................................................... 86 Figura 36 - Resposta em frequência da planta original no modo conectado à rede. ................ 90 Figura 37 - Plano S dos polos e zeros do Buck-Boost três estados. .......................................... 91 Figura 38 - Plano S dos polos e zeros do Buck-Boost convencional. ....................................... 91 Figura 39 - Modelo inicial do inversor integrado Buck-Boost três estados, no modo de operação ilhado. ........................................................................................................................ 92 Figura 40 - Primeira etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (D1) no modo de operação ilhado. ........................................................................................................................ 93 Figura 41 - Segunda etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (D2) no modo de operação ilhado. ........................................................................................................................ 93 Figura 42 - Terceira etapa de funcionamento Buck-Boost três estados (1- D1- D2) no modo de operação ilhado. ........................................................................................................................ 94 Figura 43 - Diagrama de blocos do inversor CSI. .................................................................... 98 Figura 44 - Diagrama de blocos do sistema de controle com malhas interna e externa. .......... 98 Figura 45 - Diagrama de blocos da malha interna. ................................................................... 99 Figura 46 - Diagrama de blocos de múltiplas malhas simplificado. ...................................... 100 Figura 47 - Influência da corrente Ilb sobre o sinal D2. .......................................................... 100 Figura 48 - Circuito equivalente para a planta modificada. ................................................... 101 Figura 49 - Diagrama de blocos da planta modificada. .......................................................... 101 Figura 50 - Resposta em frequência da planta modificada. .................................................... 102 Figura 51 - Respostas em frequência das funções Gc(s) e Gs(s)............................................ 103 Figura 52 - Resposta em frequência do controlador PR. ........................................................ 104 Figura 53 - Resposta em frequência malha compensada. ....................................................... 105 Figura 54 - Resposta em frequência malha fechada. .............................................................. 105 Figura 55 - Circuito completo de simulação implementado pelo Simulink®. ....................... 109 Figura 56 - Circuito de controle completo do Inversor Buc-Boost implementado pelo Simulink®. ............................................................................................................................. 110 Figura 57 - Circuito de controle completo do Inversor Buc-Boost implementado pelo Simulink®. ............................................................................................................................. 111 Figura 58 - Circuito do algoritmo SMS. ................................................................................. 111 Figura 59 - Tensão imposta pela rede (azul) e tensão de saída do inversor (magenta). ......... 112 Figura 60 - Tensão da rede (azul) e corrente injetada na rede (vermelho), no inicio da injeção de potencia na rede. ................................................................................................................ 113 Figura 61 - Tensão da rede (azul) e corrente injetada na rede (vermelho). ............................ 113 Figura 62 - Potência injetada na rede em detalhe. .................................................................. 114 Figura 63 - Potência injetada na rede. .................................................................................... 114 Figura 64 - Espectro harmônico da corrente injetada na rede. ............................................... 115 Figura 65 - Corrente injetada na rede durante a desconexão da rede principal. ..................... 116 Figura 66 - Tensão da rede (azul) e tensão de saída do inversor (magenta) durante a transição do modo conectado ao modo ilhado. ...................................................................................... 116 Figura 67 - Tensão de saída do inversor no modo de operação ilhado (magenta) e corrente de saída do inversor (vermelho). ................................................................................................. 117 Figura 68 - Espectro harmônico da tensão de saída no modo de operação ilhado. ................ 117 Figura 69 - Tensão de saída do inversor (magenta) e tensão imposta pela rede (azul). ......... 118 Figura 70 - Corrente no indutor Buck-Boost a partir do momento da reconexão do sistema com a rede principal. .............................................................................................................. 119 Figura 71 - Corrente na saída do inversor durante a transição do modo de operação ilhado ao modo conectado à rede. .......................................................................................................... 119 Figura 72 - Corrente injetada na rede depois da reconexão. .................................................. 120 Figura 73 - Bancada de ensaios (protótipo conectado com o condicionamento de sinais à esquerda, a fonte de tensão ao centro em baixo). ................................................................... 121 Figura 74 - Detalhe da placa do protótipo do inversor. .......................................................... 122 Figura 75 - Forma de onda da tensão de saída (100 V/div), corrente na carga (2 A/div) e corrente no indutor (5 A/div) no modo de operação ilhado. .................................................. 123 Figura 76 - Resposta ao degrau (50 a 100%), forma de onda da tensão de saída (100 .......... 124 Figura 77 - Espectro harmônico da tensão de saída para os primeiros 13 componentes. ...... 124 Figura 78 - Tensão e corrente na chave Sb para o sistema operando com potência reduzida. ................................................................................................................................................ 125 Figura 79 - Detalhe em alta frequência da tensão e corrente na chave Sb para o sistema operando com potência reduzida. ........................................................................................... 126 Figura 80 - Curva do rendimento do Inversor Buck-Boost Monofásico................................. 127 Figura 81- Forma de onda da tensão da rede (100 V/div), corrente injetada na rede (2 A/div) e corrente na carga local (1 A/div) na transição do modo de operação ilhado ao modo conectado. ............................................................................................................................... 128 Figura 82- Forma de onda da tensão da rede (100 V/div), corrente injetada na rede (1 A/div) na transição do modo conectado ao modo ilhado. .................................................................. 128 Figura 83 - Forma de onda da tensão da rede (100 V/div), corrente injetada na rede (1 A/div) e corrente na carga local (2 A/div) na transição do modo conectado ao modo ilhado. ............. 129 Figura 84 - Espectro harmônico da corrente injetada na rede. ............................................... 130 Figura 85 - Detalhe do preenchimento do condutor no toroide. ............................................. 142 Figura 86 - Ocupação dos enrolamentos na janela. ................................................................ 144 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Faixas de tensões normatizadas para redes de distribuição .................................... 23 Tabela 2 – Matriz de capacidade instalada de geração de energia elétrica do Brasil. .............. 28 Tabela 3 – Meta inicial do plano estadual paulista de energia até 2020. ................................. 30 Tabela 4 – Radiação (kWh/m2) solar global média nos municípios do estado de São Paulo. . 31 Tabela 5 – Resumo do algoritmo Hill Climbing ou P&O. ....................................................... 48 Tabela 6 – Tabela-base de regras. ............................................................................................ 57 Tabela 7 – vantagens e desvantagens dos algoritmos MPPT. .................................................. 59 Tabela 8 – Esforços nos semicondutores. ................................................................................. 68 Tabela 9 – Pulsos e sua interpretação física na modulação PWM. .......................................... 70 Tabela 10 – Lógica de funcionamento das chaves. .................................................................. 74 Tabela 11 – Especificações do projeto. ................................................................................... 79 Tabela 12 – Parâmetros da função de transferência da planta original. ................................... 89 Tabela 13 – Parâmetros da função de transferência da planta modificada. ............................ 101 Tabela 14 – Especificações do sistema completo para as simulações. ................................... 108 Tabela 15 – Especificações do circuito de potência do protótipo. ......................................... 122 Tabela 16 – Parâmetros de projeto para o indutor Buck-Boost. ............................................. 139 Tabela 17 - Principais características para o núcleo T520-30D. ............................................ 140 Tabela 18 – características do condutor escolhido. ................................................................ 141 Tabela 19 – Parâmetros de projeto para o indutor de conexão com a rede. ........................... 145 Tabela 20 – Perdas nos elementos semicondutores. ............................................................... 146 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica AWG American Wire Gauge CA CAPES Corrente alternada Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CC Corrente contínua Co Capacitância de saída CSI Current Source Inverter (Inversor fonte de corrente) CTS Condições de teste standard D1 Razão cíclica 1 D2 DSP Razão cíclica 2 Digital Signal Processor (Processador Digital de Sinais) FT IEA Função de Transferência International Energy Agency (Agência Internacional de Energia) IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor (Transistor Bipolar de Porta Isolada) Ilb Corrente no indutor Buck-Boost Impp Corrente do ponto máximo de potência INPE InC Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Incremental Conductance (Condutância incremental) Io Corrente de saída Ifv Corrente do painel fotovoltaico Isc Corrente de curto-circuito ITSA Lb Instituto Tecnológico de Soledad Atlántico Indutância Buck-Boost LCI Lg Lo Load Commutated Inverter (Inversor de linha comutado) Indutância da rede Indutância de saída MIC Module Integrated Converters (Módulo de conversores integrados) MLT MPP Mean Length Turn (Média de comprimento por volta) Maximum Power Point (Ponto máximo de potência) MPPT Maximum Power Point Tracking (Rastreamento do ponto máximo de potência) https://www.google.com.co/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CBsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.aneel.gov.br%2F&ei=mR9eVbSSEYmWNp3ngbgP&usg=AFQjCNGQkmheiQnXL3UDzNOfu_5sPqDtRw&bvm=bv.93756505,d.eXY http://en.wikipedia.org/wiki/American_wire_gauge P&O Perturbe and Observe (Perturbação e Observação) PI PLL PR FV Proportional-Integral (Proporcional-Integral) Phase Loop Locked (Malha de captura de fase) Proportional-Resonant (Proporcional-Ressonante) Modulo fotovoltaico PWM Pulse-Width Modulation (Modulação por largura de pulso) RMS Rs Root Mean Square (Raiz do valor quadrático médio) Resistência em série Rsh Resistência em paralelo SMS STA Slip-Mode frequency Shift Sustainable Technologies Australia THD Vin Total Harmonic Distortion (Distorção Harmônica Total) Tensão na entrada Vmpp Voc Tensão de máxima potência Tensão de circuito aberto Vout Tensão na saída Vfv Tensão do painel fotovoltaico Vref VSI Tensão de referência Voltage Source Inverter (Inversor fonte de tensão) LISTA DE SÍMBOLOS ® % ºC β Ω µF µs A A/cm2 a-Si CdS CdTe CIGS CIS Marca registrada Porcentagem Grau Celsius Beta Ohm Microfarad Microsegundo Ampère Ampère por centímetro quadrado Silício amorfo Sulfeto de cádmio Telureto de cádmio Disseleneto de cobre, índio e gálio Disseleneto de cobre e índio Cm cm2 cm3 Ge GW Hz InGaP KHz kWh/m2 mc-Si mH mm mm2 MW N N2 nH Centímetro Centímetro quadrado Centímetro cúbico Germânio Gigawatts Hertz Fosfeto de índio-gálio Quilohertz Quilowatts/hora por metro quadrado Monocristalino de silício Milihenry Milímetro Milímetro quadrado Megawatts Newton Newton ao quadrado Nanohenry https://www.google.com.co/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CBsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.aneel.gov.br%2F&ei=mR9eVbSSEYmWNp3ngbgP&usg=AFQjCNGQkmheiQnXL3UDzNOfu_5sPqDtRw&bvm=bv.93756505,d.eXY nm pc-Si s TiO2 V W Nanometro Policristalino de silício Segundo Dióxido de titânio Volts Watts SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 22 1.1 Considerações iniciais ................................................................................................... 22 1.2 Instalações solares fotovoltaicas na geração de energia elétrica ............................... 24 1.2.1 Desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos no mundo ................................................ 25 1.2.2 Desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos no Brasil ................................................. 26 1.2.3 Potencial de irradiação solar no Brasil ......................................................................... 28 1.3 Tecnologias das células fotovoltaicas ........................................................................... 32 1.3.1 Tipos de células fotovoltaicas ......................................................................................... 35 1.4 Extração da máxima potência dos painéis fotovoltaicos ........................................... 38 1.5 Modos de operação dos sistemas solares fotovoltaicos .............................................. 38 1.6 Integração de estágios ................................................................................................... 39 1.7 Capacitor de desacoplamento ...................................................................................... 40 1.8 Proposta de trabalho ..................................................................................................... 40 2 SISTEMAS DE RASTREAMENTO DO PONTO MÁXIMO DE POTÊNCIA ..... 43 2.1 Introdução ...................................................................................................................... 44 2.2 Eletrônica de Potência aplicada ao MPPT.................................................................. 45 2.3 Detalhamento dos algoritmos de MPPT ..................................................................... 47 2.3.1 Escalada (Hill Climbing) ou P&O ................................................................................. 47 2.3.2 Condutância incremental (InC) ..................................................................................... 50 2.3.3 Tensão constante ............................................................................................................ 52 2.3.4 Método Beta .................................................................................................................... 53 2.3.5 Oscilação do sistema ....................................................................................................... 54 2.3.6 Correlação do ripple ....................................................................................................... 55 2.3.7 Corrente constante .......................................................................................................... 56 2.3.8 Controle por lógica difusa .............................................................................................. 56 2.3.9 MPPT por rede neural .................................................................................................... 58 2.3.10 Resumo de vantagens e desvantagens dos algoritmos MPPT ..................................... 59 3 INVERSOR INTEGRADO BUCK-BOOST TRÊS ESTADOS MONOFÁSICO ... 61 3.1 Introdução ...................................................................................................................... 61 3.2 Modos de operação ........................................................................................................ 63 3.3 Análise qualitativa ......................................................................................................... 64 3.3.1 Semiciclo positivo ........................................................................................................... 64 3.3.2 Esforços nos semicondutores ......................................................................................... 68 3.3.3 Modulação por largura de pulso .................................................................................... 68 3.4 Análise quantitativa ...................................................................................................... 70 3.4.1 Ganho estático ................................................................................................................ 71 3.4.2 Corrente no indutor ........................................................................................................ 71 3.4.3 Dimensionamento da indutância ................................................................................... 72 3.4.4 Perdas nos elementos semicondutores ........................................................................... 73 3.4.5 Dimensionamento do capacitor ...................................................................................... 77 3.5 Exemplo de projeto ....................................................................................................... 78 3.5.1 Cálculo do indutor Buck-Boost ...................................................................................... 80 3.5.2 Cálculo do capacitor ....................................................................................................... 80 3.5.3 Cálculo da resistência de carga ...................................................................................... 80 3.5.4 Cálculo do indutor de conexão com a rede ................................................................... 80 3.6 Conclusões ...................................................................................................................... 81 4 MODELAÇÃO, FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA E PROJETO DOS CONTROLADORES .................................................................................................... 82 4.1 Introdução ...................................................................................................................... 82 4.2 Equações em espaço de estados para o inversor integrado Buck-Boost três estados.82 4.2.1 Modelagem para o inversor Buck-Boost três estados no modo de operação conectado à rede. .............................................................................................................................. 83 4.2.2 Obtenção das funções de transferência no modo de operação conectado à rede. ....... 88 4.2.3 Modelagem para o inversor Buck-Boost três estados no modo de operação ilhado. ... 91 4.2.4 Obtenção das funções de transferência no modo de operação conectado à rede. ....... 96 4.3 Projeto dos controladores ............................................................................................. 97 4.4 Modificação da planta original .................................................................................. 100 4.5 Controlador ressonante .............................................................................................. 102 5 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO ........................................................................... 107 5.1 Resultados da simulação no inversor Buck Boost três estados conectado à rede .. 109 5.1.1 Algoritmo de detecção do modo de operação ilhado SMS .......................................... 111 5.1.2 Formas de onda do inversor integrado Buck-Boost três estados no modo de operação conectado à rede ........................................................................................................... 112 5.1.3 Resultado do funcionamento do inversor integrado Buck-Boost três estados durante a transição do modo de operação conectado à rede ao modo ilhado ............................ 115 5.1.4 Formas de onda do inversor integrado Buck-Boost três estados no modo de operação ilhado ............................................................................................................................ 117 5.1.5 Formas de onda do inversor integrado Buck-Boost três estados durante a transição do modo ilhado ao modo conectado à rede ...................................................................... 118 5.2 Conclusões ....................................................................................................................... 120 6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ......................................................................... 121 6.1 Resultados para o protótipo no modo de operação ilhado ...................................... 123 6.1.1 Rendimento da estrutura .............................................................................................. 126 6.2 Resultados para o protótipo no modo conectado à rede .......................................... 127 6.3 Conclusões .................................................................................................................... 130 7 CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................... 132 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 133 APÊNDICE A – PROJETO DOS INDUTORES ..................................................... 139 22 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais Com o elevado crescimento populacional, assim como com o avanço do desenvolvimento industrial, o aumento da demanda crescente por energia elétrica é uma constante nesse cenário. O Brasil, além de ser um dos maiores países do mundo, é também o maior da América Latina, logo, a busca por energia proveniente de fontes não convencionais é assunto de importância capital para o país. Diante desse quadro, na atualidade, uma série de normas fornecem informações sobre a correta utilização destas energias complementarias, além de incentivar o manejo de fontes renováveis, visto que há uma preocupação considerável em relação à grande quantidade de emissão de gases poluentes na atmosfera. Assim, a Eletrônica de Potência tem se voltado às pesquisas relacionadas ao aproveitamento das fontes renováveis de energia, a fim de aperfeiçoar o processo de geração e fornecimento de energia elétrica oriunda de fontes não convencionais. As fontes não convencionais de energia, embora apresentem características peculiares, tornam-se interessantes em função de sua natureza, a exemplo da eólica, da solar, da biomassa, das células combustíveis etc., uma vez que, além de poderem fornecer energia a localidades remotas, proporcionam a redução de emissão de gases de efeito estufa, ao contrário das usinas convencionais, principalmente térmicas e nucleares, as quais são responsáveis por altos índices de gases poluentes (JAMIL et al., 2009). Nos últimos anos, os sistemas solares fotovoltaicos têm sido objeto de pesquisas ao redor do mundo, considerando a grande quantidade de energia solar disponível na Terra. Os painéis fotovoltaicos têm se tornado uma alternativa confiável para a geração de energia elétrica, o que se comprova com o crescimento desse tipo de instalação como fonte de energia limpa, tendo em vista as melhorias na eficiência das células solares e nas tecnologias de manufatura de painéis, e a redução dos custos dos sistemas de processamento eletrônico da energia elétrica – conversores Corrente Contínua (CC)/Corrente Contínua (CC)/Corrente Alternada (CA). Além disso, essas instalações podem funcionar nos modos de operação conectado à rede ou ilhado (BIALASIEWICZ, 2008). Outrossim, tais sistemas fornecem energia elétrica em níveis CC, de modo que é necessária a utilização de dispositivos de Eletrônica de Potência para a devida adequação dos níveis de energia ajustáveis aos valores de uso residencial e/ou industrial, nos quais as 23 especificações de tensões em corrente alternada (CA) são fixadas conforme a Tabela 1, com frequências de 50 ou 60 Hz, sendo, no Brasil, exclusivamente em 60 Hz (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008). Esses dispositivos, conhecidos como inversores, requerem controle para garantir a estabilidade do sistema e, da mesma maneira, assegurar eficiência e índices de qualidade de energia. Para melhor aproveitamento da energia dos sistemas fotovoltaicos, técnicas de rastreamento do ponto máximo de potência – Maximum Power Point Tracking (MPPT) – fornecida pelos painéis fotovoltaicos têm sido desenvolvidas, por meio da Eletrônica de Potência, a exemplo do método Perturbação e Observação – Perturbe and Observe (P&O) –, permitindo o aumento da eficiência do sistema. O uso de algoritmos de MPPT reduzem o tempo para o retorno do investimento. Tabela 1 – Faixas de tensões normatizadas para redes de distribuição Faixas de tensões (V), 50/60 Hz 120/208 110/220 127/220 220/380 220/440 115/230 120/240 127/254 Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2008). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo estudar o inversor três estados Buck-Boost monofásico para efetuar a conversão CC-CA, diretamente, sem estágio intermediário CC, para uma aplicação em geração fotovoltaica, com a possibilidade de atuar nos modos de operação conectado à rede e ilhado, conforme o esquema apresentado na Figura 1. 24 Figura 1 - Circuito esquemático do inversor três estados Buck-Boost, conectado à rede em CA. Fonte: Elaboração da própria autora. 1.2 Instalações solares fotovoltaicas na geração de energia elétrica Atualmente, no que tange à geração de energia elétrica, duas questões são importantes: a segurança energética e o dano ao meio ambiente, sendo este último normalmente decorrente do uso de fontes de energia convencionais. Nos países em desenvolvimento, o fornecimento de energia elétrica a comunidades isoladas é uma necessidade, o que representa melhorar as condições socioeconômicas tanto dessas comunidades quanto dos países, inserindo-os no mercado global competitivo (MARTINS et al., 2008). Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede compreendem tecnologias de geração de energia elétrica com rápido crescimento, cuja capacidade representa um aumento de 55% por ano, desde 2000. Em segundo lugar, encontra-se a energia eólica, com crescimento de 28% ao ano (MARTINOT, 2005). O apoio às políticas de energias renováveis tem contribuído para o crescimento deste mercado, além de proporcionar a redução dos custos, mais significativamente na energia solar fotovoltaica e na energia eólica (RENEWABLE ENERGY POLICY NETWORK FOR THE 21st CENTURY, 2015). No que diz respeito à capacidade instalada em gigawatts no mundo, os sistemas fotovoltaicos atingiram 138,9 GW no ano de 2013, valor considerável para esse tipo de sistema. Além disso, somente no ano de 2013, 38,4 GW desses sistemas foram instalados ao redor do mundo, ao passo que, em 2012, foram 30 GW. Logo, os sistemas FV continuam Sb Lb S1 S2 S3 S4 Co Lg Cf PV IPV iLb igrid Vgrid 25 sendo, após a energia hidráulica e a eólica, uma das fontes de energia renováveis mais importantes no que tange à capacidade instalada mundialmente (MASSON; ORLANDI; REKINGER, 2014). Entre os países que se destacam na produção desse tipo de energia, considerando-se somente as novas instalações em 2013, a China ocupou o primeiro lugar, com 11,8 GW, dos quais 500 MW representam sistemas ilhados. Na sequência, veio o Japão, com 6,9 GW, seguido pelos Estados Unidos, com 4,8 GW. No caso da Europa, a Alemanha foi o país de maior destaque, com 3,3 GW. Outros países da Europa também têm alcançado notoriedade, como é o caso da Inglaterra, com 1,5 GW; da Itália, 1,4 GW; da Romênia, 1,1 GW; e da Grécia, 1,04 GW. Além das citadas nações europeias, países como a Índia (1.115 MW), a Coreia do Sul (442 MW), a Tailândia (317 MW) e o Canadá (444 MW) apresentam representatividade nesse mercado. Na América, o crescimento volta-se para os Estados Unidos e o México (MASSON; ORLANDI; REKINGER, 2014), com dados que correspondem às novas instalações fotovoltaicas realizadas. 1.2.1 Desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos no mundo No final de 2009, a capacidade fotovoltaica instalada no mundo foi de mais de 23 GW. Um ano mais tarde, 40,3 GW, e, no final de 2011, 70,5 GW. Em 2012, atingiu os 100 GW, e, em 2013, foram quase 138,9 GW de energia. Tal capacidade é suficiente para atender à demanda da energia anual de mais de 45 milhões de lares europeus (MASSON; ORLANDI; REKINGER, 2014). Nesse cenário, a Europa continua sendo a região de maior importância em sistemas fotovoltaicos, com 81,5 GW, considerando-se dados de 2013. Isso representava, aproximadamente, 59% da capacidade acumulada no mundo naquele ano. A Ásia e os países do Pacífico desenvolvem-se rapidamente, com 40,6 GW, e os Estados Unidos, com 13,7 GW, também tomando como base dados de 2013 (MASSON; ORLANDI; REKINGER, 2014). Considerando-se o mercado atual para as novas instalações fotovoltaicas, China, Japão, Coreia, Austrália, Taiwan e Tailândia representam 56% do mercado mundial de energia fotovoltaica, seguida pela Europa, com 29%, e, em terceiro lugar, pelos Estados Unidos e pelo Canadá, além de outros países potenciais na África do Norte e no Médio Oriente, bem como na América do Sul (MASSON; ORLANDI; REKINGER, 2014). http://www.sinonimos.com.br/notoriedade/ 26 1.2.2 Desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos no Brasil A International Energy Agency (IEA) – Agência Internacional de Energia – estimou um aumento da demanda global por energia elétrica de 1,5% entre 2010 e 2039, o que aumentará o consumo de petróleo em torno de 22%, de gás natural em 42% e de carvão em 53%, no período de 20 anos. No Brasil, atualmente, a geração de eletricidade depende muito das usinas hidroelétricas instaladas em regiões remotas e de difícil acesso para alguns usuarios. Assim, quando os níveis de água dessas usinas não são suficientes, as usinas térmicas (carvão mineral e gás natural, principalmente) são acionadas para complementar a demanda energética, elevando significativamente o custo da operação do sistema e da energia elétrica ofertada. Obviamente, em um sistema de geração hidroelétrico, a capacidade de fornecimento de energia é dependente das variações dos níveis de água do reservatório, o que, por consequência, pode vir a causar problemas sociais e ambientais. No ano de 2001, o Brasil experimentou uma grave crise de abastecimento de energia elétrica, em razão de uma forte seca no Nordeste, no Sudeste e no Centro-Oeste do país, contexto no qual os armazenamentos de água nos reservatórios das usinas hidroelétricas eram deficientes para satisfazer as demandas dessas regiões (MITSCHER; RÜTHER, 2012). Diante desse quadro, significativas mudanças foram implementadas no setor elétrico nacional, a fim de garantir a regularização e a segurança no fornecimento de energia. Por conseguinte, as tarifas elétricas elevaram-se consideravelmente, o que forçou o setor a buscar novas fontes de geração de energia que garantissem tanto o abastecimento quanto a redução dos impactos ambientais. No que tange à crise de abastecimento de energia elétrica, no período de 2014/2015, em particular na região sudeste, o Brasil tem experimentado a falta de chuvas, esta crise traz serias consequências no abastecimento de eletricidade, e outras áreas como a agricultura. No estado de São Paulo, por exemplo, a média de chuvas em 2013 teve um volume de 762 mm, em 2014 foi de apenas 533 mm, ou seja, nesses dois anos, a pluviosidade total foi de 1.295, sendo que o esperado era 1.866mm. Em 2013, o volume foi de 762 mm e, em 2014, de apenas 533 mm. Desse modo a pluviosidade total nesses períodos foi de 1.295 mm, quando o esperado era de 1.866 mm. Levando em consideração que os meses de dezembro são aqueles em que há menor nível de água nas represas do sistema, em razão da sazonalidade do regime de chuvas. Os volumes de dezembro para os anos de 2009 a 2013 foram os seguintes: 92,5%; 27 72,5%; 69,0%; 47,6%; 30,3% e. Apenas em 2013 e 2014 os níveis ficaram em 30% ou abaixo, o que representa dois anos extremamente secos. De fato, considera-se que a situação em São Paulo corresponde à pior seca dos últimos 84 anos (SENADO FEDERAL, 2015). Entre as várias fontes de energia não convencionais no mercado, existem os sistemas fotovoltaicos de pequeno até grande porte, conectados à rede, que oferecem geração de energia limpa e ecologicamente sustentável em comparação às usinas à carvão, por exemplo. Tais sistemas reduzem as perdas de transmissão e distribuição, uma vez que o Sol é uma fonte de energia dispersa em todo o planeta, permitindo a geração de energia próxima da carga/consumo, considerando-se o conceito de geração distribuída. Além disso, no Brasil, a sazonalidade das estações do ano resulta em pequenas variações nos custos da geração fotovoltaica, permitindo menor impacto tarifário, ao contrário do que acontece em alguns sistemas convencionais, como as usinas hidroelétricas, as quais, por apresentarem maiores impactos das sazonalidades anuais, acabam ocasionando maiores impactos e variações nas tarifas. No entanto, a energia fotovoltaica como alternativa para a redução dos problemas de fornecimento de energia está longe de ser uma realidade popular no Brasil, devido aos seus altos custos para os padrões aquisitivos médios dos consumidores residenciais e comerciais do país (MITSCHER; RÜTHER, 2012). Cabe notar que o Brasil, por ser um país localizado em uma região intertropical, possui grande potencial para o aproveitamento de energia solar durante todo o ano (COLLE; BUENO, 1998). A utilização desse tipo de energia representa benefícios em longo prazo para o país, pois possibilita alcançar regiões remotas, onde o custo da eletrificação por rede convencional é muito elevado. Outra vantagem é a diminuição da dependência do mercado de petróleo, reduzindo, dessa forma, as emissões de gases poluentes na atmosfera. Entretanto, na atualidade, essa energia representa uma parcela incipiente na matriz energética brasileira, cujo interesse restringe-se, geralmente, ao aquecimento de água por meio de placas solares (BUENO et al., 2006). Ainda assim, os sistemas fotovoltaicos vêm se tornando importantes nos países em desenvolvimento. No caso do Brasil, segundo o boletim de monitoramento do sistema elétrico do mês de janeiro de 2015, as fontes fotovoltaicas aumentaram em três vezes a sua capacidade, saltando de 5 MW, em janeiro de 2014, para 15 MW, em janeiro de 2015, totalizando um percentual de crescimento de 206,9% e colocando o país em um lugar de destaque no comprometimento da produção de energia advinda de fontes não convencionais, fato que pode ser observado na Tabela 2, considerando-se, ainda, que cerca de 700 MW já se encontravam outorgados para construção em maio de 2015 (BRASIL- MME, 2015). 28 Tabela 2 – Matriz de capacidade instalada de geração de energia elétrica do Brasil. Fonte Janeiro/14 Janeiro/15 Evolução da Capacidade Instalada (Janeiro/15- Janeiro/14) Capacidade Instalada (MW) Nº de Usinas Capacidade Instalada (MW) % Capacidade Instalada Hidráulica 85.950 1.158 89.227 66,6% 3,8% Térmica 38.357 1.891 39.786 29,7% 3,7% Gás natural 13.896 122 12.776 9,5% -8,1% Biomassa 11.410 504 12.341 9,2% 8,2% Petróleo 7.672 1.241 9.085 6,8% 18,4% Carvão 3.389 22 3.593 2,7% 6,0% Nuclear 1.990 2 1.990 1,5% 0,0% Eólica 2.252 232 4.981 3,7% 121,2% Solar fotovoltaica 5 317 15 0,01% 206,9% Capacidade total 126.563 3.598 134.008 100,0% 5,9% Fonte: Brasil (2015). Os valores de capacidade instalada, na Tabela 2, foram obtidos do site da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (BRASIL-MME, 2015). 1.2.3 Potencial de irradiação solar no Brasil Não obstante apresentar diferentes características, o território Brasileiro possui boa uniformidade de irradiação solar global incidente com médias anuais relativamente altas em todo o país, conforme a Figura 2. Pode-se observar valor máximo de irradiação global encontra-se localizado no norte do estado da Bahia, sendo de 6,6 kWh/m2, ao passo que a no litoral norte de Santa Catarina tem-se a menor irradiação, 4,25 kWh/m2 território caracterizado pela ocorrência de precipitação bem distribuída ao longo do ano (BUENO et al., 2006). 29 Figura 2 - Atlas Solarimétrico do Brasil. Fonte: Adaptado de Bueno et al. (2006). Nos países da união europeia, os projetos para o aproveitamento de recursos solares contam com fortes incentivos governamentais, alguns desses projetos são amplamente disseminados em comparação com o Brasil, onde não tem-se este incentivo embora os valores de irradiação solar global incidente em qualquer região do território brasileiro (4.200-6.700 kWh/m2) são superiores aos da maioria dos países da União Europeia, como Alemanha (900- 1.250 kWh/m2), França (900-1.650 kWh/m2) e Espanha (1.200-1.850 kWh/m2) (BEYER; RÜTHER; OLIVEIRA, 2004). Em referencia ao estado de São Paulo, as possibilidades de aplicação de projetos com tecnologia solar é muito alta, porém ainda ocorrendo de maneira inerme, isto é, basicamente em aplicações de uso residencial para aquecimento de água, por exemplo. Em unidades de pesquisa e desenvolvimento, e em pequenas localidades isoladas. Vale notar que essa singela manifestação na matriz energética paulista representa um grande desafio (SÃO PAULO, 2013). Segundo o Atlas Solarimétrico do Brasil, disposto na Figura 2, o estado de São Paulo apresenta insolação diária média e radiação solar global diária média semelhantes às encontradas em grandes áreas referenciais do Nordeste brasileiro. O plano paulista tem como 30 desafio a viabilização da introdução, até 2020, de aproveitamentos energéticos com energia solar que sejam equivalentes a 1.000 MW, principalmente nos segmentos e usos finais, conforme a Tabela 3. Tabela 3 – Meta inicial do plano estadual paulista de energia até 2020. Segmentos e Usos Finais Participação (%) Capacidade em MW Potência equivalente instalada (2010) 20,7 207 Hotéis e similares 16,2 162 Habitações populares (Governos) 17,0 170 Outras habitações 17,0 170 Construções eficientes 10,0 100 Usinas de geração elétrica 5,0 50 Localidades isoladas 2,0 20 Comércio pequeno e média indústria 6,0 60 Estabelecimentos de saúde e ensino 6,0 60 Fonte: São Paulo (2013). A previsão é instalar o equivalente a 800 MW em equipamentos solares térmicos até 2020 (207 MW atualmente existentes e 592 MW a serem adicionados), sendo que 67% estarão no setor residencial, e os restantes 33%, no setor de comércio e serviços. Apesar de representativa, essa potência é equivalente, no setor residencial, a apenas 21% da demanda que será utilizada por chuveiros elétricos (SÃO PAULO, 2013). Esse mercado consumidor de tecnologia solar, conforme o plano estadual deverá ser efetivado de acordo com a Figura 3. Figura 3 - Potência instalada por tecnologia solar até 2020, no estado de São Paulo. Fonte: São Paulo (2013). 31 A pesar deste muito tímido planejamento para o estado de São Paulo, observa-se que, apenas as plantas de GD fotovoltaicas outorgadas para construção em 2014 pela ANEEL, ultrapassam os 100 MW, somente no estado de São Paulo. A partir da base de dados gerada para a elaboração do Atlas Brasileiro de Energia Solar (BUENO et al., 2006), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi possível determinar o potencial da irradiação solar no estado de São Paulo, conforme se observa na Tabela 4. Tabela 4 – Radiação (kWh/m2) solar global média nos municípios do estado de São Paulo. Município Anual Primavera Verão Outono Inverno Araçatuba 5,520 6,672 5,970 4,697 4,741 Barretos 5,509 6,711 6,057 4,474 4,794 Bauru 5,466 6,540 5,919 4,581 4,824 Campinas 5,388 6,347 6,147 4,402 4,658 Franca 5,484 6,385 6,133 4,618 4,801 Marília 5,384 6,590 5,786 4,573 4,588 Presidente Prudente 5,401 6,578 6,039 4,517 4,468 Registro 4,388 5,239 5,560 3,482 3,273 Ribeirão Preto 5,489 6,545 6,117 4,476 4,819 Santos 4,709 5,747 5,455 3,881 3,753 São Carlos 5,444 6,390 6,089 4,480 4,819 São José dos Campos 5,053 6,002 5,625 4,227 4,357 São José do Rio Preto 5,512 6,695 5,876 4,597 4,878 São Paulo 4,589 5,251 5,352 3,967 3,784 Sorocaba 5,126 6,105 5,933 4,237 4,231 Fonte: São Paulo (2013). É importante salientar que o estado de São Paulo apresenta condições favoráveis para o aproveitamento da tecnologia de geração de energia solar. De acordo com (SÃO PAULO, 2013, p. 45). Todavia, ações voltadas ao direcionamento de políticas públicas quanto ao equacionamento de entraves financeiros, tecnológicos, burocráticos, institucionais e de capacitação devem ser alinhadas, considerando as vantagens socioambientais da utilização da tecnologia solar, a fim de permitir que São Paulo, e também o país, possam competir em um mercado energético renovável. 32 1.3 Tecnologias das células fotovoltaicas Os dispositivos com o objetivo de converter a energia solar em eletricidade são denominados células fotovoltaicas, baseando o seu funcionamento no efeito fotovoltaico. O fenômeno fotoelétrico foi descoberto em 1839, pelo físico francês Alexandre Edmond Becquerel, ao observar a condução de corrente elétrica em uma bateria química quando sujeita à iluminação, inclusive a solar, em função de tensão induzida nos terminais de seus eletrodos (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013). O efeito fotovoltaico foi descoberto em 1873, por Willoughby Smith, quando observou o aparecimento de tensão elétrica terminal em um dispositivo semicondutor de selênio, com a incidência de luz. Contudo, somente em 1883, Charles Fritts desenvolveu a primeira célula fotovoltaica de selênio, mas com um rendimento em torno de apenas 1%. Em 1921, Albert Einstein recebeu o prêmio Nobel pela formulação e equacionamento matemático do efeito fotovoltaico em semicondutores, sendo então possível o início do advento das células fotovoltaicas a semicondutor de silício, em 1954, com os pesquisadores Calvin Fuller, Gerald Pearson e Daryl Chapin, do Bell Laboratories, nos Estados Unidos (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013). Dessa forma, desde o seu advento, as células fotovoltaicas a silício têm evoluído e se tornado as mais utilizadas para a conversão fotovoltaica. Atualmente, essas células encontram-se disponíveis comercialmente com uma eficiência de conversão de energia elétrica, a partir da luz solar recebida, próxima de 18%. Hoje em dia, existem pesquisas em desenvolvimento sobre o uso de outros materiais semicondutores, como o dióxido de titânio (TiO2), já que este pode ser obtido através de processos industriais em grande escala. A sua principal vantagem é o custo de fabricação, porém a desvantagem é ter uma eficiência de apenas 7% na conversão de energia solar em energia elétrica. Em uma célula fotovoltaica a silício, junção p-n, é possível a produção de um campo elétrico (do lado n para o lado p), por meio da incidência de fótons de luz (solar, por exemplo), provocando um fluxo de elétrons e uma tensão terminal entre os contatos externos metálicos negativo (lado p) e positivo (lado n), conforme ilustra a Figura 4. 33 Isc Im Vm Voc Escuro Iluminado Figura 4 - Mobilidade e fluxo de elétrons em uma célula fotovoltaica de silício. Fonte: Elaboração da própria autora. Dessa maneira, torna-se possível manter uma corrente elétrica pelo circuito, e, portanto, o funcionamento da célula como gerador fotovoltaico (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013). Fazendo uma analise matemática é possível verificar a tensão de saída (Voc) em função da corrente de curto-circuito (Isc) e da corrente da carga (Io), como é representado em (1) (SOGA, 2006).        1ln 0I Isc q nkTVoc (1) Onde, n é o fator de idealidade 21  n , k é a constante de Boltzmann, T é a temperatura absoluta, q é a carga elétrica e I0 é a corrente da carga. Um esboço da curva de corrente-tensão da junção p-n de uma célula fotovoltaica, nos momentos escuros e iluminados, é mostrado na Figura 5. Figura 5 - Esboço rudimentar da curva corrente-tensão de uma célula fotovoltaica de silício. Fonte: Bahrami, Mohammadnejad e Soleimaninezhad (2013). Os valores de Isc e Voc dependem do tipo de semicondutor: nos semicondutores com menor banda de energia, como o germânio (Ge), os valores observados de Isc e Voc são 34 elevados, enquanto nos semicondutores de maior banda de energia, como o fosfeto de índio- gálio (InGaP), acontece o contrário. A célula fotovoltaica é modelada como uma fonte de corrente em paralelo com um diodo, conforme a Figura 6. Quando a luz é irradiada na superfície da célula, produz-se uma corrente proporcional à intensidade da luz (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013). Figura 6 - Circuito equivalente para uma célula fotovoltaica de silício. Rp Rs Iph I Fonte: Casaro e Martins (2008).   p s rph R RIV e TkRsIVq III              1 / (2) Onde: V, I = Tensão e corrente nos terminais de saída da célula fotovoltaica; Iph = Fotocorrente; Ir = Corrente de saturação reversa da célula; Rs, Rp = Resistência série e paralela da célula; q = Carga do elétron, Cx 19106,1  ;  = Fator de qualidade da junção p-n; K = Constante de Boltzmann, KJx /1038,1 23 ; e T = Temperatura ambiente, K. Onde Rs e Rp são a resistência em série e paralelo, respetivamente, e Iph, a corrente fotoelétrica. A resistência em série é formada em razão da resistência do material à corrente que flui desde a superfície superior até os contatos; já a resistência em paralelo se deve à 35 corrente de vazamento, por meio de bordas do dispositivo e entre os diferentes polos. Para uma célula de comportamento ideal, a resistência em série deve ser igual a zero e a resistência em paralelo deve ser infinita (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013). 1.3.1 Tipos de células fotovoltaicas Os tipos de células fotovoltaicas encontradas no mercado subdividem-se em três grupos: os de primeira, os de segunda e os de terceira geração. A seguir, são descritas as vantagens e as desvantagens de cada um desses grupos (MARTINEZ, 2013):  Células fotovoltaicas de primeira geração: compostas por material semicondutor de silício cristalino. Subdividem-se em: a. Células monocristalinas de silício (mc-Si): possuem uma estrutura homogênea, sendo necessário que o silício tenha um grau de pureza de 99,99%. Apresentam uma eficiência superior a 25% e são mais caras do que as demais células (LUQUE; HEGEDUS, 2003). Podem ser encontradas nas formas redondas, semiquadradas ou quadradas. As células redondas possuem custo menor em relação às semiquadradas e às quadradas, porém não são muito utilizadas em módulos especiais, como, por exemplo, em sistemas de integração em edifícios para os quais é necessário algum grau de transparência. Para os sistemas solares domésticos, as células redondas oferecem uma boa alternativa (BAHRAMI; MOHAMMADNEJAD; SOLEIMANINEZHAD, 2013); b. Células policristalinas de silício (pc-Si): precisam de menos energia na sua fabricação, e, portanto, têm um custo menor de produção, apresentando um rendimento elétrico inferior, da orden de 20,4%. Essa redução de rendimento ocorre devido à imperfeição do cristal, por consequência do processo de fabricação. A maior vantagem do uso de células policristalinas é diminuir as falhas na contaminação com metais e estrutura de cristal (LUQUE; HEGEDUS, 2003);  Células fotovoltaicas de segunda geração: também chamadas de células de filme fino, possuem como características principais o fato de serem flexíveis e precisarem de uma área maior para atingir a mesma potência das células de silício, estando menos sensíveis a altas temperaturas e apresentando menores alterações de conversão pelo sombreamento (LUQUE; HEGEDUS, 2003). Nesse caso, os semicondutores fotoativos são aplicados em finas camadas em um substrato (na maioria dos casos, vidro), cujos métodos incluem disposição por vaporização, processos de disposição catódica e banhos eletrolíticos, em que o 36 silício amorfo (a-Si), o disseleneto de cobre e índio (CIS), e o telureto de cádmio (CdTe) são utilizados como materiais semicondutores. Devido à elevada absorção luminosa desses materiais, uma camada com uma espessura menor que 0,001mm é teoricamente suficiente para converter a luz solar em eletricidade. Esses materiais são mais tolerantes à contaminação de átomos estranhos. Comparando com as temperaturas de fabricação das células de silício cristalino, que vão até 1.500ºC, as células de película fina apenas requerem temperaturas situadas entre 200ºC e 500ºC. Os menores consumos de materiais e de energia, assim como a elevada capacidade de automatização na produção em larga escala, oferecem um potencial considerável para a redução dos custos na produção, quando comparados à tecnologia de produção do silício cristalino. As células fotovoltaicas de segunda geração podem ser classificadas da seguinte forma: a. Silício amorfo (a-Si): dissentes da tecnologia do silício cristalino, pelo fato de que os átomos de silício estão localizados de forma aleatória em relação aos outros. Têm como maior desvantagem a sua baixa eficiência durante os primeiros seis a 12 meses de funcionamento, em função da degradação induzida pela luz (“Efeito Staebler-Wronski”) até nivelar um valor estável, razão de células solares de múltiplas junções serem desenvolvidas para resolver esse problema (MARTINEZ, 2013); b. Disseleneto de Cobre e Índio (CIS): contêm elementos semicondutores dos grupos I, III e VI da tabela periódica, o que constituiu um benefício, devido à elevada absorção óptica dos seus coeficientes e às características elétricas, favorecendo a eficiência quântica, e, portanto, aumentando o rendimento na conversão de energia (MARTINEZ, 2013). Quando se fabricam as células, o substrato de vidro é inicialmente revestido com uma camada fina de molibdénio, como contato reverso, utilizando o processo de disposição catódica. A camada absorvente CIS do tipo p pode ser fabricada através da vaporização simultânea dos elementos cobre, índio e selênio em uma câmara a vácuo, à temperaturas de 500ºC. Ao contrário do silício amorfo, as células solares CIS não se degradam com a indução da luz (LUQUE; HEGEDUS, 2003); c. Disseleneto de Cobre, Índio e Gálio (CIGS): ao contrário das células de silício, estas células têm um modelo heterógeno multifacetado. A melhor eficiência da célula fotovoltaica é de 19,6% e fica perto de 13% para os módulos fotovoltaicos de grande área (MARTINEZ, 2013); d. Telureto de Cádmio (CdTe): estas células são fabricadas sobre um substrato de vidro, com uma camada de condutor transparente, normalmente óxido de estanho e índio (OTI) como contato frontal. Além disso, são revestidas com uma camada transparente de 37 sulfeto de cádmio (CdS), do tipo n (que é tão fina quanto possível), antes de serem revestidas com a camada absorvente de CdTe, do tipo p, em processos simples de fabricação, como a impressão em tela, a disposição galvânica e a pirólise pulverizada, e a produção de CIS. Esta tecnologia apresenta um potencial considerável para a redução de custos em uma produção em massa, no entanto, a toxicidade do cádmio pode constituir um problema, que poderá afetar a aceitação dos módulos de forma positiva no mercado, uma vez que o CdTe, apesar de ser um composto não tóxico de elevada estabilidade, pode apresentar risco ao ambiente e à saúde na sua condição de gás. O estado físico gasoso apenas ocorre durante o processo de fabricação das células, em centros de produção com ambientes controlados. Estas células apresentam uma eficiência de 6-9% (PORTAL ENERGIA, 2004);  Células fotovoltaicas de terceira geração: são conhecidas como células de nova tecnologia. Entre as mais importantes, destacam-se: a. Células solares fotoeletroquímicas (Células de Grätzel): o material básico da “Célula de Grätzel” é o semicondutor de dióxido de titânio (TiO2). No entanto, ela não funciona na base de uma junção p-n no semicondutor, mas absorve a luz em um corante orgânico, da mesma maneira que as plantas processam a clorofila para capturar a energia da luz solar, por meio da fotossíntese. Assim, quando a luz incide na célula, o corante é estimulado e injeta um elétron no dióxido de titânio. O elétron passa entre as partículas do TiO2 para o eletrodo superior, alcançando o eletrodo inferior, por meio do circuito elétrico externo. O catalisador de platina ajuda a transferir o elétron para a solução eletrolítica. O eletrólito transporta o elétron novamente ao corante e o ciclo fica completo. Os materiais utilizados não são tóxicos e a sua produção é econômica. O dióxido de titânio é produzido em grandes quantidades na indústria (utilizado, por exemplo, nas tintas de parede, na pasta dentifrícia e no papel). Quanto aos materiais dispendiosos, como a platina e os corantes estáveis, sua proporção é ínfima no processo (PORTAL ENERGIA, 2004); b. Células solares orgânicas e células solares de polímero: são construídas a partir de películas finas (tipicamente 100 nm) de semicondutores orgânicos, tais como polímeros e compostos de pequenas moléculas, bem como pentaceno, polifenileno, vinileno, ftalocianina de cobre e fulerenos. A eficiência mais elevada obtida trabalhando com polímeros varia entre 8% e 10%. No entanto, a característica de mais interesse desse material é a sua flexibilidade mecânica e reaproveitamento, uma vez que, em sua grande parte, é feito de plástico (CHAAR; LAMONT; ZEIN, 2011). 38 1.4 Extração da máxima potência dos painéis fotovoltaicos A energia solar fotovoltaica é uma alternativa importante para atender à demanda de eletricidade, pois oferece energia limpa e, portanto, redução das emissões de gases poluentes. Como já foi mencionado, o Brasil possui condições extremamente favoráveis para a produção de energia através de sistemas fotovoltaicos. No entanto, o custo é a grande desvantagem, incluindo o sistema fotovoltaicos, a bateria, o inversor (com o controle de MPPT), além da vida útil limitada dos painéis. Desse modo, para garantir a máxima extração da energia dos sistemas fotovoltaicos, existe a necessidade de um sistema de rastreamento do ponto máximo de potência (JAIN; AGARWAL, 2004). Contudo, o ponto de operação é variável, e esse rastreamento é fundamental para o aproveitamento das diferentes condições de irradiação solar. Assim, com o uso adequado dos algoritmos de MPPT, é possível aumentar o retorno do investimento (GALOTTO, 2011). Existe uma variedade de algoritmos de MPPT e, dependendo da categoria e desempenho, eles podem aumentar a quantidade de energia aproveitada durante um mesmo período, mas também podem levar ao aumento do custo do inversor pela necessidade de maior número de sensores ou de um circuito com controle mais complexo (GALOTTO, 2011). Alguns dos algoritmos mais conhecidos são: o Método de Perturbação e Observação (P&O), a Tensão Constante, a Condutância Incremental – Incremental Conductance (InC) –, o Método Beta, a Oscilação do Sistema e a Correlação do Ripple. Tais algoritmos serão descritos mais detalhadamente no capítulo 2 deste trabalho. 1.5 Modos de operação dos sistemas solares fotovoltaicos Embora as vantagens dos sistemas solares fotovoltaicos ainda sejam pouco aproveitadas, obter energia do Sol tem sido uma alternativa interessante. Assim, com a finalidade de obter vantagens de aplicação na geração distribuída, o modo de operação conectado à rede torna-se de especial interesse, sobretudo quando não são necessários sistemas de armazenamento de energia. Quanto ao modo de operação ilhado, o mesmo é conhecido pelo funcionamento autônomo das plantas de geração distribuídas para fornecer a sua própria energia, ou seja, o modo de operação define a saída do conversor, para que este forneça energia a cargas http://www.sinonimos.com.br/autonomo-2/ 39 conectadas à rede de forma autônoma. A saída do conversor precisa ter a característica de fonte de tensão para atender à maioria das cargas. Nesse caso, a saída é um filtro LC, cuja finalidade é eliminar os componentes múltiplos de frequência de chaveamento, isso para o caso de um inversor com saída tipo fonte de tensão – Voltage Source Inverter (VSI) –, controlado em modo tensão, ou seja, a variável escolhida para o sistema de controle é uma tensão, a qual é a tensão do capacitor. Para o caso de um inversor com saída fonte de corrente – Current Source Inverter (CSI) –, torna-se necessário um capacitor para se carregar com a corrente pulsante, provendo, dessa forma, a tensão necessária (BRITO, 2013). Por outro lado, para o modo de operação conectado à rede elétrica, a saída do conversor deve ser do tipo fonte de corrente, e, desse modo, um indutor de conexão com a rede será necessário. 1.6 Integração de estágios A integração de estágios corresponde à união do estágio inversor ao estágio elevador nas topologias sem insolação galvânica, cujas principais vantagens são a redução do número de componentes e a simplificação do circuito (GALOTTO, 2011). Assim, o conversor Boost CC-CC pode ser integrado ao inversor convencional VSI, eliminando o diodo e o capacitor, e, por consequência, a chave do conversor Boost pode ser substituída pelas chaves do inversor. O resultado dessa integração leva ao conhecido inversor CSI (Current Source Inverter). É importante observar que, para o correto funcionamento do inversor CSI, os diodos em antiparalelo do VSI devem ser retirados, uma vez que causariam curto-circuito no capacitor de saída. Com essa integração, o controle do inversor e a elevação de tensão são realizados pelo mesmo conversor. A dinâmica dessa estrutura apresenta as mesmas características do conversor Boost, ou seja, é lenta e difícil de controlar em altas frequências, devido à presença de um zero no semiplano direito, outro problema encontra-se na limitação de gerar tensões só menores do que a entrada. Quando se tem a topologia convencional com dois estágios, esta característica do conversor abaixador não é significativa, por que o inversor faz o trabalho do Boost. É por esta razão que um conversor Buck-Boost não é implementado antes do estagio inversor, porém, a integração com um Buck-Boost resolve esse problema de controle (GALOTTO, 2011). A vantagem dessa estrutura está na melhora da dinâmica do circuito, possibilitando o controle CA em modo tensão e eliminando o problema no cruzamento por zero, além de permitir a possibilidade de realização do desacoplamento de potência ativa (GALOTTO, 2011). 40 1.7 Capacitor de desacoplamento O desacoplamento de potencia é um requerimento importante para o funcionamento ótimo do painel fotovoltaico no ponto máximo de potência– Maximum Power Point (MPP), uma vez que o rastreamento do ponto máximo de potência é influenciado pela ondulação de tensão na saída do painel. O painel estará mais distante do ponto máximo de potência quanto maior seja a ondulação presente nessa tensão (BRITO, 2013). O elo CC é o responsável por realizar o desacoplamento de potência nas configurações de conversores com dois estágios. Devido que os dois estágios podem operar em função das flutuações de tensão nesse capacitor, os controles são independentes, isto é uma grande vantagem, funcionando assim como um desacoplamento ativo de potência e podendo ajustar os controladores para atingir a máxima potência. No caso de ter só um estagio, o capacitor deve ser colocado em paralelo com o painel fotovoltaico, para realizar um desacoplamento passivo, e para fornecer resposta transitória o controle deve ser ajustado, porem obter o máximo desempenho já não é mais possível (BRITO, 2013). O processo de desacoplamento apresenta a desvantagem, para o caso de conversores com dois estágios, de que a tensão de operação do capacitor no link CC deve ser maior do que o pico da tensão da rede; já que para atender o desacoplamento o capacitor em paralelo com o fotovoltaicos necessita de maior capacitância. Em compensação, este capacitor não precisa suportar a mesma tensão que o capacitor do link CC (GALOTTO, 2011; BRITO, 2013). 1.8 Proposta de trabalho Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo o estudo de um inversor que seja capaz de fornecer tensão alternada para cargas conectadas em modo de operação ilhada e conectada à rede, a partir de um sistema solar fotovoltaico. Os valores de frequência e de tensão alternada devem estar de acordo com as especificações das cargas monofásicas padrões no uso domiciliar. A estrutura inversora deve elevar os níveis de tensão fornecidos pelo painel, antes de realizar a conversão CC-CA e entregar a energia para a rede. Além disso, o inversor deve operar com um rendimento adequado, e com níveis de distorção harmônica, de acordo as normas vigentes. Para esse propósito, propõe-se uma estrutura de inversor três estados monofásico, proposto pelo autor (GALOTTO, 2011), juntamente com o desacoplamento ativo de potência. 41 Com essa estrutura inversora, é possível controlar a carga e a descarga do indutor Buck-Boost de modo independente, graças ao acréscimo do terceiro estado, chamado de estado de roda-livre, responsável por manter a corrente constante (GALOTTO, 2011). Trabalha-se com uma frequência de chaveamento elevada, resultando, desse modo, em elementos reativos reduzidos. Pelo fato de a estrutura apresentar menor número de componentes semicondutores, espera-se que esse rendimento seja maior. Além de apresentarem a vantagem da eliminação do capacitor do elo CC, devido à modulação de três estados, as dinâmicas do conversor melhoram o desempenho da estrutura e possibilitam o controle CA em modo tensão, eliminando assim o problema do cruzamento por zero, que podem aparecer ao realizar controle em modo corrente, devido que do ponto de vista do sistema de controle, a saída CA e a entrada CC não são compatíveis. Ademais, existe a possibilidade de realizar o desacoplamento de potência ativa, semelhante aos conversores convencionais de dois estágios. Mas a limitante de não serem encontrados módulos prontos quando se utiliza a modulação de três estados o torna difícil de implementar, e com a desvantagem da redução da faixa de razão cíclica de controle (GALOTTO, 2011). Devido a essa situação e estrutura inversora, ela deve ser capaz de fornecer energia para as cargas, atuando em modo de operação ilhado. Adicionado a isso, o modo de operação conectado à rede e ilhado propõe metodologias de controle em modo de corrente e de tensão por valores médios instantâneos. O modelo deduzido para pequenos sinais foi obtido por meio da modelação por valores médios em espaços de estados. Para melhor situar este estudo, faz-se necessário conhecer a organização sequencial dos capítulos desenvolvidos. No capítulo 2 é apresentado um panorama dos diferentes algoritmos de MPPT utilizados nos sistemas de fotovoltaicos, enquanto o capítulo 3 traz a síntese, assim como as análises qualitativa e quantitativa, do inversor Buck-Boost, detalhando as etapas de operação, as principais grandezas e as considerações dos componentes semicondutores, além de demonstrar um exemplo de projeto para o estágio de potência. No capítulo 4, se mostrou a modelação da estrutura desenvolvida por valores médios e em espaço de estado, com o objetivo de projetar um controlador que garanta a estabilidade e apresente transitórios reduzidos e um bom rastreamento dos sinais a controlar. Outrossim, são determinadas as funções de transferência e é realizado o projeto dos controladores. No capítulo 5, por sua vez, apresentou-se os principais resultados da simulação computacional do sistema, o que inclui a simulação do inversor operando nos modos 42 conectado à rede e ilhado, assim como as transferências de um modo para outro. Para essa finalidade, foi utilizada a ferramenta Simulink®, do software MATLAB®. No capítulo 6, apresentam-se e se discutem os principais resultados experimentais para o protótipo do inversor integrado Buck-Boost três estados monofásico implementado em laboratório para conferir a validade da modelação desenvolvida e a funcionalidade dos controladores projetados. As conclusões, assim como as propostas de continuidade do trabalho, encontram-se no capítulo 7. 43 2 SISTEMAS DE RASTREAMENTO DO PONTO MÁXIMO DE POTÊNCIA Os painéis fotovoltaicos apresentam características elétricas não lineares de tensão versus corrente, conforme exemplificado na Figura 7, a seguir. Como é apresentado nessa figura, a corrente e a potência dos sistemas fotovoltaicos dependem da operação do terminal de tensão do sistema, variando de acordo com o nível de radiação solar e de temperatura, o que torna a extração dessa máxima potência uma tarefa difícil. O ponto máximo de potência do painel dependerá dos valores de corrente e tensão, e, portanto, a finalidade do rastreamento do ponto máximo de potência é fazer com que o painel opere nesse ponto (HUSSEIN et al., 1995). Figura 7 - Curvas IV e PV do painel. 0 1 2 3 4 5 10 15 20 25 I(A) Isc Voc Imp Vmpp 5 10 15 20 V(V) 0 20 40 60 80MPP MPP P(W) Fonte: Elaboração da própria autora. Com a finalidade de obtenção do máximo aproveitamento fotovoltaico, a realização dos algoritmos de rastreamento do ponto máximo de potência dos painéis é fundamental, melhorando o retorno financeiro do sistema fotovoltaico. Os algoritmos de MPPT são de extrema importância para a ótima utilização da energia solar disponível. Isso porque um algoritmo de MPPT objetiva determinar qual é o ponto de operação de maior geração de energia elétrica do painel fotovoltaico, levando em conta as variações instantâneas de irradiação e temperatura. Neste capítulo, são apresentados os principais métodos de MPPT e suas funcionalidades. 44 2.1 Introdução Os algoritmos para o rastreamento do ponto máximo de potência desenvolvidos atualmente existem em significativa variedade. Esses algoritmos podem ser classificados em três principais categorias: algoritmos baseados em modelo, algoritmos baseados em treinamento e algoritmos heurísticos (ELGENDY; ZAHAWI; ATKINSON, 2008). Os diferentes métodos de MPPT utilizados nos sistemas fotovoltaicos atuam de maneira diferenciada, sendo que os sistemas fotovoltaicos são de especial interesse, de tal sorte que se torna muito importante realizar uma comparação entre os diferentes algoritmos disponíveis (JAIN; AGARWAL, 2007). Os algoritmos baseados em modelo são os que dependem de um modelo matemático para o cálculo da tensão ou corrente do ponto máximo de potência (ELGENDY; ZAHAWI; ATKINSON, 2008). Os métodos de aproximação do MPP em função das características do painel fotovoltaico oferecem um melhor desempenho das dinâmicas, porque é muito fácil obter um modelo exato de um único painel, rastreando, assim, a tensão do ponto máximo de potência para as condições ambientais dadas. No entanto, para funcionar de forma correta, tais algoritmos requerem o uso de sensores de custos altos, como, por exemplo, o piranômetro (CRISTALDI et al., 2013). Quando há módulos de conversores integrados – Module Integrated Converters (MIC) –, o método adequado é o baseado no modelo. Se um modelo exato do painel fotovoltaico encontra-se disponível, assim como uma estimação das condições ambientais, será possível rastrear o ponto da máxima potência para cada módulo. A vantagem principal é a resposta extremadamente rápida às variações de radiação solar em comparação com os algoritmos de escalada, como o P&O, ou a condutância incremental, que não permitem mudanças rápidas da tensão do módulo. Isso faz com que o sistema seja mais eficiente, porém com custo alto (CRISTALDI et al., 2013). Os algoritmos baseados em treinamento são métodos rápidos e precisos que requerem o uso de microcontroladores ou processadores digitais de sinais para a sua execução. Por consequência, possuem um custo maior para a sua realização, mas com a vantagem de dispensarem a necessidade de conhecimento detalhado do sistema fotovoltaico ou da sua descrição precisa em termos de modelos matemáticos. Exemplos desse tipo de algoritmo são os baseados em inteligência artificial, como lógica fuzzy, ou por redes neurais artificiais (SYAFARUDDIN; KARATEPE; HIYAMA, 2009). Em relação aos algoritmos heurísticos, eles se baseiam no sensoriamento dos valores de tensão e de corrente do painel fotovoltaico para a tomada de decisão de aumento ou 45 diminuição da variável de controle. Apresentam a vantagem de não necessitarem de conhecimento prévio das características do painel (ELGENDY; ZAHAWI; ATKINSON, 2008). Os mais conhecidos são o Método de Escalada (Hill Climbing) (ALAJMI et al., 2010), a Condutância Incremental (KISH; LEE; LEHN, 2012), a Tensão Constante (KOBAYASHI; MATSUO; SEKINE, 2006), o Método de Escalada (Hill Climbing) Modificado (XIAO; DUNFORD, 2004) e o Método Beta (JAIN; AGARWAL, 2004), sendo que este último método tem uma complexidade média e apresenta bons resultados, bem como uma positiva oscilação do sistema (HO; CHUN; LO, 2004). A finalidade de cada método é descobrir se a corrente do painel precisa ser aumentada ou diminuída de modo a incrementar a transferência de potência (GALOTTO, 2011). 2.2 Eletrônica de Potência aplicada ao MPPT O aumento do uso dos sistemas fotovoltaicos é um fato, mas o seu rendimento é reduzido devido às variações nas condições de funcionamento das células do sistema fotovoltaico. Essas variações ocorrem em razão de fatores externos, como as nuvens, as sombras, a sujeira no painel, bem como por mudanças na temperatura, pela irradiação e também por características próprias do sistema fotovoltaico, como o envelhecimento dos semicondutores. Como já foi mencionado, as não linearidades do painel levam o mesmo a ficar dependente dos valores de tensão e de corrente para operar no ponto máximo de potência. Nesse sentido, o uso dos conversores de Eletrônica de Potência para o rastreamento do ponto máximo de potência é uma alternativa para reduzir os problemas de rendimento dos sistemas fotovoltaicos (POSHTKOUHI et al., 2011). Os sistemas fotovoltaicos produzem uma corrente contínua que não é compatível com as referências de funcionamento da maioria dos aparelhos, os quais necessitam de correntes alternadas. É por isso que um inversor deve ser integrado ao sistema para garantir valores adequados de tensão, corrente e frequência. Também é necessário um conversor CC-CC para melhorar as características da tensão produzida pelo painel (LINARES et al., 2009). Além de adicionar conversores de Eletrônica de Potência para adequar os níveis de tensão, um algoritmo de MPPT tem de ser escolhido dependendo da funcionalidade do sistema fotovoltaico, da capacidade de investimento, do nível de rendimento requerido, entre outros fatores. Para um ótimo funcionamento do algoritmo de MPPT, o conversor de Eletrônica de Potência possibilita realizar a relação entre o módulo fotovoltaico e a carga, 46 para permitir que o controlador MPPT leve o painel ao ponto determinado de potência. No caso mais ótimo, esse ponto seria o ponto máximo de potência (FEMIA et al., 2009). Cabe observar que há uma variedade de topologias que podem ser usadas nos sistemas fotovoltaicos para a adequação dos valores de tensão, corrente e frequência, e para levar o sistema fotovoltaico ao seu ponto máximo de potência. Os mais usados são o Buck-Boost, o Boost-Buck e o Boost, considerando que os níveis de tensão reduzidos advindos do painel têm de ser elevados e adequados para serem usados como a entrada requerida pelo inversor conectado à rede (FEMIA et al., 2009). O controle MPPT gera os sinais ou variáveis de controle principais, seja por exemplo uma razão cíclica, enquanto os conversores de Eletrônica de Potência fornecem os sinais de controle adicional para garantir estabilidade e permitir que o controle MPPT funcione da melhor maneira possível. Na Figura 8, é possível observar a topologia padrão em um sistema fotovoltaico com o uso dos controles modulação por largura de pulso – Pulse-Width Modulation (PWM) –, MPPT, e o controle da estabilidade do sistema. Figura 8 - Topologia padrão de condicionamento de energia de um sistema fotovoltaico com controle MPPT. Fonte: Femia et al. (2009). Uma topologia que mostra o uso da Eletrônica de Potência no rastreamento do ponto máximo de potência pode ser observada na Figura 9, com conversor Boost e Load Commutated Inverter (LCI) – Inversor de linha comutado –, e controle MPPT. CC/CC CC/CA MPPT PWM Controle Controle 47 Figura 9 - Topologia para condicionamento de energia com conversor Boost e LCI, e controle MPPT. Boost LCI MPPT Transformador 127/220V Controle do ângulo cs Id Fonte: Arjun et al. (2012). Na topologia acima, Arjun et al. (2012) propõem uma estratégia na qual o ângulo de disparo do inversor de linha comutado (LCI) seja fixado em um valor apropriado, com a implementação de um conversor Boost; a tensão fornecida pelo painel é elevada e mantida constante. Portanto, a corrente do elo CC-CC é controlada e usada como sinal para atingir o ponto máximo de potência (ARJUN et al., 2012). Neste tipo de topologia a potência fluirá do sistema PV à rede quando o ângulo de disparo seja maior do que 90°, com elevados valores de indutância de saída no conversor Boost, pode ser atingido pequeno ripple de corrente. Ademais não precisa de nenhum circuito adicional para realizar a sincronização da frequência do inversor com a frequência da rede (ARJUN et al., 2012). 2.3 Detalhamento dos algoritmos de MPPT 2.3.1 Escalada (Hill Climbing) ou P&O O algoritmo de perturbação e observação é muito usado, devido à simplicidade para a sua realização (ESRAM; CHAPMAN, 2007). O rastreamento do ponto máximo de potência é realizado perturbando periodicamente a variável de controle, ou seja, a tensão do módulo fotovoltaico, e comparando a potência instantânea do módulo fotovoltaico antes e após a perturbação, escolhendo-se o sinal da perturbação da tensão de tal forma que garanta o incremento da potência do sistema fotovoltaico. Se o painel encontra-se conectado com um conversor de energia, é perturbada a razão cíclica do conversor. A corrente do módulo 48 fotovoltaico é perturbada, e, em consequência, também a tensão do sistema fotovoltaico (ESRAM; CHAPMAN, 2007). A principal vantagem do método P&O é que este é independente do tipo de painel, mas necessita de sensores de corrente e de tensão (BRITO, 2013). Figura 10 - Curva característica de potência do sistema fotovoltaico 5 10 15 20 Voc 0 20 40 60 80 MPP P(W) Fonte: Elaboração da própria autora. Na Figura 10, é possível observar o aumento e a diminuição da tensão, e o aumento e a diminuição da potência, dependendo do ponto de trabalho, seja à esquerda ou à direita do MPP. Em razão disso, há o aumento da potência. A perturbação seguinte deve se manter igual para conseguir o MPP; se há diminuição na potência, a perturbação deve ser invertida (ESRAM; CHAPMAN, 2007). A Tabela 5 resume o funcionamento desse algoritmo, empregado para tensões instantâneas e médias do sistema fotovoltaico. Tabela 5 – Resumo do algoritmo Hill Climbing ou P&O. Perturbação Mudança na potência Seguinte perturbação Positiva Positiva Positiva Positiva Negativa Negativa Negativa Positiva Negativa Negativa Negativa Positiva Fonte: Esram e Chapman (2007). 49 O processo é feito, periodicamente, até atingir o MPP. Desse modo, o sistema fotovoltaico oscilará sobre o ponto máximo de potência e, com isso, reduz a energia extraída. A fim de contornar este problema, projetistas tendem a reduzir o tamanho de passo do algoritmo. No entanto, um tamanho menor da perturbação levaria o MPPT a ficar lento (ESRAM; CHAPMAN, 2007). Esse algoritmo funciona fazendo as leituras da tensão e da corrente do painel, que são as entradas do sistema. Uma maneira de implementar este algoritmo usando blocos matemáticos é descrito na sequência: com os dados de tensão e corrente são calculadas as derivadas de tensão e de potência com um bloco de derivada discreta, e, em seguida, é calculado o produto dos sinais da derivada. O sinal negativo de passo corrige o sentido da variação da corrente (GALOTTO, 2011). Com a finalidade de realizar o incremento ou o decremento da corrente do painel em função da variação calculada, um bloco integrador pode ser colocado, como pode ser observado no diagrama de blocos da Figura 11 (GALOTTO, 2011). Figura 11 - Diagrama de blocos Escalada (Hill Climbing) ou P&O. dPfv dtXVfv Ifv dVfv dt X Sinal - Passo ∆Ipv Fonte: Galotto (2011). Vale notar que o algoritmo de P&O pode ter falhas quando se apresentarem mudanças muito rápidas das condições atmosféricas, como mostra a Figura 12. Este método pode ter falhas baixo mudanças das condições atmosféricas, como se observa na Figura 12, a partir do ponto A de funcionamento, se as condições atmosféricas mantem-se sem mudanças, a perturbação ΔV na tensão do sistema fotovoltaico levara o sistema ao ponto B e a perturbação é invertida devido a uma diminuição da potência 50 Figura 12 - Divergência do algoritmo P&O. P(W) C B A P2 P1 V V+ΔV Fonte: Elaboração da própria autora. Porem, a irradiação aumenta e a curva da potencia move-se de P1 a P2 dentro de um intervalo de amostragem, e por isto o ponto de funcionamento se moverá do ponto A para o ponto C. Por consequência o ponto de trabalho diverge do MPP e se manterá divergente se a irradiação aumenta constantemente (ESRAM; CHAPMAN, 2007). É por isso que, para manter o rastreamento do ponto máximo de potência, vários autores têm desenvolvido estratégias, como, por exemplo, Ying-Tung e China-Hong (2002), cuja proposta é uma comparação dos três pontos do método P&O, buscando encontrar o ponto de potência real antes de tomar alguma decisão sobre a perturbação. Em Femia et al. (2005), a velocidade de amostragem é otimizada. Já em D’Souza, Lopes e Liu (2005), um algoritmo P&O modificado é apresentado para garantir o MPP. 2.3.2 Condutância incremental (InC) O algoritmo de condutância incremental baseia-se no fato de que a derivada da curva de potência do sistema fotovoltaico é zero no MPP, positivo à esquerda do MPP, e negativo à direita, como se observa na expressão (3) (ESRAM; CHAPMAN, 2007)..         MPP MPP do do direita esquerda MPP na na no dVdP dVdP dVdP ,0/ ,0/ ,0/ (3) A Figura 13 apresenta a lógica de funcionamento do método de condutância incremental. 51 Desde que, V IVI dV dIVI dV IVd dV dP    )( (4) A expressão (3) pode ser escrita da seguinte forma:         MPP MPP do do direita esquerda MPP na na no VIVI VIVI VIVI ,// ,// ,// (5) Figura 13 - Esquemático do algoritmo InC. Fonte: Esram e Chapman (2007). Assim sendo, o MPP é rastreado por meio da comparação da condutância instantânea (I/V) com a condutância incremental (ΔI/ΔV), como é mostrado na Figura 13. refv é a tensão de referência, na qual o gerador fotovoltaico é obrigado a operar no MPP, sendo refv igual à 52 tensão de máxima potência (Vmpp). No momento em que o MPP é atingido, a operação do gerador fotovoltaico é mantida nesse ponto, a não ser que ocorra uma mudança em ΔI, nas condições atmosféricas e também no MPP. Os aumentos e as diminuições da Vref são feitos para rastrear o ponto máximo de potência (ESRAM; CHAPMAN, 2007). O tamanho do aumento da Vref determina a rapidez do rastreamento do MPP. Um rastreamento rápido pode ser obtido com maiores aumentos de Vref, mas o sistema não poderia funcionar no MPP, e com isso ficaria oscilante. Irisawa et al. (2000) e Kobayashi, Takano e Sawada (2003) propõem um método que leva o gerador ao ponto máximo de funcionamento em duas etapas: na primeira, o MPP é ajustado e, na segunda, é realizado o algoritmo de InC para garantir o rastreamento do MPP. Executando um controle adequado do conversor de Eletrônica de Potência, o ponto de operação inicial é ajustado para que coincida com a resistência de carga proporcional e com a relação entre a tensão do circuito aberto e a corrente de curto-circuito do sistema fotovoltaico (ESRAM; CHAPMAN, 2007). No estudo de Koizumi e Kurokawa (2005), uma função linear é utilizada para dividir o plano I-V em duas parcelas, uma delas contendo todos os possíveis MPP em diferentes mudanças de condições atmosféricas. O ponto de funcionamento é levado nessa área e é utilizado o algoritmo InC para rastrear o MPP (ESRAM; CHAPMAN, 2007). A alternativa é a realização do algoritmo InC, usando a condutância instantânea e a condutância incremental para gerar um sinal de erro. Assim: dV dI V Ie  (6) Com a expressão (6), é conhecido que e é igual a zero no MPP. Um controle Proportional-Integral (PI) – Proporcional-Integral – muito simples é usado para levar e a zero. Para a execução desse algoritmo, são necessárias as medições da tensão e da corrente do sistema fotovoltaico (ESRAM; CHAPMAN, 2007). 2.3.3 Tensão constante Este método baseia-se em escolher o valor de 78% da tensão de circuito aberto para simular a tensão do painel, sem considerar as condições externas. A tensão medida do painel fotovoltaico é comparada com esta tensão de referência para gerar um sinal de erro. Esse erro 53 serve de entrada para um compensador, que, assim, controla o comportamento da razão cíclica do inversor. A Figura 14 ilustra o método de tensão constante. Figura 14 - Diagrama de blocos de tensão constante. Fonte: Galotto (2011). Outros autores têm proposto um método similar, no qual a tensão de circuito aberto é determinada usando um diodo colocado acima do sistema fotovoltaico, com a finalidade de se obter a mesma temperatura deste último. Uma corrente constante é alimentada no diodo e a tensão resultante, através do diodo, é usada como a tensão de circuito aberto, sendo utilizada, depois, como seguimento do ponto máximo de potência (JAIN; AGARWAL, 2007). 2.3.4 Método Beta Outro método, baseado no seguimento