NEOLOGISMOS POR EMPRÉSTIMO NA INFORMÁTICA Elaine Therezinha ASSIRATI1 • RESUMO: O léxico de uma língua sustenta-se na constante evolução de seu acervo lexical. Os responsáveis por esse dinamismo lingüístico são os neolo­ gismos, que se referem à criação de uma nova unidade léxica ou ao emprés­ t imo de u m elemento oriundo de u m outro idioma. Com base em u m corpus extraído de edições do caderno "Informática" de O Estado de S. Paulo e de entrevistas com técnicos, procuramos estudar os neologismos por emprésti­ mo no vocabulário técnico-científico da informática, analisando a sua integração ao sistema lingüístico português, sob os pontos de vista fonético/ fonológico, morfossintático e semântico, e comentando os problemas que algumas adaptações podem acarretar à estrutura da língua e, consequente­ mente, à comunicação. • PALAVRAS-CHAVE: Léxico; neologismo por empréstimo; neologismo terminológico; hibridismo. Introdução O léxico e os neologismos O léxico de uma língua é o conjunto estruturado de todas as uni ­ dades lexicais dessa língua. De acordo com Biderman (1981, p.138), "o 1 Douto randa do Programa de Pós-Graduação e m Lingüística e Língua Por tuguesa - Faculdade de Ciências e Letras - UNESP - 14800-901 - Ara iaquara - SP - Brasi l . Alfe, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 121 léxico inclui a nomenclatura de todos os conceitos lingüísticos e não lingüísticos e de todos os referentes do mundo físico e do universo cul­ tural, criado por todas as culturas humanas atuais e do passado". Notadamente, o léxico é a dimensão da língua que está em cons­ tante evolução; enquanto algumas palavras tornam-se arcaicas e con­ seqüentemente caem em desuso, outras incorporam-se à língua, seja por meio de sua criação mediante os processos autóctones, dos quais todas as línguas dispõem, seja por meio de empréstimos lexicais, que representam os itens léxicos provenientes de outros sistemas lingüísticos. Todos esses termos, quer criados ou emprestados, constituem os neologismos, termo que significa nova palavia, composto do grego neo (novo) e do grego logos (palavra). Ao processo de criação lexical damos o nome de neologia. Boulanger (1979, p.65-6) definiu neologismo como "uma unidade lexical de criação recente, uma nova acepção de uma palavra já exis­ tente, ou ainda, uma palavra recentemente emprestada de u m sistema lingüístico estrangeiro e aceito numa língua". De acordo com Guilbert (1975, p.59), outro importante autor e estudioso da neologia, os neologismos classificam-se em: a) Neologismos fonológicos, que se baseiam na formação da subs­ tância do significante e na sua transcrição; b) Neologismos sintagmáticos, que reúnem todos os modos de formação os quais requerem a combinação de elementos diferentes; eles são morfossintáticos e abarcam todas as formas de derivação; c) Neolo0smos semânticos, que consistem na mudança semânti­ ca sem que uma nova forma significante seja criada, são do domínio do significado; d) Neologismos por empréstimo, que definem os diferentes as­ pectos do empréstimo em um novo sistema lingüístico. Os neologismos revelam as vertiginosas mudanças das socieda­ des modernas, estando intimamente relacionados aos diversos campos da atividade humana. A língua, como espelho da cultura que é, reflete essa efervescente busca de novidade, evoluindo rapidamente com a introdução de novos termos que vão nomear as mais recentes criações. Atualmente, observamos que as principais fontes de criação e surgimento de novas palavras são a ciência e a tecnologia. No presente trabalho, abordaremos os neologismos no vocabulá­ rio da informática. Limitar-nos-emos a comentar apenas a neologia por empréstimo e seus processos de integração fonético/fonológico, morfossintático e semântico à língua portuguesa. Decidimos pelo em- 122 Alfa. São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 préstimo, já que grande parte dos termos que compõem a terminologia tecno-científica da área em foco é formada por essa categoria lexical, por tratar-se de uma tecnologia importada. Entretanto, é bom lembrar que u m número significativo de termos dessa área tem sido criado a partir de processos vernáculos. E é em razão da enorme importância que tem a informática nos dias de hoje que optamos por abordar seu vocabulário específico, uma vez que seu estudo é urgente e imprescin­ dível, bem como se faz necessária uma reflexão sobre o modo pelo qual os termos que nomeiam as novas tecnologias estão sendo criados e estão se integrando ao português. N e o l o g i s m o s p o r emprést imo De acordo com Guilbert (1975, p.90), "o empréstimo consiste da introdução, no interior de u m sistema, de segmentos lingüísticos com uma estrutura fonológica, sintática e semântica conforme a u m outro sistema". O autor adota uma classificação segundo a qual o termo es­ trangeiro constitui u m estrangeirismo ou u m empréstimo.2 No pr i ­ meiro caso, estão incluídos os termos que representam realidades sem equivalências na língua receptora, como os nomes próprios; o emprés­ timo, por sua vez, constitui o elemento já integrado ao sistema lingüístico que o adota. Tomando-se por base o vocabulario técnico-científico da informática, podemos verificar que o empréstimo tem-se revelado como o mais produtivo de todos os processos de criação neológica. Guilbert adota três critérios, por meio dos quais o elemento es­ trangeiro se adapta a uma língua: morfossintático, semântico e fonológico. Aqui , como já nos referimos, vamos analisar as adaptações sob os pontos de vista fonético/fonológico, morfossintático e semânti­ co. Para tanto, utilizaremos u m corpus cujos exemplos foram recensea­ dos em edições do caderno "Informática" de O Estado de S. Paulo, bem como em entrevistas com pessoal técnico da área, com o objetivo de verificar como os empréstimos estão ocorrendo nas línguas escrita e oral e de que modo estão se integrando. 2 Chamaremos empréstimo todos os t e rmos a q u i apresentados, pois acred i tamos q u e já não são sen t idos c o m o estrangeiros não só para os usuários da informática, mas para u m número cada vez ma io r de pessoas. Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 123 Os termos do corpus foram transcritos exatamente como estavam registrados na fonte, isto é, as marcas gráficas tais como letras maiús­ culas e minúsculas foram preservadas. Em alguns exemplos, transcre­ vemos, entre parênteses, a explicação ou tradução, conforme encontra­ mos. Já outros termos não foram traduzidos, nem foi apresentada qual­ quer explicação para eles. Acreditamos que isso se deva ao fato de que alguns desses termos são referentes a nomes próprios, já outros não possuem uma tradução exata em português. O neologismo terminológico Por estarmos focalizando os neologismos no vocabulário específi­ co da informática, não podemos deixar de comentar, ainda que breve­ mente, o neologismo terminológico ou, segundo Boulanger, neoteimo (apud Alves, 1996, p.14). Atualmente, o neologismo tem uma relevante função não apenas na língua geral, mas também nas línguas de especialidade. Por isso, os neologismos terminológicos, que são o resultado de uma criação fun­ damentada na necessidade de se nomear tantas novidades tecnoló­ gicas que surgem continuamente na nossa sociedade contemporânea, devem ser norteados por uma política de planificação lingüística, que determine os critérios de formação de termos. De acordo com Alves, tais critérios já são adotados por vários organismos internacionais, como por exemplo, o Office de la Langue Française do Quebec, Canadá. Esses critérios traduzem reflexões de caráter lingüístico, sociolinguístico e metodológico. Dentre eles, pode­ mos citar: de caráter lingüístico - o neologismo deve estar em confor­ midade com as regras morfossintáticas da língua e adaptar-se ao seu sistema fonológico e ortográfico; de caráter sociolinguístico - o neolo­ gismo deve estar em conformidade com a política lingüística do idio­ ma; de caráter metodológico - a criação do neologismo deve contar com a presença de profissionais da área em estudo que possam orientar as propostas neológicas. Uma vez que o nosso trabalho tem u m enfoque essencialmente lingüístico, procuraremos conduzir nossa análise dan­ do ênfase a esse aspecto. Vejamos, a seguir, como ocorrem as adapta­ ções fonético/fonológicas dos neologismos ao se integrarem ao sistema lingüístico português. 124 Alia, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 N e o l o g i s m o s q u e s o f r e r a m a d a p t a ç ã o d o p o n t o d e v i s t a fonético/fonológico De acordo com Alves (1984, p.124), para que u m termo estrangei­ ro faça parte do léxico de uma língua, é necessário que se integre fonológicamente a ele. O que ocorre é que a unidade lingüística estran­ geira tende a adaptar-se ao sistema fonológico da língua que a adota, recebendo uma pronúncia de acordo com o sistema fonemático desse idioma. L. Deroy (1956, p.239) estabelece quatro modos de adaptar a pro­ núncia de u m elemento estrangeiro: a) omitir os fonemas desconhecidos ou impronunciáveis; b) substituir u m fonema de difícil pronúncia por u m fonema co­ mum da língua de adoção; c) introduzir fonemas novos para atribuir à palavra u m ar familiar; d) deslocar o acento de acordo com as regras da língua de ado­ ção. Tomando-se por base para a nossa análise a classificação de Deroy, veremos, a seguir, alguns termos que passaram por adaptação do ponto de vista fonético/fonológico ao se integrarem à língua portuguesa. Não vamos comentar todas as modificações, tais como: desprezo ao acento secundário, perda de aspiração das consoantes explosivas surdas, modificações vocálicas de menor monta etc. Procuraremos nos ater somente às alterações pertinentes a cada caso. Vejamos. a) Omissão de fonemas hiperlink, hipermídia e hipertexto - dos originais hyperlink / halpar'lihk /, hypermedia / halpar'midia / e hypertext I haipar'tekst /. A consoante aspirada inicial h desapareceu ao adaptar-se ao sistema lingüístico português. b) Substituição de fonemas • Acomodação ao sistema novo: Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 125 chip / tSip / sofreu uma acomodação ao integiar-se ao sistema fonológico português: o fonema / tS /, grafado ch, evoluiu para / S /; o fonema /1 / > 3 / i /. debug I d i 'bAg /. O fonema / i / > / e /; o fonema / A / > / u /. delete I d i ' l i t /. O fonema / i / > /e /. initialize I miSa 'laiz /. O fonema /1 / > / i /; o fonema / S / > / s / ; o fonema / 3 / > / a / ; o fonema / ai / > / i /. jump / d3Lmp /. O fonema / d3 / > / 3 /; o fonema / A / > / u /. system I 'sistam /. O fonema / 1 / > / i /; o fonema / a / > / e / ; o fonema / m / > / n /. winchester I 'wmtSetar /. O fonema / w / > / v / ; o fonema / 1 / > / i /; o fonema / tS / > / S /; o fonema / a / > / e /. • Substituição com base em fonte oral (neste caso, tenta-se manter os sons do inglês): backup - do original backup / ' bsekip / . Neste termo, observamos que há uma tentativa de reproduzir em português o som original: / be' kapi /, em que / ae / é reproduzido como / e /, e / A /, como / a /. boot - do original boot/but /. Em português, pronunciado / 'buti /. buffer - do original buffer / 'bAfar /. Em português / 'bafer /. downsize - do original downsize / 'daunsaiz /. Em português / daun'saizi /. layout - do original layout / 'leiaut /. Observa-se que há uma ten­ tativa de reproduzir em português o som original: / lei 'auti /. multimedia - do original multimedia / m A l t i ' m i d i a /. Tenta-se manter em português o som do inglês: / mul t fmidia /. update - do original update / Ap 'deit / . Tenta-se manter em por­ tuguês o som original: / ap'deiti /. • Manutenção da pronúncia do português, quando a grafia é a mesma: CPU-do original CPU/si:pi:'yu: / . É pronunciado em português / sepe'u /. interface - o original interface I 'mtarfeis / é pronunciado em por­ tuguês/ inter'fasi /, por a grafia ser a mesma. Observamos neste exem­ plo o prefixo intei-, que, por existir em português, adota a mesma pro­ núncia. 3 Leia-se: evoluiu paia. 126 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 micro - o original micro / 'maikrou / é pronunciado em português / 'mikro/. c) Introdução de fonema O fenômeno denominado paragoge ou epítese (Coutinho, 1971, p.147), pertencente à classe dos metaplasmos* consiste na adição de fonema no fim do vocábulo. Observemos os seguintes exemplos, que apresentam a adição do fonema / i /. backup - pronunciado em português / be'kapi /. boot - pronunciado / 'bu t i / bug - pronunciado / 'bugi / chip - pronunciado / 's ipi / Internet - pronunciado / inter 'neti / link - pronunciado / ' l i nk i /. Também dentro da classe dos metaplasmos temos a prótese,5 que é a adição de u m fonema no início do vocábulo: scanner - pronunciado / es 'kaner / d) D e s l o c a m e n t o d e a c e n t o backup - o original / 'baekAp / passou a ser pronunciado /be'kapi/. control - o original / k3n'trou /, ao adaptar-se ao português, pas­ sou a ser pronunciado / 'kontrol /. Ocorre que os falantes da língua portuguesa tentam imitar a pronúncia geral do inglês. Neste exemplo, ocorrem dois equívocos: ao adaptarem o termo dessa maneira, não seguiram nem a pronúncia original, em que a palavra é oxítona, nem a tendência do português, segundo a qual as palavras terminadas em 1 são oxítonas, como em anzol, urinol etc. interface - o original / 'Intarfeis / é pronunciado em português / inter'fasi/. Aqu i verificamos que o termo originalmente proparoxítono 4 Metaplasmos são modificações fonéticas por que passam as palavras na sua evolução, (ibidem, p.142). 5 Ibidem, p.146. Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 127 adaptou-se ao português como paroxítono, seguindo o padrão tônico silábico da língua portuguesa. Internet - o original / ' Intamet / passou a ser pronunciado / inter 'neti /. monitor - o original / 'manatar /, proparoxítono, adaptou-se ao português como oxítono / moni'tor /, seguindo a regra de acentuação da língua portuguesa, conforme nos mostram os seguintes exemplos: bolor, calor, rubor etc. Em todos os termos que passaram por adaptação do ponto de vista fonético/ fonológico, pudemos notar a preocupação do usuário em tornar os sons estrangeiros mais familiares, quer por meio da omissão de fonema que ele não está habituado a realizar na sua língua, quer por meio das substituições de fonemas que ele sente dificuldade em pro­ nunciar, bem como do acréscimo de novos fonemas, ou do deslocamen­ to do acento, em que procura seguir o padrão paroxitonizante da língua portuguesa. A seguir, veremos os neologismos que passaram por adap­ tação morfossintática ao se integrarem ao português. N e o l o g i s m o s q u e s o f r e r a m adaptação d o p o n t o d e v i s t a morfossintático Segundo Alves (1984, p.121), quando a unidade léxica estrangeira constitui a base de uma derivação ou de uma composição conforme a morfossintaxe de uma língua, ela está se integrando ao léxico desse sistema. Para a autora, só podemos dizer que u m termo emprestado faz parte de uma comunidade lingüística quando esse for susceptível de derivação e de composição, tal como os elementos vernáculos. No vocabulário da informática, registramos vários neologismos por empréstimo criados por meio da derivação sufixai nominal e sobre­ tudo verbal, em que a base estrangeira, u m nome ou u m verbo, concor­ re para a formação de substantivos e verbos. Veremos, a seguir, aqueles que mais são utilizados na linguagem do dia-a-dia dos técnicos e usu­ ários comuns e como estão se integrando ao português. arjear (E) 6v. Compactar usando o programa ARJ. Termo formado a partir do programa de compactação denominado ARJ, em inglês. 6 Abreviação atribuída aos termos coletados em entrevistas. Nesse caso, bem como para os termos recenseados nos cadernos "Informática", as definições foram fornecidas pelos entrevistados. 128 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 Neste exemplo, verificamos a base nominal inglesa arj + vogal de liga­ ção IQI + sufixo verbal português -ar, o que constitui uma formação híbrida. becapear (O) 7 v. Fazer uma cópia de um arquivo, ou dados ou disco. Termo formado pelo verbo original back up, adaptado gráfica e fonológicamente becap (i) + vogal de ligação e + sufixo verbal -ar. Essa forma também se caracteriza como u m hibridismo; a forma portuguesa copiarpoderia ser aqui utilizada, sem qualquer problema de comunicação. jbutar (E) v. Dar início ao programa. Termo formado pela base i n ­ glesa jboot, adaptada but + sufixo verbal -ar. Além de Jbutar, encontra­ mos a forma substantiva butador < but+vogal de ligação a + sufixo -dor e o adjetivo butável < but + sufixo -avel. Todas essas formas constituem hibridismos. Observamos aqui u m exemplo de adaptação - butar- que poderia ser substituída pela forma verbal portuguesa iniciar, sem ne­ nhuma perda de informação para o usuário. debugar (O) v. Retirar os defeitos de u m programa; depurar. Ter­ mo formado pela base inglesa debug + sufixo verbal -ar. Aqu i também temos u m exemplo de hibridismo, que poderia ser evitado pela simples tradução da palavra em português: depurar. deletar (O) v. Apagar, remover u m caractere, ou u m texto. Este termo formou-se a partir do verbo inglês delete - em que observamos a supressão da vogal e final - + sufixo verbal -ar. Hibridismo que poderia ser evitado pelo uso da denominação apagar, em português. dropar (E) v. Excluir procedimentos, tabelas etc. Hibridismo for­ mado pela forma verbal drop + sufixo verbal -ar. escanear (O) v. Passar uma imagem ou texto pára o computador. Hibridismo formado pela base inglesa scan + vogal de ligação e + sufixo verbal -ar. Observa-se igualmente o acréscimo da vogal e no início do vocábulo, em obediência às regras do sistema lingüístico português. getar (E) v. Entrar no sistema. Outro hibridismo formado pela base inglesa get + sufixo verbal -ar. Este termo aberrante também poderia ter sido evitado apenas através de sua simples tradução: entrai, ter acesso (ao sistema). hobbista (O) s. m . Termo utilizado na informática para designar aqueles que têm um hobby que é praticado através do computador. Hibridismo formado pela base inglesa hobby + sufixo nominal -ista, em 7 Abreviação a t r ibu ida aos t e r m o s recenseados nos cadernos "Informática" de O Estado de S. Paulo. Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 129 que observamos a supressão da consoante y. Curiosamente a grafia no português manteve a dupla consoante /bb/, o que contraria as regras ortográficas da língua. inicialízar (O) v. Dar partida; colocar a máquina em funcionamen­ to. Hibridismo formado pelo verbo inglês initialize, em que verificamos a adaptação gráfica e fonológica de initial para inicial + sufixo verbal - izai. Este é outro hibridismo desnecessário, pois bastaria o termo iniciar para evocar a mesma significação. mputar (E) v. Inserir dados no computador. Hibridismo formado pelo verbo inglês input + sufixo verbal -ar. O termo original input, ao formar o verbo inputar, concorre com o homônimo imputar, que tem u m sentido bastante diverso. Além disso, há uma discrepância em relação ao padrão silábico português, que não admite n antes da consoante p. Este é u m dos exemplos de formação vocabular absurda, que vem ocor­ rendo na linguagem específica da informática. linkar (O) v. Ligar. Hibridismo formado pelo verbo inglês link + sufixo verbal -ar. Da forma verbal ünkar, surgiram formas derivadas como linkado, linkagem etc. Temos aqui mais u m exemplo desnecessário desse tipo de formação híbrida, já que o termo português ligar poderia ser utilizado sem nenhuma perda de informação. Também temos que levar em conta o aspecto ortográfico: o termo passou a ser grafado com k, o que contraria o sistema gráfico português. startar (E) v. Iniciar o computador. Hibridismo formado pela forma inglesa start + sufixo verbal -ar. Muito usual no ambiente da informática, este é mais um exemplo de formação aberrante, que poderia ser subs­ tituído pela forma portuguesa iniciar; dar início (à máquina). updeitar (E) v. Atualizar a informação por meio da alteração ou adição de dados específicos em u m arquivo principal. Hibridismo for­ mado pela base inglesa adaptada updeit (i) + sufixo verbal -ar. Esta formação também poderia ser evitada, utilizando-se a forma atualizar. zipar (E) v. Compactar arquivos. Hibridismo formado a partir do nome PKZIP, que é u m programa de compactação. Sua formação é bas­ tante inusitada: a forma final ZIP < PKZIP + sufixo verbal -ar. Mais uma formação desnecessária, em que poderia ser usada a forma vernácula compactar (utilizando o programa PKZIP). Embora a maioria dos termos que aqui mencionamos tenha sido recenseada em entrevistas, é relevante ressaltar que vários já são registrados na língua escrita, conforme constatamos no "Informática", não estando, porém, dicionarizados. No entanto, tal fato representa uma preocupação para nós, profissionais de língua, na medida em que os 130 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 termos utilizados na língua oral tendem a passar rapidamente para a língua escrita. Como já apontamos, esses termos constituem hibridismos. Os vocábulos híbridos sempre existiram e continuam tendo uma grande ocorrência no nosso léxico, sobretudo no vocabulário específico da informática, em que são largamente utilizados tanto na língua escrita, por meio de jornais e revistas especializados, quanto na língua falada, utilizada correntemente no ambiente da computação. Certamente, nossa intenção não é condenar os hibridismos e con­ seqüentemente a criação de novas palavras, uma vez que sabemos que elas são fundamentais para a vitalidade do léxico de u m idioma. O que reprovamos, na verdade, é o modo como muitos desses hibridismos vêm sendo criados na informática. Não é plausível que os termos de uma língua sejam criados, ignorando-se os critérios lingüísticos que norteiam os processos de formação vocabular vigentes nesse idioma. Isso poderia levar à anarquização ou pidgnização de u m sistema lingüístico. Ao formarem termos esdrúxulos, esses "criadores" dão provas de que desconhecem os recursos de que a língua portuguesa dispõe. Não podemos admitir que uma palavra inventada apressadamente substitua uma vernácula, quando esta pode transmitir plenamente o conteúdo significativo daquela. Por exemplo, por que inputar e não inserir? E getar, e não entrai no sistema? Esse comportamento lingüístico reflete o comodismo, seja dos especialistas, seja dos técnicos da área, que pretendem não dispor de tempo para pesquisar o vocabulário adequado, pois não estão preocu­ pados com isso, e porque o seu interlocutor (colega de trabalho, geral­ mente) os entende e também adota o mesmo critério, criando-se assim u m hábito lingüístico que nós, professores de língua, não podemos acei­ tar. È lógico que não esperamos que o pessoal da área técnica seja "expert" em língua portuguesa, mas isso não justifica tantos absurdos. É necessário cautela quando estamos tratando de língua, de comunica­ ção. Além disso, não devemos nos esquecer das aberrações ortográfi­ cas, conforme apontamos em alguns exemplos. Há ainda u m fato que, para nós, é o mais relevante. Trata-se aqui de uma linguagem especializada, para a qual os órgãos competentes já estabeleceram regras lingüísticas de formação vocabular que não po­ dem ser negligenciadas, sob pena de se comprometer a comunicação, numa área em que a precisão da informação é fundamental. Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145,1998 131 N e o l o g i s m o s q u e s o f r e r a m adaptação d o p o n t o d e v i s t a semânt ico De acordo com Alves (1990, p.62), grande número de neologismos são criados na língua portuguesa sem que ocorra nenhuma mudança formal em itens léxicos já existentes. Toda transformação semântica ocorrida em uma unidade lexical leva à criação de u m novo elemento, ocasionando o neologismo semântico ou conceptual. Ao observarmos os empréstimos que sofreram adaptações semânticas, percebemos u m deslocamento de sentido de acordo com o contexto no qual o termo se insere, preservando, porém, sua estrutura morfossintática. Verificando os termos do nosso corpus que passaram por adaptação semântica, podemos dizer que são decalques lingüísticos; segundo Dubois (1973, p.165) "Diz-se que há u m decalque lingüístico quando, para denominar uma noção nova ou u m objeto novo, uma língua A (o português, por exemplo) traduz uma palavra simples ou composta, pertencente a uma língua B (francês, alemão, inglês, p.exemplo) pela palavra simples cor­ respondente que já existe na língua com outro sentido, ou por u m ter­ mo composto, neologismo, formado dos elementos correspondentes aos da língua A ... Quando se trata de uma palavra simples, o decaigue se manifesta por adicionar-se ao sentido corrente do termo u m 'sentido' tomado à língua A pela B; assim a palavra realizar, cujo sentido é 'tor­ nar real', 'efetivar', vem sendo usada também no de 'compreender, per­ ceber bem'." A seguir, serão elencados os neologismos semânticos mais usuais no ambiente da informática. abortar (E) v. Do inglês to abort. Na informática abortar é "termi­ nar u m processo (quando ocorre u m mau funcionamento), desligando o computador manualmente ou através de um recurso interno: o progra­ ma foi abortado apertando o botão vermelho" (Collin, 1993, p . l ) . Se­ gundo Biderman (1992, p.33), abortar é "Ter u m parto antes de se com­ pletar o tempo normal da gravidez; interromper uma gravidez que não chega, portanto, ao nascimento de uma criança: Aos três meses de gravidez, titia abortou e não pode termais fílhos". ambiente (O) s. Do inglês environment. No português, de acordo com Biderman (1992, p.72), ambiente significa "Atmosfera física e/ou moral que cerca as pessoas e as coisas: Este é um ambiente favorável ao plantio de orquídeas; Quando Miguel chegou, encontrou um ambi­ ente muito favorável". Na informática, além de "meio físico", ambiente 132 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 significa "condição de todos os registradores e posições de memória em u m sistema de computação: Uma das vantagens de se trabalhar em um ambiente baseado em PCs é a enorme quantidade de software que pode rodar no mesmo computador" (Collin, 1993, p.114). aplicativo (O) s. Do inglês appiications program. No vocabulário específico da informática, dá-se o nome de aplicativo a "um programa que desempenha alguma tarefa útil" (Publifolha, 1996, p.171), por exem­ plo: gerenciadores de bancos de dados, planilhas, pacotes de comuni­ cação e processadores de texto. Na língua geral, aplicativo é u m adjeti­ vo, sinônimo de aplicável: "Que pode ser aplicado" (Ferreira, 1986, p.143). área de trabalho (O) s. Do inglês work area. Na informática, Work area significa "espaço de memória que está sendo utilizado por u m operador" (Collin, 1993, p.344). Em Ferreira (1986, p.160) assume u m sentido figurado: "campo de ação", "domínio" do trabalho. clicar (O) v. Do inglês to click. No contexto da informática cucar significa "dar u m clique; selecionar u m objeto pressionando o botão do mouse quando o cursor estiver apontando para a opção de menu ou para o ícone desejado" (E). Ferreira (1986, p.417), apresenta a seguinte acepção: "Dar ou produzir clique (1): depois das câmaras clicarem cen­ tenas de vezes, pôde-se saber algo sobre esse antes ilustre conhecido." cliente/servidor (O) s. Do inglês clíent/server. No contexto da informática, cüent/server significa "sistema em que os clientes acessam seus dados enviando solicitações de serviços para o servidor que as processa mandando de volta o resultado" (Collin, 1993, p.57). Em Biderman (1992, p.205 e 851) cliente é "Pessoa que procura outra com freqüência para serviços profissionais ou para comprar"; servidor é "Fun­ cionário do estado que exerce a função ou tem u m cargo". compilar (E) v. Do inglês to compile. Na informática, significa: "Compilar; converter u m programa de linguagem de alto nível em u m programa de código de máquina que pode ser executado diretamente" (Collin, 1993, p.63). Ferreira (1986, p.440), apresenta as seguintes acepções: " 1 . Coligir, reunir (textos de vários autores, ou de natureza ou procedência vária.) 2. Elaborar (um programa) em linguagem objeto a partir de u m programa em linguagem-fonte." computador (O) s. Do inglês computer. Na informática, "máquina que recebe ou armazena ou processa dados muito rapidamente de acordo com u m programa armazenado" (Collin, 1993, p.65). De acordo com Biderman (1978, p.163) "computador ou computista era, em 1850, o agente humano que fazia cálculos para fixar o calendário, particular­ mente o calendário eclesiástico. Ao passo que o moderno significado Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 133 da palavra é o de agente mecânico, que faz não apenas quaisquer tipos de cálculos, mas também análises muito complexas sobre as mais varia­ das áreas do conhecimento e da ciência. Esse significado moderno é um neologismo conceptual e, como tal, é um anglicismo, pois foi de­ calcado no computei inglês...". configurar (E) v. Do inglês to configure. No vocabulário específico da informática configurar tem duas acepções: "Configurar; selecionar hardware, software, e interconexões para construir u m sistema especial" (Collin, 1993, p.69), sentido que faz com que configurar seja considera­ do u m neologismo semântico, e, por ser a versão literal do termo origi­ nal, u m decalque. Ferreira (1986, p.451) apresenta a seguinte acepção para configurar: "Dar a forma ou figura de; conformar: Tomou um boca­ do de argila e configurou um ser humano". estação de trabalho (O) s. Do original workstation. Na informática, workstation significa "(a) local de trabalho de u m usuário, com u m ter­ minal, impressora, modem, etc". (Collin, 1993, p.344). Em Biderman (1992, p.400) estação significa: " 1 . Lugar onde param trens ... 2. Cada uma das 4 partes do ano ... 3. Lugar onde se montam ou transmitem os programas de rádio ... 4. Época em que se fazem certas culturas ... 5. Período em que se passa descansando ... 6. Cada uma das 14 paradas que representam ... 7. Período que se caracteriza .". memória (O) s. Do original memory. Na informática memory sig­ nifica "espaço de armazenamento em u m sistema de computador ou meio que é capaz de reter dados ou instruções" (Collin, 1993, p.203). Ferreira (1986, p.1117) apresenta as acepções: " 1 . Facnldade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente ... 14. Proc. Dados. Memória principal. Memória interna do computador na qual os dados e instruções de u m programa a ser executado são arma­ zenados, posteriormente recuperados para processamento e para onde os resultados destes processamentos são enviados". navegação (E) s. Do inglês navigation. No contexto da informática, navegação significa "método de direcionamento do usuário através de u m banco de dados: uma das principais características no uso do hipertexto é a navegação por um banco de dados na busca de textos, figuras, tabelas, referências, etc. sem que o usuário se perca ou fique confuso" (Collin, 1993, p.216). Em Biderman (1992, p.653) navegação é "Ação ou fato de navegar, isto é, de deslocar-se sobre as águas do mar, de u m rio, de u m lago, de uma represa: A navegação de barcos e navios no Rio Amazonas é muito intensa". 134 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 navegador (E) s. Do inglês Navigator {Netscape Navigator). Na mformática, navegador é "o pesquisador de informações, isto é, o que faz a busca de informações na Internet" (E). Em Biderman (1992, p.653) navegador é a "Pessoa que pratica a navegação: Vasco da Gama, nave­ gador português, dobrou o cabo das Tormentas e descobriu o caminho marítimo para as índias". navegar (E) v. Termo criado a partir das formas originais navigation ou Havigator. Não consta nos dicionários técnicos o verbo to navigate, mas apenas o substantivo navigation. Já Navigator faz parte do nome Netscape Navigator. Na informática, navegar significa "visitar os sites da Internet" (E). Biderman (1992, p.653) define navegar como: "Deslo­ car-se sobre as águas do mar, de u m rio, lago ou de uma represa, com navio ou qualquer outro tipo de barco: Navegamos longas horas pelos rios Negro e Amazonas, observando a beleza natural que lá existe". pirataria (E) s. Do inglês piracy. Na informática, pirataria é a "ação de copiar invenções patenteadas ou trabalhos com direito autoral" (Collin, 1993, p.242). Em Ferreira (1986, p.1337), pirataria tem o sentido de "rou­ bo, extorsão", que difere da "ação de copiar". protocolo (O) s. Do inglês protocol. Na informática, protocolo sig­ nifica "sinais, códigos e regras pré-combinadas para serem usadas na troca de dados entre sistemas: Existe um protocolo muito simples que vai excluir os hackers das redes de computadores usando o sistema telefônico" (Collin, 1993, p.259). Ferreira (1986, p.1407) apresenta as seguintes acepções para protocolo: " 1 . Registro dos atos públicos. 2. Registro das audiências nos tribunais. 3. Registro de uma conferência ou deliberação diplomática. 4. Formulário regulador de atos públicos. 5. Convenção internacional. 6. Livro de registro da correspondência de uma firma, repartição pública etc. 7. Bras. Cartão ou papeleta em que se anotam a data e o número de ordem com que foi registrado no livro de protocolo ... 8. Fig. Formalidade, etiqueta, cerimonial". rodar (O) v. Do original to run. No contexto da informática, to run significa "fazer u m dispositivo funcionar." (Collin, 1993, p.283). Em Ferreira (1986, p.1516), encontramos: " 1 . Fazer andar à roda; fazer girar em volta ... 23. Ser impresso servidor (O) s. Do original server. Na informática server significa "computador ou periférico dedicado que oferece uma função para uma rede." (Collin, 1993, p.292). Em Ferreira (1986, p.1577), encontramos: " 1 . Servente. 2. Obsequiador, prestadio, serviçal. 3. usuário (O) s. Do inglês user. No contexto da informática, user assume os sentidos de "(i) pessoa que usa u m computador ou máquina Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 135 ou software; (ii) em especial, u m operador de teclado" (Collin, 1993, p.334). Em Ferreira (1986, p.1744), encontramos: " 1 . Que possui ou des­ fruta alguma coisa pelo direito de uso vírus (0) s. Do original vírus. No vocabulário da informática, vírus significa "pequeno programa escondido que corrompe todos os dados e arquivos, que se propaga de computador para computador quando dis­ cos são trocados" (Collin, 1993, p.339). Ferreira (1986, p.1782) apresen­ ta a seguinte acepção para vírus: " 1 . Bioi. Diminuto agente infeccioso, invisível, com algumas exceções, pela microscopia óptica, e que se caracteriza por não ter metabolismo independente Por meio dos exemplos acima, verificamos que a incidência de neologismos semânticos é expressiva na área da informática. Como na língua geral, o processo de se conservar o mesmo significante para dar origem a mais u m significado ocorre no vocabulário específico, o que significa uma economia de novos termos. Considerações f inais Os neologismos por empréstimo no vocabulário técnico-científi­ co da informática, instrumentos fundamentais de comunicação nessa área, merecem uma atenção especial, tanto por parte dos estudiosos da língua quanto dos profissionais da computação, que deveriam tra­ balhar juntos para a criação de u m vocabulário adequado e consensual, pois apenas dessa maneira a comunicação, quer oral, quer escrita, poderá cumprir plenamente seu papel de difusora do saber tecnológico e científico. No que concerne às adaptações dos neologismos ao português, vemos a adaptação fonético/fonológica como u m processo natural, já que é comum a todos os usuários de uma comunidade lingüística ten­ der a adaptar os sons estranhos ao sistema fonológico de seu idioma. Já os termos que passaram por adaptação morfossintática, aqui representada pela derivação sufixai, revelam problemas que, se não solucionados, poderão acarretar danos à língua portuguesa, como a sua descaracterização. Em razão disso, a adaptação morfossintática dos termos requer, por parte de quem a faz, o conhecimento lingüístico aliado ao conhecimento técnico que, aliás, é o que se espera de u m pessoal especializado, que atua numa área cuja importância para o pro­ gresso do nosso país não podemos subestimar. 136 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 Quanto aos neologismos semânticos, observamos que se carac­ terizam pelo decalque lingüístico, e são produtivos no vocabulário da área em foco. Além dos termos que sofreram adaptações, nosso corpus apre­ sentou termos que se mantiveram na sua forma original, sem que hou­ vesse qualquer adaptação, pelo menos no que diz respeito à língua escrita. Isso se deve a alguns fatores: alguns empréstimos dizem res­ peito a nomes próprios, outros não possuem uma tradução exata no português, e por isso são intraduzíveis; o fato de a informática se de­ senvolver e se modificar tão rapidamente dificulta a criação de termos novos para cada inovação que surge no mercado. ASSIRATI, E. T. Neologism through borrowing in Informatics. Alfa (São Paulo), v.42, n.esp., p.121-145, 1998. • ABSTRACT: The lexicon of a language maintains itself thanks to the constant evolution of its lexical patrimony. The neologisms are responsable for this linguistic dynamism, they refer to the creation of a new lexical unit or to the borrowing of an element originating from another idiom. Based on a corpus constituted by terms collected from " Informática" of O Estado de S. Paulo and from interviews with technicians, we studied neologisms from borrowing in the computer technical-scientific vocabulary. We also analyzed their integration to the Portuguese linguistic system in the phonetic/phonologic, morphosyntactic and semantic levels. We commented on the problems some adaptations may cause to the language structure and, consequently, to communication. • KEYWORDS: Lexicon; neologism through borrowing; terminological neologism; hybridism. Referências bibliográficas ALVES, I . M . A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico português. Alfa (São Paulo), v.28 (supl.), p. 119-26, 1984. . Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 1990. . O conceito de neologia: da descrição lexical à planificação lingüística. Alfa (São Paulo), v.40, p.11-6, 1996. Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 137 B I D E R M A N , M . T. C. Teoiia lingüística: lingüística q u a n t i t a t i v a e computacional. Rio de Janeiro : Livros Técnicos e Científicos, 1978. . A estrutura mental do léxico. In : Estudos de filologia e lingüística. São Paulo: T. A . Queiroz, Edusp, 1981. . Dicionário contemporâneo de português. Petrópolis:Vozes, 1992. BOULANGER, J. C. Néologie et terminologie. Néologie en Marche, v.4, p.5-128, 1979. COLLIN, S. M . H . Dicionário prático de informática. São Paulo: Melhoramen­ tos, 1993. (Série Michaelis). COUTINHO, I . L . Pontos de gramática histórica. 6.ed. ver. Rio de Janeiro: Aca­ dêmica, 1971. DEROY, L. L'emprunt l inguist ique. Paris: Les Belles Lettres, 1956. DUBOIS, Jean et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973. FERREIRA, A . B. H . Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. GUILBERT, L . La créativité lexicale. Paris: Larousse, 1975. S. O. S. Sistema Rápido de Pesquisa. Informática. São Paulo: Publifolha, Quark, 1996. 138 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 ANEXO: FONTE DE DADOS O Estado de S. Paulo, São Paulo, mar. a dez. 1996. Informática. CORPUS ABCS (Advanced Business Communication v ia Satellite) (OESP, 17.06.96) abortar (OESP, 20.05.96) abortar (interromper u m programa) (E) Access (OESP, 15.04.96) Access Key I I (um aparelho do tamanho de u m controle remoto, com tela de cristal líquido, que faz a autenticação de senha e username de u m usuá­ rio durante uma transação comercial pela net) (OESP, 08.04.96) acessar (OESP, 15.04.96) acessar (tornar disponíveis os recursos do sistema) (E) Ac t ion Manager (um software integrado que centraliza e automatiza diversas tarefas de apoio ao escritório) (OESP, 29.04.96) Act ive Directory (OESP, 11.11.96) Administrative Wizards (programas que guiam o usuário e m tarefas de admi­ nistração do sistema) (OESP, 05.08.96) air-l ink (dispositivo que dispensa cabos) (OESP, 20.05.96) ambiente (OESP, 20.05.96) ambiente cliente/servidor (OESP, 11.03.96) ambiente networked (ambiente de redes) (OESP, 01.07.96) AMD (Advanced Micro Devices) (OESP, 15.04.96) animação digi ta l (OESP, 11.11.96) Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145,1998 139 antivírus (E) aplicativo (OESP, 15.04.96) Archie (pesquisa de arquivos na rede) (OESP, 06.05.96) área de trabalho (OESP, 20.05.96) aijear (compactar arquivos) (E) arquivo (E) ASE (Accredited System Engineer) (OESP, 25.03.96) atachar (conectar-se a u m sistema multiusuário) (E) ATM (Asyncronous Transfer Mode) (OESP, 25.03.96) attach (recurso do e-mail, permite que se enviem arquivos em qualquer for­ mato pelo modem, a custos bem inferiores) (OESP, 27.05.96) At tach file (anexar arquivo) (OESP, 27.05.96) At tach File (botão) (OESP, 08.07.96) At tach Location (botão) (OESP, 08.07.96) attachement (recurso do e-mail que ajuda a anexar imagens ao texto) (OESP, 27.05.96) back end (OESP, 22.04.96) back l ight (OESP, 14.10.96) Backup (ferramenta) (OESP, 20.05.96) backup (E) banco de dados (OESP, 20.05.96) bandwitch (OESP, 26.08.96) banners (faixas) (OESP, 02.09.96) BBS (Bulletin Board System) (OESP, 11.03.96) becapear (fazer u m back up de u m software, isto é, fazer uma cópia dos dados importantes em u m meio de armazenamento diferente, p o i segu­ rança) (E) becapear (OESP, 11.03.96) bi t (OESP, 04.03.96) bi tmap (OESP, 20.05.96) Blackbird (ferramenta de desenvolvimento) (OESP, 16.12.96) blend (ferramenta) (OESP, 18.11.96) bold (OESP, 30.09.96) booklet (livreto) (OESP, 25.03.96) bookmark (para se ter acesso facilitado a algum trecho sempre que desejável) 140 Alfa, São Paulo, 42{n.esp.): 121-145, 1998 (OESP, 17.06.96) boot (E) buffer (E) bug (erro) (OESP, 05.08.96) bug (E) bus (OESP, 04.03.96) butador (nome que se dá para o disco butável) (E) butar (carregar o sistema operacional, isto é, iniciar o programa) (E) butável (disco com boot) (E) byte (grupo de bits que o computador opera como uma unidade simples) (E) cabeamento (OESP, 13.05.96) callback (discagem do Host para o usuário, para garantir a segurança do acesso) (OESP, 14.10.96) CD-ROM Changer (OESP, 04.11.96) CD-ROM (E) CGI (Common Gateway Interface) (OESP, 07.10.96) chat (conversas ao teclado entre associados) (OESP, 18.03.96) chip (E) chip Pentium (OESP, 04.03.96) chip PowerPC (OESP, 08.04.96) chipset (conjunto de circuitos integrados) (OESP, 01.04.96) CIM (CompuServe Information Manager) (OESP, 18.11.96) clicar (OESP, 08.04.96) clicar (dar u m clique; selecionar u m objeto pressionando o botão do mouse quando o cursor estiver apontando para a opção de menu ou para o ícone desejado) (E) clicar (OESP, 04.11.96) client (OESP, 04.11.96) cliente fu l l (OESP, 20.05.96) cliente/servidor (OESP, 22.04.96) cliparts (OESP, 12.08.96) cl ipping (OESP, 18.11.96) clique (E) clock (OESP, 15.04.96) Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 141 Clone Drive (recurso que faz a duplicação de discos em Pcs diferentes) (OESP, 20.05.96) clusters (unidade de alocação) (OESP, 06.05.96) CMS (Course Management System) (OESP, 11.11.96) código de barras (OESP, 09.12.96) compactar (diminuir o tamanho físico dos arquivos para que ocupem u m espaço menor de memória sem que percam informações) (E) compilador (OESP, 11.03.96) compilar (E) ComponentsPack (um pacote com cerca de 45 programas-módulo para serem usados por qualquer aplicativo) (OESP, 15.04.96) compuservistas (OESP, 15.04.96) computação (OESP, 20.05.96) computador (OESP, 20.05.96) computeiro (E) computeiro (OESP, 15.07.96) conectar (E) configurar (E) control (E) ControlCenter (utilitário) (OESP, 19.08.96) correio eletrônico (OESP, 11.03.96) CPU (E) crackear (alterar u m programa alheio) (E) cracker (OESP, 20.05.96) crash recover (recurso) (OESP, 14.10.96) crashar (provocar algum problema físico no disco, fazendo com que as informa­ ções sejam perdidas) (E) dar boot (OESP, 04.03.96) dar enter (E) dar u m break (E) dar u m delay (E) debugar (OESP, 04.03.96) debugar (tirar os defeitos de u m programa, depurar) (E) deletar (apagar u m caractere errado) (E) deletar (OESP, 08.04.96) 142 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 desktop (OESP, 25.03.96) desktop publ ishing (editoração eletrônica) (OESP, 22.04.96) deslogar (sair do sistema) (E) Dial-Up Networking (módulo responsável pelo acesso remoto à rede) (OESP, 19.08.96) digitalizar (pôr uma imagem ou som no computador) (E) digitalizar (OESP, 08.04.96) disc-array (OESP, 02.09.96) disco de boot (OESP, 03.06.96) disco rígido (OESP, 04.03.96) disk array (OESP, 25.03.96) Disk Doctor (recuperador de disco) (OESP, 18.03.96) Disk Manager (software) (OESP, 13.06.96) Diskcopy (comando do DOS) (OESP, 10.06.96) downsize (E) dropar (excluir procedimentos, tabelas etc) (E) e-mail (OESP, 11.03.96) e-mail (E) Enterprise Edition (OESP, 08.04.96) Enterprise Security System (sistema Ensys) (OESP, 29.04.96) escanear (OESP, 08.04.96) escanear (E) escanear as informações (OESP, 13.06.96) escritório hi- tech (OESP, 15.04.96) estação de trabalho (OESP, 13.06.96) getar (E) hiperlink (E) hipermídia (E) hipertexto (E) hobbista (OESP, 29.04.96) inicializar (OESP, 29.04.96) inicializar (E) inputar (E) inserir (E) interface (OESP, 11.03.96) Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 interface (E) Internet (E) jump (OESP, 15.04.96) layout (E) leiaute (OESP, 02.12.96) l ink (E) linkar (OESP, 04.11.96) linkar (ligar partes de u m programa a f im de torná-lo u m só) (E) memória (OESP, 11.03.96) micro (OESP, 20.05.96) micro (E) monitor (11.03.96) monitor (E) mouse (E) mouse pad (OESP, 15.07.96) multimídia (OESP, 10.06.96) multimídia (E) navegação (E) navegação pelo documento (OESP, 04.03.96) navegador (E) navegador Netscape (OESP, 18.03.96) navegantes (OESP, 30.09.96) navegar (E) navigator (OESP, 04.03.96) navigator (E) pirataria (E) protocolos (OESP, 04.03.96) rodar (OESP, 04.03.96) rodar (E) scanner (OESP, 04.03.96) scanner (E) servidor (E) servidor (OESP, 04.03.96) startar (dar o "start"; inicializar a máquina ou impressora) (E) str ing (cadeia ou seqüência) (E) 144 Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998 system (E) update (E) updeitar (alterar informações do banco de dados) (E) usuário (OESP, 08.04.96) virus (OESP, 11.03.96) Winchester (OESP, 04.11.96) Winchester (E) zipar (compactar arquivos) (E) Alfa, São Paulo, 42(n.esp.): 121-145, 1998