GILBERTO ALVES CAPANEMA DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DA ALDEIA EM FERNANDÓPOLIS-SP ILHA SOLTEIRA 2015 GILBERTO ALVES CAPANEMA DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DA ALDEIA EM FERNANDÓPOLIS-SP Prof. Dr. Sérgio Luís de Carvalho ORIENTADOR Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Ilha Solteira - UNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil – Área de concentração em Recursos Hídricos e Tecnologias Ambientais. ILHA SOLTEIRA 2015 DEDICO Ao espírito da minha falecida avó, Maria Petini da Silva, que foi o grande pilar da minha família. AGRADECIMENTOS A DEUS por ter me dado o privilégio de viver. A minha falecida avó, Maria Petini da Silva, por tudo o que ela representa na minha vida. Ao Prof. Dr. Sérgio Luís de Carvalho pelos ensinamentos, pelo incentivo e por ser um orientador e amigo ao mesmo tempo. A Prof.ª Dra. Elizete Aparecida Checon de Freitas e Prof.ª Dra. Liliane Lazzari Albertin, pela participação e contribuições no exame de qualificação. Aos meus pais, Wilson Alves Capanema e Edna Teodoro da Silva Capanema, pelo amor e educação. Ao meu irmão, Wilson Alves Capanema Junior, pelo grande companheirismo e ajuda nas horas difíceis. A minha namorada Ingrid por ser minha melhor amiga e estar sempre ao meu lado. Aos meus amigos Yuri e Igor que estiveram comigo nesses últimos anos e são essenciais na minha vida. A minha colega de Pós-Graduação Letícia Manoel pelo apoio e ensinamentos. A Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira (FEIS/UNESP), pela oportunidade concedida no curso de pós- graduação. Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e a todos os seus professores pelos ensinamentos e auxílio ao longo do curso, que contribuíram para minha formação acadêmica e profissional. A CAPES, pela bolsa de estudos. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. A TODOS VOCÊS, MEU MUITO OBRIGADO! “O que ocorrer com a Terra recaíra sobre os filhos da Terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.” Cacique Sealth RESUMO A água potável é um recurso que vem se tornando cada vez mais escasso no planeta, enquanto isso a população mundial está aumentando, o que futuramente poderá causar um grande problema de ordem mundial. Além disso, o homem vem ocupando de forma cada vez mais desordenada as bacias hidrográficas através de atividades de desmatamentos, queimadas, práticas agrícolas perniciosas, atividades extrativistas agressivas, ocupações urbanas generalizadas gerando a impermeabilização dos solos, lançamento de esgotos industriais e domésticos nos rios e lagos. Enfim, todas essas atuações impactantes ao meio ambiente têm gerado uma deterioração da qualidade das águas naturais, com riscos de propagação de doenças de veiculação hídrica ao próprio ser humano. A avaliação da qualidade da água pode subsidiar a formulação de planos de manejo e gestão de sistemas aquáticos. Neste trabalho, foi avaliada a qualidade da água do Córrego da Aldeia, no município de Fernandópolis-SP, utilizando-se o Índice de Qualidade da Água (IQA) e o seu estado de degradação associado à utilização da área de entorno. As amostragens de água e a aplicação do questionário socioeconômico e ambiental foram realizadas entre setembro/2013 e agosto/2014, em cinco pontos de amostragem e na área de entorno dos córregos. As amostras foram analisadas quanto aos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Constatou-se que na época das chuvas ocorreu uma queda no valor do IQA, devido ao grande aumento da turbidez e de sólidos totais na água, provenientes do carreamento de partículas sólidas pelo escoamento superficial, indicando falta de práticas de conservação de solo e de mata ciliar. A qualidade das águas variou de regular a boa no período em estudo, onde alguns parâmetros excederam ou ficaram abaixo dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 357/05 para corpos d’agua de classe II. Em alguns pontos, devido à forma de uso da terra, a microbacia apresentou fragilidade ambiental com risco potencial de contaminação de seus recursos hídricos, além da falta de informação e conscientização dos moradores a respeito dos problemas ambientais. Assim, diante do monitoramento realizado na microbacia do Córrego da Aldeia, ficou evidente de que a área necessita de uma atenção especial, principalmente no trecho em que o córrego atravessa a parte urbana da cidade, uma vez que este ponto apresentou resultados preocupantes, principalmente devido à redução do OD, que torna inviável a sobrevivência de muitos seres de vida aquática. Palavras-chave - IQA. Bacia hidrográfica. Córrego. ABSTRACT Drinking water is a resource that is becoming increasingly scarce on the planet, meanwhile the world population is increasing, which ultimately could cause a big problem of world order. In addition, the man has occupied so increasingly disorderly watersheds through deforestation activities, fires, harmful agricultural practices, aggressive extractive activities, widespread urban occupations generating soil sealing, release of industrial and domestic sewage into rivers and lakes. Anyway, all these actions impacting the environment have generated a deterioration of quality of natural waters, with risk of spread of waterborne diseases to human being. The assessment of water quality can support the formulation of management plans and management of aquatic systems. In this work, the quality of the water stream village, in the municipality of Fernandópolis-SP, was assessed using the Water Quality Index (WQI) and its state of degradation associated with the use of the surrounding area. Water sampling and the implementation of socio-economic and environmental questionnaire were conducted between September/2013 and August/2014 in five sampling sites and in the surrounding area streams. The samples were analyzed for physical, chemical and microbiological parameters. It was found that during the rainy season there was a fall in the value of the IQA, because of the increased turbidity and total solids in the water, from the carrying of solid particles by runoff, indicating lack of soil conservation practices and forest riparian. Water quality ranged from fair to good in the period under study, where some parameters exceeded or fallen below the limits established by CONAMA Resolution no 357/05 to water bodies class II. In some places, due to the form of land use, watershed presented the environmental fragility with potential risk of contamination of their water resources, and the lack of information and awareness of residents about the environmental problems. Thus, before the monitoring conducted in the watershed Stream Village, it became clear that the area needs special attention, especially in the section where the stream runs through the urban part of the city, since this point showed worrying results, mainly due the reduction of OD, which makes impossible the survival of many beings of aquatic life. Keywords: IQA. Watershed. Stream. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Perfil esquemático da concentração de oxigênio dissolvido no curso d’água ...................................................................................... 27 Figura 2 Perfil esquemático da concentração da matéria orgânica no curso d’água ................................................................................................ 29 Figura 3 Perfil esquemático da concentração de bactérias no curso d’água. .. 30 Figura 4 Curvas de variação dos parâmetros do IQA ...................................... 32 Figura 5 Mapa das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI ............................................................................................... 40 Figura 6 Localização do município de Fernandópolis - SP .............................. 41 Figura 7 Localização da microbacia no município de Fernandópolis - SP ....... 42 Figura 8 Localização da microbacia com respectivos pontos de monitoramento ................................................................................... 43 Figura 9 Ponto 1, nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia ............................................................................................ 44 Figura 10 Ponto 2, nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade .... 45 Figura 11 Ponto 3, Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras ............................................................................................ 46 Figura 12 Ponto 4, Córrego da Aldeia na parte rural da cidade ......................... 47 Figura 13 Ponto 5, foz do Córrego da Aldeia ..................................................... 48 Figura 14 Material utilizado em campo para coleta de água ............................. 51 Figura 15 Estufa de secagem e esterilização .................................................... 53 Figura 16 Forno ................................................................................................. 53 Figura 17 Dissecador ......................................................................................... 53 Figura 18 Banho Maria ...................................................................................... 53 Figura 19 Balança .............................................................................................. 53 Figura 20 Peagâmetro ....................................................................................... 53 Figura 21 Turbidímetro ...................................................................................... 53 Figura 22 COD reator ........................................................................................ 53 Figura 23 Espectrofotômetro ............................................................................. 53 Figura 24 Estufa de cultura ................................................................................ 54 Figura 25 Estufa DBO ........................................................................................ 54 Figura 26 Valores de temperatura (°C) no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ........................................................... 61 Figura 27 Valores de oxigênio dissolvido no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ........................................................... 62 Figura 28 Valores de DBO no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ....................................................................................... 63 Figura 29 Valores de turbidez no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ....................................................................................... 64 Figura 30 Valores de pH no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ....................................................................................... 66 Figura 31 Valores de sólidos totais no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ....................................................................................... 67 Figura 32 Valores de fósforo total no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ....................................................................................... 68 Figura 33 Valores de nitrogênio total no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 .................................................................................... 69 Figura 34 Valores de coliformes fecais no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014 ........................................................... 70 Figura 35 Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 1 (nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP ........................... 72 Figura 36 Nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia (P1) ....... 73 Figura 37 Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 2 (nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP ........................... 73 Figura 38 Nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P2) .......... 74 Figura 39 Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 3 (Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP ........................... 75 Figura 40 Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras (P3) ...... 76 Figura 41 Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 4 (Córrego da Aldeia na parte rural da cidade) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP ...................................................... 77 Figura 42 Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P4) ............................... 78 Figura 43 Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 5 (foz do Córrego da Aldeia) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP .............................................................................. 78 Figura 44 Foz do Córrego da Aldeia (P5) .......................................................... 79 Figura 45 Faixa etária dos moradores entrevistados na parte urbana da microbacia do Córrego da Aldeia em Fernandópolis/SP ................... 80 Figura 46 Nível de escolaridade dos moradores entrevistados na parte urbana da microbacia do Córrego da Aldeia em Fernandópolis/SP .. 81 Figura 47 Renda familiar dos moradores entrevistados na parte urbana da microbacia do Córrego da Aldeia em Fernandópolis/SP ................... 81 Figura 48 Lançamento de esgoto irregular no Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras – Fernandópolis/SP .......................... 82 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Parâmetros e pesos para determinação do IQA ................................ 31 Tabela 2 Classificação da Qualidade da Água em função do IQA ................... 33 Tabela 3 Precipitação total em (mm) ocorrida no município de Fernandópolis-SP, no período de setembro/2013 a agosto/2014 ..... 49 Tabela 4 Série histórica das precipitações (mm) ocorridas no dia da coleta e nos três dias anteriores .................................................................. 50 Tabela 5 Síntese das metodologias, equipamentos e precisão nas análises de qualidade de água. ....................................................................... 52 Tabela 6 Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia (P1) – Fernandópolis/SP .............. 56 Tabela 7 Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P2) – Fernandópolis/SP .................. 57 Tabela 8 Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 no Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras (P3) – Fernandópolis/SP .................. 58 Tabela 9 Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 no Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P4) – Fernandópolis/SP ........................................... 59 Tabela 10 Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na foz do Córrego da Aldeia (P5) – Fernandópolis/SP ................................................................... 60 Tabela 11 Índice de Qualidade da água (IQA) para os cinco pontos analisados entre o mês de setembro/2013 a agosto/2014 ................ 71 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16 1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 18 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 19 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 19 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 19 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 20 2.1 ÁGUA E POLUIÇÃO ....................................................................................... 20 2.2 QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................. 21 2.3 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA ................................................... 21 2.3.1 Parâmetros físicos ........................................................................................ 22 2.3.2 Parâmetros químicos .................................................................................... 24 2.3.3 Parâmetros biológicos .................................................................................. 29 2.4 ÍNDIDE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS - IQA .................................................. 30 2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS ................................................ 33 2.6 BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................................ 35 2.7 AUTODEPURAÇÃO DE CORPOS D’ÁGUA ................................................... 36 2.8 MONITORAMENTO AMBIENTAL E DA QUALIDADE DA ÁGUA.................... 38 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 40 3.1 UNIDADE DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (UGRHI) ...... 40 3.2 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 41 3.3 PONTOS DE AMOSTRAGEM ........................................................................ 43 3.4 PERÍODOS DE AMOSTRAGEM ..................................................................... 48 3.5 DADOS DE PRECIPITAÇÃO .......................................................................... 49 3.6 METODOLOGIAS DE COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA ........................ 50 3.7 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ........................................................................................................................................... .51 3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................. 54 3.9 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL ...... 54 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 56 4.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES LABORATORIAIS DE QUALIDADE DE ÁGUA ............................................................................................................................................ 56 4.1.1 Temperatura .................................................................................................. 61 4.1.2 Oxigênio dissolvido ...................................................................................... 62 4.1.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO .................................................... 63 4.1.4 Turbidez ......................................................................................................... 64 4.1.5 Potencial Hidrogeniônico - pH ..................................................................... 65 4.1.6 Sólidos totais ................................................................................................. 66 4.1.7 Fósforo total .................................................................................................. 67 4.1.8 Nitrogênio total .............................................................................................. 68 4.1.9 Coliformes fecais .......................................................................................... 69 4.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA – IQA ..................................................... 70 4.2.1 IQA da nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia (P1) ... 72 4.2.2 IQA da nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P2) ....... 73 4.2.3 IQA do Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras (P3) . 74 4.2.4 IQA do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P4) ............................ 76 4.2.5 IQA da foz do Córrego da Aldeia (P5) .......................................................... 78 4.3 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICO DOS MORADORES DO ENTORNO DO CÓRREGO ............................................................................................... 79 4.3.1 Faixa etária .................................................................................................... 80 4.3.2 Nível de escolaridade .................................................................................... 80 4.3.3 Renda familiar ............................................................................................... 81 4.3.4 Fontes e Uso da água ................................................................................... 82 4.3.5 Destinação do esgoto ................................................................................... 82 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 83 6 RECOMENDAÇÕES ....................................................................................... 84 REFERÊNCIAS....................................................................................................85 16 1 INTRODUÇÃO Os recursos hídricos têm importância fundamental na sobrevivência da humanidade, pois a água potável é essencial ao abastecimento público, no uso agropastoril, comercial, industrial e de serviços, necessário ao crescimento e desenvolvimento de um País (BUENO et al., 2005). Segundo Braga (2004), os seres humanos, os animais e os vegetais, a vida, em qualquer de suas formas, é diretamente afetada pela deterioração da qualidade da água, que pode ser gerada por poluição, por desmatamentos, por queimadas, entre outros. Os recursos naturais pertencentes às bacias hidrográficas são de extrema importância à sociedade, pois é através da utilização destes recursos que a humanidade se beneficia para sua sobrevivência. O mau uso dos recursos naturais tem ocorrido tanto pela escassez quanto pelo excesso de seu uso, como também pelo fato da humanidade tratar este assunto com descaso (CALIJURI; OLIVEIRA, 2000). Diversos critérios podem ser utilizados para caracterizar os usos e a magnitude dos impactos gerados pela ação antrópica nos variados ecossistemas aquáticos, sendo que o planejamento eficiente dos recursos hídricos pressupõe a distribuição equitativa das disponibilidades hídricas entre usos e usuários competitivos (FRANCO et al., 2009). O uso de índices de qualidade de água é uma alternativa utilizada por programas de monitoramento de águas superficiais, por ser um método simples para acompanhar, de forma resumida, a possível deterioração dos recursos hídricos ao longo de uma bacia hidrográfica ou ao longo do tempo (TOLEDO; NICOLELLA, 2002). A implantação do monitoramento da qualidade e da disponibilidade da água torna-se fundamental no diagnóstico das condições do manancial, servindo assim de base para um melhor planejamento em relação ao uso adequado dos recursos 17 hídricos e à elaboração de programas de recuperação de mananciais em estado de degradação (MANOEL, 2013). 18 1.1 JUSTIFICATIVA A água tem sido a centralizadora das atenções mundiais nos últimos anos, gerando diversas discussões sobre a utilização dos recursos hídricos, entre os quais: uma melhor gestão e uma melhor adequação desse recurso tão escasso. Tal preocupação é devido ao fato de tais recursos estarem ligados a impactos ambientais, como ocupação indevida do solo, uso indiscriminado da água, desmatamento de matas ciliares, sedimentação, assoreamento, construção de barragens, desvios de cursos d’água, erosão, salinização, contaminação, impermeabilização, compactação, diminuição da matéria orgânica contida nos solos dentre outras degradações, afetando profundamente o ciclo da água e o clima. Os dados obtidos podem ampliar os conhecimentos a respeito da microbacia estudada. Espera-se desta forma contribuir com importantes informações que possam alertar os órgãos públicos e a sociedade para uma melhor conservação dos recursos hídricos e fornecer subsídios que sirvam de diretriz para a elaboração futura de um plano de desenvolvimento sustentável para a área de influência da microbacia. 19 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral O objetivo desta pesquisa é avaliar a qualidade da água por meio do monitoramento de parâmetros físico-químicos e biológicos, utilizando-se o Índice de Qualidade da Água (IQA) e o seu estado de degradação associado à utilização da área de entorno. 1.2.2 Objetivos específicos � Determinar o índice da qualidade da água (IQA) no Córrego da Aldeia. � Determinar os efeitos das atividades antrópicas (fatores e os agentes poluentes, além dos níveis de poluição) no recurso hídrico da bacia. � Avaliar as relações existentes entre os parâmetros avaliados e as modificações ambientais devido à presença das atividades antrópicas registradas na zona de estudo. � Verificar, por meio da comparação dos resultados dos parâmetros analisados com os atribuídos pela Resolução nº. 357/2005 do CONAMA, o enquadramento do Córrego da Aldeia e sugerir ações a serem implantadas, para que este corpo de água fique em conformidade com os padrões de qualidade referentes à sua classificação. � Aplicar questionários socioeconômicos e ambientais com os proprietários no entorno dos córregos, buscando avaliar a influência das suas atividades em possíveis danos ambientais que venham a comprometer a qualidade da água da microbacia. 20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 ÁGUA E POLUIÇÃO Essencial à vida, a água configura-se como elemento necessário para quase todas as atividades humanas, sendo ainda, componente fundamental da paisagem e do meio ambiente. A água é um bem precioso, de valor inestimável, que deve ser conservado e protegido, prestando-se para múltiplos usos: abastecimento doméstico, industrial, geração de energia elétrica, irrigação de culturas agrícolas, navegação, aquicultura, piscicultura, recreação, pesca e, mesmo, para a autodepuração de esgoto (BARROS; SOUZA, 2012). Quando há abundância de água, ela poderia ser tratada como bem livre, sem valor econômico. Com o crescimento da demanda começam a surgir conflitos entre usos e usuários da água, que passa a ser escassa e, então, precisa ser gerida como bem econômico, ao qual deve ser atribuído o justo valor. Essa escassez também pode decorrer de aspectos qualitativos quando a poluição afeta de tal forma a qualidade, que os padrões excedem aos admissíveis para determinados usos (FREITAS, 2000). Diversos são os fatores que levam a deterioração da água, podendo ser classificadas em fontes pontuais ou difusas. As fontes pontuais se caracterizam, essencialmente, pelos efluentes domésticos e industriais. As difusas são caracterizadas pelos resíduos promovidos da agricultura, podendo ser citados ainda o escoamento superficial urbano e dos pátios de indústrias. Este tipo de poluição pode ser intensificado devido à irrigação, a compactação do solo devido à mecanização, a retirada de mata ciliar, à ausência de práticas conservacionistas do solo, aos processos erosivos, além dos fatores naturais (LOAGUE et al., 1998). Conforme Branco et al. (1991) e Lima (2001), as maiores alterações da composição da água se devem, principalmente, às ações humanas. Os rios tornaram-se os maiores depósitos de rejeitos originários do uso doméstico, industrial e agrícola. Dessa forma, o crescimento da demanda por água tem contribuído para o aumento da concentração de contaminantes nos corpos hídricos. 21 2.2 QUALIDADE DA ÁGUA A expressão “qualidade da água” não se refere a um grau de pureza absoluto ou mesmo próximo do absoluto, mas sim a um padrão tão próximo quanto possível do “natural”, isto é, tal como se encontra nas nascentes, antes do contato com o homem. (BRANCO et al., 1991). A qualidade da água está associada ao uso através de requisitos mínimos exigidos para cada tipo de aplicação, embasados por suporte legal, determinado pela legislação, apresentados na Resolução CONAMA 357 (Apêndice II). Considera ainda que a relação qualidade/aplicação contemple o conceito de sustentabilidade, viabilização técnica, fator econômico e política ambiental (COSTA; MATOS, 1997). De acordo com Meybeck e Helmer (1992) a qualidade do ambiente aquático pode ser determinada através de medidas quantitativas, como determinações físicas e químicas (na água, no material particulado e nos organismos) e/ou testes bioquímicos/biológicos (medidas de DBO5, testes de toxicidade), ou através de medidas semi quantitativas e qualitativas, tais como índices bióticos, aspectos visuais, inventário de espécies, odor, entre outros. 2.3 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA Segundo Von Sperling (2005), os diversos componentes presentes na água e que alteram o seu grau de pureza podem ser retratados, de uma maneira ampla e simplificada, em termos das suas características físicas, químicas e biológicas. Estas características podem ser traduzidas na forma de parâmetros de qualidade da água. As principais características da água podem ser expressas como: • Características físicas. As impurezas enfocadas do ponto de vista físico estão associadas, em sua maior parte, aos sólidos presentes na água. Estes sólidos podem ser de suspensões, coloidais ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho. • Características químicas. As características químicas da água podem ser interpretadas através de uma das duas classificações: matéria orgânica ou inorgânica. 22 • Características biológicas. Os seres presentes na água podem ser vivos ou mortos. Dentre os seres vivos têm-se os pertencentes aos reinos animal e vegetal, além dos protistas. 2.3.1 Parâmetros físicos Turbidez A turbidez é a interferência à passagem da luz através da água, causada por partículas insolúveis de solo, matéria orgânica, microorganismos e outros materiais, que desviam e/ou absorvem os raios luminosos que penetram na água. As partículas de turbidez, além de diminuírem a claridade e reduzirem a transmissão da luz na água, podem provocar o sabor e o odor na mesma, uma vez que transportam matéria orgânica absorvida. É agravada pela presença de sólidos em suspensão na água, como argila, silte, substâncias orgânicas finamente divididas, organismos microscópicos e outras partículas provenientes de despejos domésticos e industriais, cuja precipitação perturba o ecossistema aquático. Por ser de origem natural, não traz inconvenientes sanitários diretos, mas é esteticamente desagradável na água potável, e os sólidos em suspensão podem servir de abrigo para microrganismos patogênicos. É utilizado como parâmetro na caracterização de águas de abastecimento, brutas e tratadas, e no controle da operação das estações de tratamento de água (BRANCO, 1986). Em relação aos agentes causadores de turbidez na água, é possível que estes materiais possam ser originários do solo (principalmente quando não há mata ciliar), de atividades de mineração (como a retirada de areia ou a exploração de argila), de indústrias, ou do esgoto doméstico, lançado no manancial sem tratamento. As águas de lagos, lagoas, açudes e represas apresentam em geral, baixa turbidez, porém estes valores são variáveis em função dos ventos e das ondas que, nas partes rasas, podem revolver os sedimentos do fundo. Normalmente, após uma chuva forte, as águas dos mananciais de superfície ficam turvas graças ao carreamento dos sedimentos das margens pela enxurrada. Assim, os solos argilosos e as águas em movimentação ocasionam turbidez (SOARES, 2003). 23 A principal consequência da alteração da turbidez num corpo d’água com a redução da penetração da luz solar é a diminuição da taxa fotossintética, prejudicando a oxigenação do meio, principalmente em águas paradas ou mesmo em rios de baixa turbulência (BRANCO, 1986). A tendência da turbidez é se elevar com o aumento da vazão, ou seja, com vazões maiores, a turbidez varia mais. As chuvas que causam vazões maiores podem ser muito variáveis, provocando graus diferentes de erosividade, afetando os terrenos das encostas e das margens (HESPANHOL, 2009). Temperatura A temperatura é utilizada para a caracterização de corpos d’água e sua unidade de medida é dada em graus Celsius (°C). O conceito de temperatura de uma água está relacionado com a medição da intensidade de calor. A temperatura da água pode ser alterada pela transferência de calor por radiação, condução e convecção (atmosfera e solo). O aumento da temperatura da água está relacionado com o aceleramento das taxas de reações químicas e biológicas, com a transferência de gases e com a diminuição da solubilidade destes gases (VON SPERLING, 2005). Segundo Sewell (1978) o acréscimo de temperatura pode provocar alterações físicas, como na densidade, na viscosidade, na pressão do vapor e no oxigênio dissolvido, efeitos químicos, acelerando reações químicas e bioquímicas, e efeitos biológicos, podendo se tornar letal a organismos adaptados a determinadas condições físicas. As variações de temperatura são parte do regime climático normal, e corpos d’água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação vertical. A temperatura superficial é influenciada por fatores como latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade (BRAGA et al., 2005). 24 2.3.2 Parâmetros químicos Potencial Hidrogeniônico – pH O potencial hidrogeniônico (pH) representa a concentração de íons de hidrogênio, indicando uma condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. O pH compreende uma faixa de 0 a 14 e sua variação pode ocorrer devido a fatores naturais, como a dissolução de rochas, a absorção de gases da atmosfera, oxidação de matéria orgânica e fotossíntese. O pH também pode variar devido as atividades de origem antrópica, principalmente devido aos despejos industriais (lavagens ácidas, por exemplo) e domésticos (oxidação de matéria orgânica). Este parâmetro é utilizado com frequência na caracterização de corpos d’água e, geralmente, é determinado por peagâmetros com eletrodos de vidro, pois esses aparelhos não sofrem interferências de cor, turbidez e de uma extensa variedade de íons (VONSPERLING, 2005). Segundo Lima (2001), o pH da grande maioria dos corpos d’água varia entre 6 e 8. Ecossistemas que apresentam valores baixos de pH têm elevadas concentrações de ácidos orgânicos dissolvidos de origem alóctone e autóctone. Nesses ecossistemas, são encontradas altas concentrações de ácido sulfúrico, nítrico, oxálico, acético, além de ácido carbônico, formado, principalmente, pela atividade metabólica dos microrganismos aquáticos. Nitrogênio Total O nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos (processo denominado eutrofização). O nitrogênio, nos processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e deste a nitrato, implica no consumo de oxigênio dissolvido do meio (o que pode afetar a vida aquática) (VON SPERLING, 2005). Pode ter origem natural, sendo proveniente da dissolução de compostos do solo e da decomposição da matéria orgânica ou ter origem antropogênica quando for 25 proveniente de despejos domésticos, despejo industrial, detergentes, excrementos de animais, inseticidas e pesticidas (LIMA, 2001). Segundo Muller (2001), o nitrogênio orgânico e amônia estão associados a efluentes e águas recém-poluídas. Com o passar do tempo, o nitrogênio orgânico é convertido em nitrogênio amoniacal e, posteriormente, se condições aeróbias estão presentes, a oxidação da amônia acontece transformando-se em nitrito e nitrato. O principal problema relacionado com altas concentrações de nitrogênio é a eutrofização. Esse elemento é indispensável para o crescimento de algas e plantas aquáticas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, principalmente, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos, causando interferências aos usos desejáveis do corpo d’água, gerando problemas como gosto e odor, redução de oxigênio e transparência, declínio da pesca, mortandade de peixes, obstrução de cursos d’água e efeitos tóxicos sobre animais e seres humanos (VON SPERLING, 2005). Fósforo Total O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato, polifosfato e fósforo orgânico. Os ortofosfatos são diretamente disponíveis para o metabolismo biológico sem necessidade de conversões a formas mais simples. Os polifosfatos são moléculas mais complexas com dois ou mais átomos de fósforo. O fósforo orgânico é normalmente de menor importância. Conforme Von Sperling (2005), o fósforo não apresenta problemas de ordem sanitária nas águas de abastecimento. Assim como o nitrogênio, o fósforo também pode ter origem natural, sendo proveniente da dissolução de compostos do solo e da decomposição da matéria orgânica, e origem antropogênica quando for proveniente de despejos domésticos, despejo industrial, detergentes, excrementos de animais, inseticidas e pesticidas. Ele também é um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos (eutrofização) (LIMA, 2001). 26 Oxigênio Dissolvido O oxigênio dissolvido é fundamental para a sobrevivência dos organismos aeróbios. No processo de estabilização da matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo ocasionar a redução do oxigênio dissolvido do meio. Caso o oxigênio dissolvido seja totalmente consumido, ele pode gerar condições anaeróbias e produzir maus odores no curso d’água. (VON SPERLING, 2005). O oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção de processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estações de tratamentos de esgotos. Através de medição da quantidade de oxigênio dissolvido, os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do tratamento dos esgotos, durante a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. Os níveis de oxigênio dissolvido também indicam a capacidade de um corpo d’água manter a vida aquática (BRAGA et a.l, 2005). É, portanto, um parâmetro de extrema relevância na legislação de classificação das águas naturais, bem como na composição de índices de qualidade de águas (IQAs). No IQA utilizado no Estado de São Paulo pela CETESB, a concentração de oxigênio dissolvido é um parâmetro que recebe uma das maiores ponderações (MANOEL, 2013). A introdução de oxigênio na água se dá através de difusão atmosférica ou de atividade fotossintética de plantas aquáticas, sendo, posteriormente, consumido durante a decomposição aeróbia de substâncias orgânicas, oxidação de alguns compostos inorgânicos e respiração de organismos presentes no meio aquático. Em zonas de águas limpas, a concentração de oxigênio dissolvido varia durante o dia. Esta variação diurna depende da intensidade das atividades fotossintéticas e das mudanças de temperatura (PINHEIRO et al., 2006). 27 Figura 1 - Perfil esquemático da concentração de oxigênio dissolvido no curso d’água. Fonte: Von Sperling (2005). Sólidos Totais Para Branco (1986), todos os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos, os quais podem ser classificados pelas suas características físicas (suspensos e dissolvidos) e químicas (orgânicos e inorgânicos). Segundo o mesmo autor, os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica nos sólidos, ao passo que os sólidos fixos caracterizam a presença de matéria inorgânica ou mineral. Para Nuvolari (2003), a presença de resíduos sólidos nas águas leva a um aumento da turbidez, influenciando diretamente na entrada de luz e diminuindo taxa fotossintética no meio aquático. Os sólidos podem causar danos aos peixes e à vida aquática. Eles podem sedimentar no leito dos rios destruindo organismos que fornecem alimentos, ou também danificar os leitos de desova de peixes. Os sólidos podem reter bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos rios, promovendo decomposição anaeróbia. Altos teores de sais minerais, particularmente sulfatos e cloretos, estão associados à tendência de corrosão em sistemas de distribuição, além de conferir sabor às águas (BRAGA et al., 2005). 28 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) A DBO é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. É normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um determinado período de tempo, em uma temperatura de incubação específica. Um período de tempo de 5 dias em uma temperatura de incubação de 20 ºC é usado e referido como DBO5 20 (VON SPERLING, 2005). Por exemplo, os esgotos sanitários apresentam DBO5 20 na faixa de 200 a 600 mg/L, geralmente. Isso significa que, ao se lançar um litro de esgotos em um rio, ocorrerá uma “retirada” de cerca de 200 à 600 mg de oxigênio em função da respiração dos microrganismos que decomporão os componentes biodegradáveis desse esgoto. Cada pessoa ocasiona, por dia, uma demanda de 40 à 60 g de DBO5 20ºC no receptor dos esgotos da cidade, ou seja, grosseiramente pode-se afirmar que cada pessoa é responsável pela demanda de 40 a 60 g por dia de oxigênio do rio, lago ou oceano onde é feito o lançamento de seus esgotos (CALIJURI; OLIVEIRA, 2000). Os maiores aumentos em termos de DBO, em um corpo d’água, são provocados por despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de uma alta quantidade de matéria orgânica pode induzir à completa extinção do oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática (VON SPERLING, 2005). Um elevado valor da DBO pode indicar incremento da micro-flora presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis. A DBO é um parâmetro de fundamental importância na caracterização do grau de poluição de um corpo d’água (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO- CETESB, 2003). 29 Figura 2 - Perfil esquemático da concentração da matéria orgânica no curso d’água. Fonte: Von Sperling (2005). 2.3.3 Parâmetros biológicos Coliformes termotolerantes Há organismos (bactérias coliformes) que são comensais no trato intestinal de animais de sangue quente em quantidades extremamente grandes, de tal forma que um volume de 100 ml de esgoto doméstico chega a apresentar cerca de 10 a 100 milhões de bactérias coliformes (CALIJURI; OLIVEIRA, 2000). Quando a densidade de coliformes é usada como um critério para julgar as necessidades de tratamento, a água bruta pode ser classificada em águas limpas, águas boas e águas poluídas. A diversidade de coliformes na água bruta deve ser expressa em termos de unidades formadoras de colônias. As bactérias coliformes termotolerantes reproduzem-se ativamente a 44,5ºC e são capazes de fermentar o açúcar. O uso da bactéria coliforme fecal para indicar poluição sanitária mostra-se significativa porque o grupo fecal está restrito ao trato intestinal de animais de sangue quente (LIMA, 2001). A determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera (BRAGA et al., 2005). 30 Figura 3 - Perfil esquemático da concentração de bactérias no curso d’água. Fonte: Von Sperling (2005). 2.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS – IQA O Índice de Qualidade das Águas foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation. A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Nas décadas seguintes, outros Estados brasileiros adotaram o IQA, que hoje é o principal índice de qualidade da água utilizado no país. Ele incorpora 9 parâmetros considerados relevantes para a avaliação da qualidade das águas, tendo como determinante principal a utilização das mesmas para abastecimento público (CETESB, 2003). A criação do IQA baseou-se numa pesquisa de opinião junto a especialistas em qualidade de águas, que indicaram os parâmetros a serem avaliados, o peso relativo dos mesmos e a condição com que se apresenta cada parâmetro segundo uma escala de valores. Dos 35 parâmetros indicadores de qualidade de água inicialmente propostos, somente 9 foram selecionados. Por fim, definiu-se uma lista composta por nove parâmetros e respectivos pesos integrantes do IQA, conforme Tabela 1. 31 Tabela 1- Parâmetros e pesos para determinação do IQA. Fonte: CETESB (2003). Nota-se que, a importância do OD como principal parâmetro de caracterização do ambiente aquático manifesta-se na própria determinação do IQA, pois o mesmo responde por 17% do valor final e é o mais relevante dos nove que integram o índice. Importante notar uma sobreposição de alguns parâmetros que de certa maneira fornece informações semelhantes, tais como: OD e DBO, turbidez e sólidos totais e em algumas circunstâncias, DBO e coliformes fecais (LIBÂNIO, 2005). Definidos os parâmetros integrantes do IQA e seus pesos, traçaram-se as curvas de representação da variação da qualidade da água produzida pelas possíveis medidas do parâmetro. Estas curvas médias de variação, bem como seu peso relativo correspondente, são apresentadas na Figura 4 (CETESB, 2003). Segundo CETESB (2003), a equação utilizada para a determinação do índice de Qualidade da Água é a seguinte: onde: IQA : índice de Qualidade da Água, valor entre 0 e 100; qi : qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100. obtido da respectiva "curva média de variação de qualidade" na Figura 2, em função de sua concentração ou medida; Parâmetro Peso (wi) Oxigênio dissolvido 0,17 Coliformes termotolerantes 0,15 pH 0,12 Demanda bioquímica de oxigênio 0,10 Nitrogênio total 0,10 Fósforo total 0,10 Temperatura 0,10 Turbidez 0,08 Sólidos totais 0,08 32 Wi : peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre O e 1, atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que a somatória de Wi deve ser 1, conforme CETESB (2003) dispõe na seguinte equação: em que: n : número de parâmetros que entram no cálculo do IQA. FIGURA 4 - Curvas de variação dos parâmetros do IQA. 33 Fonte: CETESB (2003). A partir do cálculo do IQA, são definidos os níveis de qualidade do corpo hídrico relacionando intervalo de variação do IQA e a cor de referência, conforme mostra a Tabela 2. Tabela 2- Classificação da Qualidade da Água em função do IQA. Categoria Ponderação ÓTIMA 79 < IQA � 100 BOA 51 < IQA � 79 REGULAR 36 < IQA � 51 RUIM 19 < IQA � 36 PÉSSIMA IQA � 19 Fonte: CETESB (2003). 2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS Em relação às águas doces, CALIJURI e OLIVEIRA (2000) destacam, resumidamente, seus usos preponderantes e alguns requisitos exigidos pela Resolução CONAMA nº. 20/86, e mantidos pela Resolução 357/05, de acordo com cada uma das 05 classes, a saber: 34 •. Classe especial. Águas destinadas ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção e à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. Nessas águas foram estabelecidas restrições quanto a coliformes totais, que deverão estar ausentes em qualquer amostra. Não são tolerados lançamentos de resíduos líquidos e sólidos de qualquer espécie, mesmo quando tratados. • Classe 1. Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado, à proteção das comunidades aquáticas, à recreação de contato primário, à irrigação de hortaliças e frutas cultivadas rente ao solo e consumidas cruas e á agricultura de espécies destinadas à alimentação humana. Para as águas de classes 1 a 3, foram estabelecidos padrões de qualidade com restrições para materiais flutuantes, óleos e graxas, substâncias que comuniquem gosto ou odor, corantes artificiais, substâncias que formem depósitos objetáveis, os quais deverão ser virtualmente ausentes; coliformes, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), turbidez, cor, pH e uma extensa lista de substâncias potencialmente prejudiciais, como sólidos totais, nutrientes, fenóis, detergentes, solventes, metais pesados, biocidas organoclorados e fosforados, carbonatos e outras substâncias orgânicas e inorgânicas tóxicas, cancerígenas ou de outro efeito nocivo, que devem obedecer a determinados limites quantitativos, em função de cada classe. • Classe 2. Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas, á recreação de contato primário, à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, e à agricultura. • Classe 3. Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e a dessedentação de animais. • Classe 4. Águas destinadas à navegação, à harmonia paisagística e aos usos menos exigentes. Para as águas da classe 4 há apenas restrições para materiais flutuantes, odor e aspecto, óleos, graxas e substâncias sedimentáveis, limites quantitativos para fenóis, OD e pH. 35 2.6 BACIAS HIDROGRÁFICAS A bacia hidrográfica é o elemento fundamental de análise do ciclo hidrológico, principalmente na sua fase terrestre, que engloba a infiltração e o escoamento superficial. Ela pode ser definida como uma área limitada por um divisor de águas, que a separa das bacias adjacentes e que serve de captação natural da água de precipitação através de superfícies vertentes. Por meio de uma rede de drenagem, formada por cursos d’água, ela faz convergir os escoamentos para a seção de exutório, seu único ponto de saída (TUCCI, 1997). As vazões de uma bacia dependem de fatores climáticos e geomorfológicos. A intensidade, a duração, a distribuição espaço-temporal da precipitação, bem como a evapotranspiração, estão entre os principais fatores climáticos (ROCHA et al., 2000). Com relação ao fator área na distinção entre os termos bacia e microbacia hidrográfica, Lima e Zakia (2000) explicam que, sob o ponto de vista da hidrologia, a classificação das bacias hidrográficas em grandes e pequenas deve ser feita com base não somente na sua superfície total, mas também considerando os efeitos de certos fatores dominantes na geração do deflúvio. Assim, hidrologicamente as microbacias tem como características distintas uma grande sensibilidade tanto a chuvas de alta intensidade (curta duração), como também ao fator uso do solo (cobertura vegetal). Quer isso dizer que as alterações na quantidade e na qualidade da água do deflúvio, em função de chuvas intensas e ou em função de mudanças no uso do solo, são detectadas com muito mais sensibilidade nas microbacias do que nas bacias grandes. Nestas últimas, o efeito de armazenamento da água pluvial ao longo dos canais é tão pronunciado que a bacia torna-se menos sensível àqueles dois fatores. O planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica requerem um conhecimento profundo dos mesmos. Isto implica em dispor ao longo do tempo, assim como no espaço geográfico da bacia hidrográfica, de informações relativas às quantidades de água armazenadas, às vazões na rede 36 de drenagem, aos usos dos recursos hídricos e a qualidade da água (PEIXOTO, 2002). 2.7 AUTODEPURAÇÃO DE CORPOS D’ÁGUA O fenômeno da autodepuração está vinculado ao restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, por mecanismos essencialmente naturais, após as alterações induzidas pelos despejos afluentes. Deve ser entendido que o conceito de autodepuração apresenta a mesma relatividade que o conceito de poluição. Uma água pode ser considerada depurada, sob um ponto de vista, mesmo que não esteja totalmente purificada em termos higiênicos, apresentando, por exemplo, organismos patogênicos (VON SPERLING, 2005). Segundo Molina (2006) mesmo em estado de poluição, os mananciais ainda lutam pela sua sobrevivência através de mecanismos de autodepuração. Corredeiras, meandros, quedas d’água entre outras características fazem com que o manancial tenda a recuperar a qualidade de suas águas. Contudo, anteriormente ao êxodo rural, as poluições eram geradas apenas de maneira difusa, enquanto que atualmente, com o aumento das populações urbanas, passaram a ter também caráter pontual e de alta concentração, dificultando a resposta dos corpos d’água em se autodepurar. Deve-se salientar que, no fenômeno da autodepuração de um corpo hídrico, dentre os constituintes mais importantes em termos de avaliação do impacto na qualidade da água, destacam-se a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e o oxigênio dissolvido (OD) na água (EIGER, 2003). Segundo Branco (1978), podem ser reconhecidas quatro zonas de autodepuração ao longo de um curso d’água que receba forte contribuição em esgoto: zona de degradação, zona de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de águas limpas. Zona de Degradação – essa zona tem início no ponto de lançamento dos despejos orgânicos. Imediatamente a água torna-se turva, de cor acinzentada, 37 havendo formação de depósitos de partículas no fundo. A decomposição neste ponto ainda não iniciou ou se dá em pequena escala em pontos mais a jusante, podendo mesmo ser encontrado oxigênio dissolvido, o que possibilita a presença de peixes, que para lá afluem em busca de partículas para alimento. Nos pontos mais a jusante, inicia-se a proliferação bacteriana, originando bactérias aeróbicas. O teor de gás carbônico segue numa curva inversa à do Oxigênio Dissolvido (OD), sendo tanto maior quanto menor OD houver. Os compostos nitrogenados complexos, também são elevados. A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) produzida por todo esse material orgânico em decomposição atinge um máximo no ponto de lançamento, decrescendo em seguida. As bactérias de vida livre, do esgoto, atingem também cifras máximas nessa primeira zona, sendo comum densas massas de Sphaerotilus. São igualmente abundantes alguns protozoários, como certas formas de ciliados, colônias do gênero Vorticella e Epistylise Carchesium. As algas são raras pela absoluta ausência de luz, cuja penetração é impedida pelo excesso de turbidez. Com o aumento da população bacteriana, acelera o consumo de oxigênio para oxidação ou respiração, sendo que, ao atingir 40% de sua saturação, inicia-se, nesse ponto, a zona seguinte (BRANCO, 1978). Zona de decomposição ativa – esta zona só pode ser reconhecida em corpos hídricos que recebam fortes cargas de esgoto, visto que, tem acentuada cor acinzentada e depósitos de lodo escuros no fundo, com ativo mau cheiro. No meio dessa zona, o oxigênio dissolvido é totalmente consumido pelas bactérias, fungos e outros organismos aeróbios, criando assim um meio anaeróbio em toda a massa de água. Nos pontos de maior concentração de lodo orgânico, desaparece a vida aeróbia, surgindo em seu lugar flora e fauna com respiração intramolecular e dá origem ao desprendimento de bolhas contendo gases, tais como: metano, gás sulfídrico, mercaptanas e outros responsáveis pelo mau cheiro característico de ambientes sépticos. O nitrogênio nessa zona é abundante, ainda na forma orgânica, mas predominantemente na forma de amônia que pode iniciar sua oxidação a nitritos. Vencida a demanda de oxigênio (DBO), o mesmo reaparece até atingir 40% de saturação, quando então inicia a zona seguinte (BRANCO, 1978). Zona de Recuperação – por essa zona, a seqüência é inversa à zona de degradação, ou seja, inicia-se no ponto em que o Oxigênio Dissolvido (OD) atinge 38 40% de saturação estendendo-se até o ponto em que o teor inicial de oxigênio, próprio das águas limpas, seja restabelecido. Isso se explica pelo saldo de oxigênio que é introduzido na água pela atmosfera através da superfície, ou por organismos fotossintetizantes que proliferam em número cada vez maior. As águas se apresentam mais claras, não se verificando o desprendimento de gases ou de mau cheiro. Também nessa zona, são mineralizados os compostos de nitrogênio, fósforo, enxofre, etc. que são oxidados até se transformarem em substâncias estáveis como fosfatos, sulfatos e nitratos. Tal presença fertiliza o meio e permite o desenvolvimento de vegetais fotossintetizantes como algas e outras plantas, que por sua vez, constituem alimentação adequada a toda série de animais microscópicos que habitam as águas doces. Nesse ambiente, começam a aparecer os peixes mais tolerantes (BRANCO, 1978). Zona de Águas Limpas – nesta zona, as águas atingem as condições normais existentes antes de se dar a poluição, pelo menos no que diz respeito ao oxigênio dissolvido (OD), a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e aos índices bacteriológicos, porém, devido a alta mineralização verificada na zona anterior, as águas se tornam muito férteis, aumentando sua capacidade de fertilização, dando como conseqüência a alta floração e superprodução de algas. Há predominância de formas completamente oxidadas e estáveis de compostos minerais, tais como: nitratos, fosfatos entre outros nutrientes. Com a superprodução de algas, que servem de alimentos a protozoários e estes a rotíferos, crustáceos e larvas de insetos, principal alimento de peixes, está estabelecido o ciclo biodinâmico normal do manancial. Nessa zona voltam a aparecer as ninfas de odonatos, efemérides, tricópteros e plecópteros, assim como, moluscos e grande variedade de peixes (BRANCO, 1978). 2.8 MONITORAMENTO AMBIENTAL E DA QUALIDADE DA ÁGUA O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar - qualitativa e quantitativamente - as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e institucionais também são incluídas neste 39 tipo de estudo, já que exercem influências sobre o meio ambiente (MACHADO, 1995). Com base nesses levantamentos, o monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam o estado de conservação, preservação, degradação e recuperação ambiental da região estudada. Também subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo, além de auxiliar na definição de políticas ambientais (MACHADO, 1995). O monitoramento da qualidade da água é o esforço em obter informações quantitativas das suas características físicas, químicas e biológicas por meio de amostragem estatística. O tipo de informação procurada depende dos objetivos da rede de monitoramento, e esses objetivos variam desde a detecção de violações dos padrões de qualidade do corpo d’água, até a determinação das tendências temporais da qualidade da água. Já a rede de monitoramento é definida como sendo a localização espacial dos pontos de amostragem e, portanto, o projeto da rede de monitoramento significa a definição dos pontos de amostragem, da frequência temporal e duração da amostragem e da seleção das variáveis a serem medidas (SANDERS, 1983). Resumidamente, o monitoramento da qualidade da água visa realizar a medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhar a evolução das condições da qualidade da água ao longo do tempo. Ele é importante para averiguar as tendências na qualidade do meio aquático, e para observar como este é afetado por contaminantes e/ou atividades antrópicas (MANOEL, 2013). 40 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 UNIDADES DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (UGRHI) O Estado de São Paulo é dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) e o município de Fernandópolis pertence à UGRHI-15, que é a Bacia do Turvo/Grande, na qual o Córrego da Aldeia está incluído. Figura 5 – Mapa das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI Fonte: Departamento Águas e Energia Elétrica- DAEE (2007) 41 3. 2 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Este trabalho foi realizado na Microbacia Hidrográfica do Córrego da Aldeia, no município de Fernandópolis, região noroeste do Estado de São Paulo, localizado na zona 22 K, entre as coordenadas geográficas 20°05’05,2’’S e 50°07’11,4’’O e 20°28’14,5’’S e 50°21’17,2’’O, Datum SIRGAS 2000, com altitude entre 427 a 555 metros acima do nível do mar e uma área territorial de 556,66 Km2 . Figura 6 - Localização do Município de Fernandópolis – SP. Fonte: IBGE (2010). 42 A área escolhida para o desenvolvimento deste trabalho abrange aproximadamente 1.478,96 hectares e está entre as coordenadas geográficas 20°14’42,76’’S e 50°12'22,22"O e 20°16'39,49"S e 50°15'36,62"O Datum SIRGAS 2000 com altitude entre 447 a 541 metros acima do nível do mar. Esta microbacia engloba uma porção urbana (Bairro Residencial Alto das Paineiras, Residencial dos Botelhos e Jardim Araguaia) e uma porção rural formada por chácaras e propriedades rurais que rodeiam o núcleo urbano. As distâncias entre estas propriedades e os núcleos urbanos variam de 1 a 5 km em média. Figura 7 – Localização da microbacia no município de Fernandópolis - SP. Fonte: Google Earth (2011). A delimitação da microbacia foi feita utilizando-se os programas Global Mapper, AutoCAD e Google Earth. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Fernandópolis o córrego da Aldeia é classificado como sendo classe 2. 43 3.2 PONTOS DE AMOSTRAGEM Para avaliação da qualidade da água na microbacia hidrográfica do Córrego da Aldeia, foram escolhidos cinco pontos distribuídos por toda a microbacia, compreendendo desde suas principais nascentes até sua foz (Figura 8). Figura 8 – Localização da microbacia com respectivos pontos de monitoramento. Fonte: Google Earth (2011). Ponto 1 O ponto 1 está localizado em uma da nascentes do Córrego da Aldeia e está a 4.893,56 metros da foz da bacia. Este ponto foi escolhido para que se pudesse obter as características originais do Córrego, ou seja, antes da contribuição de qualquer tipo de efluentes ou resíduos. Esse ponto encontra-se na porção urbana da cidade e é desprovido de mata ciliar. O local pode ser visualizado pela Figura 9. 44 Figura 9 – Ponto 1, nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia. Fonte: do próprio autor O ponto 1 apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 20°16'13.83"S Longitude: 50°15'0.70"O Altura: 514 metros acima do nível do mar. Ponto 2 O ponto 2 também está localizado em uma da nascentes do Córrego da Aldeia e está a 4.080,13 metros da foz da bacia. Ele também foi escolhido para que se pudesse obter as características originais do Córrego. O ponto encontra-se na porção rural da cidade e é composto parcialmente por mata ciliar, seguido de aglomerado de lotes rurais. O local pode ser visualizado pela Figura 10. 45 Figura 10 – Ponto 2, nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade. Fonte: do próprio autor O ponto 2 apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 20°15'1.06"S Longitude: 50°14'15.65"O Altura: 515 metros acima do nível do mar. Ponto 3 O ponto 3 está localizado a 3.712,10 metros da foz da bacia e a 80 metros da principal represa da cidade. Ele foi escolhido por apresentar o chamado efeito cascata, pois, todos os impactos gerados na parte urbana da cidade irão apresentar alteração na qualidade da água neste ponto. Esta é uma área de confinamento de bovinos e equinos. O local pode ser visualizado pela Figura 11. 46 Figura 11 – Ponto 3, Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras. Fonte: do próprio autor O ponto 3 apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 20°15'49.21"S Longitude: 50°14'19.12"O Altura: 481 metros acima do nível do mar. Ponto 4 O ponto 4 está localizado a 2.397,98 metros da foz da bacia. Apresenta reduzidas áreas de preservação permanente e consequentemente proliferação de aguapés. Não possui mata ciliar. O local pode ser visualizado pela Figura 12. 47 Figura 12 – Ponto 4, Córrego da Aldeia na parte rural da cidade. Fonte: do próprio autor O ponto 4 apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 20°16'4.33"S Longitude: 50°13'34.71"O Altura: 463 metros acima do nível do mar Ponto 5 O quinto e último ponto de monitoramento está localizado na Foz do Córrego da Aldeia que deságua no córrego das pedras. Foi escolhido por ser o exutório da microbacia. Possui mata ciliar e é cercado por um aglomerado de propriedades rurais. 48 Figura 13 – Ponto 5, foz do Córrego da Aldeia. Fonte: do próprio autor O ponto 5 apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 20°16'4.98"S Longitude: 50°12'12.38"O Altura: 447 metros acima do nível do mar. 3.4 PERÍODOS DE AMOSTRAGEM Os trabalhos de coleta de amostras, para avaliação da qualidade das águas na microbacia do Córrego da Aldeia tiveram início em setembro de 2013 e término em agosto de 2014, compreendendo as estações sazonais (seca e chuvosa), num período de um ano. As análises dos parâmetros físico-químicos e biológicos foram realizadas mensalmente sempre entre o dia 05 e 10 de cada mês, totalizando 12 campanhas. 49 3.5 DADOS DE PRECIPITAÇÃO Segundo estudo da Secretaria Estadual de Saúde o clima do município de Fernandópolis é classificado como do tipo Aw (tropical úmido) com inverno seco e verão quente e chuvoso. Os dados de precipitação foram obtidos através do banco de dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica (2014) para o município de Fernandópolis-SP. Durante o período amostral a precipitação total foi de 1.324,5mm. Na Tabela 3 encontra-se a distribuição mensal da precipitação, observando-se que as maiores precipitações ocorreram nos meses de março de 2014 (236mm) e novembro de 2013 (217,4mm). Tabela 3 - Precipitação total em (mm) ocorrida no município de Fernandópolis-SP, no período de setembro/2013 a agosto/2014. MESES PREC. TOTAL (mm) VALOR MÍNIMO DIÁRIO (mm) VALOR MÁXIMO DIÁRIO (mm) Setembro 70,1 0 47,5 Outubro 103,9 0 30,7 Novembro 217,4 0 43 Dezembro 198,2 0 43,9 Janeiro 126,9 0 35,2 Fevereiro 144,8 0 27,2 Março 236 0 74,4 Abril 59,4 0 22,1 Maio 62,6 0 41 Junho 78,6 0 30 Julho 26,5 0 15 Agosto 0,1 0 0,1 A análise da série histórica das precipitações (em milímetros) ocorridas no dia da coleta e nos três dias anteriores está apresentada na Tabela 4. 50 Tabela 4 - Série histórica das precipitações (mm) ocorridas no dia da coleta e nos três dias anteriores. Legenda: C0 – precipitações ocorridas nas datas de amostragens, C1 – precipitações ocorridas no dia anterior às amostragens, C2 – precipitações ocorridas no segundo dia anterior às amostragens; e C3 – precipitações ocorridas no terceiro dia anterior às amostragens. O objetivo da série foi analisar a interferência das chuvas sobre os parâmetros qualitativos e quantitativos, uma vez que as precipitações ocorridas apenas nos dias de coletas podem ser consideradas insuficientes para avaliar sua interferência. 3.6 METODOLOGIAS DE COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA Para realização da coleta da água foram realizadas visitas aos locais das investigações, isto é, nos pontos onde foram efetuadas as coletas das amostras. As amostras foram preservadas de acordo com o Guia Técnico de Coleta de Amostras – CETESB. Os frascos utilizados para coleta eram identificados e o respectivo ponto anotado para fácil reconhecimento no laboratório. Os pontos de monitoramento foram georreferenciados com auxílio do Sistema de Posicionamento DATA C0 C1 C2 C3 06/09/2013 0 0 2,4 0 08/10/2013 0 0 0 20,5 08/11/2013 0 0 0,3 31,5 06/12/2013 1,8 0 3,7 0 07/01/2014 0 0 0 0,5 07/02/2014 0 0 0 0 06/03/2014 13,7 2 27,3 0 09/04/2014 8 0 0 0 09/05/2014 0 0 0 0 06/06/2014 0 0 0 9,2 09/07/2014 0 0 0 0 08/08/2014 0 0 0 0 51 Global - GPS. Todo o material utilizado em campo foi separado e conferido dias antes a fim de evitar não conformidades no momento da amostragem (Figura 14). Figura 14 - Material utilizado em campo para coleta de água. Fonte: do próprio autor 3.7 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS As amostras foram analisadas no laboratório de Saneamento do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP) no máximo 24 horas após a coleta. Foram feitas análises das condições físicas, químicas e biológicas das amostras, utilizando-se o Índice de Qualidade de água - IQA, com base nos Métodos para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias – Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA- AWWA-WPCF, 1998) para os seguintes parâmetros: Parâmetros físicos: Turbidez (uT) e Temperatura (°C); Parâmetros químicos: pH, Nitrogênio Total (mg/L), Fósforo Total (μg/L), Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO (mg/L), Oxigênio Dissolvido OD (mg/L), Sólidos Totais (mg/L); e Parâmetros biológicos: Coliforme Termo tolerante (NMP/100 ml). 52 A Tabela 5 apresenta a síntese da metodologia utilizada para a determinação de cada parâmetro analisado. Tabela 5 - Síntese das metodologias, equipamentos e precisão nas análises de qualidade de água. PARÂMETROS UNIDADE DE MEDIDA MÉTODOS PRECISÕES EQUIPAMENTOS Turbidez NTU Nefelométrico 0,01 Turbidímetro/Hach/ 2100NA v1.2 Temperatura °C Eletrométrico Termômetro portátil pH - Eletrométrico 0,01 pHmetro de membrana/Hanna/ HI8314 Fósforo Total mg.L-1 Digestão por Ácido Persulfato e Espectrofotométrico 0,01 Espectrofotômetro Odyssey/ Hach/DR-2500 Nitrogênio Total mg.L-1 Digestão por Ácido Persulfato e Espectrofotométrico 0,1 Espectrofotômetro Odyssey/ Hach/DR-2500 DBO mg.L-1 Método das Diluições, Incubado a 20ºC, 5 dias 0,1 Pipetas de 2 ml, garrafas de Van Dorn e Titulador OD mg.L-1 Método de Winkler Modificado 0,1 Titulador Sólidos totais Sólidos suspensos mg.L-1 Gravimétrico 1,0 Cápsula de Porcelana Disco de microfibra de vidro/Sartorius Balança eletrônica de precisão de 0,1 μg/Bel Mark/ U210A Estufa/Marconi/MA033 / temp.120ºC Dissecador/Pyrex/200 mm Coliformes fecais NMP/100 ml de amostra Contagem de bactérias 100 col/100 ml Procedimento de análise, Kit microbiológico – Sartorius. 53 Os principais equipamentos citados na Tabela 5 podem ser observados nas Figuras 15 a 25, mostradas a seguir. Figura 15 – Estufa de secagem e esterilização Figura 5 – Forno Figura 17 - Dissecador Figura 18 – Banho Maria Figura 6 – Peagâmetro Figura 19 - Balança Figura 21 – Turbidímetro Figura 23 – Espectrofotômetro Figura 22 – COD reator 54 Fonte: do próprio autor 3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA Para interpretação dos dados qualitativos dos recursos hídricos, foram realizadas análises estatísticas descritivas e de figuras representativas com auxílio do programa computacional Microsoft Excel 2010. A análise exploratória dos dados foi realizada nos cinco pontos, com o objetivo de se conhecer as características e o comportamento das amostras para os períodos seco e chuvoso. 3.9 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL Como parte do procedimento metodológico foram utilizados questionários socioeconômicos e ambientais com base em Machado (1982), Colodro et al. (1991) Figura 24 – Estufa de cultura Figura 25 – Estufa DBO 55 e Martins et al. (2011) que contém com 27 questões, contendo quadros com alternativas diversas de respostas, que foram respondidas pelos moradores do entorno do córrego, na parte urbana da cidade. Foram aplicadas 12 das 27 questões propostas no questionários socioeconômico e ambiental (questões número 1, 2, 3, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23, 24 e 27), que eram as que enquadravam com a situação dos moradores da área urbana, visto que os responsáveis pelas propriedades rurais (proprietários e administradores) não quiseram colaborar com a pesquisa. O questionário procurou obter aspectos socioeconômicos da população, fontes pontuais de poluição por esgotos, uso da água do córrego e a percepção dos proprietários, quanto aos problemas de degradação ambiental (Ver anexo I). 56 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES LABORATORIAIS DE QUALIDADE DE ÁGUA As tabelas 6, 7, 8, 9 e 10 mostram os resultados obtidos nas análises laboratoriais de qualidade da água da Microbacia Hidrográfica do Córrego da Aldeia e os padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 para cada parâmetro (temperatura, oxigênio dissolvido, DBO, turbidez, pH, sólidos totais, fósforo total, nitrogênio total e coliformes fecais) nos cinco pontos de amostragens ao longo do perfil longitudinal do córrego durante o período de um ano. Tabela 6 - Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia (P1) – Fernandópolis/SP. MESES T°C OD DBO Turbidez pH Sólidos P N Col. Fec. SETEMBRO 25 8,52 0 25,4 7,1 140 0,01 1,2 100 OUTUBRO 25 8,12 0 30,6 7,15 150 0,02 1,6 100 NOVEMBRO 28 9,1 0 35,6 6,92 210 0,02 1,2 200 DESEMBRO 28 8,92 1 44,2 6,64 190 0,02 1,9 300 JANEIRO 28 8,42 1 49,8 6,41 185 0,02 1,8 200 FEVEREIRO 26 9,12 1 46,1 6,77 150 0,02 0,9 200 MARÇO 26 9,75 0 35 7,12 130 0,01 0,9 200 ABRIL 25 8,24 0 25,2 7,46 90 0,01 0,8 100 MAIO 22 8,02 0 19,8 7,66 170 0,01 1,2 100 JUNHO 22 6,2 0 22 7,81 150 0,01 1,6 100 JULHO 22 6,12 0 31,6 7,73 100 0,01 1,4 100 AGOSTO 23 5,83 0 16,4 7,29 90 0,01 1,4 100 CONAMA 357/05 * >5,0 (mg/L) <5,0 (mg/L) ≤100,0 (NTU) 6,0 a 9,0 <500 (mg/L) <0,050 (mg/L) * <1000/ 100ml 57 Tabela 7 - Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na nascente do Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P2) – Fernandópolis/SP. MESES T°C OD DBO Turbidez pH Sólidos P N Col. Fec. SETEMBRO 25 7,82 0 10,6 7,18 130 0,02 1,7 100 OUTUBRO 25 7,73 0 12,2 7,43 120 0,02 1,6 200 NOVEMBRO 25 8,12 0 14,1 7,12 150 0,01 1,2 100 DESEMBRO 26 8,51 1 30,5 6,94 200 0,01 2,5 200 JANEIRO 28 8,92 0 40,2 6,82 210 0,01 3,1 300 FEVEREIRO 28 7,93 0 40,6 6,62 190 0,01 2,7 300 MARÇO 26 9,22 0 30,8 6,98 90 0,01 2,2 100 ABRIL 25 8,56 1 18 8,12 60 0,01 1,6 100 MAIO 24 8,01 0 15,6 7,81 160 0,01 1,8 100 JUNHO 22 7,72 0 14,2 7,73 120 0,02 0,9 100 JULHO 22 7,12 0 12,9 7,14 80 0,01 1,6 100 AGOSTO 22 6,91 0 10,6 7,02 70 0,01 1,3 100 CONAMA 357/05 * >5,0 (mg/L) <5,0 (mg/L) ≤100,0 (NTU) 6,0 a 9,0 <500 (mg/L) <0,050 (mg/L) * <1000/ 100ml 58 Tabela 8 - Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 no Córrego da Aldeia no bairro Residencial Alto das Paineiras (P3) – Fernandópolis/SP. MESES T°C OD DBO Turbidez pH Sólidos P N Col. Fec. SETEMBRO 25 4,72 7 84,5 7,23 210 0,07 3,9 400 OUTUBRO 25 4,78 6 72,5 7,39 240 0,09 5,6 400 NOVEMBRO 26 5,17 4 91,8 7,08 260 0,07 4,4 300 DESEMBRO 28 6,12 2 105,2 7,06 1160 0,04 1,6 300 JANEIRO 28 6,92 2 102,3 6,72 1280 0,04 2,6 200 FEVEREIRO 27 5,56 4 122,5 6,86 1350 0,04 2,3 100 MARÇO 27 4,89 5 131,5 6,51 1290 0,08 2,4 100 ABRIL 26 3,98 6 80,2 7,54 260 0,06 2,3 300 MAIO 25 3,46 7 62,6 7,22 190 0,08 2,2 200 JUNHO 23 3,54 6 71,2 7,46 150 0,12 2,1 100 JULHO 23 3,19 6 58,6 7,61 180 0,09 1,9 100 AGOSTO 24 4,12 6 62,6 7,22 170 0,06 2,3 100 CONAMA 357/05 * >5,0 (mg/L) <5,0 (mg/L) ≤100,0 (NTU) 6,0 a 9,0 <500 (mg/L) <0,050 (mg/L) * <1000/ 100ml 59 Tabela 9 - Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 no Córrego da Aldeia na parte rural da cidade (P4) – Fernandópolis/SP. MESES T°C OD DBO Turbidez pH Sólidos P N Col. Fec. SETEMBRO 25 5,51 4 80,2 7,62 160 0,04 2,1 400 OUTUBRO 25 5,42 4 69,6 7,44 200 0,04 3,5 400 NOVEMBRO 26 6,22 3 87,6 7,61 220 0,03 3,1 100 DESEMBRO 28 7,18 1 101,7 7,43 960 0,01 0,6 100 JANEIRO 28 7,96 1 98,4 6,81 1020 0,01 1,8 100 FEVEREIRO 28 6,05 2 112,1 6,94 1090 0,01 1,5 200 MARÇO 27 5,63 2 118,2 6,74 1030 0,03 1,4 200 ABRIL 25 5,28 4 76,2 7,41 220 0,03 1,8 200 MAIO 25 5,12 4 56,8 7,23 170 0,03 1,3 100 JUNHO 23 5,24 3 66,9 7,42 120 0,04 0,9 100 JULHO 23 5,05 3 53,2 7,39 160 0,04 0,8 100 AGOSTO 24 6,18 3 59,3 7,12 150 0,02 1,1 100 CONAMA 357/05 * >5,0 (mg/L) <5,0 (mg/L) ≤100,0 (NTU) 6,0 a 9,0 <500 (mg/L) <0,050 (mg/L) * <1000/ 100ml 60 Tabela 10 - Resultados das análises laboratoriais e padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, no período de setembro/2013 a agosto/2014 na foz do Córrego da Aldeia (P5) – Fernandópolis/SP. MESES T°C OD DBO Turbidez pH Sólidos P N Col. Fec. SETEMBRO 25 6,33 2 60,8 7,66 130 0,03 1,9 300 OUTUBRO 25 6,27 2 61,6 7,51 180 0,03 3,3 300 NOVEMBRO 27 7,45 1 69,2 7,63 190 0,03 2,8 100 DESEMBRO 28 8,04 1 90,8 7,39 700 0,01 0,4 200 JANEIRO 28 8,89 1 80,7 7,03 920 0,01 1,5 100 FEVEREIRO 28 7,62 1 101,3 7,08 880 0,01 1,2 200 MARÇO 27 6,29 1 104,6 6,77 850 0,01 1,1 200 ABRIL 25 6,14 2 65,1 7,29 190 0,02 1,6 100 MAIO 25 5,99 2 49,6 7,28 140 0,02 1 100 JUNHO 23 5,91 1 58,8 7,31 90 0,03 0,6 100 JULHO 23 6,22 1 46,9 7,48 110 0,02 0,6 100 AGOSTO 24 7,22 1 50,3 7,18 120 0,01 0,9 100 CONAMA 357/05 * >5,0 (mg/L) <5,0 (mg/L) ≤100,0 (NTU) 6,0 a 9,0 <500 (mg/L) <0,050 (mg/L) * <1000/ 100ml 61 4.1.1 Temperatura A temperatura é um parâmetro muito importante a ser considerado, já que esta variável pode influenciar significativamente parâmetros como pH e oxigênio dissolvido. As elevações da temperatura aumentam as taxas das reações químicas e biológicas, diminuem a solubilidade dos gases e aumentam a taxa de transferência dos mesmos, o que pode gerar mau cheiro, no caso da liberação de gases com odores desagradáveis. A Figura 26 ilustra os resultados obtidos nas análises de temperatura da água, onde se observam variações significativas durante as estações do ano. Figura 26 - Valores de temperatura (°C) no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que as temperaturas variaram pouco entre os 5 pontos, sendo que nas estações mais quentes do ano e de maior precipitação as temperaturas oscilaram entre 25 e 28°C, já nas estações mais frias e de menor precipitação as temperaturas oscilaram entre 22 e 25°C. Os menores valores de temperatura foram observados na nascente do córrego (P1) que registrou 22°C nos meses de maio, junho e julho/2014. No mês de janeiro/2014 todos os pontos registraram 28°C. Podemos concluir assim que as variações mais bruscas de temperatura se deram devido à temperatura ambiente, lembrando que por se tratar de uma região quente os valores não ajudaram muito no cálculo do IQA, pois quanto menor a temperatura da água melhor será o parâmetro “qi” contido nos cálculos do IQA. 62 4.1.2 Oxigênio dissolvido O oxigênio dissolvido é indispensável à sobrevivência dos organismos aeróbios. A decomposição da matéria orgânica pelas bactérias aeróbias é acompanhada pelo consumo do oxigênio dissolvido da água e, dependendo desta quantidade, o teor de oxigênio dissolvido pode alcançar valores baixos, ou mesmo zero, extinguindo-se todos os organismos aquáticos aeróbios. A Figura 27 ilustra os resultados obtidos nas análises de OD, onde são visíveis as alterações entre os períodos de seca e chuva. Figura 27 - Valores de oxigênio dissolvido no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que a grande maioria tiveram valores acima do estabelecido na Resolução CONAMA 357/05, ou seja, não inferior a 5,00 mg/L, com exceção do ponto 3 que apresentou 8 valores abaixo do estabelecido pela Resolução. É possível verificar que no período chuvoso os valores obtidos de OD foram maiores do que no período seco. As concentrações de OD na massa líquida nas áreas estudadas variaram de 3,19 mg/L no ponto 3 em julho/2014 a 9,75 mg/L no ponto 1 em março/2014. O ponto 3 foi o único que apresentou valores em não concordância com os valores de referência da Resolução CONAMA 357/2005, talvez pelo fato desse ponto estar localizado próximo à área urbana, podendo receber contribuição de matéria orgânica próximo ao local e também por se tratar de uma área de confinamento de bovinos e equinos. 63 Observando os resultados dos pontos 4 e 5 que estão à jusante do ponto 3, percebe-se um processo de autodepuração no percurso do Córrego da Aldeia, sendo que todos os valores de OD aumentam do ponto 3 para o ponto 4 e do ponto 4 para o ponto 5. 4.1.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO A DBO é uma variável muito importante para se avaliar a qualidade das águas e indicar lançamento de efluentes. Ela representa o quanto é necessário de oxigênio para depurar a matéria orgânica presente nas águas. A Figura 28 ilustra os resultados obtidos nas análises de DBO, onde podemos observar alterações de valores entre os pontos analisados e entre as estações de chuva e de seca. Figura 28 - Valores de DBO no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que os pontos 1, 2, 4 e 5 estão em conformidade com a Resolução CONAMA 357/05, cujo valor máximo é 5mg/L. Com relação ao ponto 3, os resultados estão em desconformidade com a Resolução, uma vez que o mesmo está localizado próximo a área urbana e recebe contribuição de matéria orgânica próximo ao local e também por se tratar de uma área de confinamento de bovinos e equinos. Os menores valores de DBO foram encontrados nas nascentes do córrego. A nascente P1 registrou por nove meses o valor de 0mg/L enquanto a nascente P2 registrou por dez meses o mesmo valor. Os maiores valores foram encontrados no 64 P3 que em dois meses registrou o valor de 7mg/L e obteve uma média de 5,08 durante os doze meses de análises. Observando os resultados dos pontos 4 e 5 que estão à jusante do ponto 3, percebe-se um processo de autodepuração no percurso do Córrego da Aldeia, sendo que todos os valores de DBO diminuem do ponto 3 para o ponto 4 e diminuem ou se mantém iguais do ponto 4 para o ponto 5. 4.1.4 Turbidez A principal consequência da alta turbidez num corpo d’água é a redução da penetração de luz solar, prejudicando a oxigenação do meio. A turbidez das águas pode ser apontada por diversas causas, como: presença de matérias sólidas em suspensão, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida, organismos microscópicos e até mesmo algas. A Figura 29 ilustra os resultados obtidos nas análises de turbidez, onde podemos observar alterações significativas de valores entre os pontos analisados e entre as estações de chuva e de seca. Figura 29 - Valores de turbidez no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar as variações sazonais ao longo do período de coletas, com valores mínimos registrados no período de estiagens (entre os meses de abril a outubro), e máximos, no período das chuvas (novembro a março). 65 Nas nascentes (P1 e P2) também foi encontrado valores de turbidez, principalmente no período chuvoso. Dentre os fatores que favoreceram o aumento da turbidez nos pontos 3, 4 e 5 estão o uso inadequado do solo, as práticas agrícolas e a pecuária intensiva e principalmente a falta de mata ciliar que faz com que solos carreados de áreas agrícolas e materiais sólidos oriundos das águas pluviais da cidade adentrem as águas do córrego. A turbidez permaneceu dentro do valor máximo permitido pela Resolução 357/05 do CONAMA, que é de 100 NTU, na maior parte do tempo analisado. No ponto 3, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março este parâmetro chegou a 105, 102, 122 e 131 NTU, respectivamente. No ponto 4 nos meses de dezembro, fevereiro e março este parâmetro chegou a 101, 112 e 118 NTU, respectivamente. No ponto 5 nos meses de fevereiro e março este parâmetro chegou a 101 e 104 NTU, respectivamente, mostrando a fragilidade e a exposição dos córregos pela falta de mata ciliar. 4.1.5 Potencial Hidrogeniônico – pH O pH representa a concentração de íons hidrogênio na água, dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. A maioria dos corpos d’água continentais tem uma variação de pH entre 6 e 8 sendo que os principais responsáveis pela alteração do pH são os sólidos e gases dissolvidos (VON SPERLING, 2005). A Figura 30 ilustra os resultados obtidos nas análises de pH, onde podemos observar algumas alterações de valores entre os períodos de chuva e de seca. 66 Figura 7 - Valores de pH no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que todos os pontos analisados estão em conformidade com os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05, que é entre 6 e 9. Os maiores valores de pH foram registrados no período de estiagem (entre os meses de abril a outubro), e os menores no período das chuvas (novembro a março) em todos os pontos analisados. O valor mínimo de pH foi observado no Ponto 1, com 6,41 em janeiro/ 2014 e o valor máximo no ponto 2, com 8,12 em abril/2014. 4.1.6 Sólidos totais A variação da concentração de sólidos totais pode ser indício da má conservação do solo, ausência de mata ciliar e pastagens degradadas, o que favorece o transporte de materiais sólidos e detritos orgânicos para o leito dos rios e córregos, principalmente nos períodos chuvosos. A Figura 31 ilustra os resultados obtidos nas análises de sólidos totais, onde podemos observar significativas alterações de valores entre as nascentes e os demais pontos e entre os períodos de chuva e de estiagem nos pontos 3,4 e 5. 67 Figura 31 - Valores de sólidos totais no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que durante o período de chuva os pontos 3, 4 e 5 tiveram vários valores acima do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 que é de 500 mg/L, evidenciando o excesso de matéria sólida transportada aos rios por movimentação de terra na bacia causada pela erosão, em consequência da perda da mata ciliar. Nas nascentes todos os valores encontrados estavam em conformidade com a Resolução. No ponto 3 o maior valor encontrado foi de 1350mg/L, no ponto 4 o maior valor encontrado foi de 1090mg/L e no ponto 5 o maior valor encontrado foi de 920mg/L. 4.1.7 Fósforo total O fósforo total é considerado um dos melhores indicadores do lançamento de nutrientes em cursos de água, que em altas concentrações são responsáveis pelo processo de eutrofização do corpo d’agua (CHERNICHARO, 2001). A Figura 32 ilustra os resultados obtidos nas análises de fósforo total, onde podemos observar significativas alterações de valores do ponto 3 para os demais pontos. 68 Figura 32 - Valores de fósforo total no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que todos os valores dos pontos 1,2,4 e 5 estão abaixo do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05, que é de 0,05mg/L. O ponto 3 apresenta 9 valores em desconformidade com a Resolução, sendo que o maior deles é de 0,012mg/L em junho/2014, talvez pelo fato desse ponto estar próximo a área urbana, além de ser uma área de confinamento de bovinos e equinos. 4.1.8 Nitrogênio total Assim como o fósforo, o nitrogênio também é um ótimo indicador do lançamento de elevadas concentrações de nutrientes em cursos de água. A Figura 33 ilustra os resultados obtidos nas análises de nitrogênio total, onde podemos observar os maiores valores no ponto 3. 69 Figura 33 - Valores de nitrogênio total no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar que as concentrações de Nitrogênio Total ao longo da série analisada nos pontos de amostragem variaram pouco tanto no período de chuvas como no período de seca, com exceção do ponto 3 que registrou valores mais elevados. Os valores de nitrogênio total entre os pontos 1, 2 , 4 e 5 tiveram pouca variação tendo seu menor valor no ponto 5 em dezembro/2013 com 0,4mg/L e seu maior valor no ponto 4 em outubro/2013 com 3,5mg/L. No ponto 3 as concentrações de nitrogênio foram mais altas tendo seus maiores valores em setembro/2013 com 3,9mg/L, em outubro/2013 com 5,6mg/L e em novembro/2013 com 4,4mg/L. Estes números também pode estar relacionados com o fato do ponto 3 estar próximo a área urbana e receber contribuição de matéria orgânica no local e também por ser uma área de confinamento de bovinos e equinos. Embora fossem encontradas altas concentrações de nitrogênio e fósforo na água no ponto 3 não houve processo de eutrofização no local. 4.1.9 Coliformes fecais Os resultados de coliformes termotolerantes são de extrema importância, pois refletem a descarga de dejetos de animais de sangue quente nos corpos hídricos, sugerindo a poluição por esgoto doméstico ou dejetos de animais. 70 A Figura 34 ilustra os resultados obtidos nas análises de coliformes fecais. Figura 34 - Valores de coliformes fecais no Córrego da Aldeia – setembro/2013 a agosto/2014. Pelo gráfico podemos observar a presença de coliformes em todos os pontos de amostragem, apresentando picos de variação de acordo com o período sazonal, com maiores concentrações no período chuvoso. Todos os valores estão abaixo do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05, que é de 1000 NMP/100 mL-1. Os maiores valores foram encontrados nos pontos 3 e 4 nos meses de setembro e outubro/2013 com 400 NMP/100 mL-1 que são os pontos mais próximos a área urbana do córrego e estão sujeitos a receber matéria orgânica proveniente de esgotos clandestinos e dejetos de animais que convivem no entorno. Nos meses de junho, julho e agosto/2014 todos os pontos registraram 100 NMP/100 mL-1 . As nascentes P1 e P2 apresentaram menores médias para as doze análises, que foi de 150 NMP/100 mL-1. O ponto 3 apresentou a maior média que foi de 216,6 NMP/100 mL-1 e este é justamente o ponto mais próximo a área urbana, o ponto 4 apresentou média de 175 NMP/100 mL-1 e o ponto 5 apresentou média de 158,3 NMP/100 mL-1. 4.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA - IQA A partir de resultados obtidos na avaliação dos parâmetros físico-químicos e biológicos, foi determinado o Índice de Qualidade da Água (IQA), cujos resultados encontram-se na Tabela 11, que sintetiza os valores médios e os perfis mensais dos 71 índices de qualidade da água durante o período de monitoramento. A avaliação da qualidade da água através de índices de qualidade permitiu uma análise global da situação encontrada em um corpo hídrico. Tabela 11 - Índice de Qualidade da água (IQA) para os cinco pontos analisados entre o mês de setembro/2013 a agosto/2014. MESES PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 SETEMBRO 56 57 43 47 50 OUTUBRO 55 56 43 46 49 NOVEMBRO 52 57 44 48 50 DESEMBRO 48 51 42 46 46 JANEIRO 47 50 41 45 47 FEVEREIRO 51 49 42 43 44 MARÇO 54 55 39 42 44 ABRIL 57 54 44 47 51 MAIO 57 56 45 50 52 JUNHO 57 58 48 52 54 JULHO 53 58 48 52 55 AGOSTO 58 59 48 51 54 Legenda: BOA REGULAR Durante o período de amostragem, a qualidade da água variou entre “regular” e “boa”. Os Pontos 1 e 2, que correspondem as nascentes do Córrego da Aldeia apresentaram IQA médio “bom” e os Pontos 3, 4 e 5, que se encontram durante o perfil longitudinal do córrego apresentaram IQA médio “regular”. Nos meses de maio, junho, julho e agosto a média do IQA foi “boa” e os demais meses ficaram com a média do IQA “regular”. As menores médias de IQA se deram nos meses de janeiro e fevereiro/2014 com o valor de 46 e as maiores médias se deram nos meses de junho e agosto/2014 com o valor de 54. Constata-se assim que o IQA no Córrego da Aldeia foi maior durante o período de seca e menor durante o período das chuvas. 72 4.2.1 IQA da nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia (P1) A Figura 35 mostra os valores do IQA calculados para o Ponto 1, onde pode- se observar que os valores oscilaram sazonalmente, piorando a qualidade nos meses chuvosos. Figura 35 - Índice de Qualidade de água (IQA) no ponto 1 (nascente do Córrego da Aldeia no bairro Jardim Araguaia) no período de setembro/2013 a agosto/2014 – Fernandópolis/SP. Ao longo dos meses analisados, o valor do IQA no ponto 1, variou entre 47 e 58 com média de 54, dentro da faixa “Boa” de classificação. As exceções ficaram por conta dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro que apresentaram valores na faixa “Regular”. Sobre esta piora de IQA nos meses chuvosos no ponto 1 podemos ressaltar o aumento da temperatura nesta época do ano e o aumento da turbidez e de sólidos totais devido ao maior carreamento de partículas de solo no período chuvoso. Os demais parâmetros encontraram em níveis estáveis e não contribuíram de forma significativa para a piora do valor de IQA no ponto 1. A presença de materiais sólidos em suspensão, como silte e argila, matéria orgânica entre outros, pode alterar de forma significativa a turbidez da água. Assim, a elevação da turbidez nestes corpos d’água pode ser explicada pelo aumento da pluviosidade ocorrida nest