Rodrigo Augusto Silva Bioacústica e filogenia de três grupos de Physalaemus Fitzinger (1826) (Anura, Leptodactylidae) São José do Rio Preto 2013 i Rodrigo Augusto Silva Bioacústica e filogenia de três grupos de Physalaemus Fitzinger (1826) (Anura, Leptodactylidae) Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós- Graduação em Biologia Animal, Área de Concentração - Ecologia, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto. Orientador: Prof. Dr. Itamar Alves Martins São José do Rio Preto 2013 Silva, Rodrigo Augusto Bioacústica e filogenia de três grupos de Physalaemus Fitzinger (1826) (Anura; Leptodactylidae)/ Rodrigo Augusto Silva. - São José do Rio Preto: [s.n.], 2013. 138 f. :18 il. ; 30 cm. Orientador: Itamar Alves Martins Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas 1. Filogenia. 2. Caracteres comportamentais. 3. Parâmetros espectrais e temporais. I. Martins, Itamar Alves. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título. CDU – 576.1 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE Campus de São José do Rio Preto - UNESP ii Rodrigo Augusto Silva Bioacústica e filogenia de três grupos de Physalaemus Fitzinger (1826) (Anura, Leptodactylidae) Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós- Graduação em Biologia Animal, Área de Concentração - Ecologia, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto. Banca Examinadora Prof. Dr. Itamar Alves Martins UNITAU - Taubaté Orientador Prof. Dr. Fernando Rodrigues da Silva UFSCAR - Sorocaba Prof. Dr. Rogério Pereira Bastos UFG - Goiânia Profa. Dra. Denise de Cerqueira Rossa-Feres UNESP – São José do Rio Preto Profa. Dra. Cynthia Peralta de Almeida Prado UNESP - Jaboticabal São José do Rio Preto 14 de março de 2013 iv AGRADECIMENTOS Agradeço todo apoio, incentivo e paciência da minha família. Aos meus pais que disponibilizaram, sobretudo, genes suficientemente adaptados para sobreviver “nesse ambiente”, além da boa educação. À minha mulher e filhos por apoiar, entender e acreditar no sonho alheio. Ao meu orientador, Dr. Itamar, desde sempre um amigo e a pessoa como quem realizei minha primeira coleta. À Dra. Denise, pela pessoa maravilhosa que é. Sempre generosa com os outros e profissional que inspira os que estão ao ser redor. Aos amigos de laboratório (todos, incluindo o Carlão) pela agradável convivência e pela ajuda em diversas situações. Ao Cursinho Alternativo por valorizar a educação. Aos meus alunos, cobaias e incentivadores. À UNESP, Departamento de Zoologia e Botânica e ao laboratório de Ecologia, são vinte anos de hospedagem; bem como à Pós-Graduação, coordenadores, professores e alunos, pelo apoio e pela estrutura para realizar este trabalho. A CAPES pela bolsa de doutorado. “Os sapinhos tão cantando Tiranas de bem querer....” Elomar v ÍNDICE Resumo 1 Abstract 4 Introdução geral 7 Referências 14 Capítulo 1 - Análises Bioacústicas em espécies do grupo Physalaemus cuvieri, Fitzinger, 1826 22 Resumo 24 Abstract 26 Introdução 27 Metodologia 30 Resultados 32 Discussão 34 Conclusão 39 Agradecimentos 39 Referências 40 Tabelas 49 Figuras 53 Capítulo 2 - A influência do habitat nos parâmetros bioacústicos de anuros do gênero Physalaemus (Anura, Leptodactylidae) 58 Resumo 60 Abstract 62 Introdução 63 Metodologia 65 Resultados 68 vi Discussão 73 Conclusão 77 Agradecimento 78 Referências 78 Tabelas 86 Figuras 89 Capítulo 3 - Evolução dos parâmetros bioacústicos do canto de anúncio do gênero Physalaemus (Anura; Leptodactylidae) 97 Resumo 99 Abstract 100 Introdução 101 Metodologia 104 Resultados 107 Discussão 112 Conclusões 115 Agradecimento 116 Referências 116 Tabelas 126 Figuras 128 Considerações finais 131 1 RESUMO Os sinais acústicos dos anuros são excelentes padrões de comportamento para estudos comparativos. Atualmente, as hipóteses filogenéticas que explicam a evolução do canto em anuros se dividem. Uma frente sugere que espécies próximas filogeneticamente tendem a ter o canto mais similar do que o esperado ao acaso, predizendo que espécies mais próximas filogeneticamente tendem a ter o canto mais similar. Outro ramo indica que diferenças nas características do hábitat afetam as propriedades acústicas do canto minimizando as interferências ambientais. Essas forças, assim, podem atuar em oposição. O objetivo geral deste estudo foi analisar as influências filogenéticas e ambientais nos parâmetros acústicos do canto de anúncio de 28 espécies de anuros do gênero Physalaemus. No capítulo 1, Os parâmetros bioacústicos espectrais e temporais dos cantos são comparados qualitativa e quantitativamente para avaliar se influenciam a segregação dos cantos e para determinar o grau de similaridade entre os cantos dessas espécies crípticas no grupo P. cuvieri. No capítulo 2, discutimos a relação entre os parâmetros acústicos e o tipo de hábitat ocupado pelas espécies e, a similaridade entre os cantos de anúncio de 28 espécies do gênero Physalaemus que ocupam áreas abertas e ambiente de mata. E, no capítulo 3, Nosso objetivo foi comparar e sinalizar as transformações nos parâmetros espectrais e temporais do canto de anúncio para três táxons de espécies do gênero Physalaemus através de árvores filogenéticas. A similaridade dos parâmetros bioacústicos dos cantos não é relacionada com a distribuição geográfica das espécies. As espécies alopátricas demonstram maior similaridade do canto do que as espécies simpátricas. Nas espécies simpátricas analisadas, P. cuvieri, P. ephippifer e P. fischeri, verifica-se sobreposição de parâmetros 2 espectrais, já em P. cuvieri, P. kroyeri e P. centralis, ocorre sobreposição dos parâmetros temporais. Os cantos de anúncio apresentaram mais diferenças entre os grupos taxonômicos de ambiente de mata. Os parâmetros bioacústicos do grupo P. cuvieri, espécies de área aberta, não apresentaram diferenças significativas das espécies de ambiente de mata. Apesar disso, todos os parâmetros bioacústicos apresentaram diferenças significativas entre os grupos taxonômicos. A segregação das espécies em seus respectivos grupos taxonômicos não foi total. Mas, de cerca de 60% das espécies são agrupadas juntas à espécies do seu grupo taxonômico. Além disso, os pares de espécies que tiveram cantos similares pertenciam ao mesmo grupo taxonômico, sendo apenas P. kroyeri e P. aguirrei classificados em grupos distintos. Esses dados indicam que a sobreposição completa dos parâmetros do canto não ocorre e, caso espécies simpátricas ocupem o mesmo espaço acústico, a segregação dos cantos se dá pelos parâmetros temporais. Apesar da alta semelhança morfológica dessas espécies congenéricas, amplamente citadas na literatura como crípticas, os cantos de anúncio das espécies analisadas diferem, apresentando segregação tanto nos parâmetros espectrais quanto nos temporais. O uso de parâmetros acústicos como unidades é conveniente para a comparação de sinais acústicos em anuros, mas esses parâmetros podem evoluir em caminhos distintos como parece o caso das espécies do gênero Physalaemus. Mas, alguns parâmetros do canto estereotipados, como as notas harmônicas, tendem a ser conservativas ou mais similares entre espécies próximas, auxiliando a interpretação dos padrões evolutivos em grupos taxonômicos. Os parâmetros espectrais do canto evoluem similarmente nos três grupos taxonômicos estudados, com gradual decréscimo nas frequências dos cantos. Esses parâmetros espectrais podem estar mais relacionados a caracteres morfológicos que influenciam diretamente o canto, tendo também um forte sinal filogenético, como o tamanho corporal e a estrutura da laringe. Com isso, esses 3 parâmetros do canto tendem a ser conservativos ou mais similares entre espécies de Physalaemus. Mas, nas espécies de área aberta do grupo P. cuvieri, os parâmetros temporais como duração e taxa de repetição da nota mostraram divergência. Uma possível explicação para o efeito do ambiente nesses parâmetros bioacústicos do grupo P. cuvieri é que esses cantos podem necessitar percorrer longas distâncias em área aberta em relação às características ambientais que utilizam comunicação a curtas distâncias. Entretanto, são necessários mais estudos para determinar se outros fatores estão influenciando a evolução do canto de anúncio. Verificamos também que os parâmetros bioacústicos utilizados foram satisfatórios para demonstrar o padrão de evolução em cada clado. Porém, foram insuficientes para demonstrar algum padrão evolutivo quando os clados foram agrupados. Todos os parâmetros espectrais apresentaram-se mais conservadores tendo forte influência filogenética, bem como parâmetros temporais das espécies que ocorrem em mata (grupos P. signifer e P. olfersii); enquanto que parâmetros temporais como duração e taxa de repetição da nota, de espécies de área aberta, mostraram valores mais flexíveis influenciado por fatores ambientais ou condições de comportamento social. Outros estudos de padrões dos sinais bioacústicos em grupos taxonomicamente próximos, mostrando divergências em sinais de comunicação, podem nos dizer quais os parâmetros bioacústicos são mais susceptíveis de alteração evolutiva; podendo fornecer um contexto para futuras pesquisas. Saber quais padrões realmente caracteriza a evolução dos sinais de comunicação deve nos guiar para fazer as perguntas corretas sobre os processos que as produziram. Palavras-chave: canto de anúncio, espécies crípticas, influência do habitat, padrões de evolução do canto, parâmetros acústicos, segregação acústica 4 ABSTRACT The acoustic signals of frogs are excellent standards of behavior for comparative studies. Currently, the phylogenetic hypotheses that explain the evolution of singing in Anurans are divided. A front suggests that phylogenetically close species tend to have the calls more similar than expected by chance, predicting that phylogenetically closest species tend to have the most similar. Another branch indicates that differences in habitat characteristics affect the acoustic properties of the minimizing environmental interferences. These forces, therefore, can act in opposition. The overall objective of this study was to analyze the phylogenetic and environmental influences in the acoustic parameters of the advertisement call of 28 species of Anurans belonging to the genus Physalaemus. In Chapter 1, the spectral and temporal bioacoustics parameters of the calls are compared qualitatively and quantitatively to assess whether they influence the segregation of calls and to determine the degree of similarity between the calls of these cryptic species in P. cuvieri group. In Chapter 2, we discussed the relationship between the acoustic parameters and the type of Habitat occupied by the species and, the similarity between the advertisement call of 28 species of the Physalaemus genus occupying open areas and forest environment. And in Chapter 3, our objective was to compare and flag the transformations in the spectral and temporal parameters of the advertisement call for the three taxa of the Physalaemus genus through phylogenetic trees. The similarity of bioacoustics parameters of the calls is not related to the geographic distribution of the species. Allopatric species show greater similarity of corner than the sympatric species. In sympatric species analyzed, P. cuvieri, P. 5 ephippifer and P. fischeri, there is overlap of spectral parameters, as in P. cuvieri, P. kroyeri and P. centralis; there is overlap of the timescale. The announcement had more corners differences among the taxonomic groups of forest environment. The bioacoustics parameters of the P. cuvieri group, open area species, showed no significant differences of species of forest environment. The parameters bioacústicos P. cuvieri group, open area species, showed no significant differences of species of forest environment. Nevertheless, all bioacoustics parameters showed significant differences between taxonomic groups. Segregation of species in their respective taxonomic groups was not total. But, about 60% of the species are grouped together to your species taxonomic group. In addition, the pairs of species that had similar calls belong to the same taxonomic group, being only P. kroyeri and P. aguirrei classified into distinct groups. These data indicate that the complete overlay of the parameters of the call does not occur and, if sympatric species occupy the same space, the segregation of the calls is by temporal parameters. Despite the morphological similarity of congeneric species high, widely cited in the literature as cryptic, the announcement of the species analyzed calls differ, showing segregation both in temporal and spectral parameters. The use of acoustic parameters as is convenient for the comparison of acoustic signals in frogs, but these parameters can evolve in different ways as it seems the case for species of the Physalaemus genus. But, some parameters of the stereotyped, as the harmonic notes, tend to be conservative or more similar between species, aiding the interpretation of evolutionary patterns in taxonomic groups. The spectral parameters of the evolve similarly in three taxonomic groups studied, with gradual decrease in the frequencies of the calls. These spectral parameters may be more related to morphological characters that directly influence the call, having also a strong phylogenetic signal, such as body size and structure of the larynx. With this, these calls parameters tend to be conservative 6 or more similar between species of Physalaemus. But, in the open area of the species P. cuvieri group, temporal parameters as duration and repetition rate of the note showed disagreement. A possible explanation for the effect of the environment on these bioacoustics parameters of P. cuvieri group is that these songs may require walking long distances in open area in relation to environmental characteristics using short- distance communication. However, more studies are needed to determine if other factors are influencing the evolution of the advertisement call. All spectral parameters were more conservative with a strong phylogenetic influence, as well as the temporal parameters of the species that occur in forest (P. signifer and P. olfersii); while the temporal parameters as duration and repetition rate of the note, open area species, showed more flexible values influenced by environmental factors or conditions of social behavior. Other studies of patterns of signs bioacústicos into groups, showing differences in taxonomically communication signals, can tell us what the bioacoustics parameters are more likely to evolutionary change; and can provide a context for future research. Know which really characterizes the evolution patterns of communication signals must guide us to make correct questions about the processes that produced. Keywords: advertisement call, cryptic species, habitat influence, patterns of evolution call, acoustic, acoustic segregation 7 INTRODUÇÃO GERAL Muitos animais dependem de comunicação acústica para o sucesso reprodutivo e sobrevivência. Os estudos de laboratório e de campo mostraram a importância dos sinais de comunicação para a seleção natural e, mais amplamente, para a evolução e diversificação de táxons (Whitman, 1899; Lorenz, 1941; Tinbergen, 1959; Huxley, 1966, Brooks & McLennan, 1991; Cocroft & Ryan, 1995, Gerhardt & Huber, 2002). Nesse contexto, os sinais bioacústicos dos anuros constituem bons padrões de comportamento para estudos comparativos (Wells, 2007). Atualmente, as hipóteses filogenéticas que explicam a evolução do canto em anuros se dividem. Uma frente sugere que espécies próximas filogeneticamente tendem a ter o canto mais similar do que o esperado ao acaso, independente do efeito do ambiente e das interações intra e interespecíficas, predizendo que espécies mais próximas filogeneticamente tendem a ter o canto mais similar (Wells, 2007). Outro ramo indica que diferenças nas características do hábitat afetam as propriedades acústicas do canto, promovendo variações intra e interespecíficas que otimizam a emissão do sinal acústico, minimizando as interferências ambientais (Bosch & De La Riva, 2004). Essas forças podem atuar em oposição, assim, sendo o canto derivado da evolução dos sinais conspícuos para atração de casais e dependente do ambiente ocupado (Ryan, 1985). Os sinais acústicos dos anuros são excelentes padrões de comportamento para estudos comparativos. O canto é o principal componente do reconhecimento das espécies e escolha do parceiro. O comportamento do canto e o sistema sensorial desenvolvido na percepção do canto foram extensivamente estudados, tornando-se um 8 dos melhores modelos de sistema de compreensão da comunicação animal (Fritzsch et al., 1988), assim como a estrutura do sistema auditivo e sua relação com a característica do canto (Capranica, 1965; Fuzessery, 1988; Walkowiak, 1988; Zakon & Wilczynski, 1988). O canto é um sinal acústico repetitivo e relativamente curto cujas características podem ser quantificadas usando-se métodos padronizados de análise sonora. As medições são objetivas e repetíveis, eliminando problemas de diferença inter observador e viés que podem complicar estudos comparativos de comportamento (Cocroft & Ryan, 1995). Muitos parâmetros do canto, como a modulação da freqüência e o harmônico tendem a ser conservativos ou mais similares entre espécies próximas (Cocroft & Ryan, 1995). Os parâmetros espectrais do canto possuem um forte sinal filogenético por estarem diretamente relacionados com o reconhecimento específico, assim como parâmetros temporais devem ser mais plásticos, refletindo as condições ambientais (Robillard et al., 2006). Além disso, o uso de pulso e do canto como unidades para a comparação de sinais acústicos em anuros é conveniente, mas as unidades mecânicas (nota) e acústicas (pulso e canto) podem evoluir em caminhos distintos, principalmente em espécies fortemente relacionadas (Robillard et al., 2006). A estrutura do canto pode variar desde uma nota simples a um repertório sucessivo de notas (McLister et al., 1995; McLister, 2001; Gridi-Papp, 2003). E, notas podem ser moduladas ou unimodais, variando na amplitude, freqüência ou ambos (Martin, 1971). Assim, as características acústicas podem ser usadas para determinar homologia na vocalização dos anuros, que podem auxiliar as análises filogenéticas (Robillard et al., 2006). A identificação dos padrões da evolução comportamental mostra uma relação entre o estudo comportamental e a sistemática (Whitman, 1899; Lorenz, 1941; Tinbergen, 1959; Huxley, 1966), sendo o comportamento uma ferramenta básica para 9 uma tradição contínua de estudos comparativos de evolução (Milne & Milne, 1939; Lack, 1947; Spieth, 1947; Johnsgard, 1961; Evans, 1962; Van Tets, 1965; Crane, 1966; Otte, 1970). O uso de comparações entre espécies próximas para analisar questões sobre a evolução do comportamento, especialmente o comportamento de exibição, preocupação da etologia tradicional (Daanje, 1950; Kessel, 1955; Hinde & Tinbergen, 1959; Blest, 1961; Cullen, 1966; Huxley, 1966), só se concretizou com o desenvolvimento de uma análise filogenética e métodos comparativos rigorosos (Hennig, 1966; Wiley, 1981; Harvey & Pagel, 1991) tornando essa abordagem muito mais poderosa e pedindo um novo exame das questões da etologia clássica sobre a evolução comportamental. Assim, a inclusão de inferência filogenética é um ótimo recurso que ajuda a estipular a origem e a direção das modificações comportamentais (Cocroft & Ryan, 1995). Entre os ecologistas aumentou o interesse em estudos comportamentais, realizando estudos comparativos dentro de um contexto explicitamente filogenético (Ryan, 1986; Brooks & McLennan, 1991; Harvey & Pagel, 1991). As características evolutivas também são empregadas para melhor entender os muitos padrões do uso e da partilha de recursos (e. g. Brooks & McLennan, 1993; Cadle & Greene, 1993; Martins & Oliveira, 1999). Segundo Brooks & McLennan (1991), essa associação entre a ecologia e a história evolutiva das espécies (pela aplicação da metodologia filogenética) permite a interpretação de processos que modelam as populações. Estudos de uso e partilha acústica em espécies congenéricas (Martins & Jim, 2003; 2004; Martins et al., 2006; Silva et al., 2008) mostram o grau de sobreposição é variável sendo a sobreposição total rara. Heyer e colaboradores (1990) sugerem que há um padrão nos tipos de mudanças ecológicas que ocorreram entre espécies de morfologia semelhante e que resultaram em partilha de recursos em 10 comunidades de anuros. Em anuros de área aberta com alta sobreposição nos critérios espectrais e temporais do canto de anúncio, há uma convergência ambiental destes caracteres (Silva et al., 2008). O ambiente também parece exercer uma forte pressão no canto emitido por diferentes espécies (e.g. Zimmermann, 1983; Wiley, 1991; Slabbekoon & Smith, 2002). Interferências do ambiente como atenuação, degradação e mascaramento dos sinais por ruídos ambientais podem influenciar na evolução da estrutura do canto (Morton, 1975; Waser & Brown, 1986; Wells, 2007; Bradbury & Vehrencamp, 2011), assim como a temperatura, umidade e o vento (Wells & Schwartz, 1982). O ambiente pode causar uma excessiva atenuação na transmissão do canto (por exemplo, bloqueio de sons pela vegetação) ou causar mascaramento por causa dos sons ambientais abióticos (cachoeiras, chuva, etc.) que ocupam as mesmo bandas de freqüência com o sinal. Morton (1975) afirma que as freqüências dominantes e outras propriedades do canto de longa distância são otimizadas para aqueles valores que são menos atenuados pelo ambiente físico. Habitats diferentes terão bandas de freqüências ideais diferentes. Essa necessidade não se limita a sons no ar: baleias machos produzem cantos de baixa freqüência porque freqüências baixas carregam mais no oceano aberto, e baleias- comuns tendem a espalhar-se, em vez de agregados. (Croll & Tershy, 2002). Morton (1975) foi o pioneiro do método de leitura-gravação, onde um sinal de som gravado é emitido de alto-falantes em diversos tipos de habitats em diferentes condições e captado por microfones configurando o alcance de propagação. O grau de atenuação varia de acordo com o espectro de frequência do som medido, e as frequências que a atenuação é menor são consideradas as freqüências ideais para transmissão. Assim, esses sons podem ser comparados com as freqüências dominantes de cantos reais de animais em seus habitats. Como alternativa as gravações desses animais e de animais provenientes 11 de outros habitats podem ser produzidas, com a expectativa que cantos que são produzidas em seus habitats naturais correspondentes, devem experimentar a menor distorção e atenuação, porque a estrutura do canto é de alguma forma adaptada ao habitat (Marten & Marler, 1977). No entanto, o grau e o padrão da atenuação do som nem sempre são constantes. Em um habitat, o grau ao qual uma determinada freqüência é atenuada pode variar entre os cantos (Ryan, 1985). Assim, o canto de espécies de floresta sofre maior atenuação e degradação, principalmente os cantos com freqüências altas devido à vegetação densa (Wiley & Richards, 1978). Por sua vez, o canto das espécies de área aberta sofre menor atenuação (Ryan & Brenowitz, 1985; Kime et al., 2000), bem como os cantos emitidos acima do solo sofrem menor degradação que os emitidos no nível do solo (Kime et al., 2000). As espécies que ocorrem em diferentes ambientes tendem a possuir diferenças no canto como uma adaptação a este, a fim de melhor a qualidade de transmissão do sinal e também atuar como filtros ambientais (Morton, 1975; Wiley, 1991; Bosch & De La Riva, 2004; Wells, 2007). Cada espécie procura adequar a comunicação sonora funcionalmente às pressões adaptativas extremamente fortes fazendo com que algumas regras e tendência apareçam transgredindo as relações filogenéticas (Vielliard, 1990). Cocroft & Ryan (1995) após observar padrões conservativos em aspectos morfológicos acústicos em uma família de hilídeos sugerem que novos trabalhos ampliem esforços na identificação da origem e direção das importantes mudanças no comportamento acústico. O canto de anúncio é a vocalização mais freqüentemente emitida pelos machos (Wells, 1977), apresentando adaptações que promovem atenuação das interferências intra e interespecíficas no período reprodutivo (Wells, 1980; 1988; Schwartz & Wells, 1983; Bastos & Haddad, 1995; Given, 1990; Grafe, 1996; Martins et al., 2006; Silva et 12 al., 2008). Zimmermann & Bogart (1984) demonstraram diferenças na estrutura do canto entre espécies que vocalizam em diferentes formações ambientais. Mudanças nos sinais de amplitude e fidelidade dos cantos emitidos podem diminuir a eficiência do sinal (Kime et al., 2000). Ruídos ambientais, como a correnteza de um riacho ou uma cachoeira, podem apresentar frequências entre 50 a 4000 Hz (Feng et al., 2002; Narins et al., 2004) e anuros sob essas condições tendem a produzir altas freqüências no canto estendendo até a amplitudes ultra-sônicas (Narins et al., 2004). Segundo Feng & Schul (2007) a comunicação acústica dos anuros é suscetível à degradação durante a transmissão sendo que algumas estruturas do canto não ultrapassam determinadas barreiras físicas. A degradação do som é menor em indivíduos que vocalizam acima do solo em comparação com indivíduos que vocalizam apoiados no solo e, menor em habitats abertos, comparados com habitats de floresta (Kime et al., 2000). Entretanto, Kathryn & Ryan (2004) demonstraram que machos podem desenvolver traços explorando aqueles já existentes e, a evolução da complexidade do canto está relacionada essencialmente a morfologia dos órgãos relacionados, portanto, de origem genética. O gênero Physalaemus foi descrito por Fitzinger (1826) para uma única espécie, P. cuvieri, do Brasil, e foi caracterizado simplesmente pela presença de dedos finos. Atualmente, o gênero Physalaemus apresenta uma distribuição geográfica entre o sudeste do México até o Nordeste da Argentina (Cruz & Pimenta, 2004; Frost, 2012). Lynch (1970) reconheceu quatro grupos de espécies baseados nas variações de caracteres morfológicos: grupos biligonigerus, pustulosus, signifer e cuvieri. Heyer (1975) discutiu as relações filogenéticas entre os gêneros de Leptodactylinae e considerou o gênero Physalaemus monofilético e como grupo irmão de Pleurodema Tschudi, 1838 e Pseudopaludicola Miranda-Ribeiro, 1926. Cannatella & Duellman 13 (1984) propõe um grupo monofilético para P. pustulosus, incluindo quatro espécies e definidas por quatro características: presença de glândulas paratóides; glândulas de flanco elíptico; pele rugosa, pustulosa; e fino processo de dentes vomerianos. Cannatella e colaboradores (1998) usando as características do canto de anúncio, morfologia, moleculares para estimar a filogenia das espécies do grupo P. pustulosus. Tárano & Ryan (2002) apresentaram uma primeira análise filogenética dos Physalaemus e sugeriu que o gênero consistia de dois grupos monofiléticos, o grupo de espécies de P. pustulosus e todas as outras espécies. Estudos recentes de sistemática realizados por Nascimento e colaboradores (2005) resultaram em uma revisão do gênero Physalaemus, baseados em análises morfométricas, morfologia externa, padrões de cores e caracteres osteológicos. São atualmente 45 espécies distribuídas em sete grupos: cuvieri, signifer, albifrons, deimaticus, gracilis, henselii e olfersii. Este trabalho também revalidou o gênero Eupemphix, contendo apenas E. nattereri, as demais espécies anteriormente incluídas na classificação de Lynch (1970) foram reunidas no gênero Engystomops. Organização da tese Esta tese está organizada em três capítulos para satisfazer os objetivos propostos no projeto inicial. Os capítulos estão estruturados em forma de artigos, os quais serão submetidos à publicação: - No capítulo 1, avaliamos a segregação dos parâmetros bioacústicos e o grau de similaridade dos cantos das espécies de anuros pertencentes ao grupo P. cuvieri. Este artigo será submetido ao periódico Bioacoustics. - No capítulo 2, verificamos a influencia do hábitat nos parâmetros bioacústicos das espécies do gênero Physalaemus pertencentes a três grupos: P. signifer, P. cuvieri, e P. olfersii. Este artigo será submetido ao periódico Evolutionary Ecology. 14 - No capítulo 3, os padrões de evolução do canto de anúncio de 28 espécies do gênero Physalaemus foram analisados através da filogenia comportamental. Este artigo será submetido ao periódico Cladistics. REFERÊNCIAS Bastos, R.F. & Haddad, C.F.B. 1995. Vocalizações e interações acústicas em H. elegans durante a atividade reprodutiva (Anura, Hylidae).Naturalia 1(3): 1-11. Blest, A.D. 1961. The concept of ritualization. In: Current Problems in Animal Behaviour. Thorpe, W.H. & Zangwill, O.L. (Eds.). Cambridge, Cambridge University Press: 102-124. Bosch, J. & De La Riva, I. 2004. Are frog calls modulated by the environment? An analysis with anuran species from Bolívia. Can. J. Zool. (82): 880-888. Bradbury, J.W. & Vehrencamp, S.L. 2011. Principles of animal communication, 2nd edn, Sinauer Associates, Sunderland, Massachusetts, USA: 654pp. Brooks, D.R. & McLennan, D.A. 1991. Phylogeny, Ecology and Behaviour: A research program in comparative biology. Chicago: University of Chicago Press: 434pp. Brooks, D.R. & McLennan, D.A. 1993. Historical ecology: examining phylogetic components of community evolution. In: Species diversity on ecological communities. Ricklefs, R.E. & Schluter, D. (Eds.) Chicago: University of Chicago Press: 267-280. 15 Cadle, J.E. & Greene, H.W. 1993. Phylogenetic patterns, biogeographic, and the ecological communities. Ricklefs, R.E. & Schluter, D. (Eds.). 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Acta Amazônica 14(3-4): 473-519. 22 Capítulo I 23 Análises Bioacústicas em espécies do grupo Physalaemus cuvieri, Fitzinger, 1826 Silva, R.A1 & Martins, I.A.2 1 Pós-Graduação em Biologia Animal, UNESP, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. 15054-000. E-mail: silva7554@yahoo.com.br 2 Instituto Básico de Biociências - Laboratório de Zoologia - UNITAU, Taubaté, São Paulo, Brasil. E-mail: istama@uol.com.br 24 Resumo A determinação e as análises dos parâmetros bioacústicos possibilitam a correta identificação de espécies de anuros e podem também refletir características dos ancestrais e possíveis adaptações ambientais do canto. Neste trabalho, são descritos os cantos de anúncio de espécies do grupo Physalaemus cuvieri (Anura, Leptodactylidae). Os parâmetros bioacústicos espectrais e temporais dos cantos são comparados qualitativa e quantitativamente para avaliar se influenciam a segregação dos cantos e para determinar a similaridade entre os cantos dessas espécies crípticas. Apenas o canto de P. cicada é formado por uma série de notas repetitivas. Estruturas harmônicas aparecem tanto em cantos de nota simples como em canto com repetição de notas. Todos os parâmetros bioacústicos analisados segregam significativamente os cantos, mas a frequência máxima, a duração da nota e a frequência dominante são os parâmetros mais eficientes para a diferenciação. A similaridade dos parâmetros bioacústicos dos cantos não é relacionada com a distribuição geográfica das espécies. As espécies alopátricas demonstram maior similaridade do canto do que as espécies simpátricas. Nas espécies simpátricas analisadas, P. cuvieri, P. ephippifer e P. fischeri, verifica-se sobreposição de parâmetros espectrais, já em P. cuvieri, P. kroyeri e P. centralis, ocorre sobreposição dos parâmetros temporais. Esses dados indicam que a sobreposição completa dos parâmetros do canto não ocorre e, caso espécies simpátricas ocupem o mesmo espaço acústico, a segregação dos cantos se dá pelos parâmetros temporais. Apesar da alta semelhança morfológica dessas espécies intragenéricas, amplamente citadas na literatura como crípticas, os cantos de anúncio das espécies analisadas diferem, apresentando segregação tanto nos parâmetros espectrais quanto nos temporais. Pesquisas adicionais, incluindo outros grupos intragenéricos, permitirão 25 entender melhor a importância do canto de anúncio no reconhecimento das espécies, possibilitando a identificação de possíveis homologias entre parâmetros bioacústicos. Palavras-chave: Espécies crípticas, segregação acústica, canto de anúncio, similaridade, parâmetros espectrais e temporais. 26 Abstract The determination and analysis of bioacoustics parameters allow the proper identification of anurans species as well as reflection of ancestors’ features and possible environmental adaptations in vocalization. In this paper, are described the advertisement calls of species from the Physalaemus cuvieri group (Anura, Leptodactylidae). The spectral and temporal bioacoustics parameters are compared both quantitative and qualitatively in order to evaluate if they have an influence on the segregation of calls and determine the similarity between the different vocalizations within these cryptic species. Only the P. cicada call is formed by a series of repetitive notes. Harmonic structures are observed in simple notes calls as well as in repetitive notes calls. All the analyzed bioacoustics parameters significantly segregate the different calls but the maximum frequency, note length and dominating frequency are the most effective parameters in calls differentiation. The similarity of calls bioacoustics parameters is not related with sympatric species’ geographic distribution. The allopatric species demonstrate greater cantus similarity than sympatric species. On the sympatric species analyzed, P. cuvieri, P. ephippifer and P. fischeri, is observed the overlapping of spectral parameters whereas the P. cuvieri, P. kroyeri and P. centralis present overlapping in the temporal parameters. Despite the great morphological similarity between these intrageneric species, widely mentioned as cryptic, the analyzed advertisement calls differ, presenting segregation in spectral and temporal parameters. Additional research, including other intrageneric groups, will allow a better grasp of advertisement call importance in species recognition, permitting the identification of possible homologies between bioacoustics parameters. Keywords: cryptic species, acoustic segregation, advertisement call, similarity, spectral and temporal parameters. 27 Introdução Os sinais acústicos dos anuros constituem excelentes padrões de comportamento para estudos comparativos, sendo o principal componente do reconhecimento das espécies e escolha de parceiros para a reprodução (Wells, 2007). O comportamento de vocalização e o sistema sensorial desenvolvido na percepção do canto foram extensivamente estudados, tornando-se um dos melhores modelos de sistema de compreensão da comunicação animal (Vielliard, 1983; Fritzsch et al., 1988; McClelland et al., 1996; Wilczynski et al., 2001; Gerhardt & Huber, 2002; Gridi-Papp & Ryan, 2006), assim como a estrutura do sistema auditivo e sua relação com as características do canto (Capranica 1965, Fuzessery 1988, Walkowiak 1988, Zakon & Wilczynski 1988; Gerhardt et al., 2007). Entre os anuros, o canto é um sinal acústico repetitivo e relativamente curto, cujas características podem ser quantificadas usando-se métodos padronizados de análise sonora, sendo as medições objetivas e repetíveis (Cocroft & Ryan, 1995). Dentre os diversos tipos de cantos emitidos pelos anuros, o canto de anúncio (advertisement call – sensu Wells, 1977) tem como função atrair as fêmeas no período reprodutivo, manter o espaçamento entre machos coespecíficos, auxiliar as estratégias de defesa de território e minimizar a competição intraespecífica (Duellman & Trueb, 1994; Wells, 2007; Amézquita et al., 2009). O canto de anúncio, definido como “canto funcional” (Vielliard, 1987) com estrutura espécie-específica, é onde se manifestam as diversas pressões evolutivas. Assim, o canto de anúncio é de grande importância na identificação taxonômica em campo e também na diferenciação de espécies crípticas (De La Riva et al., 1995), além de uma importante ferramenta para determinar diferenças, similaridades e a posição taxonômica e filogenética entre táxons (Cocroft, 1994; Hartmann et al., 2002). 28 Além da atração de fêmeas coespecíficas como parceiros de acasalamento, a função da comunicação dos anuros é o reconhecimento de machos coespecíficos (Wells, 1977; Rand, 1988; Ryan, 1988). A correspondência entre os cantos coespecíficos e o sistema auditivo do receptor depende de vários critérios acústicos (Gerhardt & Huber, 2002), como propriedades espectrais, temporais ou uma combinação de ambos. Para comunicação de espécies sintópicas e sincrônicas, padrões do canto devem fornecer a identificação correta espécie-específica (Ryan, 1988). Diversos estudos têm mostrado que cantos de espécies de anuros que co-ocorrem diferem significativamente os valores médios de suas propriedades acústicas (Fouquette, 1960; Duellman, 1967; Hödl, 1977; Drewry & Rand, 1983; Duellman & Pyles, 1983 Schwartz & Wells, 1984; Garcia-Rutledge & Narins, 2001; Martins et al., 2006). No entanto, mesmo quando os meios de emissão do som são diferentes, as distribuições das propriedades bioacústicas de espécies diferentes muitas vezes sobrepõem (Fouquette, 1960; Duellman & Pyles, 1983; Schwartz & Wells, 1984). A estrutura do canto dos anuros também pode variar desde uma nota simples a um repertório sucessivo de notas, podendo ser moduladas ou unimodais, variar na amplitude, frequência ou ambos (Martin, 1971; McLister et al., 1995; McLister 2001; Gridi-Papp, 2003). É conveniente o uso de parâmetros acústicos como unidades para a comparação de sinais acústicos em anuros, mas as unidades mecânicas (nota) e acústicas (estrutura do canto) podem evoluir em caminhos distintos, principalmente em espécies fortemente relacionadas (Robillard et al., 2006). Os parâmetros do canto estereotipados como os harmônicos tendem a ser conservativos ou mais similares entre espécies próximas (Cocroft & Ryan, 1995). Assim, determinados parâmetros do canto possuem um forte sinal filogenético por estarem diretamente relacionados com o 29 reconhecimento específico, assim como outros devem ser mais plásticos, refletindo as condições ambientais (Robillard et al., 2006). O gênero Physalaemus Fitzinger, 1826, é composto por 45 espécies e distribuídas do México à Argentina (Frost, 2012). Nascimento e colaboradores (2005) em revisão taxonômica definiram sete grupos dentro do gênero, dentre eles, o grupo Physalaemus cuvieri, composto por nove espécies: P albonotatus (Steindachner, 1864), P. centralis Bokermann, 1962, P. cicada Bokermann 1966, P. cuqui Lobo, 1993, P. cuvieri Fitzinger, 1826, P. ephippifer (Steindachner, 1864), P. erikae Cruz & Pimenta, 2004, P. fischeri (Boulenger, 1890) e P. kroyeri (Reinhardt & Lutken, 1862). O grupo P. cuvieri é amplamente distribuído de Norte a Sul da América do Sul, do leste da Cordilheira dos Andes da Argentina até a Venezuela (Nascimento et al., 2005). Mas, em grupos constituídos de espécies crípticas, a identificação das espécies com base exclusivamente em características morfológicas não é confiável (Barrio, 1965), dificultando a identificação de novas espécies (Conte et al., 2011). Apesar desse cenário de proximidade taxonômica, diferenças bioacústicas, tanto espectrais quanto temporais, são esperadas no canto de anúncio como já demonstradas para outros grupos do gênero Physalaemus (Weber, 2005; Cassini et al., 2010). Mas, esta visão de analisar a plasticidade e conservação dos parâmetros bioacústicos entre espécies taxonomicamente próximas é raramente investigada (Gerhardt, 1991). Assim, a delimitação desses parâmetros para a correta identificação das espécies é relevante, apresentando caracteres que refletem características dos ancestrais e das possíveis adaptações ambientais, que se torna necessário para definir a diversidade de um ambiente e fornecer informações taxonômicas das espécies de anuros (Bickford et al., 2007). Sendo assim, a descrição desse tipo de vocalização é importante tanto para estudos envolvendo taxonomia quanto para ecologia comportamental (Martino & Sinschi, 2002). 30 Neste trabalho nosso objetivo foi descrever os cantos de anúncio e comparar qualitativa e quantitativamente os parâmetros bioacústicos tanto espectrais quanto temporais, das nove espécies intragenéricas do grupo Physalaemus cuvieri (Anura, Leptodactylidae), respondendo às seguintes questões: I) quais parâmetros bioacústicos influenciam a segregação acústica e a discriminação entre as espécies crípticas do grupo P. cuvieri? II) Qual o grau de similaridade do canto de anúncio e a distribuição geográfica das espécies do grupo P. cuvieri? Deste modo, os parâmetros acústicos dos sinais sonoros podem fornecer homologias robustas para uso em estudos comparativos das vocalizações de anuros e para derivar e testar hipóteses evolucionistas produzindo informações filogenéticas consistentes (Robillard et al., 2006). Metodologia Foram analisados os cantos de nove espécies pertencentes ao gênero Physalaemus, grupo P. cuvieri: P. albonotatus, P. centralis, P. cicada, P. cuqui, P. cuvieri, P. ephippifer, P. erikae, P. fischeri e P. kroyeri, (sensu, Nascimento et al., 2005). Estas espécies estão distribuídas por toda América do Sul (Fig. 1). Os dados foram coletados de arquivos sonoros cedidos por pesquisadores (Tab. I) e, quando possível, foram amostrados cantos de anúncio de machos de duas (ou mais) populações geograficamente separadas para o estudo de toda a variação intraespecífica existente, entre indivíduos e entre populações geograficamente separadas, garantindo uma boa representação e possibilitando uma representação segura das espécies (Nevo & Capranica, 1985; Gerhardt, 1991; Ryan & Wilczynski, 1991). Foram analisados dez parâmetros bioacústicos separados em parâmetros espectrais e temporais (Tab. II). As definições dos parâmetros foram adaptadas de Duellman (1970), Wells (1977; 1988); Duellman & Pyles (1983); Ryan (1985); 31 Duellman & Trueb (1994); Schwartz (1987); Cocroft & Ryan (1995); Gerhardt e colaboradores (1998) e Ryan (2001). Os cantos foram digitalizados e analisados no programa computacional Raven Pro 1.3 (Cornell Bioacoustics Research Program – sob licença do Laboratório de Herpetologia do Depto. Zoologia, IB, Unesp, Rio Claro) com uma frequência de amostragem de 44.1 kHz, 16 bit de resolução e canal mono. Foi utilizado filtro de 256 bandas e, quando necessário, a opção de 1024 bandas. O sonograma foi analisado com 50% de brilho e 50% de contraste. Foram analisados três tipos de gráficos do canto: 1) sonogramas, com uma escala de frequência entre 0 e 10.000 Hertz e a escala de tempo em segundos, de onde foi extraída a estrutura das notas que compunham os cantos; 2) oscilogramas, que representam a intensidade do som ao longo do tempo que foi utilizado na análise da duração do canto, nota e pulso; 3) espectro de potência relacionando a freqüência e amplitude importante nas medições da faixa de frequência, frequência dominante e presença de harmônicos na nota. ANÁLISE DOS DADOS Foram registrados as médias e desvios-padrão de cada um dos parâmetros acústicos, assim como os valores mínimos e máximos utilizados para a descrição dos cantos de anúncio das nove espécies estudadas. Para determinar se houve diferença em oito parâmetros bioacústicos foi usada a análise de variância (ANOVA) e o nível de significância considerado foi de p < 0,05. Foi aplicado um teste de Fischer LSD Post hoc (Zar, 1999) e posteriormente confeccionados gráficos Box-Plot que mostraram quais pares de espécies tiveram ou não diferença nas médias para cada parâmetro bioacústico. Foram analisados a frequência mínima, máxima e dominante além da duração da nota e intervalo entre as notas, duração e número de pulsos. Os dados foram logaritmizados (Ln) para a 32 adequação das premissas do teste. O número de notas e a presença de harmônicos na nota não foram utilizados nesse teste por serem parâmetros binários. O grau de similaridade entre o canto de anúncio das espécies foi determinado por meio do método de distância euclidiana, medida de dissimilaridade, para o conjunto de dados, para os parâmetros espectrais e temporais. Também foi aplicada a análise de bootstrap para definir os agrupamentos válidos no uso do espaço bioacústico. As análises foram realizadas em programa computacional utilizando o método de média não ponderada para construção do dendrograma (Krebs, 1999). Os dados foram logaritmizados para a padronização. Resultados DESCRIÇÃO DOS CANTOS DAS ESPÉCIES DO GRUPO P. CUVIERI (Tab. III). Dentre as espécies analisadas, o canto é formado por uma única nota, somente o canto de P. cicada é formado por uma série de notas pequenas repetidas por um período prolongado. Nos parâmetros espectrais, o grupo P. cuvieri ocupa uma ampla faixa de frequência, de 0,29 a 4,3 kHz, com frequência dominante (maior energia da nota) entre 0,68 e 3,00 kHz. Entre os parâmetros temporais, a duração da nota apresenta grande variação, entre 0,02 e 1,61 segundos; bem como o intervalo entre as notas, entre 0,02 e 9,17 segundos. O pulso, constituinte da nota, varia na duração entre 0,002 e 0,004 segundos; a variação na taxa de emissão é de 6 a 700 pulsos por nota. A taxa de repetição da nota é de 7,23 a 1587 notas por minuto (Tab. III – Fig. 2). SEGREGAÇÃO DOS CANTOS Os cantos são significativamente diferentes para todos os parâmetros analisados (p ≤ 0,05) (Tab. IV). A comparação par a par das espécies pelo teste de Fischer LSD “Post hoc” demonstra que parâmetros como a frequência máxima e o número de pulso 33 diferenciaram 97% dos pares de espécies formados, sem diferença significativa para os valores do canto de P. cuqui e P. kroyeri (p = 0,09) e P. cuvieri e P. kroyeri (p = 0,86), respectivamente. A duração da nota diferencia 94,5% dos pares de espécies, sem diferença para os valores de P. centralis e P. kroyeri (p = 0,6) e P. cuvieri e P. ephippifer (p = 0,07). A frequência dominante diferencia 89% dos pares de espécies, não diferencia os valores de P. albonotatus e P. cuqui (p = 0,17), P. albonotatus e P. kroyeri (p = 0,23), P. cicada e P. erikae (p = 0,35), P. erikae e P. kroyeri (p = 0,18). O intervalo entre as notas diferencia 83% dos pares de espécies, sem diferença para os valores de P. albonotatus e P. cuvieri (p = 0,18), P. centralis e P. cicada (p = 0,1), P. centralis e P. fischeri (p = 0,46), P. centralis e P. kroyeri (p = 0,07), P. cicada e P. fischeri (p = 0,37), P. cuvieri e P. kroyeri (p = 0,1). A frequência mínima diferencia 78% dos pares de espécies, sem diferença para os valores de P. albonotatus e P. cuqui (p = 0,11), P. albonotatus e P. cuvieri (p = 0,52), P. centralis e P. cuqui (p = 0,3), P. centralis e P. erikae (p = 0,4), P. centralis e P. fischeri (p = 0,3), P. cuqui e P. erikae (p = 0,9), P. cuqui e P. fischeri (p = 0,06), P. erikae e P. fischeri (p = 0,15). Já parâmetros como a taxa de repetição da nota e duração do pulso diferencia 72% e 67% dos pares de espécies, respectivamente (Fig. 3). ANÁLISE DE SIMILARIDADE A similaridade dos parâmetros espectrais dos cantos de anúncio dispõe as espécies em dois agrupamentos (Fig. 4a): I) P. cuqui, P. erikae, P. kroyeri com alta frequência dominante e II) P. cuvieri, P. ephippifer e P. fischeri com baixa frequência dominante (Fig. 4a). Em ambos os agrupamentos os cantos são formados com uma única nota, com harmônicos. O agrupamento I reúne espécies com distribuição geográfica distintas. No agrupamento II apenas as espécies P. cuvieri e P. ephippifer têm sobreposição na distribuição geográfica (Fig. 1). O canto de P. cicada apresenta 34 menor similaridade às demais espécies, com as maiores médias para todos os valores dos parâmetros espectrais e canto formado por repetição de notas curtas sucessivas (Tab. III). Já as espécies P. centralis e P. albonotatus, apesar de possuem certa sobreposição nas áreas de ocorrência, os valores dos parâmetros espectrais no canto os diferenciam (Fig. 3a, b, c). Os parâmetros temporais do canto de anúncio dispõem as espécies três agrupamentos (Fig. 4b): III) P. cuqui e P. albonotatus, espécies com distribuições geográficas adjacentes (Fig. 1) com os maiores valores médios para o número de pulsos e as menores taxas de repetição da nota; IV) P. ephippifer e P. erikae onde os cantos se caracterizam por terem os maiores valores para o intervalo entre as notas/canto, sendo espécies com distribuições geográficas distintas (Fig. 1) e; V) P. cuvieri, P. kroyeri e P. centralis com menor intervalo entre as notas, são espécies com sobreposição na área de ocorrência (Fig. 1). O dendrograma formado com todos os valores, espectrais e temporais, do canto demonstra a similaridade entre os cantos de anúncio de P. cuqui, P. erikae e P. ephippifer, espécies com cantos com baixa frequência mínima, alta frequência máxima e dominante, notas longas e longo intervalo entre as notas e baixa taxa de repetição das notas. Os cantos de P. cuvieri e P. kroyeri também são similares, apresentando cantos com notas curtas, curto intervalo entre as notas e alta taxa de repetição das notas. Os cantos das demais espécies não formam agrupamentos robustos, possuindo o canto de P. cicada a maior dissimilaridade entre as espécies estudadas (Fig. 4c). Discussão Os dados dos cantos de anúncio de P. cicada, P. cuqui, P. cuvieri, P. fischeri e P. kroyeri são semelhantes aos dados disponíveis para comparação (Bokermann, 1966; Ferrari & Vaira, 2001; Heyer et al., 1990; Pombal Jr., 2010; Tárano, 2001). As 35 discordâncias nos parâmetros acústicos são encontradas em P. erikae P. ephippifer e P. albonotatus, diferindo mais nos valores temporais do que espectrais. Cruz & Pimenta (2004) descrevem o canto de P. erikae com o intervalo entre as notas de 13,42 segundos (9,17 segundos no presente trabalho); frequência dominante de 3,22 kHz (2,77 kHz no presente estudo). Kaefer e colaboradores (2011) descrevem para P. ephippifer, a duração da nota de 0,41 segundos (0,27 segundos, presente estudo) e a taxa de repetição do canto de 11,75 notas por minuto (13,22 notas por minuto, presente estudo). Straneck e colaboradores (1993) descrevem o canto de P. albonotatus com duração da nota de 0,8 a 1,1 segundos (1,43 segundos, presente estudo) e a taxa de repetição de 8,4 notas por minuto (12,29 notas por minuto, presente estudo). Essas variações nos valores dos parâmetros temporais também são encontradas em comparações de cantos de anuros do hemisfério Norte com relevante relação dos parâmetros temporais com o reconhecimento específico no gênero Bufo (Ryan & Sullivan, 1989). De acordo com Pombal e colaboradores (1995), também é possível que esta variação seja causada por pequenas diferenças metodológica e de equipamentos empregados nas gravações, ou por diferenças nas análises sonográficas (como pudemos observar na seleção do programa sonográfico a ser utilizado) ou pela variação populacional e/ou geográfica. Alguns dos parâmetros em que foram observadas diferenças são parâmetros dinâmicos, como intervalo entre notas, taxa de repetição do canto, os quais são influenciados pelo comportamento social em coro (Martins & Jim, 2003; 2004). Sendo assim, os dados obtidos corroboram e ampliam os dados já disponíveis na literatura. Analisando a estrutura bioacústica do canto de anúncio das espécies do grupo P. cuvieri, verifica-se que o canto formado por mais de uma nota de P. cicada difere drasticamente do canto de anúncio das demais. Cantos com repetições de notas são emitidos por espécies do grupo P. signifer como P. crombiei e P. nanus, porém, são 36 cantos formados por um menor número de notas e consequentemente cantos com menor duração (Weber, 2005). Nas demais espécies do grupo P. cuvieri, o canto é formado por nota única com presença de estrutura harmônica. A relação de semelhança entre os cantos pode ser simples em grupos que usam mecanismos estereotipados na produção de som (Robillard et al., 2006) como parece ser o caso das espécies do grupo P. cuvieri. Mas, a aplicação do princípio da homologia ao comportamento acústico necessita de uma análise mais cuidadosa das características comportamentais, só assim, podendo ser usada para definir grandes classes funcionais (Wenzel, 1992). Todos os parâmetros bioacústicos, espectrais e temporais, influenciam na segregação dos cantos. Parâmetros como a duração da nota e as frequências máxima e dominante promovem maior segregação entre os cantos, sendo diretamente relacionados com o reconhecimento específico, do que parâmetros como a duração dos pulsos e a taxa de repetição que promovem uma menor segregação quando comparados aos outros parâmetros e devem refletir as condições ambientais (área aberta) (Robillard et al., 2006). Assim, esta investigação do canto fornece pistas sobre quais parâmetros bioacústicos são importantes na discriminação entre congêneres (Gerhardt, 1991). Em hilídeos e leptodactilídeos, padrões sugerem que características temporais do canto estão envolvidas no isolamento de espécies, embora a frequência dominante também pudesse ser importante (ver Straughan & Heyer, 1976; Gerhardt, 1991; Martins & Jim, 2003; 2004). Nossos dados corroboram os de Ryan & Rand (1993) em que, entre os Leptodactylidae, a frequência dominante dos cantos de Physalaemus fischeri e Engystomps pustulosus se sobrepõe, assim como a frequência mínima, mas diferem na frequência máxima e na duração do canto. Com isso, as fêmeas conseguem rejeitar os cantos heteroespecíficos na ausência e na presença do canto coespecífico. Márquez e colaboradores (1995) chegam a conclusões semelhantes para os cantos de 23 espécies 37 (leptodactilídeos e leiuperídeos) da Bolívia. A duração da nota juntamente com a frequência máxima e/ou dominante são parâmetros suficientemente robustos para diferir os cantos desse grupo. Apesar de serem espécies que ocupam o mesmo macrohabitat (áreas abertas), o grupo P. cuvieri possui espécies com distribuições geográficas restritas a determinadas regiões do continente, como as espécies P. kroyeri e P. cicada distribuídas na região nordeste, P. ephippifer e P. fischeri ocorrendo no Norte e P. albonotatus e P. cuqui com distribuição mais ao Sul do continente (Frost, 2012). Não há relação entre os parâmetros bioacústicos e a distribuição geográficas das espécies (ecorregião). A radiação adaptativa de anuros do gênero Physalaemus não influencia os parâmetros do canto, fato semelhante foi demonstrado por Robillard e colaboradores (2004) para ortópteros. As espécies alopátricas demonstram maior similaridade do canto entre os parâmetros bioacústicos do que as espécies simpátricas. As espécies simpátricas do grupo P. cuvieri com similaridade nos parâmetros espectrais diferenciam nos parâmetros temporais. Esses dados indicam que a sobreposição completa dos parâmetros bioacústicos não ocorre e, caso espécies simpátricas ocupem o mesmo espaço acústico, a segregação dos cantos se dará pelos parâmetros temporais (Silva et al. 2008). E, devido ao limitado repertório vocal dos anuros, convergências são esperadas (Duellman & Trueb, 1994; Martins et al., 2006). Para Ossen & Wassersug (2002) cantos de espécies com reprodução explosiva respondem menos a variáveis ambientais do que as espécies de reprodução prolongadas, que respondem diferentemente para variáveis climáticas ao longo do período reprodutivo. Segundo Levin (1992), a escala de observação determina os padrões que podem ser observados. Portanto, é preciso analisar a estrutura do microhabitat ocupado por estas espécies para tirar quaisquer conclusões sobre a falta de relação entre o ambiente e as propriedades do canto dos anuros. Estudos em hilídeos 38 neotropicais indicam que cantos de espécies alopátricas aparentadas são mais similares que as vocalizações de espécies simpátricas; só havendo similaridade quando não são sintópicas e/ou sincrônicas (Duellman & Pyles 1983; Márquez et al., 1993; Martins & Jim, 2003; 2004; Martins et al., 2006). Martins & Jim (2004) encontraram grande semelhança nos cantos de populações de Dendropsophus jimi e D. elianeae, mas com diferenças na estrutura temporal nos dois padrões de vocalizações, onde ajustes acústicos podem permitir até a ocorrência sincronopátrica. Em estudos experimentais, com diferentes espécies de anuros, são encontradas diferenças na taxa de emissão de pulso suficientes para a seleção co-específica dos machos, com as fêmeas rejeitando cantos com taxas de emissões maiores ou menores (ver Gerhardt, 1988; Arak, 1988). As distâncias observadas entre os cantos das espécies no dendrograma não refletem, necessariamente, uma hipótese de relações filogenéticas. As diferenças encontradas entre as espécies simpátricas, por exemplo, podem ser um resultado de uma maior seleção entre elas, evitando a sobreposição no espaço acústico e permitindo a coexistência em mesmo tipo de macrohabitat. Apesar da alta semelhança morfológica dessas espécies intragenéricas, amplamente citado na literatura como um grupo críptico, o canto de anúncio das espécies analisadas diferiu, apresentando segregação tanto nos parâmetros espectrais quanto temporais. O canto P. cicada diferiu dos demais, o restante das espécies compartilham das mesmas estruturas do canto. A distribuição geográfica da espécie não influencia nos parâmetros bioacústicos, com espécies alopátricas apresentando maior similaridade que espécies simpátricas. Estudos futuros sobre as relações entre os membros deste grupo usando dados morfológicos, moleculares juntamente com dados acústicos devem ser obtidos para a corroboração desses resultados. Pesquisas adicionais incluindo outros grupos intragenéricos permitirão entender melhor a importância do 39 canto de anúncio no reconhecimento específico das espécies, possibilitando a identificação de possíveis homologias dos parâmetros do canto de anúncio. Conclusões Os parâmetros bioacústicos, espectrais e temporais, influenciam na segregação dos cantos desse grupo críptico. Parâmetros como as frequências, máxima e dominante, e a duração da nota foram os mais importantes na segregação dos cantos. Estão diretamente relacionados com o reconhecimento específico. Entretanto, parâmetros como a duração dos pulsos e a taxa de repetição promovem uma menor segregação quando comparados aos demais parâmetros, e devem refletir as condições ambientais. Mas a distribuição geográfica da espécie não influencia nos parâmetros bioacústicos, com espécies alopátricas apresentando maior similaridade que espécies simpátricas. Assim, esta investigação do canto fornece pistas sobre quais parâmetros bioacústicos são importantes na discriminação entre congêneres. Agradecimentos Agradeço aos doutores Adrian Garda, Bruno V. S. Pimenta, Célio F. B. Haddad, Marcelo F. Napoli, Michel J. Ryan, Diego Baldo, Zaida Tárano, Jorge Jim (in memorian) e ao Msc. André Pansonato por disponibilizar as gravações das espécies. Agradeço à Dra. Denise de Cerqueira Rossa-Feres pelo apoio moral e intelectual e por disponibilizar o Laboratório de Ecologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP de São José do Rio Preto – SP e ceder materiais para o desenvolvimento dos estudos. Agradeço também a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo suporte financeiro. 40 Referências Amézquita, A.; Lima, A.P.; Jehle, R.; Castellanos, L.; Ramos, Ó.; Crawford, A. J.; Gasser, H. & Hödl, W. 2009. 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Livramento – MT Bruno Pimenta Dat 5-34/5-40 Itumirim – MG Dat 4-26/4-28 Lagoa Santa – MG Rodrigo Silva P.centralis 3/4/5 Icém – SP P. cic Marcelo Napoli PABA Paulo Afonso – BA Jorge Jim P. cicada 1/1a/1b Jequié – A P. cuq Diego Baldo Sound 13/P.cuq Gobernador Virasoro, Argentina P. cuv André Pansonato 41A-12/42A-03/42A-05 Nova Lacerda – MT 03B-08/15A-07/16A-01 Chapada dos Guimarães – MT 16A-06/16A-07/21A-03 Chapada dos Guimarães – MT Bruno Pimenta dat 4-34 Lagoa Santa – MG dat 5-36 Itumirim – MG dat 5-30 Perdões – MG Adrian Garda ASUFRN049 Macaíba – RN ASUFRN014 Loreto – RN Célio Haddad CH-7 Ribeirão Branco – SP P. cv12 Ribeirão Branco – SP P. eph Michel Ryan Track 9/10/11/12/13/14/15/16/18 Macumbe Reserve P. eri Bruno Pimenta P. grcuv/3/4/5/6/7 Porto Seguro – BA P. fis Zaida Tárano male 105/106/110/152/152b Calabozo, Venezuela P. kro Marcelo Napoli P. aff kroyeri/ Explosão 2/ Explosão 3 Barreiras – BA 50 Tabela II. Parâmetros do canto de anúncio, (E) parâmetros espectrais e (T) parâmetros temporais, são apresentados na tabela a seguir: Parâmetros espectrais (kHz – quilohertz) Parâmetros temporais (ms – milissegundo) (E) – freqüência mínima (FMa) – a menor frequência do canto (kHz). (T) – taxa de repetição das notas (TR)– número de notas emitidas por minuto. (E) – freqüência máxima (FMi) – a maior frequência do canto (kHz). (T) – duração das notas*/canto (DN) – tempo entre o início e final da nota. Nota é a menor unidade temporal sonora que constitui o canto (ms). (E) – freqüência dominante (FD) – a frequência com a maior energia do canto (kHz). (T) – intervalo entre as notas*/canto (IN) – hiato entre duas notas (ms). (E) – uma nota ou mais de uma nota*. (T) – duração dos pulsos (DP) – tempo de duração de um pulso (ms). (E) – com ou sem harmônicos – harmônicos são bandas de freqüência cujos valores são múltiplos e inteiros da freqüência. Fundamental (T) – número de pulsos (NP) – Subunidade da nota, o pulso é uma repetição de estímulos energéticos, idênticos e de curta duração. * Foram analisadas a duração do canto e o intervalo entre o canto em cantos formados por uma única nota; foram analisadas a duração da nota e o intervalo entre as notas em cantos formados por mais de uma nota. 51 T ab el a II I – M éd ia s, de sv io s pa dr ão , va lo re s m ín im o e m áx im o do s pa râ m et ro s ac ús tic os d as n ov e es pé ci es d o gr up o P hy sa la em us cu vi er i. P. a lb – P . a lb on ot at us , P . c en – P . c en tr al is , P . c ic – P . c ic ad a, P . c uq – P . c uq ui , P . c uv – P . c uv ie ri , P . e ph – P . e ph ip pi fe r, P. e ri – P . er ik ae , P . f is – P . f is ch er i e P . k ro – P . k ro ye ri . F M i – fr eq uê nc ia m ín im a, F M a – fr eq uê nc ia m áx im a, F D – fr eq uê nc ia d om in an te , E N – e st ru tu ra da n ot a (n /c - n úm er o de n ot as p or c an to e H – n úm er o de h ar m ôn ic os ), D N – d ur aç ão d a no ta , I N – in te rv al o en tre n ot as , D P – du ra çã o do s pu ls os , N P – nú m er o de p ul so , T R – ta xa d e re pe tiç ão d a no ta e N C – n úm er o de c an to s a na lis ad os . FM i FM a FD EN D N IN D P N P TR N C P. a lb 0, 42 ±0 ,0 5 3, 4± 0, 2 2, 59 ±0 ,1 9 6H 1, 43 ±0 ,1 7 3, 83 ±2 ,4 0, 00 3± 0, 00 1 44 7, 5± 53 ,4 7 12 ,2 9± 4, 37 62 (0 ,3 3- 0, 49 ) (3 ,0 2- 3, 81 ) (2 ,2 4- 3, 01 ) 1 n/ c (1 ,0 3- 1, 74 ) (1 ,5 9- 11 ,2 4) (0 ,0 02 -0 ,0 06 ) (3 23 -5 44 ) (5 ,3 8- 16 ,6 4) P. c en 0, 29 ±0 ,0 4 2, 03 ±0 ,2 1 1, 28 ±0 ,2 1 2H 0, 44 ±0 ,0 8 0, 58 ±0 ,2 5 0, 00 4± 0, 00 1 48 ,9 ±1 2, 5 61 ±6 ,2 4 10 5 (0 ,2 3- 0, 36 ) (1 ,7 3- 2, 58 ) (0 ,8 6- 1, 72 ) 1 n /c (0 ,3 -0 ,6 ) (0 ,3 1- 1, 54 ) (0 ,0 03 -0 ,0 07 ) (3 0- 87 ) (4 7, 2- 70 ,7 ) P. c ic 1, 97 ±0 ,0 9 4, 12 ±0 ,6 5 3, 00 ±0 ,5 2 4H 0, 02 ±0 ,0 04 0, 02 ±0 ,0 04 0, 00 2± 0, 00 1 6± 1, 9 15 87 ±2 37 10 7 (1 ,7 4- 2, 14 ) (3 ,1 -4 ,8 9) (2 ,0 7- 3, 62 ) 25 5 n/ c (0 ,0 13 -0 ,0 3) (0 ,0 14 -0 ,0 35 ) (0 ,0 01 -0 ,0 05 ) (2 -1 1) (1 13 2- 18 75 ) P. c uq 0, 31 ±0 ,0 4 3, 64 ±0 ,2 5 2, 5± 0, 13 3H 1, 61 ±0 ,3 4 3, 48 ±1 ,2 0, 00 2± 0, 00 03 70 0± 15 0 12 ,0 6± 0, 32 26 (0 ,2 4- 0, 39 ) (3 ,2 6- 3, 97 ) (2 ,2 4- 2, 58 ) 1 n/ c (1 ,1 3- 2, 43 ) (1 ,8 7- 7, 12 ) (0 ,0 02 -0 ,0 03 ) (4 90 -1 05 4) (1 1, 84 -1 2, 29 ) P. c uv 0, 39 ±0 ,0 9 2, 94 ±0 ,4 5 0, 68 ±0 ,1 2 3- 6H 0, 31 ±0 ,1 2 0, 9± 0, 85 0, 00 2± 0, 00 1 18 2, 15 ±4 8, 86 64 ,4 7± 23 ,5 7 29 1 (0 ,2 1- 0, 69 ) (1 ,9 -4 ,5 ) (0 ,4 7- 0, 9) 1 n/ c (0 ,1 8- 0, 77 ) (0 ,2 2- 6, 56 ) (0 ,0 01 -0 ,0 03 ) (1 13 -2 99 ) (1 3, 88 -1 08 ) P. e ph 0, 41 ±0 ,0 9 3, 27 ±0 ,3 5 0, 8± 0, 08 3- 5H 0, 27 ±0 ,0 4 4, 92 ±2 ,9 2 0, 00 3± 0, 00 1 93 ,5 8± 12 ,8 9 13 ,2 2± 3, 46 53 (0 ,3 2- 0, 58 ) (2 ,7 -3 ,7 7) (0 ,6 9- 0, 86 ) 1 n/ c (0 ,1 9- 0, 35 ) (2 ,1 6- 15 ,8 4) (0 ,0 01 -0 ,0 06 ) (6 6- 12 1) (9 ,7 -1 8, 51 ) P. e ri 0, 31 ±0 ,0 3 4, 3± 0, 27 2, 77 ±0 ,1 1 8H 0, 59 ±0 ,0 8 9, 17 ±3 ,8 4 0, 00 2± 0, 00 04 26 6, 3± 15 ,1 2 7, 23 ±0 ,9 5 11 (0 ,2 5- 0, 34 ) (3 ,9 5- 4, 67 ) (2 ,5 8- 2, 93 ) 1 n/ c (0 ,5 1- 0, 74 ) (5 ,0 4- 14 ,0 5) (0 ,0 02 -0 ,0 03 ) (2 43 -2 95 ) (7 ,1 3- 9, 12 ) P. fi s 0, 34 ±0 ,0 6 3, 97 ±0 ,1 3 0, 91 ±0 ,0 5 8H 0, 72 ±0 ,0 8 0, 32 ±0 ,1 4 0, 00 3± 0, 00 1 23 0± 36 58 ,8 5± 9, 12 51 (0 ,2 7- 0, 6) (3 ,7 -4 ,3 1) (0 ,7 8- 1, 04 ) 1 n/ c (0 ,5 8- 1) (0 ,1 4- 0, 66 ) (0 ,0 02 -0 ,0 06 ) (1 66 -3 03 ) (4 7, 3- 70 ) P. k ro 0, 54 ±0 ,0 5 3, 61 ±0 ,2 2, 69 ±0 ,1 7 3- 12 H 0, 42 ±0 ,0 4 0, 91 ±0 ,5 0, 00 3± 0, 00 05 14 2, 9± 19 ,7 1 57 ,5 ±1 2, 89 95 (0 ,4 -0 ,6 9) (3 ,3 -3 ,9 7) (2 ,4 1- 2, 93 ) 1 n/ c (0 ,3 3- 0, 54 ) (0 ,2 8- 1, 98 ) (0 ,0 02 -0 ,0 05 ) (9 7- 19 0) (4 4, 4- 79 ,8 ) 52 Tabela IV – Análise de variância (ANOVA) dos parâmetros acústicos das nove espécies do grupo Physalaemus cuvieri. FMa – freqüência máxima, FMi - frequência mínima, FD – frequencia dominante, DN – duração da nota, IeN – intervalo entre notas, DP – duração do pulso, NP – número de pulso, TxR – taxa de repetição da nota. F GL(x;y) P FMa 296,6 8; 362 0,00 FMi 3427,57 8; 366 0,00 FD 615,83 8; 369 0,00 DN 722,56 8; 376 0,00 IN 75,77 8; 376 0,00 DP 39,94 8; 376 0,00 NP 3507 8; 369 0,00 TR 243,88 8; 65 0,00 53 Figura 1 – Mapa da América do Sul com a distribuição de ocorrência das nove espécies do grupo Physalaemus cuvieri. Fonte: IUCN Red list website. 54 a) b) c) d) e) f) g) h) 55 Figura 2 – Sonograma, oscilograma e espectro de potência de uma nota do canto de anúncio de a) P. albonotatus, gravado no município de Corumbá, estado do Mato Grosso; b) P. centralis, gravado no município de Icém, estado de São Paulo; c) P. cicada, gravado no munícipio de Paulo Afonso, estado da Bahia; d) P. cuqui, gravado no município de Los Lapachos, Província de Corrientes, Argentina, e) P. cuvieri gravado no município de Icém, estado de São Paulo; f) P. ephippifer gravado na Reserva da Macumba; g) P. erikae gravado no município Porto Seguro, estado da Bahia; h) P. fischeri gravado no município Calabozo, estado de Quárico, Venezuela e i) P. kroyeri, gravado no município de Barreiras, estado da Bahia. a) b) i) 56 Figura 3 – Variação entre as médias (teste Fischer LSD – Post Hoc) de oito parâmetros acústicos do canto de anúncio de nove espécies do grupo Physalaemus: P. alb – P. albonotatus, P. cen – P. centralis, P. cic – P. cicada, P. cuq – P. cuqui, P. cuv – P. cuvieri, P. eph – P. ephippifer, P. eri – P. erikae, P. fis – P. fischeri e P. kro – P. kroyeri. a) Frequência máxima, b) frequência mínima, c) frequência dominante, d) duração da nota, e) intervalo entre as notas, f) duração do pulso, g) número de pulsos, h) taxa de repetição da nota/canto. c) d) e) f) g) h) 57 Figura 4 – Similaridade entre os parâmetros a) espectrais, b) temporais e c) espectrais e temporais do canto de anúncio de nove espécies do grupo Physalaemus: P. alb – P. albonotatus, P. cen – P. centralis, P. cic – P. cicada, P. cuq – P. cuqui, P. cuv – P. cuvieri, P. eph – P. ephippifer, P. eri – P. erikae, P. fis – P. fischeri e P. kro – P. kroyeri. Bootstrap 1000 replicações. 100 74 59 49 67 83 63 69 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 4 3,6 3,2 2,8 2,4 2 1,6 1,2 0,8 0,4 0 P .c uq P .e ri P .k ro P .c uv P .e ph P .fi s P .c ic P .c en P .a lb 100 84 57 67 94 46 67 74 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11,2 9,6 8 6,4 4,8 3,2 1,6 0 P .c uq P .a lb P .e ph P .e ri P .c uv P .k ro P .c en P .fi s P .c ic 100 82 50 26 41 51 64 39 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11,2 9,6 8 6,4 4,8 3,2 1,6 0 P .c uq P .e ri P .e ph P .c uv P .k ro P .c en P .a lb P .fi s P .c ic a) b) c) G ra u de d is si m ila rid ad e G ra u de d is si m ila rid ad e G ra u de d is si m ila rid ad e 58 Capítulo II 59 A influência do habitat nos parâmetros bioacústicos de anuros do gênero Physalaemus (Anura, Leptodactylidae) Silva, R.A1 & Martins, I.A.2 1 Pós-Graduação em Biologia Animal, UNESP, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. 15054-000. E-mail: silva7554@yahoo.com.br 2 Instituto Básico de Biociências - Laboratório de Zoologia - UNITAU, Taubaté, São Paulo, Brasil. E-mail: istama@uol.com.br 60 Resumo As características físicas do ambiente influenciam a evolução de sinais acústicos a longas distâncias, favorecendo as propriedades que diminuem a atenuação sonora e a fidelidade da informação. Neste trabalho, discutimos a relação entre os parâmetros acústicos e o tipo de hábitat ocupado pelas espécies e, a similaridade entre os cantos de anúncio de 28 espécies distribuídas em três grupos taxonômicos do gênero Physalaemus que ocupam áreas abertas e de mata. Os cantos foram caracterizados a partir de dez parâmetros acústicos. Os cantos de anúncio apresentaram diferenças significativas entre os grupos taxonômicos de espécies anuros em oito parâmetros bioacústicos, sendo a frequência mínima e duração da nota bons parâmetros para a segregação dos grupos. Mas não houve diferença significativa entre espécies de área aberta e de ambiente de mata. Houve, sim, uma tendência de espécies de área aberta emitirem cantos em uma faixa de frequência menor que espécies de ambiente de mata, que tiveram maior plasticidade dos valores temporais do canto. A segregação das espécies em táxons por meio dos parâmetros acústicos não corroborou a taxonomia atual morfológica. Mas, a análise de todos os parâmetros do canto mostrou que 61% das espécies foram agrupadas junto a espécies do respectivo grupo. O uso de parâmetros bioacústicos como unidades é conveniente para a comparação em anuros, mas esses parâmetros podem evoluir em diferentes caminhos como parece o caso das espécies do gênero Physalaemus. Contudo, parâmetros do canto estereotipados, como as notas simples e harmônicos, são conservativas ou mais similares entre espécies próximas. Assim, determinados parâmetros do canto podem conter um forte sinal filogenético por estarem diretamente relacionados com o reconhecimento específico, assim como também expressar o reflexo das condições ambientais. 61 Palavras-chave: Canto de anúncio, similaridade, sinais acústicos, grupo P. cuvieri, grupo P. signife