Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho Campus de Botucatu Faculdade de Medicina Fatores associados à hipertensão arterial de adultos triados para programa de mudança de estilo de vida Marina Nicola BOTUCATU 2011 Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho Campus de Botucatu Faculdade de Medicina Fatores associados à hipertensão arterial de adultos triados para programa de mudança de estilo de vida Marina Nicola Orientador: Prof. Titular Roberto Carlos Burini Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva BOTUCATU 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Nicola, Marina. Fatores associados à hipertensão arterial de adultos triados para programa de mudança de estilo de vida / Marina Nicola. - Botucatu, 2011 Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2011 Orientador: Roberto Carlos Burini Capes: 40602001 1. Saúde pública. 2. Hipertensão. 3. Dieta. Palavras-chave: Composição corporal; Dieta; Hipertensão arterial; Sedentarismo; Síndrome metabólica. DDEDICATÓRIA Dedicatória Aos meus pais Norberto Nicola e Maria Helena Biazotto Nicola por toda dedicação, amor e apoio, em todas as fases da minha vida; Aos meus irmãos Daniel e Deborah Nicola, pelo incentivo de sempre; A Julio Neto por todo o amor e carinho, e pela ajuda nos momentos mais difíceis. AAGRADECIMENTOS Agradecimentos Ao meu orientador Professor Titular Roberto Carlos Burini, pela atenção e incansável entusiasmo do ensinamento, sempre muito importante em meu aprendizado científico e também na vida. Agradeço todas as oportunidades geradas por ele e pelo CeMENutri. À professora Sílvia Regina Barrile, profissional e professora admirável, responsável por despertar meu interesse em pesquisa durante a graduação, sendo uma das responsáveis por estar finalizando mais esta etapa. Ao professor Bruno Martineli, exemplo de profissional, por todo aprendizado durante e mesmo após a graduação e pelo incentivo de sempre. Ao Erick Prado de Oliveira, pelo precioso auxílio durante a execução deste trabalho, a você o meu muito obrigada. Ao GAP e especialmente José Eduardo Corrente, pela realização das análises estatísticas. Aos companheiros Reinaldo Dalanesi e Edilaine Michelin, pelo auxílio e compreensão de sempre. A todos os integrantes da fisioterapia, Thomas Pesavento, Leonardo Oliveira e Lívia Myoshi por toda ajuda na coleta de dados e pelo aprendizado que compartilhamos e que ainda o faremos. A todos os alunos que passaram pela iniciação científica da fisioterapia durante todos estes anos, pela ajuda nas coletas de dados e pelo companheirismo do dia a dia. Ao médico Franz Homero Burini responsável pela triagem inicial dos pacientes, e pela disposição em nos ensinar. À equipe de nutricionistas Gabriela Kaiser, Mayara Moreno, Muriel Siqueira e Natasha França principais responsáveis pela coleta de dados nutricionais. Ao Rodrigo Manda e Fernando Moreto pela coleta e dosagens bioquímicas. A Mônica Morelli, por toda ajuda fornecida no dia a dia do laboratório. Agradecimento especial à funcionária do setor de Pós-Graduação Regina Célia Spadin, por toda a ajuda fornecida. Aos participantes do projeto Mexa-se Pró-Saúde. A CAPES, pela bolsa concedida durante o mestrado. Aos antigos e atuais amigos e colegas de trabalho, Ana Elisa Rinaldi, Érick de Oliveira Prado, Reinaldo Dalanesi, Gabriela Kaiser, Viviane Andreasi, Thomas Pesavento, Damiana Pierine, Mayara Moreno, Edilaine Michelin, Leonardo Oliveira, Rodrigo Manda, Fernando Moreto, Anna Lúcia Vieira, Muriel Siqueira, Mônica Morelli, Viviane Acerra, Natasha França, André Bernardini, Gabriel Torezan, Lidiana Talon, Okesley Teixeira e todas as alunas de iniciação científica da nutrição, pelo excelente convívio e amizade durante esse período de trabalho, fazendo com que o dia a dia ficasse mais suave e prazeroso. RRESUMO Resumo Introdução: A prevalência crescente de hipertensão arterial é perpetuada por fatores comportamentais tais como dieta inadequada e inatividade física. Objetivo: Determinar os fatores associados à hipertensão arterial em adultos clinicamente triados para programa de mudança de estilo de vida. Métodos: Foram estudados 1041 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 26 a 88 anos, voluntários de programa de mudança de estilo de vida. A avaliação da pressão arterial foi realizada obedecendo a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Colesterol total e frações, triglicerídios, glicemia, uréia, creatinina, ácido úrico e albumina foram analisados pelo método de Química Seca e proteína C reativa por imunoquimioluminescência. A avaliação antropométrica foi composta pelas medidas de circunferência abdominal, massa e estatura, com posterior cálculo do índice de massa corporal, e o percentual de gordura foi obtido por bioimpedância. A ingestão dietética foi realizada pelo recordatório de 24 horas, com posterior cálculo das porções da pirâmide e Índice de Alimentação Saudável adaptado. A avaliação cardiorrespiratória em esteira ergométrica foi feita pelo teste de Balke modificado. Análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SAS versão 9.2 e descritos em média e desvio padrão. Foi realizado o teste de Wilcoxon com normalidade da amostra sendo avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk, e regressão linear com intervalo de confiança de 95%. Os resultados foram discutidos com base no nível de significância de p<0,05. Resultados: O total de hipertensos atingiu 37,7% sendo 20,8% em uso de hipotensores medicamentosos. Não houve influência significativa da renda e da ingestão dietética sobre a prevalência de hipertensão. Por outro lado houve associação da obesidade e da adiposidade (corporal e abdominal) assim como da hiperglicemia e hipercolesterolemia. Na ausência de medicação os hipertensos apresentaram valores semelhantes de idade e índice de massa corporal e maiores para circunferência abdominal (feminina) e glicemia e menores para VO2máx (feminina) do que os normotensos. Na presença de medicação, os não controlados apresentavam valores maiores de idade, índice de massa corporal, circunferência abdominal (feminina) e ácido úrico do que os controlados. Conclusão: Portanto, tanto na presença como ausência de medicação o estado hipertensivo esteve associado à hiperglicemia e, nas mulheres, à adiposidade abdominal. Palavras-chave: hipertensão arterial, sedentarismo, composição corporal, dieta, síndrome metabólica. Abstract Introduction: The growing prevalence of hypertension is mainly due to happens by behavioral factors, such as inappropriate diet and physical inactivity. Objective: These study aims to determine the associated factors of hypertension in clinically screened adults a lifestyle modification program. Methods: One thousand and forty one volunteers were studied, both male and female, between 26 and 88 years old. The blood pressure was measured following VI Hypertension Brazilian Guideline. Plasma total cholesterol, triglycerides, glucose, urea, creatinine, uric acid and albumin were analyzed by the dry chemistry method and C-reactive protein by immunechemmiluminescence. The anthropometric evaluation consisted of weight and height measurements, with subsequent body mass index calculation. Fat percentage was obtained by electrical bioimpedance. Dietary intake was evaluated by a 24-hour food recall, with posterior pyramid servings and the adapted health eating index calculation. The cardiorespiratory fitness evaluation on treadmill was done by the modified Balke test. Statistic analyses were done using the 9.2 version SAS program and described in mean and standard deviation. The Wilcoxon test was done with normality sample being evaluated by the Shapiro-Silk test and linear regression with 95% confidence intervals. Results: The results were discussed based on the significance level of p<0.05. The total number of hypertensive individuals was 37.7%, 20% of them taking anti-hypertensive medicine. There wasn’t significant influence of income and dietary intake concerning hypertension prevalence. On the other hand, there was an association of obesity and adiposity (corporal and abdominal) as well as of hyperglycemia and hypercholesterolemia. In the absence of medicine the hypertensive individuals showed similar age and body mass index values, higher of abdominal circumference (female) and glucose and lower of VO2max (female) than the normotensive individuals. The medicated-uncontrolled individuals showed higher age, body mass index, abdominal circumference (female), glucose and uric acid values than the controlled ones. Conclusion: The hypertensive state either presence and absence of medicine were associated with hyperglycemia, and on women only, with abdominal adiposity. Key words: hypertension, sedentary, body composition, dietary, metabolic syndrome. SSÚMÁRIO SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................... 9 ABSTRACT ......................................................................................................................... 10 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14 1. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................... 15 2. DETERMINANTES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ................................................................... 15 2.1 Genéticos ................................................................................................................ 16 2.2 Sexo, idade e raça ................................................................................................... 16 2.3 Dieta ........................................................................................................................ 17 2.4 Antropometria .......................................................................................................... 18 2.5 Atividade física ........................................................................................................ 19 2.6 Tabagismo............................................................................................................... 21 2.7 Estilo de vida ........................................................................................................... 21 3. CUIDADOS ...................................................................................................................... 22 3.1 Farmacológico ......................................................................................................... 22 3.2 Mudança de estilo de vida ....................................................................................... 22 OBJETIVO ........................................................................................................................... 26 1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 26 2. OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................................... 26 MÉTODOS .......................................................................................................................... 28 1. INDIVÍDUOS .................................................................................................................... 28 2. AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL .................................................................................. 29 3. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA .................................................................................................. 30 4. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ................................................................................................ 31 4.1 Hábito dietético e ingestão alimentar ....................................................................... 31 4.2 Avaliação antropométrica ........................................................................................ 31 5. AVALIAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................................................ 32 6. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA (IPAQ) ............................................................ 33 7. ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................................... 33 8. PRECEITOS ÉTICOS ......................................................................................................... 34 RESULTADOS .................................................................................................................... 36 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 52 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 63 ANEXOS .............................................................................................................................. 73 IINTRODUÇÃO 14 Introdução A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é doença multifatorial, resultado de desequilíbrio dos sistemas de regulação de fluxo e volume sanguíneo e tônus muscular arterial1, 2. Constitui risco para doença cardiovascular (DCV) e renal com elevado custo social3. A prevalência mundial é estimada em um bilhão de indivíduos, com estimativa de aumento de 60% até 2025 4. Nos Estados Unidos a hipertensão arterial atinge 65 milhões de pessoas, sendo a maior causa de mortalidade em mulheres e a segunda em homens, perdendo somente para o tabagismo5. No estudo longitudinal “Aerobics Center Longitudinal Study” realizado com 38.110 homens, com idade entre 20 e 84 anos, foi encontrada prevalência de 31,5% 6. Em estudo realizado com 435 indivíduos, representantes urbanos e de uma USF (Unidade de Saúde da Família) do distrito de Rubião Junior, em Botucatu (SP), foi encontrada prevalência de hipertensão arterial de 47,6% 7. Outro estudo com amostra populacional de baixa renda, atendidos somente nesta USF de Rubião Junior, a prevalência de hipertensão arterial encontrada foi de 84% sendo o segundo componente da Síndrome Metabólica (SM) mais alterado 8. Em estudo realizado na cidade de Pelotas (RS), considerando PAS ≥140 mmHg e PAD ≥90 mmHg ou uso de medicamento anti-hipertensivo, encontrou-se prevalência de hipertensão em 37,2% da amostra. Neste estudo foi observado aumento significativo da prevalência conforme aumento da idade, sendo mais prevalente a partir da quinta década (42,2%) 9. O percentual de indivíduos que desconhecem o diagnóstico da doença é relativamente alto e em contrapartida, o percentual de indivíduos que aderem ao tratamento é baixo. Estudos feitos a partir do NHANES (1988 a 1994 e de 1999 a 2004) mostraram que 68% dos indivíduos americanos, sabiam do diagnóstico de hipertensão e apenas 40% eram controlados. Daqueles indivíduos que estavam em tratamento, o controle pressórico variou de 55 a 57% 10, 11. Situações como estas aumentam a suscetibilidade para mortalidade por doença cardiovascular ou renal crônica, pois a hipertensão é fator de risco modificável e o controle e tratamento da doença fazem-se necessários. 15 1. Diagnóstico e Classificação O diagnóstico da hipertensão arterial se faz, usualmente, pela medida da pressão arterial por método indireto, auscutatório, com esfigmomanômetro (aneróide ou coluna de mercúrio). A classificação da pressão arterial é feita pela média de pelo menos duas medidas com o indivíduo devidamente sentado, em repouso. A VI diretriz brasileira de hipertensão arterial apresenta cinco categorias classificatórias. As classificações dividem-se em ótima (<120/80), normal (<130/85), limítrofe, também chamada de pressão normal-alta ou pré-hipertensão (130-139/85-89) e hipertensão arterial (≥140/90), porém esta se subdivide em hipertensão estágio um (140-159/90-99), dois (160-179/100-109) e três (≥180/110) e por último há a classificação de hipertensão sistólica isolada (≥140 e <90)2. A I Diretriz Brasileira de Síndrome Metabólica 12 considera PAS elevada quando maior ou igual a 130 mmHg e a PAD maior ou igual a 85 mmHg, valores considerados limítrofes na VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. 2. Determinantes da hipertensão arterial A pressão arterial é controlada por fatores sistêmicos, como o sistema renina- angiotensina-aldosterona e sistema nervoso autônomo ou por atuação local, como o endotélio vascular 13. A hipertensão arterial muitas vezes faz parte da constelação de anormalidades antropométricas e metabólicas da síndrome metabólica que incluem obesidade abdominal, dislipidemia (baixos níveis de HDL-c e altos níveis de triglicerídio), intolerância à glicose, resistência insulínica e hiperurecimia 14-16. Entre pacientes com hipertensão essencial a prevalência de síndrome metabólica é maior do que a população em geral e o risco para doenças cardiovasculares nesses indivíduos é também maior 17. Dentre as alterações ocorridas destacam-se: a-) as do sistema nervoso simpático, pelos arcos reflexos cardiovasculares, barorreceptores arteriais e quimiorreceptores arteriais; b-) alteração do sistema renina-angiotensina aldosterona que participa na ativação da cascata de quinases e fosforilases os quais atuam no remodelamento vascular, mecanismo mais exacerbado na hipertensão, e também aumentando a ativação das oxidases, com maior estresse oxidativo e suscetibilidade à aterogênese; c-) disfunções endoteliais na ação e produção de óxido nítrico18, 19. 16 O tônus vascular é determinado pelo acoplamento funcional entre a musculatura lisa e o endotélio vascular. A primeira sofre estímulo vasoconstritor de componentes extrínsecos e intrínsecos. O extrínseco ocorre pelas ações simpático- adrenérgica, hormônios e peptídeos vasoativos. É o principal gerador da resistência periférica. O intrínseco ocorre pela atividade miogênica (com complacência vascular) promovida pelo fluxo sanguíneo. Existem, fundamentalmente, três níveis de modulação do tônus vascular: a-) intramuscular por mecanismos retroalimentadores negativos do sistema mensageiro do cálcio; b-) da célula do endotélio vascular com a degradação de agentes vasoconstritores e/ou produção de óxido nítrico (NO); e c-) da condução adrenérgica pela contraposição do sistema colinérgico 13. 2.1 Genéticos É estimado que de 30% a 60% dos hipertensos no mundo, considerando fator de ajuste a idade e o sexo, sejam atribuídos aos fatores genéticos20. Existem evidências que é impossível que o fenótipo para hipertensão seja causado por um único gene. A susceptibilidade genética para desenvolver hipertensão primária, parece ser resultado dos efeitos de 19 genes múltiplos envolvendo vários determinantes ambientais. Evidências sugerem que os genes que codificam componentes do sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA), e polimorfismos de angiotensinogênio e ECA, podem estar relacionados à hipertensão e à sensibilidade ao sódio da dieta. Também têm se demonstrado alterações genéticas na regulação ou na expressão de canais iônicos renais e nos transportadores21. Polimorfismos e mutações em outros genes também parecem estar associados com o desenvolvimento da hipertensão arterial, porém não trazendo dados estatisticamente significantes22. 2.2 Sexo, idade e raça Outro fator de risco para desenvolvimento da hipertensão arterial é a idade23. Com o aumento da idade há também aumento da pressão arterial, principalmente a sistólica (a partir dos 60 anos), chamada de hipertensão sistólica isolada24. A prevalência de hipertensão entre homens e mulheres sugere que o sexo não se apresenta como fator de risco para hipetensão2. Porém estudos mostram que mulheres pós-menopausadas, apresentam maior pressão arterial. Durante o ciclo menstrual a presença do hormônio estrógeno é inversamente associada ao nível 17 pressórico, mantendo, portanto, a vasodilatação que contribui para o controle da pressão arterial. Com a idade e após a ocorrência da menopausa, a mulher perde esta proteção, contribuindo para o aumento da prevalência de hipertensão arterial em mulheres idosas25. Indivíduos da raça negra têm maiores valores pressóricos quando comparados aos caucasianos26. O NHANES de 1999-2002 encontrou prevalência de 41,4% de hipertensão arterial entre indivíduos da raça negra, comparado a 28,1% em brancos27. Giles et al.28 realizaram análise do NHANES de 1999-2002 e observaram que 45% dos negros não-hispânicos, 45,7% dos mexicanos americanos apresentavam controle pressórico, comparado a 56,1% de brancos não-hispânicos. Foi relatado, porém, que 60,9% dos negros não-hispânicos e 55,1% dos brancos eram hipertensos tratados contra somente 36,1% dos mexicanos americanos. 2.3 Dieta A baixa ingestão de cálcio para indivíduos hipertensos29 e elevada de sódio podem ser determinantes para a progressão da doença. A dieta rica em vegetais e pobre em sódio, representada pela Dietary Approaches to Stop Hypertension (dieta DASH), é consensual para redução da pressão arterial30. A 2010 Dietary Guidelines Advisory Committee (DGAC) recomenda que a melhor adequação alimentar para tratamento e controle da hipertensão será redução da ingestão de sal, aumento da ingestão de postássio, frutas e vegetais e consumo moderado de álcool31. A dieta DASH, a Mediterrânea (dieta que estimula o consumo de pães e cereais integrais, frutas, vegetais, azeite, carne de peixe, inclusão de vinho tinto e redução de gordura saturada)32 e o vegetarianismo33 ou aumento do consumo de fibras34, também parecem contribuir para a redução da pressão arterial. A suplementação com ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) ômega-3 pode reduzir a pressão arterial de 2,5 a 4 mmHg, em indivíduos hipertensos. Para os não hipertensos a redução é menor ou não significativa. Os PUFA ω3 atuam reduzindo o risco de mortalidade por doença cardiovascular 34, 35. O efeito da suplementação parece ser, contudo, dose dependente, ou seja, os efeitos sobre a pressão arterial ocorrem somente com altas doses, particularmente, mais de três gramas ao dia. A eficácia da suplementação com ácido graxo monoinsaturado (MUFA) sobre a redução da pressão arterial, ainda não está totalmente elucidada34. 18 2.4 Antropometria O excesso de gordura corporal também é importante fator predisponente para hipertensão arterial. A obesidade central ou visceral associa-se mais com os níveis pressóricos elevados do que a adiposidade total ou global 14, 36, 37. O Nurses’ Health Study mostrou que cada unidade do IMC foi associada com risco 12% maior de desenvolvimento de hipertensão futura. Para aquelas que perderam 2,1 kg durante o estudo, o risco foi significativamente menor 38. No NHANES de 1999 a 2004 foi encontrado prevalência de 18,1% em indivíduos eutróficos e 52,3% em obesos classe 3 (IMC ≥ 40 kg/m2). Foi observado, também, aumento do risco conforme aumento da obesidade 39. Em estudo de coorte Rankinen et al.36 dividiram os indivíduos em quartis de IMC, aqueles que se encontravam no maior quartil tinham o dobro de risco de se tornarem hipertensos comparado com aquele do 1º quartil. Aplicaram o mesmo modelo para aptidão física, e os indivíduos do 3º e 4º quartis (maiores valores de equivalentes metabólicos – METS) tiveram 58% e 63% menos risco de desenvolverem hipertensão, respectivamente, quando comparado com o 1º quartil. Os mecanismos da hipertensão associados à obesidade são complexos, e dentre eles o aumento da atividade simpática parece ser um dos principais causadores. Modificações do simpático induzidas pela alimentação parecem preceder e desencadear alterações na atividade do sistema renina–angiotensina, aumentando assim a pressão arterial. Outras situações presentes em indivíduos obesos e que somados ao sistema nervoso simpático se destacam na contribuição do aumento da pressão são: hiperinsulinemia, hiperleptinemia e aumento de ácidos graxos intracelulares. A hiperinsulinemia age aumentando a ativação do sistema nervoso simpático central e na retenção de sódio pelo rim, aumentando também a produção de aldosterona pela sensibilização das adrenais à angiotensina II. Age também na musculatura lisa dos vasos, prejudicando os processos de troca iônica, mediado pela insulina, ocorrendo acúmulo de cálcio e sódio nas paredes dos vasos, facilitando a ação de vasoconstritores como angiotensina II e noradrenalina. A hiperleptinemia age aumentando o tônus simpático no rim, nas adrenais e no coração, o que pode aumentar a pressão arterial. A ação dos ácidos graxos também aumenta atividade simpática, piora a sensibilidade barorreflexa. Estudos mostram que ocorre aumento da expressão de RNA mensageiro do 19 angiotensinogênio no tecido adiposo, levando ao aumento da produção local de angiotensina II, regulada pelos ácidos graxos, principalmente na obesidade visceral 40, 41. A manutenção ou o aumento da massa muscular é fator protetor para indivíduos portadores de síndrome metabólica (SM). Sendo a pressão arterial um dos componentes da SM, manter ou aumentar a massa muscular parece também ser fator protetor, porém ainda sem evidências concretas. Contudo, evidências sugerem que os inibidores da enzima conversora da angiotensina II (ECA) podem prevenir a sarcopenia. A ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona pode estar envolvida no progresso da sarcopenia, e os inibidores de ECA reduzem os níveis de angiotensina II na célula muscular vascular e esta pode ser fator de risco para sarcopenia pelo aumento de citocinas pró-inflamatórias42. Essa diminuição dos marcadores inflamatórios via inibição da ECA pode melhorar a microvasculatura endotelial e o fluxo sanguíneo, consequentemente, diminuindo a perda muscular43. 2.5 Atividade física O nível de atividade física parece estar inversamente associado à pressão arterial. Estudos populacionais transversais, incluindo indivíduos de ambos os gêneros, relatam que o risco relativo para desenvolvimento de hipertensão em sedentários é aproximadamente 35% a 70% maior quando comparado a indivíduos fisicamente ativos44. Desde 1953, pelo estudo clássico de Jeremy Morris et al.45, com motoristas e cobradores dos ônibus de Londres, têm-se demonstrado que a inatividade física é fator de risco para doença cardiovascular. Neste estudo os cobradores que subiam e desciam escadas nos ônibus apresentavam risco cardiovascular 30% menor quando comparado com motoristas que trabalhavam sentados. Somente 59,6% dos americanos jovens (18 – 24 anos) e 39% dos idosos (≥ 65 anos) atingem a recomendação diária de exercício físico proposta pelo American College of Sports Medicine (ACSM) e pelo Centers of Disease Control and Prevention (CDC), que preconizam no mínimo 30 minutos de exercício aeróbio moderado, cinco dias por semana, ou 20 minutos de exercício vigoroso, três dias por semana e dois dias por semana, exercícios resistidos para manter ou ganhar massa muscular. Dados de cinco anos atrás, revelaram que menos da metade dos americanos conheciam as recomendações do CDC/ACSM46. 20 O estilo de vida moderno é ainda mais prejudicial para indivíduos hipertensos. Estudo recente mostrou que gastar mais que 10 horas por semana andando de carro, para indivíduos hipertensos, aumenta em 1,5 vezes a chance de morte por doença cardiovascular quando comparado a indivíduos normotensos47. A redução do risco por doença cardiovascular em pré-hipertensos, pode chegar a 63%, após intervenção com Mudança de Estilo de Vida (MEV) de seis meses48. A prescrição de exercício físico para HAS, baseia-se preferencialmente no tipo aeróbio, de intensidade moderada, e reduz a pressão arterial por meio da melhora da capacidade de vasodilatação em idosos hipertensos49, acarretando quedas de 2 a 11 mmHg para PAS e de 1 a 8 mmHg na PAD46, 50-52. Apesar das diretrizes atuais recomendarem exercício moderado, estudo randomizado cruzado, com homens e mulheres adultos sedentários, mostrou que o treinamento aeróbio de alta intensidade obteve os mesmos efeitos hipotensores, em níveis semelhantes, quando comparado a exercício de baixa intensidade. Foi encontrado também que o exercício crônico manteve a mesma redução em ambos grupos53. Em outro estudo foi encontrado a mesma situação, porém somente o exercício de alta intensidade reduziu além da pressão arterial, antropometria e perfil lipídico54. Mudanças significativas são encontradas também em exercício do tipo resistido (com pesos). O exercício resistido é recomendado como complemento ao aeróbio55 e contribui, principalmente para a população idosa, na prevenção e tratamento de doenças como osteoporose56 e sarcopenia57. Neste contexto, estudos mostram redução pressórica com exercício resistido com valores de -3,2 mmHg da PAS e -3,5 mmHg para PAD58. Estudo comparando treinamento aeróbio e resistido, com indivíduos pré e hipertensos estágio 1, mostrou redução similar da pressão arterial sistólica e diastólica em ambos tipos de exercício físico59. Estudos epidemiológicos têm confirmado menor risco de DCV em indivíduos com bom condicionamento cardiorrespiratório quando comparado a sedentários, independente do gênero60, 61. Em estudo de coorte com 23 anos de duração, Kokkinos e colaboradores4 encontraram diferença significativa da pressão arterial sistólica entre as categorias de aptidão física. Quanto maior a aptidão física (expressa em MET’s) menor a pressão arterial sistólica de repouso, porém o mesmo não aconteceu com a pressão arterial diastólica. O estudo ainda traz que para cada 21 aumento de 1-MET na capacidade cardiorrespiratória, houve redução do risco relativo de mortalidade em 13%. O exercício físico promove o “shear stress” (massageamento) que gera estímulo nas células endoteliais traduzindo em estímulo para aumento na produção de óxido nítrico, levando a melhora da função endotelial pela redução da resistência vascular62. Portanto, a implementação do exercício físico no tratamento de indivíduos hipertensos, pode ser um dos principais mediadores de proteção contra eventos cardiovasculares e outras comorbidades. 2.6 Tabagismo O tabagismo é fator de risco modificável para a hipertensão arterial, e consequentemente, para doenças cardiovasculares63, portanto, indivíduos hipertensos e tabagistas podem ter risco cardiovascular aumentado. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 5,4 milhões de óbitos são atribuídos ao tabagismo64. No mundo há estimativa de um bilhão e trezentos milhões de fumantes, sendo mais prevalente entre o sexo masculino65. Entre os idosos a prevalência é de 26% (sendo destes 40% homens e 12% mulheres)66. No Brasil em estudo transversal de base populacional, incluindo indivíduos residentes adultos nas capitais dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal, a prevalência encontrada foi de 16,1% (sendo 20,5% homens e 12,4% de mulheres)67. Em outro estudo utilizando amostra de hipertensos adultos do Estado do Ceará, foi encontrado prevalência de tabagista de 33%. Neste estudo destacou-se ainda que o hábito de fumar possa estar associado a fatores psicológicos, questões sociais e econômicas68. Portanto, modificações no estilo de vida e implementação de programas de cessação do tabagismo, devem considerar estes aspectos para que se obtenham resultados mais eficientes. 2.7 Estilo de vida A alta prevalência de hipertensão é mantida pelo estilo de vida moderno. Comportamentos sedentários, que podem ser definidos como, baixo nível de atividade física, baixa aptidão cardiorrespiratória, dieta de má qualidade, tabagismo, alto consumo de álcool e obesidade, são uma das maiores causas de mortalidade por doença cardiovascular47. Quanto menos hábitos saudáveis o indivíduo apresentar, maior a prevalência de hipertensão arterial e menor a proteção contra a 22 doença69. O risco de mortalidade em hipertensos aumenta se este apresentar adicionalmente outros fatores de risco4. Portanto, quanto mais hábitos saudáveis adotar maior será a proteção contra DCV e mortalidade por todas as causas6. 3. Cuidados O tratamento da hipertensão arterial se dá por duas vertentes, uma farmacológica e outra com mudança do estilo de vida, sendo esta última a maneira mais saudável e menos dispendiosa em termos de Saúde Pública70. 3.1 Farmacológico As medicações indicadas para tratamento da hipertensão arterial incluem diuréticos tiazídicos, inibidores adrenérgicos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II e vasodilatadores indiretos1, 2, 71. Outro meio de tratamento farmacológico da hipertensão arterial é o Sistema HiperDia. Este sistema tem o objetivo de monitorar os pacientes captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à Hipertensão e ao Diabetes Mellitus, e gerar informações para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos para pacientes cadastrados. O Sistema HiperDIa está integrado ao Cartão Nacional de Saúde, e também aos dados do Sistema CadSUS (Cadastro de Domicílios e Usuários do Sistema Único de Saúde), isto dá a garantia de identificação única do usuário do SUS72. O Sistema HiperDia pode ser implantado em locais distintos, ou seja, tanto em Unidades Básicas de Saúde quanto nas Secretarias Municipais de Saúde. O subsistema integrado de unidades Municipais transfere e recebe dados do Subsistema Federal gerando a Base Nacional do Cadastro de Portadores de Hipertensão e Diabetes Mellitus. 3.2 Mudança de estilo de vida A mudança de estilo de vida (MEV) é a maneira não-farmacológica de tratamento da hipertensão arterial. Adotar hábitos saudáveis como dieta DASH10, 30 e exercício físico regular4, 6, 73 parecem ser mais eficientes isoladamente ou associados ao tratamento convencional74. Adicionalmente, é a “recomendação indispensável” proposta pelo VII Joint 1, além de gerar menor custo em termos de 23 Saúde Pública. A redução média da pressão arterial diastólica de 5 a 6 mmHg, reduz em 38% os eventos de acidente vascular encefálico, 16% a incidência de DCV e 21% de outros eventos cardíacos75. Intervenções dietéticas isoladas também parecem reduzir e controlar a pressão arterial. O estudo TONE76 recrutou hipertensos para protocolo de perda de peso e restrição de sal, porém, teriam que incorporar um regime de retirada de medicamentos. Dos 975 indivíduos estudados, 79% deixaram de utilizar medicamentos e após 30 meses, a pressão arterial permaneceu controlada satisfatoriamente em aproximadamente 40% dos indivíduos. Posteriormente, em estudo longitudinal de três anos, não houve aumento do risco de eventos cardiovasculares nestes indivíduos que permaneceram sem medicamento77. Exercícios tanto aeróbios quanto resistidos são eficazes na redução da pressão arterial58, 59, 78, porém a recomendação do ACSM é a incorporação dos dois tipos de exercício para promoção e manutenção da saúde de adultos e idosos46, 79. Indivíduos hipertensos respondem positivamente e diferentemente aos tipos e duração do exercício físico estruturado, de forma independente das variações de adiposidade, mas potencializado pelas dietas emagrecedoras. Os efeitos preventivos da atividade física sobre o desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica têm sido relatados em estudos epidemiológicos. Os mecanismos hipotensores do exercício físico permanecem em aberto, podendo envolver redução da descarga simpática, via redução do tecido adiposo e/ou menor resistência insulínica, ou via redução adrenoceptores α/β. A menor resistência vascular periférica seria decorrente do maior efluxo muscular de cálcio e sódio (pelo AMPc sensibilidade insulínica e GMPc), ambos aumentando a complacência vascular e reduzindo a pressão arterial 80. Outro fator que atua na hipotensão pós- exercício seria por mecanismos centrais, pela interação da substância P e sistema GABA no núcleo do trato solitário (NTS)81. Há na literatura uma escassez de trabalhos que caracterizem os indivíduos portadores de hipertensão arterial em todos seus componentes, ou seja, que contemplem tanto fatores sociodemográficos e antropométricos como de atividade física e dietéticos, e também que avaliem as interações dos fatores de risco em relação à hipertensão arterial. O presente estudo faz uma reflexão sobre todos os determinantes da hipertensão arterial dos indivíduos do município de Botucatu, visto que, não há estudos, que indiquem o estado de saúde desta população com tal 24 abordagem, avaliando também a real contribuição e consequência dos medicamentos nesta doença. OOBJETIVO 26 Objetivo 1. Objetivo geral Determinar os fatores associados à hipertensão arterial em adultos clinicamente triados, para programa de mudança de estilo de vida. 2. Objetivo específico Dimensionar a participação dessas associações na hipertensão arterial. - demográficos - socioeconômicos - antropométricos - dietéticos - bioquímicos MÉTODOS 28 Métodos 1. Indivíduos O estudo longitudianal do CeMENutri é um estudo epidemiológico em andamento conduzido na FMB em Botucatu (SP). Botucatu é uma cidade localizada no centro-oeste do estado de São Paulo e tem uma população de 120.27482. Os participantes do estudo chegam até o laboratório para exames periódicos preventivos de saúde e para aconselhamento sobre dieta, exercício e outros fatores de estilo de vida associados com aumento do risco de doenças crônicas. Muitos participantes são encaminhados para exame, alguns encaminhados por seus médicos pessoais e outros por demanda espontânea. Os exames datam de 1991 e até o presente momento o banco de dados é composto por mais de 3.000 pacientes com cerca de 10.000 resultados de avaliações. O Programa Mexa-se Pró-Saúde (segmento Botucatu) é um coorte prospectivo dinâmico delineado para avaliar o papel da dieta e atividade física sobre a ocorrência de Síndrome Metabólica, seus componentes e comorbidades. O aspecto ímpar do Mexa-se Pró-Saúde é que a maioria dos participantes realizam uma avaliação clínica com teste de exercício máximo em esteira permitindo uma quantificação precisa da aptidão cardiorrespiratória. Desta forma, Mexa-se Pró- Saúde é um banco de dados bem estabelecido e bem caracterizado para investigar questões relacionadas à aptidão. O recrutamento dos participantes é permanentemente aberto pelo delineamento do estudo ser um coorte dinâmico e todos os indivíduos são moradores da área urbana de Botucatu. Do período de março de 2002 até maio de 2010 foram incluídos 1.041 participantes que completaram as avaliações iniciais. Após a avaliação inicial são realizadas avaliações adicionais a cada seis meses para todos os participantes. O presente estudo é de modelo transversal e foram incluídos indivíduos hipertensos ou normotensos, de ambos os sexos, com idade entre 26 e 88 anos. A amostragem do estudo foi calculada considerando prevalência de hipertensão de 37,6%, com confiança de 95% e margem de erro de 7%, resultando em tamanho amostral mínimo de 145 indivíduos. O fluxograma das avaliações obedeceu a disposição mostrada na figura 1. 29 Figura 1. Fluxograma dos participantes do estudo. 2. Avaliação da pressão arterial A avaliação da pressão arterial foi realizada com técnica auscultatória e utilizando esfigmomanômetro aneróide, devidamente calibrado. Foi avaliada a pressão arterial sistólica e diastólica com o indivíduo na posição sentada, em repouso de no mínimo 5 minutos em silêncio, com as pernas descruzadas e pés apoiados no chão. Foram previamente orientados a não praticarem exercícios físicos de 60 a 90 minutos antes da avaliação, bem como não ingerir café e bebidas alcoólicas 30 minutos antes da avaliação2. A avaliação foi feita respeitando o manguito de tamanho adequado à circunferência do braço, levando em conta a proporção largura/comprimento de 1:2, sempre respeitando a largura da bolsa de borracha do manguito que deve corresponder a 40% da circunferência e 80% do comprimento do braço. Foram realizadas três medidas com intervalo de um minuto entre elas, sendo adotada como pressão arterial, a média das duas últimas medidas. Caso as pressões sistólicas e/ou diastólicas obtidas apresentassem diferença maior que 4 mmHg entre elas, eram realizadas novas medidas até que se obtivessem medidas com diferença inferior ou igual a 4 mmHg2. A classificação da pressão arterial foi feita pela VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial2. Portanto, a PAS foi considerada alterada quando se n total (1041) pressão arterial (1041) composição corporal (966) bioquímicos (863) dieta (484) VO2máx (286) Excluídos 178 indivíduos que não compareceram às avaliações ou não seguiram as recomendações de jejum exigidas Foram excluídos 75 indivíduos com dados não encontrados ou com valores discrepantes Foram excluídas 557 indivíduos por não apresentarem dados completos ou apresentarem ingestão > 5000 kcal ou < 5000 kcal Renda per capita (100) 775 indivíduos não realizaram a avaliação da aptidão cardiorrespiratória por apresentarem alguma doença ou situação que contra-indicasse a realização do teste 941 indivíduos excluídos por não apresentarem a resposta referente à renda per capita 30 apresentasse maior ou igual a 140 mmHg e/ou a PAD maior ou igual a 90 mmHg, ou indivíduo em uso de medicamento. Posteriormente a amostra foi subdividida em quatro grupos, utilizando todos os indivíduos com informações completas de medicamentos, e excluídos aqueles que não possuíam a informação de que tomavam ou não medicamento, totalizando finalmente em 622 pacientes. Os grupos foram divididos em indivíduos com pressão arterial controlada e não controlada e em medicados e não medicados. A conformação dos grupos ficou sendo: indivíduos controlados não medicados, grupo 1 (G1); controlados medicados, grupo 2 (G2); indivíduos não controlados não medicados, grupo 3 (G3); e não controlados e medicados, grupo 4 (G4). O G1 consistiu em indivíduos com pressão arterial controlada sem ação medicamentosa, sendo os normotensos sem medicação, o G2 consistiu de indivíduos com pressão arterial controlada, porém com ação de medicamentos, ou seja, hipertensos controlado medicados, G3 pressão arterial não controlada e sem ação de medicamentos, ou seja, hipertensos não controlados e não medicados, e o último grupo (G4) consistiu de indivíduos com pressão arterial não controlada e com ação medicamentosa, sendo então, os hipertensos não controlados medicados. 3. Avaliação Bioquímica As amostras sanguíneas foram colhidas após jejum noturno de 8 a 12 horas. As análises laboratoriais dos parâmetros lipídicos (colesterol total e frações e triglicerídios), glicose, uréia, creatinina, ácido úrico e albumina foram realizados dentro de quatro horas após a coleta sanguínea, por meio do método de Química Seca (sistema Vitros® , Johnson & Johnson). A proteína C reativa (PCR) foi analisada por imunoquimioluminescência (Immulite 2000, DPC Medlab). Todas as análises foram realizadas pelo Laboratório de Análises Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. As concentrações de LDL colesterol foram obtidas pela fórmula proposta por Friedewald et al. 83 para valores de triglicerídios até 400mg/dL. Os pontos de corte para consideração dos valores alterados foram ≥ 100 mg/dL para glicose, triglicerídio ≥ 150 mg/dL, HDL-c para homens <40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL, para colesterol total ≥ 200 mg/dL, LDL-c ≥ 100 mg/dL, uréia para homens ≥ 42 mg/dL e mulheres ≥ 37 mg/dL, creatinina para homens ≥ 1,5 mg/dL e mulheres ≥ 1,2 mg/dL, ácido úrico para homens < 7 mg/dL e mulheres < 6 mg/dL, albumina > 5 mg/dL e PCR ≥ 1 mg/dL. 31 4. Avaliação Nutricional 4.1 Hábito dietético e ingestão alimentar Os indivíduos foram submetidos à anamnese nutricional por meio de recordatório de 24 horas. Os dados dietéticos foram obtidos em medidas caseiras sendo, posteriormente, convertidos para grama e mililitro a fim de possibilitar a análise química do consumo alimentar. Foram excluídas ingestões <500kcal e >5000kcal. As informações foram processadas por meio do programa de análise nutricional NutWin versão 1.5 84. As preparações culinárias elaboradas com mais de um grupo alimentar foram desmembradas nos seus ingredientes e estes classificados nos respectivos grupos, procedimento este que segue as recomendações da Pirâmide Alimentar Brasileira Adaptada. A qualidade da dieta foi avaliada pelo Índice de Alimentação Saudável Adaptado (IAS-ad) com base na Pirâmide Alimentar Brasileira Adaptada. Para a pontuação deste índice são considerados os oito grupos alimentares da pirâmide, a porcentagem de gordura total, gordura saturada, quantidade de colesterol dietético e a variedade da dieta (representada pela contagem de alimentos diferentes consumidos durante o dia, feito a partir do recordatório de 24 horas). Os pontos do IAS são classificados em: boa qualidade (superior a 100 pontos), precisando de melhorias (71-100 pontos) e má qualidade (inferior a 71 pontos) 85. 4.2 Avaliação antropométrica Para mensuração do massa corporal foi utilizada balança antropométrica tipo plataforma (Filizola�, Brasil), graduada a cada 100 gramas com capacidade até 150 kg e precisão de 0,1kg, com o indivíduo descalço e com mínimo de roupa. A estatura foi determinada em antropômetro portátil (SECA�) afixado em parede, com precisão de 0,1cm. Após a avaliação dos dois componentes antropométricos foi calculado o índice de massa corporal (IMC=massa/estatura2) e classificado segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde 86 que considera IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2 eutrófico, de 25 a 29,9 kg/m2 sobrepeso, acima de 30 kg/m2 obesidade. A impedância bioelétrica (BIA) foi utilizada para medir a composição corporal (Biodinâmics�, modelo 450, USA). Este método consiste de corrente elétrica (50 kHz) de baixo nível (500 �A a 800 �A) que percorre o corpo do indivíduo. A água e 32 os eletrólitos corporais são excelentes condutores de corrente elétrica, os tecidos magros são ricos em água e o tecido gordo é pobre em água, portanto a resistência ao fluxo da corrente é maior em indivíduos com grande quantidade de gordura corporal. Com quatro eletrodos colocados à mão, pulso, pé e tornozelo, uma corrente elétrica de 500 a 800 �A é aplicada aos eletrodos distais na mão e no pé e a queda de voltagem é detectada pelos eletrodos proximais no pulso e tornozelo 87. Para a realização do teste, todos os participantes foram instruídos a ingerir dois litros de água no dia anterior a avaliação corporal, não realizar exercício físico 24 horas antes, não ingerir cafeína e bebida alcoólica 12h antes, estar em jejum de no mínimo quatro horas e esvaziar a bexiga. Foi questionado às mulheres participantes sobre o período menstrual, pois, se a resposta fosse afirmativa, o teste não era realizado neste período. O cálculo dessa porcentagem (%) de gordura corporal foi de acordo com as seguintes equações: � Gordura absoluta (kg) = massa corporal (kg) – massa livre de gordura (kg) � % gordura = gordura absoluta x 100 / massa corporal (kg) Para percentual de gordura corporal (%GC) foram considerados valores normais entre 15 a 25% para o sexo masculino e 20 a 35% para o sexo feminino 88. A circunferência abdominal (CA) foi mensurada com fita milimétrica de metal inextensível e inelástica (precisão de 0,5 cm), realizada no ponto médio entre o último arco intercostal e a crista ilíaca antero-superior 89, sendo considerada alterada a CA maior que 88 cm para mulheres e 102 cm para homens 90. 5. Avaliação Cardiorrespiratória Foi realizada anamnese clínica para possível detecção de doenças que impossibilitassem à realização do protocolo de avaliação e avaliada a pressão arterial previamente ao teste. O protocolo utilizado para determinação indireta do VO2máx foi progressivo e incremental (protocolo de rampa), seguindo o modelo de Balke modificado 91, 92 realizado em esteira. O teste tem início com velocidade de 5,2 km/h e inclinação de 0% no primeiro minuto, 2% no segundo minuto, e aumento de 1% a cada minuto até o término do teste. Os indivíduos foram estimulados a todo momento a realizarem o máximo esforço durante a execução do teste. O tempo que os indivíduos permaneceram na esteira foi a variável utilizada para posterior cálculo do VO2máx, o 33 qual se deu por equação de regressão, levando em consideração o componente de repouso (que equivale a 3,5 mL/kg/min) o componente vertical (que equivale à inclinação da esteira) e componente horizontal (equivale à velocidade do deslocamento)93. VO2máx= 8,8 + (1,8 x inclinação) + 3,5 O tempo de esteira é altamente correlacionado com consumo máximo de oxigênio (VO2máx) por métodos diretos em homens e mulheres (r=0,92 e r=0,94 respectivamente) 94, 95. O teste é interrompido a qualquer momento por possíveis alterações no eletrocardiograma (sugestivo de isquemia), queda da pressão sistólica de ≥10 mmHg em relação a basal considerando o aumento na carga de trabalho, quando acompanhada por outra evidência de isquemia, angina de moderada a intensa, resposta hipertensiva (elevação da pressão arterial sistólica acima de 250 mmHg e/ou diastólica acima de 115 mmHg), tontura, confusão ou exaustão voluntária. Os valores de referência utilizados para inaptidão foram aqueles correspondentes ao 25º percentil da amostra do presente estudo, obedecendo divisão por gêneros e idade (acima e igual a 60 anos e abaixo de 60 anos de idade), sendo considerado “ruim” os dados abaixo do percentil 25º e “bom” acima deste percentil. 6. Avaliação do nível de atividade física (IPAQ) Os níveis de atividade física foram levantados mediante questionários. A atividade física atual (trabalho, transporte, doméstica e lazer) pelo Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ) versão longa96. Adicionalmente, o IPAQ foi utilizado para o levantamento dos dados demográficos e socioeconômicos (renda) dos indivíduos. Os níveis de atividade física foram classificados em baixo, moderado e alto97. 7. Análise estatística Os dados estão expressos em média, desvio padrão e mediana. Foi aplicado o teste de Wilcoxon para a comparação entre dois e quatro grupos para as variáveis quantitativas, seguido do teste de comparações múltiplas de Dunn para verificar 34 quais dos quatro grupos diferiram. As associações entre hipertensão e as demais variáveis bioquímicas, antropométricas e nutricionais foram avaliadas pelo teste qui- quadrado ou exato de Fisher, quando necessário. Considerando cada grupo em separado, foram ajustados modelos de regressão logística considerando a variável resposta como pertencer ou não a um determinado grupo e como variáveis explanatórias aquelas referentes à antropométrica, bioquímicas, capacidade cardiorrespiratória (VO2máx) e IPAQ. Foram ajustados três tipos de modelos: sem ajustes (modelo 1); ajustado por sexo e idade (modelo 2), exceto a tabela 14, na qual o modelo 2 foi ajustado por IMC; e modelo 3 contendo os ajustes do modelo 2 adicionado das variáveis antropométricas (IMC), bioquímica (glicemia e colesterol total) e nutricionais (VCT). Todas as análises foram realizadas com o auxílio do programa SAS versão 9.2 e em todos os testes foi fixado nível de significância de 5%. 8. Preceitos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu em 03 de agosto de 2009, sob o protocolo CEP 3293-2009. Todos os participantes do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. RRESULTADOS 36 Resultados Dos 1.041 indivíduos que participaram do estudo, 37,7% se apresentaram hipertensos. O percentual de mulheres foi de 75,56% e indivíduos abaixo de 60 anos 70,25%. A média de idade foi de 54,0 ± 10,8 anos. Em média a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foi similar em homens e mulheres, e os indivíduos ≥ 60 anos apresentaram somente PAS significativamente maior em comparação aqueles com idade menor que 60 anos (Tabela 1). Tabela 1. Média e desvio padrão (DP) da pressão arterial sistólica e diastólica de homens, mulheres, indivíduos com idade acima ou igual 60 anos e abaixo de 60 anos. PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; n: número de indivíduos. Em relação ao nível de atividade física, a maioria dos indivíduos da amostra foi classificado como moderado nível de atividade física (28,46%) seguido de baixo (16,88%) e alto nível de atividade física (9,48%). Dentre os hipertensos a classificação se manteve a mesma, sendo então, a maioria moderado (62,23%), seguido de baixo (36,69%) e por último alto (20,5%). A tabela 2 mostra os dados sociodemográficos, de composição corporal e da aptidão cardiorrespiratória dos indivíduos hipertensos e normotensos. Em média os hipertensos tiveram média de idade maior, maior massa corporal, maior IMC, maior circunferência abdominal e as mulheres, maior percentual de gordura corporal e menor VO2máx. Não houve diferenciação significativa da renda entre os grupos. Não houve diferença entre grupos para as variáveis bioquímicas: creatinina, albumina, colesterol total, LDL-colesterol e HDL-colesterol. Por outro lado, os hipertensos apresentaram maiores concentrações de glicemia e PCR e apenas as mulheres, maiores concentrações de uréia e ácido úrico (Tabela 3). Homens Mulheres ≥ 60 anos < 60 anos n=469 n=153 valor-p n=184 n=436 valor-p PAS 128,11 ± 14,42 126,50 ± 17,27 0,297 133,61 ± 17,44 124,08 ± 15,47 < 0,001 PAD 81,37 ± 9,10 79,83 ± 9,50 0,084 80,32 ± 9,13 80,14 ± 9,58 0,832 Ta be la 2 . D ad os s oc io de m og rá fic os , de c om po si çã o co rp or al e a pt id ão c ar di or re sp ira tó ria d os i nd iv íd uo s in gr es sa nt es e m P ro gr am a de M ud an ça d e E st ilo d e V id a M ex a- se P ró -S aú de , e xp re ss os e m m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). PA S: p re ss ão a rte ria l s is tó lic a; P A D : p re ss ão a rte ria l d ia st ól ic a; IM C : í nd ic e de m as sa c or po ra l; C A : c irc un fe rê nc ia a bd om in al ; % G or d C or p: p er ce nt ua l d e go rd ur a co rp or al ; n : n úm er o de in di ví du os . m éd ia ±D P m ed ia na n m éd ia ±D P m ed ia na n va lo r- p id ad e (a no s) 56 ,5 6 ± 10 ,6 0 56 ,0 (5 1, 0 - 8 4, 0) 25 7 51 ,9 4 ± 10 ,5 6 52 ,0 (2 7, 0 - 8 3, 0) 34 3 < 0, 01 Pe so (k g) 79 ,5 5 ± 18 ,2 3 77 ,2 (3 9, 35 - 15 9, 30 ) 26 3 73 ,4 0 ± 14 ,7 8 71 ,2 0 (4 1, 0 - 1 47 ,2 0) 33 0 < 0, 01 Al tu ra (m ) 1, 60 ± 0 ,0 9 1, 59 (1 ,4 3 - 1 ,9 4) 26 3 1, 62 ± 0 ,0 9 1, 61 (1 ,3 8 - 1 ,8 6) 33 0 0, 05 7 IM C (k g/ m 2) 30 ,8 0 ± 5, 84 29 ,9 0 (1 7, 03 - 51 ,1 1) 26 3 27 ,8 9 ± 4, 57 27 ,1 4 (1 7, 55 - 45 ,9 4) 33 0 < 0, 01 C A (c m ) m ul he re s 98 ,4 6 ± 13 ,2 1 97 ,5 (5 9, 0 - 1 45 ,0 ) 28 9 92 ,8 0 ± 12 ,1 7 92 ,0 (6 6, 5 - 1 37 ,1 0) 43 7 < 0, 01 ho m en s 10 5, 68 ± 1 3, 82 10 2, 5 (7 9, 5 - 1 44 ,0 ) 89 98 ,9 0 ± 11 ,1 9 97 ,1 0 (6 3, 0 - 1 28 ,7 0) 13 9 0, 09 9 % G or d C or p m ul he re s 36 ,8 7 ± 8, 60 32 ,3 5 (2 1, 06 - 53 ,3 6) 21 8 34 ,4 3 ± 7, 80 31 ,2 0 (1 9, 45 - 52 ,2 4) 32 3 0, 04 9 ho m en s 29 ,0 3 ± 6, 35 30 ,0 7 (1 8, 78 - 46 ,1 3) 65 26 ,0 3 ± 6, 79 23 ,9 0 (8 ,0 3 - 4 8, 32 ) 98 0, 05 40 VO 2m áx m ul he re s 30 ,3 5 ± 9, 51 30 ,3 0 (1 2, 30 - 53 ,7 0) 69 36 ,0 6 ± 10 ,1 4 34 ,8 0 (1 7, 70 - 60 ,9 0) 13 0 0, 00 8 ho m en s 35 ,0 2 ± 9, 97 33 ,9 0 (1 2, 30 - 55 ,5 0) 37 43 ,9 7 ± 10 ,9 4 44 ,7 0 (1 9, 50 - 68 ,1 0 49 0, 01 3 H ip er te ns os N or m ot en so s 37 Ta be la 3 . C ar ac te rís tic as b io qu ím ic as d e in di ví du os in gr es sa nt es e m P ro gr am a de M ud an ça d e Es til o de V id a M ex a- se P ró -S aú de e xp re ss as em m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). H D L- c: li po pr ot eí na d e al ta d en si da de ; LD L- c: l ip op ro te ín a de b ai xa d en si da de ; PC R : P ro te ín a C r ea tiv a; C ol es t. to ta l: co le st er ol t ot al ; n: n úm er o de in di ví du os . N ão h ou ve d ife re nc ia çã o es ta tís tic a en tre g ru po s pa ra a s va riá ve is d ie té tic as (T ab el a 4) . m éd ia ±D P m ed ia na n m éd ia ±D P m ed ia na n va lo r- p G lic em ia (m g/ dL ) 10 1, 20 ± 3 2 93 ,5 (6 1, 0 - 3 24 ,0 ) 24 2 94 ,7 6 ± 26 ,6 3 89 ,0 (6 8, 0 - 3 21 ,0 ) 29 0 0, 01 Tr ig lic er íd io (m g/ dL ) 15 9, 32 ± 7 9, 07 13 8, 0 (5 0, 0 - 5 62 ,0 ) 24 0 14 6, 25 ± 8 6, 63 13 0, 0 (3 4, 0 - 8 98 ,0 ) 28 9 0, 09 7 C ol es t. To ta l ( m g/ dL ) 20 7, 74 ± 3 9, 39 21 0, 0 (1 18 ,0 - 34 6, 0) 21 1 20 4, 46 ± 3 5, 79 20 5, 0 (1 07 ,0 - 30 0, 0) 24 4 0, 22 0 H D L- c (m g/ dL ) m ul he re s 51 ,0 8 ± 13 ,1 7 50 ,0 (1 9, 0 - 1 05 ,0 ) 26 2 52 ,5 8 ± 13 ,2 3 51 ,0 (2 3, 0 - 9 8, 0) 38 2 0, 72 5 ho m en s 44 ,5 4 ± 11 ,8 6 44 ,0 (2 0, 0 - 9 0, 0) 87 45 ,7 0 ± 12 ,8 0 42 ,0 (2 3, 0 - 9 1, 0) 12 4 0, 43 8 LD L- c (m g/ dL ) 12 7, 27 ± 3 6, 93 12 5, 90 (4 7, 0 - 1 83 ,0 ) 20 8 12 5, 68 ± 3 1, 62 12 4, 30 (4 3, 60 - 21 9, 20 ) 24 0 0, 64 0 U ré ia (m g/ dL ) m ul he re s 33 ,3 4 ± 10 ,4 2 32 ,0 (1 7, 0 - 1 25 ,0 ) 19 3 30 ,8 2 ± 9, 67 30 ,0 (1 3, 0 - 1 30 ,0 ) 29 3 0, 01 3 ho m en s 35 ,4 3 ± 9, 40 34 ,0 (1 6, 0 - 6 6, 0) 60 33 ,3 9 ± 7, 81 33 ,0 (1 8, 0 - 5 3, 0) 97 0, 60 5 C re at in in a (m g/ dL ) m ul he re s 0, 87 ± 0 ,1 9 0, 90 (0 ,5 0 - 2 ,4 0) 20 0 0, 89 ± 0 ,5 8 0, 80 (0 ,5 0 - 9 ,6 0) 30 1 0, 08 6 ho m en s 1, 10 ± 0 ,1 7 1, 10 (0 ,8 0 - 1 ,7 0) 62 1, 11 ± 0 ,1 4 1, 10 (0 ,8 0 - 1 ,6 0) 97 0, 93 8 Ác . Ú ric o (m g/ dL ) m ul he re s 4, 96 ± 1 ,2 2 4, 80 (2 ,0 - 9, 20 ) 20 0 4, 35 ± 1 ,1 6 4, 30 (0 ,8 0 - 8 ,4 0) 29 6 < 0, 01 ho m en s 6, 67 ± 1 ,4 4 6, 60 (3 ,3 0 - 9 ,8 0) 16 2 6, 17 ± 1 ,3 9 5, 90 (2 ,5 0 - 1 0, 0) 96 0, 05 0 PC R 0, 54 ± 0 ,5 7 0, 40 (0 ,0 - 3, 80 ) 17 3 0, 45 ± 0 ,6 6 0, 30 (0 ,0 - 4, 60 ) 19 2 0, 00 3 Al bu m in a (g /d L) 4, 29 ± 0 ,3 2 4, 3 (3 ,6 - 5, 2) 17 9 4, 28 ± 0 ,3 1 4, 30 (3 ,4 0 - 5 ,1 0) 21 3 0, 64 2 N or m ot en so s H ip er te ns os 38 Ta be la 4 . In ge st ão d ie té tic a do s in di ví du os i ng re ss an te s em P ro gr am a de M ud an ça d e E st ilo d e V id a M ex a- se P ró - S aú de , v al or es a pr es en ta do s em m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). VC T: V al or C al ór ic o To ta l; IA S: Ín di ce d e A lim en ta çã o S au dá ve l; % C ar bo id ra to : pe rc en tu al d e ca rb oi dr at o; % Pr ot eí na : pe rc en tu al de p ro te ín a; % Li p To ta l: pe rc en tu al d e lip íd io t ot al ; % Li p Sa t: pe rc en tu al d e lip íd io s at ur ad o; % Li p M on o: p er ce nt ua l de l ip íd io m on oi ns at ur ad o; % Li p Po li: p er ce nt ua l d e lip íd io p ol iin sa tu ra do ; n : n úm er o de in di ví du os . m éd ia ±D P m ed ia na n m éd ia ±D P m ed ia na n va lo r- p VC T (c al or ia s) 15 99 ,0 3 ± 65 4, 28 15 32 (5 32 - 46 61 ) 15 5 15 39 ,6 1 ± 62 7, 03 13 92 (5 21 - 39 30 ) 25 7 0, 27 71 IA S (p on to s) 79 ,6 6 ± 14 ,1 7 79 (3 8, 2 - 1 08 ) 17 8 81 ,7 9 ± 13 ,3 4 82 ,6 (4 4, 9 - 1 17 ,4 ) 29 4 0, 09 42 Va rie da de (i te m ) 13 ,2 9 ± 3, 88 13 (5 - 24 ) 79 13 ,3 6 ± 3, 87 13 (6 - 25 ) 14 6 0, 92 54 % C ar bo id ra to 52 ,2 4 ± 8, 75 52 ,6 (2 7, 5 - 7 9) 15 3 51 ,0 5 ± 9, 60 51 (2 4, 3 - 8 4, 1) 25 8 0, 16 87 % P ro te ín a 18 ,2 8 ± 5, 59 17 ,8 (7 ,2 - 35 ,6 ) 15 3 18 ,9 0 ± 6, 06 18 ,5 (7 ,7 - 39 ,8 ) 25 8 0, 39 99 % L ip T ot al 29 ,7 2 ± 8, 15 29 ,6 (1 1, 8 - 5 5, 6) 15 9 30 ,2 6 ± 8, 81 29 ,8 (8 - 69 ,9 ) 27 8 0, 52 67 % L ip S at 8, 07 ± 3 ,8 2 7, 4 (2 ,2 - 28 ,8 ) 15 9 7, 92 ± 3 ,4 3 7, 6 (1 ,6 - 22 ,5 ) 27 8 0, 94 88 % L ip M on o 8, 85 ± 3 ,6 4 8, 2 (2 ,7 - 28 ,9 ) 15 8 9, 05 ± 3 ,5 0 8, 7 (1 ,5 - 22 ,1 ) 27 8 0, 32 24 % L ip P ol i 8, 22 ± 4 ,1 4 7, 6 (0 ,6 1 - 2 5) 15 8 7, 84 ± 3 ,7 7 7, 3 (2 ,1 - 20 ,9 ) 27 8 0, 42 02 C ol es te ro l ( gr am a) 18 0, 34 ± 1 33 ,1 6 14 6, 2 (3 ,5 - 72 5) 12 9 17 0, 75 ± 1 20 ,9 7 13 2, 4 (0 ,6 0 - 7 83 ,8 ) 21 6 0, 54 13 Ó le o (p or çã o) 2, 39 ± 2 ,0 3 1, 7 (0 - 12 ,5 ) 15 9 2, 33 ± 1 ,9 7 2 (0 - 15 ) 27 5 0, 85 85 Fi br as (g ra m as ) 15 ,3 4 ± 9, 02 13 ,9 (0 ,3 8 - 5 1, 9) 16 0 14 ,7 3 ± 8, 39 13 ,5 (0 ,5 1 - 5 6, 5) 27 7 0, 65 97 C er ea l ( po rç ão ) 3, 40 ± 1 ,2 4 3 (1 ,5 - 6, 5) 72 3, 42 ± 1 ,5 8 3 (1 - 9, 5) 14 2 0, 82 95 Fr ut as (p or çã o) 3, 51 ± 3 ,4 2 3 (0 - 13 ) 72 3, 32 ± 3 ,1 3 2, 7 (0 - 13 ) 14 2 0, 82 13 H or ta liç as (p or çã o) 2, 57 ± 2 ,7 9 1, 5 (0 - 16 ,5 ) 72 2, 29 ± 2 ,4 2 1, 5 (0 - 13 ) 14 2 0, 28 89 Le gu m in os as (p or çã o) 1, 33 ± 1 ,6 3 1 (0 - 8, 5) 72 1, 17 ± 1 ,3 5 0, 75 (0 - 6, 5) 14 2 0, 57 44 La tic ín io s (p or çã o) 1, 56 ± 1 ,1 6 1, 5 (0 - 4) 72 1, 77 ± 1 ,3 8 1, 5 (0 - 6, 5) 14 2 0, 46 86 C ar ne (p or çã o) 1, 77 ± 1 ,1 9 1, 5 (0 - 7) 72 1, 91 ± 1 ,4 9 1, 5 (0 - 7, 5) 14 2 0, 75 97 Aç uc ar (p or çã o) 1, 75 ± 2 ,4 4 1 (0 - 13 ) 72 1, 70 ± 2 ,0 6 1 (0 - 13 ,5 ) 14 1 0, 73 82 N or m ot en so s H ip er te ns os 39 40 Em resumo, os hipertensos apresentaram, em média, maior idade, maior IMC, percentual de gordura corporal e circunferência abdominal, menor VO2máx e maiores glicemias e PCR. Apenas as mulheres hipertensas apresentaram maiores concentrações de uréia e ácido úrico. Não houve diferenciação socioeconômica ou dietética. Não houve participação efetiva dos padrões antropométricos sobre a maior razão de chance para a hipertensão arterial (Tabela 5). Tabela 5. Razão de chance dos indivíduos com componentes da composição corporal alterada apresentar pressão arterial elevada. RC: razão de chance; IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal; CA: circunferência abdominal; %GC: percentual de gordura corporal Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado por sexo e idade; Modelo 3: modelo 2 + glicemia e colesterol total. No entanto, para as variáveis bioquímicas apenas a glicemia alterada constituiu fator de risco para a hipertensão arterial (Tabela 6). A capacidade cardiorrespiratória bem como o nível de atividade física não foram preditivos para hipertensão arterial (Tabela 7). A ingestão alimentar não apresentou diferença significativa na maioria dos componentes, contudo, para o percentual de proteína, a razão de chance foi aumentando significativamente conforme os dados foram ajustados, ou seja, os indivíduos com consumo alterado de proteína apresentam maior chance de apresentar hipertensão arterial do que aqueles com consumo adequado (Tabela 8). Em resumo a hipertensão arterial teve como fatores preditivos independentes hiperglicemia e maior ingestão protéica. Variáveis Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) IMC obeso vs eutrófico 1,51 (0,91 - 4,11) 2,00 (0,93 - 4,32) 2,32 (0,95 - 5,71) obeso vs sobrepeso 1,09 (0,62 - 1,91) 1,11 (0,63 - 1,97) 1,11 (0,57 - 2,15) CA alterado vs normal 1,47 (0,93 - 2,33) 1,36 (0,84 - 2,20) 1,21 (0,69 - 2,11) % GC alterado vs normal 1,07 (0,63 - 1,85) 1,17 (0,67 - 2,04) 1,23 (0,65 - 2,32) 41 Tabela 6. Razão de chance dos indivíduos com parâmetros bioquímicos alterados apresentar pressão arterial elevada. RC: razão de chance; IC: intervalo de confiança; HDL: high density lipoprotein; LDL-c: low density lipoprotein; PCR: proteína C reativa Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado por sexo e idade; Modelo 3: modelo 2 + índice de massa corporal (IMC). Tabela 7. Razão de chance dos indivíduos com baixa aptidão cardiorrespiratória e baixos níveis de aptidão física (IPAQ) apresentar pressão arterial elevada. RC: razão de chance; IC: intervalo de confiança; IPAQ: International Physical Activity Questionnaire Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado por sexo e idade; Modelo 3: modelo 2 + índice de massa corporal (IMC). Variáveis Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) Colesterol total alterado vs normal 1,35 (0,76 - 2,40) 1,43 (0,79 - 2,60) 1,41 (0,77 - 2,60) LDL-c alterado vs normal 0,99 (0,51 - 1,95) 0,95 (0,47 -1,89) 0,96 (0,47 - 1,95) HDL-c alterado vs normal 1,01 (0,63 - 1,64) 1,05 (0,64 - 1,72) 1,02 (0,61 - 1,69) Glicemia alterado vs normal 2,77 (1,69 - 4,52) 2,50 (1,51 - 4,13) 2,34 (1,39 - 3,92) Triglicerídio alterado vs normal 1,03 (0,62 - 1,70) 1,00 (0,60 - 1,68) 1,00 (0,59 - 1,70) Ác. Úrico alterado vs normal 1,13 (0,63 - 2,03) 1,08 (0,59 - 2,01) 0,96 (0,50 - 1,83) Uréia alterado vs normal 0,92 (0,52 - 1,63) 0,76 (0,42 - 1,38) 0,94 (0,50 - 1,74) Creatinina alterado vs normal 1,05 (0,21 - 5,15) 1,04 (0,21 - 5,23) 0,82 (0,15 - 4,37) PCR alterado vs normal 1,56 (0,99 - 2,47) 1,61 (0,99 - 2,59) 1,25 (0,75 - 2,07) Variáveis Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) VO2máx ruim vs bom 1,59 (0,70 - 3,61) 1,70 (0,74 - 3,90) 1,54 (0,64 - 3,69) IPAQ mod vs alto 0,85 (0,35 - 2,07) 0,79 (0,32 - 1,96) 0,85 (0,34 - 2,14) baixo vs mod 3,08 (0,84 - 11,23) 2,94 (0,79 - 11,11) 2,99 (0,79 - 11,36) 42 Tabela 8. Razão de chance dos indivíduos com ingestão dietética alterada apresentar pressão arterial elevada. IAS: Índice de Alimentação Saudável, má qual: dieta de má qualidade, boa qual.: dieta de boa qualidade, prc. melh.: dieta precisando de melhoras; %Carboidrato: percentual de carboidrato; %Proteína: percentual de proteína; %Lip Total: percentual de lipídio total; %Lip Mono: percentual de lipídio monoinsaturado; %Lip Poli: percentual de lipídio poliinsaturado. Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado por sexo e idade; Modelo 3: modelo 2 + valor calórico total (VCT) e índice de massa corporal (IMC). Variáveis Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) % Carboidrato alterado vs normal 0,44 (0,12 - 1,72) 0,30 (0,07 - 1,37) 0,28 (0,06 - 1,32) % Proteína alterado vs normal 5,55 (1,02 -30,30) 7,63 (1,29 - 45,45) 9,80 (1,48 - 66,67) % Lip. Total alterado vs normal 2,25 (0,40 - 12,50) 2,62 (0,43 - 15,87) 3,04 (0,46 - 20,00) % Lip. Saturado alterado vs normal 0,11 (0,02 - 0,58) 0,11 (0,02 - 0,63) 0,08 (0,01 - 0,49) % Lip. Mono alterado vs normal 9,61 (0,19 - 50,00) 21,74 (0,33 - 10,00) 32,25 (0,46 - 10,00) % Lip. Poli alterado vs normal 0,83 (0,18 - 3,82) 0,77 (0,15 - 3,80) 0,68 (0,14 - 3,34) Colesterol alterado vs normal 2,44 (0,36 - 16,39) 2,12 (0,30 - 15,15) 1,14 (0,14 - 9,26) Óleo (porção) alterado vs normal 0,80 (0,19 - 3,46) 0,85 (0,19 - 3,70) 0,55 (0,11 - 2,77) Fibras (porção) alterado vs normal 1,23 (0,34 - 4,50) 1,46 (0,38 - 5,55) 1,65 (0,43 - 6,37) Cereais (porção) alterado vs normal 1,14 (0,23 - 5,71) 1,40 (0,26 - 7,46) 2,41 (0,35 - 16,67) Frutas (porção) alterado vs normal 0,43 (0,12 - 1,59) 0,31 (0,07 - 1,29) 0,38 (0,09 - 1,64) Hortaliças (porção) alterado vs normal 0,48 (0,13 - 1,80) 0,51 (0,13 - 2,06) 0,63 (0,15 - 2,69) Leguminosas (porção) alterado vs normal 0,93 (0,29 - 2,92) 0,76 (0,22 - 2,58) 0,91 (0,26 - 3,16) Laticínios (porção) alterado vs normal 3,02 (0,63 - 14,49) 3,53 (0,63 - 20,00) 4,65 (0,75 - 29,41) Carne (porção) alterado vs normal 0,73 (0,19 - 2,76) 0,62 (0,16 - 2,41) 0,50 (0,12 - 2,09) Açúcar (porção) alterado vs normal 1,01 (0,27 - 3,74) 0,95 (0,25 - 3,66) 0,57 (0,12 - 2,61) IAS má qual. vs boa qual. 7,40 (0,35 - 16,67) 9,52 (0,40 - 25,0) 10,99 (0,46 - 25,00) má qual. vs prc. melh 4,22 (0,64 - 27,78) 4,69 (0,66 - 33,33) 5,08 (0,70 - 37,04) Variedade ruim vs boa 1,96 (0,17 - 21,73) 2,07 (0,18 - 23,25) 2,78 (0,25 - 31,25) 43 Dos 622 indivíduos analisados, 473 eram medicados com hipotensores e destes, 345 apresentaram pressão arterial controlada (G2) e 128 não controladas (G4). Restando, pois, sem medicação, 81 normotensos (G1) e 68 hipertensos (G3). Os grupos G1, G3 e G4 apresentaram idade e IMC semelhantes entre si e maiores do que G2 (Tabela 9). As mulheres hipertensas apresentaram maior circunferência abdominal (G4>G3) do que as normotensas (G2>G1), sendo os extremos caracterizados pelas mulheres dos grupos G4>G1. Essa diferenciação de extremos caracterizou também o percentual de gordura corporal (G4>G1) (Tabela 9). Os hipertensos controlados (G2) apresentaram os menores valores de glicemias e PCR e os hipertensos não medicados (G3) os maiores (Tabela 10). A diferenciação do ácido úrico, entre grupos, ocorreu apenas para as mulheres hipertensas medicadas (G4>G2) mostrando maiores concentrações do que as normotensas (G1) (Tabela 10). Na ausência de medicamento os normotensos (G1) e hipertensos (G3) mostraram semelhança de idade e IMC e diferiram apenas na glicemia (G3>G1) em ambos os sexos, e apenas nas mulheres, maior CA e menor VO2máx nas hipertensas (G3) (Tabela 9). Em normotensos (G1xG2) a influência do medicamento caracterizou o indivíduo (G2) como sendo de menor idade, menor IMC, menor VO2máx para ambos os sexos e apenas nas mulheres a maior CA e maior concentração de ácido úrico (Tabelas 9 e 10). A eficácia da medicação no controle da pressão arterial (G2 x G4), mostrou que os não controlados (G4) apresentaram valores maiores de idade, IMC, CA (apenas nas mulheres), glicemia e ácido úrico, do que os controlado (G2) (Tabelas 9 e 10). Não houve diferenciação dos grupos pelos componentes da ingestão alimentar (Tabela 11). A análise da regressão logística mostrou inexistência de influência do IPAQ sobre os grupos. As variáveis IMC e VO2máx foram preditores do G2, na ausência de ajustes (Tabela 12 e 13). As variáveis bioquímicas preditoras dos grupos foram uréia (G1), ácido úrico (G2, G3 e G4). Destas, após todos os ajustes (sexo, idade e IMC), permaneceram significativos o ácido úrico (G1 e G4) e uréia (G1) (Tabela 14). Ta be la 9 . D ad os s oc io de m og rá fic os , d a pr es sã o ar te ria l, de c om po si çã o co rp or al e a pt id ão c ar di or re sp ira tó ria d os q ua tro g ru po s de in di ví du os in gr es sa nt es e m P ro gr am a de M ud an ça d e E st ilo d e V id a M ex a- se P ró -S aú de , e xp re ss os e m m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). PA S: p re ss ão a rte ria l s is tó lic a; P A D : p re ss ão a rte ria l d ia st ól ic a; IM C : í nd ic e de m as sa c or po ra l; C A : c irc un fe rê nc ia a bd om in al ; % G or d C or p: p er ce nt ua l d e go rd ur a co rp or al ; n : n úm er o de in di ví du os . G 1: in di ví du os c on tro la do s nã o- m ed ic ad os ; G 2: in di ví du os c on tro la do s m ed ic ad os ; G 3: in di ví du os n ão -c on tro la do s e nã o- m ed ic ad os ; G 4: in di ví du os n ão - co nt ro la do s m ed ic ad os . Le tra s di fe re nt es = di fe re nç a si gn ifi ca tiv a pe lo te st e de D un n ao n ív el d e 5% . Va riá ve is m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n id ad e (a no s) 56 ,0 1 ± 10 ,8 1 a 80 51 ,9 4 ± 10 ,5 6 b 34 5 57 ,9 4 ± 9, 96 a c 68 56 ,1 7 ± 10 ,8 1 ac 12 7 PA S (m m H g) 12 1, 37 ± 9 ,3 9 a 81 11 8, 32 ± 1 1, 25 b 34 5 14 7, 18 ± 1 3, 86 c 68 14 2, 72 ± 1 2, 60 d 12 8 PA D (m m H g) 76 ,9 4 ± 6, 89 a 81 75 ,8 7 ± 7, 17 b 34 5 90 ,1 8 ± 7, 20 c 68 88 ,5 7 ± 7, 47 d 12 8 Pe so (k g) 79 ,4 0 ± 16 ,3 1 a 79 73 ,4 0 ± 14 ,7 8 b 33 0 79 ,9 8 ± 19 ,6 8 bc 67 79 ,4 1 ± 18 ,7 5 ab c 11 7 Al tu ra (m ) 1, 60 ± 0 ,0 7 ac 79 1, 62 ± 0 ,0 9 a 33 0 1, 58 ± 0 ,0 8 bc 67 1, 62 ± 0 ,1 0 ac 11 7 IM C (k g/ m 2) 30 ,7 6 ± 5, 56 a 79 27 ,8 8 ± 4, 57 b 33 0 31 ,9 5 ± 7, 15 a c 67 30 ,1 6 ± 5, 10 a c 11 7 C A (c m ) m ul he re s 91 ,4 2 ± 11 ,7 4 a 24 1 98 ,6 4 ± 13 ,1 8 b 61 96 ,4 3 ± 11 ,5 2 c 85 99 ,6 3 ± 14 ,8 8 d 56 ho m en s 99 ,0 0 ± 10 ,4 5 a 83 10 7, 41 ± 1 6, 12 a 17 10 5, 98 ± 1 4, 22 a 32 10 9, 07 ± 1 1, 46 a 11 % G or d C or p m ul he re s 33 ,9 9 ± 7, 72 a 20 5 36 ,8 2 ± 8, 85 a b 49 36 ,0 6 ± 8, 41 a b 77 38 ,8 4 ± 9, 24 b c 48 ho m en s 25 ,4 9 ± 6, 46 a 78 29 ,1 8 ± 6, 28 a 15 28 ,0 2 ± 6, 90 a 32 29 ,4 9 ± 4, 80 a 9 VO 2m áx m ul he re s 37 ,8 5 ± 11 ,0 2 a 72 28 ,0 2 ± 9, 48 b 19 29 ,0 6 ± 10 ,6 7 c 16 30 ,7 1 ± 9, 64 a bc 13 ho m en s 45 ,3 7 ± 10 ,9 5 a 30 32 ,3 0 ± 11 ,0 3 b 9 42 ,2 4 ± 8, 64 a bc 11 33 ,9 0 ± 4, 10 c 6 G 1 G 2 G 3 G 4 44 Ta be la 1 0. C ar ac te rís tic as b io qu ím ic as d e in di ví du os d os q ua tro g ru po s in gr es sa nt es e m P ro gr am a de M ud an ça d e E st ilo d e V id a M ex a- se P ró -S aú de e xp re ss as e m m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). H D L- c: li po pr ot eí na d e al ta d en si da de ; LD L- c: li po pr ot eí na d e ba ix a de ns id ad e; C ol es t. to ta l: co le st er ol t ot al ; n: n úm er o de in di ví du os ; Á c. Ú ric o: á ci do úr ic o; P C R : P ro te ín a C re at iv a G 1: in di ví du os c on tro la do s nã o- m ed ic ad os ; G 2: in di ví du os c on tro la do s m ed ic ad os ; G 3: in di ví du os n ão -c on tro la do s e nã o- m ed ic ad os ; G 4: in di ví du os n ão - co nt ro la do s m ed ic ad os . Le tra s di fe re nt es = di fe re nç a si gn ifi ca tiv a pe lo te st e de D un n ao n ív el d e 5% . Va riá ve is m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n G lic em ia (m g/ dL ) 98 ,4 1 ± 31 ,8 5 ac 66 94 ,7 6 ± 26 ,6 3 a 29 6 10 2, 99 ± 2 4, 94 b 60 10 1, 86 ± 3 6, 24 b c 11 6 Tr ig lic er íd io (m g/ dL ) 16 1, 58 ± 8 5, 58 a 65 14 6, 26 ± 8 6, 63 a 28 9 16 5, 26 ± 6 6, 96 a 59 15 5, 03 ± 8 1, 34 a 11 6 C ol es t. To ta l ( m g/ dL ) 20 2, 11 ± 3 8, 80 a 64 20 4, 47 ± 3 5, 79 a 24 4 21 4, 37 ± 4 3, 52 a 59 20 7, 45 ± 3 6, 60 a 88 H D L- c (m g/ dL ) m ul he re s 53 ,6 6 ± 13 ,4 4 a 21 4 51 ,4 3 ± 10 ,9 0 a 51 49 ,8 0 ± 14 ,4 9 a 81 50 ,5 2 ± 13 ,9 2 a 50 ho m en s 45 ,0 3 ± 12 ,2 2 a 81 41 ,4 3 ± 10 ,0 7 a 16 44 ,8 0 ± 10 ,1 6 a 35 44 ,0 0 ± 7, 32 a 10 LD L- c (m g/ dL ) 12 0, 90 ± 3 3, 71 a 61 12 5, 68 ± 3 1, 63 a 28 9 13 0, 12 ± 4 4, 13 a 59 12 9, 77 ± 3 3, 50 a 88 U ré ia (m g/ dL ) m ul he re s 30 ,9 9 ± 10 ,7 1 a 17 4 34 ,8 4 ± 15 ,6 7 a 45 33 ,5 4 ± 9, 62 a 57 32 ,4 2 ± 7, 72 a 47 ho m en s 33 ,5 4 ± 7, 57 a 64 40 ,0 7 ± 8, 21 a 14 33 ,2 7 ± 9, 90 a 24 36 ,2 0 ± 9, 02 a 10 C re at in in a (m g/ dL ) m ul he re s 0, 92 ± 0 ,7 4 a 17 9 0, 91 ± 0 ,2 7 a 47 0, 87 ± 0 ,1 7 a 61 0, 85 ± 0 ,1 3 a 48 ho m en s 1, 12 ± 0 ,1 4 a 64 1, 07 ± 0 ,2 0 a 16 1, 07 ± 0 ,1 5 a 24 1, 18 ± 0 ,2 2 a 10 Ác . Ú ric o (m g/ dL ) m ul he re s 4, 34 ± 1 ,1 9 a 17 6 5, 14 ± 1 ,2 6 b 47 4, 72 ± 1 ,1 2 ab c 61 5, 27 ± 1 ,2 0 c 48 ho m en s 6, 12 ± 1 ,4 1 a 64 6, 45 ± 1 ,2 3 a 16 6, 50 ± 1 ,3 9 a 24 6, 90 ± 1 ,5 9 a 10 PC R 0, 45 ± 0 ,4 1 ac 53 0, 45 ± 0 ,6 6 a 19 2 0, 66 ± 0 ,6 5 bc 47 0, 54 ± 0 ,6 2 ac 73 Al bu m in a (g /d L) 4, 32 ± 0 ,3 1 a 51 4, 28 ± 0 ,3 2 a 21 3 4, 28 ± 0 ,3 3 a 53 4, 29 ± 0 ,3 1 a 75 G 2 G 1 G 3 G 4 45 T ab el a 11 . C ar ac te rís tic as d ie té tic as d e in di ví du os d os q ua tro g ru po s in gr es sa nt es e m P ro gr am a de M ud an ça d e E st ilo d e V id a M ex a- se P ró - S aú de e xp re ss as e m m éd ia e d es vi o pa dr ão (D P ). VC T: V al or C al ór ic o To ta l; IA S: Ín di ce d e Al im en ta çã o Sa ud áv el ; % C ar bo id ra to : p er ce nt ua l d e ca rb oi dr at o; % Pr ot eí na : p er ce nt ua l d e pr ot eí na ; % Li p To ta l: pe rc en tu al d e lip íd io t ot al ; % Li p Sa t: pe rc en tu al d e lip íd io s at ur ad o; % Li p M on o: p er ce nt ua l d e lip íd io m on oi ns at ur ad o; % Li p Po li: p er ce nt ua l d e lip íd io po lii ns at ur ad o; n : n úm er o de in di ví du os . G 1: in di ví du os c on tro la do s nã o- m ed ic ad os ; G 2: in di ví du os c on tro la do s m ed ic ad os ; G 3: in di ví du os n ão -c on tro la do s e nã o- m ed ic ad os ; G 4: in di ví du os n ão - co nt ro la do s m ed ic ad os . Le tra s ig ua is = se m d ife re nç a si gn ifi ca tiv a pe lo te st e de D un n ao n ív el d e 5% . Va riá ve is m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n m éd ia ±D P n VC T (c al or ia s) 16 40 ± 8 13 a 28 16 12 ± 6 87 a 74 13 95 ± 5 56 a 15 15 56 ± 3 33 a 25 IA S (p on to s) 87 ,6 1 ± 11 ,3 9 a 33 82 ,2 9 ± 15 ,0 8 a 10 1 80 ,6 5 ± 13 ,6 6 a 25 82 ,1 2 ± 16 ,5 8 a 30 Va rie da de (i te m ) 11 ,4 5 ± 2, 78 a 20 13 ,5 1 ± 3, 90 a 76 13 ,4 5 ± 3, 97 a 20 12 ,0 5 ± 3, 83 a 21 % C ar bo id ra to 50 ,5 4 ± 8, 38 a 29 51 ,9 6 ± 9, 72 a 74 54 ,0 4 ± 9, 76 a 14 54 ,2 0 ± 8, 30 a 25 % P ro te ín a 20 ,2 4 ± 5, 51 a 28 19 ,0 1 ± 5, 64 a 75 19 ,3 3 ± 4, 94 a 14 18 ,4 2 ± 4, 60 a 25 % L ip T ot al 30 ,0 7 ± 10 ,9 6 a 30 29 ,4 3 ± 8, 82 a 91 27 ,5 8 ± 9, 25 a 19 27 ,8 5 ± 7, 58 a 26 % L ip S at 7, 68 ± 4 ,1 1 a 30 8, 06 ± 3 ,4 3 a 91 7, 45 ± 5 ,4 9 a 19 8, 42 ± 4 ,3 2 a 26 % L ip M on o 8, 27 ± 2 ,5 8 a 30 8, 64 ± 3 ,0 9 a 91 8, 20 ± 4 ,0 6 a 19 8, 30 ± 2 ,4 4 a 25 % L ip P ol i 7, 43 ± 2 ,9 4 a 30 6, 81 ± 3 ,4 6 a 91 7, 08 ± 4 ,9 0 a 19 6, 74 ± 3 ,0 6 a 25 C ol es te ro l ( gr am a) 19 6 ± 16 3 a 30 17 3 ± 10 9 a 53 16 3 ± 79 a 7 13 4 ± 74 a 16 Ó le o (p or çã o) 2, 05 ± 1 ,7 4 a 29 2, 65 ± 2 ,7 3 a 90 1, 79 ± 1 ,6 1 a 19 2, 18 ± 1 ,9 2 a 26 Fi br as (g ra m as ) 14 ,1 4 ± 7, 65 a 29 14 ,7 8 ± 8, 98 a 91 13 ,6 6 ± 6, 65 a 21 15 ,2 9 ± 6, 39 a 25 C er ea l ( po rç ão ) 3, 53 ± 1 ,5 2 a 18 3, 54 ± 1 ,5 9 a 73 2, 97 ± 1 ,2 1 a 17 3, 50 ± 1 ,1 2 a 19 Fr ut as (p or çã o) 1, 89 ± 1 ,8 4 a 18 3, 56 ± 3 ,3 8 a 73 4, 50 ± 3 ,8 4 a 17 3, 61 ± 3 ,5 1 a 19 H or ta liç as (p or çã o) 1, 53 ± 1 ,6 3 a 18 2, 16 ± 2 ,6 5 a 73 2, 21 ± 2 ,4 9 a 17 1, 98 ± 1 ,7 6 a 19 Le gu m in os as (p or çã o) 0, 56 ± 0 ,5 7 a 18 1, 05 ± 1 ,1 5 a 73 1, 24 ± 1 ,8 1 a 17 1, 48 ± 1 ,5 0 a 19 La tic ín io s (p or çã o) 1, 94 ± 1 ,0 8 a 18 1, 80 ± 1 ,4 6 a 73 1, 32 ± 0 ,9 7 a 17 1, 61 ± 1 ,2 9 a 19 C ar ne (p or çã o) 1, 94 ± 1 ,3 9 a 18 2, 08 ± 1 ,6 5 a 73 1, 15 ± 0 ,6 8 a 17 1, 75 ± 0 ,8 5 a 19 Aç uc ar (p or çã o) 1, 24 ± 1 ,5 6 a 17 1, 70 ± 1 ,9 5 a 73 1, 59 ± 2 ,7 2 a 17 1, 22 ± 1 ,0 2 a 19 G 2 G 1 G 3 G 4 46 47 Tabela 12. Razão de chance dos indivíduos com componentes da composição corporal alterada apresentar pressão arterial elevada, nos quatro grupos. RC: razão de chance; IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal; CA: circunferência abdominal; %GC: percentual de gordura corporal sobrep.: sobrepeso; eutrof.: eutrófico; alter.: alterado. G1: indivíduos controlados não-medicados; G2: indivíduos controlados medicados; G3: indivíduos não-controlados e não-medicados; G4: indivíduos não-controlados medicados. Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado por sexo e idade; Modelo 3: modelo 2 + glicemia e colesterol total. IMC IMC CA %GC sobrep. vs eutrof. obeso vs sobrep. alter. vs normal alter. vs normal RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) G1 Modelo 1 1,05 (0,44 - 2,48) 2,76 (0,79 - 9,79) 0,94 (0,42 - 2,08) 0,79 (0,30 - 2,05) Modelo 2 1,16 (0,48 - 2,79) 3,32 (0,91 - 12,18) 0,78 (0,34 - 1,80) 0,80 (0,30 - 2,12) Modelo 3 0,83 (0,32 - 2,14) 2,64 (0,61 - 11,39) 0,70 (0,26 - 1,87) 0,89 (0,30 - 2,64) G2 Modelo 1 0,60 (0,34 - 1,04) 0,39 (0,16 - 0,93) 0,66 (0,40 - 1,09) 1,00 (0,50 - 1,98) Modelo 2 0,49 (0,27 - 0,88) 0,24 (0,09 - 0,61) 0,89 (0,52 - 1,54) 0,97 (0,47 - 2,00) Modelo 3 0,44 (0,22 - 0,87) 0,19 (0,06 - 0,56) 1,15 (0,60 - 2,18) 0,82 (0,36 - 1,90) G3 Modelo 1 1,89 (0,65 - 5,50) 1,02 (0,25 - 4,19) 2,20 (0,97 - 4,97) 1,99 (0,75 - 5,33) Modelo 2 2,43 (0,81 - 7,23) 1,59 (0,37 - 6,71) 1,43 (0,60 - 3,42) 2,28 (0,84 - 6,22) Modelo 3 2,31 (0,74 - 7,20) 2,12 (0,45 - 10,05) 1,28 (0,50 - 3,29) 1,72 (0,57 - 5,18) G4 Modelo 1 1,64 (0,80 - 3,39) 2,35 (0,80 - 6,90) 1,19 (0,64 - 2,22) 0,73 (0,32 - 1,66) Modelo 2 1,66 (0,79 - 3,84) 2,65 (0,89 - 7,93) 1,14 (0,59 - 2,20) 0,73 (0,32 - 1,66) Modelo 3 2,65 (1,02 - 6,85) 3,90 (1,00 - 15,19) 0,88 (0,40 - 1,95) 1,00 (0,38 - 2,63) Grupos 48 Tabela 13. Razão de chance dos indivíduos com baixa aptidão cardiorrespiratória e baixos níveis de aptidão física (IPAQ) apresentar pressão arterial elevada, dividido pelos quatro grupos. RC: razão de chance; IC: intervalo de confiança; IPAQ: International Physical Activity Questionnaire; mod.: moderado. G1: indivíduos controlados não-medicados; G2: indivíduos controlados medicados; G3: indivíduos não-controlados e não-medicados; G4: indivíduos não-controlados medicados. Modelo 1: sem ajuste; Modelo 2: ajustado pelo índice de massa corporal (IMC). VO2máx IPAQ IPAQ ruim vs bom mod. vs alto baixo vs alto RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) G1 Modelo 1 3,49 (0,69 - 17,53) 2,55 (0,28 - 23,09) 3,09 (0,23 - 41,58) Modelo 2 2,63 (0,46 - 15,12) 2,94 (0,31 - 27,70) 3,23 (0,23 - 45,06) G2 Modelo 1 0,15 (0,03 - 0,86) 1,37 (0,42 - 4,46) 3,32 (0,55 - 20,20) Modelo 2 0,21 (0,03 - 1,25) 1,28 (0,39 - 4,25) 3,33 (0,52 - 21,17) G3 Modelo 1 1,09 (0,11 - 10,50) 0,43 (0,08 - 2,20) 0,47 (0,04 - 5,45) Modelo 2 0,73 (0,06 - 8,91) 0,47 (0,09 - 2,42) 0,49 (0,04 - 5,72) G4 Modelo 1 3,43 (0,65 - 18,25) 0,68 (0,17 - 2,72) 0,01 (0,001 - 99,99) Modelo 2 3,40 (0,57 - 20,40) 0,68 (0,17 - 2,80) 0,01 (0,001 - 99,99) Grupos Ta be la 1 4. R az ão d e ch an ce d os in di ví du os c om p ar âm et ro s bi oq uí m ic os a lte ra do s ap re se nt ar p re ss ão a rte ria l e le va da , n os q ua tro g ru po s. R C : r az ão d e ch an ce ; I C : i nt er va lo d e co nf ia nç a; a lte r.: a lte ra do C ol es t. To ta l: ch ol es te ro l t ot al ; H D L: h ig h de ns ity li po pr ot ei n; L D L- c: lo w d en si ty li po pr ot ei n; Á c. Ú ric o: á ci do ú ric o; P C R : p ro te ín a C re at iv a G 1: i nd iv íd uo s co nt ro la do s nã o- m ed ic ad os ; G 2: i nd iv íd uo s co nt ro la do s m ed ic ad os ; G 3: i nd iv íd uo s nã o- co nt ro la do s e nã o- m ed ic ad os ; G 4: i nd iv íd uo s nã o- co nt ro la do s m ed ic ad os . M od el o 1: s em a ju st e; M od el o 2: a ju st ad o po r s ex o e id ad e; M od el o 3: m od el o 2 + ín di ce d e m as sa c or po ra l ( IM C ). C ol es t. To ta l LD L- c H D L- c G lic em ia Tr ig lic er íd io Ác . Ú ric o U ré ia C re at in in a PC R al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al al te r. vs n or m al R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) R C (I C 9 5% ) G 1 M od el o 1 0, 94 (0 ,3 7 - 2 ,4 6) 0, 43 (0 ,1 5 - 1 ,2 0) 1, 03 (0 ,4 8 - 2 ,2 6) 0, 67 (0 ,2 8 - 1 ,6 0) 0, 96 (0 ,4 3 - 2 ,1 5) 3, 20 (1 ,4 0 - 7 ,3 2) 2, 33 (1 ,0 3 - 5 ,2 7) 0, 20 (0 ,0 2 - 2 ,0 4) 0, 99 (0 ,4 7 - 2 ,0 9) M od el o 2 0, 72 (0 ,2 7 - 1 ,9 3) 0, 51 (0 ,1 8 - 1 ,4 6) 0, 97 (0 ,4 3 - 2 ,1 7) 0, 79 (0 ,3 2 - 1 ,9 4) 0, 96 (0 ,4 1 - 2 ,2 3) 4, 00 (1 ,6 0 - 9 ,9 7) 2, 44 (1 ,0 4 - 5 ,7 5) 0, 15 (0 ,0 1 - 1 ,7 3) 0, 95 (0 ,4 3 - 2 ,0 8) M od el o 3 0, 87 (0 ,3 0 - 2 ,5 0) 0, 38 (0 ,1 3 - 1 ,1 4) 0, 79 (0 ,3 4 - 1 ,8 2) 0, 75 (0 ,2 9 - 1 ,8 9) 0, 97 (0 ,4 1 - 2 ,3 0) 3, 60 (1 ,4 0 - 9 ,2 7) 2, 75 (1 ,1 1 - 6 ,8 4) 0, 15 (0 ,0 1 - 1 ,7 3) 0, 78 (0 ,3 3 - 1 ,8 8) G 2 M od el o 1 0, 86 (0 ,4 7 - 1 ,6 0) 1, 59 (0 ,7 7 - 3 ,2 9) 0, 99 (0 ,5 8 - 1 ,6 8) 0, 46 (0 ,2 6 - 0 ,8 1) 0, 90 (0 ,5 2 - 1 ,5 5) 0, 52 (0 ,2 7 - 0 ,9 9) 0, 73 (0 ,3 9 - 1 ,3 5) 2, 26 (0 ,4 4 - 1 1, 45 ) 0, 66 (0 ,4 0 - 1 ,0 8) M od el o 2 0, 88 (0 ,4 6 - 1 ,6 6) 1, 54 (0 ,7 3 - 3 ,2 6) 1, 01 (0 ,5 8 - 1 ,7 7) 0, 53 (0 ,2 9 - 0 ,9 5) 0, 91 (0 ,5 2 - 1 ,6 1) 0, 52 (0 ,2 6 - 1 ,0 3) 0, 95 (0 ,5 0 - 1 ,8 3) 1, 99 (0 ,4 0 - 9 ,8 6) 0, 64 (0 ,3 8 - 1 ,0 8) M od el o 3 0, 84 (0 ,4 2 - 1 ,7 0) 2, 17 (0 ,9 6 - 4 ,9 2) 1, 31 (0 ,7 2 - 2 ,4 0) 0, 64 (0 ,3 4 - 1 ,2 0) 0, 84 (0 ,4 5 - 1 ,5 5) 0, 63 (0 ,3 0 - 1 ,3 3) 0, 69 (0 ,3 3 - 1 ,4 1) 2, 67 (0 ,4 9 - 1 4, 53 ) 1, 12 (0 ,6 2 - 2 ,0 4) G 3 M od el o 1 1, 30 (0 ,5 2 - 3 ,2 3) 0, 68 (0 ,2 4 - 1 ,9 1) 1, 17 (0 ,5 7 - 2 ,4 6) 2, 08 (1 ,0 1 - 4 ,2 5) 1, 10 (0 ,5 1 - 2 ,3 8) 2, 29 (1 ,0 4 - 5 ,0 4) 0, 74 (0 ,3 0 - 1 ,8 7) 1, 27 (0 ,1 8 - 9 ,1 1) 1, 51 (0 ,7 1 - 3 ,1 8) M od el o 2 1, 25 (0 ,4 9 - 3 ,1 7) 0, 74 (0 ,2 6 - 2 ,1 4) 1, 05 (0 ,4 9 - 2 ,2 8) 1, 75 (0 ,8 3 - 3 ,6 8) 1, 13 (0 ,5 1 - 2 ,4 7) 2, 41 (1 ,0 5 - 5 ,5 2) 0, 53 (0 ,2 0 - 1 ,4 1) 1, 67 (0 ,2 4 - 1 1, 85 ) 1, 40 (0 ,6 5 - 3 ,0 1) M od el o 3 1, 23 (0 ,4 9 - 3 ,1 8) 0, 75 (0 ,2 5 - 2 ,2 8) 0, 98 (0 ,4 4 - 2 ,1 8) 1, 34 (0 ,6 2 - 2 ,9 0) 1, 24 (0 ,5 7 - 2 ,7 8) 1, 94 (0 ,8 2 - 4 ,5 8) 0, 65 (0 ,2 4 - 1 ,7 7) 1, 64 (0 ,2 2 - 1 2, 23 ) 0, 96 (0 ,4 1 - 2 ,2 2) G 4 M od el o 1 1, 08 (0 ,5 1 - 2 ,2 7) 1, 24 (0 ,5 0 - 3 ,0 6) 0, 89 (0 ,4 6 - 1 ,6 9) 2, 04 (1 ,0 8 - 3 ,8 7) 1, 10 (0 ,5 7 - 2 ,1 4) 0, 47 (0 ,2 0 - 1 ,1 1) 1, 02 (0 ,4 9 - 2 ,1 5) 0, 76 (0 ,8 0 - 7 ,1 8) 1, 43 (0 ,7 6 - 2 ,6 7) M od el o 2 1, 21 (0 ,5 7 - 2 ,5 9) 1, 19 (0 ,4 7 - 3 ,0 2) 0, 99 (0 ,5 0 - 1 ,9 3) 1, 72 (0 ,8 9 - 3 ,3 2) 0, 98 (0 ,5 0 - 1 ,9 3) 0, 38 (0 ,1 5 - 0 ,9 3) 0, 87 (0 ,4 0 - 1 ,9 0) 0, 95 (0 ,1 0 - 9 ,3 1) 1, 60 (0 ,8 4 - 3 ,0 7) M od el o 3 1, 16 (0 ,5 2 - 2 ,5 5) 0, 96 (0 ,3 7 - 2 ,4 8) 0, 92 (0 ,4 6 - 1 ,8 3) 1, 60 (0 ,8 2 - 3 ,1 5) 1, 13 (0 ,5 6 - 2 ,2 5) 0, 32 (0 ,1 3 - 0 ,8 0) 1, 13 (0 ,5 0 - 2 ,5 5) 0, 67 (0 ,0 7 - 6 ,8 6) 1, 03 (0 ,5 1 - 2 ,1 0) G ru po s 49 50 Em resumo, na presença de medicação, os hipertensos controlados não apresentaram preditores independentes, enquanto que os não controlados apresentaram o ácido úrico elevado como preditor. Os hipertensos não medicados não apresentaram preditores independentes, enquanto que os normotensos apresentaram como fatores de risco os valores elevados de uréia e ácido úrico. DDISCUSSÃO 52 Discussão No presente estudo a participação das mulheres foi três vezes maior que a dos homens. Em estudos realizados neste município e em outros locais do Brasil esta realidade também está presente. Em estudo que avaliou representantes urbanos e de uma Estratégia de Saúde da Família o percentual de mulheres foi de 70,3% , porém, quando estudados somente os usuários da ESF, a prevalência de mulheres estudadas foi de 67,6% 7, 8. Já em estudo realizado também em uma ESF em Salvador, Bahia3, a prevalência de mulheres avaliadas foi maior (84,4%) que a de homens; já em Londrina (Paraná) a prevalência de mulheres avaliadas foi de 63,2%98, e em no município de São Paulo, a prevalência foi de 58,6%99, portanto, estes dados concordam com o presente estudo. Estudos brasileiros100, 101 indicam que os homens não buscam os serviços de atenção primária como fazem as mulheres, chegando ao sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, e como consequência, gerando maior agravo da morbidade e maior custo para o sistema de saúde. Por esta razão, no Brasil, especificamente, foi lançada a política nacional pela atenção à saúde do homem, que visa a qualificar a atenção à saúde da população masculina102. A prevalência de hipertensão da amostra foi de 37,7%, esta prevalência se encontra dentro da variação brasileira, que varia de 25,2% a 41,4%103-105. Em estudo de base populacional realizado em Pelotas (Rio Grande do Sul), a prevalência encontrada foi semelhante ao presente estudo, 37,2%9. No estudo multicêntrico do projeto SABE (Saúde, bem-estar e envelhecimento)99, coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde, encontrou prevalência de 53,3% de hipertensão arterial, porém a média de idade era de 68 anos, portanto enfoque maio em idosos, não se aplicando ao presente estudo. No estudo do projeto SABE, foi verificado também que 80,6% dos hipertensos eram medicados, porém não foram informados quantos dos hipertensos eram medicados controlados e não-controlados. No estudo mexicano ENSANUT, o percentual de hipertensos em tratamento farmacológico foi de 61%, também não informando qual o percentual de controlados e não-controlados106. Em outro estudo, incluindo indivíduos com características semelhantes ao presente estudo (média de 53 idade 55±14,7 e maioria mulheres, 51,2%) a prevalência de hipertensos medicados controlados foi de 52,4%103 e no estudo de Thoenes et al.107, realizado na Alemanha, o percentual de indivíduos hipertensos controlados foi de 11,6% e foi maior (26,1%) naqueles pacientes que tinham mais de três comorbidades cardiovasculares quando comparado aos que tinham somente uma comorbidade (9,5%). Esta prevalência de medicados está pouco abaixo da encontrada no presente estudo (76,04%). No estudo de Thoenes et al.107 o percentual de indivíduos hipertensos sem tratamento medicamentoso foi de 12,3%, semelhante a do presente estudo que foi de 10,93%. Nos Estados Unidos 37% dos hipertensos apresentam controle pressórico; com o tratamento farmacológico, este número sobe para somente 57%11. Estas evidências sugerem, portanto, que os hipertensos não estão sendo totalmente medicados (baixa disponibilidade do setor público, sendo uma das prováveis razões)108 e aqueles que estão, podem não estar aderindo ao tratamento109. Adicionalmente, o uso de medicamento pode não estar proporcionando resultados significativos para este tipo de população (adulto-idosa, obesa, com pelo menos 1 a 2 comorbidades metabólicas), sugerindo então, que os gastos do serviço de saúde deveriam ser mais direcionados para a atenção primária. O aumento da pressão arterial com o aumento da idade foi encontrado no presente estudo, ou seja, indivíduos com mais de 60 anos apresentaram maiores valores de pressão arterial quando comparados a indivíduos abaixo dessa faixa etária. Esta característica é compartilhada por outros autores 110-112. Por outro lado, o presente estudo não compartilhou de outra característica também já bem documentada na literatura, que é a maior prevalência de hipertensão em mulheres. Essa semelhança de hipertensos entre homens e mulheres foi uma característica também encontrada em outro estudo103 com amostra semelhante ao presente. Indivíduos com baixa aptidão cardiorrespiratória e baixo nível de atividade física, segundo alguns estudos, apresentam maior risco para doenças cardiovasculares e também, maiores níveis de pressão arterial. Neste estudo em média os hipertensos apresentaram menor capacidade cardiorrespiratória (VO2máx) que os normotensos, porém, nenhuma das duas variáveis (VO2máx e IPAQ, ou seja, capacidade cariorrespiratória e nível de atividade física) foram preditivas para hipertensão arterial, diferentemente do já encontrado na literatura36, 44. Quanto à 54 capacidade cardiorrespiratória a força da regressão logística, neste estudo, pode não ser suficiente para confirmar a tendência central. Acrescente-se que a maioria dos idosos, e também alguns adultos, que iniciaram o Programa “Mexa-se Pró- saúde” (que realizaram esta avaliação inicial) apresentavam problemas osteoarticulares, sendo a grande maioria degenerações de cápsula articular de quadril e joelho, conforme estudos anteriores realizados pela equipe de fisioterapeutas do Programa “Mexa-se Pró-saúde” (não publicados). Tal fato impediria melhor desempenho no teste de esteira. Em relação aos resultados do IPAQ, uma razão pela qual o nível de atividade física não apresentou associação significativa, pode ser o tipo de atividade física que a amostra realiza. Os indivíduos apresentam moderado ou bom nível de atividade física, porém, em atividades que podem não ser contínuas e de curta duração. Em estudo transversal realizado em Lima (Peru – estudo PERU MIGRANT) com representantes rura