2 FABIO TOFOLI ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE GRANDEZAS E PARÂMETROS QUE DETERMINAM O DIMENSIONAMENTO DE TURBOMÁQUINAS A VAPOR Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica na área de Transmissão e Conversão de Energia. Orientador: Prof. Dr. Paulo Magalhães Filho Co-orientador: Prof. Dr. José Nédilo Carrinho de Castro Guaratinguetá 2009 3 T644a Tofoli, Fábio. Análise do comportamento de grandezas e parâmetros que determinam o dimensionamento de turbomáquinas a vapor / Fábio Tofoli – Guaratinguetá : [s.n.], 2009. 82 f. : il. Bibliografia: f. 69-70 Inclui apêndice Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, 2009 Orientador: Prof. Dr. Paulo Magalhães Filho Co-Orientador Prof. Dr. José Nédilo Carrinho de Castro 1. Turbomáquinas I. Título CDU 62-135 4 5 DADOS CURRICULARES FABIO TOFOLI NASCIMENTO 19.09.1974 – SÃO PAULO / SP FILIAÇÃO Valdemar Tofoli Creuza Morais Tofoli 1999/2003 Curso de Graduação – Engenharia Mecânica Universidade de Mogi das Cruzes 1990/1993 Curso Técnico em Mecânica Escola Técnica Walter Belian 6 à todos aqueles que acreditaram e me incentivaram para que eu pudesse realizar este sonho, e de modo especial, à minha esposa Denise que sempre esteve ao meu lado nesta longa jornada. 7 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço pela minha vida, minha inteligência, minha família e meus amigos, ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Magalhães Filho que jamais deixou de me incentivar. Sem a sua orientação, dedicação e auxílio, o estudo aqui apresentado seria praticamente impossível. aos meus pais Valdemar e Creuza, que apesar das dificuldades enfrentadas, sempre incentivaram meus estudos. às funcionárias da Biblioteca do Campus de Guaratinguetá pela dedicação, presteza e principalmente pela vontade de ajudar. 8 “São quatro os homens: Aquele que não sabe e não sabe que não sabe; é um tolo. Evite-o. Aquele que não sabe e sabe que não sabe; é um simples. Ensine-o. Aquele que sabe e não sabe que sabe; está dormindo. Acorde-o. E aquele que sabe, e sabe que sabe; é um sábio. Segue-o.” Provérbio Árabe 9 TOFOLI, F. Análise do comportamento de grandezas e parâmetros que determinam o dimensionamento de turbomáquinas a vapor. 2009. 82f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2009. RESUMO Este trabalho tem como objetivo a análise da influência de parâmetros adimensionais e grandezas dimensionais no projeto de turbomáquinas operando em diferentes situações de pressão, temperatura e vazão mássica de vapor. O trabalho é divido em duas partes principais, sendo que inicialmente são analisados os parâmetros adimensionais e as grandezas dimensionais que influenciam diretamente o valor do rendimento interno das turbomáquinas térmicas que utilizam o vapor como fluido de trabalho. Na segunda parte do trabalho são abordadas as classes de pressão e rotação específica, e sua influência no comportamento de parâmetros adimensionais. A aplicação dos resultados está diretamente ligada a especificação de turbomáquinas em sistemas de cogeração para aproveitamento de fluxos térmicos provenientes de processos, queima de combustíveis ou gases de escape de uma máquina térmica, para os quais os projetistas necessitam estimar o rendimento de tais componentes por ocasião da análise de viabilidade econômica. PALAVRAS-CHAVE: Turbinas a vapor, parâmetros adimensionais, turbomáquinas. 10 TOFOLI, F. Analysis of the behavior of greatness and parameters that determine the dimensioning of steam turbines. 2009. 82f. Dissertation (Master degree in Mechanical Engineering) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2009. ABSTRACT This work has as objective the analysis of the influence of dimensionless parameters and dimensional greatness in the project of turbomachinery operating in different pressure situations, temperature and flow steam. This work is shared in two main parts, which are initially analyzed the dimensionless parameters and the dimensional greatness that directly influence the internal efficiency of the thermal turbomachinery that using steam as the working fluid. In the second part of the work are accosted the classes of pressure and specific rotation, and its influence on the behavior of dimensionless parameters. The application of the results is directly linked to the specification of turbomachinery in cogeneration systems for use of heat flows from processes, burning of fuel or the exhaust gases of a thermal machine, for which the designers needs to estimate the efficiency of such components at analysis of economic feasibility. KEY WORDS: Steam turbines, dimensionless parameters, turbomachinery. 11 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Turbina de Hero .............................................................................................19 FIGURA 2 – Turbina de Branca .........................................................................................19 FIGURA 3 – Turbina de-Laval ...........................................................................................20 FIGURA 4 – Transformação de energia nas turbomáquinas...............................................24 FIGURA 5 – Esquema de uma turbina Curtis com estágios de velocidades.......................26 FIGURA 6 – Turbina de contrapressão ...............................................................................27 FIGURA 7 – Desenvolvimento cilíndrico de uma grade .............................................. 45 FIGURA 8 – Perda estimada de eficiência no estágio para diferentes espessuras de borda ........................................................................................................46 FIGURA 9 – Perda aproximada de eficiência no estágio e função do acabamento superficial ......................................................................................................47 FIGURA 10 – Coeficiente de velocidade ø para injetores convergentes em função do comprimento do injetor .............................................................................49 FIGURA 11 – Representação das perdas em um diagrama h-s.........................................49 FIGURA 12 – Movimento do vapor entre o disco, carcaça e eixo................................. 51 FIGURA 13 – Linhas de contorno entre o disco e a carcaça ......................................... 52 FIGURA 14 – Representação do diafragma......................................................................55 FIGURA 15 – Selos Laribirinto ................................................................................. 56 FIGURA 16 – Folgas radiais em estágio de reação ...................................................... 57 FIGURA 17 – Rendimento interno total para potência de até 3 MW ...................... 60 FIGURA 18 – Rendimento interno total para potência de 3 a 43 MW .................... 60 FIGURA 19 – Relação largura da pá/ diâmetro médio do rotor............................... 61 FIGURA 20 – Coeficiente de pressão ...................................................................... 62 FIGURA 21 – Coeficiente de potência..................................................................... 62 FIGURA 22 – Coeficiente de vazão para faixa de 20 < nq < 250 ........................... 63 FIGURA 23 – Coeficiente de vazão para nq < 20................................................... 63 FIGURA 24 – Velocidade tangencial na ponta da pá para potência de até 2 MW..................................................................................... 64 FIGURA 25 – Velocidade tangencial na ponta da pá para potência de 2 a 43 MW......................................................................................64 12 FIGURA A1 – Convenção de subscritos...................................................................73 FIGURA A2 – Triângulo de velocidades...................................................................74 FIGURA A3 – Esquema de uma turbina de ação de 1 estágio................................. 77 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Evolução de parâmetros das turbinas a vapor ................................... 21 TABELA 2 – Parâmetros das turbinas a vapor entre 1930 e 1933........................... 21 TABELA 3 – Parâmetros das turbinas a vapor Curtis entre 1975 e 1984................ 22 TABELA 4 – Parâmetros das turbinas a vapor entre 1996 e 2005........................... 22 TABELA 5 – Parâmetros das turbinas a vapor ........................................................ 23 TABELA 6 – Classificação e tipos característicos de turbinas a vapor ................... 28 TABELA 7 – Relação diâmetro médio do rotor versus altura da pá........................ 41 TABELA 8 – Dados obtidos de máquinas instaladas no Brasil ............................... 59 TABELA B1 – Dados coletados .............................................................................. 81 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS adm. - Admissível GE - General Electric M - Ponto médio Pot. - Potência t - Teórico 14 LISTA DE SÍMBOLOS Ω grau de reação [l] Ωt grau de reação teórico [l] α ângulo entre as velocidades absoluta e tangencial Grau β ângulo entre as velocidades tangencial e relativa Grau γ peso específico N/m3 ρ massa específica kg/m3 ω velocidade relativa m/s ϕ coeficiente de volume ou vazão [1] �hvr perda intersticial kcal/kg �p perda de pressão na admissão da turbomáquina Pa, bar φ coeficiente de velocidade [1] φch coeficiente de perda de velocidade [1] � viscosidade dinâmica N.s/m2 � coeficiente de pressão [1] du diferença de velocidade tangencial m/s dy distância entre dois pontos m � coeficiente de resistência ao fluxo de vapor [1] chξ coeficiente de perda no injetor [1] Θ perdas de transição [1] � coeficente de potência [1] θ coeficiente relacionado a tipo de rotor [1] τ tensão de cisalhamento N/m2 η rendimento ηt rendimento interno total Σ somatório � folga radial mm A área m2 c velocidade absoluta ou velocidade do vapor m/s D diâmetro genérico m Dh diâmetro hidráulico m Dm diâmetro do rotor medido até a metade das pás m fc volume de vapor no espaço entre interstícios m3 k coeficiente experimental [1] l dimensão m h entalpia específica kJ/kg H queda hidráulica genérica m L corda do perfil da pá m Nr perda de potência devido ao atrito do rotor W Nv perda de potência por ventilação W Nm perda de potência mecânica W m número de estágios m� vazão mássica kg/s 15 n velocidade de rotação rpm, rps nq rotação específica rpm, rps nqA rotação específica rpm,rps nS rotação específica rpm, rps p pressão Pa, bar P perímetro m P potência W p0 pressão inicial Pa, bar Q vazão volumétrica da turbina m3/s Re número de Reynolds [1] t passo entre pá da turbomáquina m T tempo s T torque J u velocidade tangencial m/s ν volume especifico m3/kg x título [1] w velocidade relativa m/s Y trabalho específico J/kg, kJ/kg SOBRESCRITO E SUBSCRITO a axial din dinâmico e externo est estático i interno m modelo p protótipo 0 entrada do vapor no injetor 1 entrada do vapor na aleta 2 saída do vapor na aleta 3 posição do vapor entre a saída da aleta e entrada da pá (interstício) 4 entrada do vapor na pá do rotor 5 saída do vapor na pá do rotor ∝ condição ideal 16 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE SÍMBOLOS 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17 1.1 OBJETIVO DO TRABALHO.......................................................................17 1.2 METODOLOGIA..........................................................................................17 1.3 HISTÓRICO..................................................................................................18 2 TEORIA CLÁSSICA .................................................................................. 24 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS TURBOMÁQUINAS A VAPOR ....................... 25 3 CARACTERISTICAS ADIMENSIONAIS ............................................. 29 3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 29 3.2 ANÁLISE DIMENSIONAL GENERALIZADA ........................................ 29 3.3 RELAÇÕES CARACTERÍSTICAS ............................................................ 31 3.3.1 Coeficiente de pressão ( )ψ ......................................................................... 32 3.3.2 Coeficiente de volume ou vazão ( )ϕ .......................................................... 32 3.3.3 Coeficiente de potência............................................................................... 33 3.3.4 Número de Reynolds (Re) .......................................................................... 34 3.3.5 Rotação específica....................................................................................... 34 3.3.6 Relação diâmetro médio do rotor versus altura da pá (l/Dm) ................. 40 4 PERDAS QUE DETERMINAM O RENDIMENTO TOTAL ............... 42 4.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 42 4.2 PERDAS INTERNAS .................................................................................. 42 4.2.1 Perdas na admissão..................................................................................... 43 4.2.2 Perdas nos injetores e aletas ...................................................................... 44 4.2.2.1 Perdas de perfil ............................................................................................. 44 4.2.2.2 Perdas secundárias ........................................................................................ 47 4.2.2.3 Perdas por choque......................................................................................... 48 4.2.3 Perdas de transição..................................................................................... 50 4.2.4 Perdas no rotor ........................................................................................... 50 4.2.4.1 Perdas devido ao atrito do rotor e ventilação ............................................... 51 4.2.5 Perdas por umidade.................................................................................... 54 4.2.6 Perdas intersticiais...................................................................................... 55 4.2.6.1 Perdas intersticiais em turbomáquinas de ação ............................................ 55 4.2.6.2 Perdas intersticiais em turbomáquinas de reação ......................................... 57 4.3 PERDAS EXTERNAS ................................................................................. 58 5 ESTIMATIVAS E CÁLCULOS ................................................................ 59 6 CONCLUSÃO............................................................................................. 67 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 69 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................... 71 APÊNDICE A – Definições teóricas........................................................................ 73 APÊNDICE B – Dados coletados ............................................................................ 80 17 1 INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVO DO TRABALHO Elaborar estudo para análise da influência de parâmetros adimensionais e grandezas dimensionais no projeto de turbomáquinas operando em diferentes situações de pressão, temperatura e vazão mássica de vapor. A contribuição deste trabalho está no sentido de proporcionar aos projetistas de turbinas a vapor, a serem instaladas em plantas de geração de energia, uma fonte de recorrência para o planejamento e pré-dimensionamento de tais equipamentos, e também aos analistas de plantas de processos, que ao estudarem pontos favoráveis à otimização do consumo energético, têm dificuldades em obter dados orientativos sobre o comportamento de componentes onde haja transformações de formas de energia. 1.2 METODOLOGIA Este trabalho é divido em duas partes principais, sendo que inicialmente são analisadas as grandezas dimensionais que influenciam diretamente o valor do rendimento interno das turbomáquinas térmicas que utilizam o vapor como fluido de trabalho. Na segunda parte do trabalho são abordadas as classes de pressão e temperatura do vapor na entrada da turbomáquina, faixa de potência, rotação, rendimento e aplicações. O método de execução pressupõe que a aplicação dos resultados está diretamente ligada a especificação de turbomáquinas em sistemas de cogeração para aproveitamento de fluxos térmicos provenientes de processos, queima de combustíveis ou gases de escape de uma máquina térmica, para os quais os projetistas necessitam estimar o rendimento de tais componentes por ocasião da análise de viabilidade econômica. O método consiste em: 18 1) Pesquisa de mercado junto aos fabricantes de turbinas a vapor para montagem de banco de dados dos equipamentos já fabricados; 2) Análise e tabulação dos dados levantados junto ao mercado; 3) Descrição dos parâmetros adimensionais que envolvem o dimensionamento das turbomáquinas a vapor; 4) Elaboração de gráficos e tabelas de recorrência. 1.3 HISTÓRICO A utilização de turbomáquinas térmicas seja como máquina geradora ou motora teve um grande impulso a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Particularmente no Brasil, a grande utilização de turbomáquinas do tipo estacionária, localiza-se nas indústrias de papel e celulose, nas usinas de açúcar e álcool e nas refinarias de petróleo, seja para geração direta de potência de eixo ou cogeração de potência elétrica. Com a introdução do gás natural na matriz energética brasileira o uso de sistemas alternativos para aproveitamentos energéticos exigirá o conhecimento do comportamento de turbomáquinas a vapor, principalmente em ciclos combinados. Observa-se que mesmo em uma área tradicionalmente importante como esta, o Brasil ainda é totalmente dependente de tecnologia gerada no exterior, tornando-se necessário então, investir em estudos nessa área para produzir tecnologia, evitando a sua importação. Segundo Husain (1984) a história do desenvolvimento das turbomáquinas a vapor teve inicio em 120 a.C. quando Hero de Alexandria construiu, conforme ilustrado na Figura 1, o primeiro protótipo de uma turbomáquina trabalhando sobre o princípio da reação e somente em 1629 Giovani Branca construiu o protótipo de uma turbomáquina de ação, ilustrado na Figura 2. Também segundo Husain (1984), entre os anos de 1806 e 1813, o inventor russo Zalesar construiu vários modelos de turbomáquinas a vapor para a empresa Suzansky na Rússia. 19 Figura 1 – Turbina de Hero (MATAIX, 1973). Segundo Macintyre (1983), em 1751 Leonard Euler (1707-1783) publicou seus primeiros trabalhos sobre turbomáquinas, estabelecendo em 1754 a equação que é a base da compreensão do funcionamento das máquinas de reação. Figura 2 – Turbina de Branca (SHLYAKHIN, 2005). Segundo Shlyakhin (2005) grandes progressos no desenvolvimento e construção de turbomáquinas a vapor foram relatados no fim do século 19. No ano de 1890, o 20 engenheiro sueco Gustave de-Laval (1845-1913) construiu uma turbomáquina a vapor de ação de um estágio, ilustrado na Figura 3, com potência de 5 hp (3,73 kW). O inglês Parsons (1854-1931) fez grande sucesso com o desenvolvimento de uma turbomáquina a vapor de reação em 1894 para aplicações marítimas. O engenheiro norte americano Charles Gordon Curtis (1860-1953) desenvolveu uma turbomáquina de ação de dois estágios em 1896. Figura 3 – Turbina de-Laval (MATAIX, 1973). Existem ainda, outros tipos de turbomáquinas a vapor como é o caso de Rateau e Ljunström, porém não serão citados todos neste momento, uma vez que a base para o desenvolvimento de tais equipamentos já está citada neste texto e demais tipos de turbomáquinas a vapor serão apresentados no Capítulo 2 onde serão tratados na classificação das turbomáquinas a vapor. Cada uma destas turbomáquinas citadas, bem como as que ainda serão mencionadas nesta dissertação, visaram aperfeiçoar os modelos já existentes e ou solucionar problemas de aplicação, onde as mesmas, ainda não poderiam ser utilizadas por motivos técnicos. Junto com cada desenvolvimento pode-se observar também um aumento na eficiência de tais equipamentos, fato que vem constantemente sendo aprimorado ora por melhorias termodinâmicas no sistema e ou instalação, ora pelos 21 constantes avanços na área da metalurgia fornecendo materiais cada vez mais resistentes e capazes de suportar altas temperaturas. Na Tabela 1, constata-se os principais avanços alcançados no desenvolvimento de turbomáquinas a vapor entre os anos de 1900 e 1984, apresentados por Husain (1984). Tabela 1- Evolução de parâmetros das turbinas a vapor (HUSAIN, 1984). Ano 1900 1920 1940 1960 1984 Temperatura na entrada [°C] 200 320 500 550 550 Pressão na entrada [bar] [MPa] 15/1,5 30/3 120/12 180/18 250/25 Rendimento do ciclo (Rankine) [%] 12 16 33 45 48 Taxa de vapor [kg/kWh] 8,3 6,3 3,0 2,2 2,1 Taxa de calor [Mcal/kWh] [ MJ/kWh] 7,1/29,7 5,4/22,6 2,6/10,9 1,9/7,9 1,8/7,5 Rendimento interno [%] 60 75 86 89 90 Potência de eixo [MW] 10 50 160 500 1300 Esta evolução pode ser confirmada se forem observados os dados coletados de algumas das empresas fabricantes de turbomáquinas a vapor existentes no mercado desde 1930 a 2006 conforme Tabelas 2, 3, 4 e 5, apresentadas a seguir: Tabela 2- Parâmetros das turbinas a vapor entre 1930 e 1933 (GEC, 1930; GEC, 1933). Parâmetros Ano 1930 1930 1930 1933 1933 1933 1933 Aplicação Pot. Eixo Geração energia Geração energia Pot. Eixo Pot. Eixo Geração energia Geração energia Temperatura na entrada [°C] 223 222 385 287,8 354,4 271 293 Pressão na entrada [bar] [MPa] 2,7 / 0,27 28,5 / 2,6 30 / 3,0 10,34 / 1,04 14 / 1,4 11,4 / 1,14 20 / 2,0 Potência [MW] 4,0 0,75 1,5 0,45 1,0 3,75 5,0 Rotação [rpm] NI NI NI 6000 6000 3600 3600 Freqüência [Hz] NA 60 60 NA NA 60 60 Tensão [V] NA 480 2300 NA NA NI NI 22 Tabela 3- Parâmetros das turbinas a vapor Curtis entre 1975 e 1984 (METALÚRGICA DEDINI, 1981a; METALÚRGICA DEDINI, 1981b; METALÚRGICA DEDINI, 1984). Parâmetros Tipo 1 estágio 2 estágios 1 pressão e 2 velocidade Modelo DSE 550 DSE 700 330Ce 385Ce 40Ce 55Ce 85Ce Temperatura na entrada [°C] 450 450 399 399 300 300 300 Pressão na entrada [bar] [MPa] 49 / 4,9 49 / 4,9 8,1 / 0,81 8,1 / 0,81 22,3 / 2,23 22,3 / 2,23 22,3 / 2,23 Potência [MW] 0,67 1,34 0,41 2,68 0,37 0,55 1,12 Rotação [rpm] 6200 4800 11300 4000 7000 5500 4000 Tabela 4- Parâmetros das turbinas a vapor entre 1996 e 2005 (TGM, 2006). Parâmetros Ano 1996 2000 2005 1997 2000 2003 2005 Aplicação Geração de Energia Potência de Eixo Modelo TM5000 TM5000 TME35000A TS1000 TM2000 TM3000 TM Flex 3000 Temperatura na entrada [°C] 330 400 480 280 300 350 300 Pressão na entrada [bar] [MPa] 25 / 2,5 42 / 4,2 65 / 6,5 20 / 2,0 18 / 1,8 28 / 2,8 19 / 1,9 Potência [MW] 5,0 7,6 43,23 0,6 1,65 2,5 2,94 Rotação [rpm] 6500 6500 6000 3600 5000 6500 6500 23 Tabela 5- Parâmetros das turbinas a vapor (SIEMENS, 2006 a; SIEMENS, 2006 b). Parâmetros Ano Temperatura na entrada [°C] Pressão na entrada [bar] [MPa] Potência Nominal [MW] Rotação [rpm] Modelo Aplicação 1976 280 18 / 1,8 1,8 1800 GT40 Açúcar e Álcool 1980 300 21,6 / 2,16 2,7 8000 A50 Açúcar e Álcool 1983 280 19 / 1,9 1,29 5000 Z63 Açúcar e Álcool 1985 340 21 / 2,1 2,22 10000 V20 Petroquímica 1985 300 21 / 2,1 4,0 10000 G25 Açúcar e Álcool 1986 350 30 / 3,0 3,48 7500 A50 Açúcar e Álcool 1986 400 43 / 4,3 5,3 7500 A50 Açúcar e Álcool 1986 450 62 / 6,2 2,54 14000 GE16 Petroquímica 1987 450 65 / 6,5 31,5 3600 G50 Papel e Celulose 1988 400 43 / 4,3 5,3 7500 A50 Açúcar e Álcool 1988 475 87 / 8,7 3,43 8600 G20 Petroquímica 1988 280 15 / 1,5 42 3600 V50Z Petroquímica 1988 450 67 / 6,7 17 8000 G32 Papel e Celulose 1989 475 84 / 8,4 1,4 12000 T40 Papel e Celulose 1990 345 42 / 4,2 1,16 10000 G16 Petroquímica 1993 400 43 / 4,3 4,0 10000 G25 Açúcar e Álcool 1993 428 58 / 5,8 9,9 4900 Z55 Petroquímica 1995 455 43 / 4,3 12,0 6000 A63 Açúcar e Álcool 1996 500 95 / 9,5 4,5 10800 GE20 Açúcar e Álcool 1996 515 114 / 11,4 21,6 5800 GE32 Petroquímica 2000 390 42,2 / 4,22 16,5 6000 A63 Açúcar e Álcool 2000 415 44 / 4,4 12 6000 A63 Açúcar e Álcool 2000 475 82 / 8,2 21,7 8300 G32E Papel e Celulose 2000 489 80 / 8,0 30,3 6800 V32E Papel e Celulose 2000 489 40 / 4,0 29 6800 V32E Papel e Celulose Conforme já mencionado, pode-se notar um gradual aumento nos parâmetros de pressão e temperatura de entrada e conseqüentemente potência no decorrer dos anos principalmente após o ano 2000 quando o Brasil teve a regulação dos sistemas de cogeração. 24 2 TEORIA CLÁSSICA Segundo Lucini (1966), turbomáquina é uma máquina térmica em que a variação gradual da quantidade de movimento de um fluido é utilizada para produzir a rotação de um elemento móvel (rotor), formado de um ou vários discos sobre os quais atua o vapor, e cuja energia cinética recebem. A Figura 4 ilustra o incremento desta energia cinética, adquirida pela massa de vapor que circula ao longo da turbomáquina, conseguido graças à energia potencial da mesma; de modo que, se determinada massa deve ter uma certa velocidade em B, é necessário que exista uma diferença de pressões entre as zonas A e B, de uma tubulação ou condução de vapor. Figura 4 – Transformação de energia nas turbomáquinas. Tal diminuição de energia potencial deve ser equivalente ao aumento de energia cinética obtido, cuja captação por um ou vários discos se realiza de um modo não fundamentalmente distinto de como ocorre nas turbomáquinas hidráulicas, apesar de se diferenciarem em seus aspectos de detalhe, devido à variação de volume específico do fluido, devido às transformações termodinâmicas que se realizam em conseqüência da circulação do fluido sobre as pás, e das elevadas velocidades periféricas (em torno de 200 m/s), sendo em termos gerais, muito mais complexo o problema das turbomáquinas a vapor que das hidráulicas. A B 25 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS TURBOMÁQUINAS A VAPOR No Apêndice A, estão descritos os princípios da ação e da reação aplicados as turbomáquinas. Este tópico é de grande valia para o entendimento básico do funcionamento das turbinas a vapor. Pode-se classificar as turbinas a vapor segundo uma série de princípios conforme descritos a seguir. Segundo a direção do movimento do vapor em relação ao eixo: i. Turbinas axiais, quando o vapor se desloca dentro do rotor seguindo uma direção sensivelmente paralela ao eixo de rotação; ii. Turbinas radiais, quando esta direção é sensivelmente perpendicular ao eixo de rotação, não sendo uma aplicação usual; iii. Turbinas tangenciais, quando o vapor é conduzido tangencialmente ao rotor (de um modo análogo ao qual a água incide sobre um rotor Pelton), não sendo também uma aplicação usual. Segundo o princípio com o qual o vapor atua sobre o rotor: iv. Turbinas de ação, quando o vapor sofre expansão unicamente sobre os elementos fixos e não sobre os móveis, de modo que a pressão sobre as partes móveis seja sempre a mesma; v. Turbinas de reação, quando o vapor sofre expansão também sobre os elementos móveis, de modo que a pressão do fluido na entrada seja maior que a pressão na saída; vi. Turbinas mistas (de ação e reação), quando o vapor ora atua como em uma turbina de ação e ora como em uma turbina de reação, predominando um dos princípios, ou quando há igualdade entre os mesmos diz-se que a turbina é de reação intermediária. 26 Segundo o número de estágios (entende-se por estágio um conjunto constituído por partes fixa e móvel) (Apêndice A): vii. Turbinas de simples estágio viii. Turbinas de vários estágios, que podem ser classificados segundo o modo de operação: a. Turbinas com estágios de pressão; b. Turbinas com estágios de velocidade; c. Turbinas com estágios de pressão e velocidade. Figura 5 – Esquema de uma turbina Curtis com estágios de velocidades (DÍEZ, 2007). Segundo o número de pás sobre as quais incidem a corrente de vapor: ix. Turbinas de admissão total, quando o vapor preenche por completo todo o disco de pás (rotor); 27 x. Turbinas de admissão parcial, quando o vapor incide somente sobre uma parte do disco de pás. Segundo as condições do vapor de escape da turbina: xi. Turbinas de escape livre, se o vapor sai diretamente à atmosfera; xii. Turbinas de condensação, se o vapor passa para um condensador; xiii. Turbinas de contrapressão, quando o vapor de escape é conduzido a dispositivos especiais para sua futura utilização; nessas turbinas, a pressão do vapor de escape é sensivelmente superior à atmosférica; Figura 6 – Turbina de contrapressão (DÍEZ, 2007). Segundo o estado do vapor (pressão e temperatura) antes de entrar na turbina: xiv. Turbinas de vapor vivo, quando o fluido passa diretamente desde a caldeira até a turbina; xv. Turbinas de vapor de escape, quando utilizam a energia contida no vapor procedente de outras maquinas; xvi. Turbinas de vapor saturado; xvii. Turbinas de vapor re-aquecido. 28 Com base no exposto, pode-se relacionar, na Tabela 6, os tipos característicos de turbinas a vapor usuais no mercado (uma vez que existem muitos outros tipos idealizados, porém sem aplicação prática). Tabela 6 - Classificação e tipos característicos de turbinas a vapor (LUCINI, 1966). Simples estágio Laval axial Seger radial Electra de velocidade tangencial Riedler-Stumpf de pressão Zoelly sobre toda a turbina Curtis Ação Vários estágios mistos sobre os estágios de alta pressão Rateau axial Parsons Sem estágios de ação radial Ljungström Reação Com estágios de ação Browm Boveri 29 3 CARACTERÍSTICAS ADIMENSIONAIS 3.1 INTRODUÇÃO Determinados problemas tanto da mecânica dos fluidos quanto da termodinâmica ou então da transferência de calor não têm uma solução analítica determinada, e para isto, muitas vezes se torna necessário utilizar métodos experimentais para estabelecer relações entre as variáveis de interesse, porém, como geralmente estudos experimentais são muito caros, é necessário manter estes procedimentos em um nível mínimo. Para tanto se pode utilizar o método da análise dimensional em que todos os termos de uma equação têm as mesmas dimensões como condição e o método da semelhança que é o estudo da previsão das condições do protótipo a partir de observações de modelos. Na evolução das turbomáquinas a vapor é considerada primordial a investigação experimental com modelos reduzidos. 3.2 ANÁLISE DIMENSIONAL GENERALIZADA Segundo Fox, McDonald e Pritchard (2006), análise dimensional é uma técnica que objetiva o estabelecimento de relações entre variáveis que influenciam um determinado fenômeno físico a ser estudado. Tais relações, obtidas na forma adimensional indicam a influência de cada variável no fenômeno que se esta estudando. Para tanto, existem dois métodos utilizados que são o método de Rayleigh e o de Buckingham. O método de Rayleigh, em homenagem ao Lord Rayleigh (1842 - 1919) usa álgebra para determinar as relações entre as variáveis. Ao mesmo tempo em que este método pode ser utilizado para qualquer número de variáveis, o mesmo torna-se relativamente complexo e com isto não é geralmente utilizado para mais que quatro variáveis. 30 Como exemplo, pode-se imaginar um fluxo laminar, a tensão de cisalhamento τ é função da viscosidade dinâmica do fluido μ, da diferença de velocidade du entre lâminas adjacentes e separadas por uma distância dy. Em primeiro lugar, deve-se escrever uma relação funcional entre as variáveis: ( )dy,du,f μ=τ Supondo )dydu(K cbaμ=τ Escreve-se uma equação dimensional dentro do sistema FLT ou MLT conforme abaixo: ( ) ( ) ( ) ( )cb1a22 LLTTFLKFL −−− = Resolvendo a equação dimensional por expoentes: � μ du dy Força F 1= a+ 0+ 0 Comprimento L -2= -2a+ b+ c Tempo T 0= a- b+ 0 Com isto, tem-se que a solução é: ,1=a 1=b , 1−=c . Inserindo os expoentes na equação tem-se que: ( ) ( )111cba dyduKdyduK −μ=μ=τ , ou � � �� � � τ μ= dy. duK . Isto foi baseado na suposição de que ( )cb0 dyduK μ=τ . O relacionamento geral é ( )dydufK τμ= . O relacionamento funcional não pode ser obtido através de análise dimensional e somente análises físicas e ou experimentais podem determinar esta relação. De ambas análises, tem-se: dy duμτ = O método de Buckingham, ou teorema dos πs de Buckingham, devido a Edgard Buckingham (1867 – 1940) serve para o mesmo propósito que o método de Rayleigh expressando uma variável em termos de variáveis dependentes. O teorema dos πs é preferido quando o número de variáveis excede quatro. Esse método afirma que (n-m) grupos dimensionais de variáveis, chamados parâmetros π, em que m é o numero de dimensões básicas incluídas nas variáveis, 31 podem ser relacionados por π1=f1(π2,π3,…,πn-m), em que π1 inclui a variável dependente e os parâmetros π remanescentes incluem apenas variáveis independentes. O procedimento usado na aplicação do teorema dos πs é resumido como segue: 1. Escrever a forma funcional da variável dependente em função das (n-1) variáveis independentes. Neste passo é necessário que se conheça o fenômeno a ser estudado. Quantidades que não têm influência sobre a variável dependente não devem ser incluídas. Também não devem ser incluídas variáveis que dependam umas das outras. 2. Identificar as m variáveis repetitivas, isto é, variáveis que serão combinadas com cada variável restante para formar os parâmetros π. As variáveis repetitivas selecionadas das variáveis independentes devem incluir todas as dimensões básicas, mas não devem formar um parâmetro π sozinhas. 3. Formar os parâmetros π combinando as variáveis repetitivas com cada uma das variáveis remanescentes. 4. Escrever a forma funcional dos (n-m) parâmetros π adimensionais. A aplicação deste teorema da forma exposta resulta na determinação de diversas relações adimensionais, que representam o intrínseco relacionamento entre as variáveis representativas do comportamento físico-matemático do problema em estudo. 3.3 RELAÇÕES CARACTERÍSTICAS As relações obtidas para o estudo das turbomáquinas, indicam a necessidade do conhecimento de grandezas tais como: trabalho específico isoentrópico (Y), vazão mássica ( )m� , vazão volumétrica (Q), diâmetro (D), velocidade tangencial (u), velocidade absoluta (c), massa especifica ( )ρ , viscosidade dinâmica ( )μ , peso específico ( )γ , rotação (n) e outras dimensões ou grandezas que possam estar presentes no estudo de semelhança entre modelo e protótipo. 32 Esta necessidade vem do fato que a partir de tais relações liga-se as grandezas conhecidas com aquelas que serão obtidas a partir de coeficientes determinados por análises de equipamentos existentes e com desempenho comprovado. Tal desempenho se faz necessário ser conhecido para que as estimativas de grandezas de projeto, que serão feitas através desses coeficientes, possam se aproximar de valores ótimos, conseqüentemente neste ponto está incluído o rendimento da transformação de energia térmica em energia mecânica. No caso das turbomáquinas a vapor têm-se as seguintes relações descritas nos tópicos seguintes. 3.3.1 Coeficiente de pressão ( )ψ Este coeficiente expressa a relação entre o trabalho específico (queda entálpica) e a energia específica correspondente à velocidade tangencial do rotor para cada estágio de uma turbomáquina a vapor. No cálculo deste coeficiente, deve ser evidenciado para qual o ponto da pá escolhido (mínimo, médio ou máximo) será calculada a velocidade tangencial. Portanto, o coeficiente de pressão terá o mesmo valor para todas as turbomáquinas geometricamente semelhantes se determinado para o mesmo ponto. Normalmente calcula-se para a ponta da pá (ponto máximo). Segundo Pfleiderer (1960) o coeficiente de pressão é determinado para cada estágio pela equação (1). 2u Y2=ψ (1) 3.3.2 Coeficiente de volume ou vazão ( )ϕ Coeficiente que expressa a relação entre a vazão volumétrica da turbomáquina e o produto de uma vazão fictícia obtida de uma seção do rotor fixada, pela velocidade tangencial para esta seção. Tanto a vazão volumétrica quanto a velocidade tangencial necessitam de uma definição para qual ponto foi escolhida a sua determinação. A vazão volumétrica (Q) para o caso de turbomáquinas a vapor é aquela medida na saída 33 do estágio. A velocidade tangencial normalmente é calculada para a ponta da pá (ponto máximo). Conseqüentemente para este ponto, determina-se a seção de passagem (A), e o coeficiente de volume que também segundo Pfleiderer (1960), é calculado pela equação (2). uA Q=ϕ (2) sendo 4 DD A 2 i 2 e saída −π= . Quando opta-se pela razão entre velocidades, o coeficiente de vazão é expresso pela equação (3), sendo ac a componente axial da velocidade absoluta e eu a velocidade tangencial calculada para o ponto máximo da pá (diâmetro externo). e a u c=ϕ (3) 3.3.3 Coeficiente de potência (�) Coeficiente que expressa a relação entre a potência eficaz e a potência fictícia. Para turbomáquinas a vapor, considerando o rendimento interno total do estágio da turbomáquina ( )tη , a expressão fica, segundo Bran e Souza (1969): ( ) ( )2 i 2 e 3 t 32 i 2 e t DDu Ym8 8 uDD YQ −πρ η= −π η=λ � (4) que, de outra forma, pode-se também ser escrito como: tη⋅ϕ⋅ψ=λ (5) 34 3.3.4 Número de Reynolds (Re) O Número de Reynolds é um parâmetro adimensional comumente utilizado para transposição de valores de rendimentos de modelos para protótipos. Os dados experimentais de rendimento versus Número de Reynolds (Re) são obtidos para serem utilizados como base para o cálculo de turbinas. Diferentemente da forma clássica para definição de Re, utiliza-se o diâmetro hidráulico ( )hD definido para uma seção de passagem do fluxo normalmente no ponto máximo da pá, equação (6), P A4 Dh = (6) que para uma seção anular fica: ieh DDD −= , que é a altura da pá . 3.3.5 Rotação específica (nq) Para o dimensionamento das turbomáquinas há necessidade do conhecimento da vazão e do trabalho específico disponível. Esta necessidade origina-se do fato de que a partir de tais grandezas pode-se obter outras tais como rotação, diâmetros, velocidades, etc. Para Dias, Magalhães Filho e Oliveira (1978) a ligação entre as grandezas conhecidas e aquelas que serão determinadas é feita através de coeficientes adimensionais obtidos por ensaios em modelos e máquinas para as condições ótimas de funcionamento. Souza, Fuchs e Santos (1983) relatam que devido à existência de diversos tipos de máquinas de fluxo, cada uma tem suas características geométricas, atendendo a uma faixa de vazão e de diferenças entálpicas, no entanto, não basta selecionar uma máquina de fluxo apenas pela vazão e pela carga que pode estar sujeita. Não basta que a máquina de fluxo funcione. Ela tem que funcionar bem, ou seja, além de fornecer a potência que se necessita, deve responder com o melhor rendimento possível. 35 Para conseguir isso, deve-se escolher a geometria conveniente para cada instalação. Entretanto, não é muito simples. Quando somente é conhecida a vazão, ou somente a diferença entálpica como referência, seria feita a classificação das máquinas de fluxo segundo essa grandeza, e tudo estaria resolvido. Mas, como as duas grandezas devem ser levadas em consideração, aparecem algumas dificuldades, pois à medida que a importância de uma aumenta, a da outra diminui. Desse modo, não há condições para se escolher apenas pelo valor da vazão ou pelo valor da diferença entálpica, pois ambas devem ser consideradas. Isso torna necessário definir grandezas ou relações, e modelos matemáticos, que possam verificar a importância dessas grandezas (uma em relação à outra), e que transformem essas relações num valor numérico. Utilizando-se de uma máquina hidráulica para equacionamento, tem-se: Máquina unidade Seja uma máquina de fluxo real que opere com uma rotação “n” e tenha um diâmetro de rotor “D”. Colocando essa máquina de fluxo num banco de testes, e levantando suas características, têm-se: Vazão Q Q1 Q2 Q3 ... ... Altura de carga H H1 H2 H3 ... ... Rendimento total η η1 η2 η3 ... ... Com esses valores, calcula-se os coeficientes de pressão e o de vazão. Coeficiente de pressão – que relaciona o trabalho específico e a energia cinética correspondente à velocidade tangencial do rotor, que pode ser mostrado de outra forma (equação (7)): HKH Dn g Dn Hg 12222 ===ψ (7) 36 Coeficiente de volume ou vazão - que relaciona a vazão da máquina e uma vazão fictícia, obtida pelo produto de uma seção do rotor fixada e a velocidade tangencial dessa seção, que mostrado de outra forma, fica (equação (8)): QKQ Dn 1 Dn Q 233 ===ϕ (8) Portanto, cada par de vazão e altura Q-H dá origem a um par de adimensionais ϕ−ψ , que podem ser graficamente representadas. As curvas determinadas por esse método pertencem a uma família de máquinas de fluxo geometricamente semelhantes à máquina de fluxo ensaiada, tendo todas as máquinas da família um mesmo rendimento máximo. O rendimento é afetado pela geometria, que por sua vez deve ser projetada e fabricada para atender às especificações desejadas, sem importar o valor da vazão ou da altura de queda. Escolhendo corretamente, tem-se como resposta o melhor rendimento possível, mesmo que esse rendimento não seja muito alto, pois isso depende do tipo de serviço. Tomando como referência as curvas universais determinadas na bancada de testes, escolhem-se duas máquinas de fluxo pertencentes à família, uma considerada modelo (m) e outra protótipo (p). Como existe semelhança geométrica, pode-se impor semelhança completa e igualar os adimensionais, ou seja: pm ψ=ψ 2 m 2 mm Dn g H ϕ= 2 p 2 pp Dn g H ψ= → dividindo membro a membro, tem-se: 2 P m 2 p m P m D D n n H H � � � � � � = analogamente, ϕm = ϕp 37 3 p m p m p m D D n n Q Q � � � = Elevando a primeira equação ao cubo e a segunda ao quadrado, tem-se: 6 p m 6 p m 3 P m D D n n H H � � � � � � =� � � 6 p m 2 p m 2 p m D D n n Q Q � � � � � � =� � � Dividindo membro a membro: 4 p m 2 p m 3 p m n n Q Q H H � � � = � � � � � � (9) Observando a equação (9), nota-se a importância da vazão, da carga e da rotação de duas máquinas de fluxo pertencentes a uma mesma família, na condição especial de semelhança completa. Entretanto qualquer máquina da família pode servir de modelo, bastando que todos os seus dados sejam conhecidos. Contudo, trabalhando com máquinas reais, não se pode generalizar, pois é uma condição particular de cada fabricante, ou seja, o modelo escolhido serve apenas para aquela família. Para universalizar esse procedimento, as entidades, pesquisadores e fabricantes decidiram generalizar, definindo uma máquina especial que pudesse ser considerada como modelo para qualquer família. Essa máquina recebeu o nome de Máquina Unidade, com as seguintes características: - máquina de fluxo fictícia; - serve de modelo para qualquer família; - definida para o ponto de máximo rendimento da família (qualquer que seja ela) - H = 1m; Q = 1m3/s. 38 Na equação (9), além das cargas e das vazões, tem-se as rotações de duas máquinas de uma família. Utiliza-se a Máquina Unidade como modelo e uma máquina real qualquer como protótipo, para determinar-se a rotação dessa máquina especial, que será denominada rotação específica (nq). Modelo = Unidade � H = l m Q = l m3 / s n = nq Protótipo = real � H Q n Substituindo na equação (9) tem-se a equação (10): 4 q 2 3 n n Q 1 H 1 � � � = 4 2 3 4 q n 1 Q H 1 n = 4/3 2/1 q H Q nn = (10) Então, a rotação específica é a rotação que a Máquina Unidade deve ter, para ser admitida numa determinada família, com H = 1 m; Q = 1 m3/s, utilizando o ponto de máximo rendimento. É também conhecida como velocidade específica ou nº de Brauer. A importância da determinação da rotação específica resulta de que a mesma fornece um termo de comparação entre as diversas máquinas sob o ponto de vista da velocidade, e de ser o seu valor, decisivo na determinação do formato do rotor a empregar para atender a um número de rotações n, a uma vazão Q e a uma carga H. Quando se substitui na equação (9) a vazão (por exemplo), da Máquina Unidade, foi utilizado 1 m3/s, e a vazão da máquina real foi substituída por ‘Q’, em ‘m3/s’, 39 procedimento feito para manter a relação adimensional. No entanto, apenas a vazão ‘Q’ aparece na fórmula, devendo entrar obrigatoriamente em ‘m3/s’, para cancelar com a mesma unidade da vazão da máquina. Da mesma forma, acontece com a carga. Desse modo pode-se escrever no sistema métrico: ( ) s/m1 m1 H Q nn 3 4/3 4/3q = ⏐--------------------� adimensional Dessa forma, a unidade utilizada é a mesma tanto para ‘n’ quanto para ‘nq ’. Usualmente tem-se: n →rpm conseqüentemente nq →rpm Em algumas tabelas ou gráficos, é comum encontrar a rotação específica americana ‘nq usa’, correspondente à Máquina Unidade americana. A diferença está nas unidades, pois a Máquina Unidade americana é definida para: H = 1 pé, e Q = 1 gpm. A unidade do ‘nq usa’, é a mesma do ‘n’ utilizado (rpm), no entanto, numericamente o valor é diferente do ‘nq’ métrico ( nq usa = 52 nq ). Uma outra forma de definir as grandezas da Máquina Unidade é utilizar a potência, como unitária (H = 1 m e P = 1 cv ou em kW), ao invés da vazão, resultando numa outra forma de expressar a rotação específica (ns), que leva em conta um rendimento arbitrado inicialmente, mostrado nas equações (11). Calculando ‘ns’, tem-se: q 5,0 ts n121,3)kW(n η= q 5,0 ts n643,3)cv(n η= (11) Considerando o trabalho específico, no estudo teórico, o coeficiente que leva em conta a magnitude da aceleração da gravidade no local da instalação da turbina, é denominado “nq A”, equação (12), e quando se utiliza “n” em rps (nq A = 3,01 nq ). 40 ( ) 43 21 3 43 21 3 Aq Y Q n10 Hg Q n10n == (12) Para as turbomáquinas a vapor Mataix (1973) recomenda que a rotação específica seja calculada utilizando-se a equação (13): 43 21 q Y Q n543,5n = (13) sendo: Y = queda entálpica entre a entrada e saída da turbomáquina [J/kg]; n = rotação da turbomáquina [rpm]; Q = vazão volumétrica média entre a entrada e saída da turbomáquina [m3/s] O cálculo da vazão volumétrica pressupõe que a vazão mássica se mantém constante ao longo da turbomáquina. Em máquinas de mais de um estágio o valor de Y é uma fração proporcional ao número de estágios. 3.3.6 Relação diâmetro médio do rotor versus altura da pá (l/Dm) Em uma máquina axial é fundamental a análise da relação l/Dm , o que tem influência sobre a forma do rotor e com isto a rotação específica, sendo: l = a média aritmética dos comprimentos radiais das pás, e Dm = o diâmetro do rotor medido até a metade das pás. Esta relação também varia com a magnitude do grau de reação do estágio (Ω) e com o grau de admissão (ε), conforme Mataix (1973), representada na Tabela 7. É recomendado que esta relação não ultrapassa o valor de 0,33. 41 Tabela 7 - Relação diâmetro médio do rotor versus altura da pá Grau de reação Grau de admissão l/Dm Rotação específica 1 0,05 16,7 1 0,015 9,12 0,5 0,015 6,45 0 0,05 0,015 2,05 1 0,25 62,5 0,5 1 0,05 28 Mesmo tendo enumerado os parâmetros adimensionais, não se pode prever um comportamento adequado sem levar em conta a qualidade da manufatura, visto que as partes componentes das turbomáquinas são usinadas após o processo de fabricação (soldagem, estampagem, fundição, forjamento, etc.). Para tanto o projetista deve também conhecer a forma de estimar as perdas internas. 42 4 PERDAS QUE DETERMINAM O RENDIMENTO TOTAL 4.1 INTRODUÇÃO Considerando uma turbina ideal, o processo de expansão do vapor é assumido isentrópico, e a única perda que requer atenção é a perda do condensado devido às partes frias da máquina. Em uma turbina real, além da perda por condensado, outras perdas devem ser relacionadas como, por exemplo, o resultado do atrito e da turbulência da vazão de vapor, ou devido ao vazamento de vapor através das várias folgas. Além destas, o trabalho das turbinas é sempre acompanhado por perdas mecânicas devido ao atrito entre os mecanismos e mancais, e caso opere fora do ponto de projeto, as perdas por choque também devem ser consideradas. Husain (1984), classifica estas perdas em perdas internas e externas onde as perdas internas estão relacionadas com a vazão de vapor através das pás e acompanhadas com mudanças na condição do vapor, e perdas externas, aquelas que não tem influência direta sobre as condições do vapor e podem ser denominadas por perdas mecânicas, como por exemplo, o atrito entre as partes móveis. 4.2 PERDAS INTERNAS Para Bran e Souza (1969), as perdas internas nas máquinas de fluxo provêem principalmente de três fontes: atrito entre superfícies, fugas de fluido e atrito em labirintos. Para Husain (1984), estas perdas podem ser classificadas por perdas nos injetores, perdas devido ao atrito dos discos e ventilação, perdas devido a folgas axiais e radiais, perdas devido à umidade do vapor nos últimos estágios, perdas por condensado no início do processo, devido às partes frias, perdas no movimento das pás, perdas de transição, entre outras. 43 4.2.1 Perdas na admissão Estas perdas são aquelas ocorridas antes da entrada do vapor na turbomáquina propriamente dita. As perdas mais consideráveis na admissão ocorrem na válvula de fechamento rápido, no filtro de vapor embutido nesta válvula, nas válvulas de controle, como também na caixa dos injetores. Assim, essas perdas fazem com que a pressão nos injetores seja menor que a pressão do vapor de admissão no flange de entrada da turbina. A entalpia do vapor permanece, entretanto, inalterada durante esse estrangulamento. A perda na admissão é definida pela equação (14): 2 c p 2 ⋅ρ⋅ζ=Δ [Pa] (14) sendo: � = coeficiente de resistência ao fluxo de vapor ρ = massa específica do vapor [kg/m3] c = velocidade do vapor [m/s] A mecânica dos fluidos mostra que a velocidade exerce grande influência nas perdas de pressão, isto significa que a velocidade do vapor deve ser mantida baixa. Quanto à resistência ao fluxo, baixos coeficientes são obtidos evitando-se bruscas alterações nos trajetos do vapor e por rápidas variações na seção transversal das áreas de passagem. Para efeito de projeto, segundo Hussain (1984), uma queda de pressão considerando a válvula totalmente aberta não deve ultrapassar 5% da pressão inicial antes da entrada na válvula (p0) e em turbomáquinas modernas, esta queda de pressão é consideravelmente reduzida para 2 a 3% e em alguns casos até menor. Para efeito de projeto fica: ( ) 0p05,0a03,0p =Δ (15) 44 4.2.2 Perdas nos injetores e aletas Para Mataix (1973), as perdas nos injetores podem ser divididas em dois grupos: • Perdas de superfície que são as perdas devidas ao atrito na camada limite. • Perdas por desprendimento da camada limite e formação de turbilhonamentos. Denominam-se perdas de forma, aumentam com a divergência do injetor (o ângulo de divergência não deve ser inferior aos 10 a 12º) e, por tanto, aumentam ao fazer o injetor mais fechado. Também aumentam ao diminuir o número de injetores, porque a corrente de vapor será guiada inadequadamente. Para Husain (1984), estas perdas podem ser classificadas em 3 grupos: • Perdas de perfil. Estas perdas devem-se ao crescimento da linha de contorno e perdas devido à turbulência na passagem. • Perdas secundárias. São as perdas atribuídas ao atrito das paredes variando com a altura da aleta e perdas no canal entre aletas e periferia das mesmas. • Perdas por choque. 4.2.2.1 Perdas de perfil As perdas de perfil têm origem na viscosidade do vapor e são determinadas pela geometria e condições de operação. Como efeitos importantes, pode-se citar o formato do perfil, ângulo de ataque, a relação entre o passo da pá (t) e o comprimento da corda do perfil (L) conforme demonstrado na Figura 7, assim como a rugosidade da superfície do injetor e da aleta. 45 Figura 7 – Desenvolvimento cilíndrico de uma grade (MATAIX, 1973) Como efeito das condições de operação, pode-se incluir o ângulo de entrada, velocidade sônica do vapor (número de Mach), o número de Reynolds e o grau de turbulência do fluxo na entrada. Os principais parâmetros do formato do perfil que influenciam as perdas são devidos à espessura do perfil e a espessura da aresta de saída. Quanto mais delgada e menos acentuada a curvatura do perfil, menores serão as perdas. A espessura da aresta de saída ou arraste não pode ser reduzida à espessura aerodinâmica ótima, tendo em vista que uma fina aresta de saída é sensível a danos mecânicos, assim, deve-se buscar uma solução ótima entre as propriedades aerodinâmicas do perfil e sua resistência mecânica. Segundo Albert (2000), três parâmetros devem ser inspecionados durante a manutenção das turbomáquinas a vapor a fim de evitar perdas aerodinâmicas. Estes parâmetros são a espessura da extremidade da aleta, perfil da borda e comprimento da aleta. Na Figura 8 é possível estimar a perda de eficiência para diferentes espessuras de borda. 46 Figura 8 - Perda estimada de eficiência no estágio para diferentes espessuras de borda (ALBERT, 2000) A rugosidade superficial do perfil da aleta tem influência considerável sobre as perdas para um número de Reynolds alto, isto é, com fina espessura da camada limite. Número de Reynolds muito pequeno, só poderá ter efeito sobre as perdas se ocorrer separação do fluxo pelo perfil, em um número abaixo do Reynolds crítico. O grau de turbulência é o fator necessário para estabelecer o número de Reynolds com o qual ocorre a separação do fluxo. Quanto maior o grau de turbulência, menor será o número de Reynolds correspondente na separação do fluxo. Segundo Albert (2000), a rugosidade do injetor no lado da sucção afeta três vezes mais a eficiência no estágio que o lado de pressão. Também devido à alta queda de pressão através dos injetores relativos aos perfis dos estágios de ação, 75% das perdas causadas no estágio são causadas pela falta de acabamento superficial nos injetores. A Figura 9 apresenta a perda aproximada por estágio em função do acabamento superficial para turbomáquinas a vapor GE. 47 Figura 9 – Perda aproximada de eficiência no estágio e função do acabamento superficial (ALBERT, 2000) O Número de Mach também é outro fator que influência as perdas nos perfis. As perdas aumentam caso as pás projetadas para Número de Mach baixo for operada com Número de Mach subsônico alto. A eficiência do perfil é influenciada pelas condições de operação, visto que para turbinas com velocidade variável, o ângulo do fluxo de entrada dos perfis varia consideravelmente. Deve-se projetar para este tipo de turbina, aletas de modo que as mesmas sejam na medida do possível insensíveis a tais variações. 4.2.2.2 Perdas secundárias As perdas secundárias nas aletas são afetadas pela relação entre a altura da aleta e o comprimento da corda do perfil, como também pela rotação e aceleração do fluxo através da grade. A perda secundária torna-se menor quanto maior for a relação entre a altura e o comprimento da corda, e menor à rotação e maior a aceleração do fluxo. Para aletas em que a relação entre a altura e a corda do perfil é menor que 1, as perdas secundárias crescem bruscamente, de modo que para turbinas de alta eficiência esta relação não resulta menor que 1,25. 48 4.2.2.3 Perdas por choque As perdas por choque ocorrem próximas às velocidades sônicas críticas. O efeito destas perdas é a redução da velocidade do vapor emitido pelo injetor e é indicado pelo coeficiente de perda de velocidade chφ . Estes valores são obtidos através de ensaios experimentais e dependem de algumas dimensões do injetor como comprimento, altura, curvatura, atrito das paredes, velocidade do fluido e forma das passagens das aletas. Segundo Husain (1984), os coeficientes de perda de velocidade para vários tipos de injetor são: • chφ = 0,93 a 0,94 para injetores sem acabamento (alta rugosidade); • chφ = 0,95 a 0,96 para injetores usinados; • chφ = 0,96 a 0,97 para injetores lisos. Em injetores convergentes-divergentes, quando a queda de pressão esta abaixo da crítica, ondas de choque influem na vazão e, como resultado, o coeficiente de perda de velocidade chφ é reduzido. A perda de entalpia nos injetores pode ser determinada pela equação (16): 0chch hh ⋅ξ=Δ [J/kg] (16) sendo: 2 chch 1 φ−=ξ chξ = coeficiente de perda no injetor; h0 = entalpia na entrada do injetor [J/kg]. Para o propósito de projeto, os valores do coeficiente de perda de velocidade podem ser tomados do gráfico apresentado na Figura 10. 49 Figura 10 - Coeficiente de perda de velocidade chφ para injetores convergentes em função do comprimento do injetor (MATAIX, 1973). O somatório das perdas no injetor ou nas aletas é representado ao longo de uma linha adiabática e uma linha horizontal traçada até a intersecção da linha de pressão constante p2. O ponto resultante caracterizará o estado do vapor ao fim do injetor ou aleta conforme pode ser observado na Figura 11. Figura 11 - Representação das perdas em um diagrama h-s (HUSAIN, 1984). a2t 50 4.2.3 Perdas de transição Bran e Souza (1973), indicam que a perda na transição (Δh3), equação (18) pode ser colocada em função do grau de reação teórico do estágio (Ωt), denotando o subíndice 3 como sendo a transição entre as partes fixas e móveis (Θ3), calculado pela equação (17): tΩ⋅−=Θ 08,094,03 (17) ( ) 2 343 w5,0h Θ=Δ [J/kg] (18) As perdas originadas da transição do vapor entre as partes móveis e fixas (Δh6), Bran e Souza (1973), indicam este tipo de perda, em função de 6Θ , como segue: • 9,08,0 6 ≤Θ≤ , quando há distância grande entre os estágios, como ocorre nos estágios das turbinas de ação com estágio de pressão. • 95,09,0 6 ≤Θ≤ , quando a distância é pequena, como ocorre nos estágios das turbinas de reação e de ação com estágios de velocidade. ( ) 2 656 c5,0h Θ=Δ [J/kg] (19) 4.2.4 Perdas no rotor Segundo Husain (1984), este tipo de perda é associado a diversos fatores como perdas na entrada, perdas por atrito, perdas por mudança de direção e perdas por escorregamento. Como perdas na entrada, entende-se a perda decorrente dos jatos de vapor incidindo nas pás. Esta perda depende do formato do perfil da pá na entrada e é mais considerada nos perfis de ação que nos de reação, devido às altas velocidades. 51 As perdas por atrito são as perdas relativas ao vapor quando o mesmo passa pelas pás encontrando atrito devido à natureza do acabamento superficial conforme foi verificado no item 4.2.3. As perdas por mudança de direção são atribuídas à passagem do vapor pelas pás e dependem do ângulo do canal entre as mesmas. Atualmente é possível construir pás com altos valores deste ângulo, com perdas mínimas, devido à evolução dos processos de fabricação (brunimento com carbeto de tungstênio). Perdas por escorregamento são as perdas encontradas na ponta da pá e dependem exclusivamente do formato da ponta da pá, ou seja, quanto maior for a espessura naquele ponto, maior será a perda por escorregamento. 4.2.4.1 Perdas devido ao atrito do rotor e ventilação É a perda ocasionada pela rotação do rotor em uma atmosfera envolvida pelo fluido que o atravessa. Neste caso, o fluido se adere ao rotor por sua viscosidade e circula desde o eixo até o diâmetro externo formando assim as correntes anulares as quais, absorvem uma parte da energia disponível ao rotor (Figuras 12 e 13). Figura 12 – Movimento do vapor entre o disco, carcaça e eixo (MATAIX, 1973) 52 Figura 13 – Linhas de contorno entre o disco e a carcaça (HUSAIN, 1984). As perdas por ventilação, são atribuídas somente aos estágios de admissão parcial, ou seja, nos estágios em que 1�ε , onde ε é o grau de admissão definido conforme equação (20): totalnciacircunfere da ocompriment injeção de arco do ocompriment=ε (20) A origem destas perdas é porque as pás que não estão em atividade (não estão em contato direto com o vapor) são conduzidas por aquelas que naquele momento estão em contato com o fluido. Com isto, o rotor nestes pontos trabalha como um ventilador quando deveria trabalhar somente como turbina, absorvendo parte da energia transmitida ao rotor. Para se determinar à magnitude destas perdas, que são perdas de potência, varias fórmulas empíricas são apresentadas. Mataix (1973), apresenta duas formas de cálculo; sendo a primeira, considerando-se a perda de potência por atrito do rotor radial conforme apresentado na equação (21), a segunda considerando-se a perda de potência por atrito do rotor axial 53 conforme a equação (22) e a perda por ventilação conforme a equação (23). As perdas por ventilação em turbomáquinas de admissão parcial são muito mais importantes que as perdas por atrito. 53 r Dn027,0N ⋅⋅ρ⋅= [W] (21) sendo, ρ = massa especifica [kg/m3] n = rps D = diâmetro externo do rotor [m] 5 m 3 r Dn0095,0N ⋅⋅ρ⋅= [W] (22) sendo, Dm = diâmetro do rotor medido até a metade das pás [m] ( ) �⋅⋅⋅ρ⋅⋅ε−= 4 m 3 v Dnk1N [W] (23) sendo, � = é a media aritmética dos comprimentos radiais das pás [m] k = é um coeficiente experimental. Para as turbinas Curtis em que este tipo de atrito é muito importante, pode-se usar a relação segundo Husain (1984): k = 3,8 para rotores simples; k = 4,5 para rotores duplos; k = 6,0 para rotores triplos. Stodola, segundo Mataix (1973) propõe um cálculo onde se leva em consideração tanto a perda por atrito, quanto a perda por ventilação ficando conforme equação (24): 54 ( )[ ] ρ⋅⋅⋅ε−+⋅⋅λ= 6 3 5,1 m 5,2 mrv 10 u D1m.61,0D07,1N � [kW] (24) onde, λ = 1 para vapor altamente superaquecido λ = 1,1 a 1,2 para superaquecido λ = 1,3 para vapor saturado m = número de estágios de velocidade no rotor u = velocidade tangencial no meio da pá [m/s] � = comprimento radial das pás [cm] Segundo Husain (1984), tal perda é calculada pela equação (25): 1034 mv 10nDN −⋅ρ⋅⋅⋅⋅θ= � [kW] (25) sendo, θ = 1,76 para rotor simples θ = 2,06 para rotor duplo θ = 2,8 para rotor triplo � = comprimento radial das pás [cm] 4.2.5 Perdas por umidade Esta perda é ocasionada devido às gotas de água contidas no vapor nos últimos estágios da turbomáquina. Estas gotas possuem velocidade menor que o vapor em escoamento causando com isto a perda de rendimento do estágio. Segundo Husain (1984) a perda entálpica causada pela umidade no vapor é função da perda entálpica para a condição de saída na situação de vapor saturado seco, calculada pela equação (26): ( ) osecúmido hx1h Δ−=Δ [J/kg] (26) 55 O título do vapor (x) deve ser considerado quando da determinação da eficiência do estágio, estimado pela equação (27): xosecúmido ⋅η=η (27) 4.2.6 Perdas intersticiais Para a estimativa deste tipo de perda, deve-se estudar separadamente as turbomáquinas de ação e de reação. 4.2.6.1 Perdas intersticiais em turbomáquinas de ação Nas turbomáquinas de ação, devido à expansão do vapor nos injetores, existe uma diferença de pressão dos dois lados do conjunto rotor-diafragma. O diafragma é um elemento fixado na carcaça da turbomáquina, que tem a função de reter a massa de vapor que atravessa os injetores (Figura 14). Figura 14 – Representação do diafragma (HUSAIN, 1984). 56 Figura 15 – Selos laribirinto (HUSAIN, 1984). Quando do funcionamento da turbina, tem-se uma folga entre o diafragma e o rotor. Por esta folga tem-se uma perda devido à fuga de vapor causando uma diminuição na queda entálpica útil do estágio. Para se reduzir esta perda, labirintos são colocados entre o diafragma e o rotor a fim de se minimizar a fuga de vapor por esta folga (Figura 15). Para calcular a massa de vapor que escapa através dos interstícios, diversos autores já citados neste trabalho utilizam a equação (28): υ ⋅= cf m s vaz � [kg/s] (28) sendo, υ = volume específico do vapor [m3/kg] fs = área de passagem do vapor no espaço entre interstícios [m2] c = velocidade do vapor na folga [m/s] 57 A perda de entalpia devido a este vazamento (interstícios) pode ser determinada pela equação (29): ( )20 vaz vazamento hh m m h −⋅=Δ � � [kJ/kg] (29) sendo, m� = vazão mássica total de vapor [kg/s] vazm� = vazão mássica de vapor através dos interstícios [kg/s] h0 = entalpia do vapor antes do diafragma [kJ/kg] h2 = entalpia do vapor após as pás, incluindo todas as perdas, exceto as relativas aos interstícios [kJ/kg]. 4.2.6.2 Perdas intersticiais em turbomáquinas de reação Nas turbomáquinas a vapor de reação, as perdas intersticiais são aquelas decorrentes da folga axial (δ) entre as aletas e o rotor, e entre a carcaça e o rotor conforme ilustrado na Figura 16. Figura 16- Folgas radiais em estágio de reação (HUSAIN, 1984). 58 Para o projeto de turbomáquinas a vapor de reação, a perda intersticial é determinada pela equação (30) empírica de Anderhub, sugerida por Mataix (1973). estágio 4,1 vr h19,7h Δ⋅δ⋅=Δ � [kJ/kg] (30) sendo, δ = folga radial [mm] �= altura da pá [mm] Δhestágio = queda de entalpia através do estágio [kJ/kg] 4.3 PERDAS EXTERNAS Como perdas externas pode-se incluir todas aquelas relativas às perdas mecânicas causadas, por exemplo, pelo atrito do eixo da turbina e os mancais, bombas e outros elementos, ou seja, todas aquelas que não estão relacionadas com a vazão de vapor através das pás, e não tenham influência direta sobre as condições do vapor. Pode-se expressar as perdas mecânicas ( ' mhΔ ) em unidades térmicas conforme a equação (31): m N h m' m � =Δ [kJ/kg] (31) sendo, Nm = potência mecânica perdida [kW] m� = vazão mássica total de vapor [kg/s] 59 5 ESTIMATIVAS E CÁLCULOS Com as informações obtidas de fabricantes de máquinas instaladas e em funcionamento no Brasil (Apêndice B) foi elaborada a Tabela 8. Estes dados possibilitaram a elaboração dos gráficos apresentados nas Figuras 17 a 25. Tabela 8 – Dados obtidos de máquinas instaladas no Brasil O rendimento interno total foi calculado efetuando a razão entre a diferença real de entalpias nos pontos de entrada e saída das máquinas e a queda entálpica isoentrópica. As Figuras 17 e 18 mostram os gráficos deste rendimento por classe de potência. máquina classe rendimento velocidade rotação específica potência interno tangencial relação coeficiente de pressão coeficiente de potência coeficiente de vazão real total na ponta l/Dm médio por estágio médio por estágio médio por estágio nq MW m/s real real real rpm 1 0,21 0,670 113,1 0,043 15,272 8,233 0,804 7,319 2 0,37 0,652 164,9 0,059 6,985 5,499 1,207 18,485 3 0,41 0,785 207,1 0,077 10,471 9,097 1,107 14,689 4 0,55 0,613 172,8 0,043 5,985 5,040 1,373 19,313 5 0,66 0,754 194,8 0,043 15,473 13,174 1,128 8,586 6 0,66 0,785 200,3 0,059 11,942 11,186 1,193 12,289 7 0,88 0,659 180,6 0,034 5,884 5,974 1,541 18,610 8 1,03 0,777 194,8 0,043 12,494 13,898 1,432 11,353 9 1,1 0,670 188,5 0,029 5,498 5,802 1,574 18,122 10 1,33 0,775 188,5 0,034 16,972 23,224 1,766 9,001 11 2 0,804 192,4 0,034 14,288 22,483 1,957 10,784 12 2,65 0,812 188,5 0,029 15,030 26,546 2,176 10,022 13 4 0,778 235,6 0,034 4,455 13,525 3,902 36,487 14 8 0,785 235,6 0,034 5,860 42,710 9,286 45,830 15 12 0,802 235,6 0,034 4,711 45,410 12,018 61,418 16 17 0,825 266,6 0,034 1,396 29,687 25,758 221,371 17 25 0,775 282,6 0,028 1,357 35,918 34,173 240,054 18 31 0,811 254,9 0,026 1,968 51,182 32,061 168,380 19 43 0,888 261,3 0,038 2,313 85,119 41,450 203,870 adimensionais 60 Figura 17 – Rendimento interno total para potência de até 3 MW Figura 18 – Rendimento interno total para potência de 3 a 43 MW 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 classe de potência [MW] 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 re nd im en to in te rn o to ta l 5 10 15 20 25 30 35 40 45 classe de potência [MW] 0.75 0.80 0.85 0.90 re nd im en to in te rn o to ta l 61 A relação l/Dm (largura da pá / diâmetro médio do rotor) (item 3.3.6) em função da rotação específica (equação (13)) é apresentada na Figura 19. Figura 19 – Relação largura da pá/ diâmetro médio do rotor. O comportamento do coeficiente de pressão real calculado segundo a equação (1) utilizando a diferença real de entalpia entre os pontos de entrada e saída da máquina e dividida pelo número de estágios é mostrado na Figura 20. O coeficiente de potência, também calculado por estágio, foi determinado pela equação (4) com a vazão volumétrica média entre a entrada e a saída da máquina. A Figura 21 mostra o comportamento deste parâmetro com a rotação específica. O coeficiente de vazão foi determinado de forma indireta, como apresentado no item 3.3.3 ( tη⋅ϕ⋅ψ=λ ), e sua relação com a rotação específica é mostrada nas Figuras 22 e 23. A evolução das ligas de aço, das quais são fabricadas as peças girantes deste tipo de máquina de fluxo, permitiu o aumento da velocidade tangencial na ponta da pá, tendo como conseqüência uma maior extração de potência (Figuras 24 e 25). 0 50 100 150 200 250 rotacao específica - nq [rpm] 0.028 0.032 0.036 0.040 0.044 re la ca o l/D m 62 Figura 20 – Coeficiente de pressão. Figura 21 – Coeficiente de potência. 0 50 100 150 200 250 rotacao específica - nq [rpm] 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 co ef ic ie nt e de p re ss ao 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 rotacao específica - nq [rpm] 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 co ef ic ie nt e de p ot en ci a 63 Figura 22 – Coeficiente de vazão para faixa de 20 < nq < 250 . Figura 23 – Coeficiente de vazão para nq < 20. 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 rotacao específica - nq [rpm] 0 10 20 30 40 50 co ef ic ie nt e de v az ao 4 8 12 16 20 rotacao específica - nq [rpm] 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 co ef ic ie nt e de v az ao 64 Figura 24 – Velocidade tangencial na ponta da pá para potência de até 2 MW. Figura 25 – Velocidade tangencial na ponta da pá para potência de 2 a 43 MW. 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 classe de potência [MW] 160 170 180 190 200 ve lo c. ta ng . n a po nt a da p a [m /s ] 0 10 20 30 40 classe de potência [MW] 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 ve lo c. ta ng . n a po nt a da p a [m /s ] 65 Evidenciando que este trabalho teve como materiais dados fornecidos a partir de máquinas instaladas, será também apresentada uma regressão numérica para determinação dos parâmetros analisados. A) Rendimento interno total (Figuras 17 e 18) Classe de potência até 3 MW ( ) 7872,0Rpara7647,0Pn0626,0 2 t =+=η � P = potência em [MW] Classe de potência entre 3 e 43 MW ( ) ( ) 8315,0RparaP10x6385,3P10x2891,67828,0 2254 t =++=η −− P = potência em [MW] B) Coeficiente de pressão (Figura 20) ( ) 9311,0Rparan3169,58 26653,0 q ==ψ − C) Coeficiente de potência (Figura 21) ( ) ( ) 7941,0Rparan10x9949,4n9815,07714,3 22 q 3 q =−+−=λ − nq = rotação específica em [rpm] conforme equação (13). D) Coeficiente de vazão (Figuras 22 e 23) Para faixa de 20 < nq < 250 ( ) ( ) 9005,0Rparan10x7861,4n3754,02397,8 22 q 4 q =−+−=ϕ − 66 E) Velocidade tangencial na ponta da pá (Figuras 24 e 25) Classe de potência até 2 MW ( ) 8294,0RparaP539,184u 209949,0 e == Classe de potência entre 2 e 43 MW ( ) ( ) 7416,0RparaP08938,0P2913,526,195u 22 e =−+= 67 6 CONCLUSÃO Baseando-se nos dados coletados, na teoria já desenvolvida para os parâmetros adimensionais analisados e, nos cálculos efetuados e apresentados na Tabela 8, no Apêndice B e nas Figuras 17 a 25, pode-se concluir: 1) O aumento da temperatura e pressão de entrada nas turbomáquinas a vapor permitiu um gradual aumento de potência extraída nos estágios. Isto só foi conseguido devido ao aperfeiçoamento construtivo das caldeiras aquatubulares, e do interesse econômico pela geração de energia elétrica em plantas de açúcar e álcool e de papel e celulose; 2) As Figuras 17 e 18 que apresentam o comportamento do rendimento interno total por classe de potência, possibilitou concluir que este aumento está intrinsecamente ligado ao fato, já mencionado, de ter havido um significativo incremento na pressão e temperatura de entrada das turbomáquinas a vapor. Também se pode concluir pelos dados e informações coletadas, que os fabricantes trouxeram tecnologia para a produção de máquinas de potências maiores, à medida que as plantas de açúcar e álcool e papel e celulose, sinalizaram o mercado consumidor; 3) A relação adimensional l/Dm tem um comportamento instável para rotações específicas (nq) inferiores a 40, mostrando uma tendência decrescente para rotações mais elevadas. No entanto, para a faixa de potência analisada (até 43 MW) os valores desta relação estão entre 0,0285 e 0,0435. O valor médio situa-se entre 0,032 e 0,036. (Figura 19); 4) O comportamento do coeficiente de pressão real médio por estágio (Ψ), calculado segundo a equação (1) utilizando a diferença real de entalpia entre os pontos de entrada e saída da máquina dividida pelo número de estágios, e a velocidade tangencial (u) na ponta da pá (Figura 20), é bem característico. Sua tendência decrescente acompanha o aumento da rotação específica; 5) O coeficiente de potência, também calculado por estágio, foi determinado pela equação (4) com a vazão volumétrica média entre a entrada e a saída da máquina. A Figura 21 mostrou o comportamento deste parâmetro com a rotação específica. Da mesma forma que ocorreu com a relação adimensional l/Dm, este tem um 68 comportamento instável para rotações específicas (nq) inferiores a 40, mostrando atualmente uma tendência crescente para rotações mais elevadas, passando por um ponto de máximo em torno de nq = 135, para decrescer em seguida; 6) O coeficiente de vazão (ϕ) que foi determinado de forma indireta, como apresentado no item 3.3.3 ( tη⋅ϕ⋅ψ=λ ), teve sua relação com a rotação específica mostradas nas Figura 22 e 23. Também um pouco instável para baixas rotações específicas (nq < 20). O seu comportamento indicou que seu valor máximo, passa por um valor finito, que deve ser investigado, visto que a faixa analisada não ultrapassou 43 MW; 7) Tendo como base todo o conjunto de dados e informações coletadas, pode-se afirmar que também a evolução dos materiais empregados nos elementos girantes das máquinas a vapor, foi de primordial importância no aumento da velocidade tangencial na ponta da pá. É de conhecimento, que para a faixa de temperatura em torno de 500 ºC os aços inoxidáveis apresentam o fenômeno da Fluência, prejudicando a tensão de escoamento do material construtivo. Isto possibilitou o desenvolvimento de máquinas de maior potência, pois o trabalho específico obtido pela análise da equação de Euler (e triângulos de velocidades) é crescente com o aumento das mesmas (Y = u Δcu). Para a seqüência deste trabalho pode-se sugerir um novo esforço junto aos fabricantes para que se tenham maiores informações sobre as turbinas a vapor fabricadas e instaladas no Brasil, com o objetivo de apresentar à Academia possibilidades de parceria para a formação de novos projetistas na área de turbomáquinas térmicas. 69 REFERÊNCIAS ALBERT, P. Steam turbines thermal evaluation and assessment-GER-4190. G. E. Power Systems, Schenectady: GE, 2000. 18p BRAN, R.; SOUZA, Z. Máquinas de fluxo: turbinas, bombas e ventiladores. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A.,1969. 262 p. 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Steam turbine sustained efficiency-GER-3750C. G. E. Power Systems, Schenectady: GE, 1996. 14p 72 SCORETZ, M.; WILLIANS, R. Industrial steam turbine value packages-GER-4191A. G. E. Energy, Atlanta: GE, 2005. 26p SOUZA, Z. Dimensionamento de máquinas de fluxo: turbinas, bombas, ventiladores. São Paulo: Edgard Blücher, 1991. 266 p. TROYANOVSKI, B. M.; FILIPPOV, G. A.; BULKIN, A. E. Turbinas de vapor y de gas de las centrales nucleoeléctricas. Moscú: Editorial Mir Moscú, 1987. 382p. 73 APÊNDICE A – Definições teóricas A . 1 TRIÂNGULOS DE VELOCIDADES Para estudar o movimento do fluido nas turbomáquinas a vapor, é necessário utilizar uma nomenclatura que defina os triângulos de velocidades na entrada e na saída do rotor. Tal nomenclatura é descrita a seguir e mostrada na Figura A1: u � = velocidade tangencial ou periférica do rotor; c � = velocidade absoluta do vapor; w � = velocidade relativa do vapor; α = o ângulo formado entre a velocidade tangencial e a velocidade absoluta; β = o ângulo formado entre a velocidade tangencial e a velocidade relativa; O subscrito 0, refere-se à entrada do vapor ainda no injetor; O subscrito 1, refere-se à entrada do vapor na aleta; O subscrito 2, refere-se à saída do vapor na aleta; O subscrito 3, refere-se à posição do vapor entre a saída da aleta e a entrada da pá do rotor (interstício); O subscrito 4, refere-se à entrada do vapor na pá do rotor; O subscrito 5, refere-se à saída do vapor na pá do rotor. O subscrito 6, refere-se à saída do vapor da turbomáquina Figura A1 – Convenção de subscritos (BRAN; SOUZA, 1969) 74 Como exemplo para as componentes dos triângulos de velocidades, considera-se o rotor de uma máquina genérica motora ao qual apresenta velocidade angular ω. A velocidade da pá é dada por , onde r é a distância radial a partir do eixo central da máquina ou por 60 Dnu π=� , onde D é o diâmetro a ser considerado e “n” é a rotação do eixo. A velocidade absoluta do fluido c � é aquela vista por um observador estacionário e a velocidade relativa w � é aquela vista por um observador solidário às pás (Figura A2). Figura A2 – Triângulo de velocidades (FOX; McDONALD; PRITCHARD, 2006) A velocidade absoluta do fluido é igual a soma vetorial da velocidade relativa com a velocidade tangencial ou periférica do rotor, tornando-se: wuc ��� += (A1) ru ⋅= ω� 75 A .2 GRAU DE REAÇÃO O fluido ao passar pelo interior de uma turbina sofre transformação de energia de pressão e de energia cinética (energia de pressão dinâmica). A proporção de energia intercambiada sob forma de pressão estática influencia no projeto da turbomáquina, assim como a forma das pás, o grau de admissão e outros parâmetros de construção estão associados ao chamado grau de reação (variação de energia de pressão estática e energia total do rotor). O grau de reação teórico, quando o escoamento do fluido através do rotor é considerado ideal, sem perdas, é expresso por: pá estática t Y Y=Ω = pá dinâmica Y Y 1 − (A2) Devido à impossibilidade prática de se obter uma turbina que funcione puramente pelo princípio da reação, todas estas máquinas denominadas turbomáquinas de reação utilizam na verdade um sistema misto, onde a idéia é expandir parcialmente o vapor em elementos fixos (aletas) e parcialmente em elementos móveis (pás). Suponha-se vapor a uma pressão p1 entalpia h1 entrando por um injetor T onde começa a expandir-se. Esta expansão continua ao longo da pá até a pressão de saída p2 e entalpia final h2. Sejam também, p’ e h’ a pressão e a entalpia respectivas do vapor no estágio correspondente na saída do injetor (0) e na entrada no rotor 1. Considera-se a expansão sem perdas, entre h1 e h’. Isto se realiza no elemento fixo ou injetor T e entre h’ e h2 na pá do rotor. A primeira parte corresponde ao trabalho de ação e a segunda parte ao trabalho de reação. Portanto, denomina-se grau de reação ao conjunto formado por uma aleta ou injetor e uma pá, ou seja, é a relação entre o salto entálpico teórico no rotor e o salto teórico total da turbina, sendo assim: totalTrabalho reaçãopor Trabalho=Ω = 21 2 hh h'h − − (A3) 76 Com isto têm-se as seguintes relações: a. Grau de reação Ω = 0, neste caso diz-se que a turbomáquina é de ação pura, pois h’=h2 e a expansão ocorre integralmente nos elementos fixos (injetor ou aleta); b. Grau de reação Ω = 1, neste caso diz-se que a turbomáquina é de reação pura, pois h’=h1, ou seja, o vapor sofre expansão tanto nos elementos fixos quanto nos elementos móveis. c. Grau de reação Ω = 2 1 , para este caso tem-se que 2 hh 'h 21 += . As denominadas turbomáquinas de reação na prática trabalham quase sempre com este tipo de grau de reação e levam um grande número de estágios de modo que apesar do funcionamento por reação, sua velocidade periférica é bastante reduzida. A . 3 TURBINA DE AÇÃO As turbomáquinas a vapor transformam a energia potencial do tipo térmico em energia mecânica. A energia potencial térmica disponível é a diferença de entalpias entre o estado inicial do vapor, na entrada da turbomáquina, e seu estado final, na saída da mesma, a esta diferença se da o nome de salto entálpico ou salto térmico. Nas turbomáquinas a vapor existem os elementos fixos que são as aletas e os injetores. Se o salto entálpico se transforma totalmente em energia cinética, a turbomáquina é de ação e a entalpia na saída da aleta para um processo isoentrópico será igual à entalpia final do vapor. Nestas circunstâncias, nas pás dispostas sobre o rotor haverá unicamente uma transformação de energia cinética em mecânica. Se a conversão de entalpia em energia cinética não é total, utiliza-se aletas em que se têm dois tipos de transformações simultâneas, onde uma fração da energia cinética adquirida se transforma em energia mecânica e o restante em energia cinética e posteriormente em mecânica. 77 A transformação de energia cinética em energia mecânica se produz fazendo o fluido seguir uma determinada trajetória entre as pás, de forma que sua velocidade absoluta diminua. Qualquer troca de magnitude ou de direção em tal velocidade tem que ser devida ao efeito de uma força que é a ação das pás do rotor sobre o fluido. Por sua vez, pode-se dizer também que toda a mudança na direção ou na magnitude da velocidade do fluido origina um empuxo sobre as pás, de forma que, quando estas estão montadas sobre um rotor, a potência gerada é igual ao produto da velocidade tangencial das pás pela componente periférica da força. Figura A3 – Esquema de uma turbina de ação de 1 estágio (DÍEZ, 2007). 78 A . 4 TURBINA DE REAÇÃO Quando o salto entálpico de pressão é grande, se recorre a fracioná-lo em uma série de estágios de forma que os de maior pressão se correspondam com a parte de ação (por exemplo, uma turbina Curtis) e o restante com reação. Considerando um estágio qualquer de reação entre os estados 0 e 2 aos que correspondam as pressões p0 e p2, respectivamente, a velocidade e a correspondente do salto adiabatico. O vapor não se expande totalmente nas aletas guias do injetor sendo que somente o faz a partir de uma pressão p0 até uma pressão intermediaria pi com a qual penetra no rotor, continuando sua expansão nas pás do mesmo até alcançar a pressão de saída p2. O injetor é dimensionado de forma que transforme uma parte da energia disponível do vapor em energia cinética g2 c2 1 . A fração restante do mesmo se transforma ao longo das pás do rotor em energia cinética de rotação próxima as pás projetadas para que nelas se produzam dois tipos de transformações simultâneas: a) A de energia cinética adquirida pelos injetores em energia mecânica; b) O restante da entálpia em energia cinética e esta por sua vez em energia mecânica. A . 5 EQUAÇÃO DE EULER PARA TURBOMÁQUINAS A análise ideal das máquinas de fluxo supõe um rotor com número infinito de pás, e conseqüentes canais de espessuras infinitesimais entre as mesmas, condições estas que permitem assumir um escoamento unidimensional ao longo das pás. Assim, o aumento de pressão no interior de uma turbina ideal, desprezando variações de energia potencial, pode ser decomposto em duas transformações de energia independentes, porém simultâneas. Uma delas é a transformação da energia de pressão estática (Yest, em J/kg), expressa por: 79 2 ww 2 uupp Y 2 1 2 2 2 2 2 1 2 2 2 1 est −+−= ρ −= (A4) onde p2 e p1 são as pressões na saída e entrada do rotor, respectivamente, em Pa, é a massa específica do fluido de trabalho, em kg/m3 e demais grandezas com o significados já descritos. O primeiro termo da equação traduz o aumento da pressão decorrente da força centrífuga sobre o fluido de trabalho, enquanto que o segundo expressa a transformação de energia cinética em estática no interior do rotor. Outra forma de aumento da energia de pressão é pela transformação da energia cinética, ou energia específica de pressão dinâmica (Ydin, em J/kg): 2 cc Y 2 2 2 1 din −= (A5) onde c2 e c1 têm os significados já mencionados. Através da aplicação das relações trigonométricas dos triângulos de velocidade da entrada e da saída do rotor de uma máquina chega-se à equação de Euler para máquinas de fluxo: 1u12u2dinest cucuYYY +=+=∞ (A6) onde ∞Y é o salto energético específico de um rotor ideal, em J/kg. Baseado em ∞Y define-se o torque ∞T exercido pelo rotor ideal sobre o fluido de trabalho, com relação ao eixo de rotação, em J: ( )2u21u1 crcrQT −ρ=∞ (A7) A potência ∞P (W) necessária para acionar o eixo de um rotor ideal, responsável pelo acréscimo de energia ∞Y , é dada por: ∞∞∞ ρ=ω= YQTP (A8) 80 APÊNDICE B – Dados coletados 81 T ab el a B 1 – D ad os c ol et ad os d e m áq ui na s in st al ad as n o B ra si l M áq ui na en tr ad a s aí da va zã o qu ed a en tá pi ca nº d e pr es sã o te m pe ra tu ra v. es pe cí fi co en ta lp ia p re ss ão te m pe ra tu ra v. es pe cí fi co en ta lp ia m ás si ca vo lu m . to ta l po r es tá gi o es tá gi os re al te ór ic a m éd ia re al te ór ic a re al te ór ic a M P a ºC m 3/ kg kJ /k g M P a ºC m 3/ kg kJ /k g kJ /k g t/ h kg /s m 3/ s kJ /k g kJ /k g kJ /k g kJ /k g 1 2, 2 30 0 0, 11 34 30 18 0, 25 13 1 0, 72 6 27 25 25 81 2, 9 0, 8 4, 1 29 3 43 7 97 ,7 14 5, 7 3 2 2, 2 30 0 0, 11 34 30 18 0, 25 13 5 0, 73 41 27 33 25 81 4, 7 1, 3 6, 6 28 5 43 7 95 ,0 14 5, 7 3 3 3, 1 40 0 0, 09 60 1 32 29 0, 25 15 7, 2 0, 77 85 27 80 26 57 3, 6 1, 0 5, 9 44 9 57 2 22 4, 5 28 6, 0 2 4 2, 2 30 0 0, 11 34 30 18 0, 25 14 2, 9 0, 75 01 27 50 25 81 7, 6 2, 1 10 ,7 26 8 43 7 89 ,3 14 5, 7 3 5 5 45 0 0, 06 33 33 16 0, 15 12 8, 6 1, 21 6 27 29 25 38 4, 3 1, 2 9, 9 58 7 77 8 29 3, 5 38 9, 0 2 6 3, 1 40 0 0, 09 60 1 32 29 0, 2 14 0, 9 0, 93 73 27 50 26 19 5 1, 4 8, 0 47 9 61 0 23 9, 5 30 5, 0 2 7 2, 2 30 0 0, 11 34 30 18 0, 25 13 3, 5 0, 73 11 27 30 25 81 11 ,2 3, 1 15 ,8 28 8 43 7 96 ,0 14 5, 7 3 8 3, 1 40 0 0, 09 60 1 32 29 0, 2 14 3, 3 0, 94 32 27 55 26 19 7, 9 2, 2 12 ,6 47 4 61 0 23 7, 0 30 5, 0 2 9 2, 2 30 0 0, 11 34 30 18 0, 25 13 1, 2 0, 72 64 27 25 25 81 14 ,4 4, 0 20 ,4 29 3 43 7 97 ,7 14 5, 7 3 10 5 45 0 0, 06 33 33 16 0, 15 12 0, 8 1, 19 27 13 25 38 8, 2 2, 3 18 ,9 60 3 77 8 30 1, 5 38 9, 0 2 11 3, 1 40 0 0, 09 60 1 32 29 0, 15 11 4, 5 1, 17 27 00 25 71 13 ,7 3, 8 21 ,4 52 9 65 8 26 4, 5 32 9, 0 2 12 3, 1 40 0 0, 09 60 1 32 29 0, 15 11 2, 1 1, 16 2 26 95 25 71 18 5, 0 28 ,2 53 4 65 8 26 7, 0 32 9, 0 2 13 2, 16 35 0 0, 12 79 31 34 0, 24 5 14 9, 1 0, 77 84 27 63 26 59 41 ,4 11 ,5 52 ,3 37 1 47 5 12 3, 7 15 8, 3 3 14 4, 3 40 0 0, 06 79 7 32 08 0, 25 12 8, 9 0, 67 61 27 20 25 87 55 ,4 15 ,4 12 4, 6 48 8 62 1 16 2, 7 20 7, 0 3 15 4, 3 45 5 0, 07 48 33 38 0, 24 5 17 3, 9 0, 77 6 28 15 26 58 79 ,2 22 ,0 16 1, 2 52 3 68 0 13 0, 8 17 0, 0 4 16 4, 4 40 0 0, 06 63 2 32 06 0, 65 18 2, 9 0, 31 01 28 09 27 25 15 0 41 ,7 38 1, 3 39 7 48 1 49 ,6 60 ,1 8 17 6, 6 48 0 0, 04 95 9 33 67 0, 25 12 7, 6 0, 71 91 27 17 25 28 14 0, 4 39 ,0 42 0, 3 65 0 83 9 54 ,2 69 ,9 12 18 6, 57 5 48 0 0, 04 97 9 33 67 0, 01 4 52 ,6 8, 84 24 08 21 85 11 5 31 ,9 32 2, 6 95 9 11 82 63 ,9 78 ,8 15 19 6, 7 51 5 0, 05 16 3 34 50 0, 35 14 2 0, 52 89 27 39 26 49 22 0 61 ,1 64 9, 6 71 1 80 1 79 ,0 89 ,0 9 82 T ab el a B 1 - D ad os c ol et ad os d e m áq ui na s in st al ad as n o B ra si l ( C on ti nu aç ão ) M áq ui na di âm et ro al tu ra d a ro ta çã o po tê nc ia re nd im en to ve lo ci da de ve lo ci da de cl as se di âm et ro m as sa ei xo ro to r m éd io pá ís oe nt ró pi ca líq ui da in te rn o ta ng en ci al ta ng en ci al ex te rn o es pe ci fi ca m éd ia na p on ta m m m m rp m kW kW m /s m /s M W kW m kg /m 3 1 0, 45 0, 55 0, 57 5 0, 02 5 36 00 35 2, 0 23 6, 0 0, 67 0 10 8, 4 11 3, 1 0, 21 21 0 0, 6 8, 81 8 2 0, 45 0, 4 0, 42 5 0, 02 5 70 00 57 0, 5 37 2, 1 0, 65 2 15 5, 8 16 4, 9 0, 37 37 0 0, 45 8, 81 8 3 0, 45 0, 3 0, 32 5 0, 02 5 11 30 0 57 2, 0 44 9, 0 0, 78 5 19 2, 3 20 7, 1 0, 41 41 0 0, 35 10 ,4 16 4 0, 45 0, 55 0, 57 5 0, 02 5 55 00 92 2, 6 56 5, 8 0, 61 3 16 5, 6 17 2, 8 0, 55 55 0 0, 6 8, 81 8 5 0, 45 0, 55 0, 57 5 0, 02 5 62 00 92 9, 3 70 1, 1 0, 75 4 18 6, 7 19 4, 8 0, 66 66 0 0, 6 15 ,7 98 6 0, 45 0, 4 0, 42 5 0, 02 5 85 00 84 7, 2 66 5, 3 0, 78 5 18 9, 1 20 0, 3 0, 66 66 0 0, 45 10 ,4 16 7 0, 45 0, 7 0, 72 5 0, 02 5 46 00 13 59 ,6 89 6, 0 0, 65 9 17 4, 6 18 0, 6 0, 88 88 0 0, 75 8, 81 8 8 0, 45 0, 55 0, 57 5 0, 02 5 62 00 13 38 ,6 10 40 ,2 0, 77 7 18 6, 7 19 4, 8 1, 03 10 30 0, 6 10 ,4 16 9 0, 45