AVALIAÇÃO DAS TENDÊNCIAS TÉRMICAS URBANAS: O EXEMPLO DE RIO CLARO-SP LAURA MELO ANDRADE Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Tavares Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharel em Geografia. Rio Claro Estado de São Paulo – Brasil Novembro/2007 2 À Carol, Iuiu, Rafeta e Mamãe. 3 AGRADECIMENTOS - Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Tavares, por ter me aceitado como sua orientanda. - Ao Prof. Dr. Adler Guilherme Viadana, pelos bons papos e também pela ajuda nesta reta final. - Ao Prof. Dr. João Afonso Zavatini, pelo incentivo, pelos ensinamentos e por aprofundar meu interesse e conhecimento em Geografia, e principalmente, na Climatologia. - Ao CEAPLA, por me disponibilizar os dados para a elaboração deste trabalho. - À Carol, minha sobrinha querida. Te amo até lá nas estrelinhas! - Aos meus pais e meus irmãos, pela ajuda em todos estes anos e pelo amor. - À Vovó Leda, Vô Odilon, Vovó Célia, Vovô Eto e Vô Joaquim, por que ter vô e vó é bom demais. - Às minhas tias e tios, em especial à Iá, por mesmo de longe terem estado sempre do meu lado. - À Carol W. pela amizade, parceria e pelos finais de semana inesquecíveis e “inenarráveis”; aos meus amigos de Boituva e de Sorocaba, em especial Dani, Gude, Isoca e Mary; e à Milão, minha amiga de Boitas, de Soro e da Ilha também. “Sempre nóis!” - Aos amigos e sempre parceiros de Unesp, baladas, sujo’s, D.J., churras, e muito mais: André, Carol, Dani, Eug’s e Má (vou sentir muita falta...); ao Patrick e ao Diabinho (saudades!) e também ao Chuleta, French, Vase, Bolinha, Pica, Bia, Lia, Renata e Jú. Adoro vocês! - À Carol, pela ajuda em todas as etapas deste trabalho, pela força nos momentos mais difíceis e, principalmente, por ser uma amiga que com certeza vai ficar pra vida toda. Valeu, Bizarra! - Ao Dida, pela ajuda na parte gráfica deste trabalho. 4 ÍNDICE 1- Introdução.....................................................................................................................07 2- Materiais e Técnicas......................................................................................................09 2.1 – O CEAPLA..........................................................................................................09 2.2 – Análise Estatística dos Dados..............................................................................11 3- Localização e Caracterização da Área de Estudo.........................................................13 3.1 – Aspectos Geomorfológicos..................................................................................13 3.2 – Aspectos Geológicos............................................................................................16 3.3 – Aspectos Climáticos.............................................................................................16 3.4 - Aspectos Hidrológicos..........................................................................................20 3.5 - Aspectos Fitogeográficos......................................................................................20 3.6 - Aspectos Sócio – Econômicos..............................................................................21 4- Análise das Temperaturas em Rio Claro – SP no período de 1994-2006.....................23 4.1 – Comportamento Anual.........................................................................................23 4.2 – Comportamento no Verão (Janeiro a Março).......................................................27 4.3 - Comportamento no Inverno (Julho a Setembro)...................................................31 5- O Estudo do Clima........................................................................................................36 5.1 – O Clima Urbano...................................................................................................37 5.2 – As Mudanças Climáticas Globais........................................................................39 6- Considerações Finais.....................................................................................................43 7- Bibliografia...................................................................................................................45 8- Anexos..........................................................................................................................49 8.1- Tabelas Temperaturas Médias, Médias das Mínimas e Médias das Máximas......49 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Estação Meteorológica............................................................................................10 Figura 2 – Estação Meteorológica............................................................................................10 Figura 3 – Termohigrógrafo e Termômetros de Bulbo Seco e Úmido.....................................11 Figura 4 – Mapa de Localização da Área de Estudo.................................................................14 Figura 5 – Mapa da Divisão Geomorfológica do Estado de São Paulo....................................15 Figura 6 – Mapa Esquemático da Divisão Climática do Estado de São Paulo.........................19 Figura 7 – Gráfico: Temperaturas Médias e Reta de Tendência...............................................24 Figura 8 – Gráfico: Médias das Temperaturas Mínimas e Reta de Tendência.........................25 Figura 9 – Gráfico: Médias das Temperaturas Máximas e Reta de Tendência........................26 Figura 10 – Gráfico: Temperaturas Médias e Reta de Tendência no Verão.............................28 Figura 11 – Gráfico: Médias das Temperaturas Mínimas e Reta de Tendência no Verão.......29 Figura 12 – Gráfico: Médias das Temperaturas Máximas e Reta de Tendência no Verão.......30 Figura 13 – Gráfico: Temperaturas Médias e Reta de Tendência no Inverno..........................33 Figura 14 – Gráfico: Médias das Temperaturas Mínimas e Reta de Tendência no Inverno.....34 Figura 15 – Gráfico: Médias das Temperaturas Máximas e Reta de Tendência no Inverno....35 6 RESUMO O presente estudo teve o intuito de estudar o comportamento das temperaturas e investigar uma possível tendência de aumento térmico na cidade de Rio Claro – SP, a partir de dados obtidos junto ao Posto Meteorológico localizado nas dependências do CEAPLA (Unesp), no período de 1994 a 2006, levando em conta os meses de janeiro a março (verão) e junho a agosto (inverno), analisando suas temperaturas médias, máximas e mínimas através de técnicas de estatística descritiva, buscando entre parâmetros locais e globais as causas para a tendência encontrada e baseando-se nas concepções teóricas que explicam a constituição de um clima urbano e fundamentam as mudanças na temperatura do planeta. Palavras Chave: Clima Urbano; Mudanças Climáticas Globais; Oscilação Climática; Tendência Climática. 7 1. INTRODUÇÃO Tempo e Clima são fundamentais à constituição da vida, pois é através destes que processos geomorfológicos, formações de solos, desenvolvimento da flora, ciclo hidrológico, etc se desencadeiam, repercutindo diretamente nas atividades sociais e econômicas. Visto que a atmosfera não é estática e está em constante agitação, suas características variam de acordo com o lugar e no decorrer do tempo. Diante deste dinamismo climático é de grande importância a busca de evidências de mudanças climáticas independente de sua escala espacial, porém, é na escala local que a atmosfera mais sofre interferência antrópica. As mudanças climáticas há muito constituem tema de grande importância para a ciência, como aquelas que ocorreram numa escala geológica do tempo, durante a Pré-História, sendo estas objeto de estudo da Paleoclimatologia. A partir do fim da década de 1970, no entanto, começam a surgir pesquisas ligadas a mudanças climáticas atuais, ocorridas em tempo histórico, fruto da crescente preocupação com a ligação entre a alta emissão de gás carbônico na atmosfera e o aquecimento global do ar e das águas oceânicas. Esta preocupação não surge como fruto da Climatologia, mas como resposta às preocupações ambientais da Ecologia e de outros campos da Geografia Física, em busca de soluções para problemas de uso e ocupação do solo em áreas de risco climático, como aquelas propensas a chuvas intensas, inundações, secas, etc. Esta preocupação com as mudanças climáticas levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a criar o Painel Intergorvernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com os objetivos de avaliar a informação científica relacionada com os diversos componentes das mudanças climáticas e as conseqüências ambientais e sócio-econômicas ocasionadas por estas mudanças, além de formular estratégias de reação para o manejo das questões a elas ligadas; para isso organizando três grupos de trabalho com as funções de avaliar a informação científica disponível sobre o assunto, avaliar os impactos ambientais e sócio-econômicos ocasionados pelas mudanças climáticas e formular estratégias de reação. Em época de grandes transformações ambientais e intensa ocupação humana, a alternância de períodos chuvosos e secos assume proporções calamitosas e sendo claro que o clima é de difícil controle e gerenciamento, torna-se cada vez mais importante estudá-lo. (Sant’Anna Neto, 2000). O aquecimento do globo não representa, então, apenas um problema ambiental, visto que o mundo natural por si só está sempre em constante busca de um equilíbrio, mas se constitui também, e principalmente, em um relevante problema sócio-econômico, pois eventuais mudanças nos elementos da atmosfera afetam diretamente a população, seja através 8 do conforto térmico, da agricultura, da disseminação de doenças, ou pela possibilidade de áreas de intensa ocupação humana deixarem de serem propícias à habitação, como o caso das planícies litorâneas, que com o aumento do nível do mar estariam sujeitas a inundações, ou áreas que possam passar por um processo de desertificação. Estas mudanças climáticas atuais estão intimamente relacionadas com as atividades antrópicas, como a emissão de gases de efeito estufa e alterações no uso e na ocupação do solo, como as pastagens e as monoculturas, e também a permeabilização do solo e o desmatamento em áreas urbanas ou não. Visto que a cidade é palco de grande parte das interações humanas e habitat da maioria da população mundial, é nela que ocorrem os mais diversos fatores que influenciam o aquecimento do planeta, e é nela também que se observam as particularidades de um clima local, no qual é possível verificar variações térmicas na área urbana em relação à área rural, fenômeno este caracterizado como ilha de calor. Desta forma, tendo em mente a grande importância do fenômeno das mudanças climáticas, este estudo analisa dados térmicos colhidos nos últimos 13 anos (período compreendido entre 1994 e 2006) em estação meteorológica localizada na cidade de Rio Claro – SP, e apesar de a escala temporal não atingir a metade proposta para este tipo de análise (os 30 anos definidos como normal climatológica), é possível verificar alguma variação térmica, principalmente no inverno, confirmando a tendência global de aquecimento da atmosfera. 9 2. MATERIAIS E TÉCNICAS A metodologia da pesquisa baseia-se nas concepções teóricas que explicam a constituição de um clima urbano e fundamentam as mudanças na temperatura do planeta e busca, através da estatística descritiva, verificar se há tendências de aumento térmico, buscando então as causas para este possível fenômeno. Para este estudo foram utilizados dados térmicos do município, no período compreendido entre 1994 e 2006, coletados na estação meteorológica de primeira ordem do Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Rio Claro. 2.1- O CEAPLA O CEAPLA é uma unidade auxiliar do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da UNESP - Rio Claro, e sua Estação Meteorológica (figuras 1 e 2) foi inaugurada em 1993 em convênio com a Prefeitura Municipal de Rio Claro e o Departamento de Água e Energia do Estado (DAAE), dentro das Normas da Organização Meteorológica Mundial, para a categoria de primeira ordem. As coletas de dados dos elementos meteorológicos foram iniciadas em janeiro de 1994. Inicialmente, realizavam-se três observações diárias, às 9:00, às 15:00 e às 21:00 horas, e no final de 1994 passou a realizar quatro observações diárias: às 7:00, às 9:00, às 15:00 e às 21:00 horas, sempre à parte do horário de verão. A estação é composta por duas áreas edificadas, especialmente planejadas para dar o espaço necessário para a não intervenção dos demais edifícios nos dados ali obtidos e analisados. A estação conta, em um edifício, com um anemógrafo hidráulico, que registra em gráfico a velocidade e direção dos ventos e outro automático, que fornece mais dados, porém menos precisos; e dois barógrafos, que registram graficamente as variações de pressões, sendo um ajustado para a altitude de Rio Claro e outro para o nível do mar. Em outra edificação, a céu aberto, se encontram o heligrógrafo, que registra a quantidade de insolação; o tanque de vaporização classe A, que mede a quantidade de evaporação registrada na área, essencial para o cálculo do balanço hídrico; o pluviógrafo, que registra em forma de gráfico a quantidade e intensidade das chuvas; o pluviômetro, também utilizado para medição das chuvas, mas não registrando sua intensidade. Por fim, a estação conta ainda com um abrigo meteorológico, isolado por paredes e telhados isolantes e a 1,1 metro do solo, onde se encontram o termômetro seco e o úmido, além dos estrangulados de mercúrio e de álcool em forquilha; possibilitando a análise da umidade relativa e viabilizando a constatação da altura das nuvens. Há no abrigo também um 10 termohigrógrafo (figura 3), responsável pela medição e registro em gráficos de umidade relativa, temperaturas máximas e mínimas, variáveis que são analisadas neste estudo. Figura 1 – Estação Meteorológica Figura 2 – Estação Meteorológica 11 Figura 3 – Termohigrógrafo e Termômetros de Bulbo Seco e Úmido 2.2 - Análise Estatística dos Dados Para a análise estatística dos dados de temperatura obtidos junto ao CEAPLA foi utilizado o software EXCEL para obtenção de dados médios, semi-médias e retas de tendência, em busca de possíveis alterações do comportamento térmico do município. Estas técnicas de análise se fundamentam nos procedimentos estatísticos para os estudos das séries temporais naquilo que se referem a inconstâncias, principalmente na tendência e na variabilidade. Para isso, primeiramente foram elaboradas tabelas anuais, nas quais constam as temperaturas médias mensais, as médias das temperaturas mínimas e as médias das temperaturas máximas (em anexo). A partir destas tabelas, esses dados foram agrupados de forma que compreendessem médias anuais, de verão (janeiro a março) e de inverno (junho a agosto), para buscar assim tendências e variações. Uma das técnicas empregadas visando a busca de tendência foi a semi-média, que considera os valores da série temporal em sua seqüência de registro, sendo esta dividida em duas partes e calculando a média do primeiro e do segundo conjunto separadamente 12 (Christofoletti, 1991), e depois dividindo o resultado do segundo (2000 a 2007) pelo do primeiro (1994 a 1999) conjunto, obtendo-se índices que expressam aumento, declínio ou manutenção da temperatura no período. Foi utilizada também a técnica dos mínimos quadrados ou reta de regressão linear, que procura minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre os valores observados e os valores correspondentes na linha de tendência (Christofoletti, 1991), através da equação “ Y = � + (�xy/�x²)x ”; onde: y = observação, � = média das observações e x = se o ponto médio da série temporal é representado como x = 0, então os momentos espaçados serão assinalados como x = -1, -2, etc e +1, +2, etc. Senão houver ponto médio, então serão assinalados como x = -1, -3, -5, etc e +1, +3, +5, etc. Com o intuito de verificar medidas de variabilidade foi, primeiramente, utilizada a técnica do desvio médio, que demonstra a dispersão dos valores de um conjunto de dados em torno de um ponto central, e é calculado a partir das diferenças das ocorrências em relação à média, sendo estes desvios determinados para cada ocorrência e em seguida calculada a média aritmética dos mesmos, sendo obtido a partir da fórmula: DM = ��Xi – X, onde: n DM = Desvio Médio; �Xi – X� = valor absoluto do desvio de Xi (valor de um dado) em relação a X (média dos dados); n = número de valores no conjunto. O coeficiente de variação foi outra técnica estatística utilizada em busca de comparar a variabilidade entre diversos conjuntos de dados, como é o caso dos dados presentes neste estudo. Para obtê-lo basta dividir o desvio padrão pela média da distribuição, através da seguinte fórmula: CV = S ÷ X, onde: CV = Coeficiente de Variação; S = Desvio Padrão; X = Média da Distribuição. (Gerardi & Silva, 1981). 13 3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1 – Aspectos Geomorfológicos O município de Rio Claro está localizado na Média Depressão Periférica Paulista, entre 22° 05' e 22° 40' de latitude sul e 47° 30' e 47° 55' de longitude oeste, em uma área de aproximadamente 500 km² (figura 4), em uma altitude média e pouco variável de 612 metros e a apenas 17 quilômetros da linha de cuestas que delimita as bordas do capeamento basáltico- arenítico do Planalto Ocidental Paulista (figura 5). Ele é drenado pela bacia do Rio Corumbataí e possui topologia levemente ondulada, composta por colinas tabuliformes e vertentes suavizadas. A Depressão Periférica Paulista é uma zona deprimida que se alonga no sentido norte-sul do Estado de São Paulo, entre o Planalto Ocidental e o Planalto Atlântico, e apresenta no geral topografia pouco acidentada com altitudes entre 500 e 700 metros. Os sistemas de relevo mais característicos desta província são colinas médias, amplas, espigões e morretes alongados. Ela é ainda, coberta por uma densa rede de drenagem, na qual se destaca o rio Tietê e seus afluentes Piracicaba e Sorocaba. Pela classificação de Deffontaine (1935) apud Pitton (1997), na qual a Depressão Periférica Paulista é subdividida em três zonas (do Paranapanema, do Médio Tietê e do Mogi- Guaçu), Rio Claro se encontra na área de transição entre a Zona do Médio Tietê, constituída por sedimentos e áreas de derrames basálticos, e as Cuestas Basálticas, cujo relevo é sustentado por rochas da Formação Botucatu e lavas basálticas. Rio Claro se assenta sobre um interflúvio delimitado pelo Rio Corumbataí e pelo Ribeirão Claro, cortado pelo córrego da Servidão (hoje Avenida Visconde de Rio Claro) e pelo córrego do Lavapés (atualmente Avenida Ulisses Guimarães), responsáveis pelo entalhamento do espigão, provocando desníveis da ordem de 30 a 40 metros. A cidade apresenta topografia bastante monótona, com interflúvios subtabulares pouco inclinados e com vales de fundo chato e depósitos de sedimentos aluviais os separando. Sedimentos arenitos mal consolidados, areia e argilitos da Formação Rio Claro ocupam o interflúvio sobre o qual se assenta a cidade. As vertentes dos interflúvios possuem colinas suavemente convexas limitadas por rupturas marcantes do relevo, que se desdobram em patamares escalonados até os vales principais. 14 Fi gu ra 4 – M ap a de L oc al iz aç ão d a Á re a de E st ud o 15 Figura 5 – Mapa da Divisão Geomorfológica do Estado de São Paulo 16 3.2 – Aspectos Geológicos A área de estudo está localizada na parte nordeste da Bacia Sedimentar do Paraná, composta por rochas Paleozóicas, Mesozóicas e Cenozóicas. Entre as rochas Paleozóicas encontram-se o Grupo Itararé, seqüência depositada no Permo-Carbonifero, compreendendo a base da coluna estratigráfica de Rio Claro; Formação Tatuí, composta principalmente por siltitos e lamitos; Formação Irati, constituída de folhelhos e siltitos e folhelhos pirobetuminosos associados a calcário dolomítico; e Formação Corumbataí constituída por espessos pacotes de argilitos, siltitos, e folhelhos intercalados por arenitos e leitos carbonáticos, e que é colocada à mostra devido a fatores morfogenéticos e pedogenéticos. As rochas Mesozóicas são representadas pela Formação Pirambóia, composta de arenitos esbranquiçados, argilitos e siltitos; pela Formação Botucatu, composta de arenitos avermelhados e arenitos argilosos; e pela Formação Serra Geral, constituída por uma sucessão de extensos derrames basálticos e pacotes de arenitos que se encontram intercalados entre a sucessão de derrames. As formações Botucatu e Pirambóia se localizam a Norte e Noroeste do município, sendo que dos seus arenitos originam-se os sedimentos arenosos da Formação Rio Claro. Por fim, as rochas Cenozóicas são representadas pela Formação Rio Claro, que é constituída de sedimentos arenosos e mal consolidados com intercalações de lente argilosa e níveis conglomeráticos e depósitos atuais, constituídos por aluviões dos leitos dos rios e por cobertura coluvio-eluvionares. (Caloni, 2004). 3.3 – Aspectos Climáticos A posição latitudinal e a localização zonal na altura do Trópico de Capricórnio do estado de São Paulo fazem com que este possa ser considerado palco das mais complexas atuações dos sistemas atmosféricos, pois nesta faixa de transição ocorre o confronto entre os climas controlados pelos sistemas tropicais e polares. Por se tratar de uma área deprimida e por receber intensa ventilação, a região onde se localiza Rio Claro é considerada uma das mais secas do Estado, apresentando totais pluviométricos anuais inferiores à 1500mm. (Sant’Anna Neto, 2000). Segundo Inácio e Santos (1988), o relevo e a localização geográfica do município de Rio Claro condicionam a atuação das massas de ar Equatorial Continental, Tropical Continental, Tropical Atlântica e Polar Atlântica, que variam suas atuações durante o ano, havendo, segundo Monteiro (1973), predomínio das massas Tropical Atlântica e Polar Atlântica. Neste 17 mesmo trabalho, o autor situa a cidade na região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, definida pela existência nítida de um período seco no inverno. Para uma breve caracterização das massas de ar que atuam no município, será utilizada a definição de Nimer (1966): Massa Equatorial Continental: originada em uma zona aquecida do continente, no caso a Floresta Amazônica, caracterizada pela presença de florestas e savanas onde dominam as calmarias e os ventos fracos do regime depressionário continental, principalmente no verão, quando o continente é um centro aquecido para o qual afluem de norte e leste os ventos oceânicos oriundos da massa Equatorial Norte, mais fria, que se constitui na Equatorial Continental no continente. Esta massa se caracteriza ainda por apresentar umidade específica e temperaturas elevadas e atua no sudoeste paulista durante o verão, atraída pelos sistemas depressionários do interior do continente. Seus ventos geralmente são de noroeste. Massa Tropical Atlântica: é formada na região marítima quente do Atlântico Sul, em seu anticiclone, recebendo muito calor e umidade na superfície. O movimento do ar nessa região é determinado pelo anticiclone subtropical e o ar é bastante uniforme na superfície, porém esta umidade não se estende a grandes altitudes e a umidade oceânica se limita à camada superficial. Devido à presença da corrente marítima quente, a massa sofre grande aquecimento na costa da América do Sul, tornando-se instável. Atua durante o ano todo no território paulista, trazendo estabilidade de tempo no inverno, em decorrência da subsidência superior nesta célula de alta pressão dinâmica, e instabilidade na parte inferior durante o verão. Devido à origem marítima, apresenta alta umidade relativa em superfície, pressões relativamente elevadas e constantes e seus ventos são geralmente de leste e nordeste. Massa Tropical Continental: Origina-se a leste da Cordilheira dos Andes e ao Sul do Trópico de Capricórnio, na Depressão térmica do Chaco, estreita zona baixa, quente e árida, constituída por uma circulação ciclônica na superfície, de forte convergência e é oriunda da frontólise na Frente Polar Pacífica, cujos ciclones se movem para sudeste ocluindo depois de transpor os Andes, onde sofre efeito de dissecação adiabática, que juntamente com a alta insolação do solstício de verão, contribui para as altas temperaturas e baixa umidade da massa, com ventos predominantemente de norte e noroeste e atuação bem definida no verão. Massa Polar Atlântica: Originada na zona subantártica, uma zona de transição entre o ar polar e o ar tropical, de onde partem os anticiclones subpolares que periodicamente adentram o território sul-americano. Esta massa decorre do Anticiclone Polar Atlântico, apresentando baixas temperaturas e alta amplitude térmica devido à pressão atmosférica em elevação. Seus 18 ventos são de sul-sudeste e sudoeste, podendo ocorrer chuvas mais ou menos abundantes, e atua predominantemente durante o inverno. Sendo assim, e visando a definição das características climáticas de Rio Claro, deve-se considerar a gênese dos tipos de tempo, analisando então a circulação regional. As feições geomorfológicas do município exercem importante função como zona de passagem e conflito de correntes de circulação regional. A Depressão Periférica, principalmente em sua área central, tem caráter de área climática transicional, com zonas de intersecção de ondas de noroeste (relacionadas às massas Equatorial Continental e Continental Tropical, mais freqüentes no verão e responsáveis pelas ondas de calor), das correntes de Leste ou Nordeste (relacionadas à massa Tropical Atlântica, responsável pelas chuvas no verão devido à instabilidade basal, e pelo tempo seco no outono-inverno, decorrente da estabilidade causada pelo resfriamento basal) e da corrente do sul (causadora de ondas de frio e responsável pela maioria das precipitações). O caráter transicional da Depressão Periférica é causador de uma grande variação dos elementos climáticos no tempo e no espaço, em função da atuação relativa das correntes citadas acima. As temperaturas médias anuais do município variam entre 18,9º e 20,9º C, sendo janeiro o mês mais quente, com médias variando entre 20 e 20,3º C, e julho o mais frio, com médias entre 14,9 e 17,1º C. O período mais chuvoso vai de outubro a março, com mais de 80% das chuvas anuais. (Brino, 1973). Pode-se dizer, então, que o clima de Rio Claro apresenta mais características tropicais do que subtropicais, tendo o outono e o inverno como um período mais frio e seco e a primavera- verão mais quente e chuvosa. (Penteado 1966). Para Monteiro (1973) o clima da região onde Rio Claro se situa recebe a classificação de “Clima Tropical alternadamente seco e úmido” (figura 6). 19 Fi gu ra 6 – M ap a Es qu em át ic o da D iv is ão C lim át ic a do E st ad o de S ão P au lo 20 3.4 – Aspectos Hidrológicos A principal rede de drenagem do município é constituída pelos Rios Corumbataí e Ribeirão Claro, que pertencem a Bacia do Rio Piracicaba, que por sua vez é parte da média bacia do rio Tietê. Tal rede foi estabelecida provavelmente durante o Terciário, sendo responsável pela escavação e pediplanação do relevo. Os padrões paralelos de drenagem são predominantes nos trechos mais longos dos afluentes do rio Corumbataí e os padrões retangulares nas mudanças mais abruptas. A bacia do rio Corumbataí, um rio de 5ª ordem, ocupa uma área de 720 km² e mesmo em época de estiagem apresenta uma alta contribuição ao município, devido aos depósitos arenosos das Formações Rio Claro e Pirambóia na área, levando a um saldo positivo no balanço hídrico. O comportamento hidrológico onde se afloram os terrenos impermeáveis da Formação Corumbataí, segundo Penteado (1966b), apresenta alto escoamento superficial, baixa infiltração e grande oscilação do lençol freático entre os períodos secos e chuvosos. 3.5 – Aspectos Fitogeográficos Originalmente, a região hoje ocupada pelo município de Rio Claro, era coberta em parte por campos cerrados, e principalmente por florestas. Hoje a vegetação natural é composta principalmente por matas ciliares e capoeiras. Nos dias atuais, com a expansão urbana e agrícola, existe o predomínio (em ordem decrescente), de pastagens, culturas temporárias, áreas de reflorestamento, área urbanizada, culturas permanentes, matas e capoeiras, área industrial e área brejosas. As pastagens geralmente ocupam solos arenosos nas regiões oeste, noroeste e norte do município, sendo responsáveis por processos erosivos e alta degradação ambiental. As culturas temporárias são marcadas principalmente pela cana de açúcar e pelo algodão, enquanto o café e as frutas cítricas predominam as culturas permanentes. A cana de açúcar constitui um grande problema ambiental e de saúde publica, devido à queima periódica na época da safra. O Horto Florestal “Edmundo Navarro de Andrade”, ocupa a área leste da cidade e é a principal área de reflorestamento, ocupando uma área de 2.386 hectares, e constituindo uma das poucas áreas verdes do município, visto que a cidade possui apenas quinze praças, apenas uma (na região central) com vegetação significativa, e suas avenidas são caracterizadas pela quase total ausência de árvores. 21 3.6 – Aspectos Sócio – Econômicos Rio Claro surgiu às margens do antigo Córrego da Servidão, hoje canalizado e transformado na Avenida Rio Claro, e desde o início as ruas foram organizadas em forma de um tabuleiro de xadrez. As primeiras edificações serviram de abrigo para tropeiros em direção a Serra dos Padres. A cidade foi fundada em 10 de junho de 1827, tornando-se município em 1845. Rio Claro está distante 173 km a noroeste da capital, através das rodovias Bandeirantes, Anhanguera e Washington Luiz. O crescimento da cidade foi contínuo, sendo que em meados do século XIX a marcha do café invadiu a cidade impulsionando seu crescimento. Com a expansão da fronteira agrícola cafeeira do estado, surge um problema de elevados custos de transporte, e em 1876 é implantada uma ferrovia para facilitar e baratear o escoamento da produção até o Porto de Santos. Até 1884, Rio Claro era ponta de trilho, o que fez com que a produção de café do interior paulista se concentrasse na cidade, impulsionando dessa forma o comércio. Com o avanço da ferrovia para Oeste e a queda no preço do café, o município passa então por uma fase de estagnação, mas mesmo diante deste quadro sua população não diminui, pois nesta mesma época começam a se instalar pequenas indústrias, e oficinas da Companhia de Rio Claro (hoje a FEPASA) se estabelecem no município. Após 1945, com o surto industrial e a recuperação do setor cervejeiro, novas indústrias e uma unidade têxtil das Indústrias Matarazzo se estabelecem em Rio Claro, provocando um crescimento da população urbana, que já em 1950 supera a população rural. Em 1940 o município já contava com uma população de 45 mil habitantes, atingindo seu ápice de crescimento populacional na década de 1970, período que coincide com o de industrialização da cidade. Segundo o último censo realizado pelo IBGE (em 2000), Rio Claro contava com uma população de 168.087 habitantes e uma densidade demográfica de 336,84 hab/km². Cerca de 97% da população reside na área urbana. Segundo dados obtidos junto à prefeitura municipal, em 2003 os trabalhadores do setor terciário predominam na cidade, com 38,4% da população ativa, seguidos dos do setor secundário, com 36,9%. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município é de 0,825, ocupando a 51ª posição do estado. A renda média do chefe de família é de cerca de R$ 1.057,89, sendo que 45% dos responsáveis pelos domicílios têm rendimento de 3 a 10 salários mínimos. Rio Claro vem dinamizando sua infra-estrutura de saúde pública, contando atualmente com cinco hospitais, sete unidades básicas de saúde, dois centros de saúde, maternidades, 22 pronto-socorros, centro de vigilância sanitária, centro de zoonoses, centro de habilitação infantil e saúde do trabalhador. Quanto ao saneamento básico, 99.2% da população é abastecida de água, 98.93% possui esgoto sanitário e 99.51% conta com coleta de lixo. A taxa de analfabetismo do município é de 5.1%, cerca de 1.5% abaixo da média estadual. 23 4. ANÁLISE DAS TEMPERATURAS EM RIO CLARO – SP 4.1 – Comportamento Anual Para a análise do comportamento anual foi elaborada uma tabela a partir da obtenção das temperaturas médias, médias mínimas e médias máximas mensais de cada ano. Com esses dados médios, conforme indicado na metodologia, foram efetuados os cálculos da semi- média. O primeiro período considerado foi de 1994 – 1999 e o segundo período considerado foi o compreendido entre 2000 e 2006. Para a análise das temperaturas médias, foi extraída do primeiro período a média anual de 21,9ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 22,4ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,02. Quando o índice resultante é igual a 1,0 pode-se verificar que praticamente não houve alteração no comportamento da variável, quando este índice é inferior a 1,0 revela uma redução e quando superior, um aumento no comportamento. Como o índice obtido neste caso foi de 1,02, através desta técnica foi observado um pequeno aumento térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados, já explicado na metodologia do trabalho, indica sob a fórmula y=0,0505x – 78,907 um aquecimento na ordem de 0,6ºC. (figura 7). Quanto à análise das médias das temperaturas mínimas, foi extraída do primeiro período a média anual de 15,5ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 15,8ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,02, podendo observar então, através desta técnica, um ligeiro aumento no comportamento térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0236x – 31,584 um aquecimento na ordem de 0,3ºC. (figura 8). Na análise das médias das temperaturas máximas, foi extraída do primeiro período a média anual de 28,4ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 28,6ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,01, podendo observar então, através desta técnica, um mínimo aumento térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0093x + 9,8341 um aquecimento na ordem de 0,3ºC. (figura 9). 24 M éd ia s A nu ai s: 1 99 4- 20 06 y = 0, 05 05 x - 7 8, 90 7 21 ,4 21 ,6 21 ,822 22 ,2 22 ,4 22 ,6 22 ,823 23 ,2 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 An os ºC M éd ia s Li ne ar (M éd ia s) Fi gu ra 7 – G rá fic o: T em pe ra tu ra s M éd ia s e R et a de T en dê nc ia 25 M éd ia s M ín im as A nu ai s: 1 99 4- 20 06 y = 0, 02 36 x - 3 1, 58 4 14 ,815 15 ,2 15 ,4 15 ,6 15 ,816 16 ,2 16 ,4 16 ,6 16 ,8 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s M ín im as Li ne ar (M éd ia s M ín im as ) Fi gu ra 8 – G rá fic o: M éd ia s d as T em pe ra tu ra s M ín im as e R et a de T en dê nc ia 26 M éd ia s M áx im as A nu ai s: 1 99 4- 20 06 y = 0, 00 93 x + 9, 83 41 27 ,6 27 ,828 28 ,2 28 ,4 28 ,6 28 ,829 29 ,2 29 ,4 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s M áx im as Li ne ar (M éd ia s M áx im as ) Fi gu ra 9 – G rá fic o: M éd ia s d as T em pe ra tu ra s M áx im as e R et a de T en dê nc ia 27 Durante o período estudado, a temperatura média anual de Rio Claro foi de 22,2ºC, sendo que os anos de 2001 e 2005 foram os mais quentes, com 22,6ºC, e 1996 o mais frio, com 21,6ºC. Foram obtidos para os dados anuais de temperatura, ainda, o coeficiente de variação, de 1,8% e o desvio médio, de 0,3ºC. Pela análise das temperaturas do período estudado, Janeiro foi caracterizado como o mês mais quente, com média de 24,6ºC, sendo que em 1998 ocorreu o valor máximo, de 25,7ºC, e o mínimo, 23,7ºC em 2004. Junho foi considerado o mês mais frio, com temperatura média de 18,2ºC. Em 2002 ocorreu o valor máximo, de 20,1ºC e em 1994, o mínimo, de 16,3ºC. 4.2 – Comportamento no Verão (Janeiro a Março) Para a análise do comportamento térmico do verão, primeiramente se obteve a média entre as temperaturas dos meses de janeiro, fevereiro e março, e a partir desses dados foi elaborada uma tabela contendo as temperaturas médias, médias das mínimas e médias das máximas de cada ano para o verão. Com esses dados médios, conforme indicado na metodologia, foram efetuados os cálculos da semi-média. Para a análise das temperaturas médias, foi extraída do primeiro período a média anual de 24,3ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 24,5ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,01, sendo observado então um aumento térmico mínimo. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0478x – 71,189 um aquecimento na ordem de 0,6ºC. (figura 10). Quanto à análise das médias das temperaturas mínimas, foi extraída do primeiro período a média anual de 19,4ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 19,3ºC, chegando-se ao índice de 0,99, o que representa, através desta técnica, um mínimo resfriamento. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0088x + 36,882, também um resfriamento na ordem de 0,2ºC. (figura 11) Na análise das médias das temperaturas máximas, foi extraída do primeiro período a média anual de 30,1ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 29,9ºC. Dividindo o 28 M éd ia s: V er ão y = 0, 04 78 x - 7 1, 18 9 23 ,4 23 ,6 23 ,824 24 ,2 24 ,4 24 ,6 24 ,825 25 ,2 25 ,4 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s Li ne ar (M éd ia s) Fi gu ra 1 0 – G rá fic o: T em pe ra tu ra s M éd ia s e R et a de T en dê nc ia n o V er ão 29 M éd ia s M ín im as : V er ão y = -0 ,0 08 8x + 3 6, 88 2 17 ,4 17 ,6 17 ,818 18 ,2 18 ,4 18 ,6 18 ,819 19 ,2 19 ,4 19 ,6 19 ,820 20 ,2 20 ,4 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s M ín im as Li ne ar (M éd ia s M ín im as ) Fi gu ra 1 1 – G rá fic o: M éd ia s d as T em pe ra tu ra s M ín im as e R et a de T en dê nc ia n o V er ão 30 M éd ia s M áx im as : V er ão y = -0 ,0 01 6x + 3 3, 30 4 28 ,4 28 ,6 28 ,829 29 ,2 29 ,4 29 ,6 29 ,830 30 ,2 30 ,4 30 ,6 30 ,831 31 ,2 31 ,4 31 ,6 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s M áx im as Li ne ar (M éd ia s M áx im as ) Fi gu ra 1 2 – G rá fic o: M éd ia s d as T em pe ra tu ra s M áx im as e R et a de T en dê nc ia n o V er ão 31 segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 0,99, podendo verificar, então, um mínimo declínio térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0016x – 26,332, um praticamente nulo resfriamento de 0,02ºC. (figura 12) Durante o período estudado, a temperatura média anual de Rio Claro no verão foi de 24,4ºC, sendo que em 2001 ocorreu o verão mais quente, com 25,3ºC, e 1994 e 2004 os verões mais frios, com 23,5ºC. Foram obtidos para os dados de verão, ainda, o coeficiente de variação, de 2,3% e o desvio médio, de 0,4ºC. 4.3 – Comportamento no Inverno (Junho a Agosto) Para a análise do comportamento térmico do verão, primeiramente se obteve a média entre as temperaturas dos meses de junho, julho e agosto e a partir desses dados foi elaborada uma tabela contendo as temperaturas médias, médias das mínimas e médias das máximas de cada ano para o inverno. Com esses dados médios, conforme indicado na metodologia, foram efetuados os cálculos da semi-média. Para a análise das temperaturas médias, foi extraída do primeiro período a média anual de 18,7ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 19,3ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,03, sendo observado então um aumento térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,078x – 137,06 um aquecimento na ordem de 0,9ºC. (figura 13). Quanto à análise das médias das temperaturas mínimas, foi extraída do primeiro período a média anual de 10,7ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 11,4ºC, chegando-se ao índice de 1,07, o que representa, através desta técnica, algum aumento das temperaturas. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0747x – 138,4, também um aquecimento na ordem de 0,8ºC. (figura 14) Na análise das médias das temperaturas máximas, foi extraída do primeiro período a média anual de 26,3ºC, e no segundo período a média anual obtida foi de 26,5ºC. Dividindo o segundo pelo primeiro período chegou-se ao índice de 1,01, podendo verificar, então, um pequeno aumento térmico. A reta de tendência realizada através do método dos mínimos quadrados indica sob a fórmula y=0,0264x – 26,332, um ligeiro aquecimento de 0,03ºC. (figura 15) 32 Durante o período estudado, a temperatura média anual de Rio Claro durante o inverno foi de 19ºC, sendo que em 2002 ocorreu o inverno mais quente, com 20,1ºC, e 1996 o inverno mais frio, com média de 18ºC. Foram obtidos para os dados de inverno, ainda, o coeficiente de variação, de 3,4% e o desvio médio, de 0,6ºC. 33 M éd ia s: In ve rn o y = 0, 07 8x - 13 7, 06 17 ,818 18 ,2 18 ,4 18 ,6 18 ,819 19 ,2 19 ,4 19 ,6 19 ,820 20 ,2 20 ,4 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s Li ne ar (M éd ia s) Fi gu ra 1 3 – G rá fic o: T em pe ra tu ra s M éd ia s e R et a de T en dê nc ia no In ve rn o 34 M éd ia s M ín im as : I nv er no y = 0, 07 47 x - 1 38 ,4 9, 4 9, 6 9, 810 10 ,2 10 ,4 10 ,6 10 ,811 11 ,2 11 ,4 11 ,6 11 ,812 12 ,2 12 ,4 12 ,6 12 ,813 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 A no s ºC M éd ia s M ín im as Li ne ar (M éd ia s M ín im as ) Fi gu ra 1 4 – G rá fic o: M éd ia s da s Te m pe ra tu ra s M ín im as e R et a de T en dê nc ia n o In ve rn o 35 M éd ia s M áx im as : I nv er no y = 0, 02 64 x - 2 6, 33 2 25 25 ,2 25 ,4 25 ,6 25 ,826 26 ,2 26 ,4 26 ,6 26 ,827 27 ,2 27 ,4 27 ,6 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 An os ºC M éd ia s M áx im as Li ne ar (M éd ia s M áx im as ) Fi gu ra 1 5 – G rá fic o: M éd ia s d as T em pe ra tu ra s M áx im as e R et a de T en dê nc ia no In ve rn o 36 5. O ESTUDO DO CLIMA O clima resulta-se de um complexo processo que envolve não só a atmosfera, mas também o oceano e as superfícies sólidas, e apresenta uma grande variabilidade em termos de tempo e espaço. A atmosfera se comporta de maneira muito variada de um ano para outro, e pode-se verificar flutuações a curtos e longos prazos. (Conti, 2000). O interesse da comunidade científica no clima deve-se em grande parte por o clima ter fundamental importância para as atividades humanas, sejam elas econômicas, como a industria e a agricultura, ou sociais, como qualidade de vida ou ambiental, conforto térmico e moradia. O clima ainda em muito preocupa por ser um dos poucos componentes do sistema ambiental sobre o qual o homem praticamente não tem controle. Os aspectos climáticos do globo vêm sendo estudados tanto por meteorologistas quanto por geógrafos, mas sempre de forma diferenciada. A Meteorologia e a Climatologia Geográfica se diferem em seus objetivos e resultados, mesmo estando interessadas no mesmo fenômeno. Enquanto a Meteorologia visa a completa compreensão dos fenômenos atmosféricos, sua previsão e controle, a Climatologia Geográfica procura explicar e explorar estes fenômenos, visando o benefício do homem e tendo em mente que as irregularidades são regras gerais, e não exceções. (Vianello & Alves, 1991). Ao geógrafo cabe, então, conhecer as propriedades dos três quilômetros inferiores da atmosfera, ou seja, aqueles que estão em contato com o relevo e as massas oceânicas. É nessa camada, ainda, que se concentra a umidade e as camadas de nuvens, e onde ocorre a ação dinâmica do tempo. A Geografia implica uma atitude de espírito que melhor convém para tratar os problemas climáticos, considerando que o clima resulta de reações combinadas da atmosfera, do solo e do meio líquido, sendo também ligado à flora e à fauna, além dos aspectos ligados ao homem, como urbanização e agricultura. Sendo assim, é bem do geógrafo, e não do meteorologista, a coordenação dos resultados das outras ciências, na convergência das quais se resulta a climatologia. (Pedelaborde, 1969). A Climatologia, ainda, de acordo com os pressupostos da Geografia cujo objeto de estudo é a organização do espaço, se interessa principalmente na variabilidade dos elementos climáticos no espaço e no tempo e na maneira como essa variabilidade afeta a fauna, a flora e o homem. 37 5.1 – O Clima Urbano “A natureza, sendo um grande conjunto de elementos, expressa, também, hierarquização de processos. A radiação solar e sua absorção parcial e diferencial pela atmosfera dinamiza todo o sistema, definindo, primeiramente as condições do tempo e do clima, e em seguida as características biogeográficas e os fenômenos geomorfológicos, hidrológicos e até as condições do subsolo” (Conti, 1996:6). Dessa forma, o autor sucintamente salienta a importância das condições climáticas na definição dos demais elementos geográficos, expressando então a importância da compreensão da climatologia para a ciência da Geografia. Na concepção de Sorre (1984:32) “o clima, num determinado local, é a série dos estados da atmosfera, em sua sucessão habitual. E o tempo que faz, nada mais é que cada um desses estados considerado isoladamente... Essa definição conserva o caráter sintético da noção de clima, enfatiza seu aspecto local e, ao mesmo tempo evidencia o caráter dinâmico do clima, introduzindo as séries de variação e de diferenças incluídas nas de sucessão”. Estes estados da atmosfera podem ser entendidos como as combinações que caracterizam o tempo meteorológico, que seria uma combinação momentânea dos atributos da atmosfera (temperatura, pressão, umidade relativa, nebulosidade, etc) que perdura enquanto as oscilações estiverem estáveis. (Tavares, 2001). Para a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é definido como “O conjunto flutuante das condições atmosféricas, caracterizado pelos estados e evolução do tempo no curso de um período suficientemente longo para um domínio espacial determinado”, fenômeno este, que segundo Monteiro (1962:30-31) só pode ser compreendido “através da circulação atmosférica regional, regulada pelos centros de ação térmicos ou dinâmicos que, embora distribuídos zonalmente na superfície do globo, são células cuja circulação e conflito, sob ação dos fatores geográficos, se definem na escala regional”. Esta circulação, no caso do estado de São Paulo, surge como uma zona de conflito entre as Massas Tropical Atlântica e Continental, Polar Atlântica e Equatorial Continental. (Monteiro 1973). A ação antrópica, segundo Pitton (1997), interfere decididamente no clima em uma escala local. A alta interferência do homem nas áreas urbanas, através da materialidade física associada ao sítio e as relações entre espaços e atmosfera contígua propiciam condições climáticas distintas e determinam um Clima Urbano. O processo de urbanização acabou por criar um “meio geográfico artificial”, cujo clima deriva-se da substituição da paisagem natural por um ambiente construído e concretado, no 38 qual se desenvolvem as atividades humanas, e onde condições ambientais ultrajadas afetam a saúde física e mental do homem (Santos, 1991). Christofoletti (1979:41) diz sobre o clima urbano: “O ritmo acelerado da urbanização, provocando a ocorrência de grandes núcleos urbanos, tornou-se fator de importância para diferenciar certas unidades da atmosfera, dando-lhes características próprias. Surgiu, então, o conceito de clima urbano, definido como ‘modificação substancial do clima local’(Landsberg) que, em relação com as condições climáticas das demais áreas circunvizinhas, apresenta maior quantidade de calor e modificações na composição da atmosfera, na ventilação e na umidade”. Monteiro (1976:95) conceitua o clima urbano como “um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização”. Este se difere entre uma cidade e outra, sendo afetado por diversos fatores como o balanço de radiação, a posição geográfica, a circulação atmosférica e as peculiaridades de cada cidade. O balanço de radiação oscila de acordo com a latitude, sendo que enquanto a linha do equador recebe energia o ano todo, os pólos só recebem seis meses por ano e as latitudes intermediárias, apesar de receberem energia o ano todo, em um solstício recebe mais energia do que perde, enquanto no outro esse fato se inverte. Para Monteiro (1999), os raios solares atingem a zona equatorial de forma mais incisiva, diminuindo em direção aos pólos. A isso se junta ainda o efeito temporal decorrente da rotação e do eixo da terra, que devido às diferenças de iluminação do globo são responsáveis pelas estações do ano. A posição geográfica interfere no clima urbano devido aos efeitos da maritimidade e da continentalidade, pois a energia se dissipa de forma diferente na água e no continente, sendo que o continente se aquece mais facilmente. A altitude do local também é um aspecto da posição geográfica que interfere no clima, além da circulação atmosférica, sendo que uma zona de baixa pressão tende a ser mais quente e chuvosa. O Clima Urbano se caracteriza, principalmente, pelo fenômeno da Ilha de Calor, além da intensificação das precipitações e da poluição atmosférica. O modelo clássico de Ilha de Calor, proposto por Oke (1978) demonstra que as temperaturas costumam ser mais altas nos centros comerciais, diminuindo em direção a periferia, no limite urbano-rural. Segundo Lombardo (1985), essa diferença térmica começa a ser mais fortemente notada durante a tarde, se intensifica ainda mais no decorrer da noite e entra em declínio durante a madrugada, juntamente com a diminuição da atividade antrópica, fator este também verificado aos domingos. 39 No início da manhã, o aquecimento da área urbana é mais lento, fazendo com que a zona rural, nesse momento, se encontre mais quente. Devido ao sombreamento da área rural por volta das doze horas, as temperaturas das duas zonas se equivalem. Às 16 horas ambas entram em declínio, visto que o sol começa a se pôr, e a área rural resfria mais rapidamente, pois a energia é liberada com facilidade para o espaço, enquanto na cidade o alto número de edificações dificulta essa troca de energia com o meio. Aproximadamente às 20 horas começa a diminuir a velocidade do resfriamento na zona rural, com o final do período de luminosidade. É, então, no período noturno que se manifesta a Ilha de Calor. A peculiaridade de cada cidade também em muito interfere no clima urbano e, conseqüentemente, na ilha de calor, podendo citar como exemplo a diferença de intensidade do fenômeno nas metrópoles norte-americanas e européias, influenciada pelas peculiaridades arquitetônicas de cada lugar. Nos Estados Unidos, tal fenômeno ocorre com maior intensidade, devido ao alto número de arranha-céus concentrados nas grandes cidades, que funcionam como obstáculos na troca de energia, fazendo com que o calor armazenado nas áreas urbanas durante o dia demore um tempo maior para se dissipar, o que faz aumentar a diferença de temperaturas urbanas e rurais. Já na Europa, onde os prédios geralmente apresentam uma menor altura, a energia se perde com maior facilidade, o que acaba por diminuir a intensidade do fenômeno da Ilha de Calor. O clima urbano se caracteriza também por um aumento das precipitações, causado pela acentuação da instabilidade devido à ilha de calor, pelo atrito que ocorre quando o ar se desloca pela cidade, propiciando convergência e instabilidade e pelo aumento dos núcleos higroscópicos, que facilitam a condensação da água. 5.2 – As Mudanças Climáticas Globais Segundo as definições da Organização Meteorológica Mundial (OMM): Mudança Climática: toda e qualquer manifestação de inconstância climática, independente de sua natureza estatística, escala temporal ou causas físicas; Tendência Climática: aumento ou diminuição lenta dos valores médios ao longo da série de dados de, no mínimo, três décadas, podendo ou não ocorrer de forma linear; Descontinuidade Climática: mudança abrupta e permanente de um valor médio durante o período de registro; Flutuação Climática: qualquer mudança que se expresse por duas máximas (ou mínimas) e uma mínima (ou máxima) observada no período de registro; Variação Climática: flutuação sem padrão específico, observado em escala de décadas; 40 Ritmo Climático: oscilação ou vacilação na qual os sucessivos máximos e mínimos ocorrem em intervalos de tempo aproximadamente iguais. Oscilação Climática: flutuação onde se registram máximas e mínimas sucessivas; Vacilação Climática: flutuação na qual a variável tende a permanecer, alternadamente, em torno de dois (ou mais) valores e a movimentação de um valor médio para outro ocorrendo em intervalos regulares ou irregulares; Periodicidade Climática: oscilação em que as máximas e mínimas ocorrem a intervalos de tempo iguais; Variabilidade Climática: maneira pela qual os parâmetros climáticos variam no interior de um determinado período de registro. Segundo Harvey (2000), as mudanças climáticas podem ocorrer naturalmente por diversas razões, sendo que a maioria demora milhões de anos para se concretizar, mas algumas também podem se dar em apenas alguns anos. Tais mudanças podem acontecer como conseqüência de fatores diversos, como mudanças na composição da atmosfera terrestre, na topografia, na energia e luminosidade solar, na órbita da Terra, por atividade vulcânica e também pela variação do sistema atmosférico- oceânico. Os fatores físicos capazes de alterar o clima podem ser classificados em internos e externos. Dentre os externos, tem como exemplo, entre outros, as variações na órbita terrestre, no eixo de rotação, na quantidade de poeira atmosférica, na quantidade de energia solar emitida. Os internos podem ser exemplificados com as anomalias de temperatura oceânica, o decréscimo da salinidade no Atlântico Norte, as variações do sistema Terra-Oceano- Atmosfera. Em menor escala pode-se destacar, entre outros, fatores como a altitude, latitude, relevo, vegetação, solos, maritimidade e continentalidade. (Vianello & Alves, 1991). As mudanças na circulação do oceano são relacionadas, por exemplo, com alterações térmicas, salinas e com a movimentação das correntes marinhas. Em escala histórica de tempo existem registros de mudanças climáticas no passado, como o que se convencionou chamar de “Optimum Climático Secundário”, entre os anos 800 e 1200 d.C., quando a temperatura média do globo apresentou uma elevação suficiente para permitir a produção de vinho no Reino Unido. Houve também a chamada “Pequena Idade do Gelo”, entre meados dos séculos XVI e XIX, quando as temperaturas entraram em declínio e as geleiras de montanha avançaram e os desertos tiveram períodos ainda mais secos, principalmente no Hemisfério Norte. 41 Para Tavares & Tarifa (1997) “... o clima é um dos mais importantes componentes do ambiente natural. Ele afeta os processos geomorfológicos atuais, os da transformação dos solos, o crescimento e desenvolvimento das plantas. O ambiente atmosférico influencia o homem e suas atividades, enquanto o homem pode, através de suas várias ações, deliberadamente ou inadvertidamente, influenciar o tempo e o clima”. O aprisionamento do calor da radiação solar, mecanismo conhecido como efeito estufa, é uma característica natural da atmosfera, sendo originada na própria dinâmica natural do globo. A intensificação do aquecimento da troposfera, a camada mais baixa da atmosfera, que tanto preocupa a comunidade científica e a população em geral nos dias atuais, mesmo com essa origem natural parece estar vinculado à ação antrópica na contemporaneidade, conforme resultado de diversos estudos sobre as temperaturas da atmosfera. (Mendonça, 2003). A intensificação do efeito estufa parece estar diretamente ligada ao comportamento da sociedade, visto que os gases em elevação na troposfera são derivados quase totalmente de atividades humanas, como a industrialização, a urbanização e a agricultura, fato associado à emissão de gases relacionados à destruição da camada de ozônio. Além disso, atividades tanto urbanas quanto rurais de uso do solo provocam alterações no albedo (parcela da radiação solar total recebida que é refletida por um corpo ou superfície) devido à expansão territorial, podendo desencadear alterações sistêmicas, iniciando por conseqüências climáticas, e através das interações modificar os atributos dos outros elementos, atingindo a grandeza global. (Christofoletti, 1993). Assim, o homem tem alterado o clima em uma escala global, através do aumento da emissão de gases de efeito estufa, das mudanças na concentração de ozônio e das mudanças na superfície terrestre, como a impermeabilização de terrenos. Urbanização, industrialização, mineração, drenagem de pântanos e represamento de rios, entre outros, são exemplos de como a ação antrópica influencia na mudança climática do planeta. O crescimento demográfico exige um maior desmatamento para atender a demanda de alimentos e combustíveis, aumentando assim as atividades agrícolas e pecuárias, chegando a ocupar vertentes e aumentando a emissão de gases de efeitos estufa e provocando dessa forma um aquecimento do globo. (Christofoletti, 1999). As mudanças climáticas de causas naturais ou antropogênicas podem ser comparadas em termos de magnitude do aquecimento, mas mudanças de origem natural em sua maioria ocorrem em uma maior escala temporal, enquanto o mesmo efeito parece acontecer de forma mais brusca e rápida com a interferência humana. 42 A rapidez com que as variações climáticas vêm ocorrendo, fruto da influência antrópica, justifica a preocupação da comunidade científica em relação ao assunto. A partir da década de 1970 começaram a surgir pesquisas sobre mudanças climáticas ocorridas em tempo histórico, e não geológico, ligadas ao aumento da concentração de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, devido à constante queima de combustíveis fósseis, à perda de cobertura vegetal e a algumas atividades industriais e agrícolas, tendo como conseqüência o aquecimento global. Se a emissão de gás carbônico e outros gases de efeito estufa se mantiverem nos níveis atuais, certamente irão causar aumento das temperaturas e do nível do mar, alterações em regimes hidrológicos, sendo responsáveis por eventos extremos como secas e inundações. Estes gases atuam na absorção de energia infravermelha oriunda da superfície terrestre e tendem a reemitir essa energia para a origem, de forma que menos energia sai do globo, provocando o aquecimento. Os gases de efeito estufa também podem alterar a composição química da atmosfera, comprometendo a qualidade do ar, podendo repercutir na vida dos seres vivos, sendo que animais e plantas estariam sujeitos a sofrer alterações em seus metabolismos, e os seres humanos sofreriam com a poluição, que poderia intensificar doenças. A saúde humana também seria afetada por enfermidades causadas pelo calor extremo e por doenças alérgicas. O aquecimento do globo traria ainda diversas implicações geográficas para o planeta, como o aumento do nível do mar derivado do derretimento de calotas polares e da expansão do volume líquido causado pelo aumento das temperaturas. A invasão de águas provocadas por tal infortúnio acabaria por alagar baixadas e mangues, acelerando a erosão costeira; alteraria o regime do lençol freático, trechos dos vales fluviais ficariam submersos e as condições hidrológicas dos solos sofreriam alterações, assim como os ecossistemas. (Christofoletti, 1993). A circulação das massas de ar poderia sofrer mudanças, visto que o aquecimento modificaria a distribuição de temperatura e umidade atmosférica, o que repercutiria no potencial de movimentação e nas características das massas. (Christofoletti, 1993). A agricultura também seria afetada pelas mudanças climáticas, pois o clima afeta-a e determina a adequação dos suprimentos alimentícios através dos azares climáticos para as lavouras ou através do controle exercido por ele sobre o tipo de agricultura praticável em determinada área, além de exercer influência em todos os estágios da cadeia de produção agrícola, como a preparação da terra, a semeadura, o crescimento, a colheita, a armazenagem, o transporte e até a comercialização. 43 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sobre alterações no clima, Ayoade (1986) diz que “Primeiramente, temos uma variabilidade no clima, que é muito rápida para ser considerada como mudança climática. Tal variabilidade inclui flutuações no clima dentro de um período menor que 30-35 anos, um período usualmente aplicado para cálculo dos valores das normais climáticas. Em segundo lugar, existem mudanças seculares ou instrumentais no clima que ocorrem durante um período de 100-150 anos. Em terceiro, existem variações no clima durante um tempo histórico, remontando a alguns milhares de anos. Finalmente, temos variações no clima nas escalas do tempo geológico abrangendo durações em milhões de anos”. Sob tal definição, durante o período analisado para Rio Claro, de 1994 a 2006, constituindo apenas 13 anos, apesar da observação de que está ocorrendo um aquecimento, não se pode afirmar uma mudança climática, mas certamente está acontecendo uma variabilidade climática, podendo-se especular que a caminho de uma mudança. Durante a análise, ficou demonstrado que as temperaturas médias anuais do município tiveram um acréscimo, o que já foi percebido pela aplicação da semi-média. Este aumento foi percebido também pela reta de tendência, que demonstrou uma elevação de 0,6ºC no período. Um aumento das médias térmicas também foi notado pela aplicação da semi-média para as médias das temperaturas mínimas e para as médias das temperaturas máximas, sendo que a reta de tendência revelou uma elevação de 0,3º C para a média das mínimas e de 0,1º C para a média das máximas. Essa disposição também foi notada para o inverno, sendo que a semi-média demonstrou aumento para as temperaturas médias, para as médias das temperaturas mínimas e também das máximas. A reta de tendência revelou para as médias de inverno um notável aquecimento de 0,9º C, ainda mais se levando em conta o curto período analisado. Para as temperaturas mínimas, foi observado pela reta de tendência um aumento térmico também bastante notável de 0,8º C, e para as temperaturas máximas uma tendência de acréscimo de 0,3º C. Para as temperaturas médias do verão também foi notado um aumento térmico pela aplicação da semi-média, o que foi confirmado pela reta de tendência, que revelou um aquecimento das temperaturas na ordem de 0,6º C. Porém, ao analisar as temperaturas mínimas foi encontrado um pequeno declínio das temperaturas, tanto ao aplicar a semi-média, quanto na aplicação da reta de tendência, que revelou um resfriamento de 0,2º C para o período. As temperaturas máximas revelaram estabilidade na aplicação de ambas as técnicas. 44 Apesar da tendência encontrada anualmente e no inverno não ser confirmada com o verão, ainda assim pode-se dizer que o município de Rio Claro tem passado por um período de aquecimento desde a implantação da estação meteorológica do CEAPLA, em 1994, confirmando outros estudos do gênero já realizados em diversas partes do globo. É muito provável que pela rapidez com que essas variações vêm ocorrendo, estas possam ser explicadas pela interferência do homem no meio, e os processos de desmatamento, permeabilização dos solos, agricultura, industrialização, o aumento da emissão dos gases de efeito estufa, entre outros aspectos antrópicos que colaboram para um aquecimento da atmosfera. Entretanto, as alterações no ritmo climático devem ser pauta de discussões sendo elas causadas por ação antrópica ou não, pois é certo que aumentos ou diminuições da precipitação ou temperatura podem causar inúmeros impactos no globo, principalmente no que diz respeito à vida humana, a aspectos sociais e econômicos, não só ambientais. Tendo em vista que o homem, apesar de colaborar com alterações nos elementos atmosféricos, não é capaz de controlar ou manejar o clima, torna-se de grande importância estudos climáticos em diversas partes do globo, permitindo um embasamento necessário para futuras estratégicas públicas, visando uma adequação ou até uma minimização dos danos que provavelmente virão com eventuais mudanças no clima e em seu ritmo habitual. 45 7. BIBLIOGRAFIA AYOADE, J.O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. São Paulo: DIFEL, 1986. 321 p. BARRIOS, N.A.Z. A cotonicultura na Região de Presidente Prudente: o regime pluviométrico e as variações de produção. 1987. 227 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1987. BRINO, W.C. Contribuição à Definição Climática da Bacia do Corumbataí e Adjacências (SP), Dando Ênfase à Caracterização dos Tipos de Tempo. 1973. 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Tabela 1: 1994 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 23.9 19.1 29.4 Fevereiro 23.1 18 29 Março 23.4 18.3 29.1 Abril 21.9 15.8 27.4 Maio 20.1 13.9 26.8 Junho 16.3 9 23.8 Julho 18.4 9.9 26.6 Agosto 19.9 9.8 28.1 Setembro 23.1 13.9 31.5 Outubro 24.7 18.1 32.1 Novembro 24.2 18.4 30.1 Dezembro 24.9 19.4 30.5 Tabela 2: 1995 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 25 20.3 31 Fevereiro 23.9 19.9 28.8 Março 23.6 18.4 29.6 Abril 22 15.7 28.5 Maio 18.9 12.8 25.2 Junho 18.2 10.7 25.6 Julho 19.2 12.2 26.5 Agosto 21.7 11.9 30.3 Setembro 21.8 13.8 29.2 Outubro 22.5 15.7 28.4 Novembro 23.9 16.9 29.4 Dezembro 24.1 18.3 29.3 Tabela 3: 1996 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24.9 19.5 30.6 Fevereiro 24.5 19.6 30.9 Março 23.9 19 30 Abril 22.4 15.9 28.9 Maio 18.6 12 25.4 Junho 17.4 10.2 25 Julho 16.8 8.8 24.8 Agosto 19.9 10.9 27.9 Setembro 20.7 14.5 26.6 Outubro 22.9 16.6 29 Novembro 23.2 17.7 28.2 Dezembro 24.4 19.4 30.1 50 Tabela 4: 1997 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 23.4 20 28.9 Fevereiro 24.9 19.1 31.1 Março 23.4 17.2 29.2 Abril 21.7 14.7 28.4 Maio 19.2 12.1 25.6 Junho 17.3 11.3 23.9 Julho 18.4 10.4 26.1 Agosto 19.8 10.4 27.6 Setembro 22.8 15.1 29.8 Outubro 23.6 17.4 29.8 Novembro 24.7 19.6 30.3 Dezembro 25.2 19.6 31 Tabela 5: 1998 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 25.7 20.6 31.5 Fevereiro 24.9 20.6 30.6 Março 25 19.8 31 Abril 22.5 17 28.6 Maio 18.7 12.5 25.2 Junho 17.1 10.2 23.9 Julho 18.2 10.3 26.1 Agosto 21.4 14.2 28 Setembro 22 15.5 28.2 Outubro 21.9 16.9 26.9 Novembro 23.7 16.4 30.1 Dezembro 24.6 19.4 30 Tabela 6: 1999 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24.5 20.3 30 Fevereiro 24 19.8 30.3 Março 24.6 18.7 30.6 Abril 21.9 15.1 28.3 Maio 18.7 10.8 25.4 Junho 17.5 10.5 24.1 Julho 19.1 11.9 26.4 Agosto 19.6 9.8 27.9 Setembro 21.8 13.9 29 Outubro 22.4 15.3 28.8 Novembro 23 15.4 29.4 Dezembro 24.7 19.1 30.3 51 Tabela 7: 2000 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24.7 19.3 30 Fevereiro 24.2 19.8 29.5 Março 23.8 19.1 29.2 Abril 22.3 14.5 29.1 Maio 19.5 11.6 26.6 Junho 19.1 11.2 27.1 Julho 16.9 9.4 24.8 Agosto 19.7 12.4 27 Setembro 21.3 15.6 27.4 Outubro 25.5 18.3 32.2 Novembro 23.9 18.4 29.7 Dezembro 24.2 19.4 29.6 Tabela 8: 2001 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 25.4 19.9 31.1 Fevereiro 25.3 20.4 31.4 Março 25.1 19.5 31 Abril 23.8 17.1 30.1 Maio 19.4 13 25.6 Junho 18.5 11.8 25.2 Julho 18.8 11.2 26.6 Agosto 20.9 12 28.1 Setembro 22.2 14.8 28.1 Outubro 23.6 16.5 29.4 Novembro 24.9 19.1 30.3 Dezembro 24 19.3 29.1 Tabela 9: 2002 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24 19.8 29.6 Fevereiro 23.4 19.4 28 Março 25.7 19.6 31.2 Abril 24.8 17.2 31.5 Maio 20.5 14.6 26.8 Junho 20.1 13.1 28 Julho 18.2 10.3 25.3 Agosto 22 15.1 27.4 Setembro 21.1 14 27 Outubro 26.9 18.7 34.1 Novembro 24.4 18.8 30.2 Dezembro 25.2 19.9 30.7 52 Tabela 10: 2003 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24.4 20.4 29.4 Fevereiro 26.3 20.2 32.1 Março 24.2 18.5 29.8 Abril 22.8 16.2 28.7 Maio 19 10.8 25.8 Junho 19.8 11.4 27.5 Julho 19 10.4 26.8 Agosto 18.9 10.7 26.3 Setembro 22.6 14 29.3 Outubro 23.9 16.1 29.9 Novembro 23.7 17.1 28.9 Dezembro 24.9 18.7 30.4 Tabela 11: 2004 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 23.7 18.4 28.5 Fevereiro 23.6 17.8 28.7 Março 23.2 16.5 29 Abril 22.7 17.1 28.2 Maio 18.4 13.2 24 Junho 17.7 11.4 24.3 Julho 17.7 11 23.5 Agosto 19.8 10.4 27.6 Setembro 24.5 15.2 32.2 Outubro 22 16.3 27 Novembro 23.8 17.6 29.6 Dezembro 24.2 18.6 30.3 Tabela 12: 2005 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 24.4 20.2 28.4 Fevereiro 25.1 18 30.9 Março 24.6 19 29.7 Abril 23.6 17.9 29.4 Maio 21 13.4 27.1 Junho 19.3 12.6 25.9 Julho 18.1 11.1 24.7 Agosto 21.2 12 29.1 Setembro 21.3 15.2 27.4 Outubro 24.5 18.2 30.8 Novembro 23.9 17.3 30.4 Dezembro 23.9 18.1 29.2 53 Tabela 13: 2006 Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 25.3 19.6 30.6 Fevereiro 24.2 19.5 29.9 Março 24.6 19.4 30.4 Abril 22.3 15.7 28.5 Maio 18.4 10.4 25.2 Junho 18.3 9.7 25.8 Julho 19 10.1 27 Agosto 21.4 11.3 29.5 Setembro 21.4 13.2 28.4 Outubro 23.8 16.6 29.7 Novembro 23.8 18.1 29.9 Dezembro 24.9 20 29.8 Tabela 14: Anual (1994 a 2006) Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 22 15.3 28.7 Fevereiro 22.1 15.6 28.5 Março 21.6 15.3 28.1 Abril 22 15.6 28.5 Maio 22.1 16.1 28.3 Junho 21.8 15 28.4 Julho 22.1 15.8 28.5 Agosto 22.6 16.2 28.8 Setembro 23 16.7 29.2 Outubro 22.5 15.4 28.7 Novembro 21.8 15.3 27.7 Dezembro 22.6 16.1 28.6 Tabela 15: Verão Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 23.5 18.5 29.2 Fevereiro 24.2 19.5 29.8 Março 24.4 19.4 30.5 Abril 23.9 18.8 29.7 Maio 25.2 20.3 31 Junho 24.4 19.6 30.3 Julho 24.2 19.4 29.6 Agosto 25.3 19.9 31.2 Setembro 24.4 19.6 29.6 Outubro 25 19.7 30.4 Novembro 23.5 17.6 28.7 Dezembro 24.7 19.1 29.7 54 Tabela 16: Inverno Mês Média Média Mínima Média Máxima Janeiro 18.2 9.6 26.2 Fevereiro 19.7 11.6 27.5 Março 18 10 25.9 Abril 18.5 10.7 25.9 Maio 18.9 11.6 26 Junho 18.7 10.7 26.1 Julho 18.6 11 26.3 Agosto 19.4 11.7 26.6 Setembro 20.1 12.8 26.9 Outubro 19.2 10.8 26.9 Novembro 18.4 10.9 25.1 Dezembro 19.5 11.9 26.6 CAPA DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS ÍNDICE LISTA DE FIGURAS RESUMO 1. INTRODUÇÃO 2. MATERIAIS E TÉCNICAS 3. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 4. ANÁLISE DAS TEMPERATURAS EM RIO CLARO – SP 5. O ESTUDO DO CLIMA 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 7. BIBLIOGRAFIA 8. ANEXOS