Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus de Botucatu “Avaliação ultrassonográfica do bulbo ocular em cães submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular” Priscila Teodoro Pavan Botucatu/SP 2011 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus de Botucatu “Avaliação ultrassonográfica do bulbo ocular em cães submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular” Priscila Teodoro Pavan Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof . Ass. Dr. José Joaquim Titton Ranzani Nome do Autor: Priscila Teodoro Pavan Título: AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO BULBO OCULAR EM CÃES SUBMETIDOS À FACECTOMIA POR FACOEMULSIFICAÇÃO COM OU SEM IMPLANTE DE LENTE INTRAOCULAR. COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. José Joaquim Titton Ranzani Presidente e Orientador Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Profa. Dra. Maria Jaqueline Mamprim Membro Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Profa. Dra. Geórgia Nadalini Rodrigues Membro Médica Veterinária Autônoma Doutora em Medicina Veterinária – área de Cirurgia pela FMVZ – UNESP - Botucatu Data da defesa: 29 de Junho de 2011 Dedico Aos meus pais, Décio e Vera, que mais do que me proporcionar uma boa vida acadêmica, formaram os fundamentos do meu caráter e me apontaram uma vida eterna. Obrigada por serem a minha referência de tantas maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável. Ao meu marido, Augusto, que representa minha segurança em todos os aspectos, meu companheiro incondicional, o abraço espontâneo e tão necessário, especialmente nos momentos dificeís. Obrigada por me fazer sentir tão amada. Ao Leonardo, meu amigo e irmão, pelo companheirismo e ajuda mesmo quando longe, veio principalmente quando mais precisei e foram essenciais pra mim. Pai, Mãe, Augusto e Lê obrigada pela confiança, motivação, compreensão, dedicação e amor que sempre depositaram em mim, e que sem vocês eu nunca conseguiria. AGRADECIMENTOS Ao Prof José Joaquim Titton Ranzani, meu orientador e mestre, que com sua paciência, me ensinou e me fez aprender, depositando sua confiança em mim e acreditando que eu seria capaz, sempre me aconselhando como um pai, muito obrigada por tudo, especialmente pela oportunidade e carinho. À Profa Claúdia Valéria Seullner Brandão, pelo incentivo, ensinamentos e ajuda na participação deste trabalho e amizade. À Profa Maria Jaqueline Mamprim, por estar sempre disposta a me atender, pelos ensinamentos transmitidos, pelas preciosas sugestões e fundamental participação neste trabalho. À Profa Sheila Canevese Rahal, por ter me dado o primeiro voto de confiança, quando eu ainda estava na graduação, que se não fosse ela ter acreditado em mim, talvez nenhuma dessas portas se abririam para o meu futuro. Alguém por quem tenho muito respeito, carinho pela amizade e admiração por sua competência profissional. À amiga e fiel colaboradora, Mariana Ferreira de Almeida, pelo apoio fundamental na realização do projeto, pela paciência de horas de ultrassom, inclusive aos sábados e férias, meu muito obrigado e reconhecimento por estar sempre disposta a ajudar. Aos Residentes e Pós - graduandos do Departamento de Radiologia, Danuta, Raquel, Viviam, Priscilla, Priscila, há tantos a agradecer, aos quais sem nominar, por tanto se dedicarem a mim, não somente por terem me ajudado e ensinado, mas por terem pronta disponibilidade e perfeição com que realizaram os exames e me ajudaram a interpretar terão meu eterno agradecimento. Às amigas do Serviço de Oftalmologia e colegas de pós – graduação, Mayana, Joice, Cintia, Guadalupe, Camila, Geovana e Nívea pelo aprendizado, troca de experiências, auxílio e amizade. A esta Universidade FMVZ – UNESP – campus de Botucatu, seu corpo Discente, Docente e Administrativo, que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, realizando sonhos e conquistas, estimulada pela confiança no mérito e ética aqui presente, meu muito obrigada pela competência. À minha família, em especial minha avó Lydia, que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo, sempre fizeram entender que o futuro é feito com constante dedicação no presente. Aos meus amigos, de perto e de longe, minha segunda família, pelo amor e preocupação demonstrados, por tornarem minha vida muito melhor. Obrigada, vocês que aliviaram minhas horas difíceis, me alimentando de certezas, força e alegria. Aos proprietários dos animais que participaram do projeto, que prontamente e gentilmente permitiram utilizar seus queridos cães. Aos animais, que participaram ou não, deste projeto por terem colaborado e serem os grandes responsáveis pelo desenvolvimento e motivação, e que se tornaram seres essenciais para o meu aprimoramento pessoal e profissional, e que ficaram para sempre guardados em meu coração: Tuca, Téo, Moa, Paco, Gaya e Lupy (in memoriam). Ao Prof Titular Carlos Roberto Padovani, do Departamento de Bioestatística do Instituto de Biociências, da UNESP, Botucatu, pelas análises estatísticas. À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo apoio financeiro para realização deste trabalho. A todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste trabalho. Muito obrigada nunca será suficiente para demonstrar a grandeza do que recebi de vocês. Peço a Deus que os recompense à altura. E é a Ele que dirijo minha maior gratidão, a aquele, que permitiu tudo isso, ao longo de toda a minha vida, e não somente nestes anos como universitária, a você meu Deus, mais do que me criar, deu propósito à minha vida. Obrigada, reconheço cada vez mais em todos os meus momentos, que você é o maior mestre, que uma pessoa pode conhecer e reconhecer. Vem dEle tudo o que sou, o que tenho e o que espero. Meu muito Obrigada!!! LISTA DE TABELAS Tabela 1- Identificação dos animais utilizados no experimento: Grupo CA ........ 36 Tabela 2- Identificação dos animais utilizados no experimento: Grupo PP ......... 36 Tabela 3- Identificação dos animais utilizados no experimento: Grupo PL ......... 37 Tabela 4- Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo CA............................... 44 Tabela 5 - Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo PL................................ 44 Tabela 6 - Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo PP............................... 45 Tabela 7- Variáveis biométricas descritivas segundo grupo de estudo................. 51 Tabela 8- Distribuições das lentes segundo bulbo ocular ..................................... 52 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mensurações das variáveis biométricas: A - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de animal do grupo CA, mostrando a mensuração do comprimento axial em 1 e a distância entre o corpo ciliar em 2. B – Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de um animal, mostrando as mensurações: 1- câmara anterior; 2 – lente; 3 – câmara vítrea; 4 - comprimento axial 1- comprimento axial; 2 – câmara anterior; 3 – câmara vítrea.......................................................................................... 40 Figura 2 – Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de cão do grupo CA: onde se pode observar linha ecogênica irregular em região da lente, que representa cápsula posterior da lente (seta).............................................. 42 Figura 3 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de cão do grupo PL: onde se pode observar linha ecogênica retilínea em região da lente, que representa a LIO veterinária 41 D (seta)................................................... 43 Figura 4 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de cão do grupo PP: onde se podem observar duas linhas ecogênicas paralelas em região da lente, que representam a LIO em piggyback (seta)..................................... 43 Figura 5 – Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular, da câmara vítrea com Hialose Asteróide: onde se pode observar ponto hiperecóico em região de câmara vítrea ....................................................................................... 46 Figura 6 - Hemorragia/coágulo em câmara vítrea: A – imagem fotográfica de bulbo ocular de cão do grupo CA, onde se podem observar focos hemorrágicos em região de câmara vítrea; B - imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular, da câmara vítrea, onde se podem observar pontos hiperecóicos dispersos em região de câmara vítrea....................................................................................................... 46 Figura 7 - Implante de LIO centralizada: imagem fotográfica de bulbo ocular do grupo PL, onde se pode observar a presença da LIO centralizada............................................................................................. 47 Figura 8 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de animal do grupo PP, sendo a câmara vítrea classificada com degeneração vítrea grau 0 – câmara vítrea completamente anecóica.................................................................................................. 47 Figura 9 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de animal do grupo PP, da câmara vítrea classificada como degeneração vítrea média grau 1, onde se observa poucos pontos ecogênicos dispersos na câmara vítrea ............................................................................................................... 48 Figura 10 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de animal do grupo PP, da câmara vítrea classificada como degeneração vítrea moderada grau 2, onde se observa razoável quantidade de pontos ecogênicos dispersos em menos que a metade da câmara vítrea............................................... 48 Figura 11 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular de animal do grupo CA, da câmara vítrea classificada como degeneração vítrea acentuada grau 3, onde se observa inúmeros pontos ecogênicos envolvendo mais que a metade da câmara vítrea com formações de membranas vítreas ............. 49 Figura 12 - Imagem ultrassonográfica em plano dorsal do bulbo ocular, da câmara vítrea com descolamento de retina total: onde se pode observar a separação entre a retina e as outras camadas da parte interna do bulbo ocular, ainda fixa na inserção do nervo óptico.......................................................................... 49 LISTA DE ABREVIAÇÕES % Porcentagem ± Mais ou menos CA Cães afácicos cm Centímetros D Dioptria ERG Eletrorretinografia et al. e colaboradores Hg Mercúrio kg Quilograma LIO Lente intraocular LIOs Lentes intraoculares MHz Megahertz min Minuto mm Milímetro PIO Pressão intraocular PL Cães pseudofácicos com lente veterinária PP Cães pseudofácicos com lente em piggyback SRD Sem raça definida US Ultrassom SUMÁRIO Página RESUMO ........................................................................................................................15 ABSTRACT ...................................................................................................................17 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................19 2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................21 3. OBJETIVO .................................................................................................................34 4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................35 4.1 Animais .........................................................................................................35 4.2 Grupos Experimentais....................................................................................35 4.3 Delineamento Experimental .........................................................................37 4.3.1 Aspectos Éticos...............................................................................37 4.3.2 Exames Clínico e Oftálmico ..........................................................37 4.3.3 Exame Ultrassonográfico ...............................................................38 4.3.4 Análise Estatística ..........................................................................40 5. RESULTADOS ..........................................................................................................41 5.1.1 Exame Clínico Oftálmico e Avaliações Complementares .............41 5.1.2 Exame Ultrassonográfico ...............................................................42 6. DISCUSSÃO ..............................................................................................................53 7. CONCLUSÕES ..........................................................................................................58 8. REFERÊNCIAS .........................................................................................................60 9. TRABALHO CIENTÍFICO .......................................................................................69 PAVAN, P.T. Avaliação ultrassonográfica do bulbo ocular em cães submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular. Botucatu, 2011. 74p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. RESUMO O exame ultrassonográfico tem sido utilizado para diagnóstico das doenças oftálmicas humanas desde 1956, já em Medicina Veterinária o seu uso foi somente descrito em 1968; ainda tem sido muito pouco empregado para auxílio no pós- operatório de catarata, onde possui grande importância no diagnóstico de alterações decorrentes da facectomia. O presente trabalho teve por objetivo descrever e comparar as alterações ultrassonográficas encontradas em bulbos oculares de cães submetidos à facectomia por facoemulsificação, com ou sem implante de lente intraocular (LIO), no intuito de auxiliar no diagnóstico de possíveis alterações decorrentes do procedimento cirúrgico e do implante da LIO, bem como sua correspondência com alterações clínicas. Foram utilizados 19 cães machos e fêmeas portadores de catarata já operados, de várias raças e idades, saudáveis, não diabéticos e submetidos à facectomia por facoemulsificação, resultando em 21 bulbos oculares avaliados. Os animais inicialmente foram submetidos a exame oftálmico completo, em ambiente de baixa luminosidade, e em seguida ao exame ultrassonográfico. Foram constituídos três grupos: um de 11 bulbos oculares, CA (cães afácicos), outro de 05 bulbos oculares PP (cães pseudofácicos com implante de duas LIOs em piggyback) e outro PL de 05 bulbos oculares com implante de uma LIO veterinária de 41 D. O exame ultrassonográfico foi realizado sob administração tópica de colírio anestésico oftálmico1, com transdutor 1Anestalcon – Alcon - Brasil linear multifrequencial de 6 a 10 MHz pelas técnicas transpalpebral e corneal. Clinicamente, foram observadas diferentes alterações, dentre elas: luxação da LIO, descolamento de retina, hialose asteróide e degeneração vítrea que foram, posteriormente, confirmadas e classificadas pelo exame ultrassonográfico. Os grupos não mostraram diferenças estatísticas nas medidas descritivas das variáveis quanto ao eixo ocular e à câmara anterior; já, quanto às medidas do corpo ciliar e câmara vítrea, o grupo PP mostrou-se inferior aos grupos CA e PL, ao nível de significância menor que 5%. Palavras-chave: cão; ultrassom; catarata; facoemulsificação; lente intraocular PAVAN, P.T. Ocular bulb ultrasonographic in dogs submitted to facectomy by facoemulsification with or without intraocular lens implants. Botucatu, 2011. 74p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. ABSTRACT The ultrasound has been used for diagnosis of human ophthalmic disease since 1956, veterinary medicine in their use was only described in 1968. The present study aims to describe and compare the ultrasonographic alterations encountered in dogs which underwent facectomy through facoemulsification with or without intraocular lens implant (IOL), in an attempt to assist the diagnosis of possible alterations due to the surgical procedure and IOL implantation, as well as their relation to corresponding clinical signs. The study group was composed by 19 male and female healthy, non-diabetic dogs of various breeds and ages, which had already had surgery for cataract, adding up to the evaluation of 21 ocular bulbs. The animals were initially submitted to complete ophthalmological exams, in a dim environment which preceded the sonogram. Subsequently, the subjects were divided into three distinct groups: Aphakic dogs (CA), pseudophakic dogs implanted with two piggyback IOLs (PP) and dogs implanted with a 41D veterinary IOL (PL), which consisted of 11, 05 and 5 ocular bulbs, respectively. The ultrasound was carried under the topic administration of an anesthetic eye drop1, with a multi frequency linear transducer of 6 to 10 MHz through the transpalpebral and transcorneal technique. The clinical alterations observed were luxation of the IOL, retinal dislocation, asteroid hyalosis, and vitreous degeneration. No statistic difference in the descriptive measures of the variables regarding the ocular axis 1Anestalcon – Alcon - Brasil and the anterior chamber was found, however, when comparing measurements of the cilliar body and the vitreal chamber, the PP group presented lower results than those found in the CA and PL group, with a level of significance below 5%. Key words: dog; ultrasound; cataract; facoemulsification; intraocular lens 1. INTRODUÇÃO A catarata é definida como uma afecção que resulta na opacificação da cápsula ou fibras da lente, decorrente de alterações da arquitetura lamelar destas estruturas. Dentre as enfermidades oculares que frequentemente acometem os cães, a catarata, ocupa lugar de destaque, sendo esta uma das principais causas de cegueira nesta espécie (JOHNSON e MILLER, 1990, GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997, SLATTER, 2005, GELATT, 2007). As técnicas cirúrgicas utilizadas para remoção da catarata têm sido modificadas com o passar dos anos, sempre no intuito de aumentar as taxas de sucesso do procedimento, com diminuição das complicações. Atualmente, é consenso mundial a abordagem cirúrgica como único tratamento da catarata, sendo que a técnica de escolha para remoção da catarata é a facoemulsificação, a qual consiste na fragmentação da lente, com posterior aspiração do material emulsificado, através de uma pequena incisão de cerca de 3mm (DAVIDSON et al., 1991; NASISSE et al., 1991; BISTNER, 1992; WILLIAMS et al., 1996; GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997). As principais complicações advindas da cirurgia para extração da catarata incluem as uveítes anteriores, hifema, edema de córnea, opacidade de cápsula, descolamento de retina e glaucoma, o que resulta em opacificação dos meios impossibilitando o exame dos segmentos anterior e posterior (DZIEZYC, 1990; DAVIDSON et al., 1991; WHITLEY et al., 1993; WILLIAMS et al., 1996). O exame ultrassonográfico tem sido utilizado para diagnóstico das doenças oftálmicas humanas desde 1956; já, em Medicina Veterinária, o seu uso foi somente descrito em 1968 (NYLAND e MATTOON, 2005). O bulbo ocular é uma ótima estrutura para ser analisada pelo exame ultrassonográfico, por ser em grande parte constituído de líquidos e de algumas superfícies internas refletivas; além de ser um método que causa pouco estresse ao animal, também é um método seguro e não invasivo (MORGAN, 1989; GONZALEZ et al., 2001; CARVALHO, 2004). O exame de ultrassom (ecografia) é um ótimo método para avaliação de estruturas intraocular e orbital que não podem ser visibilizadas por outras técnicas. É o exame mais utilizado na prática clínica para avaliar o conteúdo intraocular que não possa ser revelado a partir de visualização direta, devido à opacidade da lente, da córnea ou da câmara anterior ou para avaliar as possíveis causas de exoftalmia (WILLIAMS e WILKIE, 1996; LAUS et al., 2003). A realização do presente experimento foi estimulada pela possibilidade de se avaliarem as alterações clínicas e complicações intraoculares em cães acometidos por catarata, submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular, utilizando-se do exame ultrassonográfico. 2. REVISÃO DE LITERATURA O bulbo ocular canino é quase esférico e mede entre 20 e 25 mm de diâmetro. O vértice da córnea é denominado pólo anterior e seu ponto diretamente oposto é o pólo posterior; a linha que une os pólos é o eixo óptico. Os meridianos são linhas na superfície do bulbo ocular que conectam o pólo anterior e posterior; o equador é a circunferência máxima do bulbo ocular entre os pólos anterior e posterior (NYLAND e MATTOON, 2005). A lente do bulbo ocular do cão encontra-se em contato com a superfície posterior da íris. Ela é circular no plano transversal e elíptica no sagital. Mede, aproximadamente, 10 mm de diâmetro e 7 mm na extensão do eixo óptico (NYLAND e MATTOON, 2005). Segundo Gonçalves et al. (2000), a espessura ultrassonográfica da lente é de 6,1 ± 1,2 mm e o diâmetro, de 10,5 ± 1,0 mm. O bulbo ocular apresenta três câmaras: a anterior, a posterior e a vítrea. A câmara anterior é limitada pela córnea e superfície anterior da íris, e comunica-se com a câmara posterior através da pupila. A câmara posterior está limitada, rostralmente, pela porção posterior da íris e, caudalmente, pela cápsula anterior da lente (CARVALHO, 2004). O humor aquoso encontra-se presente tanto na câmara anterior quanto na posterior; é um fluido claro e transparente cuja constituição assemelha-se à do líquido cérebroespinhal, e se apresenta anecogênico. A câmara vítrea é a maior das três, e é limitada, anteriormente, pela cápsula posterior do e pelas zônulas lenticulares e posteriormente, pela retina (CARVALHO, 2004; NYLAND e MATTOON, 2005). O humor vítreo ocupa a câmara vítrea, é gelatinoso, composto por água (98%), mucopolissacarídeos e ácido hialurônico; é observado e descrito como anecogênico (LABRUYÈRE et al., 2008). A lente é uma estrutura avascular, biconvexa e transparente (EVANS, 1993). Além de avascular, a lente não possui inervação e é formado por 1/3 de proteínas, 2/3 de água e demais componentes (lipídeos, aminoácidos, eletrólitos e carboidratos) contando com 1%. É esta grande quantidade de proteínas que dá a lente um elevado índice de refração da luz, que juntamente com a capacidade de acomodação, constitui-se na sua principal função (GELATT, 2007). O termo catarata é usado para definir uma opacificação parcial ou completa da lente do bulbo ocular, impedindo a passagem da luz e causando perda parcial ou completa da visão (NEWTON, 2000). A catarata está entre as principais causas de déficit visual. A oftalmoscopia direta e indireta permite diagnósticos precisos, quando da avaliação do segmento posterior (SLATTER, 2005), mas se tornam ineficientes frente à opacificação de meios transparentes do olho, como na maioria das cataratas (EISENBERG, 1985; MATTON e NYLAND, 2005; NARFSTROM e EKESTEN, 1998). A catarata é uma enfermidade frequente na oftalmologia veterinária, especialmente em cães e pode ser definida como a opacidade da lente ou de sua cápsula; possui tamanhos, formas, etiologias e graus de progressão variados (JOHNSON e MILLER, 1990; GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997; SLATTER, 2005). Quanto à etiologia, as cataratas podem apresentar-se como: hereditárias, traumáticas, tóxicas, secundárias à radiação, doenças oculares, metabólicas e nutricionais (WILKIE et al. 2006). Cataratas podem se desenvolver secundariamente a doenças intraoculares, como o glaucoma (KEIL e DAVIDSON, 2001; GOULD, 2002), luxação da lente, uveíte crônica, atrofia progressiva de retina (GOULD, 2002). Nos cães, a catarata hereditária primária destaca-se como o tipo mais freqüente, sendo descrita em diversas raças (PEIFFER JR e PETERSEN-JONES, 2001). De acordo com Glover e Constantinescu (1997), elas podem ser classificadas, ainda, segundo a idade da ocorrência no paciente (congênita, infantil, juvenil e senil), a localização da opacificação (capsular, subcapsular, zonular, cortical, nuclear, axial e equatorial), e quanto à aparência e ao estágio de progressão (incipiente, imatura, madura e hipermatura) (WHITLEY et al., 1993; FERREIRA et al., 1997; DAVIDSON e NELMS, 1998; SLATTER, 2005). Glover e Constantinescu (1997) lembraram que pacientes com catarata podem manifestar condições intercorrentes. Eles relacionaram a uveíte facolítica como uma das mais importantes, considerando que a sua patogênese estaria relacionada à exposição da imunidade local a proteínas da lente, com respostas imunomediadas, humoral e celular concomitantes. Davidson e Nelms (1998) e Slatter (2005) informaram que, em pacientes com catarata hipermatura, placas esbranquiçadas multifocais e subcapsulares na cápsula anterior ou na posterior, ou em ambas, promoveram aumento da profundidade da câmara anterior identificando evidências de uveíte facolítica. Os autores relataram, ainda, complicações decorrentes da uveíte facolítica, entre as quais, glaucoma e phithisis bulbi. Cataratas também podem estar associadas a descolamentos de retina, totais ou parciais, e às alterações do vítreo (GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997). Davidson et al. (1991) e Woert et al. (1993) citaram que a degeneração vítrea, o descolamento do vítreo posterior e os descolamentos de retina são comuns em bulbos oculares de cães com catarata madura ou hipermatura. Woert et al. (1993) observaram, em 34% de bulbos oculares com catarata, enfermidades intraoculares intercorrentes. Atualmente, considera-se que a única terapia efetiva para catarata é a remoção cirúrgica, a qual pode ser realizada por diversas técnicas. Nos últimos anos, a técnica de escolha, tanto na oftalmologia veterinária quanto na humana, é a facoemulsificação (WILLIAMS et al., 1996; GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997). Conforme Whitley et al. (1993), Yi et al. (2006) e Gellat (2007) a facoemulsificação constitui técnica de eleição para remoção da catarata, posto que imprime vantagens, comparativamente às demais, propiciando índices de sucesso mais significativos, embora em casos de cataratas maduras, cujo núcleo apresenta consistência firme o que demanda tempo na fragmentação, aumente o risco de uveíte no pós-operatório (ÖZGENCIL, 2005). A facoemulsificação reduz o trauma cirúrgico e o acesso à lente se dá por pequena incisão na superfície ocular (PEREIRA et al., 1999; ÖZGENCIL, 2005; SIGLE e NASISSE, 2006); em paralelo, permite eficiente remoção do material lenticular (ÖZGENCIL, 2005; SIGLE e NASISSE, 2006), minimizando o dano endotelial (SIGLE e NASISSE, 2006). A opacificação da cápsula posterior se constitui na mais comum complicação pós-operatória das facectomias, (BRAS et al., 2006; YI et al., 2006). A idade e o sexo, por sua vez, não influenciam significativamente para a ocorrência de opacificação da cápsula posterior, porém, pacientes jovens e de raças pequenas e médias têm sido os mais acometidos (BRAS et al. 2006). As oftalmoscopias diretas e indiretas mostram-se como procedimentos diagnósticos úteis na avaliação do segmento posterior (SLATTER, 2005). Entretanto, elas se tornam ineficazes frente à ocorrência de opacificação de meios transparentes (EISENBERG, 1985; NARFSTRÖM e EKESTEN, 1998; NYLAND e MATTOON, 2005); a avaliação minuciosa do segmento posterior, assim, estará comprometida às oftalmoscopias direta e indireta (DAVIDSON e NELMS, 1998). A catarata é uma das mais comuns oftalmopatias e considerando-se a frequência com que descolamentos retinianos totais ou parciais, a degeneração vítrea e o descolamento do vítreo posterior associam-se a ela, Eisenberg (1985), Woert et al. (1993), Glover e Constantinescu (1997), Davidson e Nelms, (1998), Narfström e Ekesten (1998) e Nyland e Matton (2005), apontaram a eletrorretinografia e a ultrassonografia como métodos adjuntos úteis para a avaliação do vítreo e da retina. A ultrassonografia ocular é um exame de suma importância na detecção de doenças do segmento posterior que contra-indicam a cirurgia em pacientes com catarata total (QUINZE, 2004; RODRIGUES JR, 2008) que, através da oftalmoscopia direta, não permite a visualização da retina antes da cirurgia; desta forma é importante confirmar que não exista descolamento de retina, já que é possível se obter um resultado positivo na eletrorretinografia (ERG), mesmo na presença de descolamento de retina (HYMAN, 2008). Ainda que se trate de um exame confiável e eficaz para avaliação da função retiniana, a eletrorretinografia pode mostrar amplitudes apenas discretamente diminuídas na vigência de certas modalidades de descolamentos de retina (NARFSTRÖM e EKESTEN, 1998). Condições dessa natureza ocorrem com frequência, e terminam por tornar necessária uma avaliação ultrassonográfica do segmento posterior. A ultrassonografia contribui, portanto, para a obtenção de resultados pós-cirúrgicos mais satisfatórios, uma vez que auxilia na identificação de intercorrências não discerníveis por outros métodos (SELCER, 1995; BENTLEY et. al., 2003; NYLAND e MATTOON, 2005). A ultrassonografia diagnóstica em oftalmologia, desenvolvida no final dos anos 50 e início da década de 60, permanece como um método essencial de exploração e diagnóstico de doenças do bulbo ocular e órbita (FISHER, 1997). Suas indicações vão, desde as opacidades dos meios causadas por leucoma de córnea, catarata, membrana ciclítica, até hemorragia vítrea, endoftalmite, trauma e tumor oculares (KENDALL, 1990; LINDGREN et al., 1995; ADAN et al., 2001). A imagem ultrassonográfica pode ser utilizada ainda para guiar colheitas de citologia ou biopsia de massas intraocular ou retrobulbar de forma mais eficiente e segura (WILLIAMS e WILKIE, 1996; LAUS et al., 2003). Existem vários modos de ultrassom, embora os mais importantes para oftalmologia sejam o A e o B. O modo A ou modo Amplitude baseia-se na emissão e recepção de um único feixe de ultrassom (US), sendo as interfaces acústicas representadas num gráfico unidimensional sob forma de picos. Quanto maior for a amplitude do eco, maior é o pico. O intervalo entre os picos permite detectar o comprimento das estruturas do bulbo ocular. Este tipo de formato é utilizado para realizar mensurações na biometria ocular (NYLAND e MATTOON, 2005). No modo B ou modo Brilho, a intensidade dos ecos é apresentada sob forma de pontos brilhantes (FISH, 1990), formando uma escala de cinza, na qual o branco representa intensidade máxima de ecos e o preto, ausência desses (FEENEY et al., 1991). A ultrassonografia modo B produz múltiplas secções transversais e sagitais através do tecido, obtendo-se assim uma imagem bidimensional das estruturas oculares. Esta imagem ecográfica representa um plano tomográfico da morfologia e anatomia dos tecidos ou órgãos explorados (SIMÕES, 2011). Ultrassonografia modo B bidimensional em tempo real é a modalidade mais utilizada por médicos veterinários, pois permite a visibilização de uma imagem bidimensional, tornando a anatomia facilmente distinguível (NYLAND e MATTOON, 2005). Nos últimos anos, o exame ultrassonográfico tem se tornado cada vez mais útil no diagnóstico de doenças intraoculares (HERRERA, 2008). De acordo com Scotty et al. (2004), o exame ultrassonográfico é bastante útil para avaliação de estruturas internas, sendo possível obter a imagem completa do bulbo ocular, mesmo quando opacidades corneal, de câmara anterior ou de lente estão presentes, possibilitando a identificação e documentação de quaisquer anormalidades intraoculares, as quais poderiam passar despercebidas em exame de oftalmoscopia e biomicroscopia em lâmpada de fenda. A ultrassonografia ocular faz parte dos testes pré- operatórios sempre que houver qualquer opacidade de meios que impossibilite o exame oftalmoscópico direto (HYMAN, 2008; RODRIGUES JR, 2008). Segundo Hijar (2008), a informação proporcionada pela ultrassonografia ocular, junto com sua versatilidade, a transforma num método diagnóstico complementar de primeira ordem. O autor ainda afirma que seu uso é imprescindível em grande número de situações, não unicamente na exploração com meios opacos, mas também na análise qualitativa de diferentes estruturas intraoculares e nas luxações de lente. Homco e Ramirez (1995) e Laus et al. (2003) descreveram a importância do exame ultrassonográfico para avaliação das estruturas retrobulbares e possíveis alterações, citando também a possibilidade de punções guiadas para tratamento ou diagnóstico (massas ou abscessos). A ultrassonografia do segmento posterior do bulbo ocular é etapa indispensável na avaliação de cães com catarata que serão submetidos à facectomia, uma vez que a oftalmoscopia não é factível quando há opacificação da lente, notadamente nas cataratas maduras (MARTINS et al., 2010b). A importância da ultrassonografia ocular na avaliação pré-operatória de pacientes humanos com catarata total foi ressaltada por diversos autores. Estudos mostraram uma frequencia de descolamento de retina de 6,08% e de descolamento de vítreo posterior de 39,13%, sendo este o mais importante evento predisponente ao descolamento de retina, o que foi observado em 113 pacientes encaminhados para ecografia como pré-operatório de facectomia (LACAVA, 1997). Observou-se, no estudo acima, que cerca de 10% dos pacientes apresentavam alterações que comprometeriam o resultado funcional pós-cirúrgico. A respeito dos métodos de imagem alguns conceitos fundamentais devem ser considerados para análise de imagens ultrassonográficas como: a intensidade dos ecos, a perpendicularidade na obtenção das imagens e a formação mental da imagem tridimensional que o examinador deve criar para entender o transcorrer do exame (FISHER e CIARDELLA, 1998). Ondas sonoras de alta frequencia são direcionadas através do bulbo ocular. Esses ecos são amplificados e projetados em um osciloscópio. Ecos da superfície da córnea, da lente em sua superfície posterior e anterior, da retina, e de qualquer material intraocular anormal irão projetar uma imagem que auxilia no diagnóstico de alterações intraoculares (BROOKS, 2003). As estruturas oculares, com impedâncias que variam entre um pequeno intervalo, requerem o uso de frequencias elevadas de ultrassom, para discernir as interfaces originadas pelos diferentes meios e tecidos oculares (HIJAR, 2008). Segundo Gonzalez et al. (2001), transdutores de alta frequencia (15 MHz) são os mais adequados para estudos oftalmológicos, devido à sua boa capacidade de resolução e a pouca profundidade alcançada na zona focal (cerca de 1 a 4 cm). Os transdutores lineares de 10 MHz proporcionam resolução adequada e baixo poder de penetração; por esta razão, são muito utilizados na oftalmologia. Os transdutores lineares de 7,5 a 8 MHz possuem menor poder de resolução e maior penetração, o que confere maior utilidade para o exame da órbita, especialmente dos bulbos oculares grandes e região retrobulbar (HIJAR, 2008). Diversos transdutores são necessários para permitir a visibilização de diferentes profundidades no bulbo ocular; transdutores de 8 MHz mensuram lesões e estruturas intraoculares; já, as sondas de 10 MHz ou mais são utilizadas para biometria ocular (HYMAN, 2008). O desenvolvimento de transdutores de ultrassom de alta frequencia, de 20 a 100 MHz, tem permitido visibilizar tecidos de 20 a 80 mícrons, e a imagem que produzem é semelhante a uma visão histológica. Esse alto grau de resolução com penetração dos tecidos nos limites de 5 a10 mm é ideal para o exame do segmento anterior do bulbo ocular (BENTLEY et al., 2003). Ainda segundo Hijar (2008), a incorporação em oftalmologia de transdutores cuja frequencia oscila entre 50 e 100 MHz tem permitido um rápido avanço no que tem sido denominada ultrassonografia biomicroscópica; o poder de penetração máximo destes transdutores, que é de 0,6 cm, é acompanhado de um grande poder de resolução da imagem obtida, o que os torna idôneos para a exploração do segmento anterior do bulbo do olho. A maioria dos pequenos animais pode ser examinada sem a utilização de sedação, a menos que o animal esteja agitado devido ao temperamento ou à presença de dor (CARVALHO, 2004). Os exames são conduzidos enquanto o animal está sentado, em posição quadrupedal ou em decúbito esternal, com a cabeça contida por um assistente. A anestesia geral também pode ser administrada e o animal posicionado em decúbito esternal ou dorsal; entretanto, o relaxamento dos músculos extraoculares durante a anestesia profunda pode causar enoftalmia e protrusão da terceira pálpebra, o que pode prejudicar o exame (NYLAND e MATTOON, 2005). Técnica corneal é o método preferido, após abertura das pálpebras, se realiza a anestesia ocular tópica, limpeza da extremidade do transdutor, e para evitar contaminação de alguma lesão ocular se reveste o transdutor com luva estéril e o posiciona diretamente sobre a córnea, com um gel acústico estéril. A técnica corneal de contato direto permite melhor visibilização das estruturas vítreorretinianas e retrobulbares. As imagens da córnea, das estruturas oculares anteriores e da lente requerem a utilização de almofada de silicone (HAGER et al., 1987; NYLAND e MATTOON, 2005). Na técnica transpalpebral, o posicionamento do transdutor diretamente na pálpebra requer o emprego de gel acústico. A tricotomia da pálpebra melhora a qualidade da imagem ao reduzir a quantidade de ar entre o transdutor e a pele, porém não se faz necessária quando se utiliza uma camada espessa de gel acústico com mínima pressão do transdutor sobre o bulbo ocular. Esta técnica permite a avaliação adequada da câmara anterior, vítrea, da retina e das estruturas orbitais mais superficiais. O bulbo ocular deve ser limpo com solução salina estéril, para retirada do excesso de gel acústico após a finalização do exame, para prevenir possíveis irritações (CARVALHO, 2004; NYLAND e MATTOON, 2005). Várias imagens são obtidas durante o exame ultrassonográfico com a mudança do ângulo de incidência do transdutor, resultando em planos horizontais e verticais de exploração que se completam, contribuindo para a construção de uma imagem tridimensional (CARVALHO, 2004). Imagens sagital, dorsal e transversal do bulbo ocular devem ser obtidas durante cada exame. O feixe de ultrassom deve ser posicionado no eixo óptico para produzir uma imagem padrão, realizando uma varredura circular permitindo a visibilização de todo bulbo ocular e estruturas retrobulbares (NYLAND e MATTOON, 2005). Para obtenção da imagem em plano sagital, o transdutor é colocado com seu feixe de ultrassom na posição vertical sobre a córnea em sentido crâniocaudal, realizando-se movimentos temporonasais; na exploração do bulbo ocular em plano dorsal, o feixe de ultrassom deve estar em posição horizontal com o transdutor sobre a córnea, promovendo movimentos no sentido das pálpebras superiores e inferiores (NYLAND e MATTOON, 2005). A exploração ocular nos planos sagital e dorsal produz os primeiros ecos na córnea, em continuidade, à câmara anterior, anecóica em condições normais, que precede às interfaces ocasionadas pela cápsula anterior e posterior da lente, normalmente ecóicas. A câmara vítrea, igualmente anecóica, precede a retina, coróide e esclera, que em condições normais não são visibilizadas individualmente (HIJAR, 2008). Na imagem obtida pela exploração transversal ou transescleral (dorsal, ventral ou lateral) não é visibilizada a lente, porque os ecos são correspondentes à retina, coróide e esclera (HIJAR, 2008). Os tecidos retrobulbares são identificados pelo posicionamento do transdutor caudalmente ao bulbo ocular e ao ligamento orbital (NYLAND e MATTOON, 2005). Achados ultrassonográficos compatíveis com endoftalmite revelaram que 30,5% dos casos no homem eram decorrentes do pós-operatório de catarata com implante de lente intraocular (ADAN et al., 2001). No entanto, em um estudo, no qual se avaliou a existência de infecção da câmara anterior durante a facectomia por facoemulsificação com implante de lente intraocular, os resultados de todas as amostras foram negativos (SHIRATORI et al., 2002). Lupinacci et al. (2004) encontraram, em 24,8 % dos exames realizados em pacientes humanos, alterações ecográficas, dentre as quais o descolamento de retina e degenerações vítreas foram as mais comuns, tendo como principal fator de risco a uveíte pré-operatória. O exame ultrassonográfico apresentou concordância entre os achados ecográficos pré e pós-operatórios de 95,4%, indicando sensibilidade de 91,3% e especificidade de 100%, num estudo em pacientes com catarata madura, demonstrando a eficiência em diagnosticar alterações do segmento posterior do bulbo ocular, confirmando a importância deste exame tanto no pré como nos pós-operatórios (CORRÊA et al., 2002). Hifema ou hipópio, uveíte, degeneração do humor vítreo, hialose asteróide e descolamento de retina e vítreo posterior foram as principais complicações encontradas no pós-operatório de catarata (DZIEZYC, 1990; DAVIDSON et al., 1991; WHITLEY et al., 1993; WILLIAMS et al., 1996), alterações estas que são avaliadas pelo exame ultrassonográfico ocular (SQUARZONI et al., 2007). Alterações no diâmetro de lentes de cães acometidos por catarata senil imatura, madura ou diabética foram avaliadas pela ultrassonografia, previamente à facoemulsificação, e forneceram informações relevantes, notadamente, quanto ao aspecto e dimensões, que permitiram delinear estratégias mais seguras e com melhores resultados no pós-operatório (MARTINS et al., 2010a). Em um estudo ultrassonográfico realizado com 62 cães sem queixas oftalmológicas pelos proprietários, foi observada a presença de cistos de retina, persistência de artéria hialóide no vítreo, degeneração vítrea, hialose asteróide e flutuações vítreas (LABRUYÈRE et al., 2008). Vários tumores oculares em cães têm sido descritos, incluindo melanoma primário, adenoma e adenocarcinoma. No corpo ciliar, os adenocarcinomas podem estar associados com descolamento de retina (HOSKINS et al., 1993). Morgan (1989) relatou o uso da ultrassonografia para o diagnóstico de doenças retrobulbares em cães e gatos, afirmando que este exame é capaz de identificar o bulbo ocular e os tecidos moles da região retrobulbar; contudo, a ultrassonografia da órbita não é capaz, rotineiramente, de distinguir as lesões benignas de malignas, já que a metástase de linfoma tem aparência altamente variável, conforme Farrow (2005). Segundo Fife et al. (2006), a ultrassonografia é uma ferramenta importante para o diagnóstico de complicações pós-operatórias imediatas em eqüinos submetidos à facoemulsificação, tais como: edema corneal, fibrina na câmara anterior, hifema, descolamento de vítreo, sinéquias e deslocamento de implante intraocular. 3. OBJETIVO O objetivo do presente estudo foi descrever o emprego do exame ultrassonográfico e as alterações ultrassonográficas encontradas em bulbos oculares de cães submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular, na tentativa de auxiliar no diagnóstico de possíveis alterações decorrentes do procedimento e do implante da LIO, bem como correlacioná-los ao exame clínico oftalmológico. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Animais Foram avaliados 19 cães, machos e fêmeas, de várias raças e idades, afácicos ou pseudofácicos e não diabéticos, resultando em 21 bulbos oculares avaliados, comparando a incidência entre olhos direito e esquerdo e, se tratando de uma avaliação com tempo de pós-operatório de catarata tardio. Integraram os grupos de estudo, animais atendidos e submetidos ao procedimento de facoemulsificação para extração de catarata, no período de 2003 a 2005, com pelo menos cinco anos de avaliação pós- operatória, junto ao Serviço de Oftalmologia do Hospital Veterinário, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Botucatu. 4.2 Grupos Experimentais Os cães foram subdivididos em três grupos, formados por bulbos oculares avaliados: 1- Grupo de cães afácicos (CA), sendo 11 bulbos oculares, submetidos à facectomia por facoemulsificação em córnea clara (tabela 1). 2- Grupo de cães pseudofácicos com implante de duas lentes intraoculares de uso humano, em piggyback (PP), sendo 05 bulbos oculares, submetidos à facectomia por facoemulsificação em córnea clara (tabela 2). 3- Grupo de cães pseudofácicos com implante de lente intraocular veterinária com 41 D (PL), sendo 05 bulbos oculares, submetidos à facectomia por facoemulsificação em córnea clara (tabela 3). Tabela 1: Distribuição de cães do Grupo CA examinados por ultrassonografia ocular, segundo raça, sexo, idade e bulbo ocular avaliado. Botucatu-SP, 2009 – 2010. Tabela 2: Distribuição de cães do Grupo PP examinados por ultrassonografia ocular, segundo raça, sexo, idade e bulbo ocular avaliado. Botucatu-SP, 2009 – 2010. Tabela 3: Distribuição de cães do Grupo PL examinados por ultrassonografia ocular, segundo raça, sexo, idade e bulbo ocular avaliado. Botucatu-SP, 2009 – 2010. 4.3. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 4.3.1 Aspectos Éticos Em 26 de agosto de 2008, o presente estudo foi aprovado pela Câmara de Ética em Experimentação Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu, de acordo com o protocolo nº 177/2008 – CEEA. 4.3.2 Exames clínicos e oftálmicos Dos 21 bulbos oculares submetidos à cirurgia de facoemulsificação para extração de catarata, dez possuíam lente intraocular (LIO), sendo cinco com lente intraocular de uso humano, em piggyback (PP) e cinco com lente intraocular veterinária com 41 D (PL), e onze não possuíam LIO. Foi feita a distribuição do uso ou não da LIO com relação ao olho esquerdo e direito. Todos os animais foram submetidos a exame oftálmico completo, em ambiente de baixa luminosidade, dos anexos oculares e estruturas do segmento anterior do bulbo ocular, por meio da biomicroscopia em lâmpada de fenda2, e do segmento posterior, utilizando a oftalmoscopia monocular direta3 e binocular indireta4. O referido exame compreendeu, também, avaliações complementares fornecidas pelo teste de Schirmer, tonometria de aplanação5 e teste da fluoresceína. Foram avaliados quanto à presença de hiperemia conjuntival, quemose, hifema, hipópio, uveíte, deslocamento de retina, opacidade de cápsula posterior e posição da LIO. 4.3.3 Exame Ultrassonográfico Após administração de colírio anestésico tópico oftálmico6, foi realizado o exame ultrassonográfico, com aparelho de ultrassom7, com transdutor linear multifrequencial de 6 a 10 MHz pelas técnicas transpalpebral e corneal. 2 KOWA SL-15 Portátil. 3 71000-C, WelchAllyn, Ontario, Canada. 4 OHC-3.3, Opto Eletrônica S.A., São Carlos-SP, Brasil. 5Tonopen XL, Mentor Inc, Norwell, Mass., USA 6Anestalcon – Alcon - Brasil 7Marca GE, modelo LOGIC 3, Brasil. Foram avaliadas, no presente estudo, as presenças de possíveis alterações observadas nas estruturas internas do bulbo ocular, particularmente cápsula posterior da lente, lentes intraoculares implantadas com especial atenção ao seu posicionamento, câmara vítrea e retina. Também foi avaliada a presença ou não de alterações como: hifema, coágulos, degeneração do humor vítreo, deslocamento de vítreo posterior e hialose asteróide. O aspecto ultrassonográfico da cápsula posterior, preservada à facectomia, ou seja, quanto à ecogenicidade, que corresponde à opacidade capsular obedeceu a classificação em escores de: 0 – ausente 1- moderado, 2 – severo. Quanto à posição da lente intraocular, foi classificada em: sem LIO (escore- 0), posicionada (escore-1), descentrada (escore-2) ou deslocada para as câmaras anterior ou vítrea (escore-3). Para a avaliação da câmara vítrea, foi aplicada a classificação descrita por Labruyère et al. (2008), a seguir: grau 0 – câmara vítrea completamente anecóica; grau 1 - degeneração vítrea média (menos de 10 pontos ecogênicos vistos na câmara vítrea); grau 2 – degeneração vítrea moderada (mais que 10 pontos ecogênicos, mas envolvendo subjetivamente menos que a metade da câmara vítrea com o bulbo ocular imóvel); grau 3 – degeneração vítrea acentuada (pontos ecogênicos envolvendo mais que a metade da câmara vítrea com o bulbo ocular imóvel). O deslocamento de retina também foi avaliado, sendo designado escore 0 para a ausência do mesmo, escore 1 para descolamento total e escore 2 para o parcial ou incompleto. As mensurações das variáveis biométricas: comprimento axial, distância entre corpo ciliar na imagem ultrassonográfica em plano dorsal, câmara anterior e câmara vítrea, foi realizad ocular (Figura 1). Figura 1. Mensurações da plano dorsal do bulbo ocu comprimento axial em 1 Imagem ultrassonográfica e mensurações: 1- câmara an 4.3.4 Anál O método complementado com o tes comparação das variáveis significância de 5% (ZAR, da pela imagem ultrassonográfica em plano as variáveis biométricas: A - Imagem ultra ular de animal do grupo CA, mostrando a e a distância, na imagem, entre o corpo c em plano dorsal do bulbo ocular de um anim terior; 2 – lente; 3 – câmara vítrea; 4 - compr lise Estatística de análise da variância para o modelo ste de comparações múltiplas de Tukey foi biométricas entre os grupos, considerand 2009). dorsal do bulbo assonográfica em mensuração do ciliar em 2. B – mal, mostrando as rimento axial. com um fator utilizado para a o-se o nível de 5. RESULTADOS 5.1 Avaliação Clínica 5.1.1 Exame clínico oftalmológico e Avaliações complementares As avaliações clínicas qualitativas do comportamento do bulbo ocular, que se relacionam diretamente ao tempo de pós-operatório, tais como, secreção ocular, blefarospasmo, hiperemia conjuntival ou quemose não foram observadas em nenhum dos animais examinados, por se tratar de uma avaliação tardia. Alterações como hifema, hipópio ou uveíte também não foram detectadas ao exame oftálmico por meio da biomicroscopia em lâmpada de fenda e mensuração da PIO. Todos os bulbos oculares avaliados se apresentaram com valores considerados normais para o teste de Schirmer, num intervalo entre a 15-22 mm/min. Verificou-se que os valores da pressão intraocular (PIO) obtidos por tonometria de aplanação não indicaram nenhuma alteração geralmente relacionada a PIO como glaucoma ou uveíte, quando associados aos exames complementares (biomicroscopia por lâmpada de fenda) e apresentaram um padrão de variação dentro de uma faixa normal de 15 a 20 mm de Hg. Nenhum dos bulbos oculares avaliados foi positivo para o teste de fluoresceína no momento do exame, o que poderia ser uma contra indicação ao exame ultrassonográfico. 5.1.2 Exame U Os exames u anestesia tópica em todos (MORGAN, 1989; GONZA Pelas imagens o presença ou não da lente n PL (Figura 3) e grupo PP (F entre os grupos com LIO ou artefato dentro do vítreo, pr plano dorsal do bulbo oc ecogênica irregular em regi Ultrassonográfico ultrassonográficos foram facilmente exequív os animais, de acordo com o descrito po ALEZ et al., 2001; CARVALHO, 2004). obtidas ao exame ultrassonográfico foi poss nos diferentes grupos estudados: grupo CA (F Figura 4). A principal diferença na imagem u u afácicos, está na presença de reverberação s rincipalmente na LIO em piggyback. Figura 2. Imagem ultras cular de cão do grupo CA: onde se pode ião da lente, que representa cápsula posterior veis apenas com or vários autores sível descrever a Figura 2), grupo ultrassonográfica semelhante a um ssonográfica em e observar linha da lente (seta). plano dorsal do bulbo oc ecogênica retilínea em regiã plano dorsal do bulbo ocul ecogênicas paralelas em reg Analisando os que mostram os achados re intraocular, câmara vítrea observou-se que 33,33% apresentaram opacidade Figura 3. Imagem ultras cular de cão do grupo PL: onde se pode ão da lente, que representa a LIO veterinária Figura 4. Imagem ultra lar de cão do grupo PP: onde se podem obse gião da lente, que representam a LIO em pigg achados ultrassonográficos apresentados nas elacionados à opacidade de cápsula posterior, a e retina, independentemente dos grupos (7/21) não exibiram opacidade capsular, discreta capsular e a mesma porcentage ssonográfica em e observar linha 41 D (seta). ssonográfica em ervar duas linhas gyback (seta). s tabelas 4, 5 e 6 posição da lente s experimentais, 23,80% (5/21) em demonstrou opacidade capsular moderada e apenas 19,04% (4/21) denotaram opacidade capsular severa. Dos 10 bulbos oculares em que foram implantadas LIO, em dois (20%), pertencentes ao grupo PP, elas estavam descentradas e deslocadas para a câmara vítrea. Tabela 4: Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo CA Achados Bulbos Oculares Cápsula Posterior Opacificada 0 1 2 3 Posição LIO Escores 0 1 2 3 Câmara Vítrea 0 1 2 3 Deslocamento Retina 0 1 2 1 X X X X 2 X X X X 3 X X X X 4 X X X X 5 X X X X 6 X X X X 7 X X X X 8 X X X X 11 X X X X 16 X X X X 17 X X X X Tabela 5: Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo PL Achados Bulbos Oculares Cápsula Posterior Opacificada 0 1 2 3 Posição LIO Escores 0 1 2 3 Câmara Vítrea 0 1 2 3 Deslocamento Retina 0 1 2 15 X X X X 18 X X X X 19 X X X X 20 X X X X 21 X X X X Tabela 6: Achados relacionados à opacidade de cápsula posterior, posição da lente intraocular, câmara vítrea e retina: grupo PP Achados Bulbos Oculares Cápsu Op 0 9 10 X 12 13 X 14 Quanto aos a ultrassonográfico, visibilizo dois do grupo CA e um do 6), sendo um do grupo CA papila do grupo CA. Adicio vítrea, em dois bulbos oc maioria, ou seja, 80% dos exame. dorsal do bulbo ocular, da c ponto hiperecóico em regiã ula Posterior pacificada 1 2 3 Posição LIO Escores 0 1 2 3 Câmara Vítrea 0 1 2 3 X X X X X X X X X X X X X achados observados no segmento poster ou-se três bulbos oculares com hialose aster grupo PL, dois com presença de coágulo/ hem A e outro do grupo PP, além de um animal onalmente foi observado o deslocamento da L culares avaliados no grupo PP, resultando implantes de LIO centralizados (Figura 7) Figura 5. Imagem ultrassonog câmara vítrea com Hialose Asteróide: onde s ão de câmara vítrea (seta). Deslocamento Retina 0 1 2 X X X X X rior, ao exame róide (Figura 5), morragia (Figura l com edema de LIO para câmara em sua grande no momento do gráfica em plano se pode observar Figura 6. Hemorragia/coá ocular de cão do grupo CA câmara vítrea (setas); B - im câmara vítrea, onde se po câmara vítrea (setas). imagem fotográfica de bulb LIO centralizada (seta). Quanto à avali classificação de Labruyère – sem degeneração vítrea ( águlo em câmara vítrea: A – imagem fotog A, onde se podem observar focos hemorrágic magem ultrassonográfica em plano dorsal do odem observar pontos hiperecóicos disperso Figura 7. Implante de LIO bo ocular do grupo PL, onde se pode observ iação da câmara vítrea, por análise descri et al. (2008), 33,33% (7/21) foram classifica (Figura 8); 28,57% (6/21) apresentaram grau gráfica de bulbo cos em região de bulbo ocular, da os em região de O centralizada: var a presença da itiva, segundo a adas como grau 0 1 - degeneração vítrea média (Figura 9); 19 vítrea moderada (Figura 1 classificadas com grau 3 – d dorsal do bulbo ocular de a Degeneração vítrea grau 0 dorsal do bulbo ocular de Degeneração vítrea méd dispersos na câmara vítrea presença da LIO em piggyb 9,04% (4/21) foram classificadas como grau 0); e a mesma porcentagem, ou seja, 19,04 degeneração vítrea acentuada (Figura 11). Figura 8. Imagem ultrassonog animal do grupo PP, sendo a câmara vítrea c 0 – câmara vítrea completamente anecóica (se Figura 9. Imagem ultrassonog e animal do grupo PP, da câmara vítrea cl dia grau 1, onde se observam poucos po (seta). Notar reverberação ao lado esquerdo d back. 2 – degeneração 4% (4/21) foram gráfica em plano classificada com eta). gráfica em plano lassificada como ntos ecogênicos da seta, devido a dorsal do bulbo ocular de Degeneração vítrea mode ecogênicos dispersos em m plano dorsal do bulbo ocu como Degeneração vítre ecogênicos envolvendo m membranas vítreas (seta). Já com relaç 9,52% (2/21) casos de desc total de retina (Figura 12). Figura 10. Imagem ultrassonog e animal do grupo PP, da câmara vítrea cl erada grau 2, onde se observa razoável quan menos que a metade da câmara vítrea (seta). Figura 11. Imagem ultras ular de animal do grupo CA, da câmara ví ea acentuada grau 3, onde se observa in mais que a metade da câmara vítrea com ção à presença do descolamento de retina for colamento parcial e apenas 4,76% (1/21) co gráfica em plano lassificada como ntidade de pontos sonográfica em ítrea classificada números pontos m formações de ram encontrados om descolamento plano dorsal do bulbo ocula se pode observar a separa bulbo ocular, ainda fixa na A Tabela 7 mos corpo ciliar, profundidad ultrassonografia ocular. A análise das v estão apresentadas na tabe estatística (p>0,05) quanto distância do corpo cilia pseudofácicos, tanto com i LIO de 41 D (PL). A câma quando comparado ao grup Figura 12. Imagem ultrass ar, da câmara vítrea com Descolamento de re ação entre a retina e as outras camadas da inserção do nervo óptico (seta). stra as variáveis biométricas: comprimento ax de de câmara anterior e câmara vítrea variáveis biométricas obtidas pela ultrassonog ela 7 verificou-se que entre os grupos não à média do comprimento axial e da câmara a ar foi superior no grupo CA quando implante duplo em piggyback (PP), quanto ara vítrea também apresentou médias superior po CA. sonográfica em etina total: onde parte interna do xial, distância do a, obtidas pela grafia ocular que houve diferença anterior; porém a comparado aos comparado com res no grupo PP, Tabela 7: Achados das variáveis biométricas descritivas, segundo grupo de estudo. (1) Duas médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, não diferem entre si (p>0,05) CA: cães afácicos PL: cães pseudofácicos com lente veterinária PP: cães pseudofácicos com lente em piggyback Na tabela 8 estão apresentados os 21 bulbos oculares examinados, distribuídos entre os grupos analisados onde 52,38% constituíram o grupo CA (bulbos oculares afácicos) e 23,80% o grupo PL (LIO veterinária) e 23,80% o grupo PP (LIO em piggyback). Não houve diferença estatística entre as medidas das variáveis analisadas entre bulbo esquerdo e direito, fixando-se a LIO empregada. Tabela 8: Distribuições das lentes segundo bulbo ocular. n(%); CA: cães afácicos; PL: cães pseudofácicos com lente veterinária; PP: cães pseudofácicos com lente em piggyback. 6. DISCUSSÃO Todos os cães do presente estudo foram tolerantes ao exame ultrassonográfico corneal e transpalpebral. Ao exame clínico nenhum dos bulbos oculares avaliados mostrou alterações que contra indicassem o exame ultrassonográfico e também não foram observadas lesões iatrogênicas decorrentes dos procedimentos, conforme Rodrigues Jr (2008). Dentro dos achados no exame ultrassonográfico foram encontrados três bulbos oculares com hialose asteróide, dois do grupo CA e um do grupo PL, dois com presença de coágulo/ hemorragia, sendo um de cada grupo CA e PP e um com edema de papila de nervo óptico no grupo CA, o que demonstrou maiores alterações no grupo de animais com olhos afácicos, ou seja, sem o uso de LIO; já as alterações de hiperecogenicidade capsular, que estão diretamente correlacionadas à diminuição da acuidade visual foram mais marcantes nos grupos com o uso da LIO, o que está de acordo com Yi (2006) que encontrou em seu trabalho 34,37% de opacidade de cápsula posterior, mas difere de Kleiner (2007), que relatou que a grande maioria dos cães aonde se implantou a LIO encontraram-se em perfeito estado visual, sem desconforto ocular e sem opacidades capsulares significativas, no entanto sua avaliação não foi tardia, tratando-se de pós-operatório imediato, com no máximo 30 dias. Quanto à avaliação ultrassonográfica da periferia da cápsula posterior da lente, dos 21 bulbos oculares avaliados sete não apresentaram hiperecogenicidade capsular, e destes, cinco eram do grupo CA (45,45%); já dentro do grupo PP todos apresentaram hiperecogenicidade que variou de leve a severa (100%). No grupo PL três bulbos oculares foram classificados com hiperecogenicidade capsular de moderada a severa o que sugere que a presença de duas LIOs pode acarretar em maior predisposição à opacidade capsular que dificulta a acuidade visual no pós-operatório, prejudicando um bom resultado clínico ao animal; conforme Rodrigues (2004), que observou maior opacidade com o uso de implante em piggyback, o que resulta em hiperecogenicidade ao exame ultrassonográfico, que pode ser devido à opacificação de interface das LIOs; porém, no grupo PP foi realizado capsulorrexis posterior, que também pode acarretar em maior opacidade na periferia da cápsula posterior da lente. Em relação às medidas comprimento axial, profundidade de câmara anterior e câmara vítrea obtidas pela ultrassonografia ocular em modo B, os valores encontrados no presente estudo estavam de acordo com Williams e Wilkie (1996), que realizaram essas mensurações sem o uso de LIO. Os valores obtidos com a biometria em modo B foram semelhantes aos obtidos por modo A, o que nos garante realizar as mensurações com maior facilidade, como uma excelente alternativa, por se tratar de um exame mais disponível na rotina veterinária. Com respeito à distância do corpo ciliar obtida pela ultrassonografia ocular em modo B, cabe considerar que a literatura veterinária carece de dados, portanto sem possibilidade de ser aqui cotejada; porém a análise da tabela 7 com relação à distância do corpo ciliar mostra que o uso ou não do implante de LIO veterinária não apresentou diferença estatística entre si, porém apresentaram médias superiores aos dos olhos com implante de LIO em piggyback, notadamente mais próximas dos valores normais, o que pode sugerir que o uso da LIO em piggyback acarretou maiores deformações na estrutura do bulbo ocular decorrente de inflamação pós-operatória mais agravante, consoante com Rodrigues (2004). O deslocamento da LIO foi observado em dois bulbos oculares avaliados no grupo PP, estando localizadas na câmara vítrea, resultando em sua grande maioria, ou seja, 80% dos implantes de LIO centralizados no momento do exame, o que confere com Yi (2006), onde apenas dois de 32 bulbos oculares avaliados apresentaram descentralização da LIO. Segundo Reyes et al. (2001), 68,90% das lentes luxadas para câmara vítrea foram secundários as complicações da facoemulsificação, como o mal posicionamento da LIO ou contração capsular. Do total dos bulbos avaliados apenas sete não apresentaram degeneração vítrea e a maior concentração foi observada no grupo PL com 80% bulbos oculares classificados com degeneração, ou seja, quatro de cinco avaliados; seguido do grupo PP com 60% de degeneração, porém o grupo que apresentou classificação mais severa foi o PP. No entanto, as idades dos animais que compuseram os grupos, foram muito próximas às que Labruyère et al. (2008) utilizou em seu trabalho, portanto as degenerações encontradas podem não significar que sejam decorrentes da intervenção cirúgica, do pós-operatório ou do uso da LIO; podendo se tratar de degenerações comumente encontradas nessa faixa etária. Quanto à avaliação de descolamento de retina foram observadas em três casos, sendo apenas um com descolamento total e dois com parcial; o grupo PP foi o único em que não foi observado nenhum dos casos. No presente estudo foram encontradas alterações em câmara vítrea compatíveis com degeneração, opacidades, exsudato ou hemorragia em 14 dos bulbos oculares examinados (66,66%), embora avaliação seja tardia. Tais achados suportam os anteriormente encontrados por Woert et al. (1993), em que 23% dos pacientes com catarata estudados apresentavam alterações do vítreo. Woert et al. (1993), mostraram que o percentual de olhos com alterações no vítreo aumentavam na razão direta da maturação da catarata. Consoante o que descreveu Rodrigues Jr (2008) quanto à correlação entre descolamento de retina e degeneração vítrea, ainda que alguns autores reconheçam como comuns os descolamentos de retina secundários à degeneração vítrea (DZIEZYC et al., 1990; WOERDT et al., 1993; NARFSTRÖM e EKESTEN, 1998), não foram vistas tais intercorrências no presente estudo, pois dos três bulbos oculares com descolamento de retina em apenas um foi notada degeneração vítrea classificada como leve. São necessários mais estudos para se poder correlacionar degeneração vítrea com descolamento de retina, visando afirmar que uma alteração é secundária à outra. A ultrassonografia bidimensional em modo-B mostrou ser um ótimo meio de avaliação dos segmentos oculares. O transdutor de 10 MHz, adjunto às técnicas transcorneal e transpalpebral, mostrou-se útil na identificação de condições da lente e da retina, mesmo sem o emprego da almofada de recuo. Observe-se que Dean (2007) em seu estudo informou que o transdutor de 20 MHz não oferece benefícios adicionais à ultrassonografia ocular de cães e de gatos, apesar dos detalhes não mostra diferenças nas imagens obtidas. No presente estudo, os resultados quanto às condições da lente e da câmara posterior dos bulbos oculares avaliados, principalmente aqueles com opacidades dos meios transparentes, no todo, não divergiram dos reportados na literatura que propõem a ultrassonografia como procedimento valioso e de grande significado na avaliação do bulbo ocular (WOERDT et al., 1993; DAVIDSON e NELMS, 1998); no entanto, a maioria dos trabalhos relatam achados pré-operatórios, especialmente os que referem observações tardias dos procedimentos de facoemulsificação e implante de lentes intraoculares em cães. Os achados do exame ultrassonográfico ocular permitem correlacioná-los ao exame clínico oftalmológico, pois oferecem informações de grande significação, relativamente aos segmentos anterior e posterior não visibilizados à técnica oftálmica de rotina, quando há opacificação de meios transparentes, tornando o exame ultrassonográfico fundamental no pós-operatório de catarata para que se possa direcionar as causas de insucesso nas cirurgias e suas complicações. 7. CONCLUSÕES Pelo presente estudo, com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1) A ultrassonografia em modo B permite acesso conveniente e não invasivo para avaliação das LIOs em situações de opacidade dos meios no pós-operatório das cirurgias de facectomia por facoemulsificação, tornando possível descrever as imagens da LIO, detectar luxações da lente, degeneração de vítreo e descolamento de retina. 2) A partir das imagens obtidas pelo exame ultrassonográfico é possível descrever na avaliação tardia as alterações ultrassonográficas encontradas em bulbos oculares de cães submetidos à facectomia por facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular, sendo possível diferenciar as imagens da LIO veterinária e da LIO em piggyback. 3) No pós-operatório tardio da facectomia por facoemulsificação foi encontrado luxação da lente, alterações de degeneração vítrea, hialose asteróide, hemorragia vítrea e descolamento de retina, observadas ao exame ultrassonográfico. 4) As mensurações biométricas obtidas pelo exame ultrassonográfico em modo B são semelhantes as obtidas por modo A, podendo ser substituída na rotina oftalmológica veterinária. 5) Aparentemente os achados com implante da LIO obtiveram maior número de alterações detectadas ao exame ultrassonografico no pós-operatório tardio. 6) São necessários mais estudos para correlacionar as degenerações vítreas encontradas ao exame ultrassonográfico, com a idade, pós-operatório e o uso da LIO. O exame ultrassonográfico é um método amplamente utilizado na prática oftalmológica em medicina veterinária. Trata-se de uma excelente alternativa para a avaliação do bulbo ocular, um método simples, disponível, e que promove mínimo estresse ao animal; auxilia, outrossim, no diagnóstico de alterações oculares quanto ao grau de comprometimento dos segmentos anterior e posterior do bulbo ocular, permitindo sua correlação ao exame clínico oftalmológico e possibilidade de traçar planos terapêuticos, assim como prognóstico. 8. REFERÊNCIAS ADAN, C.B.D.; BLAY, D.; YU, M.C.Z.; FREITAS, D.; ALLEMANN, N. Ultrassonografia ocular em suspeita clínica de endoftalmite. Arq. Bras. Oftalmol., v. 64, n. 5, p.423-428, 2001. BENTLEY, E.; MILLER, P.E.; DIEHL, K.A. Uso de ultrassonografia de alta resolução como uma ferramenta de diagnóstico em oftalmologia veterinária. Am. J. Vet. Med. Assoc., v. 223, n. 11, p. 1617-1622, 2003. BISTNER, S.I. Recent developments in comparative ophthalmology. Comp. Cont. 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Relato de caso. Contempla principalmente as áreas médicas, em que o resultado é anterior ao interesse de sua divulgação ou a ocorrência dos resultados não é planejada. Seções do texto: Introdução, Casuística, Discussão e Conclusões (quando pertinentes). O número total de páginas não deve exceder a 10. Comunicação. É o relato sucinto de resultados parciais de um trabalho experimental, dignos de publicação, embora insuficientes ou inconsistentes para constituírem um artigo científico. Levantamentos de dados (ocorrência, diagnósticos, etc.) também se enquadram aqui. Deve ser compacto, com no máximo seis páginas impressas, sem distinção das seções do texto especificadas para “Artigo científico”, embora seguindo aquela ordem. Quando a comunicação for redigida em português deve conter um “Abstract” e quando redigida em inglês deve conter um “Resumo”. Preparação dos manuscritos para publicação Os trabalhos devem ser redigidos em português ou inglês, na forma impessoal. Para ortografia em inglês recomenda-se o Webster’s Third New International Dictionary. Para ortografia em português adota-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras. Os trabalhos submetidos em inglês deverão conter resumo em português e vice-versa. Os trabalhos e ilustrações deverão ser apresentados em Microsoft Word, folha no formato A4, fonte Times New Roman tamanho 12, espaço entre linhas 1,5, margens de 3cm, com páginas e linhas numeradas (numeração contínua). Seções de um trabalho Título. Em português e em inglês. Deve ser o resumo do resumo e não ultrapassar 100 dígitos. Autores. Os nomes dos autores virão abaixo do título, com identificação da instituição a que pertencem. Deve estar indicado o autor para correspondência com endereço completo, telefone, fax e e-mail. Resumo e Abstract. Devem conter no máximo 200 palavras em um só parágrafo. Não repetir o título. Cada frase é uma informação. Atenção especial às conclusões. Palavras-chave e Keywords. No máximo cinco. Introdução. Explanação concisa, na qual são estabelecidos brevemente o problema, sua pertinência, relevância e os objetivos do trabalho. Material e Métodos. Citar o desenho experimental, o material envolvido, a descrição dos métodos usados ou referenciar corretamente os métodos já publicados. Não usar subtítulos. Nos trabalhos que envolvam animais ou organismos geneticamente modificados deverá constar o número do protocolo de aprovação do Comitê de Bioética e/ou de Biossegurança. Resultados. Apresentar clara e objetivamente os principais resultados encontrados. Discussão. Discutir somente os resultados obtidos no trabalho. Obs.: As seções Resultados e Discussão poderão ser apresentadas em conjunto. Conclusões. As conclusões devem estar apoiadas nos dados da pesquisa executada. Ilustrações. São tabelas e figuras. Toda ilustração que já tenha sido publicada deve conter, abaixo da legenda, dados sobre a fonte (autor, data) e a correspondente referência deve figurar na lista bibliográfica final. Tabela. Conjunto de dados alfanuméricos ordenados em linhas e colunas. Usar linhas horizontais na separação do cabeçalho e no final da tabela. A legenda recebe inicialmente a palavra Tabela, seguida pelo número de ordem em algarismo arábico e é referida no texto como Tab., mesmo quando se referir a várias tabelas. Figura. Qualquer ilustração constituída ou que apresente linhas e pontos: desenho, fotografia, gráfico, fluxograma, esquema etc. As legendas recebem inicialmente a palavra Figura, seguida do número de ordem em algarismo arábico e é referida no texto como Fig., mesmo se referir a mais de uma figura. As figuras devem ser enviadas em arquivo separado, extensão.jpg. Agradecimentos. Devem ser concisamente expressados. Referências bibliográficas. As referências devem ser relacionadas em ordem alfabética. Citações bibliográficas Citações no texto deverão ser feitas de acordo com ABNT/NBR 10520 de 2002. A indicação da fonte entre parênteses sucede à citação para evitar interrupção na sequência do texto, conforme exemplos: • autoria única: (Silva, 1971) ou Silva (1971); (Anuário..., 1987/88) ou Anuário... (1987/88) • dois autores: (Lopes e Moreno, 1974) ou Lopes e Moreno (1974) • mais de dois autores: (Ferguson et al., 1979) ou Ferguson et al. (1979) • mais de um trabalho citado: Dunne (1967); Silva (1971); Ferguson et al. (1979) ou (Dunne, 1967; Silva, 1971; Ferguson et al., 1979), sempre em ordem cronológica ascendente e alfabética de autores para trabalhos do mesmo ano. Citação de citação. Todo esforço deve ser empreendido para se consultar o documento original. Em situações excepcionais pode-se reproduzir a informação já citada por outros autores. No texto, citar o sobrenome do autor do documento não consultado com o ano de publicação, seguido da expressão citado por e o sobrenome do autor e ano do documento consultado. Na listagem de referência, deve-se incluir apenas a fonte consultada. Comunicação pessoal. Não fazem parte da lista de referências. Na citação coloca-se o sobrenome do autor, a data da comunicação, nome da Instituição à qual o autor é vinculado. Referências bibliográficas São adotadas as normas ABNT/NBR-6023 de 2002, simplificadas conforme exemplos: Periódicos ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. v.48, p.351, 1987- 88. FERGUSON, J.A.; REEVES, W.C.; HARDY, J.L. Studies on immunity to alphaviruses in foals. Am. J. Vet. Res., v.40, p.5-10, 1979. HOLENWEGER, J.A.; TAGLE, R.; WASERMAN, A. et al. Anestesia general del canino. Not. Med. Vet., n.1, p.13-20, 1984. Publicação avulsa DUNNE, H.W. (Ed). Enfermedades del cerdo. México: UTEHA, 1967. 981p. LOPES, C.A.M.; MORENO, G. 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A taxa de submissão de R$30,00 deverá ser paga por meio de boleto bancário emitido pelo sistema eletrônico de submissão de artigos. Ao solicitar o boleto bancário, o autor informará os dados para emissão da nota fiscal. Somente trabalhos com taxa paga de submissão serão avaliados. Taxa de publicação. A taxa de publicação de R$55,00, por página impressa, será cobrada do autor indicado para correspondência, por ocasião da prova final do artigo. Se houver necessidade de impressão em cores, as despesas correrão por conta dos autores. A taxa de publicação deverá ser paga por meio de boleto bancário emitido pelo sistema eletrônico de submissão de artigos. Ao solicitar o boleto bancário, o autor informará os dados para emissão da nota fiscal. Trabalho a ser enviado para revista: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia Avaliação ultrassonográfica do bulbo ocular em cães submetidos à facoemulsificação com ou sem implante de lente intraocular. [Ocular bulb ultrasonographic in dogs submitted to facectomy by facoemulsification with or without intraocular lens implants.] Pavan, P.T.1; Ranzani, J.J.T.1; Almeida, M. F.1; Mamprim, M.J.1; Brandão, C.V.S.1 1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu, SP Distrito de Rubião Junior s/n – caixa postal 560 – Cep.: 18618-970 quim@fmvz.unesp.br (014) 3811.6252 RESUMO O presente trabalho teve por objetivo descrever e comparar as alterações ultrassonográficas encontradas em bulbos oculares de cães submetidos à facectomia por facoemulsificação, com ou sem implante de lente intraocular (LIO), no intuito de auxiliar no diagnóstico de possíveis alterações decorrentes do procedimento cirúrgico e do implante da LIO, bem como sua correspondência com alterações clínicas. Foram utilizados 19 cães machos e fêmeas portadores de catarata já operados, de várias raças e idades, saudáveis, não diabéticos e submetidos à facectomia por facoemulsificação, resultando em 21 bulbos oculares avaliados. Os animais inicialmente foram submetidos a exame oftálmico completo, em ambiente de baixa luminosidade, e em seguida ao exame ultrassonográfico. Foram constituídos três grupos: um de 11 bulbos oculares, CA (cães afácicos), outro de 05 bulbos oculares PP (cães pseudofácicos com implante de duas LIOs em piggyback) e outro PL de 05 bulbos oculares com implante de uma LIO veterinária de 41 D. O exame ultrassonográfico foi realizado sob administração tópica de colírio anestésico oftálmico8, com transdutor linear multifrequencial de 6 a 10 MHz pelas técnicas transpalpebral e corneal. Clinicamente, foram observadas diferentes alterações, dentre elas: luxação da LIO, descolamento de retina, hialose asteróide e degeneração vítrea que foram, posteriormente, confirmadas e classificadas pelo exame ultrassonográfico. Os grupos não mostraram diferenças estatísticas nas medidas descritivas das variáveis quanto ao eixo ocular e à câmara anterior; já, quanto às medidas do corpo ciliar e câmara vítrea, o grupo PP mostrou-se inferior aos grupos CA e PL, ao nível de significância menor que 5%. Palavras-chave: cão; ultrassom; catarata; facoemulsificação; lente intraocular ABSTRACT The present study aims to describe and compare the ultrasonographic alterations encountered in dogs which underwent facectomy through facoemulsification with or without intraocular lens implant (IOL), in an attempt to assist the diagnosis of possible alterations due to the surgical procedure and IOL implantation, as well as their relation to corresponding clinical signs. The study group was composed by 19 male and female healthy, non-diabetic dogs of various breeds and ages, which had already had surgery for cataract, adding up to the evaluation of 21 ocular bulbs. The animals were initially submitted to complete ophthalmological exams, in a dim environment which preceded the sonogram. Subsequently, the subjects were divided into three distinct groups: 8Anestalcon – Alcon - Brasil Aphakic dogs (CA), pseudophakic dogs implanted with two piggyback IOLs (PP) and dogs implanted with a 41D veterinary IOL (PL), which consisted of 11, 05 and 5 ocular bulbs, respectively. The ultrasound was carried under the topic administration of an anesthetic eye drop1, with a multi frequency linear transducer of 6 to 10 MHz through the transpalpebral and transcorneal technique. The clinical alterations observed were luxation of the IOL, retinal dislocation, asteroid hyalosis, and vitreous degeneration. No statistic difference in the descriptive measures of the variables regarding the ocular axis and the anterior chamber was found, however, when comparing measurements of the cilliar body and the vitreal chamber, the PP group presented lower results than those found in the CA and PL group, with a level of significance below 5%. Key words: dog; ultrasound; cataract; facoemulsification; intraocular lens INTRODUÇÃO A catarata é definida como uma afecção que resulta na opacificação da cápsula ou fibras da lente, decorrente de alterações da arquitetura lamelar destas estruturas. Dentre as enfermidades oculares que freqüentemente acometem os cães, a catarata, ocupa lugar de destaque, sendo esta uma das principais causas de cegueira nesta espécie (JOHNSON e MILLER, 1990, GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997, SLATTER, 2005, GELATT, 2007). As técnicas cirúrgicas utilizadas para remoção da catarata têm sido modificadas com o passar dos anos, sempre no intuito de aumentar as taxas de sucesso do procedimento, com diminuição das complicações. 1Anestalcon – Alcon - Brasil Atualmente, é consenso mundial a abordagem cirúrgica como único tratamento da catarata, sendo que a técnica de escolha para remoção da catarata é a facoemulsificação, a qual consiste na fragmentação da lente, com posterior aspiração do material emulsificado, através de uma pequena incisão de cerca de 3 mm (DAVIDSON et al., 1991; NASISSE et al., 1991; BISTNER, 1992; WILLIAMS et al., 1996; GLOVER e CONSTANTINESCU, 1997). As principais complicações advindas da ci