UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista Instituto de Biociência – Câmpus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 – São Vicente (SP) – Brasil Tel. (13) 3569-7100 – diretor.clp@unesp.br Eduardo Kenyu Okido Matsumoto Cultivo em laboratório de Cymadusa filosa Savigny, 1816 (Crustacea: Amphipoda) para potencial uso na aquicultura São Vicente - SP 2024 Eduardo Kenyu Okido Matsumoto Cultivo em laboratório de Cymadusa filosa Savigny, 1816 (Crustacea: Amphipoda) para potencial uso na aquicultura Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Câmpus do Litoral Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Biológicas, com habilitação em Biologia Marinha. Orientadora: Profª Drª Tânia Marcia Costa Coorientadores: Dr. Caio Akira Miyai São Vicente – SP 2024 Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Dados fornecidos pelo autor(a). Matsumoto, Eduardo M434c Cultivo em laboratório de Cymadusa filosa Savigny, 1816 (Crustacea: Amphipoda) para potencial uso na aquicultura / Eduardo Matsumoto. -- São Vicente, 2024 24 p. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Ciências Biológicas) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, São Vicente Orientadora: Tânia Marcia Costa Coorientador: Caio Akira Miyai 1. Alimento artificial. 2. Alimento natural. 3. Anfípode. 4. Performance. 5. Spirulina. I. Título. Agradecimentos Gostaria de expressar minha profunda gratidão ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro e pela confiança depositada neste projeto. Agradeço imensamente à minha orientadora, Profª. Drª. Tânia Marcia Costa, por sua orientação, paciência e dedicação durante todo o processo de desenvolvimento deste trabalho. Aos meus coorientadores, Dr. Alexandre Luiz Arvigo, Dr. Caio Akira Miyai e Dr. Glauco Barreto de Oliveira Machado, agradeço pelas valiosas contribuições, sugestões e pelo apoio contínuo. Sem a colaboração e o conhecimento de vocês, este trabalho não seria possível. Agradeço também à Ana Caroline Oliveira Bastos pela participação ativa e pela ajuda na execução do projeto. Sua dedicação e esforço foram essenciais para o andamento deste trabalho. Finalmente, gostaria de agradecer a todos os membros do Laboratório de Ecologia e Comportamento Animal (LABECOM) pelo apoio, amizade e pelas discussões enriquecedoras ao longo deste projeto. A convivência com vocês foi uma fonte constante de aprendizado e motivação. 1. Resumo Atualmente, o aumento na produção aquícola tem intensificado a demanda por insumos alimentares, como a de alimentos vivos. Os anfípodes são um grupo que estão se popularizando como alimento vivo. Estes pequenos crustáceos atendem a vários requisitos de interesse para a aquicultura, como crescimento rápido, tolerância a flutuações ambientais e bom perfil nutricional. Entretanto, a obtenção e alimentação desses animais para cultivo geralmente depende da disponibilidade na natureza, tanto de anfípode como de alga, tornando-se necessário o desenvolvimento de metodologias de cultivo para diminuir impactos extrativistas e produzir suprimentos constantes e padronizados de alimento vivo. Dessa forma, uma possível solução para o cultivo desse crustáceo é o uso de alimento artificial. Nesse caso, algumas características importantes do alimento artificial precisam ser consideradas, como sua composição, formulação (e.g. concentração de spirulina) e a morfologia, pois podem influenciar no custo e na performance do organismo cultivado. Nesta circunstância, avaliamos o cultivo do anfípode marinho Cymadusa filosa em laboratório como uma possível fonte de alimento vivo. Para tal, realizamos um experimento de performance, analisando a sobrevivência, o crescimento e o potencial reprodutivo dos anfípodes alimentados com dieta natural (alga parda Sargassum filipendula) e dietas artificiais (3 diferentes rações). As rações variavam em sua composição, formulação (concentrações de spirulina de 36% ou 40%), e nos formatos (grânulo ou flocos). A alimentação com ração em grânulo com 36% de spirulina da marca Tropical, modelo Tropical Super Spirulina Forte Granulat, melhorou o potencial reprodutivo e manteve igual a sobrevivência e crescimento em relação a dieta natural. Os diferentes modelos de rações testados não alteraram efetivamente a performance do anfípode. Assim, mostramos que a alimentação com dieta artificial substituiu com sucesso o alimento natural, o que pode reduzir impactos extrativistas e produzir suprimentos constantes de alimento vivo. Portanto, C. filosa é uma espécie viável e aplicável como fonte alternativa de alimento vivo cultivado para a aquicultura. Palavras-chaves: Alimento artificial; Alimento natural; Anfípode; Performance; Spirulina. 2. Introdução A aquicultura é uma das principais atividades associadas à produção global de recursos pesqueiros, representando 49% do total de 178 milhões de toneladas produzidas em 2020 (FAO 2022). No entanto, o aumento da atividade aquícola nos últimos anos não foi acompanhado pela disponibilidade de insumos alimentares essenciais na produção animal, intensificando a demanda por fontes alternativas para a fabricação de rações com baixo custo (Olsen & Hasan 2012; Ashour et al., 2021). Em razão ao descompasso entre produção e disponibilidade de insumos, tem aumentado a demanda por alimentos vivos (Ajiboye et al., 2011; Brüggemann 2012; Yoshimatsu & Hossain 2014; Bengtson et al., 2018; Llagostera et al., 2019). Estes se caracterizam por sua alta taxa de crescimento, fácil cultivo, valor nutricional equilibrado e boa palatabilidade (Kolanowski et al., 2007; Hyne et al., 2009). Ainda, devido ao tamanho reduzido, esses organismos são comumente empregados na aquicultura ornamental (e.g. aquarismo) (Petersen et al., 2008; Hill et al., 2020) e na produção aquícola comercial como importantes fontes alimentares (Sorgeloos et al., 2001; Focken et al., 2006; Rasdi & Qin 2016; Zahedi et al., 2020). Um grupo de animais que está se popularizando recentemente como alimento vivo na aquicultura são os anfípodes (Woods 2016; Harlıoğlu & Farhadi 2018; Ashour et al., 2021). Encontrados em abundância, os anfípodes são um grupo diverso de crustáceos no qual as espécies apresentam morfologias variadas e grande importância ecológica em comunidades bentônicas (Duffy & Hay 2000; Machado et al., 2017), sendo presas naturais para diversos animais (Woods 2002; Dubiaski-Silva & Masunari 2008; Baeza-Rojano et al., 2010), constituindo um importante elo trófico entre produtores primários e níveis tróficos mais elevados. Os anfípodes atendem certos requisitos de interesse para a aquicultura, uma vez que 1) são animais pequenos que apresentam desenvolvimento direto, o que facilita sua manutenção em laboratório (Baeza-Rojano et al., 2013); 2) têm um rápido crescimento, alta fecundidade e ciclo de vida curto, podendo atingir elevadas densidades (Baeza-Rojano et al., 2011; Abo- Taleb et al., 2020); 3) apresentam um bom perfil nutricional e demonstraram melhorias no crescimento, na sobrevivência, na resistência a estresse e no aumento da resposta imune em peixes (Coman et al., 2003; Ananthi et al., 2011; Rufchaei et al., 2017). Nesse contexto, Cymadusa filosa Savigny, 1816 é uma espécie de anfípode herbívoro da família Ampithoidae que ocorre em associação com várias espécies de algas (Machado et al., 2019-a). Tal anfípode é generalista quanto ao hábito alimentar, apresenta distribuição cosmopolita tropical e temperado quente e tem sido usado com sucesso como organismo modelo em experimentos de laboratório (Machado et al., 2017, 2019 a-b). Este anfípode atende as características de interesse para a aquicultura, atingindo uma alta biomassa e apresentando boa adaptação quando cultivados em condições laboratoriais. Na maioria dos estudos que envolvem o uso de anfípodes como alimento, a obtenção desses animais para potencial uso na aquicultura depende de sua disponibilidade na natureza (Appadoo & Saudagur 2007; Jiménez-Prada et al., 2018, 2021). Mesmo nos casos em que os anfípodes são cultivados em laboratório, ainda há dependência do ambiente natural para a obtenção do alimento para esses animais (e.g. algas) (Alberts-Hubatsch et al., 2019), tornando a atividade extrativista frequente, o que pode impactar negativamente o ecossistema. A coleta frequente de algas para uso como alimento pode reduzir sua densidade e, consequentemente, afetar a fauna associada a alga (Machado et al., 2019 a-b). Embora os anfípodes sejam encontrados em elevadas densidades em seu habitat natural, se faz importante estabelecer uma metodologia de cultivo adequada para diminuir impactos ambientais e produzir suprimentos constantes de alimento, o que é difícil de garantir apenas com populações selvagens (Baeza- Rojano et al., 2013). Uma das formas de garantir suprimentos constantes de alimento vivo é o seu cultivo utilizando alimentação artificial. O uso de rações tem sido extensivamente explorado, tanto para o cultivo, como para o melhoramento na qualidade nutricional do alimento vivo (Eryalçın 2019; Kandathil et al., 2020). Alguns dos importantes aspectos dos alimentos artificiais são sua composição, por exemplo, a concentração de spirulina (Rosas et al., 2019), que influenciam na performance e no custo para o cultivo dos organismos de interesse (Eryalçın 2019; Ragaza et al., 2020), e a sua morfologia, uma vez que cada grupo ou espécie de animais apresentam diferentes hábitos alimentares (e.g. alimentadores de fundo), podendo apresentar preferências distintas por ração em pellet, em grânulo ou em flocos (Harpaz et al., 2005; Aaqillah-Amr et al., 2021). Dessa forma, o presente trabalho busca investigar o efeito de diferentes dietas (naturais e artificiais) sobre a performance de C. filosa, para potencial uso na aquicultura. Assim, com as dificuldades na geração de alimento vivo para a aquicultura e o potencial cultivo de C. filosa, é esperado que o anfípode consuma o alimento artificial e que este promova uma performance similar ao regime alimentar com dieta natural. Dessa forma, é esperada a geração de informações zootécnicas básicas e inéditas para a espécie. Nesse sentido, busca-se viabilizar a aplicabilidade da espécie na aquicultura por meio de seu cultivo em laboratório de forma independente do meio natural e, por conseguinte, reduzir os gastos envolvidos no seu cultivo e na exploração de recursos naturais. 3. Material e Método 3.1 Coleta e manutenção dos organismos As algas e os indivíduos de Cymadusa filosa foram coletados na região do infralitoral do costão rochoso na Praia da Fortaleza (23° 32 'S, 45° 10' O), em Ubatuba, São Paulo. A alga parda Sargassum filipendula e sua fauna associada foram coletadas por mergulhos livres (profundidade de 1 a 2 metros). A macroalga submersa foi envolvida em sacos de tecido, para evitar o escape da fauna associada, e raspadas do substrato da rocha. Após a coleta, as macroalgas foram colocadas em bandejas de plástico para remoção manual da fauna, por lavagens sucessivas em água do mar. Algas e anfípodes foram posteriormente armazenados em caixas térmicas para o transporte até o laboratório. Em laboratório, os indivíduos de S. filipendula e C. filosa foram mantidos separadamente em aquários de 20 litros, com água do mar filtrada do local de coleta. A temperatura foi mantida em 23°C constantes com a utilização de termostatos de 25 Watts. O oxigênio dissolvido foi mantido perto da saturação com a utilização de aeração contínua e o fotoperíodo controlado com 12 horas claro / 12 horas escuro (adaptado de Machado et al., 2017, 2019a). Durante o período de aclimatação, os anfípodes foram alimentados com S. filipendula, uma vez que essa alga representa uma dieta natural e de alta qualidade para essa espécie (Machado et al., 2019a). 3.2 Delineamento experimental Para avaliar a viabilidade do anfípode C. filosa na aquicultura, realizamos um experimento com juvenis, testando diferentes tipos de alimentos. A qualidade e o sucesso dos indivíduos foram analisados por meio de três parâmetros: a sobrevivência, como indicador do valor nutricional dos alimentos e de sua capacidade de suprir as funções vitais; o crescimento, para avaliar a eficiência da dieta em promover o aumento do comprimento; e o potencial reprodutivo medido pela quantidade e volume dos ovos. Foram utilizadas três diferentes rações comerciais para avaliar seus efeitos na performance da espécie. As rações apresentavam variações quanto sua porcentagem de spirulina em sua formulação (36% ou 40%) e quanto ao seu formato (grânulos ou flocos). Desta forma, foi realizado um experimento em condições laboratoriais utilizando indivíduos juvenis criados em uma das seguintes dietas: A) Sem alimento (Controle Negativo - CN; n = 38); B) Alimento natural S. filipendula (Controle Positivo – CP; n = 38); C) Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara, com 40% de spirulina, marca Poytara e modelo 40% Blackline (RGP; n = 38); D) Ração de Spirulina em Flocos da Tropical, 36% de spirulina, marca Tropical e modelo Tropical Super Spirulina Forte Flakes (RFT; n = 38); E) Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical, 36% de spirulina, marca Tropical e modelo Tropical Super Spirulina Forte Granulat (RGT; n =38). Assim temos um delineamento com 1 fator (alimento) e 5 níveis (tratamentos). Figura 1 – Representação de cada um dos tratamentos com trinta e oito réplicas para cada. A) Controle Negativo (CN); B) Controle Positivo (CP); C) Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP); D) Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT); E) Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT). Adaptado de Peart & Hughes (2014). 3.3 Procedimentos 3.3.1 Teste de alimentação Foram utilizados juvenis de anfípodes obtidos a partir de fêmeas de cultura em laboratório. As fêmeas da cultura com massa de ovos foram selecionadas e separadas em béqueres de 100ml, até o nascimento dos filhotes. Foram selecionados 5 indivíduos juvenis de cada fêmea, de um total de 38 fêmeas, um para cada tratamento, para controlar possíveis efeitos hereditários, com no máximo 3 dias de diferença de idade. Os indivíduos foram mantidos individualizados em béqueres de 100ml com água do mar, temperatura de 23°C e fotoperíodo 12 horas claro / 12 horas escuro. Os béqueres foram lavados e a água substituída a cada 5 dias para a remoção de pellets fecais e manutenção da qualidade da água. Os anfípodes foram alimentados ad libitum em cada tratamento e observados diariamente para verificar a mortalidade e a presença de fêmeas ovígeras. O experimento foi encerrado quando ao menos três fêmeas de todos os tratamentos apresentaram ovos (Machado et al., 2017). 3.3.2 Variáveis analisadas 3.3.2.1 Sobrevivência A sobrevivência foi calculada como a porcentagem de anfípodes vivos a cada dia. A contagem da sobrevivência teve como início o dia zero (0), dia anterior ao início do experimento, e se encerrou no dia em que ao menos três fêmeas de todos os tratamentos apresentaram ovos, o que levou 42 dias (Machado et al., 2017). 3.3.2.2 Crescimento O crescimento foi mensurado como a razão entre o tamanho do anfípode (comprimento) e sua idade. Todos os anfípodes que sobreviveram até o fim do experimento foram medidos em estereomicroscópio e escala de 1 mm de comprimento. Foram realizados os registros das imagens no estereomicroscópio para sua posterior análise de comprimento no software de imagem ImageJ utilizando a ferramenta “measure”. O comprimento foi medido a partir da base do rostrum até a base do télson. 3.3.2.3 Potencial reprodutivo O potencial reprodutivo foi avaliado pelo número de ovos produzidos pelas fêmeas e pelo volume desses ovos. Para isso, realizamos inicialmente a sexagem dos indivíduos, onde estes foram identificados com base no dimorfismo sexual do segundo par de gnatópodes. Nas fêmeas, os dois pares de gnatópodes apresentam tamanhos iguais, enquanto nos machos, o segundo par é hipertrofiado em relação ao primeiro (Appadoo & Myers 2004). Após a sexagem de todos os anfípodes que sobreviveram até o fim do experimento, as fêmeas de cada tratamento foram observadas em estereomicroscópio e escala de 1 mm de comprimento. Delicadamente, as fêmeas ovígeras tiveram seus ovos removidos do marsúpio, com o auxílio de uma pinça. Os ovos foram colocados próximos um do outro na placa de Petri para o registro das imagens. Posteriormente, todos os registros foram analisados no software de imagem ImageJ. A contagem dos ovos foi realizada com a ferramenta ‘Multi-point tool’ e para o diâmetro médio de cada ovo foi utilizada a ferramenta ‘measure’. Os valores médios do diâmetro de cada ovo, para cada tratamento, foram registrados em planilhas para o cálculo do volume, dado por: V = (π/6). d³, onde “V” representa o volume e “d” o diâmetro. 3.3.3 Análise estatística O efeito da dieta sobre o crescimento e o potencial reprodutivo de C. filosa foram avaliadas quanto as premissas de normalidade e homoscedasticidade de variâncias, respectivamente, pelos testes de Shapiro-Wilk’s W e Levene, e testadas por Modelos Lineares Generalizados (GLMs). Quando significativo (p < 0.05), realizamos o teste post hoc de Tukey para avaliar a diferença entre os tratamentos. Para mensurar a sobrevivência foi calculada a curva de sobrevivência de C. filosa em seus respectivos tratamentos. As curvas foram comparadas entre as dietas por meio do teste de Log-rank utilizando o pacote survival no R (Therneau & Grambsch 2000, Therneau 2020). Foi feita uma comparação par-a-par posteriormente (Fox 2001). As análises estatísticas foram realizadas no software R (versão 4.3.2), utilizando o pacote ggplot2 (Wickham et al., 2023) para gerar as visualizações gráficas. 4. Resultados 4.1 Sobrevivência A sobrevivência foi contabilizada até o dia 42. Os indivíduos de Cymadusa filosa diferiram na taxa de sobrevivência de acordo com a dieta ofertada (Log-rank test; X² = 127, df = 4, p < 0.001). A taxa de sobrevivência no Controle Positivo (CP) foi de 86.843%, sendo similar aos tratamentos Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT), ambas com 78.948% (Figura 2). Entretanto, o tratamento Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP) obteve uma taxa de sobrevivência significativamente inferior ao Controle Positivo (CP), com 71.053% (Figura 2). A morte de todos os indivíduos do tratamento Controle Negativo (CN) ocorreram até o oitavo dia de experimentação. Figura 2. Taxa de sobrevivência (%) de Cymadusa filosa alimentados com diferentes dietas: Controle Negativo (CN, n = 38), Controle Positivo (CP, n = 38), Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP, n = 38), Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT, n = 38) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT, n = 38). O eixo vertical (y) corresponde a porcentagem de anfípodes vivos para cada tratamento, enquanto o eixo horizontal (x) corresponde ao tempo de experimentação em intervalos de cinco dias. Letras diferentes representam diferenças significativas entre os tratamentos (p < 0.05). 4.2 Crescimento O crescimento apresentou diferença estatística entre as dietas utilizadas (GLM: df = 3; deviance = 0.22768; p < 0.01). Os tratamentos Controle Positivo (CP) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT) resultaram em maior crescimento quando comparada aos tratamentos Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) e Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP). O teste a posteriori de Tukey indicou que os tratamentos Controle Positivo (CP) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT) foram semelhantes (Tukey, Z = 0.869; p > 0.05), mas que ambos foram superiores aos tratamentos Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) e Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP), onde estes foram iguais entre si (Tukey, Z = 0.397; p > 0.05). Devido a morte de todos os indivíduos do tratamento Controle Negativo (CN) estes não foram considerados na análise. Figura 3. Crescimento em milímetros (mm) de Cymadusa filosa em diferentes tratamentos, Controle Positivo (CP), Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP), Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT), n = 38 para cada tratamento. O eixo vertical (y) corresponde ao comprimento do anfípode medido em milímetros, enquanto o eixo horizontal (x) corresponde aos tratamentos. Letras diferentes representam diferenças significativas entre os tratamentos (p < 0.05). 4.3 Potencial reprodutivo Ao realizar a sexagem dos anfípodes, identificamos 21 fêmeas para o tratamento Controle Positivo (CP); 12 fêmeas para o tratamento Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP); 11 fêmeas para o tratamento Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT); e 18 fêmeas para o tratamento Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT). Não foram observadas diferenças na quantidade de fêmeas entre os tratamentos (GLM: df = 3; deviance = 2.2828; p = 0.5158). Do total de fêmeas, 5 foram ovígeras no tratamento CP e RFT; 3 para o tratamento RGP; e 7 no RGT. Quanto ao potencial reprodutivo, foram contabilizados 167 ovos no tratamento CP; 4 ovos no tratamento RGP; 56 ovos no tratamento RFT; e 87 ovos no tratamento RGT. O número de ovos das fêmeas entre os tratamentos foi similar (GLM: df = 3; deviance = 4.2592; p = 0.2348). Entretanto, o volume de ovos apresentados pelas fêmeas em cada um dos tratamentos foi diferente (GLM: df = 3; deviance = 0.29155; p < 0.001). O volume do tratamento CP foi menor que a dos tratamentos RFT (Tukey; Z = 7. 118; p < 0.001), RGP (Tukey; Z = 2.559; p < 0.05) e RGT (Tukey; Z = 11.345; p < 0.001). Os tratamentos RFT, RGP e RGT apresentaram volume de ovos similares entre si. O tratamento Controle Negativo (CN) não foram considerados na análise devido a morte de todos os indivíduos. Figura 4. Média do volume dos ovos (milímetros cúbicos) de Cymadusa filosa para os tratamentos Controle Positivo (CP) (n = 38), Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP) (n = 38), Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) (n = 38) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT) (n = 38). O eixo vertical (y) corresponde ao volume dos ovos em milímetros cúbicos, enquanto o eixo horizontal (x) corresponde aos tratamentos. Letras diferentes representam diferenças significativas entre os tratamentos (p < 0, 05). 5. Discussão A alimentação com dieta artificial se demonstrou eficiente em relação a performance de C. filosa, com a Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT) apresentando o melhor resultado entre as rações. A sobrevivência similar entre os tratamentos Controle Positivo (CP), Ração de Spirulina em Flocos da Tropical (RFT) e Ração de Spirulina em Grânulos da Tropical (RGT) indica que os valores nutricionais dos alimentos testados foram eficientes para suprir as funções vitais do anfípode, e que a qualidade do alimento contribuiu para o seu crescimento, onde foram observadas um maior incremento do comprimento nos tratamentos CP e RGT. A alimentação com a ração, em comparação com o alimento natural, melhorou o potencial reprodutivo da espécie, uma vez que foram observadas o aumento no volume dos ovos para todos os tratamentos com rações, sugerindo uma melhora na qualidade dos ovos. A substituição do alimento natural por dietas artificiais tem sido realizada com sucesso (Verhoef et al., 1998; Kanghae et al., 2014). Entretanto, essa substituição pode reduzir o crescimento e a sobrevivência dos organismos cultivados, devido à ausência de compostos específicos presentes no alimento natural (Carvalho et al., 2006; Domingues et al., 2008; Walsh et al., 2015). No presente trabalho, o uso de dietas artificiais resultou em crescimento e sobrevivência semelhantes, além de otimizar o potencial reprodutivo quando comparado à alimentação natural, indicando uma melhora na performance. O potencial reprodutivo da espécie foi mais eficiente com a dieta artificial, uma vez que foi observado um aumento no volume dos ovos em todos os tratamentos com rações. Isso sugere uma melhoria na qualidade dos ovos, possivelmente devido ao maior acúmulo de vitelo, resultando em filhotes de maior tamanho após a eclosão (Wilhelm & Schindler 2000). A spirulina tem sido amplamente utilizada na aquicultura como uma fonte de suplementação ou aditivo alimentar, o qual tem mostrado desempenhar melhoras no crescimento, nas respostas imunes e na pigmentação, em cultivos de peixes e crustáceos (Teimouri et al., 2013; Yu et al., 2018; Li et al., 2022). A adição de spirulina em diferentes concentrações na formulação, muitas vezes como substituto a proteína de farinha de peixe, tem mostrado resultados melhores do que uma alimentação sem spirulina ou com farinha de peixe (Nandeesha et al., 2001; Ragaza et al., 2020; Güroy et al., 2022). Peixes-palhaços (Amphiprion ocellaris) exibiram melhoras no crescimento e na intensidade de cor com concentrações de spirulina a 15%, quando comparada a alimentação com 30% de spirulina ou sem spirulina (Güroy et al., 2022). A morfologia da ração também tem se demonstrado um importante fator na otimização da performance de organismos cultivados (Harpaz et al., 2005; Welker et al., 2018). Cymadusa filosa é um anfípode herbívoro generalista construtor de tubo que ocorre em associação com várias espécies de alga (Machado et al., 2019b). A construção de tubos de seda ocorre pela secreção de um “cimento mucóide” a partir de seus pereópodes (Appadoo & Myers 2003; Machado et al., 2019a). Durante a construção dos tubos é comum o uso de algas como substrato, a qual age tanto como alimento quanto proteção contra predadores, devido, muitas vezes, as algas utilizadas apresentarem compostos dissuasores (Duffy & Hay 1994; Appadoo & Myers 2003). Dessa forma, esperava-se que o anfípode faria o melhor uso da ração em flocos quando comparada com a ração grânulos, devido sua semelhança com o formato de lâminas de algas encontradas em seu ambiente natural para a construção de tubos. Foi observado um maior uso da ração em flocos para a construção de tubos (observação pessoal), entretanto, não encontramos melhora na performance de C. filosa entre as duas morfologias de rações artificiais, o que sugere que o formato da ração pode não ser um fator importantes para o cultivo da espécie. Entretanto, a Ração de Spirulina em Grânulos da Poytara (RGP) exibiu os piores resultados entre as rações. Isso pode ter ocorrido devido à baixa padronização das rações em termos de flutuabilidade, o que pode ter comprometido a disponibilidade do alimento pelo anfípode e facilitado a lixiviação dos nutrientes. Nossos resultados fornecem informações zootécnicas sobre a espécie de anfípode C. filosa sendo cultivada com alimento artificial, demonstrando resultados promissores como uma nova opção de alimento vivo para a aquicultura. Este crustáceo representa uma possível fonte barata de proteína e de lipídios essenciais (Zaid et al., 2016) e seu uso como alimento vivo em substituição às espécies comumente empregadas na aquicultura, (e.g. Artemia salina), demonstra uma melhor composição nutricional (Baeza-Rojano et al., 2010, 2013; Vargas- Abúndez et al., 2018, 2021). Ainda, o uso de ração possibilita que gastos envolvidos com coleta, limpeza, transporte e manutenção do alimento natural possam ser reduzida. A alimentação com ração também pode diminuir a ocorrência de introdução de patógenos, o que atualmente representa um sério problema de biossegurança (Tacon 2017). Além disso, os impactos ao ecossistema devido a retirada de anfípodes e de algas para alimento, serão reduzidos, uma vez que estes atuam como importante substrato para uma variedade de organismos e aqueles apresentam papéis chaves ao ambiente (Duffy & Hay 2000; Machado et al., 2019 a,b). Assim, concluímos que C. filosa demonstra ser uma espécie viável e aplicável como fonte alternativa de alimento vivo cultivado em laboratório para a aquicultura, entretanto, mais estudos são necessários para explorar a produção em média e grande escala, além de complementar informações zootécnicas e nutricionais para seu real uso na aquicultura. 6. Referências Bibliográficas AAQILLAH-AMR, Mohd Amran et al. Use of pelleted diets in commercially farmed decapods during juvenile stages: A review. Animals, v. 11, n. 6, p. 1761, 2021. A ABO-TALEB, Hamdy et al. Isolation and cultivation of the freshwater amphipod Gammarus pulex (Linnaeus, 1758), with an evaluation of its chemical and nutritional content. Egyptian Journal of Aquatic Biology and Fisheries, v. 24, n. 2, p. 69-82, 2020. AJIBOYE, Olufemi. et al. A review of the use of copepods in marine fish larviculture. Reviews in Fish Biology and Fisheries, v. 21, p. 225-246, 2011. ALBERTS-HUBATSCH, Hilke; SLATER, Matthew James; BEERMANN, Jan. 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