UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
TIAGO GIORGETTI CHINELLATO
Formação continuada de professores com o uso de Tecnologias Digitais:
produção de atividades de conteúdos matemáticos a partir do currículo paulista
Rio Claro
2019
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
TIAGO GIORGETTI CHINELLATO
Formação continuada de professores com o uso de Tecnologias Digitais:
produção de atividades de conteúdos matemáticos a partir do currículo paulista
Tese de doutorado do Programa de Pós-
graduação em Educação Matemática do
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, Rio Claro.
Orientadora: Profa. Dra. Sueli Liberatti
Javaroni
Rio Claro
2019
C539f
Chinellato, Tiago Giorgetti
Formação continuada de professores com o uso de Tecnologias
Digitais: : produção de atividades de conteúdos matemáticos a partir
do currículo paulista / Tiago Giorgetti Chinellato. -- Rio Claro, 2019
170 p. : il., tabs.
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro
Orientadora: Sueli Liberatti Javaroni
1. Caderno do Aluno e do Professor. 2. Visualização com
Tecnologias. 3. Vídeos Educativos. 4. GeoGebra. 5. Formação do
Formador. I. Título.
Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca do Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro. Dados fornecidos pelo autor(a).
Essa ficha não pode ser modificada.
FOLHA DE APROVAÇÃO
TIAGO GIORGETTI CHINELLATO
Formação continuada de professores com o uso de Tecnologias Digitais:
produção de atividades de conteúdos matemáticos a partir do currículo paulista
Tese APROVADA, como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação
Matemática do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática do Instituto de
Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Rio Claro, pela seguinte banca examinadora.
Prof(a). Dr(a). Sueli Liberatti Javaroni - Orientadora
FC/UNESP/Bauru (SP)
Prof(a). Dr(a). Ana Paula dos Santos Malheiros
IBILCE/UNESP/São José do Rio Preto (SP)
Prof(a). Dr(a). Maria Teresa Zampieri
UFSCar/São Carlos (SP)
Prof(a). Dr(a). Rosana Giaretta Sguerra Miskulin
IGCE/UNESP/Rio Claro (SP)
Prof(a). Dr(a). Silvana Claudia dos Santos
Universidade Federal de Viçosa/Viçosa (MG)
Rio Claro, 6 de Novembro de 2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me dado saúde e forças para realizar
esta pesquisa. Agradeço, também, à minha esposa, Érika, pelos conselhos, paciência
e incentivo durante todos os momentos de estudos e horas dedicadas à produção
desta Tese em Educação Matemática.
Aos meus pais, Cristina Aparecida Giorgetti Chinellato e Edvaldo Batista
Chinellato (in memoriam), e ao meu irmão, Diego Giorgetti Chinellato, pelo apoio
durante a minha vida, sempre me dando forças para seguir com meus estudos.
À minha avó materna, Maria Diva Cason Giorgetti, pelo apoio nos estudos e pelo
amor incondicional, que sempre demonstrou por mim.
À professora Sueli Liberatti Javaroni, orientadora, por constantemente me
aconselhar e acreditar nesta pesquisa de doutorado, sempre se mostrando disposta
a conversar, dar conselhos e fazer críticas e sugestões, para realizar este estudo.
Agradeço, também, pela confiança e amizade que cultivamos durante este tempo,
pelo respeito e pelo carinho.
Às professoras da banca: Ana Paula dos Santos Malheiros, Maria Teresa
Zampieri, Rosana Giaretta Sguerra Miskulin, Silvana Claudia Santos e Sueli Liberatti
Javaroni, pela leitura atenciosa deste material, colaborando com sugestões e críticas
para o aprimoramento do estudo realizado.
Aos meus professores da graduação: Carolina Fernandes Molina Sanches,
Carlos Alberto da Silva Júnior, Flávia Cristina Figueiredo Coura, Marco Antônio
Escher, Marcos Santos de Oliveira, Romélia Mara Alves Souto e Viviane Cristina
Almada de Oliveira. Um dos fatores, que também contribuíram para a produção desta
tese, foi o incentivo que sempre recebi desses docentes durante a minha formação
inicial.
Aos membros do Grupo de Pesquisa em Informática, Outras Mídias e Educação
Matemática (GPIMEM), por terem contribuído com minha pesquisa por meio de
conselhos, sugestões e leituras minuciosas do material. Obrigado aos professores do
Grupo: Sueli Liberatti Javaroni, Marcelo de Carvalho Borba, Marcus Vinícius Maltempi,
Rúbia Barcelos Amaral e Ricardo Scucuglia Rodrigues da Silva, por sempre estarem
dispostos a colaborar com esta pesquisa.
Um agradecimento especial à Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, pela
parceria e desenvolvimento da ação formativa. Aos professores coordenadores, José
Flávio e Silvia Moreira, pela confiança e auxílio durante todos os momentos de
necessidade. Agradeço, também, à professora Rosa Monteiro, pelo diálogo com a
Diretoria de Ensino de Guaratinguetá e pelo suporte no desenvolvimento das
atividades.
À aluna de Iniciação Científica, Fernanda Karen, por me acompanhar em todos
os encontros com os professores, sempre auxiliando-os nas dificuldades existentes.
Aos amigos, que me acompanharam nas viagens até Guaratinguetá, que também
colaboraram no desenvolvimento do curso. Obrigado: Maria Tereza Zampieri,
Anderson Pereira, Rejane Faria e Patrícia Fasseira.
Aos professores cursistas, que aceitaram o desafio e, aos sábados, se
propuseram a participar da ação formativa na Diretoria de Ensino de Guaratinguetá.
Sem vocês, esta pesquisa não existiria! Muito obrigado aos docentes: Adriana,
Alexsandro, Amélia, Ana, Aneti, Carolina, César, Cláudia, Fernanda, Frederico,
Gerson, Guilherme, Hailton, Izavel, João, Jorge, José Antônio, José Henrique, José
Mauro, José Renato, Judilce, Lilian, Luciana, Márcia, Maria, Monique, Rosana,
Rosângela, Rosely, Rosemary, Thaís, Valery, Wanderley e Wanessa.
Aos amigos da Pós-graduação em Educação Matemática (PGEM),
especialmente à Maria Teresa Zampieri, Miliam Juliana Alves Ferreira, Simone Moura
Queiroz, Nilton Silveira Domingues, Anderson Pereira, Rejane Faria, Patrícia
Fasseira, Kleyton Vinicyus, Bruno Missé, Leandra dos Santos, Neil Canedo, Marcelo
Batista, Eliel da Silva, Sandro Ricardo, Maria Francisca e Fábio Ferreira, pelos
momentos maravilhosos proporcionados em Rio Claro e nos eventos científicos.
Aos funcionários do Departamento de Matemática e da Pós-graduação da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) de Rio Claro pela
eficiência e disponibilidade.
Aos amigos, que fiz quando lecionei na escola estadual, pela amizade, pelo
carinho e pelos momentos compartilhados: Manu, Juliana, Paula e Rone.
Aos amigos, que sempre se fizeram presentes, pelos momentos de
descontração, pelas viagens, pelas risadas e pela parceria de sempre: Bóris, Bruno,
Cláudio, Diego, Eduardo, Felipe, Hélio e Rafael.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de
Financiamento 001.
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo investigar quais são as perspectivas que os
professores têm quando participam de uma formação continuada com tecnologias e
elaboram atividades de conteúdos matemáticos, inspiradas no material didático do
estado de São Paulo e mediadas pelo software GeoGebra. Para isso, elaborou-se e
desenvolveu-se uma ação formativa, que incentivou os professores, os quais ensinam
Matemática e estão vinculados à Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, a produzirem
atividades matemáticas com o GeoGebra. Diante disso, optou-se por utilizar a
metodologia de pesquisa qualitativa, porque o interesse se concentrou em aspectos
subjetivos em consonância com o objetivo enunciado. Para o desenvolvimento da
pesquisa, alguns procedimentos metodológicos foram utilizados. São eles: gravações
em vídeos dos encontros do curso e em áudios de relatos do pesquisador, aplicação
de questionários com os docentes e gravação dos diálogos ocorridos durante a ação
formativa. Assim, a partir da triangulação dos dados produzidos por esses
procedimentos, eixos de análise emergiram e foram organizados com base no objetivo
da pesquisa, sendo eles: A perspectiva dos cursistas sobre as ações desenvolvidas
na formação continuada de professores voltada para o uso das Tecnologias Digitais e
A produção de conhecimento, a experimentação-com-GeoGebra e a visualização
permitida pelas TD na produção das atividades desenvolvidas pelos cursistas. Para
analisar esses eixos, apropriou-se de referenciais teóricos, que discutem as seguintes
temáticas: formação inicial e continuada de professores, experimentação-com-
tecnologias, produção de conhecimento com o uso das Tecnologias Digitais e
potencialidades de visualização permitidas pelo GeoGebra. Por meio da análise
desses eixos, pode-se inferir que os professores foram capazes de realizar
experimentações e produzirem conhecimento com o uso do software GeoGebra. Os
cursistas destacaram a importância do uso dos vídeos educativos quando estes
auxiliaram no processo de construção das atividades. Outro aspecto apontado por
eles foi sobre a visualização propiciada pelo GeoGebra. Esse software possibilita a
construção e manipulação de figuras tridimensionais, o que, na concepção dos
professores, facilita a compreensão por parte dos alunos. Por fim, foi destacada a
importância de se utilizar o Caderno do Aluno (CA) e o Caderno do Professor (CP)
para a produção das atividades, devido ao fato de esse material fazer parte do
Currículo Oficial paulista e estar presente nas escolas públicas do estado de São
Paulo. Assim, pode-se concluir que essa ação formativa, que por sua vez visou à
produção de conhecimento e à experimentação com a tecnologia, propiciou aos
professores se apropriarem das funcionalidades dessas TD na medida em que
produziram atividades, que vão ao encontro dos contextos escolares em que atuam.
Palavras-chave: Caderno do Aluno e do Professor. Visualização com Tecnologias.
Vídeos Educativos. GeoGebra. Formação do Formador.
ABSTRACT
This research aimed to investigate what are the perspectives that teachers have when
participating in a continuous formation with technologies and elaborate activities of
mathematical content, inspired by the didactic material of the state of São Paulo and
mediated by GeoGebra software. For this, a training action was developed and
developed, which encouraged teachers, who teach mathematics and are linked to the
Guaratinguetá Teaching Board, to produce mathematical activities with GeoGebra.
Therefore, we chose to use the qualitative research methodology, because the interest
was focused on subjective aspects in line with the stated objective. For the
development of the research, some methodological procedures were used. They are:
video recordings of the course meetings and researcher reports audios, application of
questionnaires with teachers and recording of dialogues that took place during the
training. Thus, from the triangulation of the data produced by these procedures, axes
of analysis emerged and were organized based on the research objective, as follows:
The perspective of the students on the actions developed in the continuing education
of teachers focused on the use of Digital Technologies. and The production of
knowledge, experimentation with GeoGebra and the visualization allowed by DT in the
production of activities developed by the students. To analyze these axes, it was used
theoretical references, which discuss the following themes: initial and continuing
teacher education, experimentation-with-technologies, knowledge production with the
use of Digital Technologies and visualization potentialities allowed by GeoGebra.
Through the analysis of these axes, it can be inferred that the teachers were able to
perform experiments and produce knowledge using GeoGebra software. The students
emphasized the importance of the use of educational videos when they helped in the
construction process of the activities. Another aspect pointed out by them was about
the visualization provided by GeoGebra. This software enables the construction and
manipulation of three-dimensional figures, which, in the teachers 'conception,
facilitates students' comprehension. Finally, the importance of using the Student
Notebook (CA) and the Teacher's Notebook (CP) was highlighted for the production of
the activities, due to the fact that this material is part of the São Paulo Official
Curriculum and is present in the public schools of the state. state of Sao Paulo. Thus,
it can be concluded that this formative action, which in turn aimed at knowledge
production and experimentation with technology, enabled teachers to appropriate the
functionalities of these TDs as they produced activities that meet the school contexts.
in which they operate.
Keywords: Student and Teacher Notebook. Visualization with Technologies.
Educational Videos. GeoGebra. Formation of Former.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAP Avaliação de Aprendizagem em Processo
ATPC Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo
AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem
BNCC Base Nacional Comum Curricular
CA Caderno do Aluno
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CP Caderno do Professor
CRiME Center for Research in Mathematics Education
DEB Diretoria de Ensino de Bauru
DEG Diretoria de Ensino de Guaratinguetá
DEL Diretoria de Ensino de Limeira
DICIO Dicionário Online de Português
GPIMEM Grupo de Pesquisa em Informáticas, Outras Mídias e
Educação Matemática
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PCNPM Professores Coordenadores do Núcleo Pedagógico de
Matemática
PGEM Pós-graduação em Educação Matemática
PPGEM Programa de Pós-graduação em Educação Matemática
PUC Pontifícia Universidade Católica
SEESP Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
TD Tecnologias Digitais
TPACK Technology, Pedagogy and Content Knowledge
UFSJ Universidade Federal de São João del-Rei
UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADRO
Figura 1: Tela do software GeoGebra ...................................................................... 74
Figura 2: Gráfico da função fx = x² ........................................................................... 75
Figura 3: Captura de Tela do FlashBack .................................................................. 76
Figura 4: Mouse em destaque, remetendo ao início da gravação da tela ................ 77
Figura 5: Atividade do Caderno do Professor sobre perspectiva .............................. 95
Figura 6: Base da Construção .................................................................................. 95
Figura 7: Imagem do GeoGebra, da construção do prisma ...................................... 96
Figura 8: Imagem do GeoGebra, da construção dos prismas .................................. 97
Figura 9: Atividade do Professor do Aluno sobre volume ......................................... 99
Figura 10: Imagem do GeoGebra, da construção do círculo .................................. 100
Figura 11: Imagem do GeoGebra, da construção dos dois círculos ....................... 101
Figura 12: Imagem do GeoGebra, da construção das latas cilíndricas .................. 100
Figura 13: Interface do geoGebra, na atividade de cálculo do volume dos cilindros
................................................................................................................................ 100
Figura 14: Atividade do Caderno do Aluno para a construção de uma pirâmide .... 106
Figura 15: Atividade do Caderno do Professor sobre pirâmide e prisma ............... 107
Figura 16: Imagem do GeoGebra, da construção do quadrilátero ABCD ............... 107
Figura 17: A altura da pirâmide .............................................................................. 108
Figura 18: Imagem do GeoGebra, da construção dos planos paralelos “e” e “f” .... 109
Figura 19: O ponto I no plano “f” ............................................................................. 110
Figura 20: Imagem do GeoGebra, da construção da pirâmide de base quadrada
oblíqua .................................................................................................................... 111
Figura 21: Imagem do Geogebra, da construção dos pontos J e L e da reta “h” da
pirâmide de base quadrada oblíqua ........................................................................ 112
Figura 22: Imagem do GeoGebra, da construção das duas pirâmides e dos valores
de área .................................................................................................................... 113
Figura 23: Imagem do GeoGebra, da construção das duas pirâmides e dos valores
de volume ................................................................................................................ 114
Figura 24: Atividade do Caderno do Aluno referente a cordas, arcos e ângulos .... 116
Figura 25: Imagem do Geogebra, da construção da circunferência de centro A1 .. 117
Figura 26: Imagem do Geogebra, da construção das cordas na circunferência..... 117
file:///C:/Users/Tiago/Desktop/tese/Tiago%20-%20FINAL.docx%23_Toc25158062
Figura 27: Imagem do GeoGebra da construção dos segmentos sobre a
circunferência .......................................................................................................... 118
Figura 28: Imagem do GeoGebra, da construção dos ângulos na circunferência .. 119
Figura 29: Imagem do GeoGebra, da construção dos segmentos e seus respectivos
valores ..................................................................................................................... 120
Figura 30: Funções Exponenciais presentes no Caderno do Aluno ...................... 150
Figura 31: Atividade sobre matriz presente no Caderno do Professor ................... 151
Figura 32: Continuação da atividade presente na Figura 31 .................................. 152
Figura 33: Atividade presente no Caderno do Professor sobre matrizes ............... 153
Figura 34: Continuação da atividade presente na Figura 33 .................................. 154
Figura 35: Esfera Inscrita e Circunscrita no cubo realizada no GeoGebra ............. 158
Figura 36: Atividade presente no Caderno do Aluno: octaedro inscrito no cubo .... 159
Figura 37: Cubo inscrito no Octaedro ..................................................................... 160
Figura 38: Funções trigonométricas presentes no Caderno do Aluno .................... 161
Figura 39: Funções trigonométricas criadas na ação formativa ............................. 162
Figura 40: Homotetia presente no Caderno do Aluno ............................................ 163
Figura 41: Atividade com paralelepípedos presente no Caderno do Aluno ............ 164
Figura 42: Progressão Geométrica exemplificada no Caderno do Aluno ............... 165
Figura 43: Poliedros presentes no Caderno do Aluno ............................................ 166
Figura 44: Atividades referentes à Figura 43 .......................................................... 167
Figura 45: Poliedros de Platão presentes no Caderno do Aluno ............................ 168
Figura 46: Sólidos de Revolução presentes no Caderno do Aluno ........................ 169
Figura 47: Vistas de um poliedro exemplificadas em uma atividade da AAP ......... 170
Quadro 1: Perfil dos cursistas ................................................................................... 77
SUMÁRIO
1 O INÍCIO DA PESQUISA ...................................................................................... 13
1.1 Apresentação ..................................................................................................... 13
1.2 A contextualização da pesquisa ...................................................................... 17
1.3 Estrutura da pesquisa ....................................................................................... 19
2 O ENSINO DE MATEMÁTICA E A TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA ..................... 22
2.1 Os documentos educacionais e o Ensino de Matemática na escola pública
paulista ..................................................................................................................... 23
2.2 Literatura sobre formação inicial e continuada de professores para o uso das
tecnologias digitais ................................................................................................. 29
2.3 Formações continuadas com professores de Matemática com enfoque nas
tecnologias digitais e no material didático do estado de São Paulo .................. 33
3 A TECNOLOGIA DIGITAL E OS REFERENCIAIS TEÓRICOS ........................... 50
3.1 Tecnologia Digital ............................................................................................. 50
3.2 A formação continuada de professores, a produção de conhecimento e a
experimentação-com-GeoGebra ............................................................................ 53
3.3 As potencialidades de visualização proporcionadas pelas TD ..................... 60
3.4 A formação do formador alinhada ao entrelaçamento teórico ...................... 62
4 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ..................................... 65
4.1 A pesquisa qualitativa e a pergunta diretriz ................................................... 65
4.2 Procedimentos metodológicos ........................................................................ 67
4.3 O lugar do GeoGebra na pesquisa .................................................................. 72
4.4 Os vídeos educativos........................................................................................ 75
4.5 Cenário de investigação: curso de extensão universitária e os professores
participantes ............................................................................................................ 78
5 APRESENTANDO E ANALISANDO OS DADOS PRODUZIDOS ....................... 85
5.1 A perspectiva dos cursistas sobre as ações desenvolvidas na formação
continuada de professores voltada para o uso das TD ....................................... 85
5.2 A produção de conhecimento, a experimentação-com-GeoGebra e a
visualização permitida pelas TD na produção das atividades desenvolvidas
pelos cursistas. ....................................................................................................... 93
5.2.1 Atividade 1 ........................................................................................................ 94
5.2.2 Atividade 2 ........................................................................................................ 99
5.2.3 Atividade 3 ...................................................................................................... 105
5.2.4 Atividade 4 ...................................................................................................... 116
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 123
6.1 Refletindo sobre as perspectivas dos cursistas .......................................... 123
6.2 A importância da formação do formador de professores ............................ 130
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 136
APÊNDICE A – PESQUISA DE INTERESSE – QUESTIONÁRIO ......................... 147
APÊNDICE B – AVALIAÇÃO DO CURSO - QUESTIONÁRIO .............................. 148
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO ................................................... 149
APÊNDICE D – PLANO DE AULA SOBRE FUNÇÕES EXPONENCIAIS ............. 150
APÊNDICE E – ATIVIDADE SOBRE MATRIZ ....................................................... 151
APÊNDICE F – ATIVIDADE SOBRE CONSTRUÇÃO DE FUNÇÕES ................... 156
APÊNDICE G – ESFERA INSCRITA E CIRCUNSCRITA NO CUBO .................... 158
APÊNDICE H – CUBO INSCRITO NO OCTAEDRO .............................................. 159
APÊNDICE I – FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS .................................................. 161
APÊNDICE J – HOMOTETIA ................................................................................. 163
APÊNDICE K – PARALELEPÍPEDOS ................................................................... 164
APÊNDICE L – PROGRESSÃO GEOMÉTRICA .................................................... 165
APÊNDICE M – CONSTRUÇÃO DE POLIEDROS ................................................ 166
APÊNDICE N – POLIEDROS DE PLATÃO ............................................................ 168
APÊNDICE O – SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO ........................................................ 169
APÊNDICE P – ATIVIDADE DA AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM EM PROCESSO
(AAP) ...................................................................................................................... 170
13
1 O INÍCIO DA PESQUISA
1.1 Apresentação
Esta pesquisa teve como objetivo investigar quais são as perspectivas que os
professores têm quando participam de uma formação continuada com tecnologias e
elaboram atividades de conteúdos matemáticos, inspiradas no material didático do
estado de São Paulo e mediadas pelo software GeoGebra. Para atender a esse
objetivo, esta pesquisa se inseriu nos pressupostos da metodologia de pesquisa
qualitativa. Assim, para a produção dos dados, elaborei1 e realizei uma ação formativa2
com professores que ensinam Matemática vinculados à Diretoria de Ensino de
Guaratinguetá (DEG).
Com isso, um dos procedimentos para se atingir tal objetivo foi a realização do
curso de extensão universitária intitulado “As potencialidades das tecnologias digitais3
em atividades investigativas de conteúdos matemáticos do Currículo Estadual
Paulista”. Essa ação formativa ocorreu com professores da rede pública paulista, da
Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, e teve como viés o uso das Tecnologias Digitais
(TD), mais precisamente do GeoGebra, do computador e de vídeos educativos.
Esses vídeos tiveram a funcionalidade de um roteiro digital e foram gravados por
mim, para orientar as construções necessárias, que seriam desenvolvidas na ação
formativa. Desse modo, os cursistas puderam acompanhar, por meio desses vídeos,
o desenvolvimento da atividade, para, assim, reproduzir no GeoGebra as atividades
de conteúdos matemáticos presentes no Caderno do Aluno (CA) e no Caderno do
Professor (CP), material que compõe o Currículo Oficial paulista. Tais vídeos não
foram pensados, a priori, e a sua demanda surgiu no primeiro encontro do curso como
aponto na subseção 4.2.
1 A escrita desta tese se deu em primeira pessoa do singuar e na primeira pessoa do plural.
Quando falar no singular, significa que foi uma ação ou análise minha acerca dos dados, e quando for
no plural, envolveu uma ação conjunta: ou com os professores, ou com os colaboradores do projeto,
ou com a minha orientadora.
2A utilização desse termo se deu, pois, embora tenha sido um curso de extensão universitária,
a dinâmica foi flexível e houve momentos de interação, que perpassaram o horário do curso. Além
disso, buscou-se valorizar os conhecimentos docentes e integrá-los a conhecimentos sobre o
GeoGebra, tendo em mente a prática do professor em sala de aula. Adoto os termos ação formativa,
curso, curso de formação e formação continuada como sinônimos nesta tese.
3 Adoto os termos tecnologias digitais e tecnologias como sinônimos nesta tese.
14
A ação formativa, também, visou a estabelecer um diálogo com os docentes, no
qual estes puderam colocar suas perspectivas sobre o desenvolvimento do curso, as
atividades matemáticas elaboradas, a importância do material didático utilizado e as
tecnologias digitais trabalhadas durante o curso de extensão universitária.
Para analisar as perspectivas dos professores, apropriei-me dos questionários
que foram aplicados e dos diálogos que ocorreram durante o curso, estes gravados
por duas câmeras posicionadas no ambiente da formação continuada e das atividades
matemáticas realizadas no GeoGebra. Assim, utilizei a própria funcionalidade do
software, que é o “protocolo de construção”, conjuntamente com os diálogos
videogravados na ação formativa, a fim de identificar os passos desenvolvidos pelos
docentes para a construção das atividades. Com essas informações em mãos,
apropriei-me, também, de alguns aportes teóricos para analisar os dados produzidos,
que versam sobre a produção de conhecimento (LEVY, 1999; BORBA, 2001; ROSA;
PAZUCH; VANINI, 2012; SOUTO, 2012), a experimentação-com-tecnologia (BORBA;
VILLARREAL, 2005; SOUTO, 2013) e as potencialidades de visualização propiciada
pela TD (MARRADES; GUTIÉRREZ, 2000; ARCAVI, 2003; BORBA; VILLARREAL,
2005; ZULATTO, 2007).
Um dos fatores que foram preponderantes para a escolha do software GeoGebra
é que este possui um código aberto e gratuito, que pode ser instalado em qualquer
máquina e se faz presente nas escolas paulistas, como pontuam as pesquisas de
Chinellato (2014) e Oliveira (2014). Outro fator que contribuiu para a escolha do
GeoGebra é que ele é um software de “matemática dinâmica para todos os níveis de
ensino que reúne Geometria, Álgebra, Planilha de Cálculo, Gráficos, Probabilidade,
Estatística e Cálculos Simbólicos em um único pacote” (GEOGEBRA, 2019)4. Mas
antes de me adentrar nas especificidades desta pesquisa, é importante contextualizá-
la.
Esta pesquisa começou a tomar forma quando prestei o processo seletivo para
o Mestrado, no ano de 2011, do Programa de Pós-graduação em Educação
Matemática (PPGEM) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
(UNESP), campus de Rio Claro. Naquela ocasião, eu tinha como pretensão
desenvolver um curso de formação continuada com professores que ensinam
Matemática, com foco nas tecnologias digitais. Contudo, descobri que isso seria
4 Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2019.
https://www.geogebra.org/
15
inviável tendo em vista o curto prazo para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado
(CHINELLATO, 2014). Essa ideia precisou ser alterada. Com isso, o objetivo da
dissertação foi analisar como os computadores estavam sendo, ou não, utilizados nas
aulas de Matemática das escolas públicas estaduais de Limeira/SP.
Durante a pesquisa de Mestrado, desenvolvida na UNESP, entre os anos de
2012 a 2014, foi possível identificar que há:
[...] alguns fatores que contribuem para essa não utilização do
computador; por exemplo: a falta de equipamentos, a falta de interesse
dos alunos, a dificuldade do acesso à internet, [...] a deficiência na
formação educacional do professor e a falta de apoio da coordenação,
entre outros (CHINELLATO, 2014, p. 91).
Essas constatações, também, foram percebidas por mim quando ingressei em
meados de julho de 2014 na rede pública do estado de São Paulo, lecionando a
disciplina de Matemática em uma escola pública situada na cidade de Limeira/SP.
Foram dois anos e meio atuando e conhecendo o funcionamento da rede pública de
ensino. Durante esse período, tive a oportunidade de compartilhar experiências com
os colegas, que também lecionavam Matemática, e constatei que nenhum deles
utilizava as TD durante suas aulas. A principal justificativa desses docentes, para a
não utilização das TD, era a falta de contato e utilização desses recursos na formação
inicial e/ou continuada. Ou seja, a formação dos professores se mostrava como um
dos grandes empecilhos no que concerne ao uso das tecnologias digitais, nas aulas
de Matemática na região de Limeira/SP, como já havia evidenciado a pesquisa de
Chinellato (2014).
A dissertação desenvolvida na região de Limeira/SP foi um subprojeto vinculado
ao “Mapeamento do uso de tecnologias da informação nas aulas de Matemática no
estado de São Paulo”, referenciado ao longo deste texto por Projeto Mapeamento,
aprovado junto ao EDITAL CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) Nº 049/2012, com vigência no período de 2013 a 2017, sob a
coordenação da Profa. Dra. Sueli Liberatti Javaroni, orientadora desta pesquisa.
O Projeto Mapeamento foi desenvolvido em duas fases, sendo que, na primeira,
foram desenvolvidas pesquisas de Iniciação Científica e Mestrado, que se
preocuparam em analisar as condições físicas dos laboratórios de informática e
investigar o uso dos computadores nas aulas de Matemática. Esses levantamentos
foram feitos em escolas pertencentes às Diretorias de Ensino, Regionais de Bauru,
16
Guaratinguetá, Registro, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Limeira, que
foram abrangidas pelo Projeto Mapeamento (ANDRADE et al., 2016). Já a segunda
fase foi voltada para a formação continuada de docentes, na qual cursos foram
realizados, tendo as TD, em particular o software GeoGebra, papel principal nessas
ações. Essas atuações da segunda fase podem ser observadas nos trabalhos de
Andrade et al. (2016), Braga (2015), Castro et al. (2017), Faria (2016), Faria et al.
(2015), Javaroni e Zampieri (2018), Zampieri (2018) e Zampieri e Javaroni (2014).
Tive o privilégio de poder participar das duas fases do Projeto Mapeamento. No
primeiro momento, a minha colaboração foi com o desenvolvimento da minha
pesquisa de mestrado, que buscou identificar como os computadores estavam sendo,
ou não, utilizados nas aulas de Matemática das escolas públicas estaduais de
Limeira/SP (CHINELLATO, 2014). Além disso, participei de reuniões virtuais semanais
com estudantes de graduação, iniciação científica, pós-graduandos e professores
coordenadores das Diretorias de Ensino abrangidas, nas quais discutimos textos
acerca da inserção das tecnologias digitais em aulas de Matemática, em particular do
uso do GeoGebra para explorar conteúdos matemáticos por meio da elaboração de
atividades com o software.
Já na segunda fase, participei na elaboração e execução de um curso de
formação continuada para professores vinculados à Diretoria de Ensino de Limeira.
Esse foi o cenário da pesquisa de Faria (2016). A pesquisadora desenvolveu uma
formação continuada com professores da Diretoria de Ensino de Limeira no ano de
2015. Nesse momento, tive a oportunidade de ser seu auxiliar no desenvolvimento do
curso. Assim, reuniões semanais foram realizadas buscando-se desenvolver as
atividades propostas pela pesquisadora, para que ela pudesse utilizar tais conteúdos
em sua pesquisa de campo.
Durante esse período, acompanhei a pesquisadora ao longo de todo o curso,
auxiliando os docentes participantes no manuseio do software GeoGebra, visando à
realização das atividades presentes no Currículo Oficial do Estado de São Paulo. Foi
um momento de aprendizagem e reflexão, pois pude vivenciar uma formação
continuada com os professores analisando pontos que poderiam ser aprimorados em
futuras ações formativas, já tendo como perspectiva futura a pesquisa de doutorado,
que eu tinha como pretensão desenvolver.
Esses contatos com o software GeoGebra e com o Currículo Oficial fizeram parte
da minha trajetória na pós-graduação e nos momentos quando trabalhei como
17
professor na rede pública paulista. Durante a minha trajetória profissional, nas escolas
públicas paulistas, sempre que possível, utilizei o software GeoGebra durante as
minhas aulas, procurando explorar funções logarítmicas, exponenciais e progressões
entre outros conteúdos, os quais poderiam ser trabalhados com tal tecnologia.
Essa experiência acadêmica e profissional com o uso das Tecnologias Digitais
se tornou um elemento preponderante para o desenvolvimento desta pesquisa de
doutorado. Com o ingresso, em 2016, no PPGEM, tive a oportunidade de transformar
a expectativa da ação formativa, idealizada no mestrado, em um objetivo possível,
devido ao tempo maior para a execução da proposta e às experiências aqui já
mencionadas.
Com isso, esta pesquisa contribui, justamente, nesta segunda fase do
Mapeamento, por ter abordado o planejamento e o desenvolvimento de um curso de
extensão universitária com professores de Matemática vinculados à Diretoria de
Ensino de Guaratinguetá, pertencente à rede estadual paulista. A seguir, apresento o
cenário de investigação que foi constituído nesse curso de extensão universitária.
1.2 A contextualização da pesquisa
Firme e Paulo (2014) observaram 14 escolas da cidade de Guaratinguetá/SP e
aplicaram questionário aos professores e diretores das respectivas instituições.
Segundo as autoras, os professores “dizem não se sentirem seguros para desenvolver
atividades de ensino no laboratório de informática” (FIRME; PAULO, 2014, p. 4710).
Esse fato pode ser atribuído a vários motivos, sendo que um dos mais recorrentes nas
falas tanto de professores quanto de gestores é que “a maioria dos professores não
teve capacitação para usar o laboratório de informática”, observado por um diretor de
escola daquela região (FIRME; PAULO, 2014, p. 4710).
Pereira (2017), em sua pesquisa de Mestrado, desenvolvida em escolas
vinculadas à Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, buscou compreender acerca das
crenças e concepções de professores de Matemática sobre o uso das TD em aulas
de Matemática. Esse pesquisador apontou que a maioria das escolas é equipada com
aparelhos de projeção digital e lousa digital. No entanto, os professores participantes
de sua pesquisa diziam que não tinham recebido formação, a qual os ajudasse para
o uso desses equipamentos. Com isso, o autor ressalta que há necessidade de
proporcionar, tanto na formação inicial quanto na continuada, condições para que os
18
professores se sintam aptos a utilizar as TD de maneira pedagógica em suas aulas
(PEREIRA; JAVARONI, 2016).
A Diretoria de Ensino de Guaratinguetá foi contemplada, inicialmente, no Projeto
Mapeamento com as pesquisas de Firme e Paulo (2014) e Pereira (2017). Com base
nos resultados desses estudos, decidimos, minha orientadora e eu, estendermos,
para a região de Guaratinguetá, a segunda fase do Projeto Mapeamento, indo ao
encontro das demandas levantadas na primeira fase do Projeto.
Desse modo, o curso de extensão universitária foi realizado nessa região
visando a incentivar o uso das tecnologias nas aulas de Matemática e a contribuir para
a formação dos docentes, indo ao encontro do que é mencionado pelos diretores na
pesquisa de Firme e Paulo (2014) e pelo indicativo colocado por Pereira e Javaroni
(2016) e Pereira (2017).
Para a realização desse curso com os docentes da Diretoria de Ensino de
Guaratinguetá, tive o apoio dos Professores Coordenadores do Núcleo Pedagógico
de Matemática (PCNPM) da respectiva Diretoria e de alunos de Iniciação Científica,
Mestrado e Doutorado, todos colaboradores do Projeto Mapeamento.
Na ação formativa desenvolvida na Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, os
cursistas foram convidados a produzir atividades de conteúdos matemáticos, no
GeoGebra, tendo como inspiração as atividades presentes no Caderno do Professor
(CP) e no Caderno do Aluno (CA). Esses Cadernos constituem um material didático
disponibilizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEESP)5 nas
escolas públicas para o desenvolvimento do conteúdo programático.
O Caderno do Professor foi criado no ano de 2008 e o Caderno do Aluno no ano
de 2009. Esse material foi elaborado com o objetivo de auxiliar o docente, como
aponta o site da SEESP6.
Esse material se tornou um elemento importante desta pesquisa, pois, a partir
das atividades ali presentes, os docentes foram convidados a produzirem atividades
de conteúdos matemáticos com o auxílio do GeoGebra e a refletirem e exporem suas
perspectivas sobre a elaboração dessas atividades e de como desenvolvê-las em sala
de aula. Assim, com base nas informações apresentadas, a pergunta que norteia esta
pesquisa é: “Quais são as perspectivas dos professores quando participam de uma
5 Disponível em: . Acesso em: 4 maio
2019.
6 Disponível em: . Acesso em: 4 maio 2019.
http://www.educacao.sp.gov.br/sao-paulo-faz-escola
http://www.educacao.sp.gov.br/caderno-professor
19
formação continuada e produzem atividades de conteúdos matemáticos, com o
GeoGebra, inspiradas no material oficial do estado de São Paulo?”.
Dessa forma, após explicitar o objetivo da pesquisa e seus procedimentos
metodológicos, bem como o cenário de investigação e a pergunta diretriz, a seguir,
apresento a estrutura da pesquisa, que sintetiza esta pesquisa de doutoramento.
1.3 Estrutura da pesquisa
Na primeira seção, Introdução, destaco a relevância de se desenvolver esta
pesquisa, fazendo uma retrospectiva de algumas ações, que culminaram em seu
desenvolvimento. Além disso, apresento o cenário de pesquisa justificando a
importância da realização da ação formativa “As potencialidades das tecnologias
digitais em atividades investigativas de conteúdos matemáticos do Currículo Estadual
Paulista” na Diretoria de Ensino de Guaratinguetá e finalizo apresentando a pergunta
diretriz, que norteou a pesquisa.
Já na segunda seção, O ensino de matemática e a tecnologia na formação
continuada de professores que ensinam Matemática, apresento e discuto alguns
trechos dos Parâmetro Curricular Nacional (PCN) e Parâmetro Curricular Nacional do
Ensino Médio (PCNEM), os quais dizem respeito ao ensino da Matemática no contexto
escolar. Juntamente a essa apresentação, destaco a criação da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), atual documento do governo federal, que define o
conjunto “de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao
longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo que tenham
assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento” (BRASIL, 2018).
Importante destacar que, durante a produção de dados desta pesquisa, a BNCC ainda
não havia sido homologada. Por isso, o currículo paulista se baseava nos PCN e nos
PCNEM.
Finalizando a segunda seção, destaco que o Currículo do Estado de São Paulo,
utilizado durante a produção dos dados, se pautava na documentação federal (PCN e
PCNEM). Com isso, foram criados os Cadernos do Aluno e do Professor. Ainda nesta
seção, dialogo com autores da área, que falam sobre a importância da formação inicial
e continuada para o uso das tecnologias digitais nas aulas de Matemática. Na última
subseção, destaco pesquisas, que realizaram ações formativas com professores da
rede básica de ensino, tendo como pano de fundo o uso das tecnologias digitais e o
20
Currículo do Estado de São Paulo para tal ação. Por fim, apresento a diferença da
pesquisa aqui desenvolvida em relação às apresentadas na subseção 2.3.
Começo a terceira seção, A tecnologia digital e os referenciais teóricos,
apresentando alguns teóricos, que falam sobre a importância da tecnologia para a
humanidade (LEVY, 1999). Em seguida, apresento e discuto sobre os aportes
teóricos, que foram utilizados para a análise dos dados produzidos por esta pesquisa,
que versam sobre a formação continuada de professores para o uso de tecnologias
(ROSA; PAZUCH; VANINI, 2012; VANINI et al., 2013), a produção de conhecimento
(LEVY, 1999; BORBA, 2001; ROSA; PAZUCH; VANINI, 2012; SOUTO, 2012), a
experimentação-com-tecnologia (BORBA; VILLARREAL, 2005; SOUTO, 2013) e as
potencialidades de visualização possibilitadas pelas TD (MARRADES; GUTIÉRREZ,
2000; ARCAVI, 2003; BORBA; VILLARREAL, 2005; ZULATTO, 2007). Finalizando
essa seção, faço um entrelaçamento entre os referenciais teóricos utilizados nesta
pesquisa e a importância da formação do formador.
Na quarta seção, Metodologias e procedimentos de pesquisa, justifico a escolha
pela metodologia qualitativa e apresento o movimento que ocorreu com a pergunta
diretriz até chegar à sua versão final. Em seguida, destaco os procedimentos
metodológicos adotados na condução da pesquisa e a importância da triangulação
dos dados (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999; ARAÚJO; BORBA,
2010; WELLER; PFAFF, 2014; WIEZORECK, 2014) para a elaboração dos eixos de
análise (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Na antepenúltima e na penúltima subseções, 4.3
e 4.4, respectivamente, apresento e justifico a escolha do software GeoGebra para o
desenvolvimento da ação formativa e apresento o software utilizado para a produção
dos vídeos educativos utilizados no curso de extensão universitária. Por fim,
apresento um perfil dos cursistas, que realizaram a ação formativa na DEG, bem como
o desenvolvimento do curso, que teve como fator preponderante o uso das TD na aula
de Matemática.
Na quinta seção, Apresentando e analisando os dados produzidos, apresento e
analiso os dados produzidos por esta pesquisa, tendo em vista minha visão
epistemológica enquanto pesquisador, professor e formador, a partir do diálogo com
os referenciais teóricos já mencionados.
Ao analisar os dados, buscando regularidades e padrões (BOGDAN; BIKLEN,
1994), foi possível identificar dois eixos de análise. No primeiro, “A perspectiva dos
cursistas sobre as ações desenvolvidas na formação continuada de professores
21
voltadas para o uso das TD”, analiso apresentando as perspectivas dos cursistas
sobre pontos positivos e negativos da realização do curso, as potencialidades que
identificaram sobre a utilização do software GeoGebra e dos vídeos educativos e a
relevância do uso dos Cadernos do Aluno e do Professor na ação formativa.
Em seguida, apresento e discuto o segundo eixo: “A produção de conhecimento,
a experimentação-com-tecnologia e a visualização permitida pelas TD nas atividades
produzidas pelos cursistas”. Nesse momento, apresento quatro atividades produzidas,
durante o quarto encontro da ação formativa, e analiso as perspectivas dos
professores sobre as produções realizadas.
A última seção, Considerações Finais, é composta pela articulação que faço com
relação à produção e à análise dos dados. Nesse momento, retomo a pergunta de
pesquisa apresentando indicativos para a sua resposta, apresento avanços e
limitações do estudo, abordo algumas contribuições para a área da Educação
Matemática e dou indicativo de futuras pesquisas, que podem se originar a partir do
estudo por mim realizado.
22
2 O ENSINO DE MATEMÁTICA E A TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA
A Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação destaca a
importância do ensino da Matemática vinculado ao uso das tecnologias no seu
sistema educacional de ensino. Esse sistema é voltado para o Ensino Fundamental –
Anos Iniciais (1° ao 5° ano), Ensino Fundamental – Anos Finais (6° ao 9° ano) e Ensino
Médio (1° ao 3° ano) por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997)
e dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000). Em 2018,
um novo documento federal entrou em vigor, a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), mas reforço que, durante a produção desta pesquisa, esse último documento
federal ainda não havia sido publicado.
A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), o estado de São
Paulo elaborou o seu Currículo Oficial de Matemática (SÃO PAULO, 2011), seguindo
as diretrizes apontadas no documento federal. Com isso, também, destaca a
importância do uso das tecnologias digitais nas aulas de Matemática da rede paulista
de Ensino. Especificamente no estado de São Paulo, foram criados, em 2008 e em
2009, os Cadernos do Professor e do Aluno, respectivamente, tendo como base o
currículo oficial paulista.
Esses materiais foram elaborados por uma equipe, que contou com sete
professores da área de Matemática, tendo como coordenador o professor doutor
Nílson José Machado. Segundo o próprio material, o Caderno do Professor apresenta
“orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial
do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz
Curricular” (SÃO PAULO, 2016, p. 3).
Os Cadernos se fazem presentes no ambiente escolar e se tornaram uma
recomendação para o uso do professor para o desenvolvimento de suas aulas. A
SEESP aplica, bimestralmente em todas as escolas, a Avaliação de Aprendizagem
em Processo (AAP7), que tem como objetivo identificar o desempenho dos alunos por
meio das competências e habilidades trabalhadas no Currículo Oficial do Estado de
São Paulo.
7 Avaliações de Aprendizagem em Processo. Disponível em:
. Acesso em: 28 set.
2018.
http://matematicatupa.blogspot.com/p/aap-avaliacao-de-aprendizagem-em.html
23
Assim, ainda nesta seção, destaco autores, que abordam a formação de
professores com a temática voltada para as tecnologias digitais, seguindo as diretrizes
propostas nos Parâmetros Curriculares e no Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
Além disso, apresento pesquisas que desenvolveram ações formativas
continuadas, voltadas para o uso das tecnologias digitais e que tiveram como pano de
fundo os materiais públicos paulistas, estes representados pelos Cadernos do
Professor e do Aluno. A seguir, apresento, mais detalhadamente, cada um dos
aspectos aqui mencionados.
2.1 Os documentos educacionais e o Ensino de Matemática na escola pública
paulista
No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) servem como
parâmetros para a Educação Fundamental – Anos Iniciais e Finais (1° ao 9° ano). É
um documento oficial do governo federal, que serve como base para nortear os
currículos estaduais. Nos PCN de Matemática, encontramos uma breve introdução
falando da importância da utilização da Matemática em nosso dia a dia e vinculando-
a ao nosso trabalho, a aplicações mundanas e ao seu entrelaçamento com outras
áreas curriculares (BRASIL, 1997).
Contudo, os PCN não são mais o documento federal oficial, embora ainda possa
ser usado como referência, quando se trata de Educação Básica, no Brasil. No início
de 2017, houve uma consulta pública a professores, alunos, graduandos e
comunidade em geral, solicitando sugestões para o aprimoramento da Base Nacional
Comum Curricular, e, em dezembro de 2017, ela foi homologada. Como o próprio
documento ressalta:
A BNCC por si só não alterará o quadro de desigualdade ainda
presente na Educação Básica do Brasil, mas é essencial para que a
mudança tenha início porque, além dos currículos, influenciará a
formação inicial e continuada dos educadores, a produção de
materiais didáticos, as matrizes de avaliações e os exames nacionais
que serão revistos à luz do texto homologado da Base (BRASIL, 2018,
p. 5).
É possível observar, pelo que consta no documento, que as formações, tanto
iniciais quanto continuadas, precisarão passar por adequações, a fim de contemplar
24
os conteúdos previstos na BNCC, isso porque ele é “um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais
que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da
Educação Básica” (BRASIL, 2018, p. 7). Diante da criação desse documento, as
escolas particulares e públicas têm até o começo de 2020 para se adequarem à
BNCC.
A BNCC foi criada e pode ser entendida como um documento orientador, que
identifica habilidades e competências, as quais devem ser desenvolvidas nas escolas.
Os currículos deverão permear essas habilidades e competências. A criação destes
ficará a cargo do Estado, cidade ou munícipio (BRASIL, 2018).
Com a implementação da Base nas aulas de Matemática, algo irá mudar no que
diz respeito ao ensino dos conteúdos. A Matemática exibida no BNCC apresenta sua
estrutura em cinco eixos: Geometria, Grandezas e Medidas, Estatística e
Probabilidade, Números e Operações, Álgebra e Funções (PINTO, 2017). Ao analisar
a proposta da BNCC, Pinto (2017, p. 1059) afirma que tal documento “representa um
retorno ao passado, tempos em que o currículo escolar se estabelecia como um
modelo fixo, numa perspectiva de conceber a prática docente a partir das orientações
emanadas por especialistas”.
Isso é percebido na BNCC quando ela destaca que o aluno vai precisar “utilizar
modelos matemáticos na compreensão, representação e análise de relações
quantitativas de grandezas e, também, de situações e estruturas matemáticas,
fazendo uso de letras e outros símbolos” (BRASIL, 2018).
A BNCC, ainda, pontua sobre o pensamento algébrico, ressaltando que,
[...] para esse desenvolvimento [do pensamento algébrico], é
necessário que os alunos identifiquem regularidades e padrões de
sequências numéricas e não numéricas, estabeleçam leis
matemáticas que expressem a relação de interdependência entre
grandezas em diferentes contextos, bem como criar, interpretar e
transitar entre as diversas representações gráficas e simbólicas, para
resolver problemas por meio de equações e inequações, com
compreensão dos procedimentos utilizados (BRASIL, 2018, p. 270).
A meu ver, isso pode ser um problema, que decorre da defasagem conceitual do
estudante. Pude presenciar tais dificuldades quando ministrei aulas na escola pública
estadual. Alunos do 7° ano do Ensino Fundamental não sabiam realizar operações de
soma e subtração com frações, conteúdos esses propostos para o 5° ano. Nesse
25
sentido, Pinto (2017, p. 1058) sugere que a elaboração curricular da BNCC seja a
partir de “uma construção social que incorpore as contribuições de pesquisadores e
professores que atuam diretamente com o ensino e a educação”.
Tendo em vista as dificuldades que presenciei em sala de aula, ficam alguns
questionamentos: como realizar essas mudanças com um aluno que chega ao 7° ano
e que possui defasagens? Os alunos seguiam uma linha de aprendizagem proposta
pelos PCN, agora terão que se adequar à Base, como fazer isso? Como desenvolver
as habilidades e competências colocadas pela Base Nacional Comum Curricular?
Essas são algumas questões, que precisarão ser estudadas a partir do
desenvolvimento da BNCC nas escolas públicas e particulares do Brasil. Apresentada
a BNCC, destaco, agora, os PCN, que serviram de referência para a produção do
Currículo do Estado de São Paulo. Os PCN são destacados nesta pesquisa, pois,
durante a produção dos dados, esse era o documento oficial em vigor no que diz
respeito à Educação Básica no Brasil.
Segundo os PCN, a aprendizagem de Matemática está ligada à compreensão
dos conceitos, tendo como base as conexões que o estudante faz com a sua
realidade. Vinculados a isso, “recursos didáticos como jogos, livros, vídeos,
calculadoras, computadores e outros materiais têm um papel importante no processo
de ensino e aprendizagem” (BRASIL, 1997, p. 19).
Outro documento oficial, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
(PCNEM), versa sobre as competências desenvolvidas no Ensino Médio (1° ao 3°
ano) das escolas brasileiras. Nesse documento, também, é abordado o uso do
computador nas aulas de Matemática quando diz que o
[...] impacto da tecnologia, cujo instrumento mais relevante é hoje o
computador, exigirá do ensino de Matemática um redirecionamento
sob uma perspectiva curricular que favoreça o desenvolvimento de
habilidades e procedimentos com os quais o indivíduo possa se
reconhecer e se orientar nesse mundo do conhecimento em constante
movimento (BRASIL, 2000, p. 41).
A partir da divulgação dos PCN e dos PCNEM, os Estados construíram seus
currículos segundo tais parâmetros. O Currículo Estadual Paulista, quando aborda a
disciplina de Matemática, também fala da importância do uso do computador em sala
de aula mencionando que
26
[...] certamente os numerosos recursos tecnológicos disponíveis para
utilização em atividades de ensino encontram um ambiente propício
para acolhimento no terreno da Matemática: máquinas de calcular,
computadores, softwares para a construção de gráficos, para as
construções em Geometria e para a realização de cálculos estatísticos
são muito bem-vindos, bem como o seu uso será crescente, inevitável
e desejável (SÃO PAULO, 2011, p. 33).
Nesse sentido, a realização da ação formativa na Diretoria de Ensino de
Guaratinguetá focalizou na utilização do GeoGebra, para desenvolver atividades
matemáticas visando ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. No curso
realizado na DEG, contamos com professores que lecionavam aulas de Matemática
tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio.
Especificamente no estado de São Paulo, surgiu, no ano de 2008, o Caderno do
Professor (CP), que foi criado
[...] para auxiliar os docentes no preparo das aulas e direcioná-los
quanto ao desenvolvimento de atividades com os alunos dentro das
disciplinas de matemática, língua portuguesa, história, filosofia,
química, física, biologia, sociologia, inglês, geografia e educação física
(SÃO PAULO, 2009).
Assim, esse material foi elaborado com o objetivo de auxiliar o docente, como
aponta o site da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. No ano seguinte,
2009, o material didático intitulado Caderno do Aluno (CA) foi criado:
Destinado aos estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental e
do Ensino Médio matriculados na rede estadual, o Caderno do Aluno
segue as diretrizes do Caderno do Professor, com conteúdo produzido
dentro das especificações do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo. O objetivo é viabilizar o acesso ao conhecimento, auxiliando os
alunos na apropriação de novas competências e habilidades (SÃO
PAULO, 2009).
Com isso, a partir de 2009, o Caderno do Aluno se tornou mais um elemento
presente na sala de aula. Segundo o site da Rede do Saber8, “o Caderno do Aluno é
um complemento ao Caderno do Professor”.
Vale destacar que, nas páginas iniciais do Caderno do Professor, há as
seguintes informações:
8 Disponível em: . Acesso
em: 9 abr. 2015
http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Default.aspx?tabid=1216
27
[...] o Caderno do Professor [...] pode ser utilizado como complemento
à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem
ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou
necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da
proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus
alunos (SÃO PAULO, 2016, p. 2).
A partir dessas informações presentes no material educacional, é possível
interpretar que ele pode ser complementado por outros, como os livros didáticos. Mas
não é essa a realidade que se faz presente nas escolas. Segundo Crecci e Fiorentini
(2014, p. 607), a SEESP “praticamente obriga todos os professores a aplicar esses
materiais, independente da realidade de cada escola e de cada sala de aula. Isso
garante, segundo a SEESP, que os professores tenham um conteúdo fixo a ser
trabalhado, a cada bimestre”. Essa obrigatoriedade do uso desse material foi
constatada por mim, quando atuei como professor da rede pública paulista, nos anos
de 2014 e 2015. A coordenadora, docente da disciplina de Língua Inglesa, por
diversas vezes, entrou na minha aula e passou nas carteiras verificando se os
Cadernos estavam sendo preenchidos pelos estudantes.
Diante disso, Violante (2011) enfatiza que o Caderno do Professor e o Caderno
do Aluno não pode ser elementos obrigatórios dentro da sala de aula, mas sim um
material de apoio ao docente, não sendo exclusivamente o único meio disponível para
a preparação das atividades que serão desenvolvidas, nas quais o professor precisa
ter autonomia para organizar o conteúdo, que será ministrado em sua sala, como
apontam Rossetto (2005) e Peralta (2015).
Compartilho do pensamento de Lajolo (1996, p. 8) quando ela menciona:
O melhor dos livros didáticos [e CP/CA] não pode competir com o
professor: ele, mais do que qualquer livro/[CP/CA], sabe quais os
aspectos do conhecimento falam mais de perto a seus alunos, que
modalidades de exercício e que tipos de atividade respondem mais
fundo em sua classe.
Ou seja, cabe ao professor definir e preparar a sua aula almejando o aprendizado
dos seus alunos, visto que temos salas heterogêneas e existem diversas
particularidades em cada ambiente escolar. Dessa maneira, o professor pode utilizar
o CP e o CA durante as aulas, mas adaptando as atividades ali presentes para o perfil
dos seus discentes. É preciso ter ciência de que “nenhum livro didático/[CP/CA], por
28
melhor que seja, pode ser utilizado sem adaptações”, como ressalta Lajolo (1996, p.
8), pois o docente precisa ter essa autonomia de adaptar os problemas ali propostos.
Com isso, a partir das demandas atuais da sociedade, em que estamos cercados
por tecnologias, pode-se pensar na elaboração de “materiais didáticos compostos a
partir de módulos independentes, dentre os quais o livro/[CP/CA] seja mais um
elemento, dialogando com vídeos, bancos de dados, imagens, bibliografias online
etc.”, como aponta Lajolo (1996, p. 9).
Os apontamentos de Lajolo (1996) possibilitam, a meu ver, a articulação desse
material didático com, por exemplo, o uso das TD, culminando, assim, em uma
insubordinação criativa (D’AMBROSIO; LOPES, 2015).
As autoras apontam que a insubordinação criativa pode ser entendida como um
“recurso diante da burocracia educacional, no qual está alicerçada em bases éticas
que legitimam a sua utilização” (D’AMBROSIO; LOPES, 2015, p. 2). No caso da ação
formativa realizada na DEG, utilizamos os Cadernos do Estado de São Paulo
vinculados ao uso das TD, mais especificamente o GeoGebra. Com isso, ao propor a
articulação desse material com o software, dentro de abordagens experimentais,
busquei fomentar, também nos professores, atitudes de insubordinação criativa.
Essas insubordinações criativas partiram dos docentes cursistas quando eles
tomaram esses Cadernos e produziram atividades visando à sua utilização em sala
de aula e buscando um maior aprofundamento na formação de conceitos por parte
dos alunos. Essa ação pode ser interpretada como uma maneira alternativa, ao lápis
e papel, de ensinar os conteúdos presentes nesse material. Esses aspectos
corroboram a visão das autoras quando destacam que a insubordinação criativa
precisa ser vista “como uma possibilidade de nos articularmos em nossos espaços de
trabalho de modo a resgatar nossas intenções e nossos compromissos com a
Educação” (D’AMBROSIO; LOPES, 2015, p. 14).
Pensando nessa adaptação das atividades presentes nos Cadernos e na
importância de se usar as tecnologias para transformar o modo de pensar e educar
(ALMEIDA, 2012), esta pesquisa de doutorado buscou analisar as perspectivas que
os professores têm quando participam de uma formação continuada e produzem
atividades matemáticas, inspiradas no material didático do estado de São Paulo,
mediadas pelo software GeoGebra. Diante disso, foi desenvolvido, na respectiva
Diretoria de Ensino, o curso de extensão universitária “As potencialidades das
tecnologias digitais em atividades investigativas de conteúdos matemáticos do
29
Currículo Estadual Paulista”. Essa ação buscou articular os materiais didáticos
paulistas ao uso do GeoGebra, propondo, assim, uma insubordinação criativa na
utilização desses Cadernos, vinculando as atividades ali presentes às possibilidades
existentes no software.
Ademais, para o desenvolvimento do curso, leituras sobre a formação inicial e
continuada de professores, com o foco voltado ao uso da tecnologia, foram
imprescindíveis para nortear as ações desenvolvidas com os docentes na formação
realizada na DEG. A seguir, destaco alguns referenciais bibliográficos, que abordam
a temática citada.
2.2 Literatura sobre formação inicial e continuada de professores para o uso das
tecnologias digitais
A formação inicial de professores, embora venha sendo continuamente estudada
e reformulada, parece não ser suficiente para que os profissionais construam seus
conhecimentos acerca da complexidade existente em sala de aula. O matemático
alemão Felix Klein (2004), na sua obra Matemática elementar de um ponto de vista
superior, relata que, no ano de 1908, foi realizado um curso de férias com professores
de Matemática e Física na cidade de Göttingen. Os docentes que participaram desse
curso de férias se mostraram entusiasmados com os esforços feitos pelo professor
Felix Klein (2004, p. 1, tradução minha9) em “trazer a universidade para o convívio
com as escolas”.
Esses esforços indicam que a aproximação da universidade com a escola já era
um assunto naquela época e tal diálogo vinha ao encontro de
[...] eliminar a velha queixa que tivemos de ouvir continuamente – e
muitas vezes com razão – nas escolas: instrução universitária fornece,
de fato, uma natureza muito especial, mas deixa o professor iniciante
inteiramente sem orientação quanto a muitas coisas gerais
importantes que ele poderia realmente usar mais tarde (KLEIN, 2004,
p. 2, tradução minha10).
9 Tradução minha para “to bring the university into living touch with the schools”.
10 Tradução minha para “the elimination of the old complaint which we have had to hear
continually-and often justly-from the schools: University instruction provides, indeed, much of a special
nature, but it leaves the beginning teacher entirely without orientation as to many important general
things which he could really use later”.
30
As ideias do matemático Felix Klein, já em 1908, sugeriam uma preocupação
com o que era apresentado na universidade. Estudantes, quando finalizam os seus
cursos de formação inicial e iniciam a vida profissional, estabelecem poucas relações
entre a Matemática que foi aprendida na graduação com aquela que precisa ser
desenvolvida na prática da sala de aula das escolas (GIRALDO, 2018).
Esses aspectos mencionados impulsionam a criação de cursos de formação
continuada, que visam a proporcionar aos professores estabelecer uma relação com
a sala de aula. A ação formativa ocorrida na DEG mirou justamente esta aproximação
do contexto escolar do professor, que se materializa na utilização dos materiais
didáticos, Caderno do Aluno e Caderno do Professor, produzidos pela SEESP com o
uso das Tecnologias Digitais.
O material didático já é realidade no cotidiano do docente. A utilização desses
Cadernos se faz presente na preparação e desenvolvimento do conteúdo
programático, como apontam Crecci e Fiorentini (2014). Porém, a tecnologia nem
sempre se faz presente nas aulas de Matemática e a falta de formação para o seu uso
é uma dessas causas, como apontam as pesquisas de Chinellato (2014) e Oliveira
(2014).
Para que o uso das TD ocorra nas escolas, o professor precisa se apropriar de
suas funcionalidades, buscando aproveitar seus potenciais na tentativa de contribuir
para as suas aulas de Matemática. Assim, essas tecnologias poderiam ser usadas de
tal modo que possibilitassem aos alunos o acesso às propriedades do objeto
matemático que estão estudando, desenvolvendo, com isso, atividades
qualitativamente diferentes daquelas propiciadas com lápis e papel (BORBA;
VILLARREAL, 2005).
Valente (1999) destaca que o uso do computador pode enriquecer ambientes de
aprendizagem, auxiliando nos processos de ensino e aprendizagem dos conceitos
estudados e desempenhando um papel de facilitador entre o aprendiz e a construção
do seu conhecimento. O autor defende a necessidade de o professor se atentar para
a potencialidade do computador, quando ele precisa ter autonomia para decidir quais
atividades requerem a utilização da TD.
Todavia, observa-se que grande parte dos educadores não tem, durante sua
formação inicial, essa incorporação tecnológica. Há dificuldades para que essa
integração se concretize. Isso “[...] implica em uma sobrecarga à formação continuada
que se perpetuará caso não haja mudanças nas licenciaturas”, como cita Maltempi
31
(2008, p. 64), que se faz presente na pesquisa de Chinellato (2014) e na de Oliveira
(2014, p. 115), que também identificou que
[...] os cursos de formação inicial não estão dando conta de formar
professores para utilizarem as TIC [Tecnologias da Informação e
Comunicação] em suas práticas pedagógicas, conforme ficou evidente
nessa pesquisa, parece prudente que a formação e a prática dos
formadores desses professores passem também a ser alvo de
investigações.
Com isso, a formação (inicial e continuada) precisa criar subsídios, para que o
docente possa utilizar a tecnologia digital em conteúdos matemáticos discutidos em
sala de aula, almejando a aprendizagem dos alunos e que “priorize a formação
reflexiva e consciente de professores, respondendo aos anseios atuais da sociedade,
visando à preparação plena dos indivíduos e à inserção destes em um mundo cada
vez mais permeado pela Tecnologia”, como aponta Miskulin (2003, p. 1).
Desse modo, seria interessante que o professor estivesse preparado para
trabalhar com as TD em suas aulas. Por isso, a participação em cursos de formação
continuada “é uma alternativa para aqueles que acreditam na necessidade de adotar
uma nova postura e pretendem dinamizar e aprimorar a sua prática pedagógica”,
como argumenta Medeiros (2010, p. 2).
Nesse viés, Richit (2010, p. 18) ressalta que há implicações do uso tecnológico
no ambiente escolar, que versam sobre as dinâmicas de aprendizagem e sobre as
formas de produzir conhecimento:
A apropriação do uso pedagógico e social das tecnologias digitais
propicia formas distintas de promover a prática docente, modifica os
processos de ensino e aprendizagem e, principalmente, torna-se
condição essencial à adaptação do professor à nova cultura escolar,
que é modificada com a presença desses recursos.
Dessa forma, cabe às ações de formação continuada de professores
proporcionarem aos docentes participantes o contato com as tecnologias digitais, que
estão sendo apresentadas no contexto educacional, como, por exemplo, o
computador, o celular, o tablet etc. Essas ações formativas precisam ser mais
abrangentes e abarcar um número maior de pessoas, pois, em muitos casos, essas
atuações estão vinculadas a atividades de pesquisa ou extensão (GARCIA, 2011). A
formação continuada do professor é importante, para que ele possa “enfrentar as
32
complexidades cotidianas referentes à sua prática pedagógica no contexto das
tecnologias digitais” (RICHIT; MISKULIN, 2012, p. 228). Assim, a formação continuada
voltada para o uso das tecnologias digitais precisa proporcionar interação e
apropriação dos conhecimentos ali desenvolvidos.
Valente (1999) aponta que os cursos de formação continuada não podem se
restringir apenas a passar informações pedagógicas sobre o uso da informática nas
aulas de Matemática. É preciso que o professor possa construir conhecimento sobre
como integrar as potencialidades das tecnologias digitais em sua prática pedagógica
e que ele seja convidado a pensar e a produzir com essas tecnologias.
Essa construção do conhecimento e a apropriação das tecnologias digitais foram
preponderantes para a realização da ação formativa na DEG. A escolha do uso do
GeoGebra, para o desenvolvimento da ação formativa, procurou estabelecer uma
articulação entre os conteúdos curriculares, estes presentes nos Cadernos do Aluno
e do Professor, e os recursos tecnológicos existentes nas escolas, nesse caso, o
GeoGebra, que estava presente por meio do Programa Acessa Escola. Esse
Programa disciplinou os laboratórios de informática das escolas públicas paulistas.
Apresentarei e discutirei mais elementos desse Programa na subseção 4.3 desta
pesquisa.
Essencial destacar que essa ação procurou estabelecer um diálogo entre os
conteúdos presentes no material didático e as possibilidades de articulá-los às
tecnologias digitais disponíveis no ambiente escolar, procurando estabelecer um
“processo de diálogo crítico e reflexivo sobre os fundamentos teóricos e
metodológicos do uso dos recursos tecnológicos na escola”, como apontam Sá e
Endlish (2014, p. 66).
As ações de formação continuada precisam levar em consideração que as
tecnologias digitais permitem especificidades diferentes do lápis e papel. É
fundamental que tais ações busquem a integração das TD e articulem “as linguagens
e características das tecnologias digitais às especificidades e peculiaridades das
ações didático-pedagógicas sob a mediação do professor”, como descrevem Sá e
Endlish (2014, p. 66).
Com isso, tais formações precisam ser vistas como uma possibilidade de
conexão entre as potencialidades, que são permitidas com o uso das tecnologias
digitais, e as exigências pedagógicas e metodológicas, que são necessárias na
educação básica. Vinculados a isso, a comunicação e o compartilhamento de
33
experiência entre os proponentes da ação formativa e os professores cursistas é um
fator primordial para a realização desses cursos, pois esses diálogos favorecem a
busca de possíveis soluções para problemas didáticos e/ou pedagógicos, que podem
permear o ambiente educacional (KENSKI, 2003).
Alguns desses problemas podem estar relacionados: à dificuldade de
aprendizagem do aluno; ao conteúdo presente no material didático, que é
insatisfatório; às ideias de como se trabalharem determinadas temáticas em sala de
aula; etc. Diálogos com essas semânticas são destacados na pesquisa quando os
professores apresentam suas ideias sobre como trabalhar com as atividades
produzidas no GeoGebra. Tais apontamentos propiciaram, aos demais cursistas,
acesso aos conceitos explorados na atividade e, com isso, podem adaptar a atividade
conforme suas necessidades.
Todas essas ideias aqui apresentadas vão ao encontro do que propusemos com
a realização do curso realizado na Diretoria de Ensino de Guaratinguetá. Buscamos,
então, criar um ambiente de compartilhamento de experiências e de reflexão dando
condições para a produção de conhecimento e experimentação-com-GeoGebra e
criando subsídios para o docente articulá-las em suas aulas de Matemática.
A partir das apresentações dos autores e suas colocações sobre como podem
ser desenvolvidas as ações formativas com professores, que têm como viés o uso das
TD, a seguir, destaco algumas pesquisas, que trabalharam com ações formativas
direcionadas aos docentes e tiveram como pano de fundo o uso do Currículo do
Estado de São Paulo e das TD.
2.3 Formações continuadas com professores de Matemática com enfoque nas
tecnologias digitais e no material didático do estado de São Paulo
Feita a menção aos Cadernos do Aluno e do Professor e a alguns autores que
falam sobre a importância da realização de formações continuadas, as quais
privilegiem o uso das tecnologias digitais, existem várias pesquisas internacionais,
que retratam o uso do GeoGebra na formação continuada de professores (JONES et
al., 2009; LAVICZA; PAPP-VARGA, 2010; LÓPEZ, 2011; ESCUDER; FURNER, 2012;
MAINALI; KEY, 2012; HALL; CHAMBLEE, 2013; BHAGAT; CHANG; HUANG, 2017).
Contudo, abordo, neste momento, pesquisas, que realizaram ações formativas com
34
professores da rede básica de ensino e que utilizaram os materiais didáticos paulistas
vinculados ao uso de tecnologias, especificamente o GeoGebra.
Para me situar sobre as pesquisas que possuem esse viés, procurei leituras no
grupo de pesquisa, do qual faço parte, o Grupo de Pesquisa em Informática, Outras
Mídias e Educação Matemática (GPIMEM), no banco de tese da CAPES e no Google
Acadêmico. Algumas palavras-chave utilizadas para fazer a pesquisa foram: formação
continuada e caderno do aluno; caderno do professor e formação; tecnologias digitais,
formação continuada e caderno do professor; formação continuada e currículo
paulista. Com isso, algumas obras literárias, que vão ao encontro das características
que elenquei, são as seguintes: as teses de Faria (2016) e Zampieri (2018),
defendidas junto ao Programa de Pós-graduação em Educação Matemática da
UNESP, campus de Rio Claro, e as dissertações de Santos (2010), Silva (2011) e
Alencar (2012), todas defendidas na Pontifícia Universidade Católica (PUC), a de
Pupo (2013), defendida na Universidade Bandeirante Anhanguera, e a de Braga
(2016), defendida na Programa de Pós-graduação em Educação Matemática da
UNESP, campus Rio Claro.
Santos (2010, p. 9) realizou uma pesquisa de mestrado, que teve como objetivo
“verificar quais são as dificuldades e possibilidades de professores de Matemática ao
utilizarem o software GeoGebra em atividades que envolvem o Teorema de Tales”.
Definido o objetivo da pesquisa, a autora chamou de questões direcionadoras de
investigação e definiu três perguntas diretrizes:
Quais são as possibilidades e dificuldades de professores de
Matemática ao utilizarem o software GeoGebra em atividades que
envolvem o Teorema de Tales? Qual a importância da utilização do
software GeoGebra no ensino do Teorema de Tales, no que se refere
ao aspecto pedagógico? De que forma o professor de Matemática
utiliza-se do computador para elaborar estratégias na abordagem de
atividades que envolvem o Teorema de Tales? (SANTOS, 2010, p.
31).
Visando a responder a essas questões, a autora realizou uma oficina didática
com quatro professoras (A, B, C e D) da rede pública de São Paulo. Além disso, foi
utilizado o conteúdo, Teorema de Tales, presente nos Cadernos do Aluno e do
Professor, para dialogar com as professoras cursistas. Essa oficina ocorreu em duas
sessões, no mesmo dia, pedido esse feito pelas docentes. Dessa forma, para a
produção dos dados, foi entregue às docentes uma apostila, que continha “instruções
35
relativas ao uso do GeoGebra, além dos conteúdos relativos ao Teorema de Tales
dos Cadernos do Professor da sétima e da oitava séries. Adicionalmente, a apostila
trazia um resumo dos objetivos de pesquisa e as atividades utilizadas” (SANTOS,
2010, p. 83).
Ao todo, foram utilizadas duas atividades (1 e 2, a segunda tendo os itens: 2A,
2B e 2C). A atividade 1 e os tópicos 2A e 2B foram elaborados, a fim de contemplar a
“utilização da teoria dos níveis de apreensão proposta por Duval (1995), o domínio da
validade epistemológica e didática (BALACHEFF, 1994) e para o uso do computador
(FROTA; BORGES, 2004)”, como reitera Santos (2010, p. 83). Já o último item, 2C,
procurou evidenciar “se os participantes usam o saber de referência – ou saber sábio,
segundo Chevallard (1991) – para compor a sequência de atividades e/ou aulas,
realizando as transformações adaptativas necessárias” (SANTOS, 2010, p. 85).
Para o desenvolvimento das atividades, a proponente do curso criou roteiros de
construções, que deveriam ser acompanhados pelas docentes. Desse modo, realizou
o passo a passo utilizando os comandos do GeoGebra (SANTOS, 2010). A autora
buscou auxiliar na construção das atividades, sanando as dúvidas das cursistas.
Assim, apresentarei determinados dados, que julgo, pertinentes e vão ao encontro do
seu objetivo da pesquisa.
Alguns resultados obtidos pela autora mostram que a utilização do GeoGebra
permitiu evidenciar algumas dificuldades e possibilitar planejamentos e estratégicas
para o ensino do Teorema de Tales em sala de aula (SANTOS, 2010). A professora
A, segundo a autora, demonstrou insegurança em relação ao Teorema de Tales,
cometendo alguns erros conceituais, que poderiam ser repetidos em sala de aula.
Com o auxílio do GeoGebra, o software “permitiu, em um primeiro momento, que estes
problemas fossem identificados, o que pode levar o professor a aprofundar seus
estudos” (SANTOS, 2010, p. 131). A professora A não ampliou a proposta
apresentada pela proponente da pesquisa; ou seja, somente reproduziu as atividades
e não realizou adaptações nas atividades visando à sua sala de aula (SANTOS, 2010).
A professora C não demonstrou ter dificuldades com a temática Teorema de
Tales. Somado a isso, realizou as atividades propostas na oficina. Entretanto, assim
como a docente A, não realizou adaptações nas atividades, visando a uma mera
reprodução do que foi proposto (SANTOS, 2010).
As professoras B e D se mostraram entusiasmadas com o uso do software
GeoGebra. Ambas demonstraram interesse em realizar as atividades em sala de aula,
36
adaptando-as à sua realidade. A professora D, particularmente, “mostra uma
preocupação de que os alunos incorporem a tecnologia em suas práticas
educacionais” (SANTOS, 2010, p. 132). A docente indica que o Teorema de Tales
pode ser abordado após a apresentação do software e não descarta a possibilidade
do seu uso com os Cadernos do Professor e do Aluno.
Concluindo sua pesquisa, a autora coloca alguns apontamentos sobre os dados
produzidos, tendo em mente as perguntas norteadoras. Sobre as dificuldades e
possibilidades, constata-se que: há problemas sobre ao saber matemático, nesse
caso relacionado ao Teorema de Tales, identificado quando o GeoGebra foi utilizado;
e há a possibilidade de integrar os conteúdos presentes no Currículo Oficial às
Tecnologias Digitais, sendo uma via possível (SANTOS, 2010).
Por fim, identificou-se que os professores, que apresentaram maior segurança
nos conteúdos matemáticos, tendem a explorar melhor as potencialidades do software
e a criar estratégias pedagógicas para o ensino do Teorema de Tales (SANTOS,
2010). No que diz respeito à importância do uso do GeoGebra para o ensino do
Teorema de Tales, inferiu-se que a principal relevância não está no software, mas sim
“nos procedimentos engendrados pelos professores para utilizá-lo como elemento
mediador das aprendizagens; ou seja, a estratégia didática do professor é que, ao
usar o software, cria possibilidades de maior experimentação das construções”
(SANTOS, 2010, p. 135).
Já a pesquisa de Silva (2011) propôs, com base no Currículo de Matemática da
SEESP, atividades sobre o conteúdo de seções cônicas. Essas atividades vêm
complementar as que estão presentes nos Cadernos do Aluno e do Professor e “foram
elaboradas seguindo a orientação do material destinado aos professores para o uso
de tecnologia digital e softwares de matemática dinâmica”, como argumenta Silva
(2011, p. 6).
Para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado, o autor compôs a seguinte
pergunta diretriz para a sua pesquisa: “Quais aspectos seriam levados em conta pelos
professores da rede pública do estado de São Paulo diante do desafio de criar
atividades complementares à proposta pedagógica do caderno do professor?” (SILVA,
2011, p. 6)
Para responder a essa questão, Silva (2011) realizou uma formação continuada,
que começou com 22 docentes e concluiu com 12, todos da rede pública, no primeiro
semestre de 2011. Nessa ação formativa, foram criadas oito atividades com a temática
37
de seções cônicas fazendo o uso de dobraduras e do software GeoGebra (SILVA,
2011). A escolha das seções cônicas se deu, porque o autor entendeu que o material
didático do estado de São Paulo faz uma abordagem mais algébrica. Com isso, a
justificativa para o uso da dobradura e do software GeoGebra se deu, pois “oferece
uma alternativa dinâmica para a construção de seções cônicas” (SILVA, 2011, p. 78).
Essa ação formativa contou com quatro encontros. Nos dois últimos, foram
desenvolvidas as atividades com os docentes sobre as secções cônicas. No terceiro
encontro, ocorreram dobraduras em papel vegetal, que podem ser visualizadas em
Silva (2011). Aqui, vou me atentar às atividades que foram desenvolvidas no quarto
encontro e que utilizaram o software GeoGebra.
As atividades, de maneira geral, abordaram os conceitos de parábola, de foco e
de vértice. Algumas atividades tinham um roteiro pré-elaborado para o professor
seguir a sequência prevista e realizar a construção no GeoGebra. Outras atividades
já propunham que o docente reproduzisse no software as dobraduras, que foram
realizadas sobre as construções da parábola, elipse e hipérbole, respectivamente.
Assim, a pesquisa de Silva (2011) aponta que os professores se interessaram
pelo GeoGebra e que alguns não conheciam o programa. O autor apresenta algumas
frases dos seus sujeitos de pesquisa como a do participante 1711, que argumenta: “Foi
muito legal, porque nunca usei o programa e acho que aprendi mais com ele” (SILVA,
2011, p. 148). O participante quatro também argumenta nesse viés destacando: “Eu
gostei da matéria, porém poderia ser mais explicativa, pois o GeoGebra facilita muito
e nem sempre o aluno aprende, e na hora da prova os alunos não poderão usar o
GeoGebra” (SILVA, 2011, p. 149). Já o participante 20 ressalta que ainda prefere o
modo tradicional de aula quando menciona: “Foi interessante. Relembrei coisas já
aprendidas e aprendi coisas novas também. Não conhecia o GeoGebra, porém ainda
prefiro o modo tradicional feito em folha” (SILVA, 2011, p. 149).
Procurando possíveis respostas para a sua pergunta norteadora, e com base
nas falas dos cursistas, Silva (2011, p. 81) destaca que cada professor “tem critérios
diferentes e dá importância maior ou menor para cada aspecto levado em conta para
criar atividade complementares ao Caderno do Professor”. Isso fez com que o autor
dividisse os aspectos apontados pelos professores em desejáveis e indesejáveis. Os
professores que ponderam os aspectos desejáveis são aqueles que “privilegiaram a
11 Utilizarei o nome dos participantes como consta na pesquisa desenvolvida.
38
construção do conhecimento, a interação, e permitem a conjectura. Os professores
que consideram os aspectos indesejáveis são aqueles que optaram pela
mecanização, pela roteirização e falta de interatividade”, como menciona Silva (2011,
p. 81).
Alencar (2012), também, realizou uma ação formativa com professores da rede
pública, que teve como objetivo o “desenvolvimento de uma oficina com o uso do
GeoGebra para professores que lecionam Matemática no ensino básico, de tal forma
que possam elaborar estratégias próprias de ensino e aprendizagem com o uso desse
software” (ALENCAR, 2012, p. 7).
Para atingir tal objetivo, a pergunta norteadora da pesquisa foi:
Quais orientações são necessárias para que uma oficina inicial de
GeoGebra, estruturada de acordo com a Gênese Instrumental de
Rabardel, possibilite aos professores de Matemática da escola básica
elaborarem estratégias próprias de ensino e aprendizagem com o uso
desse software? (ALENCAR, 2012, p. 7).
Para responder à pergunta de pesquisa, Alencar (2012) desenvolveu uma
pesquisa qualitativa, utilizando a metodologia do Design Experiments, que se
caracteriza pela utilização de experimentos com o objetivo de realizar a avaliação e o
refinamento de projetos educacionais. Ela contou com técnicas de observação e notas
de campo do pesquisador além da solicitação do autor para a gravação das atividades
produzidas no GeoGebra.
Já o aporte teórico para o desenvolvimento da dissertação buscou, por meio dos
processos de instrumentação e instrumentalização (RABARDEL, 1995), analisar a
interação dos cursistas com o artefato, este sendo o software GeoGebra, de tal modo
a transformá-lo em um instrumento, seguindo, também, a ideia da Abordagem
Instrumental proposta por Rabardel (1995) (ALENCAR, 2012).
A produção dos dados ocorreu durante a realização de três oficinas. Dessa
maneira, foi ofertada uma formação continuada, na PUC São Paulo, para professores
vinculados à rede pública estadual de São Paulo. Foi enviado uma mensagem, via e-
mail, por intermédio das Diretorias de Ensino, para os professores e os interessados
realizaram a inscrição no curso. Ao todo, participaram da ação formativa 15
professores. A oficina contou com 16 horas, sendo realizados quatro encontros de
quatro horas cada um, totalizando oito atividades trabalhadas com os docentes
durante as oficinas.
39
As atividades, com conteúdo previsto no Currículo Estadual Paulista, seguiram
um roteiro elaborado por Alencar (2012), no qual os professores cursistas
acompanhavam o roteiro escrito e produziam as atividades solicitadas. Esses roteiros
podem ser encontrados na dissertação de Alencar (2012). As temáticas das oito
atividades desenvolvidas com os cursistas são sobre a construção de: triângulos,
explorando a soma dos seus ângulos internos; triângulo equilátero; do ponto médio
de um segmento de reta; uma reta perpendicular a um segmento de reta conhecido
através de um determinado ponto; uma reta paralela a uma reta conhecida através de
um determinado ponto; gráficos de algumas funções; estudo do gráfico da função
afim; e resolução gráfica de inequações.
Ao final das atividades, Alencar (2012, p. 85) propôs que os docentes criassem
um plano de aula com o objetivo de “verificar se esse curto período de experiência
com o GeoGebra e os formatos das atividades propostas ofereceram aos professores
a possibilidade de fazer uso do software em uma atividade”. Os conteúdos desses
planos de aula ficaram a cargo dos docentes e foram sobre: estudo do gráfico de
funções do 2°grau; teorema de Pitágoras; trinômio do quadrado perfeito; tangram;
retas paralelas; e estudo do gráfico de função afim.
Com base na análise dos planos de aula, o autor menciona que há uma
preocupação dos docentes sobre “a reflexão e o levantamento de hipóteses que o
aluno pode realizar ao fazer uma atividade utilizando o software GeoGebra”
(ALENCAR, 2012, p. 87). Esses planos de aulas tinham como característica padrão
um tema, alguns objetivos e os procedimentos de execução. Os procedimentos mais
se assemelham a um roteiro do que deveria ser feito nas atividades sem a descrição
de quais comandos do GeoGebra deveriam ser utilizados para realizar a atividade. No
meu modo de ver, isso dificulta a produção das atividades e pode, até mesmo,
inviabilizar a construção das atividades presentes nesses planos por alguém que não
tenha tido algum contato prévio com o software.
A partir da análise dos dados e procurando indícios que respondessem à
pergunta diretriz, Alencar (2012, p. 89) verificou que a dinamicidade do “GeoGebra
colaborou para a ocorrência da instrumentação, uma vez que, ao manipular as
potencialidades do software, os professores condicionaram suas ações para
responder aos questionamentos realizados”. As orientações para a manipulação do
software, também, atingiram o objetivo, que foi a utilização das “ferramentas para a
40
construção de um objeto matemático, como, por exemplo, o triângulo equilátero”
(ALENCAR, 2012, p. 89).
A dissertação de Pupo (2013, p. 6) teve como objetivo “verificar as
potencialidades do software GeoGebra para o processo do ensino e aprendizagem de
Simetria Axial”. Para atingir esse objetivo, o autor propôs uma formação continuada
com 15 docentes de Matemática, que atuam na Educação Básica, e teve como
pergunta diretriz o seguinte questionamento: “Quais são as potencialidades do
software GeoGebra para o conteúdo de Simetria Axial?” (PUPO, 2013, p. 20)
A escolha do tema Simetria Axial se deu, pois,
[...] a simetria está presente na arte, na natureza e na arquitetura com
proporções impecáveis permitindo que um material seja dividido em
partes iguais utilizando propriedades geométricas como retas,
segmentos de retas, retas perpendiculares e ângulos, além de estar
presente na proposta curricular do estado de São Paulo (PUPO, 2013,
p. 26).
Como é possível observar, o conteúdo também foi escolhido, pois ele está
presente no Currículo Oficial do Estado de São Paulo e, consequentemente, nos
Cadernos do Aluno e do Professor. Para o desenvolvimento da pesquisa, o autor
adotou uma abordagem de caráter qualitativo e utilizou a ideia do Design Experiments
de Cobb et al. (2003). Já para o referencial teórico, Pupo (2013) se pautou nos
princípios construcionistas de Papert (1985), no conhecimento profissional de
Shulman (1986) e no Technology, Pedagogy and Content Knowledge (TPACK) de
Mishira e Koehler (2009).
Definidos a metodologia e o referencial teórico da pesquisa, o autor desenvolveu
uma formação continuada com cinco encontros presenciais quinzenais. Essa
formação constitui-se de dois momentos: “um voltado para o diagnóstico e outro para
a intervenção junto ao grupo de professores participantes da pesquisa” (PUPO, 2013,
p. 20). A parte diagnóstica teve como objetivo saber sobre o conhecimento específico
e pedagógico da Simetria Axial. Já a parte intervencionista teve a finalidade de
observar, intervir e analisar a produção das atividades por parte dos docentes
cursistas (PUPO, 2013).
Destaco, neste momento, algumas colocações do autor, referentes à produção
dos dados, buscando-se respostas para a questão norteadora. Nesse sentido, o autor
reforça a ideia de que, para se utilizar um software em um ambiente educacional, não
41
basta somente ter o acesso a ele, mas é preciso “operacionalizar e compreender suas
potencialidades pedagógicas e como fazer a integração dessa Tecnologia Digital aos
conteúdos curriculares” (PUPO, 2013, p. 93).
A partir da realização dos encontros presenciais, Pupo (2013) evidenciou que os
professores se sentiram instigados a utilizar o GeoGebra para o desenvolvimento das
atividades e que as potencialidades permitidas pelo software, como, por exemplo, a
construção de “Retas, Ponto e Figuras [de tal modo que essas] fossem manipuladas
e suas propriedades mantidas trouxe à tona no coletivo do grupo vários
questionamentos e conjecturas” relacionadas à construção da Simetria Axial, como
afirma Pupo (2013, p. 94).
Com isso, o autor finaliza a sua pesquisa destacando que as formações
continuadas com professores precisam ser pensadas de modo a se criarem
estratégias e abordagens, as quais permitam que o docente possa vivenciar as
potencialidades admitidas pelas TD, como, por exemplo, a construção das Retas,
Pontos e Figuras, que podem ser manipuladas e arrastadas, e suas propriedades
serem mantidas.
A pesquisa que apresento agora é a de Braga (2016), que teve sua dissertação
vinculada ao Projeto Mapeamento e seguiu uma abordagem metodológica qualitativa.
Essa pesquisa teve como objetivo “investigar as concepções dos professores de
Matemática da Educação Básica em relação às TD nos anos finais do Ensino
Fundamental” e foi realizada na Diretoria de Ensino de São José do Rio Preto
(BRAGA, 2016, p. 28).
Assim, Braga (2016, p. 29) definiu sua pergunta norteadora como sendo: “O que
enunciaram e apresentaram os professores participantes de um curso de formação
continuada sobre o uso das Tecnologias Digitais em aulas de Educação Básica?” A
fim de procurar possíveis respostas para seu questionamento, a autora desenvolveu
um curso de formação continuada intitulado “Algumas possibilidades das Tecnologias
Digitais em Geometria no Ensino Fundamental II”.
A realização do curso ocorreu no Laboratório de Informática Multiusuários da
Universidade Estadual Paulista, campus de São José do Rio Preto, durante os meses
de agosto e setembro de 2015. O curso contou com uma carga horária de 30 horas e
26 professores finalizaram o curso. A autora menciona que as atividades trabalhadas
durante a formação continuada foram selecionadas de acordo com os conteúdos
42
“previstos para serem abordados pelo professor cursista em sala de aula no mesmo
período em que ocorreu o curso: agosto e setembro de 2015” (BRAGA, 2016, p. 57).
As atividades desenvolvidas na ação formativa realizada por Braga (2016)
tinham como aporte os Cadernos do Aluno e do Professor. A pesquisadora realizou
uma análise prévia no material buscando identificar e “analisar a maneira como os
temas de Geometria eram abordados no Material Didático” (BRAGA, 2016, p. 57).
Com isso, a pesquisadora optou por utilizar o GeoGebra, porque este estava
disponível nos computadores do
Programa Acessa Escola do Estado de São Paulo e porque os
Professores Coordenadores do Núcleo Pedagógico já haviam
ministrado Orientações Técnicas sobre esse software com todos os
professores de Matemática vinculados à Diretoria de Ensino de São
José do Rio Preto (BRAGA, 2016, p. 58).
Importante destacar que a pesquisadora acompanhou seis cursistas em seu
ambiente educacional, totalizando 100 minutos de aulas observadas com cada um
dos professores. A finalidade desse acompanhamento foi perceber o desenvolvimento
das atividades elaboradas pelos cursistas nos momentos assíncronos do curso de
formação desenvolvido (BRAGA, 2016).
Após a produção dos dados, a pesquisadora definiu sua análise em três eixos
de análise: Tecnologias Digitais nas aulas de Geometria; Alternativas utilizadas pelos
professores para o uso das TD e o papel da gestão escolar; e Obstáculos enfrentados
para a utilização das Tecnologias Digitais. No primeiro eixo, são apresentados e
analisados os dados sobre as aulas observadas de seis professores, destacando o
desenvolvimento das atividades e as concepções que os professores disseram sobre
os softwares de Geometria Dinâmica (BRAGA, 2016).
O segundo eixo, Alternativas utilizadas pelos professores para o uso das TD e o
papel da gestão escolar, é composto pelas concepções dos professores sobre as
dificuldades de se utilizarem as TD nos ambientes educacionais. Tais aspectos
versam sobre a falta de equipamentos, a dificuldade de diálogo com a gestão escolar
e a rigidez estrutural escolar entre outros fatores, que desmotivam o docente a utilizar
as TD nas aulas de Matemática.
No último eixo, Obstáculos enfrentados para a utilização das Tecnologias
Digitais, a pesquisadora apresenta e analisa dados, que remetem as dificuldades
relacionadas à estrutura das escolas, à insegurança que os professores têm para
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utilizar as TD em suas aulas e às dificuldades de elaboração das atividades que
requerem o uso das TD. Todos esses fatos, somados à carga horária do docente,
podem desmotivar o interesse em se usarem as TD nas aulas de Matemática.
Concluindo sua pesquisa, Braga (