Larissa Girotto Matheus de Oliveira
Remissão completa de sinais clínicos neurológicos
em cães hipotireoideos tratados com Levotiroxina:
Revisão Sistemática
Araçatuba – São Paulo
2017
Faculdade de Medicina Veterinária
Câmpus de Araçatuba
Larissa Girotto Matheus de Oliveira
Remissão completa de sinais clínicos neurológicos
em cães hipotireoideos tratados com Levotiroxina:
Revisão Sistemática
Trabalho Científico, como parte do Trabalho de
Conclusão de Curso de Graduação apresentado à
Faculdade de Medicina Veterinária, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, câmpus de Araçatuba, para obtenção do
grau de Médico Veterinário.
Orientadora: Profa. Drª. Luciana Del Rio Pinoti
Araçatuba – São Paulo
2017
ENCAMINHAMENTO
Encaminhamos o presente Trabalho Científico para que a Comissão de
Estágios Curriculares tome as providências cabíveis.
_______________________________________
Larissa Girotto Matheus de Oliveira
Estagiária
________________________________________
Profa. Drª. Luciana Del Rio Pinoti
Orientadora
Araçatuba – São Paulo
Junho / 2017
REMISSÃO COMPLETA DE SINAIS CLÍNICOS NEUROLÓGICOS EM CÃES
HIPOTIREOIDEOS TRATADOS COM LEVOTIROXINA: REVISÃO SISTEMÁTICA
Larissa Girotto Matheus de Oliveira
RESUMO
A tireoide é uma glândula endócrina, produtora dos hormônios tiroxina
(tetraiodotironina) e triiodotironina que agem sobre a o metabolismo basal
estimulando o crescimento e o desenvolvimento de diferentes órgãos e sistemas.
Dessa maneira, torna-se importante abordar as consequências decorrentes da
alteração de seu funcionamento normal. No presente trabalho foram selecionados
sete artigos, datados de 2006 a 2016, escritos na língua inglesa, com objetivo de
avaliar se há possibilidade de remissão completa de sinais clínicos neurológicos e
em quanto tempo isso ocorre em cães com hipotireoidismo ao serem tratados com
levotiroxina. Foi constatado que o fármaco é capaz de produzir tal efeito em um
período de 2 a 4 semanas, porém tornou-se impossível excluir a possibilidade da
presença de lesões autolimitantes ou do tempo de avaliação ter sido insuficiente
para que ela ocorresse nos cães em que não foi alcançada.
Palavras-chave: hipotireoidismo. tratamento. cães. neurologia. levotiroxina.
COMPLETE REMISSION OF CLINICAL NEUROLOGICAL SIGNS IN
HYPOTHYROID DOGS TREATED WITH LEVOTHYROXINE: SYSTEMATIC
REVIEW
Larissa Girotto Matheus de Oliveira
SUMMARY
The thyroid is an endocrine gland which produces the hormones thyroxine
(tetraiodothyronine) and triiodothyronine that act on the basal metabolism stimulating
the growth and development of different organs and systems. In this way,
it is important to address the consequences of altering its normal functioning. In the
present study, seven articles, written from 2006 to 2016, written in the English
language, were selected to assess whether there is a possibility of complete
remission of neurological signs and how long this occurs in dogs with hypothyroidism
when treated with levothyroxine. It has been found that the drug is capable of
producing such an effect over a period of 2 to 4 weeks, but it has become impossible
to exclude the possibility of self-limiting lesions or evaluation time being insufficient
for it to occur in dogs where it has not been reached.
Keywords: hypothyroidism. treatment. dogs. neurology. levothyroxine.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Relação de artigos de hipotireoidismo em cães, número de animais (N) e remissão
completa do quadro clínico neurológico ................................................................................ 5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATP - Adenosina Trifosfato
mg/kg – Miligrama por quilo
LDL – lipoproteínas de baixa densidade
SRD – Sem Raça Definida
T3 – Triiodotironina
T4 – Tetraiodotironina
TSH – Tireotropina ou Hormônio Tireoestimulante
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 10
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 10
4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 18
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 19
9
1. INTRODUÇÃO
A tireoide é uma glândula endócrina responsável por sintetizar os hormônios
triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4) que controlam a taxa metabólica corpórea.
Os principais mecanismos reguladores estrutural e funcional são a ação do
hormônio tireotrópico (TSH ou Tireotropina) que favorece a captação de iodeto
circulante e a concentração de iodo presente no organismo que possui função
inibitória (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
O hipotireoidismo é uma enfermidade bem conhecida e clinicamente
importante que atinge principalmente cães adultos de raças puras (ZACHARY;
MCGAVIN, 2013), onde animais de idade média, fêmeas inteiras e machos
castrados possuem maiores chances de desenvolverem seus sinais clínicos
(RUSHTON; LISCHNIK; NELL, 2013).
Sua etiologia é variada e sua causa mais comum é ocorrer em consequência
de lesões primárias na tireoide como o colapso folicular idiopático e a tireoidite
linfocítica (RUSHTON; LESCHNIK; NELL, 2013; ZACHARY; MCGAVIN, 2013) que
correspondem aproximadamente 95% dos casos (BOIS et al., 2008).
No sistema nervoso a diminuição de T4 prejudica o metabolismo dos
neurônios pela diminuição da produção de adenosina trifosfato (ATP), produzida
através da respiração mitocondrial, resultando em degeneração axonal (BOIS et al.,
2008) e disfunção nervosa (RUSHTON; LESCHNIK; NELL, 2013), podendo
apresentá-la como único sinal da doença (GLASS et al., 2013) com ausência de
sinais e anormalidades físicas extraneurais sugestivas de hipotireoidismo (HIGGINS;
ROSSMEISL; PANCIERA, 2006).
O tratamento mais utilizado é a reposição hormonal (T4 sintética) com o uso
de levotiroxina sódica (L-tiroxina) (NELSON e COUTO, 2010; JERICÓ, ANDRADE
NETO e KOGIKA, 2015). Há controvérsias quanto ao tempo levado para causar
remissão completa do quadro clínico neurológico com opiniões variando desde 4 a 8
semanas (NELSON; COUTO, 2010), 3 meses (JERICÓ; ANDRADE NETO;
KOGIKA, 2015) ou como sendo imprevisível (NELSON; COUTO, 2010).
10
Desta maneira, o objetivo dessa revisão sistemática foi verificar a eficácia da
levotiroxina quanto à remissão completa do quadro clínico neurológico e ao tempo
de tratamento necessário para a remissão dos sinais clínicos neurológicos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão sistemática com o objetivo de analisar estudos
publicados que abordassem em seu conteúdo alterações neurológicas apresentadas
por cães com hipotireoidismo primário tratados com levotiroxina. A pergunta utilizada
para a realização da busca foi: “O tratamento com levotiroxina é capaz de reverter o
quadro neurológico causado pelo hipotireoidismo?”; essa pergunta gerou as
seguintes estratégias de busca: hypothyroidism AND dog AND nervous system e
hypothyroidism AND dog AND neuropathy, que geraram como resultados 922 e 217
artigos, respectivamente, nos seguintes bancos de dados: Periódicos Capes e
PubMed, no período de abril e maio de 2017. Foram selecionados a partir de uma
breve análise de seus resumos e resultados sete artigos, disponíveis completos
online em inglês e português. Livros que abordassem o assunto foram consultados a
fim de complementar o conteúdo introdutório.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sete artigos selecionados com seus autores, número de animais
analisados em cada estudo e a presença ou ausência de remissão completa dos
sinais neurológicos apresentados pós tratamento com levotiroxina, podem ser
visualizados na Tabela 1.
11
Tabela 1 - Relação de artigos de hipotireoidismo em cães, número de animais (N) e
remissão completa do quadro clínico neurológico.
Autores N Remissão completa
Sim Não
Higgins, Rossmeisl e Panciera (2006) 10 9 1
Vitale e Olby (2007) 4 4 1
Blois et al. (2008) 1 0 1
Rushton, Leschnik e Nell (2013) 1 0 1
Glass et al. (2013) 3 2 1
Tsuboi et al. (2013) 1 0 1
Giza et al. (2016) 24 11 13
Total 44 26 19
A maior parte dos artigos indica que a dosagem de levotiroxina administrada
foi de, inicialmente, 0,02 mg/kg, a cada 12 horas, por via oral, com exceção de
Tsuboi et al. (2013) que não indicam qual dose e via utilizaram, porém, pressupõe-
se que tenha sido a mesma, uma vez que é a indicada pela literatura (NELSON e
COUTO, 2010; JERICÓ, ANDRADE NETO e KOGIKA, 2015). Apenas dois artigos
informam que fizeram reavaliação e reajustaram a dose de acordo com a resposta
clínica dos animais, sendo um duas semanas após o início do tratamento
(RUSHTON; LESCHNIK; NELL, 2013) e o outro inicialmente após um mês,
continuando o reajuste quando necessário (GIZA et al., 2016). O reajuste da dose é
importante para excluir a possibilidade de não melhorar o quadro clínico em
decorrência da administração errônea do fármaco.
Quanto à remissão dos sinais clínicos neurológicos, Higgins, Rossmeisl e
Panciera (2006) fizeram um estudo retrospectivo abordando a presença de sinais
vestibulares em associação com o hipotireoidismo, indicando que, dos dez cães
analisados em seu estudo, nove (90%) tiveram remissão completa dos sinais
vestibulares apresentados dentro do período de quatro semanas e um (10%)
permaneceu com head tilt residual; informam ainda que dentro do período de cinco
meses a seis anos pós tratamento, houve comunicação com tutores registrando
ausência de regressão dos sinais, porém, não há especificação sobre quais animais
foram feito esse follow-up. Além disso, três animais do estudo apresentaram
presença de infarto cerebral, desta forma não se pode excluir também a
possibilidade de resolução do quadro independentemente do tratamento nesses
animais.
12
Vitale e Olby (2007) realizaram um estudo retrospectivo sobre cães
hipotireoideos com sinais neurológicos que pudessem estar associados com a
presença de hiperlipidemia e aterosclerose. Quatro animais tiveram seus históricos
analisados, dentre os quais todos apresentaram resolução dos quadros
apresentados variando apenas no tempo de ocorrência, sendo dois no período de
um mês, um no período de dois meses e o quarto animal não possui indicação do
tempo de ocorrência. Três animais eram da raça Labrador Retriever e um era um
mestiço da raça que possui predisposição a ter uma alta concentração de LDL
(VITALE; OLBY, 2007), o que pode explicar porque apenas animais dessa raça
foram incluídos no estudo. A hiperlipidemia está associada com o surgimento de
aterosclerose em cães e humanos e pode ter sido responsável pela diminuição da
perfusão sanguínea, bem como pelo aumento da viscosidade do plasma diminuindo
a perfusão sanguínea para o sistema nervoso central (VITALE; OLBY, 2007). Um
dos animais deste estudo, bem como no trabalho de Higgins, Rossmeisl e Panciera
(2006), apresentou infarto no sistema nervoso central o que impede da mesma
forma que se justifique a melhora de seu quadro clínico com o tratamento utilizado; o
mesmo animal também possuía lesões compatíveis com aterosclerose nos membros
pélvicos, porém, é indicado no estudo que houve remissão completa dos seus sinais
clínicos, pressupõe-se, desta forma, que esta não afetou de forma significativa seus
membros ou que o tratamento do hipotireoidismo levou uma diminuição da
hiperlipidemia diminuindo a sua progressão.
Em contrapartida, o animal do relato de caso de Blois et al. (2008) apresentou
piora após uma semana de tratamento com progressão dos sinais clínicos iniciais
para tetraparesia e decúbito, vindo a ser eutanasiado. Foi realizada uma necropsia
onde houve confirmação do hipotireoidismo primário pela presença de atrofia da
tireoide. No sistema nervoso havia presença de aterosclerose em diferentes regiões
cerebrais, principalmente nas artérias basilar onde havia quase uma oclusão
completa, levando a isquemia. Os autores citam que, apesar de os cães serem
naturalmente resistentes ao seu desenvolvimento, há registros de associação entre
a presença de aterosclerose e o hipotireoidismo e, no caso, a causa mais provável
foi em consequência de hipercolesterolemia.
13
Na necropsia também ficou evidente a presença de oclusão da artéria
espinhal posterior que justifica a ocorrência de tetraparesia e déficit proprioceptivo
apresentados pelo animal. Como o desenvolvimento das placas ateromatosas não
ocorre de uma vez, justifica-se o fato de ter ocorrido uma piora gradual dos sinais
clínicos, além do fato do tratamento com levotiroxina não ter causado resultados
satisfatórios, uma vez que havia presença de lesões irreversíveis.
Dos animais apresentados por Glass et al. (2013), dois apresentaram
remissão de seus quadros, um deles sem indicação do tempo de melhora e o outro
dentro de duas semanas, porém, pelo fato do segundo animal ter tido um infarto
isquêmico cerebelar, não se deve descartar a possibilidade da lesão ter sido
autolimitante, ou seja, ter se resolvido sozinha, independentemente do tratamento,
assim como no casos de Higgins, Rossmeisl e Panciera (2006). O animal que não
apresentou remissão completa teve melhora do head tilt e do déficit de resposta a
ameaça dentro 24 horas após o início do tratamento, duas semanas depois
apresentou melhora discreta no caminhar e na força, porém, uma semana depois
houve piora do quadro clínico com dificuldade respiratória e, durante o exame
neurológico, apresentou-se letárgico e ambulatório. A pedido do tutor foi eutanasiado
e realizada necropsia.
Durante o exame necroscópico ficou evidente a presença de tireoidite
linfocítica reafirmando o diagnóstico de hipotireoidismo primário; havia presença de
necrose de miofibras decorrentes de dano isquêmico, ou seja, uma lesão
irreversível. Como não houve análise do cérebro e muito menos da medula espinhal,
supostamente os sinais clínicos apresentados pelo animal ocorreram em
consequência da presença de aterosclerose no sistema nervoso central, uma vez
que tal lesão foi encontrada durante o exame nos rins, baço e pulmões, que mais
uma vez, pode ter levado a dano isquêmico irreversível, semelhante ao que ocorreu
com o animal do relato de Blois et al. (2008).
Bem como um dos cães de Higgins, Rossmeisl e Panciera (2006) que
permaneceu com um sinal clínico residual, o animal do relato de caso Rushton,
Leshnick e Nell (2013), uma cadela da raça Rottweiler, conseguiu com oito semanas
14
de tratamento melhora de todos os sinais apresentados com exceção da
permanência de estrabismo convergente no olho direito de grau leve. Pode ser que
com a continuação do tratamento esse sinal também desaparecesse, porém um
follow-up dezoito meses após a primeira consulta foi informado que o animal veio a
óbito; não havia registro da melhora ou não do estrabismo, e, como não foi realizada
necropsia, não se sabe se a causa mortis estava relacionada ao hipotireoidismo.
Tsuboi et al. (2013) analisaram três cães com polineuropatias de etiologias
variadas, dentre eles um cão da raça Beagle com diagnóstico de hipotireoidismo aos
três anos, apresentou desenvolvimento gradual dos sinais clínicos neurológicos ao
longo dos anos, sendo diagnosticado aos dez uma desmielinização de nervos
sensitivos. O animal foi tratado com levotiroxina até a sua morte com onze anos de
idade.
Foi realizada necropsia e como o objetivo do estudo envolvia a realização de
eletrodiagnóstico, há foco na análise dos nervos do animal, desta forma, o
desenvolvimento dos sinais clínicos gradualmente provavelmente ocorreu como
consequência de lesões irreversíveis como a presença de atrofia axonal difusa em
raízes nervosas sensitivas (mais severa) e motoras associada à proliferação de
tecido fibroso conectivo.
Apesar da falha em induzir polineuropatia associada ao hipotireoidismo
experimentalmente, não se pode excluir sua possibilidade; o mecanismo em cães
não foi elucidado ainda, mas em humanos a causa mais provável é sua ocorrência
pela alteração do metabolismo alterado das células de Schwann que levam a uma
deposição de mucina resultando em desmielinização e em defeitos severos no
metabolismo dos neurônios causando alteração no transporte axonal atrofiando
nervos (TSUBOI et al., 2013).
Por fim, Giza et al. (2016) analisam a melhora do déficit motor 24 cães pós-
tratamento com levotiroxina, com devido reajuste de dose de acordo com as
respostas clínicas de cada animal. Treze animais apresentaram remissão completa
do déficit motor, dentre os quais dois também apresentavam sinais vestibulares e
permaneceram com head tilt residual, assim como o ocorrido no caso de Higgins,
15
Rossmeisl e Panciera (2006) que citam ser um sinal comum apresentado no cão
hipotireoideo; portanto pode-se afirmar que onze animais apresentaram remissão
completa dos sinais clínicos neurológicos analisados. Como a tiroxina age como
neurotransmissor do sistema nervoso central, sua diminuição pode resultar em
disfunção da condução para o sistema nervoso central em consequência de
desmielinização segmentar (GIZA et al., 2016). A desvantagem do estudo foi a
impossibilidade do autor em excluir a possibilidade de inclusão de polineuropatias
decorrentes de desmielinização inflamatória crônica e de denervação distal.
Alguns animais dos artigos analisados apresentaram infarto em diferentes
regiões cerebrais (HIGGINS, ROSSMEISL e PANCIERA, 2006; VITALE e OLBY,
2007; GLASS et al., 2013), tal fato pode ter ocorrido, pois cães com hipotireoidismo
podem ter problemas com hipercoagulação sanguínea e consequente risco ao
desenvolvimento de eventos tromboembólicos por aterosclerose na vasculatura
cerebral (GLASS et al., 2013). A aterosclerose também pode estar presente em
outros órgãos e artérias importantes que podem simular a presença de sinal
neurológico como no caso do cão de Vitale e Olby (2007) que possuía aterosclerose
nos membros pélvicos causando alterações também compatíveis com neuropatia
periférica.
Assim, vale ressaltar a necessidade de estudos mais controlados e
específicos que acompanhem os animais analisados a fim de evitar a presença de
doenças concomitantes que possam influenciar no diagnóstico, erros de manejo e
tratamento por parte do tutor, bem como a presença de lesões autolimitantes ou
irreversíveis no sistema nervoso central ou periférico que possam influenciar na
conclusão a respeito da eficácia do tratamento.
O tempo ocorrência da remissão completa dos sinais neurológicos
apresentados nos artigos (Gráfico 1) variou de duas semanas (GLASS et al., 2013) a
quatro semanas (HIGGINS; ROSSMEISL; PANCIERA, 2006), porém não se pode
excluir a possibilidade de presença de eventos auto limitantes e nos casos em que
não houve melhora do quadro, não se pode excluir a possibilidade da existência de
lesões irreversíveis ou de tempo de tratamento insuficiente para reversão do quadro.
16
17
0
1
2
3
4
Glass et. al (2013) Vitale e Olby (2007) Higgins, Rossmeisl e
Panciera (2006)Te
m
po
d
e
re
m
is
sã
o
co
m
pl
et
a
(s
em
an
as
)
Autores e ano da publicação
Gráfico 1 - Tempo de remissão completa do quadro clínico
de acordo com os autores e ano.
18
4. CONCLUSÃO
O hipotireoidismo é uma enfermidade comum na clínica de pequenos animais
onde sinais neurológicos não são comuns, mas podem ser sua única forma de
manifestação influenciando de forma negativa o correto diagnóstico da enfermidade,
tornando-o um importante diagnóstico diferencial para neuropatias. De forma geral, a
levotiroxina apresentou-se eficaz na reversão do quadro clínico neurológico,
deixando em alguns casos sequelas que podem ser resultado de lesões irreversíveis
ao tecido nervoso ou do tempo insuficiente para a reversão completa do quadro
clínico.
19
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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