- i - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Curso de Pós-Graduação em Geociências EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DA FAIXA BRASÍLIA NA REGIÃO DE TAPIRA, SUDOESTE DE MINAS GERAIS Carlos Humberto da Silva Orientador: Prof. Dr. Luiz Sérgio Amarante Simões Tese de Doutorado elaborada junto ao Curso de Pós-Graduação em Geociências - Área de Concentração em Geologia Regional, para obtenção do Título de Doutor em Geociências. Rio Claro - SP Outubro de 2003 - ii - 551.8 Silva, Carlos Humberto da. S586e Evolução geológica da faixa Brasília na região de Tapira, Sudoeste do estado de Minas Gerais / Carlos Humberto da Silva - Rio Claro: [s.n.], 2003 199 f. : il., figs., gráfs., tabs., mapas Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Luiz Sérgio Amarante Simões 1. Geologia estrutural. 2. Geologia regional. 3. Mapeamento geológico 4. Superposição de deformações 5. Tectônica de Nappes. Título Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP – Campus de Rio - iii - BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Luiz Sérgio Amarante Simões (orientador) – DPM/IGCE/UNESP - Prof. Dr. Rudolph Allard Johannes Trouw – IGEO/UFRJ- Prof. Dr. Cláudio de Morrisson Valeriano – FGEL/UERJ - Prof. Dr. Hildor José Seer – CEFET-MG (Araxá) - Prof. Dr. Hans Dirk Ebert – DPM/IGCE/UNESP - Tese defendida em 14 de outubro de 2003 Resultado: Aprovada com a menção “com distinção”. - iv - Quisera abranger tudo, e tudo me convida; mas o tempo é fugaz, e curta e incerta a vida. (Antônio F. Castilho). “A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades..” (Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. IX, item 6.) Dedico este trabalho às minhas famílias. - vi - AGRADECIMENTOS Agradeço aos muitos que me ajudaram, foram tantos desde que esta “jornada ao centro de Tapira” começou e que ainda vão sobrar “lascas e fatias” para lembrar e ser grato. Inicialmente quero agradecer ao orientador, Prof. Dr. Luiz Sérgio Amarante Simões, que na longa jornada que leva ao conhecimento, me orientou no mestrado (fácies de baixo grau) e que se “deformou” num doutorado (fácies de médio grau). Antes apenas um orientador, hoje com o passar dos “empurrões” tornou-se alguém para chamar de amigo. Um muito obrigado de “nappe” a você. A FAPESP (processos 98/16429-4 e 01/), pela concessão da bolsa de estudos e pelo fomento a todo campo, análises de microssonda, geoquímica isotópica, impressão de mapas, etc., agradeço. Aos Profs. Drs. Antenor Zanardo, Hans Dirk Ebert e Cláudio Valeriano, pelas discussões de petrografia, metamorfismo e estrutural no texto da qualificação. Foram tantos dias de campo que não posso esquecer dos colegas geólogos: Sa(ssa)muel Ferreira, George “Magrão” Luvizotto, Guillermo “Pepita” Navarro, Wellington “Vinhedo” Damásio, Ivaldo “Zazá” Trindade, Frederico “Fredie” Andrade, Ana (-inha) Costa, e Amarildo “Mainho” Ruiz. A todos minha gratidão pela paciência nas ladeiras de Tapira. Aos funcionários da UNESP: Júnior, Carlinhos, Laura, Nádia, Vânia, Izabel, Rose, Vladimir e Adilson; às sempre presentes Neusinha e Maria Antônia. Aos amigos que foram se afinando, Vanderlei, Leila e Sérgio, Laís, Amarildo e Larissa, Harrizon e Auxiliadora, Márcia, Ivaldo, Samuel e Raquel, Dani e Daniel, Seu Uó e D. Beth que ajudaram a passar o tempo em bom tempo. Agradeço aos meus pais, Lourdes e Estenio e a minha irmã, Maria Cristina, pela paciência na distância; ao meu querido filho e minha vida, Carlos Henrique, um perdão pela ausência e um agradecimento sincero por existir. Do mesmo modo agradeço também aqueles que eu não sei o nome, donos das diversas fazendas em que passei e que por algumas vezes me hospedei. Ao pessoal do Posto em Tapira, Sr. Lilo, D. Lila, Roninho, Divino, pela confiança depositada. Ao pessoal de Tapira, que quase sem querer ajudou o “minino da pisquisa”, muito obrigado. E no desenlace feliz das peripécias deste enredo agradeço àquela que me fez companhia desde o início Ana .......... Agradeço a Deus, ao anjo da guarda e todos aqueles que estão por perto, pela ajuda em todas as horas e pela oportunidade de engrandecimento. - vii - RESUMO O presente trabalho apresenta uma proposta de evolução geológica Neoproterozóica de um segmento da Faixa Brasília Meridional, na região de Tapira (SW de Minas Gerais). A partir de mapeamento geológico detalhado é da caracterização estrutural e metamórfica. As rochas desta região apresentam uma complexa evolução estrutural, onde a principal estrutura reconhecida é uma foliação em baixo ângulo (S4) orientada em média N43W/30SE, à qual associa-se uma lineação de estiramento e/ou mineral orientada N50W/10, atribuídas à fase D4. A foliação S4 normalmente é reconhecida como uma clivagem de crenulação, cuja superfície crenulada é uma foliação S2, sub-paralela ao acamamento sedimentar (S0). Em alguns locais S4 manifesta-se como uma xistosidade ou clivagem contínua. A foliação S4 também afeta dobras normais de escala quilométrica relacionadas à fase D3. Adicionalmente são reconhecidos dois conjuntos de dobras pós-fase principal com eixos de caimentos suaves e planos axiais íngremes, sendo os eixos de D5 de direção NW e os eixos de D6 de direção NNE. Relacionada à fase D5 associam-se três zonas de cisalhamento transcorrentes quilométricas, a partir das quais sub-divididiu-se a área em três domínios tectono-estratigráficos. No domínio oeste (DW) ocorrem duas escamas tectônicas separadas por falha de empurrão. A escama 1 apresenta rochas metapelíticas e pelítico-grafitosas com intercalações psamítica. A associação mineral muscovita + quartzo + granada ± clorita ± biotita ± cloritóide ± grafita ± albita, permitem situar as rochas dessa escama na fácies xisto verde superior (zona da granada), com condições de T e P estimadas em 540°C e 7,5 kbar. Na escama 2 predominam rochas pelíticas com intercalações psamíticas, adicionalmente ocorrem intercalações de hornblenda-granada-mica xistos e rochas metamáficas e metaultramáficas. As associações minerais muscovita + quartzo + granada ± hornblenda ± clorita ± biotita ± oligoclásio, e hornblenda + oligoclásio + biotita permitem situar estas rochas na fácies anfibolito com condições de T = 585 a 610°C e P = 8 a 10 kbar. No domínio leste (DE) foi definido um conjunto de três escamas. Na inferior predominam rochas pelíticas e pelítico-grafitosas com intercalações de rochas psamíticas, onde as associações minerais (muscovita + clorita + quartzo ± grafita ± albita, sem biotita) em conjunto com as estimativas de P-T (T = 350 a 400°C e P = 4-5 kbar) permitem situar as rochas dessa escama na fácies xisto verde inferior (zona da clorita). Na escama intermediária ocorrem rochas pelíticas, pelítico-grafitosas e pelitico-psamíticas intercaladas com níveis, lentes e camadas de rochas psamíticas. Associações minerais contendo muscovita + quartzo + granada ± clorita ± biotita ± cloritóide ± grafita ± albita permitem situar as rochas dessa escama fácies xisto verde superior (zona da granada). Com a temperatura variando entre 450 e 550°C e a pressão entre 5 e 7,5 kbar. A escama superior é marcada pela ocorrência de rochas pelíticas com contribuições localizadas de rochas psamíticas, adicionalmente ocorrem rochas metaultramáficas. As condições metamórficas estipuladas pela associação mineral muscovita + quartzo + granada ± clorita ± biotita ± cloritóide ± albita (oligoclásio) em conjunto com as estimativas de T e P (T = 550 a 595°C e P = 5 a 8 kbar) permitem considerar as rochas dessa escama na fácies anfibolito inferior. As rochas dessas três escamas são sobrepostas aos filitos e ardósias com intercalações de mármores, correspondentes ao Grupo Bambuí, cujas associações minerais (muscovita + clorita + quartzo ± albita, sem biotita), correspondem à fácies xisto verde inferior (zona da clorita). - viii - O domínio sul (DS) é marcado basicamente por metarenito, com contribuições de quartzo xistos, filitos e metaconglomerados, onde é comum a preservação de texturas e estruturas sedimentares. As associações minerais contendo muscovita + clorita + quartzo, sem biotita, permite considerar estas rochas como situadas na fácies xisto verde inferior (zona da clorita). As rochas dos vários domínios são interpretadas como parte de uma bacia de margem continental passiva, situada na margem ocidental do paleocontinente São Francisco. Neste contexto as rochas do domínio Sul representariam a fácies de plataforma proximal; as rochas das escamas inferior e intermediária (DE) e da escama 1 (DW) são de fácies de plataforma distal; e as rochas da escama superior (DE) e escama 2 (DW) são tidas como depositadas em um ambiente de talude continental e/ou fundo oceânico. Interpreta-se que a configuração atual das rochas da Faixa Brasília nesta região deve-se à convergência das placas do São Francisco e Paraná durante o Neoproterozóico. Este processo resultou em uma deformação tangencial com transporte tectônico de topo para ESE. Durante os estágios iniciais, as rochas da margem continental foram metamorfizadas, em seguida, as rochas mais metamórficas foram tectonicamente expulsas e transportadas em direção às zonas mais externas do orógeno, recobrindo tectonicamente as rochas menos metamórficas. A deformação gerada durante este período é acomodada pelas estruturas relacionadas à fase D2. Devido à atuação de um componente de cisalhamento sinistral, contemporâneo a tectônica tangencial, formam-se dobras normais com eixos paralelos a lineação de estiramento. Estas estruturas são relacionadas à fase D3, e envolvem o dobramento do empilhamento tectônico gerado na fase D2. Em resposta ao empilhamento tectônico foi gerada uma bacia de antepaís, na qual foram depositadas às rochas do Grupo Bambuí, que posteriormente foi recoberta e envolvida nos processos deformacionais, com a propagação da frente de empurrão para ESE. Uma vez implantado o empilhamento das escamas tectônicas, desenvolveram-se dobras abertas com eixos de direções preferenciais para NW (D5), associadas a zonas de cisalhamento sinistrais com direções variando entre WNW a NW. Posteriormente são formadas dobras abertas com eixo NNE (D6). As estruturas correspondentes a estas duas fases foram geradas em resposta à continuação da compressão WNW-ESE. - ix - ABSTRACT This work was done to determine the Neoproterozoic evolution of a southern Brasilia Fold Belt segment, Tapira area (SW Minas Gerais state), using detailed geologic mapping and structural – metamorphic characterization. A complex structural evolution is deduced for these rocks and the main structure recognized is a low angle S4 foliation (N43W/30SE), associated with N50W/10 stretching and/or mineral lineation of the D4 phase. The S4 foliation is a crenulation cleavage, where the pre-existing S2 foliation was folded parallel to sedimentary bedding (S0). In some areas, S4 is a schistosity or a continuous cleavage. The S4 foliation also affects kilometric normal folds of the D3 phase. Two post-S4 groups of folds are recognized with low angle axes and high angle axial planes: D5 and D6 with axes in NW and N-S direction, respectively. Three transcurrent shear zones are associated with the D5 phase, dividing the area into three tectonic– stratigraphic domains: Western, Eastern and Southern. Two thrust sheets separated by a thrust fault characterize the Western Domain (WD). Metapelitic rocks and graphite-bearing pelites with metapsammitic lenses represent the thrust sheet 1. A muscovite + quartz + garnet ± chlorite ± biotite ± chloritoid ± graphite ± albite association defines the rocks of thrust sheet 1 as upper greenschist facies (garnet zone), with T = 540 ºC and P = 7.5 kbar conditions. At the top, thrust sheet 2 is characterized by metapelitic rocks and metapsammitic lenses and hornblende-bearing garnet-muscovite schists intercalations, with metamafic and metaultramafic rocks. The muscovite + quartz + garnet ± hornblende ± chlorite ± biotite ± oligoclase and the hornblende + oligoclase + biotite associations suggest amphibolite facies with a range of T= 585 to 610 ºC and P= 8 to 10 kbar. The Eastern Domain (ED) comprises three thrust sheets. The lower thrust sheet is composed of metapelitic rocks and graphite-bearing metapelites with metapsammitic lenses. The mineral associations (muscovite + chlorite + quartz ± graphite ± albite) and the P–T conditions (range 350 to 400 ºC and 4 to 5 kbar) define lower greenschist facies (chlorite zone). The intermediate thrust sheet is represented by metapelitic rocks, graphite-bearing metapelites and metapelite–psammitic lenses with levels, lenses and layers of metapsammitic rocks. The upper greeschist facies (garnet zone) was determined for this thrust sheet from the muscovite + quartz + garnet ± chlorite ± biotite ± chloritoid ± graphite ± albite mineral association and the T– P conditions: 450 to 550 ºC and 5 to 7.5 kbar. The upper thrust sheet is characterized by metapelitic rocks with local metapsammites and metaultramafic rocks. The muscovite + quartz + garnet ± chlorite ± biotite ± chloritoid ± albite (oligoclase) association and the T = 550 to 595 ºC and P = 5 to 8 kbar conditions define a lower amphibolite facies for this thrust sheet. The part that is overlain by these three thrust sheets comprises phyllites and slates with marble lenses of the Bambuí Group. The muscovite + chlorite + quartz ± albite without biotite association indicates lower greenschist facies (chlorite zone). The Southern Domain (SD) comprises metasandstones, quartz schists, phyllites and metaconglomerate, with pre-existing sedimentary structures and textures. The muscovite + chlorite + quartz without biotite association implies lower greenschist facies (chlorite zone) for southern domain. All described lithologies are interpreted as a portion of a passive continental margin basin, situated at eastern margin of the São Francisco paleocontinent. Indeed, the Southern Domain rocks can be interpreted as proximal platform facies; the lower and - x - intermediate thrust sheets (ED) of the thrust sheet 1 (WD) can be interpreted as a distal platform facies; the upper thrust sheet (ED) and the thust sheet 2 (WD) may have been deposited in a continental rise or ocean floor environment. The current configuration of the Brasília Fold Belt is interpreted as a result of collision between the São Francisco and Parana plates during the Neoproterozoic. This process resulted in tangential deformation with top to ESE tectonic transport. During the initial stages the continental margin rocks were metamorphozed and then the most metamorphozed rocks were exhumed and transported toward the external orogenic zone, made up of lower grade metamorphic rocks. The deformation of this stage was accommodated by D2 phase structures. Within a sinistral shear component, during tangential tectonics, normal folds were generated with axes parallel to the stretching lineation. These structures are related to the D3 phase, which affected the D2 imbricate tectonic stack. In response to tectonic imbrication a foreland basin was generated, filled by the Bambuí Group. Then, this foreland basin was covered by the thust sheets and involved in a deformational process that led to the formation of thrusts toward ESE. In the terminal imbrication of tectonic thrusts sheets, normal folds were formed with NW axes (D5 phase). These folds are associated with WNW to NW trending sinistral shear zones. Later, NNE open folds were created (D6 phase), and both kinds of folds were generated in response to WNW-ESE compression. - xi - SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................1 GEOLOGIA DA ÁREA...................................................................................8 GEOLOGIA ESTRUTURAL.........................................................................48 METAMORFISMO.......................................................................................91 GEOCRONOLOGIA Sm/Nd ......................................................................155 OCORRÊNCIAS DE OURO NA ÁREA .....................................................170 EVOLUÇÃO GEOLÓGICA ........................................................................185 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................188 - xii - INDICE 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 1 1.1 - Localização da Área Estudada ......................................................................................... 2 1.2 – Métodos Aplicados............................................................................................................ 2 a) Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 2 b) Interpretação de Fotos Aéreas e Imagens de Satélite................................................... 4 c) Trabalhos de Campo......................................................................................................... 4 d) Digitalização da Base Topográfica ................................................................................. 6 e) Petrografia e Microtectônica............................................................................................ 6 f) Química Mineral ................................................................................................................ 6 g) Geocronologia Sm/Nd..................................................................................................... 7 h) Confecção da Tese............................................................................................................. 7 2. GEOLOGIA DA ÁREA............................................................................................................... 8 2.1 - Introdução ........................................................................................................................... 8 2.2 - Situação Geológica ............................................................................................................. 9 2.3 - Compartimentação Tectônica da Área.......................................................................... 12 2.3.1 - Domínio Oeste (DW) ............................................................................................... 14 2.3.2 - Domínio Leste (DE) ................................................................................................. 20 a) Grupo Bambuí .............................................................................................................. 20 b) Escama Inferior............................................................................................................. 23 c) Escama Intermediária .................................................................................................. 28 d) Escama Superior........................................................................................................... 32 2.3.3 - Domínio Sul (DS) ..................................................................................................... 34 2.4 – Ambientes Tectônicos e Correlações Estratigráficas .................................................. 40 2.5 - Correlações........................................................................................................................ 44 3. GEOLOGIA ESTRUTURAL..................................................................................................... 48 3.1 – Introdução ........................................................................................................................ 48 3.2 - Situação Geológica ........................................................................................................... 49 3.3.Fases de Deformação.......................................................................................................... 50 a) Fase D1.............................................................................................................................. 52 b) Fase D2 ............................................................................................................................. 52 c) Fase D3.............................................................................................................................. 60 - xiii - d) Fase D4 ............................................................................................................................. 66 e) Fase D5.............................................................................................................................. 75 Zonas de Cisalhamento D5 ............................................................................................. 78 f) Fase D6 .............................................................................................................................. 84 3.4 - Interpretação Cinemática das Estruturas...................................................................... 86 3.5 - Comparação com os Segmentos Adjacentes ................................................................ 88 4. METAMORFISMO .................................................................................................................... 91 4.1 -Introdução .......................................................................................................................... 91 4.2 - Situação Geológica ........................................................................................................... 92 4.3 - Petrografia e Química Mineral ....................................................................................... 93 4.3.1 - Fácies Xisto-Verde.................................................................................................... 99 a) Zona da Clorita............................................................................................................. 99 b) Zona da Granada........................................................................................................ 102 4.3.2 - Fácies Anfibolito..................................................................................................... 108 4.3.3 - Retrometamorfismo............................................................................................... 120 4.4 - Estimativas de Pressão e Temperatura ....................................................................... 123 4.4.1 –Grade Petrogenética............................................................................................... 123 4.4.2 - Geotermobarometria ............................................................................................. 127 a) Considerações Iniciais .................................................................................................. 127 b) Resultados do THERMOCALC .................................................................................. 130 c) Resultados da Geotermobarometria Convencional ................................................. 133 Condições P-T Escama Inferior (DE) ......................................................................... 135 Condições P-T Escama Intermediária (DE) .............................................................. 136 Condições P-T Escama Superior (DE) ....................................................................... 137 Condições P-T da Escama 1 (DW) ............................................................................. 138 Condições P-T da Escama 2 (DW) ............................................................................. 138 4.5 – Condições do Auge do Metamorfismo....................................................................... 140 4.6 - Relação Metamorfismo vs. Deformação ..................................................................... 141 4.6.1 - Padrão Estrutural ................................................................................................... 143 4.6.2 - Relação Deformação-Metamorfismo................................................................... 144 4.7 - Trajetórias de Pressão e Temperatura ......................................................................... 152 5. GEOCRONOLOGIA Sm/Nd................................................................................................. 155 5.1 - Introdução ....................................................................................................................... 155 5.2 - Situação Geológica ......................................................................................................... 158 - xiv - 5.3 - Descrição das Amostras Estudadas............................................................................. 160 5.4 - Resultados Obtidos ........................................................................................................ 161 a) Estudo de Proveniência................................................................................................ 163 b) Idades do Metamorfismo............................................................................................. 165 5.5 - Discussão e Conclusões................................................................................................. 167 6. OCORRÊNCIAS DE OURO NA ÁREA ............................................................................... 170 6.1. - Introdução ...................................................................................................................... 170 6.2 – Mineralização Aurífera da Fazenda da Divisa.......................................................... 171 6.2.1 - Situação Geológica ................................................................................................. 171 6.2.2 - Geologia do Depósito ............................................................................................ 173 6.3 - Discussão e Conclusões................................................................................................. 182 6.4 - Outras Ocorrências de ouro.......................................................................................... 183 a) Garimpo do Baú ............................................................................................................ 183 b) Garimpo do Ouro.......................................................................................................... 183 7. EVOLUÇÃO GEOLÓGICA.................................................................................................... 185 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 188 - xv - INDICE DE FIGURAS Figura 1.1 - Mapa de localização e situação da área estudada. ............................................................... 3 Figura 1.2 - Mapa de lineamentos estruturais obtidos a partir das imagens de radar onde são delimitadas as áreas mapeadas em detalhe........................................................................................ 5 Figura 2.1 - (a) Situação da área estudada em relação a província Tocantins. (b) Esboço geológico da parte sul da Faixa Brasília.............................................................................................................. 10 Figura 2.2 - Mapa geológico simplificado da região de Tapira - MG .................................................... 13 Figura 2.3 - Coluna estratigráfica do domínio Leste. ............................................................................. 15 Figura 2.4 - Fotografia de afloramento de granada-muscovita xisto da Unidade W1-1 (Ponto T195). ................................................................................................................................................................ 17 Figura 2.5 - Fotografia de granada-muscovita xisto (Unidade W1-1,ponto T193)............................... 17 Figura 2.6 - Fotografia de camadas de quartzito micáceo intercalado em granada-muscovita xisto da Unidade W1-1 (ponto G79)............................................................................................................ 17 Figura 2.7 - Fotografia de afloramento alterado de granada-muscovita xisto da Unidade W2-1 (ponto T-192)......................................................................................................................................... 17 Figura 2.8 - Fotografia de lente de hornblenda-granada-mica xisto incluso no granada-mica xisto (Unidade W2-1, ponto T-191). ............................................................................................................ 17 Figura 2.9 - Fotografia de lente de hornblenda-granada-mica xisto (Unidade W2-1, ponto T-191).. 17 Figura 2.10 - Fotografia da rocha metaultrabásica intercalado em granada-mica xisto da Unidade W2-1. ...................................................................................................................................................... 18 Figura 2.11 - Fotomicrografia da matriz de rocha metaultrabásica marcada pela presença de serpentina e aglomerados de clorita. ................................................................................................. 18 Figura 2.12 - Fotografia de afloramento de quartzito micáceo (Unidade W2-2) em forma de cristas ressaltadas no relevo............................................................................................................................ 18 Figura 2.13 - Fotografia de quartzito micáceo da Unidade W2-2, apresenta cristais de mica e turmalina de até 1cm. (Ponto G82). ................................................................................................... 18 Figura 2.14 - Fotografia de afloramento de gnaisses da Unidade W2-3................................................ 19 Figura 2.15 - Fotografia demonstrando o aspecto do solo residual que marca a área de ocorrência dos gnaisses da Unidade W2-3........................................................................................................... 19 Figura 2.16 - Fotografia mostrando em detalhe banda mesocrática de gnaisse da Unidade W2-3... 19 Figura 2.17 - Fotografia de amostra de banda mesocrática de gnaisse da Unidade W2-3.................. 19 Figura 2.18 - Coluna estratigráfica do domínio leste. ............................................................................ 21 Figura 2.19 - Fotografia de afloramento de quartzo-muscovita xisto (Unidade EI-1, ponto T-674).. 24 Figura 2.20 - Fotografia de afloramento onde ocorre intercalação de quartzo-muscovita xisto e grafita xisto, com predominância do primeiro em relação ao segundo. (ponto T-672, Unidade EI-1). ....................................................................................................................................................... 24 Figura 2.21 - Fotografia de afloramento de grafita xisto (Unidade EI-2, ponto T-670). ...................... 24 Figura 2.22 - Fotografia de afloramento de grafita xisto (Unidade EI-2, ponto T-670). ...................... 24 Figura 2.23 - Fotografia de afloramento de quartzo-muscovita xisto (unidade EI-3, ponto T512).... 25 Figura 2.24 - Fotografia de afloramento de quartzo-muscovita xisto (unidade EI-3, ponto T515).... 25 Figura 2.25 - Fotografia de afloramento de quartzo-muscovita xisto (unidade EI-3, ponto W79). ... 25 Figura 2.26 - Fotografia de de afloramento de quartzito micáceo, que ocorre como lentes no quartzo-muscovita xistos da unidade EI-3 (ponto T59).................................................................. 25 Figura 2.27 - Fotografia de afloramento de quartzito da Unidade EI-4 (ponto T682) marcado por um proeminente bandamento composicional.................................................................................. 27 Figura 2.28 - Fotografia de afloramento de quartzito da Unidade EI-4 (ponto T340) marcado por um bandamento composicional centimétrico marcado por camadas esbraquiçadas e negras. 27 - xvi - Figura 2.29 - Vista em perfil de afloramento de quartzito da Unidade EI-4 (ponto T333) marcado por um bandamento composicional íngreme (paralela à face mais ampla do afloramento) cortado por uma clivagem de crenulação (foliação principal) mergulhando para SW, gerando uma lineção de interseção proeminente............................................................................................ 27 Figura 2.30 - Afloramento de quartzito da Unidade EI-4 (ponto T338) no qual destaca-se uma lineação mineral marcada por cristais de turmalina. ...................................................................... 27 Figura 2.31 - Afloramento de quartzo xisto da Unidade EI-4 (ponto T336) destaca-se os tons róseas, avermelhados e esverdeados típicos desse litotipo alterado. São observados os planos da foliação principal, com mergulhos suaves, e de falhas tardias (D5). ............................................ 28 Figura 2.32 - Afloramento de granada-grafita xisto da unidade EIn-1, onde é possível observar uma camada decimétrica de quartzito.. ..................................................................................................... 30 Figura 2.33 - Afloramento de granada-quartzo-muscovita xisto da unidade EIn-2, no qual destaca- se a coloração cinza esverdeada, e seu aspecto homogêneo.. ........................................................ 30 Figura 2.34 - Afloramento de quartzito micáceo que forma camadas métricas intercaladas nos granada-quartzo-muscovita xisto da unidade EIn-2.. ..................................................................... 30 Figura 2.35 - Afloramento de granada-grafita xisto da unidade EIn-3, que apresenta uma cor cinza intensa, uma das características desse litotipo. Afloramento T523,. ............................................. 30 Figura 2.36 - Foto do aspecto do relevo nas áreas de ocorrência das rochas da unidade EIn-3. Nestas áreas é comum a presença de cristas alinhadas destacadas no relevo. ............................ 30 Figura 2.37 - Aspecto de afloramento dos xistos da unidade EIn-3 (ponto T262), onde observa-se um bandamento milimétrico de camadas quartzosas e grafitosas................................................ 30 Figura 2.38 - Afloramento da unidade EIn-3, mostrando intercalação decimétricas de camadas tabulares de granada-grafita xisto e quartzitos................................................................................ 31 Figura 2.39 - Afloramento de granada-grafita xisto da unidade EIn-3 (ponto CS-03), onde ocorrem camadas decimétricas com granadas que atingem em média 1cm e perfazem mais de 30% do valor modal da rocha. .......................................................................................................................... 31 Figura 2.40 - Aspecto de afloramento dos granada-mica xistos da unidade EIn-4, marcada pelo cor cinza esverdeada, com freqüência ocorrem veios de quartzo centimétricos. .............................. 31 Figura 2.41 - Amostra de granada-mica xistos da unidade EIn-4, apresentando cor cinza esverdeada, neste caso, apresenta aspecto homogêneo. Contêm porfiroblastos de granada e cloritóide................................................................................................................................................ 31 Figura 2.42 - Afloramento em planta de rochas da unidade EIn-4, onde observa-se uma intercalação decimétrica de granada-mica xisto e granada quartzitos (ver Fig. 2.43). ............... 31 Figura 2.43 - Afloramento em planta de granada quartzito (unidade EIn-4) exibindo um bandamento centimétrico evidenciado pela alternância de cores. Ocorrem cristais milimétricos de granada, dispersos na matriz da rocha. ....................................................................................... 31 Figura 2.44 - Afloramento de quartzito da unidade EIn-5, onde destaca-se um bandamento composicional de escala centimétrica definido pela alternância de camadas quartzosas e micáceas................................................................................................................................................. 33 Figura 2.45 - Afloramento das rochas da unidade EIn-5, apresentando um bandamento decimétrico de quartzitos micáceos, quartzo xistos e muscovita xistos............................................................. 33 Figura 2.46 - Relevo acentuado da serra de Campo Alegre gerado pela alta resistência das rochas da unidade EIn-5 ao intemperismo, o que é de grande utilidade na cartografia geológica. Figura 2.47 - Afloramento de quartzo-xistos intercalado a muscovita xisto e quartzitos micáceos definindo um bandamento composicional de escala centimétrica (Unidade EIn-5). Foto obtida no ponto T-95, situado na Serra do Campo Alegre a ~12k m a SE de Tapira. Foto em planta. .............................................................................................................................................. 33 Figura 2.48 - Afloramento de granada-muscovita xisto da unidade ES-1. Apresenta coloração cinza esverdeada, sendo marcado por um bandamento milimétrico a centimétrico de bandas quartzosas e micáceas.......................................................................................................................... 34 - xvii - Figura 2.49 - Afloramento de granada-muscovita xisto da unidade ES-1. marcado por um bandamento milimétrico de bandas quartzosas e micáceas........................................................... 34 Figura 2.50 - Coluna estratigráfica do domínio sul. Os valores ao lado da coluna indicam a espessura de cada unidade em metros, que devido a deformação correspondem a uma espessuras aparentes............................................................................................................................ 35 Figura 2.51 - Aspecto do alto topográfico da Serra da Canastra, gerado pela alta resistência dos metarenitos da unidade S-3 (DS)........................................................................................................ 37 Figura 2.52 - Aspecto de afloramento de metarenito da unidade S-3 (DS pontoT274), no qual é possível observar um bandamento composicional definido pela alternância de camadas quartzosas e quartzo-micáceas........................................................................................................... 37 Figura 2.53 - Fotomicrografia de metarenito da unidade S-3 (DS, ponto S156) que apresenta os grãos sedimentares parcialmente preservados. ............................................................................... 37 Figura 2.54 - Afloramento de metarenitos da unidade S3. Onde podem ser observadas marcas onduladas, sobre o acamamento sedimentar preservado. ............................................................. 39 Figura 2.55 - Afloramento de metaconglomerado da unidade S-3.. ...................................................... 39 Figura 2.56 - Fotomicrografia da matriz de metaconglomerado da unidade S-3. ............................... 39 Figura 2.57 - Afloramento em perfil de quartzo-muscovita xisto da unidade S-4 com lentes milimétricas a centimétricas de quartzito. ........................................................................................ 40 Figura 2.58 - Esquema comparativo ilustrando a correlação das rochas das escamas intermediária e inferior do domínio leste e 2 do domínio oeste................................................................................ 42 Figura 2.59 - Desenho ilustrativo apresentando uma plataforma continental de margem passiva, onde as unidades dos vários domínios e escamas são separadas em fácies de plataforma proximal, plataforma distal e talude continental............................................................................. 43 Figura 3.1a - Afloramento de quartzito da escama intermediária (DE) apresentando a foliação composta S0//S1//S2 em alto e a foliação S4 em baixo ângulo................................................... 53 Figura 3.1b - Afloramento de quartzo-xistos da escama intermediária (DE, ponto CA-4). Onde são descritas dobras apertadas a isoclinais da fase D2. ......................................................................... 53 Figura 3.1c - Afloramento de granada-mica xisto, escama intermediária (DE, ponto G105), apresenta dobras apertadas intrafoliais relacionadas à fase D2. ................................................... 54 Figura 3.1d - Afloramento de granada-mica xisto, escama intermediária (DE, ponto T244), apresenta dobra apertada relacionada à fase D2. ............................................................................ 54 Figura 3.2 - Fotomicrografia de quartzo-mica xisto da escama inferior (DE, ponto G135), onde ocorrem dobras isoclinais cujo plano axial coincide com o plano definido pela foliação S2. As dobras são desenhadas pela xistosidade S1 que é definida por muscovita, grafita, opacos e quartzo. Todo o conjunto é afetado pela clivagem de crenulação em baixo ângulo S4, definida pela reorientação de muscovita e, principalmente, pela recristalização de quartzo................... 55 Figura 3.3 - Estereograma dos planos medidos de S2c............................................................................ 56 Figura 3.4 - Fotomicrografia de granada mica xisto da escama intermediária (DE). Apresenta o aspecto da xistosidade S1 marcada pela orientação de muscovita e opacos ............................... 57 Figura 3.5 - Fotomicrografias de granada mica xisto da escama intermediária (DE). Na Figura (a) pode ser observada a relação entre a xistosidade S1, com S0 e com a clivagem de crenulação S2. A Fotomicrografia (b) mostra o aspecto detalhado desta relação. .......................................... 57 Figura 3.6 - Afloramento de muscovita xisto da escama intermediária (DE ponto T-103). Onde a foliação S2c possuí mergulho íngreme, e é cortada por uma foliação em baixo ângulo relacionada à fase D4. .......................................................................................................................... 58 Figura 3.7 - Afloramento de quartzo xisto escama intermediária (DE ponto CA-02). Apresenta uma xistosidade em alto ângulo (S2c) cortada por uma clivagem de crenulação em baixo ângulo (S4).......................................................................................................................................................... 59 Figura 3.8 - Fotomicrografia de quartzo xisto da escama intermediária (DE, ponto T-95), onde observa-se uma xistosidade íngreme definida pela orientação de moscovita (S2c) dobrada e - xviii - cortada por uma foliação sub-horizontal (S4) paralela ao plano axial das micro-dobras. S4 é definida principalmente pela trama de quartzo recristalizado...................................................... 59 Figura 3.9 - Afloramento de quartzo xisto da escama intermediária (DE, ponto T392), onde observa-se o bandamento composicional (S0) paralelo a uma xistosidade que é evidente principalmente nas camadas micáceas. Também são reconhecidas dobras isoclinais intrafoliais referentes à fase D4. Nas charneiras destas dobras é possível reconhecer que a xistosidade dobrada corresponde à foliação S2c, que é localmente preservada. ............................................. 59 Figura 3.10 - Mapa Braquissinformal Campo Alegre .............................................................................. 61 Figura 3.11 - Estereogramas dos planos axiais (a) e dos eixos (b) das dobras D3................................ 62 Figura 3.12 - Perfil geológico construído na parte central da área estudada........................................ 63 Figura 3.13 - Afloramento de quartzito intercalado a camadas de mica xisto da escama intermediária (DE ponto T-292), na região de charneira Braquissinforma da Limeira, onde a envoltória de S2c apresenta mergulho suave. Neste local ocorrem dobras da fase D3 definidas pela foliação S2c.................................................................................................................................... 65 Figura 3.14 - Foto em detalhe de afloramento de quartzito com intercalação de mica xisto da escama intermediária (DE ponto T-292) na qual pode ser visto a zona de charneira de uma dobra D3, definida pela foliação S2c. ................................................................................................ 65 Figura 3.15 - Afloramento de mica xisto da escama intermediária (DE ponto T-304) marcado por uma dobra mesoscópica da fase D3 definida pela xistosidade S2c. .............................................. 65 Figura 3.16 - Exemplo de dobra da fase D4 em escala mesoscópica, de afloramento de quartzo- musco-vita xisto (escama inferior DE, ponto S-60). A dobra é definida pela foliação S2c que é marcada pelo bandamento composicional e por xistosidade.. ..................................................... 67 Figura 3.17 - Exemplo de dobra D4 em escala mesoscópica em quartzitos da escama intermediária (DE ponto CA-30). As dobras D4 são apertadas, com plano axial sub-horizontal, sendo marcadas pela foliação S2c ................................................................................................................ 67 Figura 3.18 - Estereogramas dos eixos das dobras D4 (a) e da lineação de interseção entre S2c e S4 (b)............................................................................................................................................................ 67 Figura 3.19 - Estereograma da foliação S4 para toda a área estudada................................................... 68 Figura 3.20 - Fotomicrografia de quartzo xisto da escama intermediária (DE ponto T-95). Ocorre um bandamento composicional marcado pela intercalação de bandas quartzosas e micáceas, paralela ao qual ocorre uma xistosidade definida pela orientação preferencial de muscovita (S2c). Também é possível diferenciar a clivagem S4 que é paralela ao plano axial das microdobras. ......................................................................................................................................... 69 Figura 3.21 - Fotomicrografia de muscovita xisto da escama intermediária (DE ponto T-100) onde são observadas duas foliações. A primeira (S2c) é marcada pela orientação preferencial de palhetas de muscovita, grafita e opacos. A segunda (S4) é reconhecida pela reorientação de muscovita e opacos para planos paralelos ao plano axial das crenulações, tornando-se mais destacada por zonas ricas em opacos produzidos por processos de dissolução por pressão. .. 69 Figura 3.22 - Fotomicrografia de quartzo xisto da escama intermediária (DE ponto CA-25), onde é possível observar o bandamento composicional definido pela intercalação de bandas quartzosas e micáceas. Paralelo a uma xistosidade definida pela orientação preferencial de muscovita e opacos, estas duas foliações marcam a S2c (S0//S2). Também ocorre uma foliação marcada pela orientação preferencial de quartzo, associada à fase D4 (S4). .............................. 69 Figura 3.23 - Fotomicrografia de quartzito (DS, ponto S-159) onde a foliação S4 é marcada por uma matriz fina de mica branca e quartzo e pelo alongamento de clastos de quartzo, devido aos processos de dislocation creep e dissolução por pressão. .............................................................. 70 Figura 3.24 - (a) Esquema apresentando o padrão de desenvolvimento da clivagem de crenulação S4, em relação a uma camada centimétrica de quartzito. (b) Fotomicrografias apresentado situações de desenvolvimento da crenulação S4 em rochas similares às mostradas em (a)...... 71 Figura 3.26 - Afloramento de granada-mica xisto escama 1 (DW ponto T193), em corte orientado paralelo a lineação de estiramento da fase D4. Ocorrem porfiroblastos de granada com - xix - sombras de pressão assimétricas e vênulas de quartzo de forma sigmoidal, que indicam sentido de transporte de topo para SE. ............................................................................................. 73 Figura 3.27 - Foto em detalhe de afloramento de gnaisse do escama 2 (DW ponto T-224), na qual destacam-se porfiroclastos de feldspatos, alguns apresentando franjas de recristalização assi- métricas, a maioria indicando sentido de transporte de topo para SE. ........................................ 73 Figura 3.28 - Afloramento de granada-mica xistos escama 1 (DW ponto T-194) apresentando a xistosidade S4 bem marcada em torno da segregações de quartzo, que (na parte central da foto) apresenta forma sigmoidal, cuja assimetria indica um transporte de topo para SE.......... 73 Figura 3.29 - Fina camada de mica xisto boudinada em quartzito micáceo na escama 2 (DW ponto G-81), a foliação oblíqua interna dos boudins indicam transporte de topo para SE................... 74 Figura 3.30 - Fotomicrografia de granada quartzito, escama intermediária (DE, ponto CA16), apresentando matriz quartzosa, na qual ocorrem porfiroblastos de granada, cuja assimetria das suas sombras de pressão indicam sentido de transporte de topo em direção a sudeste..... 74 Figura 3.31 - Fotomicrografia de quartzito da escama intermediária (DE, ponto T-100). Apresenta uma trama de quartzo recristalizada oblíqua à xistosidade S4. Também reconhece-se porfiroclastos de muscovita com arranjos em forma de peixe (mica fish). Ambas as estruturas indicam sentido de transporte tectônico de topo para sudeste. .................................................... 74 Figura 3.32 - Fotomicrografia de quartzito da escama intermediária (DE, ponto W117). Apresenta uma trama de quartzo recristalizada na qual identifica-se agregados de muscovita e cloritóide em arranjos sigmoidais que indicam sentido de transporte tectônico de topo para sudeste. ... 75 Figura 3.32 - Afloramento de filito (Grupo Bambuí, ponto W-241), apresentando crenulações relacionadas à fase D5, são suaves sem foliação plano axial relacionada, o eixo apresenta mergulhos suaves em direção a SE (S50E/07). O plano axial da foliação das crenulações é orientado em N50W/90. ..................................................................................................................... 75 Figura 3.33 - Estereogramas de elementos estruturais relacionados à fase D5 para toda a área estudada. (a) plano axial das crenulações D5 (isolinhas de 2, 4 e 6%). (b) eixo das crenulações D5 (isolinhas de 3, 5, 7 e 9%)............................................................................................................... 76 Figura 3.34 - Afloramento de quartzo xisto da escama 2 (DW ponto G81), onde observa-se uma dobra aberta e normal da fase D5. Esta dobra uma dobra apertada da fase D4, formando um padrão de interferência do tipo laço.................................................................................................. 77 Figura 3.35 - Afloramento de quartzito bandado do domínio sul (ponto W212), apresentando uma dobra recumbente da fase D4 redobrada por uma dobra aberta e inclinada da fase D5, formando um padrão de interferência do tipo laço. É observada uma clivagem de crenulação plano axial (S5). .................................................................................................................................... 77 Figura 3.36 - Exemplo de dobra da fase D4 de escala mesoscópica, de afloramento de quartzo xisto (escama intermediária DE, ponto G-105). Nesta foto é possível visualizar um bandamento composicional (S0) paralelo a uma xistosidade (S2c). Observa-se uma clivagem de crenulação (S4) em posição plano axial que, por sua vez é afetada, por dobras abertas relacionadas à fase D5. .......................................................................................................................................................... 77 Figura 3.37 - Afloramento de granada-muscovita xisto da escama intermediária (DE ponto G-119), apresentando clivagem de crenulações relacionadas à fase D5. A foliação S3 apresenta mergulhos suaves sendo transpostas em alguns planos paralelos a S4. ...................................... 78 Figura 3.38 - Composição colorida de imagem de satélite (LANSAT TM) bandas 3, 4 e 7, de parte da área estudada onde são delimitadas as zonas de cisalhamento transcorrentes da fase D5.. 80 Figura 3.39 (a) Mapa geológico-estrutural da parte noroeste da área estudada modificado de Luvizotto (2000). (b) Perfil A-B construído a partir dos dados constantes no mapa geológico da parte noroeste da área estudada, modificado de Luvizotto (2000). ......................................... 82 Figura 3.40 - Estereogramas de S2c (a) e S4 (b) para a região noroeste da área estudada que apresenta forte influência da ZC Alto Araguari. ............................................................................. 83 - xx - Figura 3.41 - Bloco diagrama da região afetada pela Zona de Cisalhamento Alto Araguari. Nele encontra-se ilustrado esquematicamente o comportamento de S2ce S3 em relação a zona de cisalhamento. ........................................................................................................................................ 83 Figura 3.42 - Afloramento com intercalação de quartzito e mica xisto da escama intermediária (DE ponto T-295). Apresenta dobras abertas e inclinadas relacionadas à fase D6.............................. 84 Figura 3.43 - Afloramento de granada-grafita xisto da escama intermediária (DE ponto CA60), apresentando crenulações abertas e inclinadas relacionadas à fase D6........................................ 84 Figura 3.44 - Estereogramas dos elementos estruturais relacionados a fase D6. Em (a) eixo e em (b) plano axiais das dobras e crenulações. .............................................................................................. 85 Figura 3.46 - Blocos diagramas esquemáticos apresentados à evolução das estruturas na região de Tapira. .................................................................................................................................................... 87 Figura 4.1 - Mapa de minerais índices e associações minerais diagnósticas relacionados ao metamorfismo principal...................................................................................................................... 94 Figura 4.2 - Comparação entre a textura e granulação das rochas de diferentes escamas. .......... 96, 97 Figura 4.3 (a) Fotomicrografia de metarenito micáceo da zona da clorita (DS ponto S159), possui uma matriz fina de quartzo e mica branca que envolve clastos de quartzo, com forma sedimentar preservada. (b) Fotomicrografia de mica xisto (escama inferior [DE], ponto G29) na qual é evidenciado um bandamento composicional dado pela alternância de bandas micáceas e quartzosas. (c) Fotomicrografia de quartzo-muscovita xisto da parte sul da área estudada (escama inferior [DE], ponto S76), no qual ocorre quartzo, muscovita, opacos e clorita e por porfiroclastos de plagioclásio, que ocorre preferencialmente nos domínios micáceos. (d) Fotomicrografia da matriz de clorita-muscovita xisto da parte sul da área estudada (escama inferior [DE], ponto S73) composta por clorita, muscovita, quartzo e plagioclásio (d1 polarizadores paralelos e d2 cruzados). (e) Fotomicrografia de clorita- moscovita xisto (escama inferior [DE], ponto S71) onde ocorre um porfiroclasto de plagioclásio, apresentando forma arredondada e inclusões desordenadas............................... 100 Figura 4.4 - Diagrama triangular para classificação de feldspatos, onde estão plotadas análises de plagioclásio das amostras situadas na zona da clorita (fácies xisto verde). ............................... 100 Figura 4.5 – (a-b) Fotomicrografias de quartzo-muscovita xisto da zona da clorita (escama inferior [DE], ponto W79), apresentando a associação mica branca, quartzo, clorita, cloritóide, grafita (matéria carbonosa) e granada. (c) Perfil composicional de granada dessa amostra. .............. 102 Figura 4.6 (a) Aspecto de granada-mica xisto (unidade EIn5 [DE], ponto T250). Apresenta matriz com textura granolepidoblástica e porfiroblastos de granada. (b) Fotomicrografia de granada- mica xisto (unidade EIn5 [DE], ponto CA53), exibindo um porfiroblasto de granada, com inclusões orientadas de opacos definindo uma foliação interna. O porfiroblasto está circundado por uma matriz composta por muscovita, biotita e quartzo. (c) Fotomicrografia de granada-mica xisto (unidade EIn5 [DE], ponto CA53), marcada por uma matriz composta por muscovita e opacos circundado porfiroblastos de albita, que possuem trilhas de inclusões de opacos, definindo uma foliação interna. (d) Fotomicrografia de granada-mica xisto (unidade EIn5 [DE], ponto CA53), na qual ocorre uma matriz composta por quartzo e muscovita, também ocorrem porfiroblastos de biotita. (e) Aspecto de afloramento de cloritóide-granada- grafita-mica xisto (unidade EIn4 ponto T144), onde se observa um bandamento milimétrico marcado por camadas quartzosas e grafitosas. (f) Fotomicrografia de granada-grafita-mica xisto marcado por uma textura granolepidoblástica porfiroblástica composta por muscovita, quartzo, clorita e grafita, exibindo porfiroblasto de cloritóide de aproximadamente 1 cm com inclusões de quartzo, ilmenita, grafita e mica branca. .................................................................. 103 Figura 4.7 (a) Afloramento de granada quartzito, onde se observa porfiroblastos de granada, dispersos na matriz quartzosa. (b) Fotomicrografia de granada quartzito, apresentando porfiroblasto de granada com forma esqueletal. ........................................................................... 104 Figura 4.8 - Perfis composicionais de granadas da fácies xisto verde zona da granada, em (a) granada do ponto CA-62 (DE), em (b) granada do ponto T-255. ................................................ 106 - xxi - Figura 4.9 - Diagrama triangular para classificação de feldspatos, onde estão plotadas 18 análises realizadas em diversas amostras situadas na zona da granada - fácies xisto verde. Os dados numéricos são apresentados no Anexo 5. ....................................................................................... 107 Figura 4.10 - Fotomicrografia de granada-quartzo-mica xisto da escama superior (DE, ponto T-127). Apresenta textura granolepidoblástica porfirítica......................................................................... 109 Figura 4.11 - Fotomicrografia de granada-mica xisto da escama superior (DE, ponto T-176). ........ 109 Figura 4.12 - Fotomicrografia de granada-mica xisto da escama 2 (DW, ponto G583) ..................... 109 Figura 4.13 - Fotomicrografia de granada-mica xisto da escama 2 (DW, ponto G583). .................... 110 Figura 4.14 - Fotomicrografia de horblenda-granada-mica xisto escama 2 (DW, ponto T191)........ 110 Figura 4.15 - Fotomicrografia mostrando em detalhe a relação textural entre granada, muscovita, plagioclásio, clorita, biotita, quartzo e hornblenda, em amostra de hornblenda-granada-mica xisto (DW, ponto T191)...................................................................................................................... 110 Figura 4.16 - Perfil composicionais de granadas das rochas situadas na fácies anfibolito em (a) amostra T44, proveniente da escama superior (DE). (b) amostra T582, da escama 2 (DW). ... 112 Figura 4.17 - Análises de química mineral em granada da fácies anfibolito (ponto T-191) dispostos em perfil............................................................................................................................................... 113 Figura 4.18 - Diagrama triangular para classificação de feldspatos, onde estão plotadas os grãos analisados para as amostras aos granada-mica xistos da fácies anfibolito. .............................. 114 Figura 4.19 - Fotomicrografias apresentando plagioclásios zonados, presentes em algumas amostras da escama superior (DE). ................................................................................................. 115 Figura 4.20 - Diagrama de classificação de anfibólios (Leake et al. 1997) onde estão plotadas as análises de química mineral realizados em anfibólios associados a hornblenda-granada-mica xistos da escama 2 (DW, pontos G83 e T191). ................................................................................ 116 Figura 4.26 - (a) Fotomicrografia de granada-mica xisto (ponto T176, escama superior [DE]) apresentando porfiroblasto de granada parcialmente transformado para clorita, que se dá preferencialmente ao longo de bordas e fraturas da granada. (b) Fotomicrografia de granada mica xisto (ponto CA-53, escama intermediária [DE]), ilustrando a transformação de biotita para clorita. (c) Fotomicrografia de gnaisse (ponto T224, escama 2 [DW]) na qual podem ser observados diversos cristais de plagioclásio intensamente saussuritizados, envoltos por uma matriz quartzosa. (d) Fotomicrografia de hornblenda-granada-mica xisto da escama 2 (DW, ponto T191) onde é ilustrada a ocorrência de duas fases de plagioclásio, a primeira relacionada ao metamorfismo principal e a segunda ao retrometamorfismo D4. (e) Fotomicrografia de grafita-quartzo-mica xisto da escama 1 (DW, ponto 203), na qual ocorre um porfiroblasto de cloritóide parcialmente transformado para clorita, muscovita e quartzo.(f) Fotomicrografia de quartzo-mica xisto da escama intermediária (DE, ponto T99) no qual ocorre agregados de muscovita envolvendo núcleos de cianita......................................... 121 Figura 4.28 - Grade petrogenética baseadas em reações calibradas empírica ou experimentalmente, na qual estão plotadas os campos de estabilidade das associações minerais identificadas na área estudada...................................................................................................................................... 124 Figura 4.29 - Grade P-T proposto por Spear & Cheney (1989), no qual são traçados contornos de Fe/(Fe + Mg) em granadas em função da pressão e da temperatura. ........................................ 126 Figura 4.30 – Mapa Geológico simplificado, no qual estão plotados os pontos nos quais foram estimadas as condições de pressão e temperatura......................................................................... 128 Figura 4.31 - Coluna estratigráfica apresentando a distribuição das amostras e as estimativas de pressão e temperatura. ...................................................................................................................... 129 Figura 4.32 - Exemplo do método utilizado para o cálculo das condições de P-T utilizando-se a amostra G107. ..................................................................................................................................... 136 Figura 4.33 - Diagrama P-T onde estão plotadas as condições de pressão e temperatura estimadas com base em observações petrográficas, grade petrogenética, THERMOCALC e geotermobarometria convencional .................................................................................................. 142 - xxii - Figura 4.34 - Exemplos de porfiroblastos com trilhas de inclusão, que são orientadas definindo uma foliação interna, que apresenta um padrão reto no centro, passando a suavemente ondulado nas bordas. .................................................................................................................................. 145, 146 Figura 4.35 - Aspecto em lâmina de granada-mica xisto (DE ponto CA53), onde pode ser observada uma xistosidade contínua em posição íngreme. Esta xistosidade é afetada por uma deformação que gera dobras com plano axial em baixo ângulo.................................................. 148 Figura 4.36 - Aspecto em lâmina de granada-mica xisto (DE ponto T625), apresenta a clivagem de crenulação (S2) em alto ângulo, cortada por outra clivagem de crenulação em baixo ângulo (S4)........................................................................................................................................................ 149 Figura 4.37 - Diagramas nos quais são listados os principais minerais metamórficos é a sua relação com as fases de deformação identificadas. ..................................................................................... 151 Figura 4.38 - Gráficos composicionais de granada com os contornos de Xpiropo e Xgrossulária segundo Spear (1995)......................................................................................................................... 153 Figura 4.39 - Ilustração de possíveis trajetórias PTt para as rochas da região de Tapira.................. 154 Figura 5.1 - Mapa Geológico simplificado da região de Tapira, no qual estão plotados os pontos onde foram realizadas análises geogronológicas pelo método Sm/Nd. .................................... 157 Figura 5.2 – Histograma para os valores de idade modelo das amostras das várias escamas identificadas na região de Tapira..................................................................................................... 163 Figura 5.3 – Característica isotópicas de Nd das a,ostras das várias escamas identificadas na região de Tapira.............................................................................................................................................. 163 Figura 5.4 - Diagrama isocrônico Sm-Nd para a amostra T127 situada na escama superior (DE).. 166 Figura 5.5 - Diagramas isocrônicos Sm-Nd para rocha total (RT) e granada (GR), das amostras CS3 ([a] escama intermediária, DE) e W79 ([b] escama inferior DE). ................................................. 166 Figura 6.1 - Mapas de Localização Geográfica e Geológico da Braquisinformal do Campo Alegre na região de Tapira, MG......................................................................................................................... 172 Figura 6.2 - Mapa geológico do deposito de ouro da Fazenda da Divisa e entorno. ........................ 174 Figura 6.3 - Comportamento das rochas encaixantes da mineralização aurífera da Fazenda da Divisa, em sub-superfície, reconstituídas através de furos de sonda (Segundo DOCEGEO 1996). .................................................................................................................................................... 175 Figura 6.4 - (a) Foto de afloramento de clorita-muscovita-quartzo xistos mostrando segregações lenticulares de quartzo sub-paralelos a deformação principal da rocha S4. (b) Foto de afloramento de clorita-muscovita-quartzo xistos onde é possível reconhecer veios de quartzo milimétricos, que em alguns locais definem dobras intrafoliais, cujo plano axial é marcado pela foliação S4. (c-d) Fotomicrografia apresentando o aspecto geral do clorita-muscovita- quartzo xistos. (e) Fotomicrografia de clorita-muscovita-quartzo xistos fora da área mineralizada. (f) Fotomicrografia de clorita-muscovita-quartzo xistos na área mineralizada. .............................................................................................................................................................. 177 Figura 6.5 - (a) Fotomicrografia de veios de calcita dispostos sub-paralelos ou perpendiculares à foliação S5 em quartzo-muscovita-clorita xistos. (b) Fotomicrografia de associação entre calcita, quartzo e pirita em quartzo-muscovita-clorita xisto. (c) Fotomicrografia de quartzo- muscovita-clorita xisto apresentando cristais de pirita sub-paralelos à foliação S4 em quartzo- muscovita-clorita xistos. (d) Fotomicrografia apresentando aspecto detalhado de pirita substituindo o rutilo em quartzo-clorita-muscovita xistos. (e) Fotomicrografia de quartzo- muscovita-clorita xisto apresentando porfiroblastos de pirita com franjas de pressão de quartzo nas bordas. (f) Fotomicrografia de quartzo-muscovita-clorita xisto apresentando porfiroblastos de pirita sub-paralelos à veios de calcita. .............................................................. 178 Figura 6.6 - Relação entre a mineralogia e às fases de deformação na área da Fazenda da Divisa.180 Figura 6.7 -- Perfis com análise descritiva dos testemunhos de sondagem realizados pela DOCEGEO (1996)............................................................................................................................... 181 - xxiii - INDICE DE TABELAS Tabela 2.1 – Principais características petrográficas das rochas do Domínio Oeste. Entre parênteses estão os minerais acessórios. ........................................................................... 15 Tabela 2.2 – Principais características petrográficas das rochas do Domínio Leste. Os minerais entre parênteses são acessórios. .......................................................................... 22 Tabela 2.3 – Principais características petrográficas das rochas do Domínio Sul. Os minerais entre parênteses são acessórios. .......................................................................... 35 Tabela 3.1 - Correlação e características das fases de deformação nos segmentos de Passos, Araxá e Tapira na porção meridional da Faixa Brasília. .................................................. 89 Tabela 4.1 - Lista de abreviações................................................................................................. 93 Tabela 4.2 – Distribuição dos minerais metamórficos através das zonas minerais. Os dados numéricos referem-se a valores de razões químicas obtidas através de química mineral. ................................................................................................................................... 98 Tabela 4.3 – Estimativas de P-T obtidas através do THERMOCALC para a amostra T127. ................................................................................................................................................ 131 Tabela 4.4 – Estimativas de P-T obtidas através do THERMOCALC para a amostra T26. ................................................................................................................................................ 131 Tabela 4.5 – Estimativas de P-T calculados pelo THERMOCALC para a amostra G83. .. 132 Tabela 4.6 – Estimativas de P-T calculados pelo THERMOCALC para a amostra T191. .132 Tabela 5.1 - Resultados das determinações Sm-Nd obtidas no Laboratório de Geocronologia do IGC/UNB (RT = rocha total) ............................................................. 162 Tabela 5.2 - Resultados das determinações Sm-Nd obtidas no Laboratório de Geologia Isotópica do CG/UFPA (RT = rocha total; GR = granada; FEL = feldspato). ............. 162 Tabela 6.1 – Composição química dos sulfetos da amostra FD-2 ....................................... 179 1 INTRODUÇÃO A orogênese é um dos mais complexos processos tectônicos e sua compreensão tem sido um grande desafio na pesquisa geológica (Burg & Ford, 1997). Uma faixa orogênica representa o registro de certo período geológico envolvendo sedimentação, deformação, metamorfismo e magmatismo, e por isso o estudo de cinturões orogênicos é fundamental para o entendimento destes processos e sua evolução no tempo geológico. A Faixa Brasília é o produto de um complexo processo de colagem de segmentos crustais oriundos da fragmentação do Supercontinente Rodínia. A porção meridional desta faixa apresenta um complexo padrão estrutural devido a uma tectônica de empurrão vergente para leste, que promoveu a imbricação de distintos domínios litotectônicos, dispostos com orientação aproximadamente NNW, e também a zonas de cisalhamento transversais identificadas ao longo da faixa, algumas posteriores aos empurrões, outras contemporâneas, e muitas delas ainda não estudadas em suficiente detalhe para permitir uma relação temporal adequada. Em função deste padrão estrutural identifica-se uma compartimentação vertical, marcada pela imbricação de domínios litotectônicos definidos por escamas de empurrão e uma compartimentação longitudinal devida aos truncamentos causados pelas zonas de - 2 - cisalhamento transversais. Dessa forma, a estrutura linear de direção NNW da porção meridional da Faixa Brasília, oculta um verdadeiro “quebra-cabeças”, do qual muitas das peças ainda estão por ser reconhecidas e a reconstituição do quadro original está por ser adequadamente realizada. O reconhecimento das diferentes partes deste “quebra- cabeças” depende de levantamentos geológicos envolvendo geologia estrutural, petrologia metamórfica, litogeoquímica, geocronologia e principalmente, mapeamento geológico detalhado. Esta tese de doutoramento tem por objetivo reconstruir a história geológica da Faixa Brasília na região de Tapira-MG, utilizando para tal, mapeamento litoestratigráfico, estrutural e metamórfico, além de geocronologia Sm/Nd. Pretende-se também caracterizar e situar dentro da história geológica algumas localidades onde foram descritas ocorrências de ouro. 1.1 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA A área em estudo (Figura 1.1) situa-se no sudoeste do estado de Minas Gerais, na região compreendida entre as serras da Canastra a sul e da Bocaina a norte, com a cidade de Tapira aproximadamente ao centro. A principal drenagem existente na região é o rio Araguari. Em relação às cartas topográficas do IBGE ocupa partes das Folhas Araxá e Sacramento (1:100.000), Serra da Canastra, Chapadão da Zagaia e Desemboque (1:50.000). 1.2 – MÉTODOS APLICADOS a) Revisão Bibliográfica Foram realizados levantamentos bibliográficos em artigos de periódicos, livros textos, teses de doutorado, dissertações de mestrado, além de anais de congressos e simpósios científicos, enfocando a Faixa Brasília e, em especial, a área estudada. Adicionalmente foi empreendida uma atualização nos conhecimentos geológicos dos temas a serem abordados no decorrer do trabalho, tais como: metamorfismo e geotermobarometria de rochas pelíticas; geometria de isogradas; trajetórias P-T em regimes compressivos e extensionais; além de uma revisão sobre regimes deformacionais transpressivos. - 3 - Figura 1.1 - Mapa de localização e situação da área estudada. - 4 - b) Interpretação de Fotos Aéreas e Imagens de Satélite Com intuito de delimitar as principais unidades litoestratigráficas e obter um melhor aproveitamento das atividades de campo, foi empreendida uma interpretação de fotografias aéreas e imagens de satélite. Para o desenvolvimento desta atividade foram utilizadas fotografias aéreas do IBC-GERCA, do ano 1979, na escala de 1:25.000, além das fotos da Força Aérea Norte-Americana (USAF) do ano de 1967, na escala de 1:60.000. Na interpretação de imagem de satélite foi utilizada uma composição colorida das bandas 3, 4 e 7 do LANDSAT TM na escala de 1:250.000, datada de 08/1998. Adicionalmente foram utilizadas imagens digitais da série “Brasil Visto do Espaço” da EMBRAPA em várias escalas, com uma composição colorida com falsa cor das bandas espectrais 3, 4 e 5 datada de 11/06/2001. c) Trabalhos de Campo Inicialmente fez-se uma etapa de campo na qual foram reconhecidas as principais rochas e feições estruturais. Partindo-se do conhecimento obtido no reconhecimento regional e da interpretação de imagens de satélite e radar, de fotografias aéreas (Figura 1.2), foram selecionadas quatro áreas-chave para mapeamento detalhado. Duas destas foram estudadas por alunos do curso de graduação do curso de geologia do IGCE/UNESP, onde o autor do presente relatório participou como co-orientador. A primeira situa-se a oeste da área estudada (Área 1 na Figura 1.2), na região da confluência dos Ribeirão do Inferno com o Rio Araguari (Luvizotto 2000). A área 2 foi mapeada por Ferreira (2000), localiza-se na parte central da área estudada, e está compreendida entre o Chapadão da Zagaia e o Rio Araguari. A terceira situa-se no limite sudoeste da área, na borda norte da Serra da Canastra, na região da nascente do rio Araguari. Foi mapeada na dissertação de mestrado de Damásio (2002). O autor da tese tomou parte dos trabalhos de campo e das discussões para elaboração do mapa e texto. Uma quarta área foi mapeada pelo autor do presente trabalho na região da cidade de Tapira. Esta metodologia de mapeamento mostrou-se eficaz, uma vez que os dados levantados em escala de semi- detalhe tornaram os trabalhos de integração mais eficazes. Os dados obtidos nos trabalhos de detalhe foram integrados através de caminhamentos regionais, que resultaram em um mapa na escala de 1:100.000 (Anexo 1). - 5 - Figura 1.2 - Mapa de lineamentos estruturais obtidos a partir das imagens de radar onde são delimitadas as áreas mapeadas em detalhe. - 6 - d) Digitalização da Base Topográfica A base geográfica composta pelas seguintes cartas topográficas: na escala de 1:100.000 - Araxá (SE-23-Y-C-VI) e Sacramento (SE-23-Y-C-V); na escala de 1:50.000: Serra da Canastra (SF-23-V-A-III-2), Chapadão da Zagaia (SF-23-V-A-III-1) e Desemboque (SF- 23-V-A-II-2), todas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram digitalizadas através do programa Autocad versão 14 da Autodesk, e finalizadas pelo software CorelDRAW versão 8 da Corel. e) Petrografia e Microtectônica Foram confeccionadas cerca de 238 lâminas delgadas de amostras representativas das diferentes unidades estratigráficas da área de estudo, visando-se caracterizar mineralogia, grau metamórfico, relações microtectônicas e cinemática. Estas foram estudadas em microscópio petrográfico no laboratório de microscopia do Departamento de Petrologia e Metalogenia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP). f) Química Mineral Algumas das lâminas analisadas petrograficamente foram selecionadas para química mineral, estas foram polidas e metalizadas com carbono. As análises foram obtidas através da microssonda eletrônica da marca Cameca modelo SX50, do Laboratório de Microssonda do IG-UNB; e da microssonda eletrônica da marca JEOL modelo SUPERPROBE JXA-8600 do Laboratório de Microssonda do IGC-USP. Com as seguintes condições de operação: potencial de aceleração 15KV, corrente de 20nA, diâmetro do feixe de 5µ e o tempo de exposição de 10 segundos. Estes equipamentos possuem quatro espectrômetros para análise no sistema WDS (quantitativo) e um espectrômetro para análise no sistema EDS (qualitativo). A química dos minerais metamórficos foi determinada em 46 lâminas delgadas de amostras representativas das unidades identificadas na área estudada. Foi analisado um total de 623 pontos, das seguintes fases minerais: anfibólio, biotita, carbonato, clorita, cloritóide, feldspato, granada, moscovita, opacos, turmalina e sulfetos. As fórmulas estruturais destes minerais foram calculadas através dos programas MINFILE v. 5 (Afifi & Essene 1988), MINPET v. 2.02 (Richard, 1995) e THERMOCALC (Powell & Holland 1994). - 7 - g) Geocronologia Sm/Nd O método geocronológico Sm/Nd foi utilizado com o objetivo de individualizar e correlacionar as unidades caracterizadas na área estudada, com as unidades consagradas da Faixa Brasília. Para tal utilizou-se as idades modelo Sm-Nd. Adicionalmente também foi analisada a idade do metamorfismo dos compartimentos individualizados, através de isócronas internas (rocha total, granada e feldspato). Para o estudo geocronológico Sm/Nd foram selecionadas 10 amostras de várias escamas tectônicas. No domínio leste foram selecionadas rochas da escama 1. No domínio oeste foram selecionadas amostras das escamas inferior, intermediária e superior. Foram separadas exclusivamente amostras que apresentassem assembléias mineras com granada, com vista a caracterização da idade do metamorfismo. h) Confecção da Tese Os dados obtidos foram tratados e interpretações, sendo os resultados apresentados no presente volume. Os seis capítulos são apresentados sob a forma de trabalhos expandidos, que após a defesa da tese serão aperfeiçoados e submetidos à publicação em periódicos especializados. - 8 - 2 GEOLOGIA DA ÁREA 2.1 - INTRODUÇÃO Embora o conhecimento geológico da porção meridional da Faixa Brasília tenha sofrido um grande avanço nos últimos 20 anos, com contribuições nas mais diversas áreas do conhecimento geológico, como por exemplo os trabalhos de Heilbron et al. (1987); Simões et al. (1988); Simões & Valeriano (1990); Schrank & Abreu (1990); Pimentel et al. (1991, 1992, 1996, 1999, 2001); Valeriano (1992, 1999); Zanardo (1992); Pereira (1992); Morales (1993); Simões (1995); Valeriano et al. (1995, 2000); Zanardo et al. (1996); Freitas- Silva (1996); Simões & Navarro (1996, 1997); Seer (1999); Seer et al. (2001), algumas áreas permanecem carentes de detalhamento geológico. Um destes segmentos é o trecho situado entre as Serras da Bocaina e da Canastra, que inclui a cidade de Tapira. As rochas desta região têm sido atribuídas à zona externa da Faixa Brasília, correspondendo à área tipo do Grupo Canastra, definido por Barbosa (1955). O primeiro mapa geológico da região na escala de 1:250.000, foi elaborado por Barbosa et al. (1970), que estudaram o triângulo mineiro e o sudeste de Goiás. Os contornos geológicos definidos pelos referidos autores foram em linhas gerais mantidos no mapa geológico do estado de Minas Gerais elaborado por Pedrosa Soares et al. (1994); e também no mapeamento geológico na escala de 1:100.000 realizado por Seer (1999). - 9 - Este trabalho apresenta os resultados obtidos no mapeamento geológico da área situada entre as Serras da Bocaina e da Canastra que engloba a cidade de Tapira, no sudoeste de Minas Gerais. Foi realizado com o objetivo de elucidar as relações tectono- estratigráficas das seqüências metassedimentares consideradas como parte do Grupo Canastra (Barbosa et al. 1970; Pedrosa Soares et al. 1994; Seer, 1999). 2.2 - SITUAÇÃO GEOLÓGICA A área estudada situa-se na Faixa Brasília um orógeno colisional produto da interação entre os crátons Amazônico, São Francisco-Congo, e Paraná (Figura 2.1a, Brito Neves & Cordani 1991, Valeriano 1999). Estende-se por mais de 1000 km com direção aproximadamente N-S, ocupando a margem ocidental do Cráton do São Francisco. Observa-se uma progressiva variação nos padrões estrutural e metamórfico, nas unidades litológicas da Faixa Brasília que são progressivamente mais deformadas e metamórficas em direção a oeste. O grau metamórfico varia de incipiente no domínio cratônico a fácies anfibolito na parte oeste, chegando a granulito em algumas porções. A evolução da deformação e do grau metamórfico reflete uma clara vergência da Faixa Brasília em direção ao cráton do São Francisco que levou à proposição de uma compartimentação (Dardenne 1978, 2000, Simões & Valeriano 1990, Fuck 1994, Valeriano 1999 Figura 2.1b): - Zona Externa, composta de unidades metassedimentares (grupos Paranoá, Canastra, Ibiá e Vazante) e porções do seu embasamento. O metamorfismo é de fácies xisto verde. Predominam as fácies sedimentares correspondentes à margem passiva; - Zona Interna, constituída por sucessões metassedimentares e metavulca- nossedimentares incluindo fácies de plataforma distal (predominância de pelitos), de talude e elevação continental (Grupo Araxá), inclui rochas metaultramáficas interpretadas como restos de assoalho oceânico, como por exemplo nas regiões de Abadia dos Dourados (Brod et al. 1991), Abadiânia (Strieder & Nilson 1992), e Araxá (Seer et al. 2001). O metamorfismo é de fácies xisto verde superior, normalmente atinge a fácies anfibolito, chegando a granulito; os padrões deformacionais são relativamente mais complexos que a zona externa; - 10 - Figura 2.1 - (a) Situação da área estudada em relação a província Tocantins. (b) Esboço geológico da parte sul da Faixa Brasília - 11 - - Maciço Goiano é um fragmento continental formado por terrenos granito- greenstone arqueanos e terrenos ortognáissicos paleoproterozóicos recobertos pelo Grupo Serra da Mesa e pelo manto alóctone de metassedimentos atribuídos ao Grupo Araxá (Fuck 1994). A eles se justapõem as seqüências vulcano-sedimentares de Juscelândia, Coitezeiro e Palmeiropólis adjacentes aos complexos máfico-ultramáficos Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava. - Arco magmático de Goiás, definido por Pimentel & Fuck (1992) abrange os terrenos ortognáissicos e as sequências vulcano-sedimentares Neoproterozóicas expostas entre Sanclerlândia e Bom Jardim de Goiás, de onde se estendem para norte, pelo menos até Mara Rosa e Porangatu. É o testemunho da fase pré-colisional, em que o consumo de litosfera oceânica gerou magmatismo juvenil e híbrido. Aproximadamente na latitude 16°S ocorre um importante lineamento de direção definido pela inflexão das estruturas da Faixa Brasília de WNW para ESE. Este lineamento, denominado Megainflexão dos Pirineus, permite dividir a Faixa Brasília em dois segmentos: Meridional e Setentrional, onde ambos têm uma evolução tectônica similar, porém apresentam características singulares (Strieder 1993; Dardenne 2000). Segundo Dardenne (2000), no segmento Setentrional a maior parte das unidades sedimentares foi metamorfizada em fácies xisto-verde inferior, assim as relações estratigráficas não foram alteradas, permitindo a reconstrução da paleogeografia e do ambiente de sedimentação. A deformação se restringe a grandes falhas transcorrentes e de cavalgamento que afetam o embasamento e mais localizadamente a cobertura sedimentar. Esta característica se deve ao posicionamento de um bloco granítico-gnaissico em um nível crustral superior, que atuou como um bloco rígido durante a inversão da bacia. A área de estudo situa-se no segmento Meridional da Faixa Brasília onde a deformação e o metamorfismo foram mais intensos, obliterando as relações estratigráficas entre as várias unidades, estas foram envolvidas em complexo sistema de nappes e empurrões com vergência para o cráton. Os contatos entre as unidades geralmente são marcados por falhas de empurrão (Simões & Valeriano 1990; Simões 1995; Valeriano 1999; Dardenne 2000). - 12 - 2.3 - COMPARTIMENTAÇÃO TECTÔNICA DA ÁREA A área em estudo é afetada por falhamentos de diferentes estilos e idades, que justapõem rochas de várias origens e padrões metamórficos, o que conduz a proposição de uma compartimentação em domínios estruturais, para facilitar a descrição da distribuição e de aspectos litológicos, estruturais e metamórficos destes domínios. Foram reconhecidos quatro domínios estruturais separados por zonas de cisalhamento, conforme apresenta o encarte na Figura 2.2 . O domínio norte (DN) é separado dos domínios oeste e leste por zona de cisalhamento transcorrente com direção WNW, e sentido de cisalhamento sinistral, denominada por Simões & Navarro (1997) de Zona de Cisalhamento da Bocaina (ZC Bocaina). É marcado por uma seqüência psamo-pelítica, que em sua porção superior exibe uma predominância de quartzitos. O DN foi enfocado por Simões & Navarro (1996) e Seer (1999), e não será detalhado no presente trabalho. O domínio oeste (DW) é marcado por uma predominância de xistos e quartzitos e contribuições de rochas metamáficas, metaultramáficas e gnáissicas, as quais estão recobertas pelas rochas da bacia do Paraná. Este domínio foi inicialmente reconhecido por Barbosa et al. (1970) e posteriormente por Seer (1999), ambos os trabalhos atribuíram as rochas do domínio ao Grupo Araxá e as descreveram de maneira breve considerando-as indivisas. O limite leste deste domínio é marcado por uma falha transcorrente sinistral, ora denominada Zona de Cisalhamento do Alto Araguari (ZC Alto Araguari), com direção NW e mergulho sub-vertical. A leste da ZC Alto Araguari ocorre o domínio leste (DE) onde foi identificado um conjunto de três escamas imbricadas tectonicamente por falhas de empurrão. As rochas destas escamas estão dispostas em sinformas e antiformas, e sobrepõem, também por falha de empurrão, as rochas do Grupo Bambuí autóctone. Litologicamente predominam xistos, com intercalações de quartzitos, quartzo xistos e rochas metaultramáficas. As rochas deste domínio são separadas das rochas do domínio sul por uma falha transcorrente sinistral, denominada Zona de Cisalhamento da Canastra (ZC Canastra), que tem direção E-W e mergulho vertical. O domínio sul (DS) é marcado por uma predominância de rochas metapsamíticas com feições sedimentares preservadas. Estas rochas definem o alto topográfico marcado pela Serra da Canastra. - 13 - Figura 2.2 - Mapa geológico simplificado da região de Tapira - MG - 14 - Baseado nas características litológicas e/ou metamórficas a área estudada foi subdivida em 23 unidades separadas por suas características litológicas e/ou metamórfica (Figura 2.2, ver também Anexo 1). Dentre as rochas estudadas predominam metapelitos com contribuições de metapsamitos, além de rochas metamáficas, metaultramáficas e gnaisses. Nos domínios leste e oeste é possível reconhecer um empilhamento que pode representar a seqüência estratigráfica original em posição normal ou invertida. No entanto, como a deformação mais proeminente é um cisalhamento não coaxial, que muitas vezes é sub-paralelo ao plano de acamamento, é possível que esta situação seja uma falsa estratigrafia. As espessuras das unidades foram calculadas a partir de perfis perpendiculares a direção dos contatos litológicos. As espessuras calculadas têm o seu valor aparentemente superestimado. Isto se deve a efeitos de dobramento que faz com que planos verticais registrem espessuras aparentes. 2.3.1 - Domínio Oeste (DW) O mapeamento geológico deste domínio permite individualizar duas escamas tectônicas separadas por falha. Entre ambas são notadas diferenças quanto ao aspecto litológico, já que a escama 1 apresenta um predomínio de rochas pelítico-grafitosas com intercalações de rochas psamíticas, enquanto na escama 2 ocorre um predomínio de rochas pelíticas com intercalações de rochas psamíticas, máficas e ultramáficas além de gnaisses. Também foi observada diferença no padrão metamórfico, visto que na escama 1 o metamorfismo é fácies xisto verde alto e na escama 2 é de fácies anfibolito. Interpreta-se que as rochas da escama 1 estão sobrepostas pelas rochas da escama 2 e que a falha que divide as duas escamas é uma falha de empurrão. Tal interpretação advém da correlação com o DE, já que este domínio apresenta um padrão estrutural similar ao DW. No DE as rochas situadas em fácies metamórficas mais elevadas sobrepõem às de fácies metamórficos menos elevadas e são separadas por falhas de empurrão que apresentam mergulho íngreme devido a dobramento posterior ao seu estabelecimento. As principais características das unidades descritas no DW são sintetizadas na coluna estratigráfica da Figura 2.3, e suas características petrográficas são ilustradas na Tabela 2.1. - 15 - Figura 2.3 - Coluna estratigráfica do domínio Leste. Tabela 2.1 – Principais características petrográficas das rochas do Domínio Oeste. Entre parênteses estão os minerais acessórios. Unidade Litotipo Textura Mineralogia Granulação(mm) W2-3 Gnaisse Granoblástica a granolepidoblástica Quartzo, plagioclásio, k-feldspato, muscovita, biotita, (apatita, zircão, rutilo, titanita e turmalina). 0,2 a 2 W2-2 Quartzo xistos e quartzitos Granolepidoblástica Quartzo, muscovita, biotita, granada, oligoclásio (turmalina e opacos). 0,5 a 2 Granada-mica xisto Granolepidoblástica a granoblástica Muscovita, biotita, quartzo, grafita, granada e oligoclásio (turmalina, opacos e zircão). 0,3 a 2 Hornblenda- granada-mica xistos Granolepidoblástica com porfiroblastos de granada Muscovita, granada, biotita, quartzo, hornblenda, oligo-clásio, clorita e epidoto (turmalina, rutilo e opacos) 0,2 a 2 W2-1 Anfibolitos Nematoblástica Hornblenda, plagioclásio, biotita, epidoto e rutilo 0,1 a 1 Talco xistos Lepidoblástica Talco e mica branca (opacos e rutilo) 0,1 a 1 tremolita xistos e tremolita–diopsídio xisto Lepidoblástica a granolepidoblástica Tremolita, diopsídio, talco, clorita, magnetita, rutilo e carbonato. 0,2 a 2 Serpentinitos Lepidoblástica Serpentina, talco, clorita e opacos. 0,2 a 1 W1-1 Granada-muscovita xisto Granolepidoblástica com porfiroblastos de granada Muscovita, biotita, quartzo, grafita, granada, cloritóide, cianita e albita (turmalina e zircão). 0,1 a 0,8 - 16 - Na escama 1 identificou-se apenas uma unidade (W1-1) representada por granada- muscovita xisto (Figura 2.4), que em algumas porções é grafitoso. Apresenta bandamento centimétrico e vênulas de quartzo concordantes. Ocorrem porfiroblastos de cloritóide, albita e principalmente granada (Figura 2.5). Intercalações de camadas centimétricas a métricas de quartzitos micáceos são observadas com freqüência (Figura 2.6). Na escama 2 foram reconhecidas três unidades, a basal (unidade W2-1) é composta basicamente por granada-mica xistos com freqüentes intercalações centimétricas a métricas de quartzitos, hornblenda-granada-mica xistos, rochas metamáficas e metaultramáficas. Os granada-mica xistos têm granulação grossa, sua principal característica é a presença de porfiroblastos de granada e feldspato que podem atingir 1,5 cm. Esta característica, além do fato de não apresentar grafita, a diferem das rochas da unidade W1-1. Na maioria dos afloramentos este litotipo está alterado apresentando cor rósea a amarelada, e quando menos alterado é esverdeada (Figura 2.7). As intercalações de hornblenda-granada-mica xistos têm cor cinza esverdeada (Figura 2.8), em alguns afloramentos apresenta grande resistência ao intemperismo ressaltando-se em relação à rocha encaixante (Figura 2.9). As rochas metamáficas são representadas principalmente por anfibolitos, que em geral estão muito alterados. Nos afloramentos onde ocorrem frescos são verdes a pretos, são reconhecidos porfiroblastos de anfibólio em uma matriz composta por anfibólio e epidoto. Também associada a esta unidade ocorrem intercalações métricas de rochas metaultramáficas, tais como serpentinitos, talco xisto, clorita xisto, tremolita xisto e tremolita–diopsídio xistos. Uma dessas ocorrências foi citada por Barbosa et al. (1970). Neste local encontram-se serpentinitos associados a clorita xisto, com uma matriz fina a média de cor esbranquiçada, imersa na qual ocorrem porfiroblastos de cor vermelha (Figura 2.10), que ao microscópio revelam ser clorita, pseudomorfoseando cristais de olivina ou piroxênio (Figura 2.11). Na década de 90 foi implantada uma lavra de rocha ornamental nesta ocorrência, que atualmente está abandonada. Em direção a oeste tornam-se freqüentes intercalações decimétricas a métricas de quartzito micáceo e quartzo xisto, marcando a transição para a unidade W2-2 caracterizado pelo predomínio destas rochas sobre os granada-mica xistos. As rochas desta unidade formam cristas alinhadas destacando-se no relevo (Figura 2.12). São - 17 - Figura 2.4 - Fotografia de afloramento de granada-muscovita xisto da Unidade W1-1 (Ponto T195). Figura 2.5 - Fotografia de granada-muscovita xisto (Unidade W1-1,ponto T193). Figura 2.6 - Fotografia de camadas de quartzito micáceo intercalado em granada-muscovita xisto da Unidade W1-1 (ponto G79). Figura 2.7 - Fotografia de afloramento alterado de granada-muscovita xisto da Unidade W2-1 (ponto T-192). Figura 2.8 - Fotografia de lente de hornblenda-granada-mica xisto incluso no granada-mica xisto (Unidade W2-1, ponto T-191). Figura 2.9 - Fotografia de lente de hornblenda-granada-mica xisto (Unidade W2-1, ponto T-191). - 18 - Figura 2.10 - Fotografia da rocha metaultrabásica intercalado em granada-mica xisto da Unidade W2-1. Figura 2.11 - Fotomicrografia da matriz de rocha metaultrabásica marcada pela presença de serpentina e aglomerados de clorita. Figura 2.12 - Fotografia de afloramento de quartzito micáceo (Unidade W2-2) em forma de cristas ressaltadas no relevo. Figura 2.13 - Fotografia de quartzito micáceo da Unidade W2-2, apresenta cristais de mica e turmalina de até 1cm. (Ponto G82). compostas predominantemente por quartzitos e por quartzo xistos que são esbraquiçados a esverdeados (Figura 2.13) e possuem granulação grossa. Apresentam com freqüência quartzo, muscovita e turmalina com dimensões superiores a 5 mm. Em direção ao topo da seqüência os quartzitos tornam-se progressivamente mais ricos em feldspato sugerindo uma passagem para uma sedimentação imatura, caracterizando um contato transicional para os gnaisses que compõe a unidade W2-3. Os gnaisses são róseos, cinzas ou esbraquiçados. Em muitos afloramentos é reconhecido bandamento composicional, com espessura de 10 cm a 1 metro, dado por camadas leuco e mesocráticas além de pegmatóides (Figura 2.14). A área de ocorrência dessas rochas apresenta um solo residual arenoso de coloração branca, sendo uma - 19 - característica muito útil para a cartografia geológica (Figura 2.15). Em detalhe observa-se que os gnaisses são porfiríticos, apresentam uma matriz média a grossa., com porfiroclastos de quartzo, plagioclásio e k-feldspato com mais de 1 cm (Figuras 2.16 e 2.17). Essas rochas são truncadas a oeste pela ZC Canastra. São duas as possíveis origens para estas rochas: (1) um protólito ígneo, tais como os granitos descritos a norte da área na região de Araxá por Seer (1999); (2) protólito sedimentar, tal como identificado a sul da área, na região de Passos (Simões 1995). A opção por uma das duas origens para as rochas da área estudada deve levar em conta dois aspectos: 1) existe a passagem transicional das rochas metassedimentares para os Figura 2.14 - Fotografia de afloramento de gnaisses da Unidade W2-3. Figura 2.15 - Fotografia demonstrando o aspecto do solo