identificando os sinais,identificando os sinais, acolhendo a criança eacolhendo a criança e denunciando o agressor.denunciando o agressor. Abusos e violências sexuais: Ana Magnani Elaboração: Ana Cláudia Magnani Delle Piagge, pedagoga, mestra, doutoranda em Educação, especialista em arte-educação popular, pesquisadora das temáticas ligadas as violências, crianças, escolas e culturas. Membra atuante da Bancada "Se essa rua fosse minha". Apresentação, p. 03 Processos Históricos, p. 04 Você já escutou o som ensurdecedor do silêncio?, p. 08 Identificando os sinais, p. 12 Abusos e violência sexual infantil: o que são?, p. 15 Vamos conversar agora sobre o Denunciando o agressor, p. 23 Materiais de apoio, p. 26 acolhimento, p. 18 Índice APRESENTAçÃO Essa cartilha é parte do Minicurso "Abusos e violências sexuais: identificando os sinais, acolhendo a criança e denunciando o agressor" que nasce como um primeiro fruto da minha pesquisa com crianças em uma escola periférica e de alta vulnerabilidade social, na qual pude dar escuta afetuosa-aprendente a suas histórias, seus sonhos e suas experiências vividas, e com os quais convivi nos anos de 2018 e 2019. No decorrer das escutas realizadas de forma afetuosa-aprendente, pude perceber o movimento dos corpos, os silêncios, os olhares, as reações enquanto registrava as violências que APRESENTAçÃO as crianças relatavam viver no seu dia a dia. Durante essa pesquisa, que durou dois anos, tive que desenvolver uma metodologia própria para conseguir realizar as escutas. Primeiro, tive que aprender a deixar a relação adulto- criança de lado e me colocar como uma pessoa que escuta outra pessoa, ambas em igualdade na relação. Em seguida, tive que aprender a esperar o tempo necessário ao estabelecimento da confiança mútua. Tive que me permitir ser sondada pelas crianças, analisada; que eles me conhecessem primeiro para saber se podiam confiar em mim. APRESENTAçÃO Outro aprendizado foi compreender a necessidade de sempre responder a criança e, mesmo que eu não pudesse oferecer total atenção no momento que me procurava, explicar o motivo e dizer que a procuraria assim que conseguisse. E, realmente, fazer isso! O meu retorno a criança em um momento posterior dizendo: agora posso te oferecer minha atenção total!, se provou ser uma das ações mais eficientes para o estabelecimento da confiança entre nós. Além disso, foram importantes os momentos de silêncios compartilhados, os abraços apertados, acolher os choros, simplesmente APRESENTAçÃO entender o poder da presença. De estar junto com, sem exigir da criança nada em troca. Respeitar o limite da criança, nunca forçar a continuidade do "caso", oferecer o tempo necessário aos processos e, principalmente, abrir minhas emoções e sentidos para perceber o que não era expresso por meio de palavras. Desse modo, aqui estão apresentadas mais percepções do que palavras, mais aprendizagens compartilhadas do que verdades absolutas, mais possibilidades do que certezas. APRESENTAçÃO O que ficou em mim, a partir dessa vivência com as crianças foi que eu não poderia continuar sendo a mesma, pois fui afetada profundamente pelas crianças e elas me abriram os olhos, os ouvidos e os sentidos para um novo mundo possível; um mundo no qual a confiança seja a base para as aprendizagens, o carinho seja a base para as relações e o amor seja a base para a escola que precisamos. Ana Magnani Historicamente, a Historicamente, a cultura do estuprocultura do estupro,, esse cotidiano de violências que incideesse cotidiano de violências que incide sobre os corpos femininos tem suassobre os corpos femininos tem suas raízes firmadas a muito, muito, tempo. Eraízes firmadas a muito, muito, tempo. E nos remete a um tempo, no qual, umnos remete a um tempo, no qual, um novo modelo de mundo ocidentalizado enovo modelo de mundo ocidentalizado e eurocêntrico estabelecia seu domínio.eurocêntrico estabelecia seu domínio. Um mundo dominado pelo homemUm mundo dominado pelo homem branco, cis, católico, hétero, magro ebranco, cis, católico, hétero, magro e europeu.europeu. A A cultura do estuprocultura do estupro, baseada na, baseada na violência para a submissão dos corposviolência para a submissão dos corpos femininos, envolve todo o tipo defemininos, envolve todo o tipo de violência de gênero, que produza o efeitoviolência de gênero, que produza o efeito de subjugação necessário.de subjugação necessário. Processos históricos Portanto, essa cultura tem por metaPortanto, essa cultura tem por meta a violação e a conformaçãoa violação e a conformação de toda de toda corporeidade feminina a umcorporeidade feminina a um determinado determinado modelo de feminilidademodelo de feminilidade que atenda ao projeto do patriarcado.que atenda ao projeto do patriarcado. A A cultura do estuprocultura do estupro tem por tem por finalidade a objetificação dos corposfinalidade a objetificação dos corpos visando a subjugação através davisando a subjugação através da violação, pois compreende essasviolação, pois compreende essas corporeidades como inferiores e,corporeidades como inferiores e, portanto, disponíveis a seremportanto, disponíveis a serem desfrutadas.desfrutadas. Notem, estamos falando de umaNotem, estamos falando de uma relação de poder e não de desejo. Orelação de poder e não de desejo. O abusador não tem desejo pela vítima;abusador não tem desejo pela vítima; Processos históricos ele abusa daquele corpo porqueele abusa daquele corpo porque compreende que pode, que ele tem ocompreende que pode, que ele tem o direito.direito. Por esse motivo, grande parte dosPor esse motivo, grande parte dos abusadores quando questionados, nãoabusadores quando questionados, não compreendem o que fizeram comocompreendem o que fizeram como crime.crime. Processos históricos Processos históricos Compreendemos que a cultura do estupro, que vivemos em nosso cotidiano, tem por base um processo histórico; A cultura do estupro é reflexo de um processo histórico de colonialidade, exploração, dependência, desumanização e exclusão de muitos segmentos da sociedade. Assim, devemos compreender que três aspectos possibilitaram o estabelecimento dessa cultura de abusos e estupros em nossa sociedade, a saber: o eurocentrismo, como base cultural; o colonialismo, como base institucional e o capitalismo, como base econômica. racismo; machismo, misoginia, sexismo; homofobia, transfobia; adultismo, adultocentrismo; capacitismo; classismo, xenofobia. O Colonialismo, com sua tradição patriarcal e escravocrata, vai estabelecer como ferramentas para o controle dos corpos: Processos históricos O silêncio da sociedade O silêncio da família O silêncio na escola O silêncio da criança Você já escutou o som ensurdecedor do silêncio? Será que estamos ouvindo a criança? Podemos ensinar a criança o silêncio? Silêncio e silenciamento é a mesma coisa? Para refletir: Você já escutou o som ensurdecedor do silêncio? Essa pergunta devemos nos fazer sempre, para podermos refletir acerca da diferença entre querer silenciar e ser silenciado. O silêncio é uma opção pessoal. Uma prática, muito saudável, que deve ser ensinada e encorajada desde a infância. O silêncio produz um efeito calmante no cérebro, possibilita encontrar paz na ausência das palavras, ouvir nossos pensamentos internos, perceber melhor o mundo e a nós mesmos. O silenciamento, ao contrário, é uma imposição, ela foge ao nosso controle. É uma violência exigida de corpos que estão sendo subjugados. Notem! O silenciamento é um ato tão sutil que a vítima nem percebe que está sofrendo essa ação. O silenciamento costuma ser associado ao medo de ser julgado ou a reação que as pessoas próximas terão. Através da manipulação dos sentimentos da própria vitima, o criminoso-abusador irá manipular o seu inferior a se auto-silenciar. O silenciamento, portanto, causará danos psíquicos, físicos, emocionais e sociais a quem sofre com esse abuso de poder. As dores silenciadas pelas crianças se tornarão cicatrizes que a criança carregará por toda a vida e lhes causarão profundas cargas emocionais, ativadas por gatilhos em momentos imprevisíveis. A criança-adulta silenciada deve receber ajuda profissional para conseguir trabalhar as feridas e não cair em novas ciladas. Precisamos, igualmente, tecer redes de apoio e proteção para que as crianças se sintam seguras, isentas de julgamento, e isso acontece em espaços acolhedores e inclusivos, nos quais as escutas afetuosas e aprendentes são realizadas de forma regular pela escola e pela família. Uma criança que se sente segura e respeitada na sua singularidade irá compartilhar, nesses espaços, suas dúvidas, preocupações e desejos, refletindo, sobre eles com aqueles que estiverem presente. Ensinar sobre a importância do silêncio possibilita, a criança, o desenvolvimento do autoconhecimento, da reflexão e da autoestima. Uma criança confiante, segura e não silenciada é menos propensa a ser vítima dos assédios sexuais. Você já escutou o som ensurdecedor do silêncio? olhar cuidadoso para com a criança; observar o corpo; mudanças de humor constante; distanciamento; presentes inesperados; sentimentos contraditórios; medos; choros a noite; isolamentos constantes; muita confusão; através de desenhos. Abuso sexual infantil deve ser considerada toda ação que visa estimular ou expor sexualmente a vitima visando a satisfação sexual do próprio abusador. Acontece quando, crianças e adolescentes, são utilizados com finalidade sexual por um adulto, idoso ou adolescentes, mesmo não ocorrendo o ato sexual em si ou o contato físico. Abusos e VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL: O QUE são? Abusos e VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL: O QUE são? A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma gravíssima violação dos direitos de um indivíduo, sendo considerada uma questão de saúde pública, pois vai impactar esses sujeitos em todos os âmbitos de suas vidas: social, físico, psicológico, cognitivo, emocional, ... Definição: Abuso infantil (incluindo negligência) é toda forma de maltratar uma criança, seja causando dano ou pela ausência de prevenção de dano. Crianças podem sofrer abuso em um cenário comunitário, institucional ou familiar, por alguém próximo delas, como um parente ou cuidador ou, mais raramente, por um estranho. Abusos e VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL: O QUE são? (Fonte: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/846) Abusos e VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL: O QUE são? Uma em cada três crianças no Brasil é abusada sexualmente até os 18 anos de idade; O abuso sexual contra crianças ocorre de forma velada, obscura e travestida de medo, vergonha e tabus. A maioria das crianças não conseguem compreender que são vítimas de um crime. Vale reforçar - o abusador costuma conquistar, no primeiro momento, o carinho e a confiança da criança; isso faz com que as pessoas em torno não desconfiem. Você sabia que oferecer escuta afetuosa a sua criança pode protegê-la de violências? Vamos conversar agora sobre o acolhimento Mas existe diferença entre ouvir e escutar a criança. Ouvir é aquilo que o ouvido capta. É um processo mecânico, que está acima da sua vontade. Vamos conversar agora sobre o acolhimento Escutar revela, a criança, sobre a sua disposição em estar com ela, totalmente atenta a sua fala. Escutar significa que você vai parar tudo o que está fazendo para prestar atenção a fala da criança, suas expressões e movimentos. Vamos conversar agora sobre o acolhimento Escutamos a criança com todo o nosso corpo, com nossos ouvidos, olhos, mente e coração. A criança que recebe uma escuta afetuosa cresce mais segura de si. Ela se sente segura para compartilhar seus problemas e pedir ajuda. Vamos conversar agora sobre o acolhimento Vamos conversar agora sobre o acolhimento Qual a melhor forma de acolher a criança? a criança precisa confiar; precisa se sentir vista; precisa se sentir confiante para falar; precisa sentir que você está realmente atenta ao que ela vai dizer. O acolhimento e a escuta demandam tempo e cumplicidade. É um processo. Vamos conversar agora sobre o acolhimento O que estamos ensinando as crianças? Vamos conversar agora sobre o acolhimento Para refletir: Vamos conversar agora sobre o acolhimento Lembre-se que está se aproximando para fazer uma escuta, deixe a criança falar; Procure não palpitar, interromper, repreender; Espere pacientemente; Se a criança ficar em silêncio, não pressione; Acolha o silencio da criança; Mantenha-se no mesmo nível da criança; Permita o tempo necessário a criança; Não conte a ninguém o segredo que ela lhe confiou. Algumas formas de se aproximar da criança: Disque 100 Denuncia especialmente em Delegacias da mulher, mas se não houver uma próxima, vá a qualquer delegacia; Denuncia deverá ser feita por um adulto; Denunciando o agressor Denunciando o agressor A criança só deverá receber escuta especializada; Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. Conselho Tutelar; Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS; Cras. Denunciando o agressor Materiais de apoio Vídeo Educativo de Educação Sexual para crianças. Pipo e Fifi: Pipo e Fifi: Prevenção e violência sexual na infância. O que é Educação Sexual: De onde vem os bebês? https://youtu.be/5kVe3niF-no https://youtu.be/8E7eGYGWzCI https://youtu.be/zeP3xGu9PIg https://youtu.be/l_YzXUrL6Ls https://youtu.be/CdNFPB5djxQ Materiais de apoio Vamos todos dançar Boyhood: da infância a adolescência ABC do Amor Filmes para trabalhar as questões referentes a sexualidade na adolescência Gênero: Documentário Direção: Marilyn Agrelo Gênero: Comédia Romântica Dreção: Richard Linklater Gênero: Comédia Romântica Direção: Mark Levin Materiais de apoio Pipo e Fifi - Carolina Arcari Meu corpinho é só meu - Lara Nogueira Mamãe botou um ovo - Babette Cole De onde viemos? - Peter Mayle, Arthur Robins E Paul Walter Não me toca seu boboca - Andrea Taubman Meu corpo, meu corpinho - Roseli Mendonça A menina que virou lua - Cardoso Morena Sugestões de livros: https://www.traca.com.br/autores/Peter%20Mayle,%20Arthur%20Robins%20E%20Paul%20Walter/ Materiais de apoio Segredo segredíssimo - Odívia Barros A mão boa e a mão boba - Renata Emrich O que o papai e a mamãe estão fazendo - Pilar Migallon Lopezosa De onde vem os bebês? - Andrew Andry e Steven Schepp Educação sexual - Cida Lopes Educação sexual na sala de aula - Jimena Furlani Aparelho sexual e cia - Zep e Hélène Bruller Materiais de apoio Segredo segredíssimo - Odívia Barros A mão boa e a mão boba - Renata Emrich O que o papai e a mamãe estão fazendo - Pilar Migallon Lopezosa De onde vem os bebês? - Andrew Andry e Steven Schepp Educação sexual - Cida Lopes Educação sexual na sala de aula - Jimena Furlani Aparelho sexual e cia - Zep e Hélène Bruller