UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ
ALEX SANO
UMA ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE UMA TRANSMISSÃO CVT
Guaratinguetá
2013
ALEX SANO
UMA ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE UMA TRANSMISSÃO CVT
Trabalho de Graduação apresentado ao
Conselho de Curso de Graduação em
Engenharia Mecânica da Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista como parte
dos requisitos para obtenção do diploma de
Graduação em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. José Antonio Perrella Balestieri
Guaratinguetá
2013
S228a
Sano, Alex
Uma análise da eficiência de uma transmissão CVT / Alex Sano –
Guaratinguetá : [s.n], 2013.
62 f : il.
Bibliografia: f. 58-60
Trabalho de Graduação em Engenharia Mecânica – Universidade
Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2013.
Orientador: Prof. Dr. José Antonio Perrella Balestieri
1. Engrenagens 2. Força (Mecânica) I. Título
CDU 621.83
DADOS CURRÍCULARES
ALEX SANO
NASCIMENTO 11 de Outubro de 1996 – Jales/SP
FILIAÇÃO Sirlei Ferreira dos Santos
Sergio Minoru Sano
1994/1996 Ensino fundamental – Escola Estadual Professora Elza Pirro Vianna
1999/2002 Ensino fundamental – Escola Estadual Juvenal Giraldelli
2003/2005 Ensino médio – Escola Estadual Dom Arthur Horsthuis
2008/2009 Curso de graduação interrompido – Licenciatura em Matemática
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
2010/2013 Curso de graduação – Engenharia Mecânica
Faculdade de Engenhara de Guaratinguetá
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
DEDICATÓRIA
...a tudo que sonhei não seria possível se não houvesse as
pessoas que existem em minha vida. Obrigado Mãe e
obrigado minha Irmã.
AGRADECIMENTOS
Quero deixar aqui a minha gratidão por tudo que conquistei até o momento a um dos
melhores projetos no qual conheço e tive a oportunidade de fazer parte, agradeço a equipe de
Baja Piratas do Vale por todo conhecimento que adquiri, e possibilidade de trabalhar com
grandes pessoas.
Agradeço a todos os professores que possibilitaram transmitir a experiência e
conhecimento, e o mais importante mostrar não somente como ser um bom profissional, mas
sim uma pessoa de boa índole. Deixo meu sincero obrigado aos professores que orientaram-me
nos projetos desenvolvidos na universidade, entre eles Fernando de Azevedo, Carrocci, Angelo
Caporalli e Perrella.
Aos meus amigos, minha gratidão pela parceria ao longo de todos estes anos. Além disso,
gostaria de lembrar que sem a ajuda dos meus colegas de equipe Samuel Guarnieri e Michel
Michels este trabalho talvez não fosse possível.
Mãe e Lana obrigado por tudo, pois foi em vocês no qual busquei inspiração para lutar
pelos meus sonhos.
Jessica obrigado por sempre estar ao meu lado.
EPÍGRAFE
“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Jean Maurice Eugène Clément Cocteau
SANO, A. Uma Análise da eficiência de uma transmissão CVT. 2013, 62 f. Trabalho de
Graduação (Graduação em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013.
RESUMO
Este trabalho aborda os efeitos da variação da temperatura do ar dentro da caixa do conjunto de
transmissão CVT, no desempenho do componente conhecido como Transmissão
Continuamente Variável, ou comumente chamada de CVT (Continuously Variable
Transmission), discutindo-se a influência do aquecimento na performance de tal transmissão.
O CVT estudado é fabricado pela empresa Gaged Engineering, modelo GX9, aplicado nos
protótipos de Baja – SAE. Possui funcionamento mecânico no qual o movimento dos pratos
que comprimem a polia varia conforme a rotação do eixo motriz, deslocando a correia ao longo
do diâmetro, e assim variando a relação de transmissão. Tem-se o objetivo de analisar a variação
do fator de escorregamento, coeficiente pelo qual se compara a variação entre a relação de
transmissão real e a relação de transmissão geométrica. Além disso, conjuntamente com o fator
de escorregamento, é analisada a variação de potência, identificando eventuais ganhos ou
perdas. Para obtenção dos dados foi construída uma bancada de teste elaborada pelo próprio
aluno e instrumentada com sensores de rotação, temperatura, posição e força. A partir dos
resultados obtidos, concluiu-se que é possível obter um ganho de potência de aproximadamente
1,75 [ℎ𝑝] de potência a 2400 [𝑟𝑝𝑚]; 1,02 [ℎ𝑝] de potência a 2700 [𝑟𝑝𝑚]; e 1,09 [ℎ𝑝] de
potência a 3000 [𝑟𝑝𝑚], quando a temperatura de operação estiver entre 43 [°𝐶] e 52 [°𝐶].
PALAVRAS-CHAVE: CVT, Transmissão, Temperatura, Escorregamento, Potência,
Instrumentação.
SANO, A. An analisys of CVT transmission efficiency. 2013, 62 f. Graduate Work (Graduate
in Mechanical Engineering) - Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013.
ABSTRACT
This undergraduate thesis evaluates the effects of temperature variation of the air inside the
CVT gearbox on the performance of a Continuously Variable Transmission (CVT). The CVT
used in the tests was manufactured by Gaged Engineering (GX9 model) and is currently used
in a Baja prototype. It’s a mechanically operated CVT, which the movement of the pulley plates
varies according to the drive shaft rotation, shifting the belt along the diameter, and varying the
transmission ratio. The purpose of this work is to analyze the change in the slip factor,
coefficient that compares the variation between the actual transmission ratio and the ratio of
geometric transmission, and its correlation with the power variation. A test bench was built and
some tests were performed, indicating that was possible to achieve output power ratios of
1.75 [ℎ𝑝] at 2400 [𝑟𝑝𝑚], 1.02 [ℎ𝑝] at 2700 [𝑟𝑝𝑚] and 1.09 [ℎ𝑝] at 3000 [𝑟𝑝𝑚], with
temperatures varying from 43 [°𝐶] to 52 [°𝐶] using GX9 CVT model.
KEYWORDS: CVT, Transmission, Temperature, Slipping, Power, Instrumentation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema de transmissão por engrenagens. ........................................................................... 14
Figura 2 - Transmissão por corrente em bicicletas. ............................................................................... 15
Figura 3 - Transmissão CVT por polia. ................................................................................................. 16
Figura 4 - Transmissão CVT toroidal. .................................................................................................. 16
Figura 5 - Transmissão CVT do tipo cone. ........................................................................................... 17
Figura 6 - Transmissão CVT NuVinci. ................................................................................................. 17
Figura 7 - Imagem comercial do veículo DAF 600. .............................................................................. 19
Figura 8 - Transmissão traseira do veículo DAF 600. .......................................................................... 20
Figura 9 - Veículo Nissan Cedric. ......................................................................................................... 22
Figura 10 - Veículo Nissan Gloria. ....................................................................................................... 22
Figura 11 - Câmbio CVT semi-toroidal Extroid. .................................................................................. 23
Figura 12 - Correia metálica para CVT; ................................................................................................ 24
Figura 13 - “Fac simile” apresentado por Prony numa Comunicação à Academia de Ciências em 1821
............................................................................................................................................................... 25
Figura 14 - Esquema do mecanismo de Prony. ..................................................................................... 26
Figura 15 - Motor Briggs & Straton 10 [hp]. ........................................................................................ 28
Figura 16 - CVT Gaged Engineering modelo GX9; ............................................................................. 29
Figura 17 - Foto descritiva da bancada de teste. ................................................................................... 30
Figura 18 - Foto descritiva da bancada de teste. ................................................................................... 31
Figura 19 - Posicionamento dos sensores de rotação. ........................................................................... 32
Figura 20 - Curva de Calibração potenciômetro polia motora. ............................................................. 33
Figura 21 - Curva de calibração potenciômetro polia movida. ............................................................. 33
Figura 22 - Posição dos sensores de posição da correia. ....................................................................... 34
Figura 23 - Posição dos sensores de temperatura. ................................................................................. 36
Figura 24 - Posicionamento do cilindro mestre para regular a pressão na linha. .................................. 37
Figura 25 - Principais medidas da célula de carga. ............................................................................... 39
Figura 26 - Posição da célula de carga. ................................................................................................. 39
Figura 27 - Posição da célula de carga; ................................................................................................. 40
Figura 28 - Dados experimentais a 2100 [rpm] correlacionando no tempo rotação com
escorregamento. .................................................................................................................................... 43
Figura 29 - Dados experimentais a 2100 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com
temperatura. ........................................................................................................................................... 44
Figura 30 - Dados experimentais a 2400 [rpm] correlacionando no tempo rotação com
escorregamento. .................................................................................................................................... 45
Figura 31 - Dados experimentais a 2400 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com
temperatura. ........................................................................................................................................... 46
Figura 32 - Dados experimentais a 2700 [rpm] correlacionando no tempo rotação com
escorregamento. .................................................................................................................................... 47
Figura 33 - Dados experimentais a 2700 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com
temperatura; ........................................................................................................................................... 48
Figura 34 - Dados experimentais a 3000 [rpm] correlacionando no tempo rotação com
escorregamento. .................................................................................................................................... 49
Figura 35 - Dados experimentais a 3000 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com
temperatura. ........................................................................................................................................... 50
Figura 36 - Correspondência dos dados experimentais. ........................................................................ 51
Figura 37 - Medidas de potência. .......................................................................................................... 52
Figura 38 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 2400 [rpm]. .... 53
Figura 39 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 2700 [rpm]. .... 54
Figura 40 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 3000 [rpm]. .... 54
LISTA DE SÍMBOLOS
V velocidade tangencial
r1 raio primitivo
r2 raio primitivo
ω1 velocidade angular
ω2 velocidade angular
𝑓 força de atrito
μ coeficiente de atrito
N força normal
T torque
r raio
R braço de alavanca no Freio de Prony
F força medida no Freio de Prony
W trabalho
P potência
t tempo
N rotação
𝑁𝑝 rotação no eixo primário
𝑁𝑠 rotação no eixo secundário
𝑁𝑠𝑔 rotação no eixo secundário geométrico
𝑁𝑓 rotação no eixo final
𝑅𝑇𝑟 razão de transmissão real
𝑅𝑇𝑔 razão de transmissão geométrica
𝐷𝑠 diâmetro secundário
𝐷𝑝 diâmetro primário
𝑇𝑚𝑒𝑑𝐶𝑉𝑇 temperatura média medida no corpo do CVT
𝑇𝑚𝑒𝑑 temperatura média medida na caixa de proteção do CVT
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1. Introdução Teórica ................................................................................................................. 13
1.2. Motivação .............................................................................................................................. 18
1.3. Objetivo ................................................................................................................................. 18
CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 19
2.1. Conceitos ............................................................................................................................... 19
2.1.1. Conceitos Históricos ............................................................................................................ 19
2.1.2. Conceitos Teóricos ............................................................................................................... 24
2.2. Material e Métodos ................................................................................................................ 27
2.3. Resultados e Discussão .......................................................................................................... 40
CAPÍTULO 3 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 56
3.1. Conclusões ............................................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 58
APÊNDICE – Resultados ...................................................................................................... 61
ANEXO – Programa escrito no MatLab para filtragem dos dados ....................................... 62
13
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1. Introdução Teórica
Os motores de combustão interna são máquinas térmicas utilizadas para produzir potência
de eixo, que por sua vez é utilizada para mover outras máquinas de inúmeras funções,
abrangendo desde o transporte de pessoas e/ou cargas, ou aplicações industriais como geradores
de energia, máquinas de ferramentaria.
É fato aceitar que os motores de combustão impulsionaram o desenvolvimento industrial
e tecnológico humano; sem eles seria impossível imaginar como estaria a humanidade nos dias
atuais.
Normalmente os motores de combustão interna não são adotados sem estarem acoplados
a outros componentes mecânicos, pois existem necessidades distintas e funções variadas de
trabalho para estas máquinas. Em sua totalidade, é comum encontrar um motor acoplado em
um sistema de transmissão conhecido como caixa redutora ou caixa de transmissão (sistema de
redução ou transmissão). Este componente tem por objetivo fornecer uma determinada rotação
e/ou torque que pode ser aplicado em um veículo de passageiros, tração em um trator ou
máquina industrial.
Os sistemas de redução podem funcionar de forma sem variação da relação transmissão
ou com variação de relação de transmissão, dependendo da necessidade. A mudança da relação
de transmissão nos veículos automotores é conhecida como “marchas”. Portanto, quando se diz
primeira marcha ou segunda marcha, está se variando a relação e, assim obtendo a resposta
desejada do automóvel, neste caso a velocidade.
No caso dos carros, existe um mecanismo mecânico que troca as engrenagens de acordo
com a posição da alavanca de câmbio, sendo comum encontrar veículos com o sistema de troca
com cinco marchas mais a ré. Um esquema de uma configuração de câmbio é apresentado na
Figura 1.
A exemplificação de cada componente da caixa de câmbio descrita na Figura 1 não é o
objetivo deste trabalho, mas basicamente o eixo motor transmite potência para o eixo motriz
através do acoplamento de um dispositivo chamado de anel sincronizador, e este, quando ligado
à engrenagem, transmite a rotação de entrada para a saída.
14
Figura 1 - Esquema de transmissão por engrenagens.
Fonte: (BRAIN, 2003).
Nos veículos, a concepção por engrenagens deve-se à necessidade de transferência de alto
torque e espaço reduzido, além disso, a produção em série torna o componente acessível ao
mercado consumidor.
Outro sistema de transmissão comumente aplicado nas bicicletas e motocicletas é o de
coroa e corrente, que devido ao acoplamento da corrente com os dentes das coroas há a
transmissão de movimento. Nas motos, a transmissão de corrente possui relação fixa e portanto
a variação da relação é feita através de uma caixa de engrenagens que se encontra acoplado
diretamente ao motor no eixo de entrada e o eixo de saída é ligado a corrente. Já no caso das
bicicletas a mudança é feita através de um câmbio que desloca a posição da corrente sobre a
coroa. Esta mudança altera a relação de transmissão e se adequa à necessidade do usuário.
A aplicação de corrente e coroa nas bicicletas é devido a sua facilidade de manutenção,
baixo peso e baixo custo de produção, pois seria inviável produzir caixa de redução de
engrenagens, de acordo com as tecnologias atuais. Segue a descrição do sistema de bicicletas
na Figura 2.
Alavanca de
troca manual
(cambio)
(
15
Figura 2 - Transmissão por corrente em bicicletas.
Fonte: (NARAYANAN, 2012).
Já o sistema de troca por polia e correia pode ser empregado em inúmeras funções, desde
aviões, carros, motos, máquinas de usinagem. Tal concepção baseia-se na variação da posição
da correia através da polia motora e movida, que comprime ou se afasta da correia deslizando
a ao longo do diâmetro, sem perder contato na maioria dos casos, transmitindo movimento
através do atrito entre ambos os materiais. Esta variação ou deslocamento dos pratos1 da polia
pode ser de acionamento mecânico, hidráulico ou elétrico. O sistema de troca é comumente
conhecido como CVT ou Transmissão Continuamente Variável (Continously Variable
Transmission).
Dentro da categoria de CVT existem modelos que possuem em seus funcionamentos
diferentes concepções. Neste caso, o mais simples é o de correia polia. Existem também
sistemas que são de contato metal com metal, e neste caso o deslocamento de uma superfície
sobre outra superfície provoca a variação de relação de transmissão. As transmissões que são
por contato metálico necessitam de lubrificação especial pois, devido ao atrito constante estre
os metais há um aquecimento e ação abrasiva (CARROCULTURA, 2011).
Modelos comercialmente existentes no mercado atual são ilustrados – correia e polia
(Figura 3), toroidal (Figura 4), cone (Figura 5) e o NuVinci (Figura 6).
1 Nome dado a geometria que permanece em contato com a correia com semelhança ao objeto de cozinha.
Corrente
Trocador dianteiro
Trocador
traseiro
Coroa
Coroa dianteira
16
Figura 3 - Transmissão CVT por polia.
Fonte: (HELMS, 2006).
Figura 4 - Transmissão CVT toroidal.
Fonte: (PALLEIRO, 2008).
Polia
Motora
(entrada)
Polia
Movida
(saída)
17
Figura 5 - Transmissão CVT do tipo cone.
Fonte: (IQWIND, [entre 2000 e 2013]).
Figura 6 - Transmissão CVT NuVinci.
Fonte: (FALLBROOK, 2012).
Cone
Motor
(entrada
)
Cone
Movido
(saída)
Disco de entrada
Disco de saída
Esfera
Eixo da esfera
18
Observa-se que todos os sistemas de transmissão, independentemente da configuração e
geometria, possuem o mesmo princípio, ou seja, no eixo de entrada está acoplado o motor ou
fonte geradora de potência de eixo, e devido a um mecanismo no qual varia o diâmetro ou ponto
de contato se produz no eixo de saída a rotação e/ou torque.
1.2. Motivação
Para qualquer modelo de Transmissão Continuamente Variável ou CVT a característica
principal é a capacidade de possuir uma infinita variabilidade de relações de transmissão. Este
aspecto possibilita que a mudança de rotação seja de forma contínua e suave comparada com o
câmbio automático de marchas. A continuidade desta transmissão aproveita melhor o motor e
consequentemente reduz o consumo de combustível.
Transmissões por engrenagens durante o processo de troca desperdiçam potência, pois o
tempo no qual o sistema de sincronização muda de uma marcha para outra há perdas, uma vez
que o motor gira em “vazio” (ou sem carga) até a troca da próxima marcha. Este espaço de
tempo no qual o motor gira desengatado representa uma perda em termos de combustível
consumido.
A transmissão CVT apresenta também certas desvantagens como limitação para a
transmissão de torque, índice de escorregamento, necessidade de materiais com boas
propriedades mecânicas e ser sensivelmente influenciado pela variação de temperatura. Apesar
disso, pesquisas comprovam que esse tipo de transmissão merece atenção no mercado, devido
as suas notórias qualidades.
1.3. Objetivo
Este trabalho tem por objetivo analisar a eficiência da transmissão CVT devido à
influência da variação de temperatura por consequência do atrito da correia com a parte metálica
da polia motora e movida (sendo estas feitas de alumínio e a correia de borracha), e identificar
as perdas ou ganhos devido a tal influência.
19
CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO
2.1.Conceitos
2.1.1. Conceitos Históricos
O sistema de transmissão CVT é um dispositivo inovador recente, comparada com outras
transmissões, e mesmo se for atribuída sua criação a Leonardo D’Vinci, o aprimoramento se
deve aos últimos anos (COLONA, 2007).
A primeira patente sobre um câmbio CVT foi do tipo toroidal, registrado em 1886, e ao
longo dos anos foi motivo de pesquisas e constante aperfeiçoamento. Este desenvolvimento
teve por meta a substituição dos câmbios automáticos por engrenagens (HARRIS, 2005).
Segundo o site Carrocultura (2011) um dos primeiros veículos que utilizaram o câmbio
CVT foi o DAF 600, no ano de 1958, sendo este sistema idealizado por Hub Van Doorne2,
conhecido como VARIOMATIC, este veículo era equipado com um motor de 600 [𝑐𝑚³]. A
Figura 7 é uma demonstração do modelo do veículo em uma imagem comercial de venda; a
Figura 8 mostra o sistema de suspensão com o sistema de transmissão utilizado.
Figura 7 - Imagem comercial do veículo DAF 600.
Fonte: (SEED, 2005).
2 Inventor holandês.
20
Figura 8 - Transmissão traseira do veículo DAF 600.
Fonte: (SEED, 2005).
Nos anos que se sucederam, principalmente na década de 1970, com a crise do petróleo3,
a empresa Automobilista General Motors, incentivada pelo governo norte americano iniciou o
desenvolvimento do câmbio CVT para reduzir o consumo de combustível derivado do petróleo.
O tipo estudado era conhecido como semi-toroidal, o qual transmite movimento através do
contato de metal com metal. Dificuldades, porém, no desenvolvimento do câmbio fizeram com
que a empresa desistisse de tal empreitada, pois o atrito gerado pelo contato produzia um
desgaste excessivo nos componentes e consequentemente sua falha.
No mesmo período, no Japão, a empresa de rolamentos NSK teve a oportunidade de
analisar o relatório da GM, e trabalhar no desenvolvimento de tal câmbio. Um dos responsáveis
por aceitar o desafio era Hisashi Machida. Em 1982 ele projetou e montou um câmbio semi-
toroidal, e a partir de análises observou que o contato entre os metais necessitava de uma
lubrificação mais eficiente, e isso acabou sendo um problema, visto que até então não havia um
lubrificante que suportasse a alta tensão de contato entre os componentes e ao mesmo tempo
formasse uma película de óleo para evitar a abrasão. Tal observação foi possível após a
realização de testes em um veículo de passeio e verificado que o câmbio travava após rodar
aproximadamente 1000 [𝑘𝑚].
3 Crise devido a conflitos no Oriente Médio, principal fornecedor de petróleo (BRASILESCOLA, 2013).
21
A partir dos dados da análise da falha iniciou se uma pesquisa para desenvolver um óleo
especial que atendesse aos requisitos de alta temperatura e pressão de contato, tal problema foi
assumido pela petrolífera Idemitsu Kosan. O desenvolvimento do óleo demorou quatro anos, e
a solução encontrada pela empresa foi produzir um óleo no qual semi-solidificava quando
submetido à alta tensão e não perdesse as propriedades lubrificantes devido à temperatura.
Em testes o inovador câmbio CVT semi-toroidal e o novo óleo obtiveram bons
desempenhos e dessa forma recebeu aprovação para ser produzido. Na mesma época, em 1990,
a NSK e a fabricante automobilística Nissan firmaram um acordo para o desenvolvimento do
projeto; porém, a grande indústria japonesa exigiu que tal transmissão equipasse os veículos de
grande porte com motores a partir de 3,0 litros, o que seria um novo problema, pois até aquele
momento o CVT desenvolvido era aplicado somente em motores de pequeno porte.
Consequentemente, após testes com os grandes motores, comprovou-se que os componentes do
CVT se partiam após alguns quilômetros.
Por meio de análises por microscópio de varredura de elétrons, Hisashi Machida observou
que os componentes quebravam devido à presença de impurezas dentro do metal, causando
assim concentradores de tensão, surgindo micro trincas e induzindo a peça a falhar. Nesse
cenário, outra empresa japonesa resolveu solucionar o problema, a Sanyo Special Steel,
fabricante de aços. A empresa teve por objetivo desenvolver um tipo de aço mais puro até então
conhecido, após mais de cinco anos de desenvolvimento criou-se o novo material.
Montado o CVT com a nova liga, foram realizados novos experimentos de bancada, e
inicialmente se observou um funcionamento sem avarias. Assim, no ano de 1996, os testes de
campo no carro da Nissan foram iniciados. Após milhares de quilômetros rodados, uma quebra
em aproximadamente 40 mil quilômetros, novamente um novo teste foi realizado e
posteriormente outra quebra com aproximadamente a mesma quilometragem.
Análises foram realizadas e se constatou que o problema estava no óleo desenvolvido
pela Idemitsu Kosan, uma vez que este atacava o material dos rolamentos e induzia uma falha
precoce. Após três anos de novos estudos, constatou-se que alguns aditivos do óleo, conhecidos
como polisulfidos4, reagiam com o aço do rolamento provocando fragilização da superfície.
Substituído o aditivo, foram realizados novos testes de trezentos mil quilômetros, e após
transcorrer sem defeito, o câmbio recebeu aprovação para equipar os automóveis da empresa
japonesa.
4 Classe química de compostos que contem cadeias de átomos enxofre.
22
No ano de 1999 os novos carros da Nissan chegaram ao mercado consumidor com o novo
sistema de transmissão, o Cedric (Figura 9) e o Glória (Figura 10), equipados com motores de
3,0 litros.
Figura 9 - Veículo Nissan Cedric.
Fonte: (MAD4WHEELS, [entre 1999 e 2013]).
Figura 10 - Veículo Nissan Gloria.
Fonte: (WEILINET, [entre 1999 e 2013]).
O câmbio produzido foi batizado de Extroid CVT (Figura 11) produzido pela divisão de
transmissão Jacto da Nissan, segundo a empresa o novo câmbio possibilitava uma economia de
10% de combustível, baixo ruído e uma dirigibilidade confortável, pois não havia a necessidade
de troca de marchas e a sensação de troca da relação de transmissão era inexistente.
23
Figura 11 - Câmbio CVT semi-toroidal Extroid.
Fonte: (YONES, 2009).
Apesar de ser um sistema inovador, as qualidades de tal câmbio não foram suficientes
para o triunfo no mercado. Uma combinação de fatores como o alto custo e limitação na
transmissão de torque impediu a disseminação pela indústria automobilista. Além disso,
paralelamente ao desenvolvimento do modelo de CVT toroidal, houve um avanço na tecnologia
do CVT tradicional por correia e polia.
O principal fator que restringia o sistema era a limitação de torque transmitido, pois
correias de borracha não suportavam a tensão exigida e consequentemente rompiam. Neste
cenário surgem então as empresas aeronáuticas americanas e a NASA (National Aeronautics
and Space Administration) que, após estudos, aperfeiçoaram a tecnologia e desenvolveram
correias com dentes de aço, no qual suportavam maiores torques e atendiam amplas
necessidades.
24
Figura 12 - Correia metálica para CVT;
Fonte: (INSIGHTCENTRAL, 2008);
2.1.2. Conceitos Teóricos
O equacionamento da transmissão CVT por polia é análogo ao sistema de engrenagens,
sendo diferenciado apenas pela ausência de correia no caso das engrenagens. Temos portanto a
seguinte definição:
Quando duas engrenagens estão engranzadas, seus círculos primitivos rolam uns obre
os outros, sem escorregamento. Designando os raios primitivos como r1 e r2 e as
velocidades angulares como ω1 e ω2 respectivamente. Desse modo, a velocidade no
círculo primitivo vale:
𝑉 = |𝑟1 ∙ 𝜔1| = |𝑟2 ∙ 𝜔2| (1)
Logo, a relação entre raios e velocidades angulares é (SHIGLEY, 2005, p. 633),
|
𝜔1
𝜔2
| =
𝑟2
𝑟1
(2)
Anéis de
borracha
Dentes, de aço
Estrutura de correia de aço
25
No caso do CVT admite-se que não há contato direto entre a polia motora com a polia
movida, de forma que a transmissão é feita através da correia. Considerando-se que não haja
nenhum efeito de escorregamento entre os mesmos, as equações (1) e (2) podem ser aplicadas.
No sistema sobre o qual será realizada a análise, será utilizado um motor de combustão
interna para fornecer a rotação desejada. A resistência ao funcionamento do motor será obtida
por um sistema conhecido como Freio de Prony. O dispositivo foi desenvolvido pelo francês
Gaspard Clair Marie Riche de Prony em 1821, e tem por objetivo fornecer a potência de um
motor (FREITAS, 2009).
Os componentes mecânicos do freio são um volante ou polia acoplado ao eixo de rotação
do motor, uma cinta ou duas placas de madeira acopladas a um braço de alavanca e a
extremidade do braço ligado a uma balança ou peso. A cinta (ou madeiras) envolve o volante e
tem a função de ser friccionado contra o mesmo para fornecer uma força resistiva devido ao
atrito dos componentes, este atrito transmite ao braço uma força e a uma distância R obtém-se
o torque gerado pelo mesmo. Uma descrição do dispositivo elaborado por Prony segue na
Figura 13:
Figura 13 - “Fac simile” apresentado por Prony numa Comunicação à Academia de Ciências em 1821
Fonte: (FREITAS, 2009).
Para uma melhor compreensão do funcionamento do freio segue a Figura 14:
26
Figura 14 - Esquema do mecanismo de Prony.
Fonte: (MESLAB, 2008).
Ao apertar a cinta sob o volante haverá uma força devido ao atrito, consequentemente o
aperto aumenta a normal, a força pode ser descrita como:
𝑓 = 𝜇 ∙ 𝑁, 𝜇 → 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜, 𝑁 → 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 (3)
Sabendo que o volante possui um raio 𝑟, o torque é obtido pela equação vetorial (4).
𝑇 = 𝑟 𝑥 𝑓 (4)
Observa-se que por toda região em contato da cinta com o volante, a força de atrito sempre
será perpendicular ao raio do mesmo. Dessa forma, pode-se escrever a equação (4) na forma da
expressão (5):
𝑇 = 𝑟 ∙ 𝑓 (5)
No caso do mecanismo de Prony pode-se obter o torque através de um conjugado
equivalente formado pelo braço 𝑅 e a força 𝐹, assim:
𝑇 = 𝑅 ∙ 𝐹 = 𝑟 ∙ 𝑓 (6)
𝒇
𝒓
𝑹
𝑟 𝑓 𝑅 𝐹
𝐹 Blocos de
frenagem
Braço de Alavanca
Polia
27
Portanto, a leitura de torque se faz de forma direta, dispensando o conhecimento do
coeficiente de atrito entre a cinta e o volante.
O cálculo do trabalho a cada rotação é obtido por um perímetro de 2𝜋𝑟 pela força de atrito
𝑓:
𝑊 = 2𝜋𝑟 ∙ 𝑓 (7)
Aplicando a equação (6) tem-se:
𝑊 = 2𝜋 ∙ 𝑅 ∙ 𝐹 (8)
Portanto, a potência pode ser obtida pela equação (9), na qual t é o tempo:
𝑃 =
𝑊
𝑡
(9)
𝑃 =
2𝜋∙𝑅∙𝐹
𝑡
(10)
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐹 ∙ 𝜔 (11)
Convertendo a rotação de radianos por segundo para 𝑟𝑝𝑚 obtém-se a equação (12).
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐹 ∙ (𝑁 ∙
2𝜋
60
) (12)
As equações apresentadas são fundamentais para a elaboração conceitual e permitem
extrair informações dos dados obtidos.
2.2. Material e Métodos
O método de medida foi baseado em somente um teste de aproximadamente 14 minutos
em uma rotação específica. Dessa forma, foram efetuados quatro testes nas rotações de 2100
28
[rpm], 2400 [rpm], 2700 [rpm] e 3000 [rpm]. Tais rotações foram escolhidas para atender às
condições do regime de funcionamento do motor.
Com a bancada instrumentada foram obtidas medidas de rotação, temperatura, posição
geométrica e força, todas essas adotadas como condições necessárias e suficientes para verificar
perdas ou ganhos durante o regime de funcionamento do componente mecânico.
O teste foi realizado com o motor da empresa Briggs & Stratton de potência de 10 [ℎ𝑝]
série 20 código 205432, 4 tempos, com torque máximo de 18,7 [𝑁𝑚] a aproximadamente
2600 [𝑟𝑝𝑚]. O motor em questão é aplicado nas competições de Baja nacionais e
internacionais e segue de acordo com o regulamento estabelecida pela SAE tendo por objetivo
normalizar as equipes para que não haja uma discrepância em relação a desempenho de tal
componente (SAE, 2010).
Na Figura 15 está a imagem do motor e a curva de torque por rotação onde é extraído as
informações de torque máximo e rotação.
Figura 15 - Motor Briggs & Straton 10 [hp].
Fonte: (BRIGSS, 2010).
O CVT é fabricado pela empresa Norte Americana Gaged Engineering, modelo GX9, é
aplicado no protótipo Baja-SAE, possuindo as especificações descritas nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1 - Especificação da Correia.
Modelo Distância entre centros
Correia Magnum 330/660 8 5/8” (219,075 [mm])
Fonte: (Autoria Própria).
29
Tabela 2 - Especificação do CVT.
Modelo Máxima Redução Mínima Redução
CVT GX9 1:4 1:0,77
Fonte: (Autoria Própria).
O CVT modelo GX9 é apresentado na Figura 16.
Figura 16 - CVT Gaged Engineering modelo GX9;
Fonte: (TRUTH365, [entre 2005 e 2013]).
A polia secundária foi acoplada a outro sistema de redução por corrente, pois, devido ao
baixo torque do motor em rotações reduzidas e visando não operar em condições extremas,
optou-se por utilizar uma redução já previamente calculada para o protótipo de Baja-SAE da
equipe Piratas do Vale Bardahl do Campus de Guaratinguetá. Dessa forma, a bancada
aproxima-se do projeto de transmissão do modelo de veículo projetado para as competições
estudantis, aproximando-se de condições reais (PIRATAS DO VALE, 2013).
O pinhão dentado da corrente possuí 8 dentes e a coroa movida possui 49 dentes,
totalizando uma segunda redução de 1:6,125. No sistema com os dois acoplamentos foi possível
obter uma redução máxima de 1:24,5 e mínima de 1:4,716. Tal redução proporciona
aproximadamente um torque máximo no eixo final de 458,15 [𝑁𝑚], desconsiderando as perdas
durante a transmissão, impulsionando um conjunto protótipo mais piloto de aproximadamente
300 [𝑘𝑔] (PIRATAS DO VALE, 2013).
A coroa movida possui eixo solidário ao Freio de Prony e, devido ao sistema de frenagem,
este oferece resistência em razão do atrito gerado pelo freio e é transmitido diretamente ao CVT.
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30
Nas Figuras 17 e 18 tem-se a montagem da bancada de teste com os correspondentes
componentes e posicionamento sendo uma vista em perspectiva lado esquerdo e outra com a
vista superior, respectivamente.
Figura 17 - Foto descritiva da bancada de teste.
Fonte: (Autoria Própria).
Coroa
Secundária
(49 dentes)
Polia
Primaria
Polia
Secundária
31
Figura 18 - Foto descritiva da bancada de teste.
Fonte: (Autoria Própria).
Para a leitura dos dados será adotada a seguinte nomenclatura: para rotação medida
diretamente no eixo serão empregados 𝑁𝑝 e 𝑁𝑠, que são correspondentes ao eixo do motor
solidário à polia primária e eixo secundário da polia movida, sendo tais rotações em [𝑟𝑝𝑚]. A
rotação foi obtida utilizando um sensor do tipo Allegro A1104 com precisão de ±1 [𝑟𝑝𝑚] no
qual se mede a variação do campo magnético induzido por um pequeno imã colado no eixo.
Dessa forma, cada rotação é identificada como um pulso magnético, contabilizando uma volta
do eixo.
O posicionamento dos sensores de rotação é mostrado na Figura 19:
Pinhão
Primário
(6 dentes)
32
Figura 19 - Posicionamento dos sensores de rotação.
Fonte: (Autoria Própria).
Com as relações de transmissão do modelo de CVT e da transmissão de corrente, calcula-
se a rotação do eixo final ou coroa de saída, cuja nomenclatura será 𝑁𝑓, também em [𝑟𝑝𝑚].
As relações de transmissão são calculadas de duas formas: a primeira forma utiliza as
rotações medidas diretamente no eixo; com a razão entre a rotação de entrada com a rotação de
saída obtém-se a relação de transmissão real (𝑅𝑇𝑟), conforme equação (13).
𝑅𝑇𝑟 =
𝑁𝑝
𝑁𝑠
(13)
A segunda forma de cálculo da razão de transmissão é de acordo com a relação geométrica
da posição da correia em relação ao eixo central. Para isso foi utilizado um potenciômetro linear
de 10 [𝑘Ω] com precisão de ± 5 %, o qual, ligado a uma haste de aço, permanecia em contato
direto com a correia. Quando a correia muda de posição, esta movimenta as hastes que estão
ligadas aos sensores e através de correlação entre tensão elétrica com posição geométrica
(diâmetro), pode-se calcular a razão de transmissão geométrica. Esta, por sua vez, por ser uma
medição que depende apenas de geometria, é considerada como parâmetro ideal para
comparação com a medição direta de rotação.
Para a calibração do potenciômetro em relação à posição geométrica, foram utilizados
três discos com diâmetros conhecidos, colocando-os no eixo se posiciona a haste em contato
com o disco de calibração e se mede a tensão obtida. Dessa forma, repetindo o processo para
os outros discos obtém os pontos de diâmetro por tensão, e a partir desta tem-se a reta e as
Sensor de
Rotação
Polia
Secundária
Sensor de
Rotação
Motor
33
equações lineares por regressão, tanto para o eixo de entrada (Figura 20) como para o eixo de
saída (Figura 21). Observa-se que há uma redução do diâmetro conforme o aumento da tensão.
Figura 20 - Curva de Calibração potenciômetro polia motora.
Fonte: (Autoria Própria).
Figura 21 - Curva de calibração potenciômetro polia movida.
Fonte: (Autoria Própria).
34
Através das equações de regressão, obtém os diâmetros da posição da correia primaria e
secundária, Ds e Dp respectivamente, e pode-se calcular a razão de transmissão geométrica:
𝑅𝑇𝑔 =
𝐷𝑠
𝐷𝑝
(15)
Sabendo a rotação do motor (Np), e a relação de transmissão geométrica a rotação da
polia secundária baseado em geometria, 𝑁𝑠𝑔, pode ser calculada através da formula (16):
𝑁𝑠𝑔 =
𝑁𝑝
𝑅𝑇𝑔
(16)
A Figura 22 ilustra o posicionamento dos sensores
Figura 22 - Posição dos sensores de posição da correia.
Fonte: (Autoria Própria).
Para avaliar a influência da temperatura no CVT foi utilizada uma caixa de fibra de
carbono e kevlar para isolar a transmissão do meio. Esta caixa é comumente utilizada no
protótipo Baja-SAE para proteger de agentes externos (poeira, água e/ou lama), para que não
se entre em contato com os componentes rotativos, além disso os materiais aplicados tem por
objetivo serem leves e oferecer alta resistencia (PIRATAS DO VALE, 2013).
Potenciômetro e haste
Potenciômetro e haste
35
Para evitar entrada ou saída de ar nas frestas da caixa foi utilizada uma borracha entre as
tampas e fita isolante do tipo Silver Tape. Os únicos pontos nos quais havia abertura eram a
entrada do eixo do motor e o eixo do pinhão, sendo tais furos com exatamente o diâmetro dos
eixos e uma abertura para ler a temperatura da superfície da polia motora.
Nesta caixa foram instrumentados seis sensores de temperatura do tipo LM35, fabricados
pela National Semicondutor, possuindo uma tensão linear relativa à temperatura com uma
alimentação de 4 [𝑉] a 20 [𝑉] do tipo DC, tendo uma saída de 10 [𝑚𝑉] para cada grau Celsius
de temperatura. Este sensor não possui necessidade de calibração e pode operar de −55 [°𝐶] a
150 [°𝐶] e precisão de ± 0,5 [°𝐶] a partir de 25 [°𝐶]. Os sensores LM35 tem a função de medir
a variação da temperatura do ar dentro da caixa.
Outra medição realizada de temperatura foi com a utilização de um medidor de
infravermelho, sendo medido diretamente no prato da polia através na abertura na caixa de
isolamento do CVT. Cada medida foi realizada a cada 2,5 [min], tendo assim 6 medidas durante
o experimento, considerando que a primeira medida é no instante inicial. Os dados obtidos estão
demonstrados no Capítulo 2.3.
O posicionamento dos sensores segue a seguinte sequência;
a) T1 e T6: Abaixo e acima da polia movida, respectivamente;
b) T2 e T5: Meio entre polia motora e movida abaixo e acima, respectivamente;
c) T3 e T4: Abaixo e acima da polia movida, respectivamente;
Os pontos onde foram instrumentados segue na Figura 23:
36
Figura 23 - Posição dos sensores de temperatura.
Fonte: (Autoria Própria).
Para a medição da força no Freio de Prony foi utilizado um sistema de freio a disco
acoplado a um braço de alavanca que não possui restrição de rotação ao longo do eixo de saída
final; para isso utilizou-se rolamento de esferas. A pinça de freio foi acoplada ao braço de forma
que, ao realizar a frenagem, este transmite a força resistiva ao braço, gerando assim um
conjugado de torque da força de atrito entre as pastilhas de freio e a posição de contato do disco.
Como demonstrado anteriormente, o mesmo torque gerado pelo freio é calculado utilizando um
braço com 210 [mm] e pela carga medida na célula de carga.
T1 T2 T3
T4 T5 T6
37
O acionamento da pinça é realizado através de um cilindro mestre, modelo utilizado para
veículos comerciais Montana/Corsa (produtos da General Motors) com êmbolo duplo que
apresentam diâmetro de 20 [𝑚𝑚]. Este por sua vez é acionado por um parafuso que, ao ser
girado, possibilita variar o curso do cilindro, assim aplicando maior ou menor pressão. A Figura
24 exibe o modelo e o mecanismo de acionamento (MICHELS, 2013).
Lembrando que este conceito de freio de Prony elaborado no trabalho, difere dos
mecanismos desenvolvidos encontrados na literatura, porem após uma análise prévia conclui
que obedece os princípios do modelo original.
Figura 24 - Posicionamento do cilindro mestre para regular a pressão na linha.
Fonte: (Autoria Própria).
Acionamento
Cilindro
Mestre
38
Sabe-se que, devido ao atrito do disco e pastilhas de freio, há a eventual abrasão do mesmo.
Para minimizar o efeito de desgaste e manter a pressão constante na pinça, aplicou-se na linha5
entre o cilindro mestre e a pinça um sensor de pressão Sensata 3PP6-12, com erro de ± 5%.
Assim, ao observar qualquer variação nos dados gráficos pelo computador, regula-se a pressão
do cilindro mestre.
É importante salientar que o atrito gerado no processo de frenagem gera aquecimento dos
componentes, o que pode influenciar tanto nas medidas como acarretar a falha prematura. Para
controlar um possível sobreaquecimento, o disco de freio foi refrigerado com água. Para isso,
a parte inferior do disco permaneceu imersa em aproximadamente 25,4 [mm], e assim, com a
rotação, toda a região do disco permaneceu em contato com o fluido sendo resfriado, e
possibilitando um controle da temperatura. Utilizando o medidor de temperatura por
infravermelho, a temperatura permaneceu estável em 130 [°C].
A célula de carga foi elaborada pelo aluno Samuel Cerruti Guarnieri do curso de Engenharia
Elétrica, cujas especificações são apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 - Dimensionamento da Célula de Carga.
Dimensionamento Célula de Carga
Carga 1000,0 [𝑁] Stress axial -8,33 [𝑀𝑃𝑎]
t 15,0 [𝑚𝑚] Stress bending 150,00 [𝑀𝑃𝑎]
D 20,0 [𝑚𝑚] Máximum stress -158,33 [𝑀𝑃𝑎]
B 40,0 [𝑚𝑚] Gage stress 141,67 [𝑀𝑃𝑎]
d/B 0,7 ᶓ 0,002056 [𝑚𝑚/𝑚𝑚]
e 18,0 [𝑚𝑚] µ strain 2056,10
E 68,9 [𝐺𝑃𝑎]
H 64,0 [𝑚𝑚]
a 24,0 [𝑚𝑚]
b 28,0 [𝑚𝑚]
c 4,0 [𝑚𝑚]
w 8,0 [𝑚𝑚]
Fonte: (GUARNIERI, 2013).
Na Figura 25 está descrito todas as medidas necessárias para o projeto e elaboração da
célula de carga.
5 Nome dado ao tubo que passa o fluido de freio.
39
Figura 25 - Principais medidas da célula de carga.
Fonte: (NAKKA, 2013).
A Figura 26 e a Figura 27 ilustram o posicionamento da célula de carga:
Figura 26 - Posição da célula de carga.
Fonte: (Autoria Própria).
40
Figura 27 - Posição da célula de carga;
Fonte: (Autoria Própria);
2.3. Resultados e Discussão
O trabalho propõe uma análise do comportamento do componente de transmissão CVT,
não obstante, em função da temperatura do ar interno da caixa do conjunto; para tanto, foram
realizados inúmeros ensaios e medições com o propósito de se obter o maior número de
informações possível. Encontrou-se grande dificuldade para garantir que a bancada de teste
mantivesse as condições estáveis para realização das medidas.
Uma das grandes dificuldades encontradas foi garantir a estabilidade do mecanismo de
Prony com o tempo. Observou-se como dito anteriormente a necessidade de resfriamento do
disco de freio do sistema de Prony para não danificar os componentes como pinça, pastilha de
freio e disco, porém, pequenas alterações de temperatura, mesmo que a pressão na linha de freio
41
fosse mantida constante, influenciavam diretamente na medida de força. Além disso, a forma
como foi resfriado o disco de freio também acarretava grandes alterações nas medidas, como
por exemplo: se o disco fosse resfriado por cima através de uma fina corrente de água, resultava
em medidas diferentes se o mesmo fosse resfriado sendo mergulhado na parte inferior em água,
com todos os outros parâmetros iguais.
Dentre os parâmetros medidos, o que mais era influenciado devido à forma de
resfriamento foi o obtido pela célula de carga, ou seja, a força; havia instantes que a força
oscilava de um determinado valor e reduzia para próximo de zero, pois era identificado
facilmente que o motor passava a girar sem carga (sem resistência em razão do Freio de Prony)
quando a força atingia o valor mínimo, aumentando assim a rotação e não resultando em
medidas satisfatórias.
Ademais, para rotações mais altas verificou grande vibração devido ao motor, sendo este
de combustão interna, necessitando assim de construir um mecanismo para esticar a corrente e
uma base no motor para minimizar a vibração.
Apesar das dificuldades ditas anteriormente, as medidas obtidas foram as que
possibilitaram melhores resultados. Para isso, o primeiro parâmetro a ser controlado era a força
aplicada pela pinça de freio no disco, sendo feito através do cilindro mestre, por conseguinte, a
pressão na linha era mantida em aproximadamente 70 [𝑏𝑎𝑟]. Este valor foi obtido através do
seguinte teste: a rotação do motor era aumentada até aproximadamente 2600 [𝑟𝑝𝑚]6, após isso
iniciava se o aumento da pressão na linha de freio e ao mesmo tempo era lido a força obtida na
célula de carga. A pressão era aumentada até que em um dado instante a força passasse a
diminuir, deste modo, este instante de inversão era a força máxima no qual o motor poderia
oferecer juntamente com as reduções do CVT e corrente, ao sistema.
O número de rotações a serem medidas também foi adotado com um intervalo de
300 [𝑟𝑝𝑚] pois para valores menores as medidas não apresentavam diferenças apreciáveis,
ademais a primeira medida de 2100 [rpm], foi empregue uma vez que para valores menores a
célula de carga não fornecia valores significativos.
Outra variável controlada foi o aquecimento dos componentes, foram feitas medições
para garantir que após a realização das medidas em uma rotação no decorrer dos 14 [𝑚𝑖𝑛], esta
não viesse a influenciar a próxima medida, devido ao aumento de temperatura das partes,
portanto foi necessário o controle de temperatura de todos os elementos essenciais as medições,
como motor, polia movida e polia motora, de forma que, aproximadamente era deixado o
6 Rotação correspondente ao pico de torque do motor.
42
sistema em repouso por um tempo de 30 [𝑚𝑖𝑛] para resfriamento, consequentemente
garantindo que as condições iniciais fossem iguais para todos os casos.
Após todos os parâmetros ajustados e executados todas as medidas, houve a necessidade
de realizar a minimização dos ruídos gerados. Para isso todos os resultados obtidos foram
filtrados utilizando o software MatLab (2009), através de um programa escrito com objetivo de
reduzir as variações e facilitar a leitura dos números. O programa escrito encontra se no Anexo
A.
Para as análises foi utilizado um coeficiente chamado de fator de escorregamento, no qual
compara a razão de transmissão real (𝑅𝑇𝑟) com a razão de transmissão geométrica (𝑅𝑇𝑔), sendo
esta última o parâmetro de comparação. Entende-se para este trabalho que o valor da razão
geométrica é o parâmetro tomado como ideal, pois apenas inter-relaciona os diâmetros da
posição da correia nas polias, isto é, uma relação puramente geométrica e feita através de uma
medida direta.
Este número é calculado em porcentagem através da equação (17).
𝐸𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑅𝑇𝑔−𝑅𝑇𝑟
𝑅𝑇𝑔
∙ 100% (17)
As primeiras medidas realizadas foram feitas com referência na rotação de 2100 [rpm].
Observa-se através da figura 28 que os dados de rotações 𝑁𝑝, 𝑁𝑠 e 𝑁𝑠𝑔 permaneceram
constantes durante todo o período de análise. Este comportamento já era esperado, pois em
baixas rotações o sistema (conjunto motor, CVT e redução de corrente) operou com pouca
vibração, e também não houve aquecimento apreciável para alterar o coeficiente de
escorregamento significativamente.
Analisando os dados o fator de escorregamento passou de 8,6 [%] entre 0 [min] e 2 [min]
para 11,5 [%] entre 13 [min] a 14 [min]. Os resultados são apresentados na Figura 28.
43
Figura 28 - Dados experimentais a 2100 [rpm] correlacionando no tempo rotação com escorregamento.
Fonte: (Autoria Própria).
Para a melhor interpretação dos dados de aumento do fator de escorregamento com o
tempo apresenta-se a Figura 29, que relaciona as temperaturas de medição direta no corpo do
CVT primário e temperatura medida pelos sensores instalados na caixa com o fator de
escorregamento. A temperatura 𝑇𝑚𝑒𝑑 é a média dos seis sensores instalados na caixa. Observa-
se que ao decorrer do tempo a temperatura tende a aumentar, com o tempo devido ao atrito
entre a correia com o corpo das polias motoras e movidas. Ressalta-se que tal efeito é
necessário, pois se não houvesse o contato entre os componentes não haveria a transmissão de
potência.
44
Figura 29 - Dados experimentais a 2100 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com temperatura.
Fonte: (Autoria Própria).
O segundo conjunto de dados obtidos a 2400 [𝑟𝑝𝑚] são apresentados na Figura 30.
Constata-se que a rotação de entrada permaneceu praticamente constante durante todo o período
de análise. Entretanto os resultados de rotações e escorregamento apresentaram oscilações
significativas.
É possível verificar que 𝑁𝑝 e 𝑁𝑠𝑔 apresentaram comportamentos semelhantes durante
todo o tempo de medição, sendo verificado o aumento na rotação entre 4 [𝑚𝑖𝑛] e 5 [𝑚𝑖𝑛]. Em
paralelo à rotação houve a diminuição do fator de escorregamento no mesmo instante até
aproximadamente 12,5 [𝑚𝑖𝑛]. A partir de 12,5 [min] a rotação passou a diminuir e o fator de
escorregamento a aumentar. Os efeitos citados indicam que há correlação entre a diminuição
do escorregamento e sendo assim o sistema passa a operar com maior eficiência, aumentando
a rotação no eixo de saída.
45
Figura 30 - Dados experimentais a 2400 [rpm] correlacionando no tempo rotação com escorregamento.
Fonte: (Autoria Própria).
Na Figura 31 é possível verificar a dependência da temperatura com o fator de
escorregamento. Neste caso a temperatura atingida tanto para 𝑇𝑚𝑒𝑑 e 𝑇𝑚𝑒𝑑𝐶𝑉𝑇 foi superior
em aproximadamente 8 [°𝐶] e 7 [°𝐶] respectivamente, comparado com a rotação de
2100 [𝑟𝑝𝑚].
Como a temperatura atingida foi maior, o fator escorregamento a partir de 6 [min] reduziu
em valores menores do que zero. Isto significa que para este instante a razão de transmissão
real foi superior à razão de transmissão geométrica.
46
Figura 31 - Dados experimentais a 2400 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com temperatura.
Fonte: (Autoria Própria).
Em seguida apresenta-se o terceiro conjunto de dados a 2700 [𝑟𝑝𝑚]. Na Figura 32,
observa-se que há certa semelhança com os dados anteriores com a diferença que o instante no
qual há uma diminuição do escorregamento ocorre a partir dos 3 [𝑚𝑖𝑛] sendo a 2400 [𝑟𝑝𝑚] a
ocorrência é partir dos 6 [𝑚𝑖𝑛].
47
Figura 32 - Dados experimentais a 2700 [rpm] correlacionando no tempo rotação com escorregamento.
Fonte: (Autoria Própria).
Para a temperatura média foi obtida a faixa de 30 [°𝐶] a 57 [°𝐶] do início da análise até
o final respectivamente. Já para a temperatura média medida no CVT a faixa foi de 31 [°𝐶] a
76 [°𝐶].
Os dados obtidos da Figura 33 demonstram novamente a interação que o escorregamento
apresenta com a temperatura, sendo possível verificar um comportamento não linear dos dados
havendo uma redução dentro de uma faixa de temperatura entre 3 [𝑚𝑖𝑛] e 5 [𝑚𝑖𝑛], e
posteriormente o aumento entre 5 [𝑚𝑖𝑛] e 12,5 [𝑚𝑖𝑛].
48
Figura 33 - Dados experimentais a 2700 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com temperatura;
Fonte: (Autoria Própria);
A última medida foi realizada a 3000 [𝑟𝑝𝑚]; apresenta-se na Figura 34 as rotações
permaneceram praticamente constantes ao longo dos 14 [𝑚𝑖𝑛], sendo observado um aumento
do escorregamento de 0 [𝑚𝑖𝑛] a 2 [𝑚𝑖𝑛], e posteriormente a redução com praticamente um
comportamento linear.
Atenta-se também uma pequena variação das rotações de saída real e rotação de saída
geométrica, havendo um aumento a partir de 7,5 [min].
49
Figura 34 - Dados experimentais a 3000 [rpm] correlacionando no tempo rotação com escorregamento.
Fonte: (Autoria Própria).
Com os dados plotados na Figura 35 nota-se que há o maior escorregamento em relação
aos dados anteriores, atingindo aos 2 [𝑚𝑖𝑛] aproximadamente 14 [%].
50
Figura 35 - Dados experimentais a 3000 [rpm] correlacionando no tempo escorregamento com temperatura.
Fonte: (Autoria Própria).
Na análise dos resultados foi possível constatar uma correlação dos dados de
escorregamento com temperatura, sendo afetado em maior ou menor proporção dependendo do
grau de temperatura atingido. Nas rotações de 2400 [𝑟𝑝𝑚], 2700 [𝑟𝑝𝑚] e 3000 [rpm], foram
encontrados os resultados mais importantes para o trabalho, pois há fortes tendências não
lineares do escorregamento em função da temperatura.
Para correlação dos dados foram representados graficamente os dados de escorregamento
em função da temperatura. Assim, observa-se a Figura 36, que dado uma faixa de valores em
𝑇𝑚𝑒𝑑 tem-se uma redução acentuada do índice de escorregamento. Este efeito pode ser
causado por uma aderência maior da correia com a polia, além disso, pode haver diferença do
ponto de contato entre a correia com a polia motora e a polia movida, ou seja, sendo a espessura
da correia em aproximadamente 25 [𝑚𝑚], pode ocorrer que para ambas as polias não estejam
posicionadas exatamente na mesma linha de contato da correia sendo possível que a polia
51
motora esteja em união mais próximo do diâmetro externo e a polia movida em ligação mais
próxima com o diâmetro interno, alterando assim a razão de transmissão.
Figura 36 - Correspondência dos dados experimentais.
Fonte: (Autoria Própria).
Os resultados anteriores não permitem chegar a uma conclusão sobre o real efeito da
temperatura, e se realmente pode considerar o intervalo de tal consequência como principal
ganho em eficiência, pois os dados podem estar ocultando perdas de potência.
No instante no qual há uma redução no fator de escorregamento também pode ocorrer a
diminuição da potência, sendo a condição ideal o trabalho sobre o tempo aumentar ou no
mínimo permanecer constante com a diminuição do escorregamento.
Através da expressão (12) convertendo para a unidade de potência [ℎ𝑝] tem-se:
𝑃 = [𝑅 ∙ 𝐹 ∙ (𝑁𝑓 ∙
2𝜋
60
)] ∙
1
745,7
(18)
52
Através da equação (18) para o cálculo de potência pode-se estruturar a Figura 37 no qual
ilustra os dados medidos. Insta observar que há variações ao longo do tempo, além disso, com
exceção da rotação de 2100 [𝑟𝑝𝑚], todas as medidas apresentam um aumento de potência entre
0 [𝑚𝑖𝑛] e 1,5 [𝑚𝑖𝑛]. Esta ocorrência pode ocorrer ao fato de que a temperatura é menor nos
instantes inicias (aproximadamente 30 [°𝐶]), e iniciado o funcionamento da bancada há
aquecimento do disco e pastilha de freio; eventualmente a variação de temperatura afeta o
coeficiente de atrito.
Outro detalhe é que para as medidas de 2400 [𝑟𝑝𝑚], 2700 [𝑟𝑝𝑚] e 3000 [𝑟𝑝𝑚] há um
pequeno aumento de potência em aproximadamente 7,5 [𝑚𝑖𝑛]. Já a diminuição para
2400 [𝑟𝑝𝑚] e 3000 [𝑟𝑝𝑚] ocorre aos 12,5 [𝑚𝑖𝑛], e para a rotação de 2700 [𝑟𝑝𝑚] a redução
é a partir dos 10 [𝑚𝑖𝑛].
Figura 37 - Medidas de potência.
Fonte: (Autoria Própria).
As figuras a seguir (Figura 38, Figura 39 e Figura 40) se tornam importantes, pois caso
fosse analisado somente o fator de escorregamento sem considerar a potência, o responsável
pela análise chegaria a conclusão de que entre 39 [°𝐶] e 49 [°𝐶], seria a faixa indicada para
53
melhor desempenho do CVT, no entanto de acordo com os resultados essa pode ser uma
interpretação em parte prematura, pois é observado que entre 39 [°𝐶] e 41 [°𝐶] os ganhos não
são significativos. Ademais nota-se em geral que aproximadamente para 41 [°𝐶] há o aumento
de potência para os três casos de rotações analisados, com respectivas reduções do fator de
escorregamento.
De acordo com os resultados realizados utilizando as curvas médias de regressão
polinomial, para melhor leitura dos dados; a 2400 [𝑟𝑝𝑚], entre 43 [°𝐶] e 45 [°𝐶], há um ganho
de potência em aproximadamente 0,07 [ℎ𝑝], com variação do escorregamento em 0,37 [%]; já
a 2700 [𝑟𝑝𝑚] entre 44 [°𝐶] e 52 [°𝐶], ganha-se 0,85 [ℎ𝑝], porém o fator de escorregamento
varia em 10,08 [%]; e a 3000 [𝑟𝑝𝑚], entre 49 [°𝐶] e 51 [°𝐶] há um aumento de 0,34 [ℎ𝑝],
com variação do escorregamento em 1,02 [%].
Para a obtenção desses valores foi obtida a equação de regressão através de um polinômio
de grau 6 para todos os casos, a partir dos dados da Tabela 4 do apêndice, em rotação
estabelecida; com o mínimo escorregamento associa-se a temperatura correspondente, e com a
máxima potência faz se a associação com a temperatura; no intervalo de temperatura
estabelecido calculam-se as variações de escorregamento e potência.
Figura 38 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 2400 [rpm].
Fonte: (Autoria Própria).
54
Figura 39 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 2700 [rpm].
Fonte: (Autoria Própria).
Figura 40 - Correlação de escorregamento com potência em função da temperatura a 3000 [rpm].
Fonte: (Autoria Própria).
55
É importante frisar que os resultados obtidos são dados experimentais, e dessa maneira
carregam erros inerentes ao teste realizado.
Outra observação é que os resultados obtidos são todos em relação a 𝑇𝑚𝑒𝑑, ou seja, aos
sensores externos posicionados na caixa de proteção, medindo assim a temperatura do ar
contido na caixa, pois realizar medidas constantes durante todo o transcorrer do tempo
diretamente no prato de CVT seria inviável, devido à dificuldade de posicionamento e a
necessidade de um sensor especial, o que é oneroso.
56
CAPÍTULO 3 CONCLUSÃO
3.1. Conclusões
A transmissão continuamente variável apresenta propriedades notáveis e pode ser
aplicada em inúmeras máquinas das mais variadas funcionalidades. O desenvolvimento do
CVT deve se a homens que acreditaram ser possível evoluir e adotar em componentes
mecânicos onde até então, esperavam ser impossível.
Este trabalho teve como foco avaliar apenas uma das variáveis que envolvem o
funcionamento de uma classe específica desta transmissão, o de polia e correia. Com as análises
realizadas, pode ser concluído que a temperatura afeta o desempenho do modelo analisado, e
sobre diferentes faixas de temperaturas, pode haver perdas e ganhos.
A primeira característica importante foi encontrar um intervalo de temperatura no qual os
ganhos são significativos, tendo assim uma temperatura inicial e final ideal para operação. Esta
característica demonstra haver a necessidade do controle da temperatura durante a operação do
modelo estudado, sendo necessário um sistema de controle para manter dentro da faixa
operacional desejável.
O fato de haver uma faixa de temperatura pode ser explicado da seguinte forma: ao atingir
a temperatura inicial ideal, a aderência da correia com os pratos do CVT, atinge valores no qual
o escorregamento entre os mesmo reduz, pois o calor altera o coeficiente de atrito da correia
que é feita em maior parcela de borracha e couro; neste caso o material da correia é mais
susceptível a alteração de suas propriedades na temperatura de operação obtida (no máximo
80 [°𝐶]) do que o alumínio das polias, porem para temperaturas maiores do que a máxima ideal
outro fenômeno físico ocorre que é a dilatação da correia, aumentando assim o índice de
escorregamento, pois o valor 𝑅𝑇𝑟 aumenta.
A segunda característica é que para a rotações de 2100 [𝑟𝑝𝑚] dentro do tempo de
14 [𝑚𝑖𝑛] do teste, as temperaturas medidas são menores se comparado as rotações de
2400 [𝑟𝑝𝑚], 2700 [𝑟𝑝𝑚] e 3000 [𝑟𝑝𝑚]. Isso ocorre porque a 2100 [𝑟𝑝𝑚] a resistência
gerada pelo Freio de Prony não é suficiente para que a temperatura atinja valores elevados no
intervalo de tempo supracitado, sendo assim, necessário tempos maiores, no entanto o sistema
57
poderia entrar em equilíbrio térmico, e mesmo que haja um tempo finito muito grande as
temperaturas medidas permaneceriam baixas.
A terceira característica é que na rotação de 2700 [𝑟𝑝𝑚] foram alcançadas as maiores
temperaturas para 𝑇𝑚𝑒𝑑 e 𝑇𝑚𝑒𝑑𝐶𝑉𝑇, dentro do tempo de teste, com 57 [°𝐶] e 75 [°𝐶]
respectivamente. Esta rotação se encontra próximo a rotação correspondente ao pico de toque
do motor que é 2600 [𝑟𝑝𝑚], assim, a máquina térmica fornece maiores potencias, forçando o
funcionamento do CVT.
Portanto, com os resultados analisados, conclui-se que o melhor intervalo de operação é
de 43 [º𝐶] a 52 [°𝐶] com ganho de aproximadamente 1,82 [ℎ𝑝] de potência na rotação de
2400 [𝑟𝑝𝑚]; 1,02 [ℎ𝑝] de potência na rotação de 2700 [𝑟𝑝𝑚]; e 1,09 [ℎ𝑝] de potência na
rotação de 3000 [𝑟𝑝𝑚]. Estes valores se tornam significativos se forem comparados com a
potência máxima do motor, que é de 10 [ℎ𝑝]. Se for controlada a temperatura, isso representa
um ganho de 18,2 [%], 10,2 [%] e 10,9 [%] de potência para as rotações de 2400 [𝑟𝑝𝑚],
2700 [𝑟𝑝𝑚] e 3000 [𝑟𝑝𝑚] respectivamente, reduzindo assim as perdas do sistema. Este
intervalo de temperatura corresponde à temperatura do ar, e não à temperatura medida
diretamente no prato do CVT.
Vale ressaltar que o CVT em questão é aplicado no protótipo Baja da equipe Piratas do
Vale Bardahl, e todas as condições aqui analisadas teve como foco se aproximar o máximo
possível das condições de uso do mesmo. Além disso, os resultados aqui obtidos podem
oferecer condições mais satisfatórias para o uso do modelo GX9, e consequentemente melhor
desempenho.
58
REFERÊNCIAS
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[21] TRUTH365, imagem obtida no site www.photobucket.com, [entre 2005 e 2013].
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[22] PIRATAS DO VALE, 19° Competição Baja SAE Brasil – Relatório de Projeto: Equipe
Piratas do Vale – UNESP Guaratinguetá, 19° Relatório, Guaratinguetá, 2013.
[23] MICHELS, M. J. R., projeto de freio, 2013.
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http://www.nakka-rocketry.net/
http://www.nakka-rocketry.net/strainlc.html
61
APÊNDICE – Resultados
Tabela 4 - Resultados aproximados por uma curva polinomial de grau 6;
2400 [rpm] 2700 [rpm] 3000 [rpm]
T E [%] P [hp] E [%] P [hp] E [%] P [hp]
38 2,44 2,20 1,71 5,57 9,59 2,96
39 1,61 2,23 0,52 5,51 8,98 2,93
40 0,88 2,29 -0,73 5,53 8,49 2,92
41 0,31 2,37 -1,90 5,61 8,10 2,92
42 -0,06 2,45 -2,89 5,74 7,81 2,93
43 -0,22 2,53 -3,56 5,90 7,58 2,95
44 -0,15 2,58 -3,85 6,07 7,36 2,98
45 0,15 2,60 -3,69 6,25 7,13 3,05
46 0,71 2,55 -3,09 6,42 6,87 3,15
47 1,55 2,40 -2,06 6,57 6,57 3,30
48 2,76 2,11 -0,68 6,69 6,30 3,49
49 4,45 1,60 0,97 6,79 6,17 3,70
50 6,83 0,78 2,77 6,87 6,37 3,91
51 10,18 -0,48 4,57 6,91 7,19 4,04
52 14,91 -2,38 6,23 6,92 9,06 3,98
53 21,57 -5,14 7,63 6,88 12,55 3,58
54 30,89 -9,06 8,67 6,78 18,42 2,62
Fonte: (Autoria Própria);
62
ANEXO – Programa escrito no MatLab para filtragem dos dados
function y = signal_filter(x,dt)
%close all;
N = length(x); %tamanho dos elementos de x
t = dt*(0:N-1);
%figure, plot(t,x)
% sampling rate: dt
fs = 1/dt; %frequência
df = 1/(N*dt);
fN = 1/2*fs;
f = df*(0:N-1);
X = fft(x)/N;
figure, plot(f(1:N/2),abs(X(1:N/2)))
H = hann(N).^131072';
H = fliplr(H(1:N/2));
figure, plot(H)
Y = X(1:N/2).*H(1:N/2);
figure, plot(f(1:N/2),abs(X(1:N/2)),f(1:N/2),abs(Y(1:N/2)))
if(mod(N,2)==0) %even
Y = [ Y(1:N/2) 0 fliplr(conj(Y(2:N/2))) ];
else
Y = [ Y(1:N/2) 0 0 fliplr(conj(Y(2:N/2))) ];
end
y = real(ifft(Y)*N);
%figure, plot(f,abs(X),f,abs(Y))
figure, subplot(2,1,1), plot(t,x)
subplot(2,1,2), plot(t,y)
%plot(t,y)