UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS – CAMPUS DE BAURU DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA GABRIELA GARCIA PARRAS EDUCAÇÃO POSITIVA: a psicologia positiva no currículo escolar e o desenvolvimento integral de alunos da educação infantil BAURU 2024 GABRIELA GARCIA PARRAS EDUCAÇÃO POSITIVA: a psicologia positiva no currículo escolar e o desenvolvimento integral de alunos da educação infantil Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação da Faculdade de Ciências – UNESP, Bauru, como requisito para obtenção do título de licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profa. Dra. Thaís Cristina Rodrigues Tezani. BAURU 2024 Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Educação da Faculdade de Ciências – UNESP, Bauru, como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Pedagogia, sob a orientação da Profa. Dra. Thais Cristina Rodrigues Tezani Banca Examinadora Profa. Dra. Thais Cristina Rodrigues Tezani Faculdade de Ciências – UNESP – Bauru. Profa. Dra. Maria da Graça Mello Magnoni Faculdade de Ciências – UNESP – Bauru. Profa. Ms. Isabela de Oliveira Crivelari Faculdade de Ciências – UNESP – Bauru. BAURU 202 Gostaria de expressar minha mais profunda gratidão ao meu marido, Júlio, que mesmo em meio a pandemia do COVID-19 me apoiou incondicionalmente ao longo de minha graduação. Em cada passo que trilhei, em cada degrau que alcancei, ele esteve sempre ao meu lado, oferecendo seu amor, seu apoio e sua dedicação, sem medir esforços para que eu pudesse chegar até aqui. À minha querida orientadora e professora, Thais, muito obrigada por sua dedicação, paciência e orientação ao longo desta jornada. Agradeço, sobretudo, por acreditar no meu potencial e por me guiar com tanto profissionalismo e empatia, contribuindo não apenas para o desenvolvimento deste trabalho, mas também para o meu crescimento pessoal e acadêmico. E, por fim, à minha irmã Isabela, mulher forte, corajosa e uma mãe excepcional, que me apoiou desde a escolha do curso até agora. Muito obrigada. “Crianças aprendem melhor quando gostam do seu professor e quando sabem que ele gosta delas”. Gordon Neufeld RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso de licenciatura em Pedagogia, apresentou como objetivo analisar a importância da Psicologia Positiva na educação como possibilidade de reflexões visando valorizar sua utilização na elaboração do currículo e nas práticas pedagógicas. Para isso, foram elucidadas conceituações de currículo e Educação Positiva para que esta fosse compreendida, visando assim sua importância no contexto escolar. Para a realização deste, pautou-se na abordagem qualitativa por meio da revisão sistemática da literatura. Assim, foram selecionadas obras que tratam sobre as especificidades da Educação Infantil, a importância do afeto no desenvolvimento e concepções sobre o currículo escolar. Dessa forma, as questões que nortearam a pesquisa foram: Por que a Educação Positiva é necessária no processo de ensino? Como trazer a Educação Positiva para o cotidiano escolar? Através dos estudos feitos, foi constatado que a Educação Positiva ajuda a estabelecer o bem- estar emocional na criança, além de ser essencial para o desenvolvimento de sua autoestima, contribuindo essencialmente com o processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Educação Positiva. Currículo. Práticas Pedagógicas. Afeto. ABSTRACT The present final project for the degree in Pedagogy aimed to analyze the importance of Positive Psychology in education as a means of fostering reflections to promote its use in curriculum design and pedagogical practices. To achieve this, concepts of curriculum and Positive Education were clarified to ensure a better understanding of its relevance in the school context. This study adopted a qualitative approach through a systematic literature review. Works addressing the specificities of early childhood education, the importance of affection in development, and conceptions of the school curriculum were selected. Thus, the research was guided by the following questions: Why is Positive Education necessary in the teaching process? How can Positive Education be integrated into daily school life? Through the studies conducted, it was found that Positive Education helps establish emotional well- being in children, in addition to being essential for the development of their self-esteem, thus significantly contributing to the teaching and learning process. Keywords: Positive Education. Curriculum. Pedagogical Practices. Affection. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma das etapas de elaboração da pesquisa. ................................................. 15 Figura 2 - Linha do tempo dos marcos legais que contribuíram na Educação Infantil. ........... 21 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Quantificação dos artigos encontrados na base de dados. ...................................... 16 Quadro 2 - Trabalhos selecionados para este estudo. ............................................................... 17 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 2 METODOLOGIA DA PESQUISA: ESCOLHAS, DADOS E ANÁLISE ............ 14 3 EDUCAÇÃO INFANTIL: INTERAÇÕES COM O CURRÍCULO E O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL .............................................................................. 19 3.1 O CURRÍCULO ESCOLAR .................................................................................. 25 4 PSICOLOGIA E CURRÍCULO ............................................................................... 30 4.1 PSICOLOGIA POSITIVA ..................................................................................... 30 4.1.1 Martin Seligman: o pai da Psicologia Positiva .......................................... 32 4.1.2 John Bowlby e a Teoria do Apego Seguro ................................................. 33 4.2 A EDUCAÇÃO POSITIVA ................................................................................... 35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 45 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 47 11 1 INTRODUÇÃO A partir dos estágios obrigatórios desenvolvidos para a formação em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista e o dia a dia de acompanhamento de crianças de uma escola pública, durante um certo período de tempo, além de várias observações, constatou-se o despreparo de alguns funcionários que ameaçavam crianças (de todas as idades), gritavam, castigavam, proibiram de realizar brincadeiras, chantageiam, etc. mostrando que existe um desafio que vem sendo normalizado diariamente: o modo com que os professores e funcionários lidam com os alunos da Educação Infantil, baseados numa educação tradicional, transparecendo a necessidade de uma educação voltada à Psicologia Positiva. Historicamente, educação tradicional baseia-se no adulto como autoritário e detentor de todo o conhecimento, com abordagens rígidas e pouco voltadas para o relacionamento saudável entre aluno/professor, com a criança sendo inferior e submissa ao adulto. Vale ressaltar, também, que nesse tipo de educação a punição física e emocional é considerada normal, pois ajudará a criança a ser um “adulto melhor”. Porém, dessa forma, as crianças são educadas na base do medo, chantagem e punição, não oferecendo um ambiente ideal para o desenvolvimento saudável para elas, o que afetará seu desenvolvimento social, emocional e pedagógico. A Educação Positiva, voltada ao respeito e ao afeto, ajuda as crianças a lidarem melhor com suas emoções, serem mais confiantes e obter maior autonomia. Uma criança que experimenta uma educação amorosa e respeitosa não só é protegida contra o estresse, mas também tem um sistema imunológico mais robusto. Ser tocada e assegurada carinhosamente libera oxitocina no sistema linfático, que protege contra inflamação (Miller, 2011). Ou seja, educar positivamente promove saúde, a melhor vitamina para fortalecer o sistema imunológico é uma relação respeitosa e acolhedora com a criança (Gerhardt, 2017). Na Educação Infantil, em especial nas escolas públicas, as crianças passam o dia todo lá, segundo o Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), o número de alunos matriculados em tempo integral em escolas públicas aumentou 4,1%. Em um ano, de 13,8% passou para 16,4% o número de crianças que passam o dia todo na escola. E, é na escola onde começam seus primeiros meios sociais. O contato com o professor e com os demais funcionários da escola acaba sendo como uma segunda família para essa criança. Dessa forma, é essencial que tal relação seja positiva. Incluir a Educação Positiva no ambiente escolar extingue ações do tipo: privação de atividades; punições físicas e verbais; gritos e histeria; comparações negativas; exclusões; E, fortalece ações como: diálogo; afeto; escuta; 12 valorizando as contribuições das crianças; promovendo a autonomia, Para compreender a necessidade da Educação Positiva na Educação Infantil, temos que entender que a sua base vem da Psicologia Positiva, ou seja, a Educação Positiva é a Psicologia Positiva aplicada à educação escolar (Green, 2011). Assim, por exemplo, o ato de errar, que até para nós adultos sempre foi visto com maus olhos, é natural, pois aprendemos e nos desenvolvemos. Entender isso é entender que a criança, ao errar, está aprendendo uma habilidade nova, está se desenvolvendo. A infância é uma fase naturalmente marcada por erros. No entanto, o que frequentemente fazemos é penalizar as crianças por suas falhas, quando, na verdade, elas estão apenas cumprindo um papel inerente ao seu desenvolvimento natural (Eigenmann, 2022). Estudos mostram como uma infância caótica pode influenciar em um adulto com distúrbios e problemas sociais e emocionais. Portanto, é fundamental que o bem-estar emocional seja ensinado na escola por três razões principais: como uma forma de prevenir a depressão, para aumentar a satisfação com a vida e para promover uma melhor aprendizagem e maior criatividade no pensamento (Seligman, 2009). Portanto, é necessária uma revisão de práticas pedagógicas, para que estas, além do aprendizado acadêmico tradicional, valorizem ações de educação social, emocional e ética, promovendo bem-estar, virtudes, e preparando os jovens para se tornarem indivíduos realizados e cidadãos responsáveis (Cohen, 2006). Dessa forma, para que todo currículo e os relacionamentos na comunidade escolar tenham como base a manutenção do bem-estar é necessário que: (1) os professores sejam preparados para ensinar diretamente os estudantes as habilidades da Psicologia Positiva; (2) que os princípios da Psicologia Positiva estejam integrados no currículo da escola e suas práticas pedagógicas; e (3) que os professores e demais funcionários sejam auxiliados a vivenciar os princípios da Psicologia Positiva (Cronlund, 2008). A partir do exposto, o presente trabalho apresentou como objetivo analisar a importância da Psicologia Positiva na educação como possibilidade de reflexões visando valorizar sua utilização na elaboração do currículo e nas práticas pedagógicas. Assim, a pesquisa pautou-se na abordagem qualitativa por meio da revisão sistemática da literatura A partir disso, a busca nas bases de dados priorizou autores que abordaram a temática visando o bem estar e bom desenvolvimento emocional das crianças pequenas, além dos que abordam as questões do currículo, para que haja tal articulação necessária no processo de ensino. Como justificativa para o presente trabalho, ressaltamos a relevância da articulação da 13 educação escolar com a Psicologia Positiva para a consolidação de práticas pedagógicas, que valorizem no processo educativo a afetividade, de modo que professores possam rever suas práticas pedagógicas no trabalho com as emoções no cotidiano escolar. No entanto, nas próximas seções sobre a fundamentação teórica, abordaremos inicialmente as relações entre a Educação Infantil e o currículo, guiado pelos marcos legais que contribuíram para o desenvolvimento da Educação Infantil, bem como os princípios e documentos que orientam a prática nesta etapa de ensino, destacando a criança como um sujeito de direitos, capaz de criar sua própria cultura. Em seguida, serão abordadas as concepções sobre o currículo escolar: elaboração e fatores que influenciam esse processo. Posteriormente, será apresentada a conceituação da Educação Positiva, sua origem e benefícios da abordagem. Na seção dedicada à metodologia da pesquisa, são discutidas as características da revisão sistemática da literatura, destacando que se trata de uma pesquisa de natureza qualitativa e apresentando as perguntas que orientaram o estudo. Também são mencionados os principais autores utilizados como referência na elaboração do trabalho. Além disso, são apresentados os descritores que guiaram a busca e detalhada a pesquisa nas bases de dados, explicando os critérios de inclusão e exclusão dos trabalhos selecionados. Em suma, o trabalho fundamentou-se na Educação Positiva no processo de ensino e aprendizagem, incentivando sua presença no currículo escolar e nas práticas pedagógicas, trazendo as experiências cotidianas e favorecendo na formação integral das crianças. 14 2 METODOLOGIA DA PESQUISA: ESCOLHAS, DADOS E ANÁLISE Este Trabalho de Conclusão de Curso buscou analisar a importância da Educação Positiva como forma de ensino a fim de valorizar a utilização dela na elaboração do currículo e das práticas pedagógicas. Para isso, foi adotada a revisão sistemática da literatura como metodologia de pesquisa, fundamentada nos estudos de Gil (2002), que descreve a pesquisa bibliográfica como sendo desenvolvida a partir de materiais previamente publicados sobre o tema em questão, destacando suas diversas vantagens para o resultado final do estudo. Dessa forma, deve existir uma pergunta norteadora para que haja uma revisão sistemática, a qual se pretende responder com as evidências encontradas na pesquisa, sendo o primeiro passo para realização de uma revisão sistemática. Como Castro (2001, p. 41) afirma: A elaboração e o refinamento da pergunta da revisão sistemática passam pelo crivo de quatro indagações. 1. A pergunta é relevante? 2. A pergunta é realística? 3. O assunto é amplo ou limitado? e 4. Espera-se fazer uma revisão sistemática com ou sem metanálise? Assim, a pergunta norteadora está alinhada com o objetivo da pesquisa, conduzindo a análise ao considerar a importância da Educação Positiva como ferramenta no processo de ensino e na elaboração do currículo e das práticas pedagógicas. Da mesma forma, facilita a clara identificação do tema durante a busca nas bases de dados, permitindo assim avaliar os pontos importantes e as diferenças em relação ao trabalho. Algumas das perguntas que nortearam o trabalho foram: • Por que a Educação Positiva é tão importante? • Quais os benefícios da Educação Positiva para o desenvolvimento das crianças? • Como melhorar a relação entre alunos e professores? • Como evitar que professores e funcionários sejam grosseiros com as crianças? A partir da reflexão sobre as perguntas, iniciou-se a busca por referenciais na literatura e a seleção dos artigos encontrados, tendo que ser identificados os termos descritores e termos de refinamento da busca. Delimitada a questão que será tratada na revisão, é preciso definir quais bases de dados serão consultadas para a busca de artigos e outros materiais bibliográficos que possam ser incluídos ou excluídos da revisão de literatura 15 que se pretende realizar (Galvão; Ricarte, 2019). Assim, foi elaborada uma sequência de etapas para o processo de construção desse trabalho, as definições estabelecidas inicialmente estão descritas na Figura 1. Figura 1 - Fluxograma das etapas de elaboração da pesquisa. Fonte: Elaboração Própria Utilizada como método para elaboração desse trabalho, a revisão sistemática da literatura é uma modalidade de pesquisa que segue protocolos específicos e tem como propósito verificar a funcionalidade em determinado contexto além de identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e analisar os dados destes estudos incluídos na revisão (Castro, 2001). Assim, a revisão de literatura é uma pesquisa construída por seus próprios objetivos, seguindo um protocolo para estruturação do trabalho, como por exemplo: Apresentando de forma explícita as bases de dados bibliográficos que foram consultadas, as estratégias de busca empregadas em cada base, o processo de seleção dos artigos científicos, os critérios de inclusão e exclusão dos artigos e o processo de análise de cada artigo. Explicita ainda as limitações de cada artigo analisado, bem como as limitações da própria revisão (Galvão; Ricarte, 2019, p. 58). Dessa forma, entre as fontes de base de dados foram priorizadas o SciELO (Scientific Electronic Library Online), que dispõe a produção de artigos que foram produzidos na América Latina. Além desta base de dados, alguns livros foram lidos para a escrita deste trabalho, dentre eles estão: A Raiva Não Educa, A Calma Educa (2022) de Maya Eigenmann; Por que o Amor é Importante: Como o Afeto Molda O Cérebro do Bebê (2017) de Sue Gerhardt; Psicologia e Currículo (1987) de César Coll. Na busca pela fundamentação, os descritores utilizados para escolha de artigos que seriam usados na construção do presente trabalho foram: Educação Positiva, Psicologia Positiva, currículo e Educação Positiva e Educação Positiva na Educação Infantil. Porém, por 16 ter conhecimento do nome de alguns autores que falam sobre o tema, a busca também foi feita diretamente pelo nome destes: Martin Seligman, John Bowlby, Maya Eigenmann e Sue Gerhardt. Foram realizadas buscas avançadas na base de dados, selecionando trabalhos escritos em português, abrangendo todos os periódicos, índices de citações e tipos de documentos. Para especificação numérica dos artigos encontrados vale considerar o Quadro 1 a seguir. Quadro 1 - Quantificação dos artigos encontrados na base de dados. Bases Pesquisadas Descritores Identificados Rejeitados Selecionados SciELO Educação Positiva 3 3 0 Psicologia Positiva 37 32 4 Currículo e Educação Positiva 1 0 1 Educação Positiva na Escola 1 0 1 Total 6 Fonte: Elaboração Própria Após a seleção, a próxima etapa do trabalho foi a avaliação crítica dos conteúdos. Esse processo ocorre com a definição dos critérios utilizados para selecionar quais trabalhos serão estudados. Para a definição dos trabalhos considerados na análise desta pesquisa, inicialmente considerou-se o critério relacionado aos títulos, sendo excluídos aqueles que não se mostravam compatíveis com o tema escolhido. Depois disso, foram realizadas as leituras dos resumos de cada artigo, assim como a verificação dos sumários em busca da identificação de assuntos específicos. Vale ressaltar que sempre fora observado quais autores eram mencionados. Por meio dos critérios descritos, foram reunidos estudos que se assemelhavam em título, resumo e especificidades presentes no tema, examinando as palavras-chave: Educação Positiva, Psicologia Positiva, currículo e Educação Positiva e Educação Positiva na Educação Infantil. Do mesmo modo, buscou-se também observar os trabalhos que propuseram a conceituação do currículo escolar, refletiram sobre a importância do uso da Psicologia Positiva no processo de educação, bem como sobre o contexto educacional infantil, 17 discorrendo a respeito das influências sociais, culturais e emocionais estando de acordo com a BNCC Além disso, não foram considerados os artigos que não referenciam o assunto principal dessa pesquisa, isto é, os artigos que não apresentaram em sua composição características sobre a Educação Positiva, Psicologia Positiva, currículo e Educação Positiva e Educação Positiva na Educação Infantil Na tabela abaixo se encontram os trabalhos selecionados na base de dados. Quadro 2 - Trabalhos selecionados para este estudo. Ano Título Autores Link de acesso 2003 Psicologia Positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família Yunes, Maria Angela Mattar https://www.scielo.br/ j/pe/a/8NB6nkqmK49 dWHJYbqXLFDB/?f o 2007 Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões Paludo, Simone dos Santos; Koller, Silvia Helena https://www.scielo.br/ j/paideia/a/mPnRBjz6 RrFFy9LPwSmFppz/ ?lang 2012 Psicologia Positiva no Brasil: uma revisão sistemática da literatura Pureza, Juliana da Rosa; Kuhn, Claudia Helena Corazza; Castro, Elisa Kern; Lisboa, Carolina Saraiva de Macedo http://pepsic.bvsalud. org/scielo.php?pid=S 1808- 56872012000200006 &script=sci_arttext 2017 Educação positiva: a aplicação da Psicologia Positiva a instituições educacionais Cintra, Clarisse Lourenço; Guerra, Valeschka Martins https://www.scielo.br/ j/pee/a/Y8Z7fc66J5ns G8Wn49zty6B/?lang =pt 2018 Relação afetiva entre professor-aluno e esquemas iniciais desadaptativos em crianças pré-escolares Jager, Marcia Elisa; Macedo, Jessica Cruz http://pepsic.bvsalud. org/pdf/rbtc/v14n1/v1 4n1a03.pdf 2020 Aplicações da Psicologia Positiva no Desenvolvimento Infantil: uma revisão de literatura Ferreira, Patricia Cristina; Lamas, Karen Cristina Alves https://www.scielo.br/ j/pusf/a/9rV3xzG3s9 XfMTMVpg3tBGb/?l ang=pt Fonte: Elaboração Própria https://www.scielo.br/j/pe/a/8NB6nkqmK49dWHJYbqXLFDB/?fo https://www.scielo.br/j/pe/a/8NB6nkqmK49dWHJYbqXLFDB/?fo https://www.scielo.br/j/pe/a/8NB6nkqmK49dWHJYbqXLFDB/?fo https://www.scielo.br/j/pe/a/8NB6nkqmK49dWHJYbqXLFDB/?fo https://www.scielo.br/j/paideia/a/mPnRBjz6RrFFy9LPwSmFppz/?lang https://www.scielo.br/j/paideia/a/mPnRBjz6RrFFy9LPwSmFppz/?lang https://www.scielo.br/j/paideia/a/mPnRBjz6RrFFy9LPwSmFppz/?lang https://www.scielo.br/j/paideia/a/mPnRBjz6RrFFy9LPwSmFppz/?lang http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872012000200006&script=sci_arttext http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872012000200006&script=sci_arttext http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872012000200006&script=sci_arttext http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872012000200006&script=sci_arttext http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872012000200006&script=sci_arttext https://www.scielo.br/j/pee/a/Y8Z7fc66J5nsG8Wn49zty6B/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pee/a/Y8Z7fc66J5nsG8Wn49zty6B/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pee/a/Y8Z7fc66J5nsG8Wn49zty6B/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pee/a/Y8Z7fc66J5nsG8Wn49zty6B/?lang=pt http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v14n1/v14n1a03.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v14n1/v14n1a03.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v14n1/v14n1a03.pdf https://www.scielo.br/j/pusf/a/9rV3xzG3s9XfMTMVpg3tBGb/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pusf/a/9rV3xzG3s9XfMTMVpg3tBGb/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pusf/a/9rV3xzG3s9XfMTMVpg3tBGb/?lang=pt https://www.scielo.br/j/pusf/a/9rV3xzG3s9XfMTMVpg3tBGb/?lang=pt 18 A partir dos artigos e livros lidos o trabalho teve início descrevendo a Educação Infantil e suas interações com o currículo e desenvolvimento emocional das crianças, focando em descrever as características do currículo escolar, descrevendo suas funcionalidades, processo de construção, tendo em vista que o currículo é elaborado a partir de vertentes que incluem os contextos culturais, políticos e sociais, já fazendo um gancho para o desenvolvimento emocional das crianças que também é trabalhado. Após a apresentação deste tópico, foi explorado a intersecção entre Psicologia e Currículo, assunto trabalhado por Coll (1987) em seu livro, onde o autor transcorre sobre o currículo dizendo que não é apenas um conjunto de conteúdos, mas uma ferramenta que deve orientar as práticas pedagógicas, focando no desenvolvimento integral dos estudantes. Assim, ligamos a temática da Psicologia Positiva, descrita no tópico seguinte, que embora ainda seja uma pesquisa pouco expressiva, está em expansão no âmbito científico internacional (Koller, 2004) e, segundo o artigo estudado Psicologia positiva no Brasil: uma revisão sistemática da literatura (Pureza; Kuhn; Castro; Lisboa, 2012): [...] foi observado que ainda encontram-se poucos estudos brasileiros que se propõem a estudar a psicologia positiva a partir de metodologias científicas. Das publicações encontradas, treze consistiam em revisões não-sistemáticas da literatura, e apenas seis apresentavam estudos empíricos, sendo quatro estudos quantitativos, um estudo qualitativo e um estudo com delineamento misto. Ou seja, no Brasil, esse tema ainda é pouco estudado. Porém, a pesquisa conseguiu discorrer e apresentar os principais nomes dessa psicologia, tendo destaque Martin Seligman e John Bowlby já citados. Por fim, por meio da análise de algumas produções científicas, juntando aos autores selecionados, o presente trabalho demonstrou a importância da Educação Positiva como ferramenta de ensino e por qual motivo se faz necessária a utilização junto ao currículo e da afetividade no processo de ensino e aprendizagem. Afinal, a Educação Positiva nos ajudará a criar uma geração de adultos e crianças com mais saúde emocional (Eigenmann, 2022). 19 3 EDUCAÇÃO INFANTIL: INTERAÇÕES COM O CURRÍCULO E O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL A Educação Infantil tem um papel fundamental no desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Nesta seção, serão exploradas as interações entre o currículo da Educação Infantil e o desenvolvimento emocional das crianças. Com base nos marcos legais, discute-se como a Educação Infantil pode promover um ambiente que valorize o desenvolvimento emocional, ao mesmo tempo em que assegura a formação de qualidade desde os primeiros anos. A Educação Infantil evoluiu por meio de marcos legais que moldaram sua dinâmica até os dias atuais. Com o tempo, a criança passou a ser considerada um sujeito de direitos, incluindo direito à saúde, educação e ao desenvolvimento (Declaração de Genebra, 1924). A partir da década de 1930, tornou-se uma exigência que o Estado assumisse a responsabilidade pelo atendimento às crianças pequenas, garantindo suas necessidades básicas. Em 1943, com a promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas, as creches passaram a ser obrigatórias, asseguradas como um direito para as mães trabalhadoras. Em 1980, a visão sobre a criança mudou, reconhecendo-a como sujeito com direitos (civis, políticos, econômicos, sociais e culturais) que precisa de proteção por meio de políticas públicas específicas. Assim, a infância começa a ser vista como um período importante da vida humana, que merece valorização e desenvolvimento de habilidades individuais. Com a Constituição Federal de 1988, as políticas públicas curriculares brasileiras foram formalizadas, integrando a Educação Infantil à Educação Básica e reconhecendo a importância da infância e o direito das crianças à educação, saúde e proteção. Em 1990, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) estabeleceu direitos e garantias para crianças e adolescentes, incluindo proteção contra abusos, direito à educação e saúde, e medidas de proteção social e judicial. Cabe destacar que no ano de 1994, divulgou-se no Brasil a Política Nacional de Educação Infantil, sendo o pioneiro documento a propor a elaboração de um currículo específico para a Educação Infantil, tendo em vista que, as políticas de educação precisavam conter articulações entre as políticas de saúde, justiça, cultura, direitos humanos, assistência social e diversidade. Para isso, na atribuição desta política, o Ministério da Educação determinou princípios de diretrizes que guiaram os parâmetros da Educação infantil. Tal documento estabeleceu três objetivos: expandir a oferta de vagas, fortalecer a concepção de Educação Infantil e melhorar a qualidade do atendimento de creches e pré-escola. Durante a 20 sua implementação, alguns princípios foram apresentados: 1. A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e destina-se à criança de zero a seis anos de idade, não sendo obrigatória, mas um direito a que o Estado tem obrigação de atender. 2. As instituições que oferecem Educação Infantil, integrantes dos Sistemas de Ensino, são as creches e as pré-escolas, dividindo-se a clientela entre elas pelo critério exclusivo da faixa etária (zero a três anos na creche e quatro a seis na pré- escola). 3. A Educação Infantil é oferecida para, em complementação à ação da família, proporcionar condições adequadas de desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social da criança e promover a ampliação de suas experiências e conhecimentos, estimulando seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade. 4. As ações de educação, na creche e na pré-escola, devem ser complementadas pelas de saúde e assistência, realizadas de forma articulada com os setores competentes. 5. O currículo da Educação Infantil deve levar em conta, na sua concepção e administração, o grau de desenvolvimento da criança, a diversidade social e cultural das populações infantis e os conhecimentos que se pretendem universalizar. 6. Os profissionais de Educação Infantil devem ser formados em cursos de nível médio ou superior, que contemplem conteúdos específicos relativos a essa etapa da educação. 7. As crianças com necessidades especiais devem, sempre que possível, ser atendidas na rede regular de creches e pré-escolas (Brasil, 1994, p. 14-15). Nos anos 2000, em 2009, foi aprovada, pelo Conselho Nacional de Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) as quais foram elaboradas, pelo Ministério da Educação, com os princípios e orientações para a organização e implementação da Educação Infantil no país, buscando assegurar formação integral e de qualidade para as crianças. Em 2014, O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece diretrizes e metas para a educação no país, tendo como objetivo melhorar a qualidade da educação em todos os níveis e etapas. Por fim, em 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vai definir as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da Educação Básica, assegurando que todos os estudantes tenham acesso a formação de qualidade no Brasil. Tal ordem cronológica destes marcos, é apresentado na Figura 2: 21 Figura 2 - Linha do tempo dos marcos legais que contribuíram na Educação Infantil. Fonte: Elaboração Própria Atualmente, de acordo com a BNCC, a Educação Infantil inclui aprendizagens relacionadas ao comportamento, conhecimento e experiências que favorecem o desenvolvimento das crianças, destacando as interações e brincadeiras como elementos centrais. Reconhece as necessidades específicas de cada fase da infância, assim os objetivos de aprendizagem são organizados em três grupos conforme a faixa etária: a primeira fase é a creche, destinada a bebês de zero a 1 ano e 6 meses; a fase intermediária corresponde às crianças pequenas, com idades de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; a pré-escola atende às crianças de 4 a 5 anos e 11 meses. No contexto dos marcos legislativos e das normas legais voltadas para a Educação Infantil, foram estabelecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) em 2009. Este documento visou garantir o direito social da criança, reconhecendo a educação como uma obrigação do Estado. Para alcançar esse objetivo, houve a colaboração de movimentos comunitários, feministas, de redemocratização, de trabalhadores e, principalmente, de profissionais da educação. Com base nessa diretriz, a Educação Infantil foi proposta a adequação às práticas pedagógicas e promover o desenvolvimento infantil. De acordo com o DCNEI (2009), a Educação Infantil é a primeira fase da Educação Básica, que integra as experiências e conhecimentos de cada criança, além de promover a socialização, fator de extrema importância para o desenvolvimento da cultura. Por isso, a criança é descrita como: 22 Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (Brasil, 2010, p. 12). A criança é um sujeito com direitos a ser respeitado. Tem direito ao desenvolvimento emocional como parte do desenvolvimento integral na primeira infância, reconhecendo, portanto, que o desenvolvimento emocional está diretamente ligado ao desenvolvimento social, cognitivo e físico, assim, faz-se necessária uma revisão das metas educacionais, que devem passar a priorizar, além do aprendizado acadêmico tradicional, a educação social, emocional e ética, promovendo o bem-estar, as virtudes, e preparando os jovens para se tornarem indivíduos realizados e cidadãos responsáveis (Cohen, 2006). Segundo as DCNEI (Brasil, 2010), o desenvolvimento emocional envolve: o reconhecimento e expressão das emoções, autonomia emocional, relacionamento com o outro e ambiente acolhedor. No reconhecimento e expressão das emoções a criança precisa ser apoiada de maneira saudável, aprendendo a lidar com sentimentos como alegria, tristeza, frustração, raiva, etc. A autonomia emocional desenvolver-se-á a capacidade de regular suas emoções, obtendo maior controle sobre seus sentimentos e reações. No relacionamento com o outro a criança desenvolver-se-á a capacidade de formar vínculos afetivos, resolver conflitos de maneira pacífica e desenvolver empatia e cooperação com outras pessoas. Em resumo, os desafios que enfrentamos tanto na vida das crianças quanto em nossas próprias vidas resultam do fato de termos negligenciado completamente a relevância do afeto. Ele é a chave para a saúde mental, a inteligência e o funcionamento como ser humano (Gerhardt, 2017). Relembramos, aqui, que o desenvolvimento emocional é um direito das crianças, como já exposto pela DCNEI, porém, vale destacar que no ECA (1990) também foi reforçado o direito ao desenvolvimento pleno, incluindo o aspecto emocional. De acordo com o ECA, é dever do Estado, da família e da sociedade assegurar que as crianças tenham oportunidades para desenvolver-se em todas as dimensões, o que inclui apoio emocional, afetivo e psicológico. Assim, para mediar a relação entre a criança e o mundo, tendo como objetivo promover a construção de conhecimentos, são utilizados documentos que orientam as práticas pedagógicas por meio de metas gerais e específicas. Direcionando o ensino, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os currículos institucionais apontam quais habilidades precisam ser desenvolvidas e em que etapa de ensino as crianças estão preparadas para aprender 23 determinados conteúdos. Tendo em vista que, a Educação Infantil é essencial na formação da criança, é nesta fase que as bases para seu desenvolvimento integral são estabelecidas. É aqui que a afetividade se apresenta como um elemento fundamental para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças. Esta afetividade vai envolver as relações estabelecidas entre as crianças e os profissionais de educação, assim como com as próprias crianças. A afetividade se constitui como uma das habilidades que os profissionais de Educação Infantil precisam utilizar para elaboração das propostas pedagógicas, no planejamento das atividades e na mediação das relações entre professora-criança, entre criança-criança e entre as crianças e os objetos de conhecimento. Dessa forma, a dimensão afetiva é inerente à função primordial das creches e pré-escolas, cuidar e educar. (Cacheffo; Garms, 2015, p. 25). Dessa forma, devemos compreender a importância da afetividade na Educação Infantil e de que forma ela influencia o desenvolvimento da criança. Afinal, é através da afetividade que as crianças aprendem a lidar com suas emoções e com as emoções dos outros, criam vínculos afetivos importantes e desenvolvem habilidades sociais e emocionais que serão fundamentais para sua vida futura. Segundo Chalita (2001, p. 153), “o professor é a referência, o modelo, é o exemplo a ser seguido e, exatamente por causa disso, o pouco que fizer afetuosamente, uma palavra, um gesto, será muito para o aluno com problemas”. Segundo Aranha (2017), na Educação Infantil, a afetividade se apresenta como um elemento crucial para o desenvolvimento integral da criança, contribuindo para sua formação social, emocional e cognitiva. Portanto, é essencial que os profissionais da educação entendam que neste período do desenvolvimento a afetividade está diretamente ligada a construção do conhecimento, para que assim consigam desenvolver práticas pedagógicas que estimulem e promovam um ambiente acolhedor e afetivo para as crianças. [...] as relações de mediação feitas pelo professor, durante as atividades pedagógicas, devem ser sempre permeadas por sentimentos de acolhida, simpatia, respeito e apreciação, além de compreensão, aceitação e valorização do outro; tais sentimentos não só marcam a relação do aluno com o objeto de conhecimento, como também afetam a sua autoimagem, favorecendo a autonomia e fortalecendo a confiança em suas capacidades e decisões (Leite; Tassoni, 2002, p. 20). Ou seja, na Educação Infantil, é fundamental que os profissionais da educação desenvolvam práticas que estimulem a afetividade, promovendo um ambiente mais acolhedor e seguro para as crianças. Dessa forma, haverá grande contribuição para a formação de vínculos afetivos entre as crianças e os profissionais da educação, o que é fundamental para o 24 processo de aprendizagem. Bock, Gonçalves e Furtado (2013) também afirmam que a afetividade é um dos principais elementos que influenciam a construção da personalidade e das relações interpessoais. Diante do exposto, vamos retomar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento que estabelece os direitos de desenvolvimento e aprendizagem de todos os estudantes no país. A afetividade, por sua vez, é mencionada como um dos aspectos que compõem as competências socioemocionais, presentes em todas as áreas do conhecimento e campos de experiências do documento. Ou seja, a BNCC reconhece a importância de promover o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, que incluem o autocontrole, a empatia, o respeito e o relacionamento interpessoal, por meio de práticas pedagógicas que valorizem a afetividade. Pensando nisso, é importante que o professor crie um ambiente acolhedor, sem gritos, sem violência, onde a criança se sinta segura, valorizada e respeitada como indivíduo, o que contribuirá para sua formação como ser humano A afetividade é um elemento fundamental na relação entre professor e aluno, especialmente na Educação Infantil. É importante que o professor saiba acolher e valorizar as emoções dos seus alunos, pois isso contribui para a construção de um ambiente educacional mais acolhedor e afetivo (Henriques, 2005, p. 32). De acordo com Henriques (2005), a afetividade é um dos principais fatores que contribuem para o sucesso da aprendizagem na Educação Infantil. Isso ocorre porque a criança aprende melhor quando está motivada e envolvida emocionalmente com o processo de aprendizagem, o que é favorecido por um ambiente afetivo e acolhedor. Reforça-se, então, a importância dos professores e profissionais da educação que trabalhem com crianças, compreenderem a importância de uma educação emocional e sua importância nas práticas pedagógicas para um desenvolvimento integral da criança. A afetividade é um elemento fundamental para a formação integral das crianças na Educação Infantil, uma vez que contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais importantes, como a empatia, a solidariedade e o respeito pelas diferenças (Lerner, 2002, p. 46). Lerner (2002) ressalta que “as relações sociais entre as crianças são essenciais para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais importantes, como a empatia, a solidariedade e o respeito pelas diferenças”. À Lei de Diretrizes e Bases, no artigo 2º, traz que a educação deve promover o desenvolvimento integral do indivíduo, considerando 25 aspectos cognitivos, emocionais, sociais e culturais. Assim, a educação emocional é reconhecida como um elemento fundamental para a formação dos estudantes, sendo uma parte importante para os objetivos da educação brasileira. A educação emocional é essencial para o desenvolvimento infantil, pois é através dela que a criança aprende a compreender e controlar suas emoções, bem como a estabelecer vínculos afetivos importantes (Goleman, 1995). Diante do exposto, notamos que a LDB e a BNCC reconhecem a importância da educação emocional no processo educativo, destacando a necessidade de considerar as dimensões socioemocionais dos estudantes, promovendo relações afetivas e saudáveis, estimulando o desenvolvimento das habilidades socioemocionais e criando um ambiente educacional acolhedor, que valorize as emoções e contribua para o desenvolvimento integral dos alunos. Tendo em vista que, o desenvolvimento humano é resultado da interação entre o indivíduo e o meio, e por isso a educação deve levar em conta todas as dimensões do ser humano, incluindo suas emoções e afetos (Vigotsky, 2000). O desenvolvimento emocional permite à criança o autoconhecimento, melhor relacionamento interpessoal, ajuda na resolução de conflitos, além de promover a autonomia, confiança e autoestima, sendo elemento indispensável para que ocorram aprendizagens. Por isso, destaca-se que o desenvolvimento emocional, com intencionalidade pedagógica, contribuirá para formação que considere os direitos da infância. Diante disso, o currículo busca concretizar esses direitos e garantir o conhecimento Portanto, entre os documentos normativos mais relevantes e expostos acima, destaca- se o currículo escolar, que orienta as atividades pedagógicas. Neste trabalho de conclusão de curso o foco estará no currículo da Educação Infantil, cujo alicerce se baseia no desenvolvimento emocional. 3.1 O CURRÍCULO ESCOLAR O currículo escolar é um documento que considera aspectos internos quanto externos das instituições que influenciam sua elaboração. Há fatores visíveis e implícitos que uniformizam práticas e conteúdos. O currículo é uma estrutura normativa criada para viabilizar o processo de ensino. Essas estruturas presentes no currículo são revisadas periodicamente, com o objetivo de garantir a educação das crianças nas escolas. Segundo Agostini (2017, p. 29) o currículo: “[...] “escolhe” os tipos de conhecimentos e modos de serem desejáveis para aquele submetido em sua lógica, sendo que, ao fim e ao cabo, as teorias curriculares tornam-se permeadas de questões sobre subjetividade e 26 identidade, principalmente no que se refere a sua formação [...].” O currículo escolar é uma construção cultural que visa estruturar as práticas educativas e definir os objetivos a serem atingidos ao longo do processo de ensino e aprendizagem em cada etapa da vida. Contudo, pode variar conforme o contexto social em que está inserido, tendo diversas formas e funções. É difícil ordenar num esquema e num único discurso coerente todas as funções e formas que parcialmente o currículo adota, segundo as tradições de cada sistema educativo, de cada nível ou modalidade escolar, de cada orientação filosófica, social ou pedagógica, pois são múltiplas e contraditórias as tradições que se sucederam e se misturaram nos fenômenos educativos. Não devemos esquecer que o currículo não é uma realidade abstrata à margem do sistema educativo em que se desenvolve e para o qual se planeja (Sacristán, 2000, p. 15). Diante das afirmações de Sacristán (2000), fica evidente entender o currículo como um projeto que examina as ações educativas, fundamentado em planejamento estruturado e organizado, o qual define princípios e métodos. Além disso, envolve a escolha dos tipos de conhecimento, refletindo as intenções dos adultos em relação à aprendizagem da criança, no que diz respeito ao significado do saber e às práticas de poder. Segundo Gimeno Sacristán (2000, p. 22): O currículo trata-se de um fenômeno escolar que expressa determinações não estritamente escolares, algo que situe entre as experiências pessoais e culturais dos sujeitos, por um lado prévias e paralelas às escolares, realizando-se num campo escolar, mas sobre o qual incidem, por outro lado, subsistemas exteriores muito importantes que obedecem a determinações variadas. Dessa forma, esses subsistemas são apresentados da seguinte forma: Primeiro: mostrando o âmbito da atividade político administrativa, o qual trata sobre a regulação da administração educativa, indicando que o currículo possui determinantes exteriores; Segundo: sendo o subsistema de participação e de controle, tratando da construção do currículo e quais são as liberdades para elaboração; Terceiro: refletindo a ordenação do sistema educativo, isto é, analisando as mudanças de fases de vida, estruturas de níveis, ciclos, modalidades ou especialidades. Aqui serão determinadas as finalidades para os diferentes níveis de ensino; Quarto: é o subsistema que fala sobre o sistema de produção de meios. Aqui, é analisado as práticas de produção e distribuição além dos variados materiais em que é baseado 27 o currículo; Quinto: traz o âmbito de criação cultural e científica, ou seja, os aspectos que indicam a dinâmica curricular, seus conteúdos e formas; Sexto: é o técnico-pedagógico, que constitui os formadores, especialistas e pesquisadores em educação, bem como na delimitação de objetivos; Sétimo: temos a inovação, o qual se aplica por meio de intervenção administrativa que surgiu por meio dos movimentos de renovação pedagógica em busca de estratégias para aperfeiçoamento curricular; Oitavo: o subsistema prático-pedagógico, que identifica a prática condicionada pela instituição e pelos subsistemas anteriores. Porém, a prática muda conforme a relação entre alunos e professores, além de depender do contexto cultural. Para Sacristán (2000, p. 26) O conjunto dessas inter-relações constitui o sistema curricular, compreensível apenas dentro de um determinado sistema social geral, que se traduz em processos sociais que se expressam através do currículo. Nesse conjunto de interações se configura como objetivo, e é através das práticas concretas dentro do sistema geral e dos subsistemas parciais que podemos observar as funções que cumpre e os significados reais que adota. Em relação aos fatores estruturais, as decisões políticas e administrativas também vão influenciar na criação do currículo, as quais vão variar de uma escola para outra principalmente por conta do contexto histórico e social. Assim, o currículo pode apresentar um caráter subjetivo e formativo, pois, ele vai administrar as habilidades e conhecimentos que cada indivíduo é capaz de produzir de maneira adequada à estrutura dominante da sociedade. É por meio do currículo, concebido como elemento discursivo da política educacional, que os diferentes grupos sociais, especialmente os dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, sua “verdade” (Silva, 2001). Além disso, cada currículo tem um objetivo específico que varia conforme os níveis de ensino. Dentre essas variações estão: o currículo do ensino obrigatório e o currículo universitário. Essas duas modalidades apresentam objetivos distintos e buscam por funções sociais diferentes, ficando explícita a flexibilização curricular. Sacristán (2000, p. 15) vai afirmar que: Quando definimos o currículo estamos descrevendo a concretização das funções da própria escola e a forma particular de enfocá-las num momento histórico e social 28 determinado, para um nível ou modalidade de educação, numa trama institucional, etc. O currículo do ensino obrigatório não tem a mesma função que o de uma especialidade universitária, ou de uma modalidade de ensino profissional, e isso traduz em conteúdos, formas e esquemas de racionalização internas diferentes, porque é diferente a função social de cada nível e peculiar realidade social e pedagógica que se criou historicamente em torno dos mesmos. O currículo, dessa forma, é a junção dos subsistemas e das variadas práticas de ensino que apresentam comportamentos diferenciados de acordo com cada instituição. Além disso, o currículo conta com conteúdos e códigos, sendo os códigos os fatores que implicam condições às práticas. Assim, o projeto curricular é restrito a condições institucionais que são determinadas pela política curricular, estrutura do sistema educativo e organização escolar, existindo, então, concepções curriculares que são: políticas, psicológicas, epistemológicas, de valores sociais, bem como filosofias e de modelos educativos. A partir do exposto, o currículo vai apresentar, também, duas vertentes: explícito e oculto. Em relação ao currículo explícito, podemos dizer que é o documento que reúne as intenções para com o estudante, ou seja, é o que foi planejado e direcionado à criança para atingir uma habilidade ou construir um saber. E, em relação ao currículo oculto, podemos dizer que é uma prática não intencional que pela repetição da sua ação tornou-se um hábito que ocorre durante o cotidiano, como intervenções que não são sistematizadas. Podemos ver o currículo oculto em ações como: enfileirar cadeiras, professor sempre a frente na sala, pedir para que as crianças levantem a mão antes de falar, etc. Outro critério que o currículo usa para sua formulação são as datas comemorativas como carnaval, páscoa e natal. Essas datas, por sua vez, são determinadas conforme a perspectiva cultural de cada instituição, variando entre as escolas do públicas, privadas, do campo ou religiosas. Pensando em uma formação de identidade individual e coletiva, o currículo é elaborado com a junção de diversos saberes, tendo suas significações variadas de um grupo social para outro. Segundo Agostini (2017. p. 33) Nesse sentido, o currículo é capaz de produzir significados, concepções e até mesmo um tipo específico de sujeito, o que, levado ao campo da educação infantil gera uma série de questionamentos, como o fato de que ele deve atender a uma lógica que respeite a criança enquanto indivíduo, seus anseios e suas prerrogativas pessoais, sua interação natural com o mundo, o que nitidamente nessa fase da vida se faz pelo brincar e interação com os demais infantes, com os adultos e com o mundo que os cerca. 29 Concluímos, então, que o documento que direciona as habilidades que devem ser aprendidas na infância, mostra, também, como respeitar a criança em seu período de formação enquanto indivíduo, tendo em vista a importância de uma boa interação da criança com os adultos ao seu redor. Dessa forma, as crianças podem ser atendidas conforme os procedimentos legais e pedagógicos encontrados na BNCC. 30 4 PSICOLOGIA E CURRÍCULO Com base na obra Psicologia e Currículo de César Coll (1987), constatamos a articulação entre psicologia e a prática educacional, focado em como o currículo escolar pode ser estruturado para favorecer o desenvolvimento dos alunos. Coll (1987) vai adotar uma perspectiva construtivista, influenciada por Jean Piaget e Lev Vygotsky, para discutir como o processo de ensino e aprendizagem precisa ser organizado, levando em conta o desenvolvimento cognitivo e social dos estudantes. O autor enfatiza a importância do currículo centrado no aluno e que considere os processos de construção do conhecimento, de forma ativa e não apenas como transmissão de conteúdos. Um dos principais pontos abordados por Coll (1987) é o currículo como um guia pedagógico, ou seja, não é somente um conjunto de conteúdos, mas um instrumento de orientação das práticas pedagógicas, focando no desenvolvimento integral dos estudantes. O referido autor não aborda a temática da Psicologia Positiva (a qual será abordada a seguir), porém, após a leitura foi pensado que ao integrar os princípios da psicologia positiva ao currículo escolar podemos unir e expandir essas ideias. A Psicologia Positiva, voltada para aspectos do bem-estar e emoções positivas, pode oferecer uma abordagem complementar para promover um ambiente de aprendizagem eficaz e positivo. Dessa forma, a Psicologia Positiva, ao focar no bem-estar e em uma vida satisfatória, ajuda a criar um currículo que não apenas atenda às necessidades cognitivas dos alunos, como proposto por Coll (1987), mas apoie o desenvolvimento emocional. 4.1 PSICOLOGIA POSITIVA A Psicologia Positiva é um movimento interno da Psicologia que surgiu no final da década de 1990, liderado por Martin Seligman, e trata-se de um estudo científico voltado para as virtudes que permitem que os indivíduos e sociedades prosperem e, enfatiza aspectos positivos da experiência humana, como felicidade, gratidão, resiliência, compaixão, amor, criatividade e realizações (Seligman, 2004). Um marco histórico importante para essa abordagem da Psicologia, e essencial para entender a trajetória da Psicologia Positiva, foi a entrada da Psicologia no mercado de trabalho devido à Segunda Guerra Mundial. Durante esse período, a área da Psicologia voltou seus esforços e atenção no sofrimento psíquico das pessoas, em resposta às demandas surgidas no pós-guerra (Seligman, 2004; Seligman; Csikszentmihalyi, 2000). 31 No início dos anos 1970, houve aumento significativo nos estudos científicos sobre problemas psicológicos e os efeitos negativos de ambientes estressantes (Giacomoni, 1997). Sendo assim, a proposta da Psicologia Positiva era a de que a Psicologia deveria focar na construção das forças do sujeito para tratar e prevenir as desordens psicológicas (Seligman, 2002). Além disso, oferece contribuições para a compreensão do bem-estar subjetivo, que é caracterizado pela ausência de depressão e pela presença de emoções positivas e estados cognitivos favoráveis (Seligman, 2011). Seligman (2002) afirma que a Psicologia Positiva apresenta como a preocupação aumentar o campo e modificar o foco dos estudos, ou seja, a Psicologia não se restringir somente a mudar o que está errado ou ruim, mas (re)construir qualidades positivas, Afirma que o tratamento psicológico e as pesquisas não devem apenas consertar ou descobrir o que está inadequado, mas fomentar e nutrir o que existe de melhor nos indivíduos, envolvendo trabalho, educação, afeto, superação e crescimento. Assim, a Psicologia Positiva tem sido aplicada em diversas áreas, inclusive na educação. Apresenta como objetivo incentivar o desempenho emocional ao invés de focar no desempenho acadêmico, tendo em vista que, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA afirma que o desenvolvimento integral da criança, a partir de padrões de qualidade de vida adequados às necessidades físicas, mentais e de desenvolvimento social, é um direito fundamental e contribui com o bem-estar do indivíduo na vida adulta. Isso indica a relevância da pesquisa no âmbito do desenvolvimento infantil como promoção de saúde no curso do desenvolvimento adulto. Para que esse desenvolvimento emocional aconteça, se faz necessário que os profissionais das escolas estejam capacitados e saibam a importância do afeto, do toque, do carinho, do tom de voz adequado durante brincadeiras e rotinas, da segurança e da forma de educar afetivamente crianças pequenas e o que essas atitudes acarretam ao longo da vida e do desenvolvimento da criança como ser humano em formação. Dessa forma, é essencial a formação de professores como seres emocionais, como aborda Dolto (1999) em seus trabalhos, reforçando a importância da educação que permita a autonomia da criança e seu desenvolvimento pleno. Fochi (2013) afirma que existem lacunas na formação de professores, voltada à educação de crianças pequenas e de como essa educação se volta para as vontades do adulto e não as da criança, reforçando a ideia de que é essencial para a formação de profissionais da educação a abordagem positiva, bem como na formulação de currículos escolares coerentes. A Psicologia Positiva surgiu como uma abordagem inovadora dentro da psicologia, 32 focando no estudo das potencialidades humanas. Nesse contexto, destaca-se a figura de Martin Seligman, conhecido como o "pai da Psicologia Positiva". Suas contribuições, foram fundamentais para formar essa área de estudo, oferecendo bases científicas e propostas que transformaram a forma de como o bem estar é visto. 4.1.1 Martin Seligman: o pai da Psicologia Positiva Seligman nasceu em 12 de agosto de 1942, em Albany, Nova York, e se destacou na Psicologia desde cedo. Obteve seu doutorado em Psicologia pela Universidade da Pensilvânia, onde passou grande parte de sua carreira acadêmica. Inicialmente, voltou sua pesquisa sobre desamparo aprendido, um fenômeno no qual descreve indivíduos que aprendem a se sentir impotentes diante de situações adversas, o que pode levar à depressão. A pesquisa sobre desamparo foi um marco em sua carreira, mas Seligman ficou conhecido por seu trabalho posterior em Psicologia Positiva, um campo que estudou e ajudou a lançar no final dos anos 1990. Dessa forma, ficou conhecido como pai da Psicologia Positiva, focando na área da Psicologia que estuda os fundamentos psicológicos do bem-estar e da felicidade, bem como os pontos fortes e virtudes humanas (Seligman, 2011). A Psicologia Positiva, então, foi criada como uma reação ao ponto de vista tradicional da Psicologia, que algumas vezes se concentrava apenas em distúrbios mentais, sofrimento e disfunção. Embora essas áreas sejam de extrema importância, Seligman diz que a Psicologia também deveria estudar o que torna a vida plena e gratificante. Assim, se concentra em temas como felicidade, forças de caráter, gratidão, otimismo e bem-estar. A partir do artigo Psicologia Positiva no Brasil: uma revisão sistemática da literatura (Pureza; Kuhn; Castro; Lisboa, 2012), entendemos que em 1998, quando foi eleito presidente da Associação Americana de Psicologia (APA), Seligman pediu para que a Psicologia se voltasse para o estudo científico da felicidade e do bem-estar, estando igualado com o estudo da doença mental. E, com todo seu estudo, Seligman propôs um modelo de bem-estar chamado PERMA, que identifica cinco elementos essenciais para uma vida plena (Seligman, 2011): 1. P (Positive Emotions – Emoções Positivas): Sentimentos de prazer, felicidade, gratidão e contentamento; 2. E (Engagement – Engajamento): Sentir-se totalmente envolvido em atividades 33 que exigem atenção e esforço (também conhecido como flow ou fluxo); 3. R (Relationships – Relacionamentos Positivos): Conexões sociais significativas que promovem o bem-estar e a felicidade; 4. M (Meaning – Propósito): Ter um senso de propósito e pertencimento, acreditar que a vida tem significado; 5. A (Accomplishment – Realização): A sensação de conquista e competência, a capacidade de alcançar metas. Contudo, Seligman e a Psicologia Positiva tiveram maior impacto na maneira como vemos a saúde mental e o bem-estar. Ao focar nas forças humanas, na felicidade e na realização, assim trouxe à Psicologia uma abordagem mais equilibrada, que vai além da doença e do sofrimento, oferecendo ferramentas práticas para uma vida plena (Seligman, 2011). Em função disso, recentemente o conceito de bem-estar foi reestruturado a partir da Psicologia Positiva, e é compreendido a partir de cinco elementos fundamentais: emoções positivas, engajamento, sentido, realização e relacionamentos positivos (Seligman, 2011). No artigo Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões (Paludo; Koller, 2007), podemos ler e refletir sobre as contribuições da Psicologia Positiva de Seligman, tendo destaque a construção de instrumentos de avaliação, modelos de intervenção e aplicação no curso desenvolvimental (Seligman, 2002). Além do exposto, Seligman é autor de diversos livros que contribuem para o entendimento dos benefícios do bem-estar. Dentre suas obras estão: Aprenda a ser otimista: como mudar sua mente e sua vida (2019); Florescer (2011); Felicidade Autêntica: use a psicologia positiva para alcançar todo seu potencial (2019). A seguir será apresentado outro autor bastante importante e influenciador para a Educação Positiva. 4.1.2 John Bowlby e a Teoria do Apego Seguro John Bowlby (1907- 1990) foi um psicólogo e psiquiatra britânico conhecido por desenvolver a Teoria do Apego. Esta teoria explora os vínculos emocionais e sua importância, especialmente entre a criança e seu cuidador primário, focado no desenvolvimento psicológico. De acordo com essa teoria, o apego é um comportamento instintivo, com uma base biológica, que tem como função garantir a sobrevivência da criança. Isso acontece, pois, ao buscar proximidade e segurança em seus cuidadores, a criança está protegida de possíveis perigos. 34 Outro conceito importante da teoria de Bowlby (1969) é o dos modelos internos de trabalho. Esses modelos referem-se às representações mentais que a criança cria sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo em que está inserida, com base nas interações iniciais com seus cuidadores. Dessa forma, essas representações se tornam fundamentais para moldar como a criança percebe e se comporta em seus relacionamentos ao longo da vida. Assim, Bowlby (1969) enfatiza que a formação de um apego seguro é importante, pois crianças que estabelecem este tipo de vínculo tendem a explorar o ambiente com confiança, sabendo que tem uma base segura para qual podem retornar em momentos de medo ou ansiedade. O papel do apego envolve o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas capazes de gerar um sentimento de segurança, fortificador da relação que evolui para a construção de um vínculo afetivo (Bowlby, 1989; Cassidy, 1999) Porém, quando os cuidadores são negligentes ou abusivos, a criança pode desenvolver um apego inseguro, podendo se manifestar de diferentes maneiras, como a ansiedade na qual a criança apresenta dificuldade em se separar de seu cuidador e demonstra comportamentos como tristeza e raiva. John Bowlby é citado em diversos livros que abordam a temática da Educação Positiva, como A Raiva Não Educa, A Calma Educa, de Maya Eigenmann (2022). No contexto escolar, em que as crianças (principalmente de escolas públicas) estudam em período integral desde pequenas e só voltam para a casa para dormir e passar os finais de semana, o apego é essencial e só se desenvolve se existir uma boa relação entre aluno e professor. O artigo Relação Afetiva professor-aluno e esquemas iniciais desadaptativos em crianças pré-escolares (Jager; Macedo, 2018) vai ressaltar que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de sua vida (Bowlby, 1989, Fava, 2014). Ou seja, essas relações de apego que a criança cria podem interferir, segundo o artigo, na saúde mental das crianças e no futuro de suas relações sociais e afetivas, enquanto adolescentes e adultos (Jager; Macedo, 2018). Golse (1998) afirma, acerca da teoria de John Bowlby que a criança busca o contato e a proximidade com os cuidadores primários e a figura de apego. Mas, além da busca pelo olhar do outro, a criança busca o mundo e interage com ele. O desenvolvimento emocional nos primeiros anos de vida é para que futuramente essas crianças sejam adultos empáticos, resilientes e com pouca probabilidade de desenvolver crises de ansiedade e depressão. Baseado na Teoria do Apego de John Bowlby, Golse (1998) afirma que os três primeiros anos da vida de uma criança são os mais importantes, pois todos os processos da 35 vida de um ser humano estão inseridos na organização do comportamento de apego. É nessa fase que as crianças adquirem as capacidades necessárias para serem seres humanos, ou seja, pensante, emocionalmente ativo, empático, confiante, autônomo, etc. Para nos sentirmos amados é necessário receber amor e integrar esse sentimento como nosso, ou seja, para uma criança pequena aprender a amar é preciso que ela receba amor, afeto e segurança. Assim se faz pertinente refletir sobre o papel dos educadores e funcionários das escolas, para garantir um ambiente acolhedor, repleto de afeto e segurança. A seguir escreve-se sobre a Educação Positiva e sua relação com a Psicologia Positiva e a Teoria do Apego Seguro. 4.2 A EDUCAÇÃO POSITIVA A partir do exposto, analisaremos a Educação Positiva com base nos autores Seligman (2009), Norrish (2015), Gerhardt (2017) e Eigenmann (2022). Segundo o artigo Educação Positiva: A aplicação da Psicologia Positiva a instituições educacionais (Cintra; Guerra, 2017) termo ‘Educação Positiva’ surgiu no início de 2008, durante um encontro entre Seligman e membros da equipe da Geelong Grammar School (GGS), escola australiana que foi a primeira no mundo a utilizar os princípios da Psicologia Positiva em toda a instituição de ensino (Norrish, 2015). E, de acordo com o artigo Aplicações da Psicologia Positiva no Desenvolvimento Infantil: uma revisão de literatura (Ferreira; Lamas, 2020) a abordagem da Educação Positiva propõe o ensino do bem-estar na escola, com programas de desenvolvimento positivo que têm como foco a promoção de resiliência e outras habilidades humanas. Em âmbito internacional, já foi constatado que intervenções na perspectiva da Psicologia Positiva implementadas em salas de aula produziram resultados promissores, não apenas em termos de bem-estar dos alunos, mas também em termos de realização acadêmica, clima escolar e bem-estar dos professores (Ferreira; Lamas, 2020). Na literatura, o termo surge pela primeira vez em 2009, no artigo Positive Education: positive psychology and classroom interventions, escrito por Seligman, Ernst, Gillham, Reivich e Linkins (2009), onde foi definido como uma abordagem educacional voltada tanto para o desenvolvimento de habilidades tradicionais quanto para a promoção da felicidade. Essa educação é entendida como a Psicologia Positiva aplicada à educação (Green; Oades; Robinson, 2011). Para o diretor da GGS, Stephen Meek, “a definição de Educação Positiva é a união da ciência da Psicologia Positiva com a melhor prática de ensino, para 36 estimular e apoiar o florescimento de escolas e indivíduos” (Norrish, 2015, p. 28). Eigenmann (2022, p. 19) afirma que a Educação Positiva não se trata apenas dos comportamentos das crianças, mas também dos adultos, porém, as crianças ainda são vistas como inferiores na sociedade. Nas suas palavras: Ainda há uma resistência da sociedade em olhar para a criança como um humano de igual valor ao dos adultos. São dois pesos e duas medidas. Bater em adultos é crime, bater em mulheres é crime, maltratar idosos é crime. Bater em crianças até é crime, mas não é condenado pela sociedade. Ao analisar tal colocação, desde os séculos 19 e 20 as crianças são enxergadas como uma coisa “ruim” que tem que ser corrigida o quanto antes. É notória a noção de que bater, ofender, humilhar crianças é algo “normal”, uma vez que, justificam essa ação como uma forma de “educação”. Adultos, pais e responsáveis estão acostumados com essa atitude pois foram criados dessa forma e é a única maneira que conhecem. Quando observamos a situação, parece algo natural dar uma “tapinha” em uma criança para que aprenda a não chorar em lugares públicos. E, esse “chorar”, a famosa birra, sempre foi vista com maus olhos pela sociedade em todo mundo. Os livros de pedagogia da Europa ensinavam que a criança nasce suscetível ao mal e as maleficências dos demônios. Esse mal, que se manifesta de variadas formas – como a “manha”, o choro “excessivo”, a sensibilidade e as birras -, precisaria ser arrancado o mais cedo possível da alma da criança. Acreditava-se que bebês precisariam ser expostos ao frio e ao calor extremo para se tornarem mais “resilientes”. (Eigenmann, 2022, p. 35.). Analisemos, então, uma situação fictícia: imagine que você está indo ao mercado e se depara com um idoso acompanhado de seu filho. Chegando à porta de entrada o idoso muda de ideia e diz que não quer mais entrar e quer ir embora. Seu filho, revoltado, começa a ofendê-lo, dizendo que o fez perder tempo e, consequentemente, o idoso começa a chorar. Revoltado com seu pai chorando, o filho lhe dá um tapa e pede para ficar quieto. Essa seria uma cena que, provavelmente, chamariam até a polícia. Agora, vamos trocar os peões. Imagine no lugar do idoso uma criança e no lugar do filho uma mãe. Sem dúvidas, essa cena seria vista por alguns apenas como uma criança fazendo birra e sua mãe dando uma correção. Porém, a autora deixa claro que as birras não estão presentes apenas no universo infantil, todos os seres humanos fazem birra, inclusive os adultos. E ainda ressalta que: Antes de mais nada, precisamos quebrar uma crença limitante sobre birras: elas não fazem parte exclusivamente do universo infantil. Todos os humanos fazem birras. 37 Quando um adulto tem uma discussão com seu parceiro e fica o dia todo batendo armário, porta e gavetas de forma passivo-agressiva, é uma birra. (Eigenmann, 2022, p. 87). Mas, o que é a Educação Positiva? A ideia principal de uma Educação Positiva é que em uma relação estabelecida entre um adulto e uma criança, ambos têm o mesmo valor. Ou seja, o adulto entende o fato de que a criança depende dele e que, por isso, coloca-se à disposição dela, utilizando suas experiências e capacidades para manter os cuidados dessa criança, respeitando sua total integridade. Porém, a criança nos dias de hoje, ainda é vista como um objeto de submissão ao adulto, que sempre espera a obediência da criança É esperado que a criança coloque suas próprias necessidades sempre abaixo desse “respeito”. Os “maus” comportamentos da criança são vistos como uma afronta a esse conceito de obediência e, por isso, os adultos acreditam que eles precisam ser erradicados da criança, caso contrário, ela se tornará uma péssima pessoa e trará vergonha para seus pais. (Eigenmann, 2022, p.35). A Educação Positiva é algo que vai além da criança. A mudança tem que começar pelos adultos. Crianças não têm o desenvolvimento cognitivo como o dos adultos e é incabível esperar que consiga controlar suas ações, emoções, sendo que não desenvolveu tais habilidades ainda. O ser humano é a espécie de animal cuja infância é mais longa e a ciência explica esse fenômeno pelo fato que os seres humanos precisam vivenciar experiências e terem a chance de acertar e errar diversas vezes. Ao observarmos bebês e crianças pequenas, veremos que gostam de atividades com repetições e imitações. E, essa é a fase da vida que têm para errar e aprender, para adquirir conhecimento e experiências, entretanto, os adultos esperam que as crianças acertem de primeira e se frustram quando cometem erros. Se você já observou uma criança de um ano, por exemplo, terá notado que ela gosta de repetição. Ela pode querer tentar e tentar várias vezes encaixar aquela mesma peça em um brinquedo. O cérebro precisa dessa repetição para se apropriar daquela experiência e transformá-la em um novo conhecimento (Eigenmann, 2022, p. 42). Conforme os bebês vão crescendo e se desenvolvendo, aos três anos de idade o neocortex (parte do cérebro responsável pelas funções de se regular, de analisar) começa a amadurecer. Ou seja, não tem como uma criança menor de três anos conseguir se acalmar sozinha, sem auxílio de um adulto. Os adultos criam expectativas e esperam coisas que as crianças não têm maturidade 38 suficiente para realizar e, por isso, o adulto acaba aborrecido e pune a criança que não consegue cumprir tais tarefas. Essa atitude do adulto se sobrepor à criança é chamada pela autora de adultismo. O adultismo é quando um adulto se coloca como superior, usando sua condição de ser mais velho e mais experiente para coagir uma criança à obediência. É o que acontece diariamente com as crianças. sempre, em todo lugar, haverá um adulto que se sentirá no direito de coagir uma criança, humilhar, maltratar, não validar suas emoções, pelo simples fato dela ser criança. Infelizmente, o adultismo ainda é forte na sociedade, e esperamos que as crianças sejam quietas, obedientes e que não deem trabalho. Ao mesmo tempo, esperamos que as mesmas crianças se tornem adultos que opinem, que saibam se posicionar, que sejam resilientes e conquistem seus sonhos. A conta não fecha. (Eigenmann, 2022, p.53). O adultismo se torna presente no ambiente familiar das crianças, mas, também, nas instituições de ensino. Professoras se acham no direito de forçar uma criança pequena a ficar sentada ou privar do intervalo por não ficar conversando durante a aula, pelo simples fato de total autoridade. Esse adultismo ainda é visto como forma de “educar”, de privar a criança para ela “não fazer o que quer” para que, assim, aprenda a ser obediente. Mas esse pensamento está totalmente equivocado. Para começarmos a mudar a relação com nossas crianças e educá-las com saúde, precisamos mudar nossa mentalidade e sair do adultismo. Há duas perguntas que podemos nos fazer para averiguar se estamos sendo adultistas com a criança: 1) eu faria isso com um amigo? 2) como eu me sentiria se outro adulto me tratasse da mesma forma que estou tratando a criança? (Eigenmann, 2022, p. 54). Você se pôr no lugar da situação e ainda considerar que a criança é um ser em desenvolvimento na relação, ajuda a começar a superar o adultismo. E, é essencial que esse conhecimento seja não apenas para os pais, mas para docentes da Educação Infantil. As crianças precisam de amparo e orientação nos seus anos iniciais de vida para que consigam lidar com suas emoções, saberem pedir o que querem e expressar o que estão sentindo. A Educação Positiva não é deixar a criança fazer o que quer, mas orientá-la sobre o que pode ou não fazer. Obviamente haverá protesto. E, a Educação Positiva entra para amparar essa criança e validar o que esteja sentindo. Por exemplo: uma criança que não quer entrar na escola. • Na educação não-positiva (adultista) essa criança levaria uma bronca dizendo 39 que deve entrar na escola e, provavelmente, essa criança começaria a chorar e seria punida (física ou verbalmente) por isso. • Na Educação Positiva seria exposto para ela o porquê que precisa frequentar a escola e ainda ressaltar que tem o direito de ficar triste e brava por isso. A criança nem sempre irá entender e provavelmente haverá choro e protesto. Porém, a forma de lidar com a situação, por parte do adulto, é que tem que mudar. O adulto acolhe esse choro e ressalta que entende a tristeza da criança e que pode ficar triste por isso, mas, mesmo assim, precisa frequentar a escola. Em ambos os casos estamos colocando limites na criança. A diferença entre as situações está no ponto de partida. No limite adultista, o adulto coage. Já no limite respeitoso, o adulto convida. Nesse momento entramos em um ponto-chave, no qual nós, adultos, às vezes nos perdemos. Não é porque colocamos um limite de forma respeitosa que a criança vai gostar de recebê-lo. (Eigenmann, 2022, p. 101). Esse acolhimento que a Educação Positiva apresenta é fundamental para o desenvolvimento dos seres humanos. Somos seres sociais, precisamos de interação positiva com o meio em que vivemos. A criança entender que pode confiar no adulto, sem ser submetida a uma submissão faz com que cresça confiante e segura com seu meio social. E, na instituição de ensino é essencial o desenvolvimento social e emocional da criança. Quando uma criança está triste, agitada ou brava não consegue acompanhar as aulas como as outras e isso afetará seu desenvolvimento escolar. Por isso, é essencial que docentes da Educação Infantil tenham o conhecimento dessa perspectiva e seus benefícios. Esses benefícios, que poderão evitar ansiedade, depressão, falta de saúde emocional. Como já descrevi ao longo do livro, somos seres sociais. E é justamente na socialização que se abre mais um caminho terapêutico para nós: pessoas ou grupos de acolhimento. Não podemos subestimar o valor terapêutico de um (a) amigo (a) que nos ouve sem julgar, que nos acolhe. (Eigenmann 2022, p. 168). Gerhardt (2017), é psicoterapeuta e escreveu em uma de suas obras – Porque o amor é importante: Como o afeto molda o cérebro do bebê (2017) a importância da afetividade no desenvolvimento infantil. Como já vimos, a afetividade precisa estar presente na infância. As crianças precisam se sentir seguras e ter confiança no adulto. Essa relação positiva gera hormônios, como a endorfina, responsáveis pela felicidade e o bem estar. Porém, quando uma pessoa sente medo, aflição ou tristeza, o corpo gera outros tipos de hormônios, como o cortisol. O cortisol, ou como Gerhardt (2017) denomina, cortisol corrosivo, é conhecido como 40 o hormônio que ajuda no controle do estresse. Esse estresse vai começar logo após o nascimento, pois um bebê não consegue regular seus hormônios e suas emoções, precisa da intermediação do adulto para conseguir. Os bebês humanos nascem com a expectativa de que alguém controle seu estresse. Eles tendem a ter baixos níveis de cortisol nos primeiros meses, desde que os adultos afetuosos mantenham seu equilíbrio por meio de toque, carícias, alimentação e ninar. No entanto, seus sistemas imaturos também são muito instáveis e reativos; eles podem ser mergulhados em níveis muito elevados de cortisol se não houver alguém respondendo a eles. Os bebês não podem controlar seu próprio cortisol. (Gerhardt, 2017, p. 82). E, a partir daí, se esse bebê não tiver um apoio emocional e ajuda para regular suas emoções, terá dificuldades em sua infância para saber se regular e entender suas emoções, ou seja, será aquela criança que não saberá se expressar ou se manifestar sem colocar suas emoções em primeiro plano. Reforçamos, aqui, que quando uma criança não está bem no seu âmbito social e emocional, não estará bem na escola. A aprendizagem não será bem desenvolvida, uma vez que há inter-relação entre aprendizagem, desenvolvimento emocional/social. É necessário que os docentes saibam acolher os sentimentos e as emoções das crianças. Um ponto importante que Gerhardt (2017) apresenta é que o emocional está ligado à saúde física do corpo. Ou seja, uma criança que é reprimida, excluída ou chantageada, por exemplo, poderá ficar suscetível a doenças. As crianças não têm as palavras internas para identificar seus sentimentos. Não podem expressar verbalmente suas angústias, então dão sinais de socorro em um nível pré- simbólico, por meio do corpo. Não conseguem encontrar as palavras que poderiam interagir com os outros para acalmar e lidar com a sua excitação. (Gerhardt, 2017, p. 115). Dessa forma, analisamos que para o desenvolvimento humano a Educação Positiva é uma boa opção: educar alguém na base do amor e carinho só trará benefícios futuros. Podemos evitar que adolescentes e adultos tenham ansiedade e depressão se começarmos a olhar com mais carinho para nossas crianças. Acolher, respeitar e ouvir são ações necessárias se quisermos que as crianças cresçam e se tornem adultos mais resilientes, empáticos e bem- humorados. Para Almeida e Mahoney (2007, p. 17), a afetividade “[...] refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis”. Quando uma criança criar bons laços com seus docentes, consequentemente, criará 41 bons laços com seus colegas, uma vez que, essa relação entre aluno e professor nos anos iniciais das escolas é fundamental, tendo em vista que grande parte das crianças passam várias horas nas escolas. Entendemos, então, como a afetividade é importante na vida do ser humano, principalmente, nos anos iniciais. A criança, mais do que a pessoa adulta, necessita e utiliza- se da afetividade para se relacionar com o mundo e assim desenvolver suas capacidades (Nunes, 2011; Wallon, 2007). As crianças precisam desenvolver vínculos positivos com aqueles que as cercam, principalmente com seus professores, não apenas com seus pais, sendo que estes precisam entender a importância da Educação Positiva, “as crianças necessitam conviver em um ambiente onde as relações afetivas estejam presentes. Assim deve ser na escola, como em casa, na comunidade e nos demais meios em que circula” (Nunes, 2011, p. 8). Castigos ou punições continuam acontecendo nas escolas, privação do recreio ou até mesmo ofensas verbais, tendo a certeza de que seu comportamento irá melhorar por meio dessas punições e, na Educação Positiva, a proposta é oposta. Quando você educa com calma, respeito e acolhimento, quando ouve e entende os sentimentos de uma criança, contribui para o seu desenvolvimento. O conhecimento do processo de ensino e aprendizagem deve ser visto além dos aspectos cognitivos, deve se considerar, também, os aspectos individuais de cada aluno. Na pré-escola a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala, no pátio, seja nos passeios e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento (Saltini, 1997, p. 89). Dessa forma, a afetividade é vista como algo que ajuda a promover o aprendizado, uma vez que, não é possível desenvolver qualquer tipo de aprendizagem em um ambiente que seja hostil. “No caso da criança, no qual entre ela e o objeto a conhecer existe um mediador, geralmente na pessoa de um adulto que ensina, a calidez da vinculação afetiva entre eles catalisa poderosamente a reação que resulta na apresentação do objeto pelo sujeito” (Dantas, 1997, p. 68 apud Kullok, 2002, p. 55). Eigenmann (2022) vai trazer uma citação de Leila Schott em seu livro que diz: “Quando estiver em dúvida sobre o comportamento de uma criança, lembre-se de como se sente ao ser tratado por alguém que você admira”, ou seja, ao interagir com uma criança, é importante que a tratemos com respeito e dignidade, assim como gostaríamos de ser tratados 42 por alguém que admiramos. A ideia que a autora traz é que os adultos devem se colocar no lugar das crianças para entender melhor suas emoções e necessidades, tendo em vista que a empatia e o cuidado nas relações com as crianças podem ajudar a criar um vínculo de confiança e um ambiente seguro para o desenvolvimento saudável delas. .De acordo com estudos da psicanalista Sue Gerhardt os relacionamentos afetuosos são essenciais para o desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos de vida e essas interações iniciais podem ter consequências duradouras sobre a futura saúde física e emocional (Gerhardt, 2017). Ou seja, o meio em que a criança vive e cria suas primeiras interações é essencial para seu desenvolvimento. Quando pensamos em educação, nosso olhar tem que ir além do ensinar. Como profissionais da educação temos que ter em mente todos os níveis de desenvolvimento de uma criança e como lidar com eles. Nessa perspectiva, Cunha (2010 apud Guiotti 2011) expõe que aprendemos melhor quando amamos, uma vez que somos seres marcados pelo racional e pelo emocional. Dessa forma, temos que entender, por exemplo, que uma birra não é um comportamento manipulativo, mas sim uma frustração vinda da criança e devemos saber acolher essa necessidade emocional, não a julgar. Eigenmann (2022) comenta que precisamos observar nossas crianças e acolhê-las da maneira que elas desejam e precisam ser acolhidas. Por isso, é necessário que as crianças cresçam e estejam em um ambiente acolhedor e que não cause estresse aos seus cérebros, que não tenha pessoas gritando, agredindo, ameaçando e chantageando ao seu redor, nas palavras da psicanalista Gerhardt. Os sistemas emocional e imunológico do cérebro são particularmente afetados pelo estresse nas fases iniciais da vida e podem se tornar menos eficazes. Isso deixa a criança mais vulnerável a uma série de dificuldades posteriores, como depressão, comportamento antissocial, vícios ou anorexia, bem como doenças físicas.(Gerhardt, 2017, p. 113). Aliada à educação, a neurociência tem contribuído no desenvolvimento de métodos de ensino-aprendizagem ativos, que estimulam o conversar, debater, praticar, ensinar aos outros. Segundo Eigenmann (2022, p. 14) “nosso cérebro é neuro plástico, o que significa que se adapta constantemente ao meio no qual está inserido”. Logo, pensamos que é possível quebrar um ciclo instalado na sociedade há centenas de anos, um ciclo de uma educação violenta, sem respeito e sem afeto. Ainda nas palavras da educadora “Se o meio em que a pessoa está muda, o cérebro muda também” (Eigenmann, 2022, p. 15). Mas, afinal, qual a relação dessa informação com o trabalho pedagógico? 43 Segundo Fernandéz (1991, apud Guiotti, 2011), não aprendemos de qualquer um, mas aprendemos daquele a quem concedemos confiança, isto é, aprendemos de quem gostamos, com quem criamos vínculos e, por isso, a afetividade é importante na relação professor-aluno e promove resultados significativos na aprendizagem. Dessa forma, a Educação Positiva combinado com táticas que promovam a autonomia, acarreta um bom desenvolvimento infantil. Uma dessas táticas que podemos citar é a teoria do apego seguro do psicanalista John Bowlby , que embora seja voltada para os pais, podemos encaixá-la na educação, sabendo que, como professoras e professores, as crianças acabam criando um apego seguro em nós, principalmente nos anos iniciais (0 a 3 anos). Wallon (1975, apud Guiotti, 2011), por sua vez, ressalta que a relação professor-aluno é carregada de afetividade e que essa relação pode influenciar na aprendizagem da criança, de modo negativo ou positivo. Ressalta ainda que, para que a criança alcance uma aprendizagem significativa, enriquecedora e produtiva, é fundamental a presença de um vínculo afetivo nessa relação. Quando relacionamos o aprendizado com afetividade, temos que destacar que a criança necessita ser acolhida, respeitada e aceita por pais e professores, para que, assim, desperte a curiosidade em descobrir o mundo e, por consequência, desenvolver o aprendizado. Com efeito, afetividade e cognição estão estreitamente interligadas numa relação de dependência (Hillal, 1985 apud Alencastro, 2009). Dessa forma: O aluno [a criança] aprende realmente bem o que o cativa, numa atmosfera de aula que lhe pareça segura, com um professor que sabe criar afinidades. Eis porque a escola, ao mesmo tempo, tem de conciliar o intelectual e o afetivo e constitui um lugar privilegiado para operar essa conciliação. A alegria na escola só é possível na medida em que o intelecto e o afetivo conseguem não se opor (Synders, 1998, p. 92 apud Nunes, 2011, p. 12). De acordo com Freire (1996 apud Nunes, 2011), um simples gesto do professor pode ser muito mais expressivo na vida de um aluno do que se possa imaginar. Um tom de voz adequado, um olhar de entusiasmo ou até mesmo um balançar a cabeça demonstrando algo positivo podem significar muito mais do que palavras. Além disso, os primeiros professores marcam a vida das crianças, de forma positiva ou negativa, e isso pode ser refletido em todo o percurso de vida dessa criança. Dessa maneira, “Na relação pedagógica o que se aprende não é tanto o que se ensina (conteúdo) mas o tipo de vínculo educador-educando que se dá na relação” (Garcia, 1995, p.69 apud Kullok, 2002, p. 80). Devemos, então, elucidar o processo educativo e fomentar a afetividade no olhar 44 pedagógico, de forma que os educadores possam rever suas práticas pedagógicas e o trabalho das emoções no seu dia a dia, “o educador não pode ser aquele indivíduo que fala horas a fio a seu aluno, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo íntimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna” (Saltini, 1997, p. 62). Mas como fazer isso? Como introduzir esta forma de educar nas escolas? Como mostrar aos professores e educadores os benefícios presentes e futuros que ela traz? Talvez, obtendo algumas mudanças na formulação do currículo escolar. 45 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Educar vai além de simplesmente compartilhar conhecimentos; é apresentar às crianças da Educação Infantil as diversas possibilidades de caminhos que podem seguir, ajudando-as a crescer não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente. Dessa forma, esse processo envolve ensinar sobre amor e respeito mútuo. Por isso, a afetividade na relação entre professor e aluno é essencial, pois contribui não apenas para o aprendizado e o desenvolvimento cognitivo, mas também, e sobretudo, para o desenvolvimento integral das crianças, que é o principal objetivo da Educação Infantil. Durante a realização deste trabalho, buscou-se compreender a influência da Educação Positiva no contexto escolar, principalmente, na relação professor-aluno na Educação Infantil a fim de valorizar a utilização dela na elaboração do currículo e das práticas pedagógicas. Além disso, buscou-se investigar a influência da afetividade no ensino e aprendizagem das crianças. Por sua vez, deu-se prioridade para a Educação Infantil, que a partir da Constituição Federal de 1988, foi considerada dever do Estado para com as crianças, consequentemente determinada primeira etapa da Educação Básica. A partir disso, foi constatado pela DCNEI que a criança é um sujeito histórico e que possui direitos que constroem sua identidade por meio das experiências entre relações e práticas cotidianas. Assim como exposto na BNCC que a criança tem como direitos de aprendizagem: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se (Brasil, 2018). Assim, foi elucidado que a Educação Positiva fornece uma educação mais assertiva por meio da afetividade e ações positivas, da mesma forma que compreende o universo da criança respeitando sua forma de expressão. Nunes (2009), Santos et al (2016) e Mota (2007) apontam para a relação de educadores e crianças, de como essa relação deve ser afetiva e respeitosa, com diálogo, empatia, espelhamento de sentimentos e sensibilidade. Dolto (1999) ressalta que educar e capacitar a criança para a vida também é uma forma de amor, ou seja, é impossível separarmos as emoções das ações diárias. Dessa forma, conclui-se que a Educação Positiva, ao integrar práticas pedagógicas que valorizam a afetividade e as ações positivas, proporciona um ambiente escolar mais acolhedor e propício ao desenvolvimento integral das crianças. Essa abordagem ajuda a fortalecer a relação entre professor e aluno, contribuindo significativamente para o bem-estar e a formação de habilidades socioemocionais desde os primeiros anos da Educação Infantil. Além disso, a análise da literatura demonstrou que uma prática educativa baseada na Psicologia Positiva pode favorecer não apenas o aprendizado, mas também o 46 desenvolvimento de competências como autoestima, resiliência, empatia e autoconhecimento. No entanto, percebe-se a necessidade de ampliar os estudos sobre sua aplicação prática, considerando contextos socioculturais diversos e os desafios enfrentados por professores na implementação de um currículo que contemple tais princípios. 47 REFERÊNCIAS AGOSTINI, C. C. 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