ROSILENE BATISTA DE AGUIAR ALMEIDA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe FRENTE AOS MICRORGANISMOS Candida spp., Staphylococcus spp. e Streptococcus mutans 2010 ROSILENE BATISTA DE AGUIAR ALMEIDA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe FRENTE AOS MICRORGANISMOS Candida spp., Staphylococcus spp. e Streptococcus mutans Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de DOUTOR, pelo Programa de Pós-Graduação em BIOPATOLOGIA BUCAL, Área Biopatologia Bucal. Orientador: Prof. Titular Antonio Olavo Cardoso Jorge São José dos Campos 2010 1 Apresentação gráfica e normalização de acordo com: Alvarez S, Coelho DCAG, Couto RAO, Durante APM. Guia prático para Normalização de Trabalhos Acadêmicos da FOSJC. São José dos Campos: FOSJC/UNESP; 2008 A64a Almeida, Rosilene Batista de Aguiar. Avaliação da atividade dos óleos essenciais de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe frente aos microrganismos Candida spp., Staphylococcus spp. e Streptococcus mutans / Rosilene Batista de Aguiar Almeida. __ São José dos Campos : [s.n.], 2011 138 f. : il. Tese (Doutorado em Biopatologia Bucal) – Faculdade de Odontologia de São Jose dos Campos, Universidade Estadual Paulista, 2011. Orientador: Prof. Dr. Antonio Olavo Cardoso Jorge. 1. Biofilme. 2. Teste de sensibilidade microbiana. 3. Óleos essenciais. 4. Candida spp. 5. Staphylococcus spp. 6. Streptococcus mutans. I. Jorge, Antonio Olavo Cardoso. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia de São José dos Campos. III. Título tD17 Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP AUTORIZAÇÃO Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte. São José dos Campos, 05 de Janeiro de 2011. Assinatura: E-mail: rosileneaguiar@gmail.com 2 BANCA EXAMINADORA Prof. Tit. Antonio Olavo Cardoso Jorge (Orientador) Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP Profa. Dra. Juliana Campos Junqueira Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP Prof. Dr. Geraldo Batista de Melo Universidade Federal de Uberlândia - UFU Profa. Dra. Silvana Soléo Ferreira dos Santos Universidade de Taubaté . Profa. Adj. Rosilene Fernandes da Rocha Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP São José dos Campos, 06 dezembro de 2010. 3 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Arquimino e Alaide, por serem a minha base, pelo exemplo de vida, pelo amor, incentivo, sempre dispostos a se sacrificar pelos filhos. Ao meu marido pelo amor, motivação e pelo apoio me ajudando a concretizar esta conquista. A minha amada filha Evelyn que sempre está comigo, nas horas boas e difícies sendo compreensiva e companheira. 4 AGRADECIMENTO ESPECIAL Ao meu orientador Prof. Tit. Antonio Olavo Cardoso Jorge, uma pessoa sabia, não só parte na acadêmica como também na vida e que nos ensina por meios de suas atitudes a lidar com as diferentes situações no nosso cotidiano acadêmico, pela amizade e confiança. Toda a minha gratidão e admiração. À Profa. Dra. Juliana Campos Junqueira por toda atenção a mim destinada, desde o meu primeiro dia no laboratório, sempre apoiando, orientando, pela amizade. 5 AGRADECIMENTOS À Deus todo poderoso, que dá forças para conquistar dia após dia. À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa do diretor da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Prof. Adj. José Roberto Rodrigues e do vice-diretor Prof. Dr. Carlos Augusto Pavanelli. Ao Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão do Auxílio à Pesquisa que possibilitou a aquisição dos materiais necessários para a realização deste trabalho. Projeto número 2009/520481. À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela bolsa de estudo concedida. Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal. À Profa. Adj. Cristiane Yumi Koga Ito sempre disposta a ajudar, apesar das inúmeras tarefas, pela sua atenção e amizade. À Profa. Adj. Rosilene Fernandes da Rocha pela amizade e incentivo, a primeira pessoa que me recebeu no Departamento de Biopatologia Bucal. 6 À Profa. Dra. Luciane Dias de Oliveira, pela amizade, um sorriso amigo que sempre a acompanha. Ao Prof. Dr. Gokithi Akisue e Prof. Lincoln Marcelo Lourenço Cardoso pela disponibilidade e colaboração no fornecimento das plantas utilizadas neste trabalho. Às secretárias da Seção de Pós-Graduação Rosemary de Fátima Salgado, Erena Michie Hasegawa, Lílian Faris das Graças e Maria Aparecida Consíglio de Souza pela presteza e disponibilidade no decorrer do curso. Ao Carlos Guedes, por toda ajuda referente ao processo FAPESP. Aos funcionários Sérgio Giovanny Alves, Maria de Fátima Pires, Ana Paula e Domingos Gonçalves Pontes pelo coleguismo e auxílios prestados durante o desenvolvimento do trabalho laboratorial. Aos colegas e amigos da pós-graduação, aos que já saíram e aos atuais, sempre dispostos a ajudar uns aos outros. A minha amiga ex aluna do curso Claunencil de Fátima Carreto que sempre me ajudou nos meus primeiros meses no laboratório, a Marta Majewski, ao Jonatas Rafael de Oliveira e a Simone Furgeri Godinho Vilela pela amizade e companheirismo, pelos bons e não tão bons momentos que passamos juntos. Aos meus pais, Arquimino Preto de Aguiar e Alaide Batista de Aguiar, pela dedicação, sempre com muito amor, todos os dias da minha vida. 7 Ao meu marido, Odenir de Almeida, pelo amor e incentivo. A minha filha Evelyn Natalie, por me fazer feliz todos os dias, através de seus atos, “lembrancinhas de papel”... Aos meus irmãos Andreza e Alexandre que mesmo longe estavam presentes. À família do meu marido Maria Aparecida da Silva e Oswaldo de Almeida in memorian que sempre torceram por mim. A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para tornar possível a realização deste trabalho. 8 Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai. Não temas segue adiante e não olhes para trás segura na mão de Deus e vai... 9 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 11 RESUMO 12 1 INTRODUÇÃO 14 2 REVISÃO DA LITERATURA 18 2.1 Microrganismos 18 2.2. Leveduras do gênero Candida 19 2.3 Staphylococcus spp. 21 2.4 Streptococcus mutans 24 2.5 Biofilme 25 2.6 Plantas medicinais 26 3 PROPOSIÇÃO 32 4 MATERIAL E MÉTODO 33 4.1 Óleos essenciais 33 4.2 Microrganismos utilizados e preparo das suspensões 34 4.3 Determinação da concentração inibitória mínima e microbicida (CIM e CMM) 35 4.4 Avaliação dos efeitos dos óleos essenciais sobre o biofilme formado em resina acrílica por C. albicans, S. aureus e S. mutans 37 4.5 Grupos e condições experimentais 38 4.6 Sensibilidade dos microrganismos frente aos óleos essenciais em biofilme 39 4.7 Visualização em Microscopia Eletrônica de Varredura 42 5. RESULTADOS 45 5.1 Concentração inibitória mínima e microbicida (CIM e CMM) do óleo essencial de Cympopogon citratus (D.C.) Stapf 46 10 5.2 Efeitos do óleo essencial de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf sobre biofilme 48 5.3 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de C. citratus no biofilme 50 5.4 Concentração inibitória mínima e microbicida (CIM e CMM) do óleo essencial de Tagetes minuta L. 59 5.5 Efeitos do óleo essencial de Tagetes minuta L sobre biofilme 60 5.6 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de T. minuta no biofilme 62 5.7 Concentração microbicida mínima e microbicida (CIM e CMM) do óleo essencial de Curcuma zedoaria Roscoe 73 5.8 Efeitos do óleo essencial de Curcuma zedoaria Roscoe sobre biofilme 75 5.9 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de C. zedoaria no biofilme 77 6 DISCUSSÃO 85 7 CONCLUSÃO 98 8 REFERÊNCIAS 100 9 APÊNDICE 114 ANEXO 135 ABSTRACT 136 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATCC = American Type Culture Collection BHI = Brain heart infusion (infusão cérebro coração) C = Controle CIM = Concentração inibitória mínima CMM = Concentração microbicida mínima CO2 = gás carbônico ºC = grau Celsius D.C. = Augustin-Pyramus De Candolle (1778-1841, suiço) DO = Densidade óptica g = grama kGy = KiloGray L = litro L. = Carolus Linnaeus (1707-1778, sueco) h = hora Log = logaritmo mg = miligrama mL = mililitro MEV = microscopia eletrônica de varredura mg/mL = miligrama por mililitro min = minuto MSBS = Mitis salivarius bacitracina sacarose NaCl = cloreto de sódio nm = nanômetro PBS = Solução fisiológica tampão fosfato UFC/mL = Unidades formadoras de colônias por mililitro µL = microlitro % = por cento spp. = espécies 12 Almeida RBA. Avaliação da atividade dos óleos essenciais de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe frente aos microrganismos Candida spp., Staphylococcus spp. e Streptococcus mutans [tese]. São José dos Campos: Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Univ Estadual Paulista; 2010. RESUMO Na procura de meios preventivos e curativos para doença periodontal e cárie dentária, plantas medicinais com finalidade fungicida, bactericida e antiinflamatória vêm sendo investigadas. O objetivo desse trabalho foi o de avaliar a atividade antimicrobiana utilizando-se óleos essenciais de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Curcuma zedoaria Roscoe e Tagetes minuta L. sobre cepas de Staphylococcus spp., Streptococcus mutans e Candida spp. em crescimento planctônico e em biofilme. Para estudo dos microrganismos em crescimento planctônico, foram determinadas a Concentração Inibitória Mínima e a Concentração Fungicida Mínima de nove cepas clínicas e uma cepa padrão para cada espécie: C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata, S. aureus, S. epidermidis e S. mutans. Para avaliação dos efeitos dos óleos essenciais em biofilme, foram utilizadas cepas padrão de Candida albicans (ATCC 18804), Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Streptococcus mutans (ATCC 35688) isolados e em associações em corpos-de-prova durante cinco dias. A seguir, os corpos- de-prova em resina acrílica foram lavados e colocados em contato com óleos essenciais durante 5 min. O número de unidades formadoras de colônias obtidas em cada biofilme (UFC/mL) foram submetidos à análise estatística descritiva e teste t-Student utilizando-se o software Minitab considerando-se o nível de significância p ≤ 0,05. Também foi realizada microscopia eletrônica de varredura (MEV) nos corpos-de-prova em resina acrílica com biofilme com tratamento e controle. Foram observadas reduções significativas do número de unidades formadoras de colônias (UFC/mL) tanto no biofilme como em associação. As maiores reduções ocorreram no tratamento do óleo essencial de C. citratus, seguidas pelo óleo de T. minuta e C. zedoaria. Os óleos essenciais de Cymbopogon citratus, Tagetes minuta e Curcuma zedoaria apresentaram atividade bacteriostática, fungistática e microbicida sobre todas as cepas de Staphylococcus spp., Streptococcus mutans e Candida spp. na forma planctônica. As cepas mais sensíveis em relação a concentração microbicida mínima do óleo essencial de C. citratus foram C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata seguidas pelas cepas de S. epidermidis, S. aureus e S. mutans. As cepas mais sensíveis em relação concentração 13 microbicida mínima do óleo essencial de T. minuta foram às C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata; seguidas então pelas cepas bacterianas S. aureus e S. epidermidis e S. mutans. As cepas mais sensíveis em relação concentração microbicida mínima do óleo essencial de óleo de C. zedoaria foi C. albicans e a mais resistente foi S. mutans. Foi observada atividade microbiostática dos óleos essenciais sobre os biofilmes simples e mistos, com reduções significativas das UFC/mL. Palavras-chave: Biofilme. Teste de sensibilidade microbiana. Óleos essenciais. Candida spp. Staphylococcus spp. Streptococcus mutans. 14 1 INTRODUÇÃO As plantas medicinais representam um importante recurso terapêutico desde a antiguidade até nossos dias. O uso de plantas medicinais é um aspecto característico da humanidade, sendo conhecido desde a antiguidade (Queralt et al., 2005, Gurib-Fakim, 2006; Gregio et al., 2006). Atualmente as pesquisas com o propósito de obter novos medicamentos a partir de plantas ou de aprimorar os fitoterápicos já existentes, representam importante papel na prevenção e no tratamento de algumas doenças (Queralt et al., 2005; Xavier et al., 2007; Sousa et al., 2008). Torna-se difícil selecionar as espécies vegetais que devem ser investigadas quanto ao seu potencial farmacológico, levando- se em conta a imensa quantidade e espécies a serem exploradas. Por isso, os relatos da medicina popular costumam ser utilizados na identificação de espécies vegetais potencialmente terapêuticas, auxiliando nas pesquisas com plantas medicinais (Albuquerque et al., 2007). Outro fator a ser considerado reporta à acessibilidade e aos custos dos medicamentos fitoterápicos. Pesquisas com plantas medicinais geralmente originam medicamentos em um curto prazo de tempo, com custos muitas vezes inferiores, para que possam ser utilizados como parte do atendimento às necessidades primárias de saúde da população que, em geral, encontra-se sem condições financeiras de arcar com os preços elevados dos medicamentos convencionais (Devienne et al., 2004; Lima Jr; Dimenstein, 2006). A validação da utilização de plantas medicinais depende da investigação sistemática realizada com metodologia química, farmacológica e microbiológica, que somados a outros fatores irão resultar 15 no medicamento fitoterápico (Rojas et al.,1992; Mosihuzzaman; Choudhary, 2008;). Os óleos essenciais constituem-se de elementos voláteis contidos em muitos órgãos vegetais, e estão relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência vegetal, exercendo papel fundamental na defesa contra microrganismos (Siqui et al., 2000; Vukovic et al., 2007). A espécie Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, conhecida como capim-limão ou erva cidreira, é produtora de óleo essencial de alto valor comercial. O principal componente do óleo essencial dessa planta é o citral, uma mistura dos isômeros neral (cis-citral) e geranial (trans-citral) (Liberalli et al., 1946; Lewinsohn et al.,1998; Barbosa et al., 2008). Tais componentes apresentam propriedades antifúngica (Schuck et al., 2001), antibacteriana (Cimanga et al., 2002), diurética (Gálvéz, et al., 1998) e anticarcinogênica (Puatanachokchai et al., 2002). Outra espécie, Tagetes minuta L., popularmente conhecida como vara-de-rojão, rabo-de-foguete, cravo-de-defunto, cravo- de-urubu ou chinchilho, também tem sido estudada por apresentar atividade antimicrobiana (Lorenzi; Matos, 2002). Outra planta de interesse, que também apresenta propriedades terapêuticas é a Curcuma zedoaria Roscoe conhecida como curcuma ou zedoaria. Estudos indicaram que seus rizomas possuem substâncias medicinais como pineno, canfeno, cineol, cânfora e borneol (Pereira, et al., 2004). Dentre suas propriedades terapêuticas na prática popular destacam-se a expectorante, diurética, calmante, colerética, depurativa, anti-séptica, antifúngica, anti-helmíntica, antitumoral, aromática e anti-inflamatória (Teske; Trenitini, 1994; Kato; Fischer, 1996; Schulz et al., 2002). Na procura de meios preventivos para doença periodontal e cárie, estudos com plantas medicinais com propriedades fungicidas, bactericidas e antiinflamatórias são relatados na literatura. A cavidade 16 bucal abriga uma grande quantidade e variedade de microrganismos em uma microbiota estabelecida. Os fatores que influenciam esse complexo ecossistema são a higiene bucal, integridade dos dentes e mucosa, a natureza e a velocidade do fluxo salivar, a composição e a consistência da dieta, uso de antibióticos, o estado fisiológico e a saúde do hospedeiro (Aas et al., 2005; Huyghe et al., 2008). A remoção do biofilme dentário é um fator importante na prevenção da cárie e doença periodontal (Marsh, 2005). Alguns produtos de origem vegetal são utilizados na higiene bucal com a vantagem de não apresentarem efeitos colaterais, quando comparados a produtos sintéticos (Moran et al., 1992). Assim, com a comprovação científica de que determinadas plantas poderiam ser utilizadas no tratamento de doenças bucais, a odontologia e a população poderão se beneficiar ao utilizar a fitoterapia. A odontologia durante muito tempo considerou a cárie como uma doença a ser tratada apenas com preparos dos dentes e restaurações das cavidades. Estas condutas cuidavam apenas dos sintomas da doença, acreditando que as técnicas operatórias e os materiais restauradores seriam capazes de tratá-la. Esta filosofia levou muitas vezes à mutilação progressiva das estruturas dentárias (Murdoch- Kinch; Mclean, 2003; Fontana et al., 2010;). Atualmente, a Odontologia moderna tem como objetivos principais prevenir novas lesões, paralisar as já existentes e evitar lesões recorrentes, além da promoção de saúde bucal e conservação da estrutura dentária (Murdoch-kinch; Mclean, 2003). Almeja-se atualmente, o tratamento das causas da doença cárie e não somente de suas seqüelas (Fontana; González-Cabezas, 2000; Murdoch- Kinch; Mclean, 2003; Fontana et al., 2010). Estudos demonstraram a capacidade de diferentes microrganismos em se aderir às superfícies dentárias e próteses dentais. Entre esses microrganismos, estão incluidas bactérias e espécies de leveduras do gênero Candida (Maza et al., 2002). As proteínas salivares 17 principalmente as mucinas, que recobrem a mucosa bucal e as superfícies inertes das próteses dentárias podem atuar como receptores específicos de Candida albicans e de outros microrganismos (Baena- Monroy et al., 2005). Os microrganismos do gênero Candida são geralmente comensais da cavidade bucal, mucosas, trato digestivo, genital e urinário de indivíduos sadios, mas dependendo do estado fisiológico do indivíduo e de fatores predisponentes, podem transformar-se na forma parasitária, produzindo candidose (Soll, 2002). As bactérias estão se tornando resistentes a múltiplos antimicrobianos, representado um desafio no tratamento de infecções. Assim, faz-se necessário encontrar novas substâncias com propriedades antimicrobianas para serem utilizadas no combate desses microrganismos (Ahmad; Beg, 2001; Jorge, 2006; Mbosso et al., 2010). Baena-Monroy et al., (2005), verificaram que Candida albicans, Staphylococcus aureus e Streptococcus mutans colonizam com freqüência a mucosa bucal de pacientes com prótese dentária. A principal espécie bacteriana correlacionada com cárie dentária de superfície lisa é representada por Streptococcus mutans (Pin et al., 2005; Jorge, 2006). O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais das plantas Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe frente a cepas de Candida albicans, C. tropicalis, C. glabrata, Staphylococcus aureus, S. epidermidis e Streptococcus mutans. Foram também avaliados os efeitos dos mesmos óleos essenciais em biofilmes formados in vitro por cepas padrão de C. albicans, S. aureus e S. mutans na superfície de discos de resina acrílica. 18 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Microrganismos Todo indivíduo possui uma microbiota indígena que inclui todas as classes de microrganismos (bactérias, fungos, protozoários e vírus) esta é composta por cerca de 500 a 1000 espécies diferentes, residindo no indivíduo. Tem sido estimado que o nosso corpo é composto de aproximadamente 10 trilhões de células (incluindo as células nervosas, musculares e epiteliais), e que temos aproximadamente 10 vezes mais microrganismos (100 trilhões) vivendo em nosso organismo (Burton; Engelkirk, 2004). Os microrganismos presentes na microbiota bucal desempenham importante papel em manter a saúde bucal, entretanto o distúrbio desse sistema pode levar a ocorrência de doenças. Os microrganismos que compõem essa microbiota contribuem para o desenvolvimento do sistema imune do hospedeiro, seguidos de uma colonização balanceada de uma grande variedade de microrganismos que podem potencialmente invadir outros tecidos do hospedeiro (Barbieri et al., 2007). 19 2.2 Leveduras do gênero Candida O gênero Candida compreende aproximadamente 150 espécies de leveduras, Gram-positivas, não produtoras de esporos. A espécie de maior importância médica é Candida albicans seguida por C. glabrata e C. tropicalis que perfazem cerca de 80% do isolamento de candidoses, são aeróbias, embora, sejam capazes de crescer em anaerobiose (Jorge, 2006). Candida albicans é a levedura mais frequentemente isolada de amostras clínicas humanas (Komiyama et al., 2004; Burton; Engelkirk, 2004; Jorge, 2006), é considerada uma das leveduras mais patogênicas para o ser humano, colonizando língua, palato e demais mucosas bucais (Jorge, 2006; Jain et al., 2010) podendo estar presentes, também, no biofilme subgengival (Slots et al.,1988). Esse microrganismo é correlacionado com grande número de infecções oportunistas que em indivíduos imunocomprometidos, podem ser fatais (Baillie; Douglas, 1998; Lengeler et al., 2000; Jain et al., 2010). Candida spp. é um organismo comensal presente no ser humano na pele e membranas mucosas da boca, trato gastrintestinal e geniturinário sem causar infecções, coexistindo com o hospedeiro (Hube; Naglik, 2001). O estado fisiológico do hospedeiro é o fator primário na etiologia da candidose, quando há uma queda das condições imunológicas do hospedeiro, Candida albicans é líder em infecções da boca, pele e vagina. Este tipo de infecção local pode tornar-se uma porta de entrada para invasão de microrganismos na corrente sanguínea, podendo tornar-se uma infecção generalizada ou sistêmica (Hube; Naglik, 2001; Burton; Engelkirk, 2004). Além disso, em pacientes severamente imunocomprometidos, a levedura pode causar sérias infecções nas mucosas, que incluem candidoses vaginais, infecções bucais ou 20 sistêmicas (Ellepola; Samaranayake,1998; O’Sullivan et al., 2000; Chandra et al., 2001; Hube; Naglik, 2001). Um aumento do número de indivíduos imunocomprometidos, tal como aqueles com infecção pelo HIV, neutropenicos, pacientes em tratamento intensivo, uso de medicamentos imunossupressivos depois de transplante de órgãos são causas freqüentes de infecção na mucosa por Candida (Richardson, 2005). Em adição quase 3/4 de todas as mulheres saudáveis já tiveram pelo menos uma vez infecção vaginal por leveduras (Hube; Naglik, 2001). Os fatores de virulência expressos por Candida albicans para causar infecção podem variar muito, dependendo do tipo da infecção, o local e a natureza da resposta do hospedeiro (Hube; Naglik, 2001). Candida albicans é um microrganismo com grande repertório de atributos de virulência para colonizar o hospedeiro, causando danos, resistindo ou enganando o sistema de defesa do hospedeiro (Chaffin et al., 1998). Embora o objetivo principal do microrganismo não seja causar doença ou danos no hospedeiro, e sim, sobreviver e reproduzir (Burton; Engelkirk, 2004). Candida glabrata é a segunda espécie do gênero mais recuperada da cavidade bucal de humanos, representa cerca de 7% das espécies isoladas da boca. Essa espécie é isolada freqüentemente de pacientes portadores de próteses total, incluindo aqueles com estomatite (Jorge, 2006). Candida tropicalis pode ser encontrada em candidoses invasivas e hospitalares, com infecções indistinguíveis das produzidas por Candida albicans. Ela é encontrada no ambiente e culturas de rotina do nariz, garganta, pele, vagina e trato gastrintestinal de indivíduos saudáveis (Jorge, 2006). A candidose bucal também já foi muito estudada em pacientes que fazem uso de próteses totais ou parciais. As leveduras aderem-se e colonizam as superfícies bucais, incluindo mucosas e 21 próteses acrílicas e tem habilidade de co-agregar com bactérias bucais (Barbeau et al., 2003; Cross et al., 2004; Ramage et al., 2004). 2.3 Staphylococcus spp. O gênero Staphylococcus pertence à família Staphylococaceae. São relatadas 48 espécies do gênero Staphylococcus, sendo ubíquo na natureza (Tse et al., 2010), dessas, 16 são encontradas em seres humanos e podem provocar diferentes síndromes clínicas, incluindo infecções cutâneas, oportunistas, das vias urinárias e sistêmicas (Blatt; Piazza, 2004; Trülzsch et al., 2007; Xavier et al., 2007). O tratamento de infecções pós-operatórias é dificultado pelo aparecimento dos microrganismos resistentes aos antibióticos, os quais contribuem significantemente para morbidez e mortalidade de pacientes hospitalizados (O’Gara; Humphreys, 2001; Jabra-Rizk et al., 2006). O gênero Staphylococcus não é usualmente pertencente à cavidade bucal humana, e quando isso acontece, eles são considerados transitórios (Loberto et al., 2004). O gênero apresenta importantes propriedades de virulência e causa uma larga gama de doenças infecciosas humanas incluindo pneumonia, septicemia, endocardites, doença periodontal entre outros (Wertheim et al., 2005; Baba et al., 2008). A espécie mais implicada em doenças no ser humano é S. aureus. S. epidermidis também é um importante patógeno, sobretudo para aqueles portadores de próteses valvulares cardíacas (Huebner; Goldmann, 1999; Jorge, 2007). As espécies do gênero Staphylococcus consistem em cocos Gram-positivos, tipicamente arranjados em grupos, lembrando “cachos de uva”, ou ainda isolados e em pequenas cadeias, não 22 esporulam, são imóveis, anaeróbios facultativos e produtores de catalase em sua maioria (Jorge, 2006). Em geral, os Staphylococcus apresentam uma relação benigna ou simbiótica com o hospedeiro; entretanto podem tornar-se patogênicos quando ganham acesso aos tecidos por meio de traumatismos da barreira cutânea, inoculação por agulhas, ou implantação direta por próteses médicas (Pallin et al., 2008). S. aureus é um dos mais significantes agentes etiológicos de processos infecciosos adquiridos, tanto em pacientes ambulatoriais como em pacientes hospitalizados (Pallin et al., 2008). Apresenta ampla variedade de fatores de virulência, como toxinas, adesinas, cápsula, formação de biofilme e enzimas extracelulares que mediam a invasão tecidual e a sobrevida no sítio da infecção (Götz, 2004; Blatt; Piazza, 2004 Gordon; Lowy, 2008). Algumas espécies são produtoras de coagulase, característica que classifica os estafilococos em coagulase-positivos e negativos (Jorge, 2006). Cepas de S. aureus resistentes aos medicamentos foram sendo isoladas à medida que novos antimicrobianos foram desenvolvidos e introduzidas no tratamento das infecções. A habilidade de adquirir resistência levou ao aparecimento de amostras resistentes a praticamente todos os agentes antimicrobianos disponíveis (Spellberg et al., 2008). Estas cepas podem ser isoladas em materiais e equipamentos usados em ambiente hospitalar e constituem um dos problemas mais relevantes no controle de infecções e na terapêutica antimicrobiana (Rossi; Andreazzi, 2005; Jorge, 2007). Loberto et al. (2004) avaliaram 88 pacientes com periodontitis crônica, antes de receberem tratamento periodontal ou antibiótico. Os resultados demonstraram que em 14 dos indivíduos (15,9%) foram isolados S. epidermidis em amostras subgengival e de 24 indivíduos (27,27%) na cavidade bucal, enquanto que S. aureus estavam presentes em (25%) de amostras da cavidade bucal. 23 Querido (2006), quando estudou microganismos da cavidade bucal de indivíduos submetidos à antibióticoterapia para tratamento de tuberculose pulmonar verificou que, dos 50 indivíduos amostrados, 96% dos pacientes com tuberculose e 92% do grupo controle apresentaram Staphylococcus spp. na cavidade bucal. No sulco gengival Staphylococcus spp. estavam presente em 44% dos indivíduos do grupo controle e 38% no grupo tuberculose. S. epidermidis são coagulase negativos e encontram-se largamente distribuidos pelo organismo humano, constituindo a maioria das bactérias comensais da microbiota. No passado esses microrganismos eram considerados como não-patogênicos e seus isolamentos em laboratório eram considerados como contaminação da espécie. Entretanto, esses organismos frequentemente contaminam o sangue e outros materiais clínicos e são responsáveis por infecções hospitalares, veiculados por cateteres e sondas. A espécie não produz toxinas e faz parte da microbiota endógena humana, sendo que as infecções causadas por esta espécie são geralmente de origem hospitalar, sendo apontado como importante agente de bacteremia, em serviços de oncologia e neonatologia. É também reconhecida a sua crescente freqüência em infecções associadas à implantação de próteses cardíacas, articulares e vasculares e de cateteres intravenosos (O’Gara; Humphreys, 2001). 24 2.4 Streptococcus mutans Os estreptococos do grupo mutans incluem as principais espécies bacterianas envolvidas na cárie dentária de superfície lisa. Apresentam-se como cocos Gram-positivos, usualmente dispostos em cadeias, são anaeróbios facultativos ou estritos, seu crescimento é estimulado pela presença de CO2 (Pin et al., 2005; Canetierri et al., 2006). Apresentam células esféricas ou ovais, por vezes alongadas, de cerca de 0,5 a 0,75 µm, são imóveis, capsulados e não formam esporos. São constituído por sete espécies e por oito sorotipos. As espécies deste grupo mais comumente relacionadas com o desenvolvimento da cárie dental em humanos são S. mutans e S sobrinus (Balakrishnamet et al., 2002; Jorge, 2006). Durante seu processo evolutivo, S. mutans desenvolveu fatores que determinam sua cariogenicidade ou virulência, como o sistema enzimático para o metabolismo da sacarose, substância mais cariogênica consumida pelos seres humanos (Kuramitsu et al., 2007). S. mutans é considerado um microrganismo cariogênico para todas as espécies de animais dentados até hoje testadas. Observa-se, entretanto, que cáries obtidas com a participação de S. mutans e da microbiota normal da boca são mais extensas e freqüentes do que só com S. mutans, demonstrando assim, a participação efetiva da microbiota bucal na etiologia da doença (Napimoga et al., 2005; Forssten et al., 2010). Para colonizar a cavidade bucal, S. mutans adere nas superfícies duras, não descamativas, as quais coloniza e se acumula como parte da complexa microbiota do biofilme dentário (Kuramitsu et al., 2007; Jorge, 2007). 25 A cárie é uma doença infecciosa e transmissível, de origem microbiana, causando um processo de desmineralização por meio da produção de ácidos orgânicos, principalmente o ácido lático, originado da fermentação dos carboidratos da dieta do hospedeiro, pelas bactérias. Devido à sua natureza multifatorial e origem microbiana, pode variar de intensidade e prevalência de acordo com as condições endógenas de cada hospedeiro como dentes, película adquirida, saliva, dieta e microbiota (Balakrishnan et al., 2000; Barbieri et al., 2007). 2.5 Biofilme O biofilme consiste em comunidades de células bacterianas ou outros microrganismos envolvidos por uma matriz polissacarídica extracelular que é secretada pelos próprios microrganismos, que permanecem aderentes a superfícies inertes ou vivas (Götz, 2002; Lamfon et al., 2003;). Os microrganismos crescem em pequenos grupos (microcolonias) que são separados por um sistema de canais de água. O fluido que circula entre esses canais, banha as microcolonias com nutrientes dissolvidos e levando os produtos residuais. Os biofilmes tem importância médica podendo ser encontrados em praticamente todo lugar, eles vem sendo envolvidos em doenças tal como endocardites, fibrose cistica, doença periodontal, infecções renais, infecções do ouvido médio e infecções na próstata (O’Gara; Humphreys, 2001; Burton; Engelkirk, 2004). A formação do biofilme possui etapas seqüenciais. Inicialmente os microrganismos se aderem à superfície dental, ocorre crescimento celular e formação de microcolônias e posteriormente maturação do biofilme. Cada passo pode ser influenciado por fatores 26 genéticos e fisiológicos desse modo formando uma massa celular, aderente, reforçada e arquitetural (Götz, 2002; Kreth et al., 2004). Biofilmes são muito resistentes a antibióticos e desinfetantes. Antibióticos que, no laboratório tem se mostrado efetivo contra microrganismos na forma planctônica, torna-se ineficiente contra os mesmos microrganismos no biofilme (Burton; Engelkirk, 2004). Vicente et al. (2008) avaliaram 237 crianças, na faixa etária de 5 a 11 anos durante 12 meses e observaram que 81% das crianças apresentaram alta contagem de S. mutans e apenas 19% apresentaram baixa contagem em agar Mitis salivarius bacitracina sacarose. Com relação ao índice de atividade de cárie, verificou-se que 73% apresentaram alta prevalência da doença. A concentração de S. mutans é freqüentemente alta na saliva de pacientes com elevados níveis de cárie dental. O desenvolvimento da cárie ocorre na presença de microrganismos na superfície dentária, entretando a simples colonização por estes microrganismos não implica no seu desenvolvimento. Segundo Gilbert et al. (2007) o fator primário de uma boa saúde bucal é a rotina no controle do biofilme dentário. Enquanto no passado, pesquisadores estudavam caminhos para controlar o crescimento de bactérias em cultivos planctônicos, os mesmos estão agora concentrando seus esforços para entender e controlar o biofilme (Burton; Engelkirk, 2004). 2.6 Plantas medicinais A expressão fitoterapia é atribuída a medicamentos originados exclusivamente de material botânico integral ou seus extratos usados com o propósito de tratamento de doenças. As plantas medicinais 27 são aquelas que possuem atividade biológica, possuindo um ou mais princípios ativos úteis à saúde humana (Ferreira et al., 1998). As plantas produzem uma variedade de compostos com propriedades antimicrobianas (Duarte et al., 2005). Atualmente, as pesquisas realizadas com plantas confirmam a ação medicinal de muitas plantas tradicionalmente usadas, o que traz aos pesquisadores a convicção de que há muito a aprender com os costumes populares (Devienne et al., 2004). Plantas dos biomas brasileiros tem sido utilizadas como medicina natural pelas populações locais para o tratamento de várias doenças, como por exemplo, malária, infecção fúngica e bacteriana (Sartoratto et al., 2004). Apesar da rica flora brasileira, somente dados de poucas plantas estão disponiveis, incluindo espécies nativas e exóticas, que foram introduzidas no Brasil após a colonização e vem sendo incorporadas na medicina popular (Duarte et al., 2005) Os óleos essenciais contidos nas plantas aromáticas são responsáveis pelos diferentes odores que emanam das plantas, constituem-se em complexas misturas de substâncias voláteis (Ye, 2009), sintetizadas graças a energia solar pelas células secretoras das plantas aromáticas e que se apresentam como substância líquida e oleosa. A espécie Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Figura 1), também conhecida como capim-limão ou erva cidreira, entre outros, pertence à família Gramineae originária da Ásia e subespontânea nos países tropicais. Desenvolve-se em todo o Brasil e caracteriza-se por ser uma erva perene, com folhas ásperas, aromáticas, estreitas e com mais de 50 cm de comprimento (Cimanga et al., 2002). É uma planta de grande resistência e versatilidade, suportando larga variedade de solo e de clima, embora não se adaptem bem em solo úmidos e enxarcados, assim como zonas frias, sujeitas a geadas (Liberalli et al., 1946) É uma planta com largo uso popular na preparação de chás e seu óleo essencial, rico em citral (geranial e neral), é usado na 28 indústria de perfumes, alimentos e medicamentos (Kochima et al., 2006), possuindo alto valor comercial. Schuck et al. (2001) avaliaram a atividade antimicrobiana de C. citratus por meio da técnica de difusão em agar de cepas ATCC de Staphylococcus aureus, Escherichia coli e os resultados revelaram que o óleo essencial a 0,5% apresentou diâmetro de inibição variando de 12 a 16 mm para E. coli e superior a 40 mm para S. aureus na diluição 1,5%. Figura 1 – Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf Fonte:www.google.com.br/images - pesquisar Cymbopogon citratus O gênero Tagetes engloba algumas espécies da família das Compositae ou Asteraceae, é nativa de regiões temperadas e montanhosas do sudeste da América do Sul, podendo ser encontradas nos países como Argentina, Bolivia, Peru e Paraguai. T. minuta é encontrada no Brasil onde se aclimataram perfeitamente, tornando-se até subespontâneas (Lorenzi; Matos, 2002). Segundo Kissmann; Groth (1992), Tagetes minuta L. (Figura 2), a espécie minuta faz referência ao tamanho das flores e não da planta, que pode alcançar até 2 metros de altura. Segundo Soule (1993) a planta é popularmente denominada vara-de-rojão, rabo-de- foguete, cravo-de-defunto, cravo-de-urubu, chinchilho, coari, coari-bravo, 29 estrondo, sendo considerada como planta daninha infestante, de cultivos anuais e perenes, bem como na beira de estradas e terrenos baldios. Héthelyi et al. (1987) utilizaram a técnica de arraste a vapor para a extração do óleo essencial de T. minuta e através de métodos cromatográficos, separaram e dosaram alguns componentes que foram identificados por espectrometria de massa (ocimeno, diidroxitagetona, tagetona e ocimenona). Souza et al. (2000) utilizaram decocto de Tagetes minuta em testes para determinar a atividade antimicrobiana através da técnica de diluicão seriada, utilizando inóculos de bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium) e Gram-negativas (Salmonella gallinarum e Escherichia coli) e verificaram o atributo anti- séptico, conferido popularmente ao decocto. Figura 2 – Tagetes minuta L. Fonte:www.google.com.br/images - pesquisar Tagetes minuta A Curcuma zedoaria Roscoe (Figura 3), conhecida popularmente como gajitsu, curcuma ou zedoária, é uma espécie herbácea, perene, pertencente à família vegetal Zingiberaceae, de ocorrência espontânea na Ásia e utilizada desde a idade média como 30 condimento, corante, aromatizante e para fins terapêuticos. As partes vegetais empregadas com finalidades terapêuticas são as raízes e os rizomas, ricos em óleos essenciais, os quais podem ser empregados na forma de infuso, decocto, tintura, pó ou pedaços mastigáveis (Teske; Trenitini,1994; Kato; Fischer,1996). Os rizomas têm de 1,5 a 5% de óleo essencial, o qual é constituído principalmente por pineno, canfeno, cineol, cânfora e borneol (Pereira et al., 2004). Entre as indicações terapêuticas da C. zedoaria, destacam-se as propriedades, expectorantes, diuréticas, calmantes, colerética, anti-séptica, antifúngica, anti-helmíntica, antimicrobiana, antitumoral, aromática e antiinflamatória (Teske; Trenitini, 1994; Kato; Fischer,1996; Schulz et al., 2002). Nicoletti et al. (2003) estudaram a atividade antimicrobiana do extrato fluido da C. zedoaria frente aos microrganismos: Aspergillus niger, Candida albicans, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella choleraesuis, Staphylococcus aureus e Tricophyton mentagrophytes e a ação do extrato foi mais efetivo, entretanto, contra Staphylococcus aureus. Lai et al. (2004) avaliaram o potencial antimicrobiano do óleo essencial de Curcuma zedoaria em microrganismos Gram positivos (Bacillus cereus) e Gram negativos (Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Vibrio parahaemolyticus). Os autores constataram que, Salmonella typhimurium, Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Vibrio parahaemolyticus foram mais sensíveis, enquanto que a cepa de Escherichia coli apresentou maior resistência. 31 Figura 3 - Curcuma zedoaria Roscoe Fonte:www.google.com.br/images - pesquisar Curcuma zedoaria A partir do extrato hidroalcóolico de C. zedoaria foram obtidas soluções aquosas a 7,1%, sendo empregadas como coadjuvante químico no controle mecânico do biofilme dentário e gengivite por apresentarem significativa ação anti-inflamatória e antimicrobiana (Sandrini et al., 1997; Pereira et al., 2004). 32 3 PROPOSIÇÃO A presente pesquisa teve como objetivos: a) Determinar as concentrações inibitórias mínimas (CIM) e concentrações microbicidas mínimas (CMM) dos óleos essenciais extraídos de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe sobre cepas clínicas e padrão de Candida albicans, Candida tropicalis, Candida glabrata, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Streptococcus mutans; b) Verificar os efeitos desses óleos essenciais sobre biofilmes formados na superfície da resina acrílica por cepas padrão de Candida albicans, Staphylococcus aureus e Streptococcus mutans. 33 4 MATERIAL E MÉTODO 4.1 Óleos essenciais Foram utilizados óleos essenciais de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe (Figura 1 a 3). As espécies Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf, Tagetes minuta L. e Curcuma zedoaria Roscoe foram coletadas no Sítio Pinheiros, na localidade de Sarapuí-do-Alto, Vila Élvio, município de Piedade, estado de São Paulo, Brasil. As plantas foram coletadas no período da manhã entre 9:00 e 10:00 h. As datas das coletas foram: 06/09/2007 para C. citratus, 20/06/2009 para T. minuta e 19/11/2009 para C. zedoaria. As exsicatas foram depositadas no Herbário SPF do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo, Rua do Matão, 277, edifício Sobre-as-Ondas, CEP 05508-090, São Paulo, SP, Brasil, sob os números G. Akisue 031 (SPF) para C. citratus e G. Akisue 033 (SPF) para T. minuta. A extração dos óleos foi realizada no Laboratório de Farmacognosia e Plantas Medicinais da Faculdade de Pindamonhangaba (FAPI), pela técnica de hidrodestilação por arraste de vapor d´água empregando-se aparelho do tipo Clevenger modificado (Wasicky; Akissue, 1969). Para a extração dos óleos essenciais foram utilizadas as folhas de C. citratus, as inflorências de T. minuta e os rizomas de C. zedoaria. 34 4.2 Microrganismos utilizados e preparo das suspensões Para determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foram utilizadas 54 cepas clínicas, sendo 9 de cada espécie e 1 cepa padrão a seguir: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus mutans, Candida albicans, Candida tropicalis e Candida glabrata. Essas cepas são provenientes do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos / UNESP e foram isoladas da cavidade bucal humana no trabalho de Querido (2006). O projeto de pesquisa do presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos –Unesp, sob protocolo nº 01/ 2008-PH/CEP (Anexo A). Para avaliação dos efeitos dos óleos essenciais no biofilme formado nos corpos-de-prova de resina acrílica foram estudadas as seguintes cepas padrão: Candida albicans (ATCC 18804), Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Streptococcus mutans (ATCC 35688). A partir das cepas clínicas e cepas padrão foram preparadas suspensões em solução de NaCl a 0,85% contendo 106 células quantificadas em espectrofotômetro (Micronal - B582, São Paulo, Brasil) (Figura 4) utilizando-se os parâmetros do Quadro 1. Solução de NaCl a 0,85% foi empregada como branco. Quadro 1 – Microrganismos utilizados no preparo das suspensões com respectivos meios de cultura, condições de incubação, densidade óptica (DO) e comprimento de onda. Microrganismos Meios de cultura* Incubação DO Comprimento de onda (nm) Candida spp. Agar Sabouraud 37ºC/24 h 0,284 530 Staphylococcus spp. Brain Heart infusion 37ºC/24 h 0,374 490 S. mutans Brain Heart infusion 37ºC/24 h com 5% de CO2 0,620 398 * Difco, Detroit, USA 35 (a) (b) (c) Figura 4 – Padronização da suspensão microbiana: (a) coleta do microrganismo do agar com auxílio de alça de platina; (b) aparelho de espectrofotômetro utilizado para padronização da suspensão de microrganismo; (c) suspensão microbiana padronizada, contendo 106 células/mL. 4.3 Determinação da concentração inibitória e microbicida mínima (CIM e CMM) Para determinação da concentração inibitória mínima (CIM) dos óleos essenciais de C. citratus, T. minuta e C. zedoaria foi utilizado o método de microdiluição em caldo. Os óleos essenciais foram colocados em tubos de ensaios esterilizados juntamente com água destilada estéril e Tween 80, de acordo, com o volume e concentração desejada (Lima et al., 2006). A solução foi agitada por 5 minutos utilizando-se aparelho Vortex (Fanem), obtendo-se então uma solução 36 com a concentração final desejada para cada óleo essencial para cada espécie. Em placas de 96 poços (Costar Corning, New York, EUA), foram acrescentados préviamente 125 µL do caldo Sabouraud ou BHI em todos os poços, a seguir, nas primeiras colunas dos poços da placa de 96 poços foram colocadas 125 µL da solução do óleo essencial com a concentração préviamente estabelecida para cada espécie. Diluições seriadas dos óleos essenciais foram realizadas na placa com auxílio de micropipeta automática de forma a representarem 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64 e 1/128 da concentração inicial (Lima et al., 2006). A seguir, foram adicionados em todos os poços da placa 12,5 µL da suspensão padronizada (106 células/mL) de cada cepa de Staphylococcus spp., Streptococcus mutans e Candida spp. Os ensaios foram realizados em duplicata. O grupo controle foi constituído de 125 µL de caldo Sabouraud e 125 µL de água destilada autoclavada com Tween 80 (Lima et al., 2006) nas mesmas diluições utilizadas na solução do óleo essencial e 12,5 µL da suspensão dos microrganismos. Após, incubação em estufa bacteriológica por 24 horas a 37°C para Candida spp. e Staphylococcus spp. e para Streptococcus mutans por 24 horas a 37°C em estufa de CO2, a leitura foi realizada por observação visual da turvação do meio. Foi considerada concentração inibitória mínima (CIM) a menor concentração do óleo essencial testado, capaz de inibir o crescimento microbiano em caldo. Na determinação da concentração microbicida mínima (CMM) dos óleos essenciais de C. citratus, T. minuta e C. zedoaria três inóculos do teste anterior que não apresentaram crescimento em caldo foram semeados em placas contendo agar Sabouraud dextrose para determinação da concentração fungicida mínima para Candida spp. e agar BHI para a determinção bactericida mínima para Staphylococcus spp. e Streptococcus mutans. Para isso, 100 μL do inóculo foram semeados em agar Sabouraud dextrose ou agar BHI (Quadro 1) 37 utilizando-se alça Drigalski (Figura 10b). Após período de incubação de 48 horas a 37°C e para S. mutans 48 horas a 37°C em estufa de CO2, foi verificado crescimento de colônias características de cada espécie. Foi considerada concentração microbicida miníma como sendo a menor concentração dos óleos essenciais testados capazes de inibir totalmente o crescimento microbiano em meio de cultura sólido em placas de Petri. 4.4 Avaliação dos efeitos dos óleos essenciais sobre o biofilme formado em resina acrílica por C. albicans, S. aureus e S. mutans Foram utilizados como corpos-de-prova (Figura 5a e 5b), discos para confecção de prótese ocular com pino (Clássico, São Paulo, Brasil), em resina acrílica incolor, com 11 mm de diâmetro. Para os ensaios cada corpo-de-prova recebeu duas camadas de esmalte (Figura 5) para unhas (Colorama, São Paulo, Brasil) no pino e na base, a fim de que, ocorresse uma delimitação da área para formação do biofilme, o qual foi formado somente na parte superior do corpo-de-prova. Após a secagem do esmalte nos corpos-de-prova em resina acrílica, os mesmos foram embalados e encaminhados para esterilização por radiação gama (cobalto 60), com dosagem de 20 KGy por 6 h (Embrarad, São Paulo, Brasil). 38 (a) (b) Figura 5 – Corpo-de-prova em resina acrílica incolor para confecção de prótese ocular com pino (Clássico, São Paulo, Brasil): (a) Corpo-de-prova com pino; (b) corpo-de-prova com a base pintado com esmalte para unhas; corpo-de- prova com o pino e a base pintados com esmalte para unhas. 4.5 Grupos e condições experimentais Após esterilização os corpos-de-prova em resina acrílica foram divididos nos grupos experimentais, conforme Quadro 2: Quadro 2 – Distribuição dos corpos-de-prova em resina acrílica nos grupos experimentais e controle Grupos Biofime C. citratus Controle C. zedoaria Controle T. minuta Controle G1 C. albicans 12 12 12 12 12 12 G2 S. aureus 12 12 12 12 12 12 G3 S. mutans 12 12 12 12 12 12 G4 C. albicans e S. aureus 12 12 12 12 12 12 G5 C. albicans e S. mutans 12 12 12 12 12 12 G6 S. aureus e S. mutans 12 12 12 12 12 12 G7 C. albicans, S. aureus e S. mutans 12 12 12 12 12 12 Total 84 84 84 84 84 84 39 Os corpos-de-prova em resina acrílica foram colocados na fileira A de placas de cultura de células com 24 poços (Costar Corning, New York. EUA), sendo adicionado posteriormente 2 mL do caldo BHI (Brain Heart Infusion, Difco, Detroit, USA) sacarosado (5%). A seguir, foi inoculado 100 µl de suspensão contendo 106 células de cada microrganismo, conforme o grupo experimental (Quadro 2). As placas foram incubadas por 5 dias em estufa bacteriológica a 37ºC para os grupos G1, G2 e G4 e para os grupos contendo S. mutans (G3, G5, G6 e G7) em estufa bacteriológica de CO2 a 5%. Após crescimento dos biofilmes (Figura 7), os corpos-de- prova em resina acrílica foram lavados duas vezes a fim de remover o material que não se aderiu. Para a lavagem foi colocado em cada poço da segunda e terceira fileira da placa, 2 mL de PBS (Phosphate Buffer Saline) pH 7, onde foram imersos os corpos-de-prova de resina acrílica e homogeneizados por 5 minutos para cada fileira (Figura 7) em agitador Orbital (Solab, Piracicaba, Brasil). 4.6 Sensibilidade dos microrganismos frente aos óleos essenciais em biofilmes Para avaliar a sensibilidade dos microrganismos aos óleos essenciais, os corpos-de-prova em resina acrílica foram transferidos para um recipiente (50 mL) contendo 5 mL da solução diluída do óleo essencial de Cymbopogon citratus, Tagetes minuta e Curcuma zedoaria pré estabelecidos na CIM e CMM para cada microrganismo, permanecendo por 5 min (Figura 8). Para o controle, os corpos-de-prova em resina acrílica foram colocados em solução de água com Tween 80 pelo mesmo período de tempo. A seguir, os corpos-de-prova em resina acrílica foram mergulhados em placas de 24 poços contendo PBS pH 7 40 para retirar possíveis resíduos de óleo essencial (Figura 8b) e colocados em tubos de ensaio Falcon contendo 10 ml de solução PBS esterilizada os quais foram submetidos ao homogeneizador ultra-sônico (Sonoplus HD 2200 - Bandelin Eletronic), utilizando-se potência de 50 W durante 30 segundos, para dispersão dos microrganismos aderidos à superfície do corpo-de-prova (Figura 9). A partir da solução obtida, foram realizadas diluições (10 -1 a 10 -4 mL), das quais alíquotas de 100 µL foram semeadas em duplicata em agar Sabouraud dextrose com cloranfenicol (União Química, São Paulo, Brasil) (0,1 mg/mL de meio) para cepas de C. albicans; agar manitol (Difco, Detroit, USA) para S. aureus e agar mitis salivarius acrescido de bacitracina (0,2 UI/mL) (União Química, São Paulo, Brasil) e 15% de sacarose (Synth, Brasil) (MSBS) para S. mutans. Após 48 horas de incubação o número de unidades formadoras de colônias (UFC/mL) foram determinadas para cada corpo- de-prova. As placas escolhidas para contagem foram aquelas que apresentaram entre 30 e 300 colônias de cada diluição. Os resultados da contagem de UFC/mL foram transformados em logarítimo de base 10 (Log10) e submetidos à análise estatística descritiva e teste t-Student utilizando-se o software Minitab (Inc. PA, USA) considerando-se o nível de significância p ≤ 0,05. 41 Figura 6 – Formação do biofilme em placa 24 poços. Primeira fileira com caldo BHI sacarosado, corpo-de-prova e suspensão microbiana. (a) (b) Figura 7 – Procedimento para o tratamento do biofilme nos corpo-de-prova após 5 dias de incubação em estufa bacteriológica. (a) Primeiro enxágüe dos corpos-de- prova em resina acrílica em solução PBS; (b) agitador orbital utilizado para auxiliar a remoção das células microbianas não-aderidas. (a) (b) Figura 8 – Avaliação da sensibilidade dos microrganismos frente os óleos essenciais. (a) corpos-de-prova em resina acrílica transferidos para um recipiente (50 mL) contendo 5 mL da solução diluída do óleo essencial; (b) corpos-de-prova em resina acrílica mergulhados na quarta fileira da placa de 24 poços contendo PBS para retirar resíduo do óleo essencial após o tratamento. 42 (a) (b) (c) Figura 9 - Dispersão do biofilme para a quantificação dos microrganismos. (a) homogeneizador ultra-sônico; (b) inserção do corpo-de-prova na solução de PBS; (c) dispersão do biofilme do corpo-de-prova para solução de PBS com auxílio do homogeneizador ultrasônico. (a) (b) Figura 10 - Quantificação dos microrganismos. (a) inoculação da suspensão microbiana em placa de Petri com agar; (b) semeadura da suspensão microbiana em meio de cultura sólido com auxílio de alça Drigalski. 4.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Para visualizar os efeitos do óleo essencial nos biofilmes formados de C. albicans, S. aureus e S. mutans e das demais associações de microrganismos, foi realizada a microscopia eletrônica de varredura (MEV) (JSM-5310, JEOL, Japão) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de São José dos Campos/SP. 43 Foram utilizados 2 corpos-de-prova (1 tratamento e 1 controle) em resina acrílica de cada grupo para ser submetido à análise em microscopia eletrônica de varredura (Quadro 3). Quadro 3 - Distribuição dos corpos-de prova submetidos à microscopia eletrônica de varredura. Os corpos-de-prova em resina acrílica foram removidos do caldo e foi realizada a fixação dos microrganismos aderidos na superfície dos corpos-de-prova em resina acrílica com glutaraldeído 2,5% por 1 hora. A seguir os biofilmes foram desidratados em solução alcoólica a 10%, 25%, 50%, 75% e 90% por vinte minutos em cada e finalmente por uma hora em álcool absoluto (Figura 11). As placas foram incubadas em estufa bacteriológica por 24 horas para secagem do biofilme. A seguir os corpos-de-prova em resina acrílica, foram fixados em stubs metálicos (Figura 12) e foi realizada a metalização das amostras por spputtering (Denton Vacuum Desk, Denton Vacuum, USA) com fio de ouro de 10-9 mm de espessura (Figura 12). Posteriormente, os biofilmes formados nos corpos–de-prova foram visualizados e Grupos Biofime C. citratus Controle C. zedoaria Controle T. minuta Controle G1 C. albicans 1 1 1 1 1 1 G2 S. aureus 1 1 1 1 1 1 G3 S. mutans 1 1 1 1 1 1 G4 C. albicans e S. aureus 1 1 1 1 1 1 G5 C. albicans e S. mutans 1 1 1 1 1 1 G6 S. aureus e S. mutans 1 1 1 1 1 1 G7 C. albicans, S. aureus e S. mutans 1 1 1 1 1 1 Total 7 7 7 7 7 7 44 fotografados no microscópio eletrônico de varredura em 15 KV nos aumento de 1000 e 5000 vezes. (a) (b) Figura 11 – Preparo dos corpos-de-prova em resina acrílica para metalização. (a) Placa de Petri de 24 poços (coluna 1 caldo BHI com biofilme; coluna 2 e 3 solução PBS para dispersão das células não aderidas; coluna 4 lavagem após tratamento com o óleo essencial; coluna 6 imersão do corpo-de-prova em glutaraldeido (2%); (b) Colunas da placa (1 a 6) com as diferentes concentrações do álcool (10, 25, 50, 75, 90 e 100%). (a) (b) Figura 12 – Processo de metalização.dos corpos-de-prova em resina acrílica. (a) aparelho metalizador com corpos de prova fixados nos stubs metálicos antes da metalização; (b) stubs com os corpos-de-prova em resina acrílica metalizados. 45 5 RESULTADOS Os óleos essenciais utilizados apresentaram redução de UFC/mL em relação ao grupo controle para todas as concentrações testadas, tanto para a forma planctônica quanto para o biofilme. De acordo com os resultados, as diluições dos óleos essenciais variaram para cada óleo, sendo que o óleo de C. citratus foi o que apresentou menor concentração para o efeito inibitório ou microbicida tanto na forma planctônica como em biofilme. Para facilitar o entendimento, os resultados obtidos estão demonstrados nas Tabelas 1 a 6 de acordo com o óleo essencial utilizado, a concentração utilizada do óleo essencial e a porcentagem dos microrganismos inibidos (CIM) ou mortos (CMM) em cada concentração do óleo. A porcentagem dos microrganismos inibidos é apresentada nas colunas das Tabelas 1 a 6. Todas as cepas ATCC dos microrganismos apresentaram (CIM e CMM) dos óleos essenciais testados sempre numa diluição posterior ao das maiorias das cepas clínicas de cada espécie utilizada (Tabelas 1 a 6). Na análise dos resultados da CIM observou-se que as leveduras foram as cepas que apresentaram maior sensibilidade frente aos óleos essenciais. Por esse motivo foram aplicados nos biofilmes duas concentrações diferentes dos óleos essenciais. A menor concentração foi uitlizada quando o biofilme isolado ou misto era composto por C. albicans e a maior concentração dos óleos para as bactérias, conforme verificado na CMM. As concentrações dos óleos foram para C. citratus (0,062 e 0,5%), T. minuta (0,78 e 8%), e C. zedoaria (3,12 e 6,25%). Os dados da contagem das unidades formadoras de colônia (UFC/mL) transformados em Log10 (tratamento e controle) no biofilme, foram submetidos à análise estatística descritiva e teste t- 46 Student utilizando-se o software Minitab (Inc. PA, USA) considerando-se com nível de significância p ≤ 0,05. Para a visualização dos microrganismos nos corpos-de- prova com a aplicação o óleo essencial (tratamento) e sem o óleo (controle), os mesmos foram submetidos a microscopia eletrônica de varredura. 5.1 Concentração inibitória e microbicida mínima (CIM e CMM) do óleo essencial de Cympopogon citratus (D.C.) Stapf O óleo essencial de C. citratus apresentou atividade bacteriostática em todas as cepas de Staphylococcus spp. e S. mutans. A CIM foi de 0,25% para 80% das cepas de S. aureus e 0,125% para 60% das cepas de S. epidermidis. Para S. mutans, a concentração do óleo essencial de C. citratus a 0,25% inibiu 50% das cepas estudadas. No grupo controle, todas as cepas analisadas apresentaram crescimento microbiano (Tabela 1). A concentração inibitória mínima (CIM) do óleo essencial de C. citratus foi de 0,062% para 70% das cepas de C. albicans e 100% das cepas de C. tropicalis e 50% para C. glabrata (Tabela 1). No grupo controle, houve crescimento microbiano para todas as cepas estudadas. 47 Tabela 1 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de Cymbopogon citratus em relação à CIM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de C. citratus 2 1 0,5 0,25 0,125 0,062 0,031 0,015 0,007 S. aureus 100 100 100 80 20 0 0 0 0 S. epidermidis 100 100 100 100 60 40 0 0 0 S. mutans 100 100 100 50 40 10 0 0 0 C. albicans 100 100 100 100 100 70 30 0 0 C. tropicalis 100 100 100 100 100 100 80 20 0 C. glabrata 100 100 100 100 100 50 40 10 0 O óleo essencial de C. citratus apresentou atividade microbicida para todas as cepas avaliadas. A CMM do óleo essencial de C. citratus foi 0,5% para 80% das cepas de S. aureus, 0,125% para 90% das cepas de S. epidermidis, 0,5% para 70% das cepas de S. mutans, e 0,125% para 90% das cepas de C. albicans, 100% das cepas de C. tropicalis e 60% das cepas de C. glabrata (Tabela 2). Tabela 2 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de Cymbopogon citratus em relação à CMM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de C. citratus 2 1 0,5 0,25 0,125 0,062 0,031 0,015 0,007 S. aureus 100 100 80 20 0 0 0 0 0 S. epidermidis 100 100 100 100 90 10 0 0 0 S. mutans 100 100 70 20 10 0 0 0 0 C. albicans 100 100 100 100 90 10 0 0 0 C. tropicalis 100 100 100 100 100 80 20 0 0 C. glabrata 100 100 100 100 60 40 0 0 0 48 5.2 Efeitos do óleo essencial de Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf sobre biofilme O óleo essencial de C. citratus a 0,062% apresentou atividade antimicrobiana sobre biofilme de C. albicans isoladamente ou em associações. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por C. albicans (p = 0,0001), C. albicans e S. aureus (p = 0,0001), C. albicans e S. mutans (p = 0,0001), C. albicans, S. aureus e S. mutans (p = 0,001). Esses resultados estão representados na Figura13. C. albicans 0 2 4 6 8 *C. albicans *C. albicans+S. aureus *C. albicans+S. mutans *C. albicans+S. aureus+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 13 - Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de biofilme de Candida albicans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) O óleo essencial de C. citratus a 0,5% apresentou atividade antimicrobiana sobre o biofilme formado por S. aureus isoladamente ou em associações. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. aureus (p = 0,0001), S. aureus e C. albicans (p = 0,001), S. aureus e S. mutans e (p = 0,0001), S. aureus, C. albicans e S. mutans (p = 0,0001). Esses resultados estão representados na Figura 14. 49 S. aureus 0 2 4 6 8 *S. aureus *S. aureus+C. albicans *S. aureus+S. mutans *S. aureus+C. albicans+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 14 - Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. aureus isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) Na figura 15 observa-se que o óleo essencial de C. citratus a 0,5% apresentou atividade antimicrobiana em biofilme de S. mutans formado isoladamente ou em associações. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. mutans (p = 0,0001), S. mutans e C. albicans (p = 0,004), S. mutans e S. aureus (p = 0,013). Nas associações de C. albicans, S. aureus e S. mutans não houve diferença estatisticamente significante (p = 0,461). Esses resultados estão representados na Figura 15. 50 S. mutans 0 2 4 6 8 *S. mutans *S. mutans+C. albicans *S.mutans+S. aureus S.mutans+C. albicans+S. aureus Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 15 – Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. mutans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) Analisando todos os grupos controles, pode-se observar que C. albicans e S. aureus apresentaram maior número de UFC/mL quando o biofilme foi formado pelo microrganismo isolado em relação ao biofilme formado pela associação desses dois microrganismos. Entretanto, quando foi realizada associações de Candida albicans e S. aureus com S. mutans, o número de UFC/mL foi semelhante ao biofilme isolado (Figura 15 ). 5.3 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de C. citratus no biofilme Após a avaliação dos dados em UFC/mL e a análise estatística, foram realizados testes de aderência em corpos-de-prova em resina acrílica para a visualização em microscopia eletrônica de varredura de acordo com os grupos experimentais. Nas análises produzidas por MEV foi possível visualizar a aderência no diferentes grupos experimentais utilizando o tratamento com o óleo essencial de Cymbopogon citratus (Figuras 16 a 22). 51 (a) (b) (c) (d) Figura 16 – MEV de biofilmes de C. albicans (G1) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,062% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se diferenças entre os tratamentos (Figuras 16a e 16c) em relação ao controle (Figuras 16b e 16d) e na camada mais interna a visualização de polisacarídeos extracelulares (Figura 16d). 52 (a) (b) (c) (d) Figura 17 – MEV de biofilmes de S. aureus (G2) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. As Figuras 17a e 17c mostram uma redução no número de células. Observa-se que na Figura 17d mostra um aglomerado de células. 53 (a) (b) (c) (d) Figura 18 – MEV de biofilmes de S. mutans (G3) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Visualiza-se redução do número de células após o tratamento em relação ao controle. 54 (a) (b) (c) (d) Figura 19 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. aureus (G4) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,062% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma pequena redução do número de células (Figuras 19a e 19c). 55 (a) (b) (c) (d) Figura 20 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. aureus (G4) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Com o aumento da concentração do óleo essencial teve uma diminuição do número de células (Figuras 20a e 20c) com relação ao controle (Figuras 20b e 20d). Pode-se também comparar em relação às Figuras 19a e 19c. 56 (a) (b) (c) (d) Figura 21 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. mutans (G5) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma redução do número de células (Figuras 21a e 21c). 57 (a) (b) (c) (d) Figura 22 – MEV de biofilmes em associações de S. mutans e S. aureus (G6) em corpos- de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo- de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de- prova do controle, aumento 5000x. Na Figura 29d pode-se observar a formação de grande quantidade de polissacarídeos extracelulares entre as células microbianas. 58 (a) (b) (c) (d) Figura 23 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans, S. aureus e S. mutans (G7) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. citratus à 0,5% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. citratus, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa- se nas Figuras 23c e 23d a formação de polissacarídeos extracelulares entre as células microbianas. 59 5.4 Concentração inibitória e microbicida mínima (CIM e CMM) do óleo essencial de Tagetes minuta L. Atividade bacteriostática também foi encontrada a partir do óleo essencial de T. minuta em todas as cepas de Staphylococcus spp. e S. mutans. A CIM foi de 2% para 80% das cepas de S. aureus e para 70% das cepas de S. epidermidis. Para S. mutans, a concentração do óleo essencial de T. minuta a 4% inibiu 70% das cepas de S. mutans estudadas. Para as cepas de Candida spp. avaliadas, também, observou-se atividade fungistática para o óleo essencial de T. minuta. A concentração inibitória mínima (CIM) do óleo essencial de T. minuta foi de 0,39% para 100% das cepas de C. albicans. No entanto, 70% das cepas de C. tropicalis apresentaram inibição a 1% do óleo, já para as cepas de C. glabrata, 70% delas apresentaram CIM de 2% (Tabela 3). Tabela 3 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de Tagetes minuta em relação à CIM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de T. minuta 8 4 2 1 0,5 0,25 0,125 0,062 0,031 S. aureus 100 100 80 20 0 0 0 0 0 S. epidermidis 100 100 70 30 0 0 0 0 0 S. mutans 100 70 30 0 0 0 0 0 0 C. tropicalis 100 100 100 70 20 10 0 0 0 C. glabrata 100 100 70 20 10 0 0 0 0 60 A CMM do óleo essencial de T. minuta a 4% foi efetivo para 80% das cepas de S. aureus, para 70% das cepas de S. epidermidis, 8% para 70% das cepas de S. mutans, e 0,78% para 100% das cepas de Candida albicans, 2% para 70% das cepas de C. tropicalis e para 50% das cepas de C. glabrata (Tabela 4). Tabela 4 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de Tagetes minuta em relação à CMM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de T. minuta 8 4 2 1 0,5 0,25 0,125 0,062 0,031 S. aureus 100 80 20 0 0 0 0 0 0 S. epidermidis 100 70 30 0 0 0 0 0 0 S. mutans 70 30 10 0 0 0 0 0 0 C. tropicalis 100 100 70 20 10 0 0 0 0 C. glabrata 100 100 50 30 20 0 0 0 0 5.5 Efeitos do óleo essencial de Tagetes minuta sobre biofilme Foi utilizado o óleo essencial de Tagetes minuta a 0,78% sobre biofilme de C. albicans, o mesmo apresentou atividade antimicrobiana isoladamente ou em associações dos microrganismos. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por C. albicans (p= 0,0001), C. albicans e S. aureus (p = 0,0001), C. albicans e S. mutans (p = 0,0001), C. albicans, S. aureus e S. mutans (p = 0,001). Esses resultados estão representados na Figura 24. 61 C. albicans 0 2 4 6 8 *C. albicans *C. albicans+S. aureus *C. albicans+S. mutans *C. albicans+S. aureus+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 24- Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de biofilme de Candida albicans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) No biofilme formado por S. aureus isoladamente ou em associações foi utilizado a óleo essencial de T. minuta a 8%. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. aureus (p = 0,004), S. aureus e S. mutans e (p = 0,001), S. aureus, C. albicans e S. mutans (p = 0,0001). Com exceção do grupo S. aureus e C. albicans (p = 0,372). Esses resultados estão representados na Figura 25 . S. aureus 0 2 4 6 8 *S. aureus S. aureus+C. albicans *S. aureus+S. mutans *S. aureus+C. albicans+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 25- Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. aureus isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) 62 A mesma diluição do óleo essencial de T. minuta a 8% foi aplicados no biofilme de S. mutans isoladamente ou em associações. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. mutans (p = 0,0001), S. mutans e Candida albicans (p = 0,0001), S. mutans e S. aureus (p = 0,011) e nas associações de Candida albicans, S. aureus e S. mutans (p = 0,0001). Esses resultados estão representados na Figura 26. S. mutans 0 2 4 6 8 *S. mutans *S. mutans+C. albicans *S. mutans+S. aureus *S. mutans+C. albicans+S. aureus Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 26 – Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. mutans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) Analisando todos os grupos, pode-se observar que o biofilme formado por S. mutans apresentou maior número de UFC/mL quando o biofilme foi formado pelo microrganismo isolado (Figura 26) 5.6 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de T. minuta no biofilme Foram realizados testes de aderência em corpos-de-prova em resina acrílica para a visualização em microscopia eletrônica de varredura de acordo com os grupos experimentais. Através das análises 63 produzidas por MEV foi possível visualizar a aderência no diferentes grupos experimentais utilizando o tratamento com o óleo essencial de Tagetes minuta L. (Figuras 27 a 36). (a) (b) (c) (d) Figura 27 – MEV de biofilmes de C. albicans, (G1) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 0,78% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se redução no número de microrganismo (Figura 27c e 27d). 64 (a) (b) (c) (d) Figura 28 – MEV de biofilmes de S. aureus (G2) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Ocorreu pequena diminuição de microrganismo na Figura 28a e 28c para Figura 28b e 28d. 65 (a) (b) (c) (d) Figura 29 – MEV de biofilmes de S. mutans (G3) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se nas figuras a formação de um biofilme mais espesso. Não foi possível observar redução após o tratamento com o óleo essencial, embora se observa que na Figura 29c os microrganismos estão menos compactados em relação a Figura 29d. 66 (a) (b) (c) (d) Figura 30 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. aureus (G4) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 0,78% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se um aglomerado das células fúngicas e bacterianas (Figuras 30c e 30d). 67 (a) (b) (c) (d) Figura 31 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. aureus (G4) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se maior quantidade de C. albicans e S. aureus no grupo controle (Figura 31d), entretanto a análise estatística não foi significativa para S. aureus. 68 (a) (b) (c) (d) Figura 32 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. mutans (G5) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 0,78% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se que na concentração utilizada o óleo teve pouca redução no número de células, embora a análise estatística foi significativa (Figura 32c). 69 (a) (b) (c) (d) Figura 33 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. mutans (G5) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Com relação a Figura 32c observa-se que na Figura 33c teve uma maior redução no número de células devido à maior concentração do óleo essencial de T. minuta a 8%. 70 (a) (b) (c) (d) Figura 34 – MEV de biofilmes em associações de S. mutans e S. aureus (G6) em corpos- de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo- de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de- prova do controle, aumento 5000x. A Figura 34d apresenta uma camada espessa e volumosa de células bacterianas em relação a Figura 34c. 71 (a) (b) (c) (d) Figura 35 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans, S. aureus e S. mutans (G7) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 0,78% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se um aglomerado de células microbianas na Figura 35d com relação a Figura 35c. 72 (a) (b) (c) (d) Figura 36 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans, S. aureus e S. mutans (G7) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de T. minuta à 8% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo- de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma redução do número de células bacterianas e fúngicas (Figura 36c) em relação a Figura 35c. 73 5.7 Concentração inibitória e microbicida mínima (CIM e CMM) do óleo essencial de Curcuma zedoaria Roscoe O óleo essencial de C. zedoaria apresentou CIM de 6,25% para 50% das cepas de S. aureus e para 30% das cepas de S. epidermidis. Para S. mutans, a concentração do óleo essencial de C. zedoaria a 12,5% inibiu 40% das cepas estudadas (Tabela 5). Para as leveduras do gênero Candida avaliadas, também, apresentaram atividade fungistática para o óleo essencial de C. zedoaria. A concentração inibitória mínima do óleo essencial de C. zedoaria foi de 0,78% para 70% das cepas de C. albicans. As cepas de C. tropicalis e C. glabrata na diluição 12,5% do óleo apresentaram inibição de 50 e 40% respectivamente. No grupo controle houve crescimento microbiano para todas as cepas estudadas. Tabela 5 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de C. zedoaria em relação à CIM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de C. zedoaria 25 12,5 6,25 3,12 1,56 0,78 0,39 0,19 0,09 S. aureus 100 100 50 20 20 10 0 0 0 S. epidermidis 100 60 30 10 0 0 0 0 0 S. mutans 40 40 10 10 0 0 0 0 0 C. albicans 100 100 100 100 100 70 30 0 0 C. tropicalis 100 50 40 10 0 0 0 0 0 C. glabrata 100 40 30 30 0 0 0 0 0 74 A CMM do óleo essencial de C. zedoaria foi 12,5% para 50% das cepas de S. aureus, 25% para 60% das cepas de S. epidermidis, 50% para 40% das cepas de S. mutans e 3,12% para 70% das cepas de Candida albicans. Nas cepas de C. tropicalis e C. glabrata 50 e 40% respectivamente apresentaram efeito fungicida a 25% do óleo essencial (Tabela 6). Ocorreu crescimento em todas as cepas analisadas em todas as diluições. Tabela 6 – Porcentagem de cepas dos microrganismos inibidos pelo óleo essencial de C. zedoaria em relação à CMM Microrganismos Porcentagem da diluição do óleo essencial de C. zedoaria 50 25 12,5 6,25 3,12 1,56 0,78 0,39 0,19 S. aureus 100 100 50 20 20 10 0 0 0 S. epidermidis 100 60 30 10 0 0 0 0 0 S. mutans 40 40 10 10 0 0 0 0 0 C. albicans 100 100 100 100 70 20 10 0 0 C. tropicalis 100 50 40 10 0 0 0 0 0 C. glabrata 100 40 30 30 0 0 0 0 0 75 5.8 Efeitos do óleo essencial de Curcuma zedoaria sobre biofilme No tratamento do biofilme com o óleo essencial de C. zedoaria a 3,12% sobre C. albicans isoladamente ou em associações apresentou reduções significativas. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por C. albicans (p = 0,001), C. albicans e S. aureus (p = 0,034), Candida albicans e S. mutans (p = 0,0001), C. albicans, S. aureus e S. mutans (p = 0,001). Esses resultados estão representados na Figura 37. C. albicans 0 2 4 6 8 *C. albicans *C.albicans+S.aureus *C.albicans+S. mutans *C. albicans+S. aureus+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 37 - Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de biofilme de Candida albicans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) O óleo essencial de C. zedoaria a 6,25% apresentou atividade antimicrobiana sobre o biofilme formado por S. aureus isoladamente ou em associações. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. aureus (p = 0,025), S. aureus e C. albicans (p = 0,006). Para os grupos formados S. aureus e S. mutans (p = 0,063), S. aureus, C. albicans e S. mutans (p = 0,264) não houve diferença estatisticamente. Esses resultados estão representados na Figura 38. 76 S. aureus 0 2 4 6 8 *S. aureus *S. aureus+C. albicans S. aureus+S. mutans S. aureus+C. albicans+S. mutans Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 38 - Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. aureus isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) O óleo essencial de C. zedoaria a 3,12% apresentou atividade antimicrobiana no biofilme isoladamente ou em associações de S. mutans. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos óleo essencial e controle para os biofilmes formados por S. mutans (p = 0,0001), S. mutans e C. albicans (p = 0,0001), S. mutans e S. aureus (p = 0,0001), C. albicans, S. aureus e S. mutans (p = 0,017). Esses resultados estão representados na Figura 39. S. mutans 0 2 4 6 8 *S. mutans *S. mutans+C. albicans *S. mutans+S. aureus *S.mutans+C. albicans+S. aureus Óleo Controle UFC/mL (Log) Bi of ilm e Figura 39 – Médias e Desvio padrão dos dados de UFC/mL (Log) obtidos nos teste de aderência de S. mutans isolado ou em associações. * Diferença estatística (p ≤ 0,05) 77 Analisando todos os grupos formados, pode-se observar que S. mutans apresentaram menor número de UFC/mL do tratamento em relação aos outros microrganismos (Figura 39). 5.9 Visualização em MEV dos efeitos do óleo essencial de C. zedoaria no biofilme Após a avaliação dos dados em UFC/mL e a análise estatística, foram realizados testes de aderência em corpos-de-prova em resina acrílica para a visualização em microscopia eletrônica de varredura de acordo com os grupos experimentais. Através das análises de MEV foi possível visualizar a aderência nos diferentes grupos experimentais utilizando o tratamento com o óleo essencial de Curcuma zedoaria (Figuras 40 a 46). 78 (a) (b) (c) (d) Figura 40 – MEV de biofilmes de C. albicans (G1) em corpos-de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 3,12% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Na Figura 40a e 40c se observa redução do número de células fúngicas em relação a Figura 40b e 40d. 79 (a) (b) (c) (d) Figura 41 – MEV de biofilmes de S. aureus (G2) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 6,25% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se um aglomerado de células bacterianas na Figura 41d em relação a Figura 41c. De todos os biofilmes formados as cepas de S. aureus foram as que apresentaram maior crescimento tanto no biofilme isolado como nas associações. 80 (a) (b) (c) (d) Figura 42 – MEV de biofilmes de S. mutans (G3) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 3,12% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Na Figura 42c teve redução no número de células bacterianas em relaçãoa Figura 42d. 81 (a) (b) (c) (d) Figura 43 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. aureus (G4) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 6,25% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de T. minuta, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma concentração de células microbianas (Figura 43d), enquanto que na Figura 43c houve redução no número de células fúngicas. 82 (a) (b) (c) (d) Figura 44 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans e S. mutans (G5) de corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 3,12% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma redução no número de C. albicans (Figura 44c). 83 (a) (b) (c) (d) Figura 45 – MEV de biofilmes em associações de S. mutans eS. aureus (G6) em corpos- de-prova de resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo- de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 3,12% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de- prova do controle, aumento 5000x. Observa-se uma menor aglomeração de células na Figura 45c com relação a Figura 45d, entretanto não houve diferença estatística no grupo S. mutans e S. aureus. 84 (a) (b) (c) (d) Figura 46 – MEV de biofilmes em associações de C. albicans, S. aureus e S. mutans (G7) em corpos-de-prova em resina acrílica após 5 dias de crescimento. (a) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com óleo essencial de C. zedoaria à 3,12% por 5 min, aumento 1000x; (b) MEV do corpo-de-prova do controle aumento 1000x; (c) MEV do corpo-de-prova com biofilme após tratamento com o óleo essencial de C. zedoaria, aumento 5000x; (d) MEV do corpo-de-prova do controle, aumento 5000x. Observa-se a presença de polissacarídeos extracelulares (Figura 46a). 85 6 DISCUSSÃO Plantas medicinais têm sido utilizadas em vários países como tratamento alternativo no combate de diversas doenças, tanto na forma de extratos brutos, purificados, ou componentes bioativos isolados (Duarte et al., 2005). Muitos extratos de plantas e óleos essenciais isolados de plantas medicinais têm demonstrado exercer atividade biológica “in vitro” e “in vivo” (Kalemba; Kunicka, 2003; Kim, 2005; Bakkali et al., 2007; Palombo, 2009). Pesquisas com extratos ou óleos essenciais provenientes de espécies vegetais estão sendo realizadas com o objetivo de buscar uma aplicação racional dos princípios ativos desses vegetais no tratamento de infecções causadas por fungos, bactérias, parasitas ou vírus (Kunicka, 2003; Alves et al., 2000; Gurib-Fakim, 2006). Atualmente, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas utilizando-se de microrganismos patogênicos e resistentes aos antimicrobianos (Nascimento et al., 2000; Sartoratto et al., 2004). Diversos estudos realizados, assim como os resultados do presente estudo, revelaram potencial das plantas para tratamento terapêutico (Manohar et al., 2001; Rojas et al., 2003; Fisher; Phillips, 2008; Khan et al., 2008). Os óleos essenciais, coletados de diferentes plantas, e, utilizados no presente trabalho apresentaram capacidade microbicida para os microrganismos na forma planctônica, mesmo quando empregados em baixas concentrações. No presente estudo, os óleos essenciais das espécies Cymbopogon citratus, Curcuma zedoaria e Tagetes minuta foram também testados em biofilmes, onde é sabido que os microrganismos são mais resistentes aos antimicrobianos quando comparado com a forma 86 planctônica. A principal observação é que os óleos essenciais apresentaram efeitos antimicrobianos quando aplicados sobre biofilmes. O aumento da resistência aos antimicrobianos convencionais adquiridas pelos microrganismos é crescente e as perspectivas futuras da produção e uso de novos antimicrobianos ainda continua incerta. Desta forma, o uso das substâncias extraídas dos vegetais de conhecida atividade antimicrobiana podem ser significativos nos tratamentos terapêuticos (Loguercio et al., 2005). Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram sugerir que as substâncias naturais presentes em Cymbopogon citratus, Curcuma zedoaria e Tagetes minuta podem constituir perspectiva para a obtenção de antibióticos naturais. Novos estudos avaliando a caracterização química, farmacológica e toxicológica dessas substâncias devem ser realizados, visando garantir o uso racional das plantas medicinais e aromáticas avaliadas. Para a extração dos princípios ativos de Cymbopogon citratus são utilizados diferentes métodos de preparo de suas folhas. Entre eles podemos citar: extrato hidroalcoólico, extrato glicólico e óleo essencial (Onawunmi,1989; Schuck et al., 2001; Sartoratto et al., 2004; Duarte et al., 2005). Em nosso estudo não foram testados os componentes do óleo essencial separadamente, entretanto, o óleo essencial de C. citratus apresenta três componentes principais em sua composição: alfa citral (geranial), beta citral (neral) e myrceno. Alfa citral e beta citral apresentam atividade antimicrobiana sobre microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. Nos resultados do presente estudo, o óleo essencial de C. citratus demostrou maior ação frente às cepas de C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata, sendo efetivo na inibição e eliminação desses microrganismos. Observou-se também que o mesmo óleo foi eficaz contra bactérias S. epidermidis, S. aureus e S. mutans. Almeida et al. (2008) avaliaram a atividade antimicrobiana do extrato hidroalcoólico de C. 87 citratus por meio do método da microdiluição em caldo sobre Candida spp. e os resultados demonstraram que o extrato foi efetivo na concentração de 62,5 mg/mL para 96,6% das cepas de C. albicans e na concentração de 125 mg/mL para 50% das cepas C. tropicalis,concordando com os resultados do presente estudo. Também, foram encontrados efeitos antimicrobianos utilizando óleo essencial de C. citratus, por Onawunmi (1989), que analisaram a ação deste óleo a 0,05% sobre Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Escherichia coli, pelo método de difusão em agar. O autor observou halos de inibição de 15 mm para E. coli, e 32 mm para B. subtilis e S. aureus, concluindo que o óleo essencial de C. citratus apresentou uma boa atividade antimicrobiana mesmo em baixas concentrações. Schuck et al. (2001), encontraram atividade antifúngica do óleo essencial de C. citratus sobre cepas de Candida albicans, C. parapsilosis e C. krusei, utilizando o método de difusão radial em agar. Os autores avaliaram a atividade antimicrobiana do extrato aquoso e óleo essencial de C. citratus em cepas padrão (ATCC) de S. aureus, E. coli e C. albicans e os resultados revelaram que o infuso das folhas frescas e a porção citral do óleo demonstraram atividade pa