UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (BIOLOGIA VEGETAL) FLORA VASCULAR NÃO-ARBÓREA DO PARQUE ESTADUAL DE PORTO FERREIRA, SP, BRASIL ANA PAULA CALDEIRA OLIVEIRA Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal). Março - 2012 ANA PAULA CALDEIRA OLIVEIRA FLORA VASCULAR NÃO-ARBÓREA DO PARQUE ESTADUAL DE PORTO FERREIRA, SP, BRASIL Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal). Orientador: Prof. Dr. Júlio Antônio Lombardi Rio Claro 2012 Oliveira, Ana Paula Caldeira Flora vascular não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil / Ana Paula Caldeira Oliveira. - Rio Claro : [s.n.], 2012 73 f. : il., figs., gráfs., tabs., fots. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientador: Júlio Antônio Lombardi 1. Botânica. 2. Floresta estacional semidecídua. 3. Cerrado. 4. Similaridade florística. 5. Trepadeiras. 6. Estrato herbáceo. I. Título. 580 O48f Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP ANA PAULA CALDEIRA OLIVEIRA FLORA VASCULAR NÃO-ARBÓREA DO PARQUE ESTADUAL DE PORTO FERREIRA, SP, BRASIL Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal). Comissão Examinadora ____________________________________ Prof. Dr. Júlio Antônio Lombardi (orientador) ____________________________________ Prof. Dr. Milton Groppo Júnior ____________________________________ Prof. Dr. Reinaldo Monteiro Rio Claro, 02 de Março de 2012. AGRADECIMENTOS Às pessoas de longa caminhada pelo apoio incondicional, principalmente, Gabriel, Josi e Juliano. Ao meu orientador, por ter me recebido em um momento difícil e me ensinado o caminho com tanta dedicação. Obrigada também pelas sugestões e críticas na elaboração dessa dissertação. Àqueles que muito me ajudaram nas idas a campo, Evandro Nakao, Fernanda Campos, Gabriel e em especial, Mônica Osaco pela companhia de tantas horas. Ao Gabriel pelo grande apoio na formatação do trabalho. Você sabe o quanto isso me chateia. Ao professor Reinaldo Monteiro, pela indicação da área e por tornar as visitas ao parque possíveis. Ao professor João André Jarenkow pela iniciação à metodologia de estimativa de cobertura. À professora Alessandra Fidelis, pelas sugestões na discussão do capítulo 2 e por me ensinar a trabalhar com meus dados, principalmente na execução do programa de análise multivariada. Obrigada pela paciência e dedicação. Aos taxônomistas que auxiliaram na identificação parcial ou total, ou na confirmação, de muitas das famílias amostradas nesse estudo, sem os quais não seria possível a elaboração da lista florística: Maria Cândida Henrique Mamede (SP), Rosângela Simão Bianchini (SP), Regina T. Shirasuna (SP), Tarciso de Sousa Filgueiras (SP), Marccus Vinícius Alves (UFP), Lidyanne Y. Saleme Aona, (UFRB), Luiza Sumiko Kinoshita, (UEC), Rubens Teixeira Queiroz (UEC), Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi (UEC), Ana Paula Fortuna-Perez (UEC), Wellington Foster (UEC), Marcelo Monge Egea (UEC), João Semir (UEC), Elsie Franklin Guimarães (RB), Alexandre Salino (BHCB), João Renato Stehmann (BHCB), Renata Giassi Udulutsch (UFOPA), Daniela Zappi (Kew) e Elnatan Bezerra de Souza (HUVA). Por fim, agradeço ao CNPq pela bolsa concedida durante o mestrado. RESUMO (Flora Vascular não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil). O Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) localiza-se no município de Porto Ferreira, na região nordeste do Estado de São Paulo, entre as coordenadas geográficas 21º49’S e 47º25’W e em altitudes que variam de 540 a 608 metros. Trata-se de um fragmento de 611,55 hectares formado por Floresta Estacional Semidecídua e Cerradão. O objetivo central do estudo (tratado no capítulo um) foi realizar o levantamento da flora vascular não-arbórea (arbustivo- herbácea, incluindo também trepadeiras, epífitas e pteridófitas), muitas vezes não inventariada em estudos fitossociológicos, como os já realizados na área. O levantamento florístico foi realizado de Março de 2010 à Setembro de 2011 por meio de coletas de exemplares ao longo de trilhas estabelecidas na área de estudo. A flora não arbórea amostrada do PEPF é constituída por 241 espécies distribuídas em 57 famílias. As famílias mais representativas, quanto ao número de espécies, são respectivamente: Asteraceae (24), Poaceae (19), Rubiaceae (16), Bignoniaceae (12), Malpighiaceae e Piperaceae (11), Fabaceae (10), Sapindaceae (9), Cyperaceae (8), Malvaceae e Orchidaceae (7), Polypodiaceae, Commelinaceae e Solanaceae (6). Concluímos que a contribuição da flora não arbórea para o PEPF é significativa, uma vez que corresponde a quase 50% da flora total. É importante destacar que seis espécies desse levantamento constam na lista de espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo: Cissampelos pareira, Galianthe vaginata, Lepismium warmingianum, Psychotria capitata, Psychotria tenuifolia e Streptochaeta spicata. O resultado do estudo de similaridade florística entre cada uma das oito áreas analisadas e o presente estudo não foi significativo. O capítulo dois trata da hipótese de um gradiente de herbáceas ao longo de um trecho de cerradão e floresta, como há para as arbóreas. Descreve também a florística e a estrutura do estrato herbáceo-arbustivo. O estudo foi realizado em parcelas de 1m2 ao longo de um transecto de 600m. A florística do estudo fitossociológico resultou em 17 espécies, sete das quais pertencem à família Rubiaceae. Psychotria é o gênero mais importante não apenas floristicamente com cinco espécies, mas também do ponto de vista estrutural. As três primeiras espécies, em termos de valor de importância, são espécies desse gênero. A Análise de Coordenadas Principais (PCoA) mostrou que as parcelas de cerradão e floresta, para as herbáceas, são distintas quanto às variáveis analisadas. Palavras-chave: floresta estacional semidecídua. cerradão. similaridade florística. trepadeiras. estrato herbáceo. ABSTRACT (Non-arboreal Vascular Flora of the Parque Estadual de Porto Ferreira, São Paulo, Brazil). The Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) is located in the town of Porto Ferreira, in the northeast of São Paulo, between the geographical coordinates 21º 49' S and 47º 25' W and at altitudes ranging from 540 to 608 meters. It is a fragment of 611.55 hectares formed by semideciduous forest and cerradão. The central objective of the study was to conduct a floristic survey of non-arboreal vascular flora (including climbers, epiphytes and ferns), not sampled in most phytosociological studies, the results are in chapter one. The survey was conducted from March 2010 to September 2011 by collecting samples along paths established in the study area. The non-arboreal flora recorded in PEPF includes 241 species distributed in 57 families. The most representative families, on the number of species, are, respectively, Asteraceae (24), Poaceae (19), Rubiaceae (16), Bignoniaceae (12), Malpighiaceae and Piperaceae (11), Fabaceae (10), Sapindaceae (9), Cyperaceae (8), Malvaceae and Orchidaceae (7), Polypodiaceae, Commelinaceae, and Solanaceae (6). We conclude that the contribution of non-arboreal species for PEPF floristics is significant, once it corresponds to almost 50% of the total known flora. Six species of this survey are listed as endangered plant species in the state of São Paulo: Cissampelos pareira, Galianthe vaginata, Lepismium warmingianum, Psychotria capitata, Psychotria tenuifolia and Streptochaeta spicata. Lists from eight areas sampled in other studies and the present results were compareted for floristic similarity, but the results shown no significance. The chapter two deals with the hypothesis of a gradient of herbaceous species along area of cerradão and semideciduous forest, as there is for the trees, it also describes the floristic and structure of the herbaceous and shrubby community in the sampled area. The study was conducted in 1m2 plots along a transect of 600m. The floristic survey resulted in 17 species, seven of which belong to the family Rubiaceae. The genus Psychotria is most important not only floristically with five species, but also the structural point of view, the first three species in terms of value of importance are species of this genus. The Principal Coordinates Analysis (PCoA) showed that the plots of cerradão and forest, for herbaceous species, are different according to the variables analyzed. Keywords: semideciduous forest. cerradão. floristic similarity. climbers. herbaceous layer. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Página Capítulo 1. Florística de não-arbóreas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. Figura 1. (A) Localização do Parque Estadual de Porto Ferreira no Estado de São Paulo......19 Figura 1. (B) Visão da vegetação do Parque Estadual de Porto Ferreira e da ocupação de sua área de entorno..........................................................................................................................19 Figura 2. Remanescentes de vegetação natural de Porto Ferreira e municípios vizinhos.........20 Figura 3. Mapa detalhado da vegetação do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP.................21 Figura 4. Mapa detalhado das Trilhas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP....................22 Figura 5. Número de espécies por familia................................................................................31 Figura 6. Distribuição das formas de vida da flora não-arbórea (em porcentagem)................35 Capítulo 2. Florística e estrutura do estrato herbáceo-arbustivo em um trecho de cerradão e floresta semidecídua no Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. Figura 1. Imagem de satélite do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP.................................51 Figura 2. Disposição das parcelas do presente estudo no interior de parcelas do estudo de arbóreas....................................................................................................................................52 Figura 3. Famílias mais representativas em termos de número de espécies em levantamento florístico (dados do capítulo 1) e fitossociológico...................................................................56 Figura 4. Média de cobertura por parcela do estrato herbáceo-arbustivo para cada fisionomia.................................................................................................................................60 Figura 5. Média de cobertura por parcela do estrato herbáceo para cada fisionomia..............60 Figura 6. Ordenação das parcelas de cerradão, transição e floresta a partir de dados de cobertura das espécies herbáceas e arbustivas.........................................................................61 Figura 7. Ordenação das parcelas de cerradão, transição e floresta a partir de dados de cobertura das espécies herbáceas.............................................................................................62 LISTA DE TABELAS Página Capítulo 1. Florística de não-arbóreas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. Tabela 1. Flora Vascular não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP.....................24 Tabela 2. Similaridade florística entre fragmentos de floresta estacional semidecídua do estado de São Paulo e o presente estudo para a flora não-arbórea............................................32 Tabela 3. Similaridade florística de trepadeiras entre fragmentos de floresta estacional semidecídua do estado de São Paulo e o presente estudo.........................................................38 Tabela 4. Espécies da flora não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira consideradas invasoras de culturas.................................................................................................................39 Tabela 5. Espécies da flora não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção....................................................................................................41 Capítulo 2. Florística e estrutura do estrato herbáceo-arbustivo em um trecho de cerradão e floresta semidecídua no Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. Tabela 1. Classes de cobertura e abundância de acordo com a escala de Braun-Blanquet.......53 Tabela 2. Flora herbácea-arbustiva do estudo fitossociológico de um trecho de cerradão e floresta semidecídua do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP...............................................55 Tabela 3. Diversidade de espécies e principais famílias do estrato herbáceo ou herbáceo- arbustivo em levantamentos fitossociológicos realizados em florestas subtropicais e tropicais no Brasil....................................................................................................................................57 Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos do estrato herbáceo-arbustivo do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP......................................................................................................................59 SUMÁRIO Página INTRODUÇÃO GERAL..................................................................................................10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................12 Capítulo 1. Florística de não-arbóreas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................16 2. OBJETIVOS......................................................................................................................18 3. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................19 3.1. Área de estudo...................................................................................................................19 3.2. Coletas................................................................................................................................21 3.3. Identificação e Descrição do Material Botânico...............................................................23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................24 4.1. Lista de espécies e familias mais representativas..............................................................24 4.2. Similaridade florística........................................................................................................32 4.3. Flora arbórea versus flora não-arbórea..............................................................................33 4.4. Formas de vida...................................................................................................................34 4.4.1. Herbáceas terrícolas e epífitas.........................................................................................36 4.4.2. Trepadeiras......................................................................................................................36 4.4.2.1. Trepadeiras no PEPF....................................................................................................36 4.4.2.2. Similaridade florística..................................................................................................37 4.5. Situação da área (estado de conservação).........................................................................39 4.5.1. Espécies ‘invasoras’ e espécies ameaçadas de extinção................................................39 4.5.2. Novas ocorrências (para o estado de São Paulo e para o PEPF)....................................41 5. CONCLUSÃO.................................................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................43 Capítulo 2. Florística e estrutura do estrato herbáceo-arbustivo em um trecho de cerradão e floresta semidecídua no Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. Página 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................48 2. OBJETIVOS.....................................................................................................................50 3. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................51 3.1. Material..............................................................................................................................51 3.2. Metodologia.......................................................................................................................51 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................55 4.1. Florística do estudo fitossociológico..................................................................................55 4.2. Estrutura.............................................................................................................................59 4.3. Gradiente de cobertura e composição................................................................................60 5. CONCLUSÃO..................................................................................................................65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................66 APÊNDICE A – Tabela 1. Matriz de dados de cobertura das espécies por parcela para o estrato herbáceo-arbustivo........................................................................................................70 APÊNDICE B – Figura 1. Flora não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP...71 APÊNDICE C – Figura 2. Paisagens do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP................72 APÊNDICE D – Figura 3. Trepadeiras no Parque Estadual de Porto Ferreira, SP,............73 10 INTRODUÇÃO GERAL A caracterização da vegetação florestal vem sendo feita em função principalmente de sua fisionomia e os dados disponíveis a respeito da composição florística e diversidade das florestas do estado de São Paulo são escassos, mas de grande importância para a avaliação e o manejo dos recursos naturais vegetais (LEITÃO-FILHO, 1982). Para se ter uma idéia, Meira Neto et al. (1989) apresentaram uma relação de 26 estudos florístico e fitossociológicos desenvolvidos no estado de São Paulo no período de 1978-1988. Apenas 20 municípios haviam sido contemplados, a maioria deles em floresta estacional semidecídua, e amostrando apenas o estrato arbóreo. Mesmo com esses dados, os autores consideraram que os estudos dos remanescentes florestais no estado apresentaram, na década em análise, um crescimento significativo, influenciados pelos trabalhos de Martins (1979) e Gibbs et al. (1980) (Meira Neto et al. 1989). Se os estudos florísticos são escassos, há carência ainda maior de informações sobre a flora não-arbórea, retrato da situação não apenas do estado, mas de todas as florestas tropicais. Segundo Turner; Tan e Chua (1996) o que se sabe até o momento sobre as florestas tropicais é fortemente baseado na vegetação arbórea, sendo poucos os inventários que incluem arbustos, trepadeiras, epífitas e ervas e, embora tenha havido mais trabalhos neste sentido, em comparação com a região temperada há ainda grande carência de informações. Gentry e Dodson (1987) estudaram floras completas em três florestas tropicais no oeste do Equador e concluíram que a contribuição da flora não arbórea para a diversidade de uma área é muito significativa. As espécies arbóreas com 10 cm ou mais de diâmetro à altura do peito (DAP) representaram apenas 15-20% da flora. No Brasil, alguns trabalhos que buscaram descrever a flora de florestas tropicais e subtropicais de forma mais completa – abrangendo mais que os hábitos arbóreo e arbustivo – foram: Meira Neto et al. (1989); Leitão-Filho (1995); Bernacci e Leitão-Filho (1996); Stranghetti e Ranga (1998); Lombardi e Gonçalves (2000); Kinoshita et al. (2006); Guaratini et al. (2008); Cielo-Filho et al. (2009); Menini Neto et al. (2009) e Costa et al. (2011), em floresta atlântica de interior. Rossatto; Toniato e Durigan (2008), em cerradão. Almeida Jr.; Pimentel e Zickel (2007) e Silva; Zickel e Cestaro (2008) em restinga florestada. Ziparro et al. (2005); Fuhro; Vargas e Larocca (2005) e Negrelle (2006) em floresta atlântica densa. Outros trabalhos, de forma mais pontual, amostraram apenas um hábito em florestas tropicais ou subtropicais. Morellato e Leitão-Filho (1996); Hora e Soares (2002); Udulutsch; Assis e Picchi (2004); Rezende e Ranga (2005); Tibiriçá; Coelho e Moura (2006); Santos; 11 Kinoshita e Rezende (2009) e Udulutsch et al. (2010) trabalharam apenas com trepadeiras. Cestaro; Waechter e Baptista (1986); Citadini-Zanette e Baptista (1989); Andrade (1992); Dorneles e Negrelle (1999); Inácio e Jarenkow (2008); Palma; Inácio e Jarenkow (2008); Kozera; Rodrigues e Dittrich (2009) e Citadini-Zanette et al. (2011) estudaram exclusivamente o estrato herbáceo. Bernacci (1992); Meira-Neto e Martins (2000, 2003) e Müller e Waechter (2001) estudaram o estrato arbustivo, além do estrato herbáceo. Esses são apenas alguns trabalhos que demonstram o crescente interesse pelo estudo da flora não-arbórea em florestas tropicais e subtropicais brasileiras, mas ainda de forma timida em relação aos estudos do componente arbóreo. Para se conhecer de fato a diversidade das florestas tropicais, como se conhece a diversidade das florestas temperadas, é preciso que iniciativas como as citadas acima cresçam cada vez mais. Este trabalho propõe-se a contribuir com informações a respeito dessa parcela da flora tão pouco estudada. Para isso, o primeiro capítulo apresenta a florística não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF), e o segundo capítulo trata da florística e estrutura do estrato herbáceo-arbustivo em uma área do Parque. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JR., E. B.; PIMENTEL, R. M. M.; ZICKEL, C. S. Flora e formas de vida em uma área de restinga no litoral norte de Pernambuco, Brasil. Revista de Geografia, Recife, v. 24, n. 1, jan/abr. 2007. Disponível em: . Acesso em: 21 nov. 2011. ANDRADE, P. M. de. Estrutura do estrato herbáceo de trechos da Reserva Biológica Mata do Jambreiro, Nova Lima, MG. 1993. 90 f. 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Biota Neotropica, Campinas, v. 5, n. 1, 2005. Disponível em: . Acesso em: 02 nov. 2011. 16 Capítulo 1. Florística de não-arbóreas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP, Brasil. 1. INTRODUÇÃO As Florestas Estacionais Semidecíduas são ora tratadas como parte do domínio cerrado ora como parte do domínio mata atlântica. Alguns autores justificam que essas formações florestais são, assim como florestas de galeria e veredas, parte integrante da paisagem natural do Brasil central (RUGGIERO et al., 2002). Para Wanderley et al. (2005), as Florestas Mesófilas Semidecíduas são uma extensão da Floresta Atlântica da Serra do Mar para o planalto interior. Para Morellato e Haddad (2000), essas florestas representam um dos principais tipos de vegetação da floresta atlântica. Por meio do artigo 3º do decreto 750 de 1993, o conceito Mata Atlântica passou a abranger as formações florestais e ecosistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, como é o caso da Floresta Estacional Semidecídua (BRASIL, 1993). Em termos de proteção ambiental, a inclusão tem seu mérito, tendo em vista que, não há legislação ambiental específica que garanta tal proteção ao cerrado. É preciso lembrar porém, que as florestas semidecíduas encontram-se associadas aos cerrados. Para Leitão Filho (1982) a Floresta Estacional Semidecídua é uma formação descontínua, em alguns trechos entremeada por cerradões e cerrado, campos rupestres e matas ciliares. Principalmente no norte e oeste do estado de São Paulo, muitos fragmentos de vegetação natural apresentam essa área ecotonal (DURIGAN; FRANCO; SIQUEIRA, 2004a) A mata atlântica já perdeu cerca de 93% de sua cobertura original (MORELLATO; HADDAD, 2000). Por isso, e por abrigar grande parte da diversidade do planeta, é considerada um dos 25 hotspots de biodiversidade (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). A proteção de seus remanecentes se torna necessária, mas de difícil concretização. O histórico de políticas de uso e ocupação do território no país não favoreceram a conservação. Para Galindo-Leal e Câmara (2005), a exploração de produtos, como pau-brasil, cana-de-açúcar, café e cacau, além da pecuária, impulsionaram a transformação da paisagem. Atualmente, a expansão da cultura de soja vem sendo um problema para a proteção e resistência dos fragmentos. Quanto a ocupação humana, é sabido que mais de 50% da população brasileira vive no dominio da mata atlântica (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). Da mesma maneira que em todo o país, a ocupação e o uso da terra na mata atlântica se deu de modo heterogêneo, por isso mesmo, a distribuição de seus remanescentes de vegetação natural também. No estado de São Paulo, por exemplo, as reservas florestais 17 existentes estão localizadas, principalmente, ao longo da Serra do Mar, devido à dificuldade de acesso e de uso agrícola, enquanto que as áreas remanescentes de Florestas Estacionais Semidecíduas ocorrem em locais muito populosos, de fácil acesso e de terras muito agricultáveis (LEITÃO-FILHO, 1982). Para exemplificar a situação acima, o estudo de Kronka et al. (2005) monitorou a vegetação natural do estado de São Paulo, com dados do período de 2000-2001. Segundo esse levantamento, cerca de 30% dos remanescentes de vegetação natural do estado encontra-se na bacia hidrográfica Ribeira de Iguape/Litoral sul e menos de três por cento, por exemplo, na bacia hidrográfica Mogi-Guaçu, onde se insere a área do presente estudo (KRONKA et al., 2005). Pelos dados acima, podemos perceber que no município de Porto Ferreira a situação de uso e ocupação do território apontada acima, não é diferente do restante do estado. As terras que hoje fazem parte do município eram parte de extensas fazendas. A maior devastação das florestas na região ocorreu entre os anos de 1879 e 1952 para a produção agrícola, principalmente de café e cana-de-açúcar. A utilização de madeira para impulsionar locomotivas a vapor e para a construção de dormentes pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, agravou o desmatamento e os cerrados foram também substituídos por pastos e pela citricultura (SÃO PAULO, 2003). No mapeamento mais recente da área de entorno, para a definição do primeiro plano de manejo do Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF), elaborado em 2003, verificou-se que a cultura da cana-de-açúcar representa o uso predominante das terras do entorno, ocupando 62,87% do total da área, seguido pelo plantio de citrus, com 19,51%. Apenas 0,21% da área são ocupados por mata, e 5,56% por capoeira em diversos estágios de regeneração (SÃO PAULO, 2003). Diante de todos esses problemas que envolvem a conservação de nossos remanescentes, é preciso avaliar a proteção que de fato é conferida a essas áreas, e o inventário de plantas é fundamental para a manutenção efetiva da biodiversidade (GALINDO- LEAL; CÂMARA, 2005). No PEPF foram desenvolvidos alguns estudos de natureza fitossociológica (BERTONI, 1984; BERTONI et al., 2001), amostrando apenas espécies de porte arbustivo- arbóreo. Desse modo, a concretização desse trabalho resultará em mais dados do PEPF, complementando sua lista florística e ajudando a caracterizar a área. 18 2. OBJETIVOS Elaborar uma listagem florística por meio do levantamento da flora vascular não-arbórea (arbustivo-herbácea, incluindo também lianas, epífitas e pteridófitas sensu stricto) muitas vezes não inventariada em estudos fitossociológicos, como os já realizados na região. Por meio da qual será possível: � Estimar a contribuição das espécies não arbóreas para a flora do Parque, comparando a lista obtida com a lista já disponível para a flora arbórea, proveniente de estudos prévios. � Analisar a similaridade florística entre diferentes áreas e o PEPF. � Elencar os principais hábitos e sua contribuição isoladamente. � Listar as espécies do PEPF consideradas invasoras de culturas. � Levantar as espécies ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção. � Listar novas ocorrências para o PEPF e para o estado de São Paulo. 19 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Área de estudo A área do Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) pertencia à Fazenda Santa Mariana que, em 1962, foi desapropriada para a criação da Reserva Estadual de Porto Ferreira que, por sua vez, passou à categoria de Parque em 1987 pelo Decreto Estadual nº 26.891 (SÃO PAULO, 2003). O PEPF localiza-se no município de Porto Ferreira, na região nordeste do Estado de São Paulo, entre as coordenadas geográficas 21º49’S e 47º25’W (Figura 1A) e em altitudes que variam de 540 a 608 metros. O acesso ao parque faz-se por meio da Rodovia SP-215, Km 90, no sentido Porto Ferreira-Santa Cruz das Palmeiras (Figura 1B) (SÃO PAULO, 2003). A Figura 1. (A) Localização do Parque Estadual de Porto Ferreira no Estado de São Paulo. (B) Visão da vegetação do Parque Estadual de Porto Ferreira e da ocupação de sua área de entorno. Fonte imagem (A): Rossi et al. (2005). Fonte imagem (B): Wikimapia-Google (2011). AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA A B SP 215 SP 330 m 20 O município de Porto Ferreira faz divisa ao norte com o município de Santa Rita do Passa Quatro, a leste com Santa Cruz das Palmeiras, ao sul com Pirassununga e a oeste com Descalvado (SÃO PAULO, 2003). Os rios principais da região são o Mogi-Guaçu e o Pardo (SÃO PAULO, 2003). A Unidade de Conservação com área de 611,55 ha representa 2,48% do município (SÃO PAULO, 2003). Somando-se a essa extensão de área natural protegida àquelas de proprietários particulares, cerca de 1550 ha podem ser considerados protegidos, o que representa 6,28% do município (INSTITUTO FLORESTAL, 2011) (Figura 2). De acordo com o Sistema de Classificação Fitogeográfica de Velloso (1991), a vegetação do PEPF é classificada como Floresta Estacional Semidecidual. O cerrado ocorre nas áreas de topografias mais elevadas, a Floresta Estacional Semidecídua começa à medida que desce em direção ao Rio Mogi-Guaçu e, a Mata Ciliar, ao longo deste, se estende por 5 km (BERTONI et al., 2001) (Figura 3). Figura 2. Remanescentes de vegetação natural de Porto Ferreira e municípios vizinhos. Visão detalhada a partir da bacia hidrográfica do Rio Mogi-Guaçu. Fonte: SIFESP (2008). 21 Segundo a classsificação climática de Köppen, o clima da região é Cwa, de inverno seco e verão quente e chuvoso (BERTONI et al., 2001). As temperaturas médias variam de 18ºC-24ºC ao longo do ano. No mês mais seco, a precipitação pluviométrica não passa de 30mm, e nos meses mais úmidos cerca de 240mm, atingindo a precipitação pluviométrica anual de 1.497,1mm (CEPAGRI, 2011). O Parque insere-se na província geomorfológica da Depressão Periférica Paulista (Depressão Mogi-Guaçu), na Bacia Sedimentar do Paraná (ROSSI et al., 2005). Os tipos de solos são: latossolos, argissolos, neossolos, gleissolos e organossolos. Desses, os latossolos distróficos ocupam as maiores extensões (53,5%) e os argissolos eutróficos representam 38% da área (ROSSI et al., 2005). 3.2. Coletas O levantamento florístico ficou restrito às plantas vasculares não-arbóreas e foi realizado através da coleta de exemplares ao longo das trilhas estabelecidas na área de estudo (Figura 4) e em entradas pela vegetação, em traçados perpendiculares a elas. Figura 3. Mapa detalhado da vegetação do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP. Fonte: Rossi et al. (2005). 22 LEGENDA Trilha da borda norte do parque Trilha do Poção Trilha da Pesquisa Trilha da Lagoa do cerrado Trilha da Transição Trilha das Árvores Gigantes em área de cerradão Trilha das Árvores Gigantes em área de floresta com entrada para cachoeira Trilha das Árvores Gigantes em área de floresta Trilha do Rio Mogi-Guaçu Cursos d’água Limites do parque Barreiro As trilhas percorridas – trilha do Poção, da Lagoa, da Pesquisa, das Árvores Gigantes, da transição, da cachoeira e do Rio Mogi-Guaçu – contemplam os principais tipos de vegetação encontrados no PEPF, cerradão, floresta estacional semidecídua e mata ciliar, como pode ser observado quando comparamos os mapas da vegetação (Figura 3) e das trilhas (Figura 4). O levantamento foi realizado também na borda norte do Parque, próxima à rodovia SP-215 (Figura 4). Não foram realizadas coletas na zona de uso público por não apresentar a conservação do restante da área, havendo problemas como a introdução de espécies exóticas e frutíferas. O período de coleta foi de Março de 2010 à Setembro de 2011. Foram realizadas excursões, em média, uma vez por mês. Figura 4. Mapa detalhado das Trilhas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP. Adaptado a partir do Mapa de Trilhas do Plano de Manejo do Parque (SÃO PAULO, 2003). 23 Os espécimes coletados apresentavam material fértil, sendo herborizados segundo as técnicas padrões (FIDALGO; BONONI, 1984) e incorporados ao Herbário Rioclarense (HRCB). As duplicatas foram doadas a vários herbários, como por exemplo: BHCB, UPCB, RB, SP, SPFR, UEC, HUVA. 3.3. Identificação e Descrição do Material Botânico A análise e identificação do material ocorreram em duas etapas. No campo e no Laboratório de Sistemática Vegetal foi realizada a identificação parcial do material, geralmente em nível de família. O uso de chaves taxonômicas, a comparação com material identificado, depositado no Herbário Rioclarense (HRCB) e no Herbário da ESALQ (ESA), e o envio de material para especialistas - para receber a identificação ou sua confirmação -, ocorreram em um segundo momento. As obras de referência utilizadas para a identificação das famílias e espécies foram: Botânica Sistemática (SOUZA; LORENZI, 2008), Plantas do cerrado paulista (DURIGAN et al., 2004b) e Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo (WANDERLEY et al., 2002, 2003, 2005, 2007, 2009), além de outras bibliografias. A classificação utilizada para as famílias de Angiospermas foi a proposta do Angiosperm Phylogeny Group (APG) (APG III, 2009) e para Pteridophyta sensu stricto seguiu-se a classificação proposta por Smith et al. (2006). Os nomes aceitos das espécies e seus autores foram conferidos junto à base de dados da Lista de Espécies da Flora do Brasil (FORZZA et al., 2010). As formas de vida descritas seguiram a nomenclatura e o conceito sugerido por Vaz; Lima e Marquete (1991). O termo trepadeira é estendido às classificações quanto ao modo de escalada definidas por Hegarty (1992): trepadeiras volúveis, com gavinhas e escandentes (não preensoras). O índice de similaridade de Jaccard (MUELLER-DOMBOIS; ELLEMBERG, 1974) foi calculado a fim de comparar a similaridade entre diferentes áreas de Floresta Estacional Semidecídua no estado de São Paulo. As comparações foram feitas entre estudos somente de trepadeiras e entre estudos da flora não arbórea. Para o cálculo, foram consideradas apenas as identificações em nível de espécie. A maioria dos trabalhos utilizados para comparação com a flora não arbórea do PEPF amostrou a flora de modo completo (coletando arbóreas e não-arbóreas) e, por isso, as espécies arbóreas foram desconsideradas dessas listas. Para um resultado mais fiel, nas comparações com estudos que não listaram espécies de Pteridófitas s.s., as mesmas foram também desconsideradas do presente estudo 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Lista de espécies e famílias mais representativas A flora não arbórea do PEPF é constituída por 241 espécies distribuídas em 57 famílias (Tabela 1). Tabela 1. Flora Vascular não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP. Formas de vida (arb.: arbusto; ep.: epífita; herb.: herbácea; trep.: trepadeira), Habitats (C: Cerradão; F: Floresta Estacional Semidecídua; MC: Mata Ciliar ao longo do rio Mogi-Guaçu), Vouchers (L: J.A. Lombardi; O: A.P.C. Oliveira), *espécies amostradas em levantamentos anteriores, **espécies ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção. Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher PTERIDÓFITAS ANEMIACEAE Anemia phyllitidis (L.) Sw. herb. F/C L, 7781 Anemia tomentosa (Sav.) Sw. var. anthriscifolia (Schrad.) Mickel herb. C L, 8082 ASPLENIACEAE Asplenium claussenii Hieron. herb. F O, 100 DRYOPTERIDACEAE Ctenitis submarginalis (Langsd. & F. sch.) Ching herb. F/C L, 7772 LYGODIACEAE Lygodium volubile Sw. trep. MC L, 7723 POLYPODIACEAE Campyloneurum repens (Aubl.) C.Presl herb. F/C L, 7706 Microgramma lindbergii (Kuhn) de la Sota ep. F L, 7778 Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota ep. MC L, 7722 Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston ep. F/C L, 7771 Pleopeltis squalida (Vell.) de la Sota ep. F/C L, 7773 Serpocaulon latipes (Langsd.) Fisch. & A.R.Sm. herb. F/C L, 7770 PTERIDACEAE Adiantopsis radiata (L.) Fée herb. F L, 7719 Adiantum platyphyllum Sw. herb. F O, 98 Adiantum sp. herb. F L, 7717 Pteris denticulata Sw. herb. F L, 7726 THELYPTERIDACEAE Thelypteris lugubris (Mett.) R.M.Tryon & A.F.Tryon herb. F L, 7718 WOODSIACEAE Diplazium cristatum (Desr.) Alston herb. F O, 99 ANGIOSPERMAS ACANTHACEAE Justicia lythroides (Ness) V.A.W.Graham herb. F/C L, 7688 Mendoncia puberula Mart. trep. F L, 7712 Ruellia brevifolia (Pohl) C.Ezcurra arb. F/C L, 7735 Ruellia puri (Mart. ex Ness) Lindau herb. F/C L, 7690 25 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher AMARANTHACEAE Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze trep. F L, 7710 Chamissoa acuminata Mart. trep. F L, 7714 Pfaffia tuberosa (Spreng.) Hicken herb. MC L, 8091 APOCYNACEAE Condylocarpon isthmicum (Vell.) A.DC. trep. F/C L, 7763 Forsteronia glabrescens Müll. Arg. trep. F/C O, 17 Gonolobus cf. rostratus (Vahl) R.Br. ex Schltr. trep. C O, 77 Prestonia coalita (Vell.) Woodson trep. F/C L, 7727 Temnadenia violacea (Vell.) Miers trep. F/C O, 18 ARALIACEAE Hydrocotyle leucocephala Cham. & Schltdl. herb. F L, 7681 Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi arb. C O, 20 ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia galeata Mart. & Zucc. trep. F/C O, 49 ASTERACEAE Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze herb. F/C O, 66 Bidens gardneri Baker herb. F/C L, 7748 Bidens segetum Mart. ex Colla trep. C O, 01 Chaptalia nutans (L.) Pol. herb. C O, 96 Chromolaena maximilianii (Schrad. ex DC.) R.M.King & H.Rob. arb. F/C L, 7774 Chromolaena odorata (L.) R.M.King & H.Rob. arb. F/C L, 7753 Cyrtocymura scorpioides (Lam.) H.Rob. trep. F O, 116 Elephantopus mollis Kunth herb. F/C L, 7705 Emilia fosbergii Nicolson herb. F/C O, 67 Gochnatia paniculata (Less.) Cabrera arb. C O, 121 Melampodium paniculatum Gardner arb. F O, 81 Mikania cordifolia (L. f.) Willd. trep. C O, 07 Mikania laevigata Sch.Bip. ex Baker trep. C O, 110 Mikania triangularis Baker trep. F O, 103 Mikania sp. 1 trep. F O, 117 Mikania sp. 2 trep. F O, 104 Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason herb. F/C O, 53 Parthenium hysterophorus L. herb. F/C O, 58 Podocoma notobellidiastrum (Griseb.) G.L.Nesom herb. F O, 80 Polymnia silphioides DC. herb. F L, 7665 Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. herb. F/C O, 34 Synedrella nodiflora (L.) Gaertn. herb. F/C O, 71 Trichogoniopsis adenantha (DC.) R.M.King & H.Rob. arb. F/C L, 7761 Vernonia rubriramea Mart. ex DC. arb. F/C O, 22 BIGNONIACEAE Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC. trep. F/C L, 7730 Adenocalymma marginatum (Cham. ) DC. trep. F/C L, 7784 Amphilophium elongatum (Vahl) L.G. Lohmann trep. F/C L, 7783 26 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher Anemopaegma chamberlaynii (Sims) Bureau & K. Schum. trep. F/C L, 7745 Bignonia campanulata Cham. trep. F/C L, 7728 Cuspidaria pulchra (Cham.) L.G. Lohmann trep. F/C L, 7765 Fridericia formosa (Bureau) L.G. Lohmann trep. F/C O, 76 Lundia obliqua Sond. trep. F/C O, 62 Pyrostegia venusta (Ker-Gawl.) Miers trep. F/C O, 45 Stizophyllum perforatum (Cham.) Miers trep. F/C L, 7782 Tanaecium selloi (Spreng.) L.G. Lohmann trep. F/C O, 40 Indeterminada trep. F O, 113 BROMELIACEAE Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker ep. C O, 111 Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult.f. ep. MC L, 8084 Tillandsia pohliana Mez ep. C O, 119 Tillandsia recurvata (L.) L. ep. F/C O, 37 Tillandsia tricholepis Baker ep. F/C O, 38 CACTACEAE Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw. ep. MC L, 8086 Lepismium warmingianum (K.Schum.) Barthlott ** ep. MC L, 8085 Pereskia aculeata Mill. trep. F L, 8087 Rhipsalis baccifera (J.M.Muell.) Stearn ep. MC L, 7921 Rhipsalis teres (Vell.) Steud. ep. MC O, 112 CANNABACEAE Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.* trep. F L, 8532 CANNACEAE Canna paniculata Ruiz & Pav. herb. F L, 7659 CELASTRACEAE Semialarium paniculatum (Mart. ex Schult.) N.Hallé trep. F L, 8534 COMMELINACEAE Commelina benghalensis L. herb. F L, 7682 Commelina erecta L. herb. C O, 10 Dichorisandra hexandra (Aubl.) Kuntze ex Hand.-Mazz. trep. F L, 7671 Gibasis geniculata (Jacq.) Rohweder herb. F L, 7683 Tradescantia zanonia (L.) Sw herb. F/C L, 7686 Tripogandra diuretica (Mart.) Handlos herb. F L, 7670 CONVOLVULACEAE Ipomoea chondrosepala Hallier f. trep. F/C L, 7743 Ipomoea saopaulista O'Donell trep. F/C L, 7744 Merremia macrocalyx (Ruiz & Pav.) O'Donell trep. F/C O, 35 Merremia umbellata (L.) Hallier f. trep. F/C O, 60 CUCURBITACEAE Gurania sp. trep. F/C O, 55 CYPERACEAE Cyperus laxus Lam. herb. F/C L, 7779 Cyperus luzulae (L.) Retz. herb. MC L, 8076 27 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Hábitat Voucher Cyperus simplex Kunth herb. C O, 13 Cyperus sp. herb. MC L, 7724 Rhynchospora exaltata Kunth herb. F/C L, 7769 Scleria melaleuca Reichb. ex Schldl. & Cham. herb. F/C L, 7780 Indeterminada 1 herb. MC L, 7919 Indeterminada 2 herb. MC L, 8080 DILLENIACEAE Davilla elliptica A.St.-Hil.* arb. C O, 05 Davilla rugosa Poir. trep. F/C O, 46 Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl. trep. F/C O, 21 DIOSCOREACEAE Dioscorea dodecaneura Vell. trep. F/C L, 7736 Dioscorea olfersiana Klotzsch ex Griseb. trep. F/C L, 7741 EUPHORBIACEAE Croton lundianus (Didr.) Müll.Arg. herb. F/C L, 7760 Dalechampia pentaphylla Lam. trep. F/C L, 7777 Dalechampia stipulacea Müll.Arg. trep. F L, 7709 Euphorbia sciadophila Boiss. herb. F L, 7663 FABACEAE Canavalia picta Mart. ex Benth. trep. C O, 92 Chamaecrista flexuosa (L.) Greene* arb. C O, 06 Desmodium affine Schltdl. herb. F L, 7684 Desmodium distortum (Aubl.) J.F.Macbr. herb. F/C O, 50 Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. trep. F/C L, 7737 Rhynchosia minima (L.) DC. trep. F/C L, 7752 Senegalia sp. trep. C L, 8531 Senna rugosa (G.Don) H.S. Irwin & Barneby* arb. F/C L, 7754 Zornia latifolia Sm. herb. F/C O, 33 Indeterminada trep. C L, 8537 GENTIANACEAE Voyria aphylla (Jacq.) Pers. herb. F/C L, 7696 LAMIACEAE Hyptis mutabilis (Rich.) Briq. herb. F L, 7667 Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze herb. F/C O, 32 Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex Benth. arb. F L, 7661 Peltodon tomentosus Pohl herb. F/C L, 7758 Indeterminada arb. C L, 7768 LOGANIACEAE Spigelia cf. beyrichiana Cham. & Schltdl. arb. F/C L, 7734 LYTHRACEAE Diplusodon virgatus Pohl* trep. C O, 14 MALPIGHIACEAE Banisteriopsis adenopoda (A.Juss.) B.Gates trep. C O, 91 Banisteriopsis argyrophylla (A.Juss.) B.Gates trep. F/C L, 7755 28 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher Banisteriopsis malifolia (Nees & Mart.) B.Gates var. malifolia trep. F/C L, 7764 Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B.Gates trep. C L, 7766 Banisteriopsis variabilis B.Gates arb. F/C L, 7750 Byrsonima intermedia A.Juss.* arb. F/C O, 41 Diplopterys pubipetala (A.Juss.) W.R.Anderson & C.C.Davis trep. C O, 114 Heteropterys umbellata A.Juss. trep. F L, 8089 Mascagnia cordifolia (A.Juss.) Griseb. trep. C O, 115 Mascagnia sepium (A.Juss.) Griseb. trep. F/C L, 7732 Niedenzuella multiglandulosa (A.Juss.) W.R.Anderson trep. F/C L, 7756 MALVACEAE Pavonia nemoralis A.St.-Hil. herb. F L, 8079 Pavonia sepium A.St.-Hil. herb. F L, 7669 Sida cordifolia L. herb. F/C O, 65 Sida linifolia Cav. herb. F/C O, 15 Sida rhombifolia L. herb. F L, 7662 Sida urens L. trep. F O, 105 Wissadula hernandioides (L.Hér.) Garcke arb. F/C O, 42 MARANTACEAE Calathea cf. eichleri Petersen herb. F L, 7660 Calathea cf. grandiflora (Roscoe) K.Schum. herb. F L, 7668 MELASTOMATACEAE Miconia discolor DC. arb. F/C L, 7707 Miconia paucidens DC.* arb. F/C L, 7699 Miconia pseudonervosa Cogn. arb. C O, 08 Miconia stenostachya DC.* arb. C O, 106 MENISPERMACEAE Cissampelos pareira L. ** trep. C L, 8536 MORACEAE Dorstenia vitifolia Gardner herb. F L, 7922 ORCHIDACEAE Acianthera pubescens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase ep. MC L, 8095 Campylocentrum micranthum (Lindl.) Rolfe ep. MC L, 8094 Dryadella edwallii (Cogn.) Luer ep. MC L, 8096 Ionopsis utricularioides (Sw.) Lindl. ep. MC O, 101 Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay herb. MC L, 8097 Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. herb. MC L, 8093 Polystachya cf. micrantha Schltr. ep. MC L, 8083 OXALIDACEAE Oxalis barrelieri L. herb. MC L, 8077 PASSIFLORACEAE Passiflora alata Curtis trep. F L, 7767 Passiflora miersii Mast. trep. C O, 95 Passiflora suberosa L. trep. C O, 02 29 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher PHYLLANTHACEAE Phyllanthus tenellus Roxb. herb. F L, 7666 PIPERACEAE Peperomia alata Ruiz & Pav. ep. F O, 109 Peperomia arifolia Miq. herb. MC L, 7725 Peperomia duartei Yunck. herb. F L, 7680 Peperomia rhombea Ruiz & Pav. ep. F O, 85 Peperomia rotundifolia (L.) Kunth ep. MC L, 7721 Piper amalago L. arb. F L, 7713 Piper arboreum Aubl. var. arboreum* arb. F/C L, 7775 Piper glabratum Kunth arb. F/C L, 7708 Piper mikanianum (Kunth) Steud var. mikanianum herb. F/C L, 8081 Piper ovatum Vahl herb. F/C L, 7695 Piper sp. arb. F L, 7716 POACEAE Chloris elata Desv. herb. F/C O, 57 Eragrostis sp. herb. F/C O, 39 Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & Soderstr. herb. F/C L, 7692 Homolepis villaricensis (Mez) Zuloaga & Soderstr. herb. F L, 7672 Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth.var. pallens herb. F/C L, 7740 Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase herb. F/C L, 7689 Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K.Simon & S.W.L.Jacobs herb. F L, 7711 Melinis minutiflora P.Beauv. herb. F/C O, 72 Olyra humilis Nees herb. F/C L, 7703 Olyra latifolia L. herb. F/C L, 7739 Oplismenus hirtellus (L.) P.Beauv. subsp. hirtellus herb. F/C L, 7693 Panicum pilosum Sw. herb. F L, 7674 Parodiolyra micrantha (Kunth) Davidse & Zuloaga herb. F/C L, 7751 Pharus lappulaceus Aubl. herb. F/C L, 7700 Setaria scabrifolia (Nees) Kunth herb. F L, 7676 Setaria vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult. herb. F/C L, 7746 Streptochaeta spicata Schrad. ex Nees** herb. F L, 7720 Urochloa brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D.Webster herb. F/C L, 7759 Indeterminada herb. F L, 7673 POLYGALACEAE Bredemeyera floribunda Willd.* trep. F/C O, 19 PORTULACACEAE Talinum triangulare (Jacq.) Willd. herb. F L, 7685 RANUNCULACEAE Clematis dioica L. trep. C L, 8530 RHAMNACEAE Gouania virgata Reissek trep. F L, 8088 30 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher RUBIACEAE Borreria cupularis DC. herb. C L, 8078 Borreria ocymoides (Burm.f.) DC. herb. F/C L, 7757 Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers. herb. MC L, 8100 Galianthe laxa (Cham. & Schltdl.) E.L.Cabral trep. F/C L, 7738 Galianthe vaginata E.L.Cabral & Bacigalupo** herb. F L, 7679 Geophila repens(L.) I.M.Johnst. herb. F/C L, 7701 Manettia cordifolia Mart. trep. C O, 89 Mitracarpus hirtus (L.) DC. herb. F/C O, 31 Palicourea croceoides Ham. arb. MC L, 8099 Psychotria capitata Ruiz & Pav.** arb. F/C L, 7694 Psychotria carthagenensis Jacq. arb. MC L, 8092 Psychotria deflexa DC. arb. F/C L, 7691 Psychotria gracilenta Müll.Arg. arb. F/C L, 7698 Psychotria hoffmannseggiana (Willd. ex Schult.) Müll.Arg. arb. F/C L, 7697 Psychotria cf. tenuifolia Sw.** arb. F O, 78 Psychotria trichophora Müll.Arg. arb. MC L, 8098 SANTALACEAE Phoradendron crassifolium (Pohl ex DC.) Eichler arb. F/C L, 7776 SAPINDACEAE Paullinia rhomboidea Radlk. trep. MC O, 102 Serjania communis Cambess. trep. C O, 03 Serjania fuscifolia Radlk. trep. F/C O, 44 Serjania lethalis A.St.-Hil. trep. C O, 107 Serjania meridionalis Cambess. trep. F L, 7715 Serjania paradoxa Radlk. trep. C O, 120 Serjania pinnatifolia Radlk. trep. F/C O, 56 Serjania reticulata Cambess. trep. F/C O, 48 Urvillea laevis Radlk. trep. F/C O, 63 SMILACACEAE Smilax elastica Griseb. trep. C L, 8535 Smilax fluminensis Steud. trep. C O, 04 SOLANACEAE Physalis cf. pubescens L. herb. F L, 7675 Solanum acerifolium Dunal arb. F/C L, 7733 Solanum americanum Mill. herb. F L, 7664 Solanum argenteum Dunal arb. F/C L, 7687 Solanum lantana Sendtn. arb. F/C L, 7749 Solanum lycocarpum A. St.-Hil* arb. F/C O, 36 URTICACEAE Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd.* arb. F/C L, 7747 Urera caracasana (Jacq.) Griseb. arb. MC L, 8090 31 Divisão/Família/Espécie Forma de vida Habitat Voucher VERBENACEAE Lantana brasiliensis Link arb. F/C L, 7742 Lantana camara L. * arb. F/C L, 7729 Lippia salviaefolia Cham.* arb. F/C O, 16 VIOLACEAE Hybanthus atropurpureus (A.St.-Hil.) Taub.* arb. F L, 7678 VITACEAE Cissus erosa Rich trep. F/C O, 27 Cissus tinctoria Mart. trep. F L, 7677 As famílias mais representativas, quanto ao número de espécies, são respectivamente: Asteraceae (24), Poaceae (19), Rubiaceae (16), Bignoniaceae (12), Malpighiaceae e Piperaceae (11), Fabaceae (10), Sapindaceae (9), Cyperaceae (8), Malvaceae e Orchidaceae (7), Polypodiaceae, Commelinaceae e Solanaceae (6). Juntas, essas 14 famílias totalizam 152 espécies, representando 63,07% da flora vascular não-arbórea do parque, sendo que somente a família Asteraceae representa quase 10% das espécies levantadas (Fig. 5). Outro dado representativo: 23 das 57 famílias (cerca de 40%) apresentam apenas uma espécie cada (Tabela 1). Figura 5. Número de espécies por família 32 4.2. Similaridade florística Segundo Muller-Dombois e Ellemberg (1974), o índice de similaridade florística de Jaccard deve ser de no mínimo 25% para se considerar a existência de similaridade florística entre áreas. Nenhuma das áreas é, portanto, floristicamente similar ao PEPF em relação à flora não-arbórea (Tabela 2). Tabela 2. Similaridade florística entre fragmentos de floresta estacional semidecídua do estado de São Paulo e o presente estudo para a flora não-arbórea Local de estudo Área (ha) Tempo coleta (meses) N. espécies N. espécies em comum (ISJ) % Referência Parque Municipal da Grota Funda (Atibaia) 245 20 228 24 6 Meira-Neto et al. (1989) Fazenda São Vicente (Campinas) 70 22 229 41 10,7 9 Bernacci e Leitão-Filho (1996) Estação Ecológica de Paulo de Faria 435,73 34 131 20 6,06 Stranghetti e Ranga (1998) Mata do Sítio São Francisco (Campinas) 3,27 13 98 25 9,06 Kinoshita et al. (2006) Reserva de Santa Genebra (Campinas) 1 25 93 29 10,2 1 Guaratini et al. (2008)* Estação Ecológica de Assis *** 1.760, 64 17 301 44 9,84 Rossato; Toniato e Durigan (2008)** Floresta Estadual e Estação Ecológica de Paranapanema 900 14 198 37 9,63 Cielo-Filho et al. (2009) Mata da Pavuna (Botucatu) 378,49 17 310 64 14,2 5 Santos (2011) Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) 611,55 19 241 - - Presente estudo ** O maior índice de similaridade florística foi aquele observado entre a Mata da Pavuna- Botucatu (SANTOS, 2011) e o PEPF (14,25%), resultado, talvez, do esforço amostral do (ISJ): índice de similaridade de Jaccard. * Estudo florístico realizado em parcelas, ** Estudo da flora não-arbórea somente, *** Área de cerrado. 33 estudo (Tabela 2). Santos (2011) coletou 310 espécies não-arbóreas, incluindo não somente espécies de Angiospermas, mas também um grande número de Pteridófitas s.s (24 espécies). Rossato; Toniato e Durigan (2008), que trabalharam com a flora não-arbórea em área de cerrado em Assis, também não encontraram similaridade significativa entre as áreas de cerrado analisadas, apesar de outros autores a terem encontrado para a flora arbórea. Os autores atribuíram esses resultados a um possível endemismo das espécies não-arbóreas, maior que para as arbóreas e também a inventários insuficientes que poderiam estar subestimando a flora não-arbórea. Esses resultados podem estar relacionados também ao fato de os estudos diferirem em relação à metodologia, apresentando esforço amostral e tamanho de área distintos. O esforço amostral pode ser inferido pelo tempo de coleta em meses e, por meio da análise dos grupos vegetais amostrados – metade dos estudos amostrou apenas as Angiospermas, enquanto os outros quatro amostraram também Pteridófitas s.s, porém dois deles de modo superficial, coletando de 3-4 espécies apenas. Quanto ao tamanho da área amostral, os estudos diferiram bastante, sendo que dois deles estiveram muito abaixo da média: Kinoshita et al. (2006) e Guaratini et al. (2008) (Tabela 2). Enquanto a maioria dos estudos se baseou na coleta aleatória por meio de caminhadas em trilhas e transectos, Guaratini et al. (2008) trabalharam com o método de parcelas, amostrando uma área pequena em relação às demais (1 ha), mas coletando também nos arredores imediatos à parcela. 4.3. Flora arbórea versus flora não-arbórea Em um levantamento florístico e fitossociológico do componente arbustivo-arbóreo em floresta estacional semidecídua, realizado no PEPF, foram encontradas 155 espécies distribuídas em 44 famílias (BERTONI, 1984). Em 2001 foi realizado um levantamento florístico no mesmo local, mas somente em área de cerradão, amostrando 200 espécies arbustivo-arbóreas distribuídas em 57 famílias (BERTONI et al., 2001). Comparando os dois estudos acima, notamos que 40 espécies são comuns aos dois levantamentos, deste modo, foram amostradas 315 espécies arbustivo-arbóreas para o PEPF, das quais 15 são arbustivas e comuns ao presente estudo. A flora arbórea do PEPF é, portanto, constituída por 300 espécies, sendo que esse número tende a diminuir, pois desse total, 33 espécimes não foram identificados em nível de espécie. Se levarmos em conta apenas as espécies arbóreas identificadas em nível de espécie (267), podemos considerar que, quase 50% da flora do PEPF é constituída por espécies não arbóreas. 34 Esses dados corroboram com a ideia de Gentry e Dodson (1987) de que é muito significativa a contribuição das espécies não-arbóreas para a diversidade de florestas tropicais. Em seu trabalho os autores afirmam que em uma das três florestas que estudaram no oeste do Equador – a mais úmida delas – mesmo que se excluíssem todas as espécies arbóreas de sua flora, aquela floresta continuaria a ser a mais rica em espécies, quando comparada com diferentes florestas distribuídas pelo mundo e analisadas em seu trabalho. Os autores constataram que as arbóreas constituem de 15-20% da flora total. No entanto, no PEPF e em seis dos sete estudos que analisaram a flora de maneira completa (Tabela 2), as arbóreas corresponderam a uma fração bem maior que a estimada por Gentry e Dodson (1987). Elas representaram nesses seis estudos mais de 30% da flora, alcançando um pouco mais de 50% em dois deles. Um único estudo (SANTOS, 2011) apresentou a porcentagem esperada pelos autores, cerca de 20% da flora representada por árvores. Apesar desses resultados, aquém do esperado para a flora não-arbórea, sua contribuição é ainda muito significativa, alcançando, com base nesses estudos, uma média de 50% da flora em Florestas Estacionais Semidecíduas. No entanto, ela é pouco percebida, uma vez que a categoria ‘não-arbórea’ é pouco amostrada (TURNER; TAN; CHUA, 1996). O problema dessa carência de dados da flora não-arbórea é a falta de material para comparação de diversidade entre diferentes locais do mundo. Em áreas amostrais grandes, geralmente utilizadas para estudo do componente arbóreo, pode ser encontrada grande diversidade de espécies, mas se esta área é reduzida, o mesmo pode acontecer com a diversidade, uma vez que, os demais componentes florestais são normalmente ignorados nesses estudos. O resultado é que, dependendo do tamanho da área amostral, outros tipos de florestas – nos quais o inventário é geralmente completo – podem parecer apresentar maior diversidade de espécies que florestas tropicais (GENTRY; DODSON, 1987). 4.4. Formas de vida Quanto às formas de vida, a flora vascular não-arbórea do PEPF encontra-se assim distribuída: 21 espécies epífitas (8,71%), 44 arbustos (18,26%), 82 trepadeiras (34,03%) e 94 herbáceas (39%) (Figura 6). 35 Figura 6. Distribuição das formas de vida da flora não-arbórea (em porcentagem). Em um levantamento da flora não-arbórea do cerrado da Estação Ecológica de Assis- SP, foram encontrados os seguintes dados: os arbustos representaram uma porção mais significativa da flora, 45%, as ervas 36,2% e as trepadeiras apenas 18,1%. Os demais 0,7% foram representados por palmeiras (ROSSATO; TONIATO; DURIGAN, 2008). As diferenças apresentadas entre esse e o presente estudo, podem estar relacionadas com o fato de termos considerado o hábito trepador de maneira bastante abrangente, incluindo espécies não-preensoras. Além disso, Rossato; Toniato e Durigan (2008) trabalharam em área de cerrado (cerradão e cerrado mais aberto), onde há menos suporte para a escalada de trepadeiras. Em todas as áreas de floresta estacional semidecídua utilizadas na análise de similaridade florística (ver Tabela 2), os hábitos trepador e herbáceo foram os mais representativos da flora não-arbórea, mas as epífitas estiveram de modo geral muito pouco representadas. Contudo, na Mata da Pavuna e no Parque Municipal da Grota Funda as epífitas representaram respectivamente, sete e cerca de 10% da flora total. Esses resultados são esperados, uma vez que, nas comunidades clímax de florestas tropicais, todas as formas de vida (arbórea, arbustiva, herbácea, epífita, hemi-epífita, saprófita) estão presentes, mas há variações na estrutura dependentes da representatividade de cada uma delas (RICHARDS, 1996). 36 4.4.1. Herbáceas terrícolas e epífitas Gentry e Dodson (1987) estudaram três florestas tropicais no oeste do Equador e, em cada uma delas, avaliaram o número de espécies e indivíduos em uma área de 0,1 há. Na mais úmida delas, somente as ervas – incluindo aqui herbáceas terrícolas e epífitas – representam quase 50% da flora. Em uma floresta mais seca, a contribuição das plantas de consistência herbácea é mais baixa, cerca de 30% da flora total, tendo em vista a menor diversidade de epífitas comparada com a floresta mais úmida. Na área do presente estudo, também mais seca, as herbáceas terrícolas correspondem a mais que quatro vezes o número de espécies epífitas. As epífitas representam a menor parcela da flora não-arbórea e, justamente pela estacionalidade da área, estão mais concentradas próximas ao rio, fato que pode ser notado pelos registros das coletas (Tabela 1). Além de apresentarem baixa diversidade em florestas estacionais semidecíduas – fato observado nas áreas de estudo utilizadas na análise de similaridade florística (tabela 2) – as epífitas foram coletadas apenas nas copas de árvores mais baixas ou quando se apresentavam caídas nas trilhas, o que pode ter levado a um número subestimado de espécies. Quase todas as Pteridófitas s.s. encontram-se distribuídas entre a forma de vida herbácea, com exceção de Lygodim volubile. Foram encontradas 17 espécies de Pteridófitas s.s., distribuídas em oito famílias, representando cerca de 7% da flora. Polypodiaceae foi a família mais representativa em termos de número de espécies. Em um levantamento das Pteridófitas s.s. realizado no PEPF entre 1998 e 2000, foram amostradas 48 espécies distribuídas em 10 famílias e Polypodiaceae foi a segunda família mais representativa (COLLI; SOUZA; SILVA, 2003). Não foram amostradas hemiepífitas na área, sendo encontrada apenas uma espécie de Philodendron (Araceae), mas em material vegetativo. 4.4.2. Trepadeiras 4.4.2.1. Trepadeiras no PEPF As trepadeiras representam parcela significativa da flora não arbórea do PEPF, mais de 30% dela. Parcela significativa da diversidade em florestas tropicais é representada por trepadeiras (GENTRY; DODSON, 1987). Gentry e Dodson (1987) mostraram que de 16-24 % da flora pode ser constituída por trepadeiras, sendo sua composição mais alta em florestas mais secas. Na Reserva de Santa Genebra o número de trepadeiras levantadas também foi alto, 136 espécies, cerca de 20 % da flora total (arbóreas e não arbóreas) (LEITÃO-FILHO, 1995). 37 As trepadeiras competem com árvores por luz, água e nutrientes e essa competição tem forte pressão seletiva, podendo inclusive aumentar as taxas de mortalidade e de queda de árvores no interior de florestas (GENTRY, 1991). Têm sido por isso, vistas como problema principalmente em locais já alterados, como bordas de fragmentos e trilhas, e clareiras (HEGARTY, 1992). É fato que em áreas mais perturbadas, sua presença é mais notória. Segundo Hegarty e Caballé (1991), a distribuição e a abundância de trepadeiras na floresta não são uniformes. Há uma variação local influenciada pela aparente intolerância dessas plantas à sombra. Com isso, as trepadeiras têm mostrado grande abundância em locais onde há luz direta (HEGARTY; CABALLÉ, 1991). Segundo Leitão-Filho (1995), o grande número de trepadeiras na Reserva de Santa Genebra pode ser atribuído à formação vegetacional mais aberta, característica de floresta semidecídua, que permitiria maior entrada de luz no interior da floresta. De fato, a maioria das 82 espécies de trepadeiras foi coletada na borda do parque e em clareiras nas trilhas das Árvores Gigantes e do Poção. A abundância de trepadeiras no PEPF pode ser notada principalmente na borda próxima à estrada, onde as copas de muitas árvores e arbustos estão tomadas por elas e quase não podem ser vistas. Para contornar essa situação, na trilha das Árvores Gigantes – uma trilha interpretativa muito utilizada em visitas monitoradas junto a estudantes – o manejo junto às clareiras ali presentes foi realizado (SOUZA et al., 2009). No entanto, a interpretação da relação entre as trepadeiras e os demais componentes da vegetação dentro da comunidade exige cautela. Trata-se de um componente florístico e estrutural comum em florestas tropicais – cerca de 90 % delas são espécies tropicais. Devemos levar em conta também que as trepadeiras são importante fonte de recursos para os animais, fornecendo alimentos e componentes estruturais do habitat (GENTRY, 1991). Morellato e Leitão-Filho (1996) mostraram que na Reserva de Santa Genebra o padrão fenológico é distinto para árvores e trepadeiras. O florescimento das espécies das principais famílias de trepadeiras da área ocorre em período desfavorável ao florescimento das arbóreas, com pico na estação seca, e essa diferença pode ser uma maneira de reduzir a competição entre esses grupos por polinizadores. O resultado é um fornecimento contínuo de recursos na floresta. 4.4.2.2. Similaridade Florística Bignoniaceae apareceu em todas as seis áreas analisadas (Tabela 3) como a principal família em termos de número de espécies. Malpighiaceae e Sapindaceae também estiveram 38 entre as quatro principais famílias nessas áreas. Esses resultados são esperados, uma vez que essas famílias estão entre as principais famílias de trepadeiras neotropicais (GENTRY, 1991). Tabela 3. Similaridade florística de trepadeiras entre fragmentos de floresta estacional semidecídua do estado de São Paulo e o presente estudo. Local de estudo Área (ha) Tempo coleta (meses) N. espécies N. espécies em comum (ISJ) % Referência Reserva de Santa Genebra (Campinas) 250 36 136 34 19,21 Morellato e Leitão- Filho (1996) Fazenda Canchim (São Carlos) 112 13 45 12 11,53 Hora e Soares (2002)* Fazenda São José (Rio Claro, Araras) 230 20 148 37 20,90 Udulutsch; Assis e Picchi (2004) Gleba Maravilha (Parque Estadual de Vassununga) 127,08 14 120 30 21,13 Tibiriçá; Coelho e Moura (2006) Estação Ecológica de Caetetus (Gália, Alvinlândia) 2.178, 84 22 74 22 17,32 Udulutsch et al. (2010) Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) 611,55 19 82 - - Presente estudo A maioria das espécies das grandes famílias de trepadeiras encontra-se distribuída em grandes gêneros como Dioscorea, Smilax, Paullinia, Serjania, Ipomoea e Mikania (GENTRY, 1991). Os três últimos gêneros estiveram entre os principais nas áreas analisadas. O resultado da análise de similaridade florística não foi significativo entre nenhuma das cinco áreas analisadas e o PEPF, conforme sugestão de Muller-Dombois e Ellemberg (1974) de um valor mínimo de 25% de similaridade (Tabela 3). Os maiores índices (acima de 20%) foram observados quando comparada a lista de espécies do PEPF com a da Gleba Maravilha e da Fazenda São José (Tabela 3). A Gleba Maravilha localiza-se no Parque Estadual de Vassununga, a poucos quilômetros de Porto Ferreira. (ISJ): índice de similaridade de Jaccard. * Estudo fitossociológico. 39 4.5. Situação da área (estado de conservação) 4.5.1. Espécies ‘invasoras’ e espécies ameaçadas de extinção Das 241 espécies listadas neste estudo, 30 são descritas como daninhas (LORENZI, 1994) e/ou invasoras de culturas (LEITÃO-FILHO et al., 1982; ARANHA et al., 1982; BACCHI et al., 1984) (Tabela 4). Tabela 4. Espécies da flora não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira consideradas invasoras de culturas. Família Espécie Categoria AMARANTHACEAE Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze PI ASTERACEAE Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze PD, PI Chaptalia nutans (L.) Pol. PI Elephantopus mollis Kunth PI Mikania cordifolia (L. f.) Willd. PI Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason PI Parthenium hysterophorus L. PD, PI Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. PD, PI Synedrella nodiflora (L.) Gaertn. PI BIGNONIACEAE Pyrostegia venusta (Ker-Gawl.) Miers PI COMMELINACEAE Commelina benghalensis L. PD Merremia macrocalyx (Ruiz & Pav.) O'Donell PI CYPERACEAE Cyperus luzulae (L.) Retz. PI Rhynchospora exaltata Kunth PI EUPHORBIACEAE Croton lundianus (Didr.) Müll.Arg. PI FABACEAE Chamaecrista flexuosa (L.) Greene PI LAMIACEAE Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze PD, PI MALVACEAE Sida cordifolia L. PD, PI Sida linifolia Cav. PI Sida rhombifolia L. PD, PI Sida urens L. PD, PI Wissadula hernandioides (L.Hér.) Garcke PI PHYLLANTHACEAE Phyllanthus tenellus Roxb. PD POACEAE Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K.Simon & S.W.L.Jacobs PD, PI Setaria vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult. PI RUBIACEAE Mitracarpus hirtus (L.) DC. PI SOLANACEAE Physalis pubescens L. PI Solanum americanum Mill. PD, PI Solanum lycocarpum A. St.-Hil PI VERBENACEAE Lantana camara L. PI PD: Plantas Daninhas (Fonte: Lorenzi, 1994); PI: Plantas Invasoras (Fonte: Leitão-Filho et al., 1982; Aranha et al., 1982; Bacchi et al., 1984). 40 A família Asteraceae é a mais representativa em termos de número de espécies descritas como invasoras ou daninhas de culturas, com oito espécies dentre as 30. Malvaceae é a segunda família mais representativa com cinco espécies, quatro delas espécies de Sida (Tabela 4). Segundo Souza e Lorenzi (2008), esse gênero apresenta diversas espécies invasoras de culturas. Bernacci e Leitão-Filho (1996) estudaram a flora completa da Fazenda São Vicente (Campinas-SP) e, também se preocuparam em estender a lista florística às espécies ‘invasoras’. Os autores relataram Asteraceae como a principal família nessa categoria, seguida por Poaceae, com 22 e 14 espécies, respectivamente, de um total de 73 espécies ‘invasoras’. Asteraceae está mesmo entre as principais famílias ‘invasoras’ e é comum em formações abertas do Brasil como o cerrado, mas no interior de florestas densas suas espécies são raras (SOUZA; LORENZI, 2008). De fato, a maioria dessas espécies foi coletada no chão das trilhas e da borda do Parque próxima à estrada. Se alcançam o interior da floresta e lá se desenvolvem ou competem por recursos, é algo a ser avaliado futuramente. Segundo Colautti e McIsaac (2004) o emprego de termos como invasoras, daninhas, pragas, introduzidas, naturalizadas, exige cautela. Devemos considerar as relações ecológicas dentro da comunidade para inferirmos se a espécie em questão está causando algum dano ou não às outras espécies. Os autores nos lembram também que o critério para definir se uma espécie é invasora ou daninha não é taxonômico; uma espécie que causa algum dano à determinada cultura é natural em outra área. Solanum lycocarpum, por exemplo, é uma espécie característica de nossos cerrados. As 30 espécies listadas acima têm reconhecidamente potencial invasor em culturas, mas pouco se sabe a esse respeito em vegetação natural. O intuito de indicar esses nomes é apenas para que sirvam como base para futuros estudos da relação entre essas e as demais espécies da área. Portanto, esses dados referem-se à agricultura, sendo aqui citados pela carência de dados. A única espécie que é reconhecidamente um problema para o Parque Estadual de Porto Ferreira (PEPF) é uma espécie de bambu orginária da China, Phyllostachys aurea Rivière & C. Rivière – não coletada pela ausência de material fértil. Conhecida e cultivada por seu uso como vara-de-pesca, passa a ser um inconveniente quando seus rizomas vão além da área plantada (LORENZI; SOUZA, 2001). Trazida para o PEPF há algum tempo, quando ainda era fazenda, tem se espalhado por uma área significativa e seu controle tem sido feito por meio de barreiras físicas como abertura de valas para a contenção de seus rizomas. 41 Do ponto de vista da conservação de remanescentes de vegetação natural, um passo importante para sua gestão, além de reconhecer as espécies com potencial ‘invasor’, é verificar a presença de espécies ameaçadas de extinção. Analisamos as espécies listadas para a flora não arbórea com o intuito de verificar se alguma delas constava como espécie ameçada ou quase ameaçada de extinção. Notamos que seis delas estão na lista de espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo, elaborada por Mamede et al. (2007) (Tabela 5): Tabela 5. Espécies da flora não-arbórea do Parque Estadual de Porto Ferreira ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção. FAMÍLIA ESPÉCIE CATEGORIA Cactaceae Lepismium warmingianum NT Menispermaceae Cissampelos pareira VU Poaceae Streptochaeta spicata VU Rubiaceae Galianthe vaginata VU Rubiaceae Psychotria capitata EN Rubiaceae Psychotria tenuifolia EN Isso comprova a importância de estudos florísticos para o conhecimento da vegetação, resultando em medidas efetivas para a conservação de uma área, no caso, Unidade de Conservação de Proteção Integral sob a categoria de Parque Estadual. 4.5.2. Novas ocorrências (para o estado de São Paulo e para o PEPF) Das 241 espécies não arbóreas descritas no presente estudo, 15 constam nos levantamentos anteriores. Assim, podemos considerar que, 226 espécies foram citadas pela primeira vez para o PEPF. De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (FORZZA et al., 2010), seis dessas espécies não estão listadas para o estado de São Paulo. São elas: Melampodium paniculatum, Mikania triangularis, Polymnia silphioides, Tillandsia tricholepis, Rhynchosia minima e Olyra humilis. Categorias: Em Perigo (EN), Vulnerável (VU), Quase Ameaçada (NT). Fonte: Mamede et al. (2007). 42 5. CONCLUSÃO A contribuição da flora não arbórea para o Parque Estadual de Porto Ferreira é significativa, uma vez que corresponde a quase 50% de toda a flora. A parcela significativa de contribuição da flora não-arbórea para a diversidade do PEPF, como para outras áreas, demonstra que podemos estar subestimando a diversidade de nossas florestas. No PEPF, do ponto de vista florístico, as ervas terrestres são a forma de vida mais importante da flora não-arbórea, seguida de perto pelas trepadeiras. A similaridade florística, entre a área do presente estudo e as demais oito áreas aqui listadas, sete de Floresta Estacional Semidecídua e uma área de cerradão, não é significativa. A escassez de estudos da flora não-arbórea torna difícil a interpretação desse resultado. Fica aqui a dúvida se pode haver similaridade entre áreas levando-se em conta somente as espécies não arbóreas. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APG III-THE ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of Linnean Society, London, v. 161, p. 105-121, out. 2009. Disponível em: < http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x/pdf>. Acesso em: 10 ago. 2011. ARANHA, C.; BACCHI, O.; LEITÃO-FILHO, H. F. Plantas Invasoras de Culturas no Estado de São Paulo. Campinas: EDITORA DA UNICAMP. 1982. p. 292-597. v. 2. BACCHI, O.; LEITÃO-FILHO, H. F.; ARANHA, C. 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INTRODUÇÃO De modo geral, as pesquisas das comunidades vegetais em florestas tropicais têm por base, principalmente, o estudo do componente arbóreo (TURNER; TAN; CHUA, 1996). Segundo Gentry e Dodson (1987), quando comparada com qualquer outro tipo de vegetação, as florestas tropicais úmidas apresentam não apenas as áreas mais ricas em espécies arbóreas, como também são muito mais representativas em espécies não-arbóreas. O estrato herbáceo-subarbustivo pode constituir de 36-52% das espécies de uma flora (GENTRY; DODSON, 1987). Por isso, a importância de estudos que avaliem esse estrato, mas para isso, a escolha da metodologia é um passo determinante. A reprodução vegetativa é comum entre as ervas (RICHARDS, 1996), e isso torna difícil, se não impossível, a distinção de indivíduos. Este aspecto reprodutivo deve ser levado em conta no momento da escolha da metodologia para estudo de sua estrutura. Trabalhos de Meira-neto e Martins (2000; 2003), com o intuito de estudar o estrato herbáceo-arbustivo, a