UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ACOMPANHAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO PRÉ-NATAL EM CADELAS DA RAÇA SPITZ ALEMÃO ANÃO MARIANA DE MELO SANTOS Botucatu – SP Setembro 2021 II UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA MARIANA DE MELO SANTOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Biotecnologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Denise Lopes Botucatu – SP Setembro 2021 Palavras-chave: Cadelas; Gestação; Previsão do parto; Ultrassonografia. Santos, Mariana de Melo. Acompanhamento ultrassonográfico pré-natal em cadelas da raça Spitz alemão anão / Mariana de Melo Santos. - Botucatu, 2021 Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Orientador: Maria Denise Lopes Capes: 50504002 1. Cão - Raças. 2. Ultrassonografia veterinária. 3. Gravidez. 4. Trabalho de parto. 5. Cuidado pré-natal. DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. III Nome do autor (a): Mariana de Melo Santos Título: ACOMPANHAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO PRÉ-NATAL EM CADELAS DA RAÇA SPITZ ALEMÃO ANÃO BANCA EXAMINADORA Prof.ª Dr.ª Maria Denise Lopes Presidente e Orientadora Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal – FMVZ- Unesp- Botucatu Prof. Dr.ª Maria Jaqueline Mamprim Membro Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal – FMVZ- Unesp- Botucatu Prof .Dr. Rodrigo Freitas Bittencourt Membro Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas Veterinárias - Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia – UFBA Data da Defesa: 29 de setembro de 2021. IV Dedico aos meus pais, Ana Cecilia de Melo Santos, Ademário Barbosa Santos e a minha avó Luzia Maria Tereza Lira de Melo, meus alicerces e exemplos de amor incondicional. V AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida, por ter me plantado em um terreno fértil onde pude me desenvolver e buscar minha versão melhor a cada dia, são tantas graças que a única explicação seria a condução Dele. Aos meus pais, Ademário e Ana que sempre me apoiaram, incentivaram e respeitaram as minhas empreitadas, também a minha avó que sempre foi meu exemplo de amor incondicional. À Professora Denise, que me mostrou o lado positivo e gracioso da orientação, nossos encontros sempre transcendiam as expectativas e até se tornaram terapêuticos. A senhora foi um verdadeiro brilho e luz na minha carreira e sou uma completa felizarda por ter tido a senhora como orientadora, minha eterna gratidão. Ao meu namorado Eduardo Jodi Kuninari que foi meu amparo na minha jornada em Botucatu e que também se disponibilizou a contribuir com o que fosse possível na condução do projeto, você foi um companheiro para todos os momentos. Às colegas da radiologia, em especial a Jeana Pereira da Silva, que estiveram ao meu lado para me ajudar com as imagens e me deram forças para prosseguir para que o projeto se tornasse realidade Ao canil Piccoli Sogni , representado pela Tatiana Vieira e Cynthia Queiroz que permaneceu de portas abertas durante todo o período da pesquisa se tornando um ambiente de agradável convívio. E finalmente agradeço as três grandes universidades responsáveis pela minha formação como médica veterinária, UFBA, UEL e UNESP, me sinto rica de vitória pessoal e profissional, convivi com excelentes professores, fiz meus melhores amigos e me sinto honrada por todas as oportunidades e conhecimentos que a mim foram concedidos. VI O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), Código de Financiamento 001, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) - Número do processo 2012/02484-2. VII LISTA DE ABREVIATURAS CBKC: Confederação Brasileira De Cinofilia CCL: Comprimento Cabeça Nádega ou última vertebra lombar CF: Comprimento do Fêmur CNL: Comprimento da nuca até a última vertebra DAB: Diâmetro Abdominal DC: Diâmetro do Corpo DBP :Diâmetro Biparietal DUE: Diâmetro Uterino Externo DSG: Diâmetro do Saco Gestacional EP: Espessura de Placenta FCF: Frequência Cardíaca Fetal FCM: Frequência Cardíaca Materna FCI: Federação Cinológica Internacional HR: Heart Rate (Função do aparelho para detectar frequência cardíaca) IA: Inseminação Artificial ICC: Cavidade Coriônica Interna IR: Índice de Resistividade LH: Hormônio Luteinizante P4: Progesterona PDU: Primeira Detecção Ultrassonográfica PGF2 α: Prostaglandina 2 α TF: Tamanho De Fêmur US: Ultrassonografia VIII SUMÁRIO RESUMO ......................................................................................................................................... 1 ABSTRACT ....................................................................................................................................... 2 1.INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 4 2.1 - Sobre a raça Spitz Alemão Anão ........................................................................................ 7 2.2 – Gestação .......................................................................................................................... 10 2.3 – Diagnóstico de gestação ................................................................................................. 13 2.4 – Ultrassonografia .............................................................................................................. 15 2.4-1 Idade gestacional: organogênese ............................................................................... 15 2.4 -2 Idade gestacional: biometria fetal ............................................................................. 22 2.4-3 Maturidade fetal/Estresse Fetal ................................................................................. 29 3. Considerações Finais: ........................................................................................................... 32 4. Referências ........................................................................................................................... 34 ACOMPANHAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO PRÉ-NATAL EM CADELAS DA RAÇA SPITZ ALEMÃO ANÃO. ........................................................................................................................................... 40 Resumo......................................................................................................................................... 41 Introdução .................................................................................................................................... 43 Material e Métodos ..................................................................................................................... 44 Resultados .................................................................................................................................... 49 Discussão ...................................................................................................................................... 57 Conclusão ..................................................................................................................................... 63 1 RESUMO SANTOS, M. M. ACOMPANHAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO PRÉ-NATAL EM CADELAS DA RAÇA SPITZ ALEMÃO ANÃO, Botucatu – SP. 2021. 79p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP. Na Medicina Veterinária a ultrassonografia (US) pré-natal é um exame consolidado para o diagnóstico e acompanhamento gestacional nos animais de companhia. A técnica da ultrassonografia foi introduzida para o diagnóstico e acompanhamento da gestação na década de 70, e desde então, evoluiu continuamente por ser uma avaliação segura, não invasiva e capaz de detectar a gestação precocemente. A biometria fetal e extra fetal, a evolução cronológica das estruturas fetais e a análise das variações da frequência cardíaca associada as medidas do índice de resistividade do cordão umbilical do feto no final da gestação se constituem em métodos seguros para avaliação da fase gestacional e da predição do dia do parto pela ultrassonografia nas cadelas. O comprimento da gestação nas cadelas é muito variável quando estimada a partir do dia das coberturas (58 a 71 dias), por isso a determinação exata da idade gestacional é um dado importante na obstetrícia veterinária, principalmente para as cadelas que apresentam dificuldade no momento do parto e eventual planejamento da cesariana. O exame ultrassonográfico a despeito de ser uma avaliação segura e não invasiva pode estimar erroneamente o momento do parto se não forem levados em conta o tamanho e/ou a raça da fêmea gestante. Em vista do exposto o objetivo desta revisão de literatura é discutir e descrever o acompanhamento gestacional de cadelas da raça spitz alemão anão, por meio de exames ultrassonográficos seriados. Palavras chave: gestação, previsão do parto, ultrassonografia, cadelas. 2 ABSTRACT SANTOS, M. M. PRE-NATAL ULTRASONOGRAPHIC EVALUATION IN POMERANIAN BITCHES, Botucatu – SP. 2021. 79 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP. In Veterinary Medicine the pre-natal ultrasound (US) is an important technique for diagnosis and examination of ongoing pregnancies in small animals. First introduced in the 70s, the ultrasound brought great efficiency for pregnancy diagnosis as well as allowed the performance of careful evaluation of the pregnancy throughout its course. Since its introduction, the technique developed continuously due to the advantages of being safe, non-invasive and capable of performing early-pregnancy diagnosis. In addition, the performance of fetal biometrics, chronological evolution of fetal structures and the analyses of the variation in heart rate in association with the resistivity index of the umbilical cord in the last portion of the pregnancy, are considered safe and sound examples of US utilization in bitches and can assist in the identification of the stage of the pregnancy as well as predict the birth date. Importantly, the pregnancy length is quite variable when estimated only based on the mating (58-71 d), therefore, a more exact birth date is of fundamental importance in veterinary obstetrics, even more for females with previous history of problematic labors and eventually may need a c-section intervention. Lastly, despite being a safe and non-invasive technique, if the size and breed of the female are not considered at the moment of examination it’s likely that a bias will be introduced when indicating an estimate date for the birth. Therefore, based on the above indicated, the objective of this literature review is to discuss and describe the pregnancy continuous evaluation in Pomeranian bitches through the utilization of seriate US examinations. Keywords: pregnancy, birth date, ultrasonography, bitches. Capítulo 1 4 ACOMPANHAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO PRÉ-NATAL EM CADELAS DA RAÇA SPITZ ALEMÃO ANÃO. 1.INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA A medicina materna-fetal é uma especialidade médica recente que propõe o acompanhamento da gestação e do desenvolvimento fetal através do exame clínico, do exame ultrassonográfico e do acompanhamento genético. Esta especialidade vem cada vez mais se estabelecendo como rotina no acompanhamento gestacional e no diagnóstico precoce das alterações fetais. A medicina veterinária materna-fetal acompanha a evolução vista na medicina e é considerada hoje como um conjunto de ações de finalidades distintas – preventiva, diagnóstica e terapêutica capaz de proteger, avaliar e acompanhar a saúde do feto e da gestante. Na Medicina Veterinária a ultrassonografia (US) pré-natal é um exame bem estabelecido para o diagnóstico e acompanhamento gestacional nos animais de companhia. O exame ultrassonográfico com essa finalidade deve ser realizado de forma sistemática, categorizado em diferentes análises como a biometria fetal, organogênese, análise da viabilidade fetal e acompanhamento minucioso principalmente nos dias que antecedem o parto. A técnica da ultrassonografia foi introduzida para o diagnóstico e acompanhamento da gestação em 1978 (MATTOON e NYLAND, 2015) e, desde então, evoluiu continuamente por ser uma avaliação segura, não invasiva e capaz de detectar a gestação precocemente. A alta tecnologia dos equipamentos e a escolha por transdutores de alta frequência associada à alta resolução de imagem possibilitam um melhor detalhamento na avaliação da vesícula embrionária e do embrião. Apesar de todo avanço e evolução da avaliação ultrassonográfica nos animais de companhia, um ponto deve ser considerado: a dificuldade em se determinar com exatidão a idade gestacional em cadelas pela ultrassonografia, devido às variações fisiológicas reprodutivas das fêmeas caninas. A determinação exata da idade gestacional é um dado importante principalmente 5 para as cadelas que apresentam dificuldade no momento do parto e eventual planejamento da cesariana. As razões pelas quais a determinação da idade gestacional é importante relaciona-se à necessidade de planejar e prever a data do parto principalmente naquelas fêmeas candidatas a uma cirurgia cesariana: raças braquiocefálicas, cadelas de raças muito grandes ou de raças muito pequenas com feto único, paciente com histórico de distocia ou inércia uterina e ainda pacientes com gestação de alto risco - portadoras de diabetes mellitus ou toxemia, cadelas idosas ou fêmeas que sofreram qualquer tipo de trauma (LOPATE, 2018). O comprimento da gestação nas cadelas é muito variável quando estimada a partir do dia das coberturas (58 a 71 dias). Uma variação de 13 dias de um total de 8 a 9 semanas é um intervalo amplo, portanto, a determinação da provável data do parto pode ser extremamente inadequada quando avaliada a partir das datas de cobertura (LUVONI e BECCAGLIA, 2006). A grande variabilidade no comprimento da gestação canina é causada por duas razões: A primeira é a longa sobrevivência dos espermatozoides do cão no trato genital feminino durante a fase do estro. Espermatozoides móveis são recuperados do útero em concentrações razoáveis de 4 a 6 dias após as coberturas e em número diminuído após 11 dias de uma única cobertura. A segunda razão é a variação no intervalo do início do estro até as ovulações; a primeira cobertura pode ocorrer tão cedo como 10 a 11 dias antes ou 2 a 3 dias mais tarde que as ovulações (HOLST e PHEMISTER, 1974). A previsão da data do parto pode ser feita por meio da medição ultrassonográfica de estruturas extra fetais e fetais quando o tempo de ovulação das fêmeas é desconhecido (BECCAGLIA et al., 2016). Tais mensurações dependem da estrutura corpórea a ser mensurada, da posição e orientação do feto em relação ao transdutor e também do período gestacional. Porém, o exame ultrassonográfico pode estimar erroneamente o momento do parto se não forem levados em conta o tamanho e/ou a raça da fêmea gestante (TEIXEIRA e WISCHRAL, 2008). As raças miniaturas (peso corporal menor que 5kg) representam um grupo bastante popular entre os cães, e as dificuldades no parto https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352020000300761&lng=en&nrm=iso#B19 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352020000300761&lng=en&nrm=iso#B19 6 são mais frequentes em comparação a outras raças, tornando necessário um melhor aprofundamento nos estudos desses animais (SOCHA e JANOWSKI, 2018). Quando a fase gestacional é desconhecida a US é a melhor maneira de predizer a possível data do parto; as medidas extra fetais e fetais podem prever com certa segurança a fase gestacional tanto no início como no final da gestação. A biometria na gestação inicial (19-35 dias) pode ser realizada pela análise da mensuração do diâmetro do saco gestacional (cavidade coriônica interna - CCI) (LOPATE, 2018). Desde a sua primeira detecção até os 45 dias (aproximadamente 25 dias antes do parto) essa estrutura anecoica com margens definidas permanece com contorno esférico e fácil de ser medida (LUVONI e GRIONI 2000). Após 35º dia de gestação a relação comprimento cabeça-cauda - CCL (NYLAND e MATTOON, 2002) é um parâmetro confiável e altamente correlacionado com a idade gestacional, entretanto, essa medida é considerada uma estrutura limítrofe pois não pode ser medida após os 45 dias de gestação devido a flexão do feto tanto lateral como ventro dorsal impedindo sua avaliação (ENGLAND et al. 1990), As tentativas de se obter um método seguro para a avaliação gestacional e predizer o dia do parto pela ultrassonografia passam pelas diferentes ferramentas ultrassonográficas disponíveis, como a biometria fetal, organogênese, e atualmente a análise das variações da frequência cardíaca associadas às medidas do Índice de Resistividade (IR) do cordão umbilical do feto no pré - parto (GIL et al., 2014; GIANNICO et al., 2015; LOPATE, 2018). Segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), existem atualmente 350 raças de cães. Cães do tipo Spitz são bem adaptados ao frio, e são utilizados como companhia e cães de guarda, entretanto, no Brasil tem ganhado popularidade devido a beleza da pelagem exuberante, e ao fato de estar sempre atento, esperto e por ser excepcionalmente devotado ao seu dono. Ainda segundo a CBKC, essa raça não passa de 46 centímetros de altura de cernelha (20 a 46 cm), assumindo também um local de destaque no quesito valor comercial. Os desafios da prática obstétrica desta raça passam justamente pelo tamanho da raça onde as dificuldades no momento do parto são mais frequentes. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352020000300761&lng=en&nrm=iso#B17 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352020000300761&lng=en&nrm=iso#B17 7 Acredita-se que o conjunto de dados obtidos pela biometria fetal em associação com a análise da organogênese seja a melhor forma de avaliar a gestação e estimar a data do parto em cadelas, sempre se correlacionando com os aspectos clínicos da gestante. Em vista do exposto o objetivo dessa revisão é descrever o acompanhamento ultrassonográfico pré-natal: organogênese e a biometria fetal na segunda metade da gestação em cadelas. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 - Sobre a raça Spitz Alemão Anão Segundo a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CINOFILIA – CBKC, os Spitz Alemães são descendentes dos cães da Idade da Pedra: “Peat dogs” (Torfhund), “Canis familiaris palustris Rüthimeyer” e mais tarde do Lake Dweller’s (Pfahlbau) Spitz; são as raças de cães mais antigas da Europa Central. Muitas outras raças foram criadas a partir delas. (Disponível em: http://cbkc.org/application/views/docs/padroes/padrao-raca-122.pdf). Acessado em 7/7/21. A primeira referência documentada do spitz é do ano de 1450, a maioria dos membros iniciais dessa raça vieram da província de Pomerânia, daí o nome de Pomerânia (Disponível em: https://www.ukcdogs.com/german-spitz) Acessado em 7/7/21. Spitz-alemão-anão (em alemão: Zwergspitz), também conhecida como lulu-da-pomerânia, é a menor variedade da raça spitz alemão. Classificado como uma raça toy por causa do seu pequeno tamanho, o lulu-da-pomerânia é um cão de companhia descendente de cães maiores do tipo Spitz, especificamente do spitz alemão. Foi determinado pela Federação Cinológica Internacional (FCI) como sendo parte da raça spitz alemão; e, em muitos países, eles são conhecidos como Zwergspitz ("spitz-anão"). Spitz alemão anão – Pomerânia - é uma variedade miniaturizada do Spitz Alemão. Enquanto nos Estados Unidos é considerado uma raça distinta, no Brasil e no resto do mundo a variedade é oficialmente chamada de Spitz Alemão http://cbkc.org/application/views/docs/padroes/padrao-raca_122.pdf https://www.ukcdogs.com/german-spitz https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_alem%C3%A3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz_alem%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz_(c%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz_alem%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%A3o_Cinol%C3%B3gica_Internacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%A3o_Cinol%C3%B3gica_Internacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz_alem%C3%A3o 8 Anão. A raça foi reconhecida pelo Kennel Clube Inglês em 1870, mas tornou-se popular somente ao final do século XIX, quando a Rainha Vitória, em visita a região de Florença, na Itália, apaixonou-se pela raça, e de volta a Inglaterra iniciou a sua própria criação. Os Spitz cativam pela beleza de sua pelagem, feita para ficar externamente ao abundante subpelo. Particularmente impressionante é o forte tipo de juba ao redor do pescoço (“rufo”) e a espessa cauda atrevidamente portada sobre o dorso. A cabeça de raposa com olhos alertas e as pequenas orelhas pontudas, inseridas próximas uma da outra, dão ao Spitz sua característica única, uma aparência atrevida. O Spitz Alemão está sempre atento, esperto e é excepcionalmente devotado ao seu dono. É muito dócil e possível de ser treinado. Sua desconfiança com estranhos e sua ausência de instinto de caça fazem dele um cão de guarda ideal para casas e fazendas. Ele não é nem tímido nem agressivo. Indiferente às intempéries, robustez e longevidade são seus atributos mais importantes. As cores do Spitz anão: Preto, marrom, branco, laranja, cinza prateado, outras cores. As principais características da raça Spitz Alemão Anão encontram-se no Quadro 1. 9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz Quadro 1: Principais características da raça Spitz Alemão Anão. https://pt.wikipedia.org/wiki/Spitz 10 2.2 – Gestação Muitos aspectos da gestação nas cadelas são únicos entre as fêmeas domésticas, por isso o conhecimento do período de gestação e sua relação com as ovulações, fertilizações, desenvolvimento embrionário e fetal e modificações específicas da gestação na fisiologia materna são essenciais quando os serviços veterinários de manejo de coberturas ou acompanhamento de gestação são solicitados (CONCANNON e VERSTEGEN, 1998; CONCANNON, 2000). Esse conhecimento é importante também para decisões em casos de falha na gestação, cesariana eletiva e distocias. Um fator relevante é que a duração da gestação e eventos ocorridos durante a gestação se repetem e são previsíveis quando vistos em relação ao momento das ovulações ou do surgimento da onda pré-ovulatória de LH. O intervalo da onda pré-ovulatória de LH ao parto é previsivelmente 65 ±1 dia em aproximadamente todas as gestações caninas, a despeito do intervalo normal das coberturas ao parto variar de 55 a 70 dias (CONCANNON, 2000). O comprimento da gestação nas cadelas é determinado com maior segurança quando se considera a onda pré-ovulatória de LH ou as ovulações como ponto inicial; o parto ocorre 65 ±2 dias após a onda de LH (CONCANNON, 2000). Devido à grande variabilidade do comprimento do ciclo estral e do comportamento receptivo das cadelas e a longa sobrevivência dos espermatozoides no trato reprodutivo das fêmeas, o uso das datas de coberturas não é uma forma segura de estimar a idade gestacional; assim o parto nas cadelas pode ocorrer de 58 a 71 dia após as coberturas (RENDANO et al. 1986, CONCANNON, 2000). Quando o momento da onda pré-ovulatória de LH ou das ovulações são desconhecidos para permitir uma identificação segura da data do parto, a avaliação da idade gestacional e da maturação fetal são necessárias, principalmente naqueles casos em que a fêmea requer cuidados veterinários durante o parto; isso permite que o criador e o veterinário estejam preparados 11 para assistir e intervir, se necessário. Fêmeas nas quais a cesariana eletiva é desejável, nos casos de feto único, raças gigantes com ninhadas pequenas, cadelas com ninhadas grandes em que a inercia uterina é resultado da antecipação do parto ou cadelas com histórico de distocia anterior ou inercia uterina primária. Nas gestações únicas a liberação de PGF2α pela unidade placenta/útero pode ser insuficiente para causar luteólise e iniciar o trabalho de parto. Também nos casos de cadelas com gestação de risco incluindo diabetes mellitus ou toxemia da gestação ou ainda cadelas que requerem suplementação de progestágenos devido a falha lútea como resultados de endometrites crônicas, stress, aborto parcial ou insuficiência lútea idiopática. Ainda em casos de fêmeas que entram em parto prematuro devido a alterações no miométrio em decorrência de desnutrição, stress ambiental, trauma ou causas inflamatórias ou ainda em casos cujo parto é interrompido pelo uso de agentes tocolíticos (LOPATE, 2008). A duração da gestação nas cadelas é relativamente curta quando comparada com a de outros animais domésticos, somente 63 dias após as ovulações, portanto, os filhotes nascem imaturos e o desenvolvimento final de muitos órgãos é finalizado dentro de semanas ou meses após o nascimento. Consequentemente um desenvolvimento significativo de muitos sistemas ocorrem durante os dias finais da gestação. A falha dos fetos para completar sua maturidade pode resultar em falha para sua sobrevivência pós-parto. Além disso, devido à natureza da placenta canina, se o feto excede em 2 dias seu nascimento, a demanda aumentada de suporte nutricional é capaz de provocar a morte fetal (LOPATE, 2008). Na prática da medicina veterinária a US é a avaliação pré-natal mais importante para estudo da viabilidade, da anatomia e da idade gestacional dos fetos (BECACLIA et al, 2016). O exame ultrassonográfico permite a avaliação do status gestacional, viabilidade fetal, investigação uterina e estruturas abdominais extra reprodutivas, sendo, portanto, a avaliação mais utilizada durante o acompanhamento gestacional em cadelas de acordo com Kustritz, (2005). Além da versatilidade, a ultrassonografia apresenta baixo custo operacional, além de ser considerada segura, não invasiva, e não utilizar radiação ionizante (PAPP e FEKETE, 2003; BELTRAME et al., 2010). 12 A maioria das estruturas embrionárias e fetais podem ser visibilizadas na US durante seu desenvolvimento, desde a vesícula embrionária no início da gestação até o intestino fetal durante a última semana de gestação. O dia no qual cada estrutura torna-se visível no US pela primeira vez é relevante do ponto de vista clínico - correlaciona-se com idade gestacional e indiretamente com o dia do parto e é definido como a primeira detecção ultrassonográfica (PDU) geralmente descrita em relação ao pico da onda pré-ovulatória de LH ou do dia das ovulações (YEAGER, et al, 1992; LENARD, et al, 2007; BECCAGLIA et al. 2016; ARLT, 2020; SIENA e MILANI, 2021). Cabe ressaltar um aspecto importante na avaliação da gestação das cadelas, que diz respeito ao perfil individual de cada feto, em que podem ser diagnosticadas anormalidades fetais em diferentes graus de comprometimento (para o feto, a ninhada e/ou a gestante), inclusive fetos mortos e em processo de mumificação ou maceração. No entanto, os achados sonográficos não podem determinar a causa da morte fetal, que é mais comum na primeira metade da prenhez (ENGLAND et al., 1990). O segundo mês da gestação em cadelas é também o momento em que ocorrem as mudanças mais evidentes na anatomia fetal. Porém, a data da gestação baseada nestes parâmetros torna-se menos acurada para raças miniaturas e gigantes, ou ainda para gestações contendo apenas um ou dois fetos (YEAGER et al., 1996). A estimativa do tempo de gestação baseada nas aparências anatômicas pode ser influenciada pela experiência do operador ou por fatores técnicos (incluindo a frequência do transdutor) que afetam a resolução da imagem ultrassonográfica (BECK et al., 1990). De acordo com a revisão de Froes e Gil (2019) a realização de pelo menos três exames ultrassonográficos pré-natais é recomendada, sendo que no final da gestação a frequência dos exames pode variar, dando-se mais atenção as fêmeas que sabidamente terão maiores dificuldades de parto eutócico, e que provavelmente serão acompanhadas nesses dias/horas finais pré cesariana. Dessa maneira, o exame auxilia o obstetra de forma mais eficiente na definição do melhor momento em que a paciente deve ser encaminhada para uma cirurgia cesariana. 13 Apesar de todas as indicações de uso da US, três pontos de maior limitação devem ser lembrados: a qualidade do equipamento em que se está realizando o exame, a experiência do operador do exame e fatores da paciente. Os fatores da paciente que devem ser considerados são: a docilidade da fêmea durante o exame, o tamanho e acúmulo de gordura intra-abdominal, a frequência respiratória materna durante o exame, o tamanho da ninhada, a característica da pele e a qualidade da tosa. A tosa e a aplicação do gel são imprescindíveis para um exame de boa qualidade, ainda mais quando se buscam detalhes e uma análise precisa da vascularização pelo dúplex ou tríplex Doppler (FROES e GIL, 2019). 2.3 – Diagnóstico de gestação O método mais tradicional para o diagnóstico de gestação em cadelas é a palpação do abdômen. Esse procedimento permite que um examinador avalie as modificações morfológicas das estruturas presentes no abdômen. Com a gestação, o útero aumenta e pode ser palpado mais facilmente. No início, é possível a detecção de um aumento inespecífico dos cornos uterinos, entretanto, quando a tensão muscular é considerável ou quando a ninhada é pequena, a margem de erro nesse procedimento aumenta. Tomando-se por base o momento da ovulação, as vesículas embrionárias já podem ser palpadas após 20 dias como estruturas esféricas de cerca de 1 cm de diâmetro, normalmente espaçadas de maneira uniforme dentro do útero. Elas são mais facilmente identificadas em animais que não têm excesso de peso. Após o trigésimo quarto dia da ocorrência da ovulação, as vesículas não serão mais identificáveis como estruturas esféricas individualizáveis (FREITAS e SILVA, 2008). No segundo terço da gestação, a palpação abdominal apresenta uma taxa de precisão de 87-88% para diagnóstico positivo e de 73% para o diagnóstico negativo. Os veterinários têm maior tendência a equivocar-se com um falso- positivo. No que diz respeito à avaliação do tamanho da ninhada, a palpação abdominal apresenta apenas 12% de segurança. Segundo England (1998), a palpação abdominal pode ser dificultada em cadelas obesas ou nervosas. Este mesmo autor afirma que o procedimento deva ser realizado por volta do 30º dia de gestação, com uma acurácia próxima a 90%. 14 De acordo com NYLAND & MATTOON, (2004) na avaliação da gestação canina os meios de diagnóstico por imagem utilizados são os exames radiográficos e ultrassonográficos, pois são acessíveis e fornecem informações importantes sobre a fêmea e sobre o desenvolvimento fetal. Importante ressaltar que, o exame radiográfico utiliza radiações ionizantes que são capazes de causar alterações irreversíveis principalmente em células pouco diferenciadas, como é o caso do feto em seu desenvolvimento. Além disso, a contribuição diagnóstica é pobre com relação à organogênese e maturação fetal, pois, não traz informações referentes à viabilidade fetal e nem podem auxiliar na predição da data de parto, limitando-se a contagem numerária dos fetos e estimativas sobre a relação materno-fetal (NYLAND & MATTOON, 2004; LUZ et al., 2005). A radiografia pode diagnosticar a gestação a partir dos 21 dias de prenhez, contudo por não existir calcificação fetal nesta fase, visibiliza-se apenas o aumento do útero, com presença de densidade água em seu interior, o que pode conduzir a diagnósticos equivocados, como por exemplo, a piometra. Segundo PEIXOTO (2009) aos 45 dias de gestação já ocorreu calcificação fetal e é possível visibilizar os fetos, estimar o tamanho da ninhada e observar o diâmetro pélvico da cadela, em estudo de possíveis distocias. Os posicionamentos recomendados para avaliação abdominal em cães são latero-lateral, ventro- dorsal e dorso-ventral, sendo os dois primeiros os mais utilizados no diagnóstico radiográfico da fêmea gestante, tendo em vista o conforto do animal. Testes de dosagem plasmática de relaxina podem detectar a gestação tão cedo quanto 21 dias após a cópula em cadelas, por ser a relaxina um hormônio sintetizado pela placenta. O aumento de sua concentração inicia-se entre os dias 20 e 30 da gestação, com o pico ocorrendo entre os dias 40 e 50. Tais testes estão disponíveis na forma de kits comerciais, porém não são comercializados no Brasil (BUFF et al., 2001; LUZ et al., 2005). A avaliação do perfil hematológico e bioquímico da cadela gestante pode representar uma alternativa da indicação do diagnóstico gestacional. Podem ser avaliados creatinina, eritrograma e atividade antitrombina III. Todos esses itens estarão alterados em caso de gestação, com grau variável de redução (KUSTRITZ, 2005). 15 O exame ultrassonográfico é o meio de diagnóstico mais preciso para avaliação da prenhez de cadelas, além de ser totalmente inócuo para a fêmea e para os fetos. Por meio desta técnica de imagem pode-se confirmar a gestação e avaliar a idade gestacional, as condições de ovários, útero e as estruturas e condições vitais dos fetos (SERRA e GUIMARÃES, 1996). Existem dois tipos de diagnósticos gestacionais ultrassonográficos descritos pela literatura veterinária em caninos. São eles: modo Doppler e modo B (KUSTRITZ, 2005). O modo B ou ultrassom em tempo real convencional permite a avaliação do status gestacional, número de fetos, viabilidade fetal, investigação uterina e estruturas abdominais, extra reprodutivas (KUSTRITZ, 2005). Para a maioria das cadelas, os sonogramas diagnósticos podem ser realizados com transdutores de 3,75 ou 5MHz. Em cadelas de raças toy, o exame pode ser realizado com transdutor de 5MHz (KUSTRITZ,2005); Feliciano et al. (2007),utilizaram transdutores multifrequenciais de 5 a 15MHz. 2.4 – Ultrassonografia 2.4-1 Idade gestacional: organogênese O diagnóstico da gestação inicial ocorre entre 19 e 21 dias de gestação e nessa fase o concepto tem aproximadamente 1.0 cm de diâmetro (ENGLAND e ALLEN, 1990; LOPATE, 2008; MICHEL et al. 2011); um aumento uterino principalmente na região do corpo pode ser identificado nesse momento e o diagnóstico de gestação não deve ser confirmado se somente o corpo do útero aumentado de tamanho for constatado. Esse aspecto é decorrente da ação hormonal do ciclo estral que pode levar a um aumento fisiológico do útero, totalmente inespecífico. Desse modo, recomenda-se a reavaliação para evitar falso diagnóstico, visto que o útero gravídico e o útero não gravídico são indistinguíveis antes da visualização das vesículas gestacionais. O diagnóstico definitivo de gestação é confirmado pela visualização da vesícula gestacional, por volta dos 19 dias de gestação, que se caracteriza por uma bolsa anecoica esférica (TEIXEIRA, 2002; NYLAND E MATOON 2005). Outro ponto a ser considerado, é que, nessa fase, o diagnóstico é facilitado em fêmeas menores e mais magras, todavia, se a detecção do concepto não for possível, 16 principalmente em fêmeas obesas, não se deve diagnosticar como negativo, e sim repetir o exame com 23 a 25 dias de gestação (LOPATE, 2018). A detecção do embrião, propriamente dito, varia entre 22° ao 25° dias de gestação, sendo caracterizada como uma estrutura hiperecogênica homogênea, separada da parede uterina e se projetando para o interior da vesícula gestacional. Nesse momento não é possível a diferenciação das estruturas embrionárias, porém, é possível a mensuração do comprimento do feto (ENGLAND, 1998). No 22° dia pós onda de LH o concepto mede cerca de 7 mm de diâmetro e 15 mm de comprimento (YEAGER e CONCANNON, 1990; ENGLAND e YEAGER, 1993; ENGLAND,1998). A partir de então, tem-se a visibilização da organogênese embrionária, onde diferentes estágios do desenvolvimento embrionário/fetal são detectados no exame ultrassonográfico com o decorrer da gestação (CARVALHO 2014). Aos 28 dias já é possível observar a formação da cabeça e do corpo do feto (FREITAS e SILVA, 2008); por volta do 22° ao 24° dias as camadas da placenta podem ser evidenciadas. A placentação zonaria distinta é reconhecida por volta de 27 a 30 dias como uma placenta fina, focal e cilíndrica, tornando-se completamente evidente por volta do 36º dia (ENGLAND et al, 2003). O embrião canino se desenvolve em sequência cefalocaudal, começando pela cabeça e fechamento do tubo neural (PRETZER, 2008). Entre 21 e 22 dias os embriões caninos, apresentam um corpo em forma de ‘‘C’’, saco vitelínico, o âmnio já envolve o embrião com uma pequena quantidade de líquido em relação aos anexos embrionários, o coração primitivo, placa neural e linha primitiva estão presentes (PIERI et al., 2015). Com aproximadamente 22 e 25 dias o embrião possui globo óptico com pigmentação, tubo neural, proeminência mandibular, arcos faríngeos, formação de membros pélvicos e torácicos, definição de cabeça e tronco, o coração exibe câmaras atriais e ventriculares, há pulmão primitivo, fígado, desenvolvimento inicial do intestino e o rim primitivo está formado, a partir dos metanefros e mesonefros (PIERI et al., 2015). A atividade cardíaca do embrião canino pode ser observada por volta dos 24- 25 dias (CRUZ et al., 2003). O tempo de detecção inicial dos batimentos cardíacos depende do equipamento e da experiência do examinador. 17 (CONCANNON et al., 1990). O coração do embrião apresenta-se com uma pequena formação regularmente pulsante (SERRA e GUIMARÃES, 1996; SAMPAIO, 2002; FELICIANO et al, 2007). A média da frequência dos batimentos cardíacos é de 230 batimentos/min, com cerca de 214 batimentos/min aos 24- 25 dias, e de 238 batimentos/min por volta de 40 dias. Normalmente, há redução desses valores quando o momento do parto se aproxima (CARVALHO, 2004). A movimentação fetal é observada cerca de 10 dias mais tarde que a detecção dos batimentos cardíacos fetais (NYLAND e MATOON, 2005). No dia 24 após o LH é possível identificar uma segunda região adjacente ao embrião preenchida por liquido, é o alantoide se desenvolvendo. O alantoide aumenta em volume e torna-se intercalado entre o corion e o saco vitelínico. A cavidade alandoideana excede o saco vitelínico em volume por volta do 28° dia após a onda de LH. Após 30 dias da onda de LH o fluido predominante dentro do saco gestacional é o alantoide. O âmnio pode ser notado do dia 26 para frente da onda de LH e seu aumento em volume torna-se considerável durante o final da gestação. Do dia 32° da onda de LH botões dos membros e o plexo coróide do cérebro podem ser observados e no 35° dia uma clara diferenciação da cabeça, tronco e abdômen é possível. O esqueleto torna-se evidente do dia 33 em diante; nesse período os ossos fetais aparecem hiperecóicos (ENGLAND et al. 1990; YEARGER et al. 1992). As primeiras vísceras abdominais detectadas são o estômago e a vesícula urinária nos dias 29 e 33 respectivamente. O esqueleto é visível como uma estrutura hiperecoica entre os dias 29 e 33 pós ovulação. Nos dias 34 – 36 o abdômen e tórax são diferenciados; o pulmão é hiperecoico, comparado com o fígado que aparece hipoecoico (ENGLAND et al. 1990; YEARGER et al. 1992; BECCAGLIA; LUVONI, 2004). Conforme England (1998) a diferenciação do parênquima hepático e do tecido pulmonar é possível próximo de 38 a 42 dias de gestação. As regiões torácica e abdominal são separadas por uma linha hiperecogênica que representa o diafragma. Com o avanço da gestação, em 90% dos casos, o parênquima pulmonar se torna mais ecogênico em relação ao fígado, e ainda 18 nessa fase pode-se visibilizar o estômago e a bexiga como áreas focais anecogênicas de diâmetro variável (YEAGER et al., 1992; SAMPAIO, 2002). Exames ultrassonográficos quando o momento do surgimento da onda pré- ovulatória de LH é conhecida, tem revelado marcadores que podem ser usados para estimar o estágio de gestação nas cadelas nos casos em que o momento do surgimento da onda pré-ovulatória de LH não é identificada, ou é estimada de maneira inapropriada (CONCANNON, 2000). O comprimento do feto em relação ao comprimento da placenta pode ser observado pelo US por volta dos dias 40 e 42 quando o comprimento fetal se torna mais longo que a largura da placenta. Detalhes de outros marcadores incluindo a primeira detecção dos membros fetais entre os dias 33 a 35, olhos, rins e fígado nos dias 39 a 47 e o intestino entre o 57 e 63 dias foram descritos por Yeager e Concannon, (1990), Concannon e Verstegen, (1998), Concannon, (2000). Na radiografia o esqueleto dos fetos é raramente visível antes do dia 45, mas sempre detectados nos dias 47 a 49; os ossos pélvicos não são identificados antes do dia 53, mas sempre evidentes no dia 57. Os dentes do feto são geralmente visibilizados no dia 63 pós onda pré-ovulatória de LH (CONCANNON, 2000). 19 Tabela 1. Evolução cronológica da visualização de estruturas fetais/extra fetais pela ultrassonografia com base no dia da onda de LH, em cães. Fonte: Adaptado de Teixeira e Wischral (2008). Dias Estruturas Visíveis na US 18 Vesículas embrionárias (> 1mm) 23 Embriões visíveis, maior ecogenicidade no polo embrionário 23 - 25 Atividade Cardíaca 25 Definição da cabeça/corpo do embrião 28 Placenta e cordão umbilical, bolsa alantoideana 28 - 30 Aparecimento do tubo anecoico precursor da aorta, início da mineralização do esqueleto (primeiro a mandíbula, depois a coluna torácica e finalmente toda a coluna, que aparece hiperecoica) 31 - 35 Vasos de maior calibre aparecem como estruturas anecoicas cilíndricas, movimentos fetais 20 37 - 38 Mineralização das costelas com aparecimento de sombra acústica 38 - 42 Diferenciação do fígado e pulmões, sendo o pulmão mais ecogênico do que o fígado. Visualização de estômago, bexiga e dos hemisférios cerebrais 40 Diferenciação das quatro câmaras cardíacas. 43 - 45 Distinção das cavidades torácica e abdominal 45 Visualização dos rins. 47 Visualização do esqueleto 53 Distinção de estômago e duodeno 58 -63 Visualização do timo e dos movimentos intestinais Os rins são visibilizados nos dias 41-43 (BECCAGLIA; LUVONI, 2004). Os rins inicialmente apresentam-se hipoecoicos comparado com os outros órgãos abdominais, sendo visualizados como uma pelve anecoica proeminente na fase inicial de sua visibilização e a medula renal ainda não definida (YEAGER et al., 1992; NYLAND e MATTOON, 2002; GIL et al., 2018). Nesta fase inicial de visibilização a pelve renal apresenta-se dilatada em forma de "cogumelo" sendo esse o principal marco desta fase que acontece no período entre 39 a 43 dias de 21 gestação. A córtex renal se diferencia da medular com o contínuo desenvolvimento do órgão, e a pelve vai ficando menos dilatada. A medular e a cortical tornam-se diferenciadas com aproximadamente 48-55 dias de gestação, e o diâmetro da pelve se reduz consideravelmente até se tornar praticamente imperceptível no final da gestação (58-63 dias de gestação). Em estudos mais recentes comprovou-se que os vestígios das alças intestinais são identificados anteriormente à idade gestacional previamente relatado na literatura, provavelmente devido à alta resolução dos equipamentos ultrassonográficos mais modernos. Em um primeiro momento é identificada a presença de áreas ecogênicas homogêneas na região caudal do fígado com 40 a 44 dias de gestação, subsequentemente notam-se alguns segmentos de alças intestinais com início da definição das camadas da parede, misturados a áreas anecoicas, ainda sem sinais de peristaltismo - 44 a 48 dias de gestação. Com a evolução da gestação, a definição das camadas da parede das alças é completamente definida, aliado a pontos anecoicos entremeados e a identificação de motilidade intestinal em alguns segmentos (50-54 dias de gestação). Finalmente os sinais de peristaltismo em todos os segmentos, considerado de forma “vigorosa”, completa a formação de todos os segmentos intestinais o que ocorre com 58 a 63 dias de gestação (GIL et al., 2015; GIL et al. 2018). Acredita-se que o último órgão a se formar é o intestino delgado, porém uma nova pesquisa da análise do desenvolvimento renal não indica esse aspecto. As silhuetas renais fetais também encerram o seu desenvolvimento nesta fase gestacional, e isso deve ser analisado em conjunto, já que os rins dos fetos apresentam uma aparência morfológica similar ao do cão adulto neste momento (GIL et al., 2018). Avalia-se que o intestino cessa o seu desenvolvimento para o nascimento quando se visibiliza todas as alças intestinais com a arquitetura de parede definida, em três camadas, bem como um peristaltismo evolutivo e claro (3 mpm) por todos os segmentos, isso ocorre entre 59-62 dias de gestação; na mesma idade em que o rim adquire a cortical hipoecoica, definição cortico- medular e a pelve sem dilatação. Por esse motivo acredita-se que a análise do desenvolvimento renal deva ser realizada em conjunto com os achados do 22 desenvolvimento intestinal devido à dificuldade em se diferenciar as fases intestinais (GIL et al., 2018). Mesmo que a identificação das contrações peristálticas observados pelo US indiquem o final da organogênese fetal, muitos autores acreditam que essas características não devem ser usadas como parâmetros únicos, indicando que o feto está a termo. Monitoramento fetal diário combinado com as oscilações das taxas de batimento cardíacos é considerado o melhor preditor do dia do parto (BECCAGLIA e LUVONI 2004; GIL et al. 2015). 2.4 -2 Idade gestacional: biometria fetal De acordo com Miranda e Domingues (2010), a ecobiometria é uma técnica importante de estudo das estruturas gestacionais e avaliação anatômica dos fetos ao longo do seu desenvolvimento. A determinação precisa da idade gestacional por ultrassonografia transabdominal em cadelas é muito importante quando se quer planejar uma cesariana eletiva, tendo a segurança de que a maturação fetal está realmente concluída (KUTZLER et al., 2003). Vários estudos foram realizados na tentativa de se estimar a idade gestacional e/ou a data provável do parto a partir das mensurações obtidas, principalmente do diâmetro da vesícula gestacional, do diâmetro bi parietal, torácico e abdominal, mas diferente do que acontece na espécie humana, existem muitas raças de cães, com tamanhos e conformação anatômica diversos, além da grande variação do tamanho da ninhada, fatores que dificultam a estimativa desejada (CARVALHO, 2004). Quando as datas de cobertura ou ovulações não são disponíveis a medida do feto ou de parâmetros extra fetais são fundamentais para determinar o estágio da gestação e estimativa do dia do parto. Os parâmetros extraembrionários e extras fetais mais estudados incluem a cavidade coriônica interna (ICC), diâmetro uterino externo (DUE) e espessura da placenta. Parâmetros embrionário e fetal incluem o comprimento da nuca a última vertebra (CNL), diâmetro do corpo na altura do estômago (DC), diâmetro bi parietal (DBP) e a porção interna da vesícula diencéfalo-telencéfalo (DPTV) e comprimento dos rins. Os resultados obtidos das avaliações dessas estruturas são utilizados para 23 calcular fórmulas e tabelas para a determinação da idade gestacional ou número de dias antes do parto que podem ser usados na prática para determinar o estágio da gestação quando as ovulações são desconhecidas (SIENA e MILANI, 2021). Fórmulas para a determinação da idade gestacional são normalmente baseadas numa análise de regressão linear ou polinomial de medidas repetidas através da gestação. Tabelas combinando regressão do feto e diâmetro bi parietal (DBP), bem como tabelas para ICC para determinar momento do parto são descritas embora sejam pouco utilizadas na rotina clínica (ENGLAND et al., 1990; SON, et al. 2001). Avaliações US devem ser realizadas no mínimo em dois fetos localizados em cornos uterinos distintos. Em gestações de feto único múltiplos parâmetros devem ser considerados para maior segurança (BECCAGLIA, et al. 2016). Em animais pequenos (˂ 10 Kg) e gigantes (˂ 40 Kg) o tamanho e o peso das cadelas influenciam na eficácia do ICC, CCL e DC para a determinação da data do parto, nestes casos a avaliação pode ser corrigida usando fórmulas específicas para raças / pesos (KUTZLER et al. 2003; SIENA e MILANI, 2021). No início da gestação, entre 19 e 37 dias, quando já se pode identificar o concepto e as demais estruturas gestacionais, as medidas realizadas são, o diâmetro do saco gestacional -DSG, diâmetro uterino externo - DUE, ou comprimento cabeça-nádega - CCL (NEPUCEMO et al, 2015). O diâmetro torácico (ENGLAND, 1990), abdominal (LUVONI e BACCAGLIA, 2006) e comprimento femoral (JABIN et al, 2007; TEIXEIRA et al, 2009) também podem ser utilizados para determinar a idade gestacional. Nas gestações superiores a 37 dias outros tipos de mensurações podem auxiliar, como o diâmetro corpóreo do feto - DC e o diâmetro bi parietal - DBP, sendo esta a ferramenta mais precisa em gestações acima de 40 dias (NEPUCEMO et al, 2015). Nyland e Mattoon (2005) descreveram uma equação para determinar a idade fetal, por meio da mensuração dos diâmetros parietal e abdominal, usada após o 40º dia de gestação. A equação é representada pela seguinte fórmula: [idade 24 gestacional = (6 x diâmetro bi parietal) + (3 x diâmetro abdominal) + 30], com variação de três dias para mais ou para menos. Luvoni e Grioni (2000) estimaram a idade gestacional por ultrassonografia, em termos de dias para o parto, em cadelas de pequeno e médio porte de diferentes raças. Segundo estes autores, a determinação da idade gestacional pode ser realizada com razoável precisão, baseada principalmente nas medidas do diâmetro dos sacos gestacionais - DSG na fase embrionária e do diâmetro bi parietal - DBP na fase fetal. Correa et al. (2001) relataram que o diâmetro dos sacos gestacionais e o diâmetro bi parietal são os mais precisos indicadores da idade gestacional nas fases embrionária e fetal, respectivamente. De acordo com Kutzler et al. (2003), em um estudo das medidas fetais obtidas por meio de ultrassonografia transabdominal, a predição mais exata da data de parto foi obtida quando os fetos foram medidos aos 30 dias depois da onda pré-ovulatória de hormônio luteinizante (LH), independentemente do peso corporal ou do tamanho da ninhada. As predições de data do parto feitas após os 39 dias de gestação usando somente as medidas do diâmetro bi parietal e o diâmetro do corpo do feto apresentaram uma precisão inferior a 50%. Segundo Sanchez e Ferri (2002), o exame ultrassonográfico para a estimativa do tempo gestacional pode ser realizado em qualquer período da gestação, mas é impreciso, pois pode subestimar ou superestimar o momento do parto. Na metade da gestação entre os dias 37 e 40 o uso do ICC apresentou uma acurácia entre 64 e 91% (± 1 dia) em cadelas de raças pequenas e médias; já em raças grandes a acurácia foi de 85 a 88% ± 2dias. O uso do DUE foi menos preciso e mais sujeita a erro. O comprimento da placenta zonária e a espessura da placenta também podem ser utilizadas como forma de predizer a data do parto, mas são menos seguras para estimar a idade gestacional e por isso não devem ser usadas. O CCL é seguro no início da gestação, mas também sujeito a erro quando a idade fetal se aproxima dos 40 dias. Nesse período as avaliações começam a variar muito rendendo medidas incorretas. 25 No final da gestação (> 40 dias) o uso do diâmetro bi parietal é a avaliação mais segura (KUTZLER et al. 2003; LOPATE, 2008), assim, o DBP é mais correto que o diâmetro corporal nas cadelas após o 37º dia de gestação (SON et al. 200; KUTZLER et al. 2003; LUVONI e BECCAGLIA, 2006); a combinação do uso do DC e DBP pode aumentar a acurácia relativa quando comparada com a medida simples de DC. A medida do DC deve ser realizada tomando por base a parte mais larga do abdome fetal – estômago fetal ou fígado. Medida de dois planos transversos devem ser obtidas num ângulo de 90°C entre cada medida e o valor médio deve ser inseridos na fórmula usada. A acurácia usando o DBP dentro de um dia do parto atual foi de 64 a 75% em raças pequenas e 65% em raças médias. Com dois dias de diferenças essa previsão aumentou para 85 a 88 e 81 a 85% respectivamente. Em casos de fetos único de raças pequenas o DBP pode ser menos seguro que em cadelas com ninhada normal (L0PATO, 2008). Uma regra básica para avaliar a idade gestacional é aquela na qual o diâmetro corporal excede o diâmetro da cabeça em mais de dois mm, entre os dias 38 e 42 de gestação e quando o comprimento da nuca a última vertebra sacral, CRL excede pela primeira vez o comprimento da placenta entre os dias 40 e 42. Para a avaliação dos sacos gestacionais, dois planos transversos devem ser medidos num ângulo de 90° um do outro e esses valores devem ser somados e divididos por dois (média) antes de serem incluídos na fórmula (KUTZLER et al. 2003; LUVONI, BECCAGLIA, 2006). Quando medidas do feto ou das estruturas extra fetais são realizadas, pelo menos dois fetos ou dois sacos fetais devem ser avaliados sempre que possíveis e as médias devem ser incluídas nas formulas; em casos de feto único todas essas avaliações devem ser realizas - ICC, DUE, CCL, DBP e DC para aumentar a segurança de um exame único. Socha e Janowski (2017) compararam o uso de fórmulas de cadelas de porte médio com fórmulas específicas para a raça Pastor Alemão e reportaram que o ICC para fêmeas de tamanho médio apresentou melhores resultados, quando comparados com fórmulas para raças específicas e que o DBP para Pastor alemão foi mais seguro do que DBP para cadelas de porte médio; esse resultado 26 pode ser devido ao fato do ICC ser menos influenciado pela raça enquanto o DBP depende mais da forma da cabeça de cada raça. O DPTV é significativamente e linearmente correlacionado com idade gestacional. A segurança do DPTV é de 42.9% ± 1 dia e 62% ± 2dias com nenhuma diferença entre os diversos tamanhos de animais. Além disso a eficácia é alta – 2 a 6 filhotes em raças pequenas, 5 a 9 filhotes em raças de porte médio e grande. A segurança de predizer o parto utilizando o DPTV avaliada dentro de um dia do parto atual foi de 40, 50 e 38% em fêmeas de raças pequenas, médias e grandes respectivamente e aumentou para 62, 65 e 60% quando a data estimada para o parto foi estendida para dois dias. (BEGAGLIA e LUVONI, 2004; BEGAGLIA et al. 2008). Recentemente o comprimento renal foi estudado e parece ser fortemente e positivamente correlacionado com a idade gestacional; o melhor período para monitorar o comprimento renal é de 15 a 11 dias para o parto (GIL at al; 2018; SIENA e MILANI, 2021). Socha et al. (2012) compararam o uso do ICC ou DBP com a onda de LH, concentração de progesterona (P4) e o primeiro dia do diestro citológico e descobriram que o ICC foi 66,67% seguro dentro de 1 dia (± 1) e 100% dentro de 2 dias (± 2dias) do parto. DBP foi 83,33% (± 1) e 100% (± 2dias); a onda de LH foi 66,67% para 1 dia e 100% para 2 dias; P4 foi 100% para ambos 1 ou 2 dias e a citologia foi 50% para 1 dia e 66,67% para 2 dias. O número de animais avaliados foi pequeno (6 fêmeas) e todas de tamanho médio. Os resultados obtidos mostram que a análise hormonal é mais segura do que a biometria fetal. 27 Tabela 2: Fórmulas para o cálculo da idade gestacional em cadelas de médio e pequeno porte utilizando as estruturas extra fetais. Adaptada de Lopate, (2008); Froes e Gil, (2019). ICC Médio DUE Médio ICC Pequena DUE Pequena IG= 19.66 + 6.27 x (cm) IG= 17.39 + 4.98cm DBP = (mm - 68.88) /1.53 DBP = (mm - 85.17) /1.83 IG= (6 x cm) + 20 DBP = 63.2 - (18.58 + 0.71 x mm) Maltes DBP = (mm - 82.13) /1.8 DBP = 63.4 - (18.92 + 0.65 x mm) Yorkshire IG: Idade gestacional baseada na onda pré-ovulatória de LH± 2 dias; DBP: dias antes do parto baseada no período de gestação de 65 ± 2 dias; ICC: Cavidade coriônica interna e DUE: diâmetro uterino externo. 28 Tabela 3: Fórmulas de cálculo de idade gestacional em cadelas de pequeno, médio e grande porte usando as estruturas fetais. Adaptado de Lopate, 2008; Froes e Gil, 2019. CRL Média DBP média DBP pequena DC média DC+ DBP média DPTV pequena DPTV media DPTV grande IG = (3 x CRL) + 27 IG = (15 x DBP) + 20 DAP = 63.2 - (24.7 + 1.54 x mm) Maltes IG = (7 x BD) + 29 IG =(6 x DBP) + (3 x DC) + 30 DAP = (mm - 10.11)/0.24 DAP = (mm – 14.15) /0.4 DAP = (mm – 10.27)/0.24 IG = 24.64 + 4.54 x cm - 0.24 x cm2 IG = 21.08 + 14.88 x cm - 0.11 x cm2 DAP = 63.4 - (23.89 + 1.63 x mm) Yorkshire IG = 22.89 + 12.75 x cm - 1.17 x cm2 DAP= 34.27 a 5.89 x DBP (cm) - 2.77 x DC (cm) DAP= mm - 29.18)/0.7 DAP = (mm - 25.11)/0.61 IG: Idade gestacional baseada na onda pré-ovulatória de LH± 2 dias; DAP: dias antes do parto baseada no período de gestação de 65 ± 2 dias; CRL: comprimento nuca/vertebra sacral; DBP: diâmetro bi parietal; DC: diâmetro corporal; DPTV: porção profunda do diencéfalo. 29 2.4-3 Maturidade fetal/Estresse Fetal A maturidade fetal dos pulmões é um requisito essencial para a sobrevivência extrauterina. O desenvolvimento pulmonar dos fetos está sendo estudados do ponto de vista anatômico e ultrassonográfico. Os pneumócitos do tipo I e do tipo II se desenvolvem na fase canicular entre os dias 48 e 57 de gestação. A fase sacular é a fase na qual há a produção dos surfactantes pelo pneumócito tipo II no homem; por essa razão tem sido hipotetizado que nos cães é provável que a fase sacular ocorra entre o 57 e 60 dias de gestação. A partir do dia 57 em diante o pulmão dos cães poderia teoricamente funcionar extra útero. A fase alveolar, a última fase a se desenvolver ocorre durante o período neonatal. A ecogenicidade pulmonar é analisada quantitativamente por meio da avaliação de tons de cinza que aumenta rapidamente dos dias 49 a 56 atingindo um plateau entre os dias 57 e 63 pós ovulação. É proposto que a relação dos níveis de cinza entre pulmão /fígado pode ser usada como um marcador de maturidade do pulmão fetal, com 83% de especificidade e sensibilidade. Ainda não é possível predizer o momento preciso ou ideal de indicar a cesariana baseado na relação dos níveis de cinza entre o pulmão/fígado (SIPRIANI et al. 2009; BANZATO et al. 2017; SIENA; MILANI, 2021). De acordo com Miranda e Domingues (2010) o fluxo da artéria umbilical apresenta diferentes flutuações durante a gestação: um componente sistólico é relatado da 4 a 6 semanas de gestação, enquanto um componente diastólico é observado mais tarde. O componente sistólico precoce da artéria umbilical desaparece por volta do dia 21 ± 1 dia pós ovulação. O índice de resistividade (IR) da artéria umbilical pode ser usado para predizer o momento do parto e no início da avaliação do stress fetal. Giannico et al. (2015) relataram que o parto normal provavelmente ocorre dentro de 12 horas quando todos os fetos mostram um IR menor que 0.7. A influência do tamanho da ninhada e do porte da fêmea sobre IR foi evidenciado na metade da gestação. A variação do HR e IR da artéria umbilical são correlacionadas e sua monitoração simultânea poderia auxiliar na determinação do momento do parto. Quando a variação da HR atinge valor 30 acima de 30% e a IR é menor que 0.7 o parto é esperado dentro de 12 horas com uma sensibilidade de 95% e especificidade de 80%. O desenvolvimento gastrointestinal fetal foi estudado por Gil et al. (2015; 2018). A área intestinal pode ser visibilizada caudalmente ao fígado fetal como uma região homogênea ecogênica dos 40 aos 44 dias de gestação (23 – 19 dias antes do parto); a parede intestinal pode ser evidenciada em algumas porções intestinais de 44 a 48 dias. A parede e a mucosa intestinal podem ser facilmente observadas dos 50 aos 54 dias, quando a motilidade aparece pela primeira vez. Nesta fase da gestação a identificação ultrassonográfica do peristaltismo requer uma observação mais prolongada (pelo menos 1 minuto) e pode ser evidenciada apenas em algumas porções. Todas as camadas da parede intestinal podem ser visibilizadas dos dias 59 a 63 da gestação. No artigo de Gil et al. (2015) a motilidade intestinal foi rapidamente detectada ao longo de todo trato intestinal entre (4 – 1 dias antes do parto) associada com muco e conteúdo fluído. O desenvolvimento dos rins fetais durante o final da gestação foi descrito em cães por Gil et al. (2018). As modificações ultrassonográficas observadas nos últimos 5 dias de gestação não foram indicativas de parto iminente, enquanto a observação da motilidade gastrointestinal confirmava que o desenvolvimento renal estava completo. A US é rotineiramente usada para avaliar o stress fetal. A taxa de batimentos cardíacos do feto (FCF) é um excelente marcador do stress fetal; normalmente a taxa de batimento cardíaco do feto é de 2 a 3 vezes maior que o da mãe – 220 a 240 batimentos por minuto (bpm). A taxa de 180 a 220 bpm é considerada por alguns autores como indicativo de stress fetal leve enquanto taxas menores que 180 bpm são consideradas indicativo de stress severo devido a hipóxia. Contração uterina intermitente sobre o feto pode causar redução temporária significativa na taxa de batimentos cardíacos; neste caso, a taxa de batimentos cardíacos deve retornar ao normal após 1 a 2 minutos e permanecer dentro dos parâmetros normais, se não há stress fetal (ZONE e WANKE, 2001; LOPATE, 2008). 31 Quando a FCF está abaixo de 130 bpm o parto deve ocorrer dentro de 1 a 2 horas e alta taxa de mortalidade é esperada quando os fetos apresentam FCF abaixo de 100 bpm (GIL et al. 2014; BECCAGLIA et al. 2016; VIEIRA et al. 2020). Uma relação diminuída entre FCF /FCM (batimentos cardíacos fetais e maternos) próximo de 35bpm e atingindo seu valor máximo de 20 bpm é seguido por uma diminuição progressiva no pré parto. Esse padrão é causado pelo desenvolvimento do sistema nervoso fetal simpático antes do desenvolvimento do sistema nervoso parassimpático (ALONGE et al. 2016). Durante o pré-parto uma desaceralação transitória da FCF é seguida por uma aceleração de 5 bpm. Essas variações são provavelmente devido a contrações uterinas como as reportadas nos fetos humanos observadas pelo exame de cardiotocografia. Gil et al. (2014) evidenciou variações fisiológicas 72 horas antes do parto em alguns fetos e em todos os fetos dentro de 6 a 1 hora antes do parto. Em um estudo recente um parâmetro específico para variações de FCF - variação da taxa cardíaca foi calculada como: HR= variação de FCF (valor máximo – valor mínimo) x 100/ FCF máximo. Um valor de FCF menor que 30% é preditivo de parto dentro de 12 horas com uma sensibilidade de 88% e uma especificidade de 50% (LOPATE,2018). Evidências existem sobre a relação da hipóxia fetal, iminência do parto, idade gestacional e condição da saúde fetal sobre a FCF; menos é conhecido sobre como outros fatores podem influenciar a FCF como o ganho de peso pré gestacional materno, movimentos fetais e o tamanho da ninhada; as relações desses três fatores precisam ser investigadas. FCM foi avaliada em um grupo de cadelas com peso entre 5.8 a 68,0 Kgs e foi visto ser alta em cadelas com baixo e alto ganho de peso quando comparado com ganho de peso médio. Medidas repetidas ou prolongadas de FCF no mesmo exame de US e uma comparação entre os fetos da mesma ninhada deveriam ser realizadas para avaliar as variações transitórias de FCF (ALONGE et al. 2016; LOPATE, 2018). O stress fetal pode ser avaliado também pelo exame dos fluídos fetais e unidade feto/ placenta. O aumento da ecogenicidade dos fluídos fetais pode indicar passagem de mecônio ou hemorragia dentro dos líquidos fetais devido ao deslocamento precoce da placenta (LOPATE, 2008). Crescimento intrauterino pode ser documentado se a relação do diâmetro abdome/bi parietal 32 é maior que 2 do dia 48 ao nascimento. Filhotes com baixa relação entre o diâmetro biparietais e abdominais tendem a nascer com 20% de peso menor do que a média de peso da raça e com possibilidade de morte neonatal (ZONE e WANKE, 2001). 3. Considerações Finais: Durantes anos, o diagnóstico de gestação nas cadelas foi realizado por meio da palpação abdominal, exame radiográfico e a relaxina. A palpação abdominal normalmente é realizada entre o 28° ao 30° dia de gestação, quando é possível a palpação das vesículas embrionárias individuais; além desse período o útero aumenta como um todo e perde-se a possibilidade de diagnosticar a gestação. O RX é usado no diagnóstico de gestação após o processo de calcificação óssea, ou seja, entre o 40º ao 45° dias de gestação; o RX é o exame ideal para a contagem do número de fetos (57 a 65 dias de gestação), mas como diagnóstico de gestação é tardio, além do uso de radiação ionizante. A relaxina é o único hormônio específico da gestação nas cadelas, produzido pela placenta, e é utilizado próximo dos dias 19 e 28 após a onda de LH em cães também tardio e muitas vezes indisponível comercialmente. Neste contexto a US é a técnica mais utilizada atualmente e apresenta inúmeras vantagens além da precocidade, segurança e a possibilidade de monitorar o desenvolvimento e a viabilidade fetal. A duração da gestação e previsão do parto nas cadelas são particularidades difíceis de serem determinadas devido as características fisiológicas dessa espécie. O dia zero do ciclo estral das cadelas é sempre considerado a onda pré-ovulatória do LH e tanto a duração da gestação como a data do parto são contadas a partir daí. O surgimento da onda de LH nas cadelas é um evento hormonal difícil de ser determinado e, portanto, tanto a duração da gestação como o momento de parto ficam indiretamente prejudicados. Essa situação se modificou com o exame ultrassonográfico capaz de avaliar e monitorar o desenvolvimento embrionário/fetal relacionando-os com os estágios da gestação. Também a US é capaz de realizar várias medições embrionárias/fetais e extraembrionárias e através de regressões lineares e binomiais determinar o momento mais próximo do parto. A avaliação da vitalidade dos fetos também é 33 realizada durante US permitindo intervenções rápidas visando o bem-estar da ninhada e das fêmeas. A despeito das inúmeras vantagens vistas com a aquisição dos conhecimentos da imagem ultrassonográfica os resultados obtidos não apresentam eficácia e segurança de 100% na determinação do parto principalmente quando se consideram as variações observadas no porte e peso das fêmeas caninas. As características raciais impõem fórmulas e tabelas específicas para cada raça e talvez os parâmetros da maturidade fetal específicos de determinada raça seja a forma mais segura de se determinar a momento do parto com grandes chances de sobrevivência neonatal. Assim a combinação de critérios maternos/fetais como a queda de progesterona (P4) no desencadeamento do parto, a queda de temperatura retal resultante da queda de P4 associado com parâmetros de maturação fetal possam predizer com seguranças a data do parto nas cadelas. 34 4. Referências Alonge, S.; Beccaglia, M.; Melandri, M.; Luvoni, G.C. Prediction of whelping date in large and giant canine breeds by ultrasonography foetal biometry. J. 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Aluna de Mestrado do Programa de Biotecnologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Botucatu; 2. Aluna de Doutorado do Programa de Biotecnologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Botucatu; 3. Pós-doutorando do Programa de Biotecnologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Botucatu. 4. Docentes do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, UNESP. Correspondência Drª. Maria Denise Lopes, Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Rua Prof. Doutor Walter Mauricio Correa, s/n, Bairro: Unesp Campus de Botucatu, CEP 18618-681, Botucatu, SP. E-mail: denise.lopes@unesp.br https://onlinelibrary.wiley.com/page/journal/14390531/homepage/forauthors.html#manuscript https://onlinelibrary.wiley.com/page/journal/14390531/homepage/forauthors.html#manuscript mailto:denise.lopes@unesp.br 41 Resumo A avaliação ultrassonográfica realizada durante a gestação em cadelas revela informações importantes sobre a vitalidade e o desenvolvimento fetal. O objetivo deste artigo científico foi descrever o acompanhamento ultrassonográfico pré-natal semanal por meio da organogênese, biometria fetal e a estimativa da data do parto através da mensuração do diâmetro bi parietal (DBP), a partir da 5ª semana de gestação em cadelas da raça spitz alemão. Também foi objetivo padronizar os valores de referência da biometria fetal da referida raça. Foram avaliadas treze (13) cadelas da raça spitz alemão anão, gestantes, com idade variando de 1 a 4 anos e peso entre 2 a 4 Kg. Das 13 cadelas examinadas, quatro eram primíparas e nove multíparas. As fêmeas foram acasaladas ou inseminadas com cães da mesma raça, em datas conhecidas. Os exames ultrassonográficos foram realizados com um aparelho Esaote MyLab Alpha, empregando-se um transdutor linear, com frequência entre 7,0 a 10,0 MHz. Todas as cadelas foram examinadas usando o modo B e modo doppler e avaliadas semanalmente da 5ª semana de gestação até o parto. A avaliação ultrassonográfica considerou os seguintes órgãos ou estruturas: Anexos fetais, vesícula urinária, fígado, estômago, rins, intestinos, olhos, esqueleto hiperecoico, ecogenicidade pulmonar/fígado. Durante a avaliação ultrassonográfica da 8ª semana das cadelas gestantes, a idade gestacional foi estimada em dias de gestação, utilizando a fórmula proposta por Mattoon e Nyland (2002), após os 40 dias de gestação. A duração da gestação, baseada no dia do primeiro acasalamento até o dia do parto variou de 52 a 64 dias com uma média de 59,69 dias. O número de filhotes nascidos/gestante variou de 1 a 6 sendo a média de 3.0 filhotes/gestante em um total de 39 filhotes. Durante as avaliações ultrassonográficas foram identificados um total de 34 fetos. Foi possível monitorar o desenvolvimento fetal por meio das estruturas e órgãos selecionados semanalmente. As variáveis diâmetro bi parietal (DBP), diâmetro abdominal na altura do estômago (DA), diâmetro do saco gestacional (DSG) e comprimento do fêmur (CF) mostraram diferenças significativas entre as 42 semanas avaliadas (P < o.oo1). A correlação entre as medidas do diâmetro bi parietal e diâmetro do saco gestacional foi de 0,92 e entre o comprimento do fêmur e diâmetro do saco gestacional foi de 0,61. As cadelas multíparas pariram ninhadas maiores quando comparadas as fêmeas primíparas; quando as cadelas foram divididas em grupos relacionados ao tamanho da ninhada (≤ 2 filhotes x > 3 filhotes) as medidas das estruturas fetais – DBP e DAB, foram maiores nas ninhadas menores e as medidas extra fetais – DSG menores. As avaliações US semanais permitiram monitorar o desenvolvimento dos órgãos e suas caraterísticas funcionais relacionando-as com a fase gestacional. A biometria fetal foi relevante na identificação das fases gestacionais funcionando como um marcador da idade gestacional. Os resultados desse estudo podem ser usados no acompanhamento da gestação de cadelas da raça spitz alemão anão para estimativa da idade gestacional e avaliação do desenvolvimento fetal e no futuro para pesquisar e identificar anormalidades no desenvolvimento da gestação. Palavras chave: Ultrassonografia, acompanhamento gestacional, biometria fetal, cadelas, spitz alemão anão. 43 Introdução Muitos aspectos da gestação nas cadelas são únicos, diferentes das outras fêmeas domésticas. Sendo assim, o conhecimento da evolução e das relações entre as ovulações, fertilizações, desenvolvimento embrionário e fetal e modificações específicas da gestação na fisiologia materna é essencial quando se oferece procedimentos clínicos como manejo de coberturas e acompanhamento de gestação (Concannon, 1989, 1998, 2000). Um fato relevante nas fêmeas caninas é que a duração e os eventos relacionados a gestação apresentam uma repetibilidade e previsibilidade quando vista em relação ao momento das ovulações ou ao surgimento da onda pré- ovulatória de LH, entretanto a despeito desse fato, o intervalo da cobertura ao parto varia de 55 a 70 dias (Concannon, 2000). Nos últimos anos muitos estudos propuseram métodos para acompanhamento da gestação e estimativa da data do parto em cadelas. Parâmetros e fórmulas foram e são descritas e calculados usando a ultrassonografia (US) e mostrando aplicabilidades diferentes, principalmente em virtude das fases da gestação e tamanho das fêmeas e das ninhadas (Kuztler et al., 2003; Beccaglia e Luvoni, 2006; De Cramer; Nöthling, 2018; Gil et al., 2018). A avaliação do desenvolvimento embrionário e fetal nas cadelas tem se beneficiado muito com o uso do US; a identificação precoce das estruturas anatômicas é fundamental no estadiamento da gestação e indiretamente na predição do dia do parto. Muitas estruturas embrionárias e fetais são visibilizadas pelo US durante seu desenvolvimento, das vesículas embrionárias no início da gestação até o intestino fetal durante a última semana de gestação. O dia no qual cada estrutura torna-se visível no US pela primeira vez é relevante do ponto de vista clínico pois se correlaciona com a idade gestacional e também com o dia provável do parto e é geralmente relacionada com a onda de LH ou com as ovulações (England et al. 1990; Kim; Son, 2007; Siena; Milani, 2021). A medida ultrassonográfica das estruturas fetais e extra fetais se constitui como um método comum e seguro para predizer a data do parto mesmo quando o momento das ovulações é desconhecido. Durante a primeira metade da 44 gestação (entre 19 e 37 dias após a onda de LH) a medida do diâmetro de saco gestacional (cavidade coriônica interna) – ICC ou o diâmetro uterino externo – DUE ou ainda o comprimento crânio/caudal – CRL são utilizadas; na segunda metade da gestação (após 37 dias) a medida do diâmetro bi parietal (DBP) e o diâmetro corporal (DC) podem ser usados para predizer a data do parto (England et al. 1990; Luvoni; Groni, 2000; Lopate, 2008). Tais mensurações dependem da estrutura corpórea a ser mensurada, da posição e orientação do feto em relação ao transdutor e também do período gestacional. As raças miniaturas (peso corporal menor que 5kg) representam um grupo bastante popular entre os cães, e as dificuldades no parto são mais frequentes em comparação a outras raças, tornando necessário um acompanhamento detalhado dessas fêmeas durante a gestação (Socha; Janowski, 2018). Os resultados vistos na literatura acerca da relação entre a duração da gestação e tamanho ou porte da fêmea são controversos (Eilts; Davidson, 2005; Baltutis et al. 2020). Um estudo com 162 gestações de cadelas de raça pequena (˂ 10kg), apresentaram uma gestação mais curta quando comparadas a fêmeas de porte médio ou gigante (25 a 40kg e >40 Kg) (Mir et al. 2011). Em vista do exposto o objetivo principal desse artigo é descrever o acompanhamento ultrassonográfico pré-natal semanal – organogênese e biometria fetal, a partir da segunda metade da gestação em cadelas da raça spitz alemão anão e elucidar a relação entre o processo de crescimento fetal e a idade gestacional nessa raça, visto que ainda são escassos os estudos específicos por raça. Material e Métodos Aspectos éticos e animais: O experimento foi realizado em um canil especializado na raça, situado no município de Botucatu, SP, atendendo as normas e aprovação do Comitê Institucional de Ética sobre o Uso de Animais (CEUA). Para a inclusão no grupo de cadelas gestantes examinadas a proprietária do Canil assinou um documento 45 contendo dados a respeito do trabalho a ser desenvolvido e concordando plenamente com as manipulações exigidas. Foram avaliadas treze (13) cadelas da raça spitz alemão anão, gestantes, com idade variando de 1 a 4 anos e peso entre 2 a 4 Kg. Das 13 cadelas examinadas, quatro eram primíparas e nove multíparas. As fêmeas foram acasaladas e/ou inseminadas com cães da mesma raça, em datas conhecidas. Foram utilizados três machos aprovados em exame andrológico. Os animais foram mantidos sob o mesmo regime nutricional, ambiental e submetidos a protocolos de vacinação e vermifugação. Particularidades reprodutivas individuais foram anotadas: comportamento sexual, particularidades do ciclo estral, coberturas e gestações anteriores, abortos, doenças crônicas e tratamentos. Os animais selecionados foram submetidos a inseminação artificial – I.A. ou a cobertura natural conforme interesse do proprietário do Canil, e intenções de pareamento entre os seus animais. Anterior às coberturas naturais e ou I.A. as cadelas foram examinadas clinicamente e testadas para sua sanidade geral. O ciclo estral das fêmeas foi acompanhado e o início da fase de proestro foi identificada pelo aparecimento do edema vulvar, da secreção vaginal sanguinolenta e da atração dos machos e então as fêmeas foram submetidas a avaliação citológica a cada 72 horas (Johnston et al. 2001). Citologia Vaginal: O procedimento de citologia vaginal foi realizado de acordo com o preconizado por Post (1985), Johnston et al. (2001) e Antonov (2017). Quando a contagem das células superficiais atingiu 80%, as fêmeas foram inseminadas artificialmente ou cobertas naturalmente. Inseminação Artificial: Quando o exame citológico detectou 80% de células superficiais iniciou-se o protocolo de I.A., sendo realizadas 3 inseminações, no fundo vaginal, a cada 48 horas (Johnston et al., 2001). O sêmen foi coletado por meio da manipulação digital e os machos foram aprovados no exame andrológico. 46 Cobertura natural: Quando o exame citológico detectou 80% de células superficiais as fêmeas foram colocadas diariamente em contato com o macho selecionado e no primeiro dia de aceitação foram acasaladas naturalmente; as coberturas foram observadas e realizadas em dias alternados, até o final do estro, caracterizado pelo comportamento de não aceitação do macho. A data da primeira I.A. ou do primeiro acasalamento natural foi considerada o dia zero e o período gestacional confirmado retrospectivamente pela data de parição, considerando período normal de gestação de 57 a 63 dias (CONCANNON et al.,1983, CONCANNON, 2000). O diagnóstico ultrassonográfico de gestação foi realizado entre os 14/15 dias da primeira cobertura ou I.A. (Santos et al. 2012) e repetido nos dias 20/21, correspondendo a segunda e terceira semanas pós cobertura ou inseminação artificial, respectivamente. A gestação foi confirmada após a visualização dos sacos gestacionais e observação da função cardíaca (AISSI; SLIMANI, 2008). Ultrassonografia: Os exames ultrassonográficos foram realizados com um aparelho Esaote MyLab Alpha, empregando-se um transdutor linear, com frequência entre 7,0 e 10,0 MHz. Todas as cadelas foram examinadas usando o modo B e modo Doppler e avaliadas semanalmente até o parto. Para avaliação ultrassonográfica seguiu-se o protocolo descrito por Gil et al. (2014), com o objetivo de avaliar todo o abdômen e o maior número de fetos possíveis por gestante. As estruturas materno-fetais foram avaliadas em planos longitudinal e transversal. As fêmeas foram submetidas a tricotomia, avaliadas em decúbito dorsal e lateralizadas nas fases gestacionais mais avançadas. As avaliações e medidas ultrassonográficas para estudo da organogênese e biometria fetal foram realizadas na segunda metade da gestação, da 5ª semana de gestação até o parto. Foram realizadas as seguintes mensurações: Diâmetro bi parietal (DBP): obtido por meio da medida externa da região mais larga do crânio (Fig. 1); diâmetro abdominal (DAB): medida feita pela secção transversal do abdômen, na altura do estômago (Fig. 2); comprimento do 47 fêmur (CF): medida entre as extremidades do fêmur (Fig.3); frequência cardíaca (Fig. 4) e as seguintes estruturas extra fetais: Diâmetro do saco gestacional: medida correspondente à distância entre as paredes externas da cavidade no plano longitudinal (DSG) e a espessura da placenta (EP): obtida pela distância entre a face interna e a face externa da placenta (Fig. 5). Figura 1 - Diâmetro bi parietal (DBP): obtido por meio da medida externa da região mais larga do crânio. Figura 2 - Diâmetro abdominal (DAB): medida feita pela secção transversal do abdômen, na altura do estômago. Figura 3 - comprimento do fêmur (CF): medida entre as extremidades do fêmur. Figura 4- frequência cardíaca. Figura 5 - Medida correspondente à distância entre as paredes externas da cavidade no plano longitudinal (DSG) e a espessura da placenta (EP) obtida pela distância entre a face interna e a face externa da placenta. A avaliação ultrassonográfica das estruturas fetais com a finalidade de avaliar a organogênese iniciou-se na 5ª semana (28 a 35 dias) de gestação e 48 foram considerados os seguintes órgãos ou estruturas: Os anexos fetais, vesícula urinária, fígado, estômago, rins, intestinos, olhos, esqueleto, ecogenicidade pulmonar/fígado. Sempre que possível foram observados dois conceptos de cada gestante e de preferência um de cada corno uterino em cada exame. Durante a avaliação ultrassonográfica da 8ª semana das cadelas gestantes, a idade gestacional foi estimada em dias de gestação, utilizando a fórmula proposta por Mattoon; Nyland (2002), após o 40º dia de gestação, Dias de gestação = Diâmetro Bi parietal (mm) × 15 + 20. Após a obtenção dos resultados foi elaborada uma tabela para a comparação entre a idade gestacional obtida pelos resultados da fórmula selecionada, idade gestacional entre o dia da primeira cobertura/I.A. e o parto e os dias de gestação com base na onda pré-ovulatória de LH. Análise Estatística Todos os parâmetros utilizados no estudo foram submetidos a avaliação de normalidade sendo identificados como normais. Para a comparação dos parâmetros de diâmetro biparietal, diâmetro abdominal, tamanho do saco gestacional, espessura de placenta, frequência cardíaca e tamanho de fêmur, foi utilizado o teste One-way anova com medidas repetidas utilizando a variável semana, seguido por um teste de Tukey para identificar onde as diferenças se encontravam. Para a comparação das ninhadas com tamanho distintos ( 2 fetos e  3 fetos) os parâmetros diâmetro biparietal, diâmetro abdominal, tamanho do saco gestacional, espessura de placenta, frequência cardíaca e tamanho de fêmur foram comparados a cada semana através de um Teste-t de Student. Para comparar o tamanho da ninhada com o histórico reprodutivo de cada fêmea (primípara x multípara) um Teste-t de Student foi utilizado. Por fim, quando da avaliação da eficiência da metodologia para definição de duração de gestação, o teste One-way anova foi utilizado para comparação entre as três metodologias. 49 Resultados A duração da gestação, baseada no dia do primeiro acasalamento até o dia do parto variou de 52 a 64 com uma média de 59,69 dias. O número de filhotes nascidos/gestante variou de 1 a 6 sendo a média 3.0 filhotes/gestante em um total de 39 filhotes. Durante as avaliações ultrassonográficas foram identificados um total de 34 fetos. Das 13 cadelas avaliadas, 12 pariram normalmente, sem intervenção. Uma das fêmeas foi submetida a cesariana. A primeira detecção ultrassonográfica de órgãos e estruturas selecionadas para estudo da organogênese encontram-se na tabela 1. Tabela 1: Semanas nas quais foram identificados pela primeira vez na imagem os órgãos/ estruturas selecionadas para o estudo da organogênese. Órgãos/estruturas Semanas (após a primeira cobertura) Vesícula urinária 5 Coração 5 Rins 6 Intestino 6 Fígado 6 Olhos 6 Estômago 6 Sombra acústica posterior ao esqueleto 7 O primeiro exame ultrassonográfico para estudo da organogênese foi realizado na 5ª semana de gestação (a partir da data da primeira cobertura/I.A.). Neste período a vesícula urinária e a atividade cardíaca foram visíveis. O foco cardíaco foi visibilizado se apresentando hipoecoico á anecoico com ecos que representavam as paredes das câmaras e das válvulas cardíacas. Neste período 50 as vesículas gestacionais se apresentavam bem arredondadas. Os anexos fetais como a placenta e cordões umbilicais foram vistos de forma nítida e havia grande quantidade de líquido amniótico ao redor dos embriões. A partir da 6ª semana (36 a 42 dias) já foram visíveis além da vesícula urinária e coração, o fígado, estômago, rins, intestinos e os olhos. O estômago apareceu como uma área focal e anecogênica e o fígado como o órgão abdominal mais ecogênico da cavidade abdominal. Os rins se apresentaram hipoecoicos com a pelve anecoica. No decorrer do desenvolvimento fetal, o córtex renal e a medula renal se diferenciaram e a pelve se tornou menos dilatada. Na sexta semana a vesículas gestacionais apresentaram um formato oblongo, com os fetos ocupando mais espaço no interior das vesículas, foi possível também visibilizar os botões dos membros, o intestino sem diferenciação das camadas e sem peristaltismo. No tórax do feto foi