17 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - Campus de Bauru Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC). Camila Barrada Curaçá RELAÇÕES PÚBLICAS 2.0: UM OLHAR SOBRE O TWITTER CORPORATIVO Bauru 2010 18 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - campus de Bauru Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) Camila Barrada Curaçá RELAÇÕES PÚBLICAS 2.0: UM OLHAR SOBRE O TWITTER CORPORATIVO Projeto Experimental apresentado para a obtenção do título de bacharel em Relações Públicas ao Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru, atendendo à Resolução 002/84, do Conselho Federal de Educação, sob a orientação do Prof. Dr. Danilo Rothberg. Bauru 2010 19 Camila Barrada Curaçá Camila Barrada Curaçá. Relações Públicas 2.0: Um olhar sobre o Twitter corporativo / Camila Barrada Curaçá, 2010. 106 fls. Orientador: Prof. Dr. Danilo Rothberg. Monografia (Graduação) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Bauru, 2010 1. Sociedade contemporânea. 2. Relações Públicas 2.0. 3. Twitter corporativo. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. II. Título. 20 Camila Barrada Curaçá Relações Públicas 2.0: Um olhar sobre o Twitter corporativo Projeto Experimental apresentado para a obtenção do título de bacharel em Relações Públicas ao Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru, atendendo à Resolução 002/84, do Conselho Federal de Educação, sob orientação da Prof. Dr. Danilo Rothberg. ORIENTAÇÃO ______________________________________ Prof. Dr. Danilo Rohtberg Doutor em Sociologia pela Unesp Departamento de Ciências Humanas – UNESP/Bauru BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Profa. Ms. Dalva Aleixo Dias Mestre em Ciências da comunicação pela USP Departamento de Comunicação Social – UNESP/Bauru ______________________________________ Profa Ms. Maria Eugênia Porém Mestre em Comunicação pela UNESP 21 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às pessoas mais importantes de toda minha vida: Minha mãe; Antonieta e meu pai; Pedro. Por todo o carinho, a dedicação e principalmente o amor que dedicam a mim. 22 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à Deus, o Senhor que rege minha vida. Agradeço aos meus pais, por toda a dedicação que dispõem à todo momento de minha existência, por servirem como bases como apoios fortes como uma muralha, principalmente são minhas estruturas de vida. Ao meu pai por transformar meu sonho em realidade, me formar em Relações Públicas em uma universidade pública de sucesso. Á minha mãe, a essência da minha vida, destino todo meu ser a essa pessoa maravilhosa, obrigada pelo conforto, pelo colo, pelos acalentos que proporciona a todo instante que estou ao seu lado. Às minhas irmãs, Carol e Izabel, que me amam cada uma a sua maneira, seu jeito e sua delicadeza. À minha família que me ajudou, cada um de sua forma, para que eu conseguir alcançar meu sonho. Em especial, os agradecimentos vão para minhas amigas – irmãs que moraram comigo nestes quatro anos em Bauru, simplesmente: AS IGUAIS. A Pucca irmã– Viviane, a parceira Priscila, a mãe – Mábili, a irmãzinha Maju e a eterna bixetinha Tamires, que souberam deixar Bauru muito mais feliz. Obrigado por compartilharem comigo os melhores anos de minha vida, onde tudo pode acontecer. Vocês deixaram marcas em minha vida que nem o tempo e a distância irão apagar. Adoro cada uma de um jeito muito especial. 23 Agradeço as agregadas – irmãs que dividiram comigo momentos muito importantes de minha vida universitária, à companheira Mariane, à minha filha Nataly, minha teacher Rebecca e a princesa da Disney Val. Ás minhas amigas que a amizade não deixou que as distâncias nos separassem; a irmãzinha Paula, obrigada por avisar que havia entrado na melhor universidade do mundo, agradeço por ser o apoio em todos os momentos da minha vida. À Lucimara, minha companheira para o que der e vir. Amigas em que eu posso confiar. À família Prezzotto Lopes, que esteve presente em todos os momentos com muita dedicação e carinho por mim. Aos relações públicas Márcia Ceschini e Marcelo Silva que me orientaram e me ajudaram nos momentos de desespero para a preparação deste árduo trabalho. Agradeço ao Prof. Danilo, por toda a paciência e generosidade, por me acolher como sua orientanda apesar dos entraves que ocorreram durante o desenvolvimento deste trabalho. À equipe mais divertida de todas as agências; a Agência Digital SmartIS , obrigado por confiarem em meu potencial a fim de se tornar um sucesso profissional. Aos amigos que construi ao longo desses quatro anos que me ajudaram a amadurecer, de uma menina – garota, para uma mulher – Relações Públicas. Ás pessoas especiais que fizeram com que eu aprendesse o que era a vida real, com as decepções aprendi o sentido da vida; lutar por um ideal e que deixaram as marcas afirmando que eu posso sempre mais. 24 Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. Charles Darwin 25 RESUMO Este trabalho analisa teoricamente as transformações ocorridas na sociedade da informação no âmbito da comunicação organizacional, desenvolvendo uma trajetória da internet como tecnologia da transformação. Ressaltamos o estudo da Cibercultura como expressão cultural que surge com as necessidades da sociedade atual, observada por uma ótica que visa à comunicação digital, enfatizando o ambiente digital como um espaço para a troca de informações, no interior da premissa da comunicação: o relacionamento. As organizações serão abordadas no trabalho por meio de um viés para a comunicação, no âmbito digital, além das formas tradicionais. Em relação às empresas aprofundaremos no consumidor dessa sociedade do consumismo, com um olhar para a geração Y, intimamente inserida nesse contexto virtual, esmiuçando o modelo de consumo atual, principalmente as relações de consumo com as mídias sociais. Após esse processo transformador em que os indivíduos estão inseridos no ambiente digital, pretendemos focar na comunicação digital corporativa, analisando a comunicação digital nas organizações no contexto da sociedade contemporânea. Enfatizamos as teorias aprofundadas nas Relações Públicas, uma das principais atividades, apta para o planejamento, elaboração e execução das estratégias que serão utilizadas nas mídias sociais como forma de comunicação digital corporativa. Explicitamos oTwitter como ferramenta da comunicação digital corporativa, pois reafirma as teorias descritas ao longo da pesquisa como uma das mais essenciais mídias social para fidelizar o relacionamento entre o consumidor e a organização em tempo real, com um exemplo da organização Camiseteria, que se tornou um caso de sucesso nas mídias sociais; detalhamos a participação da empresa no Twitter e o alcance dessa rede através de suas estratégias na comunicação corporativa digital. Palavras-chave: sociedade contemporânea, Cibercultura, consumidor, Relações Públicas 2.0, relacionamentos e Twitter 26 ABSTRACT This project analyses in theory the transformations that have occurred in the information society in the range of the organizational communication, developing the internet historical trajectory as a technology of transformation. We highlight the cyber culture study as a cultural expression that emerges with the current society needs, observed by an optic that focuses on digital communication, emphasizing the digital environment as a space for information trade, in the interior premise of communication: the relationship. The organizations will be approached in the project through a channel for communication, in the digital range, besides the traditional forms. In regards to the enterprises we will study in depth the consumer of this society of consumerism, with a special look at the generation Y, deeply inserted in this virtual context, describing the current type of consumption, mainly the relations of consumption with the social medias. After this transforming process in which individuals are inserted in the digital environment we intend to focus in the corporate digital communication, analyzing the organizational digital communication in the contemporary society. We emphasize the theories of Public Relations, one of the main activities, able to do planning, to put together and execute the strategies that will be used in the social medias as a form of corporate digital communication. We explicit Twitter as a tool of the corporate digital communication, because it reaffirms the theories described throughout the research as one of the most essential social media to turn loyal the relationship between the consumer and the organization in real time, as an example is the organization “camisetaria” that became a success case in the social medias; we detail the participation of the company on Twitter and the reach of this network through it’s strategies in the corporate digital communication. Key Words: Contemporary Society; Cyber culture, Consumer, Public Relations, 2.0 Relationships and Twitter. 27 RESUMEN Esta investigación analiza, teóricamente, las transformaciones que han ocurrido en la sociedad de la información en el ámbito de la comunicación organizacional, desarrollando una trayectoria sobre el internet como tecnología de transformación. Resaltamos el estudio de la Cibercultura como expresión cultural que surge con las necesidades de la sociedad actual, observada desde una óptica que mira la comunicación digital, enfatizando el ambiente digital como un espacio para el cambio de informaciones, en el interior de la premisa de la comunicación: el relacionamiento. Vamos a tratar de las organizaciones a través de un camino hacia la comunicación en el ámbito digital, además de las formas tradicionales. Respecto a las empresas vamos a profundizar en el consumidor de la sociedad del consumismo, con una mirada para la “generación Y”, íntimamente inserta en ese contexto virtual, detallando el modelo de consumo actual, sobre todo las relaciones de consumo en las redes sociales. Tras ese proceso transformador en que los individuos están insertos en el ambiente digital, pretendemos enfocarnos en la comunicación digital corporativa, analizando la comunicación digital en las organizaciones en el contexto de la sociedad contemporánea. Enfatizamos las teorías profundizadas de las Relaciones Públicas, una de las principales actividades, apta al planeamiento, elaboración y ejecución de las estrategias que van a ser utilizadas en los medias sociales como forma de comunicación digital corporativa. Explicitamos el Twitter como herramienta de la comunicación digital corporativa, ya que reafirma las teorías que hemos estudiado a lo largo de la investigación como una de las más esenciales medias sociales para legitimar la relación entre el consumidor y la organización en tiempo real, con un ejemplo de la organización Camiseteria, que se ha convertido en un case de éxito en las redes sociales; detallamos la participación de la empresa en el Twitter y el alcance de esa red a través de sus estrategias en la comunicación corporativa digital. Palabras-clave: sociedad contemporánea, Cibercultura, consumidor, Relaciones Públicas 2.0, relacionamiento, Twitter. 28 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 30 Cap.2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO DIGITAL 33 2.1 Internet: a tecnologia da transformação 35 2.2 Cibercultura: uma nova cultura social 37 2.3 A esfera digital na sociedade contemporânea 41 2.4 Organizações em rede na sociedade contemporânea 45 Cap.3 CONSUMO NA INTERNET 50 3.1 A geração Y influenciada pelo virtual 51 3.2 O modelo de consumo na Internet 56 3.3 As relações de consumo com as mídias sociais 60 Cap.4 COMUNICAÇÃO DIGITAL CORPORATIVA 67 4.1 A comunicação digital corporativa na sociedade contemporânea 68 4.2 A comunicação digital corporativa: as mídias sociais 75 4.3 Twitter : a essência da mídia social 84 4.4 Twitter nas organizações contemporâneas 89 4.5 As Relações Públicas 2.0 94 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 100 6 REFERÊNCIAS 102 29 LISTA DE ILUSTRAÇÃO Figura 1 – Desenvolvimento da Geração Y 36 Figura 2 – Gráfico da 1ª força da teoria da cauda longa 46 Figura 3 – Gráfico da 2ª força da teoria da cauda longa 47 Figura 4 – Gráfico da 3ª força da teoria da cauda longa 48 Figura 5 – O modelo de comunicação digital integrada 54 Figura 6 – Quadro de relacionamentos com os públicos 68 Figura 7 – Primeira interface do Twitter 76 Figura 8 – Atual interface do Twitter 78 Figura 9 – Atual interface do perfil do usuário no Twitter 79 Figura 10 – O perfil da organização no Twitter 83 Figura 11 – Página da “Twitteria” no site da Camiseteria 84 30 1 INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto de uma inquietação que a autora sentiu ao estudar as novas tecnologias de comunicação digital nas organizações, pois existem poucos estudos com enfoque teórico pautado na sociedade da informação. Os trabalhos, até o momento, são manuais práticos de utilização das ferramentas digitais, a maioria deles não aborda a trajetória das transformações que a sociedade sofreu até consolidar nos indivíduos atuais. A ênfase deste trabalho de conclusão do curso foi a relação do consumidor com as empresas, a fim de que o profissional consiga compreender os desejos dos consumidores, para desenvolver planejamentos, elaborar estratégias de comunicação e atuar na nova comunicação em que as organizações estão inseridas. O objetivo geral da proposta do projeto foi investigar as possibilidades de utilização das mídias sociais como ferramenta de relacionamento no contexto da comunicação corporativa da atualidade, principalmente o novo profissional de Relações Públicas 2.0, capaz de intermediar essas relações do novo consumidor com as organizações na sociedade contemporânea. Inicialmente reunimos a literatura científica especializada nas temáticas abordadas da sociedade contemporânea, das novas relações de consumo, da comunicação digital, especialmente das Relações Públicas 2.0 e sobre as novas mídias sociais de comunicação, entrelaçando as ideias dos autores com a perspectiva da autora, para alcançar o estudo de caso do Twitter corporativo como modelo inovador de relacionamento com consumidor mais ágil e eficaz. Este trabalho de pesquisa discutirá possíveis as causas, os motivos e as consequências do relacionamento atual existentes nas mídias sociais no contexto corporativo, do consumidor com a organização. Portanto, o enfoque deste projeto são as organizações contemporâneas que acreditam focar sua comunicação na geração da internet, realiza planejamentos e estratégias embasados em teorias que envolvam a comunicação digital como essência principal da comunicação. Este trabalho se baseia e verifica as teorias de autores, pesquisadores e profissionais que estão estudando a nova cultura, a Cibercultura, as transformações da sociedade e, a sociedade da informação, para compreender os relacionamentos do consumidor com as organizações, mediados pela internet, por meio dos 31 principais autores da área como Pierre Levy, Manuel Castells, Ricardo Nicola, André Lemos, Zygmunt Bauman, Nestor Canclini, Chris Anderson. O estudo enfatiza a comunicação digital da qual as empresas estão se apropriando para alcançar seus clientes, com o objetivo de fidelização, manutenção do relacionamento com seus públicos. Para isso, foi realizada uma análise, principalmente da geração Y. Alguns autores afirmam que essa geração sofreu essas mudanças e se tornou um novo consumidor, resultante da sociedade do consumo. Após esse processo podemos estudar o comportamento desses indivíduos para avaliar como será o posicionamento da organização perante um ambiente, o digital, que está dominado por essa geração. Entrelaçamos a perspectiva dessa geração com a análise da sociedade do consumo, apresentando, de acordo com alguns autores, um novo modo de consumo, inserindo os indivíduos no novo modelo de comunicação, intermediada pelas ferramentas digitais, como as mídias sociais. Abordamos, com base em autores reconhecidos, a comunicação digital das organizações na sociedade contemporânea e suas interfaces diante dessa nova perspectiva, atrelando o profissional de Relações Públicas a esse contexto. Apresentamos as definições de Relações Públicas, os conceitos e as interligações com as outras profissões da área, alinhados a um modelo de definição da profissão com o intuito de direcionar o estudo, a fim de alcançar o profissional contemporâneo, o Relações Públicas 2.0, que visa enfatizar o relacionamento com mais interatividade por parte da organização com seus públicos de interesse. O profissional 2.0 consegue aliar a comunicação em mídias tradicionais, o posicionamento, os princípios da organização com a comunicação na interface digital, ressaltando o relacionamento como a característica primordial da troca de informações entre a organização e o consumidor. O trabalho apresenta as mídias sociais como ferramenta das estratégias de comunicação digital nas organizações. Para caracterizar as mídias sociais como elemento primordial para a comunicação digital corporativa, foi realizada a análise exploratória do Twitter, reafirmando os propósitos conceituados ao longo do estudo. O estudo exploratório deste trabalho analisa o Twitter corporativo como ferramenta da comunicação organizacional, avalia as suas utilidades e funções, como o SAC 2.0, o serviço de atendimento ao consumidor de modo ágil. Além disso, 32 enfatiza o Twitter como a plataforma para o relacionamento do consumidor com a empresa em tempo real, acarretando em uma comunicação mais eficaz com o objetivo de fidelizar o cliente com o modelo de comunicação inovador. Como exemplo para este estudo de caso, citamos a organização Camiseteria, que se tornou modelo de comunicação digital corporativa ao inserir sua comunicação no ambiente digital. Nosso enfoque foi para o perfil dessa empresa no Twitter. A interatividade do perfil dessa empresa no Twitter é o destaque neste caso, pois observamos os comentários, as replicações, as sugestões, entre outros assuntos abordados na mídia. Ressaltamos também o estímulo por parte da comunicação da organização com a divulgação de informações, a participação dos consumidores na fabricação das camisetas, com a criação e escolhas das estampas, e a venda pelo site, entre outras formas de relacionamentos encontrados nessa mídia. Espera-se com este projeto que os novos pesquisadores e os profissionais da atualidade reflitam sobre essas transformações que a sociedade sofreu, resultando em um novo modelo de comunicação, principalmente no contexto organizacional, ressaltando as percepções para o Twitter como plataforma digital de estreitar o relacionamento do consumidor com o posicionamento da comunicação da organização, por meio do Relações Públicas 2.0. 33 2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 34 A sociedade globalizada possui como uma das principais características: a instantaneidade das ações, a partir da qual os indivíduos percebem a necessidade de novos conceitos para entender e analisar a forma de se relacionar no mundo contemporâneo. A configuração de uma sociedade global e de novos organismos supranacionais altera as relações internacionais e desempenha uma função ativa, ditando regras e ajustes aos estados nacionais. Nesse contexto são exigidas novas formas de comunicação, movidas pelas tecnologias que impulsionam e permitem operacionalizar as grandes redes de computadores e todo o instrumental tecnológico da era digital. (KUNSCH, 2009, p. 61) A globalização no contexto contemporâneo possui inúmeros fatores que influencia nas organizações contemporâneas, profissionais e pesquisadores desenvolveram modelos e formatos para uma estrutura de gestão diferenciada e mais dinâmica. Essas características estão interrelacionadas aos novos sistemas de comunicação, permitindo uma relação entre os indivíduos da sociedade em tempo real. A organização da economia e as novas formas de gestão empresarial nos níveis nacional e internacional alteraram a natureza do poder privado e sua relação com os estados nacionais. As gigantescas corporações industriais e comerciais, organizadas globalmente, tornaram-se importantes fatores neste relacionamento. (TRIVINHO (org), 2009, p. 22) Nas organizações, a globalização é percebida por meio das transformações nos processos das relações sociais, na cultura organizacional e na comunicação das empresas, resultando em diferentes estratégias e gerenciamentos. De acordo com essas mudanças impactantes, simultaneamente para a maioria das organizações, ações visíveis em uma análise profunda estão no cerne das principais teorias da comunicação contemporânea. Estudiosos do novo formato de comunicação, advindo principalmente pela globalização, destacam o surgimento de uma cultura envolvendo as particularidades dessas transformações durante o processo da revolução da informação, originadas dos avanços tecnológicos, como em microeletrônica, computação, telecomunicações, radiodifusão e optoeletrônica1, resultando em profundas transformações sociais e consequentemente influenciando nas organizações. 1 Castells, 1999, p. 67. 35 A revolução da informação descrita por Castells (1999) afirma que os processos que ocorreram em mudanças profundas na sociedade são características da revolução da informação, que surgiram desde a primeira revolução industrial. A revolução industrial não era embasada em ciência primordialmente, porém existia uma colaboração da utilização de informações, a fim de aplicar e desenvolver os estudos existentes à atualidade. Há autores que ressaltam esses fenômenos na sociedade atual, como as teorias da cibercultura, cujos princípios ressaltam a tecnologia como base para as revoluções da informação e alicerce para análise das transformações que circundam a globalização. 2.1 Internet: a tecnologia da transformação A sociedade globalizada está estruturada em uma nova forma de comunicação relacionada a plataformas e dispositivos tecnológicos para novas invenções e descobertas da atualidade. O surgimento da Internet modificou seus hábitos e caminhou para uma nova realidade. Essa ferramenta, de aglomerado de redes, permite o acesso às informações e a todo tipo de transferência de dados, inserido em uma diversidade de recursos e serviços, com hiperligações e uma comunicação instantânea. As evoluções digitais tecnológicas foram resultados de uma composição de estratégias militares da época, em conjunto com grande colaboração do meio científico e de importante inovação crítica da sociedade. O aparecimento dessa ferramenta, como uma das primeiras redes de computadores, deu-se em 1969, denominada ARPANET, pela ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada). No período de sua criação, na Guerra Fria, os pesquisadores estudavam ferramentas para atrelar as comunicações estratégicas sem que houvesse um núcleo central, para não serem desvendados pelo inimigo. Segundo Castells (1999), existiam vários “nós” na rede que se interligavam entre si, para que houvesse comunicação se um deles fosse destruído. Após alguns anos os pesquisadores e programadores de softwares 36 perceberam a dificuldade em separar as pesquisas restritas às estratégias militares das comunicações na área científica das conversas interpessoais. Nessa perspectiva, todas as segmentações utilizavam a ARPANET, como base. Posteriormente, por volta da década de 1980, denominou-se como ARPANET- INTERNET, em seguida sendo reconhecida como Internet, porém ainda subsidiada pelo Departamento de Defesa dos EUA. Após esse período não havia autoridade que a supervisionasse; era regida por várias instituições que assumiram essa responsabilidade, no decorrer das evoluções da internet. Com o progresso das organizações, a capacidade de transmissão de dados não foi o suficiente. Os envolvidos nesse processo sentiram a necessidade da constituição de uma grande rede, com capacidade maior de relação entre os computadores para facilitar a comunicação. Sendo assim, foi criado um protocolo de comunicação entre todos os tipos de redes, um mecanismo árduo para a época, que se desenvolveu ao decorrer da década de 1970. O processo de aperfeiçoamento da comunicação da rede foi desenvolvido em um ambiente de grandes inovações e dinamismo, resultando na construção de autonomia nas relações estratégicas e também no objetivo de seu surgimento. Com a evolução da rede houve a constituição de uma cultura anárquica e com um caráter libertário, acarretando grandes progressos e transformações profundas nas percepções dos indivíduos no contexto do mundo. Nicola (2004, p.83) analisa a internet, não como uma conexão de máquinas, e destaca a necessidade de compreensão em sua totalidade, com uma de rede de conexão e histórias, com aspectos ressaltados e criação de novos pequenos mundos virtuais, aproximando a sociabilidade ao processo. De acordo com o autor, esse sistema de redes transpassa barreiras que resultam em uma forma de cultura, pois desperta novas visões e percepções das relações com a sociedade. O rompimento das barreiras socioculturais preconizado pela natureza transdisciplinar do sistema de rede, exerceu influência decisiva no surgimento de uma indústria cultural e, depois dela, de uma nova cultura digital. (NICOLA, 2004, p. 80) O ambiente virtual proporciona um campo de relacionamentos com características que são peculiares à sociedade contemporânea, constituído de novas 37 formas de comunicação e relacionamentos. Dessa forma sincroniza a mídia e o local de convivência, desperta o interesse dos pesquisadores de comunicação ao desvendar o território e sua organização para adquirir o público multimidiático2. 2.2 Cibercultura: uma nova cultura social Nessa perspectiva, as teorias da cibercultura defendidas por Levy (2008), são como um movimento social atrelado às técnicas e as características que permeiam essa nova percepção e atuação dos indivíduos diante da sociedade e das organizações contemporâneas, desencadeando uma nova forma de cultura, um conjunto de padrões, crenças, conhecimentos, costumes que se distinguem socialmente. Os autores defendem a cibercultura como a cultura relacionada às transformações que ocorrem atualmente na sociedade. Nicola (2004) conceitua esse espaço como ciberespaço, advindo do romance de ficção científica “Neuromante” de Willian Gibson. Segundo Levy (1999), no livro essa expressão designa o universo das redes digitais, descrito como um campo de batalha entre as multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural. Esse novo espaço, para Cláudio Cardoso, é um conjunto de computadores interligados entre si e também a um computador hipertextual, simultaneamente disperso, vivo, fervilhante e ainda inacabado. Levy (1999) definiu ciberespaço como o espaço e a comunicação aberta pela interconexão mundial dos computadores e suas memórias dos mesmos. Complementa os estudos do ciberespaço destacando a reunião das novas sociedades da informação, que se auto-reorganizam em um espaço sociotécnico, baseadas em uma linguagem hipertextual de códigos, o HTML, que consiste em diferentes nós de texto digital. O progresso do correio eletrônico para às conferências eletrônicas, as groupwave, possuem como bases comuns, a troca de mensagens, com suas distinções nos dispositivos eletrônicos. O email ou correio eletrônico como é conhecido é uma das funções mais utilizadas entre as essenciais para a sociedade virtual, são mensagens rápidas e 2 NICOLA, 2004, p. 84 38 servem como documento para arquivamento, ele é muito utilizado nas corporações contemporâneas; porém, as mensagens ainda são pautadas em textos, entretanto cada vez mais essas mensagens são aperfeiçoadas por meio de mecanismos multimodais. As conferências eletrônicas, plataformas mais complexas com dispostitivos sofisticados, permitem troca de mensagens entre conjuntos de indivíduos, sobre temáticas determinadas, atualmente com a ênfase no tema e não nas pessoas envolvidas. Essas inovações são devido à rede das redes, a Internet, que, de acordo com Levy (1999), permitem o acesso a um número de conferências eletrônicas, e o espaço se torna um canal de contatar as pessoas, não por meio de seus nomes, identificação tradicional, mas por posição geográfica e centros de interesses. A possibilidade de explorar ou de modificar o conteúdo de um banco de dados por meio de gestos, uma comunicação diferenciada e mais participativa, está aumentando pela evolução da tecnologia. Atualmente a realidade virtual pode ser considerada como mídia de comunicação, envolvendo o conceito de realidades virtuais compartilhadas que simulam uma interação no centro de um universo físico tridimensional “realista”; a característica do visual está calculada de acordo com as leis da perspectiva, além de imagens e sons e integra-se às normas de funcionamento e capacidade de reação autônoma, que podem ser textuais, como exemplo o caso dos videogames, em que cada jogador contribui para a construção do universo encenado em uma personagem do jogo. Levy (2008) ressalta seus estudos de conceitos da cibercultura para os termos analisados com essenciais características: a interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. Ao esmiuçar cada princípio citado, entendemos que a interconexão é propriamente uma conexão, um ambiente sem fronteiras, inseridos em uma comunicação interativa, universal, aspecto resultante em uma mutação na estrutura da comunicação, em que evolui o pensamento de redes para um espaço envolvente. O autor defende que os meios de informação não são mais encontrados em um espaço, mas estão situados atualmente em um canal interativo, pois é considerado o próprio espaço. Apoiadas nesse princípio, as comunidades virtuais, segundo Levy (2003), são construídas sobre afinidades de interesses, de conhecimento, sobre projetos 39 mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. Destaca ainda as relações virtuais, que não excluem as emoções mais intensas, e relevam a responsabilidade individual à opinião pública no ciberespaço atual. Essas comunidades têm como um dos principais fatores a reciprocidade, ou seja, se houver questões e indagações, as respostas e as discussões precisam ser realimentadas pelos membros ativos desse espaço, surgindo um aprendizado, por meio das mensagens existentes e dos conteúdos inseridos. A característica essencial do ciberespaço é a liberdade de expressão existente. Acredita-se que esse aprendizado adicione-se aos relacionamentos tradicionais, de forma satisfatória, a ser explanada a seguir. O outro princípio da cibercultura é denominado pelos visionários da década de 1960, de Inteligência Coletiva, comentada por Levy (2008) como os problemas em questão, a uma busca pela solução definitiva. A análise das novas tecnologias por meio da cibercultura, baseia-se na inteligência coletiva, que entrelaça os recursos, os projetos e as aptidões, com a cooperação da imaginação, invenção e as energias dos que estão em conexão, com o intuito de ressaltar as contribuições do sujeito e alocá-las para a coletividade. Também pode ser considerada como uma espécie de coordenação eficaz, umas das hipóteses ao se constituir o projeto e a práxis da inteligência coletiva. O autor ressalta que o desenvolvimento do ciberespaço e o avanço das tecnologias não promovem a evolução da inteligência coletiva, somente propicia um campo para o seu desenvolvimento e um espaço para a interatividade, a qual é considerada um dos aspectos essencias dessa nova realidade contemporânea. Observa-se ainda outro princípio na cibercultura: as comunidades virtuais um meio para socialização, independente de seus objetivos e formas de interesse. Sua práxis encaixa-se no modo de agir do homem atual na rede digital, não necessariamente com direção e resultados determinados, a fim de questionar e alcançar uma solução. Para Lemos (2003), a cibercultura também vincula a tecnologia à vida social na cultura contemporânea; o conteúdo é característica significativa da revolução da informação. 40 De acordo com uma citação de Slack & Wise (2002) no livro de Lemos (2003, p.480), os culturalistas ainda se recusam a enxergar a tecnologia como uma coisa, como um caso de estudo limitado, porém há teóricos que impedem de pensar em analisar o computador como uma máquina, com programas e redes e meios para se comunicar. Os atuais especialistas observam a tecnologia e seus avanços com uma visão de cultura, com suas interrelações, seus intercontextos e um conjunto de transformações em processo. Considera essa nova cultura que se engendra uma resultante da unificação da ciência no cotidiano dos indivíduos. Caracteriza assim a tecnologia como uma emanação da cultura, uma expansão que constitui novas formas de relações sociais, comunicação e meios, que usufruem para a mesma tecnologia. Levy (2008) refer-se também ao conceito de cibercultura como algo universal e, ao mesmo tempo, como não autoritária, pois se trata de fluxos de informações bidirecionais, imediatos e planetários, sem uma homogenização dos sentidos, destacando os conteúdos e visões diversas em uma rede de informações de forma direta e rápida, para uma gama de pessoas que se interlaçam em forma de uma rede, de uma conexão por meio da internet, plataformas e dispositivos e aplicativos digitais. O movimento social e cultural que o ciberespaço propaga, um movimento potente e cada vez mais vigoroso, não convergente sobre um conteúdo particular, mas sobre uma forma de comunicação não midiática, interativa, comunitária, transversal, rizomática. (LÉVY, 2008, p. 132) Nessa perspectiva, a cibercultura se constitui em um novo espaço de sociabilidade; geram-se formas distintas de relacionamentos, com novas regras e normas individuais às características do modelo de cultura tradicional. 2.3 A esfera digital na sociedade contemporânea 41 Os avanços tecnológicos despertam os interesses para estudos aprofundados e discussões, relacionando um maior envolvimento social da tecnologia da sociedade contemporânea, na cultura atual e no setor econômico vigente. A tecnologia da informação, analisada dessa perspectiva, pode ser explicitada como uma transformação da sociedade, uma mudança cultural impactada na economia, na política e na cultura, denominada como a revolução da informação. De acordo com Castells (1999, p.43), “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas”. Observa-se a sociedade contemporânea com uma nova visão, ressaltando o aspecto chave para uma transformação histórica que está ocorrendo na atualidade. As revoluções tecnológicas ocorreram em pontos estratégicos do globo, como consequências dos pensamentos das transformações da estrutura da sociedade. As invenções e os avanços tecnológicos foram pioneiros no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e disseminados pela cultura de inovação, pela liberdade dos movimentos da década de 1960. Com essas ações, pensamentos e questionamentos fervilhando em uma velocidade frenética, é inevitável que as relações da sociedade se modifiquem e, ao longo do tempo, pautem-se por novas ferramentas, plataformas e dispositivos tecnológicos, refletindo uma visão diferenciada de comunicação e resultando em estratégias diferenciadas das tradicionais de atuação na sociedade. As consequências que ocorreram e continuam impactando a sociedade contemporânea foram analisados por De Masi (2000), que discutiu as interelações existentes entre os períodos e suas relevências, concluindo que as características da sociedade atual, como as rupturas e as profundas mudanças no modo da organização social, são os reflexos da industrialização e da evolução das tecnologias, o que acarreta uma sociedade denominada como pós-industrial. Em uma análise do contexto atual, a sociedade pós-industrial destacam-se as universidades, os institutos de pesquisa e as organizações como importantes atores sociais para a civilização atual. Nessa perspectiva a família se torna uma estrutura frágil, uma característica que engendram as transformações no modo de pensar e agir dos indivíduos, na maioria das vezes, imperceptíveis aos próprios indivíduos. Há estruturas para que a sociedade se impulsione para as novas relações de mercado, novas formas de comunicação e adquira novos hábitos de acordo com o 42 novo modelo de indivíduos, observados pela geração Y, os nascidos a partir de 1980 a 1999. Os indivíduos dessa geração foram criados no contexto das transformações tecnológicas e estão neste momento na vida adulta, influenciando uma nova visão, pois estão extremamente informados, antenados e enérgicos com as invenções tecnológicas; porém esbarram em um obstáculo: ainda não sabem o poder dessas transformações ao lidar com o potencial das informações de que dispõem. A geração em debate foi bombardeada por informações e evoluções, por meio das tecnologias disponíveis que se adaptaram facilmente a novos disposititivos e receberam as informações instantaneamente, sem fronteiras, com acesso a todo tipo de conteúdo, inclusive os que possuem o direito controlado pelos proprietários, mediados pela tecnologia. O enfoque dessa sociedade tornou a informação irrestrita, ilimitada, gerindo, para alguns indivíduos, o conhecimento. Contudo, modificou as estruturas e alicerces da comunicação. Por essa perspectiva, os novos valores, verdades e visões estavam surgindo para formar a sociedade vigente atualmente. Fazer questionamentos constantemente, demonstrar ansiedade e impaciência em quase todas as situações, desenvolver ideias e pensamentos com superficialidade, buscar viver com intensidade cada experiência, ser transitório e ambíguo em suas decisões e escolhas – essas são algumas das principais características atribuídas à Geração Y. (OLIVEIRA, 2010, p. 63) Os comportamentos que caracterizam a geração advêm da necessidade de reconhecimento, da escolha por padrões informais e flexíveis à extrema individualidade e constante busca por criar uma rede de relacionamentos. Um dos aspectos chaves é o paradoxo observado na geração Y, pois toda essa gama de tecnologias disponíveis desenvolveu jovens mais individualistas e não com pensamentos coletivos; percebe-se isso nas ações profissionais e no avanço da competitividade econômica e profissional, gerando uma necessidade em compartilhar sua vida por meio das redes sociais, fato que será conceituado a seguir. O desenvolvimento das conexões via internet resultou em uma sociedade mais conectada e com anseios para estabelecer relacionamentos, pois as fronteiras 43 são menores que em outras gerações, aumentando-se a amplitude por meio de sites de relacionamentos que possuem índices altíssimos de adesões diárias. Dessa forma, períodos de revolução, como a observada com a revolução da informação, caracterizam-se por constantes mudanças nos paradigmas, trazendos resultados desafiadores e acarretando oportunidades inéditas. Após o século XX, observou-se uma grande transformação, principalmente relacionada às tecnologias, porque o ciclo de vida dos aparelhos tecnológicos era maior que o ciclo de vida humana, porém isso se inverteu nos últimos anos e acarretou uma inversão significativa. Os avanços estão superando o ciclo de vida dos indivíduos e desenvolvendo novidades tecnológicas constantemente, devido à necessidade de suprir as ações humanas a fim de proporcionar mais facilidade de acesso às informações na rede. Além disso, emergem o conhecimento e a inteligência como fatores essenciais para as matérias primas e os meios de produção, como relações e locais de trabalho que se tornaram mais vulneráveis pelo fato de as atividades serem realizadas online. Essa nova visão de mundo caracterizou diferentes relações de trabalho, surgindo novos meios para os locais de trabalho, reconhecendo-se o virtual como o ambiente disponível a um canal com seus públicos de interesse, utilizando-se diversas plataformas e dispositivos a serem esmiuçados para a comunicação da sociedade da informação. Em relação à comunicação mediada pelos novos canais advindos da tecnologia, podemos ressaltar a interatividade e a participação ativa do beneficiário de uma transação de informações. A possibilidade de reapropriação e de recombinação material da mensagem por seu receptor é um parâmetro fundamental para avaliar o grau de interatividade do produto. (LEVY, 1999, p. 79) Se fizermos uma retrospectiva nas mídias realçando a característica “interatividade”, destacamos como uma das primeiras plataformas de “telepresença” o telefone: proporciona o diálogo, a reciprocidade, a comunicação mediada pela voz; na televisão, a mídia é diferenciada por meio de sons e imagens interligadas, assim representa uma forma de interatividade limitada, pois o conjunto de recursos dessa mídia não oferece a produção do conteúdo ou mesmo a preferência da 44 programação, já que são oferecidas programações por meio de uma segmentação dos assuntos tratados, por canais e horários diferenciados. Por outro lado, com o surgimento da internet os sistemas online permitiram uma maior interatividade, na maioria ilimitada, principalmente por ser uma mídia navegável, capaz de programar sistemas que oferecem o acesso, compartilhado e a distância, a documentos e fontes de informação. Espaços de trabalho fazem com que se aproxime a comunicação por meio do virtual e também por agentes de softwares que permitem filtrar informações e os mecanismos de buscas. Levy (1999) classifica o grau de interatividade de uma mídia ou de uma plataforma de comunicação por meio de algumas variáveis, como: as possibilidades de apropriação e de personalização da mensagem recebida; a reciprocidade da comunicação; a virtualidade, que é definida pelo cálculo da mensagem em tempo real em função de um modelo; e a implicação da imagem dos envolvidos nas mensagens e a telepresença. As mídias digitais estão se proliferando, por meio dos avanços tecnológicos, dessa forma proporciona novos dispositivos de comunicação, os pesquisadores da área percebem a necessidade de modelos de comunicação mais diferenciados que as teorias de comunicação tradicional, essas teorias não conseguem analisar com profundidade a comunicação da sociedade contemporânea, pesquisam e estudam novos métodos e novas teorias que envolvão esses novos modelos de comunicação. A interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de comunicação, do que uma característica simples e univocal atribuível a um sistema específico. (LEVY, 1999, p. 82) Portanto, percebemos que a comunicação por meio do virtual possui mais características que promovem a interatividade do que a comunicação telefônica. Ao analisar a mensagem, destaca-se a multifuncionalidade da comunicação virtual para as modalidades que essa mídia pode proporcionar na transmissão de mensagens, como imagens e sons, que são as peças-chave da comunicação. Além disso, essa nova cultura, com diferentes paradigmas e novas relações sociais, foi transmitida para as relações corporativas, modificando dessa forma o comportamento das relações e da comunicação organizacional. 45 2.4 Organizações em redes na sociedade contemporânea No contexto organizacional, os avanços tecnológicos e as transformações no ambiente corporativo foram estudados por alguns teóricos por meio da trajetória de organização das empresas, resultando no comportamento observado atualmente em organizações contemporâneas. Em uma retrospectiva, o modelo organizacional de pequenas e médias organizações é dominado, em relação às tecnologias e em alguns casos aos departamentos financeiros, por empresas de porte maior, que decidem as ações de estabelecer relações em redes com outras empresas, segmentadas por nichos de mercado e empreendimentos cooperativos. De acordo com Castells (1999), o exemplo de uma rede produtiva é o modelo “Benetton”: a organização originou-se de uma pequena empresa familiar na Itália e opera com sua extensão em franquias espalhadas pelo mundo para a distribuição de seus produtos, através do rígido controle da matriz, por meio de uma central que recebe informações online de todos os pontos de distribuição e controla o estoque, a escolha das tendências em relação ao modelo, formas e cores dos produtos de sua marca. Esse modelo também é aplicado na produção, criando suas peças em pequenas empresas no país de origem e em outros do Mediterrâneo, como a Turquia. Esse tipo de organização em redes é uma forma intermediária de arranjo entre a desintegração vertical por meio dos sistemas de subcontratação de uma grande empresa e as redes horizontais das pequenas empresas. É uma rede horizontal, mas baseada em um conjunto de relações periféricas / centrais, tanto no lado da oferta como no lado da demanda do processo. (CASTELLS, 1999, p. 219) Por causa das condições de imprevisibilidade resultantes da rápida e constante transformação tecnológica, impactando também na economia, as organizações começaram e continuam a realizar mudanças em seus modelos organizacionais, que consequentemente transformaram sua comunicação, algo que será analisado posteriormente. As características desse novo modelo observado nas empresas, segundo Castells (1999), são: a hierarquia horizontal, a organização em torno do processo e 46 não isoladamente nas tarefas, o gerenciamento em equipe, a mensuração pela satisfação do cliente, a recompensa com base no desempenho da equipe, a maximização dos contatos com os fornecedores e clientes, a informação, o treinamento e o retreinamento dos colaboradores de toda a empresa. A globalização originou uma economia global que necessita de novas configurações para atuar nesse cenário, caracterizado pelo aumento de novos concorrentes, que usufruem das novas tecnologias e capacidades relacionadas à redução de custos. De acordo com o autor, as organizações tiveram de se tornar preferencialmente mais eficientes que econômicas. Os métodos para abranger os benefícios disponíveis pelas flexibilidades da rede precisaram se tornar uma rede e assim dinamizar cada elemento de sua estrutura interna, caracterizando-a como uma empresa horizontal, podendo posteriormente até se descentralizar e concorrer entre si dentro de uma lógica global em comum. Castells (1999) afirma que as novas estratégias em que as empresas estão inseridas não foram consequências automáticas da transformação tecnológica, porém algumas precederam o surgimento das novas tecnologias da informação, como é o caso da maioria dos métodos utilizados pelas organizações japonesas e norte-americanas que destacavam a conscientização de seus funcionários, relacionando-a com a rigidez das culturas corporativas tradicionais, que resistem à flexibilidade das mudanças profundas. O aspecto importante na década de 1980, as empresas começaram a crescerem rapidamente, estendendo para filiais, as transformações na gestão organizacional foi admiravelmente intensificada pelas novas tecnologias de informação, por meio de seus softwares, plataformas e dispositivos. A capacidade das empresas de pequeno e médio porte de estarem conectadas em redes, entre si e com as de grandes portes, também foi advinda das tecnologias, pois o “horizonte” das redes se tornou global. Portanto, devido a essas percepções da utilização das redes pelos novos modelos de organizações é que houve a evolução dos computadores pessoais e da rede mundial de computadores, a internet e sua difusão. Atualmente, destaca-se no setor empresarial o segmento de software como um dos mais rentáveis, para a produção de informação, fato que moldará os processos de produção e gerenciamento dos próximos anos, devido à característica 47 organizacional; a utilização flexível e interativa de computadores por meio do virtual. Bar e Borrus demonstraram em vários importantes trabalhos de pesquisa que a tecnologia das redes de informação teve um tremendo progresso no início dos anos 90 devido à convergência de três tendências: digitalização da rede de telecomunicações, desenvolvimento da transmissão em banda larga e uma grande melhoria no desempenho de computadores conectados pela rede, desempenho que, por sua vez, foi determinado por avanços tecnológicos em microeletrônica e software. (CASTELLS, 1999, p. 231) O autor cita que os sistemas interativos de computadores até o período eram limitados às redes locais; assim os sistemas tornaram-se operacionais em redes remotas, e o novo paradigma computacional foi considerado uma “computação cooperativa”, independente da localização dos envolvidos. Essas evoluções de tecnologias, a partir da década de 1990, resultaram em processos mais flexíveis de gerenciamento, produção e distribuição com interações virtuais, inclusive com compartilhamento entre organizações distintas e seus setores. Com a difusão da internet e a popularização da banda larga, as organizações se pautaram em redes de comunicação rápida, como Intranets e Extranets para facilitar a interação entre si e com os clientes; porém, era necessário que a empresa estivesse capacitada para a implantação dessas e de outras características inovadoras para forma de organização. Diester Erns, por sua vez, demonstrou que a convergência entre as exigências organizacionais e a transformação tecnológica estabeleceu a integração em redes como a forma fundamental de concorrência na nova economia global. As barreiras que impediam o acesso aos setores mais avançados, como o eletrônico e o automobilístico, elevaram-se, dificultando extremamente a entrada de novos concorrentes sozinhos no mercado e até reduzindo a capacidade das grandes empresas para abrir novas linhas de produtos ou inovar os próprios processos de acordo com o ritmo da transformação tecnológica. (CASTELLS, 1999, P.232) As redes possuem como uma das principais características servir como filtros, já que em seu núcleo novas oportunidades são constantemente criadas, e em seu exterior as rápidas mudanças das empresas necessitam estar em uma unidade operacional entre a crise organizacional e as transformações desenvolvidas pela 48 evolução dos mecanismos tecnológicos. Devido a globalização, os pesquisadores intitulam as organizações que possuem essas caracteríticas descritas anteriormente, como empresas em rede. Os conceitos atribuídos resultam em algumas funcionalidades, como a conectividade, a capacidade da interação da comunicação sem um ruído, falhas entre seus membros, a coerência entre os interesses comuns das finalidades da rede e de seus sistemas. Conforme discutido anteriormente, a sociedade do conhecimento ou sociedade da informação reflete em consequências também nas empresas, obtêm sucesso por meio da geração de conhecimento e do processamento de informações com rapidez e eficiência, principalmente proatividade para encarar as mudanças da sociedade e transforma-las em estartégias para a comunicação da sua organização. À medida que os objetivos se transformam em consequência à mudança sociocultural, tecnológica e institucional, o destaque das empresas se restringe para a inovação organizacional. Essas questões entrelaçam-se com as ideias de Levy (2000), baseando-se nas tecnologias intelectuais que exteriorizam, amplificam e modificam a quantidade de funções cognitivas humanas: a memória, a imaginação, a percepção e o raciocínio, por meio de plataformas virtuais como hiperdocumentos, arquivos, simuladores, captores de telepresença e realidades virtuais, novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio e de conhecimentos, caracterizando em um espaço do saber. Levy (2000) ressalta que essas ferramentas não surgiram para a substituição do homem, e também para a inteligência artificial, como alguns teóricos definem, mas para a promoção de saberes coletivos e das potencialidades sociais e cognitivas dos indivíduos, a fim de gerar seu desenvolvimento e disseminação. A característica que é essencial é o saber coletivo, como produto de redes com o objetivo de realizar funções com eficiência e rapidez em relação às transformações ocorridas na sociedade contemporânea. O principal projeto arquitetônico do século XXI será imaginar, construir e organizar o espaço interativo e móvel do ciberespaço [..]. Talvez seja possível, então, superar a sociedade do espetáculo para abordar uma era pós-mídia, na qual as técnicas de comunicação servirão para filtrar o fluxo de conhecimentos, para navegar no saber e pensar juntos, em vez de carregar consigo grandes massas de informação. (LEVY, 1999, p. 25). 49 Na ótica organizacional, os atores da comunicação produzem uma gama de sentidos que pode uni-los ou mesmo separá-los. De acordo com Dolbeau (2004), cada palavra, cada ação da comunicação é estímulo para uma rede heterogênea da organização e colabora para a renovação da topologia da rede, reafirmando os princípios da interatividade de Levy (1999). A comunicação organizacional na sociedade contemporânea se baseia nas características de desterritorialização, sem fronteiras e com o redimensionamento de termos de tempos e espaço, ocasionados pelas ferramentas tecnológicas. Dessa forma a comunicação potencializa a informação para a construção de “coletivos inteligentes” segundo Levy (1999), ou seja, a informação se justifica à medida que colabora para a resolução dos problemas e circunstâncias em crise organizacional, pois os modelos tradicionais não bastam para suprir as novas concepções organizacionais. Contudo, em um modelo organizacional, ao invés de hierarquização vertical por meio de pirâmides, análises das empresas são redesenhadas em uma organização como espaços de conhecimentos emergentes, abertos, continuados, em fluxos não-lineares, auto-organizados, segundo a missão e a visão da empresa, regulamentados no plano estratégico organizacional, que são os aspectos que ocupam uma posição singular e principalmente evolutiva. 50 3 CONSUMO NA INTERNET 51 A análise deste capítulo será as relações de consumo dos indivíduos, principalmente da geração Y, com as organizações. De acordo Bauman (2008) a sociedade do consumismo e aprofundaremos nos entraves que ocorreram em relação com o surgimento da internet, Os entraves estão ligados a resistências e à evolução da nova relação social intermediada pela nova gestão da comunicação organizacional que influenciará a sociedade como um todo, redimensionando as percepções, significados e comportamentos. 3.1 A geração Y influenciada pelo virtual De acordo com Oliveira (2010), a geração dominante na internet é a geração Y, formada por aqueles que nasceram de 1980 a 1999, e atualmente estão na vida adulta, em plena juventude; expressa estar em fase de transição, por isso será a análise do estudo. Dessa forma são os indivíduos que estão inseridos nas redes em conexão e contribuem maciçamente para a evolução da internet e da comunicação digital. Essa geração usufrue da tecnologia para todas as atividades de sua vida, especialmente para obter mais, manter e intensificar os relacionamentos, em diversos aspectos, sem uma comparação em relacionamentos profundos e ou superficiais nessa discussão. Ressaltamos para o fato de que teóricos discutem as principais formas que esses jovens usam, cada vez mais, de conexões virtuais para se relacionarem, com altos índices de acessos a sites de relacionamentos, em comunicadores instantâneos, assunto que será esmiuçado no capítulo seguinte, assim como também celulares, embora não seja o foco do projeto. Uma das essenciais observações acerca dessa temática é a ânsia que percebemos nessa geração pelo mundo virtual. Por estarem conectados, criam códigos próprios e agem segundo seus próprios modelos, disseminados pelo mundo em tempo recorde em comparação às outras gerações, devido à facilidade promovida pela internet. Esses jovens, segundo Oliveira (2010), são extremamente carentes de 52 valores, de afeto real, devido às circunstâncias citadas anteriormente, que podem ser alcançados por “diálogos verdadeiros”, para uma negociação de expectativas. Anseiam por referenciais baseados nos valores e se distanciam de julgamentos, regras e normatizações. Figura 1: Desenvolvimento da Geração Y Fonte: OLIVEIRA, 2010, p.87. Na figura, destacamos a diminuição dos controles externos e o aumento das características que circundam a maturidade do indivíduo, como as atitudes, os resultados, as significações e os valores. Essa representação demonstra a redução das expectativas referentes aos controles, ressaltando a atenção para os significados das decisões, ressaltamos os resultados e as consequências que serão proporcionadas no futuro. Devido à revolução da sociedade, as transformações ocorridas terão sentido nas bases e estarão relacionadas aos sentimentos e emoções dos indivíduos. Assumiu-se um crescimento do homem muito interativo em relação às gerações anteriores, pois se desenvolveram em ambientes mais conturbados, desafiadores, e se aventuram em jogos multimídias, então é muito relevante para eles estarem em constante conexão com os aparelhos eletrônicos, e simultaneamente, com as pessoas. Nessa perspectiva, esses indivíduos consideram todo tipo de relacionamento um processo de “integração”, dando maior importância a cargos, posições e status social. É algo intimamente relacionado com o social e a sociabilidade, gerindo um 53 espaço para a comunicação. Assim como os jovens da Geração X não conheceram os lares sem energia elétrica, geladeira e televisão, os da Geração Y não conseguem conceber o mundo sem computadores, celulares e internet. (OLIVEIRA, 2010, p. 106) É uma grande oportunidade para as organizações aproveitarem as características dessa geração que atualmente se destaca na sociedade, que, de acordo com Oliveira (2010), valoriza mais os relacionamentos, a conexão e a integração com as pessoas, pois desejam respostas diretas, objetivas e exigem de seus responsáveis, pais e gestores uma transparência diferente das observadas anteriormente. A sociedade aproveita os avanços das máquinas e dos softwares para inúmeras transformações tecnológicas que principalmente auxiliam na comunicação interpessoal para a manutenção de vínculos de afetividade que poderiam se desgastar com o tempo e a distância entre os envolvidos. Essas inter-relações maximizam a evolução tecnológica e concomitantemente potencializa as relações entre os membros, podendo ser virtuais. A comunicação advinda dessa geração é perceptível de diversas maneiras, por meio do estilo de vida, da linguagem, das roupas, que são as expressões de suas convicções transmitidas em informações. O mesmo ocorre na comunicação virtual, em que essas características são perpassadas para as plataformas digitais, algo que será detalhado no capítulo posterior, como forma de expressar seu ponto de vista e seu modo de vida. O elemento importante do qual as organizações estão se apropriando, para elaborar suas estratégias no ambiente digital, é a característica dos jovens gostarem de participar e se envolverem em coisas novas e diferentes, transcedendo o limiar da ousadia. As organizações inovam o modo de fazer a comunicação e testam com estes jovens, a fim de avaliar os resultados advindos das novas tecnologias da informação. Nesse contexto, para Nicola (2004) o sistema digital não constitui somente mais uma mídia, mas um espaço sociotécnico, onde a desterritorialidade se faz presente e os usuários não são só ciberleitores, mas cibercidadãos, que promovem discussões e questionamentos dentro das redes a fim de desenvolverem novas informações e consequentemente novos conhecimentos coletivos. 54 Outras gerações estão se inserindo cada vez mais nessa realidade, e encaram o desafio de manuseio dos novos aparelhos eletrônicos e da linguagem renovada utilizada na internet para também estarem conectados na sociedade da informação, que é extremamente competitiva e selvagem pela ótica organizacional. Em relação aos anseios desses jovens, independentemente da linha de pensamento do autor, estudiosos consideram como mais aplicável a teoria de que o sonhar é processo do homem, único e intransferível, sem compreensão de sua profundidade e dimensão. Nesse limiar, as organizações se apropriam dessas teorias para estimular padrões de sonhos e desejos em objetos comercializados. A comunicação das empresas pesquisa maneiras de embalar os produtos e serviços anunciando-os como um objeto de desejo, destacando os aspectos de influência dos clientes e consumidores. De acordo com Bauman (2008), a instabilidade dos desejos, a insaciabilidade das necessidades e a somatória da nova tendência ao consumo instantâneo se baseiam na liquidez do ambiente, considerado como líquido-moderno insustentável a um planejamento, um investimento e armazenamento a prazos maiores. Novas necessidades exigem novas mercadorias, que por sua vez exigem novas necessidades e desejos; o advento do consumismo augura uma era de “obsolescência embutida” dos bens oferecidos no mercado e assinala um aumento espetacular na indústria da remoção do lixo. (BAUMAN, 2008, p.45) As tecnologias permitiram que as mídias, principalmente a internet, mascarem essas atitudes empresariais devido às transformações da própria visão da sociedade. As mídias estimulam a sociedade do consumo e estabelecem padrões prontos com sonhos elevados, assim se tornam influenciados com algumas decisões impulsivas e incompreensíveis porque buscam satisfazer a realização dos sonhos produzidos no imaginário do indivíduo. Os indivíduos que vivenciam as mudanças instantâneas estão acostumados a não criarem expectativas duradouras e se apropria de projetos com prazos menores e imediatos. De acordo com Bauman (2008) apud Stephen Bertman definiu essa cultura atual como a “cultura agorista” e também cultura “apressada” em uma representação do modo de vida dos indivíduos, inserindo as teorias de apreensão 55 dos fenômenos por meio da cultura líquida – moderno do consumismo, assunto que será debatido a seguir. Contudo, os sonhos dessa geração se alteram em uma velocidade frenética influenciada pelas circunstâncias em que vivenciam a atualidade. Seus indivíduos estão se preparando para um mercado que exige o aperfeiçoamento desses serviços e mecanismos tecnológicos inéditos, para suprir as necessidades que estão por vir. Além disso, o método que vigorava e se destacava no desenvolvimento dos indivíduos das gerações anterioress era o método cartesiano, que colaborou para a filosofia ocidental alicerçar o modelo socioeconômico atual, que direciona os relacionamentos sociais e organizacionais. Porém, para a sociedade da informação, a expansão do conhecimento valoriza a concepção de ideias, de sugestões e de opiniões distintas socialmente e dentro das organizações, avaliadas pelos resultados mensurados a partir da inovação. Elaborar ideias está diretamente relacionado à construção de pensamentos abstratos, na qual as prioridades estão nas possibilidades [...] Associando o virtual e o abstrato como conceitos gêmeos das “possibilidades” e não da realidade, do futuro e não do presente, identificaremos uma conexão singular. O virtual pode assumir condições tão verdadeiras quanto o real. O virtual não é oposto ao real, é oposto ao atual. Como ainda não existe, o virtual é apenas “uma possibilidade de ser”, enquanto o atual já é. (OLIVEIRA, 2010 p. 121). Os jovens dessa geração dedicam a maior parte do tempo em atividades virtuais, como jogos eletrônicos, plataformas de relacionamentos e dispositivos para aparelhos eletrônicos, conhecidas como conexões cognitivas, com a utilização de um método diferente, difuso. Portanto, os modelos de gestão preestabelecidos estão se tornando arcaicos, perdendo sua eficácia, pelas profundas mudanças nessas novas gerações, que reagem de maneira inovadora às premissas sedimentadas nos padrões tradicionais. Atuam de maneira mais arrogante, irreverente e imediata, promovendo habilidades diferentes, atitudes inéditas e uma facilidade em se adaptar a novas situações que não se observava em gerações anteriores. A sociedade percebeu que as circunstâncias, os aparelhos eletrônicos, as 56 tecnologias e até mesmo as relações sociais estão se tornando obsoletas, e apresentam preocupação com os processos de transferência de valores e significados. Na era das conexões, buscamos uma maior flexibilização dos conceitos e uma incessante adaptação ao novo cenário atual. As oportunidades da conexão em rede e principalmente de visões de mercado estão na matriz de relacionamentos, como o posicionamento das organizações em atingir esse público. [...] a ação educativa desses jovens e permite o surgimento de cenários de relacionamento entre as gerações que facilitam o fluxo de orientação e a transferência de valores de vida. (OLIVEIRA, 2010, p.135) Compreender os métodos e as convicções, que tornaram distintos os relacionamentos entre as pessoas no século XXI, é um dos aspectos essenciais para a comunicação e gestão organizacional. Essa sociedade tem características únicas e está em plena efervescência, transfigurando-se a cada inovação, a cada tecnologia avançada, a cada novo hábito, a cada novo produto lançado e serviço diferente disponível. 3.2 O modelo de consumo na Internet As organizações estão percebendo que precisam discenir os mercados e alcançar a segmentação em nichos, algo esmiuçado pela teoria da Cauda Longa de Anderson (2006) no tópico a seguir. Para a análise da geração como consumidores, as bases serão de Bauman (2008), que define o consumo pelo conceito mais contemporâneo como uma condição, um aspecto permanente e irremovível, sem limites temporais ou históricos, considerado como um elemento intrínseco da sobrevivência biológica. Os tipos de consumo descritos no processo histórico são apresentados como uma renovação da dimensão anterior, pois, nessa perspectiva, a continuidade parece ser a norma e o modelo de rupturas e transformações revolucionárias, consideradas quantitativas pelo autor, que necessita da abrangência do dinamismo do modo de ser e estar do indivíduo no mundo em que vive. De acordo com Canclini (2008) a definição que analisa o consumo é o 57 conjunto de processos socioculturais que realizam a apropriação e os usos dos produtos, e é relevante a função do consumidor e seu repertório cultural relacionado com a aquisição do bem de consumo. Então, o nível de conhecimentos acerca do produto e as influências sofridas pelo meio em que está inserido serão determinantes para suas escolhas no momento da decisão pela compra. O consumo como uma estratégia se torna uma mola propulsora das atividades em busca individual do melhor preço, da promoção que mais se encaixa e da elevação para status mais altos. Essa ruptura no padrão e na dinâmica é designada de “revolução consumista”. Com a passagem do consumo para o consumismo, quando adquirir produtos ou serviços se tornou importante para a sociedade, a situação de experimentar tais sentimentos novos se tornou a base de sustentação da economia de mercado. O método que será detalhado para análise é o da “sociedade de consumidores”, apresentada por Max Weber como “tipos ideais”. São mecanismos cognitivos indispensáveis que estimulam os aspectos da situação social, enquanto oculta outras características consideradas de menor relevância para o modo de vida individual. São as ferramentas para avaliar a realidade socioeconômica. Nesse contexto, os integrantes dessa sociedade são considerados as próprias mercadorias, e essa relevância os tornam membros do grupo. Essa apropriação propulsiona o consumismo, designando como uma mercadoria de venda a preocupação da situação, na maioria das vezes inconsciente. Em outra ótica, é a representação da sociedade que reafirma um estilo de vida e uma proposta de consumo que abdica das opções culturais. Compilam-se as definições de consumismo gerando a representação; um tipo de disposição social advindo da reciclagem dos costumes, vontades, hábitos, desejos e anseios humanos cotidianos, permanente e a fim de tornar o principal objetivo propulsor da socidade. Sintetiza o consumismo, um aspecto da sociedade, em consumo, característica dos homens como indivíduos, quando se torna o elemento-chave da sociedade de produtores. Em uma trajetória histórica, de acordo com Bauman (2008) a sociedade de produtores; o principal modelo da sociedade sólida da modernidade destaca o ambiente do desejo humano como confiável, ordenado, regular, transparente e, como prova disso, duradouro, resistente ao tempo, uma credibilidade em longo 58 prazo, o autor destaca para a lógica do consumo dos bens não imediatos, preservados a permanecerem intactos, porém essas características existentes na sociedade não se encontram nos indivíduos de hoje. No caminho que conduz a esta, o desejo humano de estabilidade deve se transformar, e de fato se transforma, de principal ativo do sistema em seu maior risco, quem sabe até potencialmente fatal, uma causa de disrupção ou mau funcionamento. Dificilmente poderia ser de outro jeito, já que o consumismo, em aguda oposição às formas de vida precedentes, associa a felicidade não tanto à satisfação de necessidades, mas a um volume e uma intesidade de desejos sempre crescentes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a satisfazê-la. (Bauman, 2008, p. 44) A transposição da sociedade de produtores para a de consumidores foi um processo gradativo, porém uma oportunidade estratégica dos comportamentos limitados para uma autonomia particular do indivíduo. Considera-se uma qualidade para o sujeito, que será mais ativo em suas ações e decisões, relacionando-se com a autoafirmação e liberdade de escolhas. O indivíduo se desenvolveu ao longo do século XX trazendo consigo as transformações da sociedade líquido-moderna, em relação aos consumidores não cíclicos e não linear. A ênfase da sociedade do consumidor é no reconhecimento das necessidades, a busca incessante de informações, para depois o consumidor avaliar as propostas e definitivamente realizar a compra, e posteriormente irá designar se as expectativas foram supridas pelo produto adquirido. As características relevantes dessa era são o impulso de adquirir e juntar, a necessidade de descarte e de substituição. Os mecanismos e plataformas que apresentarem problemas ou mesmo falhas são abandonadas e não reformuladas para serem utilizadas novamente, são substituídas por outros modelos mais sofisticados, com mais habilidade e que produzam maior efeito. Na gestão do marketing de uma organização os enlaces que precisam ser destacados são: aproveitar todos os processos da decisão do sujeito pelo seu bem de consumo, despertar estímulos de desejo e calcar com bases em plataformas de relacionamento que subsidiem as relações do consumidor com a empresa, conforme as estratégias esmiuçadas no capítulo posterior. Contudo, as fases em que o indivíduo se encontra no processo decisório são subjetivas, podendo sofrer 59 influências a todo o momento por forças externas. Para Bauman (2008) os sentimentos de felicidade ou sua ausência derivam de esperanças e expectativas do sujeito, assim como hábitos aprendidos, e tudo isso tende a diferir de um ambiente social para o outro. Para Chanlat (1996), o ser humano e a sociedade na qual está inserido produzirão uma representação do mundo que lhe conferem a significação, definindo as significações dos sujeitos influenciados pelo ambiente. Dessa forma, a sociedade da informação se correlaciona com as decisões do indivíduo. Uma das peculiaridades da sociedade de consumidores é o valor desse viés “vida feliz” para os indivíduos, todos os produtos terão que satisfazer esse viés, para o autor Bauman (2008) é o único período da história da humanidade que se prenuncia a felicidade terrena no momento atual, ressalta a característica do imediatismo e não tolera a infelicidade, senão alcançar esse sentimento é destinado a punição e a compensação do emocional. Assim, quando os objetos dos desejos de ontem e os antigos investimentos da esperança quebram a promessa edeixam de proporcionar a esperada satisfação instantânea e completa, eles devem ser abandonados – junto com os relacionamentos que proporcionaram um “bang” não tão “big” quanto se esperava. (Bauman, 2008, p.51) Em relação organizacional, a busca da felicidade como mote dessa sociedade é comumente utilizada nas campanhas de marketing e designada ao processo do “fazer coisas” ou de sua “apropriação” para a “remoção” para a economia da era do consumismo, o que impulsiona a compra, descartando as premissas de estagnação, suspensão, e destaca o foco de uma nova rodada de compras. Com a finalidade de atender a essa nova demanda é essencial oferecer mecanismos inovadores motivacionais, de orientacão e monitoramento de comportamento humano. Dessa maneira, os fundamentos são os excessos e o desperdício em relação aos produtos e produtores. As organizações necessitam expandir sua massa de inovações constantemente, pois para manter a economia consumista e o acréscimo de produtos inéditos, com efeitos diferentes dos anteriores, é preciso extrapolar a meta de acordo com a demanda estabelecida. Para essas ações destacam-se alguns processos, os produtos e serviços que serão criados e ou descobertos por agências de pesquisa para chegar a investir nas 60 aplicabilidades do produto, e outros pela velocidade de produção de novos produtos são descartados antes de sua vida útil. Na acirrada competição pelo mais escasso dos recursos – a atenção e potenciais consumidores -, os fornecedores de pretensos bens de consumo, incluindo os de informação, buscam desesperadamente sobras não cultivadas do tempo dos consumidores, qualquer brecha entre moemntos de consumo que possa ser preenchida com mais informação. Esperam que alguma parcela da multidão anônima situada na extremidade receptora do canal de comunicação, no curso de suas buscas desesperadas pelas informações das quais nãp precisa, mas que os fornecedores desejam que absorva [...] (BAUMAN, 2008, p.55) 3.3 As relações de consumo com as mídias sociais Com o advento das novas tecnologias houve mudanças significativas na sociedade sociocultural e na economia comprovadas pelas discussões anteriores. Essas transformações, como hábitos, consumo e modo de vida fizeram com que indivíduos estudassem plataformas e canais que tornassem a internet muito mais interativa que os próprios sites, engessados, estáticos. Atrelados à evolução da tecnologia, estudiosos em engenharia de software desenvolveram mídias interativas, o que resultou no compartilhamento de informações pessoais com ênfase nos relacionamentos sociais e suas nuances. A mudança de cultura de massa para a cultura de nicho é considerada uma característica dessas transformações, ocorridas principalmente no período da popularização da internet e do avanço das novas tecnologias. Atualmente não se designa massa para um grupo de pessoas com mesmos interesses, pois cada indivíduo possui suas particularidades e suas idiossincracias e demonstra diferentemente suas expectativas e anseios na sociedade. Hoje, nossa cultura é cada vez mais mistura de cabeça e cauda, hits e nichos, instituições e indivíduos, profissionais e amadores. A cultura de massa não deixará de existir, ela simplesmente se tornará menos massificada, E cultura de nicho já não será tão obscura. (ANDERSON, 2006, p.180) Nessa perspectiva, especialistas analisam o mercado e comprovam que o mercado de massa, cada vez mais rápido, está se tornando mercado de nicho. Conforme o termo utilizado por Anderson (2006), esse mercado se converte em massa de nichos, reafirmando que a expressão “massa” não se encaixa mais na 61 sociedade contemporânea, pois os sujetos são heterogêneos. Essa massa de nichos sempre existiu, mas, com a queda do custo de acessá-la - para que consumidores encontrem produtos de nicho e produtos de nicho encontrem consumidroes-, ela, de repente, se transformou em força cultural e econômica a ser considerada. (ANDERSON, 2006, p.6) O mercado se modificou, e os produtos inseridos nele também. Os profissionais sentem a necessidade de renová-lo, assim os produtos para o mercado de nicho são de empresas que estão iniciando no mercado em uma indústria emergente. Entrelaçam-se profissionais e amadores, pois, com a disseminação digital na Internet, os indivíduos podem produzir e disseminar os conteúdos na rede, competindo com grandes organizações do mercado. O consumo globalizado promove conexões estéticas e comportamentos com outros indivíduos, até de outros países, e o meio, a internet, permite que o conteúdo se alastre com dimensões catastróficas. A cultura de nicho por Anderson (2006) é analisada por meio da teoria da cauda longa; define que a economia vigente e a cultura atual se atentam para ênfase em hits, produtos e mercados da tendência dominante, no topo da curva do gráfico criado para determinar a venda do produto ou serviço de sua empresa, da demanda estabelecida, e segue em direção à quantidade de nichos ou na cauda de demanda. Cauda longa é nada mais que a escolha infinita. Distribuição abundante e barata significa variedade farta, acessível e ilimitada – o que, por sua vez, quer dizer que o público tende a distribuir-se de maneira tão dispersa quanto as escolhas. (ANDERSON, 2006, p. 179) As caudas do gráfico de mercado, apresentadas posteriormente em figuras, foram analisadas e começam com milhões de nichos e influenciam indivíduos para as escolha de vendas agregadas. Na avalição profunda, os mercados possuem nichos que se confrontam com os conhecidos hits, mas na atualidade encontram mais nichos em proporção exponencial, à medida que as plataformas de produção são de custos muito baixos, com a facilidade de difusão e de buscas para encontrar produtos especializados. Atualmente as organizações conseguem oferecer uma maior variedade de 62 produtos, porém não é a peça-chave para manter estreita a demanda, de acordo com a teoria da cauda longa, explicitada a seguir, elas precisam do auxílio de ferramentas que proporcionem uma busca apurada por produtos de nicho a fim de atender as necessidades individuais, resultando em uma cauda do gráfico do mercado, denominada longa pela teoria da cauda longa. A cultura da teoria da cauda longa é explicitada em três forças sintetizadas nas palavras de Anderson (2006, p.50) “Faça, divulgue e me ajude a encontrar”. Ao esmiuçar essa expressão, caracteriza-se a primeira fase como a democratização das ferramentas de produção, e ressalta-se que quanto maior a oferta de bens, maior será a cauda do gráfico para analisar o mercado. Figura 2: Gráfico da 1º força da teoria da cauda longa Fonte: ANDERSON, 2006, p.52 No caso, com surgimento do computador pessoal houve a substituição das máquinas de impressão, dos estúdios de produção de filmes e músicas, porque atualmente os conteúdos são produzidos de modo caseiro e a difusão é realizada por meio da internet, com ferramentas especializadas para o profissional amador produzir conteúdo a um menor custo. Dessa forma, a internet recebe publicação de imagens, fotos, vídeos, textos em plataformas digitais sociais, como Youtube, Flickr, 63 Picasa, blogs, entre outros, conteúdos que concorrem com os produzidos por uma organização. A segunda grande força desta teoria é a redução dos custos de consumo a partir da fase anterior explanada, pelo simples fato de os indivíduos produzirem os conteúdos que irão publicar na internet, o que reafirma a transformação ocorrida entre o mercado e o consumidor. É desenvolvida uma forma mais interativa de reconhecer os próprios consumidores como produtores de conteúdos, na maioria das vezes utilizando as plataformas e dispositivos produzidos pelas empresas com ênfase no relacionamento social. A internet simplesmente torna mais barato alcançar mais pessoas, aumentando efetivamente a liquidez do mercado na cauda, o que por sua vez, se traduz em mais consumo, elevando efetivamente o nível da linha de vendas e ampliando a área sob a curva. (Anderson, 2006, p.53). Figura 3: Gráfico da 2º força da teoria da cauda longa Fonte: ANDERSON, 2006, p.53 O autor apresenta o destaque para a terceira força: a intersecção entre a oferta e a demanda: os consumidores se tornam capazes de encontrar seus produtos de desejos e as necessidades serão supridas, como nos casos citados pelo autor das empresas de busca Google e Itunes, organizações que desenvolveram mecanismos de buscas especializadas na internet. 64 Figura 4: Gráfico da 3º força da teoria da cauda longa Fonte: ANDERSON, 2006, p.53 As organizações precisam estar atentas e encarar essa realidade como uma oportunidade de crescimento, mapeando os processos que os consumidores traçam, a fim de estar em todas essas mídias com suas campanhas de marketing, alinhando-as com a teoria do modelo de consumo explicado anteriormente. Os indivíduos procuram reduzir os custos de buscas e não gostam de perder tempo com essa fase para uma possível compra, via internet ou não. As organizações contemporâneas estão aproveitando essas mudanças no modo de pensar dos consumidores para realizarem suas campanhas de marketing e relações públicas nas mídias, especialmente nas mídias sociais, as plataformas de relacionamento que serão esmiuçadas no próximo capítulo. Por meio da avaliação do autor, os consumidores atuam como “guias individuais” no momento que expressam suas opiniões na internet, especialmente sites de vendas, nos blogs pessoais, com comentários em outros blogs, sobre produtos e serviços, facilitando as buscas por mais informações, impulsionando a demanada para os nichos de mercado. Outra característica interessante descoberta pelo autor são os diálogos, relações que permeiam um assunto sobre produto e serviço, e fazem com que, em 65 grupo, as preferências sejam consideradas mais diversificadas que os planos tradicionais de marketing. E se forem encorajados pelas empresas, virtual ou real, exploram em conjunto as discussões sobre os produtos. Essas situações são comuns atualmente nas mídias e na internet. A economia digital está gerando novos mercados. E, finalmente, a capacidade de explorar a inteligência dispersa de milhões de consumidores para que as pessoas encontrem o que lhes é mais adequado, fenômeno que está determinando o surgimento de todos os tipos de novos formadores de preferências. Estão iniciando as discussões da visão em que os consumidores se tornaram parceiros, principalmente na internet. O papel do consumidor teve uma abrangência significativa, porque se tornaram produtores e emissores de conteúdo. Pode-se alcançar o sucesso de uma marca por meio de informações externas à organização e também pode ocorrer o contrário, com a destruição da imagem e reputação de um produto, ou até da empresa. A internet tem promovido uma crescente interação social nos últimos anos, principalmente em plataformas especializadas para o relacionamento social, o que faz com que se mude significativamente o papel dos indivíduos na forma com que se relacionam com os produtos e marcas, estimulados pela facilidade de acesso à informação e a rápida disseminação das opiniões. Foram gerados estudos, artigos e teses, que tentam defender novas gestões organizacionais que estão sendo criadas e transmitidas para a comunicação, com a visão do consumidor como parceiro e peça fundamental para a criação e execução de planejamentos de marketing e publicidade. A partir da difusão dos conteúdos nas mídias sociais, como blogs, Orkut, Facebook, Twitter e outros, que serão detalhados no capítulo posterior, as informações são repassadas e disseminadas em tempo real com efeito exponencial, a partir da mudança de sociedade da informação por meio da internet. As empresas estão se renovando e estão atuando como autores e colaboradores dessas opiniões, após monitorar seu consumidor. Relacionam-se harmonicamente interagindo o mais rápido possível, descartando o intermédio de mídias tradicionais que realizam a relação com o cliente, além de atuar diretamente com o consumidor final, suprindo ansiedades em tempo real, fortalecendo a satisfação do cliente e a realização da compra. Através da cultura de nichos, os grupos de consumidores de um segmento de 66 mercado são tratados individualmente, pois começam a perceber a visão explicitada anteriormente, de que as pessoas são heterogêneas e preferem ser tratadas diferentemente. Os especialistas nessa área desenvolveram softwares para mapear esses públicos, monitorá-los e segmentar sua campanha de acordo com seus interesses, preferências e convicções, e cada vez mais se aperfeiçoam para atender as necessidades que se remodelam a cada momento na sociedade de consumidores atual. Na sociedade líquido-moderna denominada por Bauman (2008), os grupos sociais são substituídos pela expressão “enxames”, que significa a união de indivíduos por um determinado assunto ou interesse. Porém, possuem algumas características específicas, pois os indivíduos se reúnem, se separam e se unem novamente por uma ocasião ou por outra, são direcionados por relevâncias e são atraídos por temática mutante e móveis, dependendo de sua preferência momentânea. Os enxames são coordenados sem uma figura de líder; as unidades se elegem como lideranças para serem seguidas, e não são considerados equipes, pois desconhecem a divisão de trabalho. É a “soma” das partes envolvidas, cada uma delas com uma força propulsora. Não há cooperação, mas somente uma proximidade física, e também não há especialistas, pois possuem a capacidade de auxílio a outros elementos para completarem suas finalidades. Um dos principais aspectos da sociedade de consumidores está vinculado com os grupos frágeis, que favorecem os enxames pela rápida formação e dissociação. Relacionada com o consumismo, essa função é, na maioria das vezes, solitária, pois a atividade do consumo não emerge de vínculos duradouros, mas consegue manter enxames, os quais se reconhecem pela ocasião, e mesmo assim são relações frágeis. Transpondo esse modelo para as mídias sociais, plataformas que promovem a publicidade por dispositivos de relacionamentos, Bauman (2008) encara as comunidades, grupos formados nessas redes, como enxames, distintamente de grupos tradicionais, pois desenvolvem as características essenciais dos enxames descritos por Bauman (2008). 67 4 COMUNICAÇÃO CORPORATIVA DIGITAL 68 A comunicação corporativa é influenciada constantemente pela sociedade contemporânea, discutida anteriormente. A comunicação traz consigo os alicerces do novo modelo de consumidores e as novas tecnologias, e desse modo sofre uma grande influência nos processos de planejamento estratégico da organização e sua atuação nas mídias. O avanço da tecnologia permitiu que novas plataformas de comunicação fossem incorporadas às organizações contemporâneas e simultaneamente não resistissem às tranformações comportamentais, geradas pela geração Y; as empresas se apropriaram velozmente dessas plataformas e serviços tecnológicos, e atualmente percebemos um reflexo na comunicação organizacional, de uma forma renovada da que atuava no século XIX. Essas transformações impactaram e ainda continuam promovendo influência, diretamente nas atividades dos profissionais de comunicação. Ressaltamos os paradigmas nos quais o comunicador contemporâneo se aflige com a compreensão do processo comunicacional, que se modifica no ritmo acelerado, com a utilização e com sua rápida obsolescência. Uma das principais funções desse comunicador é agregar valor a essas plataformas de comunicação e apresentar à sociedade a inovação no processo de comunicação. 4.1 A comunicação digital corporativa na sociedade contemporânea Nesse cenário, com a incorporação das novas tecnologias nas gestões organizacionais, o desafio do profissional é transpor essas inovações para a comunicação interna e externa da empresa. Porém, na maioria das vezes, os profissionais e pesquisadores da área percebem um processo gradual e lento, diferentemente do ritmo em que as transformações ocorrem na internet. Em resumo, temos atualmente na cena organizacional um protagonismo do binômio simbiótico informação – comunicação gravitando em um novo espaço “universal totalizante” de regras próprias e também simbiótico – o ciberespaço. Podemos dizer, portanto, que a comunicação organizacional fica potencializada pelas tecnologias digitais, assumindo um importante papel estratégico de integração de discursos e de complexificação dos processos, exigindo-se uma postura planejada de forma sistemática para o seu sucesso. (CORREA, apud KUNSCH, 2009, p. 318) 69 As trocas de informações envolvem multimídias, por mensagens textuais, por imagens e/ou vídeos e de formas multimodais, geradas pelas inovações tecnológicas, desenvolvidas rapidamente nos dias de hoje, como o aperfeiçoamento de aplicativos, dispositivos e ferramentas para melhorar a compreensão das mensagens transmitidas entre seus emissores e receptores. O processo de comunicação digital nas organizações se apropriou de uma importante característica, de acordo com Kunsch (2003) de um composto comunicacional, inclui a comunicação interna, a comunicação mercadológica e a comunicação institucional. Nessa linha de pensamento corporativo, é essencial traçar um planejamento estratégico de comunciação, para não se restringir somente a um site na internet, e internamente uma comunicação baseada por e-mails, o correio eletrônico; senão, serão visões reducionistas para um plano de comunicação digital na organização. A comunicação digital corporativa tem suas nuances, e cabe ao profissional analisar os públicos envolvidos, para discernir se a empresa tem a necessidade de inserir planejamento de comunicação digital. Por exemplo, em corporações em que a comunicação interna é realizada boca-a-boca, por meio de murais, pois seus funcionários trabalham em galpões manuseando maquinários em sua jornada de trabalho, essa comunicação não se efetivará pois os funcionários não têm acesso às informações. O caso teria o mesmo efeito em uma organização que optar por utilizar a comunicação digital por um site de relacionamento com o cliente, se o consumidor alvo for da geração baby boomers, nascidos de 1945 a 1960; eles não possuem características de consumidor online, então não serão campanhas de comunicação eficazes, pois não atingirão seu público de interesse. Nessa perspectiva, nem todo processo comunicacional de uma organização será digital, também nem sempre será viável a tecnologia digital de informação na proposta de comunicação da organização. O profissional precisa analisar profundamente os seus públicos de interesse, a visão e missão da organização, entre outros, envolvendo as três vertentes da comunicação (organizacional, institucional, e mercadológica), para integrar a gestão da organização, depois realizar o planejamento e direcionar as ações que serão executadas na comunicação corporativa dessa organização. 70 Figura 5: O modelo de comunicação digital integrada Fonte: KUNSH, 2009, p.322 Essa figura descreve os públicos, que serão as bases para o planejamento da comunicação digital corporativa integrada e ao mesmo tempo eles também serão o foco da comunicação organizacional, que precisa necessariamente estar atrelada a esses departamentos e setores, para gerar e executar as ações nas mídias digitais da organização. O planejamento de comunicação engloba o layout, design, a base de dados, a arquitetura da informação, e também a usabilidade e a hipermídia das plataformas, a fim de alcançar os objetivos da maneira mais eficaz possível. Essas características precisam estar no planejamento, pois são consideradas formas de se comunicar com o cliente e com o consumidor; por isso destacar essas características pode parecer algo superficial para os profissionais de comunicação, porém no projeto de comunicação final esses aspectos são essenciais para que a interpretação da mensagem seja favorável, de acordo com os interesses relacionados ao produto e também com os princípios organizacionais e mercadológicos. O modelo que ressaltamos como adaptável para o ambiente digital e para o contexto organizacional envolve duas etapas de desenvolvimento: o posicionamento estratégico e a constituição dos espaços – informação. 71 Uma especialidade peculiar, estritamente associada à disposição coerente de informações numa certa ordem que obriga o utilizador a percorrer um conjunto específico de informações de “caminhos”, se quiser concretizar um determinado consumo de informação corporativa. Ora, a nossa tese no âmbito desta temática – consiste em considerar esta espacialidade (que, de agora em diante, passaremos a designar por “espaço-informação”) como sendo a expressão de uma territorialidade (que, de agora em diante, passaremos a designar por “espaço – informação) como sendo a expressão de uma “territorialidade corporativa” cuja especificidade é virtual. Tal expressão desenvolve-se paralelamente às mensagens institucionais que são explicitamente transmitidas nas diferentes páginas que constituem um site corporativo e são suportadas pelas mais variadas materialidades expressivas (imagens, palavras, sons, grafismos, animações etc.) O “espaço – informação” é uma realidade cuja ponderação é incontornável quando se analisam os sites promocionais das organizações que se encontram patentes na internet. (CAMILO apud CORREA, 2009, p. 330. In: KUNSCH, 2009) Na prática, as definições de Camilo definem o espaço – informação como o ambiente virtual e ressaltam a permanência da informação na internet. Então, o modelo de comunicação digital corporativa adaptável para cada empresa possuirá esse aspecto, e o posicionamento estratégico estará delineado no planejamento estratégico. No processo de planejamento, o formato, a plataforma e o dispositivo digital utilizado para apresentar ao público os conteúdos, os princípios e as convicções da organização, por meio do virtual, dissociam-se em três “espacialidades”, três áreas subdivididas pela autora Corrêa (2009). A “área viva” refere-se ao agrupamento de informações e às mensagens que representem os valores, tangíveis e intangíveis e a identidade da organização. A área de significação representa a maneira de ordenar e apresentar suas mensagens e inclui a hierarquização da navegação, a ordem dos menus, a identidade visual compatível com a missão e visão da empresa. E as funcionalidades são os links, downloads, sistemas de busca e arquivamento de informações. Essa segmentação é necessária ser incluída na gestão da comunicação digital das organizações, para aplicar no blog corporativo, fotolog, mensageiro instantâneo, nas áreas de comunidades, podcast, videocast, nas peças de email marketing e no uso do correio eletrônico para marketing direto. Em relação ao Marketing, às Relações Públicas e a Publicidade na comunicação digital da organização devem estar alinhadas aos setores de tecnologia da informação, a fim de desenvolver treinamentos com os colaboradores, 72 principalmente os que manuseam essas plataformas digitais, em diferentes níveis operacionais. Esse também é um tópico para ser inserido no planejamento de comunicação. Nas organizações que estão inseridas no ambiente virtual, a abordagem mais direta para a comunicação digital corporativa é a conceituação, a integração da comunicação digital e a gestão organizacional da empresa at