Mércia Rodrigues Barros Identificação e avaliação in vitro da atividade inibitória de Lactobacillus spp., isolados do inglúvio e cecos de aves (Gallus gallus, Linnaeus, 1758), em relação a sorotipos de Salmonella Orientador: Prof. Ass. Dr. Raphael Lucio Andreatti Filho Botucatu – SP 2003 Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Botucatu para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária. Área de Concentração: Clínica Veterinária. Mércia Rodrigues Barros Identificação e avaliação in vitro da atividade inibitória de Lactobacillus spp., isolados do inglúvio e cecos de aves (Gallus gallus, Linnaeus, 1758), em relação a sorotipos de Salmonella. 2003 Orientador: Prof. Ass. Dr. Raphael Lucio Andreatti Filho Botucatu – SP 2003 Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Botucatu para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária. Área de Concentração: Clínica Veterinária. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS Barros, Mércia Rodrigues. Identificação e avaliação in vitro da atividade inibitória de Lactobacillus spp isolados do inglúvio e cecos de aves (Gallus gallus , Linneaus, 1758), em relação a sorotipos de Salmonella / Mércia Rodrigues Barros. – 2003. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2003. Orientador: Raphael Lucio Andreatti Filho Assunto CAPES: 50503014 1. Lactobacilo 2. Salmonela CDD 616.01 Palavras-chave: Identificação; Lactobacillus; PCR; Salmonella; Inibição; Aves Aos meus HERÓIS, que semelhante à árvore amiga , fincaram os seus pés na terra como se fossem raízes, buscando as inspirações dos céus e alteando a fronte qual copa de vegetal, ofereceram sombra e frutos aos seus nove filhos, e mesmo diante dos obstáculos contornaram as pedras e seguiram em frente, perseverante como as estrelas e radiante como o sol permaneceram brilhando, lutando e nos preparando para a vida, compreendendo em cada um as suas diferenças e respeitando as nossas decisões diante das escolhas que fizemos na vida. Responsáveis maior pelo meu aprimoramento moral, intelectual e espiritual. Muito obrigada pelo vosso amor e por serem meus pais José Lacerda Barros e Florisa Rodrigues Barros. Aos meus irmãos Heliem, Chermont, Iolanda, Elza, Sírleis, Adalberon, Teilhard e Conceição que compreenderam a minha ausência e mesmo diante da distância sempre me incentivaram na busca dos meus ideais e ofereceram amor. Aos meus sobrinhos pelo início de vida e alegria, obrigada por fazerem parte da minha vida. DEDICO. Saber esperar é arte de sabedoria a nos cortinar horizontes renovados de luz à nossa frente. Agindo como mestre transmitiu os seus conhecimentos e respeitou os meus passos, mas sempre segurando em minhas mãos como instrumento de amparo me guiou e ensinou que a perseverança é estrela vitoriosa do sonho a ser conquistado. Ao Prof. Ass. Dr. Raphael Lucio Andreatti Filho pela orientação e amizade. OFEREÇO. Na alma que confia, palavras e sorriso nos lábios fizeram surgir em nossas vidas um laço de amizade, indestrutível diante da distância, sincero e leal na presença das dificuldades nos convidando à reflexão e aprendizado. Obrigada pela vossa amizade. Louisiane de Carvalho Nunes e Andréa Alice da Fonseca Oliveira. AGRADEÇO. AGRADECIMENTOS A ti sou grata, verdadeiro Deus que ilumina minha vida, abrindo os olhos da alma e fazendo com que eu possa enxergar o movimento íntimo das coisas. Em especial, ao Prof. Dr. Deílson Elgui de Oliveira que abriu as portas do Laboratório de Biologia Molecular possibilitando-me realizar este trabalho, auxiliando com seu conhecimento científico e acima de tudo oferecendo o que há de melhor no ser humano, à vontade de servir. Aos meus amigos nordestinos, Andréa, Louisiane, Adriana Wanderley, Homero, Cristiane Barreto, Daniel Pessoa, Daniel Viana, Marcos Eielson, Ranielly, Wildo, Edna, Socorro, Rudson, Leomar, Francisco Feliciano, Lílian Kardnalli, Liliane, Fabíola e José Filho, que me proporcionaram momentos de alegria, relembrando a minha cultura e o meu povo. Aos meus amigos do Centro Espírita Amor e Luz por todos os momentos que compartilhamos na busca do aprimoramento espiritual, a distância não existirá entre nós, o que une os seres são os laços espirituais, sempre estarei com vocês. Ao Prof. Dr. Josias Rodrigues por conduzir os meus passos iniciais no conhecimento da Biologia molecular. As novas amigas Glenda Nicioli e Suzane Ramos que auxiliaram e compartilharam comigo as tristezas e alegrias durante os momentos de padronização da técnica da PCR. A Edna Teresa de Lima por auxiliar na execução em parte deste trabalho. A Dra. Tomoe Noda Saukas importante na minha vida acadêmica pelos seus ensinamentos e amizade conquistada, mesmo distante sempre se fez presente com suas sábias palavras nos momentos em que mais precisei. Aos docentes Julio Lopes Sequeira, Tereza Cristina Sequeira, Noeme Rocha, Lígia Boretti e Márcio Kuchembuck pela amizade conquistada ao longo destes anos, vocês moram no meu coração. Aos residentes e pós-graduandos do Laboratório de Ornitopatologia, Aline Mesquita, Sílvia de Almeida, Adriano Sakai, Paulo Gratão e Catharine Gurgel pela colaboração durante a realização deste trabalho. A Celene, Marquinhos e Carlão funcionários do Departamento de Patologia da Medicina, por me receberem de braços abertos e alegrarem os meus dias. Aos funcionários Luiz Antônio Matiazzi, Maury Raul, Marcelo Cristófaro e Benedito Placidelli por me estenderem mãos amigas. Aos amigos Sara, Marlene, Celmira, Camila, Fábio, Fred, Anne, Gaspar, Darlene Barreto e família pelo carinho, convívio e amizade dispensadas a mim. A Dra. Neusely da Silva (Instituto de Tecnologia de Alimentos) por gentilmente ceder amostra de referência para a padronização da técnica da PCR. A todos os funcionários da Biblioteca – UNESP- Botucatu que me receberam com sorriso e mãos estendidas sempre que precisei. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo incentivo à pesquisa e possibilitar a realização deste trabalho. À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu –SP, pela oportunidade de realizar o mestrado. Às Granjas Céu Azul e Ninho Verde pelo fornecimento do material para realização desta pesquisa. Ao Prof. Ass. Dr. Adalberto José Crocci, do Departamento de Bioestatística, por me receber sempre com alegria e auxiliar na análise estatística. RESUMO A colonização da mucosa intestinal por grande e diversificado número de bactérias é achado normal no homem e nos animais, incluindo as aves. Produtos de exclusão competitiva e/ou probióticos quando administrados às aves, devem promover a redução na colonização de patógenos potencialmente perigosos à saúde avícola e humana, como bactérias do gênero Salmonella e conseqüente equilíbrio na microbiota intestinal normal. O presente trabalho teve por objetivos verificar a presença de Lactobacillus spp. na microbiota do inglúvio e cecos de aves, identificar as espécies através dos métodos PCR e bioquímico e avaliar a capacidade da atividade inibitória in vitro das espécies isoladas frente a oito sorotipos de Salmonella. Utilizou-se aves reprodutoras e de postura comercial como doadoras de inglúvio e cecos para o isolamento e identificação de Lactobacillus. As amostras isoladas foram caracterizadas como pertencentes ao gênero Lactobacillus através dos testes de coloração de Gram positiva, catalase negativa, produção de gás em glicose e H2S em Tríplice Sugar Iron (TSI) negativo. Posteriormente, submetidas ao padrão de fermentação dos carboidratos e a PCR, para identificação das espécies de Lactobacillus. O método da PCR apresentou- se mais sensível mostrando resultados diferentes do método bioquímico. No bioquímico identificou-se L. acidophilus, L. fermentum, L. reuteri, L. salivarius e L. sp., enquanto na PCR, L. reuteri, L. salivarius e L. sp. Todas as espécies de Lactobacillus isoladas do inglúvio e cecos de aves apresentaram amostras que inibiram Salmonella Enteritidis fagotipo 4, S. Enteritidis fagotipo 28, S.Typhimurium, S. Pullorum, S. Agona, S. Anatum, S. Dublin e S. Senftenberg. Palavras chaves: Identificação, Lactobacillus, PCR, inibição, Salmonella, aves. ABSTRACT Intestinal mucosa colonization by a diverse and great number of bacteria is considered normal among men and animals including poultry. Competitive exclusion products and \or probiotics when given to poultry should promote pathogen colonization reduction which is potentially danger to human and poultry health like Salmonella and consequently a balance on normal intestinal microbiota The present work aimed at verifying Lactobacillus spp on crop microbiota and poultry cecum, identifying species through PCR and biochemical methods and to evaluate in vitro inhibitory activity ability from species isolated against eight Salmonella serotypes Production delivery and reproduction poultry were used as crop and cecum donors to isolate and identify Lactobacillus. Isolated samples were characterized as belonging to Lactobacillus species through coloration gram positive tests, negative catalase, glucose gas production and H2S in negative triple sugar iron (TSI). Afterwards, samples were subjected to carbohydrate fermentation pattern and to PCR to identify Lactobacillus species. PCR method has shown to be more sensitive presenting different results of biochemical methods. On biochemical method one identified: L. acidophilus, L. fermentum, L. reuteri, L. salivarius, and L. sp, while in PCR, L. reuteri, L. salivarius and L.sp. All Lactobacillus species isolated from poultry crop and cecum showed samples which inhibited Salmonella Enteritidis fagotype 4, S. Enteritidis fagotype 28, S.Typhimurium, S. Pullorum , S. Agona , S. Anatum, S. Dublin and S. Senftenberg. Key words: Identification, Lactobacillus, PCR, inhibition, Salmonella, poultry. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 15 2. OBJETIVOS 17 2.1. Geral 17 2.2. Específicos 18 3. REVISÃO DE LITERATURA 19 3.1. Exclusão competitiva 21 3.2. Probióticos 23 3.3. Reação em Cadeia de Polimerase 25 3.4. Ação inibitória in vitro de Lactobacillus frente a patógenos 33 4. MATERIAL E MÉTODOS 38 4.1. Local 38 4.2. Aves 38 4.3. Delineamento experimental 38 4.3.1. Cepas de referência 38 4.3.2. Coleta, condições de cultivo e semeadura 39 4.3.3. Identificação do gênero Lactobacillus 39 4.3.4. Testes bioquímicos 40 4.3.5. Teste bioquímico API 50 CHL 41 4.3.6. PCR 42 4.3.6.1. Extração do DNA Bacteriano 42 4.3.6.2. Quantificação do DNA 43 4.3.6.3. Normalização das amostras 43 4.3.6.4. Primers 44 4.3.6.5. Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) 45 4.3.6.6. Condições de amplificação 48 4.3.6.7. Detecção do produto amplificado 48 4.3.7. Avaliação in vitro das espécies de Lactobacillus 49 4.3.7.1. Cepas de Salmonella 49 4.3.7.2. Cultivo das cepas de Salmonella 49 4.3.7.3. Cultivo para inibição 49 4.3.7.4. Plaqueamento 50 4.3.7.5. Teste de inibição in vitro 50 5. ANÁLISE ESTATÍSTICA 51 6. RESULTADOS 52 6.1. Testes de triagem para identificação do gênero Lactobacillus 52 6.2. Bioquímico 53 6.3. Teste bioquímico API 50 CHL 54 6.4. PCR 55 6.5. Comparação das metodologias empregadas para identificação de Lactobacillus 56 6.6. Eletroforese em gel de agarose dos amplificados de DNA 59 6.7. Avaliação da inibição in vitro das espécies de Lactobacillus frente as cepas de Salmonella. 65 7. DISCUSSÃO 73 7.1. Isolamento de Lactobacillus 73 7.2. Testes fisiológicos, bioquímicos e API 50 CHL 75 7.3. Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) 77 7.4. Ação inibitória in vitro de Lactobacillus frente a patógenos 80 8. CONCLUSÕES 83 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Provas de triagem das amostras isoladas de inglúvio e cecos de aves. 40 Tabela 2. Primers para identificação das espécies de Lactobacillus. 44 Tabela 3. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA no multiplex PCR. 45 Tabela 4. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA na identificação das espécies do grupo L.acidophilus. 46 Tabela 5. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA na identificação de L.acidophilus. 47 Tabela 6. Programa para amplificação das amostras de DNA no multiplex PCR, grupo L. acidophilus e L. acidophilus. 48 Tabela 7. Identificação das espécies de Lactobacillus isoladas do inglúvio, através do método bioquímico. 53 Tabela 8. Identificação das espécies de Lactobacillus isoladas dos cecos, através do método bioquímico. 53 Tabela 9. Avaliação das cepas de referência e amostras isoladas de aves (AIA) testadas no API 50 CHL. 54 Tabela 10. Amostras isoladas do inglúvio, identificadas através da PCR. 55 Tabela 11. Amostras isoladas dos cecos, identificadas através da PCR. 55 Tabela 12. Valores percentuais (%) de cada espécie de Lactobacillus, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. 56 Tabela 13. Avaliação entre os métodos bioquímico e PCR, para identificação de L. fermentum e diferenciação entre L. reuteri, provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) de aves. 57 Tabela 14. Identificação de L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius através do multiplex PCR. 60 Tabela 15. Identificação de L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius através do multiplex PCR. 61 Tabela 16. Identificação do grupo L. acidophilus e L. acidophilus através da PCR. 63 Tabela 17. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus reuteri isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. 65 Tabela 18. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus reuteri isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. 66 Tabela 19. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus reuteri provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. 66 Tabela 20. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus salivarius isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. 67 Tabela 21. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus salivarius isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. 67 Tabela 22. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus salivarius provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. 68 Tabela 23. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus sp. isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. 69 Tabela 24. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus sp. isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. 69 Tabela 25. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus sp. provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. 70 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. API 50 CHL para identificação de Lactobacillus. 41 Figura 2. Amostra de Lactobacillus reuteri. Coloração de Gram (1000x). 52 Figura 3. Amostra de Lactobacillus salivarius. Coloração de Gram (1000x). 52 Figura 4. Amostras isoladas do inglúvio, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. 58 Figura 5. Amostras isoladas dos cecos, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. 58 Figura 6. Eletroforese em gel de agarose dos produtos amplificados no multiplex PCR, com primers para L. fermentum (Fer3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2).Marcador de PM 50 pb coluna (1), cepas de referência, amplificados de 192 pb L. fermentum (2), 303 pb L. reuteri (3) e 411pb L. salivarius (4), amplificados das AIA (5,6,7,8,10,11,12 e 13) 303 pb, nenhum amplificado (9) e controle negativo (14). 60 Figura 7. Eletroforese em gel de agarose dos produtos amplificados no multiplex PCR, com primers para L. fermentum (Fer3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepas de referência, amplificados de 192 pb L. fermentum (2), 303 pb L. reuteri (3) e 411pb L. salivarius (4), produtos amplificados pb das AIA (5,6,7,8,9,10,14,15,17,18 e 23) 411pb, nenhum produto amplificado (11,12, 13,16, 19, 20, 21 e 22) e controle negativo (24). 62 Figura 8 . Eletroforese em gel de agarose para análise da PCR, primers para grupo L. acidophilus (LU-1’/ Lac2). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepa de referência, produto amplificado de 300 pb para o grupo L. acidophilus (2), nenhum produto amplificado das AIA (3,4,5,6 e 7) e controle negativo (8). 64 Figura 9 . Eletroforese em gel de agarose para análise da PCR, primers para L. acidophilus (Lac1/ 23-10C). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepa de referência, produto amplificado de 210 pb para L. acidophilus (2), nenhum produto amplificado das AIA (3,4,5,6 e 7) e controle negativo (8). 64 Figura 10. Halo de inibição formado por Lactobaciilus reuteri frente a Salmonella Pullorum. 71 Figura 11. Halo de inibição formado por Lactobaciilus salivarius frente a Salmonella Enteritidis PT4. 71 Figura 12. Halo de inibição formado por Lactobaciilus salivarius frente a Salmonella Typhimurium. 72 Figura 13. Halo de inibição formado por Lactobaciilus sp frente a Salmonella Enteritidis fagotipo 28. 72 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS EC Exclusão Competitiva CCT Coleção de Cultura Tropical KCTC Korean Collection for Types Cultures MRS DeMan Rogosa Sharpe TSI Tríplice Sugar Iron AIA Amostras Isoladas de Aves PCR Reação em Cadeia de Polimerase mL Mililitro µL Microlitro µg Micrograma ng Nanograma mg Miligrama mM Milimolar µM Micromolar M Molar U Unidade [ ] Concentração PM Peso molecular pb Pares de base dNTPs Desoxirribonucleotídeos DNA Ácido desoxirribonucléico UV Ultra violeta CTAB Cetyltrimethil ammonium bromide EDTA Ácido etilenodiaminotetracético TE Tris EDTA 15 1. INTRODUÇÃO Probióticos são denominados produtos essencialmente naturais, e não determinam resíduos nos produtos de origem animal, o que já os coloca em melhor posição em todos os segmentos da cadeia de produção e consumo de proteína animal. Em aves, dois fatos isolados tornaram esse assunto mais evidente: primeiro foi à publicação de Nurmi & Rantala em 1973, mostrando que fezes de aves adultas normais tinham efeito protetor contra a infecção de pintos por Salmonella, e mais recentemente, o crescimento em todo o mundo da infecção humana por Salmonella Enteritidis, tendo como origem produtos avícolas contaminados. Várias espécies bacterianas compõem a microbiota normal do trato respiratório, inglúvio e cecos, evidenciando-se sempre a presença benéfica do gênero Lactobacillus spp. Sendo o inglúvio e os cecos os principais locais para colonização por Salmonella spp. em aves, faz-se necessário estudarmos as espécies de Lactobacillus comumente encontradas nestes segmentos, avaliando o seu efeito protetor contra Salmonella spp. Atualmente há grande interesse nas aplicações de microrganismos antagonistas, ressaltando a preferência de espécies bacterianas produtoras de bacteriocinas, capazes de proteger a microbiota nativa de humanos e animais contra infecções por microrganismos indesejáveis. 16 A ausência de métodos mais eficazes de controle das salmoneloses aviárias e das contra-indicações da antibioticoterapia, deu origem a busca de métodos alternativos, dentre eles o uso de probióticos e produtos de Exclusão competitiva (EC). O desenvolvimento de métodos baseados na Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) tem aberto novas possibilidades para identificação precisa e rápida das bactérias ácido láticas (LAB), que são comumente utilizadas na indústria leiteira e fermentação de alimentos. É crescente a utilização de métodos baseados em biologia molecular devido a sua eficácia para determinação de espécies do gênero Lactobacillus spp., presente na microbiota normal do intestino de humanos. A constante evolução técnica pela qual passa a avicultura mundial tem possibilitado a obtenção de produtos avícolas de baixo custo, saudáveis e altamente nutritivos, redundando no evidente favorecimento ao consumidor final. Consumidor esse, que pode ser beneficiado, mediante a redução do uso de antibióticos como promotores de crescimento pela indústria avícola, paulatinamente substituídos pelos probióticos. O interesse em Lactobacillus tem sido estimulado recentemente pelo seu uso em produtos benéficos à saúde do homem e de animais (probiótico). A maioria dos probióticos contém uma ou mais linhagens de bactérias ácido láticas, incluindo o gênero Lactobacillus , que fazem parte da microbiota normal e exibem atividade contra bactérias patogênicas. 17 2. OBJETIVOS 2.1. Geral Isolar Lactobacillus spp. presentes no inglúvio e cecos de aves de produção, identificando-os através dos métodos bioquímico e PCR. Submeter as cepas isoladas a avaliação da sua capacidade de apresentar atividade inibitória in vitro contra cepas de Salmonella. 2.2. Específicos 2.2.1. Isolar Lactobacillus spp., do inglúvio e cecos de aves matrizes reprodutoras. 2.2.2. Identificar as espécies de Lactobacillus acidophilus, L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius através dos métodos bioquímico e PCR. 2.2.3. Correlacionar a presença das espécies de Lactobacillus com o inglúvio e cecos, respectivamente. 2.2.4. Comparar e verificar a eficácia das metodologias empregadas para identificação. 2.2.5. Avaliar a capacidade in vitro das espécies de Lactobacillus isoladas, em interferir no crescimento de Salmonella Enteritidis fagotipo 4, S. Enteritidis fagotipo 28, S. Typhimurium, S. Pullorum, S. Agona, S. Anatum, S. Dublin e S. Senftenberg. 18 3. REVISÃO DE LITERATURA A microbiota intestinal de aves é composta de inúmeras espécies bacterianas, formando um sistema complexo e dinâmico, responsável por influenciar decisivamente em fatores microbiológicos, imunológicos, fisiológicos e bioquímicos no hospedeiro (TANNOCK, 1998). Geralmente os primeiros gêneros e espécies bacterianas que colonizam o trato intestinal persistem ao longo da vida do hospedeiro, passando a compor a microbiota intestinal (MILES, 1993). Dentre os principais gêneros bacterianos que são identificados nesta microbiota, observa- se invariavelmente a presença de Lactobacillus spp. (SALANITRO et al., 1978; IMPEY et al., 1982; OYARZABAL e CONNER, 1995). A microbiota das aves tende a permanecer constante (GARRIGA et al., 1998), sendo evidente que o equilíbrio desta reflete diretamente na saúde do hospedeiro (MILES, 1993). Fatores como alimento, água (TANNOCK & SAVAGE, 1974), estresse (FULLER, 1989), imunossupressão e administração de antibióticos (HAVENNAR & HUIS VELDT, 1992), podem quebrar a estabilidade desta microbiota, favorecendo a colonização por patógenos no intestino (GARRIGA et al., 1998). Bactérias patogênicas indesejáveis, tais como Salmonella spp., Escherichia coli e Campylobacter spp., são os principais patógenos que colonizam o trato intestinal das aves (GARRIGA et al., 1998). A infecção e colonização das aves por Salmonella spp., representando uma fonte de patógenos em produtos avícolas (TAUXE, 1991) e Campylobacter spp., responsável por quadros de 19 gastrenterite em humanos, são relatados em diversos países (MORISHITA et al., 1997). Os sorovares mais freqüentes, especialmente na farinha de carne, foram semelhantes aos relatos em outros rastreamentos epidemiológicos no Brasil, ou mesmo no exterior. S. Anatum, S. Montevideo, S. Senftenberg e S. Agona são sorovares extremamente presentes, sendo comumente encontrados em matéria-prima, ração e dieta de maneira geral (HACKING et al., 1978; BERCHIERI JÚNIOR et al., 1984, 1989, 1993; FALCÃO et al., 1993; VELDMAN et al., 1995). O grande número de sorovares encontrado na farinha de carne reforça que a contaminação da matéria-prima/ ração seja causa primária da transmissão de Salmonella (BERCHIERI JÚNIOR et al., 1989; HOFER et al., 1997). Os sorotipos de Salmonella Enteritidis, S. Typhimurium e S. Heidelberg têm sido implicados em aproximadamente 50% dos surtos de salmonelose em humanos nos Estados Unidos, devido ao consumo de alimentos contaminados (SCHOENI et al., 1995). A administração de microrganismos da microbiota intestinal de aves pode determinar alguma proteção às aves contra a colonização por alguns patógenos, como Salmonella spp.( NURMI e RANTALA, 1973; SCHNEITZ, 1992; ZIPRIN et al., 1993; CORRIER et al., 1995; ANDREATTI FILHO et al., 1997, 1998), Escherichia coli (GILLILAND & SPECK 1977; JIN et al., 1996) e Campylobacter spp. (BAILEY, 1993), sendo extremamente importante o estudo da microbiota de aves, bem como a ação antimicrobiana produzida por bactérias como Lactobacillus spp. (COCCONCELLI, 1993). Os Lactobacillus spp. pertencem a família Lactobacillae, fazendo parte da microbiota intestinal de aves e 20 mamíferos, incluindo o homem. De acordo com FULLER (1973), os Lactobacillus possuem funções benéficas que podem suprimir bactérias patogênicas indesejáveis do intestino. É importante identificar as espécies de Lactobacillus spp. presentes no ecossistema microbiano e quais apresentam potencial efeito protetor (SONG et al., 2000). A primeira publicação demonstrando as funções benéficas dos Lactobacillus foi de METCHNIKOFF (1907) que observou maior longevidade em agricultores búlgaros que consumiram leite fermentado contendo Lactobacillus acidophilus, o que levou à suposição de RETTGER & CHAPLIN (1921) de que esse efeito era proveniente da colonização intestinal pelo L. acidophilus. NURMI & RANTALA (1973), demonstraram que a microbiota de aves adultas normais apresentava efeito protetor em pintos contra a infecção por Salmonella spp. e, TORTUERO (1973) indicando melhoria nos índices zooeconômicos, como melhor conversão alimentar e aumento no ganho de peso em aves que receberam L. acidophilus, foram os trabalhos pioneiros relatando os efeitos benéficos de bactérias intestinais em relação a aves, abrindo caminho para uma série de investigações sobre o tema. Os Lactobacillus representam importantes componentes da microbiota do trato respiratório (KAWACUCHI et al., 1991), inglúvio (SARRA et al., 1992) e intestino de aves, produzindo uma efetiva barreira contra a colonização por patógenos em aves e conseqüentemente reduzindo a contaminação de produtos avícolas que servem como alimentos (GARRIGA et al., 1998). Substâncias antimicrobianas como bacteriocinas, ácidos orgânicos e peróxido de hidrogênio (COCCONCELLI, 1993), produzidas por bactérias 21 presentes na microbiota intestinal, especialmente os Lactobacillus inibem o crescimento de várias bactérias (CHAVES et al., 1999). As bacteriocinas são proteínas bacterianas, produzidas por bactérias gram-positivas (especialmente Lactococcus e Lactobacillus), apresentando um espectro inibitório mais ativo do que as colicinas, com poder de ação contra outras bactérias gram-positivas e algumas gram-negativas (BLACKBURN et al., 1991). São produzidas por espécies homofermentativas (REEVES, 1965) e heterofermentativas do gênero Lactobacillus spp. KLERK & COETZEE (1961), ressaltando a importância da presença de espécies de Lactobacillus produtoras de bacteriocinas na composição de probióticos ou produtos de exclusão competitiva (EC) (VICENT et al., 1959; JIN et al., 1997). 3.1. Exclusão competitiva É definida como a habilidade de uma população de microrganismos de se estabelecer no trato digestivo, podendo apresentar maior sucesso em um determinado ambiente ou ser produtora de algum metabólito que seja tóxico para outra população de microrganismos (NURMI & RANTALA 1973; DAY, 1992). O bloqueio dos sítios de ligação (receptores) na mucosa entérica pelas bactérias intestinais, pode reduzir a área de interação nos cecos pelas bactérias patogênicas. BAILEY (1993) e JIN et al. (1996) concluíram que a ocupação física dos sítios intestinais pela microbiota intestinal, especialmente Lactobacillus spp., poderia ser mais importante que outros fatores propostos para EC. Nos últimos anos, evidências clínicas convincentes da eficácia de probióticos 22 ou consumo oral de preparações bacterianas, diante de distúrbios gastrintestinais têm sido relatadas (SALMINEN et al., 1998). A colonização do trato gastrintestinal pelos microrganismos probióticos e sua adesão à mucosa têm sido consideradas como fatores imprescindíveis nas ações dos probióticos (HUIS IN’T & SHORTT, 1996). KURZAK et al. (1998), realizaram vários tratamentos para isolamento de Lactobacillus do inglúvio de aves, e observaram que bactérias não aderentes podem ser encontradas, mas quando realizaram lavagem e raspado das células epiteliais do inglúvio, obtiveram como resultado um número maior de bactérias, mostrando que estas possuem propriedades adesivas. As bactérias que habitam o trato intestinal podem estabelecer-se de duas formas: em íntima associação com o epitélio ou livre na luz intestinal, mas multiplicando-se mais rapidamente do que sua eliminação pelo peristaltismo intestinal. Esses mecanismos ocorrem, por exemplo, com algumas espécies de Lactobacillus e Enterococcus (MILES, 1993). Outras espécies bacterianas não apresentam capacidade de aderir ao epitélio intestinal, tampouco se multiplicam em tempo que compense a eliminação pelo peristaltismo, mas permanecem no intestino agregando-se a outras bactérias, que por sua vez estão aderidas à mucosa entérica (GUSILS et al., 1999). De acordo com PASCUAL et al. (1999) uma amostra de L. salivarius resistente a rifampicina, isolada do inglúvio de galinhas foi selecionada devido ao potencial probiótico, pelo seu alto grau de adesão nas células epiteliais do intestino de galinhas, atividade antagonista contra algumas bactérias patogênicas e competitividade in vivo. Segundo ERHMANN et al. (2002) são dois mecanismos possíveis para os efeitos benéficos das bactérias ácido láticas (LAB) sobre distúrbios 23 gastrintestinais: produção de substâncias antimicrobianas tais como ácido lático e bacteriocinas, aderência da mucosa e co-agregação para formar uma barreira que previna a colonização por patógenos. CONWAY et al. (1987) e STRAVIC (1987) enfatizaram que bactérias pertencentes a microbiota intestinal normal, especialmente Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp., formam uma barreira física às bactérias patogênicas pelo preenchimento dos sítios de ligação, respaldando a teoria de que esse mecanismo possa ser fator primário à EC (FULLER & GIBSON, 1997; JIN et al., 1997). Alguns gêneros de bactérias intestinais como os Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp estão diretamente relacionados com o estímulo da resposta imune por aumento da produção de anticorpos (LEE et al., 1993), ativação de macrófagos (SEKINE et al., 1994), proliferação de células T (YASUI & OHWAKI, 1991) e produção de interferon (FULLER & GIBSON, 1997), entre outros. Entretanto, o verdadeiro mecanismo, pelo qual essas bactérias estimulam o sistema imune ainda permanece com muitos pontos obscuros (TANNOCK, 1998). 3.2. Probióticos Os primeiros a utilizarem o termo probiótico foram LILLY e STILL (1965), observando a ação de microrganismos como promotores de crescimento. FULLER (1989) definiu probiótico como suplemento alimentar de microrganismos vivos que beneficiam a saúde do hospedeiro, por meio do equilíbrio da microbiota 24 intestinal, sendo usados como promotores de crescimento e substituindo o uso de antibióticos e químicos sintéticos na alimentação. HAVENNAR et al. (1992), complementando a citação de FULLER (1989), definiram probiótico como cultura pura ou composta de microrganismos vivos, que quando fornecidos ao homem ou aos animais, beneficiam o hospedeiro pelo estímulo das propriedades existentes na microbiota normal. Tentativas têm sido feitas para definir os microrganismos isolados do intestino (MEAD & IMPEY 1984; STRAVIC et al., 1987), para serem utilizados para prevenção (IMPEY et al., 1982; IMPEY et al., 1984; STRAVIC et al., 1985; GLEESON et al., 1986), tendo como um dos critérios a seleção de bactérias potencialmente protetoras (MEAD & IMPEY, 1987), e estudando os fatores que indicam a sua função probiótica e os benefícios para o hospedeiro(KLAENHAMMER et al., 1998). A falha de alguns produtos probióticos pode ser atribuída a inabilidade das amostras em colonizar e sobreviver no trato gastrintestinal, ou sua incapacidade para excluir cepas patogênicas (PASCUAL et al., 1999). O uso de preparações indefinidas pode resultar na transmissão de qualquer patógeno. Esforços têm sido feito para desenvolver misturas bacterianas definidas para utilização na comercialização (PASCUAL et al., 1999). MIYAMOTO et al. (2000) investigaram Lactobacillus quantitativa e qualitativamente na cloaca e vagina de aves de postura e sua habilidade para inibir o crescimento de Salmonella Enteritidis. Observaram, além da predominância de L. acidophilus, L. salivarius e L. fermentum, que os Lactobacillus isolados da cloaca e da vagina também inibem in vitro o crescimento de S. Enteritidis. 25 De acordo com OYARZABAL & CONNER (1995), seis sorotipos de Salmonella (California, Enteritidis, Heidelberg, Mission, Senftenberg e Typhimurium) foram inibidos in vitro por bactérias selecionadas, incluindo L. acidophilus e L. casei, e JUVEN et al. (1991); HINTON et al. (1992); CHATEAU et al. (1993); OYARZABAL & CONNER (1995) e JIN et al. (1996) relataram que Lactobacillus inibem o crescimento de vários patógenos, incluindo Salmonella spp. As bactérias ácido láticas (LAB) nativas do intestino, incluindo Lactobacillus spp. e Pediococcus spp., inibem Proteus spp., Salmonella spp., Escherichia coli e Staphylococcus spp. (JUVEN et al.,1991, 1992). O crescimento da inquietação pública quanto ao uso de antibióticos nas rações para animais, tem estimulado o interesse pelos probióticos e produtos de EC como terapia alternativa (CHAVES et al., 1999), por excluir a colonização de patógenos intestinais (MORISHITA, 1997) e promover o balanço da microbiota intestinal (FULLER, 1989). O interesse da indústria na seleção de Lactobacillus com propriedades benéficas à saúde, vem crescendo rapidamente (YUN-KUN et al., 1995). Critérios para a seleção de amostras probióticas específicas têm sido estudadas (HAVENNAR & HUIS VELDT, 1992; MORELLI, L 1994). 3.3.Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) As técnicas da biologia molecular utilizadas para diagnóstico, são baseadas no princípio de hibridação e replicação de ácidos nucléicos permitindo a detecção e caracterização de microrganismos (IKUTA, 1999). As bactérias ácido 26 láticas, especialmente os Lactobacillus, compõem a microbiota normal do intestino e trato urogenital de humanos e animais, sendo comumente utilizados pela indústria leiteira e de fermentação de alimentos (MOLIN et al., 1993). O gênero Lactobacillus é composto por mais de 60 espécies, sendo que a identificação destas, baseada em critérios fisiológicos e bioquímicos é ambígua e complicada (KANDLER & WEISS, 1986; NOUR, 1998). A identificação de Lactobacillus usando métodos bioquímicos é notoriamente difícil porque são exigidos vários testes de fermentação (HAMMES & VOGEL, 1995). A coloração de Gram, catalase , produção de gás em glicose e ausência de H2S em ágar Tríplice Sugar Iron (TSI), são considerados como métodos auxiliares na caracterização do gênero Lactobacillus (PELCZAR et al., 1981; SHARPE, 1981; COLLINS & HARTLEIN, 1982; SNEATH et al., 1986). A concentração de células no meio parece exercer uma forte influência no padrão de fermentação dos Lactobacillus, dando resultados falso negativos após 24-48 horas de incubação (VALDEZ et al., 1993). Segundo COLLINS e HARTLEIN (1982) para o isolamento de L. acidophilus as temperaturas mínimas estão entre 15 a 22°C e máxima entre 45 a 48°C, BUCHANAN et al., (1974) consideraram como temperaturas ótimas de 35 a 38°C. Contudo, MIKOLAJCIK e HAMDAN (1975) identificaram uma cepa (ATCC 11506) que cresceu rapidamente a 32°C. Os Lactobacillus são classificados em três grupos: obrigatoriamente homofermentativo, que fermenta hexoses para ácido lático; heterofermentativo facultativo, que fermenta hexoses para ácido lático somente ou para ácido lático 27 juntamente com ácido acético, etanol e ácido fórmico sobre limitação da glicose e obrigatoriamente heterofermentativo, fermentando hexoses para ácido lático, ácido acético, etanol e CO2 , e pentoses para ácido lático e ácido acético (POT et al., 1994). Os testes bioquímicos são muito usados para uma primeira determinação de bactérias ácido láticas (LAB), embora para uma identificação mais precisa, métodos baseados na biologia molecular são recomendados (MORISHITA & SHIROMIZU, 1986; SCHILLINGER & LUCKE, 1987). De MARTINIS (2002) classificou a cepa L. sake de acordo com características fisiológicas e bioquímicas, mas esta espécie não pôde ser identificada pelo API 50 CHL, relatando que é insatisfatória a utilização do padrão de fermentação de carboidratos como único critério para identificação de bactérias ácido láticas (LAB), porque ocorre freqüentemente variação de fermentações. Os testes bioquímicos são muito usados para uma pidentificação reliminar das LAB, embora a leitura seja subjetiva. As técnicas baseadas na biologia molecular são menos sujeita a erros, e os resultados são mais rápidos e seguros. MORISHITA & SHIROMIZU (1986) também encontraram dificuldades para a identificação das LAB somente com base no padrão de fermentação de carboidratos. Segundo CHAGNAUD et al. (2001) a comparação utilizada na identificação de Lactobacillus através da fermentação de carboidratos pelo API 50 CHL e pela PCR apresentaram resultados diferentes para algumas espécies. O L. casei e o L. salivarius não puderam ser determinados pelo API 50 CHL, enquanto o L. reuteri foi identificado pelo mesmo como L. fermentum. Os resultados apresentados pela PCR provou ser mais discriminativa do que o API 28 50 CHL, na identificação das cepas de referência para determinação das espécies. A variação biológica entre diferentes espécies de Lactobacillus pode ser considerada como indicativo de uma larga extensão de citosina mais guanina no conteúdo de DNA de diferentes espécies (32 mol% a 53mol %) MOLIN et al. (1992). Atualmente, as técnicas moleculares são importantes ferramentas taxonômica tais como mol% de G+C do conteúdo do DNA, estudos de hibridação DNA-DNA e seqüências do RNA ribossomal (rRNA), resultando em alterações na taxonomia das LAB (SCHLEIFER, 1987). A classificação das LAB permanece inconstante, que por sua vez estimula intenso estudo taxonômico envolvendo as características fenotípicas e filogenéticas das bactérias (VANDAMME et al., 1996) e todas estas dificuldades taxonômicas impedem a identificação individua l das espécies para compor um probiótico (ANNUK et al., 2003) De acordo com KANDLER E WEISS (1986), L. reuteri e L. fermentum são difíceis de distinguir através de testes fisiológicos convencionais, mesmo eles não sendo geneticamente relacionados, como indicado pela sua diferença no mol% de G+C do DNA (40-42 e 52-54, respectivamente). As maiores alterações na taxonomia bacteriana em geral iniciaram-se com a determinação do conteúdo G+C do DNA bacteriano e o progresso das técnicas para estudos da relação fenotípica são baseados nas análises de seqüências do 16S e 23S rRNA. A informação genética dessas moléculas é altamente conservada e apropriada para determinar a relação das bactérias (STILES et al., 1997). 29 Dentre os Lactobacillus heterofermentativo intestinal, o L. ferrmentum foi considerado por LERCHE e REUTER (1962) como espécie dominante no intestino, mas KLANDER et al., (1980) descreveram este biótipo, de acordo com a homologia DNA-DNA como uma nova espécie heterofermentativa denominada L. reuteri . SARRA et al., (1979) classificaram o L. reuteri como espécie heterofermentativa dominante no intestino de vacas. Desta forma o L. reuteri pode ser considerado a principal espécie de Lactobacillus do intestino (KANDLER e WEISS, 1986). As espécies de L. fermentum e L. reuteri são fenotipicamente relacionadas e a diferenciação baseada em métodos bioquímicos é difícil (REUTER 1997). A técnica molecular é uma ferramenta utilizada para diferenciar estas duas espécies, sendo importante na determinação das espécies para a taxonomia e também favorecendo seguro biotecnológico (KLEIN et al., 1998). MOLIN et al. (1992), utilizando o API 50 CHL, não conseguiram diferenciar L. jensenii, L. gasseri, L. crispatus e L. acidophilus isolados da mucosa intestinal de ratos, contudo estas diferiram das cepas padrão. Segundo KANDLER e WEISS (1986); BORCH & MOLIN (1998); a identificação de Lactobacillus baseada na fermentação de carboidratos é em geral duvidosa, estas quatro espécies não podem ser diferenciadas somente com base na fermentação de carboidratos. Entretanto, a identificação destas espécies através de técnicas moleculares é baseada na determinação de seqüências de bases de ácidos nucléicos, sendo considerada confiável (NISSEN & DAINTY, 1995), usando seqüências do DNA ribossomal (rDNA) do 16S, os Lactobacillus têm sido 30 classificados dentro de cinco grupos filogenéticos: Lactobacillus acidophilus, L. salivarius, L. reuteri, L. buchneri e L. plantarum (SCHLEIFER & LUDWIG, 1995). KLEIN et al. (1998) relataram que a identificação das espécies do grupo L. acidophilus usando somente características bioquímicas e fisiológicas é duvidosa, considerando que as espécies não podem ser diferenciadas por métodos clássicos. O grupo L. acidophilus, consiste de outras espécies como L. crispatus, L. amylovorus, L. gallinarum, L. gasseri e L. jonsonii identificadas através da análise de homologia de DNA-DNA (JOHNSON et al., 1980; LAUER et al., 1980 e FUJISAWA et al., 1992; POT et al., 1993). A avaliação realizada através do 16S rDNA por LAN et al. (2000) da microbiota dos cecos de aves, tiveram como resultados dentre as várias espécies de bactérias, a presença de L. acidophilus, L. crispatus, L. salivarius e L. reuteri considerando estas espécies como as mais encontradas nos cecos de aves. Segundo KLAENHAMMER et al. (1995) dentre os vários Lactobacillus intestinais, o L. acidophilus tem sido considerado como a espécie mais importante, desde o primeiro isolamento em 1900. Até 1980 os pesquisadores classificaram a espécie de L. acidophilus com base nas reações morfológicas e fenotípicas (MITSUOKA, 1992). Em 1980, o grupo L. acidophilus foi considerado ser completamente heterogêneo, esta espécie não é considerada a mais predominante em humanos, animais ou roedores (LAUER et al., 1980). Em aves, as espécies comumente encontradas no intestino são L. crispatus, L. gallinarum, L. johnsonii, L. reuteri e L. salivarius , identificadas através da homologia DNA-DNA (KLAENHAMMER et al., 1995), o L. salivarius é a espécie 31 predominante no inglúvio e conteúdo intestinal de galinhas jovens segundo GARRIGA et al. (1998). O desenvolvimento de métodos baseados na PCR tem aberto novas possibilidades para identificação precisa e rápida das LAB (TORRIANE et al., 1999), sendo encontrada em crescente aplicação na microbiologia de alimentos (DRAKE et al., 1996). A importância das espécies de Lactobacillus nos processos industriais ou na saúde humana e animal, tem aumentado o estímulo no desenvolvimento da genética molecular para este gênero CHAGNAUD et al., (2001). Atualmente os genes do ácido ribonucléico do rRNA têm sido aceitos como ferramentas para a identificação e análise filogenética de bactérias (AMANN et al., 1995). Sondas de hibridação e primers (iniciadores) que detectam a região 16S ou 23S do rRNA têm sido aplicados com sucesso na identificação e detecção de algumas espécies de Lactobacillus através da PCR (HERTEL et al., 1991; DiMICHELE & LEWIS 1993). Os métodos moleculares baseados em ácidos nucléicos certamente serão marcantes na pesquisa de probióticos, nesta década (VAUGHAN et al., 1999). Experimentos in vivo têm sido realizados para demonstrar o papel benéfico das LAB na saúde de humanos e animais, mas são necessários métodos eficientes e simples para detectar e identificar as LAB (CHAGNAUD et al., 2001). Hoje em dia os métodos taxonômicos são baseados na caracterização fenotípica (composição da parede celular, fingerprint da proteína, mobilidade eletroforética, etc.) e análises genotípicas (homologia DNA-DNA, PCR- RAPD, ribotipagem, etc.) (VANDAMME et al.,, 1996; ZHONG et al.,, 1998; TYNKKEYNEN et al.,, 1999). 32 Dados relacionados com as seqüências do gene 16S ou regiões do espaço intergênico (ISR) dos genes 16S-23S, tem permitido a identificação das LAB usando oligonucleotídeos específicos como sondas (fluorescentes ou não) ou em testes da PCR (HENSIEK et al., 1992; McSWEENEY et al., 1993; BERTHIER & EHRLICH, 1998; NOUR et al., 1998; TANNOCK et al., 1999). Entretanto, a maioria destes métodos são caros, consomem tempo e não são adaptados à análise de rotina (CHAGNAUD et al., 2001). Os oligonucleotídeos, que são complementares para regiões de 16S ou 23S rRNA, podem ser utilizados para identificação das LAB, que por sua vez não podem ser diferenciadas por simples testes fenotípicos (SCHLEIFER et al., 1995). Os métodos utilizados para caracterizar uma população bacteriana em animais incluem investigações morfológicas, fisiológicas e métodos do perfil plasmidial ou DNA polimórfico amplificado aleatório (RAPD). Mais recentemente, o RAPD tem sido aplicado para diferenciar as LAB usando um primer derivado do bacteriófago M13 (MITEVA et al., 1992; VOGEL et al., 1996). Recentemente, a amplificação da PCR na região V2 – V3 do 16S do rDNA usando primers universal, seguida pela desnaturação em gradiente do gel de eletroforese (DDGE), têm sido aplicado para detectar e identificar amostras Lactobacillus gastrintestinais (WALTER et al., 2000), entretanto, nenhuma destas técnicas parece ser prática para uma rápida identificação de Lactobacillus em diagnósticos laboratoriais (BAELE et al., 2002). A ribotipagem é um método que pode identificar e classificar bactérias baseadas nas diferenças do rRNA, pois esta técnica gera uma impressão digital altamente reproduzível e precisa, que pode ser utilizada para classificar espécies de bactérias (De MARTINIS, 2002). 33 SONG et al., (2000) utilizaram o multiplex PCR com vários pares de primers espécie-específicos que envolvem a amplificação de uma seqüência conhecida, através de um único teste para identificação de espécies de Lactobacillus isoladas do intestino de humanos, sendo considerado um método de identificação simples, rápido e confiável. 3.4. Ação inibitória in vitro de Lactobacillus frente a patógenos Surtos de salmonelose causados por Salmonella Enteritidis (SE) vem aumentando durante as duas últimas décadas e têm sido considerada importante questão de saúde pública e econômica (RODRIGUE et al., 1990; DUGUID e NORTH, 1991). Muitas estratégias para prevenir a incidência de SE em alimentos contaminados vem sendo propostas, pois ainda desconhece-se método de prevenção totalmente eficaz. O conhecimento do mecanismo para colonização de SE nos ovos, é essencial para reduzir os riscos da saúde pública associados com o consumo de ovos infectados (MYIAMOTO et al., 2000). A SE pode causar infecção em reprodutoras e resultar na produção de ovos contaminados após interações com a microbiota nativa (MYIAMOTO et al., 1997, 1998). Os Lactobacillus são predominantes na vagina de humanos, e sua presença é crucial para manter o equilíbrio ecológico da microbiota vaginal (REID et al., 1990; HUDAULT et al., 1997). 34 Na inibição da infecção ascendente dos órgãos genitais em mamíferos, a microbiota, especialmente os Lactobacillus da vagina, tem apresentado um importante papel (REDONDO-LOPEZ et al., 1990; REID et al., 1990; HUDAUT et al., 1997). Contudo, há pouca informação sobre a microbiota normal dos órgãos genitais de aves (HARRY, 1963; JACOBS et al., 1978; AGUIRE et al., 1992) e o seu papel na infecção por SE. MIYAMOTO et al. (1998) relataram que há possibilidade dos Lactobacillus exercerem um efeito protetor contra a ascendência da infecção por SE em fêmeas. L. acidophilus e L. salivarius foram isolados do conteúdo cloacal e muco vaginal, enquanto o L. fermentum foi isolado somente do conteúdo cloacal. As composições da microbiota da cloaca e vagina de aves parecem ser similares a do intestino. Muitos estudos (JUVEN et al., 1991; HINTON et al., 1992; CHATEAU et al., 1993; OYARZABAL e CONNER, 1995; JIN et al., 1996) reportaram que os Lactobacillus inibem o crescimento de vários patógenos, incluindo Salmonella spp. Em galinhas, para excluir Salmonella do intestino, o estabelecimento competitivo da microbiota não patogênica tem sido investigada (BABA et al., 1991; JUVEN et al., 1991). Os mecanismos que os Lactobacillus utilizam para inibir o crescimento de outras bactérias in vitro são produção de peróxido de hidrogênio, ácidos orgânicos tais como ácido lático e ácido acético com a conseqüente redução do pH, e a produção de proteínas específicas como as bacteriocinas (HINTON et al., 1992; CHATEAU et al., 1993). De acordo com MYIAMOTO et al. (2000) as espécies de Lactobacillus do conteúdo cloacal e muco vaginal inibiram a SE, mostrando uma 35 grande variedade de halos de inibição nestas espécies. Várias amostras de L. salivarius isoladas do conteúdo cloacal apresentaram halos de inibição de até 1,2cm, quando comparados com amostras de L. acidophilus. Contudo, não houve variação entre amostras da mesma espécie, bem como não foi observada diferença entre os Lactobacillus isolados da cloaca e vagina. Tratamentos profiláticos com L. acidophilus reduzem a transmissão de Salmonella Typhimurium e a mortalidade de aves gnotobióticas, mas não reduzem o isolamento da mesma no ceco e reto (WATKINS e MILLER, 1983). Além do mais, culturas simples de Lactobacillus originado do ceco de aves não previnem consistentemente a colonização de Salmonella quando administrado oralmente (BARNES et al., 1980). O uso de misturas de bactérias ao invés de culturas isoladas tem sido mais efetiva para controlar a colonização de Salmonella em aves jovens (IMPEY et al., 1982). Segundo OYARZABAL et al. (1995) bactérias selecionadas compreendendo L. casei, L. acidophilus, Enterococcus faecium , Pediococcus sp. e Bifidobacterium bifidum exibiram halos de inibição contra Salmonella California, S. Enteritidis, S. Heidelberg, S. Mission, S. Senftenberg e S. Typhimurium. A habilidade existente nas LAB para inibir várias bactérias Gram- positivas ou Gram-negativas é bem conhecida, determinada por diferentes tipos de Lactobacillus incluindo L. fementum (De KLERK e COETZEE, 1967; De KLERK e SMIT, 1967), L. bulgaricus (MITCHELL e KENWORTHY, 1976), L. acidophilus (HOSONO et al., 1977; BAREFOOT e KLAENHAMMER, 1983), L. reuteri (ZACCONI et al., 1985) e L. plantarum (ANDERSSON et al., 1988). Estas 36 propriedades antagonistas são desejáveis em probióticos utilizados na alimentação animal. (CHATEAU et al., 1993). Os Lactobacillus parecem ser mais eficazes contra bactérias Gram- positivas do que Gram-negativas (TAGG et al., 1976), mas resultados satisfatórios foram encontrados por (CHATEAU et al., 1993), de amostras isoladas de um probiótico apresentando halos de inibição frente a Salmonella Thyphimurium e S. Enteritidis e APELLA et al. (1992) observaram atividade inibitória de L. acidophilus e L. casei contra Shigella sonei. REQUE et al. (2000) observaram que uma amostra isolada dos cecos de aves identificada como L. fementum, apresentando atividade antimicrobiana frente a S. Typhimurium, mas não contra E. coli e Staphylococcus aureus. HUDAULT et al. (1997) avaliaram as propriedades antagonistas in vitro de L. casei cepa (GG) em modelo celular enterócito Caco-2 contra S. Typhimurium C5, observando que os Lactobacillus impedem a invasão da Salmonella no modelo celular. Os Lactobacillus demonstraram atividade inibitória com respeito à multiplicação de enteropatógenos (DRAGO et al., 1997). Ainda não está claramente definido se os mecanismos antimicrobianos dos Lactobacillus diferem de acordo com a bactéria alvo ou estão associados à sua virulência. A atividade inibitória dos Lactobacillus contra comensais ou patógenos, seja Gram- negativos ou Gram-positivos parece ser muito variável (JACOBSEN et al., 1999). As bacteriocinas produzidas pelas LAB tem atividade inibitória específica contra bactérias Gram-positivas (ABEE et al., 1995), em contraste, os patógenos Gram- 37 negativos são mais sensíveis aos ácidos orgânicos produzidos pelas LAB (ALAKOMI et al., 2000). COSBY et al. (1997) avaliaram isolados bacterianos incluindo-se os Lactobacillus provenientes da moela e cecos de galinhas para atividade inibitória In vitro frente a Salmonella Typhimurium. Dentre os vários métodos de inibição eles utilizaram o spot-on-the-lawn e verificaram que este é capaz de oferecer reprodutibilidade rápida e resultados confiáveis, observando a inibição pela presença de halos. A seleção de amostras com propriedades inibitórias é importante para se produzir cultura definida e efetiva. A inclusão de bactérias que produzam substâncias antimicrobianas com atividade contra Salmonella melhorarão a eficácia dos produtos. SAARELA et al. (2000) consideraram que vários critérios de seleção devem ser utilizados para seleção de amostras probióticas, que devem ser consideradas como seguras, funcionais e que tenha aplicabilidade tecnológica. 38 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Local Os experimentos foram realizados nos Laboratórios de Ornitopatologia1 e Patologia2, para processamento das amostras em relação ao isolamento, inibição in vitro e identificação através da PCR. 4.2. Aves Foram utilizadas 14 aves matrizes reprodutoras. 10 da linhagem Ross, sendo quatro aves de 52 semanas e seis de 65 semanas de idade, duas da linhagem Cobb de 24 semanas e duas aves de postura comercial da linhagem Hysex Brown de 63 semanas de idade, como doadoras de inglúvio e cecos. 4.3. Delineamento experimental 4.3.1. Cepas de referência Foram utilizadas cepas de Lactobacillus acidophilus (KCTC)3, L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius da Coleção de Cultura Tropical (CCT)4, e para verificação da sua pureza realizou-se o plaqueamento em ágar DeMan, Rugosa- Sharpe (MRS)5, com incubação a 37°C por 48 horas, selecionando-se colônias de cada espécie e submetendo-as às provas de morfologia (método de Gram), teste de catalase, produção de gás em glicose e sulfeto de hidrogênio (H2S). _____________________________ 1- Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP-Campus Botucatu - SP. 2- Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina -UNESP-Campus Botucatu-SP. 3- Korean Collection for Type Cultures. Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) – Campinas - SP. 4- Coleção de Cultura Tropical. Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia “André Tosello” -Campinas-SP. 5- DIFCO. 39 4.3.2. Coleta, condições de cultivo e semeadura Imediatamente após o sacrifício das aves, foram coletados, assepticamente, inglúvios e cecos, que foram colocados individualmente em tubos contendo 10 mL de caldo MRS pH 6,5. Os tubos foram incubados em anaerobiose com sistema Anaerobac a 37°C por 48 horas e a 37°C e 45°C por 12 a 18 horas. Após este período os caldos foram semeados em placas de Petri contendo ágar MRS, posteriormente incubados a 37°C por 24 a 48 horas. 4.3.3. Identificação do gênero Lactobacillus Foram selecionadas colônias isoladas, pequenas (2-5mm), lisas, brilhantes e sem pigmentos, submetidas as seguintes provas: • morfologia, através da coloração de Gram (PELCZAR et al., 1981), • teste de catalase (SHARPE, 1981), • produção de gás em glicose (COLLINS & HARTLEIN, 1982) e • produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) em Agar Tríplice Sugar Iron (TSI) (SNEATH et al., 1986). 40 As amostras que apresentaram as seguintes características (Tabela 1) foram consideradas compatíveis com o gênero Lactobacillus. Tabela 1. Provas de triagem das amostras isoladas de inglúvio e cecos de aves. Gênero: Coloração (Gram) Teste Catalase Glicose (Produção de gás) TSI (Produção H2S) Lactobacillus + - + - 4.3.4. Testes bioquímicos As colônias previamente identificadas com características do gênero Lactobacillus, foram submetidas a testes de fermentação de diferentes carboidratos. • Etapa A- Os isolados foram semeados em caldo MRS modificado, sem extrato de carne e glicose, adicionando-se 0,002% de púrpura de bromocresol como indicador e acrescido de 1% de cada carboidrato (arabinose, celobiose, esculina, frutose, galactose, glicose, lactose, manitol, maltose, manose, rafinose, sacarose, salicina, sorbito, trealose e xilose). As culturas foram incubadas a 37°C por 48 horas (KANDLER e WEISS, 1986; DAVIS, 1955). • Etapa B- Todas as cepas de referência e uma amostragem das amostras isoladas de aves (AIA), foram semeadas no API 50 CHL, incubando-as aerobicamente a 37°C por 48 horas. ______________________________  Bio Mérieux, Many- I Eptile 09280, France. 41 4.3.5. Teste bioquímico API 50 CHL Este método consiste na fermentação de 49 carboidratos individualmente (Figura 1). De acordo com os dados referentes à fermentação de cada carboidrato, foi realizada a interpretação através de um software Biomérieux Analytical products. Figura 1. API 50 CHL para identificação de Lactobacillus. 42 4.3.6. PCR 4.3.6.1. Extração do DNA Bacteriano O protocolo de extração de DNA, foi realizado segundo a metodologia descrita por OLIVEIRA et al. (2002). Ao microtubo que continha 250µL da suspensão bacteriana proveniente do caldo MRS, foi adicionado 100µL de Cloreto de Sódio (NaCl) 5M e 100µL de Cetyltrimethil ammonium bromide (CTAB) pré-aquecido a 65°C. O microtubo, contendo a suspensão, foi agitado por 10 segundos até obter aspecto leitoso e foi posteriormente incubado por 10 minutos a 65°C. Após este período foi adicionado ao mesmo, 750µL de Clorofórmio1-álcool-isoamílico2 (24:1), agitado por 10 segundos com movimentos leves e em seguida foi centrifugado em temperatura ambiente por 5 minutos a 20.800 x g. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo e adicionou-se 450 µL de etanol absoluto a - 20°C, incubando-o durante 10 minutos a - 20°C. Em seguida foi centrifugado a 4°C durante 20 minutos a 20.800 x g, eliminando o álcool e acrescentando-se 500µL de etanol a 70% (temperatura ambiente), seguido do mesmo procedimento de centrifugação acima citado. O álcool foi eliminado novamente e o microtubo contendo o pelet foi submetido à secagem a 56°C no banho seco (Termolyne)3. _______________________ 1- VETEC. 2- SYNTH. 3- Type 16500 – Dry Bath. 43 Após a completa secagem do pelet, foi adicionado 50µL de tampão de diluição (10mM Tris-HCL, 1mM EDTA) pH 8,0; previamente aquecido a 56°C. As amostras de DNA foram mantidas em temperatura ambiente por 20 minutos, posteriormente armazenadas a - 20°C até a sua utilização na PCR. Em todas as análises foram utilizados controles positivos e negativos. 4.3.6.2. Quantificação do DNA Foi realizada através do espectrofotômetro (Quant Gene II)*, utilizando 495µL de Tris EDTA (TE) pH 8,0, acrescido de 5 µL do DNA molde para avaliação da absorbância (A260), razão (A260/ A280) e concentração de DNA em µg/ µL. 4.3.6.3. Normalização das amostras Nas amostras que apresentaram concentração de DNA maior do que 0,1µg/ µL foi realizado o cálculo com base nesta concentração, tendo como resultado a quantidade de TE e DNA necessárias para normalização, com volume final de 50 µL. _____________________________ • Amersham Pharmacia Biotech. 44 4.3.6.4. Primers Seqüências de oligonucleotídeos utilizados neste estudo. Tabela 2. Primers para identificação das espécies de Lactobacillus. Agente / Referência1 Ident. Primer Primers (5’ – 3’) Produto Espécies do Grupo Lactobacillus acidophilus Lac 1 23-10C CCTCTTCGCTCGCCGCTACT ATTGTAGAGCGACCGAGAAG 300 pb Lactobacillus acidophilus Lac 2 LU-1’ TGCAAAGTGGTAGCGTAAGC CCTTTCCCTCACGGTACTG 210 pb Lactobacillus fermentum Fer 3 Fer 4 ACTAACTTGACTGATCTACGA TTCACTGCTCAAGTAATCATC 192 pb Lactobacillus reuteri Reu 1 Reu 4 CAGACAATCTTTGATTGTTTAG GCTTGTTGGTTTGGGCTCTTC 303 pb Lactobacillus salivarius Sal 1 Sal 2 AATCGCTAAACTCATAACCT CACTCTCTTTGGCTAATCTT 411 pb 1- SONG, Y.L et al. (2000). 45 4.3.6.5. Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) Multiplex PCR A reação de amplificação com volume total de 25µL, foi realizada com três conjuntos de primers para identificação das espécies L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius (Tabela 3). Tabela 3. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA no multiplex PCR. Constituintes da reação [ ] Inicial 1 x (µL) [ ] Final Água ultra pura (Mili-Q) - 12,75 - Tampão para PCR (buffer) 10 x 2,50 1,00 x Cloreto de Magnésio 50 mM 1,25 2,50 mM dNTPs 20 mM 0,25 0,20 mM Iniciador 1S Primer L fer3 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 1A Primer L fer4 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 2S Primer L reu1 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 2A Primer L reu4 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 3S Primer L sal1 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 3A Primer L sal2 10 µM 1,00 0,40 µM Enzima Taq DNA 5 U/ µL 0,25 1,25 U/µL Volume da amostra: DNA 0,1µg/ µL 2,00 8,00 ng/µL Volume total: - 25,00µL - 46 Grupo Lactobacillus acidophilus A reação de amplificação com volume total de 25µL, foi realizada para as amostras que apresentaram resultado negativo no multiplex. Os primers Lac2 e LU-1’ foram utilizados para identificação de L. acidophilus, L. amylovorus, L. crispatus, L. gasseri, L. helveticus e L. jensenii (Tabela 4). Tabela 4. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA para identificação das espécies do grupo L.acidophilus. Constituintes da reação [ ] Inicial 1 x (µL) [ ] Final Água ultra pura (Mili-Q) - 16,75 - Tampão para PCR (buffer) 10 x 2,50 1,00 x Cloreto de Magnésio 50 mM 1,25 2,50 mM dNTPs 20 mM 0,25 0,20 mM Iniciador 1S Primer Lac 2 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 1A Primer Lu-1’ 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 2S - - 0,40 µM Iniciador 2A - - 0,40 µM Iniciador 3S - - 0,40 µM Iniciador 3A - - 0,40 µM Enzima Taq DNA 5 U/ µL 0,25 1,25 U/µL Volume da amostra: DNA 0,1 µg/ µL 2,00 8,00 ng/µL Volume total: - 25,00 µL - 47 Lactobacillus acidophilus A reação de amplificação com volume total de 25µL, foi realizada com primers Lac1 e 23-10C para identificação da espécie (Tabela 5). Tabela 5. Reação utilizada para amplificação das amostras de DNA para identificação de L.acidophilus. Constituintes da reação [ ] Inicial 1 x (µL) [ ] Final Água ultra pura (Mili-Q) - 16,75 - Tampão para PCR (buffer) 10 x 2,50 1,00 x Cloreto de Magnésio 50 mM 1,25 2,50 mM dNTPs 20 mM 0,25 0,20 mM Iniciador 1S Primer Lac 1 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 1A Primer 23-10 C 10 µM 1,00 0,40 µM Iniciador 2S - - 0,40 µM Iniciador 2A - - 0,40 µM Iniciador 3S - - 0,40 µM Iniciador 3A - - 0,40 µM Enzima Taq DNA 5 U/ µL 0,25 1,25 U/µL Volume da amostra: DNA 0,1 µg/ µL 2,00 8,00 ng/µL Volume total: - 25,00µL - 48 4.3.6.6. Condições de amplificação O Programa utilizado para a amplificação1 das amostras de DNA, consistiu de condições, temperatura, tempo e repetições na PCR, conforme a (Tabela 6). Tabela 6. Programa para amplificação das amostras de DNA no multiplex PCR (L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius), grupo L. acidophilus e L. acidophilus. Condições Temperatura Tempo Repetições Pré-PCR 94°C 5’ 1 vez PCR 94°C 94°C 72°C 1’ 30’’ 1’ 40 vezes Pós-PCR 72°C 7’ 1 vez Após o término do programa os tubos foram retirados do aparelho e mantidos sob refrigeração. 4.3.6.7. Detecção do produto amplificado Eletroforese Os produtos da PCR (8µL) foram acrescidos com 2µL da solução tampão de carregamento 10x com glicerol, e separados por eletroforese em gel de agarose a 2% corado com brometo de etídio (10mg/mL), posteriormente visualizados em transiluminador com Ultra violeta (UV) e fotografados através do sistema de fotodocumentação2. Os fragmentos foram identificados com base na utilização de marcadores de peso molecular (PM) 3 de 50 e 100 pb. ____________________________________ 1- Eppendorf – Mastercycler gradient.. 2- Polaroid. 3- Invitrogen – Life Technologies, California. 49 4.3.7. Avaliação in vitro das espécies de Lactobacillus 4.3.7.1. Cepas de Salmonella Foram utilizadas cepas de Salmonella1 (S. Enteritidis fagotipo 4, S. Entetritidis fagotipo 28, S.Typhymurium, S. Pullorum, S. Agona, S. Anatum, S.Dublin e S.Senftenberg), e avaliadas quanto à inibição do crescimento devido a presença de espécies de Lactobacillus provenientes do inglúvio e cecos, previamente identificadas. 4.3.7.2. Cultivo das cepas de Salmonella Cada cepa de Salmonella mantida em ágar nutriente foi suspensa em 10mL de caldo Infusão Cérebro Coração (BHI)2, incubado aerobicamente a 37°C por 24 horas. Após este período, cada cepa foi semeada em ágar verde brilhante (AVB)3 seguindo-se mesma metodologia acima citada. 4.3.7.3. Cultivo para inibição Foi realizado de acordo com a técnica spot-on-the-lawn (LEWUS et al., 1991; SANTOS, 1993), com modificações. As espécies de Lactobacillus foram semeadas em caldo MRS4 que foi incubado em microaerofilia a 37°C por 24 horas. Após este período o caldo MRS foi semeado em placas de Petri contendo aproximadamente 15mL de ágar MRS, através de inoculação em pontos, _________________________________ 1- Obtidos junto ao Laboratório de Ornitopatologia ( FMVZ-UNESP-Campus Botucatu- SP). 2- DIFCO. 3- DIFCO. 4- DIFCO. 50 sendo realizadas quatro repetibilidade para cada espécie, provenientes do inglúvio e cecos, incubando-as em microaerofilia a 37°C por 24 horas. Concomitantemente, cada cepa de Salmonella foi semeada em caldo BHI e incubada em aerobiose durante 12 horas a 37°C. Foram realizadas diluições decimais seriadas para determinar a UFC/mL de cada Salmonella. Após a incubação, foram transferidos 100µL da cultura com Salmonella para tubos contendo 5mL de BHI. Após a homogeneização, 1mL foi transferido para novo tubo contendo 5mL de BHI. Em seguida 750µL desta última solução, foram transferidos para novo tubo contendo 15mL de BHI acrescido de 0,87% de ágar ágar1 , previamente preparado e mantido em banho-Maria a 45°C. 4.3.7.4. Plaqueamento Cada cepa de Salmonella acrescentada no ágar acima citado, foi dispensado sobre as placas cultivadas anteriormente com as espécies de Lactobacillus. Após a completa solidificação da camada superior, as placas foram incubadas a 37°C por um período de 24 horas. 4.3.7.5. Teste de inibição in vitro A inibição do crescimento de cada cepa de Salmonella por espécies de Lactobacillus provenientes do inglúvio e cecos, foi avaliada pelo diâmetro final da área de inibição, correspondendo à diferença entre o halo de inibição total e o diâmetro da colônia (CHATEAU, et al., 1993). ________________________ 1- DIFCO. 51 5. ANÁLISE ESTATÍSTICA A comparação entre os métodos bioquímico e PCR para identificação dos isolados provenientes do inglúvio e cecos, foi determinada pelo teste de Mc Nemar e Qui-quadrado (ZAR, 1996 ). A avaliação da atividade inibitória in vitro foi determinada pela medida dos halos em centímetros (cm), produzidos por cada espécie de Lactobacillus isolada do inglúvio e cecos em relação as cepas de Salmonella, baseando-se em quatro repetibilidade. Em relação ao diâmetro do halo, foi utilizada a análise de variância em blocos com aplicação do teste de Tukey, de comparação das médias, para estudos dos fatores: Cepas de Salmonella e segmentos (inglúvio e cecos) (ZAR, 1996). 52 6. RESULTADOS 6.1. Testes de triagem para identificação do gênero Lactobacillus. Todas as amostras selecionadas e isoladas do inglúvio e cecos apresentaram-se Gram-positivas (Figuras 2 e 3), catalase negativa, produção de gás de glicose e H2S negativo (TSI), sendo consideradas como pertencentes ao gênero Lactobacillus. Figura 2. Amostra de Lactobacillus reuteri. Coloração de Gram (1000x) . Figura 3. Amostra de Lactobacillus salivarius. Coloração de Gram (1000x). 53 6.2. Bioquímico A identificação bioquímica das espécies de Lactobacillus foi feita utilizando 16 carboidratos. A leitura da fermentação dos carboidratos foi de acordo com as tabelas do manual Bergey’s (KANDLER & WEISS,1986) utilizadas para diferenciação de espécies dos grupos obrigatoriamente homo e heterofermentativo. De acordo com os resultados bioquímicos, as cepas isoladas das aves (AIA), foram identificadas como L. acidophilus, L. fermentum, L. reuteri, L. salivarius e L. sp., (Tabelas 7 e 8). Tabela 7. Identificação das espécies de Lactobacillus isoladas do inglúvio, através do método bioquímico. Espécies QUANTIDADE Lactobacillus acidophilus 24 Lactobacillus fermentum 59 Lactobacillus reuteri 22 Lactobacillus salivarius 21 Lactobacillus spp. 54 Total 180 Tabela 8. Identificação das espécies de Lactobacillus isoladas dos cecos, através do método bioquímico. Espécies QUANTIDADE Lactobacillus acidophilus 18 Lactobacillus fermentum 66 Lactobacillus reuteri 26 Lactobacillus salivarius 27 Lactobacillus spp. 49 Total 186 54 6.3. Teste bioquímico API 50 CHL A identificação das cepas de referência L. acidophilus (KCTC), L. fermentum, L. reuteri, L. salivarius (CCT) e amostras isoladas de aves (AIA) (Tabela 9), foi realizada também, com o uso do kit bioquímico API 50 CHL. Tabela 9. Identificação das cepas de referência e amostras isoladas de aves (AIA) testadas no API 50 CHL. Espécies Origem Resultado do API 50 CHL L. acidophilus CCT 3258 L. coprophilus/L. brevis (98,1%) L. acidophilus CCT 3258 L. plantarum / L. pentosus (99,9%) L. acidophilus KCTC 3111 L. acidophilus / L. delbrueckii (76,6%) L. fermentum CCT 2571 L. fermentum/L. cellobiosus (97,9%) L. reuteri CCT 3433 L. fermentum / L. bucheneri (92,8%) L. salivarius CCT 3752 L. salivarius / L. brevis (99,9%) L. salivarius AIA Pediococcus sp/L.lactis lactis (93,5%) L. reuteri AIA Brochotermosphacta /L. acidophilus L. salivarius AIA L. pentosus / L. brevis (94,8%) 55 6.4. PCR Todas as AIA identificadas através do método bioquímico (fermentação de 16 carboidratos), foram testadas através da PCR com primers (iniciadores) para identificação de L. acidophilus, L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius (Tabelas 10 e 11). Tabela 10. Amostras isoladas do inglúvio, identificadas através da PCR. Espécies QUANTIDADE Lactobacillus acidophilus 0 Lactobacillus fermentum 0 Lactobacillus reuteri 104 Lactobacillus salivarius 35 Lactobacillus sp. 41 Total 180 Tabela 11. Amostras isoladas dos cecos, identificadas através da PCR. Espécie QUANTIDADE Lactobacillus acidophilus 0 Lactobacillus fermentum 0 Lactobacillus reuteri 133 Lactobacillus salivarius 17 Lactobacillus sp. 36 Total 186 56 6.5. Comparação das metodologias empregadas para identificação de Lactobacillus Os resultados obtidos na identificação das espécies de Lactobacillus através dos métodos bioquímico e PCR, se encontram explanados na Tabela 12 e figuras 4 e 5 demonstrando a comparação entre os métodos utilizados. Tabela 12. Valores percentuais (%) de cada espécie de Lactobacillus, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. Segmentos INGLÚVIO CECOS Espécies Bioquímico PCR Bioquímico PCR L. acidophilus 13 a 0 b 10 a 0 b L. fermentum 33 a 0 b 35 a 0 b L. reuteri 12 a 58 b 14 a 72 b L. salivarius 12 a 19 b 15 a 9 a L. sp. 30 a 23 a 26 a 19 a Para cada segmento e cada espécie, proporções de métodos seguidas de mesmas letras não diferem significativamente (P> 0,05) (teste de McNemar). Para avaliação entre os segmentos utilizou-se o teste Qui-quadrado, não sendo verificada diferença significativa (P>0,05) entre as proporções de cada espécie identificada através do método bioquímico entre os segmentos. Já para proporções de cada espécie através do método PCR verificou-se diferenças significativas (P<0,05) entre os segmentos para as espécies de L. reuteri (58% inglúvio vs 72% cecos) e L. salivarius (19% inglúvio vs 9% dos cecos). 57 A comparação entre o método bioquímico e PCR foi utilizada para identificação de L. fermentum e diferenciação entre esta espécie e L. reuteri. A proporção de L. fermentum do inglúvio e cecos foi negativa quando identificada através da PCR, contudo este foi identificado como L. reuteri (Tabela 13). Tabela 13. Avaliação entre o método bioquímico e PCR, para identificação de L. fermentum e diferenciação entre L. reuteri, provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) de aves. Segmentos Espécie analisada Métodos Quantidade Espécies identificadas Bioquímico 59 59 L. fermentum I L. fermentum PCR 59 39 L. reuteri 20 L.sp. Bioquímico 66 66 L. fermentum C L. fermentum PCR 66 52 L. reuteri 14 L. sp. P+ = Proporção de positivo. P+ (L.fermentum)= 0 P+ (L.reuteri)= 66% (I) P+ (L. reuteri)= 79% (C) P < 0,01= indica comparação entre P+ (LF) e P+ (LR) em cada segmento. 58 Figura 4. Amostras isoladas do inglúvio, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. Figura 5. Amostras isoladas dos cecos, identificadas através dos métodos bioquímico e PCR. 0 20 40 60 80 100 L. ac ido ph ilus L. f erm en tum L. reu ter i L. s aliv ariu s L. sp Bioquímico PCR 0 20 40 60 80 100 L. ac ido ph ilus L. fer men tum L. reu ter i L. sa liva riu s L. sp Bioquímico PCR 59 L. acidophilus e L. fermentum isolados do inglúvio e cecos de aves, foram identificados através do método bioquímico, contudo estas espécies não foram identificadas através da PCR nos respectivos segmentos. A comparação dos métodos para L. reuteri, demonstrou um número maior de identificação desta espécie no inglúvio e cecos através da PCR. Já para L. salivarius isolado do inglúvio houve diferença entre as metodologias empregadas, e o maior número de isolados esteve presente no inglúvio com identificação através da PCR. A identificação das amostras de L. sp. não apresentaram diferença com as duas metodologias utilizadas. 6.6. Eletroforese em gel de agarose dos amplificados de DNA Os resultados obtidos na identificação das amostras isoladas de aves (AIA) provenientes do inglúvio e cecos através da PCR, encontram-se ilustrados nas Tabelas 14,15,16 e 17. A tabela 14 refere-se a utilização do multiplex PCR, para identificação das AIA, utilizou-se os primers (iniciadores) para L. fermentum (Fer3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2). Os produtos amplificados pela PCR ilustrados na Figura 6, representam a identificação das AIA, com resultados correspondendo a oito amostras de L. reuteri e uma amostra negativa. 60 Tabela 14. Identificação de L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius através do multiplex PCR. Peso Molecular / DNA Coluna Fragmentos esperados Fragmentos observados 50 pb 1 50 / 50 pb 50 / 50 pb L. fermentum CCT 2 192 192 L. reuteri CCT 3 303 303 L. salivarius CCT 4 411 411 AIA 5 192, 303 ou 411 303 AIA 6 192, 303 ou 411 303 AIA 7 192, 303 ou 411 303 AIA 8 192, 303 ou 411 303 AIA 9 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 10 192, 303 ou 411 303 AIA 11 192, 303 ou 411 303 AIA 12 192, 303 ou 411 303 AIA 13 192, 303 ou 411 303 Controle Negativo 14 Nenhum Nenhum A ilustração do gel de agarose demonstra os produtos amplificados do DNA das cepas de referência e das AIA, realizadas no multiplex PCR. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Figura 6. Eletroforese em gel de agarose dos produtos amplificados no multiplex PCR, com primers para L. fermentum (Fer3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2).Marcador de PM 50 pb coluna (1), cepas de referência, amplificados de 192 pb L. fermentum (2), 303 pb L. reuteri (3) e 411pb L. salivarius (4), amplificados das AIA (5,6,7,8,10,11,12 e 13) 303 pb, nenhum amplificado (9) e controle negativo (14). 400 pb 300 pb 200 pb 303 pb 61 A Tabela 15 refere-se à utilização do multiplex PCR, para identificação das AIA, utilizou-se os primers (iniciadores) para L. fermentum (Fer 3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2). Os produtos amplificados pela PCR, ilustrados na Figura 7 representam a identificação das AIA, com resultados correspondendo a 11 amostras de L. salivarius e oito amostras negativas. Tabela 15. Identificação de L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius através do multiplex PCR. PM / DNA Coluna Fragmentos esperados Fragmentos observados 100 pb 1 100/ 100 pb 100 / 100 pb L. fermentum CCT 2 192 192 L. reuteri CCT 3 303 303 L. salivarius CCT 4 411 411 AIA 5 192, 303 ou 411 411 AIA 6 192, 303 ou 411 411 AIA 7 192, 303 ou 411 411 AIA 8 192, 303 ou 411 411 AIA 9 192, 303 ou 411 411 AIA 10 192, 303 ou 411 411 AIA 11 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 12 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 13 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 14 192, 303 ou 411 411 AIA 15 192, 303 ou 411 411 AIA 16 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 17 192, 303 ou 411 411 AIA 18 192, 303 ou 411 411 AIA 19 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 20 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 21 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 22 192, 303 ou 411 Nenhum AIA 23 192, 303 ou 411 411 Controle Negativo 24 Nenhum Nenhum 62 A ilustração do gel de agarose demonstra os produtos amplificados do DNA das cepas de referência e das AIA, realizadas no multiplex PCR. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 2324 Figura 7. Eletroforese em gel de agarose dos produtos amplificados no multiplex PCR, com primers para L. fermentum (Fer3/ Fer4), L. reuteri (Reu1/ Reu2) e L. salivarius (Sal1/ Sal2). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepas de referência, amplificados de 192 pb L. fermentum (2), 303 pb L. reuteri (3) e 411pb L. salivarius (4), produtos amplificados das (AIA) (5,6,7,8,9,10,14,15,17,18 e 23) 411pb, nenhum produto amplificado (11,12, 13,16, 19, 20, 21 e 22) e controle negativo (24). 400 pb 300 pb 200 pb 411pb 63 PCR para o grupo L. acidophilus e L. acidophilus A Tabela 16 refere-se a utilização da PCR para identificação das AIA, utilizando-se os primers para o grupo L. acidophilus (LU-1’/ Lac2), que compreendem L. acidophilus, L. amylovorus, L. crispatus, L. gasseri, L. helveticus e L. jensenii. E primers (Lac1/ 23-10C) para L. acidophilus. Todas as AIA testadas no multiplex PCR, que apresentaram resultado negativo, foram processadas na PCR para o grupo L. acidophilus. As Figuras 8 e 9, respectivamente, demonstram o produto amplificado da cepa de referência, das AIA e resultados negativos para o grupo L. acidophilus e L. acidophilus. Tabela 16. Identificação do grupo L. acidophilus e L. acidophilus através da PCR. Peso Molecular / DNA Coluna Fragmentos esperados Fragmentos observados 100 pb 1 100/ 100 pb 100 / 100 pb L.acidophilus KCTC 2 300 pb 300 pb AIA 3 300 pb Nenhum AIA 4 300 pb Nenhum AIA 5 300 pb Nenhum AIA 6 300 pb Nenhum AIA 7 300 pb Nenhum Controle Negativo 8 Nenhum Nenhum 100 pb 1 100/ 100 pb 100 / 100 pb L.acidophilus KCTC 2 210 pb 210 pb AIA 3 210 pb Nenhum AIA 4 210 pb Nenhum AIA 5 210 pb Nenhum AIA 6 210 pb Nenhum AIA 7 210 pb Nenhum Controle Negativo 8 Nenhum Nenhum 64 A ilustração do gel de agarose demonstra o produto amplificado do DNA da cepa de referência e das AIA, realizadas na PCR. 1 2 3 4 5 6 7 8 11 2 Figura 8. Eletroforese em gel de agarose para análise da PCR, primers para grupo L. acidophilus (LU-1’/ Lac2). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepa de referência, produto amplificado de 300 pb para o grupo L. acidophilus (2), nenhum produto amplificado das AIA (3,4,5,6 e 7) e controle negativo (8). 1 2 3 4 5 6 7 8 Figura 9. Eletroforese em gel de agarose para análise da PCR, primers para L. acidophilus (Lac1/ 23-10C). Marcador de PM 100 pb coluna (1), cepa de referência, produto amplificado de 210 pb para L. acidophilus (2), nenhum produto amplificado das AIA (3,4,5,6 e 7) e controle negativo (8). 300 pb 200 pb 210 pb 65 6.7. Avaliação da inibição in vitro das espécies de Lactobacillus frente as cepas de Salmonella A diluição decimal para determinação da UFC/ ml das cepas de Salmonella foi de 107 UFC/ ml, para inibição in vitro em todas as espécies de Lactobacillus utilizadas. As Tabelas 17 e 18, referem-se a média de quatro halos (repetibilidade) formados por cada amostra de L. reuteri isolada do inglúvio e cecos de aves, frente as cepas de Salmonella. Na Tabela 19 consta a avaliação das repetições de Lactobacillus reuteri isolados do inglúvio e cecos de aves. Tabela 17. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus reuteri isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 1,1; 0,6; 1,2; 0,9; 0,8; 1,1; 0,8; 0,6; 0,9; 0,6; 0,8; 0,6; 1,0; 0,8; 0,5;1,3 Enteritidis PT 28 1,4; 0,9; 1,6; 0,9; 0,4; 0,6; 0,7; 1,0; 1,2; 0,9; 0,7; 0,6; 1,3; 0,6; 0,6; 1,3 Typhimurium 1,4; 0,6; 1,1; 0,6; 0,4; 0,5; 0,7; 0,5; 1,2; 0,6; 0,5; 0,5; 1,1; 0,7; 0,8; 1,6 Pullorum 1,0; 1,0; 1,7; 1,1; 1,3; 0,4; 0,9; 1,1; 1,2; 1,1; 0,7; 1,5; 1,4; 0,6; 0,7; 1,2 Agona 1,0; 0,5; 1,3; 0,6; 0,3; 0,9; 1,4; 1,0; 1,1; 1,0; 0,5; 1,3; 1,1; 0,5; 1,3; 1,7 Anatum 1,5; 0,8; 0,3; 0,8; 0,7; 1,2; 0,0; 0,8; 0,9; 1,3; 0,8; 0,8; 1,7; 1,0; 1,0; 1,7 Dublin 0,7; 0,7; 1,5; 0,7; 0,6; 2,1; 0,0; 0,9; 1,4; 0,6; 0,6; 0,5; 1,6; 0,0; 0,3; 0,7 Senftenberg 1,4; 0,6; 1,0; 0,5; 0,5; 1,1; 1,0; 0,6; 1,0; 0,8; 1,0; 1,5; 1,9; 0,4; 0,6; 1,4 *Média de quatro repetibilidade. 66 Tabela 18. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus reuteri isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 1,4; 1,2; 0,8; 0,5; 0,8; 1,4; 0,7; 0,0; 0,8; 0,7; 1,1; 0,8; 0,5; 0,7; 0,7; 1,0 Enteritidis PT 28 1,6; 0,9; 1,1; 0,0; 0,9; 1,1; 1,1; 1,6; 1,0; 0,8; 0,9; 0,8; 0,4; 1,7; 0,8; 0,9 Typhimurium 1,1; 1,2; 0,9; 0,5; 0,5; 1,3; 0,8; 0,7; 1,2; 0,8; 1,1; 0,9; 0,5; 1,6; 0,7; 0,6 Pullorum 0,9; 1,0; 1,3; 0,5; 1,0; 0,9; 0,6; 1,5; 1,5; 1,1; 1,5; 1,0; 1,4; 1,3; 0,6; 1,4 Agona 1,2; 0,8; 1,1; 1,2; 0,5; 1,1; 0,8; 1,4; 1,0; 0,8; 1,0; 0,8; 0,8; 1,6; 1,6; 1,3 Anatum 0,8; 1,3; 1,2; 0,7; 0,9; 0,6; 0,6; 1,2; 0,0; 0,7; 0,0; 0,8; 0,7; 0,6; 0,0; 0,0 Dublin 1,2; 0,0; 0,9; 0,5; 0,9; 0,9; 0,6; 1,1; 0,0; 1,0; 1,7; 1,1; 1,2; 0,8; 0,0; 0,5 Senftenberg 1,3; 1,0; 1,1; 0,0; 0,5; 0,5; 1,0; 0,9; 1,5; 1,6; 0,4; 0,7; 0,7; 1,5; 0,0; 1,2 *Média de quatro repetibilidade. Tabela 19. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus reuteri provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. Cepas de Salmonella Enteritidis PT4 Enteritidis PT28 Typhimurium Pullorum Agona Anatum Dublin Senftenberg I 0,85Aa 0,92Aa 1,05Aa 0,80Aa 0,96Aa 0,95Aa 0,86Aa 0,96Aa C 0,79ABa 0,98ABa 1,08Aa 0,89Aba 1,07Aa 0,63Bb 0,76ABa 0,87ABa Letras maiúsculas: Comparam médias das cepas de Salmonella para cada segmento. Letra minúsculas: Comparam médias de segmentos para cada cepa de Salmonella. Médias seguidas de pelo menos uma letra igual, não diferem significativamente (P > 0.05). Os resultados das médias para L. reuteri isolados do inglúvio não apresentaram diferença significativa entre as cepas de Salmonella. Já entre os isolados dos cecos, houve diferença significativa das médias referentes as cepas de S.Typhimurium e S. Agona em relação a S. Anatum. Enquanto que a média de S. Anatum apresentou diferença significativa entre os isolados do inglúvio e cecos. 67 As Tabelas 20 e 21, referem-se a média da repetibilidade dos halos formados por cada amostra de L. salivarius isolada do inglúvio e cecos de aves, frente as cepas de Salmonella. Na Tabela 22 consta a avaliação das repetições de Lactobacillus reuteri isolados do inglúvio e cecos de aves. Tabela 20. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus salivarius isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 0,7; 0,8; 0,7; 0,9; 0,8; 0,6; 0,8; 0,5; 0,5; 0,5; 0,7; 1,1; 0,6; 0,0; 1,0 Enteritidis PT 28 0,6; 1,7; 1,0; 1,0; 0,9; 0,6; 1 ,5; 0,4; 0,6; 0,5; 0,4; 0,6; 1,0; 0,7; 0,7 Typhimurium 0,8; 1,1; 0,9; 1,0; 0,9; 0,6; 1,8; 0,5; 0,4; 0,6; 0,3; 0,6; 0,8; 0,7; 1,1 Pullorum 1,2; 1,0; 0,8; 0,7; 0,9; 0,7; 1,5; 0,7; 0,8; 0,5; 0,4; 0,8; 1,1; 0,6; 0,8 Agona 0,9; 1,7; 0,8; 1,0; 1,0; 1,2; 1 ,4; 1,1; 1,5; 1,4; 0,8; 0,6; 1,0; 0,7; 1,7 Anatum 0,8; 0,4; 0,9; 1,5; 1,4; 0,6; 1,4; 0,6; 1,5; 1,2; 0,0; 1,2; 0,7; 0,0; 0,8 Dublin 0,4; 0,7; 0,6; 0,6; 1,0; 0,7; 0,0; 0,7; 1,1; 0,0; 0,0; 0,0; 0,8; 0,9; 0,0 Senftenberg 0,8; 0,3; 1,0; 0,8; 1,7; 0,8; 1,8; 0,8; 0,7; 0,4; 0,5; 1,3; 1,3; 0,8; 0,7 * Média de quatro repetibilidade. Tabela 21. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus salivarius isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 0,8; 0,9; 0,9; 1,2; 1,0; 1,5; 0,9; 1,4; 0,6; 0,5; 0,9; 1,2; 0,9; 1,0; 0, 6 Enteritidis PT 28 0,9; 0,7; 0,9; 1,6; 1,6; 1,9; 0,8; 1,5; 0,7; 1,1; 1,3; 0,7; 0,6; 1,0; 0,4 Typhimurium 0,7; 0,6; 1,0; 0,4; 0,5; 0,8; 1,3; 1,5; 0,9; 1,1; 0,5; 0,8; 0,9; 0,5; 1,1 Pullorum 0,7; 0,6; 1,0; 1,3; 0,8; 1,3; 0,9; 1,6; 0,9; 1,4; 0,6; 0,7; 0,9; 0,5; 0,9 Agona 0,6; 1,2; 0,8; 0,5; 1,7; 1,7; 0,5; 1,3; 0,8; 0,9; 1,5; 0,8; 0,7; 1,5; 0,9 Anatum 0,8; 0,5; 1,2; 0,0; 0,7; 0,0; 0,0; 0,9; 0,7; 1,3; 1,0; 0,7; 0,0; 0,0; 0,6 Dublin 0,0; 0,5; 1,1; 1,1; 1,1; 0,0; 1,7; 1,8; 0,9; 0,0; 0,0; 0,0; 0,5; 0,0; 0,5 Senftenberg 0,8; 0,7; 1,0; 1,7; 1,3; 1,5; 1,5; 1,4; 1,1; 1,5; 1,3; 1,0; 0,4; 0,0; 1,2 * Média de quatro repetibilidade. 68 Tabela 22. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus salivarius provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. Cepas de Salmonella Enteritidis PT4 Enteritidis PT28 Typhimurium Pullorum Agona Anatum Dublin Senftenberg I 0,74ABa 0,80ABa 0,84ABa 0,80ABa 1,10Aa 0,86ABa 0,50Ba 0,90Aa C 0,94ABb 1,04ACb 0,92ABa 0,84ABa 1,02ACa 0,55Ba 0,60BCa 1,07Aa Letras maiúsculas: Comparam médias das cepas de Salmonella para cada segmento. Letra minúsculas: Comparam médias de segmentos para cada cepa de Salmonella. Médias seguidas de pelo menos uma letra igual, não diferem significativamente (P > 0.05). Os resultados das médias para L. salivarius isolados do inglúvio apresentaram diferença significativa referente as médias das cepas de S. Agona e S. Senftenberg em relação a S. Dublin. Enquanto que as médias dos isolados dos cecos referentes as cepas de S. Enteritidis PT28, S. Agona e s. Senftenberg em relação a S. Anatum demonstraram diferença significativa. As médias entre os isolados do inglúvio e cecos apresentaram diferença significativa em relação as cepas de S. Enteritidis PT4 e S. Enteritidis PT28. 69 As Tabelas 23 e 24, referem-se a média individual da repetibilidade dos halos formados por cada amostra de Lactobacillus sp. isolada do inglúvio e cecos de aves, frente a cepas de Salmonella. Na Tabela 25 consta a avaliação das repetições de Lactobacillus reuteri isolados do inglúvio e cecos de aves. Tabela 23. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus sp. isolados do inglúvio de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 1,1; 0,8; 1,2; 0,7; 0,4; 0,8; 0,5; 1,0; 0,9; 0,6; 0,9; 0,5; 1,0; 0,9; 0,8 Enteritidis PT 28 1,0; 0,6; 1,0; 0,6; 0,7; 0,8; 0,6; 0,0; 1,1; 1,2; 0,9; 0,6; 0,7; 0,5; 0,7 Typhimurium 0,8; 0,7; 0,7; 0,4; 0,5; 0,5; 0,7; 0,9; 1,1; 1,3; 0,6; 0,8; 0,0; 0,9; 0,0 Pullorum 0,6; 1,0; 0,0; 0,0; 0,7; 1,0; 1,4; 0,8; 1,1; 1,5; 1,1; 1,0; 0,7; 0,7; 1,0 Agona 1,5; 1,1; 1,0; 0,0; 0,7; 1,2; 0,5; 0,8; 1,4; 0,9; 1,2; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0 Anatum 0,0; 0,4; 0,0; 0,9; 0,0; 0,0; 1,0; 0,0; 0,8; 1,4; 0,7; 0,9; 0,7; 0,8; 1,2 Dublin 0,0; 1,0; 0,0; 0,6; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0; 0,9; 0,6; 0,8; 0,7 Senftenberg 1,0; 0,7; 0,8; 0,8; 0,6; 0,9; 0,9; 0,7; 0,9; 1,6; 1,0; 0,7; 0,7; 1,1; 0,8 * Média de quatro repetibilidade. Tabela 24. Médias dos halos de inibição formados por Lactobacillus sp. isolados dos cecos de aves frente as cepas de Salmonella. Cepas Médias dos halos de inibição de cada amostra (cm)* Enteritidis PT4 0,8; 0,8; 0,7; 0,7; 0,7; 0,8; 0,7; 0,7; 0,9; 1,3; 0,5; 1,1; 0,8; 1,1; 1,1; 1,0 Enteritidis PT 28 1,2; 1,1; 1,4; 0,8; 0,8; 1,1; 0,6; 1,5; 1,4; 1,4; 0,8; 0,3; 0,9; 0,6; 0,8; 0,0 Typhimurium 0,6; 1,2; 1,2; 0,5; 0,9; 0,8; 0,9; 1,6; 1,5; 1,9; 0,5; 0,6; 1,2; 0,0; 0,7; 0,0 Pullorum 0,6; 1,3; 1,3; 1,1; 0,9; 0,9; 0,8; 1,8; 1,6; 1,4; 0,4; 0,7; 0,7; 0,0; 0,8; 1,0 Agona 1,0; 1,3; 1,2; 0,8; 1,5; 1,4; 1,0; 1,0; 1,5; 1,6; 0,0; 0,0; 0,0; 1,1; 0,9; 1,1 Anatum 0,0; 1,2; 0,8; 0,7; 0,9; 1,5; 0,0; 0,0; 0,0; 0,0; 0,8; 0,8; 1,0; 0,6; 0,0; 0,4 Dublin 0,9; 0,0; 0,0; 0,8; 0,9; 0,0; 0,9; 1,3; 1,0; 1,0; 0,9; 0,8; 0,8; 0,6; 0,6; 1,2 Senftenberg 0,8; 1,2; 1,0; 0,7; 1,3; 1,6; 0,6; 1,7; 0,7; 1,4; 0,9; 0,0; 1,0; 0,8; 1,2; 1,0 *Média de quatro repetibilidade. 70 Tabela 25. Médias das repetições dos halos (cm) de inibição formados por Lactobacillus sp. provenientes do inglúvio ( I ) e cecos ( C ) frente as cepas de Salmonella. Cepas de Salmonella Enteritidis PT4 Enteritidis PT28 Typhimurium Pullorum Agona Anatum Dublin Senftenberg I 0,82Aa 0,76Aa 0,85Aa 0,65ABa 0,73Aa 0,64ABa 0,32Ba 0,89Aa C 0,84ABa 0,90ABa 0,96Aa 0,88ABa 0,95Aa 0,53Ba 0,73ABb 0,98Aa Letras maiúsculas: Comparam médias das cepas de Salmonella para cada segmento. Letra minúsculas: Comparam médias de segmentos para cada cepa de Salmonella. Médias seguidas de pelo menos uma letra igual, não diferem significativamente (P > 0.05). Os resultados para Lactobacillus sp. isolados do inglúvio, demonstraram que em relação a S. Dublin houve diferença significativa entre as médias referentes as cepas de S. Enteritidis PT4, S. Enteritidis PT28, S. Typhimurium, S. Agona e S. Senftenberg. Já para os isolados dos cecos houve diferença significativa entre as médias referentes as cepas de S. Typhimurium, S. Agona e S. Senftenberg em relação a S. Anatum. As médias entre os isolados do inglúivo e cecos apresentaram diferença significativa em relação a S. Dublin. 71 As Figuras 10, 11, 12 e 13, demonstram a formação de halos na inibição in vitro por várias espécies de Lactobacillus isoladas do inglúvio e cecos frente as cepas de Salmonella. Figura 10. Halo de inibição formado por Lactobacillus reuteri frente a Salmonella Pullorum. Figura 11. Halo de inibição formado por Lactobacillus salivarius frente a Salmonella Enteritidis PT4. 72 Figura 12. Halo de inibição formado por Lactobacillus salivarius frente a Salmonella Typhimurium. Figura 13. Halo de inibição formado por Lactobacillus sp frente a Salmonella Enteritidis fagotipo 28. 73 7. DISCUSSÃO A administração de microrganismos da microbiota intestinal de aves pode determinar alguma proteção às aves contra a colonização por alguns patógenos, como Salmonella spp. (NURMI & RANTALA, 1973; SCHNEITZ , 1992; ZIPRIN et al., 1993; CORRIER et al., 1995; ANDREATTI FILHO et al., 1997, 1998), Escherichia coli (GILLILAND & SPECK, 1977; JIN et al., 1996) e Campylobacter spp. (BAILEY, 1993), sendo extremamente importante o estudo da microbiota de aves, bem como a ação antimicrobiana produzida por bactérias como Lactobacillus spp. (COCCONCELLI, 1993). De acordo com FULLER (1973), os Lactobacillus possuem funções benéficas que podem suprimir bactérias patogênicas indesejáveis no intestino. Se considera importante identificar as espécies de Lactobacillus spp. presentes no ecossistema microbiano e determinar quais apresentam efeito protetor (SONG et al., 2000). 7.1 Isolamento de Lactobacillus Experimentos in vivo têm sido realizado para demonstrar o papel benéfico das bactéria ácido láticas (LAB) incluindo os Lactobacillus na saúde de humanos e animais, mas são necessários métodos eficientes e simples para detectar e identificar as mesmas (CHAGNAUD et al., 2001). O isolamento e identificação consiste na utilização de meios de cultura e temperaturas de incubação específicos. Segundo KANDLER E WEISS (1986) a utilização de meio 74 seletivo como ágar DeMan Rogosa Sharpe (MRS) é um dos pré-requisitos para isolamento de bactérias como Lactobacillus. No presente trabalho os meios utilizados foram caldo e ágar MRS. A temperatura de incubação a 45 °C é referenciada por KANDLER e WEISS (1986) como satisfatória para o isolamento de L. fermentum, L. reuteri e L. salivarius, mas não para L. acidophilus, enquanto que KLEIN et al. (1998) observaram que a mesma é ideal para o crescimento desta espécie e BUCHANAN et al. (1974) consideraram como temperaturas ótimas de 35 a 38°C. CHAVES et al. (1999) obtiveram isolamento de L. acidophilus de fezes de vacas utilizando a temperatura de incubação à 37°C por 48 horas, em condições de microarofilia. Segundo COLLINS e HARTLEIN (1982) para o isolamento de L. acidophilus as temperaturas mínimas indicadas são 15 a 22°C e máximas 45 a 48°C. Contudo, o isolamento da cepa L. acidophilus (ATCC 11506) apresentou crescimento a 32°C segundo MICOLAJCIK e HAMDAN (1975). Neste trabalho utilizou-se temperatura de incubação a 37°C durante 24 a 48 horas em anaerobiose, obtendo-se só o isolamento de L. reuteri, mas quando incubou-se a 37 e 45°C durante 12 a 18 horas em anaerobiose, isolou-se L. salivarius. MIYAMOTO et al. (2000) isolaram da cloaca L. fermentum e também desta e muco vaginal de galinhas, L. acidophilus e L. salivarius, após incubação em ágar seletivo a 37°C durante 72 horas em anaerobiose, a identificação foi realizada através do sistema API 50 CHL. REQUE et al. (2000) utilizaram temperatura de 37°C durante 48 75 horas em anaerobiose para isolamento de Lactobacillus provenientes do inglúvio, proventrículo, moela, íleo e cecos de aves. Obtiveram como resultado o isola