UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS ENCEFÁLICAS DO Alouatta fusca (BUGIO-RUIVO – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812) ZARA BORTOLINI Botucatu – SP 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS ENCEFÁLICAS DO Alouatta fusca (BUGIO-RUIVO – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812) ZARA BORTOLINI Tese apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano Co-Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Teixeira FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE - CRB 8/5651 Bortolini, Zara. Ressonância magnética na avaliação das estruturas encefálicas do Alouatta fusca (Bubio-ruivo – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812) / Zara Bortolini. - Botucatu,2013 Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Orientador: Luiz Carlos Vulcano Coorientador: Carlos Roberto Teixeira Capes: 50501038 1. Guariba (Macaco). 2. Ressonância magnética. 3. Neuroanatomia. 4. Crânio. Palavras-chave: Alouatta; Bugio-ruivo; Encéfalo; Neuroanatomia. Nome do Autor: Zara Bortolini Título: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS ENCEFÁLICAS DO Alouatta fusca (BUGIO-RUIVO – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812) COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano Presidente e Orientador Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária Faculdade de Medicina Veterinária e Zooctenia – UNESP - Botucatu Prof. Dra. Sheila Canevese Rahal Membro Departamento de Cirurgia e Anestesiolgia Veterinária Faculdade de Medicina Veterinária e Zooctenia – UNESP – Botucatu Prof. Dr. João Batista da Cruz Membro Diretor Técnico-Científico Fundação Parque Zoológico de São Paulo Prof. Dr. Luiz Antônio de Lima Resende Membro Departamento de Neurologia Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP - Botucatu Prof. Dr. Ana Carolina Brandão de Campos Fonseca Pinto Membro Departamento de Cirurgia Faculdade de Medicina Veterinária e Zooctenia – USP – São Paulo Data da Defesa: 02 de agosto de 2013 ii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Noemi Ludmina Bortolini e Januário Mário Bortolini, pelo apoio, confiança, incentivo e amor incondicional. iii AGRADECIMENTOS A DEUS por sempre me mostrar o caminho e estar sempre ao meu lado dos momentos mais difíceis. À minha mãe Noemi Ludmina Bortolini e meu pai Januário Mário Bortolini por todo o apoio dado durante esses anos, por compreender e aceitar os anos de distância, pela confiança, incentivo, por ajudarem na minha formação profissional, por me incentivar todas as vezes que fraquejei e por muitos vezes abrir mão de seus próprios sonhos por suas filhas. Amo vocês acima de tudo. E agradeço todas as vezes que tiveram que me dizer não para que eu me tornasse uma pessoa melhor. Ao meu companheiro, Ricardo Coelho Lehmkuhl por ter tido paciência, não muita (rs), durante todos estes anos. Por ter ficado ao meu lado, me apoiando mesmo que discordando das minhas opiniões e caminhos profissionais. As minhas irmãs, Raquel e Rafaeli, pelas brigas, risadas e companheirismo, por sempre me darem muito amor e me ensinarem que apesar das diferenças e escolhas pessoais e profissionais, nós sempre estaremos juntas. E por terem me dado sobrinhos lindos os quais amo como se fossem meus. Aos meus avós maternos e avó paterna, por terem me ensinado o valor da família, do amor ao próximo, e por entenderem a minha ausência, mas principalmente por colocarem meus lindos pais neste mundo. Enfim a toda minha família (tios e tias, primos e primas) que sempre me deram apoio, amor e compreensão. Ao meu orientador Professor Dr. Luiz Carlos Vulcano, pela oportunidade e confiança em mim depositada; por ter me dado à oportunidade de crescer profissionalmente, me ajudado a encontrar soluções aos incontáveis obstáculos e principalmente por ter tido paciência comigo durante esses quase quatro anos. Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Teixeira, pelos ensinamentos, amizade e confiança; por ter me ajudado juntamente com meu orientador a buscar contatos e soluções para meus problemas. À todos os residentes (Juliana, Ramiro, Marcelo, Bruna, Guilherme, Alice, Alexandra, Daniela, Diogo e Ligia) e funcionários em especial seu Irineu A. iv Figueira e Renato Simões do CEMPAS, pelos ensinamentos, confiança, grande amizade, risadas e aventuras, por toda ajuda e companheirismo, sem vocês com certeza eu não teria conseguido chegar aqui. Setor de Diagnóstico por Imagem: Aos residentes (Danuta, Viviam, Lidice, Débora, Karen, Murilo, Alexandra, Hugo, Letícia, Shaira e Lidiane) por me ajudarem, ensinarem e terem paciência toda vez que solicitado a ajuda. As Professoras Jaqueline Mamprim e Vânia Vasconcelos por passarem conhecimento e me ajudarem sempre que precisei. Aos funcionários Vilma de Castro e Benedito Favan pelas incontáveis ajudas nos experimentos e por dividir seu conhecimento sempre tentando melhorar as imagens; Marcos Pelicci por sempre estar disponível e solícito nas incontáveis vezes que precisei de sua ajuda; Ao Heraldo Rosa por ter me ajudado durante todos estes anos nos meus experimentos, sempre fazendo de tudo para melhorar as imagens, pelos ensinamentos, paciência e amizade. Ao Professor Luiz Antônio Resende e Residente Thiago Fernandes pela paciência e por terem conseguido espaço nas suas agendas de compromissos para me ajudarem a conferir e arrumar as nôminas anatômicas, muito obrigada. Ao serviço de fotografia da Unesp, Silvio Manuel, Silvio Júnior e Daniel Oliveira por ter tido paciência, disponibilidade, atenção e fazerem fotos maravilhosas, vocês fizeram o trabalho valer a pena. A todos os Professores, residentes e funcionários do Hospital Veterinário da FMVZ/Unesp-Botucatu, pela disposição em ajudar, pela confiança depositada e pela amizade. Aos médicos veterinários, Rodrigo I.F. Teixeira e Adauto L.V. Nunes, responsáveis pelo Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba-SP e os responsáveis pelo Centro de Pesquisas Biológicas de Indail (CEPESB), Zelinda M. B. Hirano e Julio C. de Souza Jr., por cederem os materiais biológicos utilizados no experimento e por sempre serem prestativos quando precisamos. Ao funcionário Mauri Raul, por me ajudar com as peças anatômicas, sempre disponível e atencioso, muito obrigada pelas lindas peças. v Ao professor José de Anchieta e funcionário Paulo da Silva do Laboratório de Anatomia, por sempre estarem disponíveis e me ajudarem sempre que solicitei, seja ajudando com as peças ou fornecendo ajuda com referências. A minha república ou melhor, família de coração, Lívia Pasini de Souza, Natália Ferreira Sesoko, Roberta Valeriano dos Santos, que começou como um quarteto e posteriormente se tornou maior incorporando o Felipe Carvalho Evangelista, Natalie Bertelis Merline e Ana Paula Bernardineli, por tornarem minha vida muito mais feliz, por estarem do meu lado sempre tanto na vida profissional quanto pessoal, pelas inúmeras risadas, festas e aventuras e por fazer este tempo aqui mais fácil. Aos meus amigos Murilo Charlier, Guilherme Duarte, Guilherme Schiess, Ramiro Dias Neto, Sharlenne Monteiro, André Cardoso, Emanuelle Sabino, Leonardo Kairalla, Luiz H. Mattos, entre outros pela amizade, companheirismo e por tornarem meus dias mais agradáveis. À Universidade Estadual Paulista, pela oportunidade de realização do doutorado. A todos os demais amigos e colegas, que não citei aqui e que direta ou indiretamente colaboraram para a realização e finalização de mais uma etapa em minha vida. À Fundação de Amparo à pesquisa do estado de São Paulo pela bolsa de doutorado concedida, protocoloda sob número 00522-1/2011. vi LISTA DE TABELA Tabela 1 - Distribuição dos encéfalos utilizados para a pesquisa segundo a faixa etária, sexo, origem e ano de coleta............... 10 Tabela 2 - Distribuição dos crânios utilizados para a pesquisa segundo a faixa etária, sexo, origem e causa do óbito............................... 11 Tabela 3 - Distribuição dos animais utilizados para a pesquisa segundo a idade, sexo, peso e origem.................................................... 11 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Visualização da laringe para entubação traqueal (A); Entubação orotraqueal realizada (B).......................................... 13 Figura 2 - Canulação da veia braqueal para manutenção de acesso venoso, durante todo o exame por ressonância magnética..... 13 Figura 3 - Coleta de sangue para exames laboratoriais (A); Deposição do sangue nos frascos para os exames laboratoriais (B)......... 13 Figura 4- Espécime de Alouatta fusca no aparelho de ressonância magnética de campo aberto...................................................... 15 Figura 5- Detalhe do posicionando da cabeça de um exemplar de Alouatta fusca no interior da bobina de joelho.......................... 15 Figura 6- Visão inferior do tronco encefálico; 1 – quiasma óptico; 2 – túber cinério; 3 – corpo mamilar; 4 – nervo oculomotor; 5 – pedúnculo cerebral; 6 – fossa interpeduncular; 7 – ponte; 8 – sulco basilar; 9 – sulco bulbopontino; 10- pirâmide; 11 – oliva; 12 – sulco pontomesencefálico; 13- corpo trapezóide.............. 18 Figura 7- Visão superior do tronco encefálico; 1- Corpo caloso; 2 – Tecto do ventrículo lateral; 3- III ventrículo; 4 - Trígono das habênulas; 5- Comissura das habênulas; 6 – Cauda no núcleo caudado; 7- Braço do colículo superior; 8- corpo geniculado medial; 9- Braço do colículo inferior; 10- IV Nervo (troclear); 11- Véu medular superior; 12 – Sulco mediano; 13 – Pedúnculo cerebral médio; 14 – Colículo facial; 15 – Assoalho do IV ventrículo; 16 - Sulco limitante; 17 – Corpo geniculado lateral; 18 - colículo inferior; 19 - colículo superior; 20 - tálamo; 21 – Ventrículo lateral........................................... 19 Figura 8- A) Cerebelo visualizado caudalmente. 1- Vérmix; 2- Hemisfério cerebelar esquerdo. B) Cerebelo em corte sagital, após a remoção da meninge para visualização dos lóbulos. 1- Língula; 2 - Lóbulo central; 3 - Fissura pré-culminar; 4 - Cúlmen; 5 - Fissura prima; 6 - Declíve; 7- Fólium; 8 - Fissura horizontal; 9 - Túber; 10 - Fissura pré-piramidal; 11- Pirâmide; 12 - Fissura pós-piramidal; 13 - Úvula; 14 – Fissura postero-lateral; 15 - Nódulo; 16 - IV ventrículo............. 21 Figura 9- Encéfalo em vista superior (A), Sagital (B), Ventral (C) e Lateral esquerda (D). Os lobos estão destacados em viii diferentes cores, a área vermelha corresponde ao lobo frontal, a área azul escuro ao lobo parietal, a cor verde ao lobo occipital e a azul claro ao lobo temporal........................... 23 Figura 10- Encéfalo em vista Superior (A), Lateral esquerda (B), Ventral (C) e Sagital (D), onde destacam-se as principais estruturas. (Oc) Pólo occipital; 1- Fissura longitudinal do cérebro; 2- Sulco pré-central; 3- Sulco central; 4- Sulco intra-parietal; 5- Sulco lateral; 6- Sulco temporal; 7- Cerebelo; 8- Giro pré- central; 9- Giro pós-central; 10- Sulco frontal principal ramo descendente; 11- Sulco frontal principal ramo ântero- superior; 12- Sulco frontal principal ramo póstero-superior; 13- Giro temporal superior; 14- Giro temporal inferior; 15- Bulbo olfatório; 16- Tracto olfatório; 17- Sulco e giros orbitários; 18- Quiasma óptico; 19- III nervo (oculomotor); 20- Ponte; 21- V nervo (trigêmeo); 22- Artéria basilar; 23- Artérias vertebrais; 24- Joelho do corpo caloso; 25- Septo pelúcido; 26- Sulco do cíngulo; 27- Sulco do corpo caloso; 28- Corpo do fórnix; 29-Tronco do corpo caloso; 30- Tálamo; 31- Plexo corióide; 32- Esplênio do corpo caloso; 33- Ramo marginal do sulco do cíngulo; 34- Sulco parieto-occipital; 35- Corpo mamilar; 36- Hipotálamo; 37- Comissura anterior; 38- Quiasma óptico..................................................... 24 Figura 11- Secção coronal na altura do lobo temporal, corpo caloso e tálamo. 1- corpo caloso; 2- núcleo caudato; 3- cápsula interna; 4- córtex da ínsula; 5- claustro; 6- putamen; 7- globo pálido (lateral); 8- globo pálido (medial); 9- trato óptico; 10- hipocampo. Seta pequena: corno anterior do ventrículo lateral; Seta grande: III ventrículo............................................. 26 Figura 12- Encéfalo em vista inferior de uma fêmea infante, evidenciando o Circuito arterial do cérebro. 1- Artéria cerebral anterior; 2 – Artéria cerebral média; 3 – Arteria comunicamente posterior; 4 – Nervo oculomotor (III par); 5 – Artéria cerebral posterior; 6 - Artéria cerebelar superior; 7 – Artéria basilar............................................................................ 27 Figura 13- Imagem de Ressonância magnética em corte sagital (A-T2, B-T1 e C- Flair). (D) Crânio de Bugio adulto macho em secção sagital mediana. 1 – III ventrículo; 2 –Aderência intertalâmica; 3 – Corpo caloso; 4 – Lobo parietal; 5 – Sulco do cíngulo; 6 – Ventrículo lateral; 7 – Joelho do corpo caloso; 8 – Lobo frontal; 9 – Septo pelúcido; 10 – Quiasma óptico; 11 ix – Infundíbulo/ recesso pituitário; 12 – Esplênio do corpo caloso; 13 – Lobo occipital; 14 – Cerebelo; 15 – IV ventrículo; 16 – Ponte; 17 – Bulbo; 18 – Medula espinhal; 19 – Corpo mamilar; 20 – Hipófise.............................................................. 29 Figura 14- Corte parassagital esquerdo na Imagem de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D) Peça anatômica. 1 – Lobo occipital; 2 – Lobo parietal; 3 – Cerebelo; 4 – Ventrículo lateral; 5 – Tálamo; 6 – Lobo temporal; 7 – Nervo óptico........................................................ 30 Figura 15- Corte parassagital esquerdo na Imagem de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Sulco lateral; 2 – Sulco temporal; 3 – Bula timpânica; 4 – Lobo frontal; 5 – Giro temporal superior; 6 – Giro temporal inferior....................................................................................... 31 Figura 16- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1- Fissura longitudinal superior do cérebro; 2- Globo ocular; 3 - Septo nasal; 4 – Conchas nasais e cavidade nasal............................................. 32 Figura 17- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Osso frontal; 2 – Lobo frontal; 3 – Fissura longitudinal superior; 4 – Osso esfenóide; 5 – Seio maxilar; 6 – Cavidade oral; 7 – Língua; 8 – Aparato hióide. Vermelho telencéfalo.................................... 33 Figura 18- Imagem de Ressonância magnética em corte coronal (A,B e C), (A) T2, (B) T1 e (C) Flair. (D) Crânio de Bugio adulto macho em secção coronal. 1 – Osso parietal; 2 – Corpo caloso; 3 – Ventrículo lateral; 4 – Coluna do fórnix; 5 – Região dos núcleos da base; 6 – Sulco lateral; 7 – Lobo temporal; 8 – Quiasma óptico; 9 – Nasofaringe; 10 – Orofaringe; 11 – Aparato hióide................................................ 34 Figura 19- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2-Ventrículo lateral; 3 – Cápsula externa; 4 – Cápsula interna; 5 – Hipófise; 6 – Amigdala; 7 - Palato duro; 8 – Cisterna......... 35 Figura 20- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2 – Ventrículo lateral; 3 – Região dos núcleos da base; 4 – Cápsula externa; 5 – III ventrículo; 6 – Seio cavernoso............ 36 Figura 21- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, x B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2 – Corpo caloso; 3 – Tálamo; 4 – Ponte; 5 – Aqueduto mesencefálico. Azul diencéfalo; vermelho telencéfalo; verde diencáfalo.................................................................................. 37 Figura 22- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 –Vérmis; 4 – Hemisfério cerebelar; 5 – IV ventrículo; 6 – Ponte; 7 - Bula timpânica. Vermelho telencéfalo; Roxo metencéfalo dorsal (cerebelo); amarelo metencéfalo ventral (ponte)...................................................... 38 Figura 23- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 – Cerebelo (vérmis); 4 – IV ventrículo……………... 39 Figura 24- Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 – Hemisfério cerebelar; 4 – Bulbo. Vermelho telencéfalo; Roxo metencéfalo dorsal (cerebelo); amarelo metencéfalo ventral (ponte) e mielencéfalo.............................. 40 Figura 25- Corte axial nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1). 1 – Lobo frontal; 2 – Fissura longitudinal cerebral; 3 – Sulco central; 4 – Lobo parietal; 5 – Sulco lateral..................... 41 Figura 26- Cortes axiais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Substância branca do centro branco medular, visível em toda extensão ântero-posterior (até o occipital); 2 – Cápsual interna; 3 – Tálamo; 4 – Região da coluna posterior do fórnix; 5 – Vérmis cerebelar. ................................................................................. 42 Figura 27- Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Lobo frontal; 2 – Núcleos da base–; 3 – Cápsula externa; 4 – Região do hipotálamo em transição para mesencéfalo; 5 – Cisterna quadrigeminal; 6 – Hemisfério cerebelar; 7 – Vérmis cerebelar. ................................................................................. 43 Figura 28- Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Córnea; 2 – Lente; 3 – Humor vítrio; 4 – Lobo frontal; 5 – Região da Cápsula interna; 6 – III ventrículo; 7 – Giro temporal; 8 – Colículo superior; 9 – Hemisfério cerebelar; 10 – Vérmis cerebelar................................................................................... 44 xi Figura 29- Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1). 1 – Nervo óptico; 2 – Lobo frontal; 3 – Pedúnculo cerebral; 4 – Ponte; 5 – Pedúnculo cerebelar médio; 6 – IV ventrículo; 7 – Hemisfério cerebelar; 8 – Vérmis cerebelar................................................................................... 45 Figura 30- Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Nervo óptico; 2 – Lobo temporal; 3 – Hipófise; 4 – Ponte; 5 – Transição Bulbo-medula espinhal............................................. 45 xii LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS cm – Centímetros CEMPAS – Centro de Estudo, Manejo e Pesquisa em Animais Selvagens CEPESBI – Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial CEUA – Comissão de Ética no Uso de Animais DICOM – “Digital Imaging and Communications in Medicine” F – Fêmea FAPESP – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FMVZ – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia G - Gaulle kg – quilograma M - Macho mg/kg – miligrama por quilograma min - minutos ml – mililitros mm – milímetros PNH – Primatas não humanos RM – Ressonância Magnética SISBIO - Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade TC – Tomografia Computadorizada TE – Tempo de eco TR – Tempo de repetição UNESP – Universidade Estadual Paulista % - Por cento °C – grau Celsius xiii SUMÁRIO Página RESUMO ........................................................................................................... .xv ABSTRACT ....................................................................................................... xvi 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 01 2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 04 2.1 Alouatta fusca .......................................................................................... 04 2.2 Anatomia intracraniana ........................................................................... 05 2.3 Ressonância Magnética .......................................................................... 06 3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 08 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 09 4.1 Encéfalo formalizado de A. fusca ........................................................... 09 4.2 Crânio de A. fusca congelado ................................................................. 10 4.3 Ressonância Magnética de Alouatta fusca hígido ................................ 11 4.3.1 Contenção química, física e seleção dos animais para o projeto ...... 11 4.3.2 Exame de ressonância magnética ..................................................... 14 4.4 Forma de análise dos resultados ............................................................ 16 5 RESULTADOS ................................................................................................ 17 5.1 Anatomia encefálica descritiva ............................................................... 17 5.1.1 Tronco encefálico .............................................................................. 17 5.1.2 Cerebelo ............................................................................................ 20 5.1.3 Cérebro .............................................................................................. 21 5.1.4 Irrigação encefálica/ Polígono de Willis ............................................. 26 5.2 Neuroimagem ........................................................................................... 27 5.2.1 Plano sagital ...................................................................................... 28 5.2.2 Plano coronal ..................................................................................... 31 5.2.3 Plano axial ......................................................................................... 40 6 DISCUSSÃO .................................................................................................... 46 7 CONCLUSÕES ................................................................................................ 53 8 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 54 9 TRABALHO CIENTIFICO ................................................................................ 60 xiv BORTOLINI, Z. Ressonância Magnética Na Avaliação Das Estruturas Encefálicas Do Alouatta Fusca (Bugio-Ruivo – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812). Botucatu, 2013. 83p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. RESUMO O Alouatta fusca é um primata do novo mundo com ampla distribuição na América do sul. A espécie é de grande importância para a população, pois é um importante sentinela de zoonoses, especialmente da febre amarela. Os estudos anatômicos descritivos realizados em primatas do velho mundo foram amplamente avaliados no século passado, porém os primatas do novo mundo como o Alouatta fusca não foram detalhadamente descritos. Assim sendo, no presente estudo foram utilizados oito encéfalos formolizados, três congelados e 10 animais hígidos. Os encéfalos formolizados foram devidamente dissecados para descrever a anatomia encefálica; os crânios congelados foram seccionados nos mesmos planos da imagens por ressonância magnética, para posterior pareamento e identificação das estruturas. Foram obtidas informações que podem ser utilizadas como base para o estudo das estruturas anatômicas encefálicas normais e de doenças, em centros de medicina veterinária de animais selvagens e/ou de primatas. Além de fornecer dados comparativos com a medicina humana, uma vez que estes animais vêm sendo utilizados como modelos experimentais, por possuírem características anatômicas mais semelhantes aos humanos que em animais domésticos. Palavras-chave: Neuroanatomia, encéfalo, bugio-ruivo, alouatta. xv BORTOLINI, Z. Evaluation of the Brain Structures of the Alouatta Fusca (Howler Monkey – Geoffroy Saint-Hilaire, 1812) Using Magnetic Resonance Imaging. Botucatu, 2013. 83p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. ABSTRACT The Alouatta fusca is a new world primate with wide distribution in South America. The species has great importance for the population, because it is an important sentinel of zoonoses, especially of the yellow fever. Descriptive anatomical studies conducted in old world primates have been extensively evaluated in the past century, but the new world primates as Alouatta fusca were not described in detail. Therefore, in this study we used eight formolin fixed brains, three frozen brains and ten healthy animals. The formolin fixed brains were properly dissected to describe the brain anatomy; the frozen skulls were sectioned in the same planes of the magnetic resonance images for comparison and identification of the structures. The information obtained can be used as a basis for the study of normal brain anatomical structures and their diseases in veterinary medicine centers of wild animals and/or primates. In addition, this study provides comparative data for human medicine, since these animals have been used as experimental models because they have anatomical characteristics more similar to humans than domestic animals. Key words: neuroanatomy, encephalon, howler monkey, alouatta. INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO A presença do homem na natureza tem causado degradação do meio ambiente, um prejuízo para a fauna e flora. Os primatas têm perdido seus territórios paulatinamente, motivo pelo qual, talvez explique a presença desses indivíduos em áreas que não são do seu habitat (COSTA e TRANQUILIM, 2008). Os primatas são pertencentes à classe Mammalia, da qual herdaram características primitivas, como membros p quando comparados a outros mamíferos demonstram diferenciação na mobilidade dos dedos, aumento da acuidade visual entre outras carac O tipo de habitat, dieta, hábitos locomotores e organização social se reflete na ecologia dos mesmos (BICCA-MARQUES et al., 2006). Assim, para comparação dos cérebros dos primatas, estas características também podem explicar a diminuição cerebral em alguns gêneros, como o Alouatta (ISLER et al., 2008; HARTWING et al., 2011). O tamanho do cérebro relação complexa entre tamanho cerebral e capacidade cognitiva. Contudo, de modo geral, os primatas são considerados mamíferos inteligentes, com cérebros relativamente grandes (GODFREY, 2005 – citado por MARQUES, 2005). Apesar da extensa quantidade de inf cies há uma enorme quantidade de estudos anatômicos (NUNES e CATÃO-DIAS, 2006); exemplo disso foi o enfoque dado aos estudos em Babuíno e Rhesus, animais estes do velho mundo (RIBEIRO, 2002). Além disto, muitos estudos realizados em animais do novo mundo são provenientes do século passado (TILNEY, 1928) e são de difícil acesso à comunidade científica e na rotina clínica e cirúrgica. 2 fauna e flora selvagens, a “Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora” – CITES, são proibidas as pesquisas experimentais com primatas mais evoluídos, como chimpanzés e gorilas, exceto em casos especiais. Assim sendo, na atualidade a Cercopithecidae (macaco rhesus, mandril, por exemplo) e Cebidae os gêneros mais utilizados em pesquisas (PISSINATTI e ANDRADE, 2010). A g , e a maior regularidade nos resultados dos experimentos realizados em primatas do que os obtidos em ratos, cobaias e outros animais de laboratório, que justificam o uso desses animais na pesquisa bio (RIBEIRO, 2002). Segundo Silva (1981), o interesse pela observação de primatas teve origem na antiguidade, quando Aristóteles constatou a similaridade de macacos com a espécie humana e Galeno os utilizou para pesquisas anatômicas. neuroanatomia e neurofisiologia, permitindo o entendimento de como elementos distintos dentro do sistema nervoso sensorial integram, inter- , por meio BAGLEY e MAYHEW, 2002). Nos últimos anos, a medicina veterinária teve uma rápida transformação na área de diagnóstico por imagem, e a evolução continuada destas modalidades de exames tem aberto novas possibilidades de diagnóstico veterinário. Assim, a radiografia convencional, ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC), e ressonância magnética (RM), permite cada vez mais, obter uma visão mais detalhada e minuciosa dos organismos vivos, e em algumas modalidades, sem exposição à radiação (JUNGHANNS, 2001). Vários estudos têm sido realizados descrevendo a anatomia encefálica e mensurações alométricas dos PNH e comparando com a dos humanos (HOLLOWAY, 1992; RILLING e INSEL, 1999; SEMENDEFERI e DAMÁSIO 2000). 3 A técnica de imagem por Ressonância Magnética (RM) e Tomografia Computadorizada (TC) também tem sido utilizadas para avaliação da anatomia encefálica (RILLING e INSEL, 1999; LÉON et al., 2009; TRANQUILIM, 2012) outros compararam a anatomia microscópica com as imagens de ressonância magnética (SALEEM e LOGOTHETIS, 2007). Porém, poucos são os estudos realizados descrevendo a neuroanatomia encefálica em primatas do novo mundo a partir da anatomia macroscópica (TILNEY, 1928; HILL, 1962; WATANABE 1982; MARQUES, 2005; OLIVEIRA et al., 2007). Os estudos anatômicos em diferentes espécies proporcionam informações que se somam e passam a constituir importante fonte de consulta para a sociedade e comunidade científica. Assim, entende-se que o conhecimento dos diversos aspectos da neuroanatomia de primatas não humanos, escassos ainda, são importante não apenas pelo seu valor intrinseco, mas o de oferecer subsídios para um melhor entendimento do processo evolutivo destes animais, o que representa fator relevante para sua preservação e proteção. Sendo assim, o presente estudo tem por finalidade, descrever a anatomia encefálica macroscópica e imaginológica por meio de imagens de ressonância magnética em animais do gênero Alouatta fusca. REVISÃO DA LITERATURA 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Alouatta fusca No território brasileiro ocorrem seis das nove espécies conhecidas dos primatas do gênero Alouatta. São elas Alouatta belzebul (Linaeus, 1766), Alouatta caraya (Humboldt, 1812), Alouatta guariba (Humboldt, 1812), Alouatta nigerrima (Lonnberg, 1941), Alouatta sara (Elliot, 1910) e Alouatta seniculus (Linaeus, 1766) (BICCA-MARQUES et al., 2006). nero Alouatta são popularmente chamados de bugios ou macacos gritadores ou roncadores (GREGORIN 2006). O Bugio ruivo (Alouatta guariba clamitans ou Alouatta fusca clamitans) é um primata característico do Novo Mundo (conhecidos como Platyrrhini). Dentro desta classificação se enquadra na família dos Atelídeos, por possuir a cauda preênsil e um modo de vida arbóreo (POUGH et al., 2008). Faz parte da família Atelidae e do gênero Alouatta, a espécie A. fusca, a qual apresenta como característica principal no macho uma espessa barba, de cor marrom ou ruiva e as fêmeas, de cor castanha. Ainda existem divergências entre os cientistas sobre a nomenclatura utilizada para este gênero. Segundo Gregorin (2006), o A. guariba passou de subespécie do A. fusca, para uma categoria específica. No entanto, independente da nomenclatura utilizada, popularmente, são conhecidos como bugio-ruivo, guariba ou guariba-roncador. O gênero apresenta a mais ampla distribuição geográfica dos primatas do Novo Mundo. Os mesmos localizam-se na região neotropical, sendo encontrados do estado de Vera Cruz, no México até o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil e Norte da Argentina (PEREIRA et al., 2002; GREGORIN 2006). No Brasil, a espécie ocorre em toda a região central e nos Estados da região Sul, e sobrevive em uma faixa na margem esquerda do Rio Paraná, no Estado de São Paulo, bem como nas regiões Norte e Noroeste (GREGORIN 2006). Esta ampla distribuição geográfica apresenta diversos biomas e formações vegetais no continente Sul-Americano (GREGORIN 2006). Como sua área de distribuição coincide com a região mais populosa do país (Sul e Sudeste), houve 5 uma redução considerável na distribuição original do Bugio-Ruivo, por umas poucas populações remanescentes que se encontram restritas em fragmentos florestais isolados (SANTOS et al., 1987; CHIARELLO e GALETTI, 1994; CROCKETT, 1998). Sendo assim, encontra-se em risco de extinção em alguns estados brasileiros, seja por caça direta ou por destruição do seu habitat (PEREIRA et al., 2002). Em geral, eles vivem no topo das árvores. Já aqueles encontrados no chão são indicativos de condição anormal, ou seja, a diminuição de mata e, consequentemente, do habitat e fonte de alimento. Isso faz com que aumente a ocorrência dos animais em centros de medicina e emergências veterinárias, devido a atropelamentos, eletrocução, traumas ou capturas por se encontrarem em áreas urbanas ou próximas a elas. 2.2 Anatomia intracraniana O estudo da anatomia comparada tem representado, cada vez mais, uma grande fonte de conhecimento. Pode-se enfocar a anatomia de primatas, não apenas para a obtenção de dados acerca de sua própria constituição morfológica, mas também, como subsídios para comparação entre espécies semelhantes (MARQUES, 2005). Estudos como os de Marques (2005), Ribeiro (2006) e Oliveira et al. (2007) que descrevem a anatomia do tronco encefálico, hipófise e cerebelo, respectivamente, do macaco prego (Cebus apella) são de grande importância para as clínicas e centros de pesquisas, além de fornecer dados para anatomia comparada das diferentes espécies e os aspectos evolutivos dos mesmos. Porém, ainda se restringem a uma pequena parcela dos primatas encontrados no nosso continente os quais possuem igual ou maior relevância, já que muitos deles se encontram ameaçados de extinção. Livros de grande importância anatômica de primatas foram publicados no século passado por Hill “Primates: Comparative anatomy”, por Tilney “The Brain from Ape to Man: A contribution to the study of the evolution and development of the human brain” ou estudos morfológicos do 6 encéfalo e medula espinhal realizado por Hines (1933 – citado por MARQUES, 2005) em Macaca mulatta. Como estudos de relevância atuais podemos citar os de Rilling e Seligman (2002), que analizaram 11 espécies de primatas, com o intuito de padronização anatômica e/ou correlação das estruturas do cérebro com as de humanos, e o realizado por Tranquilim (2012) em A. fusca, descrevendo estruturas intracranianas e angiotomografia, o qual utilizou a tomografia computadorizada para obtenção das imagens. O único estudo encontrado sobre neuroanatomia de Alouatta, remonta do século passado, no qual Tilney (1928) descreveu a anatomia encefálica de Alouatta seniculus (Mycetes seniculus), o autor considerou este animal como menos desenvolvido, agressivo e, por isso, pouco interessante para a comunidade científica. 2.3 Ressonância Magnética A ressonância magnética (RM) é um método tomográfico para obtenção de imagens médicas (MARTINEZ et al., 2009). É considerada uma técnica de imagem relativamente nova na medicina de animais selvagens. A imagem de RM é a mais sensível das ferramentas diagnósticas existentes, produzindo excelentes imagens de contraste de tecido mole, superior àquelas obtidas por outras técnicas de imagem, como a tomografia computadorizada (SPAULDING e LOOMIS, 1999; JUNGHANNS, 2001; REDROBE, 2001; HAGE e IWASAKI, 2009). Nas imagens de RM não há sobreposição com as estruturas externas, por isso os órgãos internos podem ser facilmente reconhecidos (KRAUTWALD- JUNGHANNS et al., 2001; MARTINEZ et al., 2009), trata-se de uma técnica não invasiva, com grande potencial diagnóstico, poucos efeitos deletérios e muitos benefícios a serem obtidos com o seu uso, fornecendo informações anatômicas acuradas, imagens em qualquer plano anatômico, bom contraste e resolução espacial (REDROBE, 2001; HAGE e IWASAKI, 2009; MARTINEZ et al., 2009) e, por si só, pode sugerir um diagnóstico (HAGE e IWASAKI, 2009). A RM baseia-se na geração de imagens no computador através da medição do teor de hidrogênio 7 dos tecidos, ao invés de utilizar a radiação ionizante como a TC (SPAULDING e LOOMIS, 1999; REDROBE, 2001; MARTINEZ et al., 2009). A sua utilização na medicina veterinária, têm sido empregada na maioria das vezes para a avaliação do encéfalo em distúrbios do sistema nervoso central (KRAUTWALD-JUNGHANNS et al., 2001), além de ser útil no estudo do músculo esquelético e das articulações (REDROBE, 2001). Em animais de zoológicos e selvagens esta técnica de imagem foi utilizada para avaliação de alterações de tecidos moles dentro do sistema nervoso central, das partes moles das diversas articulações, além de estudar o fluxo sanguíneo, com e sem contraste, tanto para o diagnóstico como para pesquisa (SPAULDING e LOOMIS, 1999). Como desvantagens desta técnica de imagem, temos além do seu alto custo de aquisição e de manutenção (SPAULDING e LOOMIS, 1999; HAGE e IWASAKI, 2009), a sua sensibilidade a qualquer movimento, o que dificulta a obtenção de imagem de qualidade, devendo o paciente ser mantido em sedação profunda ou anestesia geral (REDROBE, 2001). O paciente também não pode possuir objetos metálicos no momento da realização do exame devido a capacidade eletromagnética do equipamento (SPAULDING e LOOMIS, 1999). Outra desvantagem desta técnica é a existência de poucos centros de imagem no Brasil que possuem este equipamento, além de ter um custo superior a TC, o que tem limitado o seu uso. Embora, prometendo uma série de possibilidades diagnósticas, existem alguns pontos de discussão na utilização desta modalidade de diagnóstico, devendo o seu uso ser ponderado. Além dos já citados temos: a falta de estudos anatômicos na maioria das espécies de animais selvagens, bem como das suas particularidades; e ainda neste conceito, é importante o reconhecimento destas particularidades, necessitando experiência e orientação precisa para a identificação anatômica dos órgãos e tecidos (KRAUTWALD-JUNGHANNS et al., 2001). OBJETIVOS 3 OBJETIVOS Este estudo teve por objetivo: - Descrever a anatomia das estruturas encefálicas utilizando encéfalos formolizados e mantidos em formaldeído a 10%; - Descrever a anatomia topográfica por meio das imagens de ressonância magnética, e pareá-las com secções de crânios congelados e seccionados de acordo com as imagens correspondentes; - Obter dados sobre normalidade de estruturas anatômicas encefálicas de A. fusca, com o propósito de melhor entender sua fisiologia, comportamento, socialização e evolução, e de contribuir à interpretação e elucidação diagnóstica de doenças nesta espécie. MATERIAL E MÉTODOS 4 MATERIAL E MÉTODOS Este estudo esta em conformidade com o comitê de ética da instituição sob protocolo 03/2011-CEUA e com o órgão competente que controla o uso de animais selvagens (Sisbio) número 26903-2. Para a realização da descrição da anatomia encefálica de exemplares da ordem dos primatas do gênero Alouatta, espécie fusca (bugio-ruivo), foram utilizados um total de 21 animais, porém distribuídos em três tipos de apresentações e etapas distintas conforme descritos abaixo. 4.1 Encéfalo formalizado de A. fusca Na primeira etapa foram utilizados oito encéfalos, sete formolizados e um não formolizado, sendo que seis destes foram fornecidos pelo acervo do Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial – CEPESBI, Projeto Bugio, localizado no município de Indaial no Estado de Santa Catarina - Brasil, e dois do Centro de Estudo, Manejo e Pesquisa em Animais Selvagens (CEMPAS) – UNESP - Botucatu - Brasil. Os primeiros sete exemplares estavam fixados e conservados em solução aquosa de formaldeído a 10%. O oitavo exemplar veio a óbito no CEMPAS que nos forneceu o corpo inteiro. Este foi preparado, acessando a carótida interna com cateter flexível 20G, pela qual foi administrado 20 mL de formaldeído1 a 10% e 60 mL de latex2, para fixação dos tecidos e melhor visualização das artérias da base do cérebro. Dados sobre faixa etária, sexo, origem e ano de coleta estão descritos na Tabela 1. 1 Formol. Nitrogênius Produtos Químicos LTDA. Curitiba – PR. 2 Neoprene Liquid Dispersion 750. Latex DuPont. Proquimil Produtos Químicos LTDA. São Paulo – SP 10 TABELA 1. Distribuição dos encéfalos utilizados para a pesquisa segundo a faixa etária, sexo, origem e ano de coleta. Animal Faixa etária Sexo Origem Ano da coleta 01 Subadulto F CEMPAS 2012 02 Infante M CEPESBI * 03 Adulto * CEPESBI 2002 04 Adulto M CEPESBI * 05 Adulto * CEPESBI * 06 Adulto M CEPESBI 1995 07 Adulto M CEPESBI 2001 08** Adulto M CEMPAS 2013 M – Macho; F – Fêmea; * Amostra com dado inexistente; ** Peça fixada com formol e látex. Os encéfalos foram manuseados cuidadosamente e fotografados para análise e descrição anatômica e para posterior comparação com as imagens obtidas por meio da ressonância magnética. 4.2 Crânio de A. fusca congelado Na segunda etapa foram utilizados três crânios de animais da espécie Alouatta fusca, os quais as causas do óbito, faixa etária, sexo e origem estão descritos na Tabela 2. Todas as peças foram mantidas sob congelamento para confecção das pranchas anatômicas em secções no eixo axial, coronal e sagital com espessuras de aproximadamente 1,5 cm. Após a confecção das pranchas, estas foram lixadas e fotografadas para posterior análise comparativa com as imagens de ressonância magnética. 11 TABELA 2. Distribuição dos crânios utilizados para a pesquisa segundo a faixa etária, sexo, origem e causa do óbito. Animal Faixa etária Sexo Origem Causa do óbito 01 Adulto M Zoológico Quinzinho de Barros - Sorocaba Eletrocução 02 Adulto M Zoológico de Ilha Solteira Ataque de C. familiaris 03 Adulto M Zoológico Quinzinho de Barros - Sorocaba Sem causa definida M – Macho; F – Fêmea. 4.3 Ressonância Magnética de Alouatta fusca hígido 4.3.1 Contenção química, física e seleção dos animais para o projeto. Para a avaliação das estruturas intra e extra-cranianas por meio da ressonância magnética foram utilizados 10 animais hígidos, conforme descritos na Tabela 3, os quais foram incluídos no experimento após avaliação clínica e laboratorial comprovando sua sanidade. TABELA 3. Distribuição dos animais utilizados para a pesquisa segundo a idade, sexo, peso e origem. Animal Idade Sexo Peso (Kg) Origem 01 2 anos F 3,25 Zoológico Quinzinho de Barros * 02 1 ano F 2,30 Zoológico Quinzinho de Barros 03 9 anos M 3,90 CEMPAS 04 8 anos F 4,12 CEMPAS 05 7 anos M 6,34 CEMPAS 06 9 anos M 4,73 CEMPAS 07 2 anos M 3,60 CEMPAS 08 5 anos F 4,84 CEMPAS 09 12 anos F 3,67 CEMPAS 10 13 anos M 6,30 CEMPAS M – Macho; F – Fêmea; * Animal veio a óbito após o estudo. 12 Após jejum prévio, realizou-se a contenção física dos primatas com puçá e em seguida foi realizada a contenção química, que consistiu na administração intramuscular de cloridrato de cetamina3 10 %, na dose de 7,0 mg/kg, associado na mesma seringa a cloridrato de xilazina4 (1 mg/Kg) e midazolan5 0,5%, na dose de 0,5 mg/kg. Os pesos dos animais foram estimados após observação dos primatas e acesso a dados de exames clínicos anteriores. Depois do efeito da contenção química, os animais foram colocados em máscara com isofluorano6 diluído em 100% de oxigênio para obtenção de relaxamento muscular e perda dos reflexos protetores, como o de deglutição. Posteriormente a obtenção desses efeitos, procedeu-se a intubação orotraqueal (Figura 1) com sonda número 5.5, ficando estabelecida assim, uma via aérea para manutenção da anestesia inalatória e da ventilação (quando necessário o suporte respiratório). O vaporizador do aparelho de anestesia foi ajustado de acordo com o plano anestésico, que foi controlado através da observação de parâmetros fisiológicos (como frequência respiratória e frequência cardíaca) e clínicos (como relaxamento muscular e ausência a estímulos). Dessa forma os animais permaneceram imóveis durante a realização dos exames. Com o animal estabilizado, a veia braquial foi acessada com cateter flexível 20G (Figura 2), por onde foi realizada a coleta de sangue (Figura 3) para análise de bioquímica sérica (uréia, creatinina, Alanina amino transferase e Fosfatase alcalina), hemograma e administração de solução de cloreto de sódio 0,9% para manutenção de acesso venoso. 3 Cetamin 10 %. Cloridrato de Cetamina. Frasco ampola 10 mL. Syntec do Brasil. Cotia - SP
 4 Xilazin 2%. Cloridrato de xilazina. Frasco ampola 10 mL. Syntec do Brasil. Cotia - SP 5 Dormire 5 mg. Midazolan. Frasco ampola 5mL. Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda. Itapira - SP 6 Isoforine. Isofluorano. Frasco 240 mL. Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda. Itapira - SP
 13 FIGURA 1 – Visualização da laringe para entubação traqueal (A); Entubação orotraqueal realizada (B). Fonte: Daniel Ornelas. FIGURA 2 – Canulação da veia braqueal para manutenção de acesso venoso, durante todo o exame por ressonância magnética. Fonte: Daniel Ornelas. FIGURA 3 – Coleta de sangue para exames laboratoriais (A); Deposição do sangue nos frascos para os exames laboratoriais (B). Fonte: Daniel Ornelas. A A B B 14 Após, procedeu-se a avaliação física completa dos animais, que incluiu: inspeção em pele, pelos, cavidade oral, mucosas, auscultação cardíaca e pulmonar, termometria retal, palpação abdominal e dos membros. A radiografia simples de tórax também foi realizada. Nenhum animal demonstrou alteração digna de nota nesses itens avaliados e os valores obtidos nas análises laboratoriais estavam dentro dos encontrados para a espécie. Com os resultados obtidos na avaliação de sanidade, todos os indivíduos foram considerados aptos para a pesquisa. 4.3.2 Exame de ressonância magnética Os animais foram então encaminhado para o centro de diagnóstico por imagem, setor de ressonância magnética, o qual possui um aparelho da marca Esaote modelo VET-MR Grande de scanner de 0,25 Tesla, que foi adquirido por meio do projeto FAPESP N° 2009/54028-8. Os bugios-ruivos foram então colocado na bobina no interior do magneto do equipamento e mantido em decúbito lateral direito para realização do exame (Figura 4 e 5). A bobina utilizada foi de dois canais de frequência. Os cortes foram realizados em uma matriz de aquisição de 200 a 288, com espessura de corte de 3mm e um campo de visão ajustada para cada animal. Foram realizadas sequências T1, T2 e FLAIR, nos planos coronal, sagital e axial. O plano coronal foi orientado perpendicularmente ao palato duro, e o axial e sagital em ângulos retos ao coronal. O número de cortes em cada plano variou de acordo com o tamanho do crânio dos indivíduos, ou seja, de nove a 27 cortes em cada sequência. Na sequência T1, o tempo de repetição (TR) foi de 700 e tempo de eco (TE) de 18, em T2 o TR foi de 4880 e TE de 120 e por fim em FLAIR o TR utilizado foi de 9320 e TE de 90. 15 FIGURA 4 – Espécime de Alouatta fusca no aparelho de ressonância magnética de campo aberto. Fonte: Daniel Ornelas. FIGURA 5 – Detalhe do posicionando da cabeça de um exemplar de Alouatta fusca no interior da bobina de joelho. 16 Ao término da realização do exame os animais foram mantidos em caixas individuais até completa recuperação anestésica, após o qual, foram novamente alojados em seus recintos. Após 30 minutos que os mesmos estavam completamente acordados e empoleirados foi fornecido água e comida (folhas e frutos). Posteriormente à obtenção das imagens, estas foram armazenadas em extensão DICOM para futuramente avaliação e descrição anatômica. 4.4 Forma de análise dos resultados Não foi realizada nenhuma análise estatística por se tratar de um trabalho descritivo. Com as imagens das peças anatômicas do encéfalo obtidas, juntamente com as imagens dos exames realizados por meio da RM, iniciamos as descrições dos achados e particularidades anatômicas do encéfalo do Alouatta fusca que foram correlacionados com as descrições anatômicas de textos ou atlas já descritos em humanos e primatas não-humanos. Foram seguidos os termos empregados na Nômina Anatômica Internacional (2001), ou os termos empregados por outros autores como Tilney (1928), pois não existe uma Nômina Primatológica e muitos termos não constam na nômina consultada. RESULTADOS 5 RESULTADOS 5.1 Anatomia encefálica descritiva Algumas estruturas delicadas como nervos, hipófise e glândula pineal que ficam muito próximas da área celar não estavam patentes em nenhuma peça avaliada. As demais estruturas estão descritas abaixo. 5.1.1 Tronco encefálico O tronco encefálico localiza-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventral ao cerebelo, sendo constituído caudalmente pelo bulbo, cranialmente pelo mesencéfalo e pela ponte, situada entre ambos. O bulbo ou medula oblonga: é a porção mais caudal do tronco, o qual se continua caudalmente com a medula espinhal, não possuindo limite evidente entre ambos. Comunica-se cranialmente com a ponte, com a qual apresenta delimitação ora mais ora menos nítida na face inferior, ou seja, o sulco bulbo-pontino nem sempre é característico no Alouatta fusca. Dois sulcos percorrem no sentido longitudinal do bulbo que se continuam com a medula, a fissura mediana inferior localizada na face inferior, e o sulco mediano superior localizado na face superior do bulbo. A fissura mediana inferior continua-se cranialmente como sulco basilar, o limite entre ambos ocorre na extremidade do braço da ponte, ou seja, no sulco bulbopontino. As pirâmides são bem desenvolvidas, e localizadas a cada lado do sulco mediano e separadas das olivas também bem evidentes, pelo sulco infero-lateral e supero- lateral. Na porção mais cranial do bulbo, observam-se os corpos trapezóides, sendo separados da ponte apenas pelo sulco bulbopontino, estas estruturas se apresentam bem definidas e evidentes (Figura 6). 18 FIGURA 6 – Visão inferior do tronco encefálico. 1- quiasma óptico; 2- túber cinério; 3- corpo mamilar; 4- nervo oculomotor; 5- pedúnculo cerebral; 6- sulco pontomesencefálico; 7- fossa interpeduncular; 8- ponte; 9- sulco basilar; 10- sulco bulbopontino; 11- corpo trapezóide; 12- pirâmide; 13- oliva. Ponte: Estrutura que se interpõe entre o bulbo e o mesencéfalo, e anterior ao cerebelo. Apresenta discretos feixes na face inferior, que se prolongam lateralmente, formando o braço da ponte ou pedúnculo cerebelar médio. Cranialmente a base da ponte observa-se o pedúnculo cerebral, esta de superfície mais estriada. Delimitando a ponte do mesencéfalo, notou-se um evidente sulco pontomesencefálico. Na extremidade do braço da ponte verificou-se a origem do nervo trigêmio (V par). O sulco basilar, que abriga a artéria basilar, percorre longitudinalmente a superfície inferior da ponte (Figura 6). Na face superior, a ponte faz parte do assoalho do IV ventrículo, juntamente com o bulbo, não havendo demarcação evidente entre seus limites (Figura 7). 19 FIGURA 7 – Visão superior do tronco encefálico. 1- corpo caloso; 2- tecto do ventrículo lateral; 3- III ventrículo; 4- trígono das habênulas; 5- comissura das habênulas; 6- cauda no núcleo caudado; 7- braço do colículo superior; 8- corpo geniculado medial; 9- braço do colículo inferior; 10- IV Nervo (troclear); 11- véu medular superior; 12- sulco mediano; 13- pedúnculo cerebral médio; 14- colículo facial; 15- assoalho do IV ventrículo; 16- sulco limitante; 17- corpo geniculado lateral; 18- colículo inferior; 19- colículo superior; 20- tálamo; 21- ventrículo lateral. IV ventrículo: esta localizado na porção superior do bulbo e ponte, e é delimitado cranialmente pelo véu medular superior, lateral e caudalmente pelo pedúnculo cerebelar inferior e superior, e superiormente pelo cerebelo e pela tela corióide do IV ventrículo. Por toda a extensão do assoalho do IV ventrículo ou fossa rombóide, percorre o sulco mediano. Lateralmente a este, encontra-se uma elevação, a eminência medial, delimitada por um discreto sulco limitante, mais caudalmente, a eminência forma uma discreta elevação arredondada, o colículo facial, e lateralmente o ventrículo se expande para formar um evidente recesso lateral (Figura 7). Mesencéfalo: Localiza-se entre a ponte e o diencéfalo. Longitudinalmente é percorrido por um estreito canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV 20 ventrículo. Superiormente ao aqueduto observa-se o tecto mesencefálico. Na superfície superior do tecto mesencefálico, existem quatro estruturas ovaladas e grandes, que são os colículos superiores e os inferiores, os quais são separados por dois sulcos em forma de cruz. O nervo troclear ou IV par apresenta-se delgado, e emerge caudalmente a cada colículo inferior, percorrendo um sentido lateroinferior, contornando o mesencéfalo e surgindo na superfície superior entre a ponte e o mesencéfalo. Lateralmente ao colículo superior e inferior e bem separado deste observa-se o corpo geniculado medial, estrutura também bem evidente e circunscrita. Lateralmente a esta, ventralmente ao tálamo, localiza-se o corpo geniculado lateral. Os braços dos colículos são discretos, sendo o caudal mais evidente e longo que o cranial. Na superfície anterior do mesencéfalo, surgem dois grandes feixes da borda anterior do bulbo, os pedúnculos cerebrais, que divergem anteriormente penetrando profundamente no cérebro. Os pedúnculos delimitam uma fossa, a fossa interpeduncular, onde se localiza a substância perfurada posterior e de onde emergem o nervo oculomotor (III par) (Figura 7). 5.1.2 Cerebelo O Cerebelo esta localizado sobre a ponte e o bulbo, e ajuda a formar o tecto do IV ventrículo. Liga-se a medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior, e a ponte e mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelar médio e superior, respectivamente. O cerebelo do Alouatta fusca é bem desenvolvido com giros e sulcos transversais bem evidentes. Possui um verme também bem desenvolvido e separado dos hemisférios cerebelares direito e esquerdo por um sulco bem evidente. É constituído internamente, por substância branca, chamado de corpo medular do cerebelo, de onde emergem as lâminas brancas do cerebelo. Estas são revestidas externamente por uma fina camada de substância cinzenta. Observa-se nesta espécie lóbulos bem definidos, sendo eles: a língula, que esta aderida ao véu medular superior, o lóbulo central, que é separado do cúlmen pela fissura pré-culminar, que por sua vez é separado do declive pela fissura prima. 21 Após o declive nota-se o fólium, que apresenta apenas uma folha, que por sua vez é separado do túber pela fissura horizontal. Após, verifica-se a fissura pré- piramidal que é seguida pela pirâmide, fissura pós-piramidal, úvula, fissura postero-lateral e por fim o nódulo (Figura 8). FIGURA 8 – A) Cerebelo visualizado caudalmente. 1- vérmix; 2- hemisfério cerebelar esquerdo; 3- Flóculo. B) Cerebelo em corte sagital, após a remoção da meninge para visualização dos lóbulos. 1- língula; 2- lóbulo central; 3- fissura pré-culminar; 4- cúlmen; 5- fissura prima; 6- declíve; 7- fólium; 8- fissura horizontal; 9- túber; 10- fissura pré-piramidal; 11- pirâmide; 12- fissura pós-piramidal; 13- úvula; 14- fissura postero-lateral; 15- nódulo; 16- IV ventrículo. 5.1.3 Cérebro No geral o cérebro deste animal é globoso, levemente achatado dorso ventralmente, e composto pelo diencéfalo e telencéfalo. O telencéfalo localiza-se lateral e caudalmente para constituir os hemisférios cerebrais. Já o diencéfalo localiza-se medialmente e é composto pelo tálamo, hipotálamo, metatálamo, epitálamo e subtálamo, todos mantendo relação com o III ventrículo. Diencéfalo: na porção lateroposterior e a cada lado do diencéfalo encontram-se o tálamo, de formato ovóide, grande e bem definido. Lateroposteriormente ao tálamo localiza-se o metatálamo, composto por duas estruturas, os corpos geniculados laterais e mediais, sendo o medial maior que o lateral (Figura 7). Na visão sagital (Figura 10D), localizado posteriormente ao tálamo, observa-se a tela corióide que ajuda a formar o tecto do III ventrículo. Ventralmente ao tálamo, e separado por este pelo sulco hipotalâmico, localiza-se o hipotálamo, menor que o primeiro, mas também bem definido, do qual fazem parte os corpos mamilares, que estão 22 localizados posteriormente, e um grande quiasma óptico, localizado anteriormente, mais precisamente no assoalho do III ventrículo. Entre o quiasma e os corpos mamilares, encontra-se o tuber cinério com seu pedúnculo infundibular (Figura 6). Na porção mais cranial, com sentido caudocranial até a porção mais anterior do encéfalo encontra-se o tracto olfatório que culmina no bulbo olfatório, ambos bem desenvolvidos e evidentes. O epitálamo esta localizado medialmente ao tálamo, limitando posteriormente o III ventrículo, e é delimitado dorsopoteriormente pela comissura posterior das habênulas, a partir do qual começa o mesencéfalo. O trígono das habênulas localiza-se interposto entre as suas comissuras, apresenta-se como duas estruturas ovóides e bem desenvolvidas (Figura 7). O subtálamo não pode ser visto nas peças. Telencéfalo: os hemisfériso cerebrais do Alouatta fusca são separados pela fissura longitudinal do cérebro, e unidos ventralmente pelo assoalho, denominado de corpo caloso. Possuem cavidades em seu interior os ventrículos laterais, direito e esquerdo. Apresentam as principais fissuras, como as longitudinais e centrais bem evidentes e profundas. O telencéfalo é composto por quatro lobos, o lobo frontal delimitado posteriormente pelo sulco central e inferiormente pelo lateral; o lobo parietal, localizado na região centrosuperior é delimitado anteriormente pelo sulco central e inferiormente pelo ramo posterior do sulco lateral; o lobo temporal localiza infero- lateralmente é delimitado superiormente pelo sulco lateral, porém sua delimitação com o lobo occipital não se faz por meio de sulco; e por fim na porção súpero- posterior localiza-se o lobo occipital (Figura 9). 23 FIGURA 9 – Encéfalo em vista superior (A), Sagital (B), Ventral (C) e Lateral esquerda (D). Os lobos estão destacados em diferentes cores, a área vermelha corresponde ao lobo frontal, a área azul escuro ao lobo parietal, a cor verde ao lobo occipital e a azul claro ao lobo temporal. Os sulcos evidentes no córtex são os sulcos orbitários, os quais formam os seus respectivos giros orbitários, localizados no lobo frontal na superfície antero- inferior. No lobo frontal existe um sulco bem evidente o sulco frontal principal, que se divide em sulco ântero-superior, póstero-superior e descendente. Após estes, se localiza o sulco pré-central, situado na porção média do lobo frontal, o sulco central que se localiza no centro do encéfalo, sendo ambos direcionados mediolateralmente. Entre esses dois sulcos localiza-se o giro pré-central. Imediatamente caudal ao sulco central, com sentido médio lateral encontra-se o sulco intra-parietal, não muito profundo e nem sempre visualizado em ambos os hemisférios. Separando os lobos superiores (frontal e parietal) e inferior (temporal) situa- se o sulco lateral, sulco este profundo e longo. Abaixo deste, seguindo o mesmo sentido, porém menos longo, localiza-se o sulco temporal, formando assim, acima dele o giro temporal superior e abaixo o giro temporal inferior. Numa visão sagital observa-se medialmente o sulco do cíngulo, que separa a porção superior do 24 telencéfalo da porção inferior. Este sulco termina fazendo uma curvatura em direção ao esplênio do corpo caloso, sendo chamada aqui de ramo marginal do sulco do cíngulo. O sulco do corpo caloso localiza-se, abaixo do sulco do cíngulo e possui a mesma trajetória. Por fim, na porção mais posterior localiza-se o sulco parieto-occipital, sulco este bem definido apenas na visão medial e nem sempre visualizado (Figura 10). FIGURA 10 – Encéfalo em vista Superior (A), Lateral esquerda (B), Ventral (C) e Sagital (D), onde destacam-se as principais estruturas. (Oc) Pólo occipital; 1- Fissura longitudinal do cérebro; 2- Sulco pré-central; 3- Sulco central; 4- Sulco intra-parietal; 5- Sulco lateral; 6- Sulco temporal; 7- Cerebelo; 8- Giro pré-central; 9 – Sulco frontal principal ramo descendente; 10 – Sulco frontal principal ramo ântero-superior; 11 – Sulco frontal principal ramo póstero-superior; 12 - Giro temporal superior; 13 - Giro temporal inferior; 14 - Bulbo olfatório; 15 - Tracto olfatório; 16 - Sulco e giros orbitários; 17 - Quiasma óptico; 18 – III nervo (oculomotor); 19 - Ponte; 20 – V nervo (trigêmeo); 21 – Artéria basilar; 22 – Artérias vertebrais; 23 – Sulco do corpo caloso; 24 - Tronco do corpo caloso; 25 - Sulco do cíngulo; 26 - Corpo do fórnix; 27 - Joelho do corpo caloso; 28 - Septo pelúcido; 29 - Comissura anterior; 30 - Hipotálamo; 31 - Corpo mamilar; 32 - Plexo corióide; 33 - Esplênio do corpo caloso; 34 - Ramo marginal do sulco do cíngulo; 35 - Sulco parieto- occipital; 36 – Tálamo. 25 Na secção sagital do assoalho do telencéfalo observam-se algumas estruturas como o corpo caloso, fórnix e septo pelúcido. O corpo caloso apresenta-se como uma grande lâmina branca levemente arqueada, chamada de tronco do corpo caloso, sua porção anterior encurva-se para baixo em direção à base do cérebro para formar o joelho do corpo caloso, e no sentido posterior dilata-se para formar o esplênio do corpo caloso. Abaixo do corpo caloso evidencia-se apenas uma pequena parte do fórnix, o corpo do fórnix. Anteroventralmente a estas, verifica-se a comissura anterior. Entre o corpo do fórnix e o joelho do corpo caloso se evidencia o septo pelúcido, que separa os dois ventrículos laterais (Figura 10D). Na secção coronal dos lobos frontais e temporais nota-se internamente a substância branca ou medular e externamente a substância cinzenta ou córtex, camadas estas bem definidas, sendo a segunda mais desenvolvida. Na secção na altura dos lobos frontais, corpo caloso e núcleo caudado, observa-se o corpo caloso na porção superomedial, e abaixo desse, formando a parede lateral do corno anterior do ventrículo lateral localiza-se o núcleo caudato, bem evidente, e inferolateralmente, separando o núcleo caudato dos demais núcleos esta uma grande cápsula interna. Na porção medial dos hemisférios e abaixo do corpo caloso, verifica-se um evidente III ventrículo. Lateralmente ao III ventrículo, observa-se o núcleo lentifome, composto pelo globo pálido medial, globo pálido lateral e o putame, e lateralmente a este, o claustro e o córtex da insula. No limite inferior verifica-se um trato óptico bem desenvolvido (Figura 11). 26 FIGURA 11 – Secção coronal na altura do lobo temporal, corpo caloso e tálamo. 1- corpo caloso; 2- núcleo caudato; 3- cápsula interna; 4- córtex da ínsula; 5- claustro; 6- putamen; 7- globo pálido (lateral); 8- globo pálido (medial); 9- trato óptico; 10- hipocampo. Seta pequena: corno anterior do ventrículo lateral; Seta grande: III ventrículo. 5.1.4 Irrigação encefálica/ Polígono de Willis Na face ventral do bulbo, com direção craniomedial, as artérias vertebrais se unem na altura da porção média do cerebelo, próximo ao sulco bulbopontino, formando a artéria basilar. Esta se continua cranialmente até a transição entre a ponte e o mesencéfalo, onde se bifurca, e se divide em dois principais ramos, um mais posterior, com sentido lateradorsal, acompanhando o sulco ponto- mesencefálico, passando a ser chamada de artéria cerebelar posterior. E um ramo anterior, que inicialmente possui sentido craniolateral, para depois acompanhar o sentido do primeiro (laterodorsal), chamado de artéria cerebral posterior. A artéria cerebral anterior, ramo da artéria carótida interna, possui um trajeto medial e surge na fissura longitudinal do cérebro entre os lobos temporais, continua-se posterolateralmente onde anastomosa-se com a artéria comunicante posterior. Na altura do sulco lateral. Da região de anastomose entre artéria comunicante 27 posterior e artéria cerebral anterior, surge a artéria cerebral média, a qual continua pelo sulco lateral. Posteriormente a artéria comunicante posterior se liga a artéria cerebral posterior, fechando assim o circulo arterial do cérebro (Figura 12). FIGURA 12 – Encéfalo em vista inferior de uma fêmea infante, evidenciando o Circuito arterial do cérebro. 1- Artéria cerebral anterior; 2 – Artéria cerebral média; 3 – Artéria comunicamente posterior; 4 – Nervo oculomotor (III par); 5 – Artéria cerebral posterior; 6 - Artéria cerebelar superior; 7 – Artéria basilar. 5.2 Neuroimagem Todos os exames foram obtidos nas sequências T1, T2 e Flair, em todos os planos (sagital, coronal e axial) e forneceram uma excelente resolução espacial para identificação das estruturas. Para melhor entendimento as imagens de ressonância magnética foram pareadas com os cortes anatômicos correspondentes. Nem sempre esses cortes foram fidedignos as imagens, pois qualquer desvio no eixo do corte representou grande variação nas estruturas visualizadas, além da espessura dos cortes nem 28 sempre serem iguais às obtidas no exame de ressonância magnética. Em todas as secções foi inserido um plano com linha de referência correspondente ao plano de corte para melhor entendimento. As principais subdivisões embriológicas do cérebro foram mapeadas e coloridas. 5.2.1 Plano sagital Um plano axial com a linha de localização do corte esta inserido nas imagens da secção sagital (Figura 13 a 15). As imagens correspondentes a esta secção são referentes ao hemisfério esquerdo. Neste plano estão demonstradas três secções: sagital mediana onde visibiliza-se as principais estruturas da base do telencéfalo como; corpo caloso, fórnix e septo pelúcido, além do sulco do cíngulo (Figura 13); nas parassagitais esquerdas pode-se visibilizar os lobos, um espesso nervo óptico e o tálamo (Figura 14); e em uma secção ainda mais parassagital evidencia-se os principais sulcos e giros na face lateral do telencéfalo (Figura 15). 29 Figura 13 – Imagem de Ressonância magnética em corte sagital (A-T2, B-T1 e C- Flair). (D) Crânio de Bugio adulto macho em secção sagital mediana. 1 – III ventrículo; 2 – Aderência intertalâmica; 3 – Corpo caloso; 4 – Lobo parietal; 5 – Sulco do cíngulo; 6 – Ventrículo lateral; 7 – Joelho do corpo caloso; 8 – Lobo frontal; 9 – Septo pelúcido; 10 – Quiasma óptico; 11 – Infundíbulo/ recesso pituitário; 12 – Esplênio do corpo caloso; 13 – Lobo occipital; 14 – Cerebelo; 15 – IV ventrículo; 16 – Ponte; 17 – Bulbo; 18 – Medula espinhal; 19 – Corpo mamilar; 20 – Hipófise. 30 Figura 14 – Corte parassagital esquerdo na Imagem de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D) Peça anatômica. 1 – Lobo occipital; 2 – Lobo parietal; 3 – Cerebelo; 4 – Ventrículo lateral; 5 – Tálamo; 6 – Lobo temporal; 7 – Nervo óptico. 31 Figura 15 – Corte parassagital esquerdo na Imagem de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Sulco lateral; 2 – Sulco temporal; 3 – Bula timpânica; 4 – Lobo frontal; 5 – Giro temporal superior; 6 – Giro temporal inferior. 5.2.2 Plano coronal Foi incluída para cada imagem em plano coronal uma secção em plano sagital com linha de marcação para localização e orientação da secção estudada (Figura 16 a 24). Na secção frontal do telencéfalo, visibiliza-se o lobo frontal (Figura 16 e 17) e demais estruturas extra-cranianas. 32 FIGURA 16 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1- Fissura longitudinal superior do cérebro; 2- Globo ocular; 3 - Septo nasal; 4 – Conchas nasais e cavidade nasal. 33 FIGURA 17 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Osso frontal; 2 – Lobo frontal; 3 – Fissura longitudinal superior; 4 – Osso esfenóide; 5 – Seio maxilar; 6 – Cavidade oral; 7 – Língua; 8 – Aparato hióide. Vermelho telencéfalo. Na secção frontal correspondente do cérebro passando pelo joelho do corpo caloso, hipófise e seio cavernoso (Figura 18, 19 e 20, respectivamente), visibiliza-se, além destas já citadas, outras estruturas importantes como os núcleos da base, coluna do fórnix, giro do cíngulo, ventrículo lateral, quiasma óptico. Assim como estruturas extra-cranianas. 34 FIGURA 18 – Imagem de Ressonância magnética em corte coronal (A,B e C), (A) T2, (B) T1 e (C) Flair. (D) Crânio de Bugio adulto macho em secção coronal. 1 – Osso parietal; 2 – Corpo caloso; 3 – Ventrículo lateral; 4 – Coluna do fórnix; 5 – Região dos núcleos da base; 6 – Sulco lateral; 7 – Lobo temporal; 8 – Quiasma óptico; 9 – Nasofaringe; 10 – Orofaringe; 11 – Aparato hióide. 35 FIGURA 19 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2-Ventrículo lateral; 3 – Cápsula externa; 4 – Cápsula interna; 5 – Hipófise; 6 – Amigdala; 7 - Palato duro; 8 – Cisterna. 36 FIGURA 20 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2 – Ventrículo lateral; 3 – Região dos núcleos da base; 4 – Cápsula externa; 5 – III ventrículo; 6 – Seio cavernoso. Na secção coronal do cérebro passando pelo tálamo (Figura 21), visibiliza- se além deste, o início da ponte e do aqueduto mesencefálico. 37 FIGURA 21 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Giro do cíngulo; 2 – Corpo caloso; 3 – Tálamo; 4 – Ponte; 5 – Aqueduto mesencefálico. Azul diencéfalo, vermelho telencéfalo, verde mesencéfalo. Na secção coronal passando pelo lobo occipital e cerebelo (Figura 22 e 23), observa-se também a foice, a formação do IV ventrículo. Na figura seguinte, (Figura 24), visibiliza-se além do lobo occipital e cerebelo o bulbo. 38 FIGURA 22 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 –Vérmis; 4 – Hemisfério cerebelar; 5 – IV ventrículo; 6 – Ponte; 7 - Bula timpânica. vermelho telencéfalo; Roxo metencéfalo dorsal (cerebelo); amarelo metencéfalo ventral (ponte). 39 FIGURA 23– Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 – Cerebelo (vérmis); 4 – IV ventrículo. 40 FIGURA 24 – Corte coronal nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Foice; 2 – Lobo occipital; 3 – Hemisfério cerebelar; 4 – Bulbo. vermelho telencéfalo; Roxo metencéfalo dorsal (cerebelo); amarelo metencéfalo ventral (ponte) e mielencéfalo. 5.2.3 Plano axial Para cada imagem do plano axial foram incluídos planos sagitais com linhas demarcando o local da secção para identificação do corte (Figura de 25 a 30). Na secção axial do cérebro na sua porção mais superior (Figura 25), visibilizam-se com bastante clareza os sulcos e lobos superiores. 41 FIGURA 25 – Corte axial nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1). 1 – Lobo frontal; 2 – Fissura longitudinal cerebral; 3 – Sulco central; 4 – Lobo parietal; 5 – Sulco lateral. Na secção axial do cérebro sobre a região do tálamo (Figura 26), visibiliza- se com certa clareza a diferenciação entre cortical e medular cerebral (Fig. 26A, 26C e 26D). 42 FIGURA 26– Cortes axiais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Substância branca do centro branco medular, visível em toda extensão ântero-posterior (até o occipital); 2 – Cápsual interna; 3 – Tálamo; 4 – Região da coluna posterior do fórnix; 5 – Vérmis cerebelar. Na secção axial passando pela transição do hipotálamo com o mesencéfalo (Figura 27), visibiliza-se além das estruturas do telencéfalo e diencéfalo, o cerebelo. 43 FIGURA 27 – Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Lobo frontal; 2 – Núcleos da base–; 3 – Cápsula externa; 4 – Região do hipotálamo em transição para mesencéfalo; 5 – Cisterna quadrigeminal; 6 – Hemisfério cerebelar; 7 – Vérmis cerebelar. Nas secções axiais passando pela base do cérebro (Figuras 28 e 29), visibiliza-se a região dos núcleos da base, colículos superior e inferior, cerebelo, além de estruturas extracranianas como o globo ocular e suas principais estruturas internas. 44 FIGURA 28 – Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Córnea; 2 – Lente; 3 – Humor vítrio; 4 – Lobo frontal; 5 – Região da Cápsula interna; 6 – III ventrículo; 7 – Giro temporal; 8 – Colículo superior; 9 – Hemisfério cerebelar; 10 – Vérmis cerebelar. 45 FIGURA 29 – Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1). 1 – Nervo óptico; 2 – Lobo frontal; 3 – Pedúnculo cerebral; 4 – Ponte; 5 – Pedúnculo cerebelar médio; 6 – IV ventrículo; 7 – Hemisfério cerebelar; 8 – Vérmis cerebelar. Na secção axial passando pela hipófise e lobo temporal (Figura 30), observa-se além destas estruturas, a região de transição entre o bulbo e a medula espinhal. FIGURA 30 – Cortes transversais nas Imagens de Ressonância Magnética (A-T2, B- T1 e C- Flair) e peça anatômica (D). 1 – Nervo óptico; 2 – Lobo temporal; 3 – Hipófise; 4 – Ponte; 5 – Transição Bulbo-medula espinhal. DISCUSSÃO 6 DISCUSSÃO Nas últimas décadas, o estudo em primatas tem recebido grande atenção, talvez devido a sua semelhança anatômica, fisiológica e etológica com a espécie humana. Na medida em que os estudos foram se desenvolvendo, muito se descobriu acerca da fragilidade em que se encontra a maioria das espécies, devido principalmente a destruição do ambiente onde vivem (AURICCHIO, 1995). Os primatas não humanos (PNH) têm-se constituído em importante grupo, dentre os animais submetidos a estudos diversos, o que se reveste de suma importância para o entendimento de sua própria evolução. Somando-se ao fato de que o conhecimento pormenorizado de anatomia pode representar fator primordial para a preservação e proteção, ressalta-se a importância de estudos destes animais, pois quando uma das espécies desaparece a perda é inestimável para o meio ambiente e para a ciência (GUIMARÃES, 1999; TEIXEIRA, 2005). Poucos estudos foram realizados no gênero Alouatta, provavelmente devido aos primeiros pesquisadores como Tilney (1928) os terem considerados menos inteligentes que outros membros da família dos Atelídeos, além de serem animais altamente agressivos, indomáveis e, segundo este autor, não sobreviviam em cativeiro, e por estes motivos o considerou menos atraentes que os demais primatas a disposição. Porém, como vimos na atualidade e rotina, esta espécie é inteligente, porém tranquíla e se adapta facilmente ao cativeiro, sendo, portanto considerada por nós um gênero atraente para o desenvolvimento de pesquisas, principalmente quando necessitamos entender seu histórico evolutivo, e por que não, ser utilizado como modelo experimental. Embora dentro da classe dos primatas existam gêneros/espécies diferentes, na maioria deles o tronco encefálico apresenta-se bem desenvolvido, com grandes semelhanças às estruturas do homem (NOBACK, 1959; MARQUES, 2005). Há, no entanto, diferença como as estruturas mais evidentes em Cebus apella (MARQUES, 2005) em relação aos encontrados nos Tarsius por Tilney (1928), Macaca mulatta por Gerhard e Olszewski (1969 – citado por MARQUES, 2005) em Sagui por Reis (1975 – citado por MARQUES, 2005) e no próprio Cebus 47 apella por Watanabe (1982) e também nos espécimes de Alouatta fusca avaliados em nosso estudo. O tronco encefálico do Alouatta fusca possui estruturas bem evidentes, com exceção da visualização da decusassão das pirâmides, a qual não foi observada no nosso estudo. Porém esta foi notada em Cebus apella por Watanabe (1982) e Marques (2005), em Tarsius por Tilney (1928) e em Macaca mulatta por Hines (1933 – citado por MARQUES, 2005). Assim sendo as estruturas do tronco encefálico de primatas pode variar muito, desde animais como o Cebus apella (MARQUES, 2005) que possuem o tronco encefálico semelhante a humanos até as Tupaias (GERHARD e OLSZEWSKI, 1969 – citado por MARQUES, 2005), que possuem tronco encefálico muito mal definidos com diferenciação grosseira, semelhante aos animais primitivos, como rato e coelho. A delimitação anterior da medula oblonga ocorre pela presença do sulco bulbo-pontino, o qual é sempre bem definido no Alouatta fusca, o qual corrobora com o descrito em humanos (CROSBY et al., 1962; MACHADO, 1993; DANGELO e FATTINI, 2007), porém em Cebus apella (Marques, 2005) este sulco aparece ora mais ora menos evidente, sendo nem sempre observado. A ausência de uma demarcação macroscópica no limite inferior do bulbo corrobora com os observados por outros autores, que consideram como seu limite inferior indicado pelo final da decussação motora (CROSBY et al., 1962; WATANABE 1982; MACHADO, 1993; MARQUES, 2005). No plano sagital, encontra-se a fissura mediana anterior, que é a continuação superior da fissura da medula espinhal. Esta se apresenta como um sulco bem demarcado, que se estente até a ponte, onde se continua como sulco basilar. Porém os estudos realizados em outros primatas como o Sagui por Reis (1975 – citado por MARQUES, 2005), Watanabe (1982) e Marques (2005) para Cebus apella, e Crosby et al. (1962) e Machado (1993) para o homem, observaram que este sulco é interrompido pela decusassão das pirâmides, e volta a aparecer após o término delas. O que não foi visualizado no Alouatta fusca, pois até onde foi possível avaliar macroscopicamente, o sulco percorre toda a região mediana, entre as pirâmides e sem interrupção destas. 48 A presença das pirâmides do bulbo neste estudo coincide com o relatado por Tilney (1928) em Alouatta seniculus, o qual refere que estas são elevações alongadas e bastante pronunciadas, semelhantes às observadas posteriormente para Cebus apella por Watanabe (1982) e Marques (2005). O mesmo ocorre com relação às olivas, também visualizadas em nosso estudo e consideradas alongadas e evidentes na medula oblonga de A. seniculus (TILNEY, 1928) e de Cebus apella (MARQUES, 2005) e separadas das pirâmidas pelos sulcos ântero- lateral e póstero-lateral. O corpo trapezóide do Alouatta fusca apresenta-se bem evidente e delimitado cranialmente pelo sulco bulbopontino e caudalmente por um sulco que o separa das olivas, corroborando com os achados de Tilney (1928). Quanto a sua forma encontramos semelhanças com as descritas por Getty (1986) para equínos e carnívoros. Porém, segundo Gerhard e Olszewski (1969 – citado por MARQUES, 2005), o tamanho do corpo trapezóide dos primatas, no corte transversal é grande, mas sempre menos proeminentes que de alguns mamíferos. E se apresenta mais evidente e delimitado que o encontrado por Marques (2005) em Cebus apella. O limite entre a ponte e mesencéfalo, ocorre no Alouatta fusca por meio de um sulco, o qual também foi descrito em Cebus apella (MARQUES, 2005), e denominado, sulco pontomesencefálico, estrutura esta não mencionada por Tilney (1928) Alouatta seniculus e nos outros estudos sob nossa observação. A ponte do Alouatta fusca é bastante desenvolvida, apresentando grande diferenciação com as demais estruturas posteriores, semelhante ao que foi observado na maioria dos primatas levantados neste estudo, porém difere da ponte do Sagui (Reis, 1975 – citado por MARQUES, 2005), a qual foi considerada menos proeminente por seus autores. Entretanto, se observamos os estudos comparativos entre os primatas que foram considerados possuidores de pontes proeminentes vamos encontrar diferenças, tanto em tamanho, como forma desta região (TILNEY, 1928; GERHARD e OLSZEWSKI, 1969 citado por MARQUES, 2005). 49 Na superfície posterior da ponte do Alouatta fusca existe estruturas bem evidentes, semelhantes à de outros primatas. Contudo, também apresentam diferenças como estruturas que não foram visualizadas, como as estrias medulares, trígono do hipoglosso, trígono do vago, entre outras, as quais foram observadas por Marques (2005) em Cebus apella, de Hines (1933 – citado por MARQUES, 2005) para Macaca mulatta ou por Crosby et al. (1962) e Machado (1993) para humanos, porém mais definidas que de outros primatas estudados, como o Sagui por Reis (1975 – citado por MARQUES, 2005). Estão presentes no IV ventrículo os recessos laterais, aqueduto mesencefálico, assoalho do IV ventrículo ou fossa rombóide, sulco mediano, eminência medial, véu medular superior e inferior, em Alouatta fusca, semelhante ao descrito em Cebus apella Marques (2005) e Watanabe (1982), na Macaca mulatta por Hines (1933 – citado por MARQUES, 2005) e em Sagui por Reis (1975 – apud MARQUES, 2005). Porém este último autor relata que estas estruturas são de pequenas dimensões e de aspectos diferentes aos encontrados no homem, o que difere do observado em Alouatta fusca, no qual as estruturas se apresentaram realmente menores que no homem, porém sempre de fácil visualização e definição. O mesencéfalo do Alouatta fusca apresenta semelhanças com as descrições encontradas para Cebus apella (MARQUES, 2005; WATANABE 1982), para o Sagui (Reis, 1975 citado por MARQUES, 2005) e para o homem (CROSBY et al., 1962; MACHADO, 2003). Os colículos superiores e inferiores do Alouatta fusca são estruturas bem definidas e proporcionalmente grandes quando comparadas as demais estruturas. Achados semelhantes ao encontrados em outros primatas (TILNEY, 1928; WATANABE 1982; Hines, 1933 – citado por MARQUES, 2005; MARQUES, 2005) e no homem (CROSBY et al., 1962; MACHADO, 1993). Segundo Tilney (1928), o desenvolvimento destas estruturas deve-se a capacidade auditiva e visual destes animais. O nervo oculomotor do Alouatta fusca emerge da face medial na fossa interpeduncular, concordando com o que foi relatado por Christensen (1933 – citado por MARQUES, 2005) para Macaca mulatta, Reis (1975 - citado por 50 MARQUES, 2005) para Sagui, Watanabe (1982) e Marques (2005) em Cebus apella, e para humanos. A região do mesencéfalo de onde o nervo troclear emerge é divergente nas diferentes espécies de primatas levantados, sendo assim, observamos em Alouatta fusca que ele emerge caudalmente ao colículo inferior e próximo ao véu medular superior e possui um delgado calibre, o que corrobora com Marques (2005) em Cebus apella quanto a sua localização e calibre, enquanto que para Watanabe (1982) para esta mesma espécie esse nervo emerge imediatamente atrás do colículo inferior. Para Christensen (1933 – citado por MARQUES, 2005) esse nervo emerge do véu medular superior junto ao colículo inferior em Macaca mulatta. No homem, segundo Machado (1993), aparentemente este nervo tem origem no véu medular superior. O nervo trigêmio apresenta origem na terça parte do braço da ponte em Macaca mulatta (Hines, 1933 – citado por MARQUES, 2005) entre as margens cranial e caudal da mesma, semelhante à descrita em humanos, por Crosby et al. (1962), Carpenter (1978) e Machado (1993), em Cebus apella descrito por Marques (2005) e ao que foi observado em Alouatta fusca. Os giros e sulcos do telencéfalo do Alouatta fusca são menos profundos e demarcados do que os analisados pelas imagens do estudo de Pereira-de-Paula et al. (2010) em Cebus libidinosus, com exceção do sulco lateral, temporal e central que são bastante profundos. Pereira-de-Paula et al. (2010) consideraram o lobo frontal e occipital do C. Libidinosus como lisencefálos, e os lobos temporal e parietal como girencéfalos. Entretanto, em nosso estudo consideramos o telencéfalo do Aloautta fusca como giroencéfalo, corroborando com o estudo de Tilney (1928), com Alouatta seniculus. Porém observamos muitas diferenças na existencia e direção dos sulcos entre estes dois gêneros. No lobo frontal existe um sulco bem evidente, o sulco frontal principal que foi referido em alguns trabalhos como sulco vertical (PEREIRA-DE-PAULA et al., 2010). Em nosso trabalho nominamos de acordo com sua localização anatômica, classificando-o como sulco frontal principal ramo ântero-superior, ramo póstero- superior e ramo descendente. Diferimos do que foi descrito por Tilney (1928) em 51 Alouatta seniculus, pois os sulcos observados no lobo frontal destes primatas possuem direção e localização que não observamos no A. fusca. Como por exemplo, os sulcos que possuem quase a mesma localização dos acima nomeados, são pequenos e não se encontram. Sendo nomeados por este autor como sulco reto e sulco pré-central inferior. O sulco lateral nesta espécie é semelhante ao descrito por Swindler e Wood (1978 – citado por 2010) para babuínos e Pereira-de-Paula et al. (2010) para Cebus libidinosus quanto ao seu comprimento e por não se encontrar com nenhum sulco. Porém difere destes autores, quanto a sua função anatômica, visto que em A. fusca ele divide o lobo parietal do occipital e não o lobo parietal em duas porções, como em babuínos (Swindler e Wood,1978 – citado por PEREIRA- DE-PAULA et al., 2010) e Cebus libidinosus (PEREIRA-DE-PAULA et al., 2010). Diferindo assim grandemente do sulco lateral do homem (CROSBY et al., 1962; MACHADO, 1993) e do Aloautta seniculus (TILNEY, 1928), que além de apresentar todas as diferenças acima é muito mais curto que os relatados nos demais primatas. O cerebelo do Alouatta fusca apresenta um verme proeminente, com divisão dos lobos, o que corrobora com a maioria dos animais representantes na classe Mammalia, mas ainda dentro desta, pode ser mais evidente em carnívoros, pequenos ruminantes (Reis, 1975 – citado por MARQUES, 2005), e no Cebus apella (OLIVEIRA et al., 2007) ou menos em equínos, grandes ruminantes, suínos (GETTY, 1986) e no homem (MACHADO, 1993). Segundo Oliveira et al. (2007), a capacidade do Cebus apella em realizar movimentos complexos e delicados, usar objetos como ferramenta e assumir postura semi-ereta pode estar relacionada a maior lobulação do cerebelo. Porém esta lobulação também foi observada em nosso estudo em Alouatta fusca e este apenas assume posição bipedal em raros casos para captação de folhas para se alimentar nos períodos secos, sendo considerado quase que exclusivamente um quadrúpede arbóreo (YOULATOS, 1998). O cerebelo do Alouatta fusca é divido em três partes (anterior, posterior e floculonodular) assim como do Cebus apella (OLIVEIRA et al., 2007), do babuíno 52 (Papio sp.), do Chimpanzé (Pan sp) e do homem (SWINDLER e WOOD, 1982 – citado por OLIVEIRA et al., 2007), sendo enquadrando assim no padrão primitivo, os quais são divididos também em lóbulos por fissuras. Apresentando diferenças entre eles apenas na forma e tamanho. Morfologicamente estes primatas apresentam o cerebelo semelhante aos animais mais desenvolvidos (OLIVEIRA et al., 2007). A irrigação cerebral do Alouatta fusca é semelhante aos descritos para humanos por Machado (1993) e Crosby et al. (1962), porém não existe uma artéria comunicante anterior, o que também foi descrito para o cebus apella por Ferreira e Prada (2001). A utilização da RM em primatas tem crescido consideravelmente nos últimos anos, principalmente para descrições anatômicas e avaliações de simetria encefálicas in vivo. Sua maior qualidade para avaliações de tecidos moles e possibilidades de sequências fornecendo maior contraste das estruturas a serem avaliadas, com ou sem o uso de contraste, são as principais justificativas de seu emprego (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 2001; REDROBE, 2001). O equipamento de baixo campo utilizado em nosso estudo foi um fator limitante, não permitindo em algumas situações riqueza de detalhes na observação de estruturas muito pequenas ou muito próximas, como diferenciação dos núcleos da base. Contudo, a maioria das estruturas observadas e descritas nas peças anatômicas puderam ser visibilizadas e descritas nas imagens de ressonância magnética, quando estas não puderam ser perfeitamente delimitadas a região referente a elas foi indicada. As peças anatômicas seccionais auxiliaram na identificação de algumas estruturas, porém pela dificuldade em realizar as secções idênticas, sem desvio do eixo, a pareação das imagens ficou prejudicada. Além do que, uma das peças anatômicas apresentou lesões encefálicas devido a causa da morte (eletrocução). Entretanto, nenhum destes fatores prejudicou o objetivo dos cortes, que foi de ilustrar os achados imaginológicos com as peças anatômicas correspondentes. CONCLUSÕES 7 CONCLUSÕES O encéfalo do Alouatta fusca pode ser considerado como tendo um desenvolvimento intermediário, sendo mais desenvolvido que o de sagui e menos que o Cebus sp., ou outros primatas do velho mundo, que por sua vez são menos desenvolvidos que o homem. Os sulcos do telencéfalo são na maioria evidentes, porém não tão profundos como nos observados no Cebus libidinosus ou nos primatas do velho mundo. A superfície anterior e posterior do tronco encefálico possui a maioria das estruturas, sendo elas bem desenvolvidas e evidentes, semelhantes a do homem. O cerebelo é desenvolvido, apesar deste animal não possuir posição bipedal, ou seja, ser um quadrúpede arbóreo. As artérias da base do encéfalo possuem uma distribuição anatômica particular. Sendo assim como o Cebus apela, não possuem a artéria comunicante anterior. As sequências T1, T2 e Flair utilizadas foram suficientes e contribuíram para a descrição da anatomia seccional intra e extra-craniana do Alouatta fusca, porém algumas estruturas tiveram sua correta delimitação prejudicada, provavelmente pelo equipamento de baixo campo eletromagnético utilizado em nosso estudo, mas todas as estruturas anatômicas de relevância foram identificadas e nomeadas. BIBLIOGRAFIA 53 8 BIBLIOGRAFIA *Normas UNESP-FMZV AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis, 1995. 35p. BAGLEY, R.S.; MAYHEW, I.G. Exame c sistema nervoso. In: RADOSTITS, O.M.; MAYHEW, I.G.J.; HOUSTON, D.M. (Eds.). . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.384-420. BICCA-MARQUES, J.C.; SILVA, V.M.; GOMES, D.F. Ordem primates. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A.; LIMA, I.P. (Eds.). . Londrina: Eduel, 2006. p.102-148. CARPENTER, M.B. Neuroantomia humana. Rio de Janeiro: Intramericana, 1978. 700p. CHIARELLO, A.G.; GALETTI, M. 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