ANATOMIA RADICIAL DE Mormodes sinuata RCHB. F. & WARM. (CATASETINAE, CYMBIDIEAE: ORCHIDACEAE) Cristiano Pedroso de Moraes* Rafael Luiz Brescansin** Fernanda Cristina Merenciano*** Anna Lívia Paraluppi*** Thiago de Souza-Leal*** RESUMO: Devido à escassez de informações sobre a organização radicial de repre- sentantes da subtribo Catasetinae, o presente estudo teve por objetivo descrever a anatomia das raízes de Mormodes sinuata indicando adaptações relacionadas à obtenção de água e caracteres de interesse taxonômico. Cinco raízes de três plantas foram fixadas e preservadas em álcool 50%. Estas foram seccionadas a mão livre na região mediana com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com Safrablau 0,05% e montados em glicerina. Pode-se constatar que as raízes da espécie apresentam caracteres estruturais adaptados ao epifitismo, entretanto, al- gumas características anatômicas demonstram que a espécie necessita de regas mais frequentes ou ambientes com umidade constante, quando comparadas a outras Ca- tasetinae. As características anatômicas descritas para as raízes suportam resultados encontrados por autores que incluem a subtribo Catasetinae na tribo Cymbidieae. Ainda, os caracteres anatômicos apresentam uniformidade genérica, servindo como ferramenta para a sistemática do gênero. PALAVRAS-CHAVE: Adaptação; Cymbidieae; Epifitismo; Orquídeas; Raízes. ROOT ANATOMY OF Mormodes sinuata RCHB. F. & WARM. (CATASETINAE, CYMBIDIEAE: ORCHIDACEAE) ABSTRACT: Since there is a lack of information on the root organization of the sub- tribe Catasetinae, current research describes the anatomy of Mormodes sinuata roots and indicate adaptations related to water provision and other taxonomical traits. Five roots of three plants, cut at the median region with a blade, were fixed * Docente. Biologia Vegetal pela Fundação Hermíno Ometto – UNIARARAS; E-mail: pedroso@uniararas.br. ** Biólogo; Orquidólogo; Orquicultor; Estagiário em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. *** Discentes bolsistas de Iniciação Científica na Fundação Hermíno Ometto – UNIARARAS. 312 Anatomia radicial de mormodes sinuata rchb. f. & warm. (catasetinae, cymbidieae: orchidaceae) Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 and preserved in alcohol 5%. Cuts were stained by saffron blue 0.05% and mounted in glycerin. Although the roots have structural characteristics adapted to epiphytism, some anatomic characteristics demonstrate that the species requires more water- ing or wetter environments when compared with other types of Catasetinae. Root anatomic characteristics foreground results by authors who include the sub-tribe Catasetinae within the tribe Cymbidieae. Further, anatomic characteristics have a generic uniformity and are a tool for the genus´s systematics. KEY WORDS: Adaptation; Cymbidieae; Epiphytism; Orchids; Roots. INTRODUÇÃO A subtribo Catasetinae inclui diversos gêneros, sendo Mormodes um dos mais representativos, registrando vinte e quatro representantes para o Brasil, das oitenta espécies epífitas de amplo apelo comercial (DODSON, 1975; MICHEL OR- CHIDS, 2011), oriundas de florestas tropicais quentes, de baixa altitude, distribuídas da América Central ao Centro-Oeste brasileiro (DODSON, 1975). Mormodes é um gênero próximo à Catasetum, porém de menor porte. Apresenta crescimento simpodial, com pseudobulbos bem desenvolvidos, carnudos, oblongos e anelados, que promovem o armazenamento de água em períodos de estiagem. Suas folhas apresentam-se dísticas, estreitas, nervuradas e caducas depois de maduras (REICHENBACH, 1881; HOEHNE, 1938; DODSON, 1975). Um dos representantes mais importantes do gênero, Mormodes sinuata Rchb. f. & Warm., apresenta inflorescências produzidas de gemas de nós presentes nas laterais dos pseudobulbos, comum na base ou abaixo da metade destes órgãos. As flores são monoclinas de formatos intrigantes, cujo ginostêmio é retorcido para um dos lados, sendo muitas e vistosas, de cor vinho escuro ou rosadas (REICHENBA- CH, 1881). A sépala dorsal é arqueada sobre o ginostêmio e as laterais voltadas para trás. As pétalas, mais largas, são ainda mais arqueadas sobre o ginostêmio ou eretas. O labelo é trilobado, atenuado em espécie de unguículo na base, em regra, com os lobos fortemente arcados para trás, formando uma espécie de túnel, preso à base do ginostêmio, que não apresenta pé, nem asas. A coluna sempre é torcida para um dos lados, expondo o estigma, de modo que o agente polinizador, ao aterrissar sobre o 313Moraes, Brescansin, Merenciano, Paraluppi e Souza-Leal Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 labelo, terá de esbarrar na antera, recebendo imediatamente o retináculo em suas costas, ou se já vier carregando um polinário, polininizará a flor (REICHENBACH, 1881; HOEHNE, 1938). A espécie destaca-se ecologicamente por ocorrer, principalmente, nas copas de árvores amazônicas, de onde suas raízes, em geral carnosas, absorvem nutrientes (HOEHNE, 1938), e por apresentar alto valor comercial, sendo a planta adulta, con- tendo quatro pseudobulbos e já tendo florescido uma vez, vendida por US$ 24.00 (MICHEL ORCHIDS, 2011) e seus híbridos com representantes do gênero Cycno- ches por até US$ 70.00 (FLORALIA, 2011). Com relação ao sistema radicial, as espécies de Orchidaceae, em geral, dis- põem de raízes que se espalham pela superfície das árvores e absorvem a matéria orgânica disponível. Muitas vezes, as raízes são acompanhadas por fungos micor- rízicos, que se encarregam de facilitar a absorção de sais minerais pela planta. São delimitadas anatomicamente por uma epiderme multisseriada denominada velame (PRIDGEON, 1987; POREMBSKI; BARTHLOTT, 1988), que absorve e retém toda a água ambiental disponível, cedendo-a aos demais tecidos do corpo vegetal em períodos de estiagem (PRIDGEON, 1987; PEDROSO-DE-MORAES, 2000; MORAES; ALMEIDA, 2004). A presença de tal tecido, além de ser utilizado como importante caractere taxonômico (POREMBSKI; BARTHLOTT, 1988), permite que em ambientes muito úmidos, seja dispensada a constante irrigação de orquídeas, uma vez que o excesso de água gera apodrecimento dessas estruturas (PEDROSO-DE-MORAES, 2000). As- sim, o conhecimento das características anatômico-radiciais de uma espécie em par- ticular, pode auxiliar no desenvolvimento de eficientes técnicas de manejo, visando melhorar os aspectos fitotécnicos de plantas comercializadas, ao mesmo tempo em que reduz custos de produção relacionados ao uso da água. Como são escassas as informações sobre a organização radicial da subtribo Catasetinae, tanto do ponto de vista taxonômico quanto orquicultural, o presente estudo teve por objetivo descrever a organização anatômica de raízes de Mormodes sinuata Rchb.f. & Warm indicando possíveis adaptações relacionadas à obtenção de água nestes órgãos, e ressaltando caracteres anatômicos de interesse taxonômico. 314 Anatomia radicial de mormodes sinuata rchb. f. & warm. (catasetinae, cymbidieae: orchidaceae) Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 2 MATERIAL E MÉTODOS O material é proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas (telado tipo sombrite 70%, submetido à irrigação diária) do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas, Araras (SP) (VHO) e corresponde às seguintes especificações: Mormodes sinuata Rchb.f. & Warm (VHO: 26; 27; 29). Para avaliar a anatomia radicial, cinco raízes com comprimento médio de 8 ± 2cm de três plantas adultas (seis anos de cultivo) foram fixadas em FAA 50 e pre- servadas em álcool 50% ( JOHANSEN, 1940). Cada uma delas foi seccionada a mão livre na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes transversais foram submetidos a dupla coloração com Safrablau 0,05% (BUKATSH, 1972) e mon- tados em glicerina. Para a identificação do amido, utilizou-se a solução de Lugol (BÜ- CHERL, 1962); de lignina a coloração com floroglucina clorídrica ( JANSEN, 1962); dos lipídios com Sudan III ( JOHANSEN, 1940); e dos flavonoides com hidróxido de potássio (COSTA, 1982). Os aspectos mais importantes foram registrados com câmera digital, acoplada a microscópio Olympus (modelo BX51). 3 RESULTADOS Cortes transversais da região mediana das raízes de Mormodes sinuata Rchb.f. & Warm, evidenciam três regiões distintas: velame, córtex parenquimático e cilindro vascular (Figura 1A-D), que em conjunto, conferem externamente diâmetro radicular médio de 1,2cm para a espécie. O velame (Figura 1A) apresenta células poligonais e elípticas em secção transversal e é formado por onze camadas de células. A camada mais externa do velame, denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, e as camadas celulares subjacentes são constituídas por células maiores e alongadas radialmente (Figura 1A-B). O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, porta- doras de espessamentos parietais estreitos e espiralados (Figura 1B). O córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme, camada próxima ao velame, o córtex propriamente dito e a endoderme (Figura 1A-B). As células da 315Moraes, Brescansin, Merenciano, Paraluppi e Souza-Leal Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 exoderme são isodiamétricas e maiores que as demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessas exceto pelas periclinais externas, nas quais, testes histo- químicos com floroglucina clorídrica e Sudan III, revelaram a presença de lignina e suberina (Figura 1B). Figura 1. Cortes transversais realizados na porção mediana de raízes de Mormodes sinuata Rchb.f. & Warm. A) aspecto geral da epiderme e córtex; B) detalhe da exo- derme; C) cilindro vascular; D) endoderme e periciclo; E) espessamento parietal anastomosado das células do córtex; F) Idioblasto cortical contendo conjunto de cristais ráfides. en = endoderme; ex = exoderme; p = periciclo. Barras = A e C = 100 µm; B, D-F = 50 µm. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, relativamente desenvolvi- do, é constituído de 11-12 camadas de células parenquimáticas. Essas camadas são, em geral, formadas por células isodiamétricas, arredondadas e de tamanhos varia- dos, que delimitam pequenos espaços intercelulares e apresentam espessamentos 316 Anatomia radicial de mormodes sinuata rchb. f. & warm. (catasetinae, cymbidieae: orchidaceae) Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 anastomosados de parede (Figura 1A, 1E). Também são comuns idioblastos com cristais de oxalato de cálcio do tipo ráfides nessa região da raiz (Figura 1F). A endoderme é unisseriada e apresenta células isodiamétricas com espessa- mento nas paredes anticlinais e periclinais internas, exceto pelas células de passa- gem, com todas as paredes delgadas (Figura 1C-D). A raiz de Mormodes sinuata é poliarca e possui doze pólos de protoxilema. A medula é formada por células paren- quimáticas não lignificadas possuidoras de paredes delgadas (Figura 1C). 4 DISCUSSÃO O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias cama- das de células com paredes delgadas, limitado internamente pelo córtex. Estudos ontogenéticos em raízes de orquídeas comprovaram a origem do velame a partir de divisões periclinais das células da protoderme e definiram esse tecido como sendo formado por células mortas, portadoras de paredes com espessamentos secundários e preenchidas por ar quando não se encontram hidratadas (PRIDGEON, 1987). Além das Orchidaceae, o velame é também encontrado em outras mono- cotiledôneas como Araceae, Liliaceae, Dioscoreaceae, Taccaceae, Amarilidaceae e Commelinaceae (DAHLGREN; CLIFFORD; YEO, 1985). Segundo Pridgeon (1987), esse tecido protege o interior da raiz evitando seu aquecimento e a consequente perda de água, podendo também impedir o acúmulo excessivo desse elemento no órgão (GONZAGA; GONZAGA, 1996). A presença do velame está associada ao hábi- to epifítico (ENGARD, 1944; DYCUS; KNUDSON, 1957), mas pode também ocorrer em orquídeas terrestres (POREMBSKI; BARTHLOTT, 1988; STERN et al.; 1993a, b; KURZWEIL et al., 1995). Em algumas Catasetinae, esse tecido é bem desenvolvido, como, por exem- plo, em Mormodes tapoayensis, no qual o velame é formado por oito camadas (STERN; JUDD, 2001). O velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endo- velame, sendo que o epivelame tem a mesma origem das camadas mais profun- das deste tecido e suas células carecem de protoplastos na maturidade (SHUSHAN, 1959; SANFORD; ANDALAWO, 1973; NOEL, 1974). Como em outras Catasetinae, 317Moraes, Brescansin, Merenciano, Paraluppi e Souza-Leal Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 e particularmente para a maioria das espécies do gênero Mormodes, as células do epivelame são menores que as do endovelame, o que foi evidenciado na espécie estudada (STERN; JUDD, 2001). Nas raízes analisadas, pode-se constatar que a composição das paredes celu- lares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e su- berina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente, entre as espécies de orquídeas (NOEL, 1974; BENZING et al., 1983). Segundo Noel (1974), uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de or- quídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Catasetinae, pois não aparecem na espécie aqui estu- dada e nem em Catasetum barbatum, Catasetum fimbriatum, Catasetum gnomus, Catasertum viridiflavum e Clowesia amazonica (STERN; JUDD, 2001; PEDROSO- DE-MORAES et al., 2012). Na região cortical da raiz analisada, a uniestratificação da exoderme e a pre- sença de espessamento somente na parede tangencial externa confirmam o observa- do por Oliveira e Sajo (1999) para Catasetum fimbriatum e por Stern e Judd (2001) para outros representantes do gênero Mormodes. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas, da exoderme, protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do ve- lame para o tecido cortical (HABERLANDT, 1914). O número de camadas do velame, do córtex central e o de pólos de pro- toxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicial (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influen- ciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, consequentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas, como constatado por Fahn (1982), que observou que em ambientes caracterizados por es- cassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais é encontrado em espécies 318 Anatomia radicial de mormodes sinuata rchb. f. & warm. (catasetinae, cymbidieae: orchidaceae) Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Venkatraman e Thomas (1922) notaram diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáti- cas, que ocorre entre os polos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Segundo Rütter e Stern (1992) e Rosso (1996), provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de polos de protoxilema, sendo que raízes de maiores diâmetros, geralmente apresentam mais polos. Contudo, que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e em uma mesma raiz, em diferentes níveis. A presença de conjuntos de ráfides, em diferentes órgãos da planta, é fre- quente em Orchidaceae e em outras monocotiledôneas, como Liliaceae, Arecaceae e Commelinaceae (METCALFE, 1963). Idioblastos com ráfides formam-se a partir de células produzidas por divisões desiguais no meristema fundamental (SHUSHAN, 1959; CHIANG, 1970). A endoderme é unisseriada e suas células, isodiamétricas, apresentam es- pessamento em O, como na maioria das Catasetinae estudadas por Stern e Judd (2001). As raízes de orquídeas podem ser classificadas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de cama- das celulares do velame, tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex (POREMBSKI; BARTHLOTT, 1988). A raiz da Catasetinae aqui estudada corresponde ao tipo Cymbidium por possuir epivelame, exoderme com espessamento tangencial externo e mais de oito camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora os resul- tados de (CHASE et al., 2003), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cym- bidieae, formada por Maxillareae, Cymbidiinae, Eulophiinae, Bromheadiinae e Catasetinae. Ainda, as características anatômicas encontradas nas raízes corroboram 319Moraes, Brescansin, Merenciano, Paraluppi e Souza-Leal Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.6, n.2, p. 311-323, maio/ago. 2013 e suportam os resultados anatômicos encontrados por Stern e Judd et al. (2001) e ressaltados por Pridgeon et al. (2009). Além disso, os caracteres anatômicos anali- sados apresentam certa uniformidade genérica, o que pode servir como ferramenta para a sistemática dentro do gênero e subtribo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As raízes da espécie estudada apresentam caracteres estruturais que repre- sentam adaptações ao hábito epifítico, mesmo assim, a presença de onze camadas de velame e onze a doze camadas parenquimáticas no córtex, demonstra que tais plantas necessitam, em relação às demais Catasetinae, de regas mais frequentes ou ambientes com umidade constante, como o encontrado em seu habitat natural. REFERÊNCIAS BENZING, D. H.; FRIEDMAN, W. E.; PETERSON, G. et al. Shootlessness, velamen- tous roots, and the pre-eminence of Orchidaceae in the epiphytic biotope. Ameri- can Journal of Botany, v. 70, p.121-133, 1983. BÜCHERL, W. Técnica microscópica. São Paulo: Polígono, 1962. BUKATSH, F. Benerkemgem zeir doppelfarbeing astrablau-safranina. 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