UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" CAMPUS DE GUARATINGUETÁ CAIO HENRIQUE BATISTA DOS SANTOS Metodologia BIM e gestão de instalações e manutenção : um estudo de caso em projeto de sistema AVAC Guaratinguetá 2022 Caio Henrique Batista dos Santos Metodologia BIM e gestão de instalações e manutenção : um estudo de caso em projeto de sistema AVAC Trabalho de Graduação apresentado ao Conselho de Curso de Graduação em Engenharia Mecâ- nica da Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estatual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do di- ploma de Graduação em Engenharia Mecânica . Orientadora: Profª Drª. Raquel Regina Martini Paula Barros Coorientadora: Profª Drª. Márcia Regina de Freitas Guaratinguetá 2022 S237m Santos, Caio Henrique Batista dos Metodologia BIM e gestão de instalações e manutenção: um estudo de caso em projeto de sistema AVAC / Caio Henrique Batista dos Santos – Guaratinguetá, 2022. 80 f : il. Bibliografia: f. 79-80 Trabalho de Graduação em Engenharia Mecânica – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2022. Orientadora: Profª. Drª. Raquel Regina Martini Paula Barros Coorientadora: Profª Drª Márcia Regina de Freitas 1. Automação industrial Protocolos. 2. Segurança do trabalho. 3. Normas técnicas (Engenharia). I. Título. CDU 681.3:621.5 Luciana Máximo Bibliotecária CRB-8/3595 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" CAMPUS DE GUARATINGUETÁ CAIO HENRIQUE BATISTA DOS SANTOS ESTE TRABALHO DE GRADUAÇÃO FOI JULGADO ADEQUADO COMO PARTE DO REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE "GRADUANDO EM ENGENHARIA MECÂNICA " APROVADO EM SUA FORMA FINAL PELO CONSELHO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Profº Dr. CELSO EDUARDO TUNA Coordenador BANCA EXAMINADORA: Profª Drª. Raquel Regina Martini Paula Barros Orientadora/UNESP-FEG Profª Drª. Márcia Regina de Freitas Coorientadora/UNESP-FEG Profª Drª. Thais Santos Castro UNESP-FEG Fevereiro , 2022 DocuSign Envelope ID: A34B64F6-3450-42D9-93E0-96B0F0C4FBCC DADOS CURRICULARES CAIO HENRIQUE BATISTA DOS SANTOS DATA DE NASCIMENTO 22 de abril de 1991 - Botucatu / SP FILIAÇÃO Antonio Luiz Batista dos Santos Rosineide Lima Batista dos Santos 2014 / 2022 Engenharia Mecânica Universidade Estadual Paulista Dedico esse trabalho à todos os interessados no avanço do conhecimento e utilização da Metodologia BIM no Brasil. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Rosineide Lima Batista dos Santos e Antônio Luiz Batista dos Santos, pelos quais foi possível realizar meu sonho de graduar em Engenharia Mecânica. Agradeço aos meus amigos que fiz na Universidade e estiveram presentes no meu longo período distante de casa com dias alegres e amáveis. Agradeço aos colegas de trabalho que passei no período de estágio na Yellow Engenharia, e em especial Giovanni Gastaldi que cedeu a este trabalho o projeto de engenharia que utilizei no estudo de caso. Agradeço, finalmente à Raquel Regina Martini Paula Barros e Márcia Regina de Freitas, respectivamente minha orientadora e coorientadora neste Trabalho de Graduação, que me receberam e ajudaram com seriedade e positividade. Este trabalho contou com o apoio das seguintes entidades: UNESP - Universidade Estadual Paulista Yellow Consultoria e Engenharia “Nossas obras são eternas lembranças do que somos“ (Autor) RESUMO É imprescindível ao desempenho de um empreendimento de construção civil o conhecimento dos componentes da construção, incluindo os equipamentos instalados. Com informações disponíveis e gestão, pode ser assegurado o bom funcionamento dos equipamentos instalados. Avanços na gestão de instalações e manutenção tem sido proporcionados por softwares e metodologias de projeto. A Metodologia Building Information Modeling (BIM) proporciona uma série de oportunidades de melhoria para o ciclo de vida de um empreendimento, que vão desde a con- cepção do projeto de um empreendimento até a sua demolição, passando pelo comissionamento e gerenciamento da manutenção. Um modelo de projeto feito em BIM permite a inserção e extração de informações que podem auxiliar a gestão de manutenção e também a visualização do empreendimento por meio de uma maquete virtual. Este trabalho apresenta as possibilidades da Metodologia BIM no contexto da gestão de manutenção das instalações, utilizando um projeto feito em BIM de um sistema de Aquecimento , Ventilação e Ar-condicionado (AVAC) de um refeitório industrial como estudo de caso. O modelo BIM foi adaptado ao padrão COBie, o que permitiu a obtenção de planilhas organizadas que apresentam uma série de informações relevantes à gestão de instalações e manutenção, como, por exemplo, os modelos dos equipa- mentos, as datas de instalação, as datas de garantia, manuais técnicos, entre outras. Observou-se que a Metodologia BIM deu subsídios à gestão de instalações e manutenção com qualidade e organização da informação dos elementos presentes no projeto. PALAVRAS-CHAVE: Building Information Modeling. Modelo de Informação da Contrução. BIM. Gestão de Instalações e Manutenção. COBie. ABSTRACT Knowledge of construction components, including installed equipment, is essential for the performance of a civil construction project. With available information and management, the proper functioning of the installed equipment can be ensured. Advances in facilities and maintenance management have been provided by software and design methodologies. The Building Information Modeling (BIM) Methodology provides a series of opportunities for improvement for the life cycle of a project, ranging from the project design of a project to its demolition, through commissioning and maintenance management. . A project model made in BIM allows the insertion and extraction of information that can help the maintenance management and also the visualization of the enterprise through a virtual model. This work presents the possibilities of the BIM Methodology in the context of facility maintenance management, using a BIM project of a Heating, Ventilation and Air Conditioning (HVAC) system of an industrial refectory as a case study. The BIM model was adapted to the COBie standard, which made it possible to obtain organized spreadsheets that present a series of information relevant to the management of installations and maintenance, such as, for example, equipment models, installation dates, warranty dates , technical manuals, among others. It was observed that the BIM Methodology provided subsidies to the management of facilities and maintenance with quality and organization of the information of the elements present in the project. KEYWORDS: Building Information Modeling. BIM. Facilities Management. COBie. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Modelo de construção BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 2 Interface do Revit, um software BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 3 Plataforma que oferece objetos de construção BIM . . . . . . . . . . . . 20 Figura 4 Vida útil de projeto (VUP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 5 Níveis de desenvolvimento (LOD) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 6 Diferenças no nível de desenvolvimento: (a) LOD 200 e (b) LOD 300 ou 350 24 Figura 7 Paredes com diferentes propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Figura 8 Perspectivas de gestão da informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 9 Hierarquia das informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 10 Troca de informações entre atores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Figura 11 Legenda : troca de informações entre atores . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Figura 12 Divisão do trabalho na estratégia de federação . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 13 Disciplinas de engenharia do projeto em estudo de caso: (a) arquitetura; (b) civil concreto; (c) estrutura metálica; (d) hidrossanitário e drenagem; (e) HVAC (climatização); (f) elétrica e tubulação de gás . . . . . . . . . . 33 Figura 14 Hierarquia da gestão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 15 Organograma da estrutura de classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figura 16 Relacionamento das entidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 17 Base para a padronização da classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 18 Variação do código OMNICLASS conforme especificação do elemento . 43 Figura 19 Planilhas COBie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 20 Instruções da pasta de planilhas COBie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 21 Projeto de aquecimento, ventilação e ar-condicionado do refeitório . . . . 49 Figura 22 Modelo federado do estudo de caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Figura 23 Disciplina de AVAC do refeitório - Elemento UCM0035ET . . . . . . . . 51 Figura 24 Aba do Revit - BIM Interoperability Tools . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 25 Janela Classification Manager, selecionada a biblioteca pública OMNICLASS 52 Figura 26 Criação de espaços para o projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 27 Janela Zone Manager do plugin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 28 Janela Contact do plugin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 29 Janela Setup project, aba General . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 30 Janela Setup project, aba Spaces . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 31 Janela Setup Project, Parameter Mappings . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 32 Criação do parâmetro de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 33 Propriedades de instância criadas pelo plugin . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 34 Propriedades de tipo criadas pelo plugin . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 35 Propriedades de tipo, Classificação 2C - Produtos, da NBR 15965 - Parte 4 61 Figura 36 Exemplo de inserção de informações de instância para o equipamento RLS 630 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 37 Exemplo de inserção de informações de tipo para o equipamento RLS 630 63 Figura 38 Capa do manual do equipamento de modelo RLS 630 . . . . . . . . . . . 63 Figura 39 Informações do equipamento RLS 630 no manual . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 40 Inserção de informações do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 41 Planilha COBie: Contatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 42 Planilha COBie: Facilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Figura 43 Planilha COBie: Níveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 44 Planilha COBie: Espaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 45 Planilha COBie: Documentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 46 Planilha COBie: Tipos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 47 Planilha COBie: Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 48 Planilha COBie: Sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABDI Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AVAC Aquecimento, Ventilação e Ar-Condicionado BIM Building Information Modeling CAPEX Capital Expenditure COBie Construction-Operations Building information exchange HVAC Heating, Ventilating and Air Conditioning IFC Industry Foundation Classes LOD Level of Development OPEX Operational Expenditure VUP Vida Útil de Projeto SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.1 OBJETIVO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.1 GESTÃO DE INSTALAÇÕES E MANUTENÇÃO . . . . . . . . . . . . . . 17 3.2 METODOLOGIA BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3.2.1 Informações em um modelo BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.2.2 Ciclo de vida de um emprendimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.2.3 ABNT NBR 15575:2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.2.4 Criação de um modelo BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3.2.5 Revit: Um software BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.3 INTEROPERABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3.1 Padrão IFC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3.3.2 Plugin do Revit: BIM Interoperability Tools . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.4 NORMAS E PADRÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.4.1 ABNT NBR ISO 19650-1:2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.4.2 ABNT NBR 15965 e suas partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.4.2.1 Sistema de classificação OMNICLASS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.4.3 COBie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.4.3.1 Planilhas Cobie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5 ESTUDO DE CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 6 RESULTADOS: PLANILHAS DE TRABALHO COBIE . . . . . . . . . 65 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 8 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . 78 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 14 1 INTRODUÇÃO Os investimentos na fase de construção civil e manutenção de um empreendimento são sempre maiores do que os custos iniciais de elaboração dos projetos. Uma parte dos investimento destinados à construção como um todo se perdem pela má qualidade na forma com que as informações do projeto do empreendimento são entregues aos proprietários, seja pela perda de tempo reorganizando informações ou em erros gerados pela falta de clareza. Há também má utilização de informações ao longo do projeto que agregam valor ao empreedimento, nos documentos perdidos ou nas informações refeitas. Um dos desafios envolvendo o ciclo de vida do empreendimento é o de obter as informações rápidas e confiáveis, de forma a viabilizar as decisões da gestão de investimentos e despesas (Capital Expenditure e Operational Expenditure). Isso dá a possibilidade de prever tanto os investimentos necessários em orçamento, quanto os investimentos nas fases de Operação e Manutenção (ABDI, 2017c). Nesse caso são observadas oportunidades para a gestão de instalações e manutenção na qualidade das informações presentes no modelo BIM. A Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modeling - BIM) é um dos mais promissores desenvolvimentos na indústria relacionado à arquitetura, engenharia e construção (AEC). Com o BIM, um modelo virtual de uma edificação é construído digitalmente. Ele também incorpora as funções necessárias para modelar o ciclo de vida de uma edificação (EASTMAN et al., 2021). Uma forma de otimizar o ciclo de vida do empreendimento começando pelo desenvolvimento do projeto até a gestão de instalação e manutenção é unir os dados produzidos nesses períodos em um repositório de informações único e organizado, extraindo as informaçoes de modo a otimizar processos. Atualmente, com a utilização de softwares em todas as áreas profissionais é possível que as informações de um empreendimento não se percam ao longo do seu ciclo de vida, sejam elas, por exemplo: as especificações de um equipamento definido pela engenharia no desenvolvimento do projeto, o modelo e fabricante deste mesmo equipamento definido no processo de compra, o seu prazo de garantia, o número de série e a data de instalação obtidos no momento da instalação. Esses são só alguns exemplos de informações obtidas ao longo do ciclo 15 de vida de um empreendimento que podem ser agrupados em um só lugar, e isso é possível com a Metodologia Building Information Modeling (BIM) (KENSEK, 2018). Os softwares que trabalham com modelos BIM buscam soluções que permitam tanto melhorar a engenharia por trás do desenvolvimento do empreendimento quanto organizar todos os dados qualitativos e quantitativos do empreendimento na busca de melhorar a assertividade e otimizar os gastos do processo, principalmente nas fases posteriores ao desenvolvimento, como a gestão da manutenção. Uma tecnologia que conecta todo o ciclo de vida de um empreendimento, como a Metodologia BIM, pode otimizar os recursos gastos em investimento e garantir um melhor desempenho do empreendimento. 16 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Agregar informações a um modelo de informação da construção (modelo BIM) que sirvam de auxílio para gerentes de instalações e de manutenção, a partir da compreensão das oportunidades proporcionadas pela Metodologia BIM utilizando um estudo de caso de um empreendimento industrial. O estudo pretende demostrar a contribuição da metodologia para a gestão dos equipa- mentos e dos acessórios instalados, com a inserção de informações de interesse à manutenção e reparos das instalações presentes em empreendimentos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Revisão da literatura sobre a Metodologia BIM e sobre o gerenciamento de instalações e manutenção; • Análise do software Revit e do plugin BIM Interoperability Tools; • Estudo de um projeto de Aquecimento, Ventilação e Ar-condicionado (AVAC) de um refeitório industrial e das possibilidades permitidas pelos softwares; • Alteração do modelo em BIM com a inclusão de informações para a gestão das instalações conforme o padrão COBie; • Obtenção das planilhas COBie. 17 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 GESTÃO DE INSTALAÇÕES E MANUTENÇÃO A gestão das instalações e manutenção ocorre assim que o empreendimento é entregue aos proprietários ou gerentes do empreendimento. O seu objetivo é monitorar a durabilidade e o desempenho da construção ao longo do tempo, obter relatórios sobre o tempo de vida dos componentes da construção, acessórios, mobiliário e equipamentos, dar insumos à manutenção preventiva e, ainda, gerar listas dos equipamentos, especificações das peças e acessórios e suas garantias. Também é do interesse dessa gestão aumentar a rapidez na busca da documentação dos componentes da instalação (KENSEK, 2018). Os serviços de operações do edifício, ou também chamados de “serviços de facilidades”, se destinam à conservação dos espaços e dos equipamentos. Fazem parte desses serviços a manutenção preventiva e reparações pequenas (GAMA, 2013). A manutenção preventiva tem por objetivos a redução de custos, a qualidade do produto, a preservação do meio ambiente, o aumento da vida útil dos equipamentos e a redução dos acidentes de trabalho (MORO, 2007). Há também os serviços de engenharia de manutenção feitos por profissionais especializados em manutenção técnica das instalações. Esses profissionais realizam também os projetos técnicos de melhorias para manutenção (GAMA, 2013). Um modelo BIM também pode auxiliar os profissionais de manutenção por meio da visu- alização em 3D dos componentes de construção. Essa maquete virtual possibilita observar as dimensões e detalhes do empreendimento e, dessa forma, esses profissionais podem planejar a execução de uma tarefa de manutenção ou instalação antes mesmo de estarem presentes no empreedimento (KENSEK, 2018). Por exemplo, podem haver equipamentos em locais altos, assim, mesmo antes de estar no local da manutenção, o profissional já saberá que há a necessidade de escadas ou andaimes para acesso, evitando assim que se perca tempo se deslocando ao local e aumentando a assertividade do serviço como um todo. Modelos 3D baseados em componentes podem agregar valor às funções de gestão de facili- dades por oferecerem na fase inicial de entrada as informações de instalação. A Guarda Costeira 18 dos Estados Unidos registou uma redução de 98 por cento do tempo e esforço na produção e acesso a base de dados de gerenciamento do empreendimento com uso de um modelo de projeto BIM (EASTMAN et al., 2021). A Metodologia BIM fornece soluções ao longo de todo ciclo de vida do empreendimento, comumente separadas em "dimensões"sendo a 3D para modelagem paramétrica, 4D para o planejamento, 5D para a orçamentação, 6D para sustentabilidade e 7D para gestão e manutenção (BIBLUS, 2019). A solução proporcionada pela dimensão costumeiramente chamada de 7D será realizada ao longo do trabalho e tem por objetivo auxiliar as atividades de manutenção (facilities management) pelos dados existentes em um modelo de projeto feito em BIM. Essas informações são adicionadas ao modelo ao longo do ciclo de vida do empreendimento (TEIXEIRA, 2020). 3.2 METODOLOGIA BIM O Building Information Modeling (BIM) ou Modelo de Informação da Construção é um conjunto de ações no desenvolvimento e gerenciamento de um empreendimento que tem como característica a utilização de objetos digitais parametrizados por meio de um modelo de infor- mações de construção (Figura 1). Ele é um modelo geométrico tridimensional rico em dados digitais (KENSEK, 2018). O modelo BIM é uma espécie de protótipo digital do que será o empreendimento real. Com um modelo BIM criam-se diversas possibilidades de soluções ao longo do desenvolvimento do empreendimento, entre elas facilidades no detalhamento das plantas do projeto, elaboração de cronogramas, listas de materiais e visualizações em tela da evolução da construção, e as informações que auxiliam a fase de manutenção sobre os equipa- mentos instalados no empreendimento, entre outras. Um dos softwares mais conhecidos para o desenvolvimento de um projeto em BIM é o Revit, desenvolvido pela Autodesk (Figura 2). 19 Figura 1 – Modelo de construção BIM Fonte: ABNT (2011) Figura 2 – Interface do Revit, um software BIM Fonte: Autodesk (2021) A utilização dessa metodologia está cada dia mais comum no mercado, impulsionada, seja pela busca por inovação em projetos pelas empresas de engenharia, ou na ampliação das oportuni- dades oferecidas para os proprietários do empreendimento, ou, ainda, a adequação, iminente, das exigências governamentais solicitadas no Decreto 10.306/2020, de 02 de abril de 2020 (BRASIL, 2020), estas motivadas pela economia nas compras públicas e maior transparência aos processos licitatórios. A partir do Decreto, entram em vigor as ações estratégicas de disseminação do BIM pelo governo. Serão disponibilizadas informações de empreendimentos, programas e iniciativas 20 Figura 3 – Plataforma que oferece objetos de construção BIM Fonte: BIMObject (2021) para que haja motivação aos órgãos públicos começarem a implementar o BIM. O setor privado também busca as oportunidades da metodologia BIM em investimentos para novos empreendimentos ou na elaboração de objetos paramétricos, compatíveis com softwares BIM, dos seus produtos. Existem sites onde é possível baixar modelos de objetos comerciais de fabricantes que já os modelaram para uso no desenvolvimento de projetos BIM, estimulando os projetistas a escolherem seus produtos (Figura 3). 3.2.1 Informações em um modelo BIM É de senso comum que a qualidade na informação garante uma boa gestão. Sendo assim, a metodologia BIM busca, por meio de normativas e expertises no desenvolvimento de projetos, formas de criar, compartilhar ou gerir informações para que o empreendimento possa atender aos objetivos de todos os atores envolvidos (ABNT, 2018b). Para entendermos como a Metodologia BIM se aplica a essas situações precisamos entender, resumidamente, o que é o chamado ciclo de vida suas relações com a fase de desenvolvimento e gestão do ciclo de vida empreendimento. 21 3.2.2 Ciclo de vida de um emprendimento Segundo a ISO 19650-1:2018 (ABNT 2018b, pg. 13), ciclo de vida significa “a vida útil de um ativo desde a definição de seus requisitos construção e desenvolvimento, operação, manutenção e seu descomissionamento.” Assim, nessa sequência, podemos considerar didaticamente todas as etapas do empreendimento. Por definição, o BIM é aplicável a todo o ciclo de vida, desde a concepção e a conceituação de uma ideia de edificação ou instalação ou da constatação da necessidade de construir algo, passando pelo desenvolvimento do projeto e a construção; até após a obra pronta, entregue e ocupada (ABDI, 2017b). Um dos objetivos deste trabalho será conhecer as necessidades entre os atores envolvidos durante o ciclo de vida do empreendimento, limitando-se àquelas intrínsecas à fase de gerencia- mento das instalações e a manutenção do empreendimento e, com isso, realizar a execução de métodos que garantam a qualidade das informações que estariam situados, por definição, na fase de desenvolvimento do modelo. Após isso, observar como os metodos irão gerar os subsídios dos quais a gestão de manutenção (facility management) poderá, teoricamente, se utilizar. 3.2.3 ABNT NBR 15575:2021 No contexto da manutenção e a durabilidade do empreendimento deve ser atendida a NBR15575 - Requisitos de desempenho de edificações habitacionais e suas referências (ABNT, 2021a). Conforme a norma, o empreendimento deverá atender a requisitos de durabilidade e manutenibilidade, definidos pelos projetistas e construtores, que serão responsáveis por definir os valores de vida útil do projeto, incluindo seu o valor teórico de tempo útil mais as estimativas favoráveis e desfavoráveis levando em consideração a manutenção, limpeza, a situação do ambi- ente e uso correto dos equipamentos e componentes estruturais. O prazo de garantia da solidez e segurança das edificações é fixado por lei. A vida útil de projeto é um valor temporal fixado para cada sistema do empreendimento (Figura 4). Portanto, os valores de vida útil recomendados para cada sistema dependem da expertise do projetista em avaliar tanto a durabilidade e manutenibilidade da composição dos elementos de construção e compor um valor temporal global economicamente aceitável (ABNT, 2021a). Este trabalho não pretende estimar a vida útil de projeto pois, conforme indica a norma, ela é 22 um valor dado ao sistema, e, portanto, depende tanto do êxito em encontrar as informações de todos os elementos que compõem cada sistema quanto da expertise do projetista ou construtor em compilar todas as situações de manutenção, degradação, ambientais, etc., em um valor de tempo de vida. Sendo assim, não é do interesse deste trabalho se especializar nessa avaliação, mas sim entender a tecnologia BIM dentro da sua capacidade em entregar a informação unitária de cada um dos elementos, relativas às informações de datas de compra, datas de garantia especificadas pelo fabricante e limitando essa tarefa de incluir as informações ao modelo para um número máximo de elementos ao qual seja possível retirar conclusões dentro do tempo hábil disponível para realização do trabalho. Figura 4 – Vida útil de projeto (VUP) Fonte: ABNT (2013, p.32) 3.2.4 Criação de um modelo BIM A Metodologia BIM tem suas formas particulares de desenvolvimento de projetos de enge- nharia. No desenvolvimento de projetos em softwares BIM trabalham projetistas de diversas disciplinas como arquitetura, civil, elétrica, tubulações, estrutura metálica, entre outros (AUTO- DESK, 2021). Eles podem também desenvolver suas disciplinas em diferentes softwares, desde que estes sejam compatíveis com os padrões de arquivos que garantam o desenvolvimento do modelo em um único arquivo, ou que as disciplinas sejam agrupadas em um modelo, uma a uma, ou em tempo real, conforme são modeladas. 23 Um coordenador pode ser o responsável por agregar todas as disciplinas projetadas em apenas um projeto final. Essa forma de agrupar as disciplinas é conhecida como estratégia de federação. O modelo completo com todas disciplinas dá-se o nome de modelo federado (ABNT, 2018b). São exemplos de modelos com conjuntos de disciplinas: projetos arquitetônicos, projetos estruturais, projetos Mechanical, Eletrical, Pumbilng and Piping (MEP), e de construção. Cada modelo possui suas particularidades acerca dos objetos digitais, informações e desenhos detalhados. Por exemplo, um projeto MEP compõe os projetos das disciplinas de mecânica, elétrica, encanamento, segurança e incêndio. No projeto arquitetônico constará um modelo inicial, análises e estudos visuais (KENSEK, 2018). Os modelos são adequados em termos de grau de especificação, detalhamento dos desenhos, fases de desenvolvimento do empreendimento, e as validações do cliente e da prefeitura (ABNT, 2018b). O modelo federado também faz referência ao modelo comum de dados (ADC), que, dentro da estratégia intitulada “estratégia de federação”, é definida pela gestão da informação, explicado no Seção 3.4.1 desse trabalho (ABNT, 2018b). Um projeto feito em uma disciplina específica, num software compatível com o BIM, utilizará elementos de construção parametrizados da sua disciplina que se comunicarão entre si através das suas famílias e classes, fato que pode ser observado na utilização do software Revit, sendo que este assunto será abordado na Seção 3.2.5. O fato de um projeto ser desenvolvido com objetos virtuais parametrizados e incluir infor- mações adicionais torna possível um gerenciamento otimizado, obtendo diversas oportunidades de soluções ao longo de todo ciclo de vida do empreendimento. É recomendado que o de- senvolvimento do prjeto em BIM seja feito segundo a gestão da informação BIM. (ABNT, 2018b). O conceito de níveis de desenvolvimento, ou LOD, representa o nível de confiabilidade atingido pelo modelo, ou seja, o grau de evolução da solução em termos de tecnologia e engenharia especificada e modelada e pode ser visto nas Figuras 5 e 6 (ABDI, 2017a). O conceito de classificação dos elementos segue uma norma para as nomenclaturas e parâme- tros, que estão agrupados em tabelas feitos por uma comissão especializada, assunto abordado no Capítulo 4.4.2 (ABNT, 2011). 24 Figura 5 – Níveis de desenvolvimento (LOD) Fonte: Guia 1, ABDI (2017a, p.26) Figura 6 – Diferenças no nível de desenvolvimento: (a) LOD 200 e (b) LOD 300 ou 350 (a) (b) Fonte: Guia 1, ABDI (2017a, p.82) Neste trabalho foi utilizada a expressão “inserções de informações” que deve ser entendida como a tarefa de inserir informações tanto no modelo quanto na tabela COBie, as quais serão usadas para documentações ou comunicação e como base para tomada de decisão e as operações. A expressão “inserção de informações” poderá ser utilizada na atividade de inserir, em tabelas ou no modelo, as datas de compra de equipamentos, ou a data de garantia de equipamentos, permitindo o planejamento das operações de manutenção. Essas tarefas tem relação com o aumento do nível de desenvolvimento LOD. Esses conceitos estarão associados à evolução global da qualidade de informações do modelo (ABDI, 2017a). Também é necessário entender que a grande maioria dos objetos de construção em um software BIM já estão modelados e parametrizados para facilitar a criação do modelo. Muitos dos objetos essenciais da obra, como paredes, pisos, tubulações já estão na biblioteca de softwares BIM, como o Revit. Também é possível baixar os elementos de contrução em sites que oferecem os elementos BIM em padrões comerciais já corretamente modelados. Um nível de modelamento de elevado grau de detalhamento depende da disponibilidade desses objetos já modelados ou 25 então do conhecimento do projetista em modelá-los no software, sendo esta segunda opção normalmente evitada. É preferível procurar o objeto em um site e fazer o download porque o modelamento do objeto é demorado, incluindo parametrizações e uma série de informações básicas, como nomenclatura, classe, códigos de classificação, entre outros. Para que seja possível a tomada de decisões durante o ciclo de vida do empreendimento é necessário que, por meio de uma organização e gestão das informações, tanto a equipe que desenvolve o projeto esteja alinhada aos objetivos a serem alcançados quanto as próprias infor- mações sejam inseridas de forma inteligente, de modo que possam ser extraídas, compartilhadas ou alteradas. Faz parte do esforço da gestão da informação garantir que a tarefa de classificar os objetos do modelo seja atribuída às pessoas competentes, as quais à executarão de forma inteligível e padronizada. A importância dessas questões são tratadas na NBR ISO 19650-1:2018 (ABNT, 2018b) e NBR ISO 19650-2:2018 (ABNT, 2018c). A qualidade da informação produz diversas oportunidades para tomadas de decisão, por exemplo, na especificação de um equipamento pode-se incluir no modelo suas informações de montagem, o que facilitará a execução da obra. É possível incluir informações sobre o modelo do equipamento, facilitando a assertividade na sua compra quando for necessária uma reposição; a inclusão da sua data de compra e data de garantia poderá facilitar as tarefas de manutenção, e assim por diante. A maneira como essas informações são transmitidas entre os gestores do empreendimento pode ser feita de diversas formas, tanto por aplicativos ou planilhas (como será o caso deste trabalho). Contudo isso só é possível especificando de forma clara e correta os objetos e equipamentos do modelo e ademais, garantindo a interoperabilidade entre softwares, para que os dados possam ser lidos e utilizados por diferentes atores envolvidos (ABDI, 2017a). 3.2.5 Revit: Um software BIM O Revit é um software para o BIM que traz as disciplinas de arquitetura, engenharia e construção para um ambiente de modelagem unificado (AUTODESK, 2021). Nele, os arquitetos não produzem vistas em 2D, eles projetam o empreendimento em 3D. O nome Revit veio de “revise instantly”, revise instantaneamente, isso porque a alteração ou inserção de um objeto se propaga automaticamente aos objetos vizinhos e nas plantas do projeto, dessa forma reduzindo o 26 tempo de elaboração do projeto (NETTO, 2020). Todos os elementos do Revit pertencem a alguma família e essas famílias pertencem a categorias. Fazem parte das categorias elementos construtivos como janelas, portas, paredes etc. Dessa forma os elementos podem ter seus comportamentos controlados (NETTO, 2020). As “propriedades de um elemento” são a forma com que eles interagem com outros elementos, sua posição correta em relação à outros elementos automaticamente definida, capacidade de se transformar automaticamente quando uma dimensão é alterada (NETTO, 2020). Pode ser observado na utilização do software Revit que uma alteração de um elemento produz alterações nos elementos vizinhos. As especificações de engenharia no caso de um elemento de parede, podem ter descritas as suas camadas de tijolo, massa, pintura. E cada uma delas com sua espessura e textura de cor (Figura 7), podendo ser visualizada dentro do software Revit. A expressão "propriedades do elemento", neste trabalho, também significa as informações textuais incluídas à ele, que podem ser as informações para gestão de instalações e manutenção. Os elementos parametrizados também podem aparecer de variadas formas dentro do desenho de planta, com espessuras de linha de desenho diferentes, ou omitidos das vistas aos quais não há necessidade em aparecer. No caso dos elementos de parede, por exemplo, há relação paramétrica com os níveis dos pisos definidos do modelo. Todas essas coisas significam as propriedades de um elemento (NETTO, 2020). 27 Figura 7 – Paredes com diferentes propriedades Fonte: BIMBlaster (2021) 3.3 INTEROPERABILIDADE A interoperabilidade está associada à possibilidade dos dados digitais poderem ser transmiti- dos entre diferentes softwares de diferentes empresas (KENSEK, 2018). Os dados digitais de um modelo BIM podem ser tanto os modelos do projeto em suas formas tridimensionais, quanto as informações continas nesses modelos, sejam elas textuais, numéricas, imagens, propriedades, etc. O Revit possui maneiras de importar diversos tipos de arquivo, sejam eles dos tipos: desenho 2D, planilhas, objetos BIM. A exportação de arquivos do Revit também inclui diversos formatos possíveis como, por exemplo, o DWG, muito comum para visualizações em 2D, o FBX, para intercâmbio de modelos 3D, e a geração de planilhas com informações que foram incluídas no modelo (NETTO, 2020). 28 Os softwares certificados pelo padrão IFC (Industry Foundation Classes) podem abrir mode- los BIM (KENSEK, 2018). O sucesso da interoperabilidade não está somente em conseguir abrir modelos ou informações em softwares diferentes, ela também depende da qualidade com que essas informações estão relacionadas, exibidas e organizadas, como pode ser observada nas planilhas obtidas no estudo de caso. Como apresentado no estudo de caso, o plugin BIM Interoperability Tools, desenvolvido pela empresa Autodesk para o software Revit, permite que os dados relevantes para a gestão de instalações e manutenção fossem inseridos a um modelo de forma prática. A interoperabilidade obtida pelo uso desse plugin foi tanto aumentar a qualidade das informações do projeto de estudo de caso, definir relações entre elas e organizar, de forma padronizada, as informações em formato de planilhas. No contexto do trabalho, um tipo importante de padrão de informações para a gestão das instalações, manutenção e ativos é o Construction-Operations Building information exchange (COBie). O plugin BIM Interoperability Tools se baseia nesse padrão. 3.3.1 Padrão IFC O IFC é uma especificação de dados padrão aberto (livre acesso), baseada em objetos, neutro em relação ao fornecedor, de código-fonte aberto e livremente disponível para o público e desenvolvedores de software, e é um tipo de arquiterura de códigos para modelos BIM. Há um grande interesse em manter um padrão de leitura de arquivos BIM pois dessa forma é possível garantir a interoperabilidade entre diferentes softwares, o que possibilita um fluxo de dados dos elementos da construção e suas propriedades. Segundo Kensek (KENSEK, 2018), há centenas de softwares que utilizam informações da construção baseados no padrão IFC. O desenvolvimento do modelo do refeitório que será utilizado nesse trabalho, foi feito por projetistas que se utilizaram de diferentes softwares de empresas diferentes, por exemplo, o software Tekla para as estruturas metálicas, o Navisworks para a análise de interferências entre as disciplinas, o Revit para a arquitetura, entre outros. As disciplinas de projeto foram agrupadas em um único modelo no Revit por terem sido desenvolvidas em softwares que são certificados pelo padrão IFC. Um modelo IFC contém em 29 si: semântica, relacionamentos e propriedades. Ele codifica uma geometria como dados sobre objetos. 3.3.2 Plugin do Revit: BIM Interoperability Tools A Autodesk disponibiliza um plugin chamado de BIM Interoperability Tools que auxilia a criação de dados e propriedades para os elementos de projeto do modelo BIM segundo os critérios do padrão COBie para gestão de instalações, manutenção (facilities management) e ativos. Quando utilizado dentro do Revit, esse plugin permite a inserção das informações para gestão de operações pela criação de campos de propriedades nos elementos. Pelo plugin é possível também criar as planilhas COBie. Adiante, no estudo de caso (Capítulo 5), essas planilhas podem ser visualizadas com mais detalhes. 3.4 NORMAS E PADRÕES As trocas de informações entre os envolvidos no projeto é questão essencial para a otimização do ciclo de vida do empreendimento. Definir padrões organizados, que facilitem a gestão das informações acerca das responsabilidades dos grupos de trabalho e contratantes permite garantir a qualidade e assertividade das informações no modelo BIM do projeto, conforme o que é necessário para os envolvidos no empreendimento. O modo de executar essas tarefas estão definidas nas normas técnicas que estão a seguir. 3.4.1 ABNT NBR ISO 19650-1:2018 Os conceitos e termos utilizados nesse trabalho tem como referência a ABNT NBR ISO 19650-1:2018 - Organização e digitalização da informação acerca de ativos construídos, incluindo a modelagem da informação da construção (ABNT, 2018b). Em suas duas partes, a norma oferece suporte ao gerenciamento e produção da informação durante o ciclo de vida do empreendimento na metodologia BIM. Na primeira parte dessa norma é apresentado o conceito da estrutura de gestão da informação e organização do ambiente de trabalho, analisando a perspectiva de cada ator envolvido (Figura 8). A informação de ativos imobiliários, projetos e o trabalho colaborativo, segundo a norma, 30 são condensadas em dois modelos de informação, o Modelo de Informação de Ativo (MIA) e o Modelo de Informação de Projeto (MEP). Considerados como repositórios de informações para tomada de decisões ao longo do ciclo de vida. Esses modelos de informação devem incluir as informações que sustentarão os objetivos esperados pelos proprietários e gestores do ativo (ABNT, 2018b). São exemplos de objetivos comuns entre a norma e o contexto desse trabalho de graduação: apoio a operações (informações necessárias à operação normal do ativo, permitindo uma previsão de custos de operação); apoio à manutenção e reparos (recomendações de manutenção, incluindo preventiva); apoio à substituição (referências e expectativas de troca de equipamentos e os custos envolvidos). A norma apresenta a hierarquia das informações com o caminho que as informações percor- rem entre fases definidas, como mostra a Figura 9. Figura 8 – Perspectivas de gestão da informação Fonte: ABNT (2018b, p.19) 31 Figura 9 – Hierarquia das informações Fonte: ABNT (2018b, p.22) Como especificado pela norma, os requisitos de informações serão: • Requisitos de Informação da Organização (RIO): informações para tomadas de decisões; • Requisitos de Informação de Projeto (RIP): informações para decisões operacionais. • Requisitos de Informação do Ativo (RIA): informações de aspectos comerciais, gerenciais e técnicos; • Requisitos de Troca da Informação (RTI): detalhamento dos aspectos para produção e informação de projeto. O organograma de entrega dos projetos e a comunicação e definição de requisitos das informações entre os gestores de projeto, de construção e do ativo são detalhadas nas Figuras 10 e 11. 32 Figura 10 – Troca de informações entre atores Fonte: ABNT (2018b, p.32) Figura 11 – Legenda : troca de informações entre atores Fonte: ABNT (2018b, p.32) O gestor de informação de projeto faz a definição de padrões de informação e escolhe o Ambiente Comum de Dados (ADC). O ADC permite um fluxo comum de dados, que faz parte da estratégia de federação (Figura 12), na qual uma ou mais divisões de trabalho atuam desenvolvendo os pacotes de dados digitais (ABNT, 2018b). O projeto do refeitório industrial do estudo de caso analisado foi desenvolvido pela estratégia de federação. Esse projeto (YELLOW, 2021), fornecido pela Yellow Engenharia, é um modelo federado. O projeto do refeitório feito na estratégia de federação possui as disciplinas de 33 engenharia agrupadas num modelo único (Figura 13). Figura 12 – Divisão do trabalho na estratégia de federação Fonte: ABNT (2018b, p.53) Figura 13 – Disciplinas de engenharia do projeto em estudo de caso: (a) arquitetura; (b) civil concreto; (c) estrutura metálica; (d) hidrossanitário e drenagem; (e) HVAC (climati- zação); (f) elétrica e tubulação de gás Fonte: YELLOW (2021) 34 Em termos da organização empresarial é definido por norma que a gestão da informação é englobada pela gestão do empreendimento na ISO 55000:2014 (ABNT, 2014) e ISO 21500:2012 (ABNT, 2012b) que é englobada pela gestão da organização na ISO 9001 (ABNT, 2015), como mostra a Figura 14. Figura 14 – Hierarquia da gestão Fonte: ABNT (2018b, p.26) 35 Contudo, os requisitos pertinentes a esse trabalho se limitarão à produção de informações que servem de base para o MIA e MIP. As questões gerenciais são referentes às estratégias de fluxo de trabalho do time. Como a tarefa desse trabalho fará parte do desenvolvimento do modelo, não foram encontrados técnicas ou subsídios nessas normas. Porém, como visto anteriormente, a gestão da informação é assunto de grande importância para que o fluxo de trabalho produza os resultados esperados nas perspectivas dos contratados e do contratante, logo, essa seção permite uma análise do contexto de desenvolvimento do projeto e requisitos de informação necessários. A análise sobre a qualidade ou a quantidade das informações já presentes no projeto de estudo de caso, anteriores a aplicação da metodologia deste trabalho, encontram as justificativas na forma organizacional em que o projeto foi desenvolvido. A falta das informações identificadas ao longo do estudo de caso indicam uma evidente falta da gestão de informações BIM implementada ao fluxo de trabalho de desenvolvimento do projeto do refeitório. A gestão da informação BIM se mostra essencial para sejam atendidas as exigências de informação necessárias ao modelo BIM, para a fase de gestão de instalações e manutenção desse empreendimento. A segunda parte, a NBR ISO 19650-2:2018 (ABNT, 2018c) define os processos envolvendo as informações e as lista em uma sequência de atividades. 3.4.2 ABNT NBR 15965 e suas partes O universo da construção é muito amplo, com uma enorme variedade de dados, entre eles: atores, materiais, componentes e localizações. Para descre- ver individualmente um espaço a ser construído, é necessário um gigantesco volume de informações que podem ser trocadas, às vezes, entre milhares de participantes, através de dezenas de sistemas de comunicação e aplicativos de projeto ou gerenciamento (ABDI, 2017a, p.12). As partes da ABNT NBR15965, que definem o sistema de classificação da informação da construção BIM, foram adaptadas ao Brasil com base na ANBT NBR ISO 12006-2 (ABNT, 2018a). As sete partes dessa norma possuem treze tabelas de classificação. A tecnologia de Modelagem da Informação da Contrução necessita de um sistema norma- lizado de classificação pelo, qual os projetos de empreendimentos na indústria brasileira de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) possam se basear (ABNT, 2011). 36 Segundo a ABNT NBR 15965-1:2011 (ABNT, 2011) o sistema de classificação tem por objetivo: • Terminologias e parâmetros unificados e aplicados por todos envolvidos na indústria da construção civil; • Ampliação da cooperação e comunicação entre os agentes da cadeia produtiva da constru- ção civil; • Facilitação da interoperabilidade entre diversos sistemas de dados utilizados pela indústria da contrução civil • Aumento da produtividade e qualidade e serviços listados pelo novo sistema; • Maior facilidade na gestão e operação logistica da contrução. As tabelas agrupam de forma lógica os objetos e conceitos similares e servem de referência para especificações e orçamentos, por isso, são analisadas e elaboradas por uma comissão que define o padrão normativo das nomenclaturas (ABDI, 2017b). Elas possuem um organograma, como mostrado na Figura 15. 37 Figura 15 – Organograma da estrutura de classificação Fonte: Guia 2, ABDI (2017b, p.11) São ao todo, definidas pela comissão da ABNT, treze tabelas de classificação, reunidas em sete partes da ABNT NBR 15965: • Parte 1: Terminologia e classificação, publicada em 2011; • Parte 2: Características dos objetos da construção (Tabelas 0M - Materiais e 0P-Propriedades), publicada em 2012; • Parte 3: Processos da construção (Tabelas 1F – Fases, 1S – Serviços e 1D – Disciplina), publicada em 2014; • Parte 4: Recursos da construção (Tabelas 2N – Funções organizacionais, 2Q – Equipamen- tos e 2C – Componentes), publicada em 2021; 38 • Parte 5: Resultados da construção (Tabelas 3E – Elementos e 3R – Resultados da Constru- ção), ainda não publicada; • Parte 6: Unidades da construção (Tabelas 4U – Unidades e 4A – Espaços), ainda não publicada; • Parte 7: Informação da construção (Tabela 5I – Informação), publicada em 2015; Uma classificação com base na NBR15965, é necessária porque o ramo da construção civil abrange um enorme número de elementos de projeto, pessoas e variáveis, como os nomes de funções de cargos, os nomes de materiais, e os de componentes e equipamentos (ABDI, 2017b). A falta de terminologias e parâmetros no universo da construção civil podem resultar em perda de tempo e assertividade nos processos. Por exemplo, nas situações observadas ao longo do estudo de caso em que as nomenclaturas técnicas de equipamentos estavam faltando, foi necessário tempo para serem encontradas. As diferenças regionais ou setoriais tornam a tarefa de interpretar as informações mais difícil, por exemplo, nomes referentes à tijolos, ladrilhos, azulejos, bacias podem ter diferentes nomenclaturas em determinadas regiões do país, ou para diferentes atores envolvidos (ABDI, 2017b). A classificação se aplica diretamente ao BIM para que seja possível a interoperabilidade entre os softwares BIM e os de gestão. Os objetos BIM também devem ser classificados para estarem adequados ao padrão IFC, a fim de que suas propriedades sejam estabelecidas. Alguns dos elementos presentes no projeto de estudo de caso deste trabalho não estavam devidamente classificados, sendo necessário, portanto, que uma das tarefas desse trabalho tenha sido classificar os elementos do modelo a fim de adequá-lo às recomendações de informação necessárias e, assim, garantir um modelo resultante para gestão de instalações e manutenção. As tabelas da NBR15965 seguem um padrão de códigos de classificação chamado de OMNI- CLASS (ABDI, 2017b). A lógica definida pela classificação também pode relacionar um objeto ao lugar onde será inserido: área, piso ou ambiente em que se encontra, como será construído ou montado e por quem será construído ou montado. Por exemplo, um “componente” será parte de um 39 “elemento”, que é parte do “resultado” da obra. O resultado é obtido através dos “agentes” (pessoas) atribuídos a uma “disciplina” (cargo no projeto), que utilizam de “equipamentos” ou “ferramentas” conforme as informações de operação. Os resultados estarão localizados e parametrizados por “espaços” e “unidades”, como mostra a Figura 16 (ABDI, 2017b). Figura 16 – Relacionamento das entidades Fonte: Guia 2, ABDI (2017b, p.15) 40 3.4.2.1 Sistema de classificação OMNICLASS O OMNICLASS é o termo definido como padrão para que aplicativos sejam compatíveis à metodologia BIM. Ela tem como referência a ISO 16739:2018 - Industry Foundation Classes (IFC) data sharing in the construction and facility management industries, fazendo-se possível que todos os aplicativos homologados a ela garantam a interoperabilidade através de arquivos IFC (ABDI, 2018). A ISO 16739:2018 define uma estruturação de classificação e nomenclaturas que são base para o desenvolvimento da NBR 15965 e suas partes (Figura 17). O entendimento desse sistema é de especial importância para a qualidade de um projeto em modelo BIM, pois com o padrão OMNICLASS é possível que se desenvolvam mais aplicativos e soluções para o ciclo de vida do empreendimento, além de possibilidar a interoperabilidade entre eles. Com a definição das terminologias e parâmetros de projeto também é possivel que outros dados sejam associados aos elementos de projeto em modelos BIM (ABDI, 2017b). Figura 17 – Base para a padronização da classificação Fonte: ABNT (2011, p.6) 41 Os envolvidos com a gestão da informação BIM, no desenvolvimento de um empreendimento, podem utilizar outros métodos de classificação disponíveis para os parâmetros e termonologias. Isso depende da realidade do país em que se destina o projeto, ou a cultura empresarial de desenvolvimento. Existem outros padrões como o UNICLASS, o UNIFORMAT e o MASTER- FORMAT. O sistema OMNICLASS permite uma adaptação maior à realidade brasileira pelo fato das terminologias e parâmetros da NBR15965 estarem de acordo com a cultura brasileira e o idioma português. Por isso, as informações podem ser melhor compreendidas no Brasil. Os trabalhos de organizar e definir as informações que resultam a classificação OMNICLASS foram encarregados à comissão de estudos da ABNT, a CEE-134 – Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção (BIM) resultando nas diversas partes da NBR15965. A partir disso estão sendo desenvolvidas 13 tabelas que especificam as terminologias e parâmetros de projeto para modelos BIM. As terminologias e parâmetros, definidos nas tabelas, permitem o conhecimento das nomen- claturas técnicas dos equipamentos de projeto. Elas permitem também que sejam associadas ao modelo BIM outras informações relacionadas ao universo da construção civil, como as informa- ções mostradas na Figura 16, permitindo a otmização e padronização dos processos ao longo do ciclo de vida do empreendimento. A preocupação em classificar os equipamentos com suas terminologias adequadas falicita a inserção de informações para utilização na gestão de instalações e manutenção, por exemplo, associando a terminologia do nome técnico de um equipamento à seu modelo de fabricação, inserindo suas informações de número de série, a data de compra, a data de garantia e o nome do fabricante. A nomenclatura desses parâmetros estão descritos na ABNT NBR 15965-2:2021, na tabela 0P - Propriedades da construção (ABNT, 2012a). Na ABNT NBR 15965-2:2021 se encontram os códigos OMNICLASS: • 0P 30 10 06 00 - Tempo de vida; • 0P 30 10 07 00 - Tempo de vida estimado; • 0P 30 10 24 00 - Data de compra; 42 • 0P 30 10 26 03 - Prazo de validade; • 0P 40 10 02 00 - Nome do fabricante; • 0P 40 10 02 00 - Identificação do fabricante; A utilização das informações para gestão de instalações e manutenção permite uma utilização do projeto BIM com infomações inseridas para essa fase do ciclo de vida do empreendimento. Isso mostra como é possível ir além das soluções que são comumente conhecidas da Metodologia BIM, por exemplo, a utilização do modelo para previsão de orçamentos. Pela lógica dos códigos OMNICLASS é possível observar que a classificação segue uma estrutura hierárquica na qual as nomenclaturas possuem relações lógicas em todas as fases do ciclo de vida do empreendimento, pois os códigos evoluem com o grau de especificação. Conforme o desenvolvimento do projeto avança, o nível de informação agregado ao modelo vai aumentando, então definições de tarefas ou operações, com as nomenclaturas definidas pelas tabelas da NBR15965, podem ser relacionadas com os parâmetros e terminologias dos elementos de projeto presentes nas tabelas da norma. Os nomes dos responsáveis com suas funções classificadas pela norma podem ser acessados facilitando a identificação de quem fez escolha dos equipamentos ou de outros elementos de projeto, e em qual fase de desenvolvimento do projeto. Além desse caso, outras possibilidades são possíveis graças à classificação de projeto em modelo BIM segundo o padrão OMINICLASS (ABDI, 2017b). A classificação 2C e 2Q, que levam como referência o padrão OMINICLASS, conforme as tabelas da NBR 15965-4, possuem seus códigos representados por um conjunto de números. A Figura 18 permite observar como os códigos OMINICLASS mudam conforme o nível de desenvolvimento e especificação dos equipamentos ou produtos. Nos itens seguintes são apresentados alguns dos códigos OMNICLASS dos equipamentos do projeto do sistema de Aquecimento, Ventilação e Ar-Condicionado (AVAC) do estudo de caso, conforme a tabela de classificação 2C - Produtos, da parte 4 da NBR15965: • 2C 80 00 00 00 00 00 - Produtos para instalações de aquecimento, ventilação e ar- condicionado (AVAC); 43 • 2C 80 54 00 00 00 00 - Unidades condensadoras para refrigeração; • 2C 80 58 22 00 00 00 - Sistema de ar-condicionado do tipo split; • 2C 80 78 06 00 00 00 - Dutos de ventilação; Figura 18 – Variação do código OMNICLASS conforme especificação do elemento Fonte: Guia 2, ABDI (2017b, p.15) 3.4.3 COBie O COBie é uma plataforma não proprietária de intercâmbio de dados do ciclo de vida necessários a gerentes de instalações. Plataformas COBie são responsáveis pela troca entre as informações e as operações da construção. Entende-se como operações todas as ações humanas em relação à estrutura física do empreendimento, sejam elas de instalação, manutenção, construção ou comissionamento. A utilização dessas plataformas é importante porque há a falta de parâmetros e organização nos dados desenvolvidos e entregues ao final do projeto, levando os gestores a perderem tempo na busca por encontrar e organizar as muitas informações do empreendimento (KENSEK, 2018). Por essas razões foi utilizada no modelo do empreendimento a planilha padronizada no formato COBie. Há uma sequência lógica de inserção de dados ao modelo de construção ao longo do seu desenvolvimento que servem ao COBie. Na primeira fase são inseridas informações de áreas, enumeração de ambientes e os layouts de equipamentos. Depois, com o projeto executivo serão fornecidas informações de materiais, produtos e equipamentos, e o COBie indica que os fornecedores aceitaram as propostas e assim essa informação é associada ao modelo BIM. Após a construção da obra são inseridas as informações de equipamentos como sua marca, modelo, 44 número de série, data de compra, data de garantia, manuais de utilização. Também há a possibili- dade de serem incluídas instruções para o comissionamento, como testes e certificações. Dessa forma, na ocupação do empreendimento o proprietário terá um documento COBie que permitirá incorporar ao gerenciamento do edifício ou no gerenciamento da manutenção (KENSEK, 2018). 3.4.3.1 Planilhas Cobie O objetivo dos dados apresentados pelas planilhas COBie são organizar as informações para a gestão de ativos, instalações e manutenção presentes no modelo BIM. Na Figura 20 está a capa com as instruções de utilização da planilha. A planilha foi obtida após o modelo estar ajustado com os parametros e propriedades COBie, pelas funcionalidades do plugin BIM Interoperability Tools. As informações referentes a essas propriedades foram importadas para a planilha. Os dados são organizados em diversas planilhas, conforme se observa na Figura 19, e estão separados por: • Contatos (Contacts): Lista de funções, e-mails, nomes dos responsáveis pelas especifica- ções dos projeto; • Facilidades (Facilities): Informações do projeto, localização, função; • Pavimentos (Floor): Lista e descrição de pavimentos; • Espaços (Espace): Lista e descrição de espaços; • Zonas (Zones): Lista e descrição de zonas; • Tipos (Types): Lista e descrição de equipamentos ou mobiliários com informação de modelo, fabricante, garantia, data de fabricação, etc.; • Componentes (Component): Lista e descrição de todos os equipamentos ou mobiliários associados aos espaços à que pertencem, além do número de série de cada um; • Sistemas (System): Sistemas elétricos, hidráulicos ou ar-condicionado e suas descrições; • Montagem (Assembly): Dados sobre a montagem dos componentes; Montagem (Assem- bly): Dados sobre a montagem dos componentes; 45 • Conexões (Connection): Dados sobre relação de conexões de componentes; • Extras (Spare): Lista de peças de reposição e fornecedores; • Recursos (Resource): Lista de materiais, ferramentas e instruções de execução; • Impacto (Impact): Lista de descrição de impactos tanto ao meio que está inserido o projeto quanto à relações entre elementos que desencadeiem falhas à outros elementos; • Documentos (Documents): Lista de documentos pertencentes aos equipamentos do empre- endimento, como manuais técnicos, recibos de compra, documentos de garantia, etc; • Atributos (Attribute): Listas de todas as propriedades do modelo, sejam elas relevantes ou não; • Coordenadas (Coordinate): Coordenadas espaciais onde estão localizados os elementos; • Assuntos (Issue): Observações e informações gerais que se deseja acrescentar; • Lista de seleção (Picklist): Listas de códigos de classificação e sua descrição. Figura 19 – Planilhas COBie Fonte: Autor (2021) 46 Figura 20 – Instruções da pasta de planilhas COBie Fonte: Autor (2021) 47 4 METODOLOGIA O trabalho teve por base uma pesquisa bibliográfica sobre a Metodologia BIM e sobre a gestão de instalações e manutenção relacionadas ao BIM. Também teve por base pesquisa documental, visto que fez uso dos dados técnicos referentes a um projeto de um refeitório industrial, cedido pela empresa Yellow Engenharia (YELLOW, 2021). A seguir, estão as atividades desenvolvidas na pesquisa: • Revisar bibliografia sobre o tema e suas aplicações; • Analisar o software Revit e o plugin BIM Interoperability Tools; • Selecionar um estudo de caso de um projeto de sistema de Aquecimento, Ventilação e Ar-condicionado (AVAC) de um refeitório industrial e obter seus dados técnicos; • Aplicar os conceitos provenientes das normas e metodologias ao modelo de estudo de caso, referentes à gestão de instalações e manutenção (facilities management); • Organizar as informações para a gestão em forma de planilhas; • Discutir sobre os resultados obtidos. No início do estudo de caso, foram obtidas as terminologias e parâmetros de projeto, com seus respectivos códigos de classificação da tabelas da ABNT NBR 15965-4:2021 (ABNT, 2021b). Em seguida, o modelo BIM do projeto de estudo de caso foi submetido à inserção dessas informações, adequadas ao gerenciamento de instalações e manutenção, utilizando o software Revit. Foram criados, em cada propriedade de elementos do modelo BIM, os campos de interesse à gestão de manutenção das instalações, tais como data de compra, data de garantia, número do modelo, nome do fabricante, entre outras prorpiedades definidas pelo padrão COBie. A inserção das informações foi realizada nos campos de propriedades criados. Este trabalho se concentrou, devido ao tempo hábil e o escopo, na classificação segundo a ABNT NBR 15965-4 e as tabelas 2C - Produtos da contrução e 2Q - Equipamentos da contrução. A tarefa de gestão da informação BIM, descrita na ABNT NBR ISO 19650-1:2018, é realizada 48 por uma série de pessoas que desenvolvem um modelo BIM, sendo assim, é esperado que este trabalho se limite à compreensão didática sobre como um modelo BIM pode ajudar as tarefas da gestão de instalções e manutenção. Não há a necessidade de uma classificação utilizando todas as tabelas presentes nas partes da NBR 15965, pois algumas das classificações presentes nas tabelas não tem relação com o projeto ou com os objetivos do trabalho. Após a inserção das informações, foram obtidas as planilhas COBie por meio do plugin BIM Interoperability Tools. As planilhas COBie exibem, de forma organizada, todas as informações relevantes para a gestão das instalações, que foram inseridas nos elementos BIM do projeto, interrelacionando essas informações inseridas com outras já pré-existentes no modelo, como os níveis, e os sistemas. No projeto BIM de estudo de caso foi realizada a inserção de informações para um número de itens suficiente para que se entenda didaticamente e objetivamente como é a sua execução e obter resultados satisfatórios de análise. Não havendo, portanto, a necessidade de executar a inserção das informações para todos elementos do modelo. Porém, é de se esperar que numa situação real, o êxito em se executar essa tarefa para todos elementos do projeto (o que requer muito empenho e tempo), estará sujeito à fatores como: o êxito na comunicação, a troca de informações entre a equipe de projeto, os atores envolvidos e a oportunidade de se obter todas as informações dos equipamentos do fabricante ou fornecedor. Esses fatores contribuirão para a qualidade da gestão da instalação e manutenção. O estudo de caso utilizado foi um projeto do sistema de aquecimento, ventilação e ar- condicionado (Figura 21) de um refeitório industrial desenvolvido em BIM (Figura 2), cedido pela empresa Yellow Engenharia e Consultoria (YELLOW, 2021). O projeto em modelo BIM foi desenvolvido como base para um projeto executivo. As informações advindas da fases posteriores à entrega do projeto executivo, como as de construção e as de operações não foram fornecidas. Portanto foi necessário definí-las previamente (antes de incluí-las ao modelo), como por exemplo, os espaços, número de série, código de barras, datas de compra e instalação dos equipamentos, e o nome dos fornecedores. Para esses casos as informações foram estimadas. O Revit foi utilizado no desenvolvimento desse trabalho de graduação pelos seguintes motivos: 49 , Figura 21 – Projeto de aquecimento, ventilação e ar-condicionado do refeitório Fonte: YELLOW (2021) Figura 22 – Modelo federado do estudo de caso Fonte: YELLOW (2021) • ser um software BIM; • ser amplamente conhecido no mercado de projetos de engenharia, sobretudo no Brasil; • ser compatível com o arquivo do modelo do empreendimento do estudo de caso; • disponibilizar uma licença para estudantes. 50 5 ESTUDO DE CASO O projeto BIM do refeitório industrial, selecionado como estudo de caso, foi oferecido pela empresa Yellow Engenharia. Trata-se de um projeto de um refeitório industrial que foi desenvolvido em diversos softwares BIM, entre eles Navisworks, Tekla e o Revit. A primeira tarefa foi classificar os elementos e extrair seus respectivos códigos de classificação. Para isso foram utilizadas as tabelas de classificação da NBR 15965 e suas partes. Foi decidido classificar a disciplina AVAC (sistema de aquecimento, ventilação e ar-condicionado) por ter um número de elementos suficientes para o estudo, além de possuir equipamentos mecânicos dos quais foram possíveis obter informações técnicas. Selecionando um elemento de projeto de estudo de caso no software Revit, é possível encontrar seus nomes ou códigos. Para classificar o modelo é necessário que se conheça seu nome técnico que pode ser tanto semelhante ao nome da família do modelo, quanto o nome técnico obtido pelo manual do respectivo modelo de equipamento. Foi observado no projeto que alguns elementos faltavam informações. Como exemplo, notou-se que não havia a descrição para o elemento com o nome de família UMC0035ET (Figura 23), então, procurando o modelo na internet foi obtido o manual do equipamento: trata-se de uma unidade condensadora para refrigeração, da marca Elgin. 51 Figura 23 – Disciplina de AVAC do refeitório - Elemento UCM0035ET Fonte: Autor (2021) No manual do equipamento de exemplo também consta que as informações de data de fabricação e número de série estão numa etiqueta colada no equipamento. Como não foram disponibilizadas essas informações de projeto, é decidido estimar esses códigos e inseri-los ao modelo após a criação das propriedades. Depois disso, foi encontrado na tabelas da ABNT NBR 15965-4:2021 a classificação "2C 80 54 00 00 00 - Unidade condensadora para refrigeração” (ABNT, 2021b). Analogamente ao exemplo descrito acima, para a unidade de refrigeração do projeto, foi feito o mesmo procedimento de busca de informações para os outros equipamentos do projeto. Foram anotados os códigos de classificação para inseri-los ao modelo nas tarefas adiante. Para a inserção das informações no modelo foi necessário fazer ajustes nas propriedades do projeto no Revit com o auxílio do plugin BIM Interoperability Tools (Figura 24). Inicia-se pelo campo "Classification Manager" (Figura 25), uma janela abre e foi selecionada a base de dados OMNICLASS, assim foram ajustadas as propriedades dos elementos no Revit para comportar as informações de gestão de ativos segundo as regras dessa classificação. 52 Figura 24 – Aba do Revit - BIM Interoperability Tools Fonte: Autor Figura 25 – Janela Classification Manager, selecionada a biblioteca pública OMNICLASS fonte: Autor (2021) Quando selecionado esse banco de dados no plugin, foi feito, automaticamente, o download de uma planilha com a classificação na versão inglesa onde foi possível identificar os elementos e inserir os códigos OMNICLASS pelo botão “Assign”, porém foi utilizado um outro método, como será visto adiante. Selecionado o botão "finish"e seguiu-se para a próxima etapa. O plugin reconhece os espaços do modelo, que pode ser vistos no campo COBie Extension, botão “ZONES”. Como não havia espaços criados no modelo foram criados cinco espaços (Figura 26). Para criar um espaço foi necessário acessar a aba Analisar, clicar no botão “Separador de espaço”, para criar as linhas de separação sobrepostas às linhas de corte já presentes no modelo. As linhas separadoras de espaços foram necessárias pois não havia elementos de parede na disciplina AVAC (havendo paredes o Revit entenderia automaticamente aonde se localizam os espaços). Em seguida, no botão “Espaço” foram criados os espaços com nome Cozinha, Recebimento, Refeitório, DML (Depósito de Materiais de Limpeza) e Entrada (esses nomes já estavam presentes no modelo, porém as áreas não). Foram preeenchidas as áreas delimitadas 53 pelas linhas de separação criadas. Agora esses espaços foram identificados e selecionados clicando no botão "ZONES"do plugin (Figura 27). Figura 26 – Criação de espaços para o projeto Fonte: Autor (2021) Figura 27 – Janela Zone Manager do plugin Fonte: Autor (2021) 54 No campo COBie Extension do plugin selicionou-se "Contacts” (Figura 28). Essa área corresponde à Parte 4 da NBR 15965, da tabela de recursos da construção por funções. Na janela Contacts do plugin, além de adicionar as informações dos contatos do projeto foi inserido a classificação da função dessa pessoa. Figura 28 – Janela Contact do plugin Fonte: Autor (2021) 55 Como exemplo, foi inserida a informação de contato de um suposto engenheiro e sua função na caixa "Category", segundo a classificação encontrada na NBR ABNT 15965-4 (ABNT, 2021b) sendo "2N 14 02 08 - Engenheiro", oportunuo ao caso. Notou-se que há a possibilidade de incluir a classificação dentro da norma inglesa. O contato criado tem uma função importante de identificar a pessoa que incluiu ou alterou os elementos do projeto, o e-mail do contato aparecerá em todos os elementos nos quais ele modificou. Pelo botão "Update"do plugin foi possível selecionar as familias de elementos nos quais um contato modificou, para que seu e-mail fosse exibido nas propriedades de cada elemento. Foi inserido um número suficiente de contatos para testes e clicando em "Apply and Close"segue-se para o próximo passo de ajustes do plugin. Voltando ao campo COBie Extension, no botão "Setup Project", na primeira aba “General” (Figura 29), foram especificadas as unidades de projeto para o padrão ISO, que é comum no Brasil, para isso, em "Units"foram corrigidos os parâmetros em "Linear"para "Meter"(metros), em "Area"para Square meter (metros quadrados), e em "Volume", Cubic Meter (metros cúbicos). 56 Na segunda aba (Figura 30) foi selecionada a opção "Space for all", já que, como visto anteriormente, o projeto foi referenciado apenas por espaços. Figura 29 – Janela Setup project, aba General Fonte: Autor (2021) 57 Figura 30 – Janela Setup project, aba Spaces Fonte: Autor (2021) As próximas abas dessa janela são destinadas às alterações em como serão mostradas as descrições na planilha e foi optado por deixar nas configurações padrão do plugin. Indo para última aba, a “Parameter Mappings” (Figura 31) foi modificado o caminho do parâmetro na linha Type / Category. Esse caminho utiliza a informação de classificação do elemento, que foi obtida classificando-o pelo plugin dentro da seção Classification Manager, pelo botão “Assign”. Porém esse método de classificação irá utilizar a classificação no padrão inglês e não a das tabelas da ABNT NBR 15965 em suas partes, por isso, para que fosse possível não perder a informação classificada em inglês e a obtida pela norma, foi modificado o parâmetro de tipo em 58 Type / Category por um criado. Para sua criação, foi acessada a aba Gerenciar no Revit, e no botão “Parâmetros do projeto” (Figura 32) é adicionado um parâmetro tipo, de nome “Classificação 2C - Produtos” para todas as categorias de elementos. Voltando para a janela Setup Project, e na aba Parameter Mappings, o parâmetro que foi criado é selecionado na linha Type / Category. Figura 31 – Janela Setup Project, Parameter Mappings Fonte: Autor (2021) 59 Figura 32 – Criação do parâmetro de projeto Fonte: Autor (2021) Feitas todas essas etapas, finalmente, na seção COBie Extension, pelo botão “Update”, clica-se no botão “Set for all” e no campo “Created by” selecionou-se um dos contatos criados anteriormente, e após isso clicou-se em “Apply and Close”. Naquele momento todos os parâme- tros COBie foram criados nos elementos do modelo. Depois, acessando os parâmetros de tipo e instância dos elementos foi observado novas propriedades criadas para a gestão de ativos. 60 Figura 33 – Propriedades de instância criadas pelo plugin Fonte: Autor (2021) Enfim, após o descrito anteriormente, o trabalho de classificação e inserção de informações pode ser executado.Como exemplo, foi selecionado novamente o elemento UCM0035ET (Figuras 33 e 34), então foi possível inserir as informações recolhidas e sua classificação. Foram utilizados os catálogos do fabricante dos equipamentos presentes no projeto (Figuras 38 e 39). Então analogamente à inserção de informações para esse elemento foi feita a mesma tarefa para todos os elementos da disciplina AVAC em todos os campos de propriedades possíveis de serem encontradas informações, que estão referenciadas com a palavra COBie no início. Para elementos do projeto com maior facilidade de obtenção no mercado, como os dutos e acessórios de fixação, o campo de fabricantes foram generalizados como "Fabricante A, B, C..."e assim por diante, no intuíto de complementar a tabela. Já para os equipamentos mecânicos, de marca e modelos conhecidos, foram incluídas informações específicas. 61 Figura 34 – Propriedades de tipo criadas pelo plugin Fonte: Autor (2021) Figura 35 – Propriedades de tipo, Classificação 2C - Produtos, da NBR 15965 - Parte 4 Fonte: Autor (2021) A inserção de informações de cada elemento foi feita incluindo o nome do elemento, classifi- cação do elemento, modelo, nome do fabricante e dimensões (Figura 35, 36 e 37 ). Para que fosse possível executar a tarefa completa de inserção de informações os campos de prazos de garantia, data de instalação, data de início da garantia, número de série e código de barras fora preenchidos com supostos dados de projeto, já que não foi possível obter essas informações. 62 Figura 36 – Exemplo de inserção de informações de instância para o equipamento RLS 630 Fonte: Autor (2021) A inserção de informações COBie para o projeto (Figura 40) foi realizada acessando a aba Gerenciar do Revit, e no botão "Informações do projeto", os campos do nome do empreendimento e sua descrição. Terminada a tarefa de preenchimento das informações foi selecionado novamente o botão “Update” do plugin, marcou-se “Set for all” e selecionou-se o contato que foi criado. E dando sequência, clicando no botão “Create Spreadsheet”, na aba do plugin, obteve-se as planilhas COBie. 63 Figura 37 – Exemplo de inserção de informações de tipo para o equipamento RLS 630 Fonte: Autor (2021) Figura 38 – Capa do manual do equipamento de modelo RLS 630 Fonte: Group (2017) 64 Figura 39 – Informações do equipamento RLS 630 no manual Fonte: Group (2017) Figura 40 – Inserção de informações do projeto Fonte: Autor (2021) 65 6 RESULTADOS: PLANILHAS DE TRABALHO COBIE As planilhas COBie obtidas mostram, de forma organizada, todas as informações inseridas, con- forme o passo-a-passo relatado no capítulo anterior. Pode-se observar, na planilha Contatos (Contacts), na Figura 41, as informações de autoria. O e-mail dos autores são transportados para todas as colunas “Created By” das outras planilhas às quais este inseriu informações ou modificou. A planilha Facilidades (Facility), na Figura 42, apresenta o nome do empreendimento, descrição e sua classificação OMNICLASS (ainda não desenvolvida pela ABNT NBR 15965). Na planilha Níveis (Floor), na Figura 43, pode-se notar os nomes dados aos níveis, seguidos pelos seus valores em metros, na penúltima coluna. Também há uma coluna para descrição aonde pode-se detalhar um pouco mais a informação. Há uma coluna de descrição para todas as outras planilhas. A planilha Espaços (Space), na Figura 44, exibe os espaços definidos (cozinha, DML, refeitório, entrada, rece- bimento), seguido por sua classificação OMINICLASS (ainda não desenvolvida pela ABNT NBR 15965) e os níveis em que se encontram. A planilha Documentos (Documents), na Figura 45, organiza os nomes dos documentos, nomes de arquivos e seus endereços. Foram adicionadas as informações dos catálogos técnicos dos equipamentos mecânicos. A planilha Tipos (Type), na Figura 46, a mais detalhada, informa os nomes técnicos de todos os "tipos"de elementos do projeto de sistema AVAC, seguido pela sua classificação OMNI- CLASS, descrição, nome do fabricante e modelo especificado, além de incluir as informações de geometria, dimensões, cor e peso quando essas são relevantes. Ao todo há 47 tipos no projeto de sistema AVAC do refeitório analisado. Cada tipo é uma família de elementos BIM do software Revit. Uma família do Revit representa um grupo de elementos com propriedades comuns, como um tubo flexível, por exemplo. A planilha Componentes (Component), na Figura 47, lista todos elementos do modelo individualmente, com suas descrições. São ao todo 601 elementos no projeto de sistema AVAC. Nesta planilha é informada, na primeira coluna, ao conjunto que pertence cada família, por 66 exemplo, vemos agrupados dutos, dutos flexíveis, conexões de dutos, equipamentos mecânicos, isolamentos de duto. Também nessa planilha é possível observar as informações que são únicas a cada elemento, são elas: sua localização por nível (Lajes técnicas níveis 1, 2 ou 3), seu número de série, data de instalação, data de garantia e código de barras. A planilha Sistemas (System), na Figura 48, na sua primeira coluna, informa os sistemas a que pertencem os componentes, agrupados por suas famílias. Pode ser observado que os componentes pertencentes ao sistema de insulflagem foram agrupados. O mesmo vale para os componentes de saída e retorno do ar-condicionado, e da mesma forma, para os demais sistemas presentes no projeto. As planilhas de Montagem, Conexões e Recursos (Assembly, Connection e Resources) não foram incluídas nos resultados por tratarem de informações muito específicas para o processo (execução) da manutenção de equipamentos. O conteúdo dessas planilhas poderá ser incluído com maior facilidade à medida que os softwares BIM forem ganhando mais recursos, ou ainda, quando os elementos BIM já vierem com essas informações pré-definidas em suas prorpiedades. As partes 5 e 6 que serão publicadas pela ABNT NBR 15965, terão em seu conteúdo essas informações. Por isso, nesse momento, é dispendioso incluir essas informações, uma a uma, em cada elemento ou situação. Podem ser incluídas nessas planilhas COBie detalhes como a quantidade de parafusos e as conexões entre elementos, informações específicas como ferramentas de montagem e métodos de instalação, entre outras informações. As demais planilhas não citadas foram consideradas de pouca relevância para a discussão desse trabalho. 67 Figura 41 – Planilha COBie: Contatos Fonte: Autor (2021) 68 Figura 42 – Planilha COBie: Facilidades Fonte: Autor (2021) 69 Figura 43 – Planilha COBie: Níveis Fonte: Autor (2021) 70 Figura 44 – Planilha COBie: Espaços Fonte: Autor (2021) 71 Figura 45 – Planilha COBie: Documentos Fonte: Autor (2021) 72 Figura 46 – Planilha COBie: Tipos Fonte: Autor (2021) 73 Figura 47 – Planilha COBie: Componentes Fonte: Autor (2021) 74 Figura 48 – Planilha COBie: Sistemas Fonte: Autor (2021) 75 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Durante a tarefa de inserção de informações do projeto, utilizado neste estudo de caso, notou-se que o mesmo carecia de informa- ções importantes como a descrição (especificação) da maioria dos equipamentos. Contudo, a informação de modelo presente nos equipamentos do projeto foi suficiente, em parte, para que fosse possível uma busca mais apurada em detalhes e a obtenção do código de modelo correto (conforme fabricante) e também a nomenclatura técnica, como foi o caso do elemento UMC0035ET, conforme visto no início do estudo de caso. Em alguns elementos, como o de nome CARRIER 38EX EX 38EX10, havia a especificação incorreta em termos do código de modelo disponível pelo fabricante. Lendo o manual técnico do equipamento foi especificado um modelo mais próximo ao que atende o projeto, o de código 38EX-1-20-22-6-S, que de trata de um compressor da marca CARRIER. Esse código foi corrigido para uma especificação precisa de um equipamento entre uma série de modelos fornecidos pelo fabricante. A situação ilustra uma possibilidade de erro na obtenção do equipamento ou, ainda, um acréscimo de tempo na busca por informação com o projetista por não haver a especificação precisa. Há também limitações claras em termos da quantidade de produtos disponíveis na ABNT NBR 15965-4:2021, nas tabelas de código 2C – Produtos, por exemplo, havia um gabinete de ventilação no projeto, de modelo GVS20/20, que, na falta de uma classificação devida, foi classificado como “2C 80 46 02 00 00 00 – Unidade de ventilação”. Por isso, a falta de um código especifico para este equipamento de nome técnico "gabinete de ventilação" acabou, na sua classificação, generalizando-o. Esse caso, evidentemente, levará a perda na assertividade. Por isso, as tabelas de classificação da norma devem estar em constante atualização para a inclusão de todos os equipamentos e elementos de construção possíveis. Porém, a falta de uma classificação específica não necessariamente ocasionará em erros na especificação e obtenção de um modelo de equipamento, já que, o códico do modelo foi especificado corretamente na sua descrição dentro de suas propriedades (podendo ser observada também, com clareza, na planilha COBie). Contudo, softwares que baseiam seu banco de dados ou funcionalidades em códigos de classificação OMNICLASS estarão sujeitos, até este momento, 76 a generalizar, de forma imprudente, a nomenclatura dos elementos do modelo. 77 8 CONCLUSÃO A planilha COBie foi essencial para a análise do trabalho e confrontamento com a revisão bibliográfica. A inserção de informações no modelo foi executada com facilidade. Mesmo um profissional com pouca experiência no Revit, com o devido treinamento, poderá obter êxito na obtenção da planilha COBie. Tal fato ajuda a impulsionar o desenvolvimento de projetos BIM, já que a tecnologia permite alcançar esses resultados que softwares de desenho CAD (ainda muito utilizados) não conseguem, além de permitir uma fácil adaptação ao profissional. A forma com que os elementos ou equipamentos foram descritos ou especificados no modelo de estudo de caso reafirma a importância de uma gestão da informação BIM e as sugestões presentes na ABNT NBR ISO 19650-1:2019. Como visto na revisão bibliográfica, pela ANBT NBR 16950-1:2018 (ABNT, 2018b), o papel de um coordenador ou gestor de projetos com foco tanto na qualidade quanto na apresentação das informações de um modelo BIM assegura que não haja desperdício de tempo e aumenta a assertividade, além de que garante que o fluxo de trabalho no desenvolvimento esteja de acordo com as expectativas dos atores envolvidos (profissionais de manutenção, gestores de ativo, proprietários). É possível afirmar que a planilha COBie é uma forma muito clara de obter as informações de gestão das instalações e suporte para o gerenciamento da manutenção do empreendimento, além de fácil aceitação no contexto desses profissionais por permitir a extração de dados em forma de planilhas. As informações presentes no modelo BIM foram exportadas corretamente para as colunas da planilha e não houve desvios de informações. A forma com que foram apresentadas as informações, como as datas de instalação e garantia de cada equipamento permite uma rápida utilização por parte dos profissionais de manutenção ou gestores de instalação, e podem dar suporte à manutenção preditiva. Com a planilha COBie das coordenadas de localização dos equipamentos e o modelo BIM do projeto é possível traçar rotas de manutenção e a acessibilidade dos equipamentos. Isso contribui para diminuir o tempo de manutenção ou instalação. 78 Concluindo, a inserção de propriedades para a gestão de instalações e manutenção no modelo e a obtenção das planilhas COBie mostraram-se potencialmente úteis e somam-se à gestão do ciclo de vida do empreendimento como mais uma das soluções que a metodologia BIM proporciona ao universo da construção. 8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Para trabalhos futuros, sugere-se utilizar as informações no padrão COBie com softwares de gerenciamento de instalações auxiliados por computador (CAFM), com a finalidade de avaliar a interoperabilidade entre os softwares BIM e os CAFM. Outra sugestão, é agregar ao projeto as informações das tabelas 3E - Elementos, 3R - Resultados da construção e 4A - Espaços da construção, que serão publicadas nas partes 5 e 6 da ABNT NBR 15965, com o intuito de classificar os espaços e as operações de instalações e manutenção. Também sugere-se que se faça a análise para outras disciplinas de engenharia do empreendi- mento, visto que neste trabalho foi realizada com foco no projeto do sistema de Aquecimento, Ventilação e Ar-ondicionado. 79 REFERÊNCIAS AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Guia 01 - Processo de Projeto BIM: Coletânea Guias BIM ABDI-MDIC. vol. 1. Rio de Janeiro, 2017a. 82 p. AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Guia 02 - Classificação da Informação BIM: Coletânea Guias BIM ABDI-MDIC. vol. 2. Rio de Janeiro, 2017b. 38 p. AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Guia 04 - BIM na Quantificação, orçamentação, planejamento e gestão de serviços da construção: Coletânea Guias BIM ABDI-MDIC. vol. 4. Rio de Janeiro, 2017c. 22 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15965-1:2011: Sistema de classificação da informação da construção Parte 1: Terminologia e estrutura. Rio de Janeiro, 2011. 6 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15965-2:2012: Sistema de classificação da informação da construção Parte 2: Características dos objetos da construção. Rio de Janeiro, 2012a. 36 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR ISO 21500:2012: Orientações sobre gerenciamento de projeto. Rio de Janeiro, 2012b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 55000:2014: Gestão de ativos - visão geral, princípios e terminologia. Rio de Janeiro, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR ISO 9001:2015: Sistema de gestão da qualidade - Requisitos. Rio de Janeiro, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR ISO 12006-2:2018: Construção de edificação - Parte 2: Estrutura para classificação. Rio de Janeiro, 2018a. 26 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR ISO 19650-1:2018: Organização e digitalização da informação acerca de edificações e construção civil, incluindo a modelagem da informação da construção - Gestão da informação utilizando a modelagem da informação da construção (BIM) - Parte 1: Conceitos e fundamentos. Rio de Janeiro, 2018b. 54 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR ISO 19650-2:2018: Organização e digitalização da informação acerca de ativos construídos, incluindo a modelagem da informação da construção (BIM) - Gestão da informação utilizando a modelagem da informação da construção – Parte 2: Fase de entrega de ativos. Rio de Janeiro, 2018c. 46 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15575-1:2021: Edificações habitacionais - desempenho Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2021a. 98 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15965-4:2021: Sistema de classificação da informação da construção Parte 4: Recursos da construção. Rio de Janeiro, 2021b. 222 p. AUTODESK. 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