UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL Orientadora: Profª. Drª. Karin Werther Supervisor(es): M. V. André Luiz Mota Costa e Marcos Tokuda; M. V. M.Sc. Erica Pereira Couto e M.V. César Henrique Branco JABOTICABAL – S.P. 1º SEMESTRE DE 2021 RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA, REALIZADO JUNTO AO PARQUE ZOOLÓGICO MUNICIPAL “QUINZINHO DE BARROS” EM SOROCABA - SP, CONSULTÓRIO DE ANIMAIS SILVESTRES TUKAN EM SÃO PAULO – SP E BOSQUE E ZOOLÓGICO MUNICIPAL “FÁBIO DE SÁ BARRETO” EM RIBEIRÃO-PRETO – SP Caso de interesse: Má oclusão dentária em Porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) Caso (ou Assunto) de interesse: Leticia Colovatti Mariano ANEXO 1. N O M E D O A U T O R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL Orientadora: Profª. Drª. Karin Werther Supervisor(es): M. V. André Luiz Mota Costa e Marcos Tokuda; M. V. M.Sc. Erica Pereira Couto e M.V César Henrique Branco JABOTICABAL – S.P. 1º SEMESTRE DE 2021 RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA, REALIZADO JUNTO AO PARQUE ZOOLÓGICO MUNICIPAL “QUINZINHO DE BARROS” EM SOROCABA - SP, CONSULTÓRIO DE ANIMAIS SILVESTRES TUKAN EM SÃO PAULO – SP E BOSQUE E ZOOLÓGICO MUNICIPAL “FÁBIO DE SÁ BARRETO” EM RIBEIRÃO-PRETO – SP Caso de interesse: Má oclusão dentária em Porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) Caso (ou Assunto) de interesse: Leticia Colovatti Mariano ANEXO 2. N O M E D O A U T O R Agradecimentos Agradeço à minha orientadora Profª. Drª. Karin Werther, por todos os ensinamentos, muito importantes para minha formação, e também por todo o apoio oferecido antes, durante e após meu estágio curricular. Aos meus supervisores de estágio, M. V. André Luiz Mota Costa e Marcos Tokuda, M. V. M.Sc. Erica Pereira Couto e M.V. César Henrique Branco, pela oportunidade, pela paciência e por todos os ensinamentos. Aos M. V. Eduardo Perez Manzo Junior, M. V. Beatriz Maccari Silva, M. V. Maraya Lincoln Silva, M. V. Mayara Grego Caiaffa e M. V. M.Sc. Márcio Junio Lima Siconelli, pela disponibilidade e pela experiência profissional compartilhada comigo durante o período de estágio curricular. Ao Prof. Dr. Estevam Guilherme Lux Hoppe e ao Prof. Dr. José Maurício Barbanti Duarte pela atenção e disponibilidade para fazer parte da banca examinadora do trabalho, e por todos os ensinamentos passados durante as aulas, que foram essenciais para minha formação. Ao Prof. Dr. Marcos Rogério André pelo apoio, pelos ensinamentos e conselhos dados durante a graduação, no momento de realização da Iniciação Científica e estágio extracurricular durante o curso. Ao Prof. Dr. Andrigo Barboza de Nardi, por ter acreditado no meu potencial e por todo o tempo disponibilizado para me auxiliar durante o curso. Aos meus colegas de graduação, em especial Ana Carolina Curtolo, Angélica Cristina Tittoto, Caroline Pavoni Cerantola, Gabriel Vieira Ramos, Thaylane Paula Financi e Wagner Gomes Lemos, pela companhia e pela amizade construída durante estes anos. Espero continuar vendo o sucesso destes, tanto na vida acadêmica, quanto fora dela. A todos os meus professores de graduação e funcionários da faculdade, pela contribuição para minha formação. Agradeço a Deus, por me dar condições para seguir meu sonho. Aos meus pais, Ronaldo Luiz Mariano e Elisangela Colovatti Brasil Mariano, por acreditarem no meu potencial, por investirem em mim e por me oferecerem apoio durante minha formação. Também ao meu companheiro Lucas Watanabe Garcia, por todo carinho e amor, com quem fico muito feliz em poder compartilhar mais esta etapa. Por fim, aos meus animais de estimação, Frederico, Layla e Dominique, e a todos os pacientes que acompanhei durante meu aprendizado durante o curso, por me lembrarem todos os dias do amor e respeito que tenho pelos animais e do meu propósito como profissional. VI ÍNDICE I. RELATÓRIO DE ESTÁGIO.......................................................... 13 1. Introdução................................................................................................ 13 2. Descrição dos locais de estágio............................................................... 15 3. Descrição das atividades desenvolvidas.................................................. 19 4. Discussão das atividades desenvolvidas................................................. 39 5. Conclusão................................................................................................ 44 II. RELATO DE CASO...................................................................... 45 1. Introdução................................................................................................ 45 2. Revisão de Literatura............................................................................... 47 3. Relato de Caso........................................................................................ 53 4. Discussão................................................................................................ 59 5. Conclusão................................................................................................ 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 62 VII Lista De Figuras Figura 1 Radiografia do porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) em incidência laterolateral direita. Visibilização de falta de desgaste dentário nos incisivos inferiores e alteração da mesa oclusal entre pré molares e molares (seta de cor vermelha). Incisivo inferior apresentando desgaste insuficiente, com “formato de bisel” (seta de cor bege). Imagem: Tukan e Imax........................................................... 54 Figura 2 Animal posicionado na mesa de cirurgia. O aparato utilizado consiste em mesa odontológica para atendimento de pequenos roedores (seta laranja) e afastador de gengiva (seta preta). Imagem: Equipe Safari....................................... 56 Figura 3 Lesão ulcerada por traumatismo decorrente de ponta dentária lateral no primeiro molar inferior direito (seta vermelha). Imagem: Equipe Safari.......................................... 57 VIII Lista De Quadros Quadro 1 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP........................... 22 Quadro 2 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP................................................ 22 Quadro 3 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021.......................................................... 24 Quadro 4 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP............................................... 29 Quadro 5 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP.............................................. 29 IX Quadro 6 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP............................................... 32 Quadro 7 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP........................................ 37 Quadro 8 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP........................................ 37 Quadro 9 Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP........................................ 38 X Lista De Gráficos Gráfico 1 Casuística geral de répteis, aves e mamíferos e suas respectivas origens, atendidos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP................................................ 20 Gráfico 2 Número de animais necropsiados entre aves e mamíferos e suas respectivas origens, acompanhados no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP........................... 20 Gráfico 3 Representação gráfica da distribuição dos casos acompanhados no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no Setor de Medicina Veterinária, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP........................... 21 Gráfico 4 Casuística geral de répteis, aves e mamíferos atendidos no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP.......................... 27 Gráfico 5 Representação gráfica da distribuição de acordo com o sistema afetado, dos casos acompanhados no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP................................................ 28 XI Gráfico 6 Casuística geral de répteis, mamíferos e aves e suas respectivas origens, atendidos no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP.................................................................. 35 Gráfico 7 Número de animais necropsiados entre peixes e aves e suas respectivas origens, acompanhados no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP........................................ 35 Gráfico 8 Representação gráfica da distribuição dos casos acompanhados no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP............................................................................................. 36 XII Lista De Abreviaturas e Siglas % Por cento FCAV Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias g Grama Kg Quilograma M.V. Médico (a) Veterinário (a) M.Sc. Magister Scientiae mg/kg Miligrama por quilograma nº Número s/n Sem Número sp. Espécie 13 I. RELATÓRIO DE ESTÁGIO 1. INTRODUÇÃO O presente relatório se refere às atividades desenvolvidas pela autora durante o estágio curricular obrigatório em prática veterinária, seguindo as normas da Coordenadoria Geral do Estágio de Graduação (CEGRA), da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FCAV/UNESP Campus de Jaboticabal. O estágio curricular foi realizado no período de 01 de fevereiro de 2021 a 31 de março de 2021 e de 01 de maio de 2021 a 16 de junho de 2021 e obteve a orientação da Profª. Drª. Karin Werther. A primeira etapa do estágio curricular foi desenvolvida no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, em Sorocaba – SP, sob supervisão do M.V. André Luiz Mota Costa e do biólogo Marcos Tokuda. O período foi de 01 de fevereiro de 2021 a 31 de março de 2021, totalizando 344 horas. 14 A segunda etapa do estágio curricular no período de 01 de maio de 2021 a 31 de maio de 2021, totalizando 168 horas, foi realizada no Consultório de Animais Silvestres Tukan, em São Paulo - SP, sob supervisão da M. V. M.Sc. Erica Pereira Couto. A terceira e última etapa do estágio curricular foi realizada no período de 02 de junho de 2021 a 16 de junho de 2021, totalizando 88 horas, no Bosque e Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, sob supervisão do M. V. César Henrique Branco. O estágio curricular obrigatório teve como objetivo aprimorar os conhecimentos acerca das técnicas empregadas e condutas terapêuticas utilizadas na medicina veterinária, tanto no ambiente particular da clínica de animais silvestres e exóticos, quanto no ambiente público, com a prática em ambos os zoológicos. Em adição, o estágio teve como objetivo a experiência pela graduanda com os desafios e exigências oferecidos pela profissão do médico veterinário no cenário atual. 15 2. DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE ESTÁGIO 2.1. Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” O estágio foi realizado nos setores de répteis, mamíferos, aves, setores extra 1 e extra 2, de nutrição, de educação ambiental e de medicina veterinária do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, localizado na rua Teodoro Kaisel, 883 - Vila Hortência, em Sorocaba, interior de São Paulo. A maior parte do tempo foi dedicado ao setor de medicina veterinária, para onde os animais eram encaminhados para exame físico, anamnese, colheita de material biológico e procedimentos, incluindo procedimentos cirúrgicos. Atualmente, o Zoológico abriga cerca de 1570 animais de 362 espécies diferentes, em 260 recintos. Das espécies, 24 são ameaçadas de extinção, como lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e sagui-imperador (Saguinus imperator). O Setor de medicina veterinária é responsável por garantir a saúde tanto dos animais do plantel, quanto dos exemplares de vida livre que chegam pela Polícia Militar Ambiental, ou por outras instituições de resgate e preservação da fauna. O Setor supracitado é composto por: laboratório, sala de exames e procedimentos cirúrgicos, sala de administração, sala onde são guardadas caixas de transporte e redes de captura e outros materiais utilizados no manejo dos animais, e, por fim, sala de aves, e sala de mamíferos e répteis. Tais ambientes são preparados para internação de animais, tanto do plantel, quanto de vida livre. A sala é equipada com baias que promovem a separação e a possibilidade de observação dos animais de forma individualizada, durante todo o período de internação. 16 O Zoológico conta com um programa de residência em medicina veterinária, viabilizado por meio de Convênio de Cooperação Técnica entre a Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” / Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu, e o Município de Sorocaba – SP. Desta forma, duas residentes são responsáveis pelos procedimentos realizados no local. Além das profissionais, mais dois médicos veterinários contratados pela própria instituição compõem a equipe, na parte prática veterinária e também administrativa, que auxiliam na organização e tomada de decisões. Para auxiliar nos cuidados com os animais internados, sendo estes: alimentação, limpeza das baias e contenção física para medicação e exame, a equipe conta com uma tratadora, com experiência com filhotes. Além desta, também conta com os estagiários selecionados pelo programa da instituição. 2.2. Consultório de Animais Silvestres Tukan O estágio foi realizado no Consultório de Animais Silvestres Tukan, localizada na Rua Professor Guilherme Belfort Sabino, 319 - Vila Campo Grande, em São Paulo. A clínica é responsável pelo atendimento de animais silvestres e exóticos mantidos como animais de estimação. A clínica oferece o atendimento, e, se necessário, encaminha-os para o atendimento cirúrgico em uma clínica parceira, também especializada no atendimento destas espécies. O espaço também oferece um serviço de hospedagem de animais e banho e tosa, apenas para animais de companhia não convencionais. 17 A equipe é composta por três médicos veterinários, M. V. M.Sc. Erica Couto, M. V. Eduardo Manzo e M. V. Beatriz Maccari, responsáveis pelos atendimentos. A parte financeira-administrativa é composta por duas pessoas, Amadeu Gibelli e M. V. M.Sc. Erica Couto. A profissional realiza atendimento a domicílio, quando solicitado pelos clientes. A infraestrutura é composta por: recepção, duas salas de atendimento, laboratório, sala de radiografia e ultrassonografia, sala de hospedagem, sala de banho e tosa, e de estoque de equipamentos e insumos, além de um espaço externo, coberto com tela, onde é possível o banho de sol dos pacientes hospedados. Os exames de imagem são realizados na própria clínica. As radiografias são feitas no momento da consulta, e as imagens são enviadas para laudo para o M.V. André Leite, da Equipe Imax. A ultrassonografia é feita com horário marcado com o M. V. ultrassonografista Marco Antonio Scott, que presta serviço à clínica quando solicitado. Os exames laboratoriais bioquímico e coproparasitológico são feitos no laboratório da clínica, e demais exames são encaminhados para um laboratório especializado. 2.3. Bosque e Zoológico Municipal “Fábio de Sá Barreto” O estágio foi realizado nos setores do Bosque e Zoológico Municipal “Fábio de Sá Barreto”, localizado no Parque Municipal Morro do São Bento, na rua Liberdade, s/n, Campos Elísios, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Atualmente o Bosque Zoológico abriga 689 animais, pertencentes a 180 espécies diferentes, em 76 recintos. Os setores do Zoológico são separados em: 18 ambulatório, berçário, centro cirúrgico, sala de radiografia, sala de necropsia, setor de aves, de primatas, de mamíferos, terrário, aquário, setor extra e de quarentena com sala de triagem. O ambulatório é responsável por receber os animais do plantel que necessitam de cuidados, e também os animais que são encaminhados pela Polícia Militar Ambiental, Bombeiros ou por meio de munícipes que encontram animais de vida livre necessitando de cuidados veterinários. A equipe é composta por dois médicos veterinários responsáveis, o M. V. César Branco e o M. V. Márcio Siconelli, e pelo Chefe da Seção Parque Municipal Morro de São Bento, o M. V. Alexandre Gouvea. Os estagiários selecionados pelo programa também fazem parte da equipe, auxiliando nas atividades com supervisão dos médicos veterinários, como limpeza das baias, preparação da alimentação dos animais, e contenção física dos animais para exame feito pelos profissionais. 19 3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1. Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” Aos estagiários era dada a função de auxiliar na contenção física dos animais, na colheita de exames complementares, na administração de medicações e nos exames de necropsia. Em adição, o programa de estágio inclui o acompanhamento, por parte dos estagiários, nos demais setores do zoológico, em que os mesmos observam e auxiliam os tratadores em suas tarefas diárias com os animais, tais como contagem diária dos animais, alimentação, limpeza e observação de comportamento. Além das atividades citadas, os estagiários também eram responsáveis por auxiliar a tratadora do setor de medicina veterinária na observação dos animais internados, pela alimentação, troca de água, pela pesagem diária, pela limpeza das baias e organização do setor. A observação era diariamente feita e era relatada aos profissionais de medicina veterinária qualquer melhora ou piora do quadro clínico dos exemplares nas salas de internação. Ao final de cada mês, os estagiários que participavam do programa de estágio curricular obrigatório deveriam apresentar um seminário com tema de livre escolha, desde que o mesmo tivesse relação com o manejo feito no Zoológico. A casuística dos animais atendidos no Setor de Medicina Veterinária do Zoológico está no gráfico 1 e os exames anatomopatológicos no gráfico 2. 20 Gráfico 1. Casuística geral de répteis, aves e mamíferos e suas respectivas origens, atendidos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Gráfico 2. Número de animais necropsiados entre aves e mamíferos e suas respectivas origens, acompanhados no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. 7 10 18 1 72 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Répteis Aves Mamíferos A n im ai s at en d id o s Classe Plantel Vida livre 3 2 9 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Aves Mamíferos A n im ai s n ec ro p si ad o s Classe Plantel Vida livre 21 Os diversos processos clínicos e os sistemas orgânicos afetados estão representados no gráfico 3. Gráfico 3. Representação gráfica da distribuição dos casos acompanhados no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no Setor de Medicina Veterinária, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Os diagnósticos, suspeitas clínicas ou procedimentos detalhados em répteis, mamíferos e aves foram relacionados nos quadros 1, 2 e 3, respectivamente. 8 1 3 2 7 2 6 2 3 2 8 9 2 55 8 0 10 20 30 40 50 60 A n im ai s at en d id o s 22 Quadro 1. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Total ou Procedimentos Dragão- barbudo Pogona vitticeps Exame radiográfico 1 Dragão- barbudo Pogona vitticeps Hipovitaminose D 3 Jararaca- ilhoa Bothrops insularis Helmintose 1 Jararaca Bothrops jararaca Retirada de rede de plástico envolta no corpo 1 Tartaruga- tigre-d’água Trachemys dorbigni Colheita de sangue 1 Teiú Salvator merianae Exame radiográfico 1 Quadro 2. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Total ou Procedimentos Anu preto Crotophaga ani Hipoglicemia 1 Arara- piranga Ara macao Causa desconhecida 1 Beija-flor- de-fronte- violeta Thalurania glaucopis Ataque por cão doméstico 1 Beija-flor- de-fronte- violeta Thalurania glaucopis Hipoglicemia 1 Coruja- buraqueira Athene cunicularia Lesão traumática em asa direita 1 Coruja- orelhuda Pseudoscops clamator Lesão traumática em asa direita 1 Continua... 23 Continuação do quadro 2 Quadro 2. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas ou Procedimentos Total Coruja- orelhuda Pseudoscops clamator Infecção bacteriana secundária por lesão traumática 1 Faisão-de- coleira Phasianus colchicus torquatus Pododermatite 1 Garça- branca- grande Ardea alba Fluidoterapia intraóssea 1 Garça- moura Ardea cocoi Lesão traumática na asa esquerda 1 Gavião- carijó Rupornis magnirostris Lesão ocular por trauma 1 Jacuguaçu Penelope obscura Filhotes órfãos 4 Jacuguaçu Penelope obscura Ataque por cão doméstico 1 Japu Psarocolius decumanus Check up 1 Maitaca Pionus maximiliani Ruptura de saco aéreo 1 Mutum-de- penacho Crax fasciolata Desgaste de bico (trimagem) 1 Mutum-do- sudeste Crax blumenbachii Exame radiográfico 1 Papagaio moleiro Amazona farinosa Aerossaculite 1 Papagaio- moleiro Amazona farinosa Capilariose 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Ferimento na asa esquerda por briga com outras aves 1 Pato doméstico Anas platyrhynchos domesticus Fratura da gnatoteca 1 Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Cuidados de filhote órfão 43 Continua... 24 Continuação do quadro 2 Quadro 2. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas ou Procedimentos Total Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Lesão em membro pélvico por garrote 7 Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Infecção fúngica/aerossaculite 1 Periquito- de-asa-azul Brotogeris cyanoptera Lesão traumática em asa direita 1 Pomba- asa-branca Patagioenas picazuro Ataxia 1 Rolinha- roxa Columbina talpacoti Ataxia e lesão traumática em asa esquerda 1 Sabiá- laranjeira Turdus rufiventris Check up 1 Sanhaçu- cinzento Tangara sayaca Lesão traumática em asa esquerda 1 Tiriba-de- barriga- vermelha Pyrrhura perlata Desgaste de bico (trimagem) 1 Tucano-de- bico-verde Ramphastos dicolorus Cuidados de filhote órfão 1 Quadro 3. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Total ou Procedimentos Anta Tapirus terrestris Cuidados de filhote órfão 1 Continua... 25 Continuação do quadro 3 Quadro 3. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas ou Procedimentos Total Anta Tapirus terrestris Timpanismo 1 Babuíno- sagrado Papio hamadryas Check up e vasectomia 1 Cervo-do- pantanal Blastocerus dichotomus Ferida por causa desconhecida 1 Cervo- nobre Cervus elaphus Ferida por causa desconhecida 1 Gambá-de- orelha- branca Didelphis albiventris Lesões traumáticas por atropelamento 1 Gambá-de- orelha- preta Didelphis aurita Cuidados de filhote órfão 6 Gato-do- mato Leopardus tigrinus Colheita de sangue e microchipagem 2 Jaguatirica Leopardus pardalis Ultrassonografia em região abdominal 1 Lhama Lama glama Blefarite 1 Lobo-guará Chrysocyon brachyurus Alteração em trato gastrointestinal 1 Macaco- aranha- preto Ateles paniscus Artrose 1 Macaco-da- noite Aotus nigriceps Efusão cardíaca 1 Mandril Mandrillus sphinx Diabetes Mellitus/condicionamento operante 1 Mão-pelada Procyon cancrivorus Lesões traumáticas por atropelamento 1 Muriqui-do- sul Brachyteles arachnoides Toxoplasmose 1 Continua... 26 Continuação do quadro 3 Quadro 3. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, no período de 01/02/2021 a 31/03/2021, em Sorocaba – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas ou Procedimentos Total Ouriço- cacheiro Coendou prehensilis Lacerações na pele 1 Ouriço- cacheiro Coendou prehensilis Miíase 1 Sagui-de- tufo-branco Callithrix jacchus Colheita de sangue 2 Suçuarana Puma concolor Neoplasia no abdome 1 Urso-de- óculos Tremarctos ornatus Atopia/check up e vasectomia 1 3.2. Consultório de Animais Silvestres Tukan Ao estagiário era dada a função de acompanhar as consultas. Também era sua função auxiliar na colheita de material biológico para exames complementares, na contenção física, na separação de materiais necessários para consultas, na limpeza e organização da clínica e na reposição de insumos para atendimento. O estagiário também acompanhava a realização de exames complementares, como bioquímico e coproparasitológico. Em adição, era incentivado pelos médicos veterinários que o estagiário separasse as medicações que possivelmente seriam utilizadas durante a consulta médica. A casuística dos animais atendidos no Consultório de Animais Silvestres Tukan está no gráfico 4. 27 Gráfico 4. Casuística geral de répteis, aves e mamíferos atendidos no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Os diversos processos clínicos e os sistemas orgânicos afetados estão representados no gráfico 5. 7 49 60 0 10 20 30 40 50 60 70 Répteis Aves Mamíferos A n im ai s at en d id o s Classe 28 Gráfico 5. Representação gráfica da distribuição de acordo com o sistema afetado, dos casos acompanhados no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Os diagnósticos, suspeitas clínicas ou procedimentos detalhados em répteis, mamíferos e aves foram relacionados nos quadros 4, 5 e 6, respectivamente. 12 13 1 10 12 3 3 2 10 2 8 4 1 8 13 14 0 2 4 6 8 10 12 14 16 A n im ai s at en d id o s 29 Quadro 4. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Jabuti- piranga Chelonoidis carbonaria Anemia 1 Jabuti- piranga Chelonoidis carbonaria Pneumonia 1 Jabuti- piranga Chelonoidis carbonaria Trauma mecânico 1 Jiboia Boa constrictor Preventivo e instruções de manejo 2 Jiboia-arco- íris Epicrates sp. Preventivo e instruções de manejo 2 Quadro 5. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Agapornis Agapornis roseicollis Encefalopatia hepática 2 Calafate albino Lonchura oryzivora Osteomielite em rinoteca 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Alteração digestiva 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Alteração respiratória 4 Calopsita Nymphicus hollandicus Catarata 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Clamidiose 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Fratura em membro pélvico 2 Continua... 30 Continuação do quadro 5 Quadro 5. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Calopsita Nymphicus hollandicus Insuficiência renal 2 Calopsita Nymphicus hollandicus Lesão traumática em região cervical 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Nefropatia 1 Calopsita Nymphicus hollandicus Preventivo e instruções de manejo 4 Calopsita Nymphicus hollandicus Tumor em cloaca 1 Canário- belga Serinus canaria domestica Cisto de pena 2 Canário- belga Serinus canaria domestica Hipovitaminose A 1 Corujinha- do-mato Megascops choliba Preventivo e orientações de manejo 1 Galinha doméstica Gallus gallus domesticus Lesões por mordida de gambá-de- orelha-preta (Didelphis aurita) 1 Grande Alexandre Psittacula eupatria Alteração respiratória 1 Papagaio- do-mangue Amazona amazonica Hepatopatia 1 Papagaio- do-mangue Amazona amazonica Trauma cranioencefálico 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Aspergilose 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Encefalopatia hepática 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Hepatopatia 7 Continua... 31 Continuação do quadro 5 Quadro 5. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Lipoma 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Pneumonia 1 Papagaio- verdadeiro Amazona aestiva Sinusite e conjuntivite 1 Pavão Pavo muticus Claudicação de membro pélvico direito 1 Periquitão- maracanã Psittacara leucophtalmus Trauma cranioencefálico 1 Periquito australiano Melopsittacus undulatus Fratura de pena 1 Periquito australiano Melopsittacus undulatus Lipoma e hepatomegalia 1 Periquito australiano Melopsittacus undulatus Sarna de bico 1 Periquito- de-asa-azul Brotogeris cyanoptera Alteração neurológica 1 Periquito- rico Brotogeris tirica Lesão em crânio por trauma mecânico 1 Trinca-ferro Saltator similis Alteração respiratória e hipovitaminose A 1 32 Quadro 6. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Chinchila Chinchilla lanigera Hipertermia 1 Chinchila Chinchilla lanigera Preventivo e instruções de manejo 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Abscesso dentário 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Alteração em coluna 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Alteração oftálmica 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Alteração respiratória 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Artrose 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Cálculo vesicular 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Disfagia 2 Coelho Oryctolagus cuniculus Enterite 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Estase no intestino grosso 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Fratura em unha 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Lipidose hepática 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Má oclusão dos dentes incisivos/molares 7 Coelho Oryctolagus cuniculus Neoplasia testicular 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Nódulo em região próxima ao membro torácico esquerdo 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Obesidade e lipoma 1 Coelho Oryctolagus cuniculus Osteomielite em crânio 1 Continua... 33 Continuação do quadro 6 Quadro 6. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Consultório de Animais Silvestres Tukan, no período de 01/05/2021 a 31/05/2021, em São Paulo – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Coelho Oryctolagus cuniculus Pododermatite 1 Furão Mustela putorius furo Infestação por pulgas 1 Gerbil Meriones unguiculatus Lesão mecânica por estresse 1 Gerbil Meriones unguiculatus Papilomatose em ânus 1 Hamster sírio Mesocricetus auratus Alteração respiratória 1 Macaco prego Sapajus nigritus Preventivo e instruções de manejo 1 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Má oclusão dos dentes incisivos/molares 5 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Cisto ovariano 1 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Dermatite fúngica 3 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Empanzinamento 7 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Hipomotilidade 1 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Neoplasia em região cervical dorsal 1 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Preventivo e instruções de manejo 3 Porquinho- da-Índia Cavia porcellus Sarna 6 Twister Rattus norvegicus Artrite/artrose 1 Twister Rattus norvegicus Má oclusão dos dentes incisivos 1 34 3.3. Bosque e Zoológico Municipal “Fábio de Sá Barreto” Aos estagiários era dada a função de acompanhar e auxiliar os tratadores em seus respectivos setores. No setor ambulatório, os estagiários tinham como funções o preparo da alimentação dos animais, a troca de água, a limpeza das baias e da sala, e a observação diária, além do registro das pesagens dos alimentos diariamente em formulários no computador presente na sala de internação. Também era função dos estagiários realizar a medicação dos animais internados, incluindo o berçário, e a realização de contenção física para exame dos animais pelos médicos veterinários. Nas cirurgias, era função dos estagiários manter a organização e auxiliar o médico veterinário no procedimento. Quando havia exames de necropsia, era função do estagiário auxiliar e realizar o exame, com a coleta de fragmentos para exames complementares, como histopatológico. A casuística dos animais atendidos no Setor de Medicina Veterinária do Zoológico está no gráfico 6 e os exames anatomopatológicos no gráfico 7. 35 Gráfico 6. Casuística geral de répteis, aves e mamíferos e suas respectivas origens, atendidos no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Gráfico 7. Número de animais necropsiados entre peixes e aves e suas respectivas origens, acompanhados no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. 1 1 1 0 27 5 0 5 10 15 20 25 30 Répteis Aves Mamíferos A n im ai s at en d id o s Classe Plantel Vida livre 2 00 1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Peixes Aves A n im ai s n ec ro p si ad o s Classe Plantel Vida livre 36 Os diversos processos clínicos e os sistemas orgânicos afetados estão representados no gráfico 8. Gráfico 8. Representação gráfica da distribuição dos casos acompanhados no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Os diagnósticos, suspeitas clínicas ou procedimentos detalhados em répteis, mamíferos e aves foram relacionados nos quadros 7, 8 e 9, respectivamente. 4 1 9 4 2 2 14 0 2 4 6 8 10 12 14 16 A n im ai s at en d id o s 37 Quadro 7. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de répteis no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Cágado-de- barbicha Phrynops geoffroanus Lesão traumática em casco 1 Jabuti Chelonoidis carbonaria Alteração digestiva 1 Quadro 8. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Canário-da- terra Sicalis flaveola Lesão traumática em asa 1 Carcará Caracara plancus Falta de desgaste do bico 1 Cardeal Paroaria coronata Apreensão/quarentena 1 Gavião carcará Caracara plancus Necrose em membro pélvico esquerdo 1 Gavião- caboclo Heterospizias meridionalis Fratura em membro pélvico 1 Gavião- carijó Rupornis magnirostris Resgate 2 Gralha-do- campo Cyanocorax cristatellus Paresia de membros pélvicos 1 Pardal Passer domesticus Laceração em asa direita 1 Pássaro- preto Gnorimopsar chopi Alteração neurológica 1 Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Amputação de membro pélvico direito 1 Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Cuidados de filhote órfão 4 Periquitão- maracanã Psittacara leucophthalmus Lesão traumática em asa 1 Continua... 38 Continuação do quadro 8 Quadro 8. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de aves no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Periquito- de- encontro- amarelo Brotogeris chiriri Ataxia 1 Periquito- rei Eupsittula aurea Cuidados de filhote órfão 3 Pomba asa-branca Patagioenas picazuro Alteração neurológica 1 Pomba avoante Zenaida auriculata Cuidados de filhote órfão 5 Trinca-ferro Saltator similis Apreensão/quarentena 1 Tucano-de- bico-verde Ramphastos dicolorus Ataxia 1 Quadro 9. Diagnósticos, suspeitas clínicas e procedimentos acompanhados no atendimento de mamíferos no Bosque Zoológico “Fábio de Sá Barreto”, no período de 02/06/2021 a 16/06/2021, em Ribeirão-Preto – SP. Nome popular Nome científico Diagnósticos, Suspeitas Clínicas Ou Procedimentos Total Gambá-de- orelha- branca Didelphis albiventris Desidratação e perda de apetite 1 Gambá-de- orelha- branca Didelphis albiventris Lesões traumáticas por atropelamento 2 Sagui-de- tufo-branco Callithrix jacchus Cuidados de filhote órfão 2 Tatu- galinha Dasypus novemcinctus Alteração de comportamento/apatia 1 39 4. DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 4.1. Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” Durante o estágio no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” foi acompanhada a rotina dos cuidados diários com os animais, feita pelos tratadores de cada setor. Foram observados os recintos, a alimentação e as características de cada espécie, além do comportamento dos exemplares. No setor de medicina veterinária, foram acompanhados os atendimentos de 118 exemplares. Dentre estes, 7% eram répteis, 23% eram mamíferos, e 70% eram aves. Foram atendidas 47 espécies diferentes, incluindo os animais de vida livre e os pertencentes ao plantel da instituição. Para avaliar a condição de saúde dos animais do plantel, o exame coproparasitológico era feito anualmente. Em recintos com poucos animais, a colheita de fezes era feita de forma individual. Em recintos com muitos indivíduos, eram feitos pools de amostras para o exame. Os responsáveis pela colheita de fezes eram os tratadores de cada setor, e eventualmente o estagiário que acompanhava a rotina do setor poderia realizar a colheita. O exame, feito no laboratório do Zoológico, era o Sheater (com utilização de solução salina hipersaturada) modificado (sem o uso de centrífuga). O exame poderia ser realizado pelo estagiário que acompanhava o setor, mas com supervisão do profissional médico veterinário. Se houvesse resultado positivo, era administrado antiparasitário nos animais acometidos. Quando os tratadores observavam mudanças no comportamento dos animais, assim como quando os estagiários o faziam, os exemplares pertencentes ao plantel eram encaminhados ao setor de medicina veterinária 40 para receberem os cuidados necessários. Em todos os procedimentos feitos no Zoológico, os estagiários podiam tirar suas dúvidas, que eram prontamente respondidas pelos profissionais. No momento de introdução ou reintrodução de animais em seus recintos, os estagiários realizavam a observação destes no grupo, para relatar aos médicos veterinários quaisquer problemas que viessem a ocorrer, como brigas entre os animais. Tanto os exemplares do Zoológico, quanto os animais que chegavam de vida livre e que viessem a óbito, eram necropsiados rotineiramente. A necropsia era feita pelas médicas veterinárias residentes e acompanhada pelos estagiários, que auxiliavam na colheita de material biológico para exames complementares. Durante o estágio foram acompanhadas 17 necropsias. Destas, 5 eram de animais que pertenciam ao plantel e 12 eram de animais de vida livre. Os animais que apresentavam maior risco, seja por seu porte ou capacidade cognitiva, passavam por condicionamento operante, para tornar o manejo mais seguro e principalmente reduzir o estresse dos animais, quando procedimentos veterinários que fossem necessários. Como exemplo, podem ser citados os exemplares de mandril (Mandrillus sphinx) e de urso-de-óculos (Tremarctos ornatos). O primeiro era condicionado com recompensas alimentares (banana, mamão, melancia, ovos, entre outros), para possibilitar a aplicação de insulina duas vezes ao dia. O segundo, também condicionado com recompensa alimentar (mel), passou pelo condicionamento para possibilitar a limpeza de sua ferida na região dorsal, causada por uma atopia. 41 O seminário exigido por parte da instituição concedente, de forma mensal, para os estagiários do programa de estágio curricular obrigatório, contribuía para aprofundar os conhecimentos do graduando e para melhorar o manejo no local, uma vez que a opinião, com base em estudos, era pedida aos estagiários a cada final de apresentação de seminário. 4.2. Consultório de Animais Silvestres Tukan Durante o estágio no Consultório de Animais Silvestres Tukan foram acompanhadas consultas de 116 pacientes. Destes animais, 6% eram répteis, 52% eram mamíferos e 42% eram aves. Foram atendidas, no total, 26 espécies distintas. Os animais mais atendidos na clínica foram exemplares de porquinho-da- Índia (Cavia porcellus), seguidos de coelhos (Oryctolagus cuniculus) e logo após, calopsitas (Nymphicus hollandicus). Cada espécie exigia diferentes abordagens terapêuticas devido às características fisiológicas e anatômicas, e tais diferenças eram sempre consideradas no momento do exame clínico. No momento da consulta clínica, era exigido pensamento clínico da estagiária, que separava as medicações e instrumentos que possivelmente seriam utilizados no exame do paciente. A contenção física dos animais pela estagiária era sempre assistida e orientada pelos profissionais, possibilitando um bom aprendizado das técnicas. No momento da consulta, era oferecido aos proprietários dos animais um cardápio, assinado pelo médico veterinário responsável, que continha 42 orientações detalhadas sobre a alimentação correta dos animais. Sabe-se que na rotina clínica de animais silvestres e exóticos, os erros de manejo compõem grande parte dos problemas que podem vir a acometer estas espécies, e, quando não são a causa principal, ainda têm notável relevância na qualidade de vida do paciente. Eram também detalhadas, no momento da consulta, informações sobre o ambiente ideal para o animal, entre outros fatores que devem ser considerados para oferecer bem-estar ao paciente. Durante o estágio, eram solicitados à estagiária revisões de literatura com temas propostos pela M. V. M.Sc. Erica Couto, envolvendo as afecções mais comuns na clínica de animais silvestres e exóticos. A atividade contribuiu de forma significativa para o aprofundamento dos conhecimentos da estagiária. 4.3. Bosque e Zoológico Municipal “Fábio de Sá Barreto” Durante o estágio no Bosque e Zoológico Municipal “Fábio de Sá Barreto” foram acompanhados atendimentos de 36 animais. Destes, 5,5% eram répteis, 16,5% eram mamíferos e 78% eram aves. Foram atendidas, no total, 21 espécies diferentes. Ideias para enriquecimento ambiental eram sempre discutidas, e as que poderiam ser aplicadas eram levadas aos responsáveis por organizar esta atividade. O animal era observado de acordo com um etograma montado anteriormente. É de conhecimento de todos os profissionais que trabalham com animais silvestres e exóticos que o enriquecimento ambiental, sendo este cognitivo, físico, social, alimentar ou sensorial, são essenciais para promover o bem-estar de animais em cativeiro. 43 A observação do comportamento e o preparo da alimentação do ambulatório e berçário era feita pelos estagiários, o que os levava à observação destes sobre particularidades das demandas de cada espécie. A aplicação de medicações e contenção física, também feitas pelos estagiários, contribuíam de forma significativa para a aprendizagem das diferentes técnicas empregadas na clínica de animais silvestres e exóticos. Os estagiários, ao acompanhar os tratadores de cada setor do Zoológico, na rotina de limpeza dos recintos, alimentação e troca de água, poderiam observar o manejo realizado para cada grupo de animais, cada um com suas respectivas demandas. A necropsia de animais que vinham a óbito, tanto de animais de vida livre, quanto de animais do plantel, era feita rotineiramente. Ao todo, foram realizadas três necropsias (uma ave e dois peixes). A ave não pertencia ao plantel, mas os exemplares de peixe pertenciam ao aquário do Zoológico. 44 5. CONCLUSÃO O estágio permitiu que a graduanda tivesse experiência com a clínica dos animais silvestres e exóticos, sobretudo com as diferenças entre abordagens em zoológicos públicos e clínica particular. O conhecimento foi aprofundado durante todo o estágio por meio de estudos teórico e prático. A teoria aprendida ao longo do curso foi colocada em prática, e tal experiência teve notável importância na formação da estudante. Além dos conhecimentos sobre a terapêutica e manejo dos animais, foram aprofundadas habilidades interpessoais indispensáveis para o mercado de trabalho atualmente, como comunicação, sociabilidade, tomada de decisões com rapidez e clareza, trabalho em equipe e resiliência. Houve o desenvolvimento do pensamento clínico diante de diferentes casos, o que é de extrema importância para a área da medicina veterinária escolhida pela graduanda. 45 II. RELATO DE CASO Má oclusão dentária em porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) 1. INTRODUÇÃO Roedores caviomorfos, como os porquinhos-da-Índia (Cavia porcellus) são animais elodontes, ou seja, que apresentam crescimento contínuo dos dentes (KRONFELD, 1937; CROSSLEY, 2005). A falta de desgaste dos dentes acarreta a má oclusão dos mesmos, devido ao alongamento da coroa clínica. Existem diversas causas para a afecção dentária descrita, como distúrbios metabólicos, traumas, genética, e alimentação incorreta (erro de manejo), sendo esta última a causa mais comum para a falta de desgaste dos dentes (LEGENDRE, 2003). Sendo assim, o animal deve ter uma alimentação baseada em folhagem abrasiva, como feno de capim. No momento da mastigação, o animal mantém um padrão com o movimento excursivo lateral da mandíbula, que promove o deslizamento da superfície oclusal dos dentes superiores com os dentes inferiores, realizando a trituração do alimento e consequente desgaste dos dentes (CORRÊA & FECCHIO, 2014). 46 A má oclusão dentária pode ser de etiologia primária ou secundária, além de fatores genéticos, que são pouco recorrentes na clínica médica de roedores (CORRÊA & FECCHIO, 2014). A causa primária ocorre devido a alterações anatômicas do animal, como o prognatismo mandibular não fisiológico e desproporção entre o tamanho da mandíbula e da maxila, com consequente perda da oclusão normal dos dentes e alongamento por falta de desgaste. Já a causa secundária acontece por fatores externos, como, por exemplo, a alimentação incorreta, baseada em ração, frutas ou legumes. Tal efeito acontece, pois, ao mastigar estes alimentos, a amplitude de movimento mandibular diminui, a fim de moer, e não triturar, como ocorre com a folhagem abrasiva (feno) (WIGGS & LOBPRISE, 1995). Sabe-se que diversos distúrbios em cavidade oral podem afetar os pequenos roedores (CORRÊA & FECCHIO, 2014) e que a má oclusão dentária é a afecção dentária que mais acomete estes animais (FOWLER, 1986). Portanto, o objetivo do presente relato é apresentar um caso de má oclusão em que a resolução do quadro foi feita com correção cirúrgica. 47 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Espécie O porquinho-da-Índia ou cobaia (Cavia porcellus) pertence à ordem Rodentia, subordem Hystricomorpha, e à família Cavidae. É um mamífero, pequeno roedor originário da América do Sul. Acredita-se que o nome inclui o país Índia pois os espanhóis, na época da embarcação em terras sul- americanas, acreditavam estar nas Índias (COUTO et al., 2002). A espécie foi introduzida no Brasil ainda na época das embarcações portuguesas, e é utilizada em experimentos científicos desde meados de 1790 (COUTO et al., 2002). Apresentam expectativa de vida de 3 a 8 anos, e atingem a maturidade sexual por volta dos 3 a 4 meses nos machos e dos 2 a 3 meses nas fêmeas. Em relação aos olhos, são lateralizados (RIGGS, 2009; TEIXEIRA, 2014). Estes pequenos roedores apresentam facilidade adaptativa a variados ambientes. Na natureza, vivem em grupos com um macho dominante, com hábito nômade, inclusive na época reprodutiva. Atualmente, são pacientes frequentes na clínica de pets não convencionais, devido à sua docilidade (TEIXEIRA, 2014; QUINTON, 2005). 2.2. Revisão anatômica A espécie é caracterizada por apresentar camadas de mucosa espessa na cavidade oral (ORTI et al., 2004). Esta última apresenta o diastema: um espaço entre seus incisivos, pré-molares e molares (O’MALLEY, 2005). 48 Uma das principais características da espécie é a presença de incisivos curvos especializados em roer o alimento (HICKMAN et al., 2004). Os dentes são divididos entre coroa clínica e coroa de reserva. A primeira é a porção supragengival e a segunda, subgengival. Ambas formam a coroa anatômica (WIGGS & LOBPRISE, 1995; KRAUS, 1969). Apresentam 20 dentes, sendo monofiodontes (dentes não decíduos), com um sistema pulpar apical aberto; e elodontes, ou seja, o crescimento dos dentes acontece de forma constante (CROSSLEY, 1995). Os incisivos mandibulares apresentam comprimento maior que os incisivos maxilares, com superfície de oclusão em formato de cinzel em sentido rostral, devido à ausência de esmalte na face lingual dos dentes incisivos (KRONFELD, 1937; WILLIAMS, 1976). A oclusão dentária posterior tem uma angulação de 30º. Os dentes mandibulares são inclinados lingualmente, e os maxilares, palatinamente (EISENMENGER & ZETNER, 1985, VERHAERTE, 2004). A fórmula dentária para o porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) é 2× (1/1 I; 1/1 PM; 3/3 M) (CAPELLO & GRACIS, 2005). Em relação aos movimentos de mastigação, esta espécie apresenta o mesmo mecanismo de outros roedores, sendo este pela ação dos músculos do crânio e mandíbula. Partindo do côndilo mandibular, o sulco temporal rostrocaudal é guiado pelo músculo masseter, que contém cristas massetéricas na superfície óssea mandibular. Para o fechamento da cavidade oral, a porção infrorbital e profunda do músculo são contraídas, com o auxílio do músculo pterigoide. Este último também age na movimentação lateral e rostral da mandíbula (CROSSLEY, 1995). 49 2.3. Fisiopatogenia Dentre as diferentes causas para o desenvolvimento de má oclusão dentária em roedores, tem-se traumatismos, hábitos alimentares inadequados (incluindo distúrbios nutricionais e manejo alimentar incorreto) e predisposições genéticas (WILLIAMS, 1976; FOWLER, 1986; WIGGS, 1990). O alongamento intraoral da coroa clínica é causado pela alteração na oclusão normal dos dentes, que por sua vez causa aumento da pressão oclusal e dificuldades no momento da alimentação. Esta dificuldade se instala devido ao comprometimento da mastigação e apreensão do alimento. A falta de desgaste leva ao aparecimento de pontas dentárias, com consequente dor e formação de úlceras na mucosa jugal (WIGGS & LOBPRISE, 1990). Tanto o alongamento dos molares e pré-molares, quanto dos incisivos, pode levar ao quadro de má oclusão. Na espécie estudada no presente caso, os casos mais comuns ocorrem por falta de desgaste nos dentes posteriores, devido ao manejo alimentar incorreto (base alimentar não composta de folhagem abrasiva) (VERHAERTE, 2004). 2.4. Classificação A má oclusão de dentes incisivos pode ser de causa primária ou secundária. A causa primária ocorre por deformidades esqueléticas, como prognatismo, que podem ser genéticas ou não. Já a causa secundária ocorre por falta de desgaste dos dentes posteriores, com desvio ventrorrostral mandibular, e, na maioria dos casos, acontece por manejo alimentar incorreto (VERHAERTE, 2004; CROSSLEY, 2005), como excesso de selênio (WILLIAMS, 1976); 50 deficiência de vitamina C (ácido ascórbico) e principalmente, por base alimentar não constituída de folhagem (BROWN & ROSENTHAL,1997). 2.5. Diagnóstico O diagnóstico é realizado por meio da anamese, histórico clínico, pelos sinais clínicos, exame físico do paciente e por exames complementares, tais como a radiografia. Os sinais clínicos mais frequentes são: perda de peso, fezes com alimento não digerido, abscessos faciais, descargas oculares, exoftalmia, “grooming” excessivo, distúrbios digestivos, sialorreia e anorexia (WIGGS & LOBPRISE, 1990; CROSSLEY, 2000). No momento do exame clínico, com o auxílio de afastadores de bochecha, otoscópios ou espéculos vaginais, a cavidade oral pode ser observada. Tais instrumentos possibilitam a abertura da cavidade oral do roedor, para visualização e exame dos dentes posteriores (molares e pré-molares), assim como dos incisivos superiores e inferiores (CORRÊA & FECCHIO, 2014). A radiografia é um exame complementar de grande importância, uma vez que permite a visualização de mais detalhes sobre a condição odontológica do animal. Em adição, o exame permite o acompanhamento da evolução do quadro antes, durante e após o tratamento (GIOSO et al., 2014; BRENNER et al., 2005). Deve-se realizar o exame radiográfico para detectar sequelas de má oclusão dentária, como doença periodontal, osteomielite e abscessos (LEGENDRE, 2002). 51 2.6.Tratamento O tratamento do quadro pode ser realizado com odontossecção, desgaste dentário, ou exodontia. A exodontia dos incisivos é o único tratamento indicado em casos de prognatismo (LEGENDRE, 2002). A não realização ou interrupção do tratamento, ou seja, a eutanásia, apresenta-se como alternativa em casos mais graves ou com animais de vida livre, que não conseguirão passar por um plano de reabilitação e soltura, uma vez que poderão vir a óbito se tiverem uma recidiva, devido às infecções secundárias ou à incapacidade de alimentação (WIGGS & LOBPRISE, 1990). A odontossecção e o desgaste dentário são os procedimentos recomendados para tratamento da má oclusão dentária em pets não convencionais. O objetivo destas intervenções é a redução do comprimento dos dentes, a fim de promover a condição anatômica normal da mesa oclusal (VERHAERTE, 2004). Para o procedimento cirúrgico, o animal deve ser submetido à anestesia geral. Para a espécie, recomenda-se a sedação com midazolam associado a cetamina. A indução e manutenção da anestesia podem ser realizados com isofluorano, um anestésico inalatório (CORRÊA & FECCHIO, 2014). Para evitar que o isofluorano saia pela cavidade oral, alterando o plano anestésico, é recomendado que seja colocado uma porção de algodão ou gaze na entrada da orofaringe. Tal material também evita a aspiração indesejada de secreções e tecido dentário removido no momento do procedimento (CORRÊA & FECCHIO, 2014). 52 Em adição, é importante considerar a divisão do procedimento em duas ou mais sessões. Isto é feito em casos em que o desgaste subgengival é necessário, ou seja, em sentido a coroa de reserva. É importante lembrar que este degaste deve ser realizado respeitando a angulação da mesa oclusal dentária de 30° em relação ao plano horizontal (VERHAERTE, 2004; CROSSLEY, 2003). O paciente deve ser posicionado em mesa de cirurgia preparada para a espécie, e o procedimento deve ser feito com o auxílio de afastador de bochecha. Brocas tipo carbide para peça de mão, esféricas e de números 4, 6 e 8, que devem estar acopladas em um micromotor de baixa rotação, devem ser utilizadas. O micromotor pode ser acoplado a equipo odontológico movido a ar comprimido ou pode ser elétrico. É recomendado o uso de protetor de broca e abaixador de língua. Para desgaste dos incisivos, utiliza-se disco diamantado (CORRÊA & FECCHIO, 2014, VERHAERTE, 2004). Durante o procedimento, devem ser realizadas pequenas pausas, para que não ocorram lesões térmicas. Recomenda-se o uso de bolas de algodão embebidas em clorexidina 0,12%, a fim de evitar tais lesões, e para limpar os debris resultantes do desgaste dos dentes acometidos (CORRÊA & FECCHIO, 2014; VERHAERTE, 2004). No pós-operatório, deve-se considerar o tempo para reajuste da musculatura e também a sensibilidade oral causada pelos traumas cirúrgicos. A resposta aos estímulos é de caráter individual (CROSSLEY, 2003). 53 3. RELATO DE CASO Chegou ao Consultório de Animais Silvestres Tukan, em São Paulo – SP, um exemplar de porquinho-da-Índia (Cavia porcellus), fêmea, de 2 anos e 4 meses, para exame preventivo. O animal havia passado por procedimento odontológico de desgaste dentário há menos de um ano em outra clínica veterinária. Apresentava-se ativo e alerta, pesando 982 g, e sem dificuldades na alimentação, ou seja, tendo como base alimentar o feno de capim. Não apresentava dificuldades em aceitar o feno de capim, que deveria ser a base alimentar do animal, apenas demonstrava seletividade com os demais alimentos oferecidos. Sua alimentação era composta de ração extrusada; legumes (chuchu; pepino; pimentão e jiló); frutas (pêra e maçã); verduras (almeirão; catalonha e escarola) e feno de capim. Foi feito exame físico na paciente, que foi encaminhada para exame radiográfico, ultrassonográfico e foi coletado material fecal para exame coproparasitológico. No exame ultrassonográfico foi observada a presença de estrutura cística, medindo cerca de 1,1 cm em ovário esquerdo, com contornos regulares e bem delimitados. No exame coproparasitológico, leveduras foram detectadas nas fezes. No exame radiográfico, puderam ser observadas pontas dentárias por alongamento da coroa clínica dos dentes devido à falta de desgaste. No momento do exame físico da cavidade oral, foi observada falta de desgaste no molar inferior direito, confirmado em posterior exame radiográfico (Figura 1). Em adição, o incisivo superior estava fraturado e por consequência, o incisivo inferior apresentava desgaste insuficiente. 54 Na presente consulta médica, foram receitados os seguintes fármacos, para administração em casa: anti-inflamatório meloxicam (a cada 24 horas durante 5 dias); vitamina C (a cada 24 horas durante 15 dias) e silicone antifisético simeticona (a cada 12 horas durante 7 dias). A imagem do exame radiográfico pode ser vista na figura 1. Figura 1. Radiografia do porquinho-da-Índia (Cavia porcellus) em incidência laterolateral direita. Visibilização de falta de desgaste dentário nos incisivos inferiores e alteração da mesa oclusal entre pré molares e molares (seta de cor vermelha). Incisivo inferior apresentando desgaste insuficiente (seta de cor bege). Imagem: Tukan e Imax. 55 Nove dias após a primeira consulta, a paciente passou por procedimento odontológico no Consultório de Animais Silvestres Tukan (Figura 2). A cirurgia foi feita por membros da Equipe Safari, de São Paulo – SP. Antes da cirurgia, o jejum não foi realizado, devido à fisiologia digestiva destas espécies. Os porquinhos-da-Índia (C. porcellus) são fermentadores intestinais, desta forma, dependem da microbiota para a quebra de celulose. Os ácidos graxos voláteis resultantes da fibra convertida pela microbiota diminuem o pH cecal e do intestino. Tal mecanismo evita a superpopulação de bactérias nocivas ao animal. Sendo assim, não foi recomendado jejum à paciente para que a mesma não fosse exposta ao risco de enterite, diarreia ou estase intestinal. A paciente passou por procedimento anestésico, com a utilização do sedativo e analgésico dexmedetomidina na dose de 0,01 mg/kg, anestésico cetamina na dose de 2mg/kg e analgésico tramadol na dose de 5 mg/kg, todas por via intramuscular, como medicações pré-anestésicas. A indução foi feita com isofluorano, um gás anestésico, em máscara adaptada para a espécie. O Ringer Lactato utilizado para fluidoterapia na quantidade de 20 mL/kg, por via subcutânea. Como medicações transanestésicas, foram utilizadas antiemético metoclopramida na dose de 0,5 mg/kg, analgésico dipirona na dose de 30 mg/kg e anti-inflamatório meloxicam na dose de 0,3 mg/kg, todas por via subcutânea. A paciente apresentava ponta dentária no primeiro molar inferior direito. O dente possuía um crescimento lateral direito, em vez de um crescimento em sentido lingual (esquerdo), como normalmente ocorre nos casos de ponta dentária na hemiarcada inferior. Este alongamento causou uma aderência do dente na mucosa jugal, causando uma ulceração. No mesmo lado da cavidade 56 oral, havia um crescimento diagonal de último molar do lado inferior direito (Figura 3). Foi feito o desgaste de ambos os dentes, para possibilitar o nivelamento dos mesmos. O animal apresentava hiperplasia de gengiva em volta do primeiro molar inferior direito, desta forma, no procedimento cirúrgico foi feita a retirada do excesso de tecido. Os aparatos utilizados no procedimento e a lesão na mucosa jugal da paciente podem ser visualizados nas figuras 2 e 3, respectivamente. Figura 2. Animal posicionado na mesa de cirurgia. O aparato utilizado consiste em mesa odontológica para atendimento de pequenos roedores (seta laranja) e afastador de gengiva (seta preta). Imagem: Equipe Safari. 57 Figura 3. Lesão ulcerada por traumatismo decorrente de ponta dentária lateral no primeiro molar inferior direito (seta vermelha). Imagem: Equipe Safari. Ainda nos lados inferior direito e esquerdo da cavidade oral, além do superior esquerdo e direito, os primeiros pré-molares apresentavam alongamento da coroa clínica, e também foi feito o desgaste para correção das pontas dentárias. O incisivo superior estava fraturado e por consequência, o incisivo inferior apresentava desgaste insuficiente. Foi feito o desgaste do segundo, com correção do “formato de cinzel”, característico deste dente. 58 No pós-operatório imediato, o animal não teve complicações. Como medicação pós-operatória, foi feito atipamezole, na dose de 0,1 mg/kg, por via intramuscular, para reversão dos efeitos da dexmedetomidina no organismo da paciente, sendo estes de origem cardiorrespiratória. Após o procedimento, a paciente foi mantida em ambiente aquecido e foi monitorada por duas horas nas dependências do Consultório de Animais Silvestres Tukan. Para administração em casa, foram receitados: anti-inflamatório meloxicam (a cada 24 horas durante 6 dias); analgésico dipirona 500 mg/mL (a cada 8 horas durante 7 dias); silicone antifisético simeticona (a cada 8 horas durante 7 dias) e vitamina C (a cada 24 horas durante 7 dias). Para o uso em cavidade oral, foi receitado digluconato de clorexidina a 0,12%, para a realização de limpeza (a cada 8 horas durante 7 dias). Tal limpeza deveria ser feita com utilização de cotonete embebido na solução. Este deveria ser introduzido na cavidade oral e passado na superfície dos dentes e gengiva. Foi receitado também que o animal recebesse papinha para herbívoros da marca “Megazoo”, a cada 4 horas durante 7 dias no volume de 10 mL, totalizando 6 alimentações. A ração poderia ser oferecida, desde que fosse levemente umedecida nos primeiros 5 dias após o procedimento cirúrgico. Durante o exame físico da consulta de retorno pós-cirúrgico, a paciente apresentava excelente recuperação, sem feridas cirúrgicas e sem dificuldades nos movimentos mastigatórios no momento da alimentação. 59 4. DISCUSSÃO O histórico da paciente, além do exame clínico e radiografia, indicava uma recidiva do quadro de ponta dentária causada por má oclusão. Neste caso, o procedimento mais adequado, como descrito por CORRÊA E FECCHIO (2014), era o desgaste dentário realizado em procedimento cirúrgico odontológico. A paciente apresentava uma área ulcerada na mucosa jugal. De acordo com WIGGS E LOBPRISE (1990), em casos de má oclusão não traumática (não causada por perda total ou parcial de algum dente), os dentes molares tendem a sofrer alongamentos em direção à mucosa bucal, causando lesões nestas áreas de contato. As lacerações mais extensas na mucosa devem ser suturadas (VERHAERTE, 2004), mas neste caso, a sutura não foi necessária. Para a correção do dente incisivo inferior da paciente, foi feito o desgaste do mesmo. Em fraturas totais ou parciais dentárias, os dentes opostos obtêm espaço aumentado, somado à falta de atrito, assim resultando em alongamento e perda da conformação normal do dente (WIGGS & LOBPRISE, 1990). Dentre as causas para o desenvolvimento de pontas dentárias e consequente má oclusão, está a predisposição genética (JACOBSON & KOLLIAS, 1988). Após o descarte de outras causas para o quadro descrito, como hipovitaminose C, excesso de selênio na dieta, prognatismo mandibular e dieta inadequada (baseada em ração peletizada ou extrusada), o presente relato de caso pode ter etiologia genética, uma vez que o alongamento dos dentes molares apresenta recidivas frequentes e com o acometimento dos mesmos dentes. 60 De acordo com LEGENDRE (2002), o objetivo do tratamento é reestabelecer a oclusão normal dos dentes e também excluir a causa do aparecimento de pontas dentárias. Cada procedimento cirúrgico oferece riscos, e é dever do clínico considerá-los no tratamento do paciente a longo prazo. Em vista disso, foi discutido com o proprietário do animal a possibilidade da extração dos dentes acometidos, se virem a ocorrer recidivas do quadro novamente. A suplementação de vitamina C foi prescrita para o animal, devido ao envolvimento desta molécula na síntese de colágeno. Este último é um componente do ligamento periodontal. Tal ligamento proporciona estabilidade aos dentes, o que é essencial para o crescimento correto dos mesmos e uma boa recuperação da paciente (BROWN & ROSENTHAL, 1997; COLLINS, 1988). O resultado do tratamento foi condizente com o descrito por FREITAS et al. (2012), em um relato de caso de um animal da mesma espécie, que não obteve intercorrências durante e após o procedimento cirúrgico. A paciente se adaptou bem após o tratamento, voltando a se alimentar normalmente em poucos dias. O proprietário conseguiu administrar as medicações e realizar a limpeza sem complicações, prevenindo assim o aparecimento de infecções na região. A dor e inflamação no período pós- operatório foram controladas com a utilização de fármacos indicados para a espécie. Foi recomendado pelo clínico que a paciente voltasse para consulta preventiva após passados 6 meses do procedimento. 61 5. CONCLUSÃO A má oclusão dentária relatada neste trabalho foi tratada de forma condizente com a bibliografia consultada. Conclui-se que o procedimento cirúrgico de desgaste dentário, juntamente com uma dieta adequada a base de feno de capim, é eficaz para a correção da má oclusão em porquinhos-da-Índia (Cavia porcellus). Em casos de recidivas frequentes, deve ser considerada a exodontia como tratamento, a fim de evitar a exposição do animal aos riscos do tratamento em curto período de tempo. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRENNER, S. Z. G.; HAWKINS, M. G.; TELL, L. A. et al. 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