1    Campus de Presidente Prudente NATÁLIA TEIXEIRA ANANIAS FREITAS EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CONSUMO E RESÍDUOS SÓLIDOS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO COM OS PROFESSORES PRESIDENTE PRUDENTE 2018 2    Campus de Presidente Prudente NATÁLIA TEIXEIRA ANANIAS FREITAS EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CONSUMO E RESÍDUOS SÓLIDOS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO COM OS PROFESSORES Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/UNESP), como exigência parcial para a obtenção do título de Doutora em Educação. Linha de Pesquisa: Processos Formativos, Infância e Juventude Orientadora: Prof. Dra. Fátima Aparecida Dias Gomes Marin PRESIDENTE PRUDENTE ABRIL DE 2018 5    DEDICATÓRIA À Deus, por sempre estar comigo e me conceder graça e sabedoria para chegar até aqui; A minha família e amigos, pelo apoio incondicional em todos os momentos. A todos aqueles profissionais da área de Educação que almejam uma educação de qualidade para nossas crianças. 6    AGRADECIMENTOS A Deus, pela possibilidade de ter chegado até aqui, dando-me sabedoria, força e discernimento para vivenciar mais essa etapa em minha vida. Muito Obrigada! A minha família, que sempre se fez presente em todos os momentos de minha formação acadêmica, com muita compreensão e apoio durante todo esse momento do doutorado. Amo vocês! Ao meu esposo Vander, que sempre com muito carinho e companheirismo me incentiva a alçar voos mais altos do que eu mesmo posso acreditar. Te amo! A minha orientadora, Prof. Dra. Fátima Aparecida Dias Gomes Marin, meus sinceros agradecimentos pela parceria e apoio em minha formação na área ambiental e no desenvolvimento da pesquisa. Aos professores convidados para a Defesa da Tese e Exame de Qualificação (titulares e suplentes), meus agradecimentos pelas contribuições para a conclusão desta pesquisa. A Prof. Dra. Fabiana Alves Fiore Pinto (ICT/UNESP), por permitir a realização do Estágio Docência na disciplina “Materiais e Reciclagem” e ter colaborado significativamente na minha formação sobre Resíduos Sólidos. Aos amigos do PPGE-FCT/UNESP, gratidão por todos os momentos vividos até aqui! Aos amigos da Associação Cultural Coral Libercanto, por tornarem este período mais leve e divertido com boa música e novas vivências... “Nas nuvens...” Aos amigos e amigas que se fizeram presentes em todos os momentos do Doutorado, me motivando e torcendo pelo meu sucesso. Em especial: Elias Sampaio, Cintia Regina, Felipe Peixoto, Sandra Sampaio, Ângela Marimoto, Rafael Braga, Lais Jansen, Rodrigo Schuster, Luciana Fernandes, Simone Carvalho, Cintia do Carmo, Milena Paixão, Simone Batista, Maria Ângela Rubini, Carolina Lopes, Marta Campos, Renata Cocito, Lonise Xavier, Loiane Zengo, Angélica Braiani, Mayara Fernanda, Daniela Marcato, Héllen Thais, Sabrina Ribas e Ana Paula Hanke. Adoro! Aos professores José Maria de Melo e Claudia Ogata pelo apoio na estruturação do material final da Tese. A Secretaria Municipal de Educação do Município de Presidente Prudente, pela autorização em realizar a pesquisa nas Escolas de Educação Infantil e ainda, o apoio do Departamento de Gestão da Educação Infantil com o desenvolvimento da pesquisa. A Universidade Estadual Paulista (UNESP), por colaborar efetivamente na minha formação acadêmica e profissional no período de 2003-2018 e me proporcionar uma aproximação ao universo da Pesquisa Científica Brasileira. A CAPES, pela concessão de Bolsa de Estudos para subsídio de minha pesquisa durante o período do Doutorado. 7    “A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância”. Mahatma Gandhi 8    FREITAS, N.T.A. Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil: um diálogo necessário com os professores. 2018, Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente/ SP, 2018, 254p. RESUMO: A pesquisa “Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil: um diálogo necessário com os professores” foi realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente/SP. Teve como motivação central a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos para a formação das crianças na Educação Infantil. É fundamental valorizar o local em que a criança está inserida e proporcionar vivências que levem à aquisição de valores, saberes e atitudes voltadas para a conservação do ambiente. Para tanto, é necessário investir na formação profissional. O objetivo geral foi analisar como ocorre a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil (pré-escola) no município de Presidente Prudente-SP, a partir da formação, concepções e práticas pedagógicas das professoras. Os objetivos específicos foram: discutir o Consumo e os Resíduos Sólidos/lixo; refletir sobre a Educação Ambiental e a formação de professores, com ênfase na Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil; identificar quais eram as diretrizes oferecidas pelo Sistema Municipal de Educação de Presidente Prudente (SP), que subsidiavam os trabalhos de Educação Ambiental na Educação Infantil; investigar como estava sendo realizada a formação dos professores sobre Educação Ambiental pela Secretaria Municipal de Educação (SEDUC) e analisar as concepções e práticas das professoras nas Escolas Municipais de Educação Infantil (pré- escola). A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa, caracterizada como estudo de caso. Foram selecionadas 10 escolas, duas de cada região da cidade. A técnica de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada com três membros da Equipe Gestora de Educação Infantil da SEDUC e 10 professoras de pré-escola. Os trabalhos de Educação Ambiental possuem respaldo das “Diretrizes Pedagógicas para a Educação Ambiental da Rede Municipal de Ensino de Presidente Prudente” que apontam discussões interdisciplinares, críticas das questões ambientais e sugerem o trabalho nas questões comportamentais. São oferecidas apenas capacitações aos diretores e coordenadores das escolas que depois fazem reuniões com os professores durante a HTPC. A Educação Ambiental foi concebida pelas professoras principalmente pelo viés da Conscientização Ambiental e da abordagem das relações da criança com o meio em que vive. A palavra que mais se destacou na fala das professoras foi a reciclagem, com atividades de descarte seletivo em detrimento da abordagem dos Resíduos a partir da ideia de ciclo. A maioria das professoras compreendeu a distinção entre consumo e consumismo. Os objetivos que orientaram as práticas dizem respeito à conscientização, a formação do pensamento crítico, ao cuidado, ao uso consciente dos recursos naturais e a novas atitudes. Entre as metodologias constam: a Contação de Histórias, exibição de vídeos, música, elaboração de desenhos e cartazes, pesquisas em revistas, atividades com as famílias, passeios na escola, coleta de materiais da natureza, atividades orais e a construção de brinquedos com materiais recicláveis. Conclui-se que a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos pode ser realizada na Educação Infantil a partir de situações cotidianas e de atividades adequadas às possibilidades de compreensão das crianças, atreladas a uma formação crítica e a prática dos professores. PALAVRAS-CHAVE: Consumo. Resíduos Sólidos. Educação Ambiental. Educação Infantil. Trabalho Docente  9    FREITAS, N.T.A. Environmental Education, Consumption and Solid Waste in the context of Early Childhood Education: a necessary dialogue with teachers. 2018, Thesis (Doctorate in Education), Faculty of Science and Technology, State University of São Paulo, Presidente Prudente / SP, 2018, 254p. ABSTRACT: The research entitled "Environmental Education, Consumption and Solid Waste in the context of Early Childhood Education: a necessary dialogue with teachers" was carried out with the Graduate Program in Education of FCT / UNESP, Presidente Prudente / SP. It had Environmental Education in Solid Waste as its central motivation for children in Early Childhood Education. It is essential to value the place where the child is inserted and provide them with experiences that lead to the acquisition of values, knowledge and attitudes aimed at the conservation of the environment. For this, it is necessary to invest on vocational training. The general objective was to analyze how Environmental Education in Solid Waste is held in the context of pre-school in the city of Presidente Prudente-SP, based on the teachers' conception, pedagogical conceptions and practices. The specific objectives were: to discuss Consumption and Solid Waste / garbage; to think about Environmental Education and teacher training, with emphasis on Environmental Education in Solid Waste; to identify the guidelines offered by the Municipal Education System of Presidente Prudente (SP), which supported the work of Environmental Education in Early Childhood Education; (SEDUC) and to analyze the conceptions and practices of the teachers in the Municipal Schools of Early Childhood Education (pre-school). The methodology used was the qualitative approach, characterized as a case study. Ten schools were selected, two from each region of the city. The data collection technique was the semi-structured interview with three members of the SEDUC's Early Childhood Management Team and 10 pre-school teachers. The Environmental Education works are supported by the "Pedagogical Guidelines for Environmental Education of the Presidente Prudente Municipal Teaching Network" which point out interdisciplinary discussions, criticisms of environmental issues and suggest work on behavioral issues. Only training is offered to Principals and School Coordinators who then hold meetings with the teachers regularly (HTPC). The Environmental Education was conceived by the teachers mainly by the bias of the Environmental Awareness and the approach of the relationship of the child with the environment in which he/she lives. The word that stood out most in the teachers' speech was recycling, with activities of selective discarding to the detriment of the approach of the Waste from the idea of cycle. Most teachers understood the distinction between consumption and consumerism. The objectives that guide the practices are related to awareness, formation of critical thinking, care, the conscious use of natural resources and new attitudes. Among the methodologies are: Storytelling, videos, music, drawing of posters, research in magazines, activities with families, trips to school, collection of nature materials, oral activities and construction of toys with recyclable materials. It is concluded that Environmental Education in Solid Waste can be carried out in Early Childhood Education based on daily situations and appropriate activities to children's comprehension possibilities, linked to a critical formation and teachers' practice. KEYWORDS: Consumption. Solid Waste. Environmental Education. Child education. Teaching Work 10    LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Palavras-Chave sobre Educação Ambiental...................................................... 186 FIGURA 2: Palavras-Chave sobre Resíduos Sólidos/Lixo................................................... 188 FIGURA 3: Palavras-Chave sobre Consumo / Consumismo................................................ 191 11    LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Trabalhos encontrados no Repositório Institucional UNESP – 2010-2015..... 31 QUADRO 2 – Artigos GT 22 – ANPED (2010-2015)............................................................ 36 QUADRO 3 – Pesquisas Banco de Teses e Dissertações CAPES.......................................... 38 QUADRO 4 – Sociedade de Consumo e Cultura de Consumo (BARBOSA, 2004)............... 50 QUADRO 5 - Definições de Resíduos Sólidos – Política Estadual de Resíduos Sólidos...... 72 QUADRO 6 – Classificação dos Resíduos Sólidos quanto a origem...................................... 73 QUADRO 7 – Classificação dos Resíduos Sólidos quanto a periculosidade.......................... 76 QUADRO 8 – Dados Inventário Estadual de Resíduos Sólidos (2016).................................. 97 QUADRO 9 – Principais acontecimentos da Educação Ambiental e Meio Ambiente no Brasil e no mundo (1965-2017)........................................................................................................ 104 QUADRO 10 – Correntes de Educação Ambiental – Sauvè (2003)..................................... 117 QUADRO 11 – Localização das escolas investigadas........................................................... 172 QUADRO 12 – Perfil das professoras investigadas.............................................................. 173 QUADRO 13 – Tempo de Experiência Profissional e Tempo de Experiência Profissional na Educação Infantil................................................................................................................... 179 12    LISTA DE SIGLAS 3R – Reduzir, Reutilizar e Reciclar ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais AEE – Atendimento Educacional Especializado ANPED – Associação Nacional Pesquisa em Educação BA – Bahia CAEE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento e Pesquisa do Ensino Superior CBH-PP – Comitê de Bacias Hidrográficas, Região de Presidente Prudente CE – Ceará CEFAM – Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério CEFORPE – Centro de Formação Permanente dos Profissionais de Educação de Presidente Prudente CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CNE – Conselho Nacional de Educação CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente COOPERLIX – Cooperativa de Trabalhadores de Produtos Recicláveis de Presidente Prudente EA – Educação Ambiental EAD – Educação a Distância ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente EJA – Educação de Jovens e Adultos ETA – Estação de Tratamento de água ETE – Estação de Tratamento de esgoto EUA – Estados Unidos da América FC – Faculdade de Ciências FCLAR – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara FCT – Faculdade de Ciências e Tecnologia FFC – Faculdade de Filosofia e Ciências 13    FUNDEF – Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental GT – Grupo de Trabalho HAB/KM – Habitantes por Quilômetro Quadrado HEM – Habilitação Específica para o Magistério HTPC – Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICT – Instituto de Ciências e Tecnologia IETS – Instituto Trabalho e Sociedade IGCE – Instituto de Geociências e Ciências Exatas IQR – Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos KG – Quilograma LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação LEV – Local de Entrega Voluntária MEC – Ministério da Educação e Cultura MG – Minas Gerais MMA – Ministério do Meio Ambiente NBR – Norma Brasileira ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONG – Organização Não-governamental ONU – Organização das Nações Unidas PAIP – Programa de Atendimento a Infância Prudentina PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais PEV – Ponto de Entrega Voluntária PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIEA – Projeto Internacional de Educação Ambiental PME – Plano Municipal de Educação PNUMA – Programa das Nações Unidas para o meio ambiente PPGE – Programa de Pós-Graduação em Educação PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental PRUDENCO – Companhia Prudentina de Desenvolvimento RCNEI – Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 14    REBRINC – Rede Brasileira Infância e Consumo RJ – Rio de Janeiro RS – Rio Grande do Sul SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão SEDUC – Secretaria Municipal de Educação SETEC – Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil SP – São Paulo SUASA – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UGRHI 22 – Unidade Hidrográfica de Gestão dos Recursos Hídricos do Pontal do Paranapanema, nº 22 UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNESP – Universidade Estadual Paulista UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista WWF- “World Wildlife Fund” – Fundo Mundial da Natureza 15    SUMÁRIO 1 ­ INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 17  2 ­ OS CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ............................................................................. 26  2.1 – Procedimentos Metodológicos ................................................................................................ 27  2.1.1 ­ Levantamento e Revisão Bibliográfica ............................................................................... 29  2.1.1.1 – Levantamento bibliográfico – Repositório Institucional UNESP ................................ 30  2.1.1.2 – Levantamento Bibliográfico ­  GT 22 e GT 07 ­ ANPED............................................... 36  2.1.1.3 – Levantamento Bibliográfico: banco de Teses e Dissertações da CAPES .................... 37  2.2 – As escolas, os sujeitos e os procedimentos de coleta e análise dos dados ............................. 39  3 ­ CONSUMO: UM FENÔMENO COMPLEXO ........................................................................................ 45  3.1 ­ Consumo e consumismo: algumas considerações .................................................................... 45  3.2 ­ Sociedade de Consumo e Cultura de Consumo ........................................................................ 49  3.3 ­ O consumo e o consumismo das crianças................................................................................. 59  4 ­ RESÍDUOS SÓLIDOS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ........................................................................... 67  4.1 ­ Resíduos Sólidos: significados ................................................................................................... 67  4.2 ­ Classificação dos Resíduos Sólidos ............................................................................................ 71  4.3 ­ Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos ........................................................................ 76  4.3.1 ­ Gestão integrada dos Resíduos Sólidos ............................................................................. 77  4.3.2 ­ Gerenciamento de Resíduos Sólidos .................................................................................. 85  4.4 – Resíduos Sólidos em Presidente Prudente(SP) ........................................................................ 96  Quadro 8 ­ Dados Inventário Estadual de Resíduos Sólidos (2016) .................................................. 97  5 ­ EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMAÇÃO DE  PROFESSORES ...................................................................................................................................... 102  5.1 ­ Educação Ambiental: algumas considerações ........................................................................ 102  5.2 – Educação Ambiental e a Formação de Professores ............................................................... 131  5.3 ­ Educação Ambiental na Educação Infantil .............................................................................. 148  5.4 ­  Resíduos Sólidos na Educação Infantil ................................................................................... 159  6 ­ EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CONSUMO E RESÍDUOS SÓLIDOS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO  INFANTIL: FORMAÇÃO, CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DAS PROFESSORAS DE PRÉ­ESCOLA ................... 163  6.1 ­ A Educação Municipal em Presidente Prudente: aspectos gerais e particularidades da  Educação Infantil ............................................................................................................................. 163  6.1.1 – A Educação Ambiental nas Escolas Municipais de Educação Infantil de Presidente  Prudente ...................................................................................................................................... 167  6.2 – As Escolas de Educação Infantil e o perfil das professoras investigadas ............................... 171  16    6.3 ­ A formação inicial e continuada das professoras de pré­escola em Educação Ambiental:  algumas considerações ................................................................................................................... 181  6.4 – Concepções e práticas das professoras de pré­escola a respeito da Educação Ambiental,   Consumo/Consumismo e Resíduos Sólidos/Lixo na Educação Infantil ........................................... 185  6.4.1 – Educação Ambiental, Consumo/Consumismo e Resíduos Sólidos/Lixo: palavras­chave 185  6.4.2 – Concepções das professoras de pré­escola a respeito da Educação Ambiental, Consumo e  Resíduos Sólidos na Educação Infantil ........................................................................................ 193  6.4.3 – As práticas das professoras de pré­escola a respeito da Educação Ambiental, Consumo e  Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil .................................................................... 204  7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 219  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 227  17    1 - INTRODUÇÃO1 No Mestrado em Educação (2010-2012), realizei a pesquisa intitulada “Educação Ambiental e água: concepções e práticas educativas em Escolas Municipais”, que investigou como professores do quarto ano do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Presidente Prudente(SP) realizavam trabalhos em sala a respeito do tema água e quais eram as suas concepções e práticas sobre a Educação Ambiental. Constatei que os trabalhos na Rede Municipal aconteciam de forma pontual e que alguns professores apresentavam dificuldades de abordar o tema água devido a formação precária. O interesse pelo estudo do tema Resíduos Sólidos se deu em decorrência das leituras que fiz na ocasião do Mestrado, especialmente dos documentos veiculados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Comitê de Bacias Hidrográficas do Pontal do Paranapanema (CBH-PP). Os documentos tratam da importância da água, do não desperdício dos recursos naturais e da gestão adequada dos Resíduos Sólidos para não causar a poluição das águas. Nesse período também, entre os anos de 2010 e 2011, atuei como professora em uma sala de Educação Infantil num município da região de Presidente Prudente (SP) e pude constatar na prática o quanto as crianças pequenas se interessavam em realizar atividades de cuidado com relação ao meio ambiente. Assim, no Doutorado em Educação, decidi aprofundar os meus estudos sobre a Educação Ambiental na Educação Infantil, especificamente sobre o tema “Consumo e Resíduos Sólidos”. Concordo com Tiriba(2005) ao afirmar que quanto mais cedo os conhecimentos ambientais forem discutidos e vivenciados pelas crianças, estas poderão adquirir conhecimentos, habilidades e atitudes em prol das questões ambientais o quanto antes, o que vem a colaborar com a sua formação como cidadãos. Para tanto, é essencial que os professores tenham conhecimentos da área ambiental e sejam comprometidos com uma formação de qualidade de suas crianças. No período do Doutorado, além de cursar disciplinas que me aproximaram ainda mais da minha temática de pesquisa, como por exemplo, o “Tópico Especial: Infância e Educação” e “Formação de Professores para Educação Infantil: processos e desafios da profissionalidade                                                             1 Alguns apontamentos realizados nesta seção apresentam como locução a primeira pessoa do singular, para descrever o início da trajetória da pesquisadora e da pesquisa. Contudo, nas demais seções que compõem a tese, adotamos a apresentação na primeira pessoa do plural. 18    do(a) professor(a)”, no PPGE-FCT/UNESP, destaco também a realização do Estágio Docência na disciplina de “Materiais e Reciclagem”, no curso de Engenharia Ambiental – ICT/UNESP, que colaborou efetivamente para a construção do aporte teórico sobre Resíduos Sólidos que compõe parte da fundamentação teórica da tese. Partindo do princípio que a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos é relevante para o desenvolvimento das crianças inseridas no contexto da Educação Infantil, esta pesquisa teve como motivação compreender como acontece a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos e Consumo no contexto da Educação Infantil e quais são as concepções e práticas das professoras da pré-escola inseridas em Escolas Municipais de Educação Infantil do município de Presidente Prudente. Desde os primórdios, o ser humano teve preocupação com o meio ambiente em função da necessidade de sobrevivência e de transmitir aos mais jovens os saberes para a vida no planeta. De certa maneira, a existência de uma preocupação com relação ao modo de vida e o futuro do meio ambiente se fazia presente em tempos remotos em que os indivíduos se caracterizavam como caçadores e coletores de recursos naturais e também em uma época posterior com a organização dos primeiros grupos que fizeram da agricultura seu modo de subsistência. Presenciamos diariamente notícias que tem como foco situações de degradação ambiental e dispomos de inúmeros estudos sobre questões ambientais, que revelam a urgência da tomada de decisão frente ao estilo de vida na atualidade. Araújo e Magalhães (2010, p. 304) afirmam que Se nos tempos mais remotos, o homem usufruía do mundo para proveito próprio, a partir de determinado momento começou a tentar conhecê-lo, o que consequentemente levou à sua transformação. Inicialmente, o Homem procurou apenas melhorar a sua estratégia de vida, mas, posteriormente, concentrou-se na melhoria do seu bem-estar e, num terceiro momento, começou a tentar modificar “o curso natural das coisas”.(Grifos das autoras) Na busca por “soluções” dos problemas ambientais, vários segmentos da sociedade estão dispostos a “corrigir os excessos que têm caracterizado a sua ação sobre o meio ambiente.” (ARAUJO E MAGALHÃES, 2010). Nesse sentido, foram tomadas medidas em diversas áreas, como por exemplo na agricultura, com técnicas mais eficientes de cultivo e uso dos recursos hídricos; na economia, com a inserção de conceitos que envolvam avanço econômico sem agredir ao meio ambiente, a exemplo da “Economia Verde”, “Desenvolvimento Sustentável”, “Sustentabilidade”; além de políticas públicas e a proposta 19    de novos estilos de vida para a sociedade, com uma maior consciência ecológica. (GADOTTI, 2010) De acordo com o “Tratado Consumo e Estilo de Vida publicado em 19922” Os mais sérios problemas globais de desenvolvimento e meio ambiente que o mundo enfrenta decorrem de uma ordem econômica mundial caracterizada pela produção e consumo sempre crescentes, o que esgota e contamina nossos recursos naturais, além de criar e perpetuar desigualdades gritantes entre as nações, bem como dentro delas. Será necessário desenvolver novos valores culturais e éticos, transformar estruturas econômicas e reorientar nossos estilos de vida. Diante de inúmeras reflexões emergentes na sociedade, constata-se o anseio em sensibilizar as pessoas a respeito dos problemas ambientais existentes e de fomentar a participação de todos no sentido de amenizá-los ou resolvê-los. Em poucas palavras “[...] a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência ecológica depende da educação.” (GADOTTI, 2010, p.62) Indivíduos mais preparados e conscientes no que tange a importância de uma Educação voltada para o ambiente, colaboram significativamente para uma sociedade mais justa e humanizada. Por consequência, a inserção de profissionais na Educação Infantil preparados e engajados no compromisso de formar cidadãos preocupados com o ambiente em que vivem, colabora com o planeta. Defendemos o slogan “pensar globalmente e agir localmente” no âmbito da Educação Infantil. Com relação à a Educação Infantil, é essencial que sejam pensados espaços sustentáveis, decorações com elementos naturais, mobiliários feitos de material reutilizado e propostas que permitam as crianças um contato maior com a natureza, proporcionando a sensibilização sobre a importância do uso racional dos recursos naturais, a conservação e a preservação do meio ambiente. Faz-se necessário compreender que somos parte da natureza. Sendo assim, “[...] as crianças são ao mesmo tempo, seres da natureza e seres da cultura”. (TIRIBA, 2007, p.223-224) [...] Se, no passado, o objetivo da escola era ensinar os conhecimentos necessários à produção da sociedade urbana e industrial, hoje o desafio é educar na perspectiva de uma nova sociedade sustentável. Assim, já não basta ensiná-las a pensar o mundo, a compreender os processos naturais e culturais. É preciso que elas aprendam a                                                             22 O “Tratado sobre Consumo e Estilo de Vida” foi redigido e aprovado por Movimentos Sociais e Organizações Não-Governamentais reunidos por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro (RJ)/Brasil - “ECO-92”. Material disponível em: Acesso em julho 2015. 20    conservá-lo e a preservá-lo. Isto implica em rever as concepções de mundo e de conhecimento que orientam as propostas curriculares[...]. (TIRIBA, 2009, p.02)3 Considerando alguns documentos oficiais, tais como: a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9795/99; as discussões apresentadas pelos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL,1998); e as contribuições feitas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009), nos alinhamos ao que propõe Elali(2003) com relação ao papel dos docentes no contexto da Educação Infantil. Para a autora, é fundamental: [...] dar maior atenção às características sócio-físicas dos ambientes e às relações entre estes e a criança, garantindo a ela oportunidades de contato com espaços variados, tanto construídos pelo homem quanto naturais, é uma maneira de proporcionar à infância condições plenas de desenvolvimento, gerando a consciência de si e do entorno que são provenientes da riqueza experiencial. (ELALI, 2003, p.311) Schmidt (2010, p.01) alerta para a necessidade de ações de sensibilização de nossas crianças sobre consumo em suas vidas, na medida em que [...] vivemos um tempo no qual nossas crianças nasceram na era do consumo e são persuadidas para seguir as lições da educação continuada ou para o eterno ato de consumir. Para que esta sensibilização aconteça de forma efetiva, os profissionais de Educação Infantil que atuam diretamente com as crianças também necessitam receber formação adequada a respeito do Consumo, para que possam colaborar diretamente na formação de cidadãos mais conscientes e preocupados com a sociedade que vivem[...] Partimos da hipótese que a maior parte dos professores das instituições de Educação Infantil não possui formação adequada na área da Educação Ambiental para subsidiar as suas ações. Não obstante, acreditamos que muitos professores, apesar da formação precária realizam trabalhos de Educação Ambiental, conforme apontam os estudos de Oliveira (2014) e Silva (2009). Entretanto, é comum que os professores limitem as atividades realizadas com as crianças a separação dos Resíduos.                                                             3 Esta citação pertence ao material: “Educação Ambiental: Formação de valores ético-ambientais para o exercício da cidadania”, sistematizado pela Prof. Dra. Lea Tiriba para uma formação de professores realizada no ano de 2009 no município de Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro. Disponível em: < www.nima.puc-rio.br/sobre.../novaiguacu/.../professora_lea_tiriba> Acesso em julho de 2016. 21    Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil4 (BRASIL, 1998, p.177) apontam discussões a serem desenvolvidas com as crianças na Educação Infantil, a partir das realidades e necessidades das crianças. Entre as propostas constam: construir uma “visão de mundo integrada e relacional” e “ampliação do repertório de conhecimentos sobre o mundo social e natural”. Consideramos oportuno que a criança sinta-se parte integrante da natureza, que tenha vivências com a natureza e no que diz respeito ao Consumo e Resíduos Sólidos, que compreenda o tema numa perspectiva de ciclo, desde a extração da matéria prima para fabricação dos produtos usados no seu cotidiano até as consequências do descarte no meio ambiente. A modificação de nossos posicionamentos a respeito do consumo, da produção e descarte de resíduos desde a infância é essencial. Neste sentido, retomamos a importância de reorientar o nosso estilo de vida, a partir de valores éticos. Nossa pesquisa apresentou como objetivo geral analisar como ocorre a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil (pré-escola) no município de Presidente Prudente-SP, a partir da formação, concepções e práticas pedagógicas das professoras. Como objetivos específicos, elencamos os seguintes:  Discutir o Consumo e os Resíduos Sólidos/lixo  Refletir sobre a Educação Ambiental e a formação de professores, com ênfase na Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil  Identificar quais são as diretrizes, oferecidas pelo Sistema Municipal de Educação de Presidente Prudente (SP), que subsidiam os trabalhos de Educação Ambiental na Educação Infantil;  Investigar como esta sendo realizada a formação dos professores sobre Educação Ambiental pela Secretaria Municipal de Educação (SEDUC);                                                             4 Ao considerarmos as discussões para a área de Educação Infantil, ressaltamos que os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) não devem ser priorizados como a principal publicação da área. Conforme Cerisara (2002), os Referenciais foram publicados antes mesmo da aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, que é de caráter mandatório. Outra crítica que a autora apresenta é a respeito da estruturação dos blocos de conteúdos contidos nos volumes dois e três destes Referenciais, que consideram mais a formação de uma criança para o Ensino Fundamental do que a criança da Educação Infantil. De modo geral, apesar de ser um documento oficial do MEC que discute aspectos da Educação Infantil, os RCNEI necessitam de uma avaliação criteriosa por parte dos profissionais da Educação Infantil, considerando as particularidades e necessidades apontadas para o período de 0 a 5 anos. 22     Analisar as concepções e práticas das professoras nas Escolas Municipais de Educação Infantil (pré-escola) sobre Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos. Os apontamentos metodológicos utilizados no desenvolvimento da pesquisa dizem respeito a abordagem qualitativa, conforme Demo (2005) e Severino (2012) e como procedimento para a coleta de dados nos fundamentos da pesquisa do tipo “Estudo de caso”, de acordo com Lüdke e André (1986), Yin (2001) e. Gil (2008) Os instrumentos que utilizamos para a coleta de dados foram as entrevistas semiestruturadas com as professoras de Educação Infantil (pré-escola) e com as Coordenadoras Pedagógicas da SEDUC. Analisamos também os documentos oficiais do município que subsidiam as práticas dos professores nas Escolas Municipais de Educação Infantil. Os sujeitos de nossa pesquisa foram dez professoras que trabalhavam nas Escolas de Educação Infantil do Sistema Municipal de Educação de Presidente Prudente(SP), em salas de pré-escola. A escolha das professoras foi realizada a partir de uma amostra das Escolas Municipais de Educação Infantil pertencentes as cinco regiões da cidade de Presidente Prudente (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro). Consideramos relevante abordar a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil com destaque para o consumo e pretendemos que os resultados da nossa pesquisa possam somar a outros estudos desta natureza na intenção de colaborar para qualificar o trabalho do professor e por consequência a formação das crianças. De acordo com Sato e Carvalho (2005, p.12): O desafio é o de aceitar que uma pesquisa pode não resolver os dilemas ambientais, bem como reconhecer que a Educação Ambiental situa-se mais em areias movediças do que em litorais ensolarados. Mas, por isso mesmo, a Educação Ambiental pode ser uma preciosa oportunidade na construção de novas formas de ser, pensar e conhecer que constituem um novo campo de possibilidades de saber. Por outro lado, sabemos que a Educação Ambiental é complexa: Muitas vezes, as atividades em Educação Ambiental ensinam o que fazer e como fazer certo, transmitindo uma série de procedimentos ambientalmente corretos. Mas isso nem sempre garante a formação de uma atitude ecológica, isto é, de um sistema de valores sobre como relacionar-se com o ambiente (CARVALHO, 2006, p. 180). 23    A Educação Ambiental no Brasil é fruto de discussões e de documentos resultantes de eventos nacionais e internacionais sobre o meio ambiente que ocorreram após 1970. Antes desse período, o meio ambiente era um tema presente nos discursos dos ambientalistas e pauta de movimentos sociais. Os eventos “Rio 92”, “Rio+10” e “Rio+20” ocorridos no Brasil, trouxeram contribuições significativas para a difusão da Educação Ambiental no país. As pesquisas acadêmicas de Educação Ambiental produzidas pelos Programas de Pós-Graduação, nas mais diversas áreas, tornaram-se expressivas. No entanto, mesmo considerando a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (BRASIL, 2012) que preconizam a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, a Educação Ambiental na Educação Infantil ainda comparece em segundo plano. A Educação Ambiental ainda é uma temática recente na formação dos professores, conforme demonstraram as pesquisas de Bortolozzi e Peres Filho (2000), Araújo (2004), Lambertucci (2008) e Mielke (2010). Em relação as investigações efetuadas na região de Presidente Prudente, as pesquisas de Sobarzo (2008), Silva(2009), Cantoia (2012) e Ananias (2012) apresentam discussões a respeito da Educação Ambiental no contexto do Ensino Fundamental. No entanto, não encontramos pesquisas sobre a Educação Ambiental na Educação Infantil em nossa região, o que revela a urgência em realizar estudos e ações que contribuam para ampliar o debate na área ambiental e a formação dos docentes que trabalham com crianças. A tese é composta por sete seções: A seção 2 intitulada “Os caminhos metodológicos da pesquisa”, contempla os objetivos gerais e específicos da pesquisa e os apontamentos metodológicos que direcionaram a investigação. São apresentados os dados a respeito da revisão bibliográfica e levantamento bibliográfico nos bancos de teses e dissertações da CAPES, no Repositório Institucional da UNESP e nos trabalhos publicados pelo GT 22 – Educação Ambiental, GT 07 – Educação de crianças de 0 a 5 anos da ANPED, sobre Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos na Educação Infantil, além de informações sobre as escolas, os sujeitos e os procedimentos relacionados à coleta, à sistematização e à análise dos dados coletados. A seção 3, denominada “Consumo: um fenômeno complexo” trata das implicações do consumo no contexto social, bem como da sociedade de consumo e da cultura de consumo que influencia a vida de adultos e crianças, por meio de uma lógica mercadológica. As 24    discussões sobre do Consumo e Consumismo foram fundamentadas principalmente nos estudos de: Toaldo (1997), Slater (2002), Capra (2002), Padilha (2003), Portilho (2005), Logarezzi (2006), Bauman (2008), Ortigoza (2009), Schor (2009) Barbosa (2004), Baudrillard (2010), Schimidt (2010), Somer e Schimidt (2010), Leonard (2011), Machado (2012), entre outros. A seção 4, intitulada “Resíduos Sólidos: algumas considerações” apresenta as principais classificações dos materiais inseridos na categoria dos Resíduos Sólidos, considerando a Política Nacional de Resíduos Sólidos e as normatizações presentes na ABNT. Destacamos também a Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos. Para tecer esta seção compartilhamos os estudos de Schneider (1994), Monteiro et al (2001), Logarezzi (2006), Sobarzo (2008), Mansor et al (2010), Pinho (2011), Fiore (2013), Fiore e Rutkowski (2013), as orientações do Conselho Nacional de Meio Ambiente para os Resíduos Sólidos (CONAMA) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) Na seção 5 “ Educação Ambiental no contexto da Educação Infantil e a formação de professores” realizamos apontamentos a respeito da Educação Ambiental, a Formação de professores em Educação Ambiental, a Educação Ambiental na Educação Infantil e a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil. Os autores que embasaram nossas discussões foram: Bassedas, Huguet e Solè (1998), Tiriba (2005), Pawlas e Miguel (2011), Oliveira (2010), Layragues (2002), Tamaio(2002), Tristão (2004), Guimarães (2004), Carvalho (2004), Capra (2006), Penteado (2012), além das publicações oficiais: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (BRASIL,2012), entre outras. A Seção 6 que intitula-se “Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil: formação, concepções e práticas das professoras de pré- escola” discorre sobre a Educação Infantil no município de Presidente Prudente (SP) com destaque para as Diretrizes do Sistema Municipal de Educação que subsidiam os trabalhos de Educação Ambiental na Educação Infantil. Nesta seção é apresentado o perfil dos sujeitos da pesquisa e avaliados os dados sobre a formação docente e as concepções e práticas sobre a Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos na Educação Infantil, especificamente na pré-escola. 25    Por fim, a seção 7 denominada “Considerações Finais” apresenta os principais pontos discutidos na pesquisa, em conformidade com os objetivos gerais e específicos. Após a apresentação dos principais aspectos da pesquisa, discutimos na próxima seção os caminhos metodológicos.   26    2 - OS CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA Nesta seção, retomamos os objetivos gerais e específicos da investigação e descrevemos as escolhas metodológicas. Abordamos o tipo de pesquisa, o contexto onde foi realizada, os sujeitos e as técnicas de coleta, análise e sistematização dos dados. É digno de menção que a realização da pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da FCT/UNESP, conforme parecer consubstanciado CAAE: 52627515.1.0000.5402. Apresentamos os resultados obtidos com a revisão bibliográfica e o levantamento realizado no GT 22 – Educação Ambiental e no GT 07 – Educação de 0 a 5 anos, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação(ANPED), no Repositório Institucional da UNESP e no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, sobre temas pertinentes ao nosso estudo. Partimos do pressuposto de que não podemos refletir sobre Educação e formação integral da criança sem considerar sua dimensão ambiental, corroborando com o entendimento de Orr (2006), Tiriba (2005), Carvalho (2004) Capra (2006), Rodrigues (2007), Ruffino (2003), entre outros. Neste sentido, é fundamental proporcionar às crianças vivências que levem à aquisição de valores, saberes e atitudes voltados para a conservação do ambiente. Para tanto, é necessário a formação de profissionais que atendam a esta necessidade. Partimos da hipótese que a maior parte dos professores das instituições de Educação Infantil não possui formação adequada na área da Educação Ambiental, mas ainda assim realizam atividades neste âmbito. Desta maneira definimos como objetivo geral da pesquisa, analisar como ocorre a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil (pré-escola) no município de Presidente Prudente-SP, a partir da formação, concepções e práticas pedagógicas das professoras. Os objetivos específicos foram:  Discutir o Consumo e os Resíduos Sólidos/lixo  Refletir sobre a Educação Ambiental e a formação de professores, com ênfase na Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil  Identificar quais são as diretrizes, oferecidas pelo Sistema Municipal de Educação de Presidente Prudente (SP), que subsidiam os trabalhos de Educação Ambiental na Educação Infantil;  Investigar como está sendo realizada a formação sobre Educação Ambiental dos professores pela Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente (SEDUC); 27     Analisar as concepções e práticas das professoras nas Escolas Municipais de Educação Infantil (pré-escola) sobre Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos; 2.1 – Procedimentos Metodológicos A pesquisa caracterizou-se como “qualitativa”, do tipo “Estudo de Caso”. A abordagem qualitativa exprime e considera a qualidade dos dados a serem coletados, indo ao encontro dos estudos de Bauer e Gaskell (2002, p.23), em que esse tipo de método “[...] evita números, lida com interpretações das realidades sociais.” De acordo com Esteban (2010, p. 127) A pesquisa qualitativa é uma atividade sistemática orientada à compreensão em profundidade de fenômenos educativos e sociais, à transformação de práticas e cenários socioeducativos, à tomada de decisões e também ao descobrimento e desenvolvimento de um corpo organizado de conhecimentos. Com base em Esteban (2010), nossa investigação destinou-se a compreender como acontece a Educação Ambiental em Resíduos Sólidos na Educação Infantil oferecida na cidade de Presidente Prudente (SP), a partir da formação docente, das concepções e das práticas destes profissionais. Alonso (2016) ressalta alguns aspectos presentes na pesquisa qualitativa: os fenômenos sociais são considerados; os sujeitos da pesquisa são ativos no processo de coleta de dados; o pesquisador interpreta os dados com base na realidade dos sujeitos pesquisados e o objeto pesquisado modifica-se na presença do pesquisador. Ao relacionarmos esses pontos com a nossa pesquisa, foi possível considerar a inserção das professoras dentro de um ambiente educativo; os sujeitos que participaram ativamente; os dados coletados foram interpretados a luz das concepções e práticas das professoras de pré-escola a respeito da Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos e por fim, constatou-se indícios de reflexão por parte das professoras ao discorrerem sobre as suas concepções e práticas. Certamente, são necessários outros momentos para aprofundar a formação profissional, mas os relatos das professoras de certa maneira sensibilizaram as mesmas no sentido de reconstrução da experiência. Nas palavras de Cunha(1997, p. 02): [...] Ao mesmo tempo que o sujeito organiza suas idéias para o relato - quer escrito, quer oral - ele reconstrói sua experiência de forma reflexiva e, portanto, acaba 28    fazendo uma auto-análise que lhe cria novas bases de compreensão de sua própria prática. A narrativa provoca mudanças na forma como as pessoas compreendem a si próprias e aos outros. Tomando-se distância do momento de sua produção, é possível, ao "ouvir" a si mesmo ou ao "ler" seu escrito, que o produtor da narrativa seja capaz, inclusive, de ir teorizando a própria experiência. Este pode ser um processo profundamente emancipatório em que o sujeito aprende a produzir sua própria formação, autodeterminando a sua trajetória.[...] Silveira e Córdova (2009) afirmam que a pesquisa qualitativa não possui como foco a representatividade numérica, mas sim a compreensão e interpretação de grupos sociais e organizações. Além disso, é uma pesquisa que busca o “porquê das coisas”, contemplando diversas abordagens. É possível compreender a diversidade de significados, valores, crenças e elementos presentes em um determinado contexto que não podem ser mensurados numericamente. Para as autoras, as características da pesquisa qualitativa são: [...] objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências.[...] (SILVEIRA E CÓRDOVA, 2009, p. 32. Grifos das autoras) Aliada a abordagem qualitativa, nossa pesquisa caracteriza-se quanto aos procedimentos para coleta de dados por meio do “estudo de caso”. Gil (2008, p.54) comenta que esse tipo de procedimento “[...] contempla o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento[...]” Lüdke e André (1986) afirmam que por meio do estudo de caso, o pesquisador possui a possibilidade de explorar um caso único e particular, considerando a importância do caso e que, a partir das interpretações deste caso é possível a construção de novos saberes, ampliar o conhecimento de um fenômeno ou resolver um problema. André (2016)5 ressalta que as pesquisas realizadas por meio do estudo de caso apresentam uma riqueza de dados descritivos, além de uma busca por novas respostas e interpretações da realidade, a partir de várias fontes de informação e da contextualização do tempo e do espaço pesquisado.                                                             5 ANDRÉ, M. Notas de aula : Metodologia da Pesquisa Científica. Programa de Pós-Graduação em Educação, Mestrado Profissional em Formação de Professores, Pontifícia Universidade Católica, (PUC/SP), São Paulo/SP 2016, 72p. 29    2.1.1 - Levantamento e Revisão Bibliográfica Para o início de nossa investigação, realizamos a pesquisa bibliográfica que, de acordo com Lima e Miotto (2007, p.38) é um “[...] procedimento metodológico importante na produção do conhecimento científico capaz de gerar [...] a postulação de hipóteses ou interpretações que servirão de ponto de partida para outras pesquisas.” Assim, destacamos a realização da revisão bibliográfica com o propósito de fundamentar teoricamente o nosso estudo. Os assuntos que nortearam a nossa revisão bibliográfica foram: Educação Infantil; Educação Ambiental; Formação docente em Educação Ambiental; Legislações (Municipais, Estaduais e Federais) a respeito da Educação Infantil e da Educação Ambiental; Consumo e Consumismo; Resíduos Sólidos/Lixo; Educação Ambiental em Resíduos e Metodologia de Pesquisa. Para discutir o tema Consumo e o Consumismo, recorremos principalmente aos estudos de Toaldo (1997), Slater (2002), Capra (2002), Padilha (2003), Portilho (2005), Logarezzi (2006), Bauman (2008), Ortigoza (2009), Schor (2009) Barbosa (2004), Baudrillard (2010), Schimidt (2010), Somer e Schimidt (2010), Leonard (2011), Machado (2012) e as discussões do Instituto Alana, com o propósito de compreender sobre o Consumo e suas consequências para o meio ambiente, a Cultura de Consumo e a Sociedade de Consumo e as influências do Consumismo na vida das crianças. Com a perspectiva de compreender a diferenciação entre Resíduos Sólidos e o Lixo e a classificação, a Gestão e o Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, elencamos principalmente os estudos de Schneider (1994), Jardim (1995), Monteiro et al (2001), Logarezzi (2006), Sobarzo (2008), Mansor et al (2010), Pinho (2011), Fiore (2013), Fiore e Rutkowski (2013) e as legislações oficiais sobre os Resíduos Sólidos, como por exemplo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) e a Política Estadual de Resíduos Sólidos (SÃO PAULO, 2006). A respeito da Educação Ambiental na Educação Infantil, refletimos sobre a relevância dessa etapa para a formação da criança, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) e nas discussões de Bassedas, Huguet e Solè (1998), Tiriba (2005), Pawlas e Miguel (2011), Oliveira (2014), entre outros. A partir dessas discussões, apontamos os principais aspectos da Educação Ambiental, as legislações vigentes, 30    a importância da Educação Ambiental na formação dos professores e a Educação Ambiental na Educação Infantil, conforme preconizam a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (BRASIL, 2012), Layragues (2002), Tamaio(2002), Tristão (2004), Guimarães (2004), Carvalho (2004), Capra (2006), Penteado (2012), entre outros autores. O levantamento bibliográfico é o primeiro passo para uma investigação, na medida em que é por meio dele que se tem conhecimento do que vem sendo feito no campo acadêmico a respeito de um tema específico de pesquisa. Galvão (2010, p. 1) afirma que [...] realizar um levantamento bibliográfico é se potencializar intelectualmente com o conhecimento coletivo, para se ir além. É munir-se com condições cognitivas melhores, a fim de: evitar a duplicação de pesquisas, ou quando for de interesse, reaproveitar e replicar pesquisas em diferentes escalas e contextos; observar possíveis falhas nos estudos realizados; conhecer os recursos necessários para a construção de um estudo com características específicas; desenvolver estudos que cubram lacunas na literatura trazendo real contribuição para a área de conhecimento; propor temas, problemas, hipóteses e metodologias inovadores de pesquisa;[...] A seguir, detalhamos como procedemos para a realização do levantamento bibliográfico. 2.1.1.1 – Levantamento bibliográfico – Repositório Institucional UNESP O repositório Institucional UNESP é disponibilizado gratuitamente a toda a população, por meio de sua plataforma virtual: < http://repositorio.unesp.br/> e tem por objetivo “[...] armazenar, preservar, disseminar e possibilitar o acesso aberto, como bem público global, à produção científica, acadêmica, artística, técnica e administrativa da Universidade.[...]”. No total, mais de 93 mil materiais, entre produções técnicas e acadêmicas são oferecidos neste repositório, com os idiomas em Inglês e Português. Avaliamos os trabalhos disponibilizados pelos Programas de Pós-Graduação em Educação e áreas correlatas, como Educação Escolar, Educação Matemática e Educação para a Ciência, e dada a natureza de nossa investigação, avaliamos também os Programas de Pós- Graduação em Geografia e Geografia e Meio Ambiente. Foram consultadas as dissertações e teses defendidas no período de 2010 – 2015, considerando as palavras-chave: Educação Ambiental; Consumo; Resíduos Sólidos; Educação Infantil . 31    Em linhas gerais, constatou-se que há produção acadêmica, tanto no que compete a área da Educação Infantil e da Educação Ambiental. Contudo, as pesquisas que priorizam a Educação Ambiental no contexto da Educação Infantil ainda representam uma pequena parcela. Infelizmente não encontramos nenhuma pesquisa com discussões a respeito da Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos na Educação Infantil. Apresentamos no Quadro 1, a seguir, os dados coletados no repositório institucional da UNESP. Consideramos num primeiro momento as dissertações e teses em cujos resumos comparecem as palavras-chave indicadas para a busca. Em seguida, após a leitura dos resumos, fizemos uma pré-seleção dos trabalhos. Quadro 1: Trabalhos encontrados no Repositório Institucional UNESP – 2010-2015 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO TRABALHOS 2010-2015 DISSERTAÇÕES Pré-selecionadas TESES Pré-Selecionadas Educação – FFC - Marília 303 8 10 Educação – FCT – Pres. Prudente 168 19 - Educação – IGCE – Rio Claro 110 19 - Educação Escolar FCLAR - Araraquara 248 9 7 Educação Matemática IGCE – Rio Claro 164 1 - Educação para a Ciência – FC - Bauru 158 10 6 Geociências e Meio Ambiente – IGCE – Rio Claro 116 2 - Geografia – FCT – Pres. Prudente 201 1 3 Geografia – IGCE – Rio Claro 233 5 6 Fonte: Repositório Institucional UNESP Organização: Natália Teixeira Ananias Freitas (2016) Os trabalhos disponibilizados no Programa de Pós-graduação em Educação da FFC que tem como foco a Educação Infantil tratam dos seguintes temas: habilidades funcionais de alunos com deficiência; recursos de tecnologia assistiva; organização e gestão democrática na escola pública (brasileira e italiana);direitos humanos e gênero; inserção da criança pré- 32    escolar no universo da Cultura escrita pela mediação do desenho; prevenção de problemas de comportamento; formação do professor (Teoria histórico-cultural); teoria para a gestão institucional; construção do gênero nas Propostas Curriculares; direito à educação e gestão escolar; generosidade no exercício da autoridade em professores; mediação pedagógica para o desenvolvimento da brincadeira de papéis sociais; o leitor e o re-criador de gêneros discursivos; percepções de professores de escolas públicas acerca de sua formação e prática Educativa; desenvolvimento moral - contribuições da literatura infantil e dos jogos dramáticos e teatrais; práticas pedagógicas - a construção do sentido da escola para as crianças; relações de gênero e sexualidade. Os trabalhos disponibilizados no Programa de Pós-Graduação em Educação da FCT que tem como foco a Educação Infantil tratam dos seguintes temas: geometria; jogo na perspectiva sócio cultural; brinquedo –culturas da infância e humanização; educação musical; contos de fadas e as narrativas das crianças de creche; formação de professores; brincadeira; manifestações afetivas nas concepções e práticas educativas da creche (Wallon); profissionalização docente em creche – narrativas autobiográficas; afetividade nas práticas pedagógicas (Wallon); concepções de família nos planos diretores; concepções epistemológicas que fundamentam as práticas educativas do professor de berçário (Piaget); educação literária; imaginação e protagonismo – vínculos adulto-criança; desenvolvimento da imaginação na pré-escola: implicações de um programa de intervenção ludo-pedagógico a partir do samba; conteúdos televisivos nas culturas infantis; terapia ocupacional educacional- desenvolvimento infantil (Teoria Histórico- Cultural); organização dos espaços – “fazer em cantos”. Destacamos que, no período de 2010-2015, foi defendida uma dissertação que contemplou a temática de Educação Ambiental, contudo, seu foco era para o Ensino Fundamental. Os trabalhos disponibilizados no Programa de Pós-Graduação em Educação da IGCE se destacam por terem como foco a tema ambiental. Os trabalhos que selecionamos tratam dos seguintes assuntos: Educação Ambiental e Valores, Educação Ambiental e Estado da Arte, Formação de Professores em Educação Ambiental, Jogos e Educação Ambiental, Projetos em Educação Ambiental e Educação Ambiental em Escolas Públicas. Encontramos dois trabalhos que abordavam a Educação Infantil e jogos e os atendimentos nas escolas de Educação Infantil. O Programa de Pós-Graduação em Educação da FCLAR – Araraquara - apresenta pesquisas que contemplam a Educação Infantil, a partir do cuidado da criança, organização 33    das práticas dos professores de Educação Infantil, culturas para a Infância e políticas públicas para a Educação Infantil. Por outro lado, encontramos pesquisas que promovem o debate da Educação Ambiental na Educação Infantil, além de pesquisas sobre Educação Ambiental no Ensino Fundamental e Formação de Professores em Educação Ambiental, aspecto este que destacamos. O programa de Pós-Graduação em Educação Matemática – IGCE, Araraquara, apresenta uma única pesquisa que trata da Educação Matemática e a Educação Ambiental no Ensino Fundamental. O programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência - FC, Bauru, apresenta pesquisas a respeito da Educação Ambiental, contemplando: Educação Ambiental no Ensino Fundamental, concepções e práticas de professores a respeito da Educação Ambiental, Educação Ambiental na Educação de Jovens e Adultos, Política Nacional de Educação Ambiental, Educação Ambiental em ONG e Educação Ambiental e Monocultura Canavieira. Em nenhuma das pesquisas encontramos debates a respeito da Educação Infantil na Educação Ambiental, e a temática do Consumo e Resíduos Sólidos. O Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente – IGCE, Rio Claro, apresenta duas pesquisas que abordam os Resíduos Sólidos, na perspectiva da Gestão e Gerenciamento dos materiais. Não foram encontrados trabalhos que discutissem a Educação Ambiental na Educação Infantil e Consumo e Resíduos Sólidos no contexto educativo. O Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT, Presidente Prudente, apresenta algumas pesquisas ligadas a nossas temáticas de discussão, tais como: Resíduos Sólidos e a coleta seletiva, Educação Ambiental no Ensino Fundamental, Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos e Ações de Educação Ambiental em unidades de conservação. No entanto, não encontramos discussões que fizessem conexão a respeito da Educação Ambiental na Educação Infantil e a questão do consumo no contexto dos Resíduos Sólidos. O programa de Pós-Graduação em Geografia do IGCE - Araraquara, possuem pesquisas que contemplam a questão dos Resíduos Sólidos na cidade, por meio da coleta seletiva, história de cooperativas, a efetivação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Resíduos da Construção Civil. Encontramos apenas uma pesquisa a respeito da Educação Ambiental em uma área de Gestão de Bacias Hidrográficas. Destacamos também a presença de duas pesquisas que tratavam do Consumo e Resíduos Sólidos em eventos realizados em duas cidades. Todavia, as pesquisas não enfatizaram a presença da Educação Ambiental no contexto educativo, principalmente a respeito da 34    Educação Infantil. As pesquisas sobre Resíduos Sólidos e Consumo não discutiam a inserção na Educação. Os dados obtidos pelas produções dos Programas de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) de Presidente Prudente e Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) de Marília apontam algumas ressalvas para nossa pesquisa. Apesar de se tratarem de investigações a respeito da Educação Infantil, nem todos os trabalhos colaboram com as nossas discussões a respeito da formação de professores de Educação Infantil e Educação Ambiental. Grande parte das pesquisas tratam temas específicos da Educação Infantil, como por exemplo, o cuidar e educar, a profissionalização docente, o trabalho docente na transição entre a Educação Infantil e Ensino Fundamental, entre outros assuntos. È importante destacarmos as contribuições presentes nos programas de pós-graduação do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCLAR) e Faculdade de Ciências (FC), que mesmo não sendo especificamente pesquisas a respeito de Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos no contexto da Educação Infantil e formação de professores, apresentam discussões pertinentes. Elencamos estes trabalhos com base na leitura dos resumos e as palavras-chaves ligadas a nossa temática de pesquisa. No programa da FCLAR, enfatizamos as dissertações de Cardoso (2011) e Manzini (2014). A dissertação de Cardoso (2011), intitulada “Indústria cultural e infância: uma análise da relação entre as propagandas midiáticas, o consumo e o processo formativo das crianças”, buscou entender como a indústria cultural influencia na formação das crianças, mais precisamente nas propagandas televisivas para crianças de 7 a 10 anos. Por meio de um estudo empírico, conclui-se que as crianças se identificam com os conteúdos presentes nas propagandas, e essas influências são trazidas para o interior das escolas, por meio dos produtos consumidos. A pesquisa de Manzini (2014) “Educação Ambiental na Educação da Criança: análise de uma prática docente”, possuiu como objetivo investigar como ocorriam as práticas de professoras de Educação Infantil a respeito da Educação Ambiental. Por meio de um estudo de caso, pode-se concluir a existência de lacunas conceituais nos conhecimentos teóricos dos professores a respeito da Educação Ambiental que influenciaram a prática cotidiana. Acredita- se que essa situação seja decorrente da ausência de cursos de formação continuada para professores e de uma Política de formação específica. 35    Selecionamos quatro pesquisas presentes no Programa de Pós Graduação da FC que possuem como foco a formação de professores no contexto da Educação Ambiental crítica: A dissertação de Figueiredo (2014): “Formação e atuação de professores em Educação Ambiental” e as teses de Maia (2011): “Educação Ambiental crítica e formação de professores: construção coletiva de uma proposta na escola pública”; Teixeira (2013): “Formação do Educador Ambiental: reflexões de um professor da escola pública” e Souza (2014): “A Educação Ambiental crítica e sua construção na escola pública: compreendendo contradições pelos caminhos da formação de professores”. As quatro pesquisas possuíam como motivação a prática de professores de escola pública a respeito da Educação Ambiental e concluem a necessidade de maior formação dos professores para o trabalho com a Educação Ambiental, além de práticas e ações que sejam conectadas aos problemas ambientais locais. Por fim, destacamos as pesquisas do Programa de Pós-Graduação do IGCE, por meio das Dissertações de Sena (2010): “Educação Ambiental e o trabalho com valores: um estudo de caso”; Degaspari (2012): “Educação Ambiental e valores: diálogos e sentidos construídos nas práticas de professores de Ensino Fundamental” e Mielke (2010): “Princípios da Educação Ambiental nas práticas e discursos de professores do Ensino Fundamental”. As três dissertações possuem em comum a motivação central em discutir a Educação Ambiental e valores, por meio dos saberes e práticas de professores. Pode-se concluir pela leitura das dissertações que os docentes ainda não possuem clareza a respeito da Educação Ambiental e o trabalho com valores, o que aponta a necessidade de uma formação continuada em Educação Ambiental. Contudo, são poucos os trabalhos que discutem propriamente o tema Educação Ambiental, Consumo, Resíduos Sólidos e Educação Infantil, o que demonstra a necessidade de ampliação das investigações nesse campo. Podemos citar como exemplo os trabalhos de Cardoso (2011), que trata da Indústria Cultural e da Infância, e reflete sobre as propagandas midiáticas, o consumo e o processo formativo das crianças; Silva (2015), que retrata uma discussão sobre os conteúdos televisivos nas culturas infantis e as interpretações das professoras de educação infantil; Ananias (2012), que discute a Educação Ambiental no município de Presidente Prudente e Palmieri(2011), com um estudo do tipo “Estado da Arte” que analisou os projetos de Educação Ambiental desenvolvidos nas escolas brasileiras. 36    2.1.1.2 – Levantamento Bibliográfico - GT 22 e GT 07 - ANPED Neste tópico apresentamos os dados referentes às últimas cinco reuniões realizadas pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED), que comporta 24 grupos de trabalho. Os dados são referentes aos trabalhos completos aceitos e apresentados nas reuniões anuais realizadas no período de 2010 – 2015. O quadro 2, diz respeito ao GT 22 – Educação Ambiental: QUADRO 2 – ARTIGOS GT 22 – ANPED (2010-2015) REUNIÃO ANPED ANO TRABALHOS GT 22 TRABALHOS SELECIONADOS TRABALHOS SELECIONADOS POR AUTORIA, ANO E TÍTULO 37ª 2015 13 4 SANTOS E FERREIRA (2015) – “Políticas e Documentos [MEC]: Há espaço para a relação criança/natureza na Educação Infantil?”; SALGADO (2015) – “Discursos de Natureza em movimentos educacionais alternativos”; SAHEB (2015) – “Os sete saberes de Morin e sua contribuição para a formação de Educadores Ambientais”; GOMES (2015) – “A confluência da Educação Ambiental com a Educação Popular na alfabetização de adultos trabalhadores em cooperativa de Resíduos Sólidos”. 36ª 2013 7 1 MUTZ (2013) – “A Educação Ambiental e o discurso do consumo consciente: uma análise sobre os modos como se produzem sujeitos consumidores nas pedagogias culturais contemporâneas”; 35ª 2012 17 4 NOVICKI e PASSOS (2012) – “Técnico em meio ambiente e a Educação Ambiental: Campus Pinheiral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro”; QUEIROZ (2012) – “Caminhos para a inserção da dimensão socioambiental na formação inicial de educadores: Possibilidades e obstáculos encontrados”; OLIVEIRA (2012) – “Discutindo a práxis participativa: Concepções e contribuições à Educação Ambiental crítica da baixada fluminense”; COUTO (2012) – “Aprendizagem Social e formação humana no trabalho cooperativo de catadores(as) em São Paulo. 34ª 2011 18 2 TOLEDO(2011) – “Quando vocês chegarem na escola, tem de passar e dar bom dia para a plantinha: um estudo sobre as relações e concepções de crianças com/sobre a natureza”; TOZONI-REIS, TEIXEIRA E MAIA (2011) – “As publicações acadêmicas e a Educação Ambiental na escola básica”. 37    33ª 2010 21 2 LOGAREZZI (2010) – “Educação Ambiental em comunidades de aprendizagem: uma abordagem crítico-dialógica”; SANTOS (2010) – “Ações socioambientais em uma comunidade cooperada: trabalho e conflito como categorias centrais na prática educativa”. Fonte: Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação – ANPED (2016) Organização: Natália Teixeira Ananias Freitas (2016) Os trabalhos apresentados no período de 2010-2015 no GT 22 – Educação Ambiental/ ANPED contemplaram discussões pertinentes a nossa investigação. O GT 07 – Educação de crianças de 0 a 6 anos, nos últimos 5 anos (2010-2015) aprovou mais de 90 trabalhos em suas reuniões da ANPED. Contudo, encontramos apenas 2 artigos ligados a nossa pesquisa: • 34ª Reunião: “A formação da infância para o consumo na publicidade da Revista Veja” – (ANDRADE, 2011) • 33ª Reunião: “Pares ou ímpares?” Consumo e relações de amizade entre as crianças na formação de grupos para brincar – (SALGADO, 2010) As duas pesquisas encontradas neste GT possuem em comum as discussões sobre o consumo na vida das crianças que foi um dos focos do nosso estudo. 2.1.1.3 – Levantamento Bibliográfico: banco de Teses e Dissertações da CAPES O Banco de Teses e Dissertações da CAPES é uma plataforma pública que disponibiliza as dissertações e teses defendidas nos Programas de Pós-Graduação do Brasil. Por meio de filtros que contemplam as áreas do conhecimento, o ano de defesa, a área de avaliação, os orientadores, a banca de defesa e as palavras-chave, é possível realizar levantamentos com o intuito de conhecer o que vem sendo pesquisado nas Universidades Brasileiras. Pela grande quantidade de pesquisas que esse banco de Teses e Dissertações apresenta, priorizamos apenas as palavras-chave “Educação Ambiental e Educação Infantil” para nossa pesquisa. Os filtros empregados para a busca foram: Ano de defesa – 2010-2015; 38    Área de Conhecimento: Educação; Área de avaliação: Educação; Área de Concentração: Educação. A partir dos filtros empregados, encontramos 6.366 trabalhos. Após a leitura dos títulos, elencamos 08 pesquisas. Ressaltamos que o Banco de Teses e Dissertações da CAPES, após o ano de 2012, não recebeu muitas atualizações de pesquisas defendidas, tendo em vista a migração dos dados para a Plataforma Sucupira, vinculada a CAPES Sistematizamos no quadro 3, as oito pesquisas escolhidas no Banco de Teses e Dissertações da CAPES: Quadro 3 – Pesquisas Banco de Teses e Dissertações CAPES Ano de Defesa Título Autoria Dissertação/Teses 2010 “Vivendo as ciências da natureza na Educação Infantil: movimentos de transformação na prática de uma professora” CARVALHO, C.M. Dissertação 2010 “Significados e Sentidos da Educação Ambiental para as crianças da Educação Infantil” JARDIM, D.B. Dissertação 2011 “Educação e Consumo sustentável: estudo de caso de um projeto baseado na ação educativo-ambiental” FRANTZ, L.O. Dissertação 2011 “Educação Infantil e natureza: Tecendo relações rumo a Educação Ambiental – enfrentamentos, dificuldades e possibilidades” SANTOS, M.R.P.F.de Dissertação 2013 “Concepções de Professoras sobre Educação Ambiental: a Educação Infantil em foco” ARROYO, M.G. Dissertação 2013 “A constituição do sujeito contemporâneo do Consumo: aprendendo a comprar bem, para comprar sempre” COSTA, A.S. da Tese 2013 “Educação Ambiental: Concepções de Coleta Seletiva doméstica e Escolar na Educação Infantil” LIMA, A.R.de Dissertação 2014 “Educação Ambiental na Educação da Criança: análise de uma prática docente” ROCHA, R.C. da Dissertação Fonte: Banco de Dados e Dissertações da CAPES Organização: Natália Teixeira Ananias Freitas As pesquisas elencadas no Banco de Teses e Dissertações da CAPES apresentam a Educação Ambiental no contexto da Educação Infantil. Diferentemente das outras buscas, realizadas no Repositório da UNESP e GT‟s da ANPED, foram encontradas pesquisas que 39    discutem temas do nosso interesse, como por exemplo: coleta seletiva, consumo e consumo sustentável. Retomando os apontamentos de Galvão (2010), este levantamento bibliográfico possuiu como motivação “[...] se potencializar com o conhecimento coletivo para se ir além; [...] reaproveitar e replicar pesquisas; [...] desenvolver estudos que cubram lacunas na literatura [...]”. Por meio dos dados apresentados no Repositório Institucional UNESP, os trabalhos vinculados ao GT 22 – Educação Ambiental e ao GT 07 – Educação de crianças de 0 a 5 anos da ANPED e as pesquisas do Banco de Teses e Dissertações da CAPES, pôde-se comprovar a necessidade de ampliação das discussões a respeito da Educação Ambiental e a Formação de Professores no contexto da Educação Infantil, considerando a relevância do tema. 2.2 – As escolas, os sujeitos e os procedimentos de coleta e análise dos dados A escolha das Escolas Municipais de Educação Infantil de pré-escola para a coleta de dados foi realizada com base no “Mapa das Escolas Municipais de Presidente Prudente – 2016” considerando a amostra de 2 escolas por região (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro), totalizando 10 escolas. Após a escolha das instituições, houve um primeiro contato para o convite das professoras de pré-escola e o agendamento das entrevistas nos horários de HTPC. Destacamos que este processo recebeu aprovação por parte da Coordenação de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação (SEDUC) Em cada escola, foram entrevistadas 02 professoras, totalizando 20 professoras. Após a transcrição das entrevistas, em função da quantidade de dados elencamos para nossa análise os relatos de 10 professoras, levando em conta pelo menos 1 escola de cada região. Todas as professoras são do sexo feminino. Além das professoras, também participaram como sujeitos da pesquisa, 02 Coordenadoras Pedagógicas e a Diretora da área de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação (SEDUC). As entrevistas ocorreram no mês de março de 2017 e tiveram como propósito obter informações sobre: a atuação da Secretaria; a quantidade de escolas de Educação Infantil do município e de profissionais que atuavam neste âmbito; a quantidade de professores que lecionavam para crianças de pré-escola; a legislação vigente para a Educação Infantil; a existência de documentos que abordassem a Educação Ambiental; como acontecia 40    a Educação Ambiental na Educação Infantil; como se dava a formação continuada dos docentes. As professoras foram questionadas a respeito das suas formações (inicial e continuada) sobre Educação Ambiental e sobre as suas concepções e práticas com relação a Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos/lixo e a Educação Ambiental na Educação Infantil. As entrevistas foram registradas em áudio e posteriormente transcritas. Como instrumento de coleta de dados optamos pela entrevista semiestruturada. Neste sentido, reiteramos os estudos de André (2016), Lüdke e André (1986) e Meirinhos e Osório (2010). André (2016, p.55) avalia que as entrevistas caracterizam-se por proporcionar um “diálogo vivo” entre entrevistador e entrevistado. Meirinhos e Osório (2010, p. 62) afirmam que a entrevista é um instrumento adequado de coleta de dados para “[...] captar a diversidade de descrições e interpretações que as pessoas tem sobre a realidade”. Os autores complementam que é considerada uma interação verbal entre, pelo menos, duas pessoas: o entrevistado, que fornece respostas, e o entrevistador, que solicita informação para, a partir de uma sistematização e interpretação adequada, extrair conclusões sobre o estudo em causa. (MEIRINHOS E OSÓRIO, 2010, p. 62-63) De acordo com André (2016, p. 55) : [...] por sua flexibilidade, a entrevista está situada entre os procedimentos científicos que favorecem o aprofundamento das informações, o detalhamento de situações, além de esclarecimentos, confirmações ou correções de impressões, tornando possíveis as adaptações necessárias para a melhor forma de obtenção das informações de que se necessita. A autora complementa que A entrevista semi-estruturada é desenvolvida a partir de um esquema básico, um roteiro, que serve de referência para o pesquisador conduzir o diálogo com o entrevistado. Embora o pesquisador estabeleça uma lógica na elaboração desse roteiro, esse tipo de entrevista, por sua relativa flexibilidade, é muitíssimo utilizada em pesquisas educacionais realizadas com professores, pais de alunos, e estudantes de idades variadas quando o objetivo é alcançar suas percepções, ideias e subjetividades. (ANDRÉ, 2016, p. 57) Os questionamentos feitos às professoras foram:  Cite três palavras-chave a respeito da Educação Ambiental;  Cite três palavras-chave a respeito do Consumo / Consumismo; 41     Cite três palavras-chave a respeito dos Resíduos Sólidos / Lixo;  Você realizou cursos de formação inicial ou continuada em Educação Ambiental?  Além da Universidade, você teve contato com o tema “Educação Ambiental” em outras situações?  Na sua opinião, como devem ser tratadas as questões ambientais com as crianças da Educação Infantil?  Ao tratar da Educação Ambiental com as crianças, o que você tem feito e que acredita estar dando certo? E o que deu errado?  Quais os objetivos que você tem ao trabalhar com o tema “Educação Ambiental” com as crianças?  Ao trabalhar com a Educação Ambiental com as crianças, descreva como você inicia o assunto, desenvolve o tema e conclui o trabalho?  Você já realizou algum trabalho com as crianças a respeito da temática dos Resíduos Sólidos? Comente.  O que é Educação Ambiental para você?  Qual a ligação da Educação Ambiental com a Educação Infantil?  O que você entende por Consumo / Consumismo Infantil?  O que você entende por Resíduos Sólidos / lixo  Em sua escola são realizados projetos de Educação Ambiental, com ênfase no Consumo e Resíduos Sólidos com as crianças? As entrevistas com as professoras foram efetuadas nos momentos de HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo) nas Escolas Municipais de Educação Infantil, no período de abril a maio de 2017, sempre com a anuência dos Orientadores Pedagógicos e Diretores de cada escola. As entrevistas aconteceram individualmente, em salas separadas dos outros professores da escola. A duração das entrevistas de cada professora variou de 10 a 20 minutos. É importante destacar que todas as professoras receberam, antes do início das entrevistas, o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (TCLE) que descreve os objetivos da investigação, a importância do anonimato dos participantes e a utilização das respostas obtidas para fins acadêmicos, sempre visando a validade e fidedignidade dos dados coletados. Este termo foi assinado por elas em duas vias, sendo entregue uma via para cada participante. A outra via foi arquivada. 42    No momento das entrevistas com as Coordenadoras Pedagógicas da SEDUC, tomamos conhecimento das “Diretrizes Pedagógicas para a Educação Ambiental da Rede Municipal de Ensino de Presidente Prudente”, publicado em 2016. A partir deste documento, foi possível coletar informações a respeito da Educação Ambiental nas Escolas Municipais, constituindo-se, portanto, em uma fonte para nosso estudo de caso. Meirinhos e Osório (2010, p. 62) comentam que o acesso a fontes documentais é importante para embasamento do estudo de caso, pois “[...] a informação recolhida pode servir para contextualizar o caso, acrescentar informação ou para a validar evidências de outras fontes”. André (2016) explica que essas fontes documentais podem ser classificadas em três tipos: fontes primárias, fontes secundárias e fontes terciárias. O primeiro tipo refere-se a informações originais, sendo “fontes de primeira mão”, ou seja, as informações não são encontradas em outros documentos. As fontes secundárias são materiais construídos com base em outros documentos, por meio de análises e interpretações. As fontes terciárias são materiais elaborados por meio de consulta a fontes primárias e secundárias, apresentando uma “versão resumida” de documentos disponíveis. Para nossa pesquisa, tivemos contato com fontes secundárias, pois as Diretrizes Pedagógicas para a Educação Ambiental da Rede Municipal de Ensino de Presidente Prudente foram elaboradas com base na Política Nacional de Educação Ambiental, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental e apresentam importantes dados que colaboram para a compreensão da Educação Ambiental na Educação Infantil do município. As entrevistas foram oportunas para a compreender as diretrizes oferecidas pelo Sistema Municipal de Educação de Presidente Prudente (SP), que subsidiam os trabalhos de Educação Ambiental na Educação Infantil e para elucidar como está sendo realizada a formação sobre Educação Ambiental dos professores pela Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente (SEDUC). Os dados foram transcritos e agrupados em categorias. Nossas análises foram pautadas no referencial teórico, nos documentos oficiais sobre a Educação Infantil e a Educação Ambiental e nos dados obtidos com as entrevistas. Os três primeiros questionamentos feitos às professoras correspondem a palavras- chave sobre Educação Ambiental, Consumo e Resíduos Sólidos. Nesse sentido, fizemos a opção de analisar estes dados pela perspectiva da Word Cloud (nuvem de palavras) que 43    elabora uma imagem digital por meio do grau de frequência das palavras em um texto. Quanto mais vezes a palavra é mencionada, mais chamativa é a sua representação no gráfico; e, se menos vezes a palavra é usada, sua representação é menor. . Como embasamento teórico, destacamos os estudos de Lohmann, Ziegler e Tetzlaff (2009) e Andreotti et al(2017) a respeito da utilização da Word Cloud para estudos científicos. Lohmann, Ziegler e Tetzlaff (2009) afirmam que a técnica da Word Cloud não é só utilizada para a tecnologia da informação, mas também comparece em estudos da área da informação e sumarização de textos. Além disso, a organização de palavras-chave indicada por uma Word Cloud, quando relacionada às redes sociais é chamada de “Tag”, possibilitando a visualização de uma amostra utilizada com maior frequência pelo tamanho de sua fonte, em relação às outras “Tags” na Word cloud. Andreotti et al (2017, p.17) explicam que a função de uma Word Cloud é “[...] ampliar a capacidade cognitiva do ser humano em processos de exploração de dados”. Os autores enfatizam ainda que a Word Cloud está ligada a área da Visualização da Informação, pertencente aos estudos da Ciência da Computação, com o propósito de apresentar um novo sentido aos dados coletados, sem que seja necessário conhecer todo o material. Para a criação de uma Word Cloud, são necessários alguns passos: 1- Seleção de Documentos; 2 –Tokenização; 3- Remoção de palavras comuns e palavras irrelevantes; 4 – Determinação das frequências dos termos; 5 – Geração da Word Cloud / Open Cloud no programa específico e 6- Word Cloud finalizada. (ANDREOTTI et al, 2017) 1. Seleção de Documentos: os dados que serão a base para a word cloud são selecionados em formato de texto, sem formatação específica; 2. Tokenização: todas as palavras apresentadas nos dados são separadas por espaço, considerando apenas os substantivos, sem pontuação ou caracteres de pontuação; 3. Remoção de Palavras comuns e palavras irrelevantes: o site seleciona as palavras que representam melhor o assunto da nuvem em questão, formando uma lista. Não são considerados artigos, adjetivos, advérbios, conjunções e preposições. 4. Determinação das frequências dos termos: verifica-se quais palavras aparecem mais vezes ou menos vezes na listagem feita no passo anterior, possibilitando a definição do formato da Word cloud. 44    5. Geração da Word Cloud / Open Cloud: o site escolhido para o trabalho com a Word cloud faz a compilação dos dados, conforme a escolha de cor e fonte para a base da Word Cloud. O resultado das informações a respeito do número de vezes que cada palavra apareceu mais vezes ou menos vezes na listagem, cria uma primeira open cloud (nuvem aberta). 6. Word Cloud finalizada: em um arquivo de imagem no formato JPG a Word Cloud é gerada e disponibilizada ao usuário via e-mail. Lüdke e André (1986, p. 48) reiteram a importância da análise dos dados que contemple “[...] ir mais a fundo, desvelando mensagens implícitas, dimensões contraditórias e temas sistematicamente silenciados [...]”. Assim, acreditamos que este momento da pesquisa nos possibilitou “ir mais a fundo", compreendendo as concepções e práticas das professoras de pré-escola. Nas próximas seções apresentamos as discussões teóricas que subsidiaram nossa pesquisa, bem como, as sistematizações e análises dos dados. 45    3 - CONSUMO: UM FENÔMENO COMPLEXO Esta seção possui como finalidade abordar o tema Consumo. Realizamos a distinção entre consumo e consumismo e entre a Cultura de Consumo e Sociedade de Consumo. As discussões são feitas tomando como base os estudos efetuados por Toaldo (1997), Slater (2002), Capra (2002), Padilha (2003), Portilho (2005), Logarezzi (2006), Bauman (2008), Ortigoza (2009), Schor (2009) Barbosa (2004), Baudrillard (2010), Schimidt (2010), Somer e Schimidt (2010) e Leonard (2011), Machado (2012), entre outros estudiosos da área do Consumo e meio ambiente. Esta seção apresenta também as contribuições sobre o tema consumo consciente, realizadas pelo Instituto Alana. O Instituto Alana é uma organização não governamental que tem como proposta um mundo sustentável e apresenta uma atuação relevante caracterizada pelo empenho na abordagem de assuntos relacionados à infância. Neste contexto, destacamos o programa denominado “Criança e Consumo”. Os trabalhos desenvolvidos por essa instituição inspiram alguns caminhos de como abordar os temas ambientais no âmbito da Educação Infantil e na Formação de Professores. 3.1 - Consumo e consumismo: algumas considerações O tema Consumo apresenta inúmeras vertentes. Trata-se de um fenômeno que tem sido objeto de estudo das Ciências Sociológicas, Antropológicas, da Política, da Economia, entre outras áreas e devido a essa diversidade, apresenta uma complexidade de definições a respeito do significado do que caracteriza o Consumo. Por terminologia, Logarezzi (2006, p. 99) atribui ao termo “Consumo” o “[...] ato de adquirir e usar produtos e serviços no desenvolvimento de atividades humanas entendidas como necessárias, em determinado contexto cultural e em determinado momento”. Nesse sentido, percebe-se o envolvimento direto dos seres humanos, pertencentes a um contexto social e cultural, por meio da aquisição de produtos e serviços para suas necessidades e desejos pessoais. Ao considerar o significado da palavra “Consumo”, Cortez (2009,p.36) comenta que esse termo está ligado a “[...] aquisições racionais, controladas e seletivas baseadas em fatores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras”. A autora complementa sua 46    afirmação, mencionando que este termo está diretamente relacionado à palavra “consumismo”, sendo “[...] ato, efeito, fato ou prática de consumir (comprar em demasia) e consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos[...]”. De um modo geral, todos nós consumimos para sobreviver, contudo precisamos nos atentar para as situações de consumismo. Leonard (2011, p. 124) comenta que nos Estados Unidos no ano de 2005, os gastos pessoais de uma família chegaram à marca de 24 trilhões de dólares, sendo empregado esse valor em lojas físicas e em portais de compras on-line que oferecem os mais diversos produtos e bens, “na ânsia de satisfazer os desejos o mais imediatamente possível”. Por outro lado, enquanto alguns possuem a possibilidade de adquirir bens e serviços com uma simples compra ou “clicks on line”, uma grande parcela da população mundial sofre com a distribuição desigual dos recursos. Algumas pessoas tem poder de compra, praticam o “superconsumo”. Contudo, muitas pessoas vivem em locais com uma condição mínima de subsistência, em situação de extrema pobreza. Ortigoza (2009) afirma que o consumo está diretamente ligado ao estilo de vida e às relações cotidianas em uma sociedade. Dramali (2010) trata da emergência do tema Consumo na sociedade, mais especificamente nos anos de 1750, atrelado aos anúncios publicitários e aos primeiros jornais impressos veiculados na Europa. Nesse período, ocorreram as primeiras transformações ligadas ao consumo na Europa. Uma cultura em que antes o consumo era determinado pelas posições sociais de cada família e indivíduo6 passa agora a ser de livre escolha e influenciado pela publicidade. Com o advento da Revolução Industrial, a dissolução da economia rural e o surgimento de novos estilos de vida, pode-se constatar o quanto as ações diante dos recursos naturais sofreram modificações. Os indivíduos que antes produziam para sua própria subsistência, colocam sua força de trabalho a serviço das grandes indústrias. Assim sendo, recebem, ao final de seus trabalhos, uma “gratificação monetária” e adquirem poder aquisitivo para estabelecer relação com o que o comércio e a sociedade oferecem para suas necessidades. Para atender o mercado consumidor e obter lucros, as indústrias exploram os recursos naturais para suas linhas de produção, o que, por sua vez possibilita à sociedade a aquisição de bens e materiais num ritmo incessante. Aspectos como a utilização maciça dos recursos naturais e principalmente as consequências ambientais ocorridas em decorrência da                                                             6 Slater (2002, p.72) comenta que na Sociedade Tradicional instaurada entre os séculos XIV e XVI, “[...] o consumo era regulamentado em função do status: ambos são juridicamente estabelecidos em relação um ao outro”. As “Leis Suntuárias” regulamentavam o consumo de comida, roupas e moradia daquelas pessoas que não fizessem parte da nobreza sendo necessário o pagamento de taxas junto aos tribunais eclesiásticos. 47    modificação do estilo de vida dos indivíduos inseridos neste processo nem sempre são levadas em consideração com a atenção que merecem. De certo modo, nossas ações e vivências em sociedade demandam a utilização de bens e materiais. Compramos roupas, calçados, alimentos, eletrônicos, entre outros produtos, por meio do vasto comércio existente em nossa sociedade. A economia gira e o consumo aumenta significativamente. Percebemos também que o ato de consumir exprime os desejos, sentimentos, hábitos, gostos e necessidades de cada indivíduo. Assim, Toaldo (1997, p. 89) apresenta algumas indagações pertinentes, tais como: “[...] o que dá sentido ao consumo? Em que termos as pessoas o definem? O que as estimula a praticá-lo de forma compulsiva?” Em busca de respostas para as indagações de Toaldo (1997), encontramos os apontamentos de Leonard (2011), por meio da publicação denominada “A História das Coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que consumimos”. Suas reflexões iniciaram-se com o vídeo, que leva o mesmo nome do livro, no ano de 2009. Leonard (2011, p.129) afirma: Não sou contra todo consumo. Precisamos de alimentos, de teto, de roupas e remédios, entre outras Coisas básicas. E ainda há um nível extra de consumo que torna a vida mais prazerosa. Adoro ouvir música, partilhar uma garrafa de vinho com amigos e, de vez em quando, usar roupa nova. Não questiono o consumo em termos abstratos, mas o consumismo e o superconsumismo. Enquanto consumo significa adquirir e utilizar bens e serviços para atender às necessidades, consumismo refere-se à atitude de tentar satisfazer carências emocionais e sociais através de compras e demonstrar o valor pessoal por meio do que se possui. Já o superconsumo é quando utilizamos recursos além dos necessários e dos que o planeta pode suprir [...].É quando perdemos de vista aquilo que é importante na busca por coisas.(Grifos da autora) A autora afirma ainda no documentário “A História das coisas” que a população dos Estados Unidos é definida pelos seus hábitos de consumo e não mais pelas suas profissões, como arquiteto, engenheiro, etc. Além disso, “ [...] 99% dos produtos que nós compramos, cultivamos, processamos, transformamos, [...] são lixos em menos de 6 meses”(LEONARD, 2009)7. Essa situação é preocupante, pois além de causar um grande impacto ao meio ambiente, sinaliza para ações e vivências que não são coerentes com um consumo consciente dos recursos naturais.                                                             7 Esta citação literal encontra-se no documentário “A história das Coisas” (The story of stuff), da autora Annie Leonard (2009). Disponível em : < https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k > Acesso em Novembro de 2016. 48    Capra (2002) defende a necessidade de refletirmos sobre os problemas ambientais decorrentes do consumo e das práticas capitalistas impostas em nossa sociedade. O autor afirma que: A maior parte dos economistas convencionais ignorou o custo ambiental da nova economia – o aumento e a aceleração da destruição do meio ambiente natural no mundo inteiro, que é tão grave quanto, senão mais grave do que os efeitos sociais. (CAPRA, 2002, p.157) E complementa ainda que A meta central da teoria e da prática econômicas atuais – a busca de um crescimento econômico contínuo e indiferenciado – é claramente insustentável, pois a expansão ilimitada num planeta finito só pode levar a catástrofe. Com efeito, nesta virada de século, já está mais do que evidente que nossas atividades econômicas estão prejudicando a biosfera e a vida humana de tal modo que, em pouco tempo, os danos poderão tornar-se irreversíveis. Nesta precária situação, é essencial que a humanidade reduza sistematicamente o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente natural. (CAPRA, 2002, p. 157) O consumismo, nos dias atuais, é considerado um “fenômeno mundial”, graças ao avanço da mídia e da publicidade em torno dos produtos. Os meios de comunicação e as propagandas veiculadas na televisão, internet, rádio, jornal, revistas direcionam à atenção para os produtos expostos, de modo atrativo, incitando o desejo das pessoas para o ato de compra dos produtos anunciados. Conforme os apontamentos de Oliveira e Cândido (2010,p.6): [...] o marketing, e em especial a propaganda, bem feito pode provocar dois efeitos sobre um mesmo produto: inicialmente traz um maior número de consumidores para o produto; e em segundo lugar, e mais importante, o marketing “cria” necessidades nas pessoas para o consumo daquele específico produto, incutindo na mente do consumidora que “aquele é o produto” e “ o resto é o resto”. Padilh