UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL MODELAGEM DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO José Anchieta de Araujo Licenciado em Ciências Agrárias JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL MODELAGEM DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO José Anchieta de Araujo Orientadora: Profª. Drª. Nilva Kazue Sakomura Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Zootecnia. JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Julho de 2012 Araujo, José Anchieta de A663m Modelagem das exigências de lisina para aves de postura em crescimento / José Anchieta de Araujo. – – Jaboticabal, 2012 xii, 92 f. ; 28 cm Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2012 Orientadora: Nilva Kazue Sakomura Banca examinadora: José Humberto Vilar da Silva, Fernando Guilherme Perazzo Costa, Luciano Hauschild, Alex Sandro Campos Maia Bibliografia 1. Aminoácidos. 2. Balanço de nitrogênio. 3. Dose resposta. 4. Frangas de reposição. 5. Método fatorial. I. Título. II. Jaboticabal- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 636.5:636.087 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. DADOS CURRICULARES DO AUTOR J O S É A N C H I E T A D E A R A U J O – filho de José Antônio de Araujo e Rita Maria da Costa Araujo, nasceu em 22 de abril de 1982 na cidade de Santa Luzia, microrregião homogênea do Seridó Ocidental Paraibano, Brasil. Em 2002 concluiu o ensino médio na Escola Estadual do Ensino Fundamental e Médio Padre Jerônimo Lauwen. Em abril de 2003 iniciou o curso de Ciências Agrárias (Licenciatura Plena) no Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, obtendo o título de Licenciado em Ciências Agrárias em janeiro de 2007. Durante a graduação foi bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/UFPB) por dois anos e monitor concursado da disciplina “Caprinocultura”, por seis meses. Em março de 2007, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação do Profº. José Humberto Vilar da Silva, concentrando seus estudos na área de Produção Animal, submetendo-se a defesa de dissertação em fevereiro de 2009, obtendo o título de Mestre em Zootecnia. Em março de 2009, ingressou no curso de Doutorado em Zootecnia na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal – SP, sob a orientação da Profa. Nilva Kazue Sakomura, submetendo-se à defesa de tese em junho de 2012. “Cachingando, cego e surdo Sem ver e sem está ouvindo pra mim não é absurdo. Vou meu caminho seguindo. Nunca pensei em morrer Quem morre cumpre um dever. Quando chegar o meu fim Eu sei que a terra me come, mas fica vivo o meu nome para os que gostam de mim.” Patativa do Assaré Aos meus pais, José Antônio de Araujo e Rita Maria da Costa Araujo. Aos meus avós, João Antônio de Araujo (in memoriam) e Izabel Feitosa de Araujo (in memoriam), Assis Paulino da Costa (in memoriam) e Maria das Dores Nóbrega Costa. E a sociedade brasileira que indiretamente finaciou toda minha vida acadêmica. DDedico A todos os meus familiares, a minha noiva e aos meus amigos. Ofereço AGRADECIMENTOS À Deus, pela força proporcionada, nos momentos de dificuldades. À toda a minha família, em especial ao meu avô Assís, que faleceu durante a redação final deste trabalho. À minha orientadora Professora Nilva Kazue Sakomura, pela oportunidade, confiança e amizade que me foram dadas em todos os momentos. À FCAV-UNESP e ao programa de Pós-graduaçào em Zootecnia pela oportunidade de realização do curso. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo financiamento dos estudos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de estudos. À Granja Planalto – Uberlânbia – MG, pela doação dos animais para a realização dos experimentos. Ao professor José Humberto Vilar da Silva, pelos preciosos ensinamentos e por ter me iniciado nas atividades científicas. Aos membros da banca do exame de qualificação, professores Luciano Hauschild, Kleber Tomás de Resende, Alex Sandro Campos Maia e Nelson José Peruzzi, pelos conselhos e sugestões manifestados no exame. Aos colegas do Setor de Avicultura da UNESP, Luciano Hauschild, Juliano (Kakareco), Ana Carolina, Bruna Agy, Daniella Donato, Iris Mayumi, Katiani Venturini, Miryelle Sarcinelli, Melina Bonato, Roberto Veloso, Danilo Makino, Giuliana Milan, Jaqueline (Bituka), Jaqueline (Dako), Marco Antônio, Juliano (Cepacol), Joyce Sato, Hilda Cristina, Inez Carneiro, Sandra Pinheiro, Nei André e ao parceiro Jefferson Siqueira, pelo companheirismo e eficiência nos trabalhos desenvolvidos em equipe. Aos funcionários do Setor de Avicultura da UNESP, Robson, Izildo e Vicente, pelo imprescindível apoio logístico, pelos valiosos ensinamentos e pela agradável convivência. Aos funcionários do Departamento de Zootecnia em especial Adriana e Moisés, pela atenção, paciência e presteza. Aos funcionários da fábrica de ração, Sr. Oswaldo, Helinho e Sandra, pelo auxílio na fabricação das dietas experimentais. Aos amigos da República Nordestina, Thiago (Baiano), Anderson (Bitoka), Carlão, Sammy Sidney, Christiano Arraes, Cleber Franklin, Davi Nogueira, foram discussões, festas, estudos, mas em todos os momentos vocês foram minha família. Aos amigos e companheiros de pós-graduação, Marcus (Tocantins), Hélio (Vei Safado), Leandro Galzerano, Wedson Carlos, Nailson Lima, Lilian Arantes, Antonio Junior (Beiço), João Paulo, Anibal Coutinho, Fabricio Hirota, André Preto, Rosiane Silva, vou ter muitas saudades de vocês e também dos churrascos. Aos companheiros da República dos Fei, Marcelo Maia, Wilton Ladeira, Marcos Gonçalves, Gregue Caputti e Moacir, sem vocês a vida aqui teria sido mais difícil. À Edney Pereira da Silva, o fei mais gente boa que já tive o prazer de conhecer. Obrigado pela amizade e companheirismo. Foi uma fase difícil, mas passou e você me ajudou muito, me ensinou a ver ciência e o mundo com outros olhos. À Wilson do bar, parceiro obrigado pela amizade e confiança. Sempre que eu estiver em Jaboticabal passarei no bar para comer aquela costela na brasa. À Ceila Mendonça Alves, não sei o que dizer de você, afinal você enche de luz meus espaços, cuida da minha vida quando me desequilibro... Então digo MUITO OBRIGADO POR TUDO MEU ANJO! À Empresa Ajinomoto Biolatina Indústria e Comércio Ltda., pela doação de aminoácidos cristalinos e pela realização de aminogramas, fatores fundamentais para a realização deste trabalho. À Empresa Nutron Alimentos Ltda., pela doação dos suplementos mineral e vitamínico, utilizados nas na fabricação das dietas experimentais. Aos atuais colegas de trabalho, Priscila Mesquita, Suelen Brito, Kedma Nayra, Késia Kelly, Gilberto Borges, Fábia (UEPA), que contribuíram com amizade e apoio. À todos aqueles que auxiliaram na minha formação profissional e que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. i SUMÁRIO Página LISTA DE ABREVEATURA ............................................................................................. iv LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... vi LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... ix RESUMO......................................................................................................................... xi SUMMARY .................................................................................................................... xii CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................... 1 Introdução ..................................................................................................................... 1 A lisina como aminoácido referência para proteína ideal .............................................. 3 Método dose-resposta e eficiência de utilização dos aminoácidos ............................... 5 Modelo fatorial com base em ensaios de balanço de nitrogênio ................................... 7 Modelos matemáticos para predizer as exigências de aminoácidos para aves .......... 10 Referências ................................................................................................................. 14 CAPÍTULO 2 – RESPOSTAS DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO A DIFERENTES INGESTÕES DE LISINA ............................................................... 21 Resumo ....................................................................................................................... 21 Summary ..................................................................................................................... 22 Introdução ................................................................................................................... 23 Material e Métodos ...................................................................................................... 24 Resultados e Discussão .............................................................................................. 31 Experimento 1 – Fase inicial (2 a 6 semanas de idade) .......................................... 31 Experimento 2 – Fase de cria (8 a 12 semanas de idade) ...................................... 34 Experimento 3 – Fase de recria (14 a 18 semanas de idade) ................................. 37 Conclusões ................................................................................................................. 42 Referências ................................................................................................................. 42 CAPÍTULO 3 – EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA MAXIMIZAR A DEPOSIÇÃO DE PROTEÍNA EM FRANGAS DE REPOSIÇÃO ................................... 47 Resumo ....................................................................................................................... 47 ii Summary ..................................................................................................................... 48 Introdução ................................................................................................................... 49 Material e Métodos ...................................................................................................... 50 Instalações e manejo experimental ......................................................................... 50 Dietas experimentais ............................................................................................... 51 Análises laboratoriais ............................................................................................... 53 Modelagem e análises estatísticas .......................................................................... 53 Resultados e Discussão .............................................................................................. 54 Exigência de nitrogênio para mantença (NMR) e máximo teórico diário de retenção de nitrogênio (NRmaxT) ............................................................................................. 54 Modelagem para estimar as exigências de lisina para poedeiras em crescimento . 58 Conclusões ................................................................................................................. 62 Referências ................................................................................................................. 62 CAPÍTULO 4 – MODELOS DE PREDIÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA DIGESTÍVEL PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO ................................ 67 Resumo ....................................................................................................................... 68 Summary ..................................................................................................................... 69 Introdução ................................................................................................................... 70 Material e Métodos ...................................................................................................... 70 Descrição dos modelos ........................................................................................... 70 Parâmetros para elaboração dos modelos .............................................................. 73 Estimativa de parâmetros e curvas de crescimento do corpo e das penas de aves de postura ................................................................................................................ 75 Determinação das exigências de lisina com base nos modelos .............................. 75 Avaliação dos modelos ............................................................................................ 76 Resultados e Discussão .............................................................................................. 76 Elaboração dos modelos ......................................................................................... 76 Parâmetros e crescimento corporal e das penas..................................................... 79 Estimativas das exigências de lisina pelos modelos ................................................ 81 Avaliação dos modelos ............................................................................................ 84 iii Conclusões ................................................................................................................. 88 Referências ................................................................................................................. 88 CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES ...................................................................................... 92 iv LISTA DE ABREVIATURAS AA – Exigência de aminoácido digestível AAc – Conteúdo do aminoácido na proteína corporal AAc – Proporções de aminoácidos na proteína corporal AAm – Proporções de aminoácidos na proteína de mantença AAmc – Exigência de aminoácido para a mantença da proteína do corpo depenado AAp – Conteúdo do aminoácido na proteína das penas AAp – Proporções de aminoácidos na proteína das penas AIC – Critério de Akaike b – Inclinação da curva de retenção de nitrogênio B – Taxa de maturação bc-1 – Inclinação entre a concentração LAA (c) e qualidade da proteína alimentar (b) BL – Broken line BLQ – Broken line com ascendência quadrática CA – Conversão alimentar CLis – Consumo de lisina CP – Coeficiente da proteína necessário para mantença CR – Consumo de ração CV – coeficiente de variação DGC – Deposição de gordura corporal DLisC – Deposição de lisina no corpo empenado DPBc – Deposição de proteína no corpo depenado DPBc – Deposição de proteína no corpo depenado DPBC – Deposições de proteína corporal DPBp – Deposição de proteína nas penas DPBp – Deposição de proteína nas penas e – Número de Euler EXP – Exponencial v G – Ganho GP – Ganho de peso k – Eficiência de utilização da lisina para deposição corporal LAA – Exigências do aminoácido limitante LAAI – Ingestão do primeiro aminoácido limitante da dieta Lis – Lisina Lism – Exigência de lisina digestível para mantença M-1 – Modelo 1 M-2 – Modelo 2 N – Nitrogênio NDmaxT – Máximo potencial teórico de deposição de proteína NEX –Nitrogênio excretado NI – Ingestão de nitrogênio NMR – Coeficiente de exigência de mantença em nitrogênio NR –Nitrogênio retido NRmaxT – Máximo potencial teórico de retenção de nitrogênio P – Peso P0 – Peso da variável no nascimento PBc – Proteína bruta na carcaça PBm – Peso de proteína corporal à maturidade PBp – Proteína bruta nas penas como fração do ganho de peso PDmax – Máximo potencial genético de deposição de proteina PP – Peso de proteína das penas PV – Peso vivo QUAD – Quadrático R2 – Coeficientes de determinação t – Tempo u – Grau de maturidade da proteína vi LISTA DE TABELAS Página CAPÍTULO 2 – RESPOSTAS DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO A DIFERENTES INGESTÕES DE LISINA ............................................................... 21 Tabela 1. Médias (± erros padrão) das temperaturas e umidades relativas máximas e mínimas registradas diariamente no galpão experimental, de acordo com a fase de criação ............................................................................................ 25 Tabela 2. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 2 a 6 semanas de idade 28 Tabela 3. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 8 a 12 semanas de idade .................................................................................................................. 29 Tabela 4. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 14 a 18 semanas de idade ........................................................................................................ 30 Tabela 5. Consumo de ração (CR), consumo de lisina (CLis), ganho de peso GP), conversão alimentar (CA), deposições de proteína (DPBC) e gordura (DGC) corporal de frangas de reposição na fase inicial (2 a 6 semanas de idade) ........................................................................................................ 32 Tabela 6. Equações ajustadas e ingestão de lisina digestível estimada (CLis) por diferentes modelos para frangas de reposição na fase inicial (2 a 6 semanas) .................................................................................................. 33 Tabela 7. Consumo de ração (CR), consumo de lisina (CLis), ganho de peso GP), conversão alimentar (CA), deposições de proteína (DPBC) e gordura (DGC) corporal de frangas de reposição na fase de cria (8 a 12 semanas de idade) ................................................................................................... 35 vii Tabela 8. Equações ajustadas e ingestão de lisina digestível estimada (CLis) por diferentes modelos para frangas de reposição na fase de cria (8 a 12 semanas de idade) .................................................................................... 35 Tabela 9. Consumo de ração (CR), consumo de lisina (CLis), ganho de peso GP), conversão alimentar (CA), deposições de proteína (DPBC) e gordura (DGC) corporal de frangas de reposição na fase de recria (14 a 18 semanas de idade) .................................................................................... 38 Tabela 10. Equações ajustadas e níveis de lisina digestível estimados (CLys) por diferentes modelos para frangas de reposição na fase de recria (14 a 18 semanas de idade) .................................................................................. 38 Tabela 11. Exigências de lisina digestível para frangas de reposição determinadas em mg por dia (mg/dia), porcentagem em função do consumo de ração médio (% por dia) e porcentagem por Mcal de energia metabolizável da ração.. 40 CAPÍTULO 3 – EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA MAXIMIZAR A DEPOSIÇÃO DE PROTEÍNA EM FRANGAS DE REPOSIÇÃO ................................... 47 Tabela 1. Composição percentual das dietas experimentais ...................................... 52 Tabela 2. Perfil aminoacídico da proteína dietética das rações .................................. 53 Tabela 3. Médias para peso vivo (PV, g/ave) ingestão de nitrogênio (NI, mg/PVkg 0,67/dia), nitrogênio excretado (NEX, mg/PVkg 0,67/dia) e nitrogênio depositado (ND, mg/PVkg 0,67/dia) nos períodos I, II e III .......................... 55 Tabela 4. Peso vivo (PV, g), exigência de nitrogênio para mantença (NMR, mg/PVkg 0,67/dia) e máximo teórico de retenção de nitrogênio (NRmaxT, mg/PVkg 0,67/dia) de acordo com a idade .................................................. 57 Tabela 5. Exigência de lisina (Lis) digestível de frangas de reposição (Dekalb White) em função da eficiência de utilização da lisina, deposição de proteína, consumo de ração e peso(1) vivo corporal ................................................. 59 Tabela 6. Exigência de lisina (Lis) digestível de frangas de reposição (Dekalb White) em função da eficiência de utilização da lisina, deposição de proteína, consumo de ração e peso(1) vivo corporal ................................................. 60 viii Tabela 7. Exigência de lisina (Lis) digestível de frangas de reposição (Dekalb White) em função da eficiência de utilização da lisina, deposição de proteína, consumo de ração e peso(1) vivo corporal ................................................. 61 CAPÍTULO 4 – MODELOS DE PREDIÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA DIGESTÍVEL PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO ................................ 67 Tabela 1. Eficiência de utilização da lisina (k) para deposição protéica para diferentes fases de crescimento para aves de postura em crescimento .................... 78 Tabela 2. Estimativas dos parâmetros das equações de Gompertz para peso vivo, proteína no corpo depenado e proteína das penas para frangas de reposição da linhagem Dekalb White ........................................................ 79 Tabela 3. Exigências de lisina (Lis) digestível para frangas de reposição da linhagem Dekalb White estimadas com base em modelos de predição ................... 81 Tabela 4. Parâmetros da equação de Gompertz para peso corporal, proteína no corpo e nas penas obtidos em estudos com frangas de reposição de duas linhagens conduzidos no Setor de Avicultura da FCAV/UNESP/Jaboticabal .................................................................................................................. 85 Tabela 5. Exigências de lisina (Lis) digestível para duas linhagens comerciais de frangas de reposição estimadas com base em modelos de predição e obtidas com o manual das linhagens de postura ..................................... 86 ix LISTA DE FIGURAS Página CAPÍTULO 3 – EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA MAXIMIZAR A DEPOSIÇÃO DE PROTEÍNA EM FRANGAS DE REPOSIÇÃO................................. 47 Figura 1. Estimativa das exigências de nitrogênio para mantença (NMR) determinados apartir de funções exponenciais entre ingestão de nitrogênio e excreção de nitrogênio para frangas de reposição em diferentes períodos (I, II e III). ............................................................... 56 Figura 2. Estimativa da NDmaxT de frangas de repsição, com base na relação entre o nitrogênio ingerido e o nitrogênio depositado (balanço de nitrogênio) em diferentes periodos de idade (I; II e III). ....................................................... 58 CAPÍTULO 4 – MODELOS DE PREDIÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA DIGESTÍVEL PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO ................................ 67 Figura 1. Diagrama esquemático do Modelo 1. ........................................................... 71 Figura 2. Diagrama esquemático do Modelo 2. ........................................................... 72 Figura 3. Regressão linear da deposição de lisina corporal (DLisC) pelo ganho de peso (GP) de franga de reposição de 1 a 126 dias de idade. ..................... 77 Figura 4. Representação gráfica do peso corporal (PCt; A) e do ganho de peso (GP; B) de frangas de reposição da linhagem Dekalb White, estimados com base nos parâmetros apresentados na Tabela 2. ................................................ 80 Figura 5. Representação gráfica do peso de proteína do corpo depenado (PPBct) e peso de proteína das penas (PPBpt) (A) e deposição de proteína no corpo depenado (DPBc) e nas penas (DPBp) (B) de frangas de reposição da linhagem Dekalb White, estimados com base nos parâmetros apresentados na Tabela 2. ........................................................................ 80 Figura 6. Exigências de lisina digestível de frangas de reposição (Dekalb White) obtidas através de modelos de predição. .................................................. 82 x Figura 7. Exigências de lisina digestível de frangas de reposição em diferentes fases de criação, estimadas com base no método dose resposta e nos modelos de predição. ................................................................................................. 83 Figura 8. Representação gráfica das exigências de lisina digestível de frangas de reposição de duas linhagens comerciais (A = Hy Line W36 e B = Hisex Branca) estimadas por modelos de predição com base em dados de estudos conduzidos no Setor de Avicultura da FCAV/UNESP/Jaboticabal e determinadas com base no manual das linhagens de postura. ................ 87 xi MODELAGEM DAS EXIGÊNCIAS DE LISINA PARA AVES DE POSTURA EM CRESCIMENTO RESUMO – Cresce o interesse pela elaboração de modelos capazes de estimar exigências de frangas de reposição de diferentes genótipos e idades mantidas sob diferentes condições de criação. Assim, os objetivos deste trabalho foram: (1) estimar as exigências de lisina digestível para frangas de reposição nas fases inicial (2 a 6 semanas de idade), cria (8 a 12 semanas de idade) e recria (14 a 18 semanas de idade) com base no método dose resposta; (2) estabelecer exigências de lisina para frangas de reposição em função da deposição de proteína, eficiência de utilização de lisina e idade; (3) elaborar modelos de predição para estimar as exigências de lisina digestível para aves de postura em fase de crescimento. Para atender o objetivo (1), foram ajustados modelos matemáticos às respostas de ganho de peso, conversão alimentar e deposição de protéina e gordura corporal em função da ingestão de lisina. Para o objetivo (2), foram realizados três ensaios utilizando 144 frangas Dekalb White. O nitrogênio ingerido, excretado e depositado foram obtidos pelo balanço de nitrogênio. No objetivo (3) foram utilizadas respostas de ingestão e deposições de lisina e informações do crescimento do corpo e penas. Concluiu-se que: (1) recomendam-se 188; 274 e 258 mg de lisina para frangas de reposição nas fases inicial, cria e recria, respectivamente; (2) considerando a porcentagem média da deposição proteica, recomenda-se consumos de lisina, de 225, 312 e 283 mg/dia para os ensaios I, II e III, respectivamente e (3) os modelos de predição alcançaram os objetivos para os quais foram elaborados, proporcionando estimativas compatíveis com as obtidas no manual das linhagens. Palavras-chave: aminoácidos, balanço de nitrogênio, dose resposta, frangas de reposição, método fatorial xii MODELING LYSINE REQUIREMENTS OF FOR PULLETS SUMMARY – There is a growing interest in developing models capable of predicting requirements of replacement pullets of different ages and genotypes kept under different husbandry conditions. The objectives of this study were: (1) estimate the digestible lysine requirements for replacement pullets in the initial stages starter (2 - 6 weeks), grower (8 - 12 weeks) and developer (14 - 18 weeks) based on dose-response method, (2) establish lysine requirements for replacement pullets on the basis of protein deposition efficiency of lysine utilization and age, (3) develop predictive models to estimate the digestible lysine requirements for laying hens in the growth phase. To meet the objective (1), mathematical models were fitted to the responses of weight gain, feed conversion and deposition of protein and fat as a function of lysine intake. For the purpose of (2), three trials were conducted using 144 Dekalb White pullets. The nitrogen ingested, excreted and deposited were obtained by the nitrogen balance. For objective (3) responses were used for lysine intake and depositions and information growth and body feathers. It was concluded that: (1) recommend to 188; 274 and 258 mg of lysine for replacement pullets in the initial stages, rearing, respectively, (2) considering the average percentage of protein deposition, recommended intakes of lysine, 225, 312 and 283 mg/day for tests I, II and III, respectively, and (3) the prediction models achieved the goals for which they were developed, providing estimates compatible with those obtained in manual of the strains. Keywords: amino acids, dose response, factorial method, nitrogen balance, replacement pullets 1 CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS Introdução A proteína é considerada um dos principais nutrientes presentes nas dietas de aves, pois é importante no desempenho dos animais, apesar do elevado custo. Para DALE (1994), a proteína dietética influencia o desempenho dos animais e sua eficiência de utilização é dependente da quantidade, da composição e da digestibilidade de seus aminoácidos, os quais são exigidos em níveis específicos pelas aves. A síntese de uma proteína específica ocorre adequadamente quando os aminoácidos que a compõem estão simultaneamente disponíveis nos sítios citoplasmáticos. Aves alimentadas com dietas deficientes em aminoácidos essenciais podem sintetizar proteínas corporais somente se o aminoácido limitante para tal síntese for disponibilizado por meio da degradação de proteínas ou peptídeos já presentes no organismo (HRUBY, 1998). Se isso não ocorre, os aminoácidos em excesso são desaminados, enquanto o nitrogênio é excretado levando a um gasto indesejável de energia e afetando o desempenho das aves. Por outro lado, dietas com balanço adequado de aminoácidos promovem a maximização do desempenho e reduzem a excreção de nitrogênio, trazendo benefícios econômicos e ambientais para a atividade. Atualmente o conceito de proteína ideal é considerado o mais apropriado para balancear os aminoácidos das dietas, referindo-se ao fornecimento “exato” de aminoácidos, capaz de prover sem excesso ou falta às necessidades de todos os aminoácidos essenciais, expressando-os como porcentagem da lisina (HAN & BAKER, 1994; KIDD et al., 1997). A fundamentação para o uso desse conceito relaciona-se ao fato de que a relação entre a lisina e os outros aminoácidos essenciais permanece, em grande parte inalterada, apesar de uma série de fatores dietéticos, ambientais e genéticos afetarem as exigências de aminoácidos (BAKER & HAN, 1994). Esse 2 conceito, inicialmente considerado teórico, adquiriu importância do ponto de vista prático com o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a produção de aminoácidos cristalinos em escala industrial. A lisina, considerada o segundo aminoácido limitante para aves, está envolvida principalmente na síntese de proteínas musculares, e participa em menores proporções de outros processos metabólicos (BAKER & HAN, 1994). A lisina é considerada como aminoácido referência em dietas formuladas pelo conceito de proteína ideal por ser o primeiro aminoácido limitante na maioria das dietas para suínos e o segundo, depois dos aminoácidos sulfurosos, para aves. Além disso, este aminoácido encontra-se disponível na forma cristalina para ser utilizada nas rações práticas dos animais e sua análise laboratorial é simples e direta. Os fatores biológicos e econômicos que contribuem para a lucratividade do sistema de produção avícola são diversos e apresentam interações. Tal complexidade e não linearidade de fatores é mais eficientemente analisada com o uso de modelos matemáticos, que permitem a predição do comportamento do sistema como resposta a este número de fatores. Os modelos matemáticos se tornaram uma área importante na nutrição animal. Para IVEY (1999), os modelos de predição estão se tornando uma parte comum do manejo animal, isso tem se tornado possível devido à velocidade tecnológica dos computadores, esforços para programação e o incentivo a pesquisa nesta área. Segundo SAKOMURA (2005), modelos para determinar as exigências nutricionais, facilitam o estabelecimento de programas de alimentação para aves de diferentes linhagens comerciais, criadas em diferentes condições climáticas e diferentes estágios de produção. Atualmente existem programas usados na produção de aves que usam os valores nutricionais e o custo dos ingredientes juntamente com o lucro esperado e os convertem em formulações de ração que minimizam os custos da alimentação na empresa avícola. Na maioria das vezes, o modo como estes modelos funcionam ainda é um mistério para o usuário (IVEY, 1999). Todavia, o sucesso no uso de modelos depende quase que exclusivamente do entendimento por parte do usuário das limitações do modelo adotado. 3 Tendo em vista a importância da lisina na nutrição de aves é imprescindível à realização de novos estudos que possibilitem a elaboração de modelos que permitam determinar com maior precisão as exigências deste aminoácido para aves de postura. Visando dar continuidade a estudos nesta temática, o presente trabalho tem como proposta estimar as exigências de lisina digestível e suas eficiências de utilização para aves de postura nas fases inicial (1 a 6 semanas), cria (7 a 12 semanas) e recria (13 a 18 semanas) com base no método dose-resposta e elaborar modelos de predição das exigências deste aminoácido para aves de postura com base no método fatorial. A lisina como aminoácido referência para proteína ideal Durante muitos anos, as formulações de rações para monogástricos foram baseadas no conceito de proteína bruta, o que resultou em dietas com conteúdo de aminoácidos acima do exigido pelos animais BARBOSA et al. (1999b). Com o advento da fabricação industrial de lisina (L-lisina.HCl) e metionina (DL-metionina), pela indústria, as dietas passaram a ser formuladas com menor nível protéico e com níveis de aminoácidos mais próximos das necessidades das aves (BERTECHINI, 2006; JORDÃO FILHO et al., 2006b). As formulações de rações com base apenas na proteína bruta podem subestimar ou superestimar o conteúdo de aminoácidos e, assim, reduzir o desempenho dos animais, além de onerar os custos da ração (BARBOSA et al., 1999b; BARBOSA et al., 1999a). A formulação de rações com base em aminoácidos digestíveis tem se consolidado na nutrição animal, representando avanço em relação à formulação de rações com base em aminoácidos totais, em virtude da maior segurança dos resultados nos ensaios, com deposição de proteína mais eficiente a custo mais baixo (SILVA et al., 2000). Normalmente, a formulação de rações para aves está, geralmente, condicionadas aos níveis nutricionais preconizados pelas tabelas e manuais de criação, a partir de informações obtidas de forma isoladas, podendo não ser tão eficientes na otimização do desempenho das aves quanto àquelas estimadas com base na relação dos aminoácidos essenciais (SILVA et al., 2005). 4 Na década de 40, MITCHELL & BLOCK (1946) propuseram que o fornecimento excessivo de aminoácidos na dieta não seria prejudicial para o crescimento de ratos, mas o aminoácido que apresentasse menor concentração seria o limitante para o seu crescimento. Naquele momento o conceito foi mais teórico do que prático, porém serviu como base para a idealização do conceito da proteína ideal que passou a ser adotado na formulação de rações a partir década de 60. De acordo com BERTECHINI (2006), a proteína ideal refere-se a dietas que possuem o perfil de aminoácidos nas proporções exatas das necessidades dos animais. Supõe-se que todos os aminoácidos neste caso, sejam utilizados por completo para a biossíntese dos tecidos. Entretanto, considerando que as despesas com rações somam cerca de 70% dos custos variáveis de criação de aves e suínos e que a adição de aminoácidos na forma livre ou por intermédio da proteína intacta concorre, aproximadamente, com um quarto deste valor, o preço final das rações e o retorno financeiro com a produção comercial de carne e ovos podem ser afetados pelo nível de aminoácidos da ração (SILVA et al., 2000). Com isso faz-se necessário um manejo alimentar que relacione todos os aminoácidos para reduzir excessos desnecessários. Existem inúmeros fatores que afetam as exigências de aminoácidos nos animais; dentre os quais se podem destacar: fatores dietéticos como densidade calórica, proteína da ração, idade, genética e ambiente climático. Combinar todos esses fatores e achar soluções práticas a partir de experimentos do tipo dose-resposta para os aminoácidos é uma tarefa potencialmente impossível (SILVA et al., 2005). Pensando nisto, os nutricionistas desenvolveram proporções ideais de aminoácidos essenciais em relação à lisina, como base para calcular as especificações da dieta. Portanto, a proteína ideal refere-se à relação da lisina com os demais aminoácidos. Desse modo, o uso de aminoácidos digestíveis reduz os custos com alimentação e controla, de certa forma a poluição ambiental. O conceito de proteína ideal, sugerido para uso na nutrição animal, estabelece que todos os aminoácidos essenciais sejam expressos em proporções ideais a um padrão. A lisina é o aminoácido de referência no conceito de proteína ideal, em virtude das seguintes características: constitui o segundo aminoácido limitante para aves e o 5 primeiro para suínos (BARBOSA et al., 1999a), apresenta baixo custo de suplementação (JORDÃO FILHO et al., 2006a), tem muitos estudos concluídos e é o aminoácido menos tóxico (BERTECHINI, 2006), sua análise nos alimentos é relativamente simples, diferente do triptofano e dos aminoácidos sulfurados (BAKER & HAN, 1994) e principalmente, por ser utilizada exclusivamente para acréscimo de proteína corporal, em contraste com a metionina+ cistina por exemplo, que é utilizada por diferentes caminhos metabólicos, como manutenção e plumagem (PACK, 1995). O conhecimento das exigências nutricionais de lisina durante todos os estágios de vida do animal torna-se imprescindível, pois, a atualização das exigências dos outros aminoácidos pode ser ajustada mantendo o padrão de relacionamento com a lisina (SILVA et al., 2005). Assim, com a exigência de lisina atualizada e com as relações ideais adotadas é possível para o pesquisador e/ou técnico calcular a composição química dos demais aminoácidos usados na dieta. É por isso, que a atualização das exigências de lisina é uma forma simples e pertinente de fazer a reavaliação das exigências dos aminoácidos, em virtude de possibilitar a aplicação do conceito de proteína ideal podendo definir com segurança o balanceamento adequado nas fórmulas das rações. Método dose-resposta e eficiência de utilização dos aminoácidos Métodos empíricos são fundamentados na descrição quantitativa de variáveis produtivas ou indicadores metabólicos, em resposta ao aumento da concentração de um aminoácido limitante na dieta, correspondendo aos tradicionais estudos dose resposta. Nestes estudos as exigências equivalem à quantidade de aminoácido fornecida a partir da qual as respostas das aves se estabilizam (ROBBINS, 1979; GOUS, 1998; MOUGHAN & FULLER, 2003; SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007) É amplamente aceito que as concentrações ótimas de aminoácidos nas dietas para as aves podem variar em função de fatores como potencial genético, idade, sexo, temperatura ambiente, níveis nutricionais, fontes de energia e proteína, condições sanitárias e de manejo (BAKER & HAN, 1994; ROSTAGNO et al., 1999; SAKOMURA & 6 ROSTAGNO, 2007), além de sofrerem influência direta do modelo matemático utilizado na descrição das respostas (PESTI et al., 2009; SIQUEIRA et al., 2009). Com base nisso, as estimativas das exigências de aminoácidos obtidas a partir de estudos dose resposta serão apropriadas somente para condições semelhantes àquelas em que os experimentos foram realizados (OVIEDO-RONDÓN & WALDROUP, 2002; SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). De acordo com SAKOMURA & ROSTAGNO (2007), o método dose-resposta determina as exigências com base na resposta de desempenho dos animais alimentados com dietas contendo níveis crescentes do nutriente estudado. Essa resposta devido às diferenças entre os animais (mantença e potencial de crescimento) é curvilínea (CURNOW, 1973; FISHER et al., 1973; PESTI & MILLER, 1997). O formato da curva pode variar de acordo com critérios de respostas adotados e com a variabilidade entre os animais. De maneira geral, esse método possibilita descrever leis de respostas de populações. Adicionalmente, este tipo de curva permite uma melhor estimativa do nível do nutriente para uma população baseado em aspectos técnicos e econômicos (SAKOMURA et al., 2011). Por ser prático e de fácil execução o método dose-resposta, tem sido a base para a elaboração de tabelas de exigências nutricionais como Nutrient Requirements of Poultry (NRC, 1994) e Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2000; 2005; 2011). Entretanto, fatores como ambiente e genética afetam a determinação das exigências, dificultando o estabelecimento dos níveis nutricionais, sendo necessário repetir as pesquisas em diferentes condições para melhor definição das exigências (SAKOMURA, 2005; SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). A exigência dos aminoácidos para o crescimento pode ser definida com base na composição de aminoácidos da proteína corporal e nas eficiências de utilização dos aminoácidos da dieta para a deposição corporal. As eficiências de utilização dos aminoácidos podem ser obtidas em ensaios dose-resposta pela regressão linear da deposição corporal dos aminoácidos em função da ingestão dos mesmos. O coeficiente de inclinação da reta representa a eficiência de utilização do aminoácido, ou seja, a proporção do aminoácido ingerido que foi depositado no corpo da ave (SAKOMURA & 7 ROSTAGNO, 2007). Outra forma de se calcular as eficiências de utilização dos aminoácidos é pela relação entre os aminoácidos depositados e ingeridos apenas para crescimento (aminoácido depositado / aminoácido ingerido – aminoácido para mantença). HRUBY (1998) também determinou as exigências de aminoácidos para crescimento por meio da diferença entre as exigências totais e as exigências para mantença, não considerando a composição corporal das aves, o que pode comprometer a validade dos resultados. A determinação das exigências para a mantença e das eficiências de utilização dos aminoácidos para crescimento constituem a base para a elaboração de modelos matemáticos que buscam descrever a relação entre o consumo de aminoácidos e sua utilização para manutenção e deposição da proteína corporal, permitindo simular as respostas de aves mantidas sob diferentes condições de criação. Tendo em vista a variabilidade dos resultados obtidos nos estudos que determinaram as exigências de lisina e a escassez de publicações acerca da eficiência de utilização deste aminoácido, para aves de postura, é imprescindível a realização de novos estudos, possibilitando a obtenção de padrões nutricionais cada vez mais acurados e precisos. Modelo fatorial com base em ensaios de balanço de nitrogênio Esta metodologia diferencia das demais pelas concepções teóricas de exigências de mantença e crescimento. As diferenças se iniciam pelo modelo matemático adotado para determinação, que se baseia nos não-lineares. O modelo exponencial fundamenta- se para explicar os pequenos acréscimos na resposta animal, ou seja, levar em consideração que as respostas das aves às concentrações de aminoácidos nas dietas obedecem a “lei dos mínimos retornos” (OVIEDO-RONDÓN & WALDROUP, 2002; PACK et al., 2003; LEMME, 2005; SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007), que segundo ROBBINS et al. (1979); PACK et al. (2003); SIQUEIRA et al. (2009) não é admitido em modelos lineares. 8 A definição de exigência de mantença proposta pelos idealizadores (THONG & LIEBERT, 2004; SAMADI & LIEBERT, 2006a; 2007b; 2008; WECKE & LIEBERT, 2009), consiste em sua essência que a ave em estado de jejum continua excretando (perda endógena), desta forma, estes pesquisadores propuseram que o total requerido, seja expresso em nitrogênio, obtido por meio da regressão exponencial entre a ingestão de nitrogênio (NI, mg/PVkg 0,67/dia) e o total excretado de nitrogênio (NEX, mg/PVkg 0,67), informações obtidas em ensaio de balanço de nitrogênio. Nesta relação tem-se no eixo do Y o NEX, e no eixo X o NI, sendo o intercepto no eixo Y para o NI=0 a quantidade que deve ser ingerida de nitrogênio para compensar as perdas endógenas. A exigência de nitrogênio para mantença determinado com base no abate comparativo e relação linear do NI e nitrogênio retido (NR) corporal para aves de reposição, conforme BASAGLIA et al. (1998) e ALBINO et al. (1994) variaram de 380 a 540 mg/kg0,75/dia e para frangos de corte variaram de 110 a 280 mg/kg0,75/dia, segundo MACLEOD (1990) e LONGO et al. (2001), respectivamente. SAMADI & LIEBERT (2006a) utilizando modelo exponencial, estimaram por meio do NI e do NEX, que o requerimento médio de nitrogênio para frangos de corte COBB 10 a 85 dias, foi de 252 mg/kg0,67/dia, sendo 220 para macho e 280 para fêmeas. Simulações com o mesmo conjunto de dados SAMADI & LIEBERT (2006a) utilizando o modelo linear e polinomial quadrático revelou que o valor médio anunciado pelos autores sofre um aumento de 45% e 27% na estimativa, respectivamente. Com isso, especula-se que o modelo matemático possa ser responsável, em parte, pelas diferenças entre os valores apresentados pelos autores (MACLEOD, 1990; ALBINO et al., 1994; BASAGLIA et al., 1998; LONGO et al., 2001) em relação aos de SAMADI & LIEBERT (2006a). Contudo, vale salientar que para aplicar o modelo exponencial, é necessário que exista considerável amplitude nas respostas das aves. Outra definição teórica postulada pelos pesquisadores da Universidade de Georg-August, Göttingen diz respeito ao máximo potencial teórico de retenção de nitrogênio (NRmaxT), a definição matemática consta do modelo NR = NRmaxT (1 - eb * NI); Onde b = inclinação da curva de retenção de nitrogênio (indica a qualidade da proteína alimentar independente da ingestão de nitrogênio) e e = número de Euler. 9 Consequentemente, se obtém o máximo potencial teórico de deposição de proteína (NDmaxT) a partir de ND = NRmaxT (1 - eb * NI) – NMR; Onde, NMR é o coeficiente de exigência de mantença em nitrogênio. Os pesquisadores do referido centro supracitado, salientam que o atributo "teórico" indica o valor estimado (NDmaxT e NRmaxT, respectivamente), bem como os derivados PDmaxT, não estão de acordo com a faixa de crescimento real, mas caracterizam a estimativa do potencial genético, o qual não é atingido devido a fatores dietéticos. Assim, os autores SAMADI & LIEBERT (2006a) informam que a definição do potencial máximo genético não pode ser totalmente considerado para otimizar estratégias alimentares. Mas, é possível considerar definindo percentagens do NDmaxT ou estabelecendo ganho diário de protéina como parâmetro de desempenho. Portanto, a exigência do aminoácido, depende dos níveis de proteína depositada por dia, e da eficiência estimada de utilização do mesmo (THONG & LIEBERT, 2004). Especificamente, para estimativa das exigências aminoacídicas SAMADI & LIEBERT (2006b), SAMADI & LIEBERT (2007b, a) e SAMADI & LIEBERT (2008) recomendam uma técnica alternativa de formulação de dietas proposta por FISHER & MORRIS (1970), denominada “técnica de diluição da dieta”. Este método consiste em diluir seqüencialmente uma dieta alta em proteína e deficiência relativa do aminoácido teste, com uma dieta isoenergética livre de proteína, obtendo-se dietas com diferentes níveis de nitrogênio ou proteína, sendo estes, deficientes no aminoácido teste. Inicialmente é necessário realizar uma ensaio para determinar o máximo de potencial genético de retenção e deposição de nitrogênio (NRmaxT e NDmaxT) e o coeficiente de exigência de mantença em nitrogênio (NMR) conforme descrito anteriormente. Admitindo-se que fatores dietéticos não interferem na estimativa do NRmaxT, NDmaxT e NMR (THONG et al., 2004), utilizando-se dietas com um aminoácido limitante podemos estimar em um único ensaio de balanço de nitrogênio, ainda, a eficiência de utilização do aminoácido, o parâmetro bc-1. Baseado no conceito de proteína ideal, durante a síntese protéica se não houver a disponibilidade de um dos aminoácidos constituintes da nova proteína, haverá interrupção da mesma. Caso falte um não essencial o animal será capaz de sintetizá-lo 10 dando seguimento ao processo. Mas, se for um aminoácido essencial só se dará prosseguimento à síntese protéica se houver a suplementação do aminoácido específico via a dieta. Então, pelo modelo de Göttingen a resposta para ingestão do primeiro aminoácido limitante da dieta (LAAI) é descrita pela seguinte formula matemática: LAAI = [lnNRmaxT - ln (NRmaxT - NR)] / 16bc-1; em que, LAAI é a ingestão diária do LAA dependendo do desempenho e eficiência do LAA (mg/PVkg 0,67) e bc-1 é a inclinação entre a concentração LAA (c) e qualidade da proteína alimentar (b). Com base nessa metodologia SAMADI & LIEBERT (2008) recomendaram uma exigência de lisina digestível para frangos de corte machos da linhagem comercial ROSS de desempenho superior na fase de 1 a 25 dias de idade de 1,26% na dieta, Recomendação que corrobora com o nível de 1,25% de lisina digestível preconizado pelas tabelas brasileiras para aves e suínos (ROSTAGNO et al., 2011), o que indica uma equivalência metodológica, com certa simplicidade na execução e de custo acessivo. Desta forma, torna-se possível modelar os efeitos da maior ou menor ingestão de ração e deposição proteína e predizer um plano nutricional conforme a meta traçada pelos produtores nos seus diferentes sistemas de produção. Contudo, estudos realizados para determinar os parâmetros acima descritos para poedeiras em fase de crescimento são inexistentes. Modelos matemáticos para predizer as exigências de aminoácidos para aves A modelagem é apresentada como uma ferramenta útil à determinação das exigências nutricionais das aves em diversas condições. Na nutrição, é uma alternativa que ajuda na tomada de decisões. As técnicas de modelagem contribuem com maior ou menor grau de importância para esse objetivo, devido às peculiaridades de cada modelo. Na pesquisa avícola, um modelo é caracterizado como a descrição matemática do fenômeno biológico, que pode ser crescimento, produção de ovos, incubação, etc. (OVIEDO-RONDÓN et al., 2002). 11 Para LOVATTO & SAUVANT (2001), os modelos matemáticos são classificados pela metodologia usada para representar o fenômeno e, são estabelecidos em três níveis: temporais, paramétricos e explicativos. Os modelos temporais ocorrem de acordo com o comportamento em relação ao estado temporal e divide-se em estáticos e dinâmicos. Os modelos estáticos descrevem o fenômeno em determinado momento, enquanto nos dinâmicos, os parâmetros podem variar no tempo (OVIEDO-RONDÓN et al., 2002). Os modelos paramétricos são representados pela variável quali ou quantitativa do sistema, dividindo-se em determinísticos e estocásticos. De acordo com OVIEDO-RONDÓN et al. (2002), os modelos determinísticos são aqueles que apresentam apenas uma única resposta, por outro lado, os estocásticos, uma infinidade de respostas pode acontecer. As regressões não lineares são exemplos de modelos determinísticos. Embora, todos esses modelos tenham aplicação bem elucidada, a pesquisa na nutrição avícola é geralmente, elaborada nos modelos explicativos, classificados em empíricos e mecanicistas. O modelo empírico é conhecido pela prática da formulação de dietas de custo mínimo, que considera as exigências nutricionais dos animais e a composição dos ingredientes constituindo na representação mais usada da modelagem na nutrição animal (LOVATTO & SAUVANT, 2001). Esses modelos baseiam-se apenas nas condições experimentais, fazendo associações entre duas ou mais variáveis, sem considerar os mecanismos que envolvem o fenômeno como um todo, por sua vez, os modelos mecanicistas conhecido por “fatorial” baseiam-se na hipótese que as aves consomem para atender seu potencial de crescimento (EMMANS, 1994), desta forma a exigência em aminoácidos digestíveis é definida pela soma das exigências para mantença e para atender o potencial de deposição corporal. Modelos de predição das exigências de aminoácidos das aves elaborados com base no método fatorial são bastante escassos na literatura. Baseando-se em estudos da composição da carcaça e penas de frangos de corte e perus na fase de crescimento e em experimentos com balanço de nitrogênio, HURWITZ et al. (1978; 1980; 1983) desenvolveram na Universidade de Hebrew, Israel, um modelo mecanicista para estimar as necessidades de aminoácidos baseado no somatório das exigências de 12 mantença, ganho de peso da carcaça sem penas e ganho em penas, como segue: AA = [(CP x P0,75/0,85 x AAm) + (PBc x G/0,85 x AAc) + (PBp x G/0,85 x AAp)], sendo: AA é a exigência de aminoácido digestível, CP é o coeficiente da proteína necessário para mantença, P é o peso, PBc é a proteína bruta na carcaça, G é o ganho de peso, PBp é a proteína bruta nas penas como fração do ganho de peso, 0,85 é o coeficiente de absorção da proteína e AAm, AAc, AAp são as proporções de aminoácidos na proteína de mantença, corporal e penas, respectivamente. Um modelo matemático para determinar a exigência de aminoácido para aves de postura em fase de crescimento foi proposto por MARTIN et al. (1994). Os autores descreveram um modelo mecanicista no qual os requisitos para quatro funções foram calculados (ganho de proteína no corpo depenado, manutenção de proteína no corpo depenado, ganho de proteína das penas e manutenção de proteína das penas). Os acréscimos de proteína no corpo depenado e penas foram descritos com precisão pelas funções de Gompertz. Usando composição apropriada do aminoácido na proteína do corpo depenado e das penas, as exigências de aminoácidos foram calculadas pela a seguinte equação: AA = [(AAmc . PBm0,73 . u) + (0,01 . PP . AAp)] + [(AAc . DPBc / k) + (AAp . DPBp / k)]. Em que, AA é a exigência de aminoácido digestível (mg/dia); AAmc é a exigência de aminoácido para a mantença da proteína do corpo depenado (mg/PBm 0,73.u/dia); PBm é o peso de proteína corporal à maturidade (kg); u é o grau de maturidade da proteína corporal (u=PBt/PBm); PP é o peso de proteína das penas (g); AAp é o conteúdo do aminoácido na proteína das penas (mg/g); AAc é o conteúdo do aminoácido na proteína corporal (mg/g); DPBc é a deposição de proteína no corpo depenado (g/dia); DPBp é a deposição de proteína nas penas (g/dia), k é a eficiência de utilização do aminoácido para deposição no corpo depenado e para deposição nas penas. Segundo BAKER (1997), para se obter uma estimativa precisa da exigência de um determinado aminoácido é necessário ter as seguintes informações: curvas do acréscimo de proteína em função do peso corporal; concentração do aminoácido da proteína corporal; informação do consumo de alimento em função do peso corporal; informação do ambiente, do sistema de produção e como o stress afeta o consumo 13 alimentar e o potencial de crescimento; estimativas da exigência do aminoácido para mantença e eficiência de utilização e informação da digestibilidade. Para PACK et al. (2003), o termo “exigência”, definido como concentração fixa de um dado nutriente na ração, é empregado indevidamente, uma vez que existem diversos critérios de resposta (ganho de peso, conversão alimentar, rendimento de carcaça, produção de ovos, etc.) que podem ser utilizados nos ensaios dose-resposta. Outro argumento, baseia-se na variação individual existente em uma população de aves, uma vez, que ao definir uma concentração fixa de um nutriente visando atender as necessidades de um lote, existe a possibilidade de sobre-fornecimento para aqueles indivíduos com menor potencial de resposta e sub-fornecimento de nutrientes para aqueles indivíduos com maior potencial de resposta. Com base nisso, SAKOMURA & ROSTAGNO (2007) relatam que a questão mais importante é entender como uma população ou grupo de animais responde ao aumento dos níveis dos nutrientes da dieta, fornecendo-os em quantidades compatíveis com o objetivo da produção, em um dado contexto de ambiente. Portanto, a utilização de modelos de predição das exigências pode ser de grande utilidade. Visando a obtenção de um padrão nutricional mais condizente com a realidade brasileira, ROSTAGNO et al. (2011) catalogaram 130 dados experimentais obtidos em ensaios dose-resposta, realizados com aves de corte (machos e fêmeas), poedeiras comerciais e matrizes pesadas na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e elaboraram equações para estimar as exigências de lisina para ganho e/ou produção de ovos, considerando o peso corporal, o ganho de peso e/ou a massa de ovo produzida. Os autores se basearam nas publicações de FISHER (1998), EDWARDS et al. (1999) e SIQUEIRA (2009) para definirem as exigências de lisina para a mantença e nos estudos realizados na UFV para definirem as exigências para ganho de peso e produção de ovos, possibilitando a elaboração dos modelos de predição das exigências de lisina digestível verdadeira para frangos de corte (machos e fêmeas), poedeiras comerciais e matrizes pesadas. Não resta dúvida que esses modelos têm contribuído de sobremaneira para a otimização das concentrações de aminoácidos em dietas para aves, entretanto estudos adicionais sobre eficiências de utilização dos aminoácidos 14 para deposição corporal poderiam otimizar ainda mais os programas nutricionais para aves de postura em fase de crescimento. Referências ALBINO, L. F. T.; FIALHO, F. B.; BELLAVER, C.; HARA, C.; PAIVA, G. J. Estimativas das exigências de energia e proteína para frangas de postura em recria. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 29, n. 10, p. 1625-1629, 1994. BAKER, D. H. Ideal amino acid profiles for swine and poultry and their applications in feed formulation. Biokyowa Technical Review. v. 9, p. 1-24, 1997. BAKER, D. H.; HAN, Y. Ideal Amino Acid Profile for Chicks During the First Three Weeks Posthatching. Poult Sci. v. 73, n. 9, p. 1441-1447, 1994. BARBOSA, B. A. C.; SOARES, P. R.; ROSTAGNO, H. S.; SILVA, M. A.; ALBINO, L. F. T.; GRAÇAS, A. S. Exigência Nutricional de Lisina para Galinhas Poedeiras de Ovos Brancos e Ovos Marrons, no Segundo Ciclo de Produção. 2. Características Produtivas. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 28, n. 3, p. 534-541, 1999a. BARBOSA, B. A. C.; SOARES, P. R.; ROSTAGNO, H. S.; SILVA, M. A.; ALBINO, L. F. T.; GRAÇAS, A. S. Exigência Nutricional de Metionina+Cistina para Galinhas Poedeiras de Ovos Brancos e Marrons, no Segundo Ciclo de Produção. 1. Características Produtivas. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 28, n. 3, p. 526-533, 1999b. BASAGLIA, R.; SAKOMURA, N. K.; RESENDE, K. T.; SILVA, R.; JUNQUEIRA, O. M. Exigências de Proteína para Frangas de Postura de 1 a 18 Semanas de Idade. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 27, n. 3, p. 556-563, 1998. BERTECHINI, A. G. Nutrição de monogástricos. Lavras, MG: UFLA, 2006. 301pp. CURNOW, R. N. A Smooth Population Response Curve Based on an Abrupt Threshold and Plateau Model for Individuals. Biometrics. v. 29, n. 1, p. 1-10, 1973. 15 DALE, N. Proteina ideal para pollos de engorde. Avicultura Profesional. v. 11, n. 3, p. 104-107, 1994. EDWARDS, H., 3RD; FERNANDEZ, SR; BAKER, D. Maintenance lysine requirement and efficiency of using lysine for accretion of whole-body lysine and protein in young chicks. Poult Sci. v. 78, n. 10, p. 1412-1417, 1999. EMMANS, G. C. Effective energy: a concept of energy utilization applied across species. British Journal of Nutrition. v. 71, n. 6, p. 801-821, 1994. FISHER, C. Lysine: Amino acid requirements of broiler breeders. Poult Sci. v. 77, n. 1, p. 124-133, 1998. FISHER, C.; MORRIS, T. R. The determination of the methionine requirement of laying pullets by a diet dilution technique. British Poultry Science. v. 11, n. 1, p. 67-82, 1970. FISHER, C.; MORRIS, T. R.; JENNINGS, R. C. A model for the description and prediction of the response of laying hens to amino acid intake. British Poultry Science. v. 14, n. 5, p. 469-484, 1973. GOUS, R. M. Lysine: Making progress in the nutrition of broilers. Poult Sci. v. 77, n. 1, p. 111-117, 1998. HAN, Y.; BAKER, D. H. Digestible lysine requirement of male and female broiler chicks during the period three to six weeks post hatching. Poult Sci. v. 73, n. 11, p. 1739-1745, 1994. HRUBY, M. The amino acid maintenance and growth requirements of male broilers. 144f. Thesis (Ph.D. in Animal Science) - University of Minnesota, Minnesota, US, 1998. HURWITZ, S.; FRISCH, Y.; BAR, A.; EISNER, U.; BENGAL, I.; PINES, M. The amino acid requirements of growing turkeys. 1. Model construction and parameter estimation. Poult Sci. v. 62, n. 11, p. 2208-2217, 1983. 16 HURWITZ, S.; PLAVNIK, I.; BARTOV, I.; BORNSTEIN, S. The amino acid requirements of chicks: Experimental validation of model-calculated requirements. Poult Sci. v. 59, n. 11, p. 2470-2479, 1980. HURWITZ, S.; SKLAN, D.; BARTOV, I. New formal approaches to the determination of energy and amino acid requirements of chicks. Poult Sci. v. 57, n. 1, p. 197-205, 1978. IVEY, F. J. Desenvolvimento e aplicação de modelos de crescimento para frangos de corte. In: I Simpósio Internacional sobre Nutrição de Aves, 1999, Concórdia, SC. Anais... Concórdia: ACAV-EMBRAPA. p. 22-35. JORDÃO FILHO, J.; SILVA, J. H. V.; SILVA, E. L.; RIBEIRO, M. L. G.; COSTA, F. G. P.; RODRIGUES, P. B. Exigência de lisina para poedeiras semipesadas durante o pico de postura. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35, n. 4, p. 1728-1734, 2006a. JORDÃO FILHO, J.; SILVA, J. H. V.; SILVA, E. L.; RIBEIRO, M. L. G.; MARTINS, T. D. D.; RABELLO, C. B. V. Exigências nutricionais de metionina+cistina para poedeiras semipesadas do início de produção até o pico de postura. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35, n. 3, p. 1063-1069, 2006b. KIDD, M. T.; KERR, B. J.; ANTHONY, N. B. Dietary interactions between lysine and threonine in broilers. Poult Sci. v. 76, n. 4, p. 608-614, 1997. LEMME, A. Optimum dietary amino acid level for broiler chicken. In: II Simpósio Internacional Sobre Exigências Nutrionais de Aves e Suínos, 2005, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. p. 117-144. LONGO, F. A.; SAKOMURA, N. K.; FIGUEIREDO, A. N.; RABELLO, C. B.-V.; FERRAUDO, A. S. Equações de predição das exigências protéicas para frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 30, n. 5, p. 1521-1530, 2001. LOVATTO, P. A.; SAUVANT, D. Modelagem aplicada aos processos digestivos e metabólicos do suíno. Ciência Rural. v. 31, n. 4, p. 663-670, 2001. 17 MACLEOD, M. G. Energy and nitrogen intake, expenditure and retention at 32 degrees in growing fowl given diets with a wide range of energy and protein contents. Br. J. Nutr., v. 64, n. 3, p. 625-637, 1990. MARTIN, P. A.; BRADFORD, G. D.; GOUS, R. M. A formal method of determining the dietary amino acid requirements of laying-type pullets during their growing period. British Poultry Science. v. 35, n. 5, p. 709-724, 1994. MITCHELL, H. H.; BLOCK, R. J. Some relationships between the amino acid contents of proteins and their nutritive values for the rat Journal of Biological Chemistry. v. 163, n. 3, p. 599-620, 1946. MOUGAN, P. J.; FULLER, M. F. Modelling amino acids metabolism and the estimation of amino acids requirements. In: D’MELLO, J. P. F. (Ed.). Amino acid in animal nutrition. Wallingford: CABI Publishing. 2nd edition, 2003. p.187-203. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of poultry. 9th ed. Washington: National Academy of Science, 1994. 154p. OVIEDO-RONDÓN, E. O.; MURAKAMI, A. E.; SAKAGUTI, E. S. Modelagem Computacional para Produção e Pesquisa em Avicultura. Revista Brasileira de Ciência Avícola. v. 4, n. 1, p. 199-207, 2002. OVIEDO-RONDÓN, E. O.; WALDROUP, P. W. Models to estimate amino acid requirements for broiler chickens: A Review. International Journal of Poultry Science. v. 5, p. 106-113, 2002. PACK, M. Proteína ideal para frango de corte. Conceitos e posição atual. In: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 1995, Curitiba. Anais... Curitiba: FACTA, 1995. p. 95-110. PACK, M.; HOEHLER, D.; LEMME, A. Economic assessment of amino acid responses in growing poultry. In: D’MELLO, J. P. F. (Ed.). Amino acid in animal nutrition. Wallingford: CABI Publishing. 2nd edition, 2003. p.459-483. 18 PESTI, G. M.; MILLER, B. R. Modellinfgor precision nutrition. J. Appl. Poultry Res., v. 6, p. 483-494, 1997. PESTI, G. M.; VEDENOV, D.; CASON, J. A.; BILLARD, L. A. A comparison of methods to estimate nutritional requirements from experimental data. British Poultry Science v. 50, n. 1, p. 16-32, 2009. ROBBINS, K. R.; NORTON, H. W.; BAKER, D. H. Estimation of nutrient requirement from growth data. Estimation of nutrient requirement from growth data. v. 109, p. 1710-1714, 1979. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R. F. M.; LOPES, D. C. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 1. ed. Viçosa, MG: Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, 2000. 141p. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F. M.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2. ed. Viçosa, MG: Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, 2005. 186p. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F. M.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T.; R.F., E. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p. ROSTAGNO, H. S.; NASCIMENTO, A. H.; ALBINO, L. F. T. Aminoácidos totais e digestíveis para aves. In: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 1999, Campinas. Anais... Campinas: APINCO, 1999. p. 66. SAKOMURA, N. K. Uso de modelos para estimar as exigências nutricionais de aves. In: II Simpósio Internacional Sobre Exigências Nutrionais de Aves e Suínos, 2005, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. p. 253-292. 19 SAKOMURA, N. K.; HAUSCHILD, L.; SILVA, E. P.; ARAUJO, J. A. Modelo fatorial para estimar exigências nutricionais de aves. In: III International Symposium on Nutritional Requirements of Poultry and Swine, 2011, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. p. 267-296. SAKOMURA, N. K.; ROSTAGNO, H. S. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal: Funep, 2007. 283p. SAMADI; LIEBERT, F. Estimation of Nitrogen Maintenance Requirements and Potential for Nitrogen Deposition in Fast-Growing Chickens Depending on Age and Sex. Poult Sci. v. 85, n. 8, p. 1421-1429, 2006a. SAMADI; LIEBERT, F. Modeling of Threonine Requirement in Fast-Growing Chickens, Depending on Age, Sex, Protein Deposition, and Dietary Threonine Efficiency. Poult Science. v. 85, n. 11, p. 1961- 968, 2006b. SAMADI; LIEBERT, F. Lysine requirement of fast growing chickens effects of age, sex, level of protein deposition and dietary lysine efficiency. The Journal of Poultry Science. v. 44, p. 63-72, 2007a. SAMADI; LIEBERT, F. Threonine Requirement of Slow-Growing Male Chickens Depends on Age and Dietary Efficiency of Threonine Utilization. Poult Sci. v. 86, n. 6, p. 1140-1148, 2007b. SAMADI; LIEBERT, F. Modelling the optimal lysine to threonine ratio in growing chickens depending on age and efficiency of dietary amino acid utilisation. British Poultry Science. v. 49, n. 1, p. 45-54, 2008. SILVA, J. H. V.; JORDÃO FILHO, J.; SILVA, E. L. Por quê formular dietas para poedeiras com base no conceito de proteína ideal? Revista Ave World. v. 3, n. 3, p. 50-57, 2005. 20 SILVA, J. H. V.; MUKAMI, F.; ALBINO, L. F. T. Uso de rações à base de aminoácidos digestíveis para poedeiras. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 29, n. 5, p. 1446-1451, 2000. SIQUEIRA, J. C. Estimativas das exigências de lisina de frangos de corte pelos métodos dose resposta e fatorial. 154f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, SP, 2009. SIQUEIRA, J. C.; SAKOMURA, N. K.; NASCIMENTO, D. C. N.; FERNANDES, J. B. K. Modelos matemáticos para estimar as exigências de lisina digestível para aves de corte ISA Label. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 38, n. 9, p. 1732-1737, 2009. THONG, H. T.; LIEBERT, F. Potential for protein deposition and threonine requirement of modern genotype barrows fed graded levels of protein with threonine as the limiting amino acid. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition. v. 88, p. 196-203, 2004. WECKE, C.; LIEBERT, F. Lysine requirement studies in modern genotype barrows dependent on age, protein deposition and dietary lysine efficiency. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition v. 93, p. 295-304, 2009. 21 CAPÍTULO 2 – RESPOSTAS DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO A DIFERENTES INGESTÕES DE LISINA RESUMO – O objetivo foi estimar as exigências de lisina digestível para frangas de reposição nas fases inicial (2 a 6 semanas de idade), cria (8 a 12 semanas de idade) e recria (14 a 18 semanas de idade) com base no método dose resposta. Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e seis repetições, sendo cada unidade experimental composta por 15 aves na fase inicial e oito aves nas fases de cria e recria, respectivamente. As dietas experimentais foram formuladas utilizando-se a técnica da diluição. Os níveis de lisina digestível variaram de 0,320 a 1,067% na fase inicial, 0,224 a 0,748% na fase de cria e 0,173 a 0,578% na fase de recria. Os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente foram submetidos a análise de regressão, utilizando os modelos quadrático (QUAD), broken line (BL) e broken line com ascendência quadrática (BLQ) e exponencial (EXP). Para avaliar a qualidade do ajuste dos modelos aos dados, utilizou-se o critério de informação de Akaike. Na fase inicial o melhor modelo para ganho de peso (GP), foi o BLQ, estimando uma ingestão diária de lisina de 223 mg. Com base na conversão alimentar (CA) foi estimado 161 mg de lisina com o modelo EXP. Considerando a deposição de proteina corporal (DPBC) e modelo BL estimou-se 181 mg. Na fase de cria o melhor ajuste ao GP e CA foi o BL, estimando 287 e 269 mg de lisina, respectivamente. A estimativa para DPBC foi obtida com modelo BLQ (265 mg). Na fase de recria o GP e CA foram ajustadas pelo modelo BL, determinando-se 255 e 226 mg de lisina, respectivamente. Com base na DPBC e no modelo QUAD, determinou-se 293 mg de lisina. Com base no ganho de peso, recomenda-se 223, 286, 254 mg de lisina para frangas nas fases inicial, cria e recria, respectivamente. Palavras Chave: aminoácido, dose resposta, modelos matemáticos 22 PULLETS RESPONSE TO DIETARY LYSINE LEVELS SUMMARY – The objective of this study was to estimate the digestible lysine requirements for replacement pullets in the starter (2 - 6 weeks), grower (8 - 12 weeks) and developer (14 - 18 weeks) phases, based method dose response method. The animals were distributed in a completely randomized design with eight treatments and six replicates, each replicate consisting of 15 birds in starter phase and eight birds in grower and developer phases, respectively. The experimental diets were formulated using the technique of dilution. The levels of digestible lysine range from 0.320 to 1.067% initial phase, from 0.224 to 0.748% during the growing period and from 0.173 to 0.578% in the rearing. Data were subjected to analysis of variance and were subsequently subjected to regression analysis models by quadratic (QUAD), broken line (BL), quadratic broken-line (QBL) and exponential (EXP). The coefficients of determination and Akaike criterion were used to chech adjust model. In the starter phase, the best model for weight gain (WG) was QBL and estimated daily requeriment of 223 mg of lysine. Based on feed conversion (FC) EXP model, was estimated 161 mg of lysine. According body protein deposition (BPD) was estimated by BL (181 mg). In grower phase based WG and FC was by BL estimates, the requirements wee respectively, 287 and 269 mg. The BPD was estimate by QBL model (265 mg). In the developer (rearing) phase the WG and FC were adjusted by the BL, estimating respectively, 255 and 226 mg. Based on DBP was estimated by QUAD model, 293 mg of lysine. In conclusion, it is recommended 188; 274 and 258 mg of lysine in the starter, grower and developer phases, respectively. Keywords: amino acid, dose response, mathematical models 23 INTRODUÇÃO Os avanços na área da genética têm proporcionado reduções de um dia por ano na idade ao primeiro ovo em aves de postura nas últimas décadas. Nesse contexto, um manejo nutricional adequado dessas aves na fase de crescimento pode ser o ponto critico dentro de um programa de alimentação (LESSON & SUMMERS, 1997). Nesses programas, o objetivo tem sido estabelecer dietas que permitam às aves, além de expressarem seu potencial de crescimento, atingir também uma condição corporal adequada ao primeiro ovo. Atendendo esses objetivos, os índices produtivos durante o período de produção de ovos poderão ser otimizados. Nesse sentido, um adequado balanço entre os nutrientes oriundos dos ingredientes e as exigências nutricionais das aves deve ser estabelecido. Desta forma, grande parte dos custos com alimentação de aves de postura está relacionado ao atendimento das exigências de aminoácidos. A lisina é o segundo aminoácido limitante nas rações para aves. O interesse por estudos com este aminoácido na alimentação de poedeiras se justifica principalmente pelo fato de que a lisina apresenta baixo custo de suplementação e pode afetar a deposição de proteína corporal (VALERIO et al., 2003). Adicionalmente, é considerado o aminoácido mais importante no conceito de proteína ideal, de modo que todo aminoácido é relacionado com lisina (BAKER & HAN 1994; KIDD et al., 1997; FIRMAN & BOLING, 1998). Mesmo que a exigência de lisina seja alterada por fatores dietéticos, ambientais e genéticos, a relação ideal dos aminoácidos essenciais em relação a lisina permanecerá inalterada, permitindo a atualização rápida e fácil das necessidades das aves. A definição das exigências de lisina para frangas de postura em fase de crescimento tem sido tradicionalmente baseada no método dose-resposta. Nestes estudos as exigências de um nutriente são estimadas avaliando a resposta quantitativa de variáveis produtivas ou indicadores metabólicos de um grupo de animais diante de diferentes concentrações do nutriente na dieta durante um determinado período (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007; SAKOMURA et al., 2011). Diversos modelos matemáticos de natureza linear ou não-linear podem ser utilizados para descrever as 24 respostas dos animais aos níveis de aminoácidos das dietas (SIQUEIRA et al., 2009). Entretanto, na experimentação avícola, os modelos comumente empregados têm sido os de natureza linear. Modelos lineares são caracterizados quando as variáveis independentes estão linearmente dispostas com os coeficientes paramétricos (OVIEDO-RONDÓN et al., 2002; SIQUEIRA et al., 2009). Por outro lado, os modelos não-lineares de família exponencial admitem preditores não-linear nos parâmetros (PAULA, 2004) e são caracterizados pela existência de variáveis independentes no expoente das constantes paramétricas (SIQUEIRA et al., 2009). A atualização das exigências nutricionais de lisina para as aves de reposição justifica-se pelo melhoramento contínuo das linhagens (SILVA et al., 2000a). Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar as respostas de frangas de reposição nas fases inicial (2 a 6 semanas de idade), cria (8 a 12 semanas de idade) e recria (14 a 18 semanas de idade) mediante diferentes ingestões de lisina digestível utilizando o método dose-resposta. MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos três experimentos no Laboratorio de Ciencias Avicolas do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV / UNESP, Jaboticabal – SP, para estimar níveis ideais de lisina para frangas de reposição nas fases inicial (2 a 6 semanas), crescimento (8 a 12 semanas) e recria (14 a 18 semanas). Na fase inicial foram utilizadas 720 pintainhas, com peso inicial médio (± erro padrão) de 110,73±0,01g, nas fases de cria e recria foram utilizadas, respectivamente, 384 aves com peso inicial médio (± erro padrão) de 549,21±0,16g na fase de cria e 1.028,98±0,24g na fase de recria, totalizando 1.488 aves da linhagem Dekalb White. As aves utilizadas na fase de cria (7 a 12 semanas) e recria (13 a 18 semanas) foram criadas simultaneamente em galpão de alvenaria com temperatura e ventilação controlada até a 7a e 13a semana, respectivamente, e receberam rações formuladas para atender suas exigências conforme recomendações de ROSTAGNO et al. (2005). 25 O manejo e o programa de luz foram realizados conforme as recomendações do manual da linhagem. No início dos experimentos as aves foram uniformizadas de acordo com o peso corporal e alojadas em galpão de alvenaria, coberto com tellhas metálicas termo isolante, com o sistema de ventilação e temperatura automatizado. O galpão continha gaiolas de arame galvanizado com 0,80 m2 na fase inicial e 0,90 m2 nas fases de cria e recria, equipadas com comedouros tipo calha e uma linha de bebedouros tipo nipple. O manejo dos comedouros foi realizado diariamente, sendo a água e a dietas ofertadas ad libitum durante todo o período experimental. As temperaturas e as umidades relativas máximas e mínimas no interior das instalações foram registradas diariamente por meio thermohigrômetro digital, estando as médias (± erros padrão) apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Médias (± erros padrão) das temperaturas e umidades relativas máximas e mínimas registradas diariamente no galpão experimental, de acordo com a fase de criação Fase (semanas) Temperatura (oC) Umidade Relativa (%) Máxima Mínima Máxima Mínima Inicial (2 a 6 sem) 31,78±0,39 27,79±0,49 54,63±0,78 41,32±0,37 Cria (8 a 12 sem) 26,64±0,31 20,19±0,33 54,39±1,27 33,32±0,92 Recria (14 a 18 sem) 25,68±0,59 18,15±0,68 58,19±3,18 34,50±1,87 Em cada experimento os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos (níveis de lisina) e seis repetições, sendo cada unidade experimental composta por 15 aves na fase inicial (2 a 6 semanas) e oito aves nas fases de cria (8 a 12 semanas) e recria (14 a 18 semanas), respectivamente. O oitavo tratamento foi incluído para comprovar que a resposta das aves ocorreu em função da deficiência do aminoácido teste e foi obtido a partir da adição de 1,36; 0,95 e 0,74 g de L-lisina HCl para cada kg de ração do tratamento um nas fases inicial, cria e recria, respectivamente. As dietas experimentais foram formuladas utilizando-se a técnica da diluição. Inicialmente foi formulada uma dieta concentrada com alto teor de proteína bruta, 26 contendo aproximadamente 120% da exigência de lisina digestível, com os outros aminoácidos excedendo em pelos menos 20% a relação de proteína ideal recomendada por ROSTAGNO et al. (2005). Essa dieta foi diluída sequencialmente com outra isoenergética, isenta de proteína (FISHER & MORRIS, 1970) possibilitando a obtenção de níveis crescentes de lisina digestível, para cada fase, sendo apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4. No final de cada experimento (inicial, cria e recria) as sobras de ração e as aves de cada unidade experimental foram pesadas, sendo posteriormente corrigidas as eventuais mortalidades. As características de desempenho avaliadas em cada ensaio foram o consumo de ração (g/ave/dia), consumo de lisina digestível (mg/ave/dia), ganho de peso (g/ave/dia) e a conversão alimentar (g/g). As deposições de proteína (g/ave/dia) e gordura (g/ave/dia) corporal foram determinadas por meio de abates comparativos no início (grupos referência) e final de cada fase (inicial, cria e recria). Os grupos referência foram constituídos por aves com peso ±5% do peso médio inicial, totalizando 18 aves (seis repetições de três aves) em cada um dos experimentos. No término de cada experimento (inicial, cria e recria), duas aves de cada parcela com peso ±5% do peso médio foram selecionadas, totalizando 96 aves. Após jejum alimentar de 36 horas, para o esvaziamento completo do trato digestório, as aves foram pesadas, abatidas por asfixia com CO2 e após a obtenção de uma amostra representativa das penas de cada ave, foram completamente depenadas e pesadas novamente. Pela diferença entre o peso em jejum (g) e o peso das aves depenadas (g) obteve-se o peso absoluto das penas (g). As aves depenadas e as respectivas amostras de penas foram devidamente identificadas e congeladas (-20oC) para processamento posterior. As aves referentes a cada parcela foram cortadas em serra de fita (H. Benecke®) e moídas em moinho de carne industrial (98BT, CAF®), sendo homogeneizadas e retiradas alíquotas que foram acondicionadas em placas de Petri descartáveis, pesadas e congeladas novamente (- 20oC), até a pré-secagem. As amostras foram liofilizadas por 72h (-80oC; -800mbar; Edwards 501, Thermo®) e pesadas novamente, sendo na sequência, processadas em moinho de bola (MA-350, Marconi®) por 2mim. As amostras de penas foram trituradas e 27 homogeneizadas manualmente com o uso de tesouras, sendo posteriormente encaminhadas ao laboratório, juntamente com as amostras de carcaça das aves, para análises nitrogênio total. Os teores de nitrogênio total das amostras de carcaça e penas foram quantificados nas amostras desengorduradas utilizando-se o método de Kjeldahl (AOAC, 1995) em destilador de nitrogênio (Kjeltec™ 8400; Foss®). O teor de gordura bruto das amostras de carcaça foi obtido por extração com éter de petróleo em aparelho extrator de gordura (XT-15, Ankom®). Os dados foram submetidos à análise de normalidade dos erros estudentizados (teste de Cramer-Von Mises) e homocedasticidade de variâncias (teste de Levene), sendo atendidas estas pressuposições para todas as variáveis estudadas nos três experimentos (inicial, cria e recria). Em seguida os dados de desempenho foram submetidos à análise de variância de acordo com o modelo estatístico: Yij(k)=μ+Lisi+εij(k); em que: Yij(k) é o valor observado para a variável estudada; μ é o efeito da média geral; Lisi é o efeito do i-ésimo nível de lisina digestível da ração e εij(k) é o erro experimental. Posteriormente os dados das variáveis ganho de peso (g/ave/dia), conversão alimentar (g/g) e as deposições de proteína (g/ave/dia) e gordura (g/ave/dia) corporal foram submetidos à análise de regressão, considerando-se a ingestão de lisina digestível (mg/ave/dia) como variável independente, pelos modelos polinomial quadrático, broken line e broken line com ascendência quadrática (ROBBINS et al., 2006) e exponencial (KAPS & LAMBERSON, 2004). Polinomial quadrático: Ŷi=β0+ β1*Lisi+ β2*Lisi 2+εi; em que β0 é a constante da regressão ou intercepto, β1 é o parâmetro da regressão para componente linear, β2 é o parâmetro da regressão para o componente quadrático e εi é o erro aleatório. 28 Tabela 2. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 2 a 6 semanas de idade Ingredientes (%) Dietas(1) Isenta de proteína Concentrada (1,067% Lis) Milho - 59,053 Farelo de soja - 36,352 Fosfato Bicálcico 2,333 1,753 Calcário 0,655 1,057 Óleo de soja 6,000 0,728 Cloreto de sódio 0,417 0,405 DL-metionina (99%) - 0,303 Suplemento vitamínico(2) 0,100 0,100 L-treonina (99%) - 0,095 Cloreto de colina (70%) 0,070 0,070 Suplemento mineral(3) 0,050 0,050 L-valina (99%) - 0,024 Antioxidante 0,010 0,010 Areia lavada 12,694 - Amido de milho 49,671 - Açúcar 15,000 - Casca de arroz 13,000 - Total 100,000 100,000 Ingredientes (%) Nível de lisina digestível (%) 0,320 0,426 0,533 0,641 0,747 0,960 1,067 0,426 Concentrada (1,067% lis) 29,971 39,962 49,952 60,038 70,029 90,010 100,000 29,971 Isenta de proteína 70,029 60,038 50,048 39,962 29,971 9,990 - 70,029 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,14(4) Aminoácidos digestíveis (%) - Composição analisada Proteína bruta, % 6,641 8,778 10,916 13,074 15,212 19,487 21,625 6,758 Metionina+cistina 0,272 0,363 0,454 0,546 0,637 0,818 0,909 0,272 Metionina 0,182 0,242 0,303 0,364 0,424 0,545 0,606 0,182 Lisina 0,320 0,426 0,533 0,641 0,747 0,960 1,067 0,426 Triptofano 0,072 0,096 0,119 0,143 0,167 0,215 0,239 0,072 Treonina 0,252 0,336 0,420 0,504 0,588 0,756 0,840 0,252 Arginina 0,405 0,541 0,676 0,812 0,947 1,218 1,353 0,405 Valina 0,290 0,386 0,483 0,580 0,677 0,870 0,966 0,290 Isoleucina 0,259 0,345 0,431 0,519 0,605 0,777 0,864 0,259 Leucina 0,542 0,723 0,904 1,086 1,267 1,628 1,809 0,542 Fenilalanina 0,306 0,408 0,510 0,613 0,715 0,919 1,021 0,306 (1)Composição calculada: Energia metabolizável = 2900 kcal/kg; P disponível = 0,437%, Ca = 0,940%; Na = 0,180%, Cl = 0,261% min., K = 0,249% min., Fibras bruta = 4,371% max. (2)Conteúdo/kg: Ácido fólico = 950mg, Ácido pantotênico = 12.000mg, Niacina = 38.000mg, Biotina = 60mg, Vit. A = 8.000.000 UI, Vit. B1 = 2.400mg, Vit. B12 = 12.000mg, Vit. B2 = 5.950mg, Vit. B6 = 2.500mg, Vit. D3 = 2.300.000 UI, Vit. E = 12.350mg, Vit. K3 = 1.800mg, Se = 300mg, antioxidante = 250mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (3)Conteúdo/kg: Mn = 200.000mg, Fe = 100.000mg, Zn = 160.000mg, Cu= 16.000mg, I = 1.500mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (4)Adição de 1,36 g de L- lisina HCl para cada kg de ração. 29 Tabela 3. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 8 a 12 semanas de idade Ingredientes (%) Dietas(1) Isenta de proteína Concentrada (0,748% Lis) Milho - 65,784 Farelo de soja - 22,206 Farelo de Trigo - 8,639 Fosfato Bicálcico 2,088 1,464 Calcário 0,518 1,011 Cloreto de sódio 0,366 0,354 DL-metionina (99%) - 0,198 Suplemento vitamínico(2) 0,100 0,100 Cloreto de colina (70%) 0,070 0,070 Óleo de soja 6,000 0,058 Suplemento mineral(3) 0,050 0,050 L-isoleucina (99%) - 0,022 Antioxidante 0,010 0,010 Areia lavada 12,627 - Amido de milho 49,671 - Açúcar 15,000 - Casca de arroz 13,500 - Total 100,000 100,000 Ingredientes (%) Nível de lisina digestível (%) 0,224 0,299 0,374 0,449 0,524 0,673 0,748 0,299 Concentrada (0,748% Lis) 29,933 40,000 49,933 60,000 69,933 89,933 100,000 29,933 Isenta de proteína 70,067 60,000 50,067 40,000 30,067 10,067 - 70,067 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,10(4) Aminoácidos digestíveis (%) - Composição analisada Proteína bruta, % 5,260 6,934 8,609 10,299 11,974 15,323 16,998 5,335 Metionina+cistina 0,209 0,279 0,349 0,419 0,489 0,628 0,698 0,209 Metionina 0,133 0,178 0,222 0,267 0,312 0,401 0,445 0,133 Lisina 0,224 0,299 0,374 0,449 0,524 0,673 0,748 0,299 Triptofano 0,054 0,072 0,090 0,108 0,126 0,161 0,179 0,054 Treonina 0,177 0,236 0,295 0,355 0,414 0,532 0,591 0,177 Arginina 0,301 0,401 0,502 0,603 0,703 0,904 1,004 0,301 Valina 0,217 0,290 0,362 0,435 0,508 0,652 0,725 0,217 Isoleucina 0,197 0,262 0,328 0,394 0,459 0,590 0,656 0,197 Leucina 0,442 0,589 0,736 0,885 1,032 1,327 1,474 0,442 Fenilalanina 0,231 0,309 0,386 0,464 0,541 0,695 0,772 0,231 (1)Composição calculada: Energia metabolizável = 2900 kcal/kg; P disponível = 0,392%, Ca = 0,832%; Na = 0,160%, Cl = 0,231% min., K = 0,204% min., Fibras bruta = 4,409% max. (2)Conteúdo/kg: Ácido fólico = 950mg, Ácido pantotênico = 12.000mg, Niacina = 38.000mg, Biotina = 60mg, Vit. A = 8.000.000 UI, Vit. B1 = 2.400mg, Vit. B12 = 12.000mg, Vit. B2 = 5.950mg, Vit. B6 = 2.500mg, Vit. D3 = 2.300.000 UI, Vit. E = 12.350mg, Vit. K3 = 1.800mg, Se = 300mg, antioxidante = 250mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (3)Conteúdo/kg: Mn = 200.000mg, Fe = 100.000mg, Zn = 160.000mg, Cu= 16.000mg, I = 1.500mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (4)Adição de 0,95 g de L- lisina HCl para cada kg de ração. 30 Tabela 4. Dietas formuladas pela técnica da diluição para se obter níveis crescentes de lisina digestível para frangas de reposição de 14 a 18 semanas de idade Ingredientes (%) Dietas(1) Isenta de proteína Concentrada (0,578% Lis) Milho - 72,814 Farelo de soja - 10,160 Farelo de Trigo - 10,089 Milho farelo glúten (60%) - 3,689 Calcário 0,717 1,251 Fosfato Bicálcico 1,645 1,052 Cloreto de sódio 0,340 0,329 Óleo de soja 6,000 0,180 L-lisina HCl (78,5%) - 0,107 Suplemento vitamínico(2) 0,100 0,100 DL-metionina (99%) - 0,072 Cloreto de colina (70%) 0,070 0,070 Suplemento mineral(3) 0,050 0,050 L-triptofano (99%) - 0,019 Antioxidante 0,010 0,010 L-isoleucina (99%) - 0,008 Areia lavada 12,897 - Amido de milho 49,671 - Açúcar 15,000 - Casca de arroz 13,500 - Total 100,000 100,000 Ingredientes (%) Nível de lisina digestível (%) 0,173 0,231 0,289 0,347 0,405 0,520 0,578 0,231 Concentrada (0,578% Lis) 29,983 40,035 50,087 59,965 70,017 89,948 100,000 29,983 Isenta de proteína 70,017 59,965 49,913 40,035 29,983 10,052 - 70,017 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,07(4) Aminoácidos digestíveis (%) - Composição analisada Proteína bruta, % 4,526 5,956 7,386 8,829 10,259 13,119 14,549 4,591 Metionina+cistina 0,165 0,221 0,276 0,331 0,387 0,497 0,552 0,165 Metionina 0,165 0,221 0,276 0,331 0,387 0,497 0,316 0,095 Lisina 0,173 0,231 0,289 0,347 0,405 0,520 0,578 0,231 Triptofano 0,044 0,059 0,074 0,089 0,104 0,133 0,148 0,044 Treonina 0,139 0,186 0,232 0,279 0,326 0,419 0,465 0,139 Arginina 0,226 0,301 0,377 0,453 0,528 0,678 0,754 0,226 Valina 0,184 0,245 0,306 0,368 0,429 0,551 0,612 0,184 Isoleucina 0,156 0,207 0,259 0,312 0,363 0,467 0,519 0,156 Leucina 0,460 0,614 0,767 0,922 1,076 1,383 1,536 0,460 Fenilalanina 0,203 0,271 0,339 0,407 0,475 0,611 0,678 0,203 (1)Composição calculada: Energia metabolizável = 2900 kcal/kg; P disponível = 0,310%, Ca = 0,800%; Na = 0,150%, Cl = 0,216% min., K = 0,150% min., Fibras bruta = 4,434% max. (2)Conteúdo/kg: Ácido fólico = 950mg, Ácido pantotênico = 12.000mg, Niacina = 38.000mg, Biotina = 60mg, Vit. A = 8.000.000 UI, Vit. B1 = 2.400mg, Vit. B12 = 12.000mg, Vit. B2 = 5.950mg, Vit. B6 = 2.500mg, Vit. D3 = 2.300.000 UI, Vit. E = 12.350mg, Vit. K3 = 1.800mg, Se = 300mg, antioxidante = 250mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (3)Conteúdo/kg: Mn = 200.000mg, Fe = 100.000mg, Zn = 160.000mg, Cu= 16.000mg, I = 1.500mg, Veículo q.s.p. 1.000g. (4)Adição de 0,74 g de L-lisina HCl para cada kg de ração. 31 Broken line: Ŷi =L+U*(R–Lisi)+εi e broken line com ascendência quadrática: Ŷi =L+U*(R–Lysi)*(R–Lisi)+εi, em que (R–Lisi) é zero para valores de Lisi>R, Ŷi é o valor estimado da variável estudada para o i-ésimo nível de lisina digestível na ração, Lisi é o nível de lisina da ração, L é o valor da variável estimado no platô, U é a inclinação da reta ascendente, R é o nível de lisina estimado pelo ponto de quebra e εi é o erro ou desvio associado à distância entre o valor de Yi observado e o valor de Ŷi estimado pela equação. Exponencial: Ŷi=A-(A-B)*e–C*(Lis–D)+εi; em que A é a resposta assintótica do modelo, B é a resposta da variável estimada para a dieta contendo o nível mais baixo de lisina, C é o coeficiente de inclinação da curva, D é o nível mais baixo de lisina, e é a base do logaritmo neperiano (número de Euler). Para verificar o ajuste das equações obtidas com o uso dos diferentes modelos levou-se em consideração a significância do teste “F”, os coeficientes de determinação (R2 = SQ modelo / SQ tratamentos) e o critério de Akaike (KAPS & LAMBERSON, 2004; PAULA, 2004; BEAL, 2005). A ingestão ideal de lisina digestível (mg/ave/dia) estimada com o uso do modelo polinomial quadrático foi obtida igualando-se a primeira derivada da equação a zero (β1/(2*β2). Para os modelos broken line e broken line com ascendência quadrática a ingestão ideal foi obtida pelo encontro da reta ascendente com o platô. Já para modelo exponencial a ingestão ótima foi obtida considerando-se 95% da resposta assintótica (máxima resposta) pela expressão: ln (0,05)/C+D, em que ln é o logaritmo neperiano (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). As análises estatísticas foram realizadas considerando-se um nível de significância de até 5% de probabilidade utilizando-se o software SAS 9.1 (2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Fase inicial (2 a 6 semanas de idade) As respostas para ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e deposição de proteína (DPBC) e gordura (DGC) corporal de frangas de reposição alimentadas com níveis crescentes de lisina digestível na fase inicial (2 a 6 semanas de idade) estão 32 apresentados na Tabela 5. Foi observado o efeito significativo (P<0,0001) dos níveis de lisina (Lis) digestível das dietas para todas as características avaliadas. Tabela 5. Consumo de ração (CR), consumo de lisina (CLis), ganho de peso GP), conversão alimentar (CA), deposições de proteína (DPBC) e gordura (DGC) corporal de frangas de reposição na fase inicial (2 a 6 semanas de idade) Níveis (%) CR CLis GP CA DPBC DGC g/ave/dia mg/ave/dia g/ave/dia g/g g/ave/dia g/ave/dia 0,320 17,40 57,53 2,83 6,15 0,89 0,81 0,426 19,58 86,31 4,36 4,74 1,11 0,78 0,533 20,38 112,32 6,74 3,02 1,65 0,75 0,641 21,19 140,37 8,35 2,54 1,80 0,58 0,747 21,24 164,09 8,90 2,39 2,35 0,54 0,960 22,06 219,04 10,02 2,20 2,48 0,29 1,067 21,87 241,29 9,98 2,19 2,47 0,26 0,426 19,07 84,09 3,30 5,78 0,90 0,76 P>F <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 CV, % 3,51 3,28 4,66 6,47 9,86 23,96 P>F = Valor da probabilidade associada ao teste F. CV = coeficiente de variação. As respostas de ganho de peso e conversão alimentar se ajustaram “bem” a aplicação dos modelos de regressão quadrática, broken line, broken line com ascendência quadrática e exponencial, resultando em estimativas de ingestões diárias de lisina digestível pelo ganho de peso de frangas de reposição na fase de 2 a 6 semanas de idade (inicial), respectivamente, de 227; 175; 223 e 286 mg/ave/dia, e pela conversão alimentar de 193; 121 147 e 161 mg/ave/dia, respectivamente (Tabela 6). Os dados de deposição de proteína corporal ajustaram-se aos modelos: linear, broken line e broken line com ascendência quadrática, enquanto que os dados de deposição de gordura corporal tiveram apenas ajuste linear, reduzindo a deposição de gordura com o aumento da ingestão de lisina. Esse resutado ratifica a hipótese que aves priorizam a excreção de nitrogênio, que acontece com alto custo energético, quando as aves são submetidas a ingestões excessivas de nitrogênio, proporcionado pela técnica de diluição. O modelo que melhor se ajustou aos dados de ganho de peso, levando em consideração o coeficiente de determinação (R2 =0,98) e o critério de Akaike (AIC = - 82,33) foi o broken line com ascendência quadrática, estimando uma ingestão diária de 33 lisina digestível de 223 mg/ave/dia. CONNOR et al. (1977) recomendaram 206 mg diária de lisina para otimizar o ganho de peso de frangas de reposição até seis semanas de idade, entretanto os autores fizeram esta recomendação com base em teste de média (Duncan). Todavia, RODRIGUEIRO et al. (2007) recomendou com base em modelo polinomial (quadrático) 239 mg/ave/dia de lisina digestível para pintainhas leves até seis semanas de idade, resultado semelhante ao encontrado no presente estudo. Desta forma pode-se atribuir o resultado encontrado por CONNOR et al. (1977), como sendo resultante de um erro metodológico, tendo em vista que dados quantitativos não podem ser comparados estatisticamente por teste de média, afirmando assim a coerência do resultado estimado no presente estudo. Tabela 6. Equações ajustadas e ingestão de lisina digestível estimada (CLis) por diferentes modelos para frangas de reposição na fase inicial (2 a 6 semanas) Modelo Variável / Equação AIC R2 CLis (mg) Ganho de peso (g/ave/dia) Quadrático GP = - 2,75792 + 0,11334*CLis – 0,00025*CLis2 -81,78 0,98 226,68 Broken line GP = 10,0043 - 0,0567*(175,3 - CLis) -54,93 0,96 175,30 BLQ GP = 9,976 - 0,00026*(223,0 - CLis)*(223,0 - CLis) -82,33 0,98 223,00 Exponencial GP = 10,87 – (10,87 – 2,804)*e(– 0,0131*(CLis – 57,535)) -77,91 0,98 286,22 Conversão alimentar (g/g) Quadrático CA = 9,72540 - 0,08124*CLis + 0,00021*CLis2 -73,75 0,91 193,43 Broken line CA = 2,3325 + 0,0563*(121,0 - CLis) -82,50 0,93 121,00 BLQ CA = 2,328 + 0,00046*(147,2 - CLis)*(147,2 - CLis) -98,67 0,95 147,20 Exponencial CA = 2,189 – (2,189 – 6,084)*e(– 0,0290*(CLis – 57,535)) -105,35 0,96 160,84 Deposição de proteína corporal (g/ave/dia) Linear DPBC = 0,58183 + 0,008696*CLis -116,05 0,84 - Broken l