Projeto de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de bacharel em Design Gráfico, sob a orientação da Profª Drª Ana Beatriz Pereira de Andrade. BAURU-2019 MEMÓRIA COLETIVA E PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA JAPONESA DO CLUBE CULTURAL NIPO BRASILEIRO DE BAURU 2 3 AGRADECI MENTOS Dedico meus agradecimentos primeiro aos meus pais que sempre me incentiva- vam dando conselho e apoio emocional antes e durante a graduação. À minha irmã que trazia as risadas nos momentos que mais precisava. Não tenho palavras para descrever como sou grato a vocês. Aos meus professores, por terem me ensinado o que sei sobre o design. Dentre todos, os professores que compõem minha banca. À Ana Bia que foi minha pro- fessora e orientadora não somente durante a duração desse projeto, mas tam- bém nas aulas que pude ter com ela durante a graduação. A experiência e falas delas me inspiraram muito. Também agradeço ao Goya que no meu primeiro ano (e depois) abriu meus olhos para o mundo de design e que me ajudou muito no meu desenvolvimento no curso. Agradeço também a Thais Yamada que, apesar das poucas aulas que tive com ela, pude aprender coisas não somente do design, mas da vida também. Gostaria de agradecer à diretoria do Clube Nipo: Shozo Nakamine e Inelcina, que deram a oportunidade de realizar esse projeto. Além deles, à minha segunda família no taiko, que me deu suporte no desenvolvi- mento dos workshops e que também sempre esti- veram me apoiando. Gostaria de agradecer todos que tiraram um pouco do seu tempo para darem workshop no Clube: Luiz Nakamura, Luiz Fukushiro, Cristina Iida Honda, Minae Shirosaki e a minha mãe. Aos meus avós Hiroco e Junji Nagasawa que frequentam o Clube e que foram uma das motivações desse projeto. Por último, gostaria de agradecer meu bisavô, Nobuji Nagasawa. Apesar de não ter o conhecido, seu tra- balho com a comunidade e o Clube na sua época me inspirou a tentar a preservar o espaço que ele tanto trabalhou para conservar e fazer crescer. 6 SU MÁ RIO 7 FIGURAS......................................... RESUMO......................................... ABSTRACT....................................... INTRODUÇÃO................................. MEMÓRIA COLETIVA........................ HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA EM BAURU...................... HISTÓRIA DO CLUBE CULTURAL NIPO BRASILEIRO DE BAURU............ ESTRATÉGIA.................................... ESTRUTURA INTERNA....................... REDESIGN....................................... MÍDIAS SOCIAS............................... EVENTOS........................................ UNDOKAI................................... FESTA JUNINA............................. BON ODORI................................ SUKIYAKI/YAKISSOBA.................. CURSO DE FÉRIAS....................... 06 09 10 12 15 20 24 29 36 39 48 53 54 56 58 62 63 WORKSHOPS.................................. BRINCADEIRAS DO JAPÃO........... ORIGAMI NINGYO...................... BENTO....................................... SHODO...................................... BONSAI...................................... IKEBANA.................................... TREINO ABERTO KENDO.............. TREINO ABERTO TAIKO................ DIA DAS CRIANÇAS..................... PROJETOS CULTURAIS....................... TSUNAGARI................................ PROJETO AIUEO.......................... CONCLUSÃO................................... REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............ 67 68 69 70 71 72 75 78 79 82 84 85 88 91 96 8 FIGURAS 01- Estação ferroviária de Bauru, porta de entrada para muitos imigrantes 02 - Chegada das primeiras famílias japonesas em Bauru a partir de 1914 03 - O Clube Nip Bauru atualmente 04 - Inauguração da sede social atual do Clube em 1957 05 - Escola de língua japonesa em 1955 06 - Gráfico da importância do Clube para a comunidade 07 - Quantidade de atividades no Clube 08 - Gráfico mostrando o principal meio de notificação dos eventos do público 09 - Gráfico avaliando a identidade visual antes do redesign 10 - Frequência no Clube 11 - Faixa etária 12 - Lojinkai em 2019 13 - Fujinkai em 2019 14 - Logo antigo 15 - Alguns estudos de logos 16 - Logo final 17 - Paleta de cores 18 - Tipografia 19 - Variações 20 - Papelaria 21 - Facebook do Clube 22 - Instagram do Clube 23 - Gráfico do público que interage com a página 24 - Foto do evento 25 - Cartaz do Undokai 26 - Camiseta do Undokai 27 - Foto do Undokai 28 - Postagens de divulgação do Undokai 29 - Fotos da Festa Junina 30 - Cartaz da Festa Junina 31 - Post de divulgação da Festa Junina 32 - Cartaz do Bon Odori 33 - Convite do Bon Odori 34 - Postagens de divulgação do Bon Odori 35 - Fotos do Bon Odori 36 - Postagem de setembro divulgando a venda do yakissoba 9 37 - Confecção da árvore de sakura usando nanquim e papel crepom 38 - Exposição final dos trabalhos no Clube 39 - Trabalho com árvore de sakura 40 - Confecção do daruma 41 - Participantes do curso 42 - Participantes do workshop Brincadeiras do Japão 43 - Produção do koinobori 44 - Produção do koinobori 45 - Produção do origami ningyo 46 - Produção dos bentos 47 - Bento finalizado 48 - Luiz ensinando traço de shodo 49 - Alguns dos participantes do workshop de shodo 50 - Luiz Nakamura aplicado o processo PAR na planta 51 - Participantes montando seus bonsais 52 - Participantes ao final do workshop de bonsai 53 - Luiz explicando a história e técnicas do bonsai 54 - Diagrama de composição do estilo misho 55 - Diagrama de composição do kosei 56 - Diagrama de composição do estilo shikisai 57 - Diagrama das proporções dos galhos 58 - Fotos dos participantes do workshop de ikebana 59 - Atletas de Bauru no 37º Campeonato Brasileiro de Kendo 60 - Integrantes do grupo Muguenkyo 61 - Fotos do treino aberto 62 - Confecção das bolsas de oni 63 - Grid e testes de dobradura da revista 64 - Logo da revista 65 - Cartaz/envelope da revista 66 - Todas as peças e a matéria principal 67 - Layout do livro digital 68 - Capa do livro digital 69 - Aumento das curtidas na página desde o início do trabalho no Clube 70 - Aumento dos seguidores na página desde o início do trabalho no Clube 10 O presente projeto apresenta o processo de redesign e as estratégias implantadas no Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru, como método de preservação da memória coletiva (cultural). O objetivo principal é ampliar o uso do espaço do Clube Nipo para atividades, workshops e eventos culturais que funcionam como método de preservação e difusão da cultura japonesa na comunidade de Bauru. Além disso, o projeto modernizou a imagem e identidade do Clube para atrair novos associados e manter o espaço vivo para as gerações futuras. Palavras-chave Design Memória Tradições Japonesas Cultura 11 RESUMO This thesis presents the strategies and their implementation in the restructuring of the Brazilian Japanese Cultural Club of Bauru (Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru). The main objective was to improve the marketability and revenue generation of the club through use of new marketing technologies to promote workshops, activities and events related to Japanese culture for the community. A major focus of this project was the modernisation of the image and identity of the club to attract new members and guarantee its sustainability for future generations. Palavras-chave Design Memória Tradições Japonesas Cultura 12 ABSTRACT 13 14 INTRO DUÇÃO O Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru é uma associação sociocultural e esportiva sem fins lucrativos, fundado em 18 de outubro de 1936 por imigrantes japoneses. É um espaço importante para a comunidade nipônica da cidade, não somente pela sua influência na difusão e preservação da cultura japonesa, mas também por todo seu passado histórico. A missão do Clube até hoje é de preservar e difundir as tradições e a cultura japonesa na cidade, porém atualmente tem sido cada vez mais difícil usar o espaço para atividades culturais, devido à falta de planejamento e interesse. Como um espaço importante para a cultura e história japonesa e também para Bauru, foi desenvolvido estratégias para o uso do espaço como método de preservação da memória coletiva e cultural. 15 O espaço em que o indivíduo está inserido é fundamental para criação de memórias e laços afetivos, como também informativos, os quais auxiliam a preservação das tradições e história para as próximas gerações. O objetivo desse trabalho é preservar um espaço para que as futuras gerações possam desfrutar das memórias guardadas neste local, preservando a cultura japonesa e a memória do Clube Nipo. 16 17 ME MÓRIA COLETIVA 18 A memória é dinâmica. É evocada no presente, retomando algo do passado, mas sempre visa o futuro, ou seja, conecta essas dimensões temporais. A memória permite- nos formar uma consciência de nossa identidade, seja no nível pessoal ou coletivo. Halwbachs foi o filósofo e sociólogo francês que desenvolveu o conceito de memória coletiva que, segundo ele, é construída por meio da interação e comunicação nossa com outros dentro de um grupo e espaço específico. Dentro deste grupo, acabamos vivenciando um mesmo momento, mas com perspectivas distintas. 19 Quando essas memórias individuais são compartilhadas, as informações julgadas mais importantes para aquele tempo e espaço constroem a memória coletiva. A memória coletiva é constituída de memórias individuais de pessoas pertencentes a um grupo e, segundo Jan Assmann, outro estudioso da área, pode ser uma memória comunicativa (que retoma o passado recente) e ou uma memória cultural (o qual retoma o passado remoto). A memória comunicativa não depende da cultura objetivada, nem é invocado por meio de objetos. Esse tipo de memória consiste nas interações nossas do dia-a-dia, é transmitido por via oral e abrange somente 80 a 100 anos, ou três gerações. É a história no quadro da memória autobiográfica (passado recente): as tradições informais e a comunicação do dia a dia. A memória cultural está relacionada ao passado remoto. Além da comunicação, depende também de objetos externos, os quais funcionam como portadores de memória, acionando a lembrança na mente. Também prescinde de instituições de preservação e transmissão, que podem ser museus, bibliotecas, manuscritos, poemas, narrativas, músicas, máscaras, celebrações e rituais. A memória cultural, explica a origem e a história de um grupo específico e é por esse mecanismo que tradições são revividas e passadas adiante. Como dito anteriormente, é através da prática do uso da memória (coletiva e cultural) que resulta na preservação e perpetuação do grupo social no qual o indivíduo vivenciou essas memórias. 20 Assim, a temporalidade de um grupo social, tradições e história, depende da perpetuação da memória coletiva. Para que isso aconteça, os laços entre os integrantes desse grupo não podem ser rompidos. A solução para evitar tal situação é exercer a memória compartilhando histórias, momentos, atividades, informações, passeios, registros e cultura. Ao compartilhar, cada um contribui com a sua versão da memória coletiva, o que resulta na preservação ao invés da manutenção de um repertório apenas de forma individual. Nesse contexto, o trabalho realizado no Clube Cultural Nipo Brasileiro visa a preservação da memória coletiva da comunidade nipo-brasileira de Bauru. Houve um processo de compartilhar memória cultural (japonesa) com a comunidade, para que essa seja transmitida, bem como para valorizar a produção e história cultural na cidade. 21 22 HIS TÓRIA IMIGRAÇÃO DA JAPONESA EM BAURU 23 Bauru está localizada no centro geográfico do estado de São Paulo, e por ter sido local de entroncamento de três linhas férreas (Paulista, Sorocabana e Noroeste), tornou- se um ponto importante para imigrantes que vinham construir sua vida no interior. Desde a vinda do Kasato Maru, primeiro navio de imigrantes japoneses a chegar no Brasil, milhares de imigrantes passaram Figura 1: Estação Ferroviária de Bauru, porta de entrada para Figura 1: Estação Ferroviária de Bauru, porta de entrada para muitos imigrantesmuitos imigrantes Fonte: http://www.projetomuseuferroviario.com.br/esta-Fonte: http://www.projetomuseuferroviario.com.br/esta- cao-de-bauru-sp-4/cao-de-bauru-sp-4/ 24 pela Estação Noroeste (inaugurada em 1936) em busca de vida melhor no Brasil ou se não, na Bolívia e Paraguai. O primeiro imigrante que veio para Bauru, foi o Sr. Massaki Kuwana, vindo da província Kôti, em maio de 1914. Depois, em março de 1915, vieram os Srs. Issoshiti Sawao e Goishi Kitayama, que fundaram um hotel na frente da estação ferroviária. Esse estabelecimento seria um ponto importante no futuro para o crescimento dos negócios dos imigrantes na cidade. Em 1923 já existiam cerca de 23 famílias de origem japonesa, sendo que 14 viviam em zona urbana e o restante em zona rural. Em 1927, foi fundado o Consulado Geral do Japão em Bauru e, nesse mesmo ano, surgiu também o primeiro jornal japonês do interior do Brasil intitulado Jornal Seishu-Shimpô. A partir dessa época, a cidade e a comunidade nipônica crescem bastante e surgem várias associações com objetivos culturais, esportivos e religiosos. A saber: ACOAS (Associação Cultural Okinawa Águas do Sobrado), Associação Okinawa Sub-sede de Bauru, Bauru Golf Clube, Igreja Tenrikyo de Bauru, Igreja Seicho no Ie, Templo Xintoísta Paulista, o Clube Cultural Nipo Brasileiro, dentre outras. 25 Fonte: Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru. Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru: Edição comemorativa do centenário da imigração japonesa. Bauru: 2010. Figura 2: Chegada das primeiras famílias japonesas em Bauru a partir de 1914 26 FUNDAÇÃO CLUBE DO CULTURAL DE BAURU NIPO-BRASILEIRO 27 Fonte: Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru. Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru: Edição comemorativa do cen- tenário da imigração japonesa. Bauru: 2010. Figura 3: O Clube Nipo Bauru atualmente 28 O Clube Nipo Bauru foi construído no ano de 1936, em um terreno doado pelo governo japonês. A partir da fundação, iniciaram atividades como o Nihongakko, escola de língua japonesa. Durante o período da Segunda Guerra as atividades no Nipo diminuíram, e algumas foram suspensas. Depois de 1945, foram retomadas e registrou-se um grande crescimento do clube, com o surgimento de vários departamentos como Fujinkai, Ikebana, Shogui, dança, Haiku, dentre outros. Também, registra-se a realização de eventos anuais como Undokai, Bon Odori, Festa Junina e Karaoke que perduram até hoje. Atualmente, há quatro departamentos que trabalham para a manutenção do espaço e realização dos eventos culturais. O Clube Nipo de Bauru é com certeza um espaço importante para a comunidade nipônica da cidade, não somente pela Fonte: Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru. Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru: Edição comemorativa do centenário da imigração japonesa. Bauru: 2010. Figura 4: Inauguração da sede social atual do Clube em 1957. 29 influência na difusão e preservação da cultura japonesa, mas também por todo o passado histórico. Hoje em dia, o número de associados e de departamentos decresceu muito se comparado há 10 anos. Pensar no futuro e nas próximas gerações é fundamental para garantir a manutenção do Clube. É preciso envolver mais os jovens e famílias para que o Clube Nipo possa continuar difundindo e preservando a cultura japonesa na cidade. Fonte: Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru. Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru: Edição comemorativa do cen- tenário da imigração japonesa. Bauru: 2010. Figura 5: Escola de língua japonesa em 1955 30 31 ESTRA TÉGIA 32 O processo para a preservação da memória coletiva é por meio do compartilhamento de informação e experiências em um certo espaço e dentro de um grupo. O espaço utilizado foi o Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru, o grupo a comunidade bauruense (os que possuem interesse na cultura japonesa) e o compartilhamento de informação foi realizado por meio de workshops e uso das mídias sociais. Antes de começar o processo de preservação da memória coletiva, foi preciso conhecer o espaço e o grupo. O grupo ao qual a memória coletiva pertence é o dos associados do Clube e aqueles da comunidade bauruense interessados na cultura japonesa. Para entender melhor como o grupo vê e usa o espaço do Clube, foi desenvolvido um questionário disponibilizado online com as seguintes perguntas: 1. Qual sua faixa etária? 2. Quantas vezes por mês frequenta o Clube? 3. Faz alguma atividade no Clube? Se sim, qual? 4. Como fica sabendo dos eventos do Clube? 5. Como avaliaria o Nipo em termos de importância para a cidade? 6. Como avaliaria o Nipo em termos de quantidade de atividades? 7. Como avaliaria a identidade visual/logo do Nipo? 8. Teria alguma sugestão para ter como atividade/evento no Nipo? Ou de alguma melhoria no geral? Os resultados estão a seguir. 33 Figura 6: Gráfico importância do Clube para a comunidade Fonte: Elaborado pela autora Figura 7: Quantidade de atividades no Clube Fonte: Elaborado pela autora Figura 10: Frequência no Clube Fonte: Elaborado pela autora Figura 11: Faixa etária Fonte: Elaborado pela autora Figura 8: Gráfico mostrando o principal meio de notificação dos eventos pelo público Fonte: Elaborado pela autora Figura 9: Gráfico avaliando a identidade visual antes do redesign Fonte: Elaborado pela autora Pouca importância Muita importância Poucas atividades Muitas atividades Ruim Ótimo 34 “Seinenkai, melhorias no Nihongakko, incentivo à participação dos jovens. Promoção dos esportes, convite à comunidade para uma aula experimental de tudo o que o clube oferece...enfim, trazer vida ao clube!” “Mais cursos temáticos (Origami, Kirigami, Shodo,Ikebana, Furushiki, Cerimonia do chá, Kiri-e etc); mais eventos (palestras de temas relacionados ao Japão tradicional e contemporâneo); organização de viagens culturais; mais turmas de língua japonesa; de esportes.” Os resultados apontam que a maior parte, 87.7%, vê o Clube como um espaço importante para a cidade, mas que promove poucas atividades e eventos. Apenas 6,1% frequentam o espaço mais de três vezes no mês e desses, 75% tem mais de 30 anos. Além disso, a maioria é notificado dos eventos por familiares ou por meio do Facebook. Abaixo são algumas sugestões apontadas pelas pessoas que responderam ao questionário. 35 “Aproveitar os eventos existentes e começar por aí, incrementando novas ideias (tipo Bon Odori, ter alguma coisa nova, atrativa e jovem). Mais fácil do que criar eventos novos do nada, possam até ser boa ideias, mas com pouca circulação” “Na verdade, o que eu acredito que falta para o Nipo é aproximar mais da sociedade e ter um diálogo mais próximo com os jovens. Eu entendo a ideia de preservar a identidade e a cultura entre os mais velhos, mas isso limita o raio de atuação do clube, que poderia ser muito maior. Os esportes, por exemplo, que é uma necessidade, visto que a cidade está parada, sem incentivo, é uma área que deveria ser priorizada.” “Aulas de Shodo, Soroban, Mangá, Festa do Moti, mobilização do Seinenkai, atividades em prol da sociedade, apresentar as oportunidades para estudar no Japão (graduação, pós- graduação), divulgar sobre a prova de proficiência na língua japonesa (Noryoku Shiken) e sua importância para a vida pessoal/ profissional.” “Acredito que poderia haver mais atividades gerais ou até mesmo mais vezes em que podemos consumir o famoso yakisoba da Nipo. Seria interessante sempre manter um fluxo de atividades, com programações pensadas para todo o ano, com criação de eventos em redes sociais e tudo mais. Não é preciso ser um super evento, mas sempre haver alguma coisinha bacana para inserir mais a cultura japonesa em nosso dia a dia. As vezes até uma pequena mostra da cultura japonesa, alguma atividade relacionada ao idioma, seriam interessantes” 36 Os resultados do questionário apontam que o espaço é pouco usado e não há a participação de muito jovens nos eventos e atividade promovidos pelo clube. Quando questionados sobre melhorias dentro do clube, muitos responderam que gostariam de mais atividades voltadas à cultura e para jovens. Para melhor entender o espaço e imagem do Clube em si, foi feita uma análise interna tanto em relação às atividades já existentes como também em relação à infraestrutura. O método SWOT (ou FOFA) foi utilizado para visualizar o funcionamento e importância do espaço para o grupo e para a comunidade. 37 Os integrantes do grupo (associados) possuem conhecimento e experiências vastos sobre a cultura japonesa e possuem muitos contatos dentro e fora da cidade. Maior parte dos associados é composta por idosos. Também há pouca integração entre os departamentos e pouca participação na manutenção física e imagética do clube. O Clube é um ponto de referência na cidade tanto pela história como também por organizar os dois maiores eventos de cultura japonesa (Undokai e Bon Odori) Associações que desenvolvem atividades similares como a Tenrikyo, Luso, BTC, Associação Okinawa , entre outras. FORÇA FRAQUEZA OPORTUNIDADE AMEAÇA 38 ESTRUTURA INTERNA O Clube é dividido em vários departamentos que são: Fujinkai, Lojin- kai, Utano-kai, Taiko e Kendo/Iaido. O Fujin-kai é foi fundada em 1953 e é formada por mulheres que realizem eventos beneficentes. Trata-se de um grupo grande de voluntárias em eventos como o Undokai, Festa Junina, Bon Odori e os eventos de Karaokê. Lojin-kai é o departamento dos idosos, o qual fundado em 1977 com o objetivo de aproximar as famílias nikkeis de Bauru. Esse departamento se reúne semanalmente para um jantar no Nipo. Também são responsáveis pelo Moti- Tsuki, evento em que fazem moti, um bolinho de arroz recheado com anko (pasta doce de feijão vermelho), uma comida típica da culinária japonesa Utano-kai é o departamento de música e Karaokê. Realizam vários eventos de Karaokê ao longo do ano como Nodojiman, Kohaku e Shimboku Taikai. Trata-se de competições de Karaokê que reúnem cantores não só de Bauru, mas também da região. 39 O grupo de Taiko, Muguenkyo Bauru Wadaiko, surgiu em 2003 quando Yukihissa Oda, sensei do Japão, veio dar um treino em Bauru. Hoje o grupo conta com cerca de 25 integrantes e realizam várias apresentações na cidade além de ajudar na preparação dos eventos do clube como Undokai, Bon Odori e os yakissobas mensais. Os treinos de taiko ocorrem aos sábados no Recanto Tenri. O departamento de Kendo/Iaido organiza treinos nas quartas e sábados. Surgiu em 1955 mas começou a se fortalecer a partir de 2004. A equipe de Bauru é uma referência dessa arte na região, participando e organizando encontros ao longo do ano. Figura 12: Lojinkai em 2019 Fonte: Foto da Inelcina Tamashiro Figura 13: Fujinkai em 2019 Fonte: Foto da Inelcina Tamashiro 40 RE DESIGN IDENTIDADE 41 42 A primeira etapa do processo, com a intenção de preservar a memória cultural, foi pensar na imagem e identidade. No processo de criação de uma identidade e visual mais moderno, houve uma tentativa em manter aspectos do logo antigo e usar elementos que remetessem à cultura nipônica. O desafio foi criar uma identidade que remetesse à memória dos associados mais velhos, mas que também trouxesse tais memórias para o presente, para a nova geração, incentivando-os a pensar no futuro e estimulando um vínculo com o Clube. Figura 14: Logo Antigo Fonte: https://www.facebook.com/NipoBauru 43 Figura 15: Alguns estudos de logos Fonte: Elaborado pela autora 44 Figura 16: Logo final Fonte: Elaborado pela autora 45 As cores e formato fazem referência à marca antiga. A tipografia escolhida foi Renner para títulos e Lato para corpo de texto. Lato é uma tipografia com várias famílias sendo muito versátil para aplicações, além de oferecer uma leitura clara. As cores fortes foram mantidas representando a relação Brasil-Japão. Porém, houve a opção por formas mais simples que, no conjunto da imagem, reforçam o laço nipo-brasileiro. Acredita-se, ainda, que resulta na intenção de comunicar um ‘ar de modernidade’. Trata-se de uma marca simples, forte e contemporânea, mas que ainda carrega o simbolismo das tradições e cultura japonesa. Posteriormente foi elaborado um manual de identidade. Figura 17: Paleta de cores Fonte: Elaborado pela autora Renner Light Renner Book Renner Medium Renner Bold Renner Black Fonte: Elaborado pela autora Lato Hairline Lato Light Lato Regular Lato Bold Lato Black Figura 18: Tipografia 46 Figura 19: Variações Fonte: Elaborado pela autora 47 Figura 20: Papelaria Fonte: Elaborado pela autora 48 MÍDIAS SOCIAIS 49 Depois de finalizada a marca, iniciou- se o processo de desenvolvimento da estratégia para uso nas mídias sociais Facebook e Instagram. No questionário realizado no início do ano, muitos falavam que ficavam sabendo dos eventos e atividades por meio de famílias e amigos e houveram vários que comentaram que as mídias sociais podiam ser utilizadas com mais frequência. Figura 22: Instagram do Clube Fonte: Elaborado pela autora Figura 21: Facebook do Clube Fonte: Elaborado pela autora 50 O conteúdo do mês foi planejado com um mês de antecedência e focada na divulgação dos eventos promovidos pelo Clube, incluindo workshops e datas comemorativas. Segundo estudos, os dias de maior retorno, considerando alcance e curtidas são as terças e quintas feiras, entre 11h e 17 horas. Como não havia muitos dados disponíveis no Facebook para avaliar melhor o público e seu engajamento com a página foi seguida essa lógica. O plano foi o de duas postagens semanais (terças e quintas) publicadas às 11 horas, a fim de obter maior visibilidade. Com o tempo, foi verificada maior visibilidade nas segundas terças e quartas-feiras, dependendo do conteúdo da postagem. Depois de dois meses trabalhando com pastagens aferiu-se que o maior público da página é composto por mulheres entre 25 e 35 anos. Figura 23: Gráfico do público que interage com a página Fonte: https://www.facebook.com/NipoBauru/insights/?section=navPeople 51 52 53 EVENTOS UNDOKAI FESTA JUNINA BON ODORI SUKIYAKI/YAKISSOBA CURSO DE FÉRIAS 54 UNDOKAI O Undokai é uma gincana de origem japonesa que reúne amigos e famílias para um dia de atividades que abrangem todas as idades. São brincadeiras como cabo de guerra, corridas de revezamento, bola ao cesto, corrida de três pernas, e corrida de pneus, dentre outras. Além das brincadeiras há apresentações de dança e música e várias comidas típicas como yakissoba e obento. O Undokai é promovido pelo Clube todos os anos no mês de abril, sempre em um domingo. Conta com ajuda de voluntários (geralmente associados) e acontece no Recanto Tenrikyo (Av. Castelo Branco 36-36), entre 9 e 17 horas. A identidade do Undokai foi desenvolvida antes de ter sido finalizada o redesign da identidade do Nipo. Por esse motivo, não segue o padrão da identidade atual. O projeto visual do Undokai é colorido, chamativo e divertido fazendo referência às crianças e à diversão durante o evento. Também foram incluídos os koinoboris, um símbolo tradicional desse evento. Além das publicações virtuais, foram confeccionadas camisetas e cartazes. Figura 24: Foto do evento Fonte: Elaborado pela autora 55 Figura 25: Cartaz do Undokai Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora Figura 26: Camiseta do Undokai Figura 28: Postagens de divulgação do Undokai Fonte: Elaborado pela autora Figura 27: Foto do Undokai 56 FESTA JUNINA A Festa Junina, embora não relacionada à cultura japonesa, é outro evento grande promovido pelo Clube. A Festa Junina é importante para o Clube, pois arrecada um valor significativo para a manutenção do espaço. O evento conta com várias barracas de comidas típicas, pescaria, jogo de argola, quadrilha e bingo. Para a divulgação do evento foi desenvolvida uma identidade que usasse as cores da nova marca, associando elementos singulares ao evento. Fonte: Elaborado pela autora Figura 29: Fotos da Festa Junina 57 Fonte: Elaborado pela autora Figura 31: Post de divulgação da Festa Junina Fonte: Elaborado pela autora Figura 30: Cartaz da Festa Junina 58 BON ODORI Bon Odori é uma festa que ocorre todo agosto no Clube. É uma das festividades mais populares do Japão, existindo por mais de 600 anos e que acontece entre os meses de julho e agosto. A origem é decorrente de uma festa budista chamada Urabon, que significa Festival dos Fantasmas. Acredita-se que durante o Obon (data similar ao Dia dos Finados), os espíritos dos antepassados voltavam, e assim as pessoas dançam de modo a prestar uma homenagem fúnebre. Em algumas regiões as danças fazem uso de máscaras e outros acessórios, além do tradicional kimono ou yukata. Atualmente, o Bon Odori não possui mais tanto significado religioso. Essa festa se transformou em uma forma de entretenimento. Porém, as músicas e os movimentos das danças ainda ‘carregam’ tradições e história dos antepassados. A dança folclórica presente no Bon Odori surgiu depois da guerra. Dança-se ao som de uma peça de música japonesa folclórica denominada Ondo, geralmente em torno do Yagura (espécie de andaime decorado com lanternas). Há também as danças tradicionais que apresentam relação profunda com os costumes étnicos locais. No Clube Nipo, a música é tocada pelo Bauru Gakudan Band, com acompanhamento de taiko, e os cantores participam de algum departamento do Clube. Algumas músicas cantadas são: Soran-bushi, Tanko-bushi, Soma Bon Uta, Matsumoto Bon Bon, dentre outros. 59 Os movimentos das danças são transmitidos em ensaios que ocorrem ao longo do mês de julho. Apesar de passos simples, esse momento é importante para preservação da cultura japonesa. Conta com a participação de jovens que querem aprender as danças e também reinventarem-nas. Tornam-se mais divertidas, e ganham mais movimentos. Assim, no Bon Odori que ocorre na cidade de Bauru sempre há duas danças para cada música: uma com passos mais simples e lentos e outra com a participação dos jovens com passos mais rápidos e dinâmicos. O fato de os jovens terem criado uma interpretação da dança tradicional é um exemplo da memória cultural sendo usada para pensar no futuro. Essa dança ‘jovem’ incentiva à participação no evento e contribui para difundir valores e tradições japoneses. Além disso, há um compartilhamento de experiências na hora de vestir o yukata. O yukata é uma vestimenta tradicional do Japão, geralmente usada no verão. É similar ao kimono porém, mais leve e confeccionado com tecido diferente, geralmente algodão. Vestir um yukata, principalmente as femininas, não é uma tarefa fácil e requer vários passos e é comum ter a ajuda de outra pessoa. É nesse momento de vestir o yukata que as mães, avós, tias compartilham e ensinam às meninas os passos para vestir a roupa. Por meio dessa troca de memórias e experiências é que há a preservação dessa tradição japonesa, importante para a cultura e história. A identidade visual desenvolvida para o Bon Odori buscou misturar o tradicional 60 com o moderno. A imagem principal é de uma pessoa dançando com yukata, remetendo à elementos mais tradicionais. O fundo e as cores usadas são fortes e alegres, remetendo às cores da identidade do Clube. Optou-se por uso de formas geométricas e minimalistas. O objetivo foi o de representar a diversão do evento, além de mostrar que é uma festa cultural japonesa com tradições milenares. As cores foram escolhidas para reforçar a identidade do Clube. Ao longo do mês de julho, após a divulgação inicial do Bon Odori, houve postagens semanais anunciando horário de treino e informações sobre comidas e valores do evento. As comidas foram preparadas por associados dos departamentos e os valores foram destinados à manutenção do Clube. Fonte: Elaborado pela autora Figura 32: Cartaz do Bon Odori Fonte: Elaborado pela autora Figura 33: Convite do Bon Odori 61 Fonte: Elaborado pela autora Figura 34: Postagens de divulgação do Bon Odori Fonte: Fotos do Leonardo Kenzo Yamaguti Figura 35: Fotos do Bon Odori 62 SUKIYAKI/YAKISSOBA Sukiyaki é um prato típico japonês que geralmente é preparado na mesa em uma panela num fogareiro. Os ingredientes são acelga, broto de feijão, shitake, cebola, também carne e tofu. No Clube Nipo, a noite do sukiyaki ocorre anualmente. Yakissoba, apesar de ser de origem chinesa, é um prato muito popular no Japão. Feito de macarrão frito com um pouco de óleo e depois refogado com carnes, legumes e um molho especial. O yakissoba é preparado mensalmente no espaço do Clube. A preparação e venda do sukiyaki e yakissoba no Clube são realizadas pelo departamento de taiko. Trata-se de difundir a culinária japonesa, além de ser também um modo de preservação da memória. Fonte: Elaborado pela autora Figura 36: Postagem de setembro divulgando a venda do yakissoba 63 CURSO DE FÉRIAS O curso de férias, que ocorreu de 15 a 17 de julho, teve como objetivo principal ensinar e envolver crianças de 6 a 14 anos em atividades da cultura japonesa. Houve a participação de 15 crianças nesse curso. Para integração das crianças foram realizadas algumas dinâmicas no início de cada dia. No primeiro dia, após explicações, foram feitos Darumas de papel. O Daruma é um boneco redondo e oco, geralmente da cor vermelha, no qual é pintado um rosto. Porém sem os olhos. Segundo a tradição, se você tem um pedido, terá que pintar apenas um dos olhos do boneco. Somente quando seu pedido for atendido, você pinta o outro. O Daruma é considerado um talismã, relacionado à esperança, sorte e realização de sonhos. Também no primeiro dia foram ensinadas algumas dobraduras de origami. No segundo dia, foi trabalhado o Tanabata Matsuri. O Tanabata Matsuri (festival) tem origem numa lenda japonesa. Certo dia, Orihime filha de um poderoso Deus do reino celestial, estando diante de seu tear, viu passar um rapaz conduzindo um boi e por ele se apaixonou. O pai consentiu o casamento dos dois jovens. Porém, casados e totalmente dominados pela paixão, ambos se descuidaram de seus afazeres normais. Foi então que, o pai indignado, ordenou que eles vivessem separados, um de cada lado 64 da Via Láctea, permitindo que o casal se reencontrasse apenas uma vez por ano. No sétimo dia do sétimo mês, se cumprissem à ordem dele, de atender os pedidos vindos da Terra. O encontro do casal uma vez ao ano é conhecido como o Tanabata Matsuri, ou Festival das Estrelas, e hoje é realizado para celebrar o amor e também é um momento de realizar pedidos. Durante o Festival, existe o costume tradicional de se escrever desejos no tanzaku (tira de papel colorido), que depois são pendurados em ramos de bambu, na esperança de que o desejo se torne realidade. Cada cor do tanzaku tem um significado: amarelo – dinheiro, rosa – amor, vermelho – paixão, azul – proteção e saúde, verde – esperança e branco – paz. No final da festa, os papéis são queimados para que os desejos cheguem ao céu, e assim, Orihime e Kengyu possam realizar os pedidos. Nesse dia, após explicar a história e os significados do festival, cada criança escreveu um pedido seu no tanzaku e penduraram no bambu que estava disponível no espaço. Também foi feita uma atividade de artes manuais que envolvia criatividade. O produto final era uma árvore de sakura, feito com nanquim e papel de seda, imitando o estilo Sumiê. No último dia foi ensinado o origami Ningyo. Fonte: Elaborado pela autora Figura 37: Confecção da árvore de sakura usando nanquim e papel crepom 65 Fonte: Elaborado pela autora Figura 38: Exposição final dos trabalhos no Clube Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora Figura 39: Trabalho com árvore de sakura Figura 40: Confecção do daruma Figura 41: Participantes do curso 66 67 WORKSHOPS BRINCADEIRAS DO JAPÃO ORIGAMI NINGYO BENTO SHODO BONSAI IKEBANA TREINO ABERTO DE KENDO TREINO ABERTO DE TAIKO DIA DAS CRIANÇAS 68 BRINCADEIRAS DO JAPÃO Esse workshop foi o primeiro a ser realizado no espaço do Clube e buscou ensinar atividades japonesas para crianças entre 7-12 anos. Entre 9 e 11:30 da manhã do dia 1 de junho, foram ensinados alguns origamis e foram confeccionadas koinobori. Koinobori é um ornamento comum a ser pendurado no dia das crianças do Japão (5 de maio). “Koi” significa carpa e simboliza sucesso e avanço na vida. A carpa vermelha geralmente simboliza a mãe e há uma carpa para cada criança da família. Fonte: Elaborado pela autora Figura 42: Participantes do workshop Brincadeiras do Japão Figura 43: Produção do koinobori Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora Figura 44: Produção do koinobori 69 ORIGAMI NINGYO Origami é a arte de dobradura de papel e se desenvolveu no período Edo (1603- 1868). Se popularizou à medida em que o papel ficou mais barato. Essa arte se difundiu como atividade recreativa em 1945 com a publicação do livro Kan no Mado, que ensinava a fazer mais de 150 modelos de origami. Atualmente técnicas de dobraduras de origami são usadas não somente para fins artísticos e de entretenimento, mas também científicos, com aplicações em robótica, tecnologia espacial e biotecnologia e também educacionais, no ensino de matemática e geometria. No estilo de origami Ningyo, são confeccionadas bonecas que usam kimono. O papel utilizado geralmente é próprio para origami, mas nesse workshop foi usado papel de revista reciclado. O objetivo era mostrar que é possível reutilizar materiais para fazer artesanato e também promover a cultura do origami. Fonte: Elaborado pela autora Figura 45: Produção do origami ningyo 70 BENTO Bento é a marmita japonesa e é conhecida por ser esteticamente bonita e por conter uma refeição balanceada, com atenção especial a sabores, texturas, cores e grupo dos alimentos. O estilo de bento ensinado no workshop foi Kyaraben, um bento artístico japonês que muitos pais fazem para seus filhos levarem na escola. Nesse estilo o arroz e outras comidas são moldadas em formato de animais ou personagens populares. No workshop do dia 13 de julho, entre 10 e 11:30 horas, Cristina Iida Honda ensinou algumas técnicas básicas utilizada na preparação do Kyaraben. Foram confeccionados galinhas, sapos, cogumelos e polvos utilizando comidas como arroz, milho, tomate, pepino, queijo e nori (alga japonesa). Fonte: Elaborado pela autora Figura 46: Produção dos bentos Fonte: Elaborado pela autora Figura 47: Bento finalizado 71 SHODO Shodo é a arte da caligrafia japonesa. Surgiu há 3 mil anos na China e foi introduzida no Japão pelo budismo no século III, mas passou a ser mais difundida somente no século VI. O shodo pratica a escritura de caracteres japoneses hiragana, katakana e os chineses, kanji. É considerada uma arte complexa devido às técnicas, precisão e estilo do calígrafo, além da disciplina na hora de escrever os kanjis, que devem ser escritos seguindo uma ordem de traços. O material usado no shodo é tinta a base de carvão (sumi), pincel (fude) e papel washi (feito de arroz). Há uma grande preocupação com o tamanho e equilíbrio dos traços e a disposição destes no papel devem resultar em uma harmonia visual. Calígrafos mais experientes buscam um estilo próprio, como na ilustração ou pintura, e expressa a individualidade do artista. O resultado são obras de artes apreciadas em concursos e galerias. Luiz Fukushiro foi o calígrafo que ministrou o workshop de shodo no Clube no dia 26 de julho. Começou a praticar essa arte no Nipo de Bauru quando uma professora do Japão fez uma oficina de escrita com pincel, mas depois disso nunca mais tinha praticado. Entrou para o grupo da Associação Shodo do Brasil em 2013, por influência de uma amiga e desde então pratica com eles. Em 2018, começou a auxiliar em oficinas para o público geral. Já ministrou workshops em São Paulo, Manaus e Bauru. 72 BONSAI A palavra bonsai, em seu sentido literal, significa “árvore em bandeja”. É uma arte que possui uma história rica e envolve várias técnicas manuais e também visuais. A prática transmite valores do Zen budismo, que une a busca da harmonia pessoal com a natureza e assim, torna-se uma forma de meditação e terapia. O tamanho do bonsai varia de 7cm (micro) até 1,5m de altura. A parte mais importante e trabalhada do bonsai é o tronco. A raridade está em um tronco curto, grosso e no formato cônico. São essas características que os colecionadores buscam e valorizam. Atualmente, para dar forma às plantas, o sistema adotado é yamadori, que consiste em pegar plantas na natureza, Fonte: Elaborado pela autora Figura 48: Luiz ensinando o traço de shodo Fonte: Elaborado pela autora Figura 49: Alguns dos participantes do workshop de shodo 73 já com certa idade, e aplicar o PAR: poda, aramação e replantio. Antigamente, usava- se muito o processo de semear e plantar. É possível fazer bonsai com uma variedade de plantas, inclusive as frutíferas. Depois de trabalhar a muda o bonsai precisa de água, sol e adubo. Apesar de muitos terem a percepção de que o bonsai é uma planta pequena, ela é adulta e por isso precisa de muita água e muito sol. O workshop realizado no dia 10 de agosto foi ministrado por Luiz Yassuo Nakamura, que trabalha com bonsai já há 30 anos, em seu ateliê Bonsai House. Nascido em Lins, veio para Bauru em 1964, mas só começou a ter mais interesse por bonsai em 1989 depois de um pedido do filho para mudar seus hábitos, os quais estavam prejudicando sua saúde. Para se distrair do vício de fumar e beber lembrou do seu pai que colecionava bonsai e decidiu seguir esse hobby. Comprou algumas plantas e percebeu que tinha dom para cuidar e cultivar bonsai. Como não havia cursos de bonsai no Brasil na época, foi autodidata e aprofundou seu conhecimento por meio de livros e conversas com outras pessoas da área. Assim começou sua carreira de bonsaísta. Hoje, Luiz cultiva, vende e cuida de bonsais em seu espaço. A Bonsai House é uma referência dessa arte na região. No workshop, Luiz apresentou a história do Bonsai, que se originou na Índia e passou pela China até chegar ao Japão. Além disso, ensinou as técnicas utilizadas no processo de criar o bonsai e os cuidados e dicas para a manutenção da planta. Após a parte teórica, demonstrou ao vivo o processo PAR aplicado em uma planta. Ao final, cada participante plantou um bonsai de tamanho micro (7 cm) para levar consigo. 74 Fonte: Elaborado pela autora Figura 50: Luiz Nakamura aplicando o processo PAR na planta Fonte: Elaborado pela autora Figura 51: Participantes montando seus bonsais Fonte: Elaborado pela autora Figura 52: Participantes ao final do workshop de bonsai Fonte: Elaborado pela autora Figura 53: Luiz explicando a história e técnicas do bonsai 75 IKEBANA Ikebana é uma palavra de origem japonesa utilizada para nomear a arte de arranjos florais. Ikebana deriva de “ike” que provém dos verbos “ikeru” (dispor, colocar), “ikiru” (viver, essência) e “hana” que significado de flor. Nessa arte, há uma busca de harmonia por meio de arranjos de flores, ramos e galhos em uma composição, que carrega além de valores estéticos, filosofias do artista e estilo. O ikebana tem origem nas tradições budistas indianas e chegou ao Japão em 607 D.C. quando teve um desenvolvimento extraordinário. No Japão, o ikebana é composto por vários elementos que representam o céu, a terra e a humanidade. No início, era muito ligado à religião. Com o tempo, o ikebana passou a ser visto como arte e decoração para ambientes e também para demonstrar filosofias de vida. Atualmente, existem vários estilos com composições e significados diferentes. Apesar de parecer simples, o ikebana exige muito estudo de proporção, harmonia de formas e cores, além da escolha de materiais e dos vasos. Alguns estilos são: shoka, rikka, nageire, moribana, dentre outros. As ferramentas principais são o vaso (o diâmetro e altura do vaso depende do estilo), kenzan (base para fixar as flores e galhos), tesouras de jardinagem e as flores e galhos. 76 Cintya Nagasawa foi a ministradora do workshop de ikebana no dia 31 de agosto. Teve o primeiro contato com essa arte no Japão, quando foi aprender o estilo misho. Ao voltar para o Brasil continuou praticando ikebana em casa e aperfeiçoando essa arte. Misho é um estilo que surgiu em 1807, desenvolvido por Ippo Mishosai, que conduziu sua filosofia com base no ying-yang e nos cinco elementos. É uma forma simples e geométrica que expressa a apreciação da harmonia entre a natureza e o ser humano. A figura 54 sintetiza a composição desse estilo. O círculo expressa o céu e o quadrado interior representa as quatro estações e direções da terra. No triângulo, são posicionados três galhos. O maior simboliza o céu (Ten), o mediano representa o ser humano (Jin) e o menor, a terra (Chi). Nesse estilo há duas vertentes: o kosei e shikisai. Em ambos há três galhos principais e, conforme apresentado na figura abaixo, cada galho simboliza a terra, o céu ou o homem. O maior galho no kosei (Tai, simbolizada pela cor laranja) é inclinado para a esquerda e no shikisai, é inclinado para a direita. Há uma preocupação com a proporção. O galho Tai deve ser 2.3x maior que o diâmetro do vaso. O You deve ser 1.5x maior e o Fuku do mesmo tamanho do vaso. No estilo misho o vaso usado é o suiban, que tem uma altura pequena e um diâmetro grande. Fonte: https://www.fmo.org.br/sanguetsu/ Figura 54: Diagrama de composição do estilo misho 77 O workshop contou com 10 pessoas e nas 2 horas e 30 minutos do curso foi ensinada a história do ikebana, os estilos existentes e as técnicas usadas para poder fazer a parte prática. Cada aluno montou seu próprio ikebana e deixou a amostra no espaço do Clube. Fonte: Foto da Cintya Nagasawa Figura 55: Diagrama de composição do estilo kosei Fonte: Foto da Cintya Nagasawa Figura 56: Diagrama de composição do estilo shikisai Fonte: Foto da Cintya Nagasawa Figura 57: Diagrama das proporções dos galhos Fonte: Elaborado pela autora Figura 58: Fotos dos participantes no workshop de ikebana 78 TREINO ABERTO KENDO Kendo é uma arte marcial que foi criada a partir das técnicas tradicionais de combate com espadas utilizadas pelos samurais no Japão feudal. A luta consiste em manejar a espada (shinai) e acertar pontos específicos do no corpo dos adversários. Além de ser um esporte, o kendo carrega valores filosóficos e é ensinado também o cultivo do espírito e do reigi (etiqueta). O kendo em Bauru teve início em 1955, mas devido a dificuldade em adquirir materiais esportivos para a prática desse esporte, teve que ser pausado. No ano de 2004, o kendo volta em duas frentes: Dalton Yamamoto dava treinos na UNESP e Reinaldo Mori no Clube Nipo. Nesse ano, os dois grupos interagiram e tornaram-se o grupo do Nipo. Os treinos de kendo ainda se realizam no Clube Nipo, sob supervisão de Mori e agora também de Felipe Kobayashi, instrutor adjunto. Benjamim Yagi (atualmente 3º dan) assume formalmente o treino de iaido como instrutor desde 2011. O iaido possui a mesma origem que o kendo e é a arte de desembainhar, cortar e defender com a espada japonesa. Assim como o kendo, além do treino técnico, há um treino espiritual e psicológico. Assim, desde 2011 o grupo de iaido de Bauru vem participando ativamente dos eventos oficiais e extraoficiais como seminários, exames, campeonatos, apresentações em eventos e treinamentos informais agendados. O iaido promove 79 excelente integração entre as academias, e no interior de São Paulo existe representação em Bauru (Clube Nipo), Assis (Semuikai Kendo), São Carlos (ASCK), Ribeirão Preto (ASCK) e Sorocaba (Athenas). TREINO ABERTO TAIKO O termo taiko significa tambor, em japonês. É um instrumento de percussão feito de couro de animais e madeira. No Japão, o termo refere-se a qualquer tipo de tambor, sendo utilizado para denominar demais tambores japoneses, conhecidos também por wadaiko. Atualmente, o taiko é visto como uma arte que se desenvolveu de tal modo que, hoje, há refinamento na música e na coreografia. O objetivo é formar uma conexão entre instrumento e tocador, de modo a comover e envolver o público. O taiko é uma arte que contempla não Fonte: Foto do Benjamin Yagi Figura 59: Atletas de Bauru no 37º Campeonato Brasileiro de Kendo 80 somente a ação de tocar os tambores, mas também disciplina, energia, expressão, ritmo e técnica. O grupo Muguenkyo foi formado em 2003, por iniciativa do professor Yukihisa Oda. “Muguenkyo” significa “ressonância infinita” que é o sentimento que os integrantes do grupo querem transmitir, ou seja, o sentimento de que a arte, o amor e a amizade conseguem se propagar através do som do taiko. Hoje, o grupo conta com cerca de 25 integrantes, com idades que variam dos 6 aos 28 anos, todos unidos pela paixão por taiko. Apesar de ser uma arte de origem oriental, o grupo une o tradicional com o contemporâneo. Mescla a disciplina, ordem e sincronia inerente aos costumes do Japão com a criatividade, descontração e alegria, marcas do povo brasileiro criando, assim, um sentimento único de ser. Marcado por expressão corporal e ritmo, o Muguenkyo consegue apresentar um espetáculo que ‘toca’ o público com cada movimento e batida. O grupo, em sua trajetória, coleciona apresentações em diversos eventos, tanto locais, com celebrações da Igreja Tenrikyo, festas como o Undokai e diversas apresentações tanto de empresas públicas quanto particulares, quanto regionais, como a Festa das Cerejeiras em Garça e o Japan Fest na cidade de Marília. Alguns destaques dos últimos anos incluem: a apresentação na passagem da tocha olímpica em Bauru, a realização do show “A cada batida um novo sentimento”, Show de 15 anos, apresentação durante o intervalo de jogo do Bauru Basquete, apresentação no Japan Fest de Marília e a realização do 81 XIII Festival Kawasuji em 2018, evento que abriu as comemorações dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil em Bauru. No dia 19 de outubro o grupo conduziu um treino aberto para a comunidade poder conhecer melhor essa arte. Foi realizado um workshop de uma hora na qual os tocadores ensinaram a história, técnicas básicas e uma música do taiko. Compareceram cerca de 20 pessoas, dos 7 a 25 anos de idade. Fonte: Elaborado pela autora Figura 60: Integrantes do grupo Muguenkyo Fonte: Fotos da Jaqueline Yumi Seki Figura 61: Fotos do treino aberto 82 DIA DAS CRIANÇAS O Dia das Crianças do Clube Nipo ocorreu no dia 5 de outubro, entre 8:30 e 11 horas. Nesse período as crianças aprenderam sobre o “oni”, um monstro do folclore japonês que possui chifres e que é uma mistura de humanos e animais (geralmente o boi). O equivalente de oni no ocidental seria ogro ou troll. Após aprenderem sobre o oni e algumas lendas, as crianças confeccionaram uma bolsa desse monstro, com uso de feltro e aplicando algumas técnicas de costura. Depois de fazerem a bolsa, participaram de uma gincana. Fonte: Elaborado pela autora Figura 62: Confecção das bolsas de oni 83 84 PROJETOS TSUNAGARI PROJETO AIUEO CULTURAIS 85 TSUNAGARI Tsunagari é uma revista cujo objetivo é o de prover maior visibilidade à cultura nipo-brasileira produzida em Bauru, a fim de preservar e difundir essa cultura, história e memória. Trata-se de um meio de entender a influência que o Japão tem na formação de identidade e como isso influencia o processo criativo (se influencia), além de ser uma plataforma de divulgação de cultura no geral. O nome da revista, Tsunagari, significa conexão em japonês e foi escolhido para reforçar a ideia principal do projeto: a de estabelecer uma conexão com a comunidade, com a história e memória cultural japonesa, salientando o laço nipo-brasileiro. Tsunagari possui 6 seções, 5 das quais são destinadas à apresentação de artistas e outras figuras nikkeis de Bauru. Apresenta 5 entrevistas tratando de áreas diferentes: bonsai, pintura, tattoo, foto e ilustração. Para a matéria principal, sobre o haikaista Nenpuku Sato, foram realizadas pesquisas ao longo do semestre. Contém um folheto informativo com informações sobre eventos e uns adesivos colecionáveis. O objetivo era realizar a distribuição e divulgação da revista pelo Clube Nipo de Bauru (em eventos ao longo do ano). Sendo assim, o público alvo consiste em todos os associados e outros que se interessarem pela cultura japonesa. 86 A marca possui formato quadrado, usado para simbolizar solidez, estabilidade e igualdade, fazendo referência ao laço Brasil- Japão. A conectividade, conceito central da revista, é apresentada com uma linha que sai dos caracteres japoneses (つながり tsunagari escrito em japonês) e que percorre a revista inteira, ‘conectando’ as matérias e os artistas. Para a confecção da revista foram usadas as técnicas de serigrafia e estampas. Dobraduras de origami também foram usadas para dar forma à revista. A capa foi dobrada em formato de envelope com papel arroz, que quando aberto, torna-se um cartaz em serigrafia relacionado à matéria principal (que nesse caso era do Nenpuku Sato). A revista aberta tem o formato A2 e é dobrada de uma forma não convencional, dando dinamicidade à leitura. Fonte: Elaborado pela autora Figura 63: Grid e testes de dobraduras da revista 87 Fonte: Elaborado pela autora Figura 64: Logo da revista Fonte: Elaborado pela autora Figura 65: Cartaz/envelope da revista Fonte: Elaborado pela autora Figura 66: Todas as peças e a matéria principal 88 PROJETO AIUEO Atualmente, o Brasil abriga a maior população de origem japonesa fora do Japão, e isso influencia muito a cultura do país e a difusão e fortalecimento da cultura nipo-brasileira. A cultura japonesa no Brasil atinge muitas pessoas, sejam descendentes ou não e isso acaba influenciando um pouco das identidades, seja por meio da língua, arte, música, culinária, dentre outros aspectos. Assim, AIUEO é um projeto que une a escrita com a arte e que visa mostrar a influência da cultura japonesa na identidade dos brasileiros, descendentes ou não, através do alfabeto “hiragana”. O objetivo foi o de criar um alfabeto que expressasse a originalidade e a identidade de cada um, conversando acerca de suas experiências e vivências com a cultura, buscando dar visibilidade à cultura nipo-brasileira. A linguagem escrita é uma ferramenta de registro da nossa história; passado, presente e futuro e uma forma de construir a nossa identidade. O hiragana é o alfabeto fonético japonês que permite a construção de palavras e significados. Trata-se de um meio de contar as nossas histórias individuais e construir um contexto coletivo acerca da influência e importância da cultura japonesa na formação da nossa identidade. A proposta é também uma forma de preservação da memória coletiva pois o 89 participante precisa criar um laço entre a sua identidade e a cultura japonesa, a fim de compartilhá-la. Como dito anteriormente, a duração da memória e da cultura de um grupo social depende do ato de compartilhar. AIUEO foi realizado em parceria com o Clube Nipo, que auxiliou a divulgação do projeto nas redes sociais. O produto final será um livro digital com todas as peças e histórias e a realização de uma exposição na cidade de Bauru. O projeto ainda está em andamento. Fonte: Elaborado pela autora Figura 67: Layout do livro digital Fonte: Elaborado pela autora Figura 68: Capa do livro digital 90 91 CON CLUSÃO 92 O desenvolvimento desse projeto ao longo do ano possibilitou uma oportunidade de preservar a memória coletiva japonesa por meio do uso do espaço do Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru por meio de atividades, eventos e workshops destinados à comunidade bauruense. Também permitiu um maior envolvimento da comunidade com a cultura japonesa, à medida que houve a participação de muitos jovens e pessoas diferentes daqueles que já frequentam o espaço, fator importante para o futuro do Clube. Ao final desse ano (2019), foram realizados 8 workshops, 2 treinos abertos dos esportes que o clube oferece, além dos os eventos anuais tradicionais (Undokai, Bon Odori e Festa Junina). Desde o início do trabalho com o Nipo, foram mais de 50 postagens, além da realização de registros fotográficos dos eventos e workshops. A página no Facebook cresceu em 26% no número de seguidores e a página do Instagram que foi criado esse ano tem atualmente 201 seguidores. Nos workshops realizados, 58% dos participantes não eram associados, o que demonstra que há um interesse pelas Fonte: https://www.facebook.com/NipoBauru/in- sights/?section=navLikes Figura 69: Aumento das curtidas na página desde o início do trabalho com o Clube Figura 70: Aumento dos seguidores na página desde o início do trabalho com o Clube Fonte: https://www.facebook.com/NipoBauru/in- sights/?section=navFollowers 93 atividades do Clube, apenas ainda não se associaram. Uma das causas da baixa taxa de associação é o método de pagamento utilizado no Clube que é retrógrado. Não é possível fazer nada virtualmente, o que dificulta o acerto da mensalidade, principalmente para aqueles que trabalham e estudam e que tem pouco tempo no dia para irem até o Clube. Infelizmente este ano, ainda não foi possível resolver esse problema. Numa pesquisa realizada em novembro, foi pedido um feedback do trabalho feito com o Clube, o qual foi disponibilizado no Facebook. Os dados apontam que 77% acredita que houve uma quantidade boa de atividades esse ano. No começo do ano, esse dado era de 47%. Com relação à mudança da identidade visual, houve uma aprovação de 96,2%. A maioria constatou que houve melhoras no Clube no meio digital e com relação às atividades, mas que ainda faltam mais atividades para jovens. Também foi apontado que além de divulgar os eventos e atividade nas mídias sociais, deveria ter um trabalho de informar por meio de jornal ou rádio, tendo como público alvo pessoas de mais idade que geralmente não usam a internet. Realmente deveria ter sido considerado uma forma de divulgação via carta e cartaz pois muitos dos associados atuais são idosos e a maioria não ficou sabendo das atividades e workshops. Contudo, a pesquisa mostrou que houve sim melhorias no Clube mas que ainda há várias coisas que podiam ser trabalhadas para que haja maior participação da comunidade e adesão de novos associados. 94 Alguns desafios de realizar o trabalho no Clube foi a diretoria, o qual aprovou o projeto, mas que teve pouca participação e interesse. Foi difícil conseguir horários e dias para realizar os workshops e não pude instituir melhorias na parte interna em si. Queria ter modernizado o processo de associação e pagamento da mensalidade, o que é uma grande barreira para a adesão de novos associados. Acredito também que poderia ter sido mais organizada, para que houvesse mais workshops e também trabalhado mais com o público que já frequenta o Clube, para despertar interesse nas novas atividades. Esse projeto com o Clube Nipo é o início de um trabalho de revitalização do espaço, para que ela esteja disponível para as futuras gerações. Não foi possível cumprir todos os objetivos esse ano, mas acredito que as medidas tomadas já impactaram o funcionamento e a imagem do Clube. Além disso, foi possível ministrar e organizar vários workshops que contribuíram, não somente para a minha aprendizagem, mas também para muito outros, descendentes ou não, o que cumpre uma parte da missão de difundir a cultura japonesa e assim, preservar a memória coletiva. 95 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSMANN, Jan; CZAPLICKA, John. 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