UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL TEMPERATURA COMO PARÂMETRO PARA ARMAZENAMENTO DE Plutella xylostella (L., 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM CRIAÇÃO DE LABORATÓRIO Alessandra Karina Otuka Engenheira Agrônoma JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Maio de 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL TEMPERATURA COMO PARÂMETRO PARA ARMAZENAMENTO DE Plutella xylostella (L., 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM CRIAÇÃO DE LABORATÓRIO Alessandra Karina Otuka Orientador: Prof. Dr. Sergio Antonio De Bortoli Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Entomologia). JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Maio de 2011 ii DADOS CURRICULARES DO AUTOR ALESSANDRA KARINA OTUKA – Nascida em Sertãozinho-SP, em 18 de agosto de 1983. Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita” (FCAV/ Unesp), título obtido em fevereiro de 2009. Estágio no Laboratório de Biologia e Criação de Insetos e iniciação científica com bolsa do CNPq durante a graduação. Mestranda em Agronomia (Entomologia Agrícola) pela UNESP- Campus de Jaboticabal, com início em março de 2009 e término em maio de 2011, com bolsa do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq). iii Livramento... Esperei confiantemente pelo SENHOR; Ele se inclinou para mim e me ouviu Quando clamei por socorro. (Salmo 40, 1) iv Aos dois amores de minha vida, Fábio e Ayumi. Ao Fábio, meu esposo, pela compreensão, amor, incansável apoio em um dos momentos mais difíceis da minha vida e por enfrentar junto comigo os obstáculos da vida. A Ayumi, minha filha, por transformar a minha vida, me trazendo muita alegria e vontade de viver cada dia mais. AMO VOCÊS... Estou imensamente feliz por estarmos juntos. Quero que saibam que só consegui graças a vocês. Aos meus amados pais, Paulo Otuka e Eloisa Tomie Yassumitsu, por me apoiarem em todos os momentos da minha vida e pelo amor incondicional, obrigada por jamais me julgarem. AMO VOCÊS!!! DEDICO v Aos meus irmãos, Anderson e Alexandre, pelo carinho e apoio constantes... E também aos meus sobrinhos, Yudi e Sayuri, pelo sorriso constante e pelas alegrias que trazem a minha vida. A minha cunhada Vilmara, pelo apoio, atenção e incentivo. A minha batchan, Hisaé, pelo seu amor, dedicação e apoio constante na minha vida, até no momento do nascimento da minha filha. Bá, obrigada por existir. E a toda minha família pelo carinho, confiança, união... Em especial a minha prima Elaine, que sempre se preocupou comigo e procurou me ajudar em todos os momentos difíceis da minha vida. Também não posso esquecer a minha tia Isabel, que ama muito minha filha. Muito obrigado a todos vocês que fazem parte desta história. OFEREÇO vi AGRADECIMENTOS A Deus, por me dar força e coragem durante todo este trabalho. Muito obrigado Senhor por estar sempre presente em minha vida. Ao orientador Prof. Dr. Sergio Antonio De Bortoli, pela atenção, ensinamentos e orientação constante. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de estudos. À instituição UNESP-Campus de Jaboticabal, pela oportunidade concedida. Ao Professor Dr. Antônio Sérgio Ferraudo, pela disponibilidade para realização das análises estatísticas e por toda atenção dispensada. Aos amigos Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho, Profa. Dra. Maria Imaculada Fonseca, Prof. Dr. Jaime Maia dos Santos, Prof. Dr. José Carlos Barbosa e Prof. Dr. José Renato Zanini que me apoiaram e incentivaram em todas as fases, “sempre com palavras certas nas horas certas”. Aos integrantes recentes do Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI): Elizabeth do Carmo Pedroso, Marina Aparecida Viana, João Rafael Alencar, Cácia Leila Tigre Pereira Viana, Robson Thomas Thuler, Roberto Marchi Goulart, Alessandra Marieli Vacari, Gustavo Oliveira de Magalhães, Haroldo Xavier Linhares Volpe, Ana Carolina Pires Veiga, Valéria Lucas de Laurentis e Vanessa Fabíola Pereira de Carvalho. Também aos integrantes antigos: Nuno, Hayda, Eudes, Juliana, Leandro, etc..., porém eternos na lembrança. vii Ao Departamento de Fitossanidade / Entomologia Agrícola, em especial aos funcionários: Iara, Dibelli, Márcia, Lígia, Lúcia, Roseli, Zulene, Altamiro, e aos demais, que sempre estiveram a disposição para ajudar. Aos professores da UNESP-Campus de Jaboticabal e em especial aos da Pós- Graduação em Entomologia Agrícola, pela amizade e ensinamentos prestados. Aos alunos da pós-gradução em Entomologia Agrícola, tanto de mestrado como de doutorado, pela amizade. À todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. SUMÁRIO RESUMO..........................................................................................................................x SUMMARY ......................................................................................................................xi CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................1 REFERÊNCIAS ............................................................................................................6 CAPÍTULO 2 – ARMAZENAMENTO DE OVOS DE Plutella xylostella (LINNAEUS, 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM DIFERENTES TEMPERATURAS E PERÍODOS DE EXPOSIÇÃO....................................................................................................................13 RESUMO.....................................................................................................................13 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................14 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................16 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................19 4. CONCLUSÃO..........................................................................................................34 5. REFERÊNCIAS.......................................................................................................34 CAPÍTULO 3 – DESENVOLVIMENTO DE LAGARTAS DE Plutella xylostella (LINNAEUS, 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM DIFERENTES TEMPERATURAS E PERÍODOS DE EXPOSIÇÃO................................................................................................................40 RESUMO.....................................................................................................................40 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................41 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................42 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................45 4. CONCLUSÃO..........................................................................................................92 5. REFERÊNCIAS.......................................................................................................93 CAPÍTULO 4 – ARMAZENAMENTO DE PUPAS DE Plutella xylostella (LINNAEUS, 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM DIFERENTES TEMPERATURAS E PERÍODOS DE EXPOSIÇÃO.....................................................................................................................98 RESUMO.....................................................................................................................98 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................98 2. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................100 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................102 4. CONCLUSÃO........................................................................................................117 5. REFERÊNCIAS ....................................................................................................117 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................122 REFERÊNCIAS............................................................................................................123 x TEMPERATURA COMO PARÂMETRO PARA ARMAZENAMENTO DE Plutella xylostella (L., 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM CRIAÇÃO DE LABORATÓRIO RESUMO - O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI) da FCAV-Unesp, para avaliar a influência de diferentes temperaturas e períodos de exposição no desenvolvimento de Plutella xylostella, para viabilizar o armazenamento de ovos, lagartas e pupas e facilitar o manejo da criação em laboratório. Avaliou-se a biologia de P. xylostella armazenando ovos e lagartas nas temperaturas de 3, 5, 8, 10, 12, 16, 20 e 24°C por 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de exposição, sendo “0” a testemunha, mantida em 25±1°C, 70±10% UR e 12 horas de fotofase. Avaliou-se também a biologia de P. xylostella armazenando pupas nas temperaturas de 3, 5 e 8°C por 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de exposição. O armazenamento de ovos e pupas de P. xylostella pode ser realizado por até 15 dias a 8ºC sem que ocorram perdas consideráveis nas suas características biológicas. O armazenamento de lagartas de 1° ínstar de P. xylostella pode ser realizado até 10 dias a 20ºC, já as de 2° ínstar podem ser armazenadas por até 15 dias a 16ºC, as de 3º ínstar por até 20 dias a 20ºC e as de 4º ínstar por até 5 dias a 20ºC, acima desses períodos e abaixo dessas temperaturas ocorrem reduções significativas no número de ovos colocados por fêmea. Palavras-chave: biologia de insetos, brassicáceas, criação-massal, traça-das- crucíferas xi TEMPERATURE AS PARAMETER FOR STORAGE OF Plutella xylostella (L., 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) IN LABORATORY REARING SUMMARY - The work was conducted in the Laboratory of Insect Biology and Rearing (LBCI), FCAV-Unesp, to evaluate the influence of different temperatures and exposure periods on development of Plutella xylostella, trying to enable the storage of eggs, larvae and pupae to facilitate the management of laboratory rearing. For this, we evaluated the biology of P. xylostella larvae and storing eggs at temperatures of 3, 5, 8, 10, 12, 16, 20 and 24°C for 0, 5, 10, 15, 20, 25 and 30 days of exposure, and "0" the check, maintained at 25±1°C, 70±10% RH and 12 hours photophase. We also evaluated the biology of P. xylostella storing pupae at temperatures of 3, 5 and 8°C for 0, 5, 10, 15, 20, 25 and 30 days of exposure. The storage of eggs and pupae of P. xylostella can be done 15 days at 8°C without significant losses that occur in biological characteristics. The storage of a larval first instar of P. xylostella can be performed up to 10 days at 20°C, already the second instar can be stored for 15 days at 16°C, third instar for up to 20 days at 20°C and fourth instar for 5 days at 20°C, above this periods and below these temperatures are reduced significantly the number of eggs per female. Keywords: biology of insects, crucifers, mass rearing, diamondback moth CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS INTRODUÇÃO A traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Plutellidae) é a praga mais importante das brassicáceas desde o início do século XX (CASTELO BRANCO & GATEHOUSE, 2001). Seu “status” de praga tem aumentou rapidamente desde 1960, quando iniciou a aplicação em grande escala de produtos químicos nas hortaliças (TALEKAR & SHELTON, 1993). Com sua capacidade de desenvolver altos níveis de resistência aos inseticidas químicos e biológicos, P. xylostella tornou-se uma ameaça para a produção de crucíferas e uma difícil praga para manejar em muitas partes do mundo (TALEKAR & SHELTON, 1993), causando perdas superiores a 90% (VERKERK & WRIGHT, 1996). A praga causa prejuízo anual estimado em cerca de 16 milhões dólares nos Estados Unidos, com base em danos de 2,5% (MOHAN & GUJAR, 2003). É originária do continente europeu e considerada praga cosmopolita (MONNERAT et al., 2000). Os adultos de P. xylostella são de coloração parda; oviposita na face abaxial das folhas. Após a eclosão, as lagartas de primeiro ínstar possuem hábito minador e se alimentam do parênquima por dois a três dias. Em seguida, abandonam as “minas” e passam a alimentar-se da epiderme, perfurando as folhas e inutilizando-as para o consumo. Quando completam o desenvolvimento larval, empupam na própria planta, na face abaxial da folha, no interior de um casulo de seda (IMENES et al., 2002). A traça-das-crucíferas é considerada o principal fator limitante do cultivo de brassicáceas em áreas tropicais no mundo (DICKSON, 1990). Também é considerada uma das principais pragas em plantios de canola, causando danos desde a fase vegetativa até o final do florescimento, destruindo, muitas vezes, a haste floral 2 (MUSSURY et al., 2002). No Brasil, também foi constatada sua ocorrência em canola a partir do início de agosto até o final de setembro (DOMICIANO & SANTOS, 1996). A presença de P. xylostella pode ser verificada o ano todo, com picos populacionais nos períodos mais quentes e secos (CASTELO BRANCO et al., 2003), e tornou-se alvo de pesquisas em todas as regiões produtoras, visando a obtenção de medidas de controle tecnicamente mais adequadas, economicamente satisfatórias e ecologicamente corretas (THULER, 2006). A traça-das-crucíferas é um inseto de ciclo curto, em que a temperatura é fator determinante, pois em condições mais quentes o ciclo pode ser de apenas 12 dias (GUO & QUIN, 2010). O número de gerações varia de 5 a 15 por ano, dependendo das condições climáticas e da disponibilidade de alimento; assim as populações dessa praga variam muito de um ano a outro (CASTELO BRANCO & VILLAS BÔAS, 1997; DIAS et al., 2004). No inverno a mortalidade natural é elevada, devido às temperaturas baixas e as chuvas frequentes (em locais que ocorrem), tendo o seu desenvolvimento favorecido pela seca e temperaturas moderadas (SILVA JÚNIOR, 1987). A temperatura é uma importante força motriz na taxa de crescimento populacional (TAYLOR, 1979) e desenvolvimento de artrópodes (LAMB, 1992). Em geral, o desenvolvimento de insetos é extremamente inibido pela temperatura acima da ideal (DENLINGER & YOCUM, 1998) e a sobrevivência tende a ser reduzida em temperaturas extremas (ASANTE et al., 1991; SHANOWER et al., 1993). É considerada um elemento climático de grande importância, pois afeta diretamente a biologia dos insetos, em função das suas necessidades térmicas, resultando numa maior ou menor densidade populacional (VACARI et al., 2005), ou seja, ela é um fator regulador das atividades biológicas dos insetos. A faixa de temperatura ideal está relacionada com aquela prevalente nos locais onde o inseto vive, entretanto, populações diferentes podem ter exigências térmicas diferentes (ANDREWARTHA & BIRCH, 1954). Temperatura e umidade relativa estão entre os fatores abióticos mais importantes que afetam a biologia de P. xylostella. Algumas pesquisas mostram que temperaturas extremas e condições de baixa umidade são estresses ambientais que 3 podem resultar em morte da praga (DAVID et al., 1983). Diversos estudos de dinâmica populacional da traça-das-crucíferas foram realizados em diferentes regiões, tais como: LIU et al. (2002), FRANCISCO et al. (2006), dentre outros. E uma compreensão da fenologia da planta e dinâmica da população de espécies são essenciais para esses estudos. Os efeitos da temperatura sobre o desenvolvimento e reprodução desta praga foram estudados por CHUNG et al. (1989), LIU et al. (2002) e GOLIZADEH et al. (2007). Um desses trabalhos determinou que temperaturas maiores que 33ºC afetaram a produção de ovos e o desenvolvimento de larvas de P. xylostella (SHIRAI, 2000). Para Drosophila melanogaster Meigen, 1830 (Diptera: Drosophilidae) o tempo de desenvolvimento de pupa diminuiu conforme a temperatura aumentou, e as taxas de sobrevivência e desenvolvimento pupal foram acelerados com níveis maiores de umidade relativa do ar (ALSAFFAR et al., 1996). GOLIZADEH et al. (2007) relataram que a temperatura afeta significativamente o desenvolvimento larval de P. xylostella, que diminuiu com o aumento da temperatura, sendo, o tempo de desenvolvimento menor em repolho que em couve-flor. A taxa de desenvolvimento em relação à temperatura desempenha um papel essencial no manejo de pragas, especialmente para ajudar a prever o tempo de desenvolvimento de pragas e inimigos naturais em situações de campo (LAMB, 1992; ROY et al., 2002). O conhecimento das exigências térmicas dos insetos permite prever e controlar a sua produção em laboratório (PARRA, 1997), bem como determinar a temperatura ótima para seu desenvolvimento e estimar o número de gerações para determinada área produtora (PRATISSOLI & PARRA, 2000). Para o controle de pragas tornam-se necessários estudos preliminares em laboratório, onde sejam criadas condições para se obter o maior número de indivíduos e de aumentar o tempo de manutenção dos mesmos em laboratório, com redução do tempo gasto para tal, o que facilita pesquisas que visam a implantação de táticas de controle. Relatos de pesquisas mencionando o armazenamento de formas biológicas de insetos em baixas temperaturas são raros e a maioria restritos a inimigos naturais, como: Trissolcus basalis Wollaston, 1858 (Hymenoptera: Scelionidae) e Telenomus podisi Ashmead, 1893 (Hymenoptera: Scelionidae) (FOERSTER & NAKAMA, 2002). 4 A possibilidade de usar o armazenamento em baixas temperaturas, como auxílio à criações massais, foi observado há mais de 60 anos e sua implementação coincidiu com a chegada da refrigeração (KING, 1934; SCHREAD & GARMAN, 1934; HANNA, 1935). Consequentemente, o uso de baixas temperaturas provou ser uma ferramenta viável para utilização nas produções massais de insetos e na sua entrega para liberações em campo. Pesquisas importantes foram realizadas para o uso de armazenamento a frio com o objetivo de aumentar a utilidade e economia da criação em uma efetiva produção para biocontrole (LEOPOLD, 1998). O armazenamento em baixas temperaturas é uma importante ferramenta no processo de criação massal, por possibilitar a manutenção de colônias de criações menores, facilitar o transporte desse material e favorecer a manutenção de um suprimento estoque das diferentes fases de desenvolvimento do inseto. Essa técnica pode assegurar o ciclo de produção do inseto em laboratório (ALBERGARIA et al., 2005), de modo se dispor de população para a realização de estudos básicos até mesmo durante períodos do ano em que, sob condições naturais, não seria possível (PARRA, 1992); como observado em estudos feitos em Ithaca, New York, onde não foram coletadas traça-das-crucíferas nos meses de inverno nos anos de 1990 e 1991 devido à impossibilidade de se cultivar brassicáceas no verão (TALEKAR & SHELTON,1993). Na literatura são encontrados alguns relatos sobre a utilização de baixas temperaturas em criações de insetos. A viabilidade dos ovos de Bemisia argentifolii (Bellows and Perring, 1994) (Homoptera: Aleyrodidae) armazenados a 10°C, por um período de 3 a 28 dias, por exemplo, variou de 94 a 56%, respectivamente (LACEY et al., 1999). Ovos de Otiorhynchus ovatus (Linnaeus, 1758) (Coleoptera: Curculionidae) podem ser estocados a 4°C por até quatro semanas com viabilidade maior que 60% (FISHER & EDWARDS, 2002). Para outros coleópteros como Diabrotica undecimpunctata (Mannerheim, 1843) (Coleoptera: Chrysomelidae), os ovos podem ser armazenados a 15°C durante três semanas sem comprometer a eclosão das larvas (JACKSON et al., 1995). Sendo assim, o armazenamento em baixa temperatura é importante para o processo de criação massal, bem como na utilização de inimigos 5 naturais em programas de controle de pragas, como observado por RODRIGUES et al. (2003) armazenando múmias de Schizaphis graminum (Rondani, 1852) (Hemiptera: Aphididae) parasitadas por Lysiphlebus testaceipes (Cresson, 1880) (Hymenoptera: Aphidiinae) e SAGARRA et al. (2000) armazenando em baixas temperaturas Anagyrus kamali (Moursi, 1948) (Hymenoptera: Encyrtidae). O processo de armazenamento de predadores, por exemplo, traz benefícios como a reserva de insetos para liberação no campo no momento mais oportuno, além de promover maior flexibilidade na produção massal (ABDEL-SALAM & ABDEL-BAKY, 2000), além de facilitar o planejamento dos processos de criação, embalagem e transporte de parasitóides do laboratório para o local de liberação (RODRIGUES et al., 2003). Adultos de T. basalis e T. podisi tiveram longevidade de cerca de cinco meses quando as pupas foram armazenadas a 15ºC por 140 dias, um dia antes da data prevista para a emergência. (FOERSTER & NAKAMA, 2002). A longevidade dos adultos foi maior a 15°C, quando as pupas foram transferidas para esta temperatura no final do estágio pupal (FOERSTER et al., 2004). Para o parasitóide Telenomus remus (Nixon, 1937) (Hymenoptera: Scelionidae), o armazenamento por sete dias a 10°C, em ovos de Spodoptera litura (Fabricius, 1775) (Lepidoptera: Noctuidae), não afetou a eficiência dos adultos emergidos; entretanto, por 16 dias em 5°C ou 15°C causou reduções significativas na emergência dos adultos (GAUTAM, 1986). Não ocorreu emergência de Diadegma insulare (Cresson, 1989) (Hymenoptera: Ichneumonidae) após 49 dias de armazenamento a 4°C. A emergência mais elevada, de 82%, foi obtida com larvas armazenadas por 14 dias à 4°C, sendo 92% para as larvas que não foram armazenadas em baixa temperatura (OKINE et al., 1996). O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de baixas temperaturas no desenvolvimento de P. xylostella visando viabilizar o armazenamento de ovos, lagartas e pupas, para facilitar o manejo da criação em laboratório. 6 REFERÊNCIAS ABDEL-SALAM, A. H.; ABDEL-BAKY, N. F. Possible storage of Coccinella undecimpunctata (Coleoptera: Coccinellidae) under low temperature and its effect on some biological characteristics. Journal of Applied Entomology, Berlin, v. 124, n. 1, p. 169-176, 2000. ALBERGARIA, N. M. M. S.; DÓRIA, H. O. S.; OTUKA, A. K.; DE BORTOLI, S. A.; ARTHUR, V. Efeito do armazenamento na viabilidade de ovos de Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae). Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 72, n. 2 (supl.), p. 64, 2005. ALSAFFAR, Z. Y.; GRAINGER, J. N. R.; ALDRICH, J. Temperature and humidity affecting development, survival and weight loss of the pupal stage of Drosophila melanogaster and the influence of alternating temperature on the larvae. 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CAPÍTULO 2 – ARMAZENAMENTO DE OVOS DE Plutella xylostella (LINNAEUS, 1758) (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) EM DIFERENTES TEMPERATURAS E PERÍODOS DE EXPOSIÇÃO RESUMO - O objetivo deste capítulo foi avaliar a influência de diferentes temperaturas e períodos de exposição no desenvolvimento de Plutella xylostella para viabilizar o armazenamento de ovos e facilitar o manejo da criação em laboratório. Os tratamentos utilizados foram: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de armazenamento, nas temperaturas de 3, 5, 8, 10 e 12°C, sendo “0” a testemunha, mantida em 25±1°C, 70±10% UR e 12 horas de fotofase. As características biológicas avaliadas foram: viabilidade dos ovos armazenados, viabilidade e duração larval, viabilidade e duração pupal, longevidade de machos e fêmeas, razão sexual, fecundidade e viabilidade dos ovos. Com os dados obtidos foi feito uma análise fatorial multivariada através do Statistica versão 7.0, que condensa a informação contida em um determinado número de variáveis originais em um conjunto menor, os fatores, com uma perda mínima de informação. O Fator 1 da análise representa o máximo de variabilidade possível contida nas amostras e agrupou as variáveis viabilidade de ovos e duração larval, mostrando que quanto maior é a viabilidade menor é a duração larval. Já o Fator 3 mostrou que quanto maior o tempo de exposição em baixas temperaturas menor é o número de fêmeas. Na fase adulta a fecundidade e a viabilidade dos ovos mantiveram uma dependência, quando um aumentou o outro também aumentou. Com o aumento do tempo de armazenamento o número de ovos foi reduzido, principalmente na temperatura de 3ºC. Os ovos estocados por mais de 20 dias na temperatura de 3ºC apresentaram redução na viabilidade. Portanto, o armazenamento de ovos de P. xylostella realizado por até 15 dias a 8ºC não afeta a biologia do inseto pós-armazenamento e prolonga o ciclo de uma geração em 15 dias. Palavras-chave: traça-das-crucíferas, criação massal, tempo de exposição 14 1. INTRODUÇÃO A traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L., 1758) (Lepidoptera: Plutellidae), tem ampla distribuição no mundo (CASTELO BRANCO & VILLAS BOAS, 1997) e é considerada a praga mais importante das brassicáceas (FRANÇA & MEDEIROS, 1998; CASTELO BRANCO & GATEHOUSE, 2001). No estado de São Paulo causa danos variáveis e podem ocasionar perdas de até 60% na produção de repolho (IMENES et al., 2002). Os maiores danos causados por P. xylostella ocorrem na fase larval, onde após a eclosão a lagarta penetra nas folhas, nesta fase o controle é dificultado, pois “protegida” a lagarta se alimenta do parênquima foliar. Após esse período a lagarta passa a consumir a superfície foliar de repolho, couve, couve-flor e couve-brócolis (MEDEIROS, 2004). Em ataques severos podem inviabilizar as áreas de cultivo de couve-flor (MORATÓ, 2000). BARROS et al. (1993) relataram que existe relação direta entre o desenvolvimento fenológico da cultura de repolho e o aumento dos danos ocasionados pela traça-das-crucíferas, os quais, podem ser irreversíveis, e que medidas de controle, se necessárias, devem ser adotadas ainda no início da formação de cabeças. O controle é realizado basicamente com emprego de agrotóxicos que podem ser prejudiciais ao ambiente, aos animais e até mesmo ao homem. O ciclo de P. xylostella é muito influenciado pela temperatura, pode variar de 15 a 35 dias, dependendo da temperatura e da região de ocorrência (MONNERAT, 1995). Na temperatura de 15oC, o ciclo de vida de ovo a adulto foi em média 27 dias, sendo seis dias de incubação dos ovos, 14 dias de período larval e sete dias de período pupal e nesta temperatura, poderia haver 14 gerações/ano; a 26oC, o ciclo de vida foi de 11 dias, em média, com dois dias de incubação dos ovos, seis dias de desenvolvimento larval e três dias de período pupal, com 30 gerações/ano (HO, 1965). A temperatura é um fator climático crítico que tem profundos efeitos sobre artrópodes e influencia a atividade sazonal e a dinâmica populacional de insetos, além de definir os limites de suas atividades biológicas (HUFFAKER et al., 1999; ROY et al., 15 2002). Os efeitos da temperatura podem ser descritos pela função da taxa específica da temperatura para a reprodução, sobrevivência, crescimento da população e desenvolvimento (JERVIS & COPLAND, 1996). A temperatura também atua como condutor dos processos de vida de insetos, onde dentro de um intervalo específico, mudanças na temperatura podem resultar em aumento ou diminuição da taxa de um determinado processo biológico (COSSINS & BOWLER, 1987). A influência da temperatura nas reações bioquímicas e consequente atividade de insetos pode aumentar ou limitar a eficácia das táticas do manejo integrado de pragas (MIP). Alimentação, dispersão e a fecundidade de artrópodes pragas e seus inimigos naturais geralmente oscilam na faixa de temperatura de 10 a 40°C, embora essa variação possa levar a uma ampla gama de resultados. O conhecimento da adaptação dos insetos para condições climáticas desempenha papel crucial no manejo de pragas através da previsão do tempo de reprodução, desenvolvimento e dormência ou migração (NECHOLS et al., 1999; ROY et al., 2002). O conhecimento preciso da relação entre temperatura, desenvolvimento e reprodução é importante em estudos de dinâmica de populações. A exposição prolongada a uma temperatura prevalente pode alterar o comportamento de um inseto. MYERS & SABATH (1981) relataram que a temperatura limite para emergência de adultos de Tyria jacobaeae (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Arctiidae) foi alterada depois de 17 gerações de exposição a temperaturas mais baixas no laboratório. Para o controle de pragas são necessários estudos preliminares em laboratório, onde sejam criadas condições para se obter o número máximo de indivíduos e se aumentar o tempo de manutenção dos mesmos em laboratório, com redução do tempo gasto para tal, o que facilita pesquisas que visam a implantação de táticas de controle. Relatos de pesquisas mencionando o armazenamento de formas biológicas de insetos em baixas temperaturas são raros e a maioria restritos a inimigos naturais (FOERSTER & NAKAMA, 2002; RODRIGUES et al. 2003; SAGARRA et al. 2000). O uso de baixas temperaturas provou ser um recurso viável de utilização nas produções massais de insetos e na sua entrega para liberação em campo. Pesquisas 16 importantes foram realizadas para o uso de armazenamento a frio com o objetivo de aumentar a utilidade e economia da criação em uma efetiva produção para biocontrole utilizando inimigos naturais (LEOPOLD, 1998). Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes temperaturas e períodos de exposição no desenvolvimento de P. xylostella, para viabilizar o armazenamento de ovos para facilitar o manejo da criação em laboratório. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os ovos de P. xylostella foram provenientes da criação estoque do Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI), FCAV-Unesp (Figura 1), onde também foi realizado o experimento. Os tratamentos utilizados foram: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de armazenamento, nas temperaturas de 3, 5, 8, 10 e 12°C. Com 30 dias de armazenamento a 4 e 6oC 80% dos ovos foram inviáveis (LIU et al., 2002). A testemunha “0” foi mantida em sala climatizada com temperatura de 25±1ºC, UR de 70±10% e fotofase de 12 horas. Cada tratamento constituíu-se de 500 ovos que foram obtidos entre 0 a 12 horas após a oviposição, com 5 repetições de 100 ovos cada. Os ovos foram colados, com o auxílio de um pincel no 0 de cerdas finas e macias, em cartelas de papel quadriculado (um ovo por área de 0,4 x 0,5 cm), totalizando 100 ovos, que foram acondicionados em placas de Petri com diâmetro de 14 cm, cujo fundo continha papel filtro umedecido na mesma medida da placa para evitar o dessecamento dos ovos. Essas placas foram devidamente identificadas, vedadas com filme de PVC e expostas aos respectivos tratamentos. 17 Figura 1. Esquema de criação da traça-das-crucíferas, baseado na metodologia desenvolvida por Barros (1998) e adaptada para o Laboratório de Biologia e Criação de Insetos da UNESP, Jaboticabal (THULER, 2006). Após o período de exposição dos ovos nas diferentes temperaturas, as lagartas eclodidas foram transferidas com o auxílio de um pincel no 0 de cerdas finas e macias, para recipientes plásticos transparentes d 25 x 15 x 12 cm, onde foi oferecido diariamente folhas de couve para alimentação das lagartas. Os recipientes foram mantidos em sala climatizada (25±1ºC, UR de 70±10% e fotofase de 12 horas) até a formação das pupas, que foram coletadas com o auxílio de um pincel de pelos finos e individualizadas em placas ELISA®, as quais foram vedadas com filme de PVC, devidamente identificadas e observadas diariamente, até a emergência dos adultos. Dos adultos que emergiram, foi retirada uma amostra (quando possível) de 10 casais por tratamento, que foram separados em 5 gaiolas redondas (potes plásticos de 1 Kg) (Figura 2) que continha na parte superior da gaiola um furo de 3 cm de diâmetro para a liberação e alimentação dos adultos por meio de uma esponja de espuma embebida em solução de mel a 10%; na lateral da gaiola havia uma abertura retangular 18 de 10 x 5 cm, onde foi colado um tecido tipo “voil” para aeração. Na parte inferior da gaiola foi colocado um copo plástico de 250 ml com a boca voltada para baixo, e no fundo deste copo colocou-se um disco de couve de 8 cm de diâmetro para a oviposição, que foi trocado diariamente durante quatro dias. Figura 2. Gaiola de adultos de Plutella xylostella. Durante quatro dias quantificado o número de ovos e a viabilidade; após este período foi cessada a contabilização; segundo Thuler (2009), após quatro dias as fêmeas ovipositam número maior de ovos inviáveis. Os adultos foram observados diariamente até a morte. Para a avaliação da viabilidade dos ovos e período de incubação foi retirada uma amostra de 100 ovos por tratamento. Foi utilizada a metodologia supracitada para a obtenção dos adultos. Neste experimento, as placas de Petri também foram avaliadas diariamente. 19 Na fase adulta foram determinadas as características biológicas: razão sexual, longevidade de machos e fêmeas e fecundidade. Os dados de longevidade de machos e fêmeas foram transformados em log x. A análise fatorial é uma técnica exploratória multivariada empregada para investigar a estrutura de variáveis contida num conjunto de dados buscando condensar a variabilidade original em novas variáveis denominadas de fatores. Dentre as diversas técnicas disponíveis para a extração de fatores, utilizou-se a extração por componentes principais (SEAL, 1964; JEFFERS, 1978), calculado a partir da matriz de correlação entre variáveis. O primeiro fator extraído dessa matriz é a combinação linear das variáveis originais, que representa o máximo de variabilidade possível contida nas amostras. O segundo fator é a segunda função linear das variáveis originais, que responde pela maior parte da variabilidade restante, e assim por diante. Os fatores são independentes entre si, não têm unidades e são variáveis padronizadas (Distribuição normal, média = 0 e variância = 1). Os coeficientes das funções lineares que definem os fatores são usados para interpretar o seu significado, utilizando o sinal e o valor relativo dos coeficientes como uma indicação do peso a ser atribuído a cada variável. O efeito da temperatura, período de exposição e sua interação sobre cada variável original e fator extraído foi testado pelo General Linear Model (GLM), utilizado como análise de variância (ANOVA). As diferenças significativas entre os níveis dos efeitos principais (temperatura e período de exposição) foram comparados pelo teste de Fisher (LSD). As análises foram processadas no programa Statística versão 10 (STATSOFT INC., 2011). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A presença de ovos inviáveis é um dos efeitos comuns que aparecem quando os ovos de P. xylostella se desenvolvem em condições adversas de certos fatores abióticos como a temperatura, fotoperíodo e umidade relativa. Neste trabalho, o 20 tratamento com 30 dias de armazenamento a 3oC foi descartado das análises, pois os ovos de P. xylostella foram todos inviáveis, impedindo a continuidade da experimentação e impossibilitando a realização das análise, mesmo que as outras temperaturas apresentaram ovos viáveis com 30 dias de armazenamento. Ovos de Ophyra aenescens Wiedemann, 1830 (Diptera: Muscidae) foram inviáveis quando armazenados a 5ºC por quatro dias (RIBEIRO et al., 2000), assim como ovos de Podisus nigrispinus (Dallas, 1851) (Hemiptera: Pentatomidae) mantidos a 13°C por 17 dias (VACARI et al., 2006). Este fato pode ter ocorrido devido ao longo tempo de exposição a baixas temperaturas e o embrião pode ter consumido toda a sua reserva a ponto de acabar morrendo corroborando com HUFFAKER (1944). Três fatores foram responsáveis por 69% da variabilidade dos dados globais e a ANOVA aplicada indicou efeito significativo do período de exposição e não significativo da interação temperatura x período de exposição (Tabela 1). O efeito da temperatura só foi significativa para o Fator 1 da fase jovem do inseto que agrupou as variáveis: viabilidade de ovos e duração larval; para os demais fatores apresentou-se não significativa (Tabela 1). O primeiro fator da fase imatura do inseto (F1 potencializou viabilidade de ovos e duração larval) mostrou a fase inicial do desenvolvimento do inseto e foi responsável por 27% da variabilidade dos dados. Este fator mostrou correlação com as variáveis: viabilidade dos ovos (VO) e duração larval (DL). Na Tabela 1 nota-se sinais contrários das correlações dessas duas variáveis indicando que quanto maior a viabilidade dos ovos menor a duração larval. O Fator 1 (F1) refletiu dois tipos de processos que são negativamente correlacionados: por um lado, a duração larval das lagartas oriundas dos ovos armazenados nas baixas temperaturas foi relativamente elevada nas temperaturas de 3, 5 e 8oC e reduzida nas temperaturas de 10 e 12oC devido ao aumento da temperatura que favorece o desenvolvimento mais acelerado do inseto; por outro lado, a viabilidade dos ovos cresceu com o aumento da temperatura (Figura 3). LIU et al. (2002) trabalhando com P. xylostella nas temperaturas de 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34 e 36oC, também observaram diminuição da duração larval de 52 dias a 8oC para seis dias a 36oC. A viabilidade de ovos de Orius 21 thyestes Herring, 1966 (Hemiptera: Anthocoridae) aumentou de 70 para 93% quando a temperatura cresceu de 19 para 28oC (CARVALHO et al., 2005). Tabela 1. Resultados da análise fatorial, ANOVA e teste de Fisher (LSD) para as características da fase imatura de Plutella xylostella durante os diferentes períodos de exposição em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). a Níveis de significância: *P=0,05, **P=0,01, ***P=0,001, ns=não significativo; r2: coeficiente de determinação; %SS: porcentagem do total da soma de quadrados; b Comparações múltiplas das médias: valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não são significativos ao nível de 0,05. a>b>..... c Coeficientes dos fatores em negrito foram utilizados para a interpretação. Fatores F1 F2 F3 Viabilidade de Ovos 0,837095c 0,015407 0,059221 Duração Larval -0,864310 0,159487 0,037004 Viabilidade das Lagartas 0,399093 -0,759776 -0,161397 Viabilidade Pupal -0,068697 -0,899095 0,112169 Duração Pupal 0,116154 0,006112 0,709227 Razão Sexual 0,087810 0,037392 -0,737996 Variância explicada (%) 27 24 18 Interpretação Viabilidade de ovos vs. duração larval Viabilidade Duração pupal vs. razão sexual Modelos da ANOVAa Significância *** *** *** r2 0,86 0,47 0,36 Fonte de variância Sign. %SS Sign. %SS Sign. %SS Temperatura 5,5*** 5,6ns 6,9 ns Período de exposição 82,4*** 45,9*** 24,3*** Temperatura x período de exposição 12,1ns 48,5ns 68,8 ns Comparações múltiplas das médias pela temperaturab 3oC b a a 5oC b a a 8oC b a a 10oC a a a 12oC a a a Comparações múltiplas das médias pelo período de exposiçãob 0 dias a a bc 5 dias b c ab 10 dias c b c 15 dias d b a 20 dias e b bc 25 dias e bc ab 22 Figura 3. Média dos escores de F1 que correlaciona as variáveis: viabilidade de ovos (VO) e duração larval (DL) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). Quanto menor o tempo de exposição, maior a viabilidade dos ovos e menor a duração larval (Figura 4). Ovos de P. xylostella armazenados a 4 e 6oC apresentaram viabilidade reduzida de 100 para 25% com o aumento do tempo de armazenamento de 0 a 35 dias (LIU et al., 2002). A razão para essa relação pode ser explicada pelo gasto de energia do inseto para manter a temperatura corporal e também pela diminuição do consumo e do acúmulo de reservas, pois quanto maior o tempo de exposição dos nas baixas temperaturas maior é o gasto de energia e menor é o consumo das lagartas oriundas dos ovos armazenados, até ao ponto de não conseguirem mais se desenvolver. VO = 61,3% DL = 24,5 dias VO = 64,3% DL = 24,6 dias VO = 69,1% DL = 21,1 dias VO = 73,0% DL = 22,5 dias VO = 60,8% DL = 24,1 dias 23 Figura 4. Média dos escores de F1 que correlaciona as variáveis: viabilidade de ovos (VO) e duração larval (DL) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). Os resíduos da análise de variância para F1 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. A interação temperatura x período de exposição não foi significativa para o mesmo fator (Tabela 1). O segundo fator da fase imatura de P. xylostella (F2 potencializou as viabilidades) reflete a importância da viabilidade larval (VL) e pupal (VP). Representa 24% da variabilidade remanescente e apresentou correlação com as viabilidades pupal e larval. As duas viabilidades pupal e larval apresentaram sinais iguais indicando que à medida que uma diminui a outra também diminui e vice-versa (Tabela 1). Para F2 o efeito da temperatura não foi significativo (Tabela 1), (Figura 5); o aumento do tempo de exposição dos ovos reduziu a viabilidade das lagartas de 90,3% (testemunha) a 41,2% (25 dias) (Figura 6). Temperaturas baixas podem influenciar no processo metabólico do inseto produzindo substâncias inadequadas para a eclosão das lagartas (HOWE, 1967). A interação temperatura x período de exposição para F2 não foi significativa e os resíduos da análise de variância para F2 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. VO = 85,6% DL = 12,6 dias VO = 76,1% DL = 17,1 dias VO = 69,4% DL = 21,0 dias VO = 52,7% DL = 25,3 dias VO = 51,1% DL = 30,2 dias VO = 59,3% DL = 34,0 dias 24 Figura 5. Média dos escores de F2 que correlaciona as viabilidades larval (VL) e pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). Figura 6. Média dos escores de F2 que correlaciona as viabilidades larval (VL) e pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). VL = 57,5% VP = 74,9% VL = 60,8% VP = 78,8% VL = 47,0% VP = 75,1% VL = 52,5% VP = 71,1% VL = 53,8% VP = 76,5% VL = 90,3% VP = 87,1% VL = 45,9% VP = 64,8% VL = 50,0% VP = 73,5% VL = 48,4% VP = 72,6% VL = 50,1% VP = 71,6% VL = 41,2% VP = 76,3% 25 O terceiro fator da fase imatura de P. xylostella (F3 potencializou duração pupal e razão sexual) reflete a importância da duração pupal e obtenção do número de fêmeas, que foi responsável por 18% da variabilidade remanescente. O Fator 3 (F3) se correlacionou com as variáveis: duração pupal (DP) e razão sexual (RS). Essas duas variáveis possuem sinais contrários indicando que, com o aumento da duração pupal há uma diminuição na razão sexual (Tabela 1). Este fator provavelmente está relacionado ao fato de longos tempos de exposição dos ovos às baixas temperaturas aumentarem a duração pupal das pupas oriundas destes ovos, influenciando assim, no número de fêmeas produzidas. Em baixas temperaturas, o inseto diminui sua taxa metabólica e desenvolvimento como forma de sobrevivência até que a temperatura adequada para o seu desenvolvimento retorne e, isto provavelmente fez com que a duração pupal tenha aumentado, como observado por TULISALO (1984) com crisopídeos. Pode ser que a determinação do sexo do inseto esteja relacionado com tempo em que o inseto permanece na fase de pupa. Neste caso, quanto maior o tempo de exposição, menor o número de fêmeas; dados obtidos por LIU et al. (2002), revelaram que machos de P. xylostella tem duração pupal maior que as fêmeas. O efeito da temperatura não foi significativo (Figura 7), mas o tempo de estocagem sim (Tabela 1). Observou-se que 10 e 15 dias de armazenamento diferem entre si e que 0, 5, 20 e 25 dias de armazenamento foram semelhantes (Figura 8) e conforme aumenta a duração pupal a razão sexual diminui; dados semelhantes ocorreram quando FOERSTER & NAKAMA (2002) armazenaram ovos de Nezara viridula Linnaeus, 1758 (Hemiptera: Pentatomidae) parasitado por Trissolcus basalis (Wollaston, 1858) (Hymenoptera: Scelionidae) a 15oC, os autores observaram redução na razão sexual de 0,92 a 25oC para zero a 15oC por 10 dias de estocagem. 26 Figura 7. Média dos escores de F3 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e razão sexual (RS) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). Figura 8. Média dos escores de F3 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e razão sexual (RS) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). DP = 3,8 dias RS = 0,50 DP = 3,8 dias RS = 0,42 DP = 3,9 dias RS = 0,49 DP = 4,0 dias RS = 0,46 DP = 3,9 dias RS = 0,47 DP = 3,9 dias RS = 0,49 DP = 3,8 dias RS = 0,38 DP = 3,6 dias RS = 0,46 DP = 4,0 dias RS = 0,47 DP = 3,6 dias RS = 0,47 DP = 3,9 dias RS = 0,50 27 A interação temperatura x período de exposição não foi significativa para F3 (Tabela 1) e os resíduos da análise de variância para F3 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. Dois fatores são responsáveis por 28% da variabilidade dos dados globais (Tabela 2). Tabela 2. Resultados da análise fatorial, ANOVA e teste de Fisher (LSD) para as características da fase adulta de Plutella xylostella durante os diferentes períodos de exposição nas diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). a Níveis de significância: *P=0,05, **P=0,01, ***P=0,001, ns=não significativo; r2: coeficiente de determinação; %SS: porcentagem do total da soma de quadrados; b Comparações múltiplas das médias: valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não são significativos ao nível de 0,05. a>b>..... c Coeficientes dos fatores em negrito foram utilizados para a interpretação. Fatores AF1 AF2 Longevidade de Machos 0,862763c -0,076111 Longevidade de Fêmeas 0,749600 0,325417 Número de ovos/Fêmea 0,230811 0,759625 Viabilidade de Ovos -0,053088 0,820177 Variância explicada (%) 14 14 Interpretação Longevidade Fertilidade Modelos da ANOVAa Significância *** *** r2 0,47 0,61 Fonte de variância Sign. %SS Sign. %SS Temperatura 9,1*** 18,1*** Período de exposição 38,9*** 48,9*** Temperatura x período de exposição 52,0*** 33,0*** Comparações múltiplas das médias pela temperaturab 3oC b c 5oC a bc 8oC a a 10oC ab b 12oC a a Comparações múltiplas das médias pelo período de exposiçãob 0 dias b a 5 dias cd c 10 dias d bc 15 dias bc a 20 dias bc b 25 dias a bc 28 O primeiro fator da fase adulta de P. xylostella (AF1 potencializou a longevidade) reflete a importância da longevidade do inseto. Representa 14% da variabilidade dos dados, e apresentou correlação com as longevidades de machos (LM) e fêmeas (LF). As longevidades de machos e fêmeas apresentaram sinais iguais indicando que à medida que uma diminui a outra também diminui e vice-versa (Tabela 2). A menor longevidade dos adultos foi obtida a 3oC e conforme há um incremento na temperatura há um aumento na longevidade (Figura 9). O AF1 mostra que temperaturas muito abaixo da ideal podem influenciar no processo fisiológico e bioquímico do inseto, resultando em um aumento ou diminuição das taxas de açúcares, ésteres, aminoácidos, proteínas, etc que podem reduzir a longevidade (HOWE, 1967). Figura 9. Média dos escores de AF1 que correlaciona as variáveis: longevidade de machos (LM) e longevidade de fêmeas (LF) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). A maior longevidade dos adultos foi obtida com 25 dias de exposição, seguida da testemunha (0 dias) e as menores longevidades com cinco e 10 dias de exposição (Figura 10). Provavelmente, o intervalo de cinco a 10 dias de exposição dos ovos às baixas temperaturas, é onde ocorrem mudanças de adaptações no processo LM = 10,9 dias LF = 9,8 dias LM = 10,0 dias LF = 9,1 dias LM = 12,0 dias LF = 10,1 dias LM = 9,8 dias LF = 8,9 dias LM = 10,9 dias LF = 9,5 dias 29 metabólico do inseto, o que reduz a longevidade dos adultos oriundos destes ovos expostos neste intervalo; após este período os insetos podem ser mais resistentes às baixas temperaturas. LINS et al. (2002) não detectaram efeitos negativos para a longevidade de adultos de P. xylostella decorrentes da estocagem de pupas a 5ºC nos tempos de 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21 dias. A população de P. xylostella utilizada pode ter características genéticas diferentes, levando a uma maior resistência as temperaturas baixas, tal fato pode explicar porque os autores não encontraram diferença na longevidade. Figura 10. Média dos escores de AF1 que correlaciona as variáveis: longevidade de machos (LM) e longevidade de fêmeas (LF) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). O efeito da interação mostra que com 25 dias de exposição os machos e fêmeas P. xylostella tem comportamento diferente para estas duas variáveis que os demais períodos (Figura 11). Com 25 dias de armazenamento as longevidades de machos e fêmeas oriundos do armazenamento de ovos são maiores nas temperaturas de 3 e 5oC (14,8; 14,7 dias e 18,6; 12,7 dias, respectivamente); a partir deste ponto, com o aumento da temperatura a longevidade começa a reduzir até 9,7 e 7,5 dias machos e LM = 11,1 dias LF = 9,8 dias LM = 9,9 dias LF = 10,4 dias LM = 9,4 dias LF = 8,2 dias LM = 11,1 dias LF = 9,5 dias LM = 8,3 dias LF = 7,8 dias LM = 14,2 dias LF = 10,9 dias 30 fêmeas, respectivamente, a 12oC. Provavelmente, os insetos quando submetidos a este tempo de exposição em temperaturas muito abaixo da ideal, perdeu ou adquiriu alguma substância, como aminoácidos e enzimas ou a presença de glicerol e sorbitol no lugar de glicogênio que se forma no processo metabólico e isto faz com que sobreviva por mais tempo (SOMME, 1965). Os resíduos da análise de variância para AF1 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. Figura 11. Variação nas temperaturas da média dos escores de AF1 que correlaciona as variáveis: longevidade de machos (LM) e longevidade de fêmeas (LF) de Plutella xylostella com efeito significativo temperatura x período de exposição em função dos diferentes tempos de armazenamento (Jaboticabal, 2010). O segundo fator da fase adulta de P. xylostella (AF2 potencializou a fertilidade) reflete a importância da fertilidade das fêmeas e é responsável por 14% da variabilidade remanescente. O AF2 correlacionou com as variáveis: número de ovos por fêmea (NO) e viabilidade (VO). As duas variáveis apresentam sinais iguais indicando que à medida que uma diminui a outra também diminui e vice-versa (Tabela 2). A menor fertilidade das fêmeas oriundas do armazenamento de ovos foi obtida na 31 temperatura de 3oC; 8 e 12oC foram as temperaturas que proporcionaram maior número de ovos com viabilidades suoeriores a 90% (Figura 12). Figura 12. Média dos escores de AF2 que correlaciona as variáveis: número de ovos por fêmea (NO) e viabilidade de ovos (VO) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). A maior fertilidade das fêmeas de P. xylostella foi obtida na testemunha (0 dias) e 15 dias de exposição e, a menor, com cinco dias de exposição; a partir deste ponto a fertilidade volta a crescer até 15 dias de exposição e daí em diante torna a diminuir (Figura 13). Provavelmente, nas baixas temperaturas, cinco dias de exposição é o intervalo onde ocorrem às mudanças de adaptações no processo metabólico do inseto, o que reduz sua fertilidade neste intervalo, após este tempo os insetos começam a mostrar resistência as baixas temperaturas, por um período máximo de exposição de até 15 dias, quando a fertilidade da fêmea não foi afetada em comparação com a testemunha. Aumento no tempo de exposição, após 15 dias, à baixas temperaturas diminui a fertilidade das fêmeas (Figura 13). NO=121,6 ovos VO = 87,0% NO = 159,7 ovos VO = 92,9% NO = 149,4 ovos VO = 88,9% NO = 137,2 ovos VO = 90,0% NO = 167,5 ovos VO = 92,0% 32 LINS et al. (2002) relataram que não houve influência do tempo de armazenamento na fecundidade das fêmeas quando pupas de P. xylostella foram armazenadas a 5ºC por 3, 6, 9, 12, 18 e 21 dias. Os resultados contrastantes encontrados com este trabalho pode ser pelas populações serem criadas em ambientes diferentes, uma vez que trabalharam com indivíduos criados em temperaturas de 26±2ºC, umidade relativa de 70% e fotofase de 14h, enquanto os indivíduos utilizados neste trabalho foram criados em temperatura de 25±1ºC, umidade relativa de 70% e fotofase de 12h. Pode ser também que o fato da divergência seja a diferença entre as gerações trabalhadas dentro das populações em experimentação e também as populações de P. xylostella podem ter características genéticas diferentes, uma vez que a população utilizada neste trabalho é do sudeste e a utilizada por LINS et al. (2002) do nordeste. Figura 13. Média dos escores de AF2 que correlaciona as variáveis: número de ovos por fêmea (NO) e viabilidade de ovos (VO) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). O efeito da interação mostra que com 5 e 25 dias de exposição P. xylostella tem comportamento diferente para as variáveis número de ovos e viabilidade de ovos que NO=143,4 ovos VO = 86,7% NO=163,4 ovos VO = 94,3% NO=110,1 ovos VO = 86,8% NO=175,6 ovos VO = 95,8% NO=138,6 ovos VO = 86,2% NO= 145,3 ovos VO = 89,6% 33 os demais períodos (Figura 14). Com 25 dias de armazenamento o número de ovos por fêmea cresceu com o aumento da temperatura. Apesar da longevidade das fêmeas ter sido menor nas temperaturas de 10 e 12oC, o número de ovos e a viabilidade foram maiores (142,1 ovos e 92%, 173,9 ovos e 93%, respectivamente). Com cinco dias de exposição percebe-se uma oscilação na fertilidade das fêmeas dependendo da temperatura, provavelmente este tempo de exposição é quando ocorrem as mudanças adaptativas do inseto a baixas temperaturas. A taxa de desenvolvimento de um inseto é primariamente dependente da temperatura (DENT, 1997), portanto, de acordo com a temperatura em que foram armazenados os ovos, a fêmea oriunda dos mesmos pode ter um desempenho melhor ou pior para fertilidade. Figura 14. Variação nas temperaturas da média dos escores de AF2 que correlaciona as variáveis: número de ovos por fêmea (NO) e viabilidade de ovos (VO) de Plutella xylostella com efeito significativo temperatura x período de exposição em função dos diferentes tempos de armazenamento (Jaboticabal, 2010). Os resíduos da análise de variância para AF2 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. 34 4. CONCLUSÃO O armazenamento de ovos de P. xylostella pode ser realizado por 15 dias a 8ºC, sem prejuízos para o inseto, o que pode alongar 15 dias o ciclo de uma geração. 5. REFERÊNCIAS BARROS, R.; ALBERT JÚNIOR, I. B.; OLIVEIRA, A. J.; SOUZA, A. C. F. 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As características biológicas avaliadas foram: duração larval, viabilidade e duração pupal, longevidade de machos e fêmeas, razão sexual, fecundidade e viabilidade dos ovos. A mortalidade de indivíduos é um dos efeitos comuns que aparecem quando os insetos se desenvolvem em condições adversas de certos fatores abióticos como a temperatura, fotoperíodo e umidade relativa e biótica como a alimentação. Neste trabalho, os tratamentos com 30 dias de armazenamento foram descartados das análises das lagartas de 1º e 2º ínstar armazenadas, quando ocorreu 100% de mortalidade, nas temperaturas de 8, 12 e 16ºC o que impediu a continuidade da experimentação e impossibilitou a realização das análises. O armazenamento de lagartas de 1° ínstar de P. xylostella pode ser realizado por até 10 dias a 20ºC sem que ocorram perdas consideráveis nas características biológicas de P. xylostella; as de 2° ínstar podem ser armazenadas por até 15 dias a 16ºC; as de 3º ínstar por até 20 dias a 20ºC e as de 4º ínstar por até cinco dias a 20ºC. Acima destes períodos e abaixo dessas temperaturas o número de ovos por fêmea é muito reduzido. Palavras-chave: traça-das-crucíferas, biologia de insetos, tempo de desenvolvimento, sobrevivência, temperatura 41 1. INTRODUÇÃO A traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L., 1758) (Lepidoptera: Plutellidae) é considerada a praga de maior importância na cultura das brassicáceas no Brasil e no mundo, devido aos sérios danos causados às plantas, o que ocasiona grandes perdas nos campos de produção (CASTELO BRANCO & FRANÇA, 2001). Esta importância é devido, principalmente, a seu ciclo de vida curto, alto potencial reprodutivo e grande número anual de gerações (ULMER et al., 2002). De acordo com TALEKAR & SHELTON (1993), o custo do manejo de P. xylostella no mundo é estimado em mais de um bilhão de dólares por ano. Algumas das dificuldades encontradas para o controle de P. xylostella se devem à coexistência de áreas de cultivo de diferentes idades, durante todo o ano, o que proporciona quantidade abundante e contínua de alimento (IMENES et al., 2002). Para contornar os danos causados pela traça, o método de controle mais utilizado ainda é o químico, por ser considerado rápido e eficiente na redução populacional dessa praga (CASTELO BRANCO & AMARAL, 2002). No entanto, tal prática não tem apresentado bons resultados ao longo dos anos, uma vez que, em alguns casos, aplicações de inseticidas, em até três vezes por semana, não reduziram os danos da traça (CASTELO BRANCO et al., 2001). O controle químico utilizado desordenadamente tem conduzido à seleção de populações resistentes e seu uso contínuo, em grandes quantidades pode causar danos ao ambiente e intoxicação ao homem (CHEN et al., 1996; SOUZA & REIS, 1986). Estudos a respeito de criações massais da traça-das-crucíferas em laboratório são primordiais para que se possam realizar pesquisas sobre métodos de controle menos agressivos ao meio ambiente. O conhecimento preciso da relação de baixas temperaturas e a taxa de desenvolvimento do inseto é essencial e de fundamental importância em criações massais em laboratório, onde há, muitas vezes, necessidade de um grande número de indivíduos para a realização de experimentos, e isso só foi possível com a chegada da 42 refrigeração (KING, 1934; SCHREAD & GARMAN, 1934; HANNA, 1935). A temperatura pode encurtar ou prolongar a duração de um ou mais estágios do ciclo da praga para que se tenha a quantidade necessária para a realização do experimento. Muitas pesquisas utilizaram o armazenamento a frio com o objetivo de prolongar fases do ciclo do inseto para uma eventual necessidade e melhoria do controle da criação (LACEY et al., 1999; FISHER & EDWARDS, 2002; JACKSON et al., 1995; RODRIGUES et al., 2003). O processo de armazenamento para predadores, por exemplo, traz benefícios como a reserva de insetos para liberação no campo no momento mais oportuno, além de promover maior flexibilidade na produção massal (ABDEL-SALAM & ABDEL-BAKY, 2000), facilitar o planejamento dos processos de criação, embalagem e transporte de parasitóides do laboratório para o local de liberação (RODRIGUES et al., 2003). O objetivo do trabalho foi avaliar a influência das baixas temperaturas e do tempo de armazenamento no desenvolvimento de P. xylostella, para armazenamento de lagartas de 1°, 2°, 3° e 4o ínstar como uma estratégia em criações massais desse inseto em laboratório. 2. MATERIAL E MÉTODOS As lagartas de P. xylostella utilizadas no experimento foram provenientes da criação do Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI), FCAV-Unesp (ver capítulo 2; pág. 17), onde também foi realizado o experimento. O experimento foi conduzido com lagartas de 1, 2, 3 e 4º ínstar. Os tratamentos utilizados foram: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de armazenamento, nas temperaturas de 8, 12, 16, 20 e 24°C; segundo LIU et al. (2002), a 6 e 8oC há em torno de 20% de sobrevivência. A testemunha “0” foi mantida em sala climatizada com temperatura de 25±1ºC, UR de 70±10% e fotofase de 12 horas. 43 Cada parcela experimental de cada ínstar constituiu-se de 80 lagartas de 0 a 12 horas de idade, com oito repetições de 10 lagartas cada. As lagartas foram coletadas com o auxílio de um pincel no 0 de cerdas finas e macias e colocadas sobre um disco de couve com 8 cm de diâmetro. Os discos de couve com as lagartas foram acondicionados em placas de Petri com diâmetro de 9 cm, cujo fundo continha um papel filtro umedecido na mesma medida da placa para manter a turgescência do disco de couve. Essas placas foram devidamente identificadas, vedadas com filme de PVC e expostas aos respectivos tratamentos. Após o tempo de exposição em diferentes temperaturas, as placas com as lagartas foram retiradas das câmaras climatizadas (BODs) e mantidas em sala climatizada (temperatura de 25±1ºC, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas). As placas de Petri foram observadas diariamente e os discos de couve trocados sempre que necessário até a formação das pupas, as quais foram coletadas com o auxílio de um pincel de pelos finos e individualizadas em placas ELISA®, que foram vedadas com filme de PVC, devidamente identificadas e observadas diariamente até a emergência dos adultos. Dos adultos que emergiram, foi retirada uma amostra (quando possível) de 10 casais por tratamento, que foram separados em 5 gaiolas redondas (potes plásticos de 1 Kg) que continha um orifício circular no recipiente de 3 cm de diâmetro para a liberação e alimentação dos adultos por meio de uma esponja de espuma embebida em solução de mel a 10%; na lateral da gaiola existia uma abertura retangular de 10 x 5 cm, onde foi colado um tecido tipo “voil” para sua aeração. No fundo da gaiola foi colocado um copo plástico de 250 ml com a boca voltada para baixo, e no fundo deste copo colocou-se um disco de couve de 8 cm de diâmetro para a oviposição, o qual foi trocado diariamente durante quatro dias. Durante quatro dias foi observado o número de ovos e a sua viabilidade; após este período foi cessada a contabilização, sendo este período baseado em THULER (2009). Os adultos foram observados diariamente até a sua mortalidade. Uma amostra de 100 ovos por tratamento foi retirada com o auxílio de um pincel no 0 de cerdas finas e macias, e colada em uma cartela de papel quadriculado (um ovo 44 por área de 0,4 x 0,5 cm), a qual foi acondicionada em placa de Petri com diâmetro de 14 cm, cujo fundo continha um papel filtro umedecido na mesma medida da placa para evitar o dessecamento dos ovos. Essa placa foi devidamente identificada e avaliada diariamente para observação da viabilidade e período de incubação. Com os adultos foram determinados as características biológicas: razão sexual, longevidade de machos e fêmeas e fecundidade. A análise fatorial é uma técnica exploratória multivariada empregada para investigar a estrutura de variáveis contida num conjunto de dados buscando condensar a variabilidade original em novas variáveis denominadas de fatores. Dentre as diversas técnicas disponíveis para a extração de fatores, utilizou-se a extração por componentes principais (SEAL, 1964; JEFFERS, 1978), calculado a partir da matriz de correlação entre variáveis. O primeiro fator extraído dessa matriz é a combinação linear das variáveis originais, que representa o máximo de variabilidade possível contida nas amostras. O segundo fator é a segunda função linear das variáveis originais, que responde pela maior parte da variabilidade restante, e assim por diante. Os fatores são independentes entre si, não têm unidades e são variáveis padronizadas (Distribuição normal, média = 0 e variância = 1). Os coeficientes das funções lineares que definem os fatores são usados para interpretar o seu significado, utilizando o sinal e o valor relativo dos coeficientes como uma indicação do peso a ser atribuído a cada variável. O efeito da temperatura, período de exposição e sua interação sobre cada variável original e fator extraído foi testado pelo General Linear Model (GLM), utilizado como análise de variância (ANOVA). As diferenças significativas entre os níveis dos efeitos principais (temperatura e período de exposição) foram comparados pelo teste de Fisher (LSD). As análises foram processadas no programa Statística versão 10 (STATSOFT INC., 2011). 45 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A mortalidade de indivíduos é um dos efeitos comuns que aparecem quando os insetos se desenvolvem em condições adversas de certos fatores abióticos, como a temperatura, fotoperíodo e umidade relativa, e biótica, como a planta hospedeira. Neste trabalho o tratamento com 30 dias de armazenamento a 8, 12 e 16oC foram descartados das análises das lagartas de P. xylostella de 1° e 2° ínstar, pois houve mortalidade de 100% dos indivíduos, o que impediu a continuidade da experimentação e impossibilitou a realização das análises, apesar das temperaturas de 20 e 24ºC apresentarem indivíduos vivos possibilitando o término do experimento. Este fato pode estar relacionado com o pequeno tamanho das lagartas nos primeiros estádios, o que faz com que elas tenham menos reserva e suporte menos as condições adversas como as baixas temperaturas, fato este não observado para os 3° e 4º ínstares, pois as lagartas já tem tamanho maior. A Tabela 1 apresenta os resultados da análise fatorial realizada com as lagartas de P. xylostella de 1o ínstar; os dados apresentados são referentes a fase imatura da traça-das-crucíferas, pós armazenamento das lagartas de 1o ínstar nas diferentes temperaturas, juntamente com suas respectivas ANOVA e média do teste de comparações múltiplas. Dois fatores foram responsáveis por 28% da variabilidade dos dados globais e a ANOVA aplicada indicou efeito significativo do período de exposição e da temperatura. O efeito da interação temperatura x período de exposição não foi significativo para nenhum dos fatores. A razão sexual foi a única característica biológica que não se correlacionou com nenhuma variável dos fatores e, portanto não foi analisada. 46 Tabela 1. Resultados da análise fatorial, ANOVA e teste de Fisher (LSD) para os parâmetros da fase imatura de Plutella xylostella pós armazenamento de lagartas de 1º ínstar durante os diferentes períodos de exposição nas diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). a Níveis de significância: *P=0,05, **P=0,01, ***P=0,001, ns=não significativo; r2: coeficiente de determinação; %SS: porcentagem do total da soma de quadrados; b Comparações múltiplas das médias: valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não são significativos ao nível de 0,05. a>b>..... c Coeficientes dos fatores em negrito foram utilizados para a interpretação. O primeiro fator da fase imatura de P. xylostella, pós armazenamento das lagartas de 1o ínstar (PIF1 potencializou a fase larval) reflete a importância da fase larval, a qualidade dos insetos nesta fase influencia o número de adultos sobreviventes suficiente para a condução da criação massal de laboratório. O fator PIF1 foi responsável por 17% da variabilidade dos dados e mostra correlação com as variáveis: duração e viabilidade larval; observou-se sinais contrários das correlações dessas duas Fatores PIF1 PIF2 Duração Larval -0,901885c -0,058893 Viabilidade Larval 0,901793 0,035492 Duração Pupal -0,145667 -0,699256 Viabilidade Pupal -0,002703 0,709796 Razão Sexual 0,028707 0,313928 Variância explicada (%) 17 11 Interpretação Fase larval Fase pupal Modelos da ANOVAa Significância *** *** r2 0,37 0,81 Fonte de variância Sign. %SS Sign. %SS Temperatura 47,0*** 10,8*** Período de exposição 34,6*** 11,2*** Temperatura x período de exposição 18,4ns 78,0ns Comparações múltiplas das médias pela temperaturab 8oC a a 12oC b ab 16oC c c 20oC d bc 24oC e ab Comparações múltiplas das médias pelo período de exposiçãob 0 dias a a 5 dias b b 10 dias c b 15 dias b b 20 dias d b 25 dias e b 47 variáveis indicando que quanto maior a duração larval (DL) menor a viabilidade larval (VL) (Tabela 1). O fator PIF1 refletiu dois tipos de processos que são negativamente correlacionados: no primeiro, a duração larval foi relativamente elevada nas temperaturas de 8, 12 e 16oC e reduzida nas temperaturas de 20 e 24oC devido ao aumento da temperatura que favoreceu o desenvolvimento mais acelerado do inseto e, no segundo, por outro lado, a viabilidade das lagartas cresceu com o aumento da temperatura, com 33,3% a 8oC e 69,7% a 24oC (Figura 1). Dados semelhantes foram obtidos por LIU et al. (2002) que, trabalhando com P. xylostella nas temperaturas de 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34 e 36oC observaram diminuição da duração larval de 15,2 dias a 8oC para seis dias a 36oC; abaixo de 12oC a taxa de sobrevivência dos imaturos foi em torno de 20%. Figura 1. Média dos escores de PIF1 que correlaciona as variáveis: duração larval (DL) e viabilidade larval (VL) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). Para o fator PIF1, nos diferentes períodos de exposição, quanto menor o tempo de exposição, maior a viabilidade e menor a duração larval de P. xylostella (Figura 2). DL = 21,2 dias VL = 32,3% DL = 19,1 dias VL = 37,5% DL = 16,6 dias VL = 55,3% DL = 10,2 dias VL = 55,6% DL = 8,5 dias VL = 69,7% 48 Estudos experimentais demonstraram que os efeitos das baixas temperaturas na sobrevivência e desenvolvimento são confundidos com o tempo (HOWE, 1967; BURSELL, 1974). A razão para essa relação pode ser explicada pelo fato do inseto reduzir sua taxa metabólica em baixas temperaturas, aumentando sua duração larval com o aumento do tempo de exposição e consequentemente redução na viabilidade, pois os insetos menos resistentes as baixas temperaturas acabam morrendo com um tempo grande de armazenamento. Figura 2. Média dos escores de PIF1 que correlaciona as variáveis: duração larval (DL) e viabilidade larval (VL) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). Os resíduos da análise de variância para PIF1 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. A interação temperatura x período de exposição não foi significativa para o mesmo fator (Tabela 1). O segundo fator da fase imatura de P. xylostella, pós armazenamento das lagartas de 1o ínstar (PIF2 potencializou a fase pupal) refletiu a importância da fase de pupa do inseto. Representou 11% da variabilidade remanescente e apresentou DL = 10,2 dias VL = 83,3% DL = 12,3 dias VL = 48,7% DL = 14,9 dias VL = 39,7% DL = 15,4 dias VL = 53,0% DL = 17,5 dias VL = 39,7% DL = 12,0 dias VL = 36,0% 49 correlação com a viabilidade e duração pupal. As duas variáveis apresentaram sinais contrários indicando que, com o aumento da duração pupal (DP) ocorreu diminuição na viabilidade pupal (VP) (Tabela 1). O longo tempo de exposição das lagartas de 2° ínstar às baixas temperaturas provocou prolongamento da duração pupal das pupas oriundas destas lagartas e consequentemente diminuição na sua viabilidade, o inseto gasta muita energia para sobreviver nas baixas temperaturas e não tem energia suficiente para a emergência dos adultos. Ocorreu queda da média dos escores de PIF2 até a temperatura de 16oC, a partir daí houve novamente crescimento (Figura 3). Figura 3. Média dos escores de PIF2 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e viabilidade pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). A testemunha (0 dias) apresentou a maior média dos escores de PIF2 diferindo dos demais tempos de exposição, provavelmente a diferença da testemunha com os outros tratamentos se deve ao fato de as baixas temperaturas influenciar na fase pupal de P. xylostella oriunda do armazenamento de lagartas de 2° ínstar; a testemunha foi mantida a 25ºC e teve melhor desempenho para as variáveis de PIF2 (Figura 4). DP = 4,4 dias VP = 80,3% DP = 4,5 dias VP = 75,2% DP = 4,9 dias VP = 77,0% DP = 4,7 dias VP = 78,4% DP = 4,1 dias VP = 73,9% 50 Figura 4. Média dos escores de PIF2 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e viabilidade pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). Os resíduos da análise de variância para PIF2 apresentaram distribuição normal e estabilidade na variância. A interação temperatura x período de exposição não foi significativa para o mesmo fator (Tabela 1). A Tabela 2 apresenta os resultados da análise fatorial realizada com as lagartas de P. xylostella de 2o ínstar; os dados apresentados são referentes a fase imatura de P. xylostella, pós armazenamento das lagartas de 2o ínstar nas diferentes temperaturas, juntamente com suas respectivas ANOVA e média do teste de comparações múltiplas. Dois fatores foram responsáveis por 28% da variabilidade dos dados globais e a ANOVA aplicada indicou efeito significativo do período de exposição e da temperatura. O efeito da interação temperatura x período de exposição foi significativo somente para o Fator 2 da fase imatura do inseto pós armazenamento das lagartas de 2o ínstar (SIF2 potencializou a fase pupal). A razão sexual foi a única característica biológica que não se correlacionou com nenhuma variável dos fatores e, portanto não foi analisada. DP = 4,2 dias VP = 86,0% DP = 4,5 dias VP = 74,6% DP = 4,1 dias VP = 79,0% DP = 4,6 dias VP = 68,5% DP = 4,0 dias VP = 74,2% DP = 3,3 dias VP = 79,5% 51 Tabela 2. Resultados da análise fatorial, ANOVA e teste de Fisher (LSD) para os parâmetros da fase imatura de Plutella xylostella pós armazenamento de lagartas de 2º ínstar durante os diferentes períodos de exposição nas diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). a Níveis de significância: *P=0,05, **P=0,01, ***P=0,001, ns=não significativo; r2: coeficiente de determinação; %SS: porcentagem do total da soma de quadrados; b Comparações múltiplas das médias: valores seguidos pela mesma letra em cada coluna não são significativos ao nível de 0,05. a>b>..... c Coeficientes dos fatores em negrito foram utilizados para a interpretação. As variáveis pós armazenamento de lagartas de P. xylostella de 2° ínstar (Tabela 2) se agruparam da mesma forma que para as lagartas de 1° ínstar (Tabela 1). No primeiro fator da fase imatura do inseto, pós armazenamento das lagartas de 2º ínstar (SIF1 potencializou a fase larval) se correlacionaram as variáveis duração larval (DL) e viabilidade larval (VL), este fator foi responsável por 17% da variabilidade dos Fatores SIF1 SIF2 Duração Larval -0,919380c 0,014201 Viabilidade Larval 0,887691 0,104667 Duração Pupal -0,027021 -0,800340 Viabilidade Pupal 0,094372 0,634221 Razão Sexual 0,236663 0,171738 Variância explicada (%) 17 11 Interpretação Fase Larval Fase Pupal Modelos da ANOVAa Significância *** *** r2 0,88 0,63 Fonte de variância Sign. %SS Sign. %SS Temperatura 39,2*** 16,1*** Período de exposição 43,9*** 11,4*** Temperatura x período de exposição 16,9ns 69,5*** Comparações múltiplas das médias pela temperaturab 8oC b c 12oC b b 16oC b c 20oC a c 24oC a a Comparações múltiplas das médias pelo período de exposiçãob 0 dias a a 5 dias b c 10 dias c ab 15 dias d b 20 dias e b 25 dias e ab 52 dados. O segundo fator (SIF2 potencializou a fase pupal) indicou uma correlação das variáveis: duração e viabilidade pupal que não deve ser desprezada e representou 11% da variabilidade remanescente dos dados. Para SIF1 as variáveis apresentaram sinais contrários indicando que se correlacionam negativamente, ou seja, a medida que a duração larval aumenta a viabilidade diminui (Tabela 2), fatos observados com o aumento da temperatura (Figura 5) e o aumento no tempo de exposição as baixas temperaturas (Figura 6). Figura 5. Média dos escores de SIF1 que correlaciona as variáveis: duração larval (DL) e viabilidade larval (VL) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). DL = 16,6 dias VL = 39,6% DL = 14,7 dias VL = 42,4% DL = 12,8 dias VL = 40,8% DL = 7,4 dias VL = 60,1% DL = 6,4 dias VL = 62,5% 53 Figura 6. Média dos escores de SIF1 que correlaciona as variáveis: duração larval (DL) e viabilidade larval (VL) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). Em diferentes temperaturas, o fator SIF2 (fase pupal) apresentou duração pupal (DP) de P. xylostella maior a 8ºC; a 24ºC é menor e a viabilidade pupal (VP) maior (Figura 7). Nos diferentes períodos de exposição, este fator a cinco dias tem alta duração pupal e baixa viabilidade (Figura 8). Este fato pode ser devido a adaptações fisiológicas, bioquímicas, morfológicas ou possíveis combinação das mesmas (HADLEY, 1994), que pode ocorrer neste período quando as lagartas de P. xylostella de 2° ínstar são expostas as baixas temperaturas, o que resulta em prolongamento do período pupal e perda da viabilidade das pupas oriundas do armazenamento dessas lagartas. DL = 6,3 dias VL = 80,2% DL = 7,9 dias VL = 45,0% DL = 8,8 dias VL = 38,8% DL = 9,4 dias VL = 31,0% DL = 11,4 dias VL = 27,5% DL = 11,3 dias VL = 29,0% 54 Figura 7. Média dos escores de SIF2 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e viabilidade pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes temperaturas (Jaboticabal, 2010). Figura 8. Média dos escores de SIF2 que correlaciona as variáveis: duração pupal (DP) e viabilidade pupal (VP) de Plutella xylostella em diferentes períodos de exposição (Jaboticabal, 2010). DP = 5,0 dias VP = 77,1% DP = 4,1 dias VP = 69,9% DP = 4,6 dias VP = 77,8% DP = 4,9 dias VP = 73,1% DP = 3,6 dias VP = 82,5% DP = 4,2 dias VP = 86,0%