RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 04/06/2023. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CLARA BRAZ DOS SANTOS LOUVOR E DISTINÇÃO NO BRASIL COLONIAL: AS FAÇANHAS VIRTUOSAS DA NOBREZA NOS SÉCULOS XVII E XVIII FRANCA 2021 CLARA BRAZ DOS SANTOS LOUVOR E DISTINÇÃO NO BRASIL COLONIAL: AS FAÇANHAS VIRTUOSAS DA NOBREZA NOS SÉCULOS XVII E XVIII Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré-requisito para a obtenção do título de Doutora em História Área de concentração: História e Cultura Social Orientador: Prof. Dr. Jean Marcel Carvalho França FRANCA 2021 CLARA BRAZ DOS SANTOS LOUVOR E DISTINÇÃO NO BRASIL COLONIAL: AS FAÇANHAS VIRTUOSAS DA NOBREZA NOS SÉCULOS XVII E XVIII Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré- requisito para a obtenção do título de Doutora em História. Área de concentração: História e Cultura Social Orientador: Jean Marcel Carvalho França BANCA EXAMINADORA PRESIDENTE: _____________________________________________________________ Prof. Dr. Jean Marcel Carvalho França Universidade Estadual Paulista (UNESP) 1º EXAMINADOR: __________________________________________________________ Prof. Dr. Caio César Boschi Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas) 2º EXAMINADOR: __________________________________________________________ Prof. Dr. João Luis Ribeiro Fragoso Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 3º EXAMINADOR: __________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Alexandre Ferreira Universidade Estadual Paulista (UNESP) 4º EXAMINADOR: __________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Marta Lobo de Araújo Universidade do Minho (UMinho) Franca, 4 de junho de 2021 Ao professor Jean Ao meu marido Thiago Ao grupo Escritos Sobre os Novos Mundos AGRADECIMENTOS Durante a minha trajetória no doutorado, pude contar com o auxílio, a partilha de experiências e livros, as sugestões e críticas e, sobretudo, com o exemplo de muitas pessoas prestativas e inspiradoras que amam o que fazem. Ao professor Jean Marcel Carvalho França, agradeço pela orientação e paciência, e pelos diversos livros e documentos partilhados, pelos cursos instigantes e pela capacidade de sempre nos tirar da zona de conforto com ideias, leituras e desafios. À professora Susani Silveira Lemos França, agradeço a ajuda nos momentos necessários e pelas aulas incríveis ministradas na graduação e pós-graduação da UNESP. Aos professores Ricardo Alexandre Ferreira e João Ribeiro Fragoso, sou extremamente grata pela participação na minha banca de qualificação e de defesa, e por me auxiliarem com sugestões e indicações na finalização da tese. Aos professores Caio César Boschi e Maria Marta Lobo, agradeço igualmente a disponibilidade para participarem da minha banca de defesa e pelos contributos à versão final da tese. Ao professor José Damião Rodrigues agradeço a recepção e todo o suporte dado durante meu estágio na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Ao meu marido e grande parceiro Thiago Henrique Alvarado, agradeço a ajuda e companhia diárias, e por ser sempre tão inteligente, gentil, engraçado e inspirador. Ao Grupo Escritos sobre os novos mundos (Processo FAPESP 13/14786-6) devo a minha formação e esta tese. Agradeço, especialmente, aqueles colegas de grupo que acompanharam de perto essa caminhada: à Milena da Silveira Pereira, à Ana Carolina de Carvalho Viotti, ao Rafael Afonso Gonçalves, à Janaina Salvador Cardoso, ao Waslan Saboia Araujo e ao Rodolfo Nogueira da Cruz. Agradeço também aos meus amados pais Tereza e Bragança; às minhas irmãs Claudia, Rita, Camila e Carol, grandes exemplos de força e coragem; aos meus sobrinhos Guilherme, Larissa, Carlos, Davi, Vitor e Miguel; e à família Alvarado. Por fim, agradeço à UNESP, especialmente ao programa de pós-graduação de Franca, por fornecer suporte necessário para a realização da minha pesquisa e pelos ótimos professores; à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – código de financiamento 001 – e, sobretudo, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo financiamento da minha pesquisa de doutorado no Brasil (Processo 17/01498-3) e no exterior (Processo 17/25162-4). Ditos e feitos fazem um varão consumado. Que se fale o que é bom e se faça o que é honroso; uma é perfeição da cabeça, outra do coração, e ambas nascem da superioridade da alma. As palavras são sombra dos feitos; aquelas são as fêmeas, estes os varões. Mais importa ser celebrado que celebrar. É fácil o dizer e difícil o obrar. As façanhas são a substância do viver, e as sentenças seu ornato: a eminência nos feitos dura, nos ditos passa. As ações são fruto das atenções: uns são sábios, outros façanhosos. Baltasar Gracián, A arte da prudência. SANTOS, Clara Braz dos. Louvor e distinção no Brasil colonial: as façanhas virtuosas da nobreza nos séculos XVII e XVIII. 2021. 286 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista, Campus de Franca, 2021. RESUMO Em meados do século XVII e na primeira metade do XVIII, clérigos, religiosos e moralistas, letrados que possuíam grande papel sociocultural no Brasil colonial, produziram uma série de escritos edificantes que tinha como eixo as condutas caras à nobreza católica. Diversos foram os elogios, os sermões, os livros de devoção e de moral escritos para os habitantes dos trópicos, que trataram das façanhas virtuosas dos principais representantes da nobreza luso-brasileira – reis, vice-reis, governadores, donas ou suas parentes mais próximas, arcebispos e bispos – com o intuito de convencer os fiéis do Novo Mundo, sobretudo os nobres, a evitar os pecados e a agir conforme seus estados, para, então, garantirem a salvação de suas almas após a morte. Nesse Brasil de outrora, católico, hierárquico e constituído por diversas sortes de gentes, as distinções sociais eram naturalizadas, nomeadamente a clivagem entre nobres e plebeus. Os mais distintos eram considerados os melhores e deveriam ser os mais virtuosos e piedosos para que a ordem do mundo fosse garantida. No entanto, a frequente procura dos colonos por mercês régias após as guerras com os holandeses e as entradas no interior em busca de riquezas minerais não foi vista com bons olhos pelos letrados da época, e, provavelmente, impactou na difusão de determinados valores em seus escritos. A tese parte da suposição de que os escritos edificantes se constituíram como guias de condutas no Brasil colonial, em um momento em que as possibilidades de servir ao rei e ser agraciado com honras ampliavam-se nos trópicos, tornando- se fundamental moralizar os costumes, garantir a ordem e fixar condutas nobiliárquicas. Tendo isso em vista, o propósito da pesquisa será analisar, mediante o exemplo das façanhas virtuosas de homens e mulheres tidos por ilustres nos Seiscentos e Setecentos, o conteúdo desse código de conduta nobiliárquico veiculado nos escritos edificantes, com o intuito de compreender quais valores morais deveriam pautar as ações dos nobres e serem difundidos por eles aos demais habitantes do Brasil. Palavras-chave: Brasil colonial; Escritos edificantes; Valores morais; Nobreza; Virtudes nobiliárquicas. SANTOS, Clara Braz dos. Praise and distinction in colonial Brazil: the virtuous deeds of the nobility in the 17th and 18th centuries. 2021. 286 f. Thesis (PhD in History) – School of Humanities and Social Sciences, São Paulo State University, Franca, 2021. ABSTRACT In the mid-seventeenth century and in the first half of the eighteenth, clerics, religious and moralists, literates who had a great sociocultural role in colonial Brazil, produced a series of uplifting writings that has as axis the indispensable behavior of the Catholic nobility. Several were the praises, sermons, books of devotion and morals written to the inhabitants of the tropics, which dealt with the virtuous deeds of the main representatives of the Portuguese-Brazilian nobility – kings, vice-kings, governors, ladies or their closest relatives, archbishops and bishops – in order to convince the faithful of the New World, especially the nobles, to avoid sins and to act according to their states, so as to guarantee the salvation of their souls after death. In this former Brazil, Catholic, hierarchical and constituted of several sorts of people, social distinctions were naturalized, namely the cleavage between nobles and plebeians. The most distinguished were considered the best and should be the most virtuous and pious so that the order of the world to be guaranteed. However, the colonists' frequent search for royal mercies after the wars with the Dutch and the entries in the countryside in search for mineral wealth was not favored by the literate of the time, and probably impacted on the diffusion of certain values in their written. The thesis starts from the assumption that the uplifting writings were constituted as guides of behavior in colonial Brazil, at a time when the possibilities of serving the king and being honored were expanding in the tropics, making it essential to moralize customs, guarantee order and establish noble conduct. With this in mind, the purpose of the research will be to analyze, through the example of the virtuous deeds of men and women considered by illustrious people in the six hundred and seven hundred, the content of this noble code of behavior conveyed in the uplifting writings, in order to understand which moral values they should guide the actions of the nobles and be disseminated by them to the other inhabitants of Brazil. Keywords: Colonial Brazil; Moral values; Nobility; Noble virtues; Uplifting writings. SANTOS, Clara Braz dos. Loor y distinción en el Brasil colonial: las hazañas virtuosas de la nobleza en los siglos XVII y XVIII. 2021. 286 h. Tesis (Doctorado en Historia) – Facultad de Ciencias Humanas y Sociales, Universidad Estadual Paulista, Campus de Franca, 2021. RESUMEN A mediados del siglo XVII y en la primera mitad del siglo XVIII, clérigos, religiosos y moralistas, letrados que poseían gran papel sociocultura en el Brasil colonial, produjeron una serie de escritos edificantes que tenía como eje las conductas caras a la nobleza católica. Diversos fueron los elogios, los sermones, los libros de devoción y de moral escritos a los habitantes de los trópicos, que trataron de las hazañas virtuosas de los principales representantes de la nobleza luso brasileña – reyes, virreyes, gobernadores, doñas o sus parientes más cercanos, arzobispos y obispos – con la intención de convencer los fieles del Nuevo Mundo, principalmente los nobles, a evitar los pecados y a actuar conforme sus estados, para, entonces, garantizaren la salvación de sus almas tras la muerte. En ese Brasil de otrora, católico, jerárquico y constituido por diversas suertes de gentes, las distinciones sociales eran naturalizadas, especialmente la división entre nobles y plebeos. Los más distintos eran considerados los mejores y deberían ser los más virtuosos y piadosos para que el orden del mundo fuera garantido. No obstante, la frecuente procura de los colonos por mercedes regias tras las guerras con los holandeses y las entradas hacia el interior en búsqueda de riquezas minerales no fue vista con buenos ojos por los letrados de la época, y, probablemente, impactó la difusión de determinados valores en sus escritos. La tesis parte de la suposición de que los escritos edificantes se constituyeron como guías de conductas en el Brasil colonial, en un momento en el que las posibilidades de servir al rey y ser agraciado con honras se ampliaban en los trópicos, tornándose fundamental moralizar las costumbres, garantir el orden y fijar conductas nobiliarias. Con eso en mente, el propósito de la investigación será analizar, mediante el ejemplo de las hazañas virtuosas de hombres y mujeres tenidos por ilustres en los siglos XVII y XVIII, el contenido de ese código de conducta nobiliario vehiculado en los escritos edificantes, con la intención de comprehender cuales valores morales deberían pautar las acciones de los nobles y ser difundidos por ellos a los demás habitantes del Brasil. Palabras claves: Brasil colonial; Escritos edificantes; Valores morales; Nobleza; Virtudes nobiliarias. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 CAPÍTULO 1 DAS MORALIDADES MÍSTICAS E ESPIRITUAIS ............................... 24 1.1 Livros proveitosos .......................................................................................................... 25 1.2 A ordem do mundo nos trópicos .................................................................................... 43 1.3 Distinguir os virtuosos e louvar os grandes .................................................................. 61 CAPÍTULO 2 DA REVERÊNCIA AO ESTADO ECLESIÁSTICO ................................ 78 2.1 Dos eclesiásticos estimados por reis e nobres ............................................................... 79 2.2 Ordens religiosas e saber letrado .................................................................................. 88 2.3 Virtudes, qualidades e privilégios do primeiro estado ................................................ 103 2.4 Da idoneidade clerical ................................................................................................. 109 2.5 Novos mestres, compêndios e seminários ................................................................... 118 CAPÍTULO 3 DO CULTO DIVINO .................................................................................. 131 3.1 Ser católico e liberal .................................................................................................... 132 3.2 Do zelo devido aos templos e institutos religiosos ...................................................... 141 3.3 Comparecer à missa e celebrar a Eucaristia .............................................................. 157 3.4 Exercitar a caridade .................................................................................................... 173 3.5 Trato e contrato da alma ............................................................................................. 182 CAPÍTULO 4 DO GOVERNO DOS CORPOS E DAS ALMAS .................................... 196 4.1 Servir a El-Rei ............................................................................................................. 198 4.2 Vencer os perigos da guerra ........................................................................................ 209 4.3 Agir como pai e pastor ................................................................................................. 227 4.4 Saber morrer ................................................................................................................ 240 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 252 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 255 6.1 Documentação ............................................................................................................. 255 6.2 Estudos ......................................................................................................................... 275 10 INTRODUÇÃO Em um conjunto de práticas pregadas em Pernambuco, provavelmente nas décadas finais do Seiscentos, e reunidas no livro intitulado Feira mística de Lisboa, impresso em Portugal, no ano de 1691, o franciscano Antônio do Rosário (1647-1704) teceu diversas críticas às condutas dos habitantes do Brasil. O objetivo da obra era advertir homens e mulheres do Novo Mundo acerca dos perigos do pecado da vaidade para a salvação de suas almas, pecado que era notável na capital do reino português e arraigado nos trópicos. Outro intuito do livro era direcionar seus leitores ou ouvintes rumo ao caminho do céu, mediante o exercício da humildade e do temor a Deus. Para tanto, Rosário valeu-se da narrativa bíblica do Gênesis, a fim de comprovar que todos os homens eram iguais em suas origens e provenientes do mesmo barro do qual Adão fora criado no Paraíso. Todavia, essa igualdade original havia sido desfeita após a queda dos primeiros pais, resultando na diversidade das gentes do Brasil e na inclinação de todos à vaidade. Diz o frade: De três ou quatro cores temos louça a vender: louça branca, que são os brancos; louça parda, que são os pardos; louça vermelha, que são os índios; e louça preta, que são os pretos. Com ser toda esta louça de barro, com sermos todos filhos de Adão, não falta vaidade no barro. Diz a louça branca e fina que se não podem negar os primeiros princípios na filosofia, quanto mais na olaria: que todos somos de barro por filhos de Adão [...]. Mas, assim como no barro material há diferença de grosseiro a fino, há, na natureza humana, vileza e nobreza, e se a louça mais fina é mais preciosa e estimada do que a tosca e baixa, devem ser mais estimados os nobres do que [os] plebeus. É a nobreza, como dizem muitos, participada da divina majestade, é a nobreza uma profissão, um voto, um juramento de obrar bem, é uma lealdade à verdade, à honestidade, à toda ação heroica e soberana; logo, toda a estimação, todo o decoro se devem à nobreza, que, suposto esteja encastoada em barro, não perde o seu valor, nem a sua preeminência e diferença que tem do vil e baixo.1 A referida passagem fornece algumas pistas sobre como religiosos, clérigos e moralistas que atuaram no Brasil compreendiam a constituição da sociedade colonial. Segundo Rosário, as dessemelhanças entre as cores dos homens e a superioridade da qualidade de alguns tipos sociais, como a dos brancos, por exemplo, não poderiam fazer os habitantes dos trópicos se esquecerem da desigualdade natural existente entre nobres e plebeus. Tal desigualdade também sustentava as distinções no Brasil e reafirmava – a partir de um parâmetro moral – o lugar 1 ROSÁRIO, Antônio do. Feyra mystica de Lisboa, armada em hu[m]a trezena do divino Portuguez, Santo Antonio. Lisboa: Na officina de João Galrão, 1691. p. 84-85. 11 proeminente dos nobres. A despeito de Rosário também acusar os nobres de serem vaidosos por se jactarem de sua origem ilustre, é interessante notar como o frade chamou a atenção em suas práticas para o papel modelar da nobreza. Os nobres deveriam ser os primeiros a lembrar que descendiam de Adão, e que possuíam qualidades naturalmente adquiridas e, por conseguinte, maiores responsabilidades morais. Entre as qualidades dos nobres, a que deveria ser ostentada, e que os distinguia dos homens vis, não era a geração ilustre, os títulos, as comendas ou os hábitos da Ordem de Cristo, mas, sim, o dom de “obrar bem”,2 a capacidade de realizar “façanhas virtuosas”,3 dignas de verdadeiros heróis, e com vistas à manutenção e à perpetuação da fé católica e do bem comum na terra, e à salvação da alma após a morte.4 A concepção de que a nobreza deveria ser exemplo virtuoso para toda a comunidade, e de que os integrantes deste estado precisavam seguir e difundir determinadas regras de conduta moral, evitando-se certos vícios e pecados, teve vida longa no Velho Mundo.5 Em Portugal, a 2 ROSÁRIO, Antônio do. Frutas do Brasil numa nova, e ascetica monarchia, consagrada á Santissima Senhora do Rosário. Lisboa: Officina de Antônio Pedrozo Galram, 1702. p. 131-132. 3 Embora não haja menção precisa à expressão “façanhas virtuosas” nos escritos da época, podemos localizar diversas descrições dos feitos de reis e nobres que remetem a ela. O termo “façanha” – utilizado por letrados dos séculos XVII e XVIII em crônicas religiosas, livros de devoção e de moral e em elogios dedicados à realeza, aos prelados e à nobreza – significava o mesmo que feitos ou obras ilustres, dignas de memória e imitação, pois fundamentavam-se em virtudes próprias de católicos e/ou de nobres tidos por santos e heróis. Trata-se, portanto, de uma forma de descrever as ações consideradas virtuosas, inclusive nobiliárquicas, de homens e mulheres exemplares. Em outra obra escrita por Rosário, por exemplo, o termo façanha foi utilizado para descrever uma ação dos Apóstolos considerada própria de católicos que exercitavam o amor por Jesus Cristo. Assim afirmava o religioso: “[...] dos apóstolos se conta por grande façanha o padecerem com alegria por amor de Cristo”. O moralista Juan Lopes Sierra, por sua vez, no panegírico fúnebre em louvor às ações do defunto governador da Bahia Afonso Furtado de Mendonça (1625/6-1675), afirmou que “saber morrer” era, a um só tempo, a “maior façanha” e a “melhor fidalguia” daquele nobre governante. Já o padre Amaro Pereira de Paiva utilizou, em seu encômio fúnebre, o termo façanha para descrever os feitos notáveis, virtuosos e nobiliárquicos do rei D. João V, isto é, as ações do monarca dignas de louvor, admiração e imitação: “Bem quadra logo a sua majestade o Nobilis do Evangelho na versão de Eutímio: Nobilis, id est, filius Regis, seu ex stirpe regia. Clame, pois, a mesma Bahia, e as mesmas pedras deste bairro, que presenciaram o famoso túmulo e mausoléu de sua majestade, as suas façanhas e obras ilustres, e de seus preclaríssimos ascendentes [...]”. ROSÁRIO, Antônio do. Sortes de S. Antonio celebradas em huma trezena historica, moral, e panegyrica. [...]. Lisboa: Officina de Miguel Manescal da Costa, impressor do Santo Officio, 1701. p. 116; LOPES SIERRA, Juan. Vida ou Panegírico Fúnebre. Ao Senhor Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça, Visconde de Barbacena, Alcaide-mor de Cuvillan, Comendador das Comendas de São Julião de Bragança São Romão de Fonte Coberta e São João de Refriegas, da Ordem de Cristo, Governador e Capitão-Geral de Mar e Terra que foi deste Estado do Brasil Dedicado Ao S[enh]or Antônio de Souza e Menezes, Comendador do Hábito de Cristo Pelo Rústico nas ciências, Juan Lopes Sierra 1676. Cidade de São Salvador, Bahia de Todos os Santos. In: SCHWARTZ, Stuart B; PÉCORA, Alcir (orgs.). As Excelências do governador: o panegírico fúnebre a D. Afonso Furtado, de Juan Lopes Sierra (Bahia, 1676). São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 87, 141; PAIVA, Amaro Pereira de. Primeira oração funebre, nas exequias, que se fizeram no estado do Brazil á morte do fidelissimo rey Nosso Senhor D. João V. na Sé da Cidade da Bahia. Lisboa: Officina de Francisco da Silva, 1752. p. 23. 4 ROSÁRIO, Antônio do. Feyra mystica de Lisboa. p. 85-92. 5 Cf.: MILLÁN MARTÍNEZ, José; RODRÍGUEZ RIVERO, Manuel; VERSTEEGEN, Gijs (Coords.). La Corte en Europa: política y religión (Siglos XVI-XVIII). Madrid: Polifemo, 2012. 3 v; RIVERO RODRÍGUEZ, Manuel (coord.). Nobleza hispana, nobleza Cristiana: la Orden de San Juan. Madrid: Polifemo, 2009. 2 v; SOSA MAYOR, Igor. El noble atribulado: nobleza y teologia moral en la Castilla moderna (1550-1650). Madrid: Marcial Pons, 2018; ESPIRITUALIDADE e corte em Portugal. Porto: Instituto de Cultura Portuguesa, Faculdade de Letras do Porto, 1993; VERSTEEGEN, Gijs. Corte y Estado en la historiografia liberal: un cambio de paradigma. Madrid: Polifemo, 2015. 12 cabeça do reino, sede da Corte, morada definitiva da realeza e da alta nobreza – entre outros tantos nobres que possuíam qualidades, privilégios e posições diversificadas –, tal concepção vinha de uma tradição de longa data, que buscava não somente corrigir e orientar as ações, a alma e o corpo, mas visava perpetuar e exaltar os valores nobiliárquicos, e cooperar com a ordem do mundo.6 Porém, ela nem sempre marcou presença na colônia. Foi somente em meados do Seiscentos e ao longo do Setecentos, com ênfase na primeira metade do século XVIII, que os nobres e os valores morais dignos do seu estado começaram a aparecer como exemplo em uma série de escritos de cunho edificante,7 produzida por religiosos, clérigos ou moralistas que atuaram nos trópicos. É sobre esses valores indispensáveis aos nobres, e que deveriam ser difundidos por eles aos demais habitantes da colônia, que essa pesquisa se debruçará. O Brasil dos séculos XVII e XVIII era a principal colônia portuguesa de além-mar, um “Novo Mundo” constituído por tipos sociais e costumes que nem sempre coincidiam com os do reino. Tais singularidades não impediram a colônia de partilhar com os portugueses, para além de um mesmo rei, de instituições, valores, hierarquias, distinções e de algumas práticas letradas. Entre essas partilhas, vale destacar o papel fundamental da Igreja Católica – nomeadamente, do padroado régio –,8 da fé e da moral católicas, do modelo hierárquico tripartido entre clero, nobreza e povo, da distinção entre nobres e plebeus e, particularmente, da produção de escritos edificantes que buscaram reafirmar esses valores e distinções, e orientar as condutas dos fiéis católicos que aqui habitavam, com especial atenção para os modos de proceder dos nobres. Diversos foram os livros de devoção ou de moral, os sermões penitenciais e os elogios – orações, sermões fúnebres, panegíricos ou sonetos – que falaram sobre o papel modelar da nobreza. Religiosos como os beneditinos Bernardo de Braga (1604-1662), Ruperto de Jesus (1644-1708), José da Natividade (1649-1714), Mateus da Encarnação Pina (1687-?); os franciscanos Agostinho da Conceição (XVII?-1693), Gervásio do Rosário (1681-?), Bento da Apresentação; os jesuítas Alexandre de Gusmão (1629-1724), Domingos de Ramos (1653- 1728), Francisco de Almeida (1706-1760), Cornélio Pacheco (1699-1760); os carmelitas 6 Cf.: GUILLÉN BERRENDERO, José Antonio. La Edad de la Nobleza: identidad nobiliaria en Castilla y Portugal (1556-1621). Madrid: Polifemo, 2012. 7 Por escritos edificantes, entendem-se todos aqueles registros produzidos, ao longo dos séculos XVII e XVIII, por religiosos, clérigos ou moralistas, e que tinham como propósito principal orientar os fiéis católicos ao caminho do bem e da ordem do mundo, à fuga dos vícios e pecados, à vida virtuosa e à salvação da alma após a morte. 8 Segundo o historiador Charles Boxer, “o padroado real português pode ser definido em geral como uma combinação de direitos, privilégios e deveres concedidos pelo papa à Coroa de Portugal na qualidade de patrocinadora das missões católicas e dos estabelecimentos eclesiásticos missioneiros na África, na Ásia e no Brasil. Esses direitos e deveres provieram de uma série de bulas e breves pontifícios, começando com a bula Dum diversas, de Nicolau V, em 1452, e culminando com a bula Praecelsae devotionis, de Leão X, em 1514”. Cf.: BOXER, Charles Ralph. A Igreja Militante e a expansão ibérica: 1440-1770. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 98. 13 Eusébio de Matos (1629-1692), Bartolomeu do Pilar (1667-1733), Sebastião do Vale Pontes (1663-1736), Manuel da Madre de Deus Bulhões (1666-1738); clérigos como Antônio da Silva (1639-17--?), Ribeiro Lourenço (1648-1724), João Calmon (1668-1737), Manuel Freire Batalha; José de Andrade e Morais; moralistas como Alexandre Perier (1651-?), Sebastião da Rocha Pita (1660-1738), Nuno Marques Pereira (1652-1728?), Feliciano Joaquim de Sousa Nunes (1734-1798), entre muitos outros nomes, pregaram ou escreveram no Brasil, e imprimiram no reino, obras edificantes sobre a nobreza ou para os nobres.9 A literatura pia ou moral – mais do que difundir os modos de orar a Deus e aos santos, as virtudes caras a todos os fiéis católicos, os vícios e os pecados a serem evitados – trata das condutas esperadas ou reprováveis a cada estado ou condição das gentes do Brasil – nobres, plebeus, solteiros, casados, clérigos, religiosos e escravos, apenas para citar alguns dos tipos mais recorrentes –, com especial atenção à nobreza. Os sermões penitenciais, compostos por clérigos ou religiosos para serem proferidos na Quaresma, ocasião em que os pregadores recordavam os fiéis da necessidade de expiarem seus pecados e esquecerem das pompas mundanas, foram as peças oratórias que mais destacaram como os nobres deveriam ser modelos de desprendimento, humildade e contrição. Outros sermões em louvor aos santos católicos e dedicados à nobreza, ou em homenagem às irmandades e ordens terceiras frequentadas por homens e mulheres ilustres, também chamaram atenção para os feitos, as virtudes e as qualidades dos nobres. Já os elogios honoríficos eram compostos para celebrar e enaltecer as virtudes e boas ações dos grandes, nobres que ocupavam os cargos e as dignidades mais distintos da monarquia católica ou do governo temporal e espiritual dos trópicos – reis, rainhas, vice-reis, governadores e suas respectivas donas, bispos e arcebispos. Nesses encômios, os homens e as mulheres nobres eram descritos como verdadeiros católicos e exímios em seus cargos, pois sempre colocavam Deus, a Igreja e os seus ministros em primeiro plano, e, como recompensa, foram elevados a heróis na colônia e eleitos, pelo Criador, para o reino dos céus. Ainda que não partilhassem sempre dos mesmos gêneros ou estratégias para conduzir a nobreza e os demais homens ao caminho da virtude e da salvação,10 todos esses escritos falaram 9 As obras que compõem o corpus documental deste estudo foram levantadas no acervo digital do grupo temático “Escritos sobre os Novos Mundos: uma história da construção de valores morais em língua portuguesa”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Processo 13/147866-6). Para maiores informações sobre as obras consultadas e sobre seus autores, conferir os catálogos do acervo denominado LIVROS, sermões e outros impressos escritos em português e publicados ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII que mencionam o Brasil e seus habitantes. Disponível em: https://unesp.br/escritos/#!/acervo/livros-sermoes-e-outros-impressos- escritos-em-portugues-e-publicados-nos-seculos-xvi-xvii-e-xviii/. Acesso em: 18 jun. 2019. 10 Não é pretensão deste estudo analisar os aspectos formais dos escritos edificantes, ressaltando-se, por exemplo, a especificidade de cada gênero, os seus recursos retóricos ou discursivos, mas sim tentar perceber como um sermão, um livro de devoção ou de moral, um encômio ou um panegírico difundiram, na colônia, modelos de conduta a serem seguidos ou evitados. Alguns dos principais estudiosos que analisaram os gêneros retóricos e os https://unesp.br/escritos/%23!/acervo/livros-sermoes-e-outros-impressos-escritos-em-portugues-e-publicados-nos-seculos-xvi-xvii-e-xviii/ https://unesp.br/escritos/%23!/acervo/livros-sermoes-e-outros-impressos-escritos-em-portugues-e-publicados-nos-seculos-xvi-xvii-e-xviii/ 14 sobre virtudes caras à nobreza. O presente estudo parte do pressuposto de que esses escritos edificantes se constituíram como guias de boa conduta, sobretudo nobiliárquica, no Brasil colonial, até pelo menos meados do século XVIII, momento quando os institutos religiosos e clericais – os principais centros de produção letrada da época – e os sermões, elogios, panegíricos, livros de devoção e de moral perdem, paulatinamente, espaço nos trópicos. Nesse sentido, o objetivo da tese será investigar esses guias produzidos no Seiscentos e Setecentos, com o intuito de compreender quais valores foram considerados fundamentais à nobreza que viveu ou residiu – ainda que por alguns anos – na colônia. Antes, porém, de desdobrar os questionamentos centrais da tese, é imprescindível verificar alguns contornos da sociedade colonial e da literatura possível aos homens dos séculos XVII e XVIII. Nesse Brasil de outrora, o estado eclesiástico, os símbolos religiosos e os valores da fé católica difundidos nos escritos e nas pregações se faziam cotidianamente presentes na vida dos moradores da colônia e guiavam suas condutas do nascimento à hora da morte. Ser católico não significava meramente professar uma fé com o intuito de garantir a salvação da alma após a morte, mas, sobretudo, ter um lugar ou auferir postos e posições na sociedade.11 O bom vassalo, nobre, plebeu, clérigo, religioso, guerreiro, governante, senhor de escravos, pai ou filho; a boa dona, plebeia, religiosa, beata, esposa, matrona ou filha eram, entre outros aspectos, fiéis aos preceitos da religião católica professada no reino português e nas suas possessões ultramarinas. O catolicismo predominava, igualmente, na formação dos letrados leigos e religiosos que atuaram na colônia. Formados nos colégios ou seminários das principais ordens religiosas que aqui fincaram raízes – a jesuíta, a franciscana, a beneditina e a carmelita –, esses homens eram, acima de tudo, intermediários da palavra divina ou fiéis aos preceitos da religião, e tinham como propósito ou ofício disseminar a verdade, agregar fiéis ao grêmio da Igreja Católica e encaminhar as diversas sortes de gentes da colônia a uma vida reta, digna dos estados, condições ou ofícios que ocupavam na terra, e da bem-aventurança no céu.12 escritos populares na colônia são: PÉCORA, Alcir. Teatro do sacramento: a unidade teológico-retórico-política dos sermões de Antônio Vieira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994; PÉCORA, Alcir. A máquina de gêneros. São Paulo: Edusp, 2001; HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. São Paulo/Campinas: Ateliê Editoral/ Editora Unicamp, 2004. 11 MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue: uma fraude genealógica no Pernambuco colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 55. 12 Cf.: BOXER, Charles Ralph. A Igreja Militante e a expansão ibérica; HOORNAERT, Eduardo; AZZI, Riolando; GRIJP, Klaus Van Der; BROD, Breno. História da Igreja no Brasil: ensaio de interpretação a partir do povo. Primeira Época. Petrópolis: Vozes, 1983; RUBERT, Arlindo. A Igreja no Brasil. Santa Maria: Pallotti, 1977- 1993. 4 v. 15 Não é de se estranhar, pois, que, em uma colônia onde não havia espaço fora da religião,13 a produção escrita e livresca, desenvolvida por letrados formados no claustro ou nos institutos religiosos, versasse majoritariamente sobre questões relativas à Igreja, à fé católica e à reforma, ou ao aperfeiçoamento dos costumes da comunidade de fiéis. A partir do levantamento realizado no conjunto documental intitulado “Livros, sermões e outros impressos em português e publicados ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII que mencionam o Brasil e seus habitantes” do acervo digital do grupo de pesquisa Escritos Sobre os Novos Mundos, foi possível constatar que, até o último quartel do século XVIII, os livros e impressos populares no Brasil possuíam objetivos marcadamente edificantes,14 e parcela considerável desses escritos – como os livros de devoção e de moral, alguns sermões penitenciais e os elogios honoríficos – versava sobre o papel modelar da nobreza.15 Durante o século XVI, quando a cristandade da América portuguesa ainda estava sendo construída,16 raramente são encontradas, em cartas, sermões, diálogos, catecismos, relações sobre a terra e as gentes, entre outros registros produzidos por eclesiásticos, sobretudo jesuítas, admoestações voltadas a estados específicos, muito menos direcionada aos nobres e com vistas à edificação dos demais.17 É verdade que nem todos esses registros tinham propósitos moralizantes ou edificantes, e mesmo quando tinham, como era o caso das cartas, dos sermões, da poesia ou do teatro jesuíticos, a preocupação dos letrados era primordialmente com a conversão e a catequese dos índios, ou com a correção dos costumes dos colonos. Àquela altura, a sociedade colonial começava a se desenvolver; portanto, demandava outras investidas dos 13 FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. O Rio de Janeiro em língua portuguesa (1576-1808). [S. l.: s. n., 2018]. p. 196. No prelo. 14 Os escritos foram analisados, relacionados e contabilizados da seguinte forma: A- Escritos edificantes ou encomiásticos (sermões, orações, elogios, panegíricos, livros de devoção): 320 impressos. B- Obras sobre as ordens religiosas, o clero e a Igreja (cartas, crônicas, legislação, vidas de padres ou de religiosos): 32 impressos; C- Outros escritos (escritos poéticos, dicionários, histórias do Brasil, relações de naufrágio, tratados médicos, memórias científicas, entre outros): 122 impressos. É notável como a quantidade de escritos edificantes era superior à das demais produções. 15 A nobreza aparece nos escritos edificantes da seguinte forma: A- Encômios (orações, elogios, sermões fúnebres, panegíricos, sonetos): 78 impressos. B- Sermões penitenciais ou devocionais (na ocasião da Quaresma, de novenas, em louvor aos santos católicos ou às irmandades): 39 impressos. C- Livros de devoção ou de moral: 16 impressos. 16 BOXER, Charles Ralph. A Igreja Militante e a expansão ibérica. p. 97. 17 LEITE, Serafim. Monumenta Brasiliae. Roma: Monumenta Historica Societatis Iesu, 1957-1968. 5 v; LEITE, Serafim. Novas cartas jesuíticas (De Nóbrega a Vieira). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940; NÓBREGA, Manuel da. Diálogo sobre a conversão do gentio. Lisboa: União Gráfica, 1954; ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões. São Paulo: EDUSP, 1988; ANCHIETA, José de. Doutrina Cristã. 2 São Paulo: Loyola, 1992. 2 t; RODRIGUES, Pedro. Compendio de algũas cartas que este anno de 97. vierão dos Padres da Companhia de Jesu, que residem na India, & corte do grão Mogor, & nos Reinos da China, & Japão, & no Brasil, em que se contem varias cousas. Collegidas por o padre Amador Rebello da mesma companhia. Lisboa: Por Alexandre de Siqueira, 1598; GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil: história da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil. Brasília: Senado Federal, 2008; CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. Rio de Janeiro: Leite & Cia, 1925. 16 religiosos, pautadas geralmente no ensino dos rudimentos e de alguns valores da fé aos índios, e na fixação de tais conteúdos e preceitos entre os colonos. Era o colono católico – independentemente de seu lugar na hierarquia – que deveria servir aos índios de exemplo de fidelidade aos valores da fé, pois, só assim, ele poderia cumprir a sua missão salvífica no Novo Mundo.18 Esta dedicação à educação moral do colono aumentou entre os missionários jesuítas e outros que aqui se instalaram – franciscanos, carmelitas e beneditinos – em finais do Quinhentos. As dificuldades para converter os índios e conduzi-los ao caminho da fé católica tornaram-se cada vez mais patentes e, paulatinamente, a atenção dos religiosos voltou-se para a maioria daqueles fiéis tida como mais predisposta à fé católica: os colonos, os negros de Guiné e os mestiços.19 Nas décadas iniciais do século XVII, a colônia mostrava-se mais heterogênea, ao mesmo tempo que a quantidade de índios escasseava na região litorânea.20 O significativo contingente de negros provenientes do tráfico atlântico de escravos – de negros pouco afeitos aos costumes católicos, porém mais inclinados do que os índios ao cativeiro –;21 a existência dos mestiços provenientes do intercurso sexual de colonos com negros ou índios, e a presença do colonato nobre e plebeu, mas nem sempre católico – uma porção nada desprezível era cristã-nova ou protestante –,22 despertaram maior preocupação de religiosos e clérigos com a educação religiosa e moral dos moradores dos trópicos, de modo que observassem os valores da fé e da moral católicas e não perpetuassem doutrinas classificadas como heréticas pela Igreja pós- tridentina.23 O renomado pregador luso-brasileiro, padre Antônio Vieira (1608-1697) – assim como outros religiosos –, pregava, nas primeiras décadas do Setecentos, peças oratórias com o intuito de emendar os vícios e incitar às virtudes de colonos a escravos.24 Nesses registos, a ênfase nas 18 KUHNEN, Alceu. As origens da Igreja no Brasil – 1500-1552. Bauru: Edusc, 2005. p. 307. 19 FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Cristãos a seu modo. In: FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Ilustres ordinários do Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2018. 20 SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 40-56. 21 Ibidem. p. 69-73. 22 Idem. Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 281. 23 Cf.: PALOMO, Federico. A Contra-Reforma em Portugal: 1540-1700. Lisboa: Horizonte, 2006; GOUVEIA, António Camões; BARBOSA, David Sampaio; PAIVA, José Pedro (coords.). O Concílio de Trento em Portugal e nas suas conquistas: olhares novos. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa/Centro de Estudos de História Religiosa, 2014; VAINFAS, Ronaldo. A Contrarreforma e o além-mar. In: VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 19-43. 24 O sermonário de Vieira é extenso. Para citar apenas alguns de seus sermões escritos ou pregados no Brasil e no Velho Mundo: VIEIRA, Antônio. Sermoens do P. Antonio Vieira, da Companhia de Jesu, prégador de Sua Alteza. Lisboa: Na Officina de Joam da Costa, 1679. parte 1; VIEIRA, Antônio. Sermões varios, e tratados, ainda não impressos, do grande Padre Antonio Vieyra da Companhia de Jesus [...]. Tomo XV. E de Vozes Saudosas Tomo II. Lisboa: Na oficina de Manoel da Sylva, 1748; VIEIRA, Antônio. Maria Rosa Mystica. Lisboa: Na Officina de 17 hierarquias e distinções – explicitadas nas diferenças das cores dos homens e das mulheres – e nas dessemelhanças dos estados – principalmente nas relações entre governantes e súditos, eclesiásticos e leigos, mestres e noviços, patriarcas e suas famílias, senhores e escravos, entre outras –, já se colocavam, e continuaram a ser assunto para os letrados até pelo menos o último quartel do Setecentos. Nesse momento, a literatura edificante começou a perder o protagonismo na colônia, muito provavelmente em decorrência das medidas regalistas da coroa impostas aos conventos e seminários das ordens religiosas. Ademais, é notável, nas décadas finais do Setecentos, certa diversificação dos escritos produzidos no Brasil,25 diversificação que se consolidará ao longo do século XIX, especialmente após a vinda da Corte e da instalação da imprensa régia no Rio de Janeiro, em 1808.26 A partir de então, escritos que visavam, sobretudo, fomentar as ciências naturais e civilizar as condutas dos brasileiros, tais como as memórias científicas, os periódicos, as peças teatrais, os romances e os manuais de bons costumes, ganharam destaque nos prelos. A análise e o levantamento das temáticas, dos tipos sociais, das virtudes, dos vícios e dos valores recorrentes nos impressos existentes no acervo digital do grupo Escritos... revelam, igualmente, que a maioria desses escritos edificantes, que versava sobre os nobres, foi produzida ou pregada durante a segunda metade do século XVII e o último quartel do XVIII – com especial incidência na primeira metade do Setecentos –, em catedrais, igrejas, irmandades, colégios e conventos de algumas das cidades e vilas mais importantes da colônia: Salvador, Recife, Olinda, Rio de Janeiro, Vila Rica (Ouro Preto) e Mariana. Foi nessas localidades que a maioria dos letrados da época pôde se formar e encontrar melhores condições materiais para escrever; público leitor ou ouvinte para suas obras; exemplos de virtudes para seus encômios; e os homens e as mulheres que partilhavam não somente das mesmas distinções sociais e do mesmo referencial moral e católico – comuns a toda a América Portuguesa, é verdade –, mas Miguel Deslandes, 1686. parte 1; VIEIRA, Antônio. Maria Rosa Mystica. Lisboa: Na Impressão Craesbeeckana, 1688. parte 2. A propósito das peças oratórias produzidas por franciscanos, beneditinos e carmelitas nas décadas iniciais do século XVII, localizamos informações apenas em suas crônicas e histórias: LOSE, Alicia Duhá et al. Dietário (1582-1815) do Mosteiro de São Bento da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2009; MOSTEIRO de S. Bento do Rio de Janeiro [...]. Rio de Janeiro: Papelaria Ribeiro, 1927; SÁ, Manuel de. Memorias Historicas. Lisboa Oriental: Officina Ferreyriana, 1724; JABOATÃO, Antônio de Santa Maria. Novo orbe serafico brasilico ou Chronica dos frades menores da província do Brasil, por Fr. Antonio de Santa Maria Jaboatam. Impressa em Lisboa em 1761, e reimpressa por ordem do Instituto Historico e Geografico Brasileiro. Rio de Janeiro: Typ. Brasiliense de Maximiano Gomes Ribeiro, 1858-1861. 4 v; SALVADOR, Vicente do. Historia do Brazil. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1889. 25 Conferir os catálogos digitais do banco de dados do grupo “Escritos sobre os novos mundos” a partir de meados do século XVIII. 26 CAMARGO, Ana Maria de Almeida; MORAES, Rubens Borba. Bibliografia da impressão régia do Rio de Janeiro. São Paulo: Edusp, 1993. 2 v. 18 também de vícios e pecados similares. Daí ter sido fundamental restringir o corpus documental dessa pesquisa à análise dos escritos provenientes dessas localidades. A propósito especificamente da história da nobreza no Brasil colonial, a segunda metade do século XVII e as primeiras décadas do século XVIII foram marcadas por uma busca crescente dos colonos por nobilitação. Muitos historiadores que se debruçaram sobre os tratados de nobreza, as genealogias, as memórias históricas, as documentações camarária e jurídica e os processos de nobilitação do período, têm ressaltado como o conceito de nobreza no Brasil colonial era difuso.27 Nos escritos edificantes da colônia, a definição de nobreza não se mostrou menos complexa. Os religiosos e moralistas da época inseriram no estado da nobreza tipos variados: titulados, como alguns governadores e vice-reis; fidalgos por antiguidade e geração; vassalos que possuíam hábitos ou comendas da Ordem de Cristo; a nobreza pecuniária e a nobreza teológica, cuja marca era a virtude e a santidade. Em suma, para religiosos, clérigos e moralistas, nobres eram todos aqueles que descendiam dos grandes do reino, os titulados, os fidalgos e aqueles que formalizaram suas honras mediante as graças honoríficas vigentes no mundo luso-brasileiro. Embora houvesse uma hierarquia entre os próprios nobres, já que nem todos possuíam as mesmas honras e os mesmos privilégios, para os letrados todos os nobres partilhavam de uma qualidade comum: a inclinação às ações virtuosas, dignas de verdadeiros católicos e vassalos distintos da monarquia. É consenso entre os estudiosos que a nobreza mais comum na colônia não se constituiu da reprodução social dos grandes do reino e da profusão dos titulados, mas, sim, da vitalidade característica da “nobreza política ou civil”28 e do prestígio social da “nobreza da terra”.29 A nobreza política ou civil compreendia os colonos plebeus alçados ao segundo estado pelo rei 27 Cf.: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na colônia. São Paulo: Editora UNESP, 2005; SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Donas e plebeias na sociedade colonial. Lisboa: Estampa, 2002; SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Donas mineiras do período colonial. São Paulo: Editora Unesp, 2017; RAMINELLI, Ronald. Nobrezas do Novo Mundo: Brasil e ultramar hispânico, séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015; FRAGOSO, João. Fidalgos e parentes de pretos: notas sobre a nobreza principal da terra do Rio de Janeiro (1600-1750). In: FRAGOSO, João; ALMEIDA; Carla Maria Carvalho de; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de Sampaio (orgs.). Conquistadores e negociantes: história de elites no Antigo Regime nos trópicos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007; FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda Batista; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001; MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio: o imaginário da restauração pernambucana. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997; MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates, Pernambuco, 1666-1715. São Paulo. Companhia das Letras, 2012. 28 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na colônia. 29 Alguns dos principais expoentes são: MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio; FRAGOSO, João. A formação da economia colonial no Rio de Janeiro e de sua primeira elite senhorial (séculos XVI e XVII). In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda Batista; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). p. 29-71. Para mais informações, conferir: BICALHO, Maria Fernanda Baptista. Elites coloniais: a nobreza da terra e o governo das conquistas. História e historiografia. In: MONTEIRO, Nuno Gonçalo; CARDIM, Pedro; CUNHA, Mafalda Soares da (orgs.). Optima Pars: elites ibero- americanas do Antigo Regime. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2005. 19 devido aos serviços prestados à monarquia, como a apropriação de territórios ou a expulsão de estrangeiros do litoral, a ocupação dos cargos honrosos da república e o exercício de funções administrativas e de postos na milícia. A busca pelo ouro, a solidificação do corpo mercantil e o aumento das transações comerciais eram outros meios pelos quais os vassalos poderiam tornar-se nobres.30 Já a “nobreza da terra”, termo comum entre os historiadores, prescindia de uma nobreza respaldada juridicamente e reconhecida pelo monarca, pois pautava a sua distinção no poder econômico, político, militar ou mesmo religioso, ou seja, tinha sua condição reconhecida a partir da quantidade de terras e escravos que possuía, dos lugares camarários que ocupava, das tropas e patentes militares que ostentava, ou das irmandades – santas casas ou ordens terceiras – que integrava.31 A despeito de a nobreza da terra figurar como protagonista dos estudos sobre a nobreza no Brasil colonial, ela não será o foco da presente investigação, pois seus membros não foram enquadrados no segundo estado por religiosos, clérigos e moralistas dos séculos XVII e XVIII. O termo usual na documentação edificante para esses homens distintos era o de “principais da terra”. Tais homens serão tomados aqui, na medida em que apareçam, como possíveis ouvintes ou leitores dos encômios, dos livros de devoção e de moral, mas não serão definidos como nobres ou pertencentes ao estado da nobreza. Longe de querer trazer à luz a definição de todos os conceitos ou termos partilhados pelos homens da época – missão impossível para qualquer estudioso do passado –, alguns deles, caros ao estudo proposto, como o de nobreza, serão abordados a partir de definições dadas pelos próprios letrados. Em uma história que pretende investigar quais condutas foram tidas como indispensáveis aos moradores da colônia, nomeadamente aos nobres, delimitar o que eclesiásticos e moralistas compreendiam por nobreza torna-se central. A nobreza política ou civil e todos aqueles nobres que, independentemente da origem de sua nobreza, possuíam feitos e virtudes comprovados e reconhecidos por seus coetâneos ocuparam, por sua vez, lugar central na reflexão dos letrados da época. Era corrente a ideia, nos escritos edificantes, de que aqueles nobres que conquistaram e garantiram o brio da nobreza com o próprio esforço, realizando feitos heroicos e virtuosos, dignos de verdadeiros católicos e vassalos, nas guerras, conquistas de territórios e ocupação de cargos e dignidades civis ou eclesiásticas, mereciam todas as honras e todos os respeitos dos membros de sua comunidade. Assim, aqueles nobres que sustentavam a sua nobreza nos méritos próprios e nas boas obras – 30 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na colônia. p. 175-191. 31 RAMINELLI, Ronald. Nobreza e principais da terra – América Portuguesa, séculos XVII e XVIII. Topoi, Rio de Janeiro, v. 19, n. 38, mai./ago. 2018. p. 219. 20 sem dependerem da geração ilustre, dos títulos ou dos feitos dos parentes mais próximos –, agindo em conformidade à vontade de Deus e do rei, eram, pois, excelentes. Em uma colônia constituída, principalmente, por uma nobreza política ou civil, não foi incomum, sobretudo entre os nobres, o acúmulo de postos e mercês para distinguirem-se cada vez mais dos plebeus. A busca por honrarias acentuou-se na colônia em meados do Seiscentos e na primeira metade do Setecentos, quando as possibilidades de servir a monarquia e angariar mercês tornaram-se mais diversificadas. Após 1654 e 1665, por exemplo, houve a concessão e a solicitação de novas mercês motivadas pela participação dos vassalos da colônia nas guerras contra os holandeses e na sua expulsão do Brasil e de Angola.32 Outro período importante foi aquele posterior à restauração da coroa portuguesa, em 1640, quando alguns vassalos reivindicaram ou alcançaram postos na governança devido aos feitos realizados durante a guerra. De modo semelhante, as entradas e a descoberta das minas de ouro nos sertões, na passagem do século XVII para o XVIII, consolidaram a procura por honrarias e ascensão social, uma vez que muitos colonos participaram desses empreendimentos com a esperança de recompensas pelos serviços prestados.33 As buscas constantes por nobilitação nos trópicos e por honras e mercês caras aos nobres, não foram vistas com bons olhos por religiosos e moralistas, e provavelmente impactaram na produção letrada da época. Religiosos franciscanos como Rosário, jesuítas como Alexandre de Gusmão, carmelitas como Manuel Ângelo de Almeida (1697-?), clérigos como José de Araújo e Lima e Felipe Benício Barbosa (1722-?), e moralistas como Nuno Marques Pereira condenaram, em seus escritos, a postura tida por presumida dos habitantes do Brasil, que, por desejarem somente as honras mundanas ou pertencerem à nobreza, acabavam se esquecendo das distinções e da necessidade de se adequarem aos seus respectivos estados. É possível conjecturar, pois, que o destaque dado pelos letrados da colônia às façanhas virtuosas, como sendo a principal qualidade da nobreza, decorria tanto da ponderação de que os feitos eram fundamentais para integrar ou reafirmar a nobreza quanto por considerarem ser necessário, nesse momento, moralizar os costumes, reafirmar a ordem hierárquica e fixar condutas nobiliárquicas nos trópicos, a começar pelos nobres. Para religiosos e moralistas, os nobres deveriam ser fiéis à Igreja, devotos, leais à monarquia católica, dignos de seu estado e circunscritos às condutas próprias dos lugares ou postos que ocupavam. Foram justamente a 32 ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 190. 33 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na colônia. p. 75; BOXER, Charles Ralph. A Idade de Ouro do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1963. p. 49; HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 16; 46. 21 partir desses pilares que os letrados conduziram a descrição dos feitos virtuosos da nobreza elogiada na colônia. Embora os escritos encomiásticos, quando lidos isoladamente, aparentem conter apenas bajulações e alguns registros cronológicos da vida ou morte dos elogiados, quando dispostos em série com outros escritos de cunho edificante – livros de devoção e de moral e sermões penitenciais – e analisados como registros legados por homens que possuíam grande papel sociocultural na colônia – eclesiásticos e moralistas –, é possível verificar indícios de alguns parâmetros morais que deveriam orientar as condutas dos habitantes do Brasil dos séculos XVII e XVIII. Se tais valores foram seguidos à risca ou não pelos moradores da colônia, se os beneméritos não passaram de falsos beatos, ou se os eclesiásticos e moralistas que produziram encômios foram simples lisonjeiros, pouco importa à investigação proposta. O que interessa a esse estudo é compreender como um código de conduta nobiliárquico foi difundido, pactuado e tomado como parâmetro das ações de homens e mulheres, em especial, dos nobres. Nesse sentido, a tese foi estruturada em quatro capítulos que têm como objetivo desdobrar desde o lugar dos escritos edificantes nos trópicos até seus conteúdos, com foco nas virtudes mais exaltadas e recomendadas por religiosos, clérigos e moralistas à nobreza e, por conseguinte, a todos aqueles que nela deveriam se espelhar. O primeiro capítulo, denominado “Das moralidades místicas e espirituais”, visa analisar os principais propósitos dos guias de boa conduta da colônia, isto é, dos escritos edificantes, e compreender como os letrados propunham moralizar os costumes e fixar condutas nobiliárquicas no Brasil colonial. Será, pois, fundamental examinar por que os sermões, os elogios, os livros de devoção e de moral eram considerados dignos de serem escritos pelos letrados que aqui atuaram, dados ao prelo no reino e consumidos na colônia. Além disso, cabe analisar a partir de que meios seus conteúdos poderiam chegar ao conjunto de fiéis das principais cidades e vilas do Estado do Brasil, sobretudo, aos membros do segundo estado. Os capítulos seguintes abordarão, especificamente, as façanhas virtuosas consideradas dignas da nobreza, os valores que as sustentavam e como elas deveriam ser praticadas por nobres que residiam na colônia. Assim, o segundo capítulo, intitulado “Da Reverência ao estado eclesiástico”, intenta responder como e por que os nobres deveriam prestar reverências a religiosos e clérigos. Para tanto, será imprescindível analisar o papel sociocultural dos eclesiásticos, bem como de seus colégios, conventos e seminários no Brasil dos séculos XVII e XVIII. O terceiro capítulo, “Do culto divino”, dedicar-se-á aos feitos virtuosos da nobreza relacionados à promoção do culto e da honra de Deus, tais como, o amparo aos templos e aos 22 institutos religiosos; a frequência às missas e à comunhão da Eucaristia; o exercício da caridade para com o próximo; a prática da oração vocal e mental; e a devoção aos santos católicos mais próximos da corte celeste. Eis algumas das principais formas pelas quais os nobres da colônia poderiam cultuar e honrar a Deus e, por conseguinte, tornarem-se virtuosos e memoráveis. Interessa especificamente saber como e por que os nobres deveriam realizar esses feitos. Por fim, o quarto capítulo, denominado “Do governo dos corpos e das almas”, será dedicado às façanhas da nobreza no governo dos corpos e das almas. Mais precisamente, o capítulo analisará como e por que, segundo os letrados da época, alguns nobres foram escolhidos por Deus e pelos reis para ocuparem cargos e dignidades temporal e espiritual mais honrosos da república, como o governo-geral e o governo de determinadas capitanias, o vice- reinado e as prelazias. Para tanto, será necessário entender, entre outros aspectos, o que era o bom vassalo, o papel da liberalidade e das virtudes cardeais nos serviços prestados a El-Rei, sobretudo nas guerras, nas conquistas de territórios e na ocupação de determinados cargos e dignidades; e de que maneira os nobres governantes deveriam conduzir seus próprios apetites e as diversas sortes de gente da colônia ao bem comum e à salvação da alma após a morte. Recorrentes nos escritos edificantes que circularam nessas plagas, principalmente naqueles que rememoraram as façanhas virtuosas de uma nobreza católica, as virtudes – teologais, cardeais ou morais e religiosas – ainda não constituíram objeto das reflexões dos estudiosos da América Portuguesa. Em uma terra descrita e interpretada frequentemente como portadora de um cristianismo às avessas e concebida como pouco afeita à fixação das boas condutas cristãs, as virtudes foram encaradas por muitos estudiosos como idealizações de eclesiásticos e moralistas, sendo incompatíveis com a realidade ou os costumes locais, principalmente entre aqueles responsáveis pela difusão da fé e da tradição católicas, os colonos, fossem eles eclesiásticos, nobres ou plebeus. Os pecados e os vícios, por seu turno, chamaram mais a atenção dos estudiosos da colônia, por serem, supostamente, característicos da falta de senso da ortodoxia católica, por parte de colonos e escravos, e sobretudo, por certo cunho desviante ou contestatório em relação às normas e aos valores então vigentes e provenientes da tradição portuguesa. Nesse sentido, caberá indagar e tentar responder, na conclusão, qual o papel das façanhas e virtudes nobiliárquicas na constituição moral da sociedade que se formou na colônia. É importante reiterar que não se trata de saber se os nobres foram realmente virtuosos ou não, mas, sim, de tentar entender o lugar das virtudes nobiliárquicas em uma sociedade que possuía uma nobreza que, para os letrados da época, deveria seguir parâmetros de conduta para agir conforme seu estado e servir de exemplo aos demais. Enfim, uma 23 sociedade que se concebia como ordenada hierarquicamente em estados, partilhada entre nobres e plebeus, e, principalmente, católica. 252 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste estudo, foram analisados diversos escritos edificantes produzidos por eclesiásticos e moralistas que atuaram no Brasil dos séculos XVII e XVIII, com o intuito de compreender como um código de conduta nobiliárquico foi constituído, pactuado e tomado como parâmetro das ações da nobreza que se fixou ou passou pelos trópicos. A partir de louvores às virtudes e façanhas virtuosas e da repreensão das ações viciosas ou pecaminosas, esses escritos orientaram os habitantes da colônia, especialmente os nobres, em direção à vida moralmente boa, à concórdia entre as partes, ao bem comum e à salvação da alma após a morte, constituindo-se como verdadeiros guias de boa conduta no Novo Mundo. Para letrados que buscavam cumprir com seus papeis de intermediários da verdade divina na ordem do mundo nos trópicos, que acreditavam que tal ordem seria devidamente assegurada se cada pessoa agisse conforme o seu estado – a começar pelos nobres –, e que a nobreza não se limitava às honrarias, compreendendo principalmente a nobreza de alma exteriorizada por atos honestos, as virtudes cultivadas pelos nobres e exercitadas por meio de façanhas virtuosas configuravam-se como os principais traços distintivos da verdadeira nobreza. Era somente a partir delas que os homens e as mulheres da época poderiam comprovar e assegurar suas nobrezas, cooperar com a ordem do mundo e preservar as desigualdades tidas por naturais. A forma considerada por letrados como a mais eficaz para os contemporâneos saberem se os nobres agiam ou não conforme ao que era esperado de seus estados e ofícios era justamente por meio do julgamento e da definição de suas ações como virtuosas, viciosas ou pecaminosas. Por isso, as orientações das condutas da nobreza e de todos aqueles que precisavam reformar seus modos de proceder na colônia se fundamentavam, principalmente, na exaltação de virtudes e de façanhas tidas por virtuosas da nobreza, e na admoestação de vícios e pecados que deveriam ser evitados, purgados ou emendados pelos nobres. As façanhas virtuosas consideradas imprescindíveis à nobreza foram aquelas ações ilustres pautadas nas virtudes teologais, cardeais ou morais e religiosas. A urbanidade dos nobres diante dos membros do estado eclesiástico e a estima dedicada tanto aos religiosos e clérigos quanto aos saberes cultivados em seus institutos constituíram façanhas que remetiam à virtude da reverência ao estado eclesiástico, virtude que reafirmava o lugar proeminente ocupado pelos eclesiásticos na hierarquia social e por seus institutos nos trópicos. As façanhas 253 próprias do culto divino – liberalidade nobiliárquica ou magnificência régia, religião, fé, esperança, caridade, devoção e piedade –, quando exercitadas de modo adequado pela nobreza e nos espaços reservados ao culto, demonstravam, por sua vez, o que era devido a Deus, à Igreja e aos próximos. As virtudes e os feitos virtuosos do culto divino tinham, ainda, a capacidade de demarcar o lugar distintivo ocupado pela nobreza e de conduzir homens e mulheres notáveis a relações virtuosas e duradouras com integrantes e instituições fundamentais para a ordem: Deus, a corte celeste, a Igreja e seus representantes, as irmandades e ordens terceiras, os pobres – nobres ou plebeus – e as almas penitentes do purgatório. Finalmente, as virtudes e façanhas virtuosas que propiciavam o governo prudente e justo dos corpos e das almas na colônia, o bem comum e a salvação dos virtuosos após a boa morte. Para tanto, os nobres precisavam realizar feitos virtuosos – liberalidade, temperança, fortaleza, zelo e constância – segundo os parâmetros da prudência e da justiça, as duas virtudes próprias do bom governo de si e da comunidade. A propósito dos vícios e pecados compreendidos pelos letrados como incompatíveis à nobreza, destacavam-se a vaidade, a jactância, a soberba, a avareza, a prodigalidade e a luxúria – adultério e concubinato. Tratava-se de vícios e pecados vistos como particularmente prejudiciais à nobreza, pois poderiam: impossibilitar que as almas dos nobres participassem da divina majestade; condenar seus corpos a uma morte imprevista e dolorosa, e as suas almas ao inferno; manchar a honra nobiliárquica; deslustrar as façanhas virtuosas dos nobres; causar males, infâmias e prejuízos aos próximos e ao bem comum; e, por consequência, gerar mau exemplo de conduta e desordem entre todos os estados da ordem do mundo nos trópicos. A partir desse código de conduta nobiliárquico propalado por letrados em escritos edificantes, procurou-se compreender o que os homens da época entendiam por ser virtuoso e agir virtuosamente na colônia, e como tais traços distintivos poderiam resultar em diferenças significativas no caráter e nas ações da nobreza. Desse modo, o nobre era considerado virtuoso quando tinha o hábito de fugir de pecados e vícios que colocavam em perigo o próprio corpo, a própria alma e honra, assim como o corpo, a alma e a honra de todos aqueles que estavam sob o seu governo, e quando realizava habitualmente façanhas virtuosas semelhantes às dos grandes elogiados nos escritos edificantes. Outros tantos nobres eram capazes de realizar determinados feitos virtuosos e evitar certos vícios e pecados circunstancialmente, mas não de modo habitual. Tais ações até poderiam ser aprovadas pelos homens da época, todavia, dificilmente os nobres que as praticavam seriam consagrados como virtuosos. Havia, ainda, certos nobres que poderiam pertencer ao restrito grupo dos grandes elogiados no Brasil: homens e mulheres que foram tomados como modelos de conduta virtuosa, porque agiam como heróis e eram parte da 254 verdadeira nobreza, aquela considerada mais proeminente e constante no exercício das virtudes, na fuga e na emenda dos vícios e pecados. Embora fossem muitos os benefícios que esse código de conduta proporcionava à nobreza, à ordem do mundo e à redenção das almas, algumas consequências imprevistas desse mesmo código provavelmente prejudicaram a coesão desejada por letrados da época e acabaram por marcar profundamente o Brasil que se forjou no período colonial: a dependência do amparo dos governantes tanto para a associação mais ou menos duradoura de letrados quanto para a realização de determinadas benfeitorias aos corpos, às almas e às urbes; a supervalorização da autoridade eclesiástica ou de homens que possuíam formação nos institutos religiosos e clericais; o desdém por aqueles que não eram eclesiásticos ou não mantinham relações estreitas com seus institutos e saberes; o excesso de doações feitas aos membros do estado eclesiástico; a abundância de missas e bens vinculados às almas do purgatório; a condenação do acúmulo de bens materiais e a consequente desconfiança de quaisquer atividades lucrativas, cujos meio ou fim não fossem a liberalidade nobiliárquica à Igreja e aos pobres; o incentivo à pobreza e à ociosidade de eclesiásticos, nobres e plebeus; a presença de nobres solteiros e concubinários que não conseguiram ou não quiseram observar todas leis e regras necessárias ao matrimônio católico; por fim, a promoção, no Novo Mundo, de uma “cultura personalista”.1 1 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 61. 255 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 6.1 Documentação AIRES, José. Breve direcção para o santo exercicio da Boa Morte: que se pratica nos Domingos do anno na Igreja dos Padres da Companhia de Jesus do Collegio da Bahia: instituido com authoridade Apostolica, em honra de Christo Crucificado, e de sua Mãy ao pé da Cruz, para bem, e utilidade dos Fieis. Lisboa: Officina da Musica, 1726. ALMEIDA, Francisco de. Ao senhor sargento mór Thomè Dias de Sousa. Dedicatoria. In: ALMEIDA, Francisco de. Oração ethica, e politica da terceira quarta feira da Quaresma, que na Misericordia da Bahia anno 1742. Presente o Illustrissimo, e excelentíssimo Senhor André de Mello e Castro Conde das Galveas, e Vice-Rey do Estado do Brasil. Lisboa: Na Officina dos Herdeiros de Antonio Pedrozo Galram, 1743. ALMEIDA, Francisco de. Oração ethica, e politica da terceira quarta feira da Quaresma, que na Misericordia da Bahia anno 1742. Presente o Illustrissimo, e excelentíssimo Senhor André de Mello e Castro Conde das Galveas, e Vice-Rey do Estado do Brasil. Lisboa: Na Officina dos Herdeiros de Antonio Pedrozo Galram, 1743. ALMEIDA, Manuel Ângelo de. Declamação moral, que na occasiam da rogativa, que fez a Veneravel Ordem Terceira do Carmo da Bahia, com huma devotissima Procissão de penitencia, por causa da grande secca, que sentio a mesma Cidade de Bahia desde o anno de 1734 até o presente de 1735, empenhando-se nesta rogativa ao Proto-Patriarcha Santo Elias, para com o seu Patrocinio abrir os Ceos, e regar a terra. disse o Reverendissimo Padre Mestre Fr. Manoel Angelo de Almeida, Doutor Jubilado na Sagrada Theologia, e Provincial da mesma Provincia do Carmo da Bahia, e offerece a seu Cunhado o Capitão André Marques, Cavalleiro Professo da Ordem de Christo, e Sub-Prior da dita Veneravel Ordem Terceira. Dada ao Prélo por hum seu intimo Venerador. Lisboa: Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1736. ALMEIDA, Manuel Ângelo de. Sermam, que nas exequias do Excellentissimo, e Reverend. Senhor D. Joseph Fialho, Bispo que foy de Pernambuco, Arcebispo da Bahia, e Bispo da Guarda, celebradas com toda a magnificencia na Santa Igreja de Olinda pelo Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor Dom Fr. Luiz de Santa Teresa Bispo actual de Pernambuco. Pregou o P. M. Fr. Manoel Angelo de Almeida, Mestre, e Doutor na sagrada Theologia, Ex-Provincial do Carmo da Provincia da Bahia, e o offereceo ao mesmo Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo de Pernambuco. Dado ao prelo pelo Capitão Manoel Themudo da Veiga. Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1742. ALVARÁ pelo qual se manda ampliar o número dos Professores das Escolas Menores em algumas Terras, Villas, e Lugares destes Reinos, e Supplemento ao Mappa dos ditos Professores. 11 de Novembro de 1772. In: COLLECÇÃO das Leys, Decretos, e Alvarás, Que Comprehende o Feliz Reinado Del Rey Fidelissimo D. José I. Nosso Senhor Desde o anno de 1750 até o de 1760, e a Pragmatica do Senhor Rey D. João o V. do anno de 1749. Lisboa: Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1790. t. 3. ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões. São Paulo: EDUSP, 1988. 256 ANCHIETA, José de. Doutrina Cristã. São Paulo: Loyola, 1992. 2 t. ANTONIL, André João de. Cultura, e opulencia do Brasil por suas drogas, e minas, com varias noticias curiosas do modo de fazer o assucar; plantar, e nebeficiar o tabaco; tirar ouro das minas; e descubrir as da prata; e dos grandes emolumentos, que esta Conquista da America Meridional dá ao Reyno de Portugal com estes, e outros generos, e Contratos Reaes. Lisboa: Officina Real Deslandesiana, 1711. ANTONIO, Aleixo. Oração funebre nas exequias do Augustissimo, e Fidelissimo Senhor Rey D. João V. de gloriosa memoria. Disse-a o P. Aleyxo Antonio da Companhia de Jesu na Igreja do Collegio da mesma Companhia da Cidade de Belém do Grão Pará. Lisboa: Officina de Miguel Manescal da Costa, 1754. ATAS capitulares da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil 1649-1893. Introdução e notas explicativas de Frei Venâncio Willeke, O. F. M.. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. v. 286. p. 92-222, 1970. AUREO throno episcopal, collocado nas Minas de Ouro, ou Noticia breve da creação do novo Bispado Marianense, da sua felicissima posse, e pomposa entrada do seu meritissimo, primeiro Bispo, e da jornada, que fez do Maranhão, o Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Fr. Manoel da Cruz, com a collecao de algumas obras academicas, e outras, que se fizerao na dita função, Author Anonymo. Dedicado ao Illustrissimo Patriarca S. Bernardo, e dado à luz por Francisco Ribeiro da Silva, Clerigo Presbytero, e Conego da nova Sé Marianense. Lisboa: Officina de Miguel Manescal da Costa, 1749. BARBOSA, Filipe Benício. Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, exposto em a Igreja Matriz do Corpo Santo em Pernambuco no anno de 1756. Havendo chegado a noticia da grande ruina de Portugal, dedicado ao Senhor Capitão Antonio José Brandão por seu author O P. Filippe Benicio, Sacerdote do habito de S. Pedro, e natural da Villa do Recife. Lisboa: Na Officina de Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Officio, 1757. BARROS, João Borges de. Relação summaria dos funebres obsequios, que se fizerão na Cidade de Bahia, Corte da America Portugueza, às memorias do Reverendissimo Senhor Doutor Manoel de Mattos Botelho, Abbade de Duas Igrejas, Provisor, Vigario Geral, e Governador do Bispado de Miranda, Dedicada, e offerecida ao Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Joseph Botelho de Mattos, Arcebispo da Bahia, Metropolitano dos Estados do Brasil, Angola e S. Thomè, e do Conselho de Sua Magestade, &C. Por seu Author o Doutor Joam Borges de Barros, Conego Doutoral da Santa Sé da Bahia, Desembargador da Relação Ecclesiastica, e Protonotario Apostolico de S. Santidade; Com huma Collecção de varias Poesias, e Orações, que se recitou nas sumptuosas Exequias, que celebrou na Igreja da Misericordia O Muito Reverendo Gonçalves Pereira, Conego Magistral da Santa Sé da Bahia, Desembargador da Relação Ecclesiastica, Protonotario Apostolico de Sua Santidade, Juiz das Dispensações, e Provedor actual da Santa Casa da Misericórdia. Lisboa: Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1745. BATALHA, Manuel Freire. Sermão, que na funesta, e magnifica pompa, com que na sua Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Villa Real do Sabará das Minas celebrou as memorias do Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor Bispo do Rio de Janeiro D. Fr. Antonio de Guadalupe, seu obrigado subdito o M. Reverendo Doutor Lourenço Jozé de Queiros Coimbra, vigario collado da referida igreja, e da Vara da Comarca do Rio das Velhas. Prégou Manoel Freire Batalha em 2 de Março de 1741. Lisboa: Na Officina Alvarense, 1742. 257 BENCI, Jorge. Economia christaã dos senhores no governo dos escravos. Deduzida das palavras do capitulo trinta e tres do Ecclesiastico: Panis, & disciplina, & opus servo: reduzida a quatro discursos morais. Roma: Officina de Antonio de Rossi na Praça de Ceri, 1705. BERNARDINO, José. Arte por onde devem estudar os seminaristas de Seminario de Bethlem para saberem guardar as suas regras, e custumes, e poderem proceder christãa, e cortesmente, e sair delle aproveitados na virtude, e nas letras. Ordenada pelo P. Joseph Bernardino da Companhia de Jesu. Lisboa Occidental: Officina de Pedro Ferreira, 1740. BLUTEAU. Rafael. Vocabulario portuguez e latino. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1728. 8 v. BONUCCI, Antônio Maria. Escola de Bem Morrer aberta a todos os christãos, & particularmente aos moradores da Bahia nos exercícios de piedade, que se practicão nas tardes de todos os domingos pelos Irmãos da Confraria da Boa Morte, instituida com autoridade apostolica na igreja do collegio da Companhia de Jesu. Lisboa: Officina de Miguel Deslandes, 1701. BRAGA, Bernardo. Sentimentos publicos de Pernambuco na morte do serenissimo Infante D. Duarte. Assistindo o Mestre de Campo General de todo o Estado do Brasil Francisco Barreto, Governador das armas desta Capitania, com a camera & mais Nobreza na Igreja de N. S. de Nazareth Quarta feira, seis de Abril de 1650. Offerecidos a Magestade de El Rey Dom Joam Quarto de Portugal. Pello Padre Frey Bernardo de Braga lente de Theologia Dom Abbade de S. Bento de Pernambuco. Que orou nestes sentimentos. [Lisboa]: por Domingos Lopes Rosa, 1651. BRAS. 6, 441v. Apud. LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006. v. 5. BRAVO, João Luiz. Panegyrico funeral nas solemnes exequias que na Igreja de São Pedro, da Villa do Recife em Pernambuco, fez a Irmandade dos Clerigos em 12 de Fevereiro de 1742 ao seo zelozissimo Provedor o excellentissimo, e reverendissimo senhor D. Jozé Fialho do Concelho de Sua Magestade, Bispo de Pernambuco, Arcebispo da Bahya, e ultimamente Bispo da Guarda. Disse-o o P. João Luiz Bravo Presbytero do Habito de S. Pedro e Offerece- o ao Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Manoel da Cruz do Concelho de Sua Magestade, Bispo que foy do Maranhão, e ultimamente Primeiro Bispo das Minas. O beneficiado Antonio Pereyra Henriques. Lisboa: Officina de Joze Antonio Plates, 1748. BULHÕES, Manuel da Madre de Deus. Oraçam concionatoria nas sumptuosas exequias da excellentissima senhora D. Marianna de Alencastro, dignissima mãy do excellentissimo Senhor Vasco Fernandes Cesar de Menezes, Conde de Sabugosa, Vice-Rey, e Capitão General de mar, e terra no Estado do Brasil, Celebradas na Paroquial de Nossa Senhora do Rosario das portas do Carmo da Cidade da Bahia em 29. de Outubro de 1731. Pelo reverendissimo doutor Antonio Gonsalves Pereira, protonario apostolico de Sua Santidade, ex-vizitador geral do Reconcavo da Bahia, vigayro collado da mesma paroquial de Nossa Senhora do Rosario. Disse-a o muito reverendo padre mestre Fr. Manoel da Madre de Deos, doutor jubilado na Sagrada Theologia, ex-provincial do Carmo da Bahia, e examinador synodal do arcebispado. Lisboa Occidental: Officina de Pedro Ferreira, Impressor da Serenissima Rainha nossa Senhora, 1732. BULHÕES, Manuel da Madre de Deus. Sermam funebre nas exequias do Senhor Roque da Costa Barreto do Concelho de Guerra, & Governador que foy no Estado do Brasil: pregado 258 na Real Casa da Misericordia da Bahia pelo R.P.M. Fr. Manoel da Madre de Deos, Religioso do Carmo, & Procurador géral da sua Religiaõ nesta Corte, & em Roma. Lisboa: Officina de Manoel Lopes Ferreira, 1699. CALMON, João. Sermam nas exequias da Excellentissima Senhora Dona Leonor Josepha de Vilhena, celebradas na Misericordia da Cidade da Bahia aos 30 de Outubro do Anno de 1714. Pregou-o o Rmo. Doutor Joam Calmon, Chantre da Sè Metropolitana da Cidade da Bahia, Prothonotario Apostolico de S. Santidade, Desembargador da Relação Ecclesiastica da mesma Metropoli, Commissario do Santo Officio, & da Bula da Santa Cruzada. Lisboa Occidental: Na Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1721. CARDIDO, Manuel de Pinho. Oração funebre nas exequias do Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Fr. Antonio de Guadalupe, Bispo do Rio de Janeiro, do Conselho de Sua Magestade, celebradas na Igreja de São Pedro da mesma Cidade pela veneravel Irmandade do mesmo Santo, da qual fora tambem irmão o mesmo Excellentissimo, e Reverendissimo Senhor Bispo, no dia 3. de Setembro de 1741. Offerecida do Eminentissimo e Reverendissimo Senhor Cardeal da Mota por Gaspar Gonçalves dos Reys. Disse-a Manoel de Pinho Cardido Conego Magistral da Sé da mesma Ciade do Rio de Janeiro. Lisboa: Na Officina de Miguel Rodrigues, Impressor do Eminentissimo Senhor Cardeal Patriarca, 1746. CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. Rio de Janeiro: Leite & Cia, 1925. CARTA do Desembargador Thomaz Roby de Barros Barreto, em que se refere á nova reforma do ensino e á execução na Capitania da Bahia dos respectivos Alvará e Instruções de 28 de julho de 1759. Bahia: [s. n.], 28 mar. 1760. f. 1-1v. AHU_ACL_CU_005, Cx. 25\Doc. 4824. Disponível em: https://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=005_ba_ca&pagfis=11947. Acesso em 30 abr. 2019. CARVALHO, Guilherme Teixeira de. Sermão nas exéquias do Ex.mo e Rev.mo Sr. Joseph Fialho, bispo de Pernambuco, arcebispo da Bahia, primaz do Brazil e Bispo da Guarda, &c. Pregado na Igreja Matriz da Villa de Goyanna, do bispado de Pernambuco pelo Padre Guilherme Teixeira de Carvalho, Presbitero do habito de S. Pedro Offerecido ao M. R. Doutor Antonio Pereira de Castro, Deão na Igreja Cathedral de Pernambuco, Commissario da Bulla ao S. Cruzada, Chantre, e Arcebispo que foy na mesma Cathedral e muitos annos no mesmo Bispado Provisor, e Vigario Geral, Juiz de Genenece, Casamentos, e Residuos, e por Vesrs Governador, e no Arcebispado da Bahia Provisor, Vigario Geral, Desembargador da Relação Ecclesiastica, e Governador, &c. Dado ao prelo pelo Reverendo Doutor Bernardo Feliciano da Silva, Protonotario de S. Santidade, Conego Prebendado na S. Igreja Metropolitana da Bahia, Paroco que foy da Freguesia da S. Igreja Cathedral de Olinda, e Mestre de Ceremonias do mesmo Excellentissimo e Reverend. Senhor &c. Lisboa: Na Officina de Francisco Luiz Ameno, Impressor da Congregação Cameraria da S. Igreja de Lisboa, 1748. CHOMPRÉ, Pierre. Selecta latini sermonis exemplaria e scriptoribus probatissimis ad christianae iuventutis usum. Paris: Alternburgi, 1752-1756. 6 v. CODIGO Philippino, ou, Ordenações e leis do Reino de Portugal recopiladas por mandado d’El-Rey D. Philippe I. Rio de Janeiro: Typ. do Instituto Philomathico, 1870. t. 5. CONCEIÇÃO, Agostinho da. Sermam do glorioso lusitano S. Antonio, pregado no seu mesmo dia, & Convento em a Cidade do Rio de Janeiro, a 13 de Junho de 1674. Dedicado ao senhor https://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=005_ba_ca&pagfis=11947 259 João da Sylva, e Sousa General da Artilharia, Comendador da Capella da Zinhaga, da Ordem de Christo, Senhor do Ervedal, & de presente Governador em a Cidade do Rio de Janeiro em o Estado do Brazil. Prégou-o o P. Fr. Agostinho da Conceiçam Lente de Prima em a Sagrada Theologia no mesmo Convento de Santo Antonio do Rio de Janeiro, Filho Menor da Recoleta da Regular Observancia de Nosso Padre S. Francisco em a Provincia de S. Antonio do Brazil. Precederão doze Practicas em os doze dias antecedentes, em os quaes se tomou por assumpto aquelle lugar do Capitulo 12 do Apocalypse: Signum magnum apparuit in coelo, &c. Em Lisboa: Na officina de Antonio Rodriguez D’Abreu, 1675. CONCEIÇÃO, Agostinho da. Sermam do glorioso Santo Antonio pregado em o seu Convento da Cidade do Rio de Janeiro, em o mesmo dia a 13. de Junho, occorendo a Dominga da Trindade. Era de 1683. Pelo Padre Fr. Augustinho da Conceiçam, lente de Sagrada Theologia, filho menor da Recoleta da Regular Observancia de S. Francisco, Custodio actual, & de presente Provincial da Provincia da Immaculada Conceição, em o mesmo Estado do Brasil. Dedicado ao Illustrissimo Senhor D. Joseph de Barros de Alarcam, Dignissimo Bispo da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, em o Estado do Brasil, do Conselho de Sua Magestade, & Deputado do Santo Officio. Precederão doze dias de Ladainhas, & Practicas do mesmo Santo, com assistencia em todos elles do mesmo Senhor Bispo, dando Ordens no mesmo Convento em o duodecimo dia, & nelle offertou de esmola a cera com que se celebrou o dia do Santo, com o Santissimo Sacramento exposto. Lisboa: Officina de Miguel Manescal, 1688. CONCEIÇÃO, Apolinário da. Claustro franciscano, erecto no dominio da coroa portugueza, e estabelecido sobre dezeseis venerabilissimas columnas. Expoem-se sua origem, e estado presente. A de seus conventos, e mosteiros, annos de suas fundações, numero de hospicios, prefecturas, recolhimentos, parroquiais, e missoens, dos quaes se dá individual noticia, e do numero de seus religiosos, religiosas, terceiros, e terceiras, que vivem collegiadamente, tanto em Portugal, como em suas conquistas. Dedicado à sacra, real, augusta magestade delRey D. João V, nosso senhor. Por Fr. Apollinario da Conceyção religioso leigo capucho da Provincia da Conceição em o Estado do Brasil. Lisboa: Officina de Antônio Isidoro da Fonseca, 1740. CONCEIÇÃO, Apolinário da. Epítome da Província franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. v. 296. p. 68-165, 1972. CONCEIÇÃO, Apolinário da. Viagem devota, e feliz, em que os navegantes exercendo algumas devoções, e discorrendo em cousas espirituaes, que abonarão com vários exemplos distribuião o tempo o que se manifesta em Dialogos. Dedicada á Immaculada Conceiçam de Nossa Senhora, Patrona especialissima da Provincia Capucha do Rio de Janeiro em o estado do Brasil. E novamente correta, nesta segunda impressão acrescentada com hũa utilissima devoção das bemditas Almas do Purgatorio. Pelo mais indigno Religioso Leigo, filho da mesma Provincia Fr. Apollinario da Conceição. Lisboa, Theotonio Antunes de Lima, 1746. COSTA, Claudio Manuel da. O Parnaso obsequioso drama para se recitar em música no dia 5 de dezembro de 1768, em que faz anos o Illustríssimo e Excelentíssimo Senhor Dom José Luís de Meneses, Conde de Valadares, Governador e Capitão General da Capitania de Minas Gerais e etc. In: CASTELLO, José Aderaldo. O movimento academicista no Brasil: 1641- 1820/22. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1969. t. 2. v. 2. COSTA, Claudio Manuel da. Obras poéticas que na academia que se juntou na sala do ilustríssimo e excelentíssimo senhor Dom José Luís de Meneses Conde de Valadares, por ocasião de felicitar a posse que havia tomado do Governador da Capitania das Minas Gerais 260 [...]. In: CASTELLO, José Aderaldo. O movimento academicista no Brasil: 1641-1820/22. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1969. t. 2. v. 2. COUTINHO, José Joaquim da Cunha de Azeredo. Estatutos do Seminario Episcopal de N. Senhora da Grasa da cidade de Olinda de Pernambuco. Lisboa: Typografia da Acad. R. Das Ciencias, 1798. CRUZ, Bento da. Sermão, que pregou o Padre Fr. Bento da Cruz Religioso do glorioso Patriarca Sam Bento, filho do seu mosteyro de Pernambuco, & natural da Riffanna de Sousa. Dia do invictissimo martyr São Sebastião, Padroeyro do seu mosteiro da Bahia, estando presente a Camera da dita cidade, & com missa nova, o anno de 1646. Dedicado aos illustrissimos Senhores Defensores de nossa sancta Fé no Tribunal da sancta Inquisição na cidade de Lisboa, Corte do Reyno de Portugal, que Deos prospere eternos annos. Lisboa: Paulo Craesbeeckk, 1646. CUNHA, João da. Sermam que se prégou a S. Theotonio na sancta Sè do Salvador da Bahya de todos os Santos, na segunda dominga da Quaresma, estando o Senhor exposto, & dando- se principio à reedificaçam do ditto Templo: Pello Mestre em Artes Joam da Cunha, Vigario encomendado da Matriz de N. Senhora da Piedade, Freguesia de Matuim. Dado ao prelo pello Douctor Manoel Antunes Vigario gèral do Estado do Brasil. Lisboa: Officina de Joam da Costa, 1675. CUNHA, Luís Antonio Rosado da. Relação da entrada que fez o excellentissimo, e reverendissimo senhor D. Fr. Antonio do Desterro Malheyro bispo do Rio de Janeiro, em o primeiro dia deste prezente anno de 1747, havendo sido seis annos bispo do Reyno de Angola, donde por nomiação de Sua Magestade, e Bulla Pontifica, foy promovido para esta Diocesi. Composta pelo doutor Luiz Antonio Rosado da Cunha juiz de fóra, e provedor dos defuntos, e auzentes, capellas, e residos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Na Segunda Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, 1747. D. JOÃO VI. Carta regia. Palácio de Queluz: [s. n.], 19 ago. 1799. In: ORDENS expedidas para o Brasil sobre as escolas das primeiras letras. Palácio de Queluz: [s. n.], 1800. f. 2. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Rio de Janeiro. I-29,19,1–Manuscritos. Disponível em: https://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1289270/mss1289270.pdf. Acesso em: 30 abr. 2019. DAMIÃO, José dos Santos Cosme e. Sermão gratulatorio nas exequias, e honras funeraes do SS. Padre Benedicto XIV, que se celebrárão aos 30 de Outubro de 1758 na Sé Cathedral da Cidade da Bahia por ordem, e despeza do Exc.mo e R.mo Senhor D. José Botelho de Mattos, Arcebispo Primaz do Brazil, prégado pelo M. R. P. M. Fr. José dos Santos Cosme e Damião, Religioso Capucho da Provincia de Santo Antonio do Brazil, nella Ex-Definidor, Examinador Synodal do Bispado de Pernambuco, e Arcebispado da Bahia, e Qualificador do Santo Officio pelo Supremo Tribunal da Santa Inquisição da Corte de Lisboa. Lisboa: Na Officina de Miguel Manescal da Costa, 1762. DIETÁRIO das vidas e mortes dos monges, Q’faleceram neste mosteiro de S. Sebastião da Bahia da Ordem do principe dos patriarchas S. Bento. In: LOSE, Alicia Duhá; PAIXÃO, Dom Gregório; OLIVEIRA, Anna Paula Sandes de; SANCHES, Gérsia Alves; TELLES, Célia Marques. Dietário (1582-1815) do Mosteiro de São Bento da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2009. https://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1289270/mss1289270.pdf 261 DIETÁRIO do Mosteiro de São Bento. In: MOSTEIRO de S. Bento do Rio de Janeiro: abbadia nullius de N. S. de Monserrate: o seu histórico desde a fundação até ao anno de 1927: traços bibliographicos dos monges falecidos. Rio de Janeiro: Papelaria Ribeiro, 1927. ESTATUTOS da Provincia de S. Antonio do Brasil, tirados de varios estatutos da ordem, accrescentando nelles o mais util, & necessario à reforma desta nossa Provincia, feytos ordenados, & aceytos no Capitulo, que se celebrou na caza de N. P. S Francisco da cidade da Bahia aos 14 de Fervereyro de 1705 em q foy eleyto Ministro Provincial o Irmão Prégador, & ExCustodio Frey Cosme do Espirito Santo filho desta Provincia, E outra vez aceyto em o seguinte capitulo, que se celebrou em o Convento de Santo Antonio de Segerippe do Conde as 3 de Janeyro de 1708 em que foy eleyto Ministro Provincial o Irmão Prégador Frey Estevam de Santa Maria, filho da mesma Provincia, Confirmados auctoritate apostolica pelo eminentissimo senhor Dom Miguel Angelo Conti, Nuncio Apostolico Nestes Reynos, Cardial da Santa Igreja Romna, com vezes de Geral da Ordem em Portugal, Dados à estampa Pelo Irmão Fr. Gonsalo de Santa Isabel, leytor de Theologia, Custodio actual, & Procurador da mesma Provinci, Visitador, & Presidente do Capitulo, que se celebrou na Provincia de Santo Antonio dos Capuchs de Portugal. Lisboa: Officina de Manoel & Joseph Lopes Ferreyra, 1709. ESTATUTOS literários dos carmelitas calçados da província do Rio de Janeiro: LISBOA, Baltazar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Seignet-Plancher, 1835. v. 7. ESTATUTOS municipaes da Provincia da Immaculada Conceycaõ do Brasil tirados de varios Estatutos da Ordem accrescentando nelles o mais util, & necessario à reforma desta nossa Santa Provincia; feytos, ordenados, & aceytos no Capitulo, q se celebrou no Convento de Santo Antonio do Rio de Janeyro aos sete dias do mez de Abril de mil setecentos & dez, em que foy eleyto Ministro Provinciato Irmão Confessor, & ex Diffinidor, Seraphino de S. Rosa, filho desta Provincia; Outra vez aceytos em o segundo capitulo, que se celebrou no mesmo Convento de anto Antonio do Rio de Janeyro aos vinte e cinco do mez de Março, dia da Annunciação de Maria Santissima Senhora nossa, era de mil & setecentos & treze, em que foy eleyto Minsitro Provincial seguna vez o Irmão Prégador, & ex-Custodio Fr. Miguel de São Francisco, filho da mesma Provincia: confirmados, e approvados pelo reverendissmo P. Fr. Alonso de Biezma Ministro Geral de toda a Ordem; dados a estampa Pelo Irmão Pregador Fr. Antonio das Chagas, Procurador Geral da dita Provincia, & della filho. Lisboa Occidental: Officina de Joseph Lopes Ferreyra, 1717. ESTATUTOS para os Estudos da Provincia de N. S.ra da Conceição do Rio de Janeiro, Ordenados segundo as disposições dos Estatutos da Nova Universidade. Lisboa: Regia Officina Typografica, 1776. FIGUEIREDO, António Pereira de. Novo Methodo de Grammatica Latina reduzido a Compendio. Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1758. FIGUEIREDO, Caetano de Brito. Diario panegyrico. Relaçam das festas que na famosa cidade da Bahia se fizerão em applauso do fausto, & feliz natalicio do Excellentissimo Senhor Dom Pedro de Noronha, glorioso primogenito dos Excellentissimos Senhores Condes de Villa- Verde. In: LIMA, João de Brito. Applausos natalicios com que a cidade da Bahia celebrou a noticia do felice primogenito do Excellentissimo Senhor Dom Antonio de Noronha, Conde de Villa Verde, do Conselho de Sua Mag. & seu Mestre de Campo General, & Governador das Armas da Provincia de Entre Douro, & Minho; netto do Excellentissimo Senhor D. Pedro Antonio de Noronha, conde, e senhor de Villa-Verde, marquez de Angeja, vice rey & Capitão General do Estado da India, Mestre de Campo General dos Exercitos de S. Mag. 262 General da Cavallaria da Provincia de Alem-Tejo, & Governador das Armas da mesma Provincia Védor da Fazenda da repartição do Reyno, & dos Conselhos de Estado, & Guerra do mesmo Senhor; Vice Rey, & Capitão General de Mar, & Terra, & Estados do Brasil; Senhor das Villas de Angeja, Pinheyro, & Bemposta Cõmendador das Cõmendas de Santo André de Aljezur da Ordem de Santiago, & da de S. Salvador de Boisõs, S. Salvador da Ribeyra de Pena, Santa Maria de Alvarenga, S. Pedro de Cayde, & Santiago de Pennamacor, da Ordem de Christo. Lisboa Occidental: Officina de Miguel Manescal, Impressor do Santo Officio, & da Serenissima Casa de Bragança, 1718. FONSECA, Antônio José Vitoriano Borges da. Dedicatoria. In: PACHECO, Cornélio. Oraçam funebre nas exequias que os senhores deam, dignidades, conegos; e mais cabido da Santa Igreja Cathedral da mesma cidade celebrarão no dia 16 de Março de 1754, setimo do falecimento de Antônio Borges da Fonseca [...]. Lisboa: Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1755. GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil: história da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil. Brasília: Senado Federal, 2008. GUSMÃO, Alexandre de. Escola de Belem. Évora: Officina da Universidade, 1735. GUSMÃO, Alexandre de. Arte de crear bem os filhos na idade da puericia. Dedicada ao Minino de Belem, Jesu Nazareno. Composta Pelo P. Alexandre de Gvsmam da Companhia de Jesu, da Provincia do Brazil. Lisboa: Officina de Miguel Deslandes, 1685. GUSMÃO, Alexandre de. Arvore da vida, Jesus Crucificado. Dedicada Á Santissima Virgem Maria N. Sra. Dolorosa ao Pé da Cruz. Pelo Padre Alexandre de Gusmão, Da Companhia de Jesu. Obra Posthuma dada A’ Estampa pelo P. Martinho Borges, Da mesma Companhia, Procurador Geral da Provincia do Brasil. Lisboa: Officina de Bernardo da Costa de Carvalho, 1734. GUSMÃO, Alexandre de. Eleyçam entre o bem, & mal eterno. Lisboa: Officina da Musica, 1720. GUSMÃO, Alexandre de. Escola de Belem. Jesus Nascido no Presepio. Dedicado ao Patriarcha S. Ioseph. Évora: Officina da Universidade, 1735. GUSMÃO, Alexandre de. História do Predestinado Peregrino, e seu irmam Precito. Em a qual de baxo de huma misterioza parabola se descreve o sucesso feliz, do que se ha de salvar, e infeliz sorte do que se ha de condenar. Évora: Officina da Universidade, 1685. GUSMÃO, Alexandre de. O corvo e a pomba da arca de Noé no sentido allegorico, e moral. Lisboa: Offic. de Bernardo da Costa, 1734. GUSMÃO, Alexandre de. Sermão que pregou na cathedral da Bahia de Todos os Santos. o P. Alexandre de Gusmam da Cõpanhia de Jesu, Provincial da Provincia do Brasil. Nas exequias do Illustrissimo senhor D. Fr. Joam da Madre de Deos, primeiro arcebispo da Bahia, que faleceo do mal commum que nella ouve neste anno de 1686. Dedicado ao Excellentissimo Senhor S. Antonio Luis de Sousa Tello, e Menezes, Marquez das Minas do Conselho de sua Magestade, Senhor das Villas de Beringel, e Prado, dos Coutos de Menhente, Freitis, e Azevedo, Alcayde Mor da Cidade de Beja, Comendador da Ordem de Christo, das Comendas de N. Senhora do Azevo, Penaverde, e Santa Marta de Viana, e da Ordem de Santiago, da Comenda e Sinis, Governador, e Capitão General, do Estado do 263 Brasil. Pello Conego Francisco Pereira Chantre na mesma Sé Cathedral, que o mandou imprimir. Lisboa: Officina de Miguel Manescal Impressor do Santo Officio, 1686. HONORATO, João. Oraçam funebre nas exequias do illustrissimo, e reverendíssimo D. Luiz Alvares de Figueiredo Arcebispo Metropolitano da Bahya celebradas na Cathedral da mesma Cidade ao primeiro de Outubro de 1735. Assistindo o excellentissimo Conde das Galveas Vice-Rey deste Estado como o Senado, e Nobreza de toda a Cidade, em que orou o R. P. M. Joam Honorato da Companhia de Jesus da Provincia do Brazil, Prefeito dos Gèraes do Collegio da Bahia, e Theologo do Illustri