VITOR HUGO FARINA EFEITOS DA Calcarea phosphorica 6CH E DO ALENDRONATO NA REPARAÇÃO DE LESÃO ÓSSEA EM RATAS OVARIECTOMIZADAS 2010 VITOR HUGO FARINA EFEITOS DA Calcarea phosphorica 6CH E DO ALENDRONATO NA REPARAÇÃO DE LESÃO ÓSSEA EM RATAS OVARIECTOMIZADAS Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor, pelo Programa de Pós-Graduação em BIOPATOLOGIA BUCAL, Área Patologia. Orientadora Profa. Dra. Adriana Aigotti Haberbeck Brandão São José dos Campos 2010 Apresentação gráfica e normalização de acordo com: Alvarez S, Coelho DCAG, Couto RAO, Durante APM. Guia prático para Normalização de Trabalhos Acadêmicos da FOSJC. São José dos Campos: FOSJC/UNESP; 2008 F226a Farina, Vitor Hugo. Efeitos da Calcarea phosphorica 6CH e do alendronato na reparação da lesão óssea em ratas ovariectomizadas / Vitor Hugo Farina. __ São José dos Campos : [s.n.], 2010 140f. : il. Tese (Doutorado em Biopatologia Bucal ) – Faculdade de Odontologia de São Jose dos Campos, Universidade Estadual Paulista, 2010. Orientador: Prof. Dr. Adriana Aigotti Haberbeck Brandão 1. Osteoporose. 2. Difosfonatos. 3. Alendronato. 4. Calcarea phosphorica. 5. Alopatia. 6. Homeopatia. I. Brandão, Adriana Aigotti Haberbeck. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia de São José dos Campos. III. Título tD12 Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP AUTORIZAÇÃO Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte. São José dos Campos, 12 de Maio de 2010 . Assinatura : E-mail: odontofarina@uol.com.br BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Adriana Aigotti Haberbeck Brandão (Orientadora) Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP Profa. Dra. Janete Dias Almeida Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP Profa. Dra. Juliana Mazzonetto Teófilo Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo - USP Profa. Dra. Giselle Segnini Senra Profa. Dra. Ana Lia Anbinder Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista - UNESP São José dos Campos, 20 de julho de 2010 DEDICATÓRIA À minha família e a todas as pessoas de meu relacionamento, parentes, amigos, colegas, professores, que durante estes anos me acompanharam de perto, ou às vezes à distância, dando apoio, aconselhando e incentivando. Que todo o empenho dedicado a este estudo seja mais um passo em busca do conhecimento e possa trazer alguma contribuição ao desenvolvimento da ciência. AGRADECIMENTO ESPECIAL Agradeço de modo muito especial à minha orientadora, Professora Doutora Adriana Aigotti Haberbeck Brandão, por ter sido agraciado com sua orientação, agora pela segunda vez. Seu acolhimento sempre carinhoso foi fundamental e serviu como novo estímulo para seguir em frente. Sua competência profissional aliada a uma disponibilidade quase ilimitada em todas as fases do curso certamente ficarão em minha lembrança. Para mim estes anos de convivência foram muito agradáveis e positivamente marcantes. Por isso eu desejo externar o meu MMUITO OBRIGADO e que Deus a abençoe sempre. AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa do Diretor da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Professor Adjunto José Roberto Rodrigues e do vice-diretor Professor Doutor Carlos Augusto Pavanelli. Ao Professor Adjunto Luiz Antonio Guimarães Cabral, que ao longo destes anos de mestrado e doutorado, sempre se mostrou interessado em transmitir sua experiência e conhecimento. Sua figura marcante certamente deixará saudades. Muito obrigado. À Professora Adjunta Janete Dias Almeida, sempre presente desde meu ingresso no mestrado, por sua espontaneidade e alegria no relacionamento e por seu apoio nos momentos difíceis. À Professora Titular Yasmin Rodarte Carvalho, pela paciência com que transmite seus conhecimentos, procurando tornar simples o que é complexo. Ao Professor Titular Luiz Cesar de Moraes, e a toda equipe da disciplina de radiologia que gentilmente disponibilizaram os equipamentos radiológicos durante a fase experimental deste trabalho. À minha colega e companheira de biotério Ana Lourdes da Silva Machado, pela amizade, por sua ajuda e pelo agradável convívio durante toda a fase experimental deste trabalho. À colega de pós-graduação Ana Paula de Lima, por sua dedicação e inestimável ajuda na elaboração da análise estatística desta tese. À Doutora Giselle Segnini Senra, pela disponibilidade, paciência e interesse em transmitir seus conhecimentos de forma tão didática. Ao Professor Assistente Ivan Balducci , pelo valioso apoio e orientação durante a elaboração da análise estatística. À Diretora Técnica de Serviços de Biblioteca e Documentação Silvana Alvarez, pela competência e presteza na revisão normativa, e a todos os funcionários da biblioteca que pacientemente colaboraram com o levantamento bibliográfico deste trabalho. Aos funcionários do biotério Lourival Jacob, Antônio Domingos Sávio Barbosa Maia Vasconcelos e Marco Antônio Corrêa Alfredo, pelo profissionalismo e colaboração na fase experimental desta pesquisa. Aos colegas de pós-graduação Celina Faig Lima e Luis Felipe das Chagas e Silva de Carvalho, pelos laços de amizade e coleguismo que se fortaleceram durante estes anos e a todos os colegas que de alguma forma contribuíram para a concretização deste trabalho. O meu muito obrigado. Aos animais experimentais que tiveram suas vidas sacrificadas em benefício da ciência. Aprendi a admirá- los e respeitá-los ainda mais. E intencionalmente por último, a Deus, a quem devo tudo. Ele me deu força, coragem e proporcionou esta enorme riqueza de experiências. Muito obrigado! EPÍGRAFE “Deus é o invisível evidente.” Victor Hugo SUMÁRIO RESUMO...................................................................................................11 LISTA DE FIGURAS.................................................................................12 LISTA DE TABELAS................................................................................14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................16 INTRODUÇÃO..........................................................................................17 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................19 2.1 Tecido ósseo......................................................................................19 2.2 Remodelação óssea..........................................................................21 2.3 Osteoporose......................................................................................26 2.4 Reparo ósseo.....................................................................................31 2.5 Bisfosfonatos.....................................................................................34 2.6 Alendronato.......................................................................................38 2.7 Homeopatia........................................................................................42 2.8 Calcarea phosphorica.......................................................................46 3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................50 4 MATERIAL E MÉTODO.........................................................................51 4.1 Manuseio geral dos animais.............................................................51 4.2 Anestesia............................................................................................52 4.3 Ovariectomia......................................................................................52 4.4 Execução da lesão óssea e tratamento...........................................54 4.5 Sacrifício dos animais.......................................................................57 4.6 Comprovação da ovariectomia........................................................57 4.7 Avaliação da densidade óptica das tíbias.......................................57 4.8 Análise histológica............................................................................59 4.9 Avaliação histomorfométrica das tíbias..........................................60 4.10 Análise estatística...........................................................................64 5 RESULTADO.........................................................................................66 6 DISCUSSÃO........................................................................................106 7 CONCLUSÃO......................................................................................122 8 REFERÊNCIAS....................................................................................123 ANEXO A................................................................................................138 ANEXO B................................................................................................139 ABSTRACT.............................................................................................140 Farina VH. Efeitos da Calcarea phosphorica 6CH e do alendronato na reparação de lesão óssea em ratas ovariectomizadas [tese]. São José dos Campos: Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; 2010. RESUMO A osteoporose é uma das doenças mais prevalentes entre os idosos. Há na literatura poucos relatos sobre a ação de medicamentos homeopáticos no tratamento da osteoporose e na reparação óssea na vigência desta doença. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ação do medicamento homeopático Calcarea phosphorica 6CH (CP) em comparação ao medicamento alopático alendronato (A) na reparação óssea em ratas ovariectomizadas. Foram utilizados quatro grupos de 30 ratas, sendo três grupos submetidos à ovariectomia (OVZ) e um à cirurgia sham. Após 60 dias foi realizada uma lesão monocortical nas tíbias de todas as ratas e iniciados os tratamentos: I- OVZ/tratado com A (1,2 mg/ml, três vezes por semana/animal), II- OVZ/tratado com CP (2 glóbulos/1 ml água/dia/animal), III- OVZ/tratado com água (1 ml/dia/animal) e IV- sham tratado com água (1 ml/dia/animal). Os animais (n= 6) foram sacrificados após 3, 6, 10, 17 e 28 dias da confecção da lesão óssea. As tíbias foram fixadas em formol 10%, submetidas à análise radiográfica, descalcificadas e submetidas à análise histológica/histomorfométrica. Os resultados mostraram que CP estimulou proliferação tecidual intensa com formação de calo mais volumoso que os demais grupos nas fases iniciais da reparação, no entanto este calo mostrou grande quantidade de tecido mole que foi rapidamente remodelado. A quantidade proporcional de tecido ósseo no calo variou entre os diferentes tratamentos, mas a quantidade de osso ao final do experimento foi semelhante entre os grupos. Enquanto com A formou-se inicialmente bastante osso que mostrou resistência à remodelação, com CP houve pouca formação óssea inicial, que aumentou até o final do experimento. Concluiu-se que a Calcarea phosphorica estimulou a reparação óssea por um mecanismo de ação diferente do alendronato e que o alendronato foi a melhor opção para tratar lesões ósseas sendo a Calcarea phosphorica melhor que a ausência de tratamento. Palavras-chave: Osteoporose. Difosfonatos. Alendronato. Calcarea phosphorica. Alopatia. Homeopatia. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Sequência cirúrgica da ovariectomia …..........................54 Figura 2 - Sequência cirúrgica do defeito ósseo..............................56 Figura 3 - Tomada radiográfica da tíbia...........................................58 Figura 4 - Delimitação da área A......................................................61 Figura 5 - Delimitação da área B......................................................61 Figura 6 - Seleção das trabéculas....................................................62 Figura 7 - Trabéculas isoladas.........................................................63 Figura 8 - Gráfico de densidade óptica dos grupos S e O...............68 Figura 9 - Gráfico densidade óptica dos grupos A, O e CP.............72 Figura 10 - Gráfico da área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos S e O....................................................................77 Figura 11 - Gráfico da área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos A, O e CP.............................................................81 Figura 12 - Gráfico da área de osso neoformado na área de preenchimento dos defeitos ósseos dos grupos S e O ..85 Figura 13 - Gráfico da área de osso neoformado na área de preenchimento dos defeitos ósseos dos grupos A, O e CP....................................................................................89 Figura 14 - Aspecto da área da lesão 3 dias após a confecção do defeito ósseo....................................................................92 Figura 15 - Aspecto da área da lesão 6 dias após a confecção do defeito ósseo. ..................................................................95 Figura 16 - Aspecto da área da lesão 10 dias após a confecção do defeito ósseo....................................................................98 Figura 17 - Aspecto da área da lesão 10 dias após a confecção do defeito ósseo (maior aumento)........................................99 Figura 18 - Aspecto da área da lesão 17 dias após a confecção do defeito ósseo..................................................................102 Figura 19 - Aspecto da área da lesão 17 dias após a confecção do defeito ósseo (maior aumento)......................................103 Figura 20 - Aspecto da área da lesão 28 dias após a confecção do defeito ósseo..................................................................105 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estatística descritiva dos valores de densidade óptica dos grupos O e S....................................................................67 Tabela 2 - Resultado da análise ANOVA para os dados de densidade óptica dos grupos O e S.................................69 Tabela 3 - Formação de grupos homogêneos para densidade óptica dos grupos O e S.............................................................70 Tabela 4 - Estatística descritiva dos valores de densidade óptica dos grupos A, CP e O.............................................................71 Tabela 5 - Resultado da análise ANOVA para os dados de densidade óptica dos grupos A, CP e O..........................73 Tabela 6 - Formação de grupos homogêneos para densidade óptica dos grupos A, CP e O......................................................74 Tabela 7 - Estatística descritiva dos valores de área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S.........76 Tabela 8 - Resultado da análise ANOVA para os dados de área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S.........78 Tabela 9 - Formação de grupos homogêneos para a área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S.........79 Tabela 10 - Estatística descritiva dos valores de área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos A, CP e O .........................................................................................80 Tabela 11 - Resultado da análise ANOVA para os dados de área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos A, CP e O......................................................................................82 Tabela 12 - Formação de grupos homogêneos para a área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos A, CP e O......................................................................................83 Tabela 13 - Estatística descritiva dos valores de área de osso neoformado na área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S.............................................................84 Tabela 14 - Resultado da análise ANOVA para os dados de área de osso neoformado na área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S..................................................86 Tabela 15 - Formação de grupos homogêneos para área de osso neoformado na área de preenchimento do defeito ósseo dos grupos O e S.............................................................87 Tabela 16 - Estatística descritiva dos valores área de osso neoformado na área de preenchimento dos defeitos ósseos dos grupos A, CP e O .........................................88 Tabela 17 - Formação de grupos homogêneos para a área de osso neoformado na área de preenchimento dos grupos A, CP e O...................................................................................90 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BMU = Unidade multicelular básica IFN-� = Interferon-gama IGF-II = fator 2 de crescimento símile a insulina IL-1 = Interleucina 1 IL-3 = Interleucina 3 IL-4 = Interleucina 4 IL-6 = Interleucina 6 IL-10 = interleucina 10 IL-11 = Interleucina 11 IL-18 = Interleucina 18 GM-CSF = Fator estimulador de colônias de granulócitos macrófagos M-CSF = Fator estimulador de colônias de macrófagos OPG = Osteoprotegerina OVZ = Ovariectomia PDGF = Fator de crescimento derivado de plaquetas PGE2 = Prostaglandina E2 PTH = Hormônio paratireoidiano RANK = Receptor ativador de fator nuclear kappa � RANKL = RANK ligante SHAM = Grupo de ratas falso ovariectomizadas TGF-� = Fator transformador de crescimento beta TNF = Fator de necrose tumoral TNF-� = Fator de necrose tumoral alfa TNF-� = Fator de necrose tumoral beta TNFR = Receptor de fator de necrose tumoral 1,25(OH)2D3 = 1,25-dihidroxivitamina D3 1 INTRODUÇÃO O aumento da expectativa de vida da população mundial enfatiza a necessidade de medidas de prevenção contra os males do envelhecimento. Os estudos de novos tratamentos que proporcionem melhor qualidade de vida ao idoso representam uma preocupação atual, sobretudo por parte dos profissionais de saúde. Entre os males do envelhecimento destaca-se a osteoporose, que é uma doença metabólica óssea frequentemente associada a custos econômicos significativos relacionados à hospitalização, cuidados ambulatoriais, institucionalização, incapacidades e mortes prematuras. Como complicação comum resultante desta doença, podemos citar as fraturas decorrentes da perda de massa óssea. A OMS estima que a osteoporose afete cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo a doença óssea metabólica de maior prevalência na população mundial. No Brasil, dadas as dificuldades que cercam a realização de estudos epidemiológicos, ainda não existem números confiáveis sobre a prevalência da osteoporose. Atualmente, em nosso país, a população idosa acima dos 60 anos representa cerca de 9% do total, com tendência ao crescimento. Existem diversos tratamentos alopáticos para a osteoporose como a reposição hormonal, o uso de cálcio, vitamina D, calcitonina e os bisfosfonatos, tais como o risedronato e o alendronato. Apesar da eficácia comprovada destes medicamentos, em tratamentos prolongados alguns podem apresentar efeitos colaterais por vezes graves, como esofagite, gastrite, úlcera gástrica, osteonecrose de maxilares, entre outros. 18 Terapias alternativas como a homeopatia e a fitoterapia são amplamente utilizadas para tratar várias doenças devido a seus efeitos terapêuticos e, também, por se acreditar que apresentem menos efeitos colaterais. Seu uso em doenças ósseas ainda é limitado. Entre as medicações homeopáticas podemos encontrar indicações terapêuticas para reparação tecidual, osteoporose e para fraturas, como a Calendula offcinalis, Calcarea carbonica, Calcarea fluorica, e Calcarea phosphorica, entre outras. A Calcarea phosphorica, objeto deste estudo, atua no equilíbrio cálcio-fósforo, sendo essencial para nutrição, crescimento e reparação óssea. É importante para a diferenciação, multiplicação de células ósseas e deposição de cálcio, necessários na formação do calo ósseo adequado, além de apresentar tropismo pela matriz óssea. Segundo Werkman et al. (2005), a Calcarea phosphorica 6CH apresentou-se mais eficaz nas fases iniciais do processo de reparo ósseo em lesões em tíbia de ratos castrados do que o risedronato. Porém, estudos avaliando os mecanismos de atuação da Calcarea phosphorica no tecido ósseo ainda são escassos na literatura. Partindo da hipótese de que a Calcarea phosphorica atua na reparação óssea, este trabalho tem como objetivo avaliar o potencial deste medicamento como terapia alternativa para as complicações da osteoporose. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Tecido ósseo O osso é um tecido mineralizado e um dos mais resistentes e rígidos do corpo humano, com múltiplas funções (Harada et al., 2003; Allori et al., 2008a). Apresenta grande potencial de regeneração de forma e função após traumas e é caracterizado por ser metabolicamente ativo e dinâmico, apresentando constante remodelação (Carvalho; Ponzoni, 2002; Diniz et al., 2005). É um tecido conjuntivo especializado, composto por células e material intercelular calcificado, organizado para desempenhar o papel de estrutura e sustentação do corpo. Serve como alavanca para a musculatura, proteção para órgãos internos e medula óssea, além de armazenar 95% do cálcio encontrado no organismo. A porção celular é constituída por células osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. A porção inorgânica é composta fundamentalmente por cristais de hidroxiapatita (Yong et al., 2007). O esqueleto adulto é constituído em 80% por osso cortical compacto, formando a parte externa das estruturas esqueléticas e 20% por osso esponjoso ou trabecular, encontrado na porção interna dos ossos longos, corpos vertebrais e pelve. O osso trabecular apresenta um metabolismo mais ativo do que o osso cortical, fornecendo suprimento inicial nos estados de deficiência mineral, sendo perdido rapidamente na osteoporose. O tecido ósseo compacto maduro é composto por cerca de 70% de sais inorgânicos e 30% de matriz orgânica. O colágeno forma 20 mais de 90% do componente orgânico, sendo o restante formado por proteoglicanos da substância fundamental e por um grupo de moléculas não colagênicas envolvidas na regulação da mineralização óssea (Yong et al., 2007). Existem cerca de 20 tipos diferentes de colágeno nos vários tecidos; nos ossos predomina quase exclusivamente o tipo I, embora o tipo III, V, XI e XIII podem estar presentes. O colágeno é crítico na reparação óssea facilitando a formação precoce de espículas nas áreas de fraturas (Allori et al., 2008b). As superfícies internas e externas dos ossos são revestidas por células osteoprogenitoras e tecido conjuntivo, que formam o endósteo e o periósteo respectivamente. Estas células têm morfologia semelhante à dos fibroblastos, se transformando muito facilmente em osteoblastos quando estimuladas, sendo importantes na nutrição e crescimento dos ossos, bem como na reparação das fraturas (Yong et al., 2007; Junqueira; Carneiro, 2008). O que define o osso como um tecido mineralizado é a deposição de cálcio e fosfato. Os osteoblastos são extremamente sensíveis ao ambiente bioquímico ao seu redor e controlam os movimentos de cálcio, fosfato e outros íons dentro e fora da matriz (Allori et al., 2008b). O tecido ósseo se apresenta sob duas formas principais: tecido ósseo imaturo ou primário e o tecido ósseo maduro, também conhecido como secundário ou lamelar. O tecido ósseo imaturo não é somente o primeiro tecido ósseo a ser formado durante o desenvolvimento do esqueleto, mas é também o primeiro tecido ósseo a ser depositado nas reparações ósseas (Yong et al., 2007; Junqueira; Carneiro, 2008). Quanto à ossificação, o osso pode ser formado por ossificação endocondral ou ossificação intramembranosa. O mecanismo 21 de deposição de matriz óssea nos dois tipos de ossificação é o mesmo. Uma rede trabecular ou esponjosa primária é inicialmente depositada e depois transformada em osso maduro. Na ossificação intramembranosa as células mesenquimais se diferenciam em osteoblastos formando o blastema ósseo, no interior dos quais os osteócitos se interconectam através de processos celulares e os osteoblastos permanecem na superfície. Na ossificação endocondral os moldes de cartilagem hialina são substituídos por matriz óssea. A ossificação inclui o crescimento, a modelagem e a remodelação do osso, processos mediados pelos osteoblastos e osteoclastos sob controle do hormônio da paratireóide e da vit. D. (Kierszenbaum, 2004; Young, 2007). 2.2 Remodelação óssea Uma vez que o esqueleto tenha alcançado a maturidade, a regeneração continua na forma de substituição periódica de osso velho por osso novo. Este processo é chamado de remodelação e é responsável pela completa renovação do esqueleto adulto a cada 10 anos. A remodelação provavelmente serve para reparar os danos por fadiga e para prevenir as conseqüências da idade avançada. No esqueleto em crescimento a remodelação tem o objetivo de expandir a cavidade medular, enquanto aumenta a espessura das trabéculas (Bandeira et al.; Manolagas, 2000). A massa esquelética total e sua densidade permanecem relativamente constantes após o término do crescimento, até a idade de aproximadamente 50 anos. A partir desta idade, e especialmente em idosos do sexo feminino, ocorre uma rápida perda de massa durante os primeiros 5 a 10 anos após a menopausa, em virtude da deficiência de 22 estrógeno. Nesta fase, a reabsorção prevalece sobre a aposição, levando a uma gradual perda de massa óssea (Vasconcelos et al., 2002; Kanis et al., 2008). A remodelação óssea se dá pela clássica sequência ativação-reabsorção-formação. Após a ativação, os osteoclastos formam a lacuna de reabsorção. Uma vez terminada essa fase, os pré- osteoblastos migram para a cavidade, diferenciam-se em osteoblastos e iniciam a formação da matriz óssea. A mineralização da matriz ocorre após vários dias - nesta fase sais de fosfato de cálcio amorfos (não cristalinos) começam a se precipitar nas zonas ocas das fibrilas colágenas. Estes focos de mineralização se expandem e coalescem em cristais de hidroxiapatita por remodelação adicional. Contudo, 20% ou mais do componente mineral permanecem na forma amorfa, fornecendo um tampão disponível para a homeostasia do cálcio do corpo todo. A deposição de cálcio parece estar associada às vesículas revestidas por membrana derivadas da membrana plasmática do osteoblasto, chamadas de vesículas da matriz; estas contêm fosfatase alcalina e outras fosfatases, as quais podem neutralizar o efeito inibitório do pirofosfato na deposição espontânea de sais de cálcio. Durante esse processo, alguns osteoblastos são enclausurados, transformando-se em osteócitos. A esse conjunto de células ósseas e osso novo formado dá-se o nome de unidade multicelular básica (BMU) (Carvalho et al., 2000; Young, 2007). No esqueleto adulto todos os osteoclastos e osteoblastos pertencem às BMU, que medem cerca de 2 mm de comprimento e 0,2 mm de largura, com um grupamento de osteoclastos na frente, um grupamento de osteoblastos atrás, um sistema vascular capilar central, um suprimento nervoso e tecido conjuntivo associado. Em humanos adultos saudáveis, cerca de 3 a 4 milhões de BMUs são iniciadas por ano e cerca de 1 milhão estão em ação em qualquer época. Os osteoclastos se aderem ao osso e, em seguida, o removem por acidificação e digestão 23 proteolítica. À medida que cada BMU avança, os osteoclastos deixam o sítio de reabsorção e os osteoblastos se movem em direção à área escavada. Inicia-se o processo de nova formação óssea pela secreção de osteóide, que é finalmente mineralizado em novo osso. O tempo de vida das BMUs é de 6 a 12 meses; muito mais do que as células que a compõem; por isso é necessário um suprimento contínuo de osteoclastos e osteoblastos vindos da medula (Parfitt AM, 1994; Boonen et al., 2004; Nagae et al., 2006). A fase de reabsorção dura em torno de duas semanas e é realizada pelos osteoclastos derivados de células-mãe hematopoiéticas, que possuem fosfatases ácidas expressas nas suas membranas celulares. Os osteoclastos subsistem em massas pequenas e concentradas que se ligam à superfície óssea e liberam enzimas proteolíticas, além de diversos ácidos como o ácido cítrico e ácido lático, liberados de vesículas secretoras. As enzimas digerem ou dissolvem a matriz orgânica do osso, enquanto os ácidos dissolvem os sais ósseos, levando à criação de um túnel com diâmetro entre 0,2 a 1 milímetro a alguns milímetros de comprimento. No término desse período, os osteoclastos desaparecem, o túnel é invadido pelos osteoblastos e em seguida se inicia o desenvolvimento de um novo tecido ósseo. O que encerra esta fase ainda não está claro, mas um elevado nível de cálcio local ou substâncias liberadas pela matriz parecem estar envolvidos (Bandeira et al., 2000; Guyton; Hall, 2006). A fase de formação óssea se prolonga por até quatro meses, até que o osso reabsorvido seja completamente substituído. A formação é iniciada pelos osteoblastos, células cuboidais com citoplasma basófilo, com alto desenvolvimento do retículo endoplasmático rugoso, característico de células com alta capacidade de síntese protéica. O aparelho de Golgi também é evoluído, fator relevante no processamento do colágeno e de sua extrusão. Quando os osteoblastos são inativos, sua 24 aparência é mais semelhante à dos fibroblastos, achatados e alongados. O colágeno e outros constituintes da matriz orgânica são sintetizados por ribossomos associados ao retículo endoplasmático granular dos osteoblastos. Estes ficam armazenados no aparelho de Golgi e são secretados na superfície celular resultando na produção de osteóide. Os osteoblastos sintetizam colágeno tipo I e proteínas como a osteocalcina, a osteopontina e sialoproteínas. As proteínas produzidas pelos osteoblastos são depositadas na superfície óssea, de forma organizada, formando a matriz osteóide, onde a mineralização ocorre subsequentemente durante vários dias (Bandeira et al., 2000; Douglas; Douglas, 2006; Guyton; Hall, 2006; Young et al., 2007). A ação entre osteoblastos e os osteoclastos se dá em múltiplos focos e ocorre de tal forma que a reabsorção em um local é equilibrada pela formação em outro, sem enfraquecimento do esqueleto. Considera-se o osteoclasto como a célula diretamente envolvida nesse processo. É altamente móvel e pode migrar ao longo das superfícies ósseas sendo localizado em áreas a serem reabsorvidas. Nessas áreas, passam a secretar enzimas hidrolíticas que dissolvem o tecido ósseo formando lacunas de reabsorção. O osteoclasto tem a função de limpar a superfície óssea permitindo o depósito de tecido ósseo pelos osteoblastos (Carvalho; Ponzoni, 2002). Um grande número de citocinas e fatores estimuladores de colônia estão envolvidos na remodelação. Como fatores promotores de reabsorção podemos citar a interleucina 1 (IL-1), interleucina 3 (IL-3), interleucina 6 (IL-6), interleucina 11 (IL-11), fator de necrose tumoral (TNF) e fator estimulador de colônias de granulócitos macrófagos (GM- CSF). Se opondo às citocinas citadas, existem a interleucina 4 (IL-4), interleucina 18 (IL-18) e o interferon-gama (IFN-�), que inibem o desenvolvimento de osteoclastos (Kimble et al., 1995; Udagawa et al., 1997; Bandeira et al., 2000 ). 25 A IL-6 desempenha um papel importante em várias doenças caracterizadas pelo remodelamento ósseo acelerado e excessiva reabsorção óssea focal ou sistêmica. Ela é produzida, em altos níveis, por células estromais derivadas da medula óssea e por osteoblastos, como resposta ao estímulo por uma variedade de outras citocinas e fatores de crescimento tais como IL-1, TNF, fator de necrose tumoral beta (TNF-�) e fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF). Na presença de estrógeno sua produção é inibida (Girasole et al., 1992; Franchimont, 1999). Só, ou em conjunto com outros agentes, a IL-6 estimula a osteoclastogênese e promove a reabsorção óssea. O estímulo depende de um sinal mediado por osteoblastos, que possuem receptores para IL-6, os quais se ligam a ela e induzem a diferenciação do osteoclasto (Udagawa, 1995). Hormônios também participam do processo de remodelação. Os dois principais hormônios do sistema homeostático do cálcio, principalmente o hormônio paratireoidiano (PTH) e o metabólito ativo da vitamina D, a 1,25-dihidroxivitamina D3 [1,25-(OH)2D3], são potentes estimuladores da formação osteoclástica, pois estimulam a produção de IL-6 e IL-11 por osteoblastos. Eles possuem habilidade para estimular o desenvolvimento de osteoclastos e regular a absorção de cálcio e excreção pelo intestino e rins, sendo elementos chave na homeostase extracelular de cálcio. A calcitonina, o terceiro hormônio clássico de regulação óssea, inibe o desenvolvimento de osteoclastos, promovendo a apoptose destes. Muitos outros hormônios, incluindo estrógeno, andrógeno, glicocorticóides, TSH e T4 exercem potentes influências no desenvolvimento de osteoclastos e osteoblastos pela regulação da produção e/ou ação de várias citocinas (Bandeira et al., 2000; Guyton; Hall, 2006; Sampath et al., 2007). 26 Estímulos mecânicos são considerados incentivadores do modelamento e remodelamento ósseo. Um conceito interessante é que os osteócitos podem funcionar como mecanosensores através de canalículos de comunicação com células da medula. Estímulos mecânicos benéficos podem ser adquiridos mais frequentemente a partir de contrações da musculatura esquelética, por compressão de impacto, ou pelo atrito (Diniz et al., 2005; Marie, 2009). A formação e a reabsorção óssea são equilibradas no indivíduo adulto, mas em determinadas condições há prevalência da reabsorção e diminuição da formação óssea, podendo resultar em osteoporose. 2.3 Osteoporose Devido ao aumento na expectativa de vida das populações, a osteoporose é atualmente reconhecida como importante questão em termos de saúde pública. Afeta sobretudo mulheres na pós- menopausa e se desenvolve como decorrência de uma desordem no turnover ósseo (processo de remodelação óssea), havendo maior reabsorção em relação à formação, resultando em diminuição da resistência e da massa óssea (Gali, 2001; Orwoll, 2003). Esta diminuição pode ser agravada pelo insuficiente acúmulo de tecido ósseo anterior à maturação do esqueleto (Guy et al., 1993). A idade e o hipoestrogenismo influenciam muito na osteoporose, sendo o processo controlado por uma complexa inter-relação de hormônios sistêmicos, força mecânica, citocinas, prostaglandinas e fatores locais de crescimento (Gali, 2001; Radominski et al., 2002). 27 A osteoporose é a doença óssea metabólica mais comum, sendo caracterizada por redução da massa esquelética, com deterioração de sua microarquitetura, resultando em maior fragilidade óssea e, consequentemente, em aumento no risco de fraturas (Manolagas, 2000; Namkung-Matthai et al., 2001; Nakamura, 2004; Astácio et al., 2007; Kanis et al., 2008). Nos EUA, ocorrem cerca de 1,5 milhões de fraturas osteoporóticas por ano e as fraturas de vértebras são as mais frequentes, somando cerca de 750 mil. As fraturas da bacia são as mais sérias e cerca de 10 a 20% dos 250 mil casos anuais, resultam em morte no primeiro ano após a fratura; sendo que aproximadamente 30% dos sobreviventes tornam-se dependentes de cuidados de enfermeiro permanente e somente metade consegue levar vida normal e independente (Cauley et al., 2000; Watts, 2004a). É importante distinguir a osteoporose da perda óssea pós-menopausa, pois embora todas as mulheres percam osso após o término das menstruações, nem todas desenvolvem a síndrome osteoporótica que é caracterizada pelo colapso dos corpos vertebrais e por ossos longos mais susceptíveis a fraturas. A perda óssea resulta em osteoporose quando o osso se torna propenso à fraturas por traumas leves (Kalu, 1991). A osteoporose pode ser primária ou secundária, sendo a primária classificada em dois tipos: I – pós-menopausa e II – senil. A do tipo I ocorre na mulher, no período logo em seguida à menopausa e apresenta rápida perda óssea. Predominantemente atinge o osso trabecular e está associada à fratura de vértebras e do rádio distal. A do tipo II, ou senil, é relacionada ao envelhecimento e aparece por deficiência crônica de cálcio, aumento da atividade do paratormônio e diminuição da formação óssea (Gali, 2001). 28 A osteoporose secundária ocorre como consequência de diversos processos patológicos, entre eles artrite reumatóide, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, distúrbios renais e mieloma múltiplo, além de outras condições, tais como alcoolismo crônico, tabagismo, imobilização, terapia prolongada com heparina, glicocorticóides, uso de anticonvulsivantes e hipovitaminose A (O’Mahony, 1999; Bandeira et al.; Manolagas, 2000; Gali, 2001; El-Husseini et al.; Watts, 2004b; Jacobs et al., 2007). A osteoporose tipo I é o tipo mais comum e está associada à deficiência de estrógeno (Kalu et al., 1989; Kalu, 1991, Namkung-Matthai et al., 2001). O mecanismo pelo qual a ausência de estrógeno resulta em perda óssea é complexo e ainda não totalmente compreendido (Kalu et al., 1989; Lorenzo et al., 1998; Manolagas, 2000). Sabe-se que o estrógeno age, por exemplo, inibindo a produção de IL-6, um potente estimulador de osteoclastos, e como modulador do efeito de reabsorção do PTH (Allori et al., 2008a). Nos pacientes afetados pela osteoporose, se observa uma redução na quantidade de osso presente, com perda maior de osso trabecular em relação ao osso compacto (Radominski et al., 2002). Isto resulta nas características primárias da doença, ou seja, fraturas do colo do fêmur, da porção distal do rádio e achatamento de corpos vertebrais (Francis, 1998). O aumento da reabsorção óssea na osteoporose está associado ao aumento do número e da atividade de osteoclastos, bem como à diminuição da incidência de apoptose nestas células. Paralelamente, observa-se diminuição da meia vida dos osteoblastos e incapacidade de reparação adequada dos defeitos causados pela reabsorção osteoclástica (Manolagas; Riggs, 2000). 29 A redução do estrógeno é o fator mais importante responsável pela gênese da osteoporose pós-menopausa, como também na osteoporose do homem (Bandeira et al., 2000; Harada; Rodan, 2003). A diminuição dos níveis de estrogênios circulantes leva a uma ativação nos ciclos de remodelação óssea, com predomínio das fases de reabsorção em relação à formação, devido ao aumento do número de osteoclastos na superfície dos ossos trabeculares. Também se sugere que os osteoclastos se tornam mais ativos, possivelmente pela diminuição nas taxas de apoptose ao final da fase de reabsorção, o que resulta em grandes cavidades que são parcialmente reparadas pela atividade dos osteoblastos. Os estrogênios atuam direta e indiretamente no osso. A maneira direta é via receptores e a indireta é mediada por citocinas e fatores locais de crescimento. A perda óssea decorrente da menopausa é caracteristicamente associada à excessiva atividade dos osteoclastos, enquanto a perda óssea associada ao envelhecimento é mais relacionada à diminuição no número de osteoblastos (Riggs, 2000; Radominski et al., 2002). Os primeiros estudos do papel do estrógeno no metabolismo ósseo focaram as citocinas pró-inflamatórias IL-1, IL-6, fator de necrose tumoral alfa (TNF-�), fator estimulador de colônias de macrófagos granulócitos (GM-CSF), fator estimulador de colônias de macrófagos (M-CSF) e prostaglandina E2 (PGE2). Estes fatores aumentam a reabsorção óssea, principalmente pelo aumento do tamanho do pool de pré-osteoclastos na medula óssea e são inibidos pelo estrógeno (Riggs, 2000). A IL-1, IL-6, e TNF-� são as principais citocinas envolvidas na osteoclastogênese, ao passo que a interleucinas IL-4 possui um efeito inibidor sobre a atividade de osteoclastos (Lorenzo et al., 1998; Bandeira et al., 2000). A IL-1, um produto produzido predominantemente por 30 monócitos/macrófagos, estimula a síntese e a liberação de PGE2, de proteases e colagenases (Goldring; Krane, 1987). Estudos em camundongos que não expressam o receptor de IL-1 mostraram que a ovariectomia não resultou em perda óssea (Lorenzo et al., 1998). A IL-6 induz reabsorção por osteoclastos e é produzida por osteoblastos. Estudos mostram que o estrógeno previne a secreção de IL-6 pelos osteoblastos (Allori et al., 2008a). A deficiência de hormônios ovarianos leva à diminuição de 1,25-(OH)2D3 e à queda da absorção de cálcio intestinal sem alterar o metabolismo da vitamina D (Kalu et al., 1989). A absorção intestinal do cálcio varia também com a idade, com os níveis de vitamina D e do hormônio da paratireóide (PTH), podendo ainda ser influenciada por nutrientes da dieta (Martini, 2000). Ela ocorre primariamente no duodeno e jejuno e, até o momento, a 1,25(OH)2D3 é o único hormônio capaz de controlar a absorção de cálcio. Na ausência dele somente 7% da ingestão normal de cálcio é absorvida (Heilkberg, 2000). A ativação e a diferenciação dos osteoclastos envolvem uma família de proteínas biologicamente relacionadas que são receptores de fator de necrose tumoral (TNFR). São a osteoprotegerina (OPG), o receptor ativador de fator nuclear (RANK) e o RANK ligante (RANKL). Eles juntos regulam a função osteoclástica. O RANK é expresso em progenitores hematopoiéticos de osteoclastos, enquanto o RANKL é expresso em células pré-osteoblásticas e linfócitos T. O RANKL se liga ao RANK com alta afinidade e esta afinidade é essencial para a osteoclastogênese. A OPG age como um receptor decodificador bloqueando a ligação de RANKL ao seu receptor RANK.(Manolagas, 2000; Boyle et al., 2003). Estudos têm demonstrado que o estrógeno inibe a reabsorção óssea pela indução de mudanças sutis, porém cumulativas, 31 em múltiplos fatores reguladores estrógenos dependentes; entre eles estão o TNF-� TGF-� e o sistema OPG/RANKL/RANK (Riggs, 2000). 2.4 Reparo ósseo Uma característica marcante do tecido ósseo é sua enorme capacidade de reparação após lesões. Esta reparação se faz a partir do tecido de granulação. As células indiferenciadas e jovens do tecido de granulação se diferenciam em células ósseas maduras, que produzem matriz extracelular que será mineralizada (Consolaro, 2009). A hemorragia resultante de trauma, leva à formação de coágulo sanguíneo e de fibrina, durante poucos dias. Além do coágulo sanguíneo, dois outros mecanismos contribuem para hemostasia: primeiramente uma vasoconstrição que faz diminuir o sangramento e, depois, uma retração do coágulo com redução do tamanho do sítio da ferida. A retração é causada pelas forças tracionais de plaquetas ativadas, resultando em condensação de fibrina no coágulo. A liberação de citocinas e de fatores de crescimento das plaquetas, no coágulo sanguíneo, tem um efeito estimulador na regeneração de fraturas. Fatores de crescimento derivados de plaquetas têm efeitos mitogênicos para fibroblastos e para células ósseas, além disso, TGF-� promove a formação de colágeno tipo I (Carvalho; Ponzoni, 2002). Como consequência da hemostasia, a circulação sanguínea retorna a partir de vasos obliterados danificados que se anastomosam com partes intactas de outros vasos. No osso, isso ocorre através dos canais de Volkmann, distribuídos de forma esparsa. O término da circulação das bordas fraturadas causa isquemia local e necrose, comumente observada em secções histológicas como lacunas 32 vazias, ou células em picnose (núcleos com cromatina muito condensada). A necrose é causada pela falta de oxigenação dos osteócitos, que em osso vivo não estão mais do que a 0,1mm de um capilar intacto. A diapedese de leucócitos no coágulo a partir de veias pré- capilares é causada por fatores que aumentam a adesão de células inflamatórias às células endoteliais, como os leucotrienos e os quimioatrativos. A maioria desses fatores é liberada por plaquetas ativadas e células endoteliais, bem como pelos próprios leucócitos. A trombina e os produtos da degradação dos tecidos também servem como atrativos químicos para leucócitos. Inicialmente, os neutrófilos são os mais numerosos, mas macrófagos rapidamente começam a predominar. Ambos os tipos de células estão envolvidos na destruição do coágulo e do tecido necrótico por meio da digestão intra e extracelulares. A formação do tecido de granulação é caracterizada por uma fase de destruição dos tecidos necróticos, associada a uma intensa proliferação celular e formação de vasos, além da síntese de matriz rica em fibronectina, proteoglicanos, ácido hialurônico e colágeno, principalmente dos tipos III e I (Carvalho; Ponzoni, 2002). Em seguida, o tecido de granulação vai se tornando mais fibroso e células mesenquimais se diferenciam em condroblastos e progressivamente substituem o tecido de granulação fibroso por cartilagem hialina. Essa ponte firme, porém flexível é conhecida como calo provisório. O calo provisório é, em seguida, reforçado pelo depósito de sais de cálcio na matriz cartilaginosa. Ao mesmo tempo o periósteo e o endósteo, próximos a área lesada, respondem com uma intensa proliferação, formando um tecido muito rico em células osteoprogenitoras. Os osteoblastos se formam a partir destas células, que correspondem às células tronco, localizadas no tecido superficial de revestimento ósseo. Estas células osteoprogenitoras do endósteo e periósteo são ativadas e depositam uma malha de tecido ósseo entrelaçado dentro e em torno do 33 calo provisório, se transformando então em calo ósseo (Guyton; Hall, 2006; Young et al., 2007, Junqueira; Carneiro, 2008). O colágeno desempenha um papel básico no processo de mineralização, pois oferece espaços suficientemente grandes para acomodar a fase mineral, favorecendo a disposição dos cristais que seguem a topografia das fibras colágenas. O processo de mineralização se inicia pela ligação do cálcio, ou fosfato, ou ambos, nas cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos do colágeno. Uma vez iniciada a mineralização da matriz óssea, esta prossegue rapidamente de forma que no período de seis a doze horas, 60% a 70% da quantidade final de mineral já estão depositados (fase primária de mineralização). A mineralização subsequente ocorre muito mais lentamente e só se completa depois de um ou dois meses (fase da mineralização secundária) (Douglas; Douglas, 2006). A união óssea é alcançada quando o local da fratura é completamente obliterado por tecido ósseo entrelaçado. Sob a influência dos estresses funcionais, o calo vai sendo lentamente remodelado, de modo a formar o tecido ósseo lamelar maduro (Guyton; Hall, 2006; Young et al., 2007; Junqueira; Carneiro, 2008). O ambiente mecânico também influencia no reparo ósseo e independente da origem embriológica do osso, num ambiente onde há estabilidade mecânica ocorre favorecimento da ossificação intramembranosa, enquanto que num ambiente não estável a reparação se dá através de ossificação endocondral (Leucht et al., 2008). 34 2.5 Bisfosfonatos Os bisfosfonatos, também chamados de difosfonatos, são conhecidos na indústria química desde 1865, quando o primeiro foi sintetizado na Alemanha, sendo o etidronato sintetizado em 1897. Foram primeiramente usados na indústria como anticorrosivos e atualmente são uma classe de compostos conhecidos por sua habilidade para prevenir reabsorção óssea mediada por osteoclastos. São recomendados para o tratamento de várias doenças que provocam aumento da reabsorção óssea, incluindo osteoporose pós-menopausa, doença de Paget e metástase óssea osteolítica (Nishikawa et al., 1996; Rodan; Fleisch, 1996; Fleisch, 1997; Fleisch, 2003; Castro et al., 2004, Íseri et al., 2005). São análogos do pirofosfato, no qual a ponte de oxigênio é substituída por um átomo de carbono e modificada por cadeias laterais de comprimentos e configurações variáveis. A presença de um átomo de carbono ligando os dois grupos fosfato proporciona resistência à hidrólise enzimática. Por outro lado, o pirofosfato, produto normal do metabolismo, é rapidamente degradado in vivo. As duas metades fosfóricas dos bisfosfonatos ligam-se fortemente à superfície de cristais de hidroxiapatita, especialmente nos pontos de remodelamento ósseo ativo. Possuem grande afinidade por cristais de fosfato de cálcio e inibem seu crescimento, sua agregação e dissolução. Sua afinidade por hidroxiapatita cálcica é a base para seu uso como inibidores da reabsorção óssea (Fleisch, 1997; Bandeira et al., 2000; Fleisch, 2003). Estruturalmente são compostos caracterizados por duas ligações C-P. Se as duas ligações estiverem localizadas no mesmo átomo de carbono, os compostos são chamados de bisfosfonatos geminais e são análogos ao pirofosfato, que contém um oxigênio no lugar do carbono. Somente os bisfosfonatos geminais parecem ter uma forte 35 atividade no esqueleto. A estrutura P-C-P permite um grande número de variações possíveis, especialmente pela mudança nas duas cadeias laterais no carbono, o que originou os diferentes tipos comercializados: etidronato, clodronato, alendronato, risedronato, entre outros (Fleisch, 1997). Cada bisfosfonato possui seu próprio perfil de atividade, determinado pela cadeia lateral ligada ao átomo de carbono. Após os resultados promissores mostrados pelo etidronato e clodronato, novos bisfosfonatos foram sintetizados contendo um átomo de nitrogênio primário em uma cadeia alquila (pamidronato, alendronato). Isto aumentou a potência anti-reabsorção em mais de cem vezes (Martin; Grill, 2000). Embora o mecanismo de ação dos bisfosfonatos não esteja completamente elucidado, está claro que no tecido os bisfosfonatos inibem a reabsorção óssea, o turnover ósseo, e assim, a perda óssea. O efeito se deve à diminuição da geração de novas unidades de remodelação óssea e a uma diminuição da profundidade da erosão cavitária. Na célula, eles induzem o desaparecimento da borda em escova dos osteoclastos, inibem a diferenciação da linhagem celular macrocítica, que leva à formação de osteoclastos, promovem um encurtamento do ciclo de vida dos osteoclastos e aumentam a sobrevivência de osteoblastos (Nishikawa et al., 1996; Rodan; Fleisch, 1996; Plotkin et al., 1999; Bandeira et al., 2000). Em nível molecular, os bisfosfonatos que contém nitrogênio em sua estrutura química, agem provavelmente pela inibição de enzimas da via colesterol/mevalonato e pela perda de proteínas da prenilação, uma vez que os efeitos dos bisfosfonatos nos macrófagos e osteoclastos podem ser superados pela adição de intermediários desta via (Luckman et al., 1998). Estas enzimas são proteínas sinalizadoras que regulam alguns processos celulares tais como a ondulação da membrana, 36 organização do citoesqueleto e transporte de vesículas necessárias para a função do osteoclasto (Martin; Grill, 2000). Os bisfosfonatos inibem a reabsorção óssea mais por efeito celular nos osteoclastos, do que simplesmente por mecanismo físico-químico (Russel et al., 1999; Nancollas et al., 2006). Um estudo que avaliou os efeitos dos bisfosfonatos sobre a formação de osso periosteal em animais controle e em animais com deficiência de estrógeno mostrou que os bisfosfonatos não inibem a formação óssea periosteal na ausência de estrógeno e são capazes de permitir estímulo normal do osso periosteal em resposta a estímulo anabólico de carga mecânica. Ficou claro que a redução da taxa de remodelamento ósseo produzida pelos bisfosfonatos se dá nos envelopes endocortical e intra-cortical (Feher et al., 2009). O depósito dos bisfosfonatos nos ossos ocorre onde o mineral ósseo está exposto aos fluidos circundantes, especialmente onde o osso é formado e reabsorvido. Após o depósito, há uma interrupção na atividade dos osteoclastos por interferência na ação da enzima farnesil pirofosfato sintase. Acredita-se, também, que os bisfosfonatos promovem apoptose de osteoclastos maduros. O resultado é um turnover ósseo mais lento, com benefícios para a integridade trabecular. Estudos demonstrando maior espessura trabecular após tratamentos prolongados sugerem que os bisfosfonatos podem também ter efeitos positivos no número de osteoblastos, mais provavelmente por inibir apoptose em osteoblastos e osteócitos. Ainda existem algumas evidências indicando que os bisfosfonatos podem inibir reabsorção, por indução de um fator inibidor de osteoclastos, pelos osteoblastos. Os bisfosfonatos se acumulam nos ossos, mas se tornam inativos, submersos na matriz. Foi demonstrado que a meia vida dos bisfosfonatos no osso, em humanos, é de mais de dez anos. Não oferecem benefícios extra-esqueletais e estão algumas vezes associados com efeitos colaterais como esofagite e/ou 37 irritação gastrintestinal após sua ingestão (Fleisch, 2003; Boonen et al.; Roughead et al., 2004). A liberação dos bisfosfonatos ocorre por conta da longa meia vida que possuem, principalmente quando o osso onde eles estão depositados é reabsorvido novamente. O fato de o grupo P-C-P ser resistente à hidrólise enzimática, explica porque os bisfosfonatos não são metabolizados no corpo e são excretados inalterados. Desta forma, os bisfosfonatos liberados durante a remodelação óssea podem ser farmacologicamente ativos, sendo que a quantidade lançada diariamente na circulação após 10 anos de tratamento é estimada em cerca de 25% da quantidade absorvida em uma dose diária e depende da localização no esqueleto. Será maior para o osso esponjoso e menor para o osso compacto. A carga e o peso do grupo bisfosfonato limita sua penetração na membrana celular, o que explica a pouca absorção intestinal (1 a 10%), que é provavelmente paracelular. São rapidamente excretados pelos rins, em parte por um processo de secreção tubular ativo (Martin; Grill, 2000). O tratamento com bisfosfonatos causa uma imediata redução na reabsorção óssea, levando a uma diminuição no cálcio sérico, que conduz a um aumento do PTH (Jacobs et al., 2007). Os bisfosfonatos são considerados a primeira linha de terapia para a prevenção e tratamento da osteoporose, sendo o alendronato um importante representante desta classe, demonstrando eficácia na prevenção de fraturas osteoporóticas em vários locais do esqueleto (Watts et al., 2004b). 38 2.6 Alendronato O alendronato é um aminobisfosfonato primário e atualmente é o bisfosfonato mais amplamente utilizado para a osteoporose (Bandeira et al., 2000; Iseri et al., 2005). Faz parte do grupo de bisfosfonatos que contém nitrogênio em sua estrutura, o que explica seu efeito de redução da atividade de remodelamento ósseo normal em maior extensão (Astrand; Aspenberg, 2002). A porção bisfosfonato da molécula do alendronato lhe confere importantes características, como a baixa penetração pelas membranas celulares, o que limita sua ação na maioria das células do corpo, além de uma localização preferencial no osso limitando a exposição de tecidos não esqueléticos à droga (Hayes, 1999). Após a administração, o alendronato se liga à superfície exposta de hidroxiapatita. A acidificação do meio provocada pelos osteoclastos nos sítios de reabsorção causa a liberação do alendronato dentro do espaço definido por zona clara, aumentando sua concentração local, interferindo com a função de membrana do osteoclasto e em sua borda em escova, o que resulta na interrupção da reabsorção óssea (Sato et al., 1991). Nos Estados Unidos, o alendronato foi aprovado tanto para prevenção quanto para o tratamento da osteoporose (Bandeira et al., 2000). Ele reduz o risco de novas fraturas de quadril e pulso em mulheres com fraturas já presentes e reduz o risco de todas as principais fraturas em mulheres com osteoporose (Black et al., 2000). Possui grande seletividade para inibir a reabsorção óssea, sem afetar a formação (Volpon et al., 2008). 39 A dose de alendronato recomendada para o tratamento da osteoporose em humanos é de 10 mg/dia, por via oral, podendo ser também administrado semanalmente em doses de 70 mg/dia (Astrand; Aspemberg, 2002; Fleisch, 2003) O alendronato administrado durante o crescimento, maturação e envelhecimento em ratos machos e fêmeas, resultou em melhores propriedades mecânicas em vértebras e fêmur. Os autores do estudo atribuíram estes achados à influencia da inibição da reabsorção óssea durante o crescimento ósseo, resultando em maior massa na maturidade e à atenuação da reabsorção óssea durante o período em que normalmente ocorre a perda óssea relacionada com a idade (Guy et al., 1993). Um estudo realizado em animais de laboratório sobre a absorção e disposição do alendronato no organismo, revelou que após a administração por via oral, a absorção intestinal da droga foi muito pobre, sendo detectado no osso cerca de 0,9% no rato, 1,8% no cão e 1,7% no macaco. A presença de alimento no estômago causou um decréscimo de absorção de 6 a 7 vezes, quando comparado com animais em jejum. Cerca de 30% da dose foi absorvida pelo osso nos primeiros 5 minutos. A meia vida da droga no osso do rato foi de 30 dias, para um período de análise de 11- 40 dias e de 200 dias para um período de análise de 40-80 dias (Lin et al., 1991). O alendronato possui alta afinidade pelo tecido ósseo e, em doses normais, não é encontrado em tecidos não calcificados. Contudo, quando a dose é muito elevada, algum acúmulo pode ocorrer em tecidos não calcificados, principalmente nos rins; além disso, em altas doses, ele passa a agir inibindo calcificação (Lin et al.,1992; Russel et al., 1999). Em 2008, Volpon et al. investigaram por meio de estudos histomorfométricos em ratas normais e osteopênicas, os efeitos do 40 alendronato de sódio, quando administrado preventivamente em situações que provocam osteopenia. Foi realizada imobilização da região lombar, pelve e do membro posterior direito com aparelho gessado, com o intuito de gerar osteopenia nos animais. O alendronato foi administrado por via subcutânea na dose de 0,7mg/kg, uma vez por semana, durante 28 dias. Os autores concluíram que a dose semanal de 0,7mg/kg foi eficaz para aumentar o volume ósseo e o número de trabéculas. Além disso, o alendronato foi capaz de aumentar os parâmetros morfométricos dos animais osteopênicos e, também dos animais normais. Um estudo comparando alendronato com risedronato examinou as diferenças de resposta esquelética de ratas OVZ frente à suspensão do tratamento. Os dados deste estudo mostraram que o turnover ósseo trabecular normal tende a ser restabelecido mais rapidamente em animais tratados com risedronato do que naqueles tratados com alendronato. As taxas de formação óssea permaneceram mais baixas no osso trabecular das tíbias e espinha em ratas tratadas com alendronato, quando comparadas com ratas não tratadas, controle, 16 semanas após a suspensão do tratamento. Em contraste, os grupos tratados com risedronato mostraram uma recuperação gradual de formação de osso normal. Isto mostrou que após a interrupção do tratamento, em níveis de dose clínica, o alendronato parece ter um efeito mais persistente na supressão de turnover ósseo do que o risedronato (Fuchs et al., 2008). Roschger et al. (2001) avaliaram a qualidade da matriz óssea da crista ilíaca de mulheres com osteoporose, tratadas com alendronato, durante um período de 2 a 3 anos. Os resultados mostraram que o alendronato inibiu a reabsorção óssea osteoclástica, reduziu o turnover ósseo, diminuiu a porosidade cortical e aumentou a uniformidade da mineralização. Concluíram que uma melhoria na 41 qualidade mecânica da matriz mineralizada, causada por mudanças estruturais, como menor porosidade cortical, associada a um positivo balanço ósseo, podem ser os principais fatores contribuintes da efetividade antifratura do alendronato. Estudo semelhante com pacientes que receberam placebo ou 5 e 10 mg/dia de alendronato, durante um período de dois a três anos, utilizou medidas de tomografia micro computadorizada de três dimensões e histomorfometria para avaliar amostras de osso ilíaco. Participaram mulheres de 45 a 80 anos, que já estavam na menopausa há pelo menos 5 anos e com osteoporose confirmada por exame de densitometria óssea. Uma biópsia de ilíaco de 7,5 mm foi obtida de cada participante. Os resultados mostraram valores superiores para o grupo tratado com alendronato, tanto na tomografia micro computadorizada, quanto na histomorfometria. Os autores atribuem esses resultados a um efeito de espessamento das trabéculas já existentes associada à diminuição da perda trabecular, uma vez que o alendronato reduz a reabsorção óssea reduzindo os sítios de remodelamento por unidade de superfície de área, assim, ocorrem menos locais de afinamento trabecular e as trabéculas presentes acabam sofrendo um espessamento passivo (Recker et al., 2005). Em um estudo que avaliou um total de 3658 mulheres com osteoporose, com e sem fraturas, tratadas com alendronato por um período mínimo de três anos, foi observado efeito positivo marcante sobre o risco de fraturas entre 12 a 18 meses após o início do tratamento. Já, a partir dos 6 meses após o início do tratamento, uma diminuição no risco de fraturas vertebrais pode ser observada (Black et al., 2000). Apesar dos efeitos positivos sobre a reabsorção óssea, de um modo geral, a administração oral dos bisfosfonatos, tem sido associada a efeitos adversos, como osteonecrose dos maxilares (Marx et al., 2007), além de efeitos gastrintestinais, incluindo gastrite, úlcera 42 gástrica e esofagite erosiva. Tem sido demonstrado que os bisfosfonatos diferem em seu potencial de dano sobre a mucosa gastroesofágica, sendo o alendronato um dos mais nocivos (Graham,1999, Thomson et al., 2002; Roughead et al., 2004; Íseri et al., 2005). 2.7 Homeopatia A Homeopatia surgiu em 1796, idealizada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que viveu de 1755 a 1843 e publicou várias obras. Combateu o uso indiscriminado de alguns tipos de terapia usados em sua época e formou inúmeros discípulos (Correa, 1997; Correa, 2006). A homeopatia é uma modalidade terapêutica para o tratamento de pessoas e animais e se baseia no princípio do semelhante, na terapia individualizada, baseada na definição ampla dos sintomas, e em doses infinitesimais. A palavra homeopatia é derivada das palavras gregas homoios, que significa igual ou semelhante, e pathos, que significa sofrimento (Boyd, 1993; Johnson; Boon, 2007). Na homeopatia, diferentemente da medicina alopática, o processo de diagnóstico é centrado no doente e não na doença. Esses preceitos já eram conhecidos por muitos médicos, desde Hipócrates até Hahnemann, sendo que vários deles os utilizavam - principalmente o dos semelhantes - em seus tratamentos e observações. Vale ressaltar, que as concepções hahnemannianas reviveram muito da tradição hipocrática como atenção ao regime alimentar, importância dos fatores climáticos, ecológicos, psicológicos e à existência de energia vital. Hahnemann postulou a existência de uma energia vital, a qual possibilita ao organismo 43 o estabelecimento de reações aos mais variados estímulos ambientais. O homem é compreendido como uma unidade composta por corpo, alma e consciência, capaz de se manter são quando todas as sensações e reações se equilibram de forma harmônica. Quando há algum desequilíbrio dessa energia vital, ocorre uma disfunção orgânica que faz o homem adoecer (Correa 1997; Correa, 2006). Na homeopatia, o princípio da cura tem como base a “Lei dos Semelhantes”: Os sintomas ou síndromes que uma substância animal, vegetal ou mineral causa experimentalmente, em doses farmacológicas ou tóxicas, são os mesmos que ela poderá curar clinicamente quando administrada após preparo especial, em doses extremamente baixas, em indivíduos que apresentam esses sintomas. A prática da terapia individualizada baseada em sintomas é apoiada na premissa de que cada paciente tem uma personalidade única e um padrão de sintomas da doença, o que significa que a mesma doença se manifesta de formas sutilmente diferentes em cada pessoa (Johnson; Boon, 2007). A ciência ainda não tem uma explicação coerente a respeito do mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos (Poitevin, 1992). Pode-se afirmar que a água, após os procedimentos de preparo preconizados pela medicina homeopática tais como as diluições de solutos seguidas por sucussão, torna-se diferente da água inicial. Testes feitos com calorimetria de fluxo, microscopia eletrônica, conductometria e medição de pH mostraram tais indícios (Coghlan, 2001; Elia et al., 2004; Elia et al., 2007). O conceito de que o estímulo do remédio desencadeia uma resposta que restaura o equilíbrio biológico parece ser uma explicação razoável à luz da observação clínica. Este estímulo pode ser farmacológico em potências mais baixas, mas, parece ser de algum outro tipo, possivelmente eletromagnético, nas mais altas diluições. 44 Hahnemann considerava a ação do remédio vinculada à produção de uma doença artificial semelhante à doença do paciente. Esta doença artificial estimula uma reação do corpo, que por sua vez cura a doença. O estímulo deve ser correto e a resposta depende do estado inicial do organismo. A terapia homeopática tem atraído a atenção pelo fato de buscar uma reação geral do organismo visando curar internamente, isto é, o próprio organismo é estimulado a promover a cura. De forma inversa, a alopatia trabalha curando externamente e eliminando de maneira radical o agente patogênico, bloqueando algumas respostas de defesa do organismo (Boyd, 1993). Em relação à origem, os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de produtos de três reinos da natureza: vegetal, mineral e animal, segundo técnica própria que inclui diluições sucessivas em escalas geralmente centesimais e sucussões ritmadas para dinamizar e liberar o potencial energético do medicamento (Eizayaga, 1972; Boyd, 1993). O uso de diluições é importante porque frequentemente as substâncias usadas para fazer os remédios são tóxicas em concentrações mais elevadas. O processo de diluição envolve sucussão, uma vigorosa agitação da substância original com álcool ou água, que ativa e potencializa o remédio. Os produtos homeopáticos são frequentemente tão diluídos que a farmacologia convencional nos diz que nenhuma molécula da substância original permanece no produto final (Johnson, Boon, 2007). Proposta por Hahnemann, a escala centesimal, que é indicada pela letra C, significa que o medicamento foi diluído na proporção de 1:99 (Ullman, 1988). Thompson e Weiss (2006) realizaram um estudo com 18 pacientes, avaliando a ação de ingredientes ativos indicados para tratamentos complexos. Três condições foram avaliadas: síndrome do 45 intestino irritado, síndrome da fadiga crônica e dermatite atópica da infância. De todos os casos, 7 apresentaram grande mudança no quadro de saúde, 6 alguma mudança e 5, nenhuma mudança durante os 8 meses de tratamento. Os dados mostraram que a precisão da indicação reflete o resultado da terapia, ou seja, a correta compreensão da situação do paciente se reflete na precisão da escolha do remédio. Os autores concluem que a homeopatia pode, justificadamente, ser considerada uma intervenção complexa e que isso deveria ser levado em conta nas avaliações experimentais clínicas no campo da pesquisa, a fim de caracterizar os efeitos específicos e não específicos dos medicamentos. Na Europa, a homeopatia tem tido boa reputação como alternativa efetiva em terapias veterinárias (Rajkumar et al., 2006). Nesta especialidade, o emprego de medicamentos diluídos e dinamizados obedece às mesmas razões da medicina humana, dentro das mesmas regras (Kossak-Romanach, 1984) Segundo Teixeira (2007a), a prática médica homeopática contribui para a humanização da medicina, por utilizar visão antropológica e abordagem semiológica holísticas. Procura-se valorizar os múltiplos aspectos da individualidade humana no processo de adoecimento e na escolha da substância curativa, priorizando a escuta de todas as queixas do enfermo. Eleva-se, assim, a qualidade da relação médico-paciente, fator indispensável para uma medicina humanizada. No Brasil a Homeopatia foi introduzida em 1840, pelo grande homeopata francês Benoit Mure. Foi reconhecida como especialidade médica em 1979 e em 1980 deu-se o referendo definitivo pelo Conselho Federal de Medicina, deixando, assim, de ser uma terapia alternativa (Correa 1997; Correa, 2006). Embora seja uma especialidade médica, a homeopatia não está presente na maioria das escolas de medicina do Brasil e os 46 fundamentos da prática homeopática não são conhecidos pela grande maioria dos profissionais de saúde (Salles, 2008). Apesar desta dificuldade, o resultado de uma pesquisa realizada com estudantes de medicina revelou que os acadêmicos se mostraram interessados em aprender os fundamentos da homeopatia, posicionando-se favoravelmente à inclusão da disciplina no currículo dos cursos de graduação (Teixeira, 2007b). 2.8 Calcarea phosphorica O cálcio desempenha um papel fundamental em muitos processos fisiológicos, incluindo a coagulação sanguínea, a transmissão de impulsos nervosos, a contração dos músculos esqueléticos, lisos e cardíaco, citando apenas alguns deles. Apenas 0,1% do cálcio total se encontra no líquido extracelular, 1% está nas células e o restante fica armazenado nos ossos (Guyton; Hall, 2006). O íon fosfato é também crucialmente importante para todos os sistemas biológicos. Dentro das células, o fosfato é um ânion que equilibra os cátions potássio e magnésio e é um importante constituinte da estrutura cristalina do osso e dos dentes. Aproximadamente 85% do fosfato corpóreo se encontra armazenado nos ossos, 14% a 15% nas células, e menos de 1% no líquido extracelular (Higdon, 2003; Berne et al., 2004; Guyton; Hall, 2006). As concentrações extracelulares de fosfato e cálcio são muito baixas para que ocorra precipitação espontânea nos tecidos não mineralizados, mas são altas o suficiente para permitir deposição de hidroxiapatita em ambientes especializados de matriz óssea não mineralizada (Heilkberg, 2000). 47 O fosfato de cálcio, também conhecido por hidroxiapatita, é o principal componente estrutural da matriz óssea e compreende cerca de 85% do fosfato do corpo (Young et al., 2007). A fórmula da hidroxiapatita é Ca10(PO4)6(OH)2 e tem o formato de uma placa achatada e longa. Os cristais de hidroxiapatita situam-se adjacentes a cada segmento de fibra colágena, unidos hermeticamente a ela. Os segmentos de fibras se justapõem uns sobre os outros, provocando também a sobreposição dos cristais de hidroxiapatita como espécies de tijolos empilhados em um muro (Guyton; Hall, 2006). O fosfato de cálcio é um dos materiais usados clinicamente para o reparo de defeitos ósseos. Tem sido estudado extensivamente do decorrer da última década devido à sua estreita semelhança com os tecidos mineralizados do corpo humano e por sua excelente biocompatibilidade (Zhou et al., 2007; Arisan et al., 2008). A ação homeopática do fosfato de cálcio (Calcarea phosphorica) cura várias doenças relacionadas com a formação e remodelação óssea, sendo prescrito para casos de formação tardia de calo ósseo, problemas com a união de fraturas, crescimento ósseo deficiente e anormal e dores ósseas e articulares na tíbia (Tyler, 1992; Vijnovsky, 1992) A Calcarea phosphorica atua no equilíbrio cálcio-fósforo. Tal equilíbrio é importante para uma deposição de cálcio e formação do calo ósseo desejável (Freitas; Castro, 1995). Além disso, possui tropismo sobre matriz óssea, podendo ser administrada em condições de saúde variadas como na fase de erupção dentária em bebês e também na condromalácia (Ullman, 1988; Esquivel et al., 1996). Poucos são os relatos na literatura científica sobre o uso de medicamentos homeopáticos como indutores de nova formação óssea. Balducci-Rosindo et al. (1999) avaliaram a ação de Symphytum officinale e Calendula officinallis, e sua capacidade específica 48 de promover a reparação óssea após exodontia em camundongos. Os resultados obtidos através de análise histológica comparativa mostraram que os animais tratados apresentaram uma aceleração na maturação do tecido ósseo neoformado, quando comparado com o grupo controle. Almeida et al. (2009) estudaram a reparação de defeitos ósseos em mandíbulas de ratos utilizando Plumbum metalicum 30CH e compararam com ratos controle e ratos tratados com calcitonina. O completo preenchimento do defeito cirúrgico, por toda a extensão, foi somente observado no grupo tratado com Plumbum metalicum. Neste estudo as análises morfológica e histomorfométrica, mostraram níveis mais baixos de formação óssea nos animais tratados com calcitonina em comparação com os outros grupos. O estudo demonstrou que para a reparação de defeito ósseo guiado em mandíbula de ratos machos, o grupo tratado com homeopatia e o grupo controle produziram resultados similares. Igualmente, raros são os estudos que utilizaram a Calcarea phosphorica para a avaliação da osteoporose e reparação óssea. Esquivel et al. (1996), realizaram um estudo de um ano de duração com 20 mulheres portadoras de osteoporose pós-menopausa devidamente diagnosticada. A avaliação da mineralização óssea foi feita por densitometria, com 3 tomadas do colo do fêmur e da diáfise femural, a fim de avaliar o osso cortical e trabecular. Os controles foram feitos no começo, aos seis meses e aos doze meses do início do tratamento. A Calcarea phosphorica foi associada a outras substâncias e ao final do experimento os autores verificaram eficácia do tratamento homeopático proposto, obtendo uma melhoria importante na densidade mineral óssea. Werkman et al. (2006) compararam o efeito do risedronato sódico com Calcarea phosphorica no reparo ósseo de ratos machos castrados por meio de análise histológica, histomorfométrica e de densidade óptica. Observaram que a Calcarea phosphorica 6CH se 49 mostrou mais eficaz nas fases iniciais do processo de reparo do que o risedronato. O tratamento com risedronato influenciou a reparação, levando a uma maior quantidade de osso em comparação com Calcarea phosphorica. Contudo, o osso formado sob ação do risedronato mostrou resistência a reabsorção, mantendo seu aspecto trabecular, enquanto a Calcarea phosphorica mostrou uma remodelação de osso inicialmente trabecular para um osso lamelar no fim do experimento. Nos últimos anos, tem havido um aumento no número de estudos pré-clínicos in vitro e em animais objetivando avaliar a atividade farmacológica ou eficácia de medicamentos homeopáticos em condições de reproduzir os testes (Conforti et al., 2007). No entanto, ainda há poucos relatos da avaliação qualitativa e quantitativa dos efeitos da Calcarea phosphorica na reparação óssea. Estudos mais aprofundados deste medicamento devem ser realizados visando ampliar a sua utilização terapêutica e a melhoria da qualidade de vida de pacientes com alto risco de fraturas ósseas, como observado na osteoporose em homens e mulheres. 3 PROPOSIÇÃO Este trabalho teve por objetivo avaliar o potencial do medicamento homeopático Calcarea phosphorica 6CH na reparação de lesão óssea em ratas ovariectomizadas, comparando com os efeitos do medicamento alopático alendronato. 4 MATERIAL E MÉTODO 4.1 Manuseio geral dos animais Para a realização deste trabalho foram utilizadas 120 ratas (Rattus novergicus, var. albinus, Wistar) com 90 dias de idade e peso aproximado de 320g, mantidas em gaiolas com seis animais cada, temperatura média de 22ºC, média de 12 horas na presença de luz e 12 horas no escuro, alimentadas com ração Guabi Nutrilabor e água ad libitum, fornecidos pelo Biotério da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP. Este experimento foi realizado de acordo com os Princípios Éticos para a Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) submetido ao comitê de ética para experimentação em animais da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP (nº 045/2007-PA/CEP). Todas as medidas possíveis foram tomadas para evitar sofrimento desnecessário dos animais, bem como para reduzir o número de animais utilizados e as perdas durante o trans e pós-operatório. Os animais foram divididos em quatro grupos experimentais: a) Grupo A - ratas ovariectomizadas e tratadas com alendronato (Terapêutica – São José dos Campos, SP) 3,75 mg/Kg dissolvidos em 1 ml de água/animal/ 3 vezes por semana, por via oral (gavagem); 52 b) Grupo CP - ratas ovariectomizadas e tratadas com Calcarea phosphorica 6CH (Pharmaciantiga – São José dos Campos, SP) via oral, dois glóbulos dissolvidos em 1 ml de água/animal/dia, por via oral (gavagem); c) Grupo O - ratas ovariectomizadas e tratadas com placebo (1 ml de água/animal/dia) por via oral (gavagem); d) Grupo S - ratas com cirurgia sham tratadas com placebo (1 ml de água/animal/dia) por via oral (gavagem). 4.2 Anestesia Para todos os procedimentos cirúrgicos os animais receberam anestesia geral com solução aquosa a 2% de cloridrato de 2- (2,6-xilidino)-5,6-dihidro-4H-1,3 tiazina (Anasedan® - Bayer, São Paulo, SP, Brasil), substância sedativa e relaxante muscular, associada à ketamina base (Dopalen® - Agribrands do Brasil Ltda), anestésico geral, na proporção de 0,8:0,5 ml e administrados por via intramuscular na dose de 0,1 ml/100 g de peso dos animais. 4.3 Ovariectomia Após a depilação manual e anti-sepsia feita com álcool iodado da região correspondente ao ovário a ser removido, a ovariectomia foi realizada cirurgicamente. Com o animal posicionado lateralmente, o 53 acesso aos ovários se deu aproximadamente a 1cm de distância da coluna vertebral e a 1cm abaixo da última costela. Com uma lâmina de bisturi n° 15 realizou-se uma incisão de 1,5cm na pele nesta região, paralelamente ao longo eixo do animal, seguindo-se por incisão e divulsão dos tecidos subjacentes até a exposição do ovário. Foi feita uma ligadura logo abaixo desse, com fio de algodão estérill e em seguida a remoção do ovário. O útero e os demais tecidos foram reposicionados e a sutura feita em planos com fios de seda 4.0 (Ethicon, Brasil). No local foi feita nova antissepssia com álcool iodado. Procedimento similar foi realizado no ovário contralateral do animal na mesma sessão cirúrgica. Após a cirurgia os animais não receberam antibiótico e permaneceram em gaiolas (n= 6/gaiola) recebendo ração e água ad libitum durante 60 dias, tempo preconizado neste experimento para a indução da osteoporose. A cirurgia sham, ou falsa ovariectomia, foi realizada seguindo os mesmos passos da cirurgia de ovariectomia acima descrita, com exceção da ligadura do ovário e de sua remoção. Assim, após sua exposição, os ovários foram reposicionados cuidadosamente na cavidade abdominal e a sutura realizada em planos. A sequência de procedimentos cirúrgicos da ovariectomia pode ser visualizada na Figura 1. 54 Figura 1 - a) animal anestesiado e depilado para a cirurgia de ovariectomia; b) incisão da pele e camada muscular; c) amarração e excisão do ovário; d) aspecto final após a sutura da camada muscular e pele. 4.4 Execução da lesão óssea e tratamento Em todos os animais foram realizados defeitos ósseos monocorticais na tíbia direita, após 60 dias da castração. Os ratos foram novamente anestesiados com associação de solução aquosa a 2% de cloridrato de 2-(2,6-xilidino)-5,6dihidro-4H-1,3 tiazina (Anasedan® - Bayer, São Paulo, SP, Brasil), substância sedativa e relaxante muscular e cloridrato de ketamina 10% (Dopalen® – Agribands do Brasil,Ltda), anestésico geral, na proporção de 0,8:0,5 ml e administrados por via intramuscular na dose de 0,1 ml/100 g de peso dos animais. 55 Na face interna da perna foi realizada depilação manual e após antissepsia local, com álcool iodado, foi realizada uma incisão de aproximadamente 1,5cm na pele e músculo na região do terço proximal tibiano com lâmina de bisturi n� 15. Em seguida à exposição da face interna da tíbia, o periósteo e os tecidos moles foram afastados com espátula 7. Com o auxílio de uma broca esférica n�8, em motor de baixa rotação, sob irrigação constante de solução de NaCI 0,9%, foi realizada uma lesão monocortical de 2,5 mm de diâmetro até o limite da medula óssea. Após estabilização do coágulo sanguíneo sobre a lesão, a região foi suturada, em planos, com fio de seda 4.0 (Ethicon, Brasil). A sequência de procedimentos cirúrgicos da lesão óssea pode ser visualizada na Figura 2. 56 Figura 2 - a) animal anestesiado e depilado para a cirurgia de defeito ósseo; b) incisão da pele e camada muscular; c) tíbia exposta para a confecção da lesão; d) aspecto da lesão monocortical, e) sutura da camada muscular; f) aspecto final após a sutura da camada muscular e pele. Os animais não receberam antiinflamatório e antibiótico no pós-operatório para evitar uma possível interação medicamentosa, especialmente com o medicamento homeopático. Além disso, estudos têm demonstrado que os antiinflamatórios podem atrasar o processo de reparação óssea (O’Connor; Lysz, 2008). 57 Após a realização da lesão, os animais foram tratados com os respectivos medicamentos propostos para cada grupo: Calcarea phosphorica, alendronato ou água. A medicação foi iniciada no dia seguinte ao da cirurgia de lesão óssea. 4.5 Sacrifício dos animais Todas as ratas foram sacrificadas, em grupos de seis animais, após 3, 6, 10, 17 e 28 dias a partir do início do tratamento. Para a realização do sacrifício foi utilizada anestesia geral seguida de secção aórtica. As tíbias foram retiradas e conservadas em solução de formol a 10%, onde permaneceram por 3 dias antes das tomadas radiográficas. 4.6 Comprovação da ovariectomia A comprovação da eficácia do procedimento de ovariectomia foi realizada por meio de avaliação macroscópica da atrofia dos cornos uterinos. 4.7 Avaliação da densidade óptica das tíbias As tíbias foram radiografadas pelo Sistema de Radiografia Digital Direta Intrabucal Visualix (Dentsply-Gendex, Milano-Italy). O equipamento é dotado de um dispositivo de carga acoplada CCD (charged-coupled device) para captura direta de imagem, constituído de 58 um sistema ligado por cabo ao microcomputador. O aparelho de raios X utilizado foi o Gendex 765DC (Gendex Dental Systems, Dentsply International, Chicago, IL, USA) de corrente contínua 65kVp e 7mA com filtração de 2mm/Al, ponto focal efetivo de 0,4mm2 e área focal de 6cm. As tíbias foram posicionadas sobre o sensor fixado em uma mesa, com a face da lesão óssea centralizada na área ativa de 30x20mm, e voltada para o cilindro, de forma a não ser observada sobreposição das corticais na imagem radiográfica da lesão. As tomadas radiográficas, com tempo de exposição de 0,05 s e com o cilindro posicionado com distância focal de 40 cm foram realizadas pela técnica do paralelismo. Figura 3 Figura 3 – Tomada radiográfica mostrando a tíbia posicionada sobre o sensor e a respectiva imagem radiográfica evidenciando a região do defeito ósseo (seta). As imagens radiográficas foram obtidas com resolução de 600 dpi, salvas em formato TIFF e a densidade óptica analisada pelo 59 programa UTHSCSA Image Tool, versão 3.00 (University of Texas Health Sciences Center, San Antonio, Texas, USA). A densidade óptica foi medida em uma região selecionada por um círculo delimitando toda a área do defeito criado, demonstrada pelo programa em uma escala de 256 níveis de cinza onde o preto correspondia ao valor zero e o branco ao valor 255. 4.8 Análise histológica Após a realização das tomadas radiográficas, as tíbias foram submetidas à descalcificação com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA 10%), em temperatura ambiente e sob agitação periódica. Após a descalcificação completa, as tíbias foram seccionadas transversalmente em região adjacente ao limite distal do defeito ósseo. O fragmento contendo a lesão foi incluído no sentido da superfície de corte em bloco de parafina e submetido a processamento histológico de rotina com obtenção de cortes semi-seriados. Os cortes foram obtidos com aproximadamente 5 a 6 µm de espessura e aprofundamento de 100 µm em cada nível, somando um total de vinte lâminas em cada bloco. Para cada nível foram confeccionadas duas lâminas, uma corada com Hematoxilina e Eosina (HE – Merck & Co,Inc.) e a outra com Tricrômio de Masson (SIGMA Diagnostics – St. Louis,MO, USA). Os cortes mais centrais do defeito foram selecionados e submetidos à análise, com o auxílio de microscopia de luz, avaliando-se os aspectos morfológicos da reparação óssea, analisando o desenvolvimento, substituição, maturação e remodelação das diversas estruturas que se formaram nas fases sequenciais do reparo ósseo: coágulo sanguíneo, tecido de granulação, aparecimento de células 60 osteogênicas, trabéculas ósseas neoformadas (matriz osteóide e matriz mineralizada), trabéculas ósseas maduras e a remodelação das mesmas. 4.9 Avaliação histomorfométrica das tíbias Para a realização da análise histomorfométrica, as lâminas foram fotografadas em microscópio de luz Axiophot 2 (Carl Zeiss, Oberköchen, Alemanha) acoplado a uma câmera digital AxioCam MRc 5 (Carl Zeiss Oberköchen, Alemanha) que as transmite para o programa computacional AxioVision Release 4.7.2. As imagens digitais (formato JPEG) de três lâminas por animal, da região mais central do defeito, foram usadas para análise quantitativa do tecido ósseo neoformado. Inicialmente, as imagens foram analisadas com o programa NIH Image J (U.S. National Institutes of Health, Bethesda, Maryland, USA - http://rsb.info.nih.gov/ij/), versão 1.31 para Windows. Primeiramente foi calculada a área em pixels2 de uma região delimitada abrangendo todo o defeito criado e o canal medular adjacente, chamada de área A. Figura 4. 61 Figura 4 - Delimitação da área abrangendo todo o defeito criado e o canal medular adjacente (área A). Posteriormente foi também calculada uma segunda área formada pela delimitação de toda a área preenchida por osso e tecido intertrabecular, chamada de área B. Figura 5. Figura 5 - Delimitação da área preenchida por osso e tecido intertrabecular (área B). 62 Usando os valores obtidos, para cada corte analisado, foi calculada a proporção de área preenchida por osso e tecido intertrabecular (área de preenchimento) em relação à área total seguindo a equação: (%) de Preenchimento = Área B x 100/ Área A Na etapa seguinte, foi utilizada a ferramenta magic wand do programa Adobe Photoshop, versão 7.0, com tolerância de 60, para selecionar somente as trabéculas ósseas neoformadas presentes na área B. Figura 6. Figura 6 – Seleção das trabéculas neoformadas presentes na área B utilizando a ferramenta magic wand do programa Adobe Photoshop. Essas trabéculas foram copiadas e salvas como uma nova imagem que foi analisada pelo programa Image J para cálculo da área dessas trabéculas através dos seguintes passos: 63 a) Process � Binary � Make Binary; b) medição da área: Analyze � Analyze Particles Com esses passos a área analisada (trabéculas) foi medida automaticamente em pixels2. Figura 7. Figura 7 – Em azul observam-se as trabéculas ósseas neoformadas presentes na área B após a seleção realizada com a ferramenta magic wand do programa Adobe Photoshop. Em preto, observa-se a imagem transformada que foi analisada pelo programa Image J para o cálculo da área dessas trabéculas. A proporção de osso neoformado (área trabecular) foi então calculada através da relação entre a área ocupada somente pelas trabéculas ósseas neoformadas (área C) e a área preenchida por osso e tecido intertrabecular (área B) segundo a equação: (%) de Osso neoformado = Área C x 100/ Área B Esse cálculo permitiu o conhecimento da proporção entre trabéculas ósseas e espaço intertrabecular. 64 Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística. Para cada animal, o valor da porcentagem de área de preenchimento, bem como a porcentagem de osso neoformado contida dentro da área de preenchimento corresponderam à média dos valores obtidos nas três lâminas analisadas. 4.10 Análise estatística Os dados obtidos nas análises de densidade óptica e histomorfométrica da tíbia foram submetidos à estatística descritiva e a teste estatístico. Os testes utilizados, dependendo das condições de cada grupo foram: análise de variância ANOVA paramétrica, ANOVA não paramétrica de Kruskal-Wallis, testes de Tukey e de comparação múltipla de Dunn. O nível de significância (p) adotado foi o valor de 5%. Os gráficos e todos os testes foram efetuados usando o programa computacional MINITAB® Release 14.12.0, Statistix 8.0 e GraphPad Prism 5.00 for Windows, Pensylvania USA. A análise estatística foi elaborada para cada um dos métodos de avaliação utilizados neste estudo como descrito a seguir. Para a análise de densidade óptica, primeiramente foram comparados os animais tratados com placebo (sham e ovariectomizados), tendo como variáveis independentes a presença ou ausência de ovários e os períodos de 3, 6, 10, 17 e 28 dias. Como variável dependente ou variável resposta a densidade óptica. Esquema fatorial 2X5. Posteriormente foram comparadas as densidades ópticas entre os animais ovariectomizados, submetidos aos diferentes tratamentos, tendo como variáveis independentes os tratamentos com alendronato, Calcarea phosphorica, placebo e os períodos de 3, 6, 10, 17 e 28 dias. Como 65 variável dependente ou variável resposta a densidade óptica. Esquema fatorial 3X5. Para a análise da área de preenchimento do defeito ósseo primeiramente foram comparados os animais tratados com placebo (sham e ovariectomizados), tendo como variáveis independentes a presença ou ausência de ovários e os períodos de 6, 10, 17 e 28 dias. Como variável dependente ou variável resposta o percentual de área de preenchimento por osso. Esquema fatorial 2X4. Posteriormente foram comparados os animais ovariectomizados submetidos aos diferentes tratamentos, tendo como variáveis independentes os tratamentos com alendronato, Calcarea phosphorica, placebo e os períodos de 6, 10, 17 e 28 dias. Como variável dependente ou variável resposta o percentual de área de preenchimento do defeito. Esquema fatorial 3X4. Para a análise da área de osso neoformado presente na área de preenchimento do defeito ósseo primeiramente foram comparados os animais tratados com placebo (sham e ovariectomizados), tendo como variáveis independentes a presença ou ausência de ovários e os períodos de 6, 10, 17 e 28 dias. Como variável dependente ou variável resposta o percentual de osso neoformado. Esquema fatorial 2X4. Posteriormente foram comparados os animais ovariectomizados submetidos aos diferentes tratamentos, tendo como variáveis independentes os tratamentos com alendronato, Calcarea phosphorica, placebo e os períodos de 6, 10, 17 e 28 dias. Como variável dependente ou variável resposta o percentual de osso neoformado. Esquema fatorial 3X4. 5 RESULTADO Os resultados obtidos serão apresentados em partes nas quais serão analisadas respectivamente os dados referentes à; 5.1 - análise de densidade óptica; 5.2 - análise histomorfométrica e 5.3 - análise histológica descritiva. Cada análise focou um diferente aspecto da evolução da reparação óssea nos diferentes grupos. Para as análises quantitativas - de densidade óptica e histomorfométrica - os dados obtidos foram divididos e analisados em duas partes. Na primeira, foram analisados os grupos de animais que receberam tratamento placebo, comparando-os entre si: animais submetidos à cirurgia sham (S) e aqueles ovariectomizados (O). Na segunda, foram analisados e comparados entre si os grupos de animais ovariectomizados e tratados com: alendronato (A), placebo e Calcarea phosphorica (CP). 5.1 Densidade óptica 5.1.1 Análise de densidade óptica dos grupos S e O Os dados de densidade óptica foram obtidos após a realização de radiografias digitais das tíbias, levando em consideração a região dos defeitos ósseos. 67 As variações de densidade óptica nos grupos S e O estão expressas na Tabela 1, considerando as variáveis tempo de reparação óssea e presença/ausência de ovários. Tabela 1 - Estatística descritiva dos valores médios (±desvio padrão) de densidade óptica dos grupos sham (S) e ovariectomizado (O), considerando os diferentes tempos de reparação óssea Tempo de reparo (dias) n Presença/Ausência Ovários (m±dp) S O 3 6 49,25 ±6,15 50,00 ±9,39 6 6 58,50 ±11,35 47,50 ±10,03 10 6 62,58 ±12,89 63,83 ±11,84 17 6 68,83 ±6,99 63,08 ±10,21 28 6 76,33 ±12,13 61,00 ±5,79 n = tamanho da amostra S = sham + placebo O = ovariectomizado + placebo Por meio da Tabela 1 nota-se que o grupo S apresenta um aumento gradual e constante dos valores de densidade óptica, do início ao fim do período de observação, terminando aos 28 dias com valores superiores aos do grupo O. Por outro lado, o grupo O exibe um ligeiro declínio dos valores de densidade óptica no período de 3 a 6 dias, sofre um aumento no período de 6 a 10 dias, apresentando, a partir daí, valores praticamente constantes até o final do período. Os dados da Tabela1 estão representados em gráfico de colunas na Figura 8. 68 S3 S6 S10 S17 S28 O3 O6 O10 O17 O28 0 20 40 60 80 100 D en si da de Ó pt ic a Figura 8 - Gráfico de colunas dos valores médios (±desvio padrão) referentes aos valores de densidade óptica dos grupos S e O, considerando os diferentes tempos de reparação óssea. Para avaliar a influência dos efeitos presença/ausência de ovários e tempo sobre a densidade óptica foi realizada uma análise por meio do teste ANOVA 2 fatores. Os resultados estão na Tabela 2. 69 Tabela 2 - Resultado da análise ANOVA para os dados de densidade óptica dos grupos S e O Fonte de variação gl SQ QM F p Presença/ausência ovários 1 543,00 543,004 5,45 0,0236* Tempo 4 3330,06 832,515 8,36 0,0000* Presença/ausência ovários x Tempo 4 630,89 157,723 1,58 0,1931 Resíduo 50 4978,79 99,576 Total 59 9482,75 *p<0,05 Verificou-se por meio da tabela 2, que o efeito interação tempo versus presença/ausência de ovários não foi estatisticamente significante. Verificou-se, ainda, que os efeitos principais presença/ausência de ovários e tempo foram estatisticamente significantes. A ausência de ovários resultou em menores valores de densidade óptica com diferença estatisticamente significativa entre os grupos S (média 63,09) e O (média 57,08). Quanto ao efeito tempo, por meio do teste de Tukey, pode-se observar que os valores de densidade óptica foram crescentes com o passar do tempo com diferença estatisticamente significante entre os períodos de 28 e 17 dias em relação aos períodos de 6 e 3 dias. O período de 10 dias apresentou valor estatisticamente diferente apenas do de 3 dias (Tabela 3). 70 Tabela 3 - Formação de grupos homogêneos por meio do teste de Tukey (5%). Valores médios de densidade óptica dos grupos S e O, considerando os diferentes tempos de reparação óssea. Tempo de reparo (dias) Média Grupos Homogêneos 28 68,667 A 17 65,958 A 10 63,208 AB 6 53,000 BC 3 49,625 C Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente 5.1.2 Análise de densidade óptica dos grupos A, O e CP Da mesma forma que no item anterior, os dados de densidade óptica foram obtidos após a realização das radiografias digitais das tíbias, levando em consideração a região dos defeitos ósseos. As variações de densidade óptica nos grupos A, O e CP estão expressas na Tabela 4, considerando as variáveis tempo de reparação óssea e tratamento. 71 Tabela 4 - Estatística descritiva dos valores médios (±desvio padrão) de densidade óptica dos grupos A, O e CP, considerando os diferentes tempos de reparação óssea Tempo de reparo (dias) n A Tratamentos (m±dp) O CP 3 6 40,58 ±2,48 50,00 ±9,39 44,42 ±6,33 6 6 52,42 ±9,36 47,50 ±10,03 59,67 ±8,94 10 6 69,58 ±7,03 63,83 ±11,84 60,50 ±7,86 17 6 69,92 ±8,03 63,08 ±10,21 72,83 ±5,89 28 6 90,33 ±17,94 61,00 ±5,78 61,92 ±6,45 n = tamanho da amostra A = ovariectomizado + alendronato O = ovariectomizado + placebo CP = ovariectomizado + Calcarea phosphorica Por meio da tabela 4 observa-se um aumento gradual e constante dos valores de densidade óptica para o grupo A nos intervalos de tempo de 3, 6 e 10 dias. Entre os tempos de 10 e 17 dias há pouca alteração e no intervalo de 17 a 28 dias um aumento mais significativo é observado. O grupo O apresenta um ligeiro decréscimo no intervalo de 3 a 6 dias, um aumento mais significante dos 6 aos 10 dias e a partir daí se mantém praticamente estável até o final do período de avaliação. O grupo CP mostra um aumento no período de 3 a 6 dias, que se mantém estável até os 10 dias, sofrendo um aumento mais significante