1 Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 1Submetido em 20/02/2007, Aceito para publicação em 03/10/2007. Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor apresentada a FCAV/UNESP/ Jaboticabal; 2Enga. Agra., Dra., Professora, Departamento de Produção Vegetal, UNICASTELO, CEP 15600-000, Fernandópolis/SP, gisele-agro@ uol.com.br; 3Eng. Agr., Dr., Professor Titular, Departamento de Produção Vegetal, FCAV/UNESP, CEP 14884-900, Jaboticabal/SP, nmc@fcav. unesp.br; 4Enga. Agra., Dra., Professora Assistente Doutora, Departamento de Economia Rural, FCAV/UNESP, mmzborba@fcav.unesp.br REDUÇÃO NA POPULAÇÃO DE PLANTAS SOBRE A PRODUTIVIDADE E A QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA1 GISELE HERBST VAZQUEZ2, NELSON MOREIRA DE CARVALHO3, MARIA MADALENA ZOCOLLER BORBA4 RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de reduções na população de plantas da semente de soja. Duas cultivares de soja (BRSMG 68 Vencedora e M-SOY 8001) foram cultivadas em áreas com e sem o controle de plantas daninhas. As populações estudadas foram: 400.000, 340.000, 280.000, 220.000 e 160.000 pl.ha-1, em um espaçamento entrelinhas de 0,43m. De maneira geral, a presença de plantas daninhas causa decréscimos na produtividade e no tamanho da semente produzida. Entretanto, variações na população -1. Termos para indexação: estande, vigor, controle cultural, plantas daninhas, Glycine max EFFECTS OF PLANT POPULATION REDUCTIONS ON YIELD AND SEED PHYSIOLOGICAL QUALITY OF SOYBEANS ABSTRACT – The effects of plant population reductions on soybean plant yield and seed physiological quality were studied. Two soybean cultivars [BRSMG 68 (a.k.a. ‘Vencedora’) and M-SOY 8001] were grown in areas with and without weed control. The population of 400,000 plants/ hectare was assumed as the referential population and the other treatments consisted of populations of 340,000, 280,000, 220,000, and 160,000 plants/hectare, that is, the referential population reduced presence of weeds reduced yield and seed size. Plant population reductions did not interfere in the seed physiological quality, seed size and weight of 100 seeds. Soybean was found to withstand great Index terms: stand, seed vigor, cultural control, weed control, Glycine max 2 G. H. VAZQUEZ et al. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 INTRODUÇÃO Hoje, a população padrão recomendada pela Embrapa (2005) para a cultura da soja é de 320.000 pl.ha-1, indicando Populações muito acima da recomendada, além de acarretar aumentos nos gastos com sementes e um possível acamamento das plantas não proporcionam acréscimos na produtividade. Já a adoção de populações abaixo da recomendada favorece o desenvolvimento de plantas daninhas e pode resultar em eleva as perdas no momento da colheita. Na soja, a obtenção de uma lavoura com população adequada depende de diversos fatores, como o bom preparo do solo, a semeadura na época indicada e com disponibilidade hídrica, a utilização correta de herbicidas, a regulagem da semeadora (densidade e profundidade) e a freqüentemente, ocorrem reduções na população de plantas em virtude de um desempenho germinativo inadequado de sementes submetidas a condições adversas e que, muitas vezes, não são devidamente aquilatadas pelos agricultores. A não percepção de reduções na população de plantas pelo agricultor ocorre em virtude de que essas variações pouco afetam a produtividade da soja, já que ela é capaz de se adaptar nos seus componentes da produtividade (Hicks et al., 1969; Rosolen et al., 1983; Nakagawa et al., 1988 e Denardi et al., 2003). Quanto ao efeito da população de plantas de soja sobre a qualidade das sementes produzidas, Maeda et al. (1983), (250.000, 333.000 e 500.000 pl.ha-1 menor população, as sementes apresentaram maior massa de 100 sementes, germinação e vigor. Resultados contrários, entretanto, foram observados por Crusciol et al. (2002), que quando as populações foram elevadas de 300.000 para 500.000 pl.ha-1. Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos de reduções na população de plantas sobre a cultivares de soja produzidas em áreas com e sem controle de plantas daninhas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Estadual Paulista/UNESP, em Jaboticabal/SP. A instalação ocorreu nos dias 19 e 20/11/2002 e a colheita em 26/03/2003. O típico de textura argilosa e, após análise, apresentou as seguintes características químicas: pH CaCl 2 = 5,2; M.O.= 25 g.dm-3; P resina = 43 mg.dm-3; K= 4,6 mmol c dm-3; Ca + Mg= 50 mmol c dm-3; CTC= 83,6 mmol c dm-3 efetuou a calagem e a adubação foi calculada segundo Raij et al. (1997) para uma produtividade esperada de 4,0 t.ha-1. Aplicou-se o equivalente a 40 kg.ha-1 de P 2 O 5 e 40 kg.ha-1 de K 2 O. período de 11/2002 a 04/2003 e sim, excedentes de 75, 252 e 31mm em 12/2002, 01/2003 e 02/2003, respectivamente. A temperatura média do período do experimento foi de 24,6oC O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial (5 x 2), compreendendo cinco populações de plantas (400.000, 340.000, 280.000, 220.000 e 160.000 pl.ha-1) e dois manejos de plantas daninhas (com e sem o controle) para as cvs. BRSMG 68 Vencedora e M-SOY 8001 e quatro repetições. Cada parcela foi composta de quatro linhas de 5m espaçadas de 0,43m e a área útil foi das extremidades. O preparo do solo foi o convencional e, antes da semeadura, as sementes foram tratadas com fungicida (Vitavax-Thiran 200 SC na dose de 250 mL do produto comercial por 100 kg de sementes) e, em seguida, inoculadas com spp. O solo foi sulcado e adubado mecanicamente e as sementes foram distribuídas manualmente a uma profundidade 0,05m e em quantidade 17,2 pl.m-1 (400.000 pl.ha-1). Nas parcelas conduzidas com controle de plantas daninhas foi efetuada a pulverização manual do herbicida Premerlin 600 CE (3,5 L.ha-1), logo após às plantas no estádio V 4 de acordo com Fehr e Caviness (1977), todas as parcelas foram desbastadas. Não se procurou eqüidistância entre as plantas, apenas mensurou-se o número inicial de plantas na linha, eliminando-se as que excediam o valor desejado. As populações de 400, 340, 280, 220 e 160.000 pl.ha-1 corresponderam a decréscimos no número de sementes germinadas em relação à população de 400.000 pl.ha-1 semeadura (V 5 ) , todas as parcelas com controle de plantas 3PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 L.ha-1), não havendo necessidade de novas aplicações. O controle de percevejos foi realizado com duas aplicações de Endosulfan 350 CE e duas de Keshet 25 CE, nas doses de 1,3 L.ha-1 e 0,3 L.ha-1, respectivamente. Não ocorreram sintomas de doenças. No momento da colheita, todas as plantas da parcela (PS) das plantas foi calculada mediante a relação entre Conjuntamente, e de maneira aleatória, foram separadas dez plantas por parcela para a determinação da produção por planta (PP), da massa de 100 sementes (M 100 ), ambas em g e corrigidas (germinação e vigor) da semente após a trilha manual. O teste de germinação (G) e a determinação da massa de 100 sementes foram realizados de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992) e os de envelhecimento acelerado (EA), condutividade elétrica (CE) e velocidade de germinação (IVG) segundo Krzyzanowski et al. (1999). As demais plantas foram enfeixadas e encaminhadas para trilha mecanizada. Em seguida, essas sementes foram submetidas a uma desfolha e peneiração e encaminhadas ao laboratório para a avaliação da produtividade (Pr) em kg.ha-1, corrigida plantas inicialmente separadas). Todas as sementes trilhadas mecanicamente de cada parcela foram submetidas a uma 15, 16 e 17), sendo em seguida determinada a porcentagem em peso das sementes retidas em cada uma das peneiras. As sementes trilhadas manualmente foram armazenadas sob condições controladas (10o cinco meses, efetuaram-se novas determinações da qualidade A análise estatística dos dados foi realizada separadamente para cada uma das cultivares utilizando- se o programa ESTAT 2.0 (1994). Os resultados do fator e por regressão polinomial e os do qualitativo (manejo), apenas por Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO O manejo de plantas daninhas interferiu sobre a Pr das duas cultivares analisadas, sendo estas superiores nas áreas com herbicidas (Tabela 1). Reduções na Pr da soja ocasionadas pela competição com plantas daninhas já eram esperadas. Neste experimento, o decréscimo atribuído a mato para a M-SOY, valores estes baixos, em comparação aos apresentados por Blanco et al. (1973), que podem chegar a baixo valor poderia ser explicado pelo fato de que o local utilizado vinha sendo há tempo cultivado e pulverizado com herbicidas, o que deve ter reduzido a pressão das infestantes, além das boas condições pluviométricas, que em muito favoreceram a produtividade. Em relação à PP, a cv. M-SOY cultivada em áreas sem controle de plantas daninhas cresceram em áreas com controle com herbicidas. O fator população interferiu em todos os parâmetros analisados (Tabela 1). quanto a PS das plantas em função da população da cv. Já na cv. M-SOY, a PS da população de 160.000 pl.ha-1 foi inferior estatisticamente à da de 220.000 pl.ha-1. A PS das M-SOY. estão de acordo com os relatados por Rosolem et al. (1983), Nakagawa et al. (1988) e Denardi et al. (2003), os quais mostraram que a soja suporta ampla variação no a produtividade, graças à grande capacidade de ajuste de seus componentes de produção. Segundo a Embrapa (2005), populações de 240.000 a 400.000 pl.ha-1 são aceitáveis em função da cultivar, regime de chuvas, data de semeadura e fertilidade do solo. Portanto, os resultados apresentados pela M-SOY estiveram dentro destes limites; já a Vencedora suportou decréscimos para valores de até 220.000 pl.ha-1. obtidos nas análises de regressão para a produtividade em função da população para as duas cultivares, estão apresentados na Figura 1 e indicam que se podem esperar reduções de 151 e de 136 kg.ha-1 para as cvs. Vencedora e pl.ha-1) na população de plantas. Nas diversas populações estudadas, a cv. Vencedora apresentou, em termos médios, uma produtividade 883 kg superior à da M-SOY. 4 G. H. VAZQUEZ et al. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 Fatores População -1) PS2 (%) PP -1) Pr -1) Manejo (M) 865,75 x 106* 46,50 ns 72,48** 4109059,9** População (P) 48503,6x106** 82,41* 365,45** 643310,81* M x P 445,3 x 106 ns 26,70 ns 20,41* 197311,9 ns Média geral 247.385 (89) 71,27 20,56 4.679,2 Com Herbicida - CH 252.037 A (90) 72,35 - 4.999,7 A Sem Controle - SC 242.732 B (87) 70,19 - 4.358,7 B DMS 8.772 3,53 Manejo 294,4 População CH SC 400.000 337.209 A (84) 66,78 15,1 Ca 15,4BCa 5.139,6 A 340.000 301.241 B (89) 70,45 15,9 Ca 14,6 Ca 4.589,1 AB 280.000 254.360 C (91) 74,64 19,0BCa 18,4BCa 4.747,6 AB 220.000 202.761 D (92) 74,12 24,2 Ba 19,9 Bb 4.478,7 AB 160.000 141.352 E (88) 70,34 35,3 Aa 27,8 Ab 4.441,2 B DMS 19.735 7,95 coluna 5,3 linha 3,8 662,3 5,46 7,64 12,59 9,69 Manejo (M) 5,52 x 106 ns 0,47 ns 43,71** 1816221,5** População (P) 56532,3x106** 113,88* 265,76** 544178,0** M x P 436,9 x 106 ns 43,47 ns 10,06 ns 100233,6 ns Média geral 251.227 (90) 72,31 16,6 3.796,0 Com Herbicida – CH 250.856 (90) 72,20 17,7 A 4.009,1 A Sem Controle - SC 251.599 (90) 72,41 15,6 B 3.582,9 B DMS 11.651 3,77 1,44 234,9 População 400.000 356.468 A (89) 71,57 AB 11,7 C 4.162,1 A 340.000 304,142 B (89) 71,88 AB 12,4 C 3.781,8 AB 280.000 246.366 C (88) 70,77 AB 16,1 B 3.920,2 AB 220.000 210.755 D (96) 78,67 A 16,7 B 3.490,4 B 160.000 138.404 E (86) 68,65 B 26,2 A 3.625,6 B DMS 26.212 8,47 3,24 528,4 7,14 8,02 13,35 9,53 1 5PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 a redução da população da cv. M-SOY (Tabela 1B), o que está de acordo com o relatado por Pereira (1989). Esses dados evidenciam a grande capacidade de compensação da soja, pois que, da população de 400.000 para a de 160.000 pl.ha-1 Houve interação dos fatores M e P quanto à PP da cv. Vencedora (Tabela 1A). Analisando as diferentes populações, no menor valor (160.000 pl.ha-1), tanto em áreas com controle como nas sem controle de plantas daninhas, os valores obtidos superaram estatisticamente aos demais. Apenas nas menores populações (160.000 e 220.000 pl.ha-1), o manejo de daninhas resultou em maior PP, quando comparadas às as plantas daninhas (controle cultural), pois não houve PP(Venc CH) = -0,000081x + 44,593 R2= 0,86 PP(Venc SC) = -0,00005x + 33,217 R2= 0,82 PP (M-SOY) = -0,0000551x + 32,068 R2= 0,82 Pr (Venc) = 0,002512x + 3976 R2= 0,71 Pr(M-SOY) = 0,002274x + 3159,3 R2= 0,61 (2) diferenças estatísticas entre as médias dos dois tratamentos de manejo (CH e SC). planta de soja, em áreas sem controle, sofreu uma redução às áreas com controle. resultantes das análises de regressão da PP em função da população das duas cultivares estão apresentados na Figura 1 e mostram que se poderiam esperar aumentos de 3,3 g.pl-1 da cv. M-SOY e de 3,0 e 4,9 g.pl-1 da cv. Vencedora em áreas sem e com o controle de plantas daninhas, respectivamente, -1) na população de plantas. O resumo da análise de variância e as médias dos valores de G, EA, CE, IVE avaliados após a colheita (1a época) e 5 meses após (2a época), além da massa de 100 sementes, encontram-se nas Tabelas 2 e 3. O manejo de plantas daninhas não interferiu na germinação das sementes das População (pl/ha) 6 G. H. VAZQUEZ et al. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 acelerado (EA) e da condutividade elétrica (CE) em duas épocas (la época – logo após a colheita e 2a época 1 Fatores (2)G (%) (2)EA (%) -1 -1) 1a época 2a época 1a época 2a época 1a época 2a época Manejo- M 19,06ns 15,74ns 0,21ns 1,37ns 9,11ns 170,69** População- P 80,44ns 38,01ns 18,73ns 28,10ns 0,88ns 29,93ns M x P 19,44ns 21,61ns 7,81ns 24,85ns 12,21ns 90,92** Média geral (97)82,2 (98)83,4 (93)74,8 (86)68,3 61,81 72,44 CH (97)81,5 (97)82,7 (93)74,7 (86)68,5 62,28 - SC (97)83,0 (98)84,0 (93)74,8 (86)68,1 61,33 - DMS 3,9 3,59 2,03 2,25 2,0 Manejo População CH SC 400.000 (95)77,9 (99)85,8 (91)72,6 (84)66,5 61,7 71,16 Aa 70,49 ABa 340.000 (99)85,9 (97)82,2 (94)75,9 (90)71,4 62,17 73,03 Aa 74,29 Ba 280.000 (97)82,1 (99)85,3 (92)74,0 (85)67,1 62,14 75,74ABb 73,59 Ba 220.000 (96)80,7 (97)80,6 (93)75,1 (86)68,1 61,56 80,88 Ba 65,08 Aa 160.000 (98)84,5 (98)83,0 (94)76,3 (86)68,3 61,46 71,71 Aa 68,42 ABa DMS 8,7 8,1 4,6 5,1 4,5 coluna 7,44 linha 5,23 7,29 6,63 4,18 5,08 4,98 4,97 Manejo- M 17,61ns 2,21ns 14,30ns 383,93** 11,60ns 128,63** População- P 9,47ns 10,69ns 7,96ns 32,68ns 17,42ns 17,29ns M x P 36,37ns 36,30ns 9,25ns 42,97ns 8,15ns 5,59 ns Média geral (96)80,2 (98)82,6 (95)77,5 (93)76,0 67,91 77,56 CH (97)80,9 (98)82,3 (95)78,1 (91) 72,9B 68,44 79,36 B SC (96)79,6 (98)82,8 (94)76,9 (95)79,1A 67,37 75,77 A DMS 3,7 3,4 2,1 3,1 1,87 2,97 População 400.000 (96)80,6 (97)80,8 (94)76,8 (93) 76,2 67,66 76,51 340.000 (96)79,4 (98)83,8 (95)77,6 (94) 78,2 66,1 79,84 280.000 (96)79,7 (97)82,3 (94)76,5 (95) 77,1 67,17 76,1 220.000 (98)82,0 (98)82,6 (95)77,4 (93) 75,5 69,99 78 160.000 (95)79,4 (98)83,4 (96)79,1 (90) 72,8 68,61 77,37 DMS 8,4 7,7 4,7 6,9 4,2 6,69 7,16 6,36 4,19 6,21 4,24 5,91 (1) de probabilidade. (2) duas cultivares, que apresentaram elevado valor mesmo após 5 meses de armazenamento (Tabela 2). Quanto ao vigor avaliado através dos testes de EA e de CE, ambos após o armazenamento (2a época), as sementes da cv. M-SOY (Tabela 2B) provenientes das áreas sem controle exibiram desempenho estatisticamente superior ao das de áreas com controle. As sementes da Vencedora não mostraram diferenças. 7PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 A variação da população não provocou alterações na porcentagem de G e de EA das duas cultivares (Tabela 2). vigor de sementes de soja. Os resultados da interação dos fatores M e P sobre os dados de CE (2a época – Tabela 2A), IVE (1a e 2a épocas –Tabela 3A) da cv. Vencedora e de IVE (1a época – Tabela 3B) da cv. M-SOY não obstante terem se mostrado lógica de resultados. Fatores IVE M 100 (g)1a época 2a época Manejo (M) 0,91 ns 0,08 ns 0,04 ns População (P) 3,95** 0,37 ns 0,49 ** M x P 2,02** 0,99* 0,77** Média geral 13,38 12,03 13,71 Com Herbicida - CH - - - Sem Controle - SC - - - DMS Manejo Manejo Manejo População CH SC CH SC CH SC 400.000 14,60 Aa 12,82 BCb 12,11Aa 12,38ABa 13,76ABb 14,12 Aa 340.000 12,97 Bb 12,66 BCa 12,17 Aa 11,53 Ba 13,82ABa 13,89 ABa 280.000 12,75 Ba 12,20 Ca 12,11 Aa 12,35ABa 13,42 Cb 13,74 Ba 220.000 13,71ABa 13,89 ABa 12,03 Aa 11,51 Ba 13,55 BCa 13,72 Ba 160.000 13,65ABa 14,60 Aa 11,49 Ab 12,58 Aa 13,91 Aa 13,20 Cb DMS coluna 1,42 linha 1,00 coluna 1,03 linha0,72 coluna 0,34 linha 0,24 5,15 4,14 1,77 Manejo (M) 2,62* 0,64 ns 0,07 ns População (P) 1,87** 0,52 ns 0,59 ** M x P 2,73** 1,27 ns 0,65 ** Média geral 14,28 12,81 12,13 Com Herbicida - CH - 12,68 - Sem Controle - SC - 12,94 - DMS Manejo 0,49 Manejo População CH SC CH SC 400.000 14,61 Aa 14,47 Aa 13,17 12,40 Aa 12,43 Aa 340.000 12,60 Bb 14,78 Aa 12,76 11,81 Bb 12,21 Aba 280.000 13,17 Bb 14,47 Aa 12,45 11,76 Bb 12,29 Aa 220.000 14,87 Aa 14,41 Aa 12,84 12,09ABa 11,83 Bb 160.000 14,85 Aa 14,54 Aa 12,84 12,42 Aa 12,03 ABb DMS coluna 1,35 linha 0,95 1,11 coluna 0,44 linha 0,32 4,60 5,92 2,61 TABELA massa de 100 sementes (M 100 1 8 G. H. VAZQUEZ et al. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 Já na Figura 3 estão apresentadas as equações de população para as cvs. Vencedora (1a e 2a épocas) e M-SOY (1a época) em áreas manejadas com e sem controle de plantas daninhas. Em termos gerais, nota-se uma diminuição do IVE nas populações intermediárias (340.000, 280.000 e 220.000 pl.ha-1 a menor população. A análise global dos resultados indica uma elevada havendo uma aparente pequena superioridade da cv. M-SOY quanto ao vigor (testes de EA e CE na Tabela 2 e IVE na Tabela 3). Os valores da CE obtidos (de 61 a 81 µS.cm- 1.g-1) são considerados de alto vigor (Vieira, 1994), embora Krzyzanowski, 1999). (2a a e 2a a época) em áreas CE (Venc CH – 2aépoca) = 5,846.10-15 x3 – 5,3002.10-9 x2 + 0,00151 x – 57,358 R2=0,92 CE (Venc SC – 2aépoca) = -6,313.10-15 x3 + 5,129.10-9 x2 – 0,0013 x + 168,763 R2= 0,87 CH – com aplicação de herbicidas e SC – sem controle de plantas daninhas de probabilidade. * e ** IVE (Venc CH – 1a época) = 9,336.10-16 x3 – 6,983.10-10 x2 + 0,000162 x + 1,8125 R2= 0,97 IVE (Venc SC – 1a época) = 7,733.10-11 x2 – 5,125.10-5 x + 20,965 R2= 0,87 IVE (Venc SC – 2a época) = 4,335.10-11 x2 – 2,4927.10-5 x + 15,342 R2= 0,34 IVE (M-SOY CH – 1a época) = 1,659.10-15 x3 – 1,292.10-9 x2 + 0,000308 x – 8,1788 R2= 0,99 CH – com aplicação de herbicidas e SC – sem controle de plantas daninhas Na Figura 2 estão apresentadas as equações de regressão população da cv. Vencedora após o armazenamento (2a época). Com a variação da população, observou-se uma com herbicidas e os das sem controle de daninhas. C E ( m S/ cm /g ) De modo geral, as condições climáticas favoreceram a obtenção de sementes de soja de boa qualidade. Durante a a disponibilidade de chuvas do período, proporcionaram um excedente hídrico adequado ao crescimento e desenvolvimento intensas precipitações proporcionou novamente “superávit”, o que garantiu uma adequada granação das vagens de soja. a área apresentou um reduzido excedente hídrico (30mm) e próximo à maturação de colheita – R 8 (março), este se igualou a zero, o que resultou em uma rápida desidratação perdas de água pela semente, que poderiam levar a danos, muito embora a temperatura média desse período (24,7 ºC) excedesse a ideal de 22 ºC recomendada por Costa et al. (1994). 100 . Moore (1991) observou que a massa das sementes aumentava com a diminuição da população, já Tourino et al., (2002) 9PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 encontraram decréscimos e em contrapartida, Crusciol et al., variações. Os resultados dos fatores M e P sobre a M 100 estão apresentados na Tabela 3 e na Figura 4. De maneira geral, alterações na população de plantas não interferiram na massa de sementes. Na menor população (160.000 pl.ha-1), em ambas as cultivares, áreas com herbicidas produziram sementes mais pesadas. Esse desempenho indica que, provavelmente, a baixa população de plantas de soja presente não foi capaz de inibir o crescimento das plantas daninhas (controle cultural), o que fez com que houvesse uma maior competição pelos fatores de crescimento, diminuindo a massa das sementes nas áreas não controladas. Em todas as situações estudadas a cv. Vencedora superou a M-SOY quanto a M 100 , o que pode ser explicado pela análise das características genéticas de cada cultivar, onde a Vencedora apresenta uma M 100 sementes média de 14,27g e a M-SOY de 11,55g. O resumo da análise de variância e as médias das porcentagens de retenção nas peneiras 12, 14, 15, 16, 17 e “fundo”, encontra-se na Tabela 4. O fator manejo interferiu na porcentagem de retenção de todas as peneiras das duas cultivares, com exceção da peneira 16 da cv. Vencedora e das peneiras 16 e 17 da cv. M-SOY. O “fundo” também não mostrou diferenças determinadas por este fator nas duas cultivares. O fator população interferiu apenas nas peneiras 15 e 17 da cv. Vencedora. A interação dos fatores M e P foi 1 Fatores % de Retenção Fundo Manejo - M 0,84* 40,60* 343,98* 400,69* 33,67* 0,001ns População -P 0,16 ns 11,52ns 190,43* 178,39ns 22,97** 0,02 ns M x P 0,61** 13,77ns 67,68ns 128,39ns 8,64ns 0,01 ns Média geral 1,4 9,6 32,0 50,0 6,5 0,5 CH - 8,6 B 29,1 B 53,1 7,4 A 0,45 SC - 10,7 A 34,9 A 46,8 5,5 B 0,46 DMS Manejo 1,6 5,2 6,4 1,5 0,07 População CH SC 400.000 1,1 Aa 1,2 Ba 7,5 23,5 B 57,9 9,4 A 0,5 340.000 1,6 Aa 1,3 ABa 10,5 34,1 AB 47,7 5,7 B 0,5 280.000 1,4 Aa 1,4 ABa 10,2 34,2 AB 48,3 5,3 B 0,5 220.000 1,1 Ab 1,8 ABa 9,8 32,6 AB 50,2 5,4 B 0,5 160.000 1,0 Ab 2,1 Aa 10,1 35,6 A 45,7 6,5 AB 0,4 DMS coluna 0,8 linha 0,5 3,7 11,6 14,4 3,3 0,2 26,50 26,2 24,88 19,70 34,96 24,32 Manejo- M 110,22** 391,88** 783,22** 14,64 ns 0,96 ns 0,29 ns População- P 12,13 ns 13,53 ns 73,07ns 20,64 ns 0,41 ns 0,10 ns M x P 22,82 ns 25,16 ns 69,67 ns 28,25 ns 0,26 ns 0,08 ns Média geral 11,8 28,6 47,7 9,8 1,2 0,9 CH 10,1 B 25,5 B 52,1 A 10,4 1,0 0,9 SC 13,5 A 31,7 A 43,2 B 9,2 1,3 1,0 DMS 2,6 4,3 5,4 3,0 0,6 0,2 População 400.000 11,0 27,7 48,5 10,6 1,2 1,0 340.000 12,8 28,9 48,3 7,8 1,1 0,9 280.000 10,2 26,8 51,0 9,9 1,2 0,8 220.000 11,8 30,0 47,7 8,8 0,8 0,8 160.000 13,1 29,5 42,8 12,0 1,5 1,1 DMS 5,9 9,7 12,1 6,9 1,3 0,5 34,40 23,13 17,38 47,99 77,53 39,96 (1) probabilidade. * e ** controle de plantas daninhas 10 G. H. VAZQUEZ et al. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 100 ) REFERÊNCIAS BLANCO, H.G.; OLIVEIRA, D.A.; ARAUJO, J.B.M.; GRAS, N. Observações sobre o período crítico em que as plantas daninhas competem com a soja (Glycine max (L.) Merr.). O Biológico, São Paulo, v. 39, n.2, p.21-35, 1973. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Brasília, DF: SNDA/ DNDV/CLAV, 1992. 365p. BRAZ, B.A. daninhas na cultura de soja [Glycine max 1996. 143f. Tese (Doutorado), Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. COSTA, N.P.; PEREIRA, L.A.G.; FRANÇA-NETO, J.B.; HENNING, A.A.; KRZYZANOWSKI, F.C. Zoneamento Ecológico do Estado do Paraná para produção de sementes de cultivares precoces de soja. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, DF, v.16, n.1, p.12-19, 1994. CRUSCIOL, C.A.C.; LAZARINI, E.; BUZO, C.L.; SÁ, soja avaliadas na semeadura de inverno. Scientia Agricola, Piracicaba, v.59, n.1, p.75-96, 2002. 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Variações na população de plantas de soja massa das sementes produzidas. 11PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE SOJA Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.01-011, 2008 518, 1983. MOORE, S.H. Uniformity of planting spacing effect on soybean population parameters. Crop Science, Madison, v.31, n.4, p.1049-1051, 1991. NAKAGAWA, J.; MACHADO, J.R.; ROSOLEM, C.A. Efeito da densidade de plantas no comportamento de cultivares de soja, em duas épocas de semeadura. Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.23, n.9, p.1003- 1014, 1988. OLIVEIRA, B.J. 2000, 77f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. PELUZIO, J.M.; BARROS, H.B.; SANTOS, M.M.; REIS, M.S.R. Comportamento de duas cultivares de soja em diferentes populações de plantas, sob condições de várzea irrigada, no sul do Estado do Tocantins. Revista Agricultura Tropical, Cuiabá, v.6, n.1, p.69-80, 2002. cultivadas. O Agronômico, Campinas, v.41, n.1, p.5-11, 1989. 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