� � UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro LÉLIA CRISTINA DA ROCHA SOARES ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA PLUMA DE BENZENO EM FASE DISSOLVIDA NA ÁGUA SUBTERRÂNEA SOB A INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE REMEDIAÇÃO INTEGRADO: INJEÇÃO DE AR E EXTRAÇÃO DE VAPORES DO SOLO, NO MUNICÍPIO DE CUBATÃO-SP Orientador: Prof. Dr. Chang Hung Kiang Rio Claro - SP 2012 � � UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro LÉLIA CRISTINA DA ROCHA SOARES ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA PLUMA DE BENZENO EM FASE DISSOLVIDA NA ÁGUA SUBTERRÂNEA SOB A INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE REMEDIAÇÃO INTEGRADO: INJEÇÃO DE AR E EXTRAÇÃO DE VAPORES DO SOLO, NO MUNICÍPIO DE CUBATÃO-SP Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas do Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Geociências e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Chang Hung Kiang Rio Claro - SP 2012 Soares, Lélia Cristina da Rocha Estudo do comportamento da pluma de benzeno em fase dissolvida na água subterrânea sob a influência do sistema de remediação integrado : injeção de ar e extração de vapores do solo, no município de Cubatão - SP / Lélia Cristina da Rocha Soares. - Rio Claro : [s.n.], 2012 148 f. : il., figs., gráfs., tabs., fots. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Chang Hung Kiang 1. Águas subterrâneas. 2. Contaminação. 3. Benzeno. 4. Remediação. 5. AS/SVE. I. Título. 551.49 S676e Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP ��� � � � COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Chang Hung Kiang Orientador UNESP – Rio Claro/SP Dra. Sílvia Maria Ferreira FUNDUNESP – Rio Claro/SP Dr. Fernando Krahenbul Petrobras – São Paulo/SP Rio Claro, 18 de maio de 2012. RESULTADO: APROVADO �� � � � Dedicatória Dedico às pessoas importantes em minha vida que tornaram esta dissertação possível: Pai Sebastião Soares Mãe Aparecida da Glória Pereira Soares Jone Geraldo Ferreira ��� � � � AGRADECIMENTOS Agradeço à Fundação para o Desenvolvimento da UNESP (FUNDUNESP), a qual disponibilizou seus recursos, pelos convênios realizados, o Laboratório de Estudos de Bacias (LEBAC) e o Laboratório de Remediação de Áreas Impactadas por Hidrocarbonetos (RAIH). Ao Prof. Dr. Chang Hung Kiang, pela oportunidade oferecida e orientação. À Profª Dra Maria Rita Caetano-Chang pela revisão e orientação em parte deste caminho. Ao Márcio Alberto Costa pelo incentivo, oportunidade, amizade, revisão e orientação. Ao Elias Teramoto pelas brigas e discussões que resultaram em valiosas contribuições, amizade e incentivo. À Sílvia Ferreira pela amizade, compreensão e sugestões durante o desenvolvimento da dissertação. Ao Marco Pede pela amizade e sugestões durante o desenvolvimento da dissertação. Com carinho aos desenhistas e estagiários Rachila, Celine e Vinicius pela grande dedicação dada a mim durante a execução desta dissertação. Aos amigos do RAIH: Davi Romualdo, Eduardo Patrício, Elias Isler e Patrícia Totti, pelo companheirismo e colaborações na dissertação. Ao Miguel Alfaro pelas sugestões dadas durante a qualificação. À Eliana que conseguiu reaver os resultados de análises granulométricas, que foram muito valiosas para as discussões desta dissertação. A todos do LEBAC/RAIH não citados, mas que de alguma forma fizeram parte em momentos diversos como em ouvir sobre as minhas aflições. ���� � � � Ao Sidney Lopes pelas discussões, amizade e auxílio com algumas informações. À Wanessa Peixoto pela sua amizade e por dispor do seu tempo para procurar informações importantes para esta dissertação. Aos amigos do Instituto Juventude Interativa e Núcleo de Consciência Negra que não participaram deste momento, mas são pessoas que sempre estarão presentes, pois me deram e me dão base para continuar com os meus objetivos, que são: Fernanda Lopes, Rosângela Malachias, Leandro Santos, Kátia Silva e Dona Zumira. À minha irmã Layza Soares e a toda a minha família que de algum modo me ajudou. ����� � � � SUMÁRIO RESUMO ........................................................................................................................................ i� ABSTRACT .................................................................................................................................... ii� ÍNDICE .......................................................................................................................................... iii� ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................... vi� ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................... x� 1.� INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1� 2.� OBJETIVOS .......................................................................................................................... 5� 3.� MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 6� 4.� TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO SVE E AS............................................................................ 7� 5.� CONCEITOS BÁSICOS SOBRE OS PROCESSOS QUE ENVOLVEM A REMEDIAÇÃO POR SVE/AS ............................................................................................................................... 20� 6.� CARACTERÍSTICAS DO BENZENO .................................................................................. 30� 7.� CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................................... 33� 8.� IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO SVE/AS ......................................... 68� 9.� MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS DO SISTEMA SVE/AS ....... 87� 10.� CARACTERÍSTICAS FÍSICO–QUÍMICAS DA ÁGUA SUBTERRÂNEA ....................... 95� 11.� EVOLUÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE BENZENO NO SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA........................................................................................................................ 101� 12.� CONCLUSÕES ............................................................................................................ 118� 13.� REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 123� �� � � � RESUMO Estudo do Comportamento da Pluma de Benzeno em Fase Dissolvida na Água Subterrânea Sob a Influência do Sistema de Remediação Integrado: Injeção de Ar e Extração de Vapores do Solo, no Município de Cubatão-SP Dentre as diversas tecnologias para remediação na água subterrânea contaminada por hidrocarbonetos, a Injeção de Ar ou Air Sparging (AS) e a Extração de Vapores do Solo ou Soil Vapor Extraction (SVE) vêm se destacando no Brasil, principalmente no estado de São Paulo, por serem alternativas consideradas econômicas e com eficiência satisfatória para remediação de compostos orgânicos voláteis ou biodegradáveis presentes na zona saturada e não saturada, a depender das condições físicas e químicas do meio. Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo avaliar o comportamento da pluma de fase dissolvida de benzeno cuja remediação foi realizada pelas técnicas de remediação AS/SVE em área no município de Cubatão-SP. Com os resultados pode-se averiguar que a pluma de benzeno diminuiu consideravelmente com a atuação integrada dessas técnicas, porém, após a finalização da operação do sistema de remediação, as concentrações desse contaminante voltaram a aumentar. Isso pode estar relacionado a uma possível presença de fase residual na zona saturada, que faz com que ocorra uma contínua dissolução do composto na água subterrânea. Palavras - chave: contaminação, benzeno, remediação, água subterrânea e AS/SVE. ��� � � � ABSTRACT Study of the Behavior of the Benzene Plume in Dissolved Phase in the Groundwater Under the Influence of Integrated Remediation System: Air Injection and Soil Vapor Extraction, in Cubatão-SP Among the various treatment technologies to remediate groundwater contamined by hidrocarbons, the Air Sparging (AS) and Soil Vapor Extraction (SVE) techniques have been emerging in Brazil, mainly in São Paulo state, for being considered economical alternatives and of satisfactory efficiency for the remediation of volatile organic and biodegradable compounds present in the saturated zone, depending on the physical and chemical conditions of the medium. Therefore, this research has as main objective to evaluate the behavior of the dissolved benzene plume, which one the remediation has been processed by the AS and SVE techniques in the study area in Cubatão-SP. With the results it was possible to state that the benzene plume had diminished considerably with the integrated use of both techniques, although, after the system’s operation had ended, the concentrations of this contaminant turned to raise. That could be related to a possible presence of residual phase in the saturated zone, which causes a continuous dissolution of the compound in the groundwater. Key-words: Contamination, benzene, remediation, groundwater and AS/SVE. ���� � � � ÍNDICE 1.� INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1� 2.� OBJETIVOS ................................................................................................. 5� 3.� MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 6� 4.� TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO SVE E AS .................................................. 7� 4.1.� Técnica de Extração de Vapores em Solo ............................................ 7� 4.1.1.� Características do fluxo de ar induzido ......................................... 10� 4.2.� Técnica de Air Sparging ...................................................................... 14� 5.� CONCEITOS BÁSICOS SOBRE OS PROCESSOS QUE ENVOLVEM A REMEDIAÇÃO POR SVE/AS ........................................................................... 20� 5.1.� Transferência de massa do contaminante da fase líquida para gasosa 21� 5.1.1.� Pressão de vapor .......................................................................... 21� 5.1.2.� Solubilidade .................................................................................. 22� 5.1.3.� Constante de Henry ...................................................................... 22� 5.1.4.� Coeficiente de adsorção ............................................................... 23� 5.2.� Propriedades físicas do meio que influenciam na eficiência e eficácia da SVE/AS .................................................................................................... 25� 5.2.1.� Características da zona não saturada .......................................... 25� 5.2.2.� Características da zona saturada ................................................. 26� 5.2.3.� Fatores climáticos e características do vazamento ...................... 28� 6.� CARACTERÍSTICAS DO BENZENO......................................................... 30� 7.� CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................... 33� 7.1.� Histórico da área ................................................................................. 33� 7.2.� Características regionais ..................................................................... 37� 7.2.1.� Hidrogeologia Regional ................................................................ 37� ��� � � � 7.2.1.1.� Rede Hidrográfica .................................................................. 37� 7.3.� Geologia Regional ............................................................................... 37� 7.3.1.� Unidades Geológicas .................................................................... 37� 7.4.� Hidrogeologia Regional ....................................................................... 44� 7.4.1.� Unidades/Sistemas Hidrogeológicos ............................................ 44� 7.4.1.1.� Sistema Aquífero Cristalino .................................................... 44� 7.4.1.2.� Sistema Aquífero Sedimentar Litorâneo ................................ 45� 7.5.� Caracterização geológica e hidrogeológica da área de estudo ........... 46� 7.5.1.� Unidade I - Aterro ......................................................................... 46� 7.5.1.1.� Índices físicos do solo na zona não saturada - Unidade I ...... 47� 7.5.2.� Unidade II – Areias ....................................................................... 53� 7.5.3.� Unidade III – Silte argiloso a argila siltosa .................................... 57� 7.5.4.� Condutividade hidráulica .............................................................. 59� 7.5.5.� Potenciometria e pluviometria....................................................... 61� 8.� IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO AS/EVS ................ 68� 8.1.� Instalação dos poços de extração e injeção ........................................ 69� 8.2.� Equipamento e instrumentos utilizados na remediação pelas técnicas AS/EVS ......................................................................................................... 70� 8.2.1.� Equipamentos referentes a parte instrumental do sistema de remediação AS/SVE .................................................................................. 70� 8.2.1.1.� Filtros de carvão ..................................................................... 72� 8.2.2.� Equipamentos para o monitoramento e acompanhamento da eficácia do AS/SVE .................................................................................... 73� 8.3.� Informações básicas sobre os ensaios-pilotos .................................... 73� 8.3.1.� Extração de vapores de solo – SVE ............................................. 73� 8.3.2.� Injeção de ar ................................................................................. 79� �� � � � 9.� MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS FÍSICOS DO SISTEMA AS/SVE 87� 10.� CARACTERÍSTICAS FÍSICO–QUÍMICAS DA ÁGUA SUBTERRÂNEA 95� 11.� EVOLUÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE BENZENO NO SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA ................................................................................. 101� 11.1.� Solo ................................................................................................ 101� 11.2.� Água subterrânea .......................................................................... 104� 11.2.1.� Relação da oscilação do nível d’água com as concentrações de benzeno na água subterrânea. ................................................................ 114� 12.� CONCLUSÕES ................................................................................... 118� 13.� REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 123� ��� � � � ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Técnicas de remediação implementadas no estado de São Paulo (adaptado de CETESB, 2011). ........................................................................... 3� Figura 3. Esquema típico dos componentes de um sistema de extração de vapor (adaptado de SUTHERSAN, 1999). ......................................................... 8� Figura 5. Mecanismos de transporte de vapores no solo/sedimentos pela técnica SVE (modificado de US ARMY, 1995) ................................................. 10� Figura 6. Típicos poços de extração de vapores de solo: (A) vertical (B) horizontal (adaptado de USEPA, 2004). .......................................................... 11� Figura 7. Esquema típico de fluxo de ar e distribuição de vácuo durante a operação do SVE (SUTHERSAN, 1999). ......................................................... 13� Figura 8. Esquema de um sistema Air Sparging com associação de SVE. (adaptado de USEPA, 2004) ............................................................................ 15� Figura 9. Padrões de fluxo de ar ocasionados pela injeção de ar. .................. 17� Figura 10. Coeficiente de adsorção de contaminantes em função do teor de umidade no solo (US ARMY, 1995). ................................................................ 25� Figura 11. Influência da heterogeneidade litológica na abrangência de aplicação da técnica de injeção de ar (adaptado de SUTHERSAN, 1999). ..... 27� Figura 12. Fatores que influenciam o movimento de gases em subsuperfície. (adaptado de HIRATA, 1990). .......................................................................... 29� Figura 13. Estrutura molecular do benzeno ..................................................... 30� Figura 14. Cronologia das ações tomadas na área. ........................................ 34� Figura 15. Localização das instalações na área de estudo. ............................ 36� Figura 16. Localização das instalações na área de estudo. ............................ 38� Figura 17. Mapa geológico regional (CPRM, 2001). ........................................ 39� Figura 18. Seção hidrogeológica A-B. ............................................................. 48� ���� � � � Figura 19. Seção hidrogeológica C-D. ............................................................. 49� Figura 20. Curvas granulométricas representativas da unidade I - Aterro. ...... 50� Figura 21. Mapa de localização das amostras indeformadas. ......................... 52� Figura 22. Detalhe da areia fina a média da Unidade II. ................................. 54� Figura 23. Curvas granulométricas representativas da Unidade II. ................ 55� Figura 24. Detalhe da argila Unidade III. ......................................................... 57� Figura 25. Curvas granulométricas representativas da Unidade III. ................ 58� Figura 26. Mapas potenciométricos (agosto/2009 e dezembro/2009). ............ 63� Figura 28. Perfis esquemáticos dos poços de extração (PEV) e injeção (PAS). ......................................................................................................................... 71� Figura 29. Disposição dos poços de monitoramento convertidos a poços de observação próximos ao PEV-01. .................................................................... 75� Figura 30. Disposição dos poços de monitoramento convertidos a poços de observação próximos ao PEV-03. .................................................................... 76� Figura 31. Pressão de vácuo nos poços de monitoramento (outubro/2008, janeiro/2009 e abril/2009). ................................................................................ 89� Figura 32. Pressão de vácuo nos poços de monitoramento (agosto/2009 e dezembro/2009). .............................................................................................. 90� Figura 33. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-28. ............................................................................ 91� Figura 34. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-27. ............................................................................ 91� Figura 35. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-03A. .......................................................................... 91� Figura 36. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PZ-01A. .......................................................................... 92� Figura 37. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-23. ............................................................................ 92� ����� � � � Figura 38. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-24. ............................................................................ 92� Figura 39. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PZ-02A. .......................................................................... 93� Figura 40. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PM-26. ............................................................................ 93� Figura 41. Gráfico de evolução da concentração de benzeno na água subterrânea do poço PZ-07A. .......................................................................... 93� Figura 42. Variação da média dos valores do parâmetro OD. ......................... 98� Figura 43. Variação da média dos valores do parâmetro pH........................... 98� Figura 44. Variação da média dos valores do parâmetro CE. ......................... 99� Figura 45. Variação da média dos valores do parâmetro Temperatura. .......... 99� Figura 46. Variação da média dos valores do parâmetro Eh. ........................ 100� Figura 47. Ocorrências de benzeno no solo em 2006 e 2010. ...................... 103� Figura 48. Evolução da pluma de benzeno em planta (maio/2006, outubro/2008, janeiro/2009 e abril/2009). ....................................................... 106� Figura 49. Evolução da pluma de benzeno em planta (agosto/2009, dezembro/2009, maio/2010 e dezembro/2010). ............................................. 107� Figura 50. Evolução da pluma de benzeno representada em seções (maio/2006 e outubro/2008). .......................................................................... 108� Figura 51. Evolução da pluma de benzeno representada em seções (janeiro/2009 e abril/2009).............................................................................. 109� Figura 52. Evolução da pluma de benzeno representada em seções (agosto/2009 e dezembro/2009). ................................................................... 110� Figura 53. Evolução da pluma de benzeno representada em seções (maio/2010 e dezembro/2010). ...................................................................... 111� Figura 54. Amostra de solo com iridescência – sondagem ao lado poço PZ- 02A. ................................................................................................................ 113� ��� � � � Figura 54. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no poço PM-03. .................................................................................. 114� Figura 55. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no poço PM-26. .................................................................................. 115� Figura 56. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no poço PZ-7A. ................................................................................... 115� Figura 57. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no poço PZ-2A. ................................................................................... 116� Figura 58. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no piezômetro PZ-7B. ......................................................................... 116� Figura 59. Gráfico de evolução das concentrações de benzeno versus nível d’água no poço PZ-3B. ............................................................................ 117� �� � � � ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Equações para estimar Koc a partir de Kow. ...................................... 24� Tabela 2. Características físico-químicas do composto Benzeno. ................... 32� Tabela 3. Tipos litológicos presentes na Serra de Cubatão (IPT, 2002). ......... 40� Tabela 4. Valores de granulometria da unidade I – Aterro ............................... 51� Tabela 5. Parâmetros físicos do solo ............................................................... 51� Tabela 6. Granulometria .................................................................................. 51� Tabela 7. Valores de granulometria da Unidade II. .......................................... 56� Tabela 8. Valores de granulometria da Unidade III. ......................................... 59� Tabela 9. Resultados dos ensaios slug tests realizados nos poços de monitoramento. ................................................................................................ 60� Tabela 10. Resultados dos monitoramentos de nível d’água e de cálculo da carga hidráulica. ............................................................................................... 62� Tabela 11. Precipitação total mensal (mm) na região de Cubatão-SP. ........... 66� Tabela 12. Medição de nível d’água (m) nos poços de monitoramento. .......... 67� Tabela 13. Características construtivas dos poços de extração (PEV) e injeção (PAS). ............................................................................................................... 70� Tabela 14. Poços de monitoramento convertidos a poços de observação próximos ao PEV-01. ....................................................................................... 75� Tabela 15. Poços de monitoramento convertidos a poços de observação próximos ao PEV-03. ....................................................................................... 76� Tabela 16. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de extração PEV-01. 77� Tabela 17. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de extração PEV-03. 78� Tabela 18. Cronograma de execução do ensaio-piloto do AS. ........................ 80� Tabela 19. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de injeção PAS-02 (pressão de injeção 4,5 psi e frequência 30Hz). ....................................... 82� ��� � � � Tabela 20. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de injeção PAS-02 (pressão de injeção 6,0 psi e frequência 30Hz). .............................................. 83� Tabela 21. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de injeção PAS-02 (pressão de injeção 8,0 psi e frequência 30Hz). ........................................ 84� Tabela 22. Resultados do ensaio piloto a partir do poço de injeção PAS-02 com ativação de poços de extração (PEV-03, PEV-04, PEV-05, PEV-06 e PEV-07). ......................................................................................................................... 85� Tabela 23. Resultados do ensaio piloto a partir dos poços de injeção PAS-01 e PAS-02 com ativação de todos os poços de extração. .................................... 86� Tabela 24. Somatória mensal das medições de benzeno na entrada do tanque de vácuo. .......................................................................................................... 94� Tabela 25. Medições de parâmetros fisco - quimicos in situ na água subterrânea. ..................................................................................................... 97� Tabela 26. Concentrações de benzeno (µg/L) na água subterrânea. ............ 112� �� � � � 1. INTRODUÇÃO A contaminação de solos/sedimentos e águas subterrâneas está relacionada à presença de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde humana, que por sua vez foram dispostas em locais inapropriados devido ao desconhecimento, em épocas passadas, de procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas, ao desrespeito a esses procedimentos e à ocorrência de acidentes ou vazamentos durante o desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou ainda de armazenamento de matérias primas e produtos. Compostos orgânicos como os hidrocarbonetos de petróleo e os solventes clorados têm despontado como grandes problemas ambientais, devido à toxicidade associada a inúmeros destes compostos. Esses produtos químicos são utilizados na produção de automóveis, transformadores, no tratamento de madeira, em indústrias metalúrgicas, exploração de minas, na agricultura, na indústria petroquímica e farmacêutica, dentre outros. A contaminação de solos/sedimentos e água subterrânea por petróleo e seus derivados tem sido um dos principais problemas ambientais das últimas décadas, tendo em vista a complexidade desses compostos e a dificuldade de remediação dos mesmos. �� � � � As informações básicas que determinam a seleção do processo de remediação são o tipo de contaminante e o meio impactado (características litológicas e hidrogeológicas). As técnicas de remediação se diferenciam basicamente em: medidas de segurança (remanejamento, barreiras, imobilização) e ações de recuperação ou remediação (ações que removem e/ou tratam as substâncias nocivas). Dentre as diversas tecnologias para remediação da água subterrânea por hidrocarbonetos, a Injeção de Ar ou Air Sparging (AS) e a Extração de Vapores do Solo ou Soil Vapor Extraction (SVE) vêm se destacando no Brasil como alternativa de remediação de baixo custo e relativa eficiência, uma vez que podem ser integradas a outros métodos de remediação e o tempo de tratamento é relativamente curto – entre 1 e 3 anos, sendo que em condições favoráveis este período pode chegar a menos de 1 ano. O gráfico da Figura 1 apresenta informações publicadas por CETESB (2011), em relação às técnicas de remediação já implementadas em áreas contaminadas do estado de São Paulo. Dentre elas têm-se a conjugação das técnicas de Extração de Vapores, com 251 casos, e o Air sparging, com 146 casos. Como essas técnicas vêm sendo amplamente utilizadas para remediação de áreas contaminadas, principalmente no estado de São Paulo, é necessário que se compreendam seus processos, principalmente quanto ao comportamento em contexto geológico heterogêneo, que é um dos principais fatores que influenciam na eficiência do sistema de remediação. Esta pesquisa contempla o estudo de um caso de remediação em área situada no Pólo Industrial de Cubatão, no município de Cubatão-SP (Figura 02), que utiliza as técnicas AS/SVE para a remoção de benzeno dissolvido na água subterrânea. Esse hidrocarboneto é um composto orgânico derivado do petróleo, que apresenta alta mobilidade na água e solo, porém é de fácil biodegradação e muito volátil (FETTER, 1999). �� � � � Figura 1. Técnicas de remediação implementadas no estado de São Paulo (adaptado de CETESB, 2011). � � � � F ig u ra 2 . L oc al iz aç ão d a ár ea d e es tu do . � � � � 2. OBJETIVOS A pesquisa tem como principal objetivo avaliar o comportamento de uma pluma de benzeno em fase dissolvida, sob a influência de um sistema de remediação integrado, composto pela operação conjunta de extração de vapores do solo (SVE) e injeção de ar (AS). Ainda, tem como objetivo avaliar as interferências do meio físico, ou seja, das características geológicas e hidrogeológicas da área de estudo, no processo de remediação e no comportamento desta pluma de benzeno. �� � � � 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para atingir os objetivos desta pesquisa foram utilizados os seguintes métodos: • Levantamento bibliográfico para a fundamentação teórica do funcionamento e de aspectos operacionais de um sistema de remediação integrado, composto pelas técnicas SVE/AS; • Análise e compilação das informações de trabalhos de investigação ambiental e remediação executados na área, que se basearam em técnicas diretas como a execução de sondagens, instalação de poços de monitoramento e piezômetros multiníveis; • Análise e compilação dos resultados de análises químicas e físico- químicas de amostras de solo e água subterrânea; e • Interpretação dos resultados. �� � � � 4. TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO SVE E AS 4.1. Técnica de Extração de Vapores em Solo A Extração de Vapores em Solo, ou Soil Vapor Extraction (SVE), é uma técnica que se aplica à remediação de solos e águas subterrâneas contaminados por compostos orgânicos voláteis e semi-voláteis, que apresenta muitas vantagens que a torna aplicável em várias áreas, como: • trata-se de uma técnica que pode ser implementada sem muitos problemas de operação; • é satisfatória na remoção de massa de compostos voláteis presentes na zona não saturada; • tem bom potencial para tratamento de um grande volume de solo, a um custo razoável; • o sistema pode ser instalado e mobilizado rapidamente; e � � � � • pode ser integrada a outras técnicas para aumentar a efetividade da remediação de uma área. O processo de extração da técnica SVE envolve a indução do fluxo de ar em subsuperfície, através da zona não saturada, com a aplicação de vácuo que, consequentemente, aumenta a volatilização in situ dos contaminantes, conforme ilustrado na Figura 3. Figura 3. Esquema típico dos componentes de um sistema de extração de vapor (adaptado de SUTHERSAN, 1999). Desta forma, a técnica SVE possibilita que haja transferência de massa, ou seja, particionamento de um composto presente na matriz do solo em fase líquida para fase vapor. Esse composto pode estar presente na matriz do solo/sedimentos conforme representação na Figura 4 e descrito a seguir: �� � � � • adsorvido ao solo; • na fase residual, imiscível (Non-Aqueous Phase Liquid - NAPL), nos poros do solo; • como vapor nos poros; e • dissolvido na água dos poros. Figura 4. Fases dos contaminantes presentes na matriz do solo (adaptado de SUTHERSAN, 1999). Conforme US ARMY (1995), os mecanismos de transporte e remoção de contaminantes da matriz do solo/sedimentos através da técnica SVE incluem a volatilização, advecção, dessorção e difusão, ilustrados na Figura 5. Portanto, para a compreensão do funcionamento, alcance e restrição à efetividade da técnica, é necessário analisar os aspectos básicos sobre os processos de transferência de massa de compostos voláteis da fase líquida à fase gasosa, movimento de gases/vapores na zona não saturada e perda para a atmosfera. ��� � � � Figura 5. Mecanismos de transporte de vapores no solo/sedimentos pela técnica SVE (modificado de US ARMY, 1995) 4.1.1. Características do fluxo de ar induzido Dependendo da espessura da zona não saturada, a extração de ar pode ser realizada por meio de poços verticais ou tubos horizontais (Figura 6). Conforme USEPA (2004), esses poços/tubos devem ser instalados considerando-se as seguintes recomendações: • o poço vertical deve ser instalado nas condições em que a contaminação encontre-se em profundidades entre 1,5 m e 30,0 m e o nível d’água ser superior a 3,0 m de profundidade; • o tubo horizontal deve ser instalado quando a contaminação presente no solo encontra-se em profundidade inferior a 3,0 m, ou em caso da contaminação estar confinada a uma unidade estratigráfica. ��� � � � • • (A) (B) Figura 6. Típicos poços de extração de vapores de solo: (A) vertical (B) horizontal (adaptado de USEPA, 2004). ��� � � � O fluxo de ar é induzido em subsuperfície por um gradiente de pressão negativa, por meio de vácuo aplicado no poço de extração, gerado por uma bomba de vácuo ou compressor radial, causando a movimentação de ar nos poros do solo através desses poços/tubos (Figura 7). Cabe destacar, que os caminhos do fluxo de ar em subsuperfície e as vazões de extração devem ser definidos através dos estudos das características texturais e estruturais do solo/sedimentos ou rocha e da realização de ensaios de permeabilidade. O desenvolvimento do fluxo de ar depende de muitos fatores, dentre eles: • a quantidade de vácuo aplicado; • o intervalo da seção filtrante presente na zona não saturada; • permeabilidade do solo ao ar; • a profundidade da água subterrânea; • presença ou ausência de cobertura impermeabilizante na superfície; • teor de umidade; • a presença ou ausência de vazamento em superfície; e • a presença de interferências subterrâneas. Conforme Suthersan (1999), três equações básicas podem ser consideradas para descrever o fluxo de ar: equações do balanço de massa de ar no solo, de fluxo devido aos gradientes de pressão e geral dos gases ideais. O balanço de massa de ar no solo pode ser expresso pela seguinte equação: �a (Eq. 1) ��� � � � Figura 7. Esquema típico de fluxo de ar e distribuição de vácuo durante a operação do SVE (SUTHERSAN, 1999). Onde �a é a porosidade do solo, é a densidade e V é o vetor de velocidade do fluxo de ar. A velocidade do fluxo de ar, devido ao gradiente de pressão, pode ser expressa pela lei de Darcy em condições onde o fluxo é considerável, principalmente em areia e cascalho, sendo representada do seguinte modo: (Eq. 2) Onde é a permeabilidade do ar, é a viscosidade do ar e é a pressão. A densidade do ar depende da pressão e temperatura. A relação entre estes parâmetros é expressa pela equação dos gases ideais, a qual pode ser utilizada tendo em vista que a pressão de operação de extração de vapores é próxima ou abaixo da pressão do ambiente: (Eq. 3) � � � � � Onde é o peso molecular, é a constante da lei de gás ideal, é a temperatura e é a pressão. Combinando as equações 1, 2 e 3, a equação geral de fluxo de ar no solo pode ser obtida por meio de: �a (Eq. 4) 4.2. Técnica de Air Sparging A injeção de ar, ou Air Sparging (AS) é uma técnica que tem sido utilizada, desde 1985, para remediação de compostos orgânicos voláteis dissolvidos na água subterrânea, adsorvidos ou aprisionados nos poros do solo, na zona saturada. Essa técnica tem como vantagens: • facilidade na instalação dos equipamentos; • tratamento da fase dissolvida a um tempo relativamente curto, entre 1 e 3 anos, ou inferior; • não requer o tratamento, armazenamento ou re-injeção de contaminante na água subterrânea; e • pode associar-se a técnica SVE para maior efetividade na remoção dos contaminantes. A técnica consiste na injeção de ar em um ou mais pontos da zona saturada. Sendo assim, pode-se gerar bolhas de ar, a depender da litologia, e até fazer com que o ar flua por canais de ar contínuo. Esta técnica é frequentemente utilizada em conjunto com a técnica SVE, para maior eficácia na remoção de contaminantes presentes na zona saturada, que é uma das fontes da fase vapor para a zona não saturada (Figura 8) (SUTHERSAN, 1999). � � � � � Figura 8. Esquema de um sistema Air Sparging com associação de SVE. (adaptado de USEPA, 2004) O mecanismo de injeção de ar ocasiona o particionamento dos contaminantes voláteis da fase líquida para a fase gasosa e a transferência de oxigênio do ar injetado para a fase líquida, que tem por conseqüência o aumento da degradação microbiana aeróbica na zona saturada e da volatilidade destes produtos (US ARMY, 2008). Esta técnica pode ser utilizada para: • Tratamento de contaminação na zona saturada no caso de NAPL; • Tratamento de fase dissolvida; • Contenção de uma pluma de fase dissolvida; e • Imobilizar contaminantes por meio de alterações químicas. Os processos que governam a eficácia desta técnica são a presença e distribuição das principais vias do fluxo de ar, o grau de mistura das águas subterrâneas, e a presença de compostos inorgânicos. ��� � � � Conforme Suthersan (1999), parte do fluxo de ar é influenciada pela pressão, pelo volume de ar injetado, pela profundidade da injeção, e pela estratificação do solo na zona saturada, que pode ser um fator predominante. Desta forma, Suthersan (1999) cita que os parâmetros importantes para a concepção de um sistema de AS são: • zona de influência; • profundidade de injeção; • pressão do ar injetado e volume do fluxo; • modo de injeção (contínuo ou intermitente); • construção do poço de injeção; e • tipo de contaminante e sua distribuição. Conforme Suthersan (1999), o processo de remoção de massa de contaminantes durante a injeção de ar envolve a transferência, in situ, dos compostos orgânicos dissolvidos na água para o ar (in situ air stripping), a volatilização dos compostos orgânicos em fase adsorvida e/ou “trapeada” na zona saturada e na franja capilar, e a biodegradação aeróbica do contaminante em fase dissolvida e/ou adsorvida, conforme detalhados a seguir. � Air stripping in situ: Entre os três mecanismos de remoção de contaminantes, através da técnica AS, citados acima, o air stripping in situ pode ser o processo dominante, pois durante a injeção de ar ocorre a formação de padrões de fluxo de ar (Figura 9) que ajudam na transferência de massa líquido – ar e na dissolução de contaminantes na fase residual na zona saturada. Os padrões de fluxos de ar podem ser descritos do seguinte modo: ��� � � � • formação de bolhas, que ocorrem em solo/sedimentos com granulometria acima de 1 mm ou 2 mm de diâmetro, ou seja em areia e cascalho, conforme modelo de Ji et al (1993); • formação de canais que ocorrem em solo/sedimentos mais finos (silte a argila), conforme modelo de Ji et al (1993); e • conforme modelo definido por Peterson et al (2001), a forma de fluxo câmara, ou Chamber flow, que ocorre em solo/sedimento com granulometria de 0,2 mm. Cabe destacar que o padrão Chamber flow se difere dos demais devido: presença de componentes de fluxo de ar horizontais e de uma região delimitada com a ocorrência de fluxo de ar difundido, distinto e de forma irregular (A) Bolhas (JI et al, 1993) (B) Canais (JI et al, 1993) (C) Chamber flow (PETERSON et al, 2001) Figura 9. Padrões de fluxo de ar ocasionados pela injeção de ar. Portanto, esses padrões de fluxo de ar são importantes na remoção dos contaminantes, pois é através deles que se terá uma área de superfície interfacial disponível o suficiente para a realização das transferências de massa. � � � � � � Volatilização direta Durante o air sparging, a volatilização direta dos contaminantes adsorvidos e presentes na fase residual ocorre nas zonas de fluxo de ar. Em áreas com níveis significativos de contaminantes em fase residual, presentes na zona saturada, a volatilização pode ser um mecanismo importante na remoção de massa onde o ar está fluindo. Isto é evidenciado pelo aumento das concentrações de compostos orgânicos voláteis observadas na extração de vapores. � Biodegradação A injeção de ar na água subterrânea contaminada também estimula a biodegradação aeróbica de muitos contaminantes voláteis e semi-voláteis, como por exemplo, benzeno, tolueno, dentre outros, através da indução de misturas entre ar e água que consequentemente poderá aumentar a taxa de oxigênio dissolvido. No entanto, como a solubilidade do oxigênio do ar é bastante baixa, variando entre 8,0 ppm a 25°C e 13 ppm a 5°C, a taxa de oxig ênio que pode ser dissolvido na água subterrânea é muitas vezes mais lenta do que a taxa de consumo de oxigênio realizada pela população microbiana. Desta forma, para o dimensionamento do sistema de remediação é necessário considerar o seguinte, conforme US ARMY (2008): • o cálculo da massa relativa de oxigênio necessária para ser injetada e se dissolver na água subterrânea; e • o valor da massa de contaminante presente em fases dissolvida e adsorvida, para se calcular a massa de oxigênio necessária para que ocorra a biodegradação. ��� � � � Estudos realizados por Johnson (1994) sugerem que a biodegradação contribui significadamente na remoção de massa de compostos orgânicos voláteis aerobicamente degradáveis quando as concentrações de contaminantes são inferiores a 1 mg/L, caso contrário, a volatilização será dominante. ��� � � � 5. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE OS PROCESSOS QUE ENVOLVEM A REMEDIAÇÃO POR SVE/AS Para o entendimento do funcionamento, do alcance e da restrição das técnicas de remediação SVE/AS, é necessário analisar os seguintes aspectos básicos: • particionamento dos compostos voláteis da fase líquida para gasosa; • movimento de gases/vapores na zona não saturada (para SVE); • propriedades físicas do meio: o características da zona não saturada; o propriedades hidrodinâmicas do aquífero; o características da zona saturada (para o AS); o aspectos climáticos; e o características do acidente. ��� � � � 5.1. Transferência de massa do contaminante da fase líquida para gasosa Um dos processos envolvidos nas técnicas de remediação SVE/AS é a volatilização dos compostos orgânicos, que é um fenômeno físico-químico em que um determinado composto se perde para a atmosfera na forma de gases. Os mecanismos que envolvem a volatilização de uma substância compreendem uma complexa interação de fatores, função das propriedades do contaminante e do meio. A taxa de volatilização de compostos orgânicos no solo é afetada pelos seguintes fatores: pressão de vapor do contaminante, solubilidade em água; constante da lei de Henry, e coeficiente de adsorção. 5.1.1. Pressão de vapor A pressão de vapor é definida como a pressão exercida por um gás em equilíbrio com sua fase líquida, a uma determinada temperatura. Em uma mistura, a pressão de vapor de um determinado composto é menor que no composto puro e pode ser representada pela Lei de Raoult: (Eq. 5) Onde é a pressão de vapor efetiva (atm) do composto “ ”, é a fração molar do composto “ ” na mistura e é a pressão de vapor (atm) do composto puro “ ” a uma determinada temperatura. ��� � � � 5.1.2. Solubilidade A solubilidade pode ser definida como a massa máxima que pode ser dissolvida na água, a uma determinada temperatura. A solubilidade nas misturas é uma das mais importantes propriedades que afetam o transporte dos compostos químicos no meio ambiente e também pode ser determinada por outra forma da Lei de Raoult: (Eq. 6) Onde Saef é a solubilidade efetiva do composto “a” na mistura (mg/L), Xa é a fração molar do composto “a” na mistura e Sa é a solubilidade do composto puro “a” (mg/L). 5.1.3. Constante de Henry A volatilização de um composto dissolvido em água é regida pela Lei de Henry, que descreve a tendência relativa de um composto em uma solução se particionar para a fase vapor. Sendo assim, a constante da lei de Henry é expressa da seguinte forma: (Eq. 7) Onde é a constante da Lei de Henry, é a concentração do composto na fase vapor e e a concentração do composto no líquido. ��� � � � 5.1.4. Coeficiente de adsorção A adsorção de contaminantes nas partículas do solo é afetada pelo teor orgânico e a capacidade mineral de adsorção das partículas do solo. Desta forma, o coeficiente de adsorção (Kd) é regido pela quantidade de carbono orgânico total (COT) - foc, devido a natureza apolar da maioria dos contaminantes orgânicos Sendo assim, o coeficiente de partição pode-ser expresso pela seguinte equação: (Eq. 8) Onde é o Coeficiente de partição, é fração de carbono orgânico no solo (%), e é o Coeficiente de partição de carbono orgânico. Pesquisadores avaliaram uma série de parâmetros para estimar os valores de Koc, sendo o mais utilizado o coeficiente de partição octanol-água (Kow), onde algumas das equações para a estimativa de Koc são apresentadas na Tabela 1. � � � � � Tabela 1. Equações para estimar Koc a partir de Kow. Número da Equação Equação Compostos Referência (Eq. 9) log Koc = 0,52 log Kow + 0,62 72 pesticidas substituídos de benzeno Briggs, 1981 (Eq. 10) log Koc = 1,00 log Kow - 0,21 alguns hidrocarbonetos poliaromáticos Karickhoff, Brown, and Scott, 1979 (Eq. 11) log Koc = 0,544 log Kow + 1,377 45 compostos orgânicos, na maioria pesticidas Kenaga and Goring, 1980 (Eq. 12) log Koc= 0,989 log Kow - 0,346 alguns hidrocarbonetos poliaromáticos Karickhoff, 1981 (Eq. 13) log Koc = 0,937 log Kow - 0,006 Aromáticos, poliaromáticos, triazinas Lyman, 1982 (Eq. 14) log Koc = 0,904 log Kow -0,779 Benzeno, benzenos clorados, PCBs Chiou, Porter, and Schmedding, 1983 (Eq. 15) log Koc - 0,72 log Kow + 0,49 Benzenos, metilados e clorados Schwarzenbach and Westall, 1981 (Eq. 16) log Koc - 1,00 log Kow - 0,317 22 aromáticos pulonucleares Hassett et al, 1980 Fonte: adaptada de Fetter (1999) � � � � � 5.2. Propriedades físicas do meio que influenciam na eficiência e eficácia da SVE/AS 5.2.1. Características da zona não saturada As características da zona não saturada têm efetiva influência na atuação da técnica SVE, pois o solo/sedimentos deve ser visto como um meio onde ocorre o fluxo dos vapores. Neste sentido, a porosidade torna-se um dos principais parâmetros para análise, pois, é através dos poros que ocorre a condução dos gases/vapores. Desta forma, os poros ainda devem ser caracterizados quanto ao tamanho, forma e continuidade. A umidade do meio, uma vez que participa no preenchimento dos espaços vazios e na obstrução de canais, também deve ser considerada, pois a quantidade de água tem efeitos sobre a permeabilidade do ar no solo, consequentemente terá um efeito sobre as características de adsorção dos compostos orgânicos. Desta forma, a diminuição da umidade do solo permite maior adsorção do contaminante à sua matriz, o que torna mais proeminente a transferência de massa de contaminante durante a ação do SVE. A Figura 10 mostra um gráfico de relação entre o teor de umidade e o coeficiente de adsorção (Kd). Figura 10. Coeficiente de adsorção de contaminantes em função do teor de umidade no solo (US ARMY, 1995). ��� � � � A profundidade da água subterrânea, por sua vez também é considerada importante, uma vez que, quanto maior a distância entre o aquífero e a superfície, maior é o tempo de trânsito dos vapores. Da mesma forma, os contaminantes que percorrem maiores distâncias estão sujeitos a processos de difusão, diluição e degradação. A zona não saturada, sobretudo a camada de solo biologicamente ativa, possui a capacidade de reter quantidades apreciáveis de vapores de diversos contaminantes. Ainda, as oscilações do nível d'água também devem ser consideradas, uma vez que devido a essas flutuações, parte do solo contaminado pode submergir, muitas vezes tornando-o indisponível para o fluxo de ar (USEPA, 2004). As características das unidades geológicas quanto à estratificação ou mesmo a homogeneidade litológica são importantes para a eficácia do SVE, pois, podem afetar o fluxo de vapores no solo, de modo a possibilitar a ocorrência de micro-fraturamento, principalmente em solo/sedimento argiloso. Ainda, a estratificação do solo com permeabilidades diferentes pode aumentar o fluxo lateral de vapores no solo no estrato mais permeável ao mesmo tempo reduzindo o fluxo de vapor do solo do estrato menos permeável. Assim, o comportamento desses fluxos preferenciais pode levar à ineficácia ou ao acréscimo do tempo de remediação pela técnica SVE. Cabe destacar que é importante a impermeabilização do solo e selagem dos poços de extração, de modo a evitar que ocorram caminhos de fluxo de ar preferenciais próximos ao poço, onde o gradiente de pressão é alto, de modo a impedir que o fluxo atinja uma área maior em subsuperfície. 5.2.2. Características da zona saturada As características da zona saturada têm efetiva influência na atuação da técnica AS. A efetividade do air sparging quanto ao alcance e distribuição de ar depende também das condutividades vertical e horizontal para a condução do ar, reflexo direto da maior ou menor heterogeneidade litológica. Por exemplo, uma camada com baixa permeabilidade pode dificultar a passagem de ar, e ��� � � � uma camada com alta permeabilidade pode ocasionar um maior espalhamento horizontal do ar, conforme mostrado na Figura 11. Figura 11. Influência da heterogeneidade litológica na abrangência de aplicação da técnica de injeção de ar (adaptado de SUTHERSAN, 1999). Segundo Suthersan (1999), a condição ideal para a injeção de ar na zona saturada se dá em materiais com condutividades hidráulicas maiores que 10-3 cm/s. Uma condição contrária a essa impede que o fluxo se dissipe e atue na pluma de contaminantes. Ainda, as melhores condições geológicas ocorrem quando a permeabilidade do solo aumenta em direção à superfície, ou seja, acima do ponto de injeção. Dependendo da taxa de injeção de ar em local raso, ou seja, próximo ao nível d’água, pode ocorrer a perda por coesão do solo, a depender das condições geológica, em torno do ponto de injeção e, assim, a perda de controle do ar injetado. Quando o ar é injetado, pode ocorrer o deslocamento da água subterrânea, tanto na componente vertical, ocasionando a ascensão do nível d’água, como o movimento lateral, podendo ocasionar o espalhamento da pluma, ocasionando o fenômeno denominado mounding. Este fenômeno é importante, pois também pode ser utilizado para inferir o raio de influência. � � � � � A magnitude do efeito mounding depende das condições geológico- hidrogeológicas do local e da localização dos poços de observação em relação à injeção, onde pode variar de insignificante a vários metros de magnitude. 5.2.3. Fatores climáticos e características do vazamento Outros fatores podem influenciar no funcionamento da técnica de remediação SVE/AS, como os climáticos e características do vazamento. Os aspectos climáticos (Figura 12) são importantes, pois, como por exemplo, as chuvas participam infiltrando-se no solo, gerando umidade e diminuindo a porosidade disponível aos gases. Outro aspecto climático importante é o efeito de ventos e da pressão barométrica, que influenciam na chegada de vapores de produtos voláteis à superfície e perdas à atmosfera, onde se observa que as maiores concentrações de contaminantes em superfície estavam associadas a esses fenômenos, conforme Hirata (1990). Por fim, a descrição do acidente ambiental auxiliará em muito os procedimentos e o estabelecimento da estratégia de implementação da remediação. A localização exata do vazamento, a forma, a intensidade e as quantidades de contaminantes envolvidas, bem como as substâncias associadas permitirão a escolha adequada e a conveniência do uso desta ou de outras técnicas. �� � � � � F ig u ra 1 2. F at or es q ue in flu en ci am o m ov im en to d e ga se s em s ub su pe rf íc ie . ( ad ap ta do d e H IR A T A , 1 99 0) . ��� � � � 6. CARACTERÍSTICAS DO BENZENO O benzeno, que é o contaminante presente na área de estudo, trata-se de um líquido incolor, altamente inflamável, que apresenta alta taxa de evaporação. Faz parte do grupo de hidrocarbonetos aromáticos, cuja fórmula da molécula é C6H6 e estrutura molecular apresentada na Figura 13. Figura 13. Estrutura molecular do benzeno. ��� � � � A composição comercial do benzeno, conforme a Companhia Chevron Phillips (2003) apud Montgomery (2007) contém os seguintes componentes: tiofeno (� 1 mg/Kg), enxofre (� 1 mg / kg),tolueno (� 0,10% em peso), tolueno + metilciclohexano (� 150 mg / kg), metilciclopentano (� 100 mg / kg), n-hexano (� 80 mg / kg), e hidrocarbonetos não aromáticos (� 0,15% em peso). O composto é utilizado principalmente como intermediário da síntese de produtos químicos tais como, estireno, detergentes, pesticidas, aditivo de combustível, solvente para extração industrial, solvente de indústria de borracha e na preparação de tintas. Também é um componente da gasolina, uma vez que ocorre naturalmente no petróleo bruto e é um subproduto dos processos do seu refino. O benzeno é classificado por FETTER (2001) como contaminante de alta mobilidade na água e solo, e quando comparado aos demais compostos BTEX, o tolueno e o o- xileno estão classificados com moderada mobilidade, o etilbenzeno, p-xileno e m- xileno, estão classificados como baixa mobilidade no solo e água subterrânea. As propriedades físico-químicas desse composto podem ser observadas na Tabela 2 cujas referências foram citadas por Montgomery (2007), com exceção da CETESB (2012). Devido à ação carcinogênica do benzeno, no Brasil considera-se para as águas subterrâneas, o padrão de potabilidade da Portaria n0 36 de 1990, revogada pela Portaria n0 518 de 25/05/2004, e atualizado pela Portaria n0 2.914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde, que estabelece uma concentração máxima de 5 µg/L. As principais vias de exposição humana e animal ao benzeno são por inalação e ingestão através do consumo de água e alimentos contaminados (CETESB, 2001). ��� � � � Tabela 2. Características físico-químicas do composto Benzeno. Parâmetro Valor unidade Condições Fonte Peso molecular 78,11 --- --- --- Solubilidade em água 1780 mg/L 25 oC shake flask-GLC, Maraqa et al (1998) Solubilidade em água 1800 mg/L 25 oC CETESB (2012) Densidade 0,8728 g/cm3 25 oC Aminabhavi and Banerjee (1999a) Densidade do vapor 3,19 g/L 26 oC Groundwater Chemicals Pressão de vapor 95,2 mmHg 25 oC Mackay and Leinonen (1975) 100 mmHg 26,1 oC CETESB (2012) Constante da Lei de Henry 5,56 x 10-3 atm�m3/mol 25 oC Vitenberg et al., 1975; Mackay et al (1979) Viscosidade 0,61 cp CETESB (2012) Taxa relativa de evaporação 2,8 CETESB (2012) Ponto de fusão 5,533 oC Standen (1964) Ponto de Ebulição 80,09 oC Kurihara et al (2000) Difusividade em água 1,09 x10-5 cm2/sec 25 oC Gustafson and Dickhut (1994) Constante de dissociação 37 --- --- Gordon and Ford (1972) Tensão interfacial com água 28,7 dyn/cm 25 oC Murphy et al (1957) 33,63 dyn/cm 25 oC Janczuk et al (1993) Coef Patricição carbono- agua Koc 1,92 Schwarzenbach and Westall (1981) Coef part octanol-água 1,98 25 oC Schantz and Martire (1987) ��� � � � 7. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 7.1. Histórico da área Na região industrial de Cubatão, Estado de São Paulo, foi constatado vazamento de produto de benzeno devido ao rompimento de uma tubulação que o conduzia. Esta tubulação, de 3" de diâmetro, encontrava-se a cerca de 2,0 m de profundidade, ou seja, abaixo a aproximadamente 0,5 m do nível d’água, e estava submetida à pressão de aproximadamente 20,0 kgf/cm2, conforme informações do operador da tubulação. Desde a detecção do vazamento, em dezembro de 2003, vêm sendo realizados trabalhos na área com vistas à solução do problema. Inicialmente, foram tomadas medidas para a contenção do vazamento e, posteriormente, procedeu-se à avaliação do impacto e, na sequência, as ações de remediação do benzeno. Tendo em vista que este contaminante atingiu os sedimentos e água subterrânea, foram necessárias essas medidas para evitar riscos à saúde humana. A Figura 14 apresenta a evolução temporal das atividades desenvolvidas na área, desde a detecção do vazamento. � � � � � Figura 14. Cronologia das ações tomadas na área. � � � � � As medidas de contenção do vazamento realizadas imediatamente após a detecção foram: • purga e raqueteamento (vedação) da tubulação; • pressurização da tubulação com N2 gasoso; e • medições diárias de concentração de benzeno e explosividade na atmosfera e em interferentes subterrâneos como galerias de dutos pluviais, telefonia, etc. Ainda, para avaliação do impacto ocasionado pelo vazamento, a partir de 2004 foram realizados trabalhos de investigação que contemplaram a execução de sondagens, instalação de poços de monitoramento, amostragem de solo e água subterrânea para análises químicas, e ensaios hidrogeológicos. Além disso, como foi detectado risco à saúde humana, foi implementado um sistema de remediação que contemplou a aplicação da conjugação das técnicas SVE e AS. A Figura 15 apresenta a localização da tubulação de benzeno, dos poços de monitoramento, dos poços de extração de vapor e dos poços de injeção de ar na área de estudo. ��� � � � 7.2. Características regionais 7.2.1. Hidrografia Regional 7.2.1.1. Rede Hidrográfica Situada na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 7 (UGHRI 7) da Baixada Santista (Decreto no 10.755/1977; CETEC, 2002), a área de estudo está inserida na bacia do rio Cubatão (Classes 1 e 2, segundo CONAMA no 357), com área de 175,55 km2. Os afluentes mais importantes são: Cubatão de Cima, Passareuva, Pilões, Perequê e Mogi, todos na margem esquerda do rio Cubatão. Este complexo hidrográfico tem como desembocadura o Complexo Estuarino de Santos - São Vicente no Largo do Caneu (Figura 16). 7.3. Geologia Regional 7.3.1. Unidades Geológicas As unidades geológicas existentes na área, segundo Suguio & Martin (1994), são representadas por rochas do Embasamento Cristalino e por Sedimentos Terciário- Quaternários (Figura 17). As rochas do Embasamento Cristalino são representadas por conjuntos litológicos diversos, separados em dois conjuntos, ambos de idade Pré-Cambriana, denominados de Complexo Piaçaguera (Hasui & Sadowski, 1976) e Grupo Paraíbuna, que, predominantemente, ocorrem nas áreas das encostas da Serra do Mar e nos morrotes dispersos pela Planície Sedimentar. Também são consideradas as rochas granitóides do Paleozóico e as rochas básicas do Mesozóico. � � � � � Figura 16. Sistema hidrográfico regional. O Complexo Piaçaguera é constituído por rochas metamórficas de alto grau, representadas por gnaisses de diversos tipos (bandado, laminado, homogêneo, porfiróide de granulação fina a muito grossa), tonalíticos a graníticos, as quais encontram-se mais ou menos migmatizadas, predominando a estrutura estomatítica, com leucossomas rosados a cinzentos. O Grupo Paraíbuna é constituído por metassedimentos que ocorrem intercalados às rochas do Complexo Piaçaguera, em forma de faixas e lentes compostas por rochas cálcio-silicáticas, mármores, micaxistos e quartzitos, e alguns corpos anfibolíticos de pequena expressão. Ambas unidades ocorrem em faixas alongadas de direção ENE, paralelas à direção da escarpa da Serra do Mar. ����������� �� � � � � F ig u ra 1 7. M ap a ge ol óg ic o re gi on al ( C P R M , 2 00 1) . �� � � � Ainda compondo o Embasamento Cristalino, são observados pequenos corpos granitóides intrusivos. Os litotipos que compõem as escarpas da Serra do Mar são apresentados na Tabela 3. . Tabela 3. Tipos litológicos presentes na Serra de Cubatão (IPT, 2002). UNIDADE DESCRIÇÃO Rochas metamórficas migmatizadas de fácies anfibolito Biotita gnaisses e micaxistos com lentes de quartzito e anfibolitos (Cgx) Migmatitos homogêneos (Cgm) Ectinitos e migmatitos de fácies xisto verde a anfibolito Xistos e gnaisses migmatizados (Axm) Micaxistos e filitos (Ax) Quartzitos e quartzitos impuros (Aq) Rochas cálcio-silicáticas e anfibólio-xistos (Ac) Os produtos de alteração das rochas do Embasamento Cristalino, o manto de alteração, estão associados à composição litológica da Serra do Mar e às características climáticas da região, onde se observa intensa precipitação e temperaturas altas. O clima subtropical gera intenso intemperismo, e consequente manto espesso de solos (IPT, 2002). Segundo IPT (1991), os principais materiais que constituem este manto de alteração estão divididos em tálus, solos coluvionar, solo saprolítico e saprólito. • Tálus: são constituídos por depósitos de blocos matriz-suportados, caracterizados por: o Matriz - material predominantemente argiloso a arenoso, com constituição e granulometria bastante heterogêneas, muitas vezes saturados por água; �� � � � o Blocos - seixos, matacões e fragmentos de rochas diversas, desde bastante alterados a praticamente sãos, imersos na matriz em proporções variadas, com posicionamento totalmente caótico; devido à deposição diferencial ou pela posterior lixiviação, esses blocos podem encontrar-se acumulados na base dos depósitos de tálus. Conforme descrito por IPT (1986), os depósitos de tálus apresentam duas fases de formação, sendo que os mais antigos apresentam maior compactação, alteração e laterização que os depósitos similares mais recentes. Os depósitos de tálus são constituídos por matacões, blocos e seixos, polimíticos, angulosos a subarredondados, com distribuição caótica no depósito. A matriz dos depósitos de tálus é reduzida em relação aos rudáceos, tendo sua composição variada em função das litologias proximais. Podem ter espessuras de 6 a 10 m. • Solo coluvionar (ou solo superficial): pode apresentar textura arenosa, quando se encontra em regiões onde ocorrem rochas gnáissicas a graníticas, principalmente naquelas em que há predominância de migmatitos homogêneos ou oftalmíticos de neossoma dominante; são classificados como areias argilosas pouco siltosas. Onde ocorre predomínio de rochas xistosas, como migmatitos embrechíticos com paleossoma de xistos dominante, o solo coluvionar apresenta textura argilosa a siltosa. Por vezes, apresenta-se com processo de laterização ou já laterizados. IPT (1991) divide os solos coluvionares em dois horizontes: o Horizonte superficial (espessura da ordem de 0,5 m), caracterizado pela densa fixação de raízes da vegetação; o Horizonte inferior (0,5 m a 1,5 m de espessura) - compreende porção com poucas raízes, predominando as características acima apresentadas. �� � � � • Solo saprolítico (ou solo residual): formado essencialmente in-situ, podendo ser movimentado por processos da dinâmica superficial das encostas; apresenta vestígios da rocha original, como xistosidade, fraturas e núcleos menos intemperizados, com estrutura maciça, apesar desses vestígios originais. Assim como para os solos coluvionares, estes apresentam textura areno-argilosa nas regiões onde predominam as unidades gnáissicas a graníticas, e silto-argilo-arenosas para as regiões de rochas xistosas. Possue espessura errática, podendo atingir vários metros, porém predominam espessuras entre 1,0 m a 3,0 m; por vezes este solo está ausente e, muitos locais, apresenta uma dezena de metros. Pode apresentar cores nas tonalidades avermelhadas e arroxeadas. • Saprolito (zona de blocos ou de transição): representa a transição entre os materiais terrosos e rochosos, predominando blocos de rocha, desde totalmente alterados a quase integralmente preservados. A presença de trincas é intensa, as quais podem apresentar-se abertas ou preenchidas por material de alteração ou por materiais das unidades sobrejacentes. • Rocha: compreende o maciço rochoso subjacente, sendo que nos primeiros 10 m apresenta grande erraticidade em termos de grau de alteração e fraturamento, com alteração diferencial devido às foliações, bandeamento e faixas de diferentes composições (granito-gnáissicas a xistosas), e aos próprios fraturamentos. O topo rochoso é extremamente irregular, apresentando fraturas abertas intercomunicantes, com alternância de zonas mais e menos intemperizadas. Sobrepondo os conjuntos do Embasamento Cristalino são observadas unidades cenozóicas, representadas por: �� � � � • Sedimentos Cenozóicos (formações Sete Barras e Pariquera-Açu); • Sedimentos Quaternários (formações Morro de Icapara, Cananéia e Ilha Comprida) e; • Sedimentos Aluvionares e Coluvionares e depósitos de movimentação de massa recentes. Segundo IPT (1986), os cones de dejeção se caracterizam por serem depósitos de sopé das encostas, geralmente associadas às calhas de drenagens, sendo estreitos à montante, com alargamento para sua porção frontal (ou jusante) na forma de leques, interdigitando-se com os depósitos aluvionares das drenagens principais. Similares a esses, porém, com extensões bem mais pronunciadas, ocorrem os depósitos de corridas de detritos ou de massa, composto por uma mistura de blocos de rochas, solos (cascalho, areia e lama), material orgânico (galhos e troncos de árvores) e quantidades variáveis de água (IPT, 2002). As condições favoráveis à ocorrência de debris flows são a presença de material inconsolidado em abundância, encostas íngremes, fonte abundante de água, e vegetação esparsa. A movimentação ocorre ao longo dos canais de drenagens, na forma de ondas e pulsos. Os depósitos alveolares formam-se ao longo dos principais canais de drenagens, desenvolvendo-se à montante de soleiras litológicas, constituindo-se por acumulações de blocos e matacões de composição variada, tendo aumento de matriz para o topo (IPT, 1986). � � � � 7.4. Hidrogeologia Regional 7.4.1. Unidades/Sistemas Hidrogeológicos Segundo CETEC (2002), a água subterrânea é dividida em dois sistemas principais: (i) Sistema Aquífero Cristalino (SAC) e (ii) Sistema Aquífero Sedimentar Litorâneo (SASL). Essas denominações foram praticamente mantidas por DAEE/IG/IPT/CPRM (2005), os quais intitularam o primeiro de Aquífero Cristalino e o segundo de Aquífero Litorâneo. 7.4.1.1. Sistema Aquífero Cristalino Na região de estudo, é mais importante o fluxo da água nas porções alteradas do Embasamento Cristalino, e apresentam condutividade hidráulica (K), da ordem de 10-4 a 10-6 cm/s, tanto para solos de natureza coluvionar como para solos residuais IPT (1991). Na caracterização dos horizontes de alteração do Embasamento Cristalino o estudo de IPT (1991) mostrou que os solos residuais apresentaram resquícios das feições das rochas originais, de modo que podem ter comportamento hidrogeológico drenante, apresentando alta permeabilidade nas porções fraturadas, ligeiramente superior ao horizonte sobrejacente dos solos coluvionares. Esse estudo mostrou ainda que zona de blocos, apresenta condutividade hidráulica muito mais elevada do que os solos sobrejacentes, em virtude da alternância do sistema de juntas com os blocos preservados (essencialmente impermeáveis). Ainda referente aos solos residuais ou coluvionares, Wolle (1981) e Hessing (1976 apud Machado Filho, 2000) descrevem que este solo tem porosidade elevada, o que lhes confere alta permeabilidade. � � � � Quanto aos solos saprolíticos, IPT (2002) descreve que estes apresentam permeabilidade da ordem de 10-4 cm/s, seja pela presença do sistema de descontinuidades presentes, como por sua matriz, conferindo a esta unidade condutividade hidráulica elevada. Ao maciço rochoso é atribuída elevada permeabilidade, devido à presença de fraturas abertas, podendo constituir drenos para os horizontes superiores (IPT, 1991). As fraturas abertas e intercomunicantes, descritas por Wolle & Carvalho (1989), fazem com que essas rochas apresentem alta capacidade drenante, com aumento da condutividade hidráulica com a profundidade. 7.4.1.2. Sistema Aquífero Sedimentar Litorâneo Segundo DAEE/IG/IPT/CPRM (2005), o SASL apresenta distribuição irregular ao longo da costa paulista, segmentado pelas rochas do Embasamento Cristalino, desde a região de Cananéia até Caraguatatuba/Ubatuba. É caracterizado por depósitos da planície sedimentar da Planície Litorânea, chegando até a 70 km de largura nas planícies do Vale do rio Ribeira de Iguape, com redução para nordeste, a partir de Itanhaém, Santos e Bertioga, apresentando então pequenos bolsões isolados de cerca de 300 m de extensão (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005). O SASL apresenta porosidade granular, livre, de extensão limitada e transmissividade média a elevada, com camadas de areia formando aqüíferos lenticulares, quando intercalados às camadas argilosas e siltosas. Pode apresentar influência oceânica pela intrusão de águas salobras e até mesmo da presença de cunha salina, por canais de maré e braços de mar (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005). A superfície potenciométrica apresenta-se entre 0 e 20 m acima do nível do mar, com valores mais elevados próximos às escarpas da Serra do Mar, e linhas de fluxo indicando sentido de escoamento da água subterrânea para o oceano, exceto quando interceptadas pelas drenagens (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005). �� � � � 7.5. Caracterização geológica e hidrogeológica da área de estudo Para a caracterização geológica e hidrogeológica da área de estudo foram utilizadas as informações obtidas nos trabalhos de investigação conduzidos no local, tais como: descrições de testemunhos de sondagens e resultados de análises granulométricas. Durante os trabalhos de investigação não foi possível a visualização de estruturas sedimentares nos testemunhos, devido à limitação da técnica de trado manual, utilizada para a execução das sondagens. Essas características forneceriam maiores informações sobre a dinâmica do processo sedimentar, permitindo uma análise mais acurada do ambiente deposicional. Sendo assim, as interpretações basearam-se nas descrições de campo fornecidas pelas empresas que executaram os trabalhos de investigação na área de estudo, nos resultados de análise granulométrica de amostras de solo e nas características geológicas e geomorfológicas regionais. Desta forma, foi possível distinguir três unidades na área: • Unidade I – Aterro; • Unidade II – Areias; e • Unidade III – Silte argiloso a argila siltosa. A disposição dessas unidades pode ser observada nas seções hidrogeológicas A-B (Figura 18) e C-D (Figura 19). 7.5.1. Unidade I - Aterro A Unidade I é formada por uma camada de aterro que recobre toda a área, sendo caracterizada pela presença de brita, pequenos blocos de rocha e entulhos diversos. �� � � � Este material apresenta grande variação textural, conforme pode ser observado nas curvas granulométricas da Figura 20 e na Tabela 4. Contudo, apresenta predominância de areia siltosa, podendo ocorrer pedregulhos. Tem coloração avermelhada. Na base do aterro ocorrem camadas de argila siltosa, localmente arenosas, de coloração avermelhada. Para a terraplanagem da área com esse aterro, provavelmente foram utilizados materiais provindos do solo de alteração das rochas pré-cambrianas do embasamento cristalino, assim como de desmonte de blocos das escarpas rochosas da Serra do Mar. A espessura média de aterro observada é de cerca de 2,0 m, podendo alcançar até 3,0m. 7.5.1.1. Índices físicos do solo na zona não saturada - Unidade I Durante a fase de campo de uma das campanhas de investigação efetuada, foram coletadas quatro amostras indeformadas de solo para a determinação dos parâmetros físicos do solo na Unidade I (Aterro), cujos dados foram utilizados na avaliação de risco a saúde humana. A localização e os resultados das análises dessas amostras estão apresentados, respectivamente, na Figura 21 e Tabela 5 e 6. A análise dos parâmetros físicos do solo incluiu a determinação da granulometria, das densidades aparente e real, das porosidades efetiva e total, da umidade, bem como do percentual de matéria orgânica e do teor de Carbono Orgânico Total (COT) das amostras coletadas nos pontos AI-04, AI-05, AI-06 e AI-7. �� � � � Figura 20. Curvas granulométricas representativas da unidade I - Aterro. �� � � � Tabela 4. Valores de granulometria da unidade I – Aterro Identificação Profundidade Pedregulho Grosso Pedregulho Fino Areia Grossa Areia Média Areia Fina Silte Argila Classificação (m) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) PM 32 0,5 0,0 8,4 11,4 15,7 25,5 29,0 10,0 Areia fina siltosa PM 32 3,0 31,6 9,2 5,7 12,0 18,0 13,5 10,0 Pedregulho grosso arenoso PZ-07 0,5 1,2 4,5 7,1 19,2 32,5 27,0 8,5 Areia fina a média siltosa PZ-07 2,5 0,0 0,2 0,8 22,1 46,0 18,5 12,5 Areia fina a média siltosa PZ-06 2,5 13,9 2,2 2,8 7,2 14,0 40,0 20,0 Silte areno- argiloso PZ-01 1,0 27,5 5,0 9,3 25,2 22,0 9,0 2,0 Areia média a fina com pedregulho grosso Tabela 5. Parâmetros físicos do solo Amostra Profundidade (m) Densidade Aparente (g/cm³) Densidade Real (g/cm³) Matéria Orgânica (mg/kg) Porosidade Efetiva (%) Porosidade Total (%) Carbono Orgânico (mg/kg) Umidade (%) AI-04 ���� 1,4 2,5 4194 33,5 55,2 2433 15,1 AI-05 ���� 1,7 2,4 8367 26,3 35,4 4853 13,6 AI-06 ���� 1,2 2,3 857 42,5 57,1 4,7 19,6 AI-07 ���� 1,35 2,71 2229 5,1 50,92 1293 24,2 Média ���� 1,41 2,48 3911,75 26,85 49,66 2145,93 18,13 Tabela 6. Granulometria Amostra Areia (%) Silte (%) Argila (%) AI-04 84,5 7,9 7,6 AI-05 80,2 9,7 10,1 AI-06 68,7 20,4 10,9 AI-07 80,5 12,2 7,3 �� � � � Os parâmetros físicos encontrados confirmam a textura areno-siltosa do aterro (Unidade I). Esse material apresenta concentrações elevadas de matéria orgânica e de carbono orgânico, principalmente nas regiões SW, SE e NE da área de estudo. Em relação à questão do carbono orgânico/matéria orgânica, dá pra dizer que estas altas concentrações podem contribuir significativamente para a sorção dos compostos orgânicos. De maneira geral, as porosidades efetivas obtidas são bastante altas, em função do material utilizado para o aterro e do arranjo dos materiais no momento da compactação, porém, a amostra AI-07 é bastante divergente das demais, podendo representar uma porção com menor porção de entulhos e fragmentos utilizados. 7.5.2. Unidade II – Areias Esta unidade é caracterizada pela predominância de areia fina a média (Figura 22), pouco a muito siltosa, de coloração cinza; localmente, ocorrem lentes de silte arenoso. Esta unidade pode estar associada a uma sucessão de barras fluviais, essencialmente arenosas, com pequena contribuição pelítica. Na seção hidrogeológica A-B da Figura 18, a cerca de 6,0 m de profundidade, entre os poços PZ-03C e PZ-1B-LS ocorre camada de areia fina siltosa que pode representar a parte superior de um depósito de barra, e lateralmente areia média com pedregulho que pode representar a parte inferior de uma barra. Esta situação se repete entre 7,0 e 8,0 m de profundidade, no entanto a granulometria dos materiais do poço PZ-1B-LS passa a ser areia grossa, com pedregulho. � � � � Na seção hidrogeológica C-D da Figura 19, no mesmo horizonte (6,0 m), em meio a sedimentos arenosos, ocorre uma lente de argila com presença de detritos orgânicos, que pode ser associada a depósitos de planície de inundação. A distribuição granulométrica das amostras desta unidade é representada na Figura 23 e na Tabela 7. Figura 22. Detalhe da areia fina a média da Unidade II. � � � � Figura 23. Curvas granulométricas representativas da Unidade II. �� � � � Tabela 7. Valores de granulometria da Unidade II. Identificação Profundidade Pedregulho Grosso Pedregulho Fino Areia Grossa Areia Média Areia Fina Silte Argila Classificação (m) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) PZ-07 3,0 0,0 0,0 0,6 32,4 49,0 15,0 3,0 Areia fina a média PZ-07 5,0 0,0 0,1 0,5 22,4 42,0 30,0 5,0 Areia fina a média siltosa PZ-07 8,0 0,0 0,4 0,7 10,9 52,0 30,0 6,0 Areia fina siltosa PZ-01 3,0 0,0 0,0 0,3 33,7 46,0 15,0 5,0 Areia fina a média PZ-03 5,0 1,6 2,2 9,7 47,5 24,0 9,0 6,0 Areia média a fina PZ-03 7,0 0,0 0,2 1,2 11,7 31,5 44,5 11,0 Silte com areia fina �� � � � 7.5.3. Unidade III – Silte argiloso a argila siltosa Esta unidade é constituída por silte argiloso, sendo que na parte basal ocorre argila siltosa (Figura 24), ambas litologias de coloração cinza-esverdeada a cinza-escura. Localmente, também pode ocorrer silte areno-argiloso. A distribuição granulométrica desta unidade é representada na Figura 25 e na Tabela 8. Os sedimentos desta unidade são característicos de planície de inundação, com textura pelítica e abundância de matéria orgânica e detritos vegetais. Esta unidade está presente em toda a área de estudo, no entanto, o topo encontra- se mais raso (3,0 m) na região central e N-NW, e mais profundo (8,0 m) a S-SW e S-SE da área. Figura 24. Detalhe da argila Unidade III. � � � � Figura 25. Curvas granulométricas representativas da Unidade III. �� � � � Tabela 8. Valores de granulometria da Unidade III. Identificação Profundidade Pedregulho Grosso Pedregulho Fino Areia Grossa Areia Média Areia Fina Silte Argila Classificação (m) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) PM-32 4,0 0,0 0,0 0,5 1,5 5,5 58,0 34,5 Silte argiloso PZ-05 7,0 0,0 0,0 0,2 0,3 0,6 43,9 55,0 Argila siltosa PZ-06 11,0 0,0 0,0 0,1 0,9 8,0 35,5 55,5 Argila siltosa PZ-02 5,0 0,0 1,9 3,4 1,7 8,0 60,0 25,0 Silte argiloso PZ-02 8,0 0,0 0,0 2,1 3,9 9,0 37,0 48,0 Argila siltosa PZ-03 12,0 0,0 0,0 5,3 2,7 6,4 29,6 56,0 Argila siltosa 7.5.4. Condutividade hidráulica Os ensaios hidrogeológicos, tipo slug test, realizados na área de estudo foram utilizados para determinar a condutividade hidráulica da zona saturada, onde o intervalo testado é correspondente ao da seção filtrante do poço de monitoramento ou piezômetro ensaiado. Em função da heterogeneidade dos estratos sedimentares da área, os ensaios executados acabaram, por vezes, refletindo o comportamento hidráulico de uma ou mais unidades hidrogeológicas, conforme pode ser observado na Tabela 9. A condutividade hidráulica para as Unidades I e II, em conjunto ou isoladamente, varia de 10-5 cm/s a 10-3 cm/s. A caracterização da condutividade hidráulica da Unidade III apresenta valores da ordem de 10-5 cm/s a 10-6 cm/s. ��� � � � Tabela 9. Resultados dos ensaios slug tests realizados nos poços de monitoramento. Poço Condutividade Hidráulica (cm/s) Unidade Poço Condutividade Hidráulica (cm/s) Unidade PM-02 1,50x10-3 I, II e III PM-38 5,6x610-5 I e III PM-03 1,57 x10-3 I e III PM-40 7,02x10-5 I e III PM-04 3,50x10-5 I e III PZ-01B 1,40x10-5 III PM-20 1,40x10-4 I PZ-02A 4,95x10-5 I e II PM-22 1,73 x10-3 I e II PZ-03A 4,79x10-5 I e II PM-23 1,35x10-4 I e II PZ-03B 4,14x10-5 II PM-24 3,2x10-4 I e II PZ-04A 5,30x10-5 I e II PM-25 6,00x10-5 II e III PZ-05A 4,45x10-5 I e II PM-26 2,05x10-4 I e II PZ-05B 2,63x10-5 III PM-27 1,25 x10-3 I e II PZ-06A 1,44x10-5 I e II PM-28 2,05 x10-3 I e II PZ-06B 2,83x10-5 III PM-29 1,60 x10-3 I e II PZ-07A 4,34x10-5 I e II PM-30 4,15x10-4 I e III PZ-07B 9,15x10-5 II PM-31 7,00x10-5 I e III PZ-07C 2,63Ex10-6 II e III PM-32 1,46x10-4 I e III PM-34 8,03x10-5 I e III PM-35 1,37x10-4 I e II ��� � � � 7.5.5. Potenciometria e pluviometria A superfície potenciométrica de uma unidade aquífera mostra as principais direções que o fluxo da água subterrânea toma em seu percurso, desde as zonas de recarga até as de descarga. Evidentemente, esta situação pode se tornar bastante complexa devido às heterogeneidades geológicas do meio constituinte do aqüífero e às variações sazonais do nível d’água. Neste contexto, a avaliação do quadro hidrodinâmico apresentado para a área de estudo deve considerar sua marcante heterogeneidade litológica, apesar de sua pequena extensão. A partir das leituras das profundidades dos níveis d’água nos poços de monitoramento, nos dias 05 de agosto e 01 de dezembro de 2009, foram elaborados os mapas potenciométricos, por meio do cálculo da carga hidráulica (Tabela 10), e apresentado o comportamento hidráulico predominante entre as unidades hidroestratigráficas que ocorrem na área, para os dois diferentes períodos sazonais (Figura 26), quando os sistemas de remediação SVE e AS encontravam-se em operação. Para a elaboração dos mapas potenciométricos foram consideradas as leituras efetuadas nos poços de monitoramento onde o nível d’água estava no intervalo correspondente à seção filtrante, tendo sido descartados os piezômetros multiníveis, que apresentam seção filtrante somente na zona saturada, e aqueles poços que apresentam nível d’água abaixo do topo da seção filtrante. Comparando-se as superfícies regional e local, verifica-se concordância das principais direções de fluxo, condicionadas pela presença do rio Cubatão, a sul da área, considerada a feição regional de descarga das águas subterrâneas (ALBERTO, 2010). As inflexões verificadas e os diferentes gradientes observados entre os mapas elaborados podem ser explicados pelas diferentes condutividades hidráulicas das litologias, função da heterogeneidade litológica da área, bem como pelo fato de vários poços apresentarem seções filtrantes em duas unidades. ��� � � � Tabela 10. Resultados dos monitoramentos de nível d’água e de cálculo da carga hidráulica. Poço Cota (m) Data do monitoramento 05/08/2009 01/12/2009 Nível d'água (m) Carga hidráulica (m) Nível d'água (m) Carga hidráulica (m) PM-02 2,339 0,96 1,38 0,99 1,35 PM-03 2,393 1,15 1,24 1,17 1,22 PM-04 1,904 1,34 0,56 1,58 0,32 PM-15 2,835 1,17 1,67 1,00 1,84 PM-19 2,614 0,77 1,85 0,43 2,19 PM-20 2,094 1,18 0,91 0,92 1,17 PM-21 2,349 1,34 1,01 1,43 0,92 PM-22 1,937 1,57 0,37 1,79 0,15 PM-23 1,989 1,21 0,77 1,33 0,65 PM-24 2,006 nm nm 1,24 0,77 PM-25 2,037 1,20 0,84 1,18 0,86 PM-26 2,249 1,00 1,25 1,00 1,25 PM-27 2,226 1,30 0,93 1,31 0,92 PM-28 2,343 1,25 1,09 1,23 1,11 PM-29 2,31 1,02 1,30 0,98 1,34 PM-30 1,99 1,35 0,65 1,65 0,35 PM-31 2,13 0,84 1,29 0,75 1,38 PM-34 2,18 0,66 1,52 0,81 1,37 PM-35 1,91 1,42 0,49 1,73 0,18 PM-38 2,60 0,87 1,73 0,95 1,65 PM-40 2,11 1,04 1,07 1,34 0,77 PZ-01A 2,05 1,07 0,98 1,18 0,87 PZ-02A 2,24 0,93 1,31 1,11 1,13 PZ-03A 2,11 1,07 1,04 1,14 0,97 PZ-04A 2,06 nm nm 1,96 0,10 PZ-05A 2,18 0,82 1,36 0,80 1,38 PZ-06A 2,55 1,20 1,35 0,84 1,71 PZ-07A 2,02 1,13 0,89 1,34 0,68 nm = não monitorado � � � � � A Figura 27 e a Tabela 11 apresentam os resultados da variação pluviométrica mensal entre os anos de 2007 e 2010, com base nos registros obtidos nos bancos de dados oficiais do órgão fiscalizador dos recursos hídricos do Estado de São Paulo (DAEE/SP – Departamento de Águas e Energia Elétrica), referente à estação pluviométrica Humaitá/E3-228 (São Vicente-SP). Salienta-se que não ocorrem registros pluviométricos para março de 2009 e dezembro de 2010. Pode-se verificar que as maiores precipitações ocorrem nos meses de janeiro, e as menores entre junho e agosto. Também, na Figura 27 está representada a variação média mensal do nível d’água nos poços de monitoramento da área de estudo durante a operação do sistema de remediação e pós-remediação (maio/2010). Verifica-se que o nível d’água estava mais profundo no mês de maio/2009 devido à diminuição da recarga do aquífero, evidenciada pela diminuição na precipitação mensal, e em fevereiro e outubro de 2009 apresenta nível mais raso. A Tabela 12 apresenta os valores de medições do nível d’água no período de investigação, remediação e pós remediação na área de estudo. � � � � � F ig u ra 2 7. G rá fic o de p re ci pi ta çã o m en sa l v er su s va ria çã o m éd ia d o ní ve l d ’á gu a no s po ço s de m on ito ra m en to . ��� � � � Tabela 11. Precipitação total mensal (mm) na região de Cubatão-SP. Ano Mês Precipitação (mm) Total anual (mm) Ano Mês Precipitação (mm) Total anual (mm) 20 07 Janeiro 179,0 1552,00 20 09 Janeiro 476,0 2155,50 Fevereiro 138,0 Fevereiro 242,0 Março 185,0 Março --- Abril 254,0 Abril 81,3 Maio 122,0 Maio 236,0 Junho 55 1 Junho 104,2 Julho 71,0 Julho 248,0 Agosto 30,0 Agosto 59,6 Setembro 15,0 Setembro 185,5 Outubro 132,0 Outubro 243,2 Novembro 163,0 Novembro 117,7 Dezembro 263,0 Dezembro 162,0 20 08 Janeiro 308,0 2052,00 20 10 Janeiro 492,80 2300,20 Fevereiro 188,0 Fevereiro 230,40 Março 179,0 Março 263,00 Abril 288,0 Abril 367,90 Maio 91,0 Maio 110,90 Junho 91,0 Junho 76,90 Julho 2,0 Julho 224,80 Agosto 216,0 Agosto 92,10 Setembro 148,0 Setembro 161,10 Outubro 216,0 Outubro 116,10 Novembro 196,0 Novembro 164,20 Dezembro 129,0 Dezembro --- --- sem informação T ab el a 12 . M ed iç ão d e ní ve l d ’á gu a (m ) no s po ço s de m on ito ra m en to . P er ío d o d e in ve st ig aç ão M o n it o ra m en to p ó s re m ed ia çã o S et em b ro O u tu b ro N o ve m b ro D ez em b ro Ja n ei ro F ev er ei ro M ar ço A b ri l M ai o Ju n h o Ju lh o A g o st o S et em b ro O u tu b ro N o ve m b ro D ez em b ro M ai o 13 /9 /2 00 6 31 /1 0/ 08 28 /1 1/ 08 30 /1 2/ 08 30 /1 /0 9 27 /2 /0 9 31 /3 /0 9 30 /4 /0 9 27 /5 /0 9 29 /6 /0 9 22 /7 /0 9 20 /8 /0 9 24 /9 /0 9 30 /1 0/ 09 27 /1 1/ 09 18 /1 2/ 09 28 /5 /1 0 P M -0 2 1, 59 1, 00 1, 26 1, 14 0, 99 0, 92 1, 24 1, 20 1, 55 1, 30 1, 21 1, 10 0, 90 0, 72 1, 15 0, 90 1, 27 P M -0 3 1, 59 1, 08 1, 26 1, 25 1, 14 1, 07 1, 32 1, 30 1, 54 1, 32 1, 29 1, 22 1, 09 0, 94 1, 25 1, 06 1, 34 P M -0 4 1, 67 1, 40 1, 63 1, 67 1, 42 1, 32 1, 80 1, 76 1, 20 2, 08 1, 89 1, 55 1, 32 0, 96 1, 75 1, 25 1, 53 P M -1 5 2, 30 1, 10 1, 12 1, 10 0, 97 0, 85 1, 47 1, 29 2, 18 1, 39 1, 40 1, 46 1, 05 0, 70 1, 26 1, 13 1, 57 P M -1 9 1, 83 0, 70 1, 17 0, 84 0, 46 0, 44 1, 02 1, 00 2, 08 0, 90 0, 55 0, 84 0, 46 0, 43 0, 54 0, 42 0, 55 P M -2 0 1, 96 1, 15 1, 43 1, 51 1, 15 1, 16 1, 50 1, 48 1, 80 1, 70 1, 44 1, 31 1, 13 0, 85 1, 42 1, 10 1, 47 P M -2 1 1, 90 1, 16 1, 44 1, 48 1, 31 1, 32 1, 59 1, 57 2, 05 1, 71 1, 55 1, 54 1, 26 0, 92 1, 55 1, 22 1, 53 P M -2 2 1, 75 1, 43 1, 85 1, 88 1, 56 1, 60 1, 90 1, 90 nm 2, 28 2, 08 1, 81 1, 49 1, 00 1, 95 1, 40 1, 67 P M -2 3 2, 53 1, 12 1, 53 1, 64 1, 33 1, 32 1, 78 1, 75 2, 23 2, 02 1, 85 1, 80 1, 09 1, 06 1, 75 1, 17 1, 53 P M -2 4 2, 37 1, 38 1, 67 1, 70 1, 32 1, 20 1, 77 1, 70 2, 25 2, 10 1, 84 1, 66 1, 30 1, 24 1, 75 1, 33 1, 61 P M -2 5 2, 37 1, 07 1, 40 1, 46 1, 11 1, 00 1, 53 1, 56 2, 00 1, 78 1, 60 1, 46 0, 95 0, 86 1, 48 1, 03 1, 42 P M -2 6 2, 11 0, 99 1, 20 1, 18 0, 95 0, 82 1, 34 1, 30 1, 66 1, 48 1, 33 1, 20 0, 83 0, 63 1, 20 0, 91 1, 25 P M -2 7 1, 79 1, 16 1, 40 1, 42 1, 29 1, 13 1, 48 1, 50 1, 70 1, 55 1, 45 1, 38 1, 27 1, 09 1, 43 1, 22 1, 37 P M -2 8 1, 95 1, 12 1, 31 1, 35 1, 19 0, 99 1, 37 1, 31 1, 56 2, 28 1, 38 1, 25 1, 19 1, 09 1, 32 1, 15 1, 38 P M -2 9 1, 76 0, 90 1, 15 1, 16 1, 00 0, 87 1, 30 1, 24 1, 53 2, 02 1, 22 1, 15 0, 91 0, 61 1, 17 1, 00 1, 24 P M -3 0 1, 67 1, 61 1, 69 1, 72 1, 44 1, 48 1, 84 1, 81 2, 28 2, 10 1, 90 1, 64 1, 33 0, 92 1, 81 1, 28 1, 70 P M -3 1 2, 41 0, 80 1, 22 1, 08 0, 59 0, 50 1, 54 1, 30 1, 99 1, 78 1, 54 1, 25 0, 39 0, 33 1, 45 0, 80 1, 20 P M -3 4 1, 19 0, 73 0, 88 0, 87 1, 10 0, 70 1, 01 0, 95 1, 29 1, 55 0, 93 0, 76 0, 68 0, 44 0, 88 0, 89 0, 90 P M -3 5 1, 38 1, 41 1, 75 nm 1, 12 1, 57 1, 90 1, 96 2, 35 1, 50 1, 99 1, 70 1, 40 0, 90 1, 86 0, 90 1, 77 P M -3 8 2, 43 0, 78 0, 98 0, 99 0, 74 0, 60 1, 11 1, 16 1, 42 1, 38 1, 08 0, 77 0, 80 0, 32 1, 04 1, 00 1, 05 P M -4 0 1, 28 1, 05 1, 32 1, 44 1, 32 1, 43 1, 46 1, 49 1, 92 2, 22 1, 60 1, 31 1, 03 0, 70 1, 46 0, 95 1, 22 P Z -0 1A 2, 05 1, 02 1, 26 1, 26 1, 12 0, 99 1, 25 1, 44 1, 84 1, 86 1, 42 1, 24 1, 05 1, 80 1, 35 1, 00 nm P Z -0 1B 1, 99 0, 91 0, 84 0, 88 0, 85 0, 78 0, 78 1, 00 1, 93 1, 20 2, 09 0, 82 0, 82 1, 51 1, 79 0, 78 nm P Z -0 2A 1, 93 0, 73 1, 14 1, 17 0, 84 0, 98 1, 26 1, 26 1, 58 1, 16 1, 23 1, 22 0, 94 0, 92 1, 19 0, 89 1, 34 P Z -0 2B 1, 72 2, 12 2, 07 2, 31 1, 44 2, 10 2, 02 1, 24 3, 54 2, 22 3, 52 1, 00 2, 71 1, 13 1, 32 0, 90 1, 40 P Z -0 3A 2, 00 1, 02 1, 26 1, 30 1, 11 1, 03 1, 33 1, 39 1, 76 1, 27 1, 41 1, 24 1, 04 0, 85 2, 00 1, 00 1, 36 P Z -0 3B 1, 91 1, 58 1, 81 1, 95 3, 54 1, 80 1, 94 2, 96 2, 24 1, 81 2, 02 3, 77 1, 17 1, 52 1, 96 1, 61 1, 81 P Z -0 3C 2, 45 1, 70 2, 51 2, 57 1, 81 2, 61 2, 47 2, 94 3, 45 1, 60 3, 72 2, 04 1, 90 3, 32 2, 04 3, 50 nm P Z -0 4A 2, 48 1, 53 1, 88 2, 02 1, 73 1, 84 2, 04 1, 97 2, 54 1, 13 2, 08 0, 79 1, 76 1, 56 1, 13 1, 65 1, 64 P Z -0 5A 2, 02 0, 80 1, 10 1, 11 0, 86 0, 71 1, 28 1, 14 1, 65 1, 48 1, 27 1, 12 0, 70 0, 67 0, 88 0, 74 1, 00 P Z -0 5B 1, 77 0, 69 1, 81 0, 85 0, 80 0, 73 0, 76 0, 82 0, 96 1, 14 0, 95 nm 0, 83 0, 50 0, 88 0, 71 0, 79 P Z -0 6A 1, 36 0, 81 1, 05 0, 88 0, 72 0, 75 1, 02 0, 83 1, 39 2, 12 0, 84 0, 90 0, 68 0, 50 0, 88 0, 70 nm P Z -0 6B 1, 40 0, 98 1, 15 0, 77 0, 75 0, 71 1, 67 1, 61 0, 76 0, 72 1, 57 0, 76 0, 70 0, 98 0, 72 0, 61 0, 80 P Z -0 7A 1, 26 1, 13 1, 42 1, 50 1, 11 1, 12 1, 58 1, 60 1, 99 1, 82 1, 63 1, 45 1, 11 0, 92 1, 53 1, 03 1, 45 P Z -0 7B 2, 11 2, 31 3, 82 2, 73 2, 52 2, 51 2, 59 2, 63 2, 88 2, 72 2, 68 2, 51 2, 88 2, 25 2, 70 2, 31 nm P Z -0 7C 2, 93 4, 00 2, 62 3, 75 4, 10 3, 66 3, 12 3, 18 4, 85 3, 20 4, 40 4, 57 2, 47 4, 49 4, 96 4, 74 nm M éd ia / M ês 1, 92 1, 24 1, 51 1, 48 1, 30 1, 24 1, 57 1, 57 2, 00 1, 72 1, 72 1, 47 1, 18 1, 10 1, 52 1, 23 1, 34 nm - n ão m on ito ra do P o ço s R em ed ia çã o S V E R em ed ia çã o A S /S V E � � � � � 8. IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE REMEDIAÇÃO SVE/AS A implantação do sistema de remediação com as técnicas SVE e AS de forma integrada, teve como objetivo a remoção de benzeno em fase dissolvida, com início em abril de 2008, que contemplou: • instalação de 07 poços de extração (PEV-01 a PEV-07); • instalação de 02 poços de injeção de ar (PAS-01 e PAS-02); • interligação dos poços (PEV e PAS) por meio de tubulações subterrâneas; e • impermeabilização da área de atuação do sistema de remediação. Após a construção dos poços, procedeu-se a instalação das tubulações subterrâneas para interligação dos poços de extração e de injeção ao sistema SVE/AS, as quais foram construídas com tubos e conexões de PVC marrom classe 10. ��� � � � Os equipamentos e painel elétrico do sistema SVE/AS foram acondicionados em um container metálico. Após a instalação foi realizado o comissionamento do sistema, para averiguação das condições de todos os equipamentos e instrumentos. Todos os ajustes foram efetuados neste teste, validando o funcionamento no início da operação. Ainda, foram realizadas campanhas de manutenção preventiva com periodicidade quinzenal e verificação por meio do CLP - Controlador Lógico Programável, com periodicidade semanal durante a operação do sistema. 8.1. Instalação dos poços de extração e injeção As sondagens realizadas para a instalação dos poços de injeção e extração foram executadas com equipamento tipo trado manual, que é constituído por um trado tipo concha metálica dupla, acionada por hastes rosqueáveis e cruzetas. Os poços foram construídos com tubo geomecânico do tipo nervurado, sendo que o filtro possui ranhuras transversais de 0,50 mm de espessura para a passagem de ar (injeção ou extração). O espaço anelar entre o furo da sondagem e a parede externa do tubo de revestimento/filtro foi preenchido com pré-filtro, constituído por grãos de areia de granulometria variando de 1,0 a 2,0 mm. Acima do pré-filtro, foi inserida bentonita e, acima desta, calda de cimento contemplando o espaço anelar até a superfície. Os poços de extração de vapores e de injeção de ar têm como acabamento superior caixas em alvenaria construídas com manilhas e tampas reforçadas para tráfego pesado. O objetivo principal desta é abrigar e proteger o poço, bem como as conexões e mangueiras utilizadas na montagem da cabeça do poço que são interligadas ao sistema SVE/AS. ��� � � � A Tabela 13 apresenta as características construtivas dos poços e a Figura 28 mostra, esquematicamente, os perfis construtivos dos poços de extração e injeção. O critério de localização dos poços de extração e injeção foi estabelecido através dos raios de influência obtidos a partir dos resultados dos ensaios-piloto descritos nos itens a seguir. Tabela 13. Características construtivas dos poços de extração (PEV) e injeção (PAS). POÇO Sondagem Construção dos poços Profundidade de perfuração (m) Diâmetro da perfuração (polegada) Profundidade de instalação (m) Diâmetro de instalação (polegada) Profundidade da seção filtrante (m) P o ço s d e ex tr aç ão PEV-01 1,6 6 1,3 4 0,30 - 1,30 PEV-02 1,5 6 1,3 4 0,30 - 1,30 PEV-03 1,3 6 1,2 4 0,20 - 1,20 PEV-04 1,3 6 1,2 4 0,20 - 1,20 PEV-05 1,2 6 1,1 4 0,20 - 1,20 PEV-06 1,3 6 1,2 4 0,20 - 1,20 PEV-07 1,2 6 1,2 4 0,20 - 1,20 P o ço s d e in je çã o PAS-01 3,8 4 3,7 2 3,2- 3,7 PAS-02 3,8 4 3,7 2 3,2- 3,7 8.2. Equipamento e instrumentos utilizados na remediação pelas técnicas SVE/AS 8.2.1. Equipamentos referentes a parte instrumental do sistema de remediação SVE/AS Bomba de vácuo Para a geração de vácuo nos poços de extração, pode-se utilizar tanto uma bomba de vácuo quanto um compressor radial. A diferença entre eles é que a bomba de vácuo gera maiores pressões de vácuo, trabalhando com vazões menores de ar, enquanto que o compressor radial gera pressões de vácuo menores e maiores vazões de ar. ��� � � � Figura 28. Perfis esquemáticos dos poços de extração (PEV) e injeção (PAS). Para o sistema de remediação SVE implementado na área de estudo foi utilizada a bomba de vácuo SAH-155, que contém canal lateral de duplo estágio. Compressor para injeção de ar Consiste de um equipamento onde um motor elétrico trabalha movimentando um conjunto de pistões, que por sua vez impulsionam o ar atmosférico para o interior do cilindro. O ar injetado forçado neste cilindro, e tendo o seu volume reduzido, gera uma pressão positiva no interior do cilindro, até atingir uma pressão pré- estabelecida. Para o sistema de remediação instalado na área de estudo, utilizou-se o compressor de palhetas a seco PICO DLT 25. ��� � � � Tanque de vácuo Consiste em um tanque normalmente constituído de algum material de alta resistência, por exemplo, aço inox ou fibra de vidro, capaz de resistir às pressões de vácuo, a serem aplicadas no sistema. Ele possui uma saída lateral conectada a uma bomba de vácuo (ou compressor radial), a qual gera uma pressão negativa no interior do mesmo. Este vácuo é então transferido para o sistema através de uma entrada superior, conectada diretamente ao poço de extração. Por esta entrada, a fase líquida (água subterrânea mais fase livre, se houver) mais os gases provenientes do meio entram no tanque. Os gases são então succionados através da saída lateral passando pelo interior do equipamento gerador de vácuo. A fase líquida é extraída por uma segunda saída do tanque, localizada na parte inferior do mesmo, pela bomba de tran