UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
EFEITO DE DIFERENTES FONTES DE COBRE E ZINCO
SOBRE O DESEMPENHO, SAÚDE, QUALIDADE DE CARNE
E ÓSSEA DE FRANGOS DE CORTE
CASSIO YUTTO OURA
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Zootecnia como
parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Mestre.
Botucatu – SP
Dezembro – 2020
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
EFEITO DE DIFERENTES FONTES DE COBRE E ZINCO
SOBRE O DESEMPENHO, SAÚDE, QUALIDADE DE CARNE
E ÓSSEA DE FRANGOS DE CORTE
CASSIO YUTTO OURA
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Sartori
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Zootecnia como
parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Mestre.
Botucatu – SP
Dezembro – 2020
Palavras-chave: Avicultura; Hidroxicloretos;
Hidroximinerais; Microminerais.
Oura, Cassio Yutto.
Efeito de diferentes fontes de cobre e zinco sobre o
desempenho, saúde, qualidade de carne e óssea de frangos
de corte / Cassio Yutto Oura. - Botucatu, 2020
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia
Orientador: José Roberto Sartori
Capes: 50403001
1. Aves domésticas. 2. Frango de corte. 3. Carne -
Qualidade. 4. Cobre - Efeito fisiológico. 5. Zinco -
Efeito fisiológico.
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM.
ii
“Mera mudança não é crescimento.
Crescimento é a síntese de mudança e continuidade,
e onde não há continuidade não há crescimento.”
C.S. Lewis
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais,
Mary Akemi Doi Oura e Francisco Mistuo Oura
Por todo apoio e confiança depositados, incentivando-me a ser melhor e ir além.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Roberto Sartori pela oportunidade de orientação,
conhecimentos repassados e pela amizade gerada durante o tempo no qual trabalhamos
juntos.
Ao meu orientador da graduação, Prof. Dr. Carlo Rossi Del Carratore, por todo
conhecimento, incentivo e amizade.
Aos amigos e membros da equipe de trabalho: Priscila G.M Urayama, Tatiane S. dos
Santos, Jéssica M. Cruvinel, Fernanda K.L. Krenchinski, Julianna S. Batistioli, Robert
G. A. Cardoso, Connie Gallardo Vela, Érica S. Mello e todos os membros LABAVES a
qual tive o privilégio temporário de conhecer. Agradeço imensamente por todo
companheirismo e amizade, por sempre disporem a me ajudar.
A todos os meus familiares e amigos, em especial minha namorada Bruna Lindolfo da
Silva, pelo companheirismo e partilha nessa jornada que traçamos juntos, com amor e
carinho.
A todos, os meus mais sinceros agradecimentos.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia – UNESP/Botucatu, pela oportunidade e suporte para a obtenção do título de
mestre.
A empresa Trouw Nutrition pela parceria e financiamento do projeto.
Aos professores do programa de pós-graduação José Roberto Sartori, Margarida Maria
Barros, Antônio Celso Pezzato, Luíz Edivaldo Pezzato, Ricardo de Oliveira Orsi, Pedro
Magalhães Padilha e Carlos Roberto Padovani pelo conhecimento passado e auxilio
durante meu mestrado.
Aos professores e funcionários do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da
FMVZ/UNESP/Botucatu pelo acolhimento e ajuda oferecida.
Ao professor Dr. Pedro de Magalhães Padilha e ao pós - doutorando José C. S. Vieira,
pela colaboração neste projeto.
Aos estagiarios Gustavo de Martino Barbosa, Laura Granero, Mariana Poletto, Vitor
Coiado Fittipaldi, por toda colaboração e amizade.
Aos pesquisadores do laboratório de qualidade de carne Evelyn P. Brito, Iasmin M. S. C.
Farias, Caroline T. Santos, por toda a ajuda e amizade.
Aos pesquisadores do laboratório AQUANUTRI – Pedro P. F Carvalho, Igor S. T.
Vicente, William S. Xavier, Matheus G. Guimarães e Edgar J. D. Rodrigues, por toda
ajuda e amizade.
Aos Funcionários da Supervisão de Fazendas de Ensino, Pesquisa e Produção da
FMVZ/UNESP/Botucatu e da Fábrica de Rações pela amizade e serviços prestados.
Aos Funcionários da Seção de Pós-Graduação da FMVZ/UNESP/Botucatu.
Ao grupo LABAVES, meus irmãos de vida, pela união em cada caminhada nesses dois
anos de mestrado.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Muito obrigado!
v
BIOGRAFIA
Cassio Yutto Oura nasceu na cidade de Lucélia, Estado de São Paulo, no dia 25 de março
de 1996. Ingressou na Universidade de Marília (UNIMAR) graduando-se em Medicina
Veterinária em junho de 2018. Em agosto do mesmo ano, ingressou no Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ –
UNESP Botucatu/SP) no curso de Mestrado Acadêmico, área de Nutrição e Produção
Animal, com foco em Nutrição de Frangos de Corte, atuando nos seguintes temas:
nutrição mineral de frangos de corte, nutrição de poedeiras, qualidade de ovos e de carne
de frangos de corte.
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Ingredientes (%) e composição nutricional das dietas basais. ................... 19
TABELA 2. Composição dos tratamentos experimentais. ............................................ 19
TABELA 3. Níveis analisados de Cu e Zn nas dietas experimentais. ........................... 20
TABELA 4. Desempenho de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade. ........................ 26
TABELA 5. Desempenho de frangos de corte de 1 a 35 dias de idade. ........................ 27
TABELA 6. Desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. ........................ 28
Tabela 7. Rendimento de carcaça, rendimento de partes e peso de órgãos de frangos de
corte aos 42 dias de idade. ........................................................................................... 29
TABELA 8. Histomorfometria intestinal de frangos aos 42 dias de idade. ................... 30
TABELA 9. Diferencial de leucócitos em frangos de corte aos 21 e 42 dias de idade... 32
TABELA 10. Qualidade óssea da tíbia de frangos aos 42 dias de idade. ...................... 33
TABELA 11. Resistência de pele antes e após o processo de escaldagem. ................... 34
TABELA 12. Scores de lesões de coxim plantar, jarrete e qualidade de cama de frangos
em diferentes idades. ................................................................................................... 35
TABELA 13. Qualidade de carne de frangos aos 42 dias de idade. .............................. 37
TABELA 14. Concentração de Cu e Zn no fígado de frangos aos 42 dias de idade. ..... 38
TABELA 15. Concentração de Cu e Zn no plasma de frangos aos 21 e 42 dias de idade.
.................................................................................................................................... 39
TABELA 16. Concentração de Cu e Zn na tíbia de frangos de corte aos 42 dias. ......... 41
vii
Sumário
CAPÍTULO I ...............................................................................................................2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................2
1. Introdução ..........................................................................................................2
2. Fontes de suplementação mineral ........................................................................3
3. Cobre: absorção e funções ..................................................................................4
4. Zinco: absorção e funções ...................................................................................6
5. Interação entre os minerais..................................................................................7
6. Justificativa e objetivo ........................................................................................8
7. Referências .........................................................................................................9
CAPÍTULO II ........................................................................................................... 13
Efeito de diferentes fontes de cobre e zinco sobre o desempenho, saúde e deposição
mineral em tecidos de frangos de corte..................................................................... 15
Effect of different sources of copper and zinc on the performance, health and tissues
mineral deposition of broiler chickens ...................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 17
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 18
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 26
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 43
5. IMPLICAÇÕES ............................................................................................ 49
CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2
1. Introdução
A busca pelo aumento da produção de alimentos principalmente aliada a melhorias
em ganhos de produtividade de forma sustentável, é uma realidade do setor agropecuário
mundial, levando-se em conta a estimativa de 9,8 bilhões de habitantes no mundo no ano
de 2050 (FAO, 2017). A avicultura nacional possui grande importância no cenário
mundial, visto que grandes quantidades de grãos são utilizados na alimentação das aves,
o Brasil ocupa hoje a posição de maior exportador e terceiro maior produtor de carne de
frango mundial (ABPA, 2020).
Para atingir tais níveis de produção, a avicultura nacional e mundial tem se
modificado constantemente para se adaptar e atender a maior demanda de alimentos. A
evolução da avicultura industrial gerou mudanças nas composições nutricionais das aves,
principalmente pelo contínuo avanço genético (PETROVIK et al., 2010) e fatores de
criação que desafiam o desenvolvimento e saúde das mesmas (PETEK et al., 2010).
A busca por minerais com maior biodisponibilidade incentivou a pesquisa por
novas fontes que propiciem melhor aporte para atender a expressão genética das linhagens
e causar menor impacto ambiental. Os microminerais possuem grande influência na
manutenção do crescimento e saúde das aves. Como exemplos da atual pesquisa, o cobre
(Cu) possui grande participação no sistema enzimático, sendo essencial para o bom
funcionamento da fisiologia animal (DAVIS; MERTZ, 1987); e o zinco (Zn), é
componente de mais de 200 metaloenzimas (PRASAD, 1984). Além dos sistemas
enzimáticos, estes minerais também estão envolvidos no metabolismo hormonal e
atividade imunológica das aves (DIECK et al., 2003).
De acordo com as mudanças de mercado, diminuição ou proibição ao uso de
antibióticos promotores de crescimento, exige a necessidade de alternativas seguras para
a substituição dos mesmos (OWENS et al., 2008). Isto, juntamente com as características
benéficas dos minerais, faz com que os nutricionistas utilizem valores de microminerais
acima do recomendado para atender as necessidades fisiológicas e melhorar o
desempenho das aves. Porém, as fontes convencionais utilizadas possuem baixa
biodisponibilidade e alta capacidade de interações adversas com nutrientes da dieta,
aumentando assim sua excreção para o ambiente (LEESON, 2008).
Dentre as fontes alternativas estão os minerais orgânicos que têm sido estudados
frente à estas implicações técnicas, apresentando resultados pertinentes, porém com
variações quanto a sua composição e qualidade de seus ligantes, que podem proporcionar
3
interferências na absorção e resposta destes elementos (RUTZ; MURPHY, 2009).
Os hidroxicloretos consistem em nova alternativa de suplementação de minerais-
traços; sendo descobertos em 1990, possuem características de interesse dos
nutricionistas, tais como a alta biodisponibilidade e consequente menor excreção ao
ambiente (AGAPITO; SEYBOTH, 2017). Propriedades estas expressas por sua estrutura
tridimensional cristalina que possui grande estabilidade no trato gastrointestinal,
principalmente pela maior força de ligação química (COHEN; STEWARD, 2012).
Desse modo, os hidroxicloretos consistem em alternativa promissora para a
suplementação de microminerais, em especial Cu e Zn, porém é necessário uma avaliação
mais aprofundada para se determinar a melhor combinação quantitativa entre os minerais
e avaliar os efeitos dos mesmos, frente a um desafio entérico e sua possível ação em altas
doses como melhorador de desempenho.
2. Fontes de suplementação mineral
A suplementação mineral ocorre tradicionalmente através do uso de fontes
inorgânicas, tais como sulfatos, cloretos, carbonatos e óxidos. Estes, são quebrados no
trato digestivo formando os íons livres de alto poder de interação, que podem formar
complexos com nutrientes da dieta, dificultando ou inativando a absorção dos mesmos
(CLOSE; LYONS; JACQUES, 1998). Interações negativas entre minerais e componentes
da dieta sempre foram motivo de preocupação, sendo relatada a complexação entre o
ácido fítico dos alimentos e os minerais traços, tais como o cobre (Cu) e zinco (Zn),
resultando em redução da biodisponibilidade destes elementos para os animais
(AGAPITO; SEYBOTH, 2017).
Os minerais orgânicos possuem maior biodisponibilidade por possuírem fortes
ligações químicas com agentes quelantes, geralmente aminoácidos, que lhes conferem
maior estabilidade e menor interação com nutrientes da dieta (RICHARDS; DIBNER,
2005). Estudos relataram maior biodisponibilidade de Cu e Zn orgânicos quando
comparados às fontes convencionais, proporcionando menor excreção, melhor
desempenho e maiores concentrações destes nos tecidos das aves (DOZIER et al., 2003).
Os hidroxicloretos são sais neutros inertes e insolúveis em água, apresentam
superioridade aos minerais tradicionais (sulfatos) por não promoverem a oxidação de
rações e por conferirem maior estabilidade mineral por suas ligações equivalentes aos
minerais orgânicos, podendo serem empregados em altos níveis, exercendo papel de
4
promotores de crescimento em dietas animais (AGAPITO; SEYBOTH, 2017). Essas
ligações covalentes com o metal são fortes o suficiente para limitar as interações
indesejadas, mas fracas o suficiente para liberar prontamente o metal para os receptores
de membrana do organismo, melhorando sua absorção (COHEN e STEWARD, 2012).
3. Cobre: absorção e funções
A absorção do cobre (Cu) ocorre predominantemente no duodeno das aves,
podendo acontecer no proventrículo. O Cu pode ser absorvido por dois mecanismos
conforme sua concentração: difusão simples (altas concentrações) e transporte ativo
(baixas concentrações) (MASSUQUETTO; MARIORKA; MACARI, 2017).
O transporte do Cu para dentro dos enterócitos pode ocorrer a partir uma ou mais
proteínas transportadoras, à especifica cooper transporter1 (CTR1) e a divalent metal
transporter 1 (DMT-1) cujo o mineral possui menor afinidade, devido sua principal
função ser a absorção do ferro (KIM et al., 2008).
A regulação da absorção do Cu parece ser regulada pela metalotioneina, sugerindo
a existência de um sítio intestinal de interação entre os minerais Cu e Zn
(MASSUQUETTO; MARIORKA; MACARI, 2017).
O Cu é liberado das células intestinais por transporte ativo mediado por ATPases
ou por CTR1 na membrana basolateral, indo para a circulação portal onde é transportado
até o fígado ligado principalmente à albumina e a transcuprina (NEDERBRAGT et al.,
1984). No hepatócito o mineral é transportado para o aparelho de Golgi onde é
incorporado a ceruloplasmina (ROSA; MATTIOLI, 2002).
A ceruloplasmina é responsável por carrear o Cu no sistema circulatório e sua
composição baseia-se em uma globulina capaz de ligar até seis moléculas de Cu; esta
contém cerca de 90% deste mineral presente no sistema circulatório animal
(UNDERWOOD; SUTTLE, 1999). Sendo essa uma proteína de fase aguda que protege
as células contra lesões induzidas pelo estresse oxidativo (ACETOZE et al., 2016).
O Cu é considerado um mineral essencial para o metabolismo adequado do ferro
e a hematopoiese (MCDOWELL, 2003), o crescimento e maturação óssea, dentre outras
funções fisiológicas importantes (POND et al., 1995), atuando na produção de melanina
e queratina, no sistema imune e na redução da gravidade dos processos inflamatórios
(OGNIK et al., 2017).
Sendo considerado um antioxidante, o Cu está envolvido na atividade do ferro e
5
da superóxido dismutase (SOD), enzima dependente de Cu e Zn (UNDERWOOD;
SUTTLE, 1999) e exerce papel nas cobre-toxinas intracelulares, enzimas da defesa
antioxidante (MCDOWELL, 2003).
O Cu também desempenha papel fundamental na enzima lisil-oxidase (LO),
sendo essa uma amina oxidase cobre dependente. A LO atua na formação de matrizes
de tecido conjuntivo, por ligações cruzadas de colágeno e elastina (SMITH-MUNGO;
KAGAN, 1998). A resistência da pele é altamente correlacionada com o colágeno
presente em sua composição, sendo o Cu um nutriente que pode influenciar a
suscetibilidade de lesões do órgão, visto que, deficiências deste mineral acarretaram em
menores concentrações de colágeno (LEESON; SUMMERS, 2005).
O Cu é cofator da enzima citocromo-C oxidase (SUTTLE, 2010; YANG et al.,
2017), uma enzima importante no processo respiratório celular, responsável por gerar
energia a todos os tecidos animais pela transferência de elétrons (SUTTLE, 2010).
O requerimento segundo NRC (1994) de Cu para frangos de corte é de 8 ppm. Já
Rostagno et al. (2017) citaram concentrações que variam de 11,68 a 6,08 pmm de acordo
com as fases de criação. Na cadeia de produção avícola, 125 a 250 ppm de Cu de sulfato
penta-hidrato são normalmente utilizados como promotores de crescimento (PESTI;
BAKALLI, 1996).
O Cu foi tradicionalmente empregado como antimicrobiano promotor de
crescimento por anos (ALDINGER, 1967). Dentre os mecanismos que explicam o efeito
antimicrobiano do Cu, foi proposto que os íons liberados pelo mineral induzem danos às
membranas bacterianas gerando a perda do potencial de membrana e do conteúdo
citoplasmático (PARRA et al., 2018), de modo a ocorrer o influxo de íons de Cu no
interior da célula com posterior dano oxidativo aos constituintes celulares e degradação
do DNA (LUO et al., 2017).
Visto as funções do Cu e seus mecanismos de ação, atualmente o mineral se tornou
alternativa interessante aos antibióticos promotores de crescimento (APC). Kim et al.
(2011) encontraram resultados promissores, uma vez que suplementaram 100 ppm de Cu
orgânico e obtiveram melhorias de desempenho equivalentes a suplementação de
Avilamicina, destacando o Cu como possível substituto aos APC e relatando a melhoria
na qualidade microbiológica do trato de frangos suplementados com o mineral. Outros
autores ainda concluíram que frangos suplementados com hidroxicloreto de Cu e Zn
obtiveram maior desempenho e designaram o resultado encontrado à possível maior
biodisponibilidade da fonte (MILES et al., 1998; BATAL et al., 2001). Do mesmo modo,
6
a suplementação de Cu ao nível de 125 ppm, proporcionou melhor desempenho e CA das
aves (BAKER et al., 1991; PAIK, 2001).
Porém, há relatos de que altas dosagens de Cu acima de 250 ppm na dieta,
geralmente deprimem o desempenho das aves (JENSEN; MAURICE, 1979;
CHRISTMAS; HARMS, 1984; ZHAO et al., 2016), podendo provocar lesões de moela
(FISHER et al. 1973), efeitos que são tradicionalmente atribuídos a toxicidade do mineral
(LEDOUX et al., 1986). Altas inclusões de Cu também podem interferir na fermentação
normal do ceco das aves (JENSEN; MAURICE, 1979).
4. Zinco: absorção e funções
O processo de absorção do zinco (Zn) ocorre predominantemente no intestino
delgado, sendo sua transferência para as células da mucosa auxiliada pela metalotioneína,
proteína produzida no fígado com síntese influenciada por níveis dietéticos e plasmáticos
do mineral (MCDOWELL, 1992).
As dietas vegetais possuem alta quantidade de fitato e este possui efeito inibitório
sobre o metabolismo do Zn em frangos de corte (BAFUNDO et al., 1984). Esta inibição
é comumente observada em dietas que utilizam minerais com fracas ligações, pela
exacerbada formação de quelatos com o fitato. Após absorção o Zn é depositado
principalmente nos tecidos muscular e ósseo, sendo armazenado e liberado em possíveis
situações de deficiência do mineral (UNDERWOOD; SUTTLE, 1999).
Liao et al. (2013), relataram que as concentrações de Zn no osso da tíbia,
consistem em um sensível indicador para a exigência do mineral em frangos de corte. O
fígado compõe-se como principal órgão do metabolismo de nutrientes, sendo que a
deposição de Zn no fígado aumenta concomitantemente com o aumento do mineral na
dieta (MIN et al., 2019).
O Zn é considerado um oligoelemento essencial para aves, sendo cofator de mais
de 200 metaloenzimas (PRASAD, 1984). O mineral faz parte da síntese de proteínas, do
metabolismo de carboidratos, do metabolismo energético e de outras reações
bioquímicas. Atua na síntese de DNA e RNA, crescimento e reparo de tecidos,
mineralização óssea e coagulação sanguínea (SALIM et al., 2008). Sendo considerado
importante na recuperação de danos causados por doenças entéricas (MACDONALD,
2000).
Este mineral também participa como cofator constituinte das enzimas superóxido-
7
dismutase (SOD) e anidrase carbônica (AC), sendo a última encontrada na mucosa
intestinal, eritrócitos, túbulos renais e epitélio glandular (SILVA; PASQUAL, 2014). Min
et al. (2019) concluíram que o aumento de Zn melhorou a atividade da AC, promovendo
maior deposição de carbonato de cálcio e consequente, melhor qualidade da tíbia.
De acordo com Iqbal et al. (2002), ocorreu a superprodução de peróxido de
hidrogênio em pulmões de frangos de corte acometidos com hipertensão pulmonar, com
consequente maior atividade da glutationa peroxidase. Indicando a maior necessidade da
enzima SOD, responsável por converter radicais de oxigênio em peróxido de hidrogênio,
molécula menos tóxica ao organismo, que é posteriormente convertida em água pela ação
da glutationa peroxidase (RICHARDS et al., 2010).
O colágeno e a queratina são proteínas estruturais fundamentais, sendo o Zn
essencial para a síntese das mesmas (UNDERWOOD; SUTTLE, 1999). A deficiência
deste mineral reflete em diminuição da síntese de colágeno e queratina, que pode
ocasionar baixa resistência tecidual, dermatites e anormalidades ósseas (LEESON;
SUMMERS, 2001).
O Zn possui funções importantes na atuação do sistema imunológico e sua
deficiência pode ocasionar a redução da função de células T, menores títulos de
anticorpos e consequente diminuição da função imunológica dos animais (RICHARDS
et al., 2010).
A exigência de Zn de frangos segundo o National Research Council é acima de
40 ppm para dietas compostas de milho e farelo de soja (NRC, 1994). Rostagno et al.
(2017) citaram exigências que variam de 76,15 a 39,67 ppm de acordo com as fases de
criações.
5. Interação entre os minerais
O estudo dos minerais em animais possui grande complexidade, visto que os
mesmos possuem inúmeras interações, podendo estas serem sinérgicas ou antagônicas
(Georgievskii, 1982). Vários fatores podem influenciar a absorção dos minerais no
sistema gastrointestinal, podendo esta ser interferida pela reação dos minerais com
compostos da dieta ou pela competição de sitios de absorção gerando interações
antagonicas entre os mesmos (HERRICK, 1993). Sabe-se da interação e possível
antagonismo entre os microminerais bivalentes cobre (Cu) e zinco (Zn)
(MASSUQUETTO; MARIORKA; MACARI, 2017). De forma que, minerais quais
8
possuem caracteristicas semelhantes além de interagirem no lumen intestinal podem
possuir interações dentro das celulas na absorção ou transporte aos tecidos (COZZOLINO
et al., 1997). Logo na absorção podemos observar que o Cu e o Zn compartilham os
mesmos transportadores de membrana DMSB+APC e CTR1, sendo a absorção destes
regulada pela metalotioneína (MASSUQUETTO; MARIORKA; MACARI, 2017). Já no
sistema antioxidante, o Cu e o Zn atuam em conjunto na enzima superóxido dismutase,
onde o Cu facilita a dismutação do radical livre superóxido e o Zn estabiliza a molécula
(Suttle, 2010).
6. Justificativa e objetivo
A avicultura industrial passa por mudanças constantes, sendo os nutricionistas
responsáveis por modular a dieta para que os animais possam expressar o seu potencial
genético, frente aos desafios de produção. Sabe-se da ocorrência da suplementação de
microminerais em níveis acima do recomendado, principalmente em forma de sulfato.
Porém, essa estratégia acaba onerando os custos de produção e estes minerais são
lixiviados ao solo junto às fezes, devido à baixa biodisponibilidade da fonte tradicional.
Além da poluição ambiental ocasionada por altos níveis de excreção, estes microminerais
são provenientes de fontes finitas e por isso há a necessidade do estudo de fontes
alternativas. Os hidroximinerais constituem-se em nova fonte inorgânica de
suplementação de minerais traços, em especial cobre (Cu) e zinco (Zn). Sabe-se da maior
biodisponibilidade desta fonte perante as tradicionais, característica esta provinda das
fortes ligações covalentes que os hidroximinerais possuem. Contudo, por ser uma fonte
recente, há carência de informações referentes aos níveis dietéticos e ação destes minerais
nos frangos em sistemas de criações atuais.
Em função do exposto, o presente estudo tem como objetivo avaliar os
hidroxicloretos de Cu e Zn em substituição às fontes convencionais sulfatos e ao
antibiótico promotor de crescimento, observando seus efeitos no desempenho zootécnico,
características de carcaça, parâmetros imunológicos, qualidade de carne, óssea e de pele,
incidência de pododermatites, qualidade de cama e deposição dos minerais em tecidos.
O Capítulo II, denominado “Efeito de diferentes fontes de cobre e zinco sobre
o desempenho, saúde e deposição mineral em tecidos de frangos de corte”, apresenta-
se de acordo com as normas para publicação na Poultry Science.
9
7. Referências
ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Mercado Mundial de Carne de
Frango. Relatório Anual, 2020. Disponível em: Acesso em: 25 de maio de 2020.
ACETOZE, G.; KURZBARD, R.; FLASING, K.C.; RAMSEY, J.J.; ROSSOW, H.A.
Liver mitochondrial oxygen consumption and proton leak kinetics in broilers supplemented with
dietary copper or zinc following coccidiosis challenge. Journal of Animal Physiology and
Animal Nutrition, v. 101, p. 210-215, 2016.
AGAPITO, G.; SEYBOTH, L. Hidroxi-minerais - uma nova abordagem para uso de
minerais em todas as espécies animais. Avicultura Industrial, v.108, n.2, p.31-32, 2017.
ALDINGER, S. Feeding high level copper improves growth rate. Poultry Meat, p.51-
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cupric oxide, cuprous, and in a copper-lysine complex. Poultry Science, v.70, p.177,
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Poultry Science, v.80, p.87-90, 2001.
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for the alleviation of copper toxicity in the broiler chick diet. Nutrition Reports
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Nottingham. v.14, p.469-474.
COHEN, J.; STEWARD, F. A. Hidroxy Minerals - The Newest Development in
Mineral Nutrition. 2012. Disponível em:
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COZZOLINO, S.M.F. Mineral biovailability. Revista de nutrição, v. 10. p.87-98, 1997.
DAVIS, G.K.; MERTZ, W. Copper. In: MERTZ, W. Trace Elements in Human and
Animal Nutrition. 5th ed. New York: Academic Press, 1987. v.1, p.364.
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Expression in 949 Response to Zinc Deficiency as Assessed by DNA Arrays. Journal of
Nutrition, v.133, p.1004-1010, 2003.
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CAPÍTULO II
15
Efeito de diferentes fontes de cobre e zinco sobre o desempenho, saúde e deposição
mineral em tecidos de frangos de corte
Resumo: O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a fonte mineral hidroxicloreto
de cobre (Cu) e zinco (Zn) em comparação a fonte tradicional sulfato e sua possível ação
como substituto ao antibiótico promotor de crescimento (APC) para frangos de corte.
Foram analisados parâmetros de desempenho, saúde e deposição dos minerais em tecidos,
além de qualidade de carne, pele, óssea e de cama das aves. Para o experimento foram
alojados 2.100 pintos de corte machos da linhagem Cobb®500 com um dia de idade,
distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constituído de 5 tratamentos
com 14 repetições cada. As dietas foram formuladas à base de milho e farelo de soja, de
acordo com a recomendação de cada fase (pré-inicial, inicial, crescimento e final). Os
tratamentos consistiram em variações de concentração e fonte Cu e níveis fixos de Zn,
alterando apenas a fonte. Dois tratamentos Cu e Zn sulfatos, um de baixa concentração
de Cu (SB) com adição de antibiótico promotor de crescimento (APC) e outro com alta
concentração de Cu (SA). Somados a três tratamentos com Cu e Zn hidroxicloreto, sendo
um com inclusão de Cu idêntica ao sulfato alta dose (HCA) e outros dois tratamentos com
maiores inclusões, considerados superdose (HCS) e hiperdose (HCH), que variavam de
acordo com a fase do animal. Os dados foram submetidos ao teste normalidade e
homogeneidade, seguido da análise de variância pelo Minitab® 2018, sendo as médias
significativas (P<0,05) comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A fonte
hidroxicloreto se mostrou superior à fonte convencional sulfato, atuando como possível
substituto do APC, sendo os níveis de 125 ppm de Cu e 80 ppm de Zn os mais indicados.
Estas concentrações proporcionaram uma melhor saúde aos animais, auxiliando os
mesmos a superarem o desafio empregado e alcançarem o desempenho equivalente ao
tratamento com adicção de APC, não prejudicando os parâmetros de qualidade avaliados
no experimento.
Palavras-chaves: hidroximinerais, hidroxicloretos, microminerais, avicultura.
16
Effect of different sources of copper and zinc on the performance, health and
tissues mineral deposition of broiler chickens
Abstract: The study was carried out to evaluate the mineral source hydroxychloride of
copper (Cu) and zinc (Zn) in comparison to the traditional source of sulfate and its
possible action as a substitute for antibiotic growth promoter (APC) for broilers.
Parameters of performance, health, and deposition of minerals in tissues were analyzed,
as well as the quality of meat, skin, bone, and poultry litter. For the experiment, 2,100
male day-old Cobb®500 broiler chicks were housed, distributed in a completely
randomized design, consisting of 5 treatments with 14 repetitions each. The diets were
formulated based on corn and soybean meal, according to the recommendation of each
phase (pre-initial, initial, growth, and final). The treatments consisted of variations in
concentration and source Cu and fixed levels of Zn, changing only the source. Two
treatments Cu and Zn sulfates, one with a low concentration of Cu (SB) with the addition
of antibiotic growth promoter (APC) and the other with a high concentration of Cu (SA).
Added to three treatments with Cu and Zn hydroxychloride, one with the inclusion of Cu
identical to high dose sulfate (HCA) and two other treatments with greater inclusions,
considered overdose (HCS) and hyperdose (HCH), which varied according to the phase
of the animal. The data were subjected to the normality and homogeneity test, followed
by the analysis of variance by Minitab® 2018, with significant means (P<0.05) compared
by the Tukey test at 5% probability. The hydroxychloride source proved to be superior to
the conventional sulfate source, acting as a possible substitute for APC, with the levels of
125 ppm Cu and 80 ppm Zn being the most suitable. These concentrations provided better
health to the animals, helping them to overcome the challenge employed and achieve the
performance equivalent to the treatment with the addition of APC, without harming the
quality parameters evaluated in the experiment.
Keywords: hydroximinerals, hydroxychlorides, micro minerals, poultry.
17
1. INTRODUÇÃO
A avicultura industrial evolui constantemente, sendo os nutricionistas
responsáveis por modular a dieta para que os animais possam expressar o seu máximo
potencial genético, frente aos desafios de produção (Penz Junior, 2019).
Dentre os nutrientes que compõem a dieta de frangos de corte, estão os
microminerais cujos níveis e fontes utilizados nas dietas possuem grande influência na
manutenção da saúde e crescimento das aves. O zinco (Zn) é componente de mais de 200
metaloenzimas (Prassad, 1984) e o cobre (Cu) possui grande participação no sistema
enzimático, sendo essencial para o bom funcionamento da fisiologia animal (Davis e
Mertz, 1987). Além dos sistemas enzimáticos, estes minerais também estão envolvidos
no metabolismo hormonal e atividade imunológica (Dieck et al., 2003).
De acordo com as mudanças de mercado e diminuição ou proibição ao uso de
antibióticos promotores de crescimento, existe a necessidade de alternativas seguras para
a substituição dos mesmos (Owens et al., 2008). Visto isso, nutricionistas utilizam valores
de microminerais acima do recomendado para atender as necessidades fisiológicas e
melhorar o desempenho dos animais. Porém, as fontes convencionais utilizadas são de
baixa biodisponibilidade e alta capacidade de interações adversas com outros nutrientes
da dieta, aumentando assim sua excreção para o ambiente (Leeson, 2008).
Os hidroxicloretos descobertos em 1990, consistem em nova fonte para a
suplementação de microminerais, sendo que possuem como característica a alta
biodisponibilidade e consequente menor excreção ao ambiente (Agapito e Seyboth,
2017). Propriedades expressas por sua estrutura tridimensional cristalina formada por
ligações covalentes que garantem a maior estabilidade no trato gastrointestinal (Cohen e
Steward, 2014).
Desse modo, os hidroxicloretos consistem em alternativa promissora para a
suplementação de microminerais, em especial Cu e Zn, sendo necessários estudos para
elucidar os efeitos da utilização quantitativa desses elementos na nutrição, saúde e
desempenho de frangos de corte.
18
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, no Laboratório de
Nutrição de Aves (LabAves). Os procedimentos experimentais foram submetidos e
aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu (0252/2018 – CEUA), estando de
acordo com os princípios éticos na experimentação animal adotado pelo Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).
Ensaio
Foram alojados 2.100 pintainhos machos de um dia de idade da linhagem Cobb
500® provenientes de um lote padrão de matrizes, vacinados no incubatório contra as
doenças de Marek e Gumboro.
As aves foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado (DIC)
com 5 tratamentos e 14 repetições, de 30 aves por unidade experimental. Cada unidade
experimental com 2,0 m2, dotadas de cama de maravalha com 10 cm de espessura, um
comedouro tubular e bebedouros tipo niple.
As dietas (Tabela 1) foram formuladas de acordo com as exigências de cada fase:
pré-inicial (PI: 1-7 dias), inicial (I: 8-21 dias), crescimento (C: 22-35 dias) e final (F: 36-
42 dias), à base de milho e farelo de soja de acordo com a recomendações de Rostagno et
al. (2011). Os fornecimentos de água e ração ocorreram de forma ad libitum.
Os tratamentos consistiram em variações de concentração e fonte Cu e níveis
fixos de Zn, alterando apenas a fonte. Sendo dois tratamentos Cu e Zn sulfatos, um de
baixa concentração de Cu (SB) seguindo a recomendação de Rostagno et al. (2011) com
a adição de antibiótico promotor de crescimento (APC) para mimetizar dietas comerciais,
e outro com alta concentração de Cu (SA) buscando o efeito melhorador de desempenho
com a fonte sulfato. E outros três tratamentos com Cu e Zn hidroxicloreto para comparar
com as fontes convencionais e avaliar a sua possivel utilização como substituto ao APC,
sendo um tratamento com inclusão de Cu idêntica ao sulfato alta dose (HCA) e outros
dois tratamentos com maiores inclusões, considerados superdose (HCS) e hiperdose
(HCH), que variavam de acordo com a fase do animal (Tabela 2).
19
TABELA 1. Ingredientes (%) e composição nutricional das dietas basais.
Ingredientes (%) Pré-inicial Inicial Crescimento Final
Milho, grão, 8% 59,01 61,54 64,40 68,75
Soja, farelo, 46% 36,64 33,81 30,31 26,48
Soja, óleo bruto 0,50 1,32 2,31 2,21
Fosfato bicálcico 1,22 0,87 0,64 0,41
Calcário calcítico* 0,96 0,99 0,95 0,88
Sal comum 0,52 0,48 0,46 0,44
DL-Metionina, 99% 0,340 0,290 0,270 0,250
L-Lisina, 99% 0,320 0,270 0,270 0,300
Suplemento vitamínico e mineral¹ 0,200 0,180 0,160 0,120
L-Treonina, 98,5% 0,120 0,090 0,080 0,080
Cloreto de Colina, 60% 0,070 0,060 0,060 0,040
Fitase 500 FTU 0,005 0,005 0,005 0,005
Composição Nutricional
Energia metabolizável, kcal/kg 2.964 3.050 3.149 3.199
Proteína bruta, % 22,40 21,20 19,80 18,40
Cálcio, % 0,92 0,84 0,76 0,66
Fósforo total, % 0,71 0,63 0,57 0,52
Fósforo disponível, % 0,47 0,40 0,35 0,31
Lisina, % 1,32 1,21 1,13 1,06
Metionina, % 0,66 0,60 0,56 0,53
Metionina+cistina, % 0,95 0,88 0,83 0,77
Treonina, % 0,86 0,79 0,73 0,69
¹Pré-mistura vitaminico mineral suplementados por kg de dieta: vitamina A, 13.500 UI; vitamina D3, 3.750 UI;
vitamina E, 30 UI; vitamina K3, 3,75 mg; vitamina B1, 3 mg; vitamina B2, 9 mg; ácido pantotênico, 18 mg; vitamina
B6, 4,5 mg; vitamina, B12 22,5 μg; niacina, 52,5 mg; ácido fólico, 2,25 mg; Biotina, 0,15 mg; Se, 0,375 mg; Fe, 50
mg; Co, 1 mg; I, 1 mg, ² Energia metabolizável aparente. *Os níveis e fontes de suplementação de Cu e Zn foram
incluídos na dieta basal por meio da substituição do calcário e adição de inerte.
TABELA 2. Composição dos tratamentos experimentais.
TRAT¹
APC²
Cu
Sulfato
Zn
Sulfato
Cu
Hidroxicloreto
Zn
Hidroxicloreto
(ppm)
SB+APC + 10 80
SA - 125 80
HCA - 125 80
HCS - 200-150-125-125 80
HCH - 250-200-125-125 80
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação.²APC: 50 ppm de antibiotico promotor de crescimento Avilamicina.
20
Os valores analisados da quantificação mineral na dieta são representados na
Tabela 3.
TABELA 3. Níveis analisados de Cu e Zn nas dietas experimentais.
TRAT¹ APC Cu
Sulfato
Zn
Sulfato
Cu
Hidroxicloreto
Zn
Hidroxicloreto
(ppm)
SB+APC + 22 85
SA - 109 87
HCA - 125 98
HCS - 193-156-126-127 108
HCH - 247-186-143-117 98
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação.
Ao alojamento foi administrada a vacina de coccidiose em dose dez vezes maior
que a dose comercial para todas as aves do experimento, visando um desafio à saúde
intestinal.
Desempenho
Para obtenção do peso corporal todas as aves de cada unidade experimental foram
pesadas aos dias 1, 21, 35 e 42 dias. O ganho de peso foi calculado em períodos
acumulados, por meio da diferença entre o peso das aves no início e final de cada período.
O consumo de ração foi determinado através da diferença entre a quantidade de
ração fornecida ao início e as sobras existentes no final de cada período e o resultado
obtido foi dividido pelo número médio de aves de cada unidade experimental no período,
ou seja, corrigido pela mortalidade das aves.
Conversão alimentar: a conversão alimentar foi calculada dividindo-se o peso total
da ração consumida pelas aves da unidade experimental, expressa em quilogramas, pelo
peso total das aves no mesmo período também expresso em quilogramas, corrigido pelo
peso das aves mortas no período.
Viabilidade: as mortalidades, bem como o peso das aves mortas, foram registradas
diariamente, e a partir desses dados foi calculada a viabilidade (percentual de aves vivas
ao final de cada período em relação ao número inicial de aves alojadas).
Índice de eficiência produtiva (IEP): Para a obtenção do IEP foi utilizado a
seguinte fórmula aos 42 dias de idade:
21
𝐼𝐸𝑃 =
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑣𝑖𝑣𝑜 (𝑘𝑔)𝑥 𝑉𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (%)
(𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑑𝑖𝑎𝑠)𝑥 𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟) 𝑥 100
Análises de sangue e tecidos
Foram utilizadas duas aves de cada unidade experimental selecionadas
aleatoriamente para a análises de sangue aos 21 e 42 dias de idade. Foram coletados 4 mL
de sangue via punção da veia jugular direita de cada ave, com seringas estéreis e auxílio
de tubo contendo o anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA). Separou-
se um mL de sangue in natura para a análise de contagem diferencial de leucócitos.
Posteriormente os tubos foram centrifugados para a obtenção do plasma sanguíneo e
congelados a -20 C° para a análise de concentração plasmática de Cu e Zn.
Uma ave de cada unidade experimental aos 42 dias foi eutanasiada por
deslocamento cervical para a coleta de pernas, as quais foram previamente descarnadas e
identificadas, sendo armazenadas a -20°C para posteriores análises de índice de Seedor,
resistência óssea, teor de cinzas e concentração mineral. Dessas aves foram coletadas
amostras de pele (5cm²) da sobrecoxa esquerda, para futura avaliação da resistência e
elasticidade de pele. Os fígados foram coletados concomitantemente, sendo que os
lóbulos esquerdos foram armazenados em tubos falcon de 50 mL identificados e
congelados a -20°C até seu uso na análise de concentração mineral. Ainda, dessas mesmas
aves eutanasiadas, foram coletados segmentos de 2,0 cm do duodeno e jejuno, destinados
às análises histomorfométricas.
Rendimento de carcaça partes e peso de órgãos
Aos 42 dias de idade, três aves de cada boxe foram retiradas aleatoriamente e
submetidas a jejum alimentar durante 8 horas, sendo posteriormente transportadas ao
Abatedouro Experimental da FMVZ, UNESP, Campus de Botucatu, onde foram pesadas
e insensibilizadas por eletronarcose, abatidas, depenadas e evisceradas.
O rendimento de carcaça foi calculado pela relação percentual do peso da carcaça,
após a retirada das penas, sangue, cabeça, pés, vísceras, pescoço, gordura abdominal, e o
peso vivo obtido momentos antes do abate das aves.
Para a obtenção do rendimento de partes foi calculada a relação percentual entre
o peso das partes individuais (dorso, peito, asas, coxas e sobrecoxas) e o peso da carcaça.
Os órgãos pâncreas, baço, fígado e coração, foram coletados e submetidos a
pesagem para a obtenção dos seus respectivos pesos em relação ao peso vivo das aves.
22
Neste período também foram coletados fragmentos (5cm2) de pele da sobrecoxa
de uma ave por unidade experimental após as mesmas passarem por escaldagem, para
posterior análise de resistência e elasticidade de pele.
Histomorfometria intestinal
Os segmentos do duodeno e jejuno coletados foram fixados em formaldeído 10%
por 24 horas e em seguida armazenadas em álcool 70%. Para a confecção das lâminas
histológicas, as amostras foram desidratadas em série crescente de álcool (álcool 70%;
80%; 90%; 100%; 100%; 100%). Posteriormente foram diafanizadas em solução álcool:
xilol (1:1), imersas em parafina em estufa a 55° e, incluídas em parafina para formação
dos blocos. Em seguida, as amostras foram submetidas à microtomia obtendo-se os cortes
histológicos que foram colocados em lâminas e corados com hematoxilina-eosina.
A determinação de altura dos vilos e profundidade das criptas de cada segmento
intestinal, foi realizada por imagens capturadas em microscópio óptico com objetiva de
10x, com o auxílio de câmera digital. Em seguida as imagens foram transferidas ao
programa analisador de imagem, para realização de 10 leituras de altura de vilos e
profundidade de criptas por segmento intestinal. A partir dos dados analisados foi-se
obtido a relação vilo-cripta, dividindo-se a altura do vilo pela profundidade da cripta.
Contagem diferencial de leucócitos
Os esfregaços foram realizados com o sangue in natura e, após a realização da
extensão sanguínea, as lâminas foram submetidas a solução corante de Rosenfeld para a
posterior determinação de leucócitos totais (LT), contagem diferencial de leucócitos e
relação heterófilo:linfócito (H:L) de 21 e 42 dias de idade. As análises foram realizadas
com o auxílio de um microscópio, utilizando-se a objetiva de 100x. Para determinação de
LT foram contadas todas as células de 10 campos de visão e multiplicando o total por
1000 e a contagem diferencial de leucócitos foi realizada contando 100 células por
lâmina, diferenciando-se os tipos celulares e então obtida a relação H:L e as porcentagens
das diferentes células (Noriega, 2000).
Qualidade óssea
O índice de Seedor foi obtido através da divisão do peso do osso em (mg), pelo
valor do comprimento em (mm) de cada tíbia, sendo que esses os valores foram
determinados com o auxílio de um paquímetro com capacidade de 0 a 150 mm e precisão
de 0,01 mm e uma balança semi-analítica digital de precisão de ± 0,01g (Seedor, 1995).
23
A análise de resistência óssea foi realizada com os ossos in natura com o auxílio
do aparelho EMIC DL 300kN, calibrado para permitir que o vão livre da diáfise seja de
3,0 cm (Almeida Paz et al., 2006).
Para o valor de cinzas os ossos foram quebrados e desengordurados em éter etílico
com o auxílio do extrator Soxhlet por aproximadamente 8 horas. Posteriormente, as tíbias
foram para mufla a 600°C e os valores foram obtidos conforme a metodologia de Silva e
Queiroz (2004).
Resistência de pele
A resistência e elasticidade da pele antes e após a escaldagem foi obtida com o
auxílio do aparelho texturômetro (Modelo TA-XSAi, Stable Mycro Systems LTDA.,
Goldalming, UK), equipado com dispositivo de fixação para teste de perfuração. As
amostras foram submetidas ao ensaio de flexão a taxa de deformação constante para
material viscoelástico. Foi utilizado 10g de força de disparo, tensão de 15mm, com
velocidade de 1mm/s, para a mensuração da força de ruptura em quilograma (kg) e
elasticidade da pele (mm), que corresponde à distância que a ponta de prova percorre
antes de atingir o pico (Ribeiro, 2016).
Scores de qualidade de pata e cama
Para a qualidade de pata foram determinadas os scores totais de dermatites dos
coxins plantares (SCP) e de jarrete (SJ), sendo ambas avaliadas em scores (0, 1, 2 e 3),
em 5 frangos por boxe aos 42 dias de idade. As dermatites de coxins plantares foram
classificadas em uma escala de 4 pontos: escore 0, sem lesões nos pés; escore 1, pequena
lesão do epitélio do coxim plantar (<1 cm); score 2, lesão maior (> 1 cm); e score 3,
edema dorsal visível (McWard et al., 2000). A prevalência de dermatites jarrete foram
classificadas como: ausência de dermatite atribuição da pontuação 0; alterações de cor ou
lesões menores pontuação 1; lesões maiores pontuação 2; ou pontuação 3 para lesões
graves. Ambos os scores foram calculados utilizando a seguinte fórmula (Olukosi, et al.,
2018):
𝑆𝐶𝑃 𝑜𝑢 𝑆𝐽 =
(1 𝑥 𝑛) + (2 𝑥 𝑛) + (3 𝑥 𝑛)
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑖𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑠
Onde os números de 1 a 3 indicam a pontuação atribuída a cada ave e n indica o número
de aves que receberam a pontuação específica em cada boxe. Pontuações baixas estão
associadas a uma melhor qualidade de patas.
A condição da cama de maravalha de cada boxe foi avaliada no final das fases
24
crescimento (21 dias de idade) e final (42 dias de idade) em um score de 1 a 5 pontos com
base no protocolo de avaliação da qualidade do bem-estar para avicultura (Botreal et al.,
2009). A pontuação total da cama (STC) foi calculado da seguinte forma (Olukosi, et al.,
2018):
𝑆𝑇𝐶 =
(1 𝑥 %) + (2 𝑥 %) + (3 𝑥 %) + (4 𝑥 %) + (5 𝑥 %)
100
Onde os números de 1 a 5 eram os scores conforme descrito anteriormente e a
porcentagem (%) da área total do boxe correspondente a cada pontuação. Uma pontuação
mais baixa está associada a melhor qualidade de cama.
Qualidade de carne
As análises da qualidade da carne foram realizadas no Laboratório de Qualidade
de Carne da Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Câmpus de Botucatu, sendo
realizadas após 24 horas post-mortem no músculo peitoral maior (Pectoralis major) de
28 aves por tratamento, totalizando 140 peitos.
A coloração da carne foi avaliada com a utilização do colorímetro CR 400 (Konica
Minolta Sensing, New Jersey, EUA) por meio das medições de três pontos distintos na
superfície ventral do peito desossado. Os valores foram obtidos pela reflectância de luz
em três dimensões: L* (luminosidade – nível de escuro a claro), a* (teor de
vermelho/verde) e b* (teor de amarelo/azul) expressas no sistema de cor CIELAB.
Os valores de pH foram determinados pela inserção do eletrodo (peagâmetro
portátil Homis, HI8314, São Paulo, Brasil) no músculo do peitoral direito, que
posteriormente foi utilizado para medir a capacidade de retenção de água (CRA).
Para determinação da CRA foi utilizado o método de perda de água por exsudação
(drip loss), de acordo com a metodologia proposta por Honikel (1998) adaptada, em
duplicata, onde foram utilizadas amostras de 100g de carne de peito suspensas em tubos
coletores, que permanecerão em câmara fria (1 a 4°C) por 48 horas. A porcentagem de
perda de água por gotejamento, foi determinada por meio da diferença entre o peso inicial
e o peso final da amostra, dividido pelo peso inicial e multiplicado por 100.
As análises de perda de peso por cocção (PPC) e força de cisalhamento (FC) foram
realizadas utilizando o filé do músculo peitoral esquerdo.
A PPC foi realizada submetendo-se os filés crus a pesagem individual em balança
analítica, sendo embalados em sacos plásticos e identificados para o posterior cozimento
em banho-maria a 85°C. O processo perdurou até que se constatasse a temperatura interna
25
do filé de 80°C, com o auxílio de um termômetro digital. Após as amostras foram
submetidas ao resfriamento em temperatura ambiente e posterior pesagem, para obtenção
da diferença entre o peso inicial e final da amostra (Honikel, 1998).
Para a mensuração da FC, as amostras foram analisadas em um equipamento
texturômetro TAXT-Plus (Stable Micro Systems, Surrey, UK) equipado com dispositivo
Warner-Bratzler, calibrado com faixa de peso normal de 5 kg, avaliando a energia
(N/mm) e a força de cisalhamento (N). As amostras constituíram em retângulos (1,0 x 1,0
x 2,0 cm) da superfície cranial dos peitos que foram anteriormente submetidos à análise
de PPC, sendo posicionadas no texturômetro em sentido perpendicular à lâmina Razor
Blade, de acordo com Cavitt et al. (2004).
Análises químicas
Para determinação do teor de Cu e Zn no plasma, utilizou-se 250 µl de plasma
digerido em 1000 µl de ácido nítrico (65% PA) e 300 µl de peróxido de hidrogênio (35%
PA), utilizando tubos fechados de fluoropolímero (PFA) em forno micro-ondas da marca
Speedwave modelo SW-4. O valor de Cu e Zn na tíbia foi obtido a partir de 100 mg de
cinzas previamente pesadas, colocadas para digestão com 1000 µl de ácido clorídrico (30
%) e 400 µl de peróxido de hidrogênio (35% PA). A concentração de cobre e zinco no
fígado, foi determinada a partir de 100 mg do órgão in natura, adicionado para digestão
com 3 ml de ácido nítrico (65% PA) e 2 ml de peróxido de hidrogênio (35% PA),
utilizando tubos fechados de fluoropolímero (PFA) em forno micro-ondas da marca
Speedwave modelo SW-4. Após digeridas as amostras foram volumadas e analisadas pelo
método de espectrofotometria de absorção atômica com equipamento SHIMADZU AA-
6800 de acordo com Neves et al. (2009).
Análise estatística
Para a realização das análises estatisticas dos resultados de deferencial de
leucócitos, os dados foram transformados para Log10 e posteriormente retransformados.
Posteriormente, todos os dados foram submetidos ao teste normalidade e homogeneidade,
seguido da análise de variância pelo Minitab® 2018, sendo as médias significativas (P
<0,05) comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
26
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desempenho
Analisando os dados de desempenho pode-se observar diferença em todos os
períodos analisados, de modo que todos os parâmetros exceto a viabilidade e o índice de
eficiência produtiva foram afetados. Na fase inicial de 1 a 21 dias de idade (Tabela 4), o
tratamento hidroxicloreto hiperdose (HCH) foi o único que diferiu, apresentando menor
resultado para ganho de peso (GP) (P <0,0001), e pior conversão alimentar (CA) (P
<0,0001). Sabe-se que concentrações de Cu acima de 250 ppm na dieta, geralmente
deprimem o desempenho das aves (Jensen e Maurice, 1979; Christmas e Harmas, 1984;
Zhao et al., 2016). Efeitos tradicionalmente atribuídos a toxicidade do mineral (Ledoux
et al., 1986), podendo o efeito ter sido exacerbado pela combinação das altas
concentrações de Cu e o desafio realizado neste experimento. De acordo com Southern e
Baker (1982), a absorção e toxicidade são exacerbadas em aves suplementadas com 250
ppm de Cu e desafiadas com coccidiose, o que não ocorreu em aves alimentadas com 18
a 100 ppm do mineral.
TABELA 4. Desempenho de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade.
TRAT¹ GP, g CR, g CA VB, %
SB+APC 778a 1208 1,570a 97,62
SA 773a 1205 1,579a 96,90
HCA 757a 1187 1,571a 98,57
HCS 761a 1176 1,582a 98,33
HCH 719b 1193 1,668b 98,81
CV (%) 5,25 3,98 4,60 2,92
P-valor <0,0001 0,407 <0,0001 0,395
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. GP, ganho de peso; CR, consumo de ração; CA, conversão alimentar; VB, viabilidade; CV,
coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes
(P <0,05) pelo teste de Tukey.
A fase de crescimento de 1 a 35 dias de idade (Tabela 5), evidencia o melhor
desempenho dos frangos do tratamento sulfato baixa dose com adição de antibiotico
promotor de crescimento (SB+APC) para GP (P <0,0001), sendo que, os demais
tratamentos não diferiram entre si. A CA também apresentou diferença (P <0,008), de
forma que o SB+APC foi responsável pelo melhor resultado, seguido do tratamento
27
hidroxicloreto alta dose (HCA) que se igualou ao mesmo e não se diferiu dos demais
tratamentos. Para o consumo de ração (CR) (P <0,015) o SB+APC apresentou o maior
resultado, sendo o HCH responsável pelo menor consumo, os demais tratamentos
apresentaram comportamento padrão. Os melhores resultados do SB+APC podem ser
explicados pela possível ação do antibiótico promotor de crescimento (APC) presente
nesse tratamento. O APC possui inúmeros benefícios, dentre eles, proporcionar elevado
PF, GP, melhor CA e maior resistência dos frangos aos patógenos (Ferket, 2004). De
forma que, os melhores índices de PF e CA em frangos de corte suplementados com APC
são atribuídos principalmente a melhor qualidade intestinal (Miles et al., 2006; Pedroso
et al., 2006). O menor resultado de CR pode ser atribuído aos altos níveis de Cu, em
conformidade com Lendoux (1986), que verificou que concentrações acima de 250 ppm
de Cu geralmente ocasiona depressão da ingestão de alimentos em frangos.
TABELA 5. Desempenho de frangos de corte de 1 a 35 dias de idade.
TRAT¹ GP, g CR, g CA VB, %
SB+APC 2096a 3373a 1,635a 96,19
SA 2001b 3295ab 1,680b 95,95
HCA 1995b 3290ab 1,666ab 96,43
HCS 1993b 3310ab 1,681b 96,19
HCH 1944b 3225b 1,688b 96,19
CV (%) 4,49 3,50 2,60 3,70
P-valor <0,0001 0,015 0,008 0,998
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. GP, ganho de peso; CR, consumo de ração; CA, conversão alimentar; VB, viabilidade; CV,
coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes
(P <0,05) pelo teste de Tukey.
No período de 1 a 42 dias de idade (Tabela 6), para GP (P <0,005) e CA (P
<0,007), os frangos do SB+APC continuaram se mostrando mais eficientes, sendo que,
apenas os frangos do HCA se igualaram ao mesmo em todos os índices de desempenho
estudados. Os demais tratamentos não se diferiram entre si nas variáveis analisadas.
Frangos do tratamento sulfato alta dose (SA) mesmo recebendo nível identico de Cu do
HCA variando apenas a fonte, não obtiveram os mesmos resultados. Kim et al. (2011)
encontraram resultado semelhante, uma vez que suplementaram 100 ppm de Cu orgânico
e obtiveram melhorias de desempenho comparáveis a suplementação de APC
Avilamicina, destacando o Cu como possível substituto aos antibióticos. Da mesma forma
28
que, a suplementação de Cu ao nível de 125 ppm proporcionou melhor desempenho e CA
das aves (Baker et al., 1991; Paik, 2001), resultados que foram corroborados pelos
encontrados nessa pesquisa. De acordo com Swiatkiewicz et al. (2014), fontes inorgânicas
convencionais se complexam com facilidade aos nutrientes da dieta, gerando menor
absorção mineral e consequente maior excreção para o ambiente. Características que
podem ter influenciado o resultado do SA a não equiparar ao HCA. Outros autores
também concluíram que frangos suplementados com HC de Cu e Zn obtiveram maior
desempenho, e designaram o resultado encontrado à possível maior biodisponibilidade da
fonte (Miles et al., 1998; Batal et al., 2001).
TABELA 6. Desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.
TRAT¹ GP, g CR, g CA VB, % IEP
SB+APC 2705a 4712 1,773a 94,26 337,17
SA 2573b 4618 1,835b 93,81 312,88
HCA 2593ab 4613 1,808ab 95,00 324,72
HCS 2577b 4634 1,831b 94,29 316,10
HCH 2540b 4541 1,826b 94,52 313,75
CV (%) 4,9 3,68 2,86 4,72 7,83
P-valor 0,005 0,123 0,007 0,973 0,059
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. GP, ganho de peso; CR, consumo de ração; CA, conversão alimentar; VB, viabilidade; IEP, índice
de eficiencia produtiva; CV, coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna
são estatisticamente diferentes (P <0,05) pelo teste de Tukey.
Rendimento de carcaça e peso de órgãos
Analisando a Tabela 7, pode-se observar que não houve diferença estatística para
rendimento de carcaça (RC), rendimento de partes (RP) e peso relativo dos órgãos (PO).
A genética consiste em principal fator capaz de influenciar o RC e RP de aves de corte
(Moreira et al., 2003). Por tanto, outros fatores possuem maior dificuldade para modificar
as características citadas. De forma que, Olukosi et al. (2019) não encontraram diferença
para RC e RP em aves suplementadas com Cu e Zn das fontes sulfato e hidroxicloreto na
concentração de 15 e 80 ppm, respectivamente. Togashi et al. (2008) do mesmo modo,
não observaram variação para os mesmos parametros e peso relativo de figado em aves
suplementadas com 125 e 250 ppm de Cu. Medeiros (2017) não observou diferença no
peso de fígado, baço e pâncreas de aves suplementadas com Cu e Zn de fontes
29
convencionais, em comparação a substituição de 50% por minerais orgânicos. M’Sadeq
et al. (2018) também afirmaram não terem encontrado diferença no peso relativo do baço
de aves suplementadas com hidroxicloreto de Cu e Zn aos 11 dias de idade. Resultados
semelhantes aos obtidos nesta pesquisa. O peso de baço e coração são ótimos indicadores
para mensurar a resposta fisiológica a deficiência de oxigênio (Silversides et al., 1997).
Na falta deste em órgãos vitais, o coração aumenta de tamanho proporcionalmente, sendo
essa a primeira reação da ave frente ao desafio da hipóxia (Rosário et al., 2004). Por mais
que os minerais Cu e Zn possuam participação na resposta fisiológica e síntese de órgãos,
no presente estudo os animais não apresentaram diferença no PO citados anteriormente.
Resultado que pode ser explicado devido a suplementação a partir de níveis
recomendados de Cu e Zn, que foram capazes de suprir as necessidades das aves. Fatores
externos como ambiente e manejos possuem grande influência no PO, podendo atribuir a
este fato a dispersão das respostas encontradas na literatura.
TABELA 7. Rendimento de carcaça, rendimento de partes e peso de órgãos de frangos
de corte aos 42 dias de idade.
TRAT¹ RC,%
RP, %
PO, %
GD PT C+SB D A
P C B F
SB+APC 73,43
1,31 38,79 30,68 18,88 11,92
0,17 0,46 0,08 2,02
SA 72,84
1,23 38,28 31,29 18,73 11,93
0,16 0,49 0,09 2,07
HCA 73,00
1,21 38,68 30,28 18,87 12,13
0,17 0,54 0,08 1,91
HCS 73,03
1,16 38,49 30,63 18,77 12,15
0,17 0,51 0,09 2,03
HCH 72,93
1,11 38,62 30,76 18,70 12,11
0,17 0,52 0,07 1,94
CV (%) 1,35 18,31 3,61 3,27 4,48 3,32 16,82 16,57 28,05 11,52
P-valor 0,58 0,15 0,90 0,12 0,97 0,35 0,91 0,14 0,48 0,30
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. RC, rendimento de carcaça; RP, rendimento de partes; PO, peso de órgãos; GD, gordura abdominal;
PT, peito; C+SB, coxa e sobrecoxa; D, dorso; A, asas; P, pâncreas; C, coração; B, baço; F, fígado; CV, coeficiente de
variação.
Histomorfometria Intestinal
Os resultados de tamanho de vilo e profundidade de cripta de ambos os segmentos
intestinais não apresentaram diferença estatística entre os tratamentos analisados (Tabela
8). A relação vilo cripta (V/C) do duodeno também não apresentou diferença estatística,
porém a relação V/C do jejuno se diferenciou. Sendo os tratamentos SA e HCA os que
30
apresentaram maior relação V/C e o HCS o que apresentou o menor valor, os demais
tratamentos não se diferenciaram dos mesmos. A altura do vilo está relacionada a
absorção intestinal, maiores vilos tendem a promover absorção superior, enquanto a
profundidade da cripta está relacionada a renovação celular (Parsaie et al., 2007). A
relação V/C consiste em um indicador da capacidade digestiva do intestino delgado.
Sendo maiores relações V/C correlacionadas a melhores equilíbrios entre o turnover
celular e a altura das vilosidades (Parsaie et al., 2007). Menores valores de V/C estão
relacionados a vilos danificados e atividade proliferativa aumentada nas criptas,
objetivando a restauração do epitélio (Luquetti 2005). Há a carência de estudos onde há
a utilização de Cu e Zn em conjunto sobre a morfologia intestinal. Echeverry et al. (2016)
encontraram uma maior relação V/C quando suplementaram frangos com minerais de
maior biodisponibilidade perante grupo controle. Já no presente estudo, quando
comparados os tratamentos com 125 ppm de Cu e 80 ppm de Zn variando apenas a fonte
os mesmos não se diferenciaram entre si, porém tais níveis aparentam ter contribuído para
uma melhor qualidade intestinal. Resultado que corrobora com Bortoluzzi et al. (2020)
qual cita que, diversos estudos apontam a suplementação de oligoelementos em níveis
superiores das recomendações como possíveis alternativas de neutralizar os efeitos
negativos de doenças entéricas na saúde intestinal de frangos de corte.
TABELA 8. Histomorfometria intestinal de frangos aos 42 dias de idade.
TRAT¹ Duodeno Jejuno
Vilo, µm Cripta, µm V/C Vilo, µm Cripta, µm V/C
SB+APC 1460,2 164,1 9,43 942,0 114,16 10,09ab
SA
HCA
1274,0
1442,6
165,8
184,1
8,13
8,73
1024,2
1046,7
113,43
114,55
11,06a
11,21a
HCS 1358,2 173,6 8,67 981,2 111,54 9,49b
HCH 1339,7 153,8 9,39 991,3 112,10 10,69ab
CV (%) 3,90 6,11 17,93 2,34 6,60 12,43
P-valor 0,556 0,580 0,052 0,658 0,671 0,001
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. V/C, relação vilo cripta; CV, coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes
na mesma linha são estatisticamente diferentes (P <0,05) pelo teste de Tukey.
31
Diferencial de Leucócitos
Aos 21 dias nenhum dos parâmetros analisados foram alterados, porém aos 42
dias foram observadas diferenças para porcentagem de linfócitos (P <0,05) (Tabela 9).
De modo que, os frangos do SB+APC apresentaram a maior contagem de linfócitos e os
do HCH apresentaram o menor resultado; frangos dos demais tratamentos não se
diferenciaram entre si. Níveis adequados de minerais são cruciais para se obter respostas
imunológicas eficientes e superar os desafios encontrados no ambiente (Maggini et al.,
2007). O total de leucócitos encontrados nesta pesquisa está de acordo com os valores de
12.000 a 30.000 leucócitos/µL, exceto o tratamento HCH aos 21 dias, que apresentou
resultado inferior ao minimo citado na literatura para frangos de corte (Bounous e
Stedman, 2000), sendo que as diferentes inclusões e fontes de minerais não foram capazes
de alterar o número total de leucócitos, porcentagem de heterófilos, monócitos e a relação
heterófilo/ linfócito. As informações sobre as funções dos eosinófilos em aves ainda são
limitadas, podendo ser interpretadas livremente como resposta ao parasitismo e exposição
a antígenos estranhos (Campbell, 2015). De forma que, os níveis de 125 ppm de Cu e 80
ppm de Zn hidroxicloreto parecem ter contribuído para uma resposta mais efetiva contra
o desafio empregado no experimento, uma vez que o tratamento apresentou o maior
número de eosinófilos e maior desempenho dos animais, que se igualou ao SB+ APC. O
tratamento com adição de 50 ppm de APC parece ter sido eficaz, já que os frangos deste
apresentaram os maiores números de linfócitos e menores números de eosinófilos e
basófilos, comprovando a baixa necessidade do sistema imune inato. Como podemos
observar, frangos do HCH apresentaram maior quantidade de basófilos, resultado que
pode ser explicado devido a possível toxicidade apresentada pela maior inclusão de Cu,
uma vez que os basófilos se associam a situações de estresse prolongado e a processos
tóxicos e septicêmicos (Charles Noriega, 2000).
32
TABELA 9. Diferencial de leucócitos em frangos de corte aos 21 e 42 dias de idade.
TRAT¹ SB+APC SA HCA HCS HCH CV (%) P-valor
21 dias
Heterófilo 28,86 35,71 31,58 29,17 38,79 10,29 0,069
Linfócito 57,21 49,29 53,69 59,42 48,31 5,59 0,051
Eosinófilo 4,21 3,43 3,55 4,85 3,07 62,05 0,430
Monócito 6,50 7,50 8,57 6,69 7,00 36,94 0,341
Basófilo 3,21 4,07 4,85 4,54 4,36 55,09 0,720
LT 13.570 14.790 14.070 13.380 11.420 9,90 0,080
H/L 0,57 0,73 0,53 0,47 0,76 50,71 0,090
42 dias
Heterófilo 45,57 42,07 41,00 41,57 46,64 5,53 0,298
Linfócito 40,00a 36,62ab 37,14ab 35,14ab 30,86b 6,71 0,033
Eosinófilo 3,78b 4,50ab 6,29a 3,75b 5,07ab 47,60 0,010
Monócito 8,14 9,64 10,86 12,43 8,57 24,74 0,395
Basófilo 2,21b 3,14ab 3,92ab 4,50ab 6,57a 54,78 0,012
LT 17.000 19.360 18.430 20.710 21.140 9,35 0,366
H/L 1,17 1,25 1,18 1,27 1,45 35,53 0,560
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. LT, leucócitos totais por µL; H/L, relação heterofilo linfócito; CV, coeficiente de variação. a, b =
As médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são estatisticamente diferentes (P <0,05) pelo teste de Tukey.
Qualidade Óssea
Os parâmetros de qualidade óssea: índice de seedor (IS), porcentagem de cinzas
(PC) e força a quebra (FQ), representados na Tabela 10, não apresentaram diferença entre
os tratamentos avaliados. O IS consiste em uma variável obtida através da divisão do peso
do osso pelo respectivo comprimento, onde maiores valores representam maiores
densidades ósseas, como proposto por Seedor (1993). El-Husseyny et al. (2012)
comparando fontes orgânicas e inorgânicas de Cu e Zn observaram maiores IS e FQ
quando se utilizou combinações entre as duas fontes, resultado que mostra a possível ação
em parâmetros ósseos quando se utiliza fontes alternativas dos microminerais estudados.
Porém, M’Sadeq et al. (2018) não obtiveram diferença no peso, comprimento, PC e FQ
em tíbias de frangos suplementados com hidroxicloretos de Cu e Zn, comparados a outras
três fontes minerais. Zhao et al. (2010) não obtiveram diferença estatística no parâmetro
FQ da tíbia de frangos alimentados com Cu e Zn orgânicos e inorgânicos. Resultados que
foram corroborados pelos encontrados no presente estudo, onde fontes de Cu e Zn e níveis
de Cu não foram capazes de alterar as variáveis ósseas analisadas.
33
TABELA 10. Qualidade óssea da tíbia de frangos aos 42 dias de idade.
TRAT¹ Índice de seedor FQ, kg Cinzas, %
SB+APC 158,70 38,44 48,418
SA
HCA
155,62
154,56
37,98
39,64
48,987
48,003
HCS 151,15 36,29 48,662
HCH 155,61 43,51 48,224
CV (%) 6,20 18,50 2,63
P-valor 0,376 0,094 0,318
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. FQ, força a quebra; CV, coeficiente de variação.
Resistência de Pele
Os dados de resistência de pele aos 42 dias estão representados na Tabela 11.
Quando analisada in natura antes da escaldagem não foi possível observar diferença entre
os tratamentos. Ainda na mesma tabela, pode-se verificar diferença entre tratamentos
quando a pele foi submetida ao processo de escaldagem (P <0,028). De forma que, os
frangos do SB+APC apresentaram maior resistência da pele após a escaldagem e os do
HCH obtiveram a menor resistência; os demais tratamentos não se diferiram dos mesmos.
O Cu e Zn desempenham papéis fundamentais na síntese e manutenção do epitélio e
estruturas conectivas do tecido, influenciando na incidência de lesões em frangos de corte
(Manangi et al., 2012). Autores suplementando Zn em nível fixo, variando apenas os
níveis (9 a 25 ppm) e fontes de Cu, obtiveram maior resistência tecidual em tratamentos
com maiores concentrações de Cu provindos de fontes de maior biodisponibilidade, sendo
a maior resistência deste tecido crucial para a saúde e processamento post mortem das
aves (Richards et al., 2010). A lisil oxidase (LO) atua na formação de matrizes de tecido
conjuntivo, por ligações cruzadas de colágeno e elastina (Smith-Mungo e Kagan, 1998).
De forma que a maior atividade da LO (dependente de Cu), pode disponibilizar a maior
resistência tecidual (Richards et al., 2010). A resistência da pele está altamente
correlacionada com o colágeno presente em sua composição (Leeson e Summers, 2005),
sendo o Zn necessário para síntese de duas importantes proteínas estruturais, colágeno e
queratina (Underwood e Suttle, 1999), de forma que deficiência deste mineral reflete em
diminuição da síntese de colágeno e queratina, que pode ocasionar baixa resistência
tecidual (Leeson e Summers, 2001). Deste modo, justificam-se os resultados encontrados
34
nesta pesquisa, onde o processamento animal post mortem representou um desafio
adicional à pele do frango, explicando a diferença estatística encontrada apenas após a
escaldagem da mesma. Os dois minerais contribuem para a resistência de pele, porém
uma ótima combinação entre eles é importante, pois segundo Bao et al. (2010), interações
entre minerais consistem em principal causa de variações na absorção dos mesmos, o que
justifica o maior resultado encontrado no SB+APC e o menor resultado encontrado no
HCH, devido ao possível desbalanço na absorção dos minerais.
TABELA 11. Resistência de pele antes e após o processo de escaldagem.
TRAT¹ In natura, kgf Após a escaldagem, kgf
SB+APC 5,793 5,494a
SA 4,997 5,233ab
HCA 5,209 4,735ab
HCS 5,134 5,300ab
HCH 4,950 4,214b
CV (%) 30,08 23,98
P-valor 0,637 0,028
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. CV, coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna são
estatisticamente diferentes (P <0,05) pelo teste de Tukey.
Scores de qualidade de pata e cama de frangos de corte
Os scores de lesões de coxim plantar, jarrete e qualidade de cama de frangos de
corte (Tabela 12) não apresentaram diferença entre os tratamentos analisados. As
dermatites de pés são preocupantes por causarem condenação de patas de frangos que
poderiam ser comercializadas e afetarem o bem-estar animal (Shepherd e Fairchild.,
2010). Como citado anteriormente, tanto o Cu quanto o Zn são fundamentais para manter
uma boa integridade de tecidos, podendo estes, melhorar a qualidade da pele. Zhao et al.
(2010) sugerem que fontes minerais com maior biodisponibilidade são as preferíveis para
melhor integridade e saúde dos pés de frango. Com o mesmo intuito, Olukosi et al. (2019)
utilizaram hidroxicloretos de Cu e Zn em frangos de corte e não observaram diferença de
escores de lesões de pata (ELP) em aves aos 28 dias de idade. Outros autores também não
observaram diferença em ELP, quando submeteram as aves a dietas contendo quelatos de
Cu, Zn e manganês (Mn) (Zhao et al., 2010; Chen et al., 2017). A qualidade de cama está
altamente relacionada com a sua umidade, sendo considerada o principal fator
35
predisponente para o aparecimento de lesões em pés de frangos de corte (Nagaraj et al.,
2007; Youssef et al., 2011). Além de induzir as lesões de patas e jarrete, esta pode afetar
a qualidade do peito e deprimir o desempenho dos frangos de corte (Martland, 1985). A
qualidade da cama pode ser afetada nutricionalmente por dietas que ocasionam distúrbios
osmorregulatórios, agravamento da poliúria, comprometimento da recuperação da água e
ou aparecimento de diarreia (Collet, 2012). Deste modo, pode-se observar que os minerais
estudados não ocasionaram distúrbios capazes de alterar a qualidade de cama nos
períodos analisados.
TABELA 12. Scores de lesões de coxim plantar, jarrete e qualidade de cama de frangos
em diferentes idades.
TRAT¹ 21 dias 42 dias
SQC² SQC² SCP³ SJ4
SB+APC 2,13 2,13 1,11 1,17
SA 2,1 2,08 1,01 1,07
HCA 2,06 2,02 1,17 1,00
HCS 2,05 1,79 1,09 1,20
HCH 2,01 1,82 1,16 0,99
CV (%) 12,64 21,53 26,19 39,99
P-valor 0,808 0,119 0,635 0,600
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. CV, coeficiente de variação. ² Scores de qualidade de cama: 1 a 5 baseados no protocolo de avaliação
da qualidade do bem-estar de aves (Botreau et al., 2009). ³ Score de lesão de coxins plantares: 0= sem lesões nas
almofadas dos pés; score 1= pequena lesão do epitélio da almofada do pé (<1 cm); score 2= lesão maior (> 1 cm); e
score 3= inchaço dorsal visível (pé inchado) (McWard et al., 2000). 4 Score de lesão de jarrete: 0= dermatite de jarrete
ausente; score 1 = alterações de cor ou lesões menores; score 2 = lesões maiores; e score 3 = lesões graves.
Qualidade de Carne
Os parâmetros de qualidade de carne (coloração, pH, perda de peso por cozimento
(PPC), perda de peso por gotejamento (PPG) e força de cisalhamento (FC)) estão
representados na Tabela 13 e, destas apenas duas características apresentaram diferença
entre tratamentos, sendo a coloração para a* teor de vermelho (P <0,014) e pH da carne
(P <0,021). Para a coloração da carne, o SA proporcionou o maior teor de vermelho,
sendo o HCA responsável pelo menor resultado, de forma que os demais tratamentos não
diferiram entre si para variável analisada. Frangos do tratamento HCS apresentaram
maior pH da carne e os do SA o menor resultado, sendo que os demais tratamentos não
se diferiram entre si. A qualidade sensorial da carne de frango está correlacionada com as
36
características físico químicas das mesmas, como coloração, FC e capacidade de retenção
de água (Yang et al., 2011). O valor do pH reflete na taxa de glicose da carne e está
associado ao prazo de validade da mesma, carnes com baixo pH parecem acelerar o
processo de oxidação (Yang e Chen, 1993). No presente estudo as fontes hidroxicloretos
com alta inclusão apresentaram maiores pH quando comparadas a fonte sulfato com
níveis elevados. Embora ocorra influência dos parâmetros cor e pH sobre a qualidade da
carne, na produção de frangos isto não está tão bem estabelecido como em extremos de
carnes pálidas, flácidas e exsudativas (PSE) e escuras, firmes e secas (DFD) observados
em suínos (Quiao et al., 2001). Alguns autores relataram alteração nos parâmetros de
qualidade de carne pela suplementação dos microminerais estudados, mesmo não sendo
prática comum a avaliação destes parâmetros. Yang et al. (2011) estudando a inclusão de
Cu, Zn, Fe e Mn encontraram maior capacidade de retenção de água para peitos provindos
de aves suplementadas e citaram que esta característica se deve ao mineral Zn.
Comparando niveis e fontes de Zn, Liu et al. (2011) relatam aumento do valor de b*, pH,
FC e ainda, citaram uma tendência de maior valor de a* quando se utiliza níveis
suplementares de Zn, comparados com a dieta controle. Aksu et al. (2011) avaliando a
qualidade da carne de frango com a utilização de Cu, Zn e Mn orgânicos e inorgânicos
encontraram menores níveis de a* e L* quando se utilizou fontes alternativas de minerais,
não encontrando diferença para b*. As respostas do presente estudo se assemelham às
encontradas nestes estudos, onde a suplementação da fonte hidroxicloreto apresentou
menor valor de a* quando comparada a fonte sulfato, não alterando L* e b*. Os resultados
que se diferem da atual pesquisa podem ser justificados devido a utilização de apenas um
ou a combinação de mais minerais, além dos pesquisados neste estudo.
37
TABELA 13. Qualidade de carne de frangos aos 42 dias de idade.
TRAT¹ pH L* a* b* PPC, % FC, Kgf PPG, %
SB+APC 5,923ab 59,780 11,234ab 8,861 20,550 20,067 0,632
SA
HCA
5,880b
5,949ab
59,492
59,228
11,759a
10,729b
8,789
8,426
21,890
21,530
20,021
18,516
0,581
0,765
HCS 5,988a 59,225 11,335ab 8,972 20,200 19,240 0,812
HCH 5,976ab 58,559 11,282ab 8,373 18,330 18,422 0,590
CV (%) 2,28 3,170 9,870 15,430 27,960 25,35 32,62
P-valor 0,021 0,0166 0,014 0,346 0,166 0,585 0,133
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. pH, potencial hidrogeniônico; L*, luminosidade; a*, coloração de vermelho; b*, coloração de
amarelo; PPC, perca de peso por cozimento; FC, força de cisalhamento; PPG, perda de peso por gotejamento; CV,
coeficiente de variação. a, b = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes
(P <0,05) pelo teste de Tukey.
Concentração mineral no Fígado, Plasma e Tíbia
Para concentração de Cu no fígado (Tabela 14), o HCH apresentou o maior
resultado (P <0,0001), seguido pelo HCS, os tratamentos SA e HCA não se diferiram e o
SB+APC foi responsável pela menor concentração. A deposição de Zn no fígado não
apresentou diferença entre os tratamentos. O fígado é o principal órgão de armazenamento
do Cu (Southern e Baker, 1982; Suttle, 2010), de forma que a concentração deste mineral
no órgão aumenta conforme sua inclusão na dieta (Ledoux et al., 1986). Os resultados do
presente estudo estão de acordo com esta afirmação, uma vez que a concentração do Cu
no fígado aumentou linearmente conforme sua inclusão na dieta. Olukosi et al. (2018)
obtiveram maior deposição de Cu no fígado quando suplementaram Cu e Zn da fonte
hidroxicloreto em comparação a fonte sulfato, justificando este fato a maior
biodisponibilidade do mineral. Na atual pesquisa quando comparado os tratamentos com
níveis idênticos de 125 ppm de Cu alterando apenas a fonte, apesar de ter sido
numericamente maior para fonte hidroxicloreto o nível de Cu no fígado não se diferenciou
estatisticamente. Southern e Baker (1982) citam que a absorção do Cu é
quantitativamente aumentada em aves durante desafio coccidiano, onde animais
suplementados com níveis acima de 250 ppm apresentam sinais de toxicidade
exacerbados, enquanto aves suplementadas com até 100 ppm do mineral não
apresentaram este distúrbio. Resultados semelhantes aos encontrados neste estudo, aves
suplementadas com 250 ppm de Cu na fase pré-inicial apresentaram sinais de toxicidade,
podendo o desafio empregado no experimento ter contribuído para exacerbação dos
mesmos; e aves suplementadas com 125 ppm de Cu de ambas as fontes não apresentaram
38
tais problemas. Zhao et al. (2016) citam serem o primeiro relato de impacto de altas doses
de Cu e diferentes fontes de Zn, de forma que ao avaliarem a concentração de Zn no
fígado não encontraram diferença estatística para os dois fatores. As respostas
encontradas na atual pesquisa corroboram com as citadas anteriormente, os níveis de
deposição de Zn não se diferiram em todos os tratamentos analisados.
TABELA 14. Concentração de Cu e Zn no fígado de frangos aos 42 dias de idade.
TRAT¹ Cu, ppm Zn, ppm
SB+APC 13,38d 74,59
SA 16,65c 71,27
HCA 17,79c 64,42
HCS 20,50b 61,64
HCH 22,56a 58,71
CV (%) 32,54 27,55
P-valor <0,0001 0,120
¹Tratamentos: SB+APC = 10 ppm de sulfato (SF) de Cu + 80 ppm de SF de Zn + avilamicina em todas as etapas da
criação; SA = 125 ppm de SF de Cu + 80 ppm de SF de Zn em todas as etapas da criação; HCA = 125 ppm Cu
hidroxicloreto (HC) + 80 ppm Zn HC em todas as etapas da criação; HCS = 200, 150, 125 e 125ppm Cu HC nas fases
de criação pré-inicial (PI), inicial (I), crescimento (C) e final (F), respectivamente, + 80 ppm de Zn HC em todas as
fases da criação ; HCH = 250, 200, 125 e 125ppm Cu HC nas fases PI, I, C, F, respectivamente + 80 ppm Zn HC todas
as fases de criação. Cu, concentração de cobre no fígado; Zn, concentração de zinco no fígado; CV, coeficiente de
variação. a, b, c, d = As médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes (P <0,05)
pelo teste de Tukey.
As concentrações dos minerais Cu e Zn no plasma das aves com 21 e 42 dias de
idade estão representadas na Tabela 15. Houve diferença estatística entre tratamentos para
todas as variáveis analisadas. Para concentração plasmática de Cu aos 21 dias de idade (P
<0,0001) os tratamentos SB+APC, HCA e HCS foram responsáveis pelas maiores
concentrações, e os tratamentos SA e HCH obtiveram os menores resultados. Para a
concentração plasmática de Zn aos 21 dias de idade (P <0,01) o HCA obteve o maior
resultado, sendo que o HCH apresentou a menor concentração e os demais tratamentos
não diferiram entre si. Resultados que mostram a possível melhor qualidade intestinal do
SB+APC aos 21 dias provinda do APC, pelo fato do mesmo representar o menor nível de
Cu suplementado e apresentar uma das maiores concentrações do mineral no plasma na
idade citada. Os tratamentos que obtiveram menores resultados no plasma aos 21 dias,
encontraram tais respostas pela possível pior qualidade intestinal ocasionada pelo desafio
e antagonismo do Cu junto ao Zn, uma vez que os mesmos apresentaram menores
quantidades de Zn plasmático. A concentração plasmática de Cu aos 42 dias (P <0,015)
apresentou os seguintes resultados: o HCS foi responsável pela maior concentração,
sendo o SA responsável pela menor, os demais tratamentos não diferiram dos mesmos
39
para a variável analisada. Aos 42 dias a concentração plasmática de Zn (P <0,0001)
apresentou maiores resultados para os tratamentos que utilizaram a fonte hidroxicloreto
e menores resultados para os tratamentos da fonte convencional sulfato. De modo geral,
a fonte hidroxicloreto mostrou possível maior biodisponibilidade e menor interação entre
os minerais, principalmente quando se analisa a concentração plasmática dos minerais
entre o HCA e SA que possuem os mesmos níveis de inclusões variando apenas a fonte.
Olukosi et al. (2018) sabendo do necessário sinergismo entre minerais, estudaram a