UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro “A BIOGEOGRAFIA NO NÚCLEO DE RIO CLARO (SP): ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS NO PERÍODO DE 1969-2004” Márcia Helena Galina Orientador: Prof. Dr. Helmut Troppmair Rio Claro (SP) 2006 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro “A BIOGEOGRAFIA NO NÚCLEO DE RIO CLARO (SP): ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS NO PERÍODO DE 1969-2004” Márcia Helena Galina Orientador: Prof. Dr. Helmut Troppmair Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geografia, Área de Concentração em Organização do Espaço, para obtenção do Título de Doutor em Geografia Rio Claro (SP) 2006 574.9 Galina, Márcia Helena G158b A biogeografia no núcleo de Rio Claro (SP) : análise e avaliação das contribuições científicas no período de 1969- 2004 / Márcia Helena Galina. – Rio Claro : [s.n.], 2006 278 f. : il., gráfs., quadros, fots., mapas Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Helmut Troppmair 1. Biogeografia. 2. Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro. I. Título. Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP COMISSÃO EXAMINADORA 1- Dr. Helmut Troopmair (Orientador) – IGCE/UNESP/Rio Claro (SP) 2- Dr. Adler Guilherme Viadana - IGCE/UNESP/Rio Claro (SP) 3- Dra. Lucy Marion C. P. Machado - IGCE/UNESP/Rio Claro (SP) 4- Dra. Marta Felícia Marujo Ferreira – Universidade Federal de Alfenas/ Alfenas (MG) 5- Dra. Juliana Augusta Verona – Faculdade de Vinhedo/ Vinhedo (SP) _______________________________________ Márcia Helena Galina Rio Claro, 5 de outubro de 2006 Resultado: Aprovada Aos meus pais, Geraldo Galina e Maria Braghin Galina, que me proporcionaram o conhecimento sobre os princípios fundamentais para a vida em sociedade, como dignidade, caráter e respeito ao próximo. DEDICO A G R A D E C I M E N T O S Agradeço às seguintes Pessoas e Instituições: - Orientador Prof. Dr. Helmut Troppmair do Departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro, pela orientação, concessão de material relevante, amizade e atenção dispensadas desde a graduação. Fundador do Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro, sempre muito admirado e respeitado pelos alunos e colegas de profissão, ao longo dos seus anos dedicados à Docência e à Pesquisa; - Professores componentes do Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro, Departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro, mais diretamente envolvidos com a temática Biogeográfica: Professor Doutor Adler Guilherme Viadana, Professor Doutor José Carlos Godoy Camargo, Professora Doutora Ana Tereza Cáceres Cortez e Professora Doutora Maria Juraci Zani dos Santos pela concessão de material essencial para a elaboração do presente trabalho. Professores e pesquisadores assíduos e portadores de conteúdo profundo e interessante, sempre trabalhando para o progresso da ciência; - Instituto Geológico - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - pela concessão das condições e materiais necessários para o andamento e finalização da presente pesquisa, na pessoa da Diretora Geral Dra. Sonia Aparecida Abissi Nogueira; - Amigos, Colegas e funcionários da Pós-Gradução, do Departamento de Geografia, da Biblioteca e do Instituto Geológico, em especial, Juliana Augusta Verona, Gilberto D. Henrique e Maria Isabel Vitorino, pelo companheirismo e incentivo. Por fim, agradeço a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para a elaboração deste trabalho, seja com atos, gestos ou palavras. [...] Ao macular uma natureza que se pretende intocada pela mão humana, a história passa a ser inimiga do mito e conduz a uma indesejada reflexão sobre o cunho utilitarista que sempre marcou as relações do Ocidente com o universo natural. Além de afastar qualquer sonho de remissão, esse perambular pelas trevas adquire contornos quase profanos, ao trazer do passado uma imagem tão inesperada e angustiante, frágil desenho composto de documentos esfacelados, frases incompletas e velhas figuras, farrapos de uma memória cada vez mais gasta e débil, último refúgio de um mundo que não mais existe sob o sol. Estranho oráculo esse, cuja indizível crueldade condena à renovada lembrança de florestas sem fim e do grito das aves a escurecer o céu em um perdido dia de glória. (Papavero e Balsa, 2001:1037) S U M Á R I O ÍNDICE...................................................................................................................................... i ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................................. vi RESUMO................................................................................................................................... xiii ABSTRACT............................................................................................................................... xiii I- INTRODUÇÃO E OBJETIVOS............................................................................................ 01 II- MATERIAIS E METODOLOGIA......................................................................................... 04 III- REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................. 09 IV- ANÁLISE E AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DO NÚCLEO DE ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS DE RIO CLARO................................................................... 24 V- RESULTADOS E CONCLUSÕES......................................................................................... 226 VI- REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 267 VII- ANEXOS ............................................................................................................................ 274 Í N D I C E I- INTRODUÇÃO E OBJETIVOS........................................................................................... 01 II- MATERIAIS e METODOLOGIA .................................................................................... 04 III- REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................... 09 3.1) Geografia, Biogeografia no contexto Geográfico e Evolução dos Estudos Biogeográficos......................................................................................................................... 09 3.1.1) Breve histórico sobre evolução do paradigma da Ciência Geográfica.................. 09 3.1.2) A Biogeografia no contexto da Geografia ............................................................. 11 3.1.3) Considerações sobre Teorias Evolutivas e Biogeográficas.................................... 13 3.1.4) O desenvolvimento de estudos em Biogeografia, no âmbito da Geografia, no Brasil............................................................................................................................. 19 3.2) Novos Desafios: Breves Reflexões sobre Biodiversidade no atual cenário da Biotecnologia .......................................................................................................................... 21 IV- ANÁLISE E AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO NÚCLEO DE ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS DE RIO CLARO.............................................................. 24 4.1) Prof. Dr. Helmut Troppmair............................................................................................ 24 4.1.1) Produção Científica Indicada Para Avaliação.......................................................... 25 4.1.1.1) Livre Docência: Estudo Zoogeogeográfico e Ecológico das Formigas do Gênero Atta (Hymenoptera) com Ênfase sobre a Atta Laevigatta, (Smith, 1858), no Estado de São Paulo........................................................................ 25 4.1.1.2) Livros e Capítulos de Livros: Biogeografia e Meio Ambiente...................... 30 4.1.1.3) Artigos............................................................................................................ 31 A) A Cobertura Vegetal Primitiva do Estado de São Paulo.................................. 31 B) Contribuição ao Estudo Fenológico do Estado de São Paulo pelo Ipê Amarelo (Tabebula Pulcherrima) ................................................................. 33 C) Estudo Biogeográfico das Áreas Verdes de Duas Cidades Médias do Interior Paulista: Piracicaba e Rio Claro......................................................... 35 D) Estudo Biogeográfico de Liquens como Vegetais Indicadores de Poluição Aérea da Cidade de Campinas – S. P................................................... 36 E) Ecossistemas e Geossistemas do Estado de São Paulo.................................... 38 F) Perfil Fitoecológico do Estado do Paraná........................................................ 41 G) Qualidade Ambiental e de Vida Em Rio Claro ............................................. 43 H) Condições Geoambientais, Ocorrência de Neblina e Acidentes em Rodovias Paulistas............................................................................................ 44 I) Poluição Sonora na Área Central do Espaço Urbano de Rio Claro.................... 46 4.1.2) Orientações Efetuadas................................................................................................ 48 4.1.2.1) Doutorado......................................................................................................... 48 A) Contribuição à Definição Climática da Bacia do Corumbataí e Adjacências (S.P.), dando Ênfase à Caracterização dos Tipos de Tempo............. 48 B) Influências climáticas associadas às Pedológicas e Econômicas na produção de cana-de-açúcar nos Núcleos Canavieiros do Estado de São Paulo................................................................................................................ 50 i C) Estudo Biogeográfico Comparativo de uma Área de Mata Latifoliada de Encosta e de uma Área Reflorestada no Estado de São Paulo........................ 50 D) Análise Ambiental da Sub-Bacia do Rio Piracicaba: Subsídios ao seu Planejamento e Manejo ........................................................................... 51 E) Dinâmica da Paisagem: Estudo Integrado de Ecossistemas Litorâneos em Huelva (Espanha) e Ceará (Brasil)................................................................. 53 F) A Ecologia da Paisagem e a Questão da Gestão de Recursos Naturais: Um Ensaio Teórico-Metodológico realizado a partir de duas Áreas da Costa Atlântica Brasileira................................................................................. 54 G) Geossistemas de Santa Catarina....................................................................... 57 H) Organização do Espaço e Manejo do Solo em Santa Terezinha, no Alto Vale do Itajaí - SC: Reflexos sobre a Qualidade Ambiental e a Ocorrência de Enchentes na Bacia Hidrográfica do Itajaí.................................... 60 I) Litoral Sul de Sergipe: Uma Proposta de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável............................................................................... 62 J) Regiões Bioclimáticas do Estado de Mato Grosso do Sul................................ 64 K) O Afogar das Veredas: Uma Análise Comparativa Espacial e Temporal das Veredas do Chapadão de Catalão (GO).......................................... 68 4.1.2.2) Mestrado A) A Fauna Urbana de Uberlândia (MG) com Destaque a Avifauna: Um Estudo de Biogeografia Ecológica................................................................. 73 B) A Qualidade das Águas na Bacia do Rio Piracicaba......................................... 76 C) Transformações na Organização Espacial da Cobertura Vegetal no Município de Uberlândia (MG) De 1964 A 1979................................................. 78 D) As Áreas Verdes de Piracicaba......................................................................... 81 E) Sensação de Conforto como Metodologia para Delimitar Espaços Bioclimáticos e Biogeográficos no Estado de São Paulo....................................... 82 F) Biotopos na Área de Proteção Ambiental das Cuestas de São Pedro e Analândia........................................................................................... 85 G) Análise da Qualidade Hídrica do Alto e Médio Corumbataí (SP) pela aplicação de Bio-Indicadores......................................................................... 85 H) O Lixo Domiciliar: A Produção de Resíduos Sólidos Residenciais em Cidades de Porte Médio e a Organização do Espaço. O Caso de Rio Claro, SP... 86 I) Variação da Cobertura Vegetal e seus Reflexos na Erosão Superficial............. 88 J) Ensaio Metodológico sobre a Ocupação Humana e as transformações no Mosaico Ambiental na Fazenda de Picinguaba (SP) – Parque Estadual da Serra do Mar, nos Períodos de 1962 e 1990 ......................................................... 90 K) Impactos na Cobertura Vegetal no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú- Manguaba de 1965 A 1989/90............................................................................... 92 L) Ocupação em Áreas Inundáveis em Blumenau (SC)......................................... 95 M) Qualidade Ambiental e de Vida na Cidade de Várzea Paulista (SP): Estudo de Caso....................................................................................................... 97 N) Poluição Visual Em Rio Claro (SP) ................................................................. 100 4.2) Prof. Doutor José Carlos Godoy Camargo.................................................................... 105 4.2.1) Produção Científica Indicada Para Avaliação............................................................. 105 4.2.1.1) Doutorado: Estudo Biogeográfico Comparativo de uma Área de Mata Latifoliada de Encosta e de uma Área Reflorestada no Estado de São Paulo................. 105 4.2.1.2) Livre Docência: Evolução e Tendências do Pensamento Geográfico no Brasil: A Biogeografia.................................................................................................... 108 ii 4.2.1.3) Artigos................................................................................................................ 111 A) Estudo Fitogeográfico da Vegetação Ciliar do Rio Corumbataí (SP)............... 111 B) Estudo Fitogeográfico e Ecológico da Bacia Hidrográfica Paulista do Rio a Ribeira.......................................................................................................... 115 C) Caracterização da Vegetação Natural de Encosta da Região Serrana de Itaqueri da Serra (SP)............................................................................................. 117 D) Zoogeografia da Região Serrana de Itaqueri da Serra (SP).............................. 119 4.2.2) Orientações Efetuadas................................................................................................ 121 4.2.2.1) Doutorado........................................................................................................... 121 A) Impactos e Condições Ambientais da Zona Costeira do Estado do Piauí........ 121 4.2.2.2) Mestrado............................................................................................................. 124 A) Análise das Unidades Geoambientais na Planície Deltaica do Rio Parnaíba/PI................................................................................................. 124 B) O Humano pelo Viés Quantitativo: Um Exame do (Neo)Positivismo em Speridião Faissol, através da Leitura de Textos selecionados.............................. 126 4.3) Profa. Doutora Ana Tereza Cáceres Cortez................................................................. 130 4.3.1) Produção Científica Indicada Para Avaliação........................................................... 130 4.3.1.1) Mestrado: Biotopos na Área de Proteção Ambiental das Cuestas de São Pedro e Analândia.................................................................................................... 130 4.3.1.2) Doutorado: Contribuição ao Estudo das Matas Ciliares: O Exemplo da Porção Meridional da APA de Corumbataí (SP)............................................................. 134 4.3.1.3) Livre Docência: A Gestão de Resíduos Sólidos Domiciliares: Coleta Seletiva e Reciclagem - A Experiência em Rio Claro..................................................... 138 4.3.1.4) Livros e Capítulos de Livros: Paisagem e Qualidade de Vida........................... 140 4.3.1.5) Artigos................................................................................................................ 141 A) A Legislação Ambiental no Brasil no Período de 1934-1984........................... 141 B) A Biogeografia e sua Relação com a Ecologia.................................................. 142 C) Produtores e Consumidores............................................................................... 143 4.3.1.6) Trabalhos Apresentados em Reuniões Científicas: As Andorinhas Migratórias em Rio Claro (SP): seus impactos Negativos e Positivos............................ 144 4.3.2) Orientações Efetuadas................................................................................................ 145 4.3.2.1) Mestrado............................................................................................................. 145 A) Análise do Mercado Brasileiro de Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos e Experiências de Coleta Seletiva em alguns Municípios Paulistas.................... 145 B) Caracterização Geográfica da Dispersão do Flúor, através de Teores Foliares, em Espécies Vegetais de Interesse Econômico, a partir do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes – SP........................................................................ 148 4.3.2.2) Especialização: Análise e Caracterização da Arborização de Piracicaba/SP... 151 4.3.2.3) Graduação: A Conscientização Ambiental como Subsídio para a questão dos Recursos Hídricos no Município de Piracicaba (SP)................................................. 155 4.4) Professor Doutor Adler Guilherme Viadana................................................................ 157 4.4.1) Produção Científica Indicada Para Avaliação............................................................ 157 4.4.1.1) Mestrado: Análise da Qualidade Hídrica do Alto e Médio Corumbataí (SP) pela aplicação de Bio-Indicadores................................................................................... 157 iii 4.4.1.2) Doutorado: Perfis Ictiobiogeográficos da Bacia do Rio Corumbataí (SP)......... 160 4.4.1.3) Livre Docência: A Teoria dos Refúgios Florestais Aplicada ao Estado de São Paulo........................................................................................................ 164 4.4.1.4) Livros e Capítulos de Livros............................................................................. 168 A) Um Plano de Recuperação de Hidrobiocenoce no Município de Corumbataí (SP) em Área de Preservação Ambiental........................................... 168 B) Estudo Biogeográfico do Astyanax Bimaculatus (Tambiú) na Determinação da Qualidade de Hidrotopo no estado de São Paulo............................................. 170 C) Biogeografia: Natureza, Propósitos e Tendências............................................ 171 4.4.1.5) Artigos................................................................................................................ 173 A) Abordagem Preliminar acerca da Metodologia da Interpretação Biogeográfica dos Ambientes Degradados por Ação Antrópica........................... 173 B) Proposta Metodológica para Interpretação de Mapas Corológicos: O exemplo da Região Sul no Mapa: “Fauna Ameaçada de Extermínio”.............. 174 4.4.2) Orientações Efetuadas................................................................................................ 176 4.4.2.1) Mestrado ........................................................................................................... 176 A) Subsídios para Adequar o Abastecimento Hídrico de Setor do Município de Rio Claro (SP).................................................................................................. 176 B) Título: A Aplicação dos Perfis Geo-Ambientais em Setores da Cidade de Rio Claro (SP)................................................................................................... 179 C) Título: A Vegetação Original do Setor Nordeste do Estado de São Paulo: Uma Representação Cartográfica através de Técnicas Simplificadas .................. 181 D) Título: A Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos: Uma Abordagem Sócio-Ambiental com Ênfase no Município de Ribeirão Preto............................ 186 4.4.2.2) Graduação: Os Aspectos Fitofisionômicos do Cerrado do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG).............................................................................................. 189 4.5) Prof. Dra. Maria Juraci Zani dos Santos...................................................................... 193 4.5.1) Produção Científica Indicada para Avaliação........................................................... 193 4.5.1.1) Mestrado: A Importância da Variação do Ritmo Pluviométrico para a Produção Canavieira na Região de Piracicaba................................................................. 193 4.5.1.2) Doutorado: Influências Climáticas Associadas às Pedológicas e Econômicas na Produção de Cana-de-Açúcar nos Núcleos Canavieiros do Estado de São Paulo...... 196 4.5.1.3) Livre Docência: Variabilidade e Tendência da Chuva e sua relação com a Produção Agrícola na Região de Ribeirão Preto.................................................. 198 4.5.1.4) Livros e Capítulos de Livros: Mudanças Climáticas e o Planejamento Agrícola............................................................................................................................ 200 4.5.1.5) Artigos: Mudanças Climáticas no estado de São Paulo..................................... 201 4.5.2) Orientações Efetuadas............................................................................................... 202 4.5.2.1) Doutorado.......................................................................................................... 202 A) Agricultura e Meio Ambiente: Um estudo sobre a Sustentabilidade Ambiental de Sistemas Agrícolas na Região de Ribeirão Preto (SP).................... 202 B) Variabilidade e Tendência Climática na Região de Campinas (SP) e sua Relação com o Uso do Solo................................................................................. 205 4.5.2.2) Mestrado............................................................................................................ 207 A) Análise Ambiental e Conseqüências do Desmatamento no Município de Presidente Prudente............................................................................................... 207 iv B) Estudo de Microclima Subterrâneo: O Exemplo da Gruta Olhos D`Água Castro (PR) ........................................................................................................... 210 C) Influência Climática na Produção de Feijão (Phaseolus Vulgaris L.) na Região de Ribeirão Preto.................................................................................. 212 D) Influência Climática na Produção de Cana-de-Açúcar no Núcleo Canavieiro de Jaú.................................................................................................................... 215 E) Comportamento Climático e sua Influência na Incidência de Pragas e Doenças na Cultura de Citros nos Municípios de Limeira e Bebedouro (SP)...... 217 F) Mudanças Climáticas de Curto Prazo: Tendência dos Regimes Térmicos e Hídricos e do Balanço Hídrico nos Municípios de Ribeirão Preto, Campinas e Presidente Prudente (SP) no Período de 1969-2001.............................................. 219 G) Variabilidade Climática e a Produtividade do Milho em Espaços Paulistas..... 223 V- RESULTADOS E CONCLUSÕES...................................................................................... 226 A) Estudos Ambientais e de Qualidade de Vida............................................................... 236 B) Biogeografia Ecológica................................................................................................ 241 C) Bioclimatologia............................................................................................................ 245 D) Subsídios Teóricos e Metodológicos para a Biogeografia........................................... 248 E) Biogeografia Fitofisionômica...................................................................................... 250 F) Biogeografia Faunística................................................................................................ 252 G) Biogeografia Histórica e Evolucionista ...................................................................... 254 H) Biogeografia Antrópica ou Social............................................................................... 256 I) Estudos Climatológicos................................................................................................. 257 J) Biogeografia Regional.................................................................................................. 258 K) Biogeografia Florística................................................................................................ 259 5.1- Considerações Finais....................................................................................................... 264 VI- REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 267 VII- ANEXOS.............................................................................................................................. 274 v Í N D I C E D E F I G U R A S Figura 1 – Quadro com roteiro geral para analise da produção científica selecionada............... 5 Figura 2- Quadro sintético e sistemático como modelo para identificação dos trabalhos e contribuições geradas nas áreas específicas da Biogeografia........................................................ 7 Figura 3 - Os modelos da Geografia Física. Fonte: Bertrand (1982) apud Fournier (2001)......... 11 Figura 4 – Relações entre isolação e diferenciação. Fonte: Muller (1974) apud Troppmair (2006)........................................................................................................................... 18 Figura 5- Exemplo do gráfico das termo-isopletas. Fonte: Troppmair (1973)............................. 26 Figura 6- Ilustração mostrando as condições de expulsão de terra, corte e transporte de matéria orgânica pelas saúvas em função da temperatura. Fonte: Troppmair (1973)................................. 27 Figura 7- Distribuição dos sauveiros em função da topografia. Fonte: Troppmair (1973)........... 27 Figura 8- Ilustração mostrando os estados de tempo, os tipos de precipitação e o grau de atividades das saúvas (acelerada, normal e lenta) Fonte: Troppmair (1973)................................ 28 Figura 9- Ilustração mostrando o prejuízo causado pelas saúvas (%) em anos secos, úmidos e normais. Fonte: Troppmair (1973).................................................................................. 28 Figura 10- Delimitação das Regiões Ecológicas de ocorrência da Atta laevigata no estado de São Paulo. Fonte: Troppmair (1973)......................................................................................... 29 Figura 11- Cobertura Vegetal Primitiva do estado de São Paulo. Fonte: Troppmair (1969)........ 32 Figura 12- Representação da fenologia do Ipê amarelo no Estado de São Paulo. Fonte: Troppmair (2006)............................................................................................................... 34 Figura 13 - Zonas de ocorrência de Liquens e Musgos e Grau de Poluição no Município de Campinas (SP) no período de 1974-1975. Fonte: Troppmair (1977)...................................... 38 Figura 14- Exemplo de Geossistema Planície Costeira Sul com as inter-relações das variáveis Bióticas e Abióticas. Fonte: Troppmair (1983).............................................................................. 40 Figura 15- Perfil Fitoecológico do Paraná. Fonte: Troppmair (1990).......................................... 42 Figura 16 - Perfil Fitoecológico de Sergipe. Fonte: Troppmair (1990)........................................ 43 Figura 17- Ilustração mostrando a ocorrência de acidentes por trechos de 5 Km em dias de neblina (1996/97). Fonte: Troppmair (1998)........................................................................... 45 Figura 18-Planta parcial da cidade de Rio Claro, ilustrando o centro, a intensidade de tráfego e a poluição sonora. Fonte: Troppmair (1998).................................................................. 48 Figura 19- Ilustração mostrando a área, a população, a vazão média e o número de estabelecimentos do setor industrial nas quatro sub-bacias do rio Piracicaba. Fonte: Procknow (1990)................................................................................................................ 52 Figura 20- Exemplo de Gráfico de Interação. Fonte: Veado (1998)............................................ 58 vi Figura 21- Perfil da vegetação identificada na planície fluvial no alto vale, na baixa e meia encosta e no topo de morros do alto vale. Fonte: Veado (1998).................................................. 59 Figura 22- Imagem do Satélite LANDSAT 5 TM em que aparece parte dos geofáceis Médio Vale dos rios Canoas e Pelotas. Fonte: Veado (1998)................................................................................ 59 Figura 23- Exemplo de uma área ocupada pela agricultura no Alto Vale do Itajaí (Blumenau –SC)Fonte: Butzke Dallacorte (1998)..................................................................... 61 Figura 24- Ilustração do Nomograma de Índice de Conforto de Terjung (1966). Fonte: Parra (2001)........................................................................................................................ 65 Figura 25- Delimitação das Regiões Bioclimáticas do Mato Grosso do Sul. Fonte: Parra (2001)........................................................................................................................ 66 Figura 26- Registro da substituição da cobertura de capim sapé por cimento amianto nas moradias das reservas indígenas no estado de Mato Grosso do Sul. Fonte: Parra (2001)............ 67 Figura 27- Hospital com cobertura em cimento amianto Fonte: Parra (2001)............................. 67 Figura 28- Vereda devastada para plantio de arroz. Fonte: Ferreira (2003)................................. 70 Figura 29- Vereda transformada em represa com vegetação afogada e morta (tipo paliteiro). Fonte: Ferreira (2003).................................................................................................................... 71 Figura 30- Retirada de argila de uma vereda para uso cerâmico. Fonte: Ferreira (2003)............ 71 Figura 31- Fornos de queima de madeira para carvão vegetal (madeira de Cerrado a espera de carvoejamento). Fonte: Ferreira (2003).................................................................................... 72 Figura 32- Vereda queimada em estágio de recuperação. Fonte: Ferreira (2003)....................... 72 Figura 33- Perfil mostrando a distribuição vertical da fauna nos fundos de vale, nas áreas centrais e nas áreas periféricas. Fonte: Siegler (1981).................................................................. 74 Figura 34- Teia Ecológica envolvendo a fauna identificada. Fonte: Sigler (1981)..................... 75 Figura 35- Exemplo do Modelo Hidrológico de Thiessen. Fonte: Prochnow (1981).................. 77 Figura 36- Perfil delimitando Geossistema, Geofáceis e Geotopos. Fonte: Schneider (1982)..... 80 Figura 37- Delimitação dos espaços bioclimáticos no estado de São Paulo. Fonte: Castelo (1985)..................................................................................................................... 84 Figura 38- Exemplo de canteiro de observação em solo desnudo. Fonte: Macagnan (1990)....... 89 Figura 39- Exemplo de canteiro de observação em área de pastagem. Fonte: Macagnan (1990). 89 Figura 40- Cultivo da cana-de-açúcar no topo do tabuleiro e agricultura de subsistência na encosta. Fonte: Calheiros (1993)............................................................................................. 94 Figura 41- Erosão em Sulcos nas bordas do tabuleiro do interflúvio Lagoa Mundaú e rio dos Remédios. Fonte: Calheiros (1993)......................................................................................... 94 Figura 42- Densidade Demográfica por Bairro. Fonte: Verona (2002)........................................ 99 Figura 43- Concentração populacional por bairro (m²). Fonte: Verona (2002)............................ 99 vii Figura 44- Exemplo de excesso luminoso próximo a semáforo no centro urbano da cidade de Rio Claro (SP). Fonte: Dávolos (2004)...................................................................................... 102 Figura 45- Exemplo de publicidade com letreiros de grande porte (rua oito, Bairro Santana) em Rio Claro (SP). Fonte: Dávolos (2004)................................................................................... 102 Figura 46- Identificação de placa de anúncio sobre a calçada no centro da cidade de Rio Claro (SP). Fonte: Dávolos (2004).......................................................................................... 103 Figura 47- Exemplo de preservação da fachada arquitetônica de uma edificação, avenida dezoito (18) com rua um (01), Rio Claro (SP). Fonte: Dávolos ...................................... 103 Figura 48- Exemplo da relação publicidade-meio ambiente. Praça entre a avenida visconde do Rio Claro e rua seis (06) no município de Rio Claro (SP). Fonte: Dávolos (2004).................. 104 Figura 49- Perfil esquemático da distribuição vertical da fauna numa área de vegetação natural. Fonte: Godoy (1988)......................................................................................................... 107 Figura 50- Perfil esquemática da distribuição horizontal da fauna nas áreas de mata, pastagem e mata galeria. Fonte: Godoy (1988)................................................................................................. 107 Figura 51- Exemplo da distribuição horizontal da fauna numa área reflorestada....................... 108 Figura 52- Ilustração dos tipos de Vegetação Ciliar identificados. Fonte: Camargo (1971) et al.......................................................................................................... 113 Tabela 53- Exemplo de catalogação das espécies identificadas de acordo com o perfil, contendo o nome vulgar, o nome científico e a família. Fonte: Camargo (1971).......................... 114 Figura 54- Perfil da vegetação identificada na área de estudo. Fonte: Camargo et ali (1972).... 117 Figura 55- Perfil esquemático mostrando a ocorrência da fauna associada com a vegetação da área. Fonte: Camargo (1989)..................................................................................................... 121 Figura 56- Aspectos da dinâmica natural costeira do Estado do Piauí. Fonte: Cavacanti (2000)................................................................................................................ 123 Figura 57- Faissol “contextualizado” em panorama. Fonte: Reis Jr. (2003).............................. 128 Figura 58- Exemplo do Biotopo Colinas Amplas e Vales Abertos identificado em São Pedro- S.P. (estrada Santa Maria-São Pedro). Fonte: Cortez (1985)....................................................... 131 Figura 59- Exemplo do Biotopo Colinas Médias e Vales Intermediários com destaque para o pastoreio, favorecido pelo relevo e pelo solo. Fonte: Cortez (1985)................................... 131 Figura 60-Exemplo do Biotopo Runeiforme. Fonte: Cortez (1985)............................................. 132 Figura 61- Exemplo do Biotopo Morrotes Alongado e Espigões. Fonte: Cortez (1985) ............. 132 Figura 62- Entalhes dos Vales com vegetação de desfiladeiro. Fonte: Cortez (1985).................. 132 Figura 63- Exemplo do Biotopo de Represas e Lagoas. Fonte: Cortez (1985)............................ 133 Figura 64- Biotopo Brejos e Planícies aluviais, solo hidromorfo identificado na estrada Itirapina- Brotas. Fonte: Cortez (1985)........................................................................................................... 133 viii Figura 65- Alinhamento de Cuestas registrado na estrada Santa Maria-São Pedro, município de São Pedro. Cortez (1985)............................................................................................................... 134 Figura 66- Exemplo de reflorestamento ciliar na represa municipal de Iracemápolis (SP) realizado em 1986. Fonte: Cortez (1991)....................................................................................... 136 Figura 67- Detalhe do espaçamento regular entre as mudas plantadas na represa municipal de Iracemápolis. Fonte: Cortez (1991)........................................................................................... 136 Figura 68- Reflorestamento ciliar no rio Jaguari (Cosmópolis- SP) realizado em 1960. Observa-se a densidade da vegetação. Fonte: Cortez (1991)............................................................................ 137 Figure 69-Alunos participantes do programa de educação ambiental. Fonte: Cortez (2002)....... 139 Figura 70- Esquematização de uma rede alimentar. Fonte Krasilchiik (2002)............................. 144 Figure 71- Localização dos municípios paulistas selecionados para estudo. Fonte: Leite (2001)........................................................................................................................ 146 Figura 72- Mesa de separação da central de triagem de materiais recicláveis de Corumbataí (SP). Fonte: Leite (2001)........................................................................................................................ 147 Figura 73- Uma das três esteiras transportadora de materiais recicláveis da central de triagem da URBAM S/A em São José dos Campos (SP). Fonte: Leite (2001).............................................. 147 Figura 74-Corte transversal de folha de capim colonião desenvolvido em região com alto teor de flúor (área dentro do Pólo Cerâmico) que apresentava coloração esverdeada.................. 151 Figura 75- Parque da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Fonte: Leite (1997).. 153 Figura 76- Rio Piracicaba e vegetação preservada. Fonte: Leite (1997)..................................... 154 Figura 77- Parque Municipal da rua do Porto (Piracicaba). Fonte: Leite (1997)........................ 154 Figura 78- Praça José Bonifácio - Piracicaba (SP). Fonte: Leite (1997)..................................... 155 Figura 79- Quadro de verificação de Comportamento de Bioindicadores (modificada). Fonte: Viadana (1985).................................................................................................................. 158 Figura 80– Graus de poluição (altamente poluído, poluído e limpo) identificados no alto e médio curso do rio Corumbataí pela aplicação de Bio-indicadores. Fonte: Viadana (1985)........ 159 Figura 81- Ilustração mostrando um corte transversal de um "hidrotopo" meândrico do segmento fluvial do médio Passa Cinco no município de Ipeúna. Fonte: Viadana (1992, modificada).................................................................................................................................... 161 Figura 82- Córrego da Servidão, afluente pela margem esquerda do rio Corumbataí. Fonte: Viadana (1992).................................................................................................................... 162 Figura 83- Porto de areia instalado no alto do rio Corumbataí. Fonte: Viadana (1992).............. 163 Figura 84- Ponto de pesca com mata galeria relativamente preservada no Ribeirão da Cabeça entre os municípios de Rio Claro e Ipeúna. Fonte: Viadana (1992)............................................ 163 Figura 85- Exemplo de "linha-de-pedra" exposta em barranco de rodovia no município de ix Capão Bonito (SP). Fonte: Viadana (2000).................................................................................... 165 Figura 86- Calhaus expostos a céu aberto em terreno do Parque Estadual do Guaterlá no município de Tibagi (PR). Fonte: Viadana (2000)......................................................................... 165 Figura 87- Cactáceas e bromélias terrestres observadas no município de Valinhos (SP). Fonte: Viadana (2000).................................................................................................................. 166 Figura 88- Domínios naturais do Estado de São Paulo há 13.000 e 18.000 anos. Fonte: Viadana (2000) –modificado............................................................................................. 168 Figura 89- Esquematização do Sistema de Abastecimento Urbano. Fonte: Mitt (2000)............. 177 Figura 90- Esquematização da interação entre o sistema respiratório e o sistema sangüíneo. Fonte: Mitt (2000)........................................................................................................................... 177 Figura 91- Bacia do rio Corumbataí com destaque para a sub-bacia do Ribeirão Claro. Fonte: Mitt (2001)apud Vidana (1993).......................................................................................... 178 Figura 92- Paisagem avistada a fundo, conhecida como Serra Azul.Fonte: Ceturi (2003)......... 182 Figura 93- Visão aproximada da mata que origina a toponímia "Morro Verde". Fonte: Ceturi (2003)...................................................................................................................... 183 Figura 94- Mata que origina o topônimo "Serra Negra". Fonte: Ceturi (2003)............................ 183 Figura 95- Palmeiras denominadas Jaguari, às margem de rio homônimo. Fonte: Ceturi (2003)....................................................................................................................... 183 Figura 96- Indivíduos de Araucária perdendo território para as plantações de eucaliptos em Pinhalzinho (SP). Fonte: Ceturi (2003), modificada................................................................ 185 Figura 97-Ocorrência de Palmáceas em Santa Cruz das Palmeiras. Fonte: Ceturi (2003).......... 185 Figura 98- Área do antigo lixão de Serrana, demarcada em vermelho. Ao fundo, área de plantio de cana-de-açúcar. Fonte: Santos (2004)......................................................................... 187 Figura 99- "Piscinão"construído na área do lixão de Serrana para captação das águas pluviais. Fonte: Santos (2004)...................................................................................................................... 188 Figura 100- Campo Cerrado no Chapadão do Zagaia. Fonte: Carneiro (2001)........................... 190 Figura 101- Campo Cerrado ilustrado por Warming em Lagoa Santa. Fonte: Carneiro (2001). 191 Figura 102- Registro dos aspectos fitofisionômicos do Cerrado na área de estudo. Fonte: Carneiro (2001)................................................................................................................... 192 Figura 103- Perfil da Paisagem do Cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra. Fonte: Carneiro (2001).................................................................................................................. 192 Figura 104- Exemplo da variação da produção de cana e de açúcar, de acordo com a variação da precipitação no período de 1960-70. Fonte: Santos (1975)............................................................ 195 Figura 105- Pivô-central em cultura de soja no município de Guaíra -SP (janeiro de 1995). Fonte: Francisco (1996)................................................................................................................. 204 x Figura 106- Canteiros de alface com irrigação no município de Ribeirão Preto –SP – (janeiro de 1995) Fonte: Francisco (1996)..................................................................................... 205 Figura 107- Processo erosivo na área norte do distrito de Ameliópolis - Presidente Prudente - SP. Fonte: Francisco (1989)......................................................................................................... 209 Figura 108- Exemplo de assoreamento de corpos hídricos em Presidente Prudente (SP). Fonte: Francisco (1989)................................................................................................................. 209 Figura 109- Exemplares da fauna cavernícola (opiliões). Fonte: Carvalho (1994)...................... 211 Figura 110- Exemplo da depredação do patrimônio espeleológico. Fonte: Carvalho (1994)....... 212 Figura 111- Localização dos Municípios componentes da divisão regional administrativa de Ribeirão Preto no estado de São Paulo. Fonte: Chaim (1995)....................................................... 214 Figura 112- Sintomas do cancro cítrico em frutos, folhas e ramos. Fonte: Bieras (2002)............ 218 Figura 113- Freqüência Relativa da Deficiência Hídrica Anual dos Municípios de Ribeirão Preto, Campinas e Presidente Prudente. Fonte: Galina(2002)....................................................... 221 Figura 114- Freqüência Relativa do Arm<50% da CAD para os Municípios de Ribeirão Preto, Campinas e Presidente Prudente. Fonte: (Galina, 2002)...................................................... 221 Figura 115- Tendência da temperatura média anual em Ribeirão Preto (SP) no período de 1969-2001. Fonte: (Galina, 2002).................................................................................................. 222 Figura 116- Tendência da temperatura média anual em Campinas (SP) no período de 1969-2001. Fonte: (Galina, 2002)................................................................................................. 222 Figura 117- Tendência da temperatura média anual em Presidente Prudente (SP) no período de 1969-2001. Fonte: (Galina, 2002)................................................................................................. 223 Figura 118- Evolução da produção acadêmica de trabalhos gerados na área de Biogeografia “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro”...................................................................... 228 Figura 119 –Especificação dos tipos de trabalhos avaliados ao longo do período considerado .. 228 Figura 120 –Ênfase para as pesquisas de Mestrado, Doutorado e Livre Docência desenvolvidas ao longo do período considerado................................................................................................... 229 Figura 121 - Participação dos professores componentes do “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro” na orientação de trabalhos de Graduação, Especialização (quando indicados) e dissertações de Mestrado e teses de Doutorado levantadas via pós-graduação......................... 230 Figura 122 – Percentagem total dos trabalhos avaliados dentro das subáreas da temática Biogeográfica, no núcleo de Rio Claro......................................................................................... 231 Figura 123 – Percentagem das subáreas contempladas (produção científica indicada e orientações efetuadas) pelo Prof. Dr. Helmut Troppmair............................................................. 232 Figura 124 – Percentagem das subáreas contempladas (produção científica indicada e orientações efetuadas) pelo Prof. Dr. José C. G. Camargo........................................................... 232 xi Figura 125 – Percentagem das subáreas contempladas (produção científica indicada e orientações efetuadas) pelo Prof. Dr. Adler Guilherme Viadana ................................................ 233 Figura 126 – Percentagem das subáreas contempladas (produção científica indicada e orientações efetuadas) pela Profa. Dra. Ana Tereza C. Cortez................................................. 234 Figura 127 – Percentagem das subáreas contempladas (produção científica indicada e orientações efetuadas) pela Profa. Dra. Maria Juraci Z. dos Santos......................................... 234 Figura 128 – Representação dos tipos de trabalhos analisados ao longo do período considerado................................................................................................................................... 235 Figura 129 - Quadro sintético e sistemático como modelo para identificação dos trabalhos e contribuições geradas nas áreas específícas da Biogeografia.................................................... 235 Figura 130- Mensuração das abordagens..................................................................................... 261 Figura 131- Mensuração das escalas (local, sub-regional,regional e pontual) utilizadas nos trabalhos com abordagem areal................................................................................................... 261 Figura 132- Proporção de pesquisas aplicadas no estado de São Paulo e em outros estados brasileiros, e de pesquisas com abordagens metodológicas, conceituais e reflexivas; produzidas pelo Núcleo de Estudos Geográficos de Rio Claro .................................................. 262 Figura 133- Representação espacial e proporção de pesquisas aplicadas no estado de São Paulo e em outros estados brasileiros, produzidas no âmbito do Núcleo de Estudos Geográficos de Rio Claro............................................................................................................ 262 Figura 134- Exemplo de imagem do satélite NOAA-17 com dados sobre NDVI...................... 266 xii R E S U M O Os objetivos da presente pesquisa compreenderam o resgate, o levantamento, a análise e a avaliação sistemática das contribuições e originalidades geradas pela produção científica na área de Biogeografia, desenvolvida no período de 1969 a 2004, por professores, pesquisadores e alunos do Departamento de Geografia e de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista, mais diretamente envolvidos com a temática biogeográfica. A partir do levantamento anterior houve a classificação das pesquisas dentro das áreas específicas da Biogeografia, a fim de identificar as subáreas mais contempladas e as que vêm apresentando maior desenvolvimento. Também houve alusão às abordagens espaciais e às escalas mais comumente utilizadas nessas pesquisas. A divulgação do papel de destaque dos pesquisadores vinculados ao denominado “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro” na orientação e condução das pesquisas, tanto no estado de São Paulo como em outros estados, acabou naturalmente compondo o rol dos objetivos. A gênese da Biogeografia deu-se pelos esforços de pesquisadores que se dedicaram à investigação sobre a distribuição dos seres vivos, desde os primórdios, tais como os naturalistas, mas seu desenvolvimento e evolução somente foram possíveis pela dedicação de outros pesquisadores, como os do Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro, sobretudo quanto à investigação sobre o relacionamento e funcionamento global das Biogeocenoses e dos Geossistemas. Palavras-Chave: Biogeografia, Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro, Contribuições e Originalidades. A B S T R A C T The objective of this study wa s recovery the academic production in Biogeography, developed since 1969 until 2004, by professors, researchers and students of the Geography Department, Master and Doctor Degree of Geography Program, Geosciences and Accurate Sciences Institute of São Paulo State University, at Rio Claro, more directly involved with Bi ogeography subjects. Before this investigation, a systematic analysis and estimation of the contributions and originalities were made, and a classification of the works in the specific disc iplines in Biogeography as well, for the purpose to identify the more contemplate areas and those that are showing more progress. It was given also an emphasis to the analysis of the space and the scales more common in these researches. Spreading the importance of the researchers in Nucleus of Biogeography Studies at Rio Claro to the development and conduction of these researches was a natural process of this work. The Biogeography’s genesis was possible due the efforts of the researchers, sin ce a long time, in studying alive-beings’ distribution, like the naturalists did. But the development and evolution only had continuity by the dedication of other researchers (the Rio Claro’s researchers, for example) in studies about the relationship and the global functionality of the Biogeocenoses and Geossystems. Key-Words: Biogeography, Rio Claro’s Biogeography Studies Nucleus, Contributions and originalities. xiii I- INTRODUÇÃO E OBJETIVOS O curso de Graduação em Geografia na Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, assim como o Instituto de Geociências e Ciências Exatas foram fundados em 1958, simultaneamente à implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, até então, Instituto Isolado de Ensino Superior. Dentro do currículo do referido curso de Graduação constava a disciplina de Biogeografia que, por falta de docente na área, fora ministrada por um especialista em botânica, Professor Doutor Karl Arens. Posteriormente, assumiram a disciplina os geógrafos Professor Doutor João Dias da Silveira e Professor Doutor Carlos Augusto Figueiredo Monteiro. A partir de 1968, com o retorno do Professor Doutor Helmut Troppmair da Universidade de Bonn, Alemanha, onde havia se especializado em Biogeografia, a disciplina homônima passava para seu comando, assim como a liderança no encaminhamento de pesquisas e orientações concernentes à referida temática junto ao Departamento de Geografia da atualmente denominada Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Com o decorrer dos anos, profissionais tanto da área de Geografia como das demais áreas do conhecimento (Ecologia, Sociologia, entre outras) procuraram capacitação em Biogeografia, sob a orientação do Professor Doutor Helmut Troppmair e, dentre esses, alguns passaram também a pesquisar, orientar alunos e lecionar no mesmo Departamento. Dava-se início à constituição do Núcleo de Estudos Biogeográficos junto ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro, que passará a ser denominado no presente trabalho como “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro”, onde inúmeras metodologias de pesquisa foram desenvolvidas nas diversas áreas específicas da Biogeografia e importantes encaminhamentos para a amenização de problemas ambientais foram gerados. Diante disso, percebeu-se a necessidade do resgate e sistematização dessa produção, assim como a análise, avaliação e divulgação das principais contribuições e originalidades. Torna-se oportuno fazer alusão às colocações de Camargo (1998), que elaborou um extenso levantamento de trabalhos biogeográficos brasileiros, seguido de uma análise crítica dessa produção, proporcionando um delineamento sobre tendências futuras da Biogeografia, no âmbito da Geografia, obra em que se pôde constatar a relevância do referido Núcleo de Estudos: [...] atualmente, o Departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro é o único Departamento de Geografia do Brasil, e talvez da América do Sul, que possui um grupo de especialistas em Biogeografia, todos discípulos de Troppmair e com o título mínimo de Doutor. Sob influência de Troppmair, esse grupo de Biogeografia acabou fundando em 1997, um “Grupo de Estudos de Biogeografia”, com a finalidade de desenvolver pesquisas, publicar trabalhos e orientar estudantes e demais interessados nessa temática. Podemos dizer que o departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro, sob a liderança de Helmut Troppmair, desempenha hoje um importante papel, no que diz respeito ao desenvolvimento 1 e divulgação da Biogeografia, no âmbito da Geografia, em nosso país [...]. (CAMARGO, 1998:257) Diante do exposto, apresentam-se como objetivos do presente trabalho: 1º) Resgatar a produção acadêmica na área de Biogeografia, desenvolvida por professores do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, mais diretamente envolvidos com a temática Biogeográfica e em ordem cronológica de envolvimento na área: Prof. Dr. Helmut Troppmair, Professor Doutor José Carlos Godoy Camargo, Professora Doutora Ana Tereza Cáceres Cortez, Professor Doutor Adler Guilherme Viadana e Professora Doutora Maria Juraci Zani dos Santos, assim como teses e dissertações desenvolvidas por seus orientandos, com a grande maioria vinculada ao curso de pós-graduação em Geografia, na área de Organização do Espaço, pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da mesma Universidade; 2º) A partir do levantamento anterior, analisar e avaliar sistematicamente as contribuições e originalidades geradas (sobretudo metodológicas) por cada pesquisa, assim como classificá-las dentro das áreas específicas da Biogeografia, a fim de identificar as subáreas mais contempladas e as que vêm apresentando maior desenvolvimento; 3º) Identificar as abordagens espaciais (areal, linear e teórica) e as escalas (regional, sub- regional, local e pontual) mais comumente utilizadas nas pesquisas; 4º) Divulgar o papel de destaque dos pesquisadores vinculados a esse Núcleo de Estudos na orientação e condução das pesquisas em Biogeografia, tanto no estado de São Paulo como em outros estados brasileiros, assim como gerar subsídios para estudantes e professores, procurando dessa forma, contribuir para estudos futuros. Deve-se entender por produção científica, teses, dissertações, capítulos de livros, capítulos de cadernos de formação, livros, artigos de periódicos e trabalhos apresentados em encontros científicos, considerados mais relevantes pelos professores em questão, além de estudos desenvolvidos por seus orientandos de graduação, especialização, mestrado e doutorado junto ao curso de graduação e pós-graduação em Geografia, na área de Concentração em Organização do Espaço, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro. Existe, portanto, a presença de uma preocupação central, que se refere ao exame das contribuições e originalidades geradas nas áreas específicas da Biogeografia, a partir da produção acadêmica desenvolvida pelos professores e pesquisadores componentes do “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro” e de preocupações secundárias, ligadas à mensuração das subáreas dentro da Biogeografia mais contempladas, assim como das abordagens e escalas espaciais mais comumente utilizadas nesses estudos. 2 Como justificativa da pesquisa, coloca-se, sobretudo a necessidade do resgate, sistematização e divulgação de trabalhos com significativa importância na área biogeográfica, assim como a mensuração das contribuições metodológicas e epistemológicas geradas a partir de um autêntico Núcleo de Estudos Biogeográficos, que desde a década de 70 vem se destacando com trabalhos pioneiros e contribuindo para o desenvolvimento da Biogeografia brasileira. Embora a gênese da Biogeografia tenha ocorrido pelos esforços de viajantes e naturalistas, seu desenvolvimento e evolução somente foram possíveis graças à dedicação exclusiva de pesquisadores que os sucederam. Entretanto, muitas vezes, importantes trabalhos científicos são produzidos, mas fracamente divulgados; tal situação é bastante comprometedora do ponto de vista científico, uma vez que a comunicação é o elo maior da comunidade científica. Infelizmente, muitos desses trabalhos acabam se perdendo pelas mais variadas razões. Diante do exposto, acredita-se que, apesar da exaustiva tarefa, a presente investigação contribuirá sobremaneira para a preservação e divulgação de uma importante memória científica na área da Biogeografia, produzida junto a um centro de desenvolvimento de pesquisas com referência nacional. 3 II- MATERIAS E METODOLOGIA Como se trata de uma pesquisa de natureza teórica e investigativa da temática Biogeográfica adotou-se como materiais, fontes bibliográficas, resultados da aplicação de questionários e relatórios fornecidos pela Seção de Pós-Graduação do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista. O material bibliográfico foi obtido junto aos professores pesquisadores investigados e também junto ao acervo da biblioteca da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro. Então, o objeto investigativo do presente trabalho se referiu à produção científica de professores e pesquisadores pertencentes ao “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro”, mais diretamente envolvidos com a temática Biogeográfica, conforme já exposto. Considerou-se como produção acadêmica: trabalhos apresentados em encontros científicos, artigos de revista, capítulos de livro ou livros na íntegra, monografias, trabalhos de especialização, dissertações de mestrado, teses de doutorado e de livre docência, sendo a grande maioria da produção gerada no âmbito do Departamento de Geografia e da Pós-Graduação em Geografia, integrantes do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Rio Claro. Embora algumas das obras analisadas tenham sido produzidas junto à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (USP), vale ressaltar que os respectivos autores estão vinculados ao quadro docente da Universidade Estadual Paulista, pertencendo, portanto, ao “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro”. Trabalhos apresentados em encontros científicos, artigos de periódicos, capítulos de livros ou livros na íntegra, assim como monografias e trabalhos de especialização, somente foram considerados quando indicados como relevantes via questionário respondido pelo professor responsável; no caso das dissertações de mestrado, teses de doutorado e de livre docência, consideramos todas as produzidas pelos professores investigados, assim como pelos seus orientandos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, na área de Concentração em Organização do Espaço, independentemente de indicação. Inicialmente, utilizou-se da técnica de aplicação de questionários (anexo 1) aos professores pesquisadores, com a finalidade de identificação dos trabalhos considerados por eles como os mais relevantes. Para levantamento das orientações efetuadas - Teses e Dissertações defendidas no Curso de Pós-Graduação em Geografia na Área de Concentração em Organização do Espaço - independentemente de indicação, realizou-se levantamento (anexo 2) junto à Seção de Pós- Graduação do referido Instituto desde a época de sua criação (década de 80), com a finalidade de obtenção do rol completo de trabalhos orientados pelos professores em questão. Para a reprodução 4 das ilustrações dos trabalhos houve a digitalização por meio de um scanner e a utilização de um programa para tratamento de imagens. Desse modo, a investigação possibilitou a identificação, o resgate, o inventariamento e, sobretudo, a análise e avaliação das contribuições e originalidades da referida produção científica desenvolvida na área de Biogeografia, no núcleo de Rio Claro, desde 1969 até 2004. O próximo passo foi o estabelecimento de um roteiro como suporte para a elaboração da análise qualitativa dos dados, ou seja, quando variáveis assumem valores em forma de atributos ou qualidades. O roteiro auxiliou na avaliação das contribuições da produção científica levantada (Fig. 1), com o objetivo de obtenção de dados básicos das pesquisas: época de realização (observando os paradigmas vigentes), espaço analisado, tipo de trabalho (dissertação, tese, artigo, entre outros), classificação específica dentro da Biogeografia, identificação da localidade estudada (quando se tratar de pesquisa aplicada), das escalas de abordagem e das palavras-chaves. Em seguida, na parte mais importante da análise, observou-se a viabilidade dos materiais, métodos e técnicas utilizados (descrevendo-os, quando necessário) para se atingir os objetivos propostos, assim como ressaltar as originalidades e as contribuições de cada pesquisa desenvolvida. T Í T U L O A U T O R A N O T I P O D E T R A B A L H O O R I E N T A D O R E S P A Ç O A N A L I S A D O C L A S S I F I C A Ç Ã O D A Á R E A D O T R A B A L H O R E S U M O D O T R A B A L H O P a l a v r a s - C h a v e A N Á L I S E E A V A L I A Ç Ã O D A S C O N T R I B U I Ç Õ E S D A P E S Q U I S A Figura 1 – Quadro com roteiro geral para analise da Produção Científica selecionada. Org. GALINA, M.H. No caso da avaliação das contribuições dos trabalhos orientados pelos professores componentes do Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro, esta se deu na seguinte seqüência: Teses de Doutorado, Dissertações de Mestrado, Trabalhos de Especialização e de Graduação (neste último caso, somente quando indicado como relevante pelo professor orientador, via questionário). Segundo Troppmair (1987, p. 2-4), ao estudar os seres vivos, a Biogeografia pode apenas enfocar os vegetais, quando falamos em Fitogeografia, ou apenas os animais, neste caso trata-se da Zoogeografia. Para o autor, essas divisões podem sofrer novos desdobramentos conforme o enfoque que é dado ao estudo e à formulação dos problemas. Diante disso, procuramos ordenar as pesquisas mediante suas áreas específicas, etapa que se constituiu como uma das mais delicadas do trabalho em virtude de se tratar de uma tarefa que envolve a subjetividade de quem a elabora e de certa forma provoca certo engessamento. Entretanto, com a finalidade de tornar mais objetiva 5 possível tal etapa da pesquisa, optamos por nortear tal classificação com base em autores já consagrados na Biogeografia: Troppmair (1987-2006), Viadana (2004) e Simmons (1982), além de criar ou adaptar novas classes em virtude de alguns trabalhos não possuírem vínculo estreito e específico com a Biogeografia, mas fornecerem importantes subsídios para o desenvolvimento de pesquisas nessa área e estarem sob a orientação direta de especialistas no assunto, como é o caso das três últimas classificações, dentre as listadas a seguir, seguidas de um breve resumo: Biogeografia Ecológica (Troppmair, 1987-2006), considera as inter-relações dos seres vivos com as condições geoecológicas do meio ambiente em determinado espaço geográfico; Biogeografia Fitofisionômica (Troppmair, 1987-2006), preocupa-se em investigar os aspectos fisionômicos dos seres vivos, sendo mais comum o estudo da vegetação (fitofisionomia), ou seja, a expressão desta no mosaico da paisagem em virtude de diferentes formas de crescimento; Biogeografia Faunística e Florística (Troppmair, 1987-2006), enfoca sobretudo a distribuição geográfica e as causas da ocorrência de determinada espécie animal ou vegetal num dado espaço; Biogeografia Histórica e Evolucionista (Troppmair, 1987-2006 e Viadana, 2004). A Biogeografia Histórica procura investigar as causas da atual distribuição, além das diferenças e possíveis causas da extinção de espécies da flora e da fauna. A Biogeografia Evolucionista pode ser entendida como uma extensão da Biogeografia Histórica, entretanto com mais ênfase no estudo na evolução dos seres vivos por meio da seleção natural, em decorrências das condições geoecológicas do passado. Biogeografia Antrópica (Troppmair, 1987-2006), enfoca essencialmente o homem, ser vivo que é afetado e, ao mesmo tempo, influencia as condições ambientais, são pesquisas direcionadas para a análise dos impactos ambientais negativos sentidos e provocados pelo homem; Biogeografia Regional (Troppmair, 1987-2006), enfatiza o estudo das espécies vegetais e animais que ocorrem em determinada região ou Geossistema, integrando o mosaico da paisagem; Bioclimatologia (Simmons, 1982), área que se preocupa com as inter-relações dos seres vivos, sobretudo com as condições climáticas e pedológicas de determinado espaço geográfico, considerando o valor e o aproveitamento econômico de espécies vegetais cultivadas pelo homem. Simmons (1982) classifica essa subárea dentro da Biogeografia Cultural. 6 Subsídios Teóricos e Metodológicos para a Biogeogeografia, na subárea de subsídios teóricos, foram classificados trabalhos com efetiva contribuição na área de educação, particularmente, na construção de conceitos relevantes em Biogeografia; no caso de subsídios metodológicos, têm-se trabalhos relacionados ao estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados alcançados por meio dos métodos empregados na ciência (no caso, geográfica), destinados a determinar a sua origem lógica, o seu valor e sua objetividade. Estudos Ambientais e de Qualidade de Vida, no caso de estudos ambientais, foram classificados os trabalhos envolvidos com a investigação dos aspectos abióticos dos geossistemas. Quanto aos estudos relacionados à qualidade de vida, classificamos sobretudo aqueles preocupados em estabelecer indicadores investigativos do bem-estar da população, sobretudo urbana. Por fim na subárea dos estudos Climatológicos, consideramos trabalhos que abordaram as variáveis climáticas de forma específica. Variáveis estas que em consonância com outros condionantes (geológicos, pedológicos, geomorfológicos, interferência antrópica), determinam o sucesso ou o fracasso da predominância dos componentes bióticos nos geossistemas, portanto subsídios essenciais para estudos biogeográficos. Procuramos também apresentar um quadro sintético (Fig. 2), que serviu de modelo para a apresentação do resumo das principais contribuições e originalidades (sobretudo metodológicas) das pesquisas, dentro das áreas específicas. ANO Título Tipo de Trabalho (Artigo, Trabalho Graduação, Mestrado, Doutorado, Livre Docência, etc) Nome do Autor/ Orientador (quando necessário) Resumo das Principais Contibuições (seja quanto às técnicas, métodos ou produtos gerados- subsídios, diretrizes, produtos carográficos, entre outros). Palavras-chave: Figura 2- Quadro sintético e sistemático como modelo para identificação dos trabalhos e contribuições geradas nas áreas especifícas da Biogeografia. Org. GALINA, M.H. Na quantificação dos dados foram utilizadas técnicas estatísticas que compreenderam o cálculo das freqüências relativa percentual e absoluta; da média móvel de ordem 3 para a obtenção das médias para grupos de valores sucessivos, principalmente compostos por valores que se repetem; do ajuste da reta de tendência exponencial, com a finalidade de encontrar a relação entre a quantidade de trabalhos desenvolvidos em função das subáreas. Por meio dessas técnicas houve a possibilidade da mensuração das seguintes variáveis: 7 Evolução quantitativa dos trabalhos selecionados ao longo do período considerado; Freqüência de participação dos professores componentes do “Núcleo de Estudos Biogeográficos de Rio Claro” na orientação de trabalhos de Graduação, Especialização, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado; Subáreas mais contempladas dentro da temática Biogeográfica; Tipos de trabalhos produzidos e avaliados (trabalhos apresentados em encontros científicos, artigos de revista, capítulos de livro ou livros na íntegra, monografias, trabalhos de especialização, dissertações de mestrado, teses de doutorado e de livre docência); Abordagens (areal, linear e teórica) e escalas (local, sub-regional, regional e pontual) mais comumente utilizadas; Proporção de pesquisas aplicadas no estado de São Paulo e em outros estados brasileiros, e de pesquisas com abordagens metodológicas, conceituais e reflexivas. A metodologia consistiu em reunir todas as informações a partir das fontes e técnicas acima mencionadas, no período de 1969 a 2004, com alicerce na produção acadêmica considerada, por meio da abordagem analítico-avaliativa. Por fim, vale esclarecer que optamos por fazer as citações bibliográficas detalhadas das obras utilizadas nos trabalhos avaliados por meio do recurso “Cf” (Conforme), de acordo com a ABNT, as quais constaram apenas na parte referente às notas de rodapés e não nas referências finais, com o objetivo de fornecer ao leitor um melhor acesso (mais detalhado e completo possível) às referências dos trabalhos utilizados na produção acadêmica avaliada, sobretudo quando se tratou dos procedimentos metodológicos utilizados. 8 III- REVISÃO DA LITERATURA 3.1) Geografia, Biogeografia no contexto Geográfico e Evolução dos Estudos Biogeográficos 3.1.1) Breve histórico sobre evolução do paradigma da Ciência Geográfica A produção acadêmica em torno da Ciência Geográfica passou por diferentes momentos e proporcionou mudanças gradativas e debates intensos acerca de seu objeto de estudo, dos métodos e das técnicas empregadas; até mesmo em torno de suas finalidades ou objetivos, afinal como oportunamente nos coloca Reis Júnior (2003, p. 6-7), todo pensamento possui condicionantes, nenhuma visão de mundo escapa de sua contemporaneidade e dos reflexos que carregam os fatos e eventos do passado, cada membro de um grupo social tem imprimido em si a marca da coletividade, a qual se fundamenta no convívio do grupo e na comunhão de valores e idéias ‘médias’, que por fim, acabam convergindo para uma espécie de amarra das visões de realidade. O status de conhecimento organizado somente passou a ser conferido à Geografia a partir do século XIX, quando começou a penetrar nas universidades. As primeiras cadeiras de Geografia foram criadas na Alemanha em 1870 e, posteriormente na França (CHRISTOFOLETTI 1982, p. 25). No Brasil, num primeiro momento, a Geografia pode ser encontrada nos discursos do Estado e do Exército até que em 1934, a Geografia marcou o ensino pela criação do curso superior na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo e do Departamento de Geografia. Professores oriundos da França, como Pierre Mombeig e Defontaines, com forte influência na escola de Vidal de La Blache, contribuíram com a consolidação dessa ciência no Brasil. Inicialmente a Geografia era marcada pelo positivismo, que sustentava quase que todas as Ciências Humanas e caracterizava-se por Estudos Regionais e das Paisagens, de bases empíricas. O lugar e a região eram encarados como dimensões objetivas, resultantes das interações entre o homem e a natureza; havia grande valorização do trabalho de campo, do real, do concreto, surgindo daí as famosas monografias regionais, que buscavam Leis Gerais. A tendência “Lablachiana” da Geografia e as correntes que dela se desdobraram passaram a ser denominadas de Geografia Tradicional, predominando até 1950. No pós-guerra, a realidade tornou-se mais complexa com o desenvolvimento do capitalismo monopolista, da industrialização e da urbanização. Os geógrafos neopositivistas passaram a criticar as bases da Geografia Tradicional, reclamando reformulações conceituais, filosóficas e metodológicas, uma vez que os métodos e as teorias haviam se tornado insuficientes para explicar a complexidade do espaço. Deu-se início a uma transformação nos aspectos filosófico e metodológico 9 de abordagem da Ciência Geográfica, denominada de Revolução Quantitativa e Teorética, caracterizada por um rigor maior na aplicação da metodologia científica, pela filosofia do positivismo lógico, pelo desenvolvimento de teorias relacionadas com as características da distribuição e arranjo espaciais dos fenômenos, pelo uso de técnicas estatísticas e matemáticas na análise de dados coletados, pela abordagem sistêmica como instrumento conceitual para o tratamento da organização espacial e pelo vasto emprego de modelos. Como inúmeros filósofos se colocaram em posição contrária ao positivismo, outras tendências ganharam ímpeto na Geografia: Geografia Humanística, Geografia Idealista e Geografia Radical (CHRISTOFOLETTI 1982, p. 36). A Geografia Humanística possui a fenomenologia existencial como filosofia, procura analisar os objetos da consciência por meio da supressão de todos os preconceitos sobre a natureza destes objetos e valorizar a experiência do indivíduo ou do grupo. Já na Geografia Idealista, as ações humanas não podem ser explicadas, a menos que se compreenda o pensamento subjacente a ela (as ações envolvidas nos fenômenos), procura focalizar seu aspecto interior. A partir dos anos 60, sob influência das teorias marxistas, surge a Geografia Radical cujo centro de preocupações passa a ser as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na produção e apropriação dos lugares e territórios. Segundo Camargo (1998, p. 2), essa corrente teve o mérito de introduzir na Geografia o “Método Dialético”. Por fim, vale citar a Geografia Têmporo-Espacial que, segundo Christofoletti (1982, p. 83), procura analisar as atividades dos indivíduos e das sociedades em função das variáveis tempo e espaço, visando traçar as trajetórias dos ritmos de vida (diários, anuais e da própria duração da vida) e assinalar a alocação de tempo despendido nas diversas atividades e nos vários lugares. O contexto abrangido pelo território ao alcance do indivíduo ou da sociedade corresponde ao seu meio ambiente, dentro do qual ele executa suas atividades, considerando as escalas temporais do dia, do ano ou da própria vida. Percebe-se que a Ciência Geográfica assim como demais áreas do conhecimento científico passam constantemente por intensas discussões dicotômicas acerca da abordagem de seu objeto investigativo e de sua metodologia de estudo, cenário que colabora para a evolução, afinal a ciência somente progride a partir da quebra de paradigmas e da imposição de novos desafios, gerados, sobretudo pelas mudanças sociais, políticas e econômicas, que se conjugam no espaço ao longo do tempo. 10 3.1.2) A Biogeografia no contexto da Geografia Se os debates acerca da Ciência Geográfica são numerosos e complexos, com a Geografia Física não poderia ser diferente, entretanto, controvérsias à parte, neste último caso, reconhece-se um agravante relacionado com a estrutura geral do sistema científico e do ensino superior, cuja organização obedece a lógicas sociais e intelectuais herdadas de uma tradição comtiana pesada, que relega ao último plano os saberes naturalistas concretos (DELEAGE, 1991, apud FOURNIER, 2001, p. 84). Tradicionalmente, a Geografia Física engloba vários ramos (Climatologia, Geomorfologia, Hidrologia e Biogeografia) e se incumbe do papel primordial de explicar e proporcionar soluções concretas para questões relevantes que a sociedade contemporânea exige. Diante disso, vale uma sucinta abordagem sobre um conceito extremamente importante em Geografia Física: o de “Geossistema”, que surgiu na década de 60 com Sotchava e passou a permitir respostas mais concretas aos problemas ambientais por meio da integração de todos os componentes relacionados aos complexos naturais. Primeiramente, como conceito de sistema deve-se entender um conjunto estruturado de objetos (formas) e atributos (fluxos de massa e/ou energia), com limites bem definidos, partes componentes bem caracterizadas e interligações por meio da circulação dos fluxos de massa e/ou energia; a maior importância na adoção dessa abordagem em estudos ambientais consiste na rigidez de sua metodologia, permitindo, desta forma, um maior rigor científico nos procedimentos da diagnose e controles ambientais (ARGENTO, 1985). Fournier (2001, p. 86-88) conceitua Geossistema como a combinação de determinada superfície do geoma (rocha, ar, água) e de uma biocenose (Fig. 3), com estruturas e funcionamento sofrendo fortes variações interanuais. Para Troppmair (1987, p. 102), os arranjos dos elementos no meio natural formam um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico; desse conjunto de componentes, processos e relações dos sistemas que integram o meio físico (no qual pode ocorrer exploração biológica) tem-se o conceito de Geossistema. Figura 3 - Os modelos da Geografia Física. Fonte: Bertrand (1982) apud Fournier (2001, p. 86) 11 Em concordância com Troppmair (1987, p. 1-4) e Viadana (2004, p. 112-113), como parte integrante da Ciência Geográfica, a Biogeografia também se preocupa com as interações, organização e processos espaciais, entretanto com ênfase maior aos seres vivos (biocenoses) que habitam determinado local, o biotopo, inclusive o homem, como participante de uma biocenose, e portanto, integrante das cadeias tróficas e dependente das condições ambientais, mediante uma abordagem espaço-temporal. Em todas suas definições, a Biogeografia assume a conotação espacial, fato que a distingue de outros setores do conhecimento organizado como a Biologia, a Botânica, a Zoologia e a Ecologia, por exemplo. É este enfoque espacial associado aos princípios básicos da Geografia, como os de extensão e conexão dos fatos da superfície terrestre, que possibilita ao biogeógrafo as explicações necessárias e pretendidas no seu estudo. Ainda segundo os autores supracitados, no âmbito da Biogeografia, a participação dos seres vivos nos Geossistemas obedece a uma hierarquia e complexidade crescentes, iniciando-se com os seres unicelulares, passando para os pluricelulares, indivíduos, populações, comunidades até se chegar aos ecossistemas ou geobiocenoses, que incluem o aspecto orgânico (vegetais e animais) e inorgânico (biotopo – elemento espacial). Percebe-se então, que além da espacialidade, há que se considerar também a escala do tempo, visto que nos estudos cujos conteúdos se mostram revestidos de interpretação sobre origem, evolução e dispersão das espécies (animais e vegetais), faz-se necessário também sua devida localização temporal em termos geológicos. A menção da teoria da ecologia da paisagem é outro ponto importante em estudos biogeográficos, pois admite paisagem como uma entidade total, espacial e visual do espaço humanizado, que compreende a integração funcional e estrutural da biosfera, da tecnosfera e da geosfera, tendo o ecotopo como unidade menor e a ecosfera como a maior. Para Metzger (2001, p. 8) a ecologia da paisagem vem promovendo uma mudança de paradigma nos estudos sobre fragmentação e conservação de espécies e ecossistemas, pois permite a integração da heterogeneidade espacial e do conceito de escala, tornando esses trabalhos ainda mais aplicados para a resolução de problemas ambientais. Piccolo (1997), por exemplo, baseou-se nos arcabouços teórico-metodológicos da ecologia da paisagem a fim de superar limitações metodológicas que envolvem as práticas de manejo. Por fim, vale ressaltar a importância da interdisciplinaridade nos estudos das paisagens, afinal as perspectivas não devem adotar abordagens setoriais, mas sim de caráter sistêmico, geossistêmico. Diante do exposto, vale mencionar que os biogeógrafos, dentre os geógrafos físicos, foram os que primeiro se adiantaram em adotar a percepção dinâmico-integrada dos componentes paisagísticos em suas investigações. 12 3.1.3) Considerações sobre Teorias Evolutivas e Biogeográficas A idéia aceita sobre a origem da vida admite que a partir do primeiro ser vivo ocorreram transformações que originaram outros seres, ou seja, que as espécies existentes na Terra têm relações entre si, algumas de origem mais antiga (mais simples), outras mais recentes (mais complexas). Diante do fato de que as novas espécies surgiram de outras já existentes, estudiosos sempre se preocuparam em entender qual seria o mecanismo dessa transformação. Alguns filósofos da antiguidade observaram que os grupos animais obedeciam a certos padrões, parecendo existir uma organização entre eles, entretanto, tais idéias não passaram do terreno filosófico, pois a crença predominante era de que cada espécie animal ou vegetal tivesse sido criada independentemente, essa era a interpretação literal das sagradas escrituras e o dogma não admitia controvérsia. Que o patriarca Noé levara em sua arca, por ordem divina, sete casais de cada espécie de animais puros e um casal de cada espécie de animais impuros, a fim de salvá-los do dilúvio foi questão mais ou menos pacífica entre os pensadores e filósofos naturais da Europa cristã, até pelo menos o século XVIII. Cessado o cataclismo e escancarada a porta da arca, esses animais, obedecendo a ordem de Deus ("crescei e multiplicai-vos"), voltaram a povoar o mundo. (BROWNE, 1983 apud PAPAVERO E TEIXEIRA, 2001:1015). Mais do que um episódio bíblico, essa foi a primeira teoria biogeográfica proposta e a que mais tempo permaneceu vigente. Seus postulados baseavam-se na idéia da existência de um único centro de origem da biota, um ponto bem definido da face da Terra, do qual animais (e homens) dispersaram-se para povoar o mundo; durante a dispersão, sofreram mudanças em seus caracteres somáticos provocadas pela influência direta do meio e herança desses caracteres adquiridos (assim explicavam-se as diferenças dos diversos grupos de raças humanas, por exemplo). Como toda teoria científica é constantemente colocada à prova, a descoberta, pelos europeus, de animais e populações humanas no Novo Mundo, notadamente na América do Sul, foi o mais severo teste pelo qual biogeografia de origem bíblica passou. Esse fato obrigou os pensadores a formular novas hipóteses ad hoc para imunizar a teoria. Quanto à questão da influência de fatores ambientais na modificação das características dos seres vivos, faz-se necessário aludir à figura de Jean Baptiste Lamarck, um naturalista de grande influência nos fins do século XVIII, que publicou em 1809 a obra Philosophie Zoologique, em que constatou que os seres vivos utilizam seus órgãos, imprimindo-lhes feições próprias para se adaptarem às condições ambientais. A teoria de Lamarck encerra duas suposições: a lei do uso e desuso dos órgãos e transmissão da herança dos caracteres adquiridos. A transmissão dos caracteres adquiridos é negada pela genética atual, e nesse ponto a Teoria de Lamarck não pôde ser aceita. 13 Seus trabalhos, no entanto, chamaram seriamente a atenção do mundo científico para a questão da evolução e demonstraram o fenômeno da adaptação. Charles Darwin indubitavelmente foi o pesquisador que maior influência teve sobre o pensamento científico do século XIX. Sua obra provocou uma verdadeira revolução na interpretação dos fenômenos biológicos; os princípios fundamentais de sua teoria estão no livro The Origin of Species, lançado em 1859. Darwin, aos 22 anos de idade (1831) empreendeu uma viagem ao redor do mundo em missão oficial como naturalista, navegando durante cinco anos pelo Atlântico e Pacífico, experiência que lhe permitiu coletar dados e evidências empíricas demonstrativas de sua teoria. O ensaio de Malthus sobre população (1830) também influenciou as idéias de Darwin, que constatou o estabelecimento da concorrência vital a partir da insuficiência dos meios para atender a todos, ocorrendo então a sobrevivência dos mais aptos, com o conseqüente melhoramento das espécies. Ele viu naquela idéia uma forma de explicar (a) seus achados sobre espécies extintas que se relacionavam mais com outras não extintas encontradas na mesma região, (b) a similaridade entre espécies próximas umas das outras, (c) suas dúvidas derivadas da criação de animais e (d) sua incerteza quanto à existência de uma "lei de harmonia" na natureza. No fim de novembro de 1838, Darwin começou a comparar o processo de seleção de características feito por criadores de animais com uma natureza Malthusiana selecionando variantes aleatoriamente de forma que toda a parte de uma nova característica adquirida é colocada em prática e aperfeiçoada, e pensou nisto como "a mais bela parte da minha teoria" de como novas espécies se originam. A teoria de Darwin de que evolução ocorreu por meio de seleção natural mudou a forma de pensar em inúmeros campos de estudo da Biologia à Antropologia. Seu trabalho estabeleceu que a "evolução" havia ocorrido não necessariamente por meio das seleções natural e sexual (isto, em particular, só foi comumente reconhecido após a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no início do século XX e o desenvolvimento da Síntese Moderna). Outros antes dele já haviam esboçado a idéia de seleção natural, e em vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de William Charles Wells e Patrick Matthew que ele e praticamente todos os outros naturalistas da época desconheciam. Contudo, é claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e publicar uma teoria científica de Seleção Natural e que trabalhos anteriores ao seu não contribuíram para o desenvolvimento ou sucesso da Seleção Natural como uma teoria testável. A teoria de Darwin também foi usada como base para vários movimentos da época e tornou- se parte da cultura popular. O livro foi traduzido para muitos idiomas e teve numerosas re- impressões. Ele tornou-se um texto científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da 14 classe média quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos. Apesar da grande controvérsia que marcou a publicação do trabalho de Darwin, a evolução por seleção natural provou ser um argumento poderoso contrário às noções de criação divina e projeto inteligente comuns na ciência do século XIX. A idéia de que não mais havia uma clara separação entre homens e animais faria com que Darwin fosse lembrado como aquele que removeu o homem da posição privilegiada que ocupava no universo. Papavero e Teixeira (2001:1016) utilizam os termos “teoria criacionista” e “teoria traducianista” adaptados à Biogeografia. Segundo os autores, criacionismo diz respeito à existência de um único centro de origem e dispersão, a partir do qual os indivíduos das espécies animais se dispersam para ocupar o mundo; por traducionismo deve se admitir a existência de múltiplos e contemporâneos centros de criação (regiões biogeográficas), neste caso, cada espécie teria aparecido (ou já sido criada) em sua própria região, não tendo ali chegado, necessariamente, por dispersão, a partir de um único centro de origem e dispersão original. Em 1855, portanto época anterior à da publicação de Darwin (1859), Alfred Russel Wallace, publicou o artigo intitulado "On the Law Which has Regulated the Introduction of Species" (Sobre Lei que Regulou a Introdução das Espécies), no qual juntou e enumerou observações gerais sobre a distribuição geográfica e geológica das espécies, grande contribuição para a Biogeografia, e conclui que cada espécie surgiu coincidindo tanto em espaço quanto em tempo com uma espécie proximamente a ela aliada. Esse artigo, também conhecido como a Lei Sarawak (assim denominada devido ao estado de Sarawak, localizado na ilha de Borneo) foi um prenúncio do monumental artigo que ele escreveria três anos mais tarde. Wallace propôs a delimitação de regiões biogeográficas (com base nas barreiras geográficas que impediram a dispersão) em: 1) Neoártica: América do Norte, menos extremidade sul; 2) Paleártica: Europa, Norte da Ásia e África ao norte do Saara; 3) Oriental: Índia, Malásia, Filipinas e regiões próximas; 4) Australiana: Austrália e Nova Guiné; 5) Neotropical: América do Sul e América Central; 6) Etiópica: África do Sul do Saara. Embora Wallace tenha se encontrado apenas uma vez e brevemente com Darwin, ele tornou- se um de seus numerosos correspondentes, cujas observações Darwin utilizou para dar suporte às suas teorias. Wallace sabia que Darwin tinha interesse na questão de como as espécies se originavam e confiava na opinião dele sobre assunto. Assim, em 1958, ele lhe enviou seu ensaio "On the Tendency of Varieties to Depart Indefinitely From the Original Type" (Sobre a Tendência das Espécies de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original), e pediu-lhe que escrevesse a 15 crítica. Em 18 de junho de 1858, Darwin recebeu o manuscrito de Wallace. Apesar do fato de que o ensaio de Wallace não propunha ainda o famoso conceito Darwiniano de seleção natural, ele enfatizava uma divergência evolucionária entre as espécies e suas similares. Nesse sentido era essencialmente o mesmo que a teoria na qual Darwin tinha trabalhado por 20 anos, mas ainda não publicado. Apesar de Wallace não ter pedido que publicassem o seu ensaio, Charles Lyell e Joseph Hooker, pesquisadores do círculo de Darwin, decidiram apresentar o ensaio junto a trechos de um artigo que Darwin havia escrito em 1844 e mantido confidencial, à Linnean Society of London (Sociedade Lineana de Londres) em julho de 1858, dando destaque à prioridade de Darwin. Wallace aceitou o arranjo após o fato, agradecido por ele ter sido, pelo menos, nele incluído. O status social e científico de Darwin naquela época era muito superior ao de Wallace e era improvável que as observações de Wallace sobre a evolução tivessem sido aceitas com a mesma seriedade. Apesar de relegado à posição de co-descobridor e nunca igual socialmente a Darwin ou aos outros cientistas britânicos de elite, Wallace foi contemplado com um acesso bem mais fácil aos altamente regulados meios científicos britânicos após a posição favorável que recebeu de Darwin. Quando retornou à Inglaterra, Wallace encontrou-se com Darwin e os dois permanceram amigos desde então. Outro importante estudioso, o botânico Hugo de Vries investigou as transformações que ocorreram numa espécie vegetal chamada Oenothera lamarchiana e constatou que as mutações não se deram para atender a uma necessidade qualquer, mas sim ao acaso, podendo trazer tanto benefício como prejuízo aos organismos. Assim ficou comprovado que as variações dentro de uma espécie surgem por mutação e o darwinismo ficou corrigido no seu ponto mais fraco. É a seleção natural que aprova ou reprova os caracteres surgidos por mutação, se representarem uma melhoria substancial para a espécie, fixam-se em poucas gerações, já se o benefício é pequeno, fixam-se mais lentamente, após muitas gerações; porém, se inversamente, o novo caractere trouxer prejuízo para a adaptação do organismo, ele será rapidamente eliminado. A teoria da evolução atualmente aceita é denominada “neodarwinismo”, que incorpora a idéia da seleção natural aos conhecimentos da genética, ou seja, a mutação seria o mecanismo responsável pela origem das variações sobre as quais atua a seleção natural. De acordo com Troppmair (2006, p. 141): A espécie é o reflexo de seu conjunto gênico expresso pelos caracteres morfológicos, anatômicos, fisiológicos e etológicos. Os genes distribuem-se em unidades estruturais, denominadas cromossomas. Este potencial genético recebe o nome de GENÓTIPO. Muitas interações complexas, a maior parte ainda desconhecida e hoje estudada com ênfase, processam-se entre os genes, inclusive através de influências do meio, e o produto resultante é sua expressão, o FENÓTIPO. Portanto, a variabilidade que se observa nas populações – a variabilidade fenotípica – tem duas origens: diferenças na composição genética e influências de fatores ambientais. 16 Troppmair (2006, p. 145), entretanto, diferencia centros de dispersão (refúgios) de centros de origem, uma vez que a maioria das espécies se originou em outras áreas e, graças a processos migratórios de expansão ou retração, sofreram distribuição face às mudanças ambientais associadas e aos paleoclimas. Segundo o autor, centros de dispersão representam áreas biogeográficas de onde novos táxons se difundem a outras regiões, enquanto que centros de origem seriam áreas biogeográficas que presumivelmente deram origem a novas espécies, gêneros e outros táxons. Papavero e Teixeira (2001:1024) ressaltam a sucessão de várias teorias criacionistas e traducionistas nos séculos XVIII e XX – dentre as últimas citadas, encontram-se, por exemplo, a de Lineu (De telluris habitabilis incremento, 1744), a de Buffon (1778) e a de Darwin (proposta em A origem das espécies, 1859) - até que no século XX, surgiram teorias da Biogeografia por vicariância (a maior revolução já ocorrida dentro dessa ciência), que designam a ocorrência de espécies congenéricas ou subespécies vivendo em diferentes habitats de uma área geográfica, e nunca encontradas na mesma comunidade, ou seja, haveria uma fragmentação da distribuição de uma espécie ancestral em duas ou mais áreas, gerando uma barreira geográfica efetiva entre as sub- populações isoladas. Este isolamento de populações, por sua vez, teria implicado, a médio e longo prazo, no desencadeamento de processos genéticos e evolutivos capazes de criar sub-espécies. De acordo com Viadana (2004, p. 118): [...] o princípio da vicariância admite a especiação e o fator distributivo dos seres vivos como resultante das condições de excepcionalidade, advindas de mudanças ambientais globais, principalmente aquelas que envolvem a tectônica de placas e que desencadearam novos desenhos a respeito da espacialidade vital na superfície terrestre. Espacialidade esta configurada nas quatro dimensões pertinentes ao espaço geográfico, incluindo aí o tempo geológico e histórico. A teoria dos refúgios ecológicos, por exemplo, é fundamentada nos processos evolutivos e, mais recentemente, no estudo de paleoclimas. De acordo com Troppmair (2002-2006, p. 142): A teoria dos refúgios ecológicos não é nova, pois Meise, em 1928 e 1936, Moreau, em 1993, Reining em 1935, e Gentilli, 1949, aplicaram-na para a Europa, África e Austrália. Bases teóricas sólidas foram lançadas por Latin (1959). A teoria dos refúgios também foi aplicada na América do Sul destacando-se os trabalhos de Haffer (1969) que postulou a existência de antigos refúgios florestais [...].