RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 30/01/2019. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS KEILA MICHELLY CANHINA SACHIMBOMBO CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA E DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO SEGMENTO FITNESS Rio Claro/SP 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA MOTRICIDADE (PEDAGOGIA DA MOTRICIDADE HUMANA) KEILA MICHELLY CANHINA SACHIMBOMBO CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA E DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO SEGMENTO FITNESS Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade. Orientador: Prof. Dr. Roberto Tadeu Iaochite Rio Claro/SP 2017 Sachombombo, Keila Michelly Canhina Crenças de autoeficácia e de atuação profissional no segmento fitness / Keila Michelly Canhina Sachombombo. - Rio Claro, 2017 145 f. : il., figs. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientador: Roberto Tadeu Iaochite 1. Ginástica. 2. Ginástica coletiva. 3. Profissionais de ginástica. 4. Educação física. I. Título. 796.41 S121c Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP DEDICATÓRIA A Deus. Ao Roberto. A minha família. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo cuidado anterior a esta pesquisa. Pela provisão durante a realização. Pela fidelidade que não faltará. Obrigada, Senhor, por cada detalhe (II Timóteo 2:13). Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Roberto Tadeu Iaochite, por toda compreensão e carinho demonstrado. Saio dessa experiência com a certeza de que não mereço sua humanidade, sua grandiosidade e compreensão. Obrigada pelo cuidado acadêmico e pessoal. Sei que não sou fácil! Agradeço a minha família: meus pais, Justino e Adelina Sachimbombo, pelo amor incondicional, pelos joelhos no chão em oração, por estarem sempre comigo. Aos meus irmãos, Justino e Isabel Sachimbombo, e meu cunhado, José Maris, por iluminarem minha vida. Ao meu amado sobrinho, Samuel Sachimbombo Bernardo, por ser motivo do meu riso: “Meu vida” - Ame nduku sole calua. Agradeço ao Prof. Dr. Samuel Souza Neto e a Profa. Dra. Soely Aparecida Jorge Polydoro, membros da banca examinadora de qualificação e defesa. Sou grata pelas contribuições. Obrigada pelo olhar expert impresso sobre essa proposta. Meu respeito, minha admiração e gratidão. Agradeço à Profa. Dra. Roberta Gurgel Azzi pelas profundas contribuições desde a fase embrionária até o ponto final. O meu respeito, minha gratidão e admiração. Agradeço ao Team Iaochite et al, Roraima Costa Filho, Mayara Mattos, Gisele Rodrigues, Caroline Florindo, Ana Estela Nunes pelo exemplo, disponibilidade e, cumplicidade. Juntos somos mais fortes. Caminhemos! Aos amigos de longe e de perto pelo apoio e carinho gratuito. Um agradecimento especial aos funcionários dos vários setores da UNESP – Rio Claro. Muito obrigada por cuidarem de mim. Agradeço às vozes desta pesquisa. Aos PFEs, obrigada pela serem parte da história do segmento Fitness brasileiro. Aos PPs, obrigada pela continuidade. Agradeço à Sexta Igreja Presbiteriana de Rio Claro pela receptividade. Aos meus pastores Vanderley Oliveira e Vagner Salomão, obrigada pela amizade. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo apoio financeiro e institucional (2015/03371-5). "Difficulties provide opportunities to learn how to turn failure into success by honing one's capabilities to exercise better control over events. After peoples become convinced that they have what it takes to succeed, they persevere in the face of adversity and quickly rebound from setbacks" (BANDURA, 1997) RESUMO Apesar do grande número de academias ginásticas e da quantidade de egressos do curso de bacharelado em Educação Física, poucas contribuições investigaram como esses profissionais mobilizam os conhecimentos, habilidades e atitudes para atuação ligada à ginástica coletiva. O referencial da Teoria Social Cognitiva nos dá elementos para entender o papel das crenças nessa mobilização. Destacamos a crença de autoeficácia como uma variável importante para compreendermos o que os indivíduos fazem com as competências que possuem. Assim, o objetivo desta pesquisa é caracterizar as percepções acerca da atuação profissional ligada à ginástica coletiva, identificando os conhecimentos, as habilidades, as atitudes e os desafios. E ainda, identificar as crenças de autoeficácia para atuação ligada à ginástica coletiva e suas fontes de constituição. Contamos com a participação de dez profissionais de ginástica divididos em dois grupos: Profissionais Formadores Experts (PFEs) e Profissionais Práticos (PPs). Trata-se de uma pesquisa descritivo- exploratória de caráter qualitativo que utilizou como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevista semiestruturado. Por meio de técnicas de análise do conteúdo e com o suporte do software Nvivo11, encontramos os seguintes resultados: a formação inicial foi reconhecida como um espaço de aquisição de conhecimentos (conceitual, procedimental), no entanto, PPs e PFEs atribuem as habilidades (planejamento, comunicação, incentivação, avaliação e gestão) e as atitudes (relacionais, pessoais, profissionais) às experiências profissionais; PPs e PFEs destacaram três principais desafios ligados à atuação com ginástica coletiva: a) a heterogeneidade dos alunos, b) a perda da popularidade da ginástica coletiva e as condições trabalhistas; c) PPs consideraram a autoeficácia sensível ao conhecimento sobre o conteúdo ensinado e ao grupo de alunos que compõem a aula. Em relação às fontes de autoeficácia, a experiência direta, a experiência vicária e a persuasão social foram fortemente associadas ao ambiente de trabalho, às primeiras experiências profissionais e aos cursos de formação continuada. As informações vindas dos alunos, dos gestores e de professores mais experientes foram consideradas fundamentais para a construção de um sentimento de confiança. O início da carreira foi identificado como o período mais sensível aos sentimentos de nervosismo e insegurança. Além disso, PPs não indicaram às experiências vivenciadas na formação inicial como significativas para a construção da crença. Assim, endereçamos esses resultados às agendas da formação, ao segmento Fitness e às associações profissionais, considerando urgente pensar programas que (re) signifiquem as ferramentas desta atuação, possibilitando a construção da autoeficácia. Palavras-chave: Profissionais de ginástica. Segmento Fitness. Crenças de Autoeficácia. Educação Física. ABSTRACT Despite the large number of gym centers and the number of graduates of the bachelor's degree in Physical Education, few contributions have investigated how these professionals mobilize knowledge, skills and attitudes working in the group exercise classes. The Social Cognitive Theory gives us elements to understand the hole of the beliefs at this mobilization. We highlight the self-efficacy belief as an important variable to understand what the individuals do with the tools they own. Thus, the goal for this research is to characterize the perceptions about the professional action related to the group gymnastics, identifying the knowledges, skills, attitudes and challenges. In addition, to identify the self-efficacy beliefs and their sources of constitution. There were ten Fitness professionals who were divided into two groups: Profissionais Formadores Experts (PFEs) e Profissionais Práticos (PPs). It is a descriptive-exploratory and qualitative research that used as instrument for data collection a semi-structured interview script. Through the content analysis techniques and, with the support of the software Nvivo11, we have found the follow results: a) the initial training was recognized as a knowledge acquisition space (conceptual, procedural), however, PPs and PEPs attribute the skills (planning, communication, encouragement and management) and attitudes (relational, personal, professionals) to professional experiences; b) PPs and PFEs highlighted three main challenges: the heterogeneity of the students, the loss of the popularity of gymnastics modalities and, the work conditions; c) PPs considered the self-efficacy sensitive regarding to the knowledge about the content taught and to the group of students who compose the class. With relation of the sources of self-efficacy, the mastery experience, vicarious experience and the verbal persuasion were strongly associated to the work environment, the initial professional experiences and, to the continuing education courses. The information from the students, managers and more experienced teachers were considered fundamental to the construction of the feeling of trust. The beginning of the career was identified as the most sensitive to the feelings of nervousness and insecurity. PPs did not indicate the experiences gained at the initial training as meaningful to the self-efficacy construction. Thus, we address these results to the professional training, Fitness industry and organization of the professional, considering urgent to think programs that re-signify the tools of this action, enabling the construction of self-efficacy. Key words: Fitness Professionals. Fitness. Self-efficacy Beliefs. Physical Education. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Exemplo de estruturação dos “nós” no ambiente do Nvivo – Pasta PFEs – Conhecimentos, habilidades e atitudes......................................................................65 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 28 2.1 Formação e atuação profissional no campo não escolar na Educação Física .... 28 2.2 A ginástica coletiva em academias do Brasil ....................................................... 36 2.3 Os conhecimentos, as habilidades, as atitudes e os desafios da atuação ligada à ginástica coletiva ....................................................................................................... 39 2.4 Crenças de Autoeficácia ...................................................................................... 44 2.4.1 A origem das crenças de autoeficácia .............................................................. 47 2.4.2 O papel das crenças de autoeficácia ............................................................... 51 4. MÉTODO ............................................................................................................... 58 4.1 Participantes ........................................................................................................ 59 4.2 Elaboração e validação dos instrumentos de coleta de dados ............................ 61 4.3 - Procedimentos para a coleta de dados ............................................................. 63 4.4 - Organização e análise dos dados ..................................................................... 63 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 67 5.1 Caracterização da atuação profissional: achados preliminares ........................... 67 5.2 Quanto aos conhecimentos, as habilidades e as atitudes ligados à atuação com ginástica coletiva ....................................................................................................... 71 5.3 Quanto aos desafios ligados à ginástica coletiva ................................................ 83 5.3.1 A relação profissional, indivíduo e grupo .......................................................... 84 5.3.2 A perda da popularidade das modalidades de ginástica, a permanência dos alunos e as condições de trabalho ............................................................................ 90 5.4 Quanto às Crenças de Autoeficácia para atuação ligada à ginástica coletiva (PPs)..................................................................................................................96 5.4.1 A crença de autoeficácia para atuação ligada à ginástica de coletiva e suas fontes de informação ................................................................................................. 97 5.4.2 A maleabilidade da crença de autoeficácia na atuação com ginástica coletiva ................................................................................................................................ 112 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 121 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 129 ANEXO A ................................................................................................................ 140 APÊNDICES ............................................................................................................ 142 13 APRESENTAÇÃO Meu interesse pelo exercício físico se deu na pré-adolescência por meio do futsal e da dança. No ensino médio via-me propensa a optar pela Educação Física como profissão devido ao meu envolvimento nessas duas atividades citadas. No fim da adolescência, embora ainda não houvesse passado por formação apropriada, já exercia atividade profissional como “professora de dança” em algumas escolas infantis, devido minha participação em uma companhia de jazz. No ano de 2007, entrei na faculdade e fui atraída pelas discussões acerca da Educação Física na década de 1980. Ainda que meu entendimento sobre a temática não estivesse organizado como hoje, sentia-me impelida a pensar sobre a identidade, a finalidade e a justificativa de determinadas práticas do professor/profissional no segmento escolar e fora dele. Assim, desde a entrada no ensino superior, meu interesse estava centrado no professor/profissional de Educação Física, seu saber, seu fazer, suas convicções e valores. No terceiro ano da faculdade, havia a demanda de produzir meu primeiro Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de licenciada. Àquela época, o Prof. Dr. Roberto Iaochite orientou-me em um estudo em que descrevíamos como os professores entendiam a finalidade da Educação Física na escola, como pensavam os conteúdos das aulas, a avaliação, e, se essas percepções variavam em decorrência do tempo de experiência profissional. No ano seguinte e já cursando o bacharelado, durante a disciplina de ginástica de academia, ministrada pelo Prof. Dr. Roberto Iaochite, fomos (minha turma de bacharelado) estimulados a pensar não somente sobre as técnicas das modalidades de ginástica coletiva e a ciência que embasava determinadas ações nas aulas, mas compreender as competências e valores ligados à atuação dos profissionais do segmento Fitness. Esta disciplina coincidiu com a época de desenvolvimento do meu “estágio supervisionado”, em que observei alguns profissionais de Educação Física em academias de ginástica e clínicas de bem-estar. Entretanto, até aquele momento, não havia refletido sobre as variáveis que permeiam a relação de ensino e aprendizagem (ou, as interações entre o profissional e os clientes) nesses espaços, mesmo considerando o segmento Fitness como uma opção viável para me inserir no mercado de trabalho. 14 No TCC de bacharelado tentamos discutir as percepções dos profissionais que atuavam com ginástica coletiva, utilizando as tipificações ligadas aos saberes docentes. Embora reconheça que, naquele momento, faltava-me um maior entendimento quanto ao contexto da profissionalização docente, a construção deste TCC foi fundamental para suscitar questões, hipóteses, dúvidas que me trouxeram ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Motricidade. Principalmente, conduziram-me ao entendimento de que o profissional pode possuir um conjunto de saberes para sua atuação, porém, o seu agir poderá ser motivado por quanto ele se sente capaz de realizar as demandas ligadas ao seu trabalho. Assim, na construção desta dissertação buscamos apresentar amplos questionamentos acerca do profissional que atua com ginástica coletiva, sua formação profissional (internacional-nacional), bem como as convicções que atuam sobre a prática destes. Afirmamos que esta dissertação possui significado ao se relacionar com o itinerário pessoal e acadêmico dos seus autores. De maneira alguma, sua realização intenta esgotar as discussões acerca da prática profissional no segmento Fitness, muito menos estabelecer consensos sobre as temáticas levantadas e discutidas. Logo, desenvolvimento desse projeto inaugura um encaminhamento empírico que introduz um referencial, que, considera os profissionais como agentes da sua própria prática, e, aponta para as crenças como uma variável importante para atuação no segmento Fitness. Assim, esta dissertação insere-se na área pedagógica do Programa de Pós- Graduação em Ciências da Motricidade, na linha que investiga a formação profissional, o campo de trabalho e o ensino de Educação Física, buscando um diálogo com o referencial de crenças de autoeficácia. A presente investigação está dividida em seis capítulos. No capítulo 1, Introdução, buscamos relacionar o contexto investigado ao referencial teórico adotado. Inicialmente apontamos para um panorama da constituição do segmento Fitness, sua estrutura organizacional, influências e valores (sociais, econômicos e históricos), indicando-os como possíveis variáveis para desenvolvimento da atuação profissional. Em um segundo momento, apontamos para a Educação Física como área profissional e a formação para atuação em diversos segmentos. Ao fim do capítulo indicamos como os elementos destacados podem ser vislumbrados a partir 15 do referencial teórico que orienta essa pesquisa, especialmente pelo constructo da autoeficácia. No capítulo 2, Revisão de Literatura, assinalamos para a legislação ligada à formação e atuação profissional no segmento Fitness. Além disso, apresentamos como se constituiu o mercado das academias de ginástica brasileiro e como os estudos no campo do bacharelado têm investigado os conhecimentos, as habilidades e atitudes necessárias para a prática profissional nesses espaços. Finalizamos esse capítulo, apresentamos os conceitos da autoeficácia, assinalando o papel da crença nas realizações dos indivíduos, e, indicando como esta variável pessoal pode relacionar-se à atuação dos profissionais de ginástica coletiva. No capítulo 3, Questões de estudo e Objetivos, apresentamos os objetivos gerais e específicos da pesquisa, bem como as questões que nortearam essa investigação. No capítulo 4, Método, assinalamos as escolhas que orientaram o delineamento metodológico da pesquisa, critérios ligados à seleção de participantes, aos instrumentos de coleta de dados e a maneira como realizamos a análise dos dados obtidos. No capítulo 5, Resultados e Discussão, apresentamos os resultados encontrados, os conhecimentos, às habilidades, as atitudes e os desafios ligados à atuação com ginástica coletiva. Além, disso apontamos para a crença de autoeficácia, seu desenvolvimento e comportamento em diversos períodos da carreira, ressaltando suas fontes de constituição. No sexto e último capítulo, Considerações Finais, ressaltamos o cumprimento dos objetivos da pesquisa, levantando proposições, questionamentos, limitações e avanços, acerca dos dados encontrados nesta investigação. Após esse capítulo encontram-se os anexos e apêndices. 16 1 INTRODUÇÃO Os profissionais que atuam com ginástica coletiva são parte integrante do segmento Fitness, cenário em que a presente investigação está situada. Juntamente com ela, serão apresentados e discutidos outros elementos como, por exemplo, a preparação profissional, em especial, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes necessárias para a atuação nesse segmento. Além disso, discutiremos sobre como diferentes gerações de profissionais que atuam diretamente nesse segmento percebem esta prática e formação profissional para tal, ressaltando os desafios ligados a esse contexto. Ao trazermos à tona discussões sobre o fenômeno da preparação profissional para a atuação no segmento Fitness, realizamos vários levantamentos junto à produção acadêmica em diferentes bases de dados, usando descritores que pudessem estar, primeiramente, relacionados aos espaços e atividades nele desenvolvidos. Especificamente, buscamos banco de dados nacionais e internacionais, como por exemplo, Science Direct, Eric, Sage publicaions, Scielo e Periódicos/banco de teses da CAPES consultados com os termos “health club”, “academia de ginástica”, “fitness professional”, “group fitness instructor”. Os resultados dessas buscas assinalaram para o segmento Fitness discutido sob perspectivas históricas, sociais e econômicas (ANDREASSON; JOHANSON, 2014, MAGUIRE, 2008a; QUELHAS, 2012, ROSADO et al, 2014; entre outros). Os estudos levantados convergiram ao situar os EUA como o grande mercado precursor, produtor e consumidor do segmento Fitness. Outro destaque que pontuamos é o aporte de diversas lentes teóricas para explorar essas temáticas, com um grande número de trabalhos fundamentados na Sociologia (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014; FURTADO, 2007; MAGUIRE, 2008a; QUELHAS, 2012), seguido pela Psicologia (CHANG; KIM, 2003; ROSADO et al, 2014; FEITOSA; NASCIMENTO, 2003) e pela área administrativa (KAUSTELIOS, 2003; VIALLON; CAMY: COLLINS, 2003). A partir desse levantamento, constatamos que parte dos trabalhos apontam os profissionais do segmento Fitness inseridos na estrutura organizacional das academias de ginástica, e, é sob esta perspectiva que os autores escrevem acerca da preparação profissional, a seleção e o treinamento para atender as demandas 17 desses espaços (CHANG; KIM, 2003; FEITOSA; NASCIMENTO, 2003; KAUSTELIOS, 2003; VIALLON; CAMY: COLLINS, 2003). Outro fator que destacamos é que os estudos encontrados justificam sua contribuição apontando para a expansão das academias de ginástica, em números, em oferta de práticas, destacando este mercado de trabalho como um investimento lucrativo, mesmo em épocas de crise (FURTADO, 2007; IHRSA, 2012; KAUSTELIOS, 2003; PARVIANIEN, 2011; SALERNO, 2011; VIALLON; CAMY: COLLINS, 2003; QUELHAS, 2011). Essas constatações iniciais nos levam a reconhecer dois elementos fundamentais: o primeiro, relativo à importância social da Educação Física e do Fitness, como um dos segmentos de atuação profissional, cujo principal mercado de trabalho encontra-se nas academias de ginástica, clubes e centros de bem-estar (VERENGUER, 2003; SORIANO, 2003). O segundo aponta para os profissionais que atuam nesse segmento, ressaltando a importância destes para a melhoria dos níveis relativos à saúde da população, auxiliando, por exemplo, à redução dos números ligados ao sedentarismo (ANDREASSON; JOHANSSON, 2016; LYON; LEVILLE; ARMOUR, 2016). Acreditamos que os profissionais do segmento Fitness atuam de maneira ativa ao desenvolverem um ambiente acolhedor, motivador, colaborando com o aumento da aderência, permanência e prática de exercício físico (COELHO FILHO; VOTRÊ, 2010; IAOCHITE, 2006; JACKSON, 2010; MAGUIRE, 2008a). Assim, nosso trabalho aponta para os profissionais de Fitness, que, além das demandas já citadas, planejam e orientam a aprendizagem do movimento, conhecendo, avaliando e interpretando as expectativas dos alunos/clientes (ANDREASSON; JOHANSSON, 2016; COELHO FILHO; VOTRÊ, 2010; IAOCHITE, 2006; JACKSON, 2010; LYON; LEVILLE; ARMOUR, 2016). Ressaltamos, ainda, a importância desses profissionais no que diz respeito à aprendizagem do movimento, sendo esta uma importante interação, tanto na prática da musculação quanto na atuação ligada à ginástica coletiva. A literatura nos dá indícios para afirmar que a forma como esse profissional desenvolve sua prática, demonstra, corrige, usa estratégias que facilitam a aprendizagem, parece contribuir significativamente para que os alunos sintam-se motivados a realizar o exercício físico (EDE, HWANG; FELTZ, 2001; JACKSON, 2010). 18 Ao delimitarmos um itinerário para compreensão acerca da prática desses profissionais, parece-nos pertinente investigar a constituição do segmento Fitness sob uma perspectiva histórica (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). Também buscaremos descrever as lógicas e valores que parecem permear a estrutura organizacional das academias de ginástica, bem como, suas possíveis influências sobre a prática dos profissionais desse segmento (MAGUIRE, 2008a). Assim, ao construirmos um panorama do segmento, observamos que os valores estadunidenses estiveram presentes nas técnicas, pedagogias e metodologias desenvolvidas pelos profissionais de ginástica. Ao descrever as transformações históricas do segmento Fitness, Andreasson e Johansson (2014) informam que ocorreram três revoluções fundamentais para a constituição desse cenário como hoje o conhecemos. A primeira revolução é descrita como a “Pre-history of the gym” (final do século XIX e início do século XX). Influenciada pela introdução dos métodos ginásticos europeus (alemão, dinamarquês e sueco), teve como personagens um empresário (Eugene Sandow) e um professor de Educação Física (Attila). Esses homens, tidos como investidores do segmento Fitness, foram os primeiros a sistematizar, experimentar e ofertar treinamento com pesos, vendendo a promessa de que esses exercícios trariam mudança na estrutura física dos praticantes (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). Ao destacar os acontecimentos que influenciaram essa primeira revolução, os autores situam algumas influências sociais, entre elas, as práticas higienistas sustentadas pela forte religiosidade cristã; o crescente nacionalismo americano; a construção de uma cultura comercial fortemente influenciada por uma lógica capitalista; e, o movimento de industrialização, que contribuiu para a construção de um maquinário que auxiliasse o treinamento com peso. Andreasson e Johansson (2014) assinalam que o fim desse período deu-se com a criação da International Fedaration of Bodybuilders (IFBB) em 1946. A segunda revolução é chamada de “Subculture of Bodybuilding” (1940 e início de 1970) tendo como objetivo, a divulgação de um estilo de vida musculoso, viril, dando importância à rotina diária, a metodologia dos treinos e o uso de anabolizantes. Os autores indicam o ator Arnold Schwarzenegger como um dos personagens que representou essa revolução por adotar para si um estilo de vida com esses princípios, divulgando-o em filmes, revistas, convenções e competições 19 internacionais. Apesar da grande mobilização em torno dessa proposta, que ainda está presente na atualidade, os autores descrevem que essa revolução foi obscurecida pelo uso de drogas e esteroides, evidenciando uma obsessão pelo treinamento (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). A terceira revolução, chamada pelos autores de “The Fitness Revolution” (fim da década de 1960 até o momento), foi alavancada por profissionais que, além de buscarem desvinculação da uma imagem ligada ao uso de anabolizantes, aproximaram-se de conceitos das ciências biológicas para fundamentar as propostas de treinamento (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). Esse terceiro momento, data da incorporação dos estudos do Dr. Kennedy Cooper sobre a capacidade aeróbica, fundamentando as práticas que, entre outras coisas, tinham a função de combater os elevados índices de sedentarismo (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014; CAMPOS, 2015; COELHO FILHO, 2009). Concomitantemente, aconteciam algumas mudanças sociais no contexto norte-americano que influenciaram esse momento, entre elas: a crescente urbanização; o aumento do poder aquisitivo da classe média; a revolução cultural do tempo; o combate às doenças crônico-degenerativas e o adiamento da vida adulta (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). A atriz Jeane Fonda foi uma das grandes divulgadoras desse momento, que se entrelaçava historicamente a uma fase da revolução feminista. Essa correlação reforçava os estereótipos da mulher que poderia conciliar o trabalho, a casa, os filhos, e, possuir um corpo que respondesse às demandas da vida profissional e familiar (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014; CAMPOS, 2015; COELHO FILHO, 2009; SASSATELLI, 2010). Assim, nas décadas de 1970 e 1990, o segmento Fitness obteve um grande alcance popular (MAGUIRE, 2008a; SASSATELLI, 2010), sendo a aerobic dance, a modalidade precursora de inúmeras modalidades (CAMPOS, 2015). Andreasson e Johansson (2014) encerram seu texto fazendo uma leitura atual sobre o segmento. Os autores destacam como a globalização influenciou a popularização das modalidades, e, consequentemente, as práticas dos profissionais inseridos nas academias de ginástica. Ao demarcar historicamente essas três revoluções, Andreasson e Johansson (2014) separam a cultura bodybuilding da ginástica coletiva, especificando que essas duas atividades profissionais possuem características comuns, e, ao mesmo 20 tempo, distintas. Tal perspectiva remete-nos à constituição de (sub) grupos profissionais que atuam no segmento Fitness, como por exemplo, os instrutores de musculação, os personais trainers, e, os profissionais de ginástica coletiva, que são o foco da nossa pesquisa. Outro destaque que estes autores fazem diz respeito à compreensão acerca das práticas corporais e profissionais, atrelando-as às dinâmicas sociais e culturais da população norte-americana (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). Esta consideração permite-nos vislumbrar valores voltados ao lazer, ao empreendedorismo, à estética e à saúde, que também podem estar presentes nas demandas dessa atividade profissional (MARCELINO, 2000; OLIVEIRA, 2000). Nesse sentido, quando pensamos na estrutura organizacional do Fitness, apresentamos a maneira que Maguire (2008a) descreve o segmento, entendendo-o como “uma complexa rede de consumo” sustado por quatro pilares, sendo estes: a) “Fitness Services” – profissionais responsáveis pela orientação das práticas corporais (personal trainers, profissionais de ginástica coletiva, instrutores de musculação, fitness coachs); b) “Fitness Media” – produção responsável por tornar visíveis às práticas corporais desse segmento por meio de revistas, manuais e vídeos, fornecendo marketing e propaganda para o consumo dos clientes; c) “Fitness Sites” – espaços designados às práticas corporais, como academias de ginástica, clubes, centros de treinamento, spas; d) “Fitness Goods” – produtos utilizados para delinear de um estilo de vida ligado ao segmento, ou seja, as próprias práticas corporais, aparelhos para exercícios, calçados, roupas, alimentos, acessórios, entre outros. Assim como Andreasson e Johansson (2014), Maguire (2008a) assinala o processo de globalização, ao afirmar que esses quatro pilares estão presentes em academias ao redor do mundo, embora sejam estudados no tempo e no espaço norte-americano. Como exemplo desse processo de globalização na estrutura organizacional das academias, indicamos as franquias de academias de ginástica. Ou seja, o modelo em que a academia expande sua oferta abrindo novas unidades em diversos locais, porém, os serviços prestados por essa organização são os mesmos, independente da localidade (FURTADO, 2007; PARVIANIEN, 2011; PASQUALI; NITERÓI; MASCARENHAS, 2011; QUELHAS, 2012; STEEN- JOHNSEN, 2007; TOLEDO; PIRES, 2008). 21 A produção científica afirma que o mesmo processo ocorreu com as práticas corporais realizadas no contexto da academia de ginástica, que, a partir da década de 1990, sofreram um movimento chamado de padronização ou sistematização do movimento, tanto na musculação, quanto na ginástica coletiva (STEEN-JOHNSEN, 2007; TOLEDO; PIRES, 2008; VERENGUER, 2003, 2008). Geralmente, esses dois elementos relacionam-se, pois, as academias franquiadas ofertam práticas padronizadas, e, embora a padronização corrobore com a expansão de grandes redes de academias, é possível observar que esse processo atua de forma negativa sobre a vida dos profissionais (VERENGUES, 2003; QUELHAS, 2012). Alguns autores indicam que, dentro dessa lógica de trabalho, o profissional parece não desenvolver certa autonomia, em especial, para planejar a sua própria atuação (FELSTEAD et al, 2007; FURTADO, 2007; PARVIANIEN, 2011; PASQUALI; NITERÓI; MASCARENHAS, 2011; QUELHAS, 2012; STEEN-JOHNSEN, 2007; TOLEDO; PIRES, 2008). Junto com a padronização das práticas corporais e das franquias de academias, destacamos desafios relacionados à precarização do trabalho, caracterizado por jornadas de trabalho extenuantes, competitividade exacerbada, instabilidade profissional, incertezas, encerramento precoce da vida laboral, ou migração para outras funções ou segmentos de atuação (MENDES, 2010; PARVIANIEN, 2011; PASQUALI; NITERÓI; MASCARENHAS, 2011; QUELHAS, 2012; TOLEDO; PIRES, 2008). Os autores que estudam o segmento e discutem os desafios relacionados à padronização, ainda, destacam aspectos relacionados ao não desenvolvimento de competências pedagógicas (planejamento, seleção de músicas, avaliação do progresso dos alunos, reflexão acerca da própria prática, por exemplo), comprometendo um exercício profissional crítico (FELSTEAD et al, 2007; MENDES, 2010; PARVIANIEN, 2011; PASQUALI; NITERÓI; MASCARENHAS, 2011; QUELHAS, 2012; TOLEDO; PIRES, 2008). No entanto, ao retomarmos o modelo estrutural de Maguire (2008a), consideramos que, ao longo do século XX, os quatro pilares apresentados têm recebido investimento comercial, empresarial e acadêmico (em menor escala na área da formação). Estes investimentos sustentam e impulsionam a continuidade do segmento Fitness, gerando melhorias relacionadas aos produtos (Fitness Goods). Tais melhorias também assinalam às demandas das organizações (Fitness Sites), 22 às descobertas e aos avanços relacionados ao exercício físico, que são amplamente propagados pelas mídias e os meios de comunicação (Fitness Media). Entretanto, quando apontamos para essas proposições, constatamos menores investimentos voltados aos “Fitness Services” (CLOES, 2011; 2014; CLOES et al, 2015; LYON; NEVILLE; ARMOUR, 2016; ROSADO et al, 2014). Apesar da destacada importância desses profissionais, os autores são unânimes ao denunciarem a escassez de estudos em que os profissionais possam fazer reflexões sobre suas próprias atuações, sobre o contexto em que estão inseridos ou sobre as convicções acerca das próprias atuações nesse segmento (ANDREASON; JOHANSSON, 2016; CLOES, 2011; 2014; CLOES et al, 2015; LYON; NEVILLE; ARMOUR, 2016; ROSADO et al, 2014). Ao apontar para a produção de conhecimento voltada aos “Fitness Services”, Andreasson e Johansson (2016) descrevem que, antes da década de 1990, a produção acadêmica estava centrada na construção de manuais com teor procedimental, prevalecendo às discussões sobre corpo, gênero e identidade. As temáticas voltadas às transformações ligadas à masculinidade, também foram foco, bem como, às técnicas corporais e o doping. Mais recentemente, os estudos assinalam para as percepções sobre o papel dos profissionais no mercado das academias de ginástica, os limites éticos, a elaboração das aulas e à legitimidade ocupacional (FELSTEAD et al, 2007; GEORGE, 2008; PARVIANIEN, 2011). Estas últimas proposições surgem em resposta à padronização do movimento, ressaltando os profissionais do segmento Fitness como responsáveis pelas interações que ocorrem no contexto de trabalho (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014; SASSATELLI, 2010). Logo, destacamos que estes pressupostos dialogam, em alguma medida, com os constructos da Teoria Social Cognitiva (TSC), proposta por Albert Bandura, referencial que fundamenta essa dissertação (BANDURA, 1986, 1997, 2008). Ao contextualizarmos as considerações desse autor ao cenário dessa pesquisa, podemos ressaltar elementos que nos permitam propor discussões e reflexões acerca da atuação dos profissionais de ginástica coletiva e as variáveis, que parecem influenciar essas práticas. Acreditamos que, ao desenvolverem suas atividades, os profissionais de ginástica coletiva não apenas respondam às variáveis contextuais (estrutura organizacional, mercado de trabalho, competição, padronização, valores históricos e 23 sociais) em que estão inseridos, mas avaliam suas próprias convicções acerca do que são capazes de realizar. Diante desses aspectos, quando buscamos o referencial de Bandura (1986, 1997, 2008) assinalamos que os indivíduos pensam e agem em uma inter-relação dinâmica e recíproca, que considera as variáveis contextuais, pessoais e comportamentais. É diante dessa interação, e, movidos principalmente pelas convicções que possuem (variáveis pessoais), que os indivíduos adaptam-se aos contextos nos quais estão inseridos, fazendo as mudanças necessárias para os comportamentos que planejaram. Ao relacionarmos a fundamentação teórica ao contexto desse estudo, podemos observar que essa inter-relação dinâmica considera as convicções dos profissionais do segmento Fitness, e, consequentemente, a maneira como eles respondem às demandas já apresentadas (ensino de exercício físico, promoção dos níveis de qualidade de vida e bem-estar, entre outros). Esses pressupostos nos permitem, ainda que de forma exploratória, vislumbrar sobre a própria percepção acerca do que profissional de ginástica “faz”, “como faz” e “por que faz de determinada maneira”, entendendo-o como agente da sua própria atuação. As convicções que iremos abordar são chamadas de crenças de autoeficácia e são julgamentos resultantes da análise das ferramentas que o indivíduo possui para realização do que planeja, considerando os desafios inerentes a essa realização (BANDURA, 1997). Neste trabalho, as ferramentas utilizadas para a atuação com ginástica coletiva no segmento Fitness serão chamadas de conhecimentos, habilidades e atitudes profissionais. Seguindo esse entendimento, parece-nos adequado assinalar também para as experiências advindas dos processos formativos, que, em alguma medida, possuem a responsabilidade de socializar as ferramentas citadas. Assim, nesse trabalho damos à formação inicial, um local privilegiado quando apontamos para como os membros de uma determinada profissão organizam, socializam, utilizam e desenvolvem os conhecimentos, as habilidades e as atitudes profissionais em diversos segmentos (FREIDSON, 1998; SORIANO, 2003, 2009; VERENGUER, 2003). Além disso, é provável que, neste processo, tais experiências formativas estejam atreladas à construção de convicções sobre as próprias competências para 24 lidar com a atuação profissional nos diversos segmentos, incluindo o segmento Fitness (BARROS, 2000, 2006; OLIVEIRA, 2000; 2006). Ao longo do século XX, a preparação profissional de Educação Física no Brasil avançou, seja pela própria dinâmica da profissão, seja por força da legislação que rege a área, pelo reordenamento ligado às políticas educacionais, ou ainda, por mudanças sociais e culturais (SOUZA NETO et al, 2004). Se, antes, os profissionais da Educação Física aprendiam a atuar rememorando as próprias vivências corporais, ou ainda, testando diariamente formas de ensino. Hoje, passam por um processo formativo sistematizado em que são expostos a um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentais para suprir as demandas da profissão em vários segmentos (SORIANO, 2009; SOUZA NETO et al, 2004). Essa ideia de aprendizagem profissional que remonta a experiência do dia a dia, a tentativa-erro, a aprendizagem pela observação de profissionais mais experientes está relacionada à concepção de uma formação artesanal que sempre esteve presente na história das profissões (FREIDSON, 1998; RUGIU, 1999; TARDIF, 2013). A literatura sobre a sociologia das profissões indica-nos um panorama acerca da formação profissional, que antes tinha seu processo de desenvolvimento centrado principalmente nas interações entre “o mestre e seu discípulo”. E, que a partir do século XX afasta-se desse modelo para incorporar uma ideia de formação institucionalizada, que assinala a existência de uma base de conhecimentos científicos. Ou seja, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes não só sustentam as decisões, mas orientam o agir de um determinado grupo profissional (FREIDSON, 1998; RUGIU, 1999; TARDIF, 2013). Apesar dos modelos de formação terem evoluído para uma ideia institucionalizada, cabe ressaltar, que, quando se aponta para a profissão Educação Física e seus diversos segmentos, é comum observar pela literatura que os profissionais tendem a valorizar mais as experiências de sua prática, que, as advindas dos processos formativos (RODRIGUES, 2014; SORIANO, 2003; VERENGUER, 2003). Nesse sentido, essa pesquisa também aponta para a prática profissional e as interações que ali ocorrem, como um lugar de formação profissional (CESANA, 2011; RAMOS, 2009; SORIANO, 2009). Diferentemente de outros países, no Brasil, a formação especifica para atuação no segmento não escolar, e consequentemente no segmento Fitness, 25 possui status acadêmico, sendo orientada por diretrizes que assinalam o perfil de profissional que se quer formar (BRASIL, 2004 a, b). Apesar disso, os estudos nacionais demonstram que os profissionais passam pelo processo formativo, mas, ao serem inseridos nos diversos segmentos da Educação Física, não sabem ao certo quais conhecimentos, habilidades e atitudes devem fundamentar sua atuação (ANVERSA, 2011; NASCIMENTO, 2002, 2006; ROSSI; HUNGUER, 2008; SORIANO, 2003, 2009). Isso parece-nos problemático, pois, pode indicar que o conhecimento produzido na universidade e nos cursos de formação podem estar distantes dos problemas da atuação profissional, das mudanças nos segmentos da Educação Física e das crescentes demandas do mercado de trabalho (SORIANO, 2009). Longe de compreender a formação por um viés utilitarista, consideramos que essas evidências podem corroborar com as percepções de que os profissionais ainda vivenciam, aprendem e desenvolvem o que é necessário para suprir as demandas da sua prática na própria atuação (ANVERSA, 2011; NASCIMENTO, 2002, 2006; SORIANO, 2003, 2009). Tais evidências nos aproximam das concepções de Tardif (2013) quanto às idades da profissão docente, em que o autor observa o movimento da profissionalização evocando três fases do ensino: a vocação, o ofício e a profissão. Quanto ao ensino na idade da vocação incorpora-se a ideia da docência como “profissão de fé”, como ato missionário, e, essa percepção indica que o ato de ensinar é o cumprimento de uma missão. Logo, a atividade docente é exercida em tempo integral e os (as) professores (as) não possuem apenas a função de instruir, mas são responsáveis diretos pela construção dos valores morais dos seus alunos (TARDIF, 2013). Nessa perspectiva, a aprendizagem da profissão docente acontece in loco, principalmente pelas experiências da sala de aula e a observação de professores mais experientes. Entretanto, já que ensinar é uma atividade vocacional, dá-se pouco valor a remuneração do professor. Assim, a idade da vocação também remete a falta de status profissional, ao controle externo imposto pelas instituições religiosas e a baixa autonomia dos professores (TARDIF, 2013). A idade do ofício é marcada pela separação do estado e da igreja, em que, o trabalho deixa de ser vocacional e passa a ser contratual, vinculando a prestação de serviços ao estado. Nessa idade a formação está centrada nas experiências 26 concretas de trabalho, na prática a partir da imitação, na tentativa-erro. Logo, o estado delega a autoridade pedagógica, mas também reconhece a competência dos professores em ministrar aulas (TARDIF, 2013). Já a idade da profissão aponta para uma universalização da profissão docente, pautada na profissionalização do ensino. Há diversos aspectos apresentados pelo autor, entretanto destacamos como principal a elevação do nível intelectual da formação universitária. Assim, para Tardif (2013) se na idade do ofício e da vocação, o agir profissional estava atrelado à experiência cotidiana, na idade da profissão a apreensão das ferramentas necessárias ao agir profissional está fortemente alicerçado a um conjunto de conhecimentos específicos advindos da pesquisa universitária. Guardadas as especificidades acerca da profissão docente, essas concepções teóricas nos levam a ponderar sobre o processo formativo e a prática profissional da Educação Física e a valorização das experiências profissionais in loco, principalmente, aquelas que emergem das vozes dos egressos bacharéis (ANVERSA, 2011; NASCIMENTO, 2002, 2006; SORIANO, 2003, 2009). Ao assinalarmos os profissionais do segmento Fitness, ressaltamos que estes também apresentam uma percepção valorizada da prática, entendendo-a como um lugar de formação (VERENGUER, 2003; SORIANO, 2003). Diante desses aspectos, há possibilidade de relacionarmos tanto a formação inicial, que evoca as competências profissionais, às percepções sobre atuação, numa aproximação que relaciona-se à idade do ofício (VERENGUER, 2003; SORIANO, 2003). Embora, não haja demérito em assinalar ou compreender a formação/prática profissional nas duas primeiras perspectivas apresentadas por Tardif (2013), percebemos, ainda que de maneira exploratória, a relação entre a aprendizagem das ferramentas profissionais e a construção de crenças referentes à atuação no segmento não escolar. No entanto, surgem algumas reflexões referentes ao significado do conhecimento profissional na formação inicial em Educação Física, ou ainda, o lugar dos conhecimentos, habilidades e atitudes nos processos formativos que orientam esse futuro profissional. Nossos questionamentos estão direcionados a identificar quais são as ferramentas – conhecimentos, habilidades e atitudes - que a legislação e os profissionais consideram ser necessárias para atuar neste segmento. 27 Considerando que, ao entrar em contato com esses elementos, um conjunto de convicções vai se constituindo paralela e simultaneamente, de que forma, quando e em quais espaços este processo ocorre? Ao considerarmos as crenças pessoais sobre o que parece ser possível realizar (ou não), como elas (as crenças) são constituídas em face da atuação nesse segmento? Ao longo dessa pesquisa buscaremos responder as questões mencionadas, tentando oferecer justificativas e embasamentos teóricos que nos ajudem a descrever os conhecimentos, as habilidades e as atitudes inerentes à atuação com ginástica coletiva no segmento Fitness, relacionando essas ferramentas profissionais à formação brasileira e internacional. Além disso, compreender o papel mediador das crenças de autoeficácia na atuação dos profissionais desse segmento. 121 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nosso estudo procurou caracterizar a atuação profissional ligada à ginástica coletiva, identificando os conhecimentos, as habilidades e as atitudes necessárias à realização dessa atuação. Além disso, buscamos identificar as crenças de autoeficácia e suas fontes de constituição para atuação nesse domínio específico ligado ao segmento Fitness. O segmento Fitness é descrito pela literatura como uma rede de interações complexas, estruturado sob quatro pilares: Fitness services, Fitness media, Fitness sites, Fitness goods, que, ao mesmo tempo, complementam-se e competem entre si. Outros aspectos que influenciam fortemente esse segmento são as questões relativas à globalização e às políticas econômicas (MAGUIRE, 2008a; ANDREASSON; JOHANSSON, 2014). Assim como no contexto internacional, no Brasil, a literatura mostra um ambiente de trabalho envolto em conflitos, que perpassam os profissionais e seus pares, manifestando características como uma acirrada concorrência entre profissionais formados, provisionados e estagiários (VERENGUER, 2003, VERENGUER et al, 2008). Essas características não foram achadas nos nossos resultados, ao contrário, PPs e PFEs dessa pesquisa evidenciaram como as interações entre os pares foram favorecedoras da percepção e fortalecimento de confiança. Os aspectos ligados à dinâmica do segmento, sua complexidade e estrutura, relatados na literatura, também são observados quando vislumbramos o conflito entre profissionais e empresários. Tais divergências são fortemente marcadas pelas questões econômicas, o lucro, o valor da mão-de-obra, entre outras características inerentes aos ambientes das academias (PASQUALI; NITERÓI; MASCARENHAS, 2011; QUELHAS, 2012). Esses elementos aparecem como resultado do nosso estudo quando analisamos as queixas de PPs e PFEs acerca das condições ligadas ao seus próprios trabalhos, um maior investimento no maquinário em detrimento da gestão humana, bem como, a maneira como o segmento beneficia-se das práticas que estão em evidência. Tais apontamentos levam-nos a refletir sobre a capacidade dos profissionais desse segmento de não só questionar as influências do mercado sobre sua atuação, mas entenderem-se capazes de agir em prol da sua sobrevivência 122 nesse contexto. De que mecanismos estes profissionais têm se apropriado para reivindicar remuneração e condições laborais mais apropriadas? Ao destacarmos a importância social dos profissionais do segmento Fitness e também como estes respondem às demandas da sociedade por meio da sua prática (FURTADO, 2007; LYON; LEVILLE, ARMOUR, 2016; SORIANO, 2006), podemos assinalar a partir dos resultados, em que as interações entre os profissionais, os alunos/clientes são fortemente marcadas pela aprendizagem. Essa aprendizagem pode apontar para uma ou mais modalidades específicas, para a manutenção da qualidade de vida, para o alcance de objetivos e metas, para informações relativas à atividade física, ao corpo e sua relação com o mundo. Caracterizando uma atuação profissional que modela comportamentos para além da aquisição de diversificados movimentos. Tais evidências parecem ratificar a evidência que a atuação do profissional ligada à ginástica coletiva está imersa em uma demanda social. Fato que nos leva a pensar nas questões que envolvem seu reconhecimento na sociedade. Embora essa importância já tenha sido manifesta na introdução desse estudo, parte dos resultados aponta-nos profissionais que ao entender sua importância social, também reivindicam profissionalidade, investimento, reconhecimento. Ao relacionarmos pressupostos e resultados, podemos vislumbrar vários desafios que permeiam a atuação e o entendimento do profissional sobre o próprio segmento que atua. Como ressaltado anteriormente, no contexto internacional, a formação para atuação nesse segmento é técnica, em que os profissionais são expostos a conhecimentos, habilidades e atitudes específicas da ginástica coletiva. Esse processo formativo parece, em alguma medida, favorecer a construção de convicções acerca da prática profissional, haja vista as experiências/vivências específicas desse modelo de credenciamento (COTON, 1997; FELSTEAD, et al, 2008). No Brasil, a formação para a atuação nesse segmento possui processo institucionalizado, o que também eleva a Educação Física e todos os seus segmentos a um status de profissão. Isso significa dizer que os indivíduos que se inserem em programas formativos que minimamente apresentam/socializam/discutem um corpo de conhecimentos, orientações, valores e propriedades específicas do grupo profissional da Educação Física (BARROS, 2000, 2006; OLIVEIRA, 2006). Quando apontamos para diretrizes e orientações dos 123 cursos de formação inicial, na realidade brasileira, podemos vislumbrar uma estrutura organizacional apoiada na ideia de profissão. Entretanto, ao assinalarmos esses aspectos a partir dos resultados dessa pesquisa, podemos observar que o processo de formação inicial pareceu não ter sido capaz de transformar as percepções relativas à aquisição e desenvolvimento de ferramentas ligadas à atividade profissional específica. Como exemplo, pinçamos a evidência de que parte dos PPs e PFEs atribuem a “vocação” ou a um “dom” o fato de possuírem habilidades ou atitudes que consideram necessárias na atuação com ginástica coletiva. Essas evidências levam-nos a pensar nas proposições do curso de Educação Física na modalidade do bacharelado, nos conceitos, procedimentos e valores vislumbrados nos diversificados segmentos que envolvem essa proposta (ANVERSA, 2011; ANTUNES, 2012; NUNES, VOTRÊ; SANTOS, 2012; SORIANO, 2009). Junto a essa reflexão, também assinalamos para conhecimento a que os futuros profissionais são expostos durante este processo formativo: Como essa proposta de formação inicial contribui para a aquisição de crenças, valores, competências e práticas em contextos tão diversificados? Como os valores, crenças e competências dos profissionais que atuam no espaço não escolar são investigadas durante processo formativo? Durante esse processo formativo, os profissionais do segmento Fitness, mas especificamente, da ginástica coletiva têm voz? Suas práticas, experiências, reflexões e vivências voltam para o processo de formação inicial em forma de discussões, vivências, estudos, experiências, entre outros? Ao ressaltarmos esses aspectos, não podemos deixar de assinalar a importância da teoria psicológica que orienta essa pesquisa. A TSC possui amplas evidências conceituais e empíricas assinalando que as interações humanas são possibilidades de aprendizagem de ferramentas (conhecimentos, habilidades e atitudes) e fontes de construção percepção de confiança específica. Propostas de formação (inicial e continuada) que apropriaram-se dessa fundamentação têm sido descritas pela literatura como significativas em diversas áreas do conhecimento humano (BANDURA, 1997). Mais especificamente, nesse estudo essa aprendizagem e confiança manifestaram-se durante as interações na própria atuação profissional e nas 124 situações de formação continuada. A TSC pôde colocar-se como uma fundamentação importante para discutirmos questões relativas às interações com os pares, com clientes, com superiores, o início de carreira, as expectativas, desafios e contextos que envolvem a atuação profissional com ginástica coletiva no segmento Fitness. Assim, quando apontamos para as crenças de autoeficácia na atuação profissional ligada à ginástica coletiva, ainda que de maneira exploratória, podemos revelar aspectos que permitem indicar elementos que permeiam a aquisição de competências e a construção do sentimento de capacidade para esta atuação específica. Tais aspectos reforçam a viabilidade da investigação das crenças de autoeficácia dos profissionais de Educação Física para além da docência ou do treinamento desportivo, destacando, que no geral, os PPs dessa pesquisa, consideraram-se confiantes para a atuação em um segmento marcado por tamanhas complexidades. Essa confiança guia suas escolhas referentes às modalidades ministradas, aos conteúdos e alunos, suas motivações e percepção de satisfação, os esforços no que diz respeito à carreira, elementos destacados pela literatura como efeitos de um senso de autoeficácia robusto. É fato que esta discussão não está posta na literatura e, ao mesmo tempo em que nos permite fazer inferências, nos limita a dividi-la com outras pesquisas. Podemos evidentemente fazê-la, traçando paralelos com outros contextos nos quais a crença de autoeficácia já tenha sido estudada como a docência e o treinamento, por exemplo. Entretanto, por princípio teórico, o contexto é parte fundamental na constituição deste julgamento. Portanto, entendemos que iniciar a discussão sobre as crenças de autoeficácia no segmento Fitness nos permitirá, em um futuro próximo, ampliar as discussões sobre a formação profissional para essa atuação. Nesse sentido ao revisitarmos os resultados, consideramos que os PPs desta investigação destacaram aspectos voltados à maleabilidade da crença de autoeficácia. Em especial, os anos iniciais foram considerado os mais sensíveis as influências do contexto e aos aspectos emocionais ligados às próprias sensações dos PPs. Ao analisarmos esses dados, podemos relacioná-los as interpretações dadas às experiências do início de carreira, a falta de experiência com o conteúdo e com as modalidades ministradas. Como são preditoras de comportamento e reconhecidas motivadoras do comportamento humano, tais crenças, acabam por incidir sobre a resiliência, as 125 escolhas, as metas e a percepção acerca dos desafios. Entretanto, acreditar que os PPs possam agir, em um dado domínio, para realizar um objetivo (atuar com ginástica coletiva) é pouco quando não se adquiriu as ferramentas necessárias (habilidades, conhecimentos e atitudes) para fazê-lo. Assim, as crenças de autoeficácia não são um fim em si mesmas, pois, são convicções que atuam diante de demandas e desafios concretos. Elas ajudam a determinar o que pode ser feito com o conhecimento e a habilidade que os indivíduos possuem para alcançar determinado desempenho. A identificação da origem desses julgamentos de eficácia pessoal para atuar no contexto escolhido para este estudo, também, ajuda-nos a problematizar o papel da formação profissional no desenvolvimento das competências necessárias. Cremos que a formação inicial é parte importante do processo de construção de crenças para que os futuros profissionais percebam-se fortemente engajados na atuação profissional no segmento Fitness e tenham as ferramentas necessárias para atuar com reconhecida qualidade. Ademais, buscamos compreender o que PFEs e PPs reconhecem como sendo necessário para a atuação profissional com ginástica coletiva e acreditamos que explorar o julgamento dos PPs acerca de suas próprias capacidades, nos ajuda a levantar indicativos para a discussão do constructo da autoeficácia neste segmento profissional. Dito de outra forma, pensar em um processo formativo que atua fortemente sobre a percepção de uma autoeficácia elevada, bem como, as convicções de que se possui as ferramenta necessárias para agir da forma que responda as demandas do contexto, enfrentando os desafios voltadas a complexidade do segmento Fitness, parece-nos ser uma meta desafiadora a ser perseguida. Deste modo, antes de mostrarmos de forma mais contundente os resultados e avanços inerentes a essa investigação, pontuaremos as limitações ligadas ao número de participantes, a qualidade do material empírico que corroborasse com nossos dados, o desafio de relacionarmos aspectos voltados à formação inicial, as crenças de autoeficácia e o segmento Fitness. Há ainda, a interlocução de áreas (sociologia, administração e psicológica) postas em princípios conceituais diversos. Como exemplo, podemos assinalar que na entrevista, ao falar dos conhecimentos, habilidades, atitudes e desafios, PPs e PFEs possuiam um “olhar para fora”, para atuação profissional como um todo, para o segmento e profissão. E, 126 ao falar sobre a percepção de autoeficácia, PPs mudaram esse “olhar” para dentro, para sua própria atuação, para uma autoavaliação, um auto julgamento. Assim, nossos resultados nos impedem de fazer generalizações ou destaques contundentes sobre os achados. Quando assinalamos os conhecimentos necessários atuação com ginástica coletiva, foi possível identificar o valor dado àqueles oriundos das ciências biológicas, corroborando com a perspectiva da literatura, conforme nossa expectativa inicial. Diante das respostas de PFEs e PPs, o que nos parece novo é o entendimento de que há um conhecimento (procedimental) na atuação profissional ligada à ginástica coletiva que aponta para a relação entre ensino e aprendizagem. Isso nos ajuda a pensar no papel desse estudo quando agrega fundamentos da educação e da psicologia na discussão sobre as competências para o bacharelado. Além disso, ao reconhecer a necessidade de pensar a prática ligada ao ensino no segmento Fitness, há que se reconhecer, também, a importância dos conhecimentos ligados à área da pedagogia do movimento, geralmente sublimados pela preponderância dos conhecimentos das áreas vinculadas à biodinâmica, como as fisiologias, a biomecânica e o treinamento. Isso nos possibilita problematizar o espaço dado a esses conhecimentos na formação do bacharel que atuará, provavelmente, no segmento estudado por esta pesquisa. Ao considerar que a ginástica coletiva tem, por princípio, a construção de processos de ensino, de sequências coreográficas e exercícios diversos, indagamos como tornar prazeroso e eficiente o processo de aprendizagem para os alunos? Acreditamos que parte dos conhecimentos advindos da pedagogia do movimento poderiam ajudar-nos na busca de respostas para essa questão. Em relação às habilidades, os dados evidenciaram aspectos ligados à execução, à interação com os indivíduos e com o grupo, bem como à habilidade de motivação, comumente relatadas em pesquisas que buscam investigar as interações pessoais na sala de aula/treino/sessão. Outro aspecto que se aventa diz respeito aos espaços dados à aprendizagem das habilidades necessárias para o exercício da atuação profissional no segmento Fitness. A reflexão que fazemos direciona-nos ao lugar do desenvolvimento de habilidades nos processos formativos, no qual o “saber fazer” parece ser menos valorizado que o conhecimento científico. Desta forma: como os conteúdos referentes à ginástica coletiva estão sendo postos nos currículos? Como são 127 apresentados na graduação? A formação inicial tem assumido um papel fundamental na formação para o segmento Fitness? Essas são algumas questões que, ainda que os resultados e análises apresentadas não tenham se debruçado a responder, permitem-nos apresentar como possibilidades futuras. Quanto às atitudes, podemos perceber uma diferenciação entre os resultados dos dois grupos. Enquanto os PFEs têm foco no segmento Fitness e no mercado, apontado para atitudes como profissionalismo, responsabilidade profissional, cumprimento de horários. PPs direcionam prioridades à sala, ao grupo de alunos, evocando atitudes como o respeito, o gosto, o sentimento, um perfil. De certa forma, os apontamentos referentes à aquisição dessas habilidades e atitudes estão vinculados a um dom, uma vocação, quando ligadas ao gosto pela prática das atividades do segmento, ou mesmo pelo ensino. Essa caracterização que, de alguma forma, tenta explicar como configura-se a atuação profissional, aponta para um debate amplo e urgente, pois, diferentemente da licenciatura, supõe-se que, nos cursos de bacharelados, esse debate ainda é incipiente, frágil, ao menos no que se refere à atuação do segmento Fitness. Os resultados desta pesquisa reservam reflexões sobre o cenário nacional, o que nos dá a consciência e o compromisso de que há muito a ser feito. Os momentos de desenvolvimento e fortalecimento da crença de autoeficácia apontam para os espaços em que se desenvolve a atuação profissional, bem como, os processos formativos posteriores a graduação. Essa evidência nos orienta a endereçar proposições tanto para as associações do segmento Fitness e escolas de formação continuada, quanto para academias que observam a progressão de “carreira” e treinamento de profissionais. Entretanto, alertamos para a ausência de informações oriundas ao período de formação inicial, uma vez que não foram mencionadas informações que relacionassem a formação inicial às informações ligadas à construção da crença de autoeficácia dos participantes deste estudo. As poucas experiências rememoradas pareceram não ser interpretadas como fontes de informação de autoeficácia durante esse período. Por outro lado, tais fontes estiveram presentes na formação continuada por meio de cursos. Isso pode assinalar para a contribuições dos cursos de formação continuada na mudanças de valores e convicções acerca da prática profissional. Cabe ressaltar que um dos próprios PFEs alertou que esses cursos possuem pouca 128 carga horária e a forma como atualmente são realizados é duvidosa do ponto de vista qualitativo. Parte dos achados parecem novos para a discussão do segmento, logo motivadores para a continuidade da nossa pesquisa e a proposição de mais investigações acerca da relação entre as crenças de autoeficácia, prática profissional e formação inicial no bacharelado da Educação Física são tidas como necessárias. A guisa da conclusão, nossa expectativa é que este estudo possa suscitar novas investigações e debates futuros que promovam o desenvolvimento da Educação Física no cenário brasileiro, em especial, as importantes e necessárias reflexões acerca da formação inicial para o segmento Fitness. 129 REFERÊNCIAS ANVERSA, A. L. A formação acadêmica do bacharel em Educação Física no Paraná e sua relação com o campo de atuação profissional. 2011. 107f. 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