UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES, COMUNICAÇÃO E DESIGN BEATRIZ ARAUJO ROSA LIVRO DE MEMÓRIAS: “VIANA DE MARGARIDA” BAURU 2023 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES, COMUNICAÇÃO E DESIGN LIVRO DE MEMÓRIAS: “VIANA DE MARGARIDA” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, da Universidade Estadual Paulista, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Design - Habilitação em Design Gráfico, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Beatriz Pereira de Andrade e co-orientação de Prof. Me. Guilherme Cardoso Contini. BAURU 2023 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Luciana e Luciano, por todo o apoio durante toda a minha graduação, em especial a minha mãe que não me deixou desistir nenhuma vez e aguentou todas as minhas ligações às 7 horas da manhã. Aos meus orientadores, Ana Bia e Gui Contini, pois sem o apoio e ajuda deles não teria conseguido concluir. Agradeço por aguentarem minhas perguntas bobas e confusas, e por serem tão incríveis e pacientes para instruir e compartilhar suas experiências. A todas as pessoas que fizeram parte desse caminho pela UNESP. Em especial a profa. Dra. Caroline Luvizotto pela oportunidade de concluir duas iniciações científicas aos seus cuidados. A todos os professores, em especial a profa. Dra. Cassia Carrara, profa. Ma. Laís Akemi e ao prof. Me. Ciro Baghim, por todo apoio durante as aulas e fora dela. A todos meus amigos, em especial Brenda, Maria Fernanda, Letícia Harumi, Paulo Henrique, Arthemis, Erasmo Júnior e todo o meu grupo, pois sem sua paciência, ajuda e conversas eu não estaria em plena sanidade para concluir meus trabalhos. Por fim, um agradecimento especial para o técnico do Lab Design Sérgio, que me acompanhou durante todo o meu processo de escrita. Me ajudando muito a pausar quando necessário e focar no meu trabalho. As nossas conversas foram muito estimulantes e me ajudaram a pensar fora da caixa. E a todos que não puderam ser mencionados neste curto espaço, sintam-se também homenageados. RESUMO Com a falta de registros das tradições, perdemos cada vez mais costumes em nossa sociedade. Ligado a isso temos a fragilização do corpo e mente de pessoas idosas que antigamente eram fontes de conhecimento. Onde a palavra “velho” não era pejorativa, e se tinha pessoas idosas compartilhando suas experiências com os mais jovens. Levando em consideração a falta de interesse da juventude em relação às suas próprias tradições familiares, o projeto trata da criação de um produto gráfico onde se é possível o registro dos costumes, sejam eles novos ou velhos. Além de constar uma pequena parcela das minhas próprias tradições e memórias. Palavras-chave Design emocional; Design de memória; fotografia; memória. ABSTRACT With the absence of records of traditions, we are increasingly losing customs in our society. Connected to this we have the weakening of the body and mind of elderly people who were erstwhile sources of acquaintance. Where the word “old” was not pejorative, and there were elderly people sharing their experiences with younger people. Taking into account the absence of interest of youth in relation to their own family traditions. The project process with the creation of a graphic product where it is possible to record customs, whether new or old. In addition to containing a small portion of my own traditions and memories. Keywords Emotional Design; memory Design; photography; memory. “A vida é uma viagem, não um destino.” - Ralph Waldo Emerson Para minha bisavó Catarina e minha avó Maria José SUMÁRIO ★ Introdução …………………………………………………….11 ○ Objetivo ………………………………………………...11 ○ Justificativa …………………………………………….11 ■ O registro ………………………………………11 ■ Motivação pessoal ……………………………12 ★ Fundamentação teórica …………………………………….13 ○ Memória ………………………………………………..13 ○ Design emocional …………………………………….14 ○ Fotografia ……………………………………………...16 ★ Projeto ………………………………………………………...18 ○ Público-alvo …………………………………………...18 ○ Análise de similares ………………………………….18 ○ Livro: Processo ……………………………………….21 ○ Compra de materiais …………………………………34 ○ Ensaio fotográfico…………………………….……….34 ○ Diagramação…………………………………..………39 ○ Edições fotográficas.………………...………..………45 ★ Considerações finais ……………………………………….57 ★ Referências …………………………………………………..58 ★ Anexo…………………………………………………………..60 INTRODUÇÃO No começo da nossa sociedade pessoas idosas transmitiam seus conhecimentos, tradições e possuíam o respeito do restante da sociedade. Porém, com o passar do tempo, não só foram perdendo sua função como fonte de sabedoria, mas como também, foi instaurado a idealização de serem pessoas frágeis, incapazes de cuidarem de si. Conforme a instabilidade econômica surgia na sociedade, o idoso começou a ser visto por seus familiares como um peso, e portanto começaram a “se livrar” deles (Lanzellotti, 2017). A comunidade idosa - pessoas com 65 anos ou mais - vem sofrendo um aumento considerável ao longo dos anos, ao ponto em que temos estimativas da virada na pirâmide etária. Tal estimativa se aplica não somente ao Brasil, mas sim ao globo todo. Segundo dados coletados nos últimos anos pelo censo IBGE,constatou-se um crescimento de 57,4% entre os anos de 2010 a 2022 da população idosa no Brasil (gov.br, 2023). No ano de 2022, a população idosa equivalia a 10,9% da população total do país. Pensando no crescimento constante da população idosa e de atividades voltadas para a faixa etária. A produção do projeto gráfico - livro - tem como foco pessoas com idades mais avançadas, uma vez que, juntamente a monotonia da vida se criam interesses novos e a busca pelas memórias de família. O produto mescla a criação de novas tradições e histórias, com as memórias do passado. OBJETIVO Este projeto tem como objetivo o registro de memórias e tradição de bênçãos presentes na minha família materna. As lembranças foram coletadas e desenvolvidas em forma de narrativa postas em um livro impresso diagramado juntamente com as fotos da família materna, tendo como foco duas mulheres - Dona Catarina e Dona Maria José - que viveram juntas, mãe e filha que cuidam uma da outra por anos. Com relação a tradição de bênçãos, pretendo realizar o registro escrito desta prática de família que foi passada por gerações entre as mulheres da família, porém que foi se perdendo ao longo dos anos. Pois o processo de transmissão foi feito por via oral. JUSTIFICATIVA O registro Indivíduos possuem suas próprias tradições, essas que surgiram dentro suas próprias experiências ou passaram por gerações dentro de sua família. Afinal o conceito principal da tradição é a transmissão de algo para outra pessoa e assim por diante. Dentro de muitas famílias não existem registros escritos de suas tradições, pois os costumes são passados de forma oral entre os indivíduos desse círculo social, gerando uma conexão entre o passado e o presente. Assim como a memória é mutável, tradições podem ser modificadas baseadas nas experiências das pessoas que detêm o conhecimento sobre. Ou seja, um ato pode ser modificado baseado no momento em que é utilizado, visto as imprevisibilidades da vida. Assim como um indivíduo pode ter uma interação com um objeto de forma positiva, outro pode ter uma experiência negativa com o mesmo objeto. Tais interações geram os nossos apegos referentes aos produtos ou pessoas. São as lembranças dessas experiências que trazem esse sentimento de afeto. Donald A. Norman (2004) complementa dizendo que nos tornamos apegados aos objetos quando de forma pessoal e significativa, eles nos trazem sentimentos agradáveis e de conforto. Todavia, nosso sentimento se torna ainda mais intensificado quando o apego se vira para lugares físicos, como lugares que gostamos de frequentar. Ecléa Bosi (2001) diz em seu livro que existem nomes que ficam para nós e os que ficam para eles. Baseada nesta frase me pus a refletir sobre a nossa presença nas lembranças de outras pessoas. Afinal, somos um conjunto de momentos, tais quais são esquecíveis. Bosi (2001) ressalta em seu livro como a lembrança não é eterna, e como o ato de contar histórias perdeu seu sentido, uma vez que a troca de experiências se tornou escassa e os recursos atuais desmentem todos os dias o bom senso do indivíduo, pois para ele se torna complicado explicar de forma racional o irracional. Motivação pessoal Uma das minhas principais inspirações para a criação deste projeto foi uma singela faca de cozinha toda remendada e com a lâmina tão fina quanto uma folha de papel. Tal objeto tem consigo a história de um casal que permaneceu juntos até suas bodas de Èbano, porém, o tempo acabou por separá-los, afinal foi um "até que a morte nos separe”. Eu particularmente sempre me interessei pelas histórias de família e pela ideia de tradição. Mesmo sendo muito mais próxima da minha família paterna, nunca achei uma única tradição que realmente me chamasse atenção. Pois, eram todas baseadas em reuniões para almoços e o jeito peculiar que reagem ao velar um corpo. A família materna, por outro lado, tinha alguns hábitos que me chamaram atenção. Como a minha bisavó ter feito colchas de retalhos para todas as filhas, as histórias antigas sobre sua vivência. E o costume que mais fazia meus olhos brilharem, as bênçãos feitas no mesmo assento da mesa da cozinha incontáveis vezes ao longo das décadas. Levando em consideração o relato da minha bisavó, pensei em escrever um livro que não só registrasse as rezas que ela me ensinou como também contar um pouco sobre a própria história da nossa família. Acredito que é relevante sabermos de onde viemos para então decidirmos para onde iremos. Esse livro não é só um modo de registro das tradições, mas de lembranças de duas mulheres importantes para mim. Infelizmente estas mulheres faleceram poucos anos atrás. Gostaria de agradecê-las por cada momento. Mesmo que tenha reclamado diversas vezes, pois, não era madura para entender. Mesmo agora ainda não compreendo. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Memória Para que possamos compreender a memória é preciso dialogar sobre a emoção. Segundo Ivan Izquierdo (2002) em Wilson Kindlein Júnior et al. (2008), as memórias podem ser divididas conforme sua duração e função, chegando em três tipos. A memória de trabalho, ela lida com os acontecimentos recebidos de forma imediata durante um curto período de tempo, também é responsável pela filtragem dos momentos importantes e descartáveis. A memória de curto prazo, auxilia na resposta sobre conteúdos recentemente aprendidos, sendo a base da construção da memória de longa duração. E por fim temos a memória de longo prazo, ela guarda experiências durante um período de tempo prolongado, podendo durar décadas, dependendo do impacto causado, a quantidade de detalhes pode ser muito precisa. Em Maurice Halbwachs nos é apresentada a memória individual e a coletiva. A memória coletiva pode ser dividida em duas partes: lembranças de infância e lembranças de adulto. A primeira trata do fato de as memórias serem manipuladas por terceiros, ou influenciadas por algo, sendo assim muitas vezes difícil que uma memória de infância seja completamente similar a como lembramos. Ainda na infância temos as primeiras interações fora do nosso limitado círculo social composto por nossos familiares. A partir desse momento começamos a possuir novas experiências sem as interferências de um terceiro, deste ponto em diante temos lembranças onde podemos nós mesmos manipulá-las para nos tornarmos heróis de nossos relatos (Halbwachs, 1990). Na lembrança de adulto, por sua vez, temos as interações de grupos mais sólida, com diversas experiências influenciadas por aqueles presentes. Uma vez que estamos longe do primeiro grupo e lembramos junto ao segundo grupo, é necessária a contextualização dos acontecimentos para que o fato seja compreendido pelos demais, porém, esse fato foi-lhes apresentado por um único ponto de vista. Ou seja, uma lembrança apresenta diversos pontos de vista e como já citado, contamos nossos pontos para que sejamos os heróis. Ao mesmo tempo, nossas lembranças de adulto possuem maior fidelidade aos acontecimentos, uma vez que somente nós mesmos os manipulamos (Halbwachs, 1990). Ainda em Halbwachs, temos o entendimento de dois elementos relacionados a nossas memórias. Sendo o primeiro de fácil acesso, já que podemos alcançar quando queremos, porém essas lembranças só se tornaram de fácil acesso por terem algum grau de compartilhamento com um terceiro. O segundo elemento é o total oposto, ou seja, o acesso às lembranças não manifesta-se facilmente, tratando-se de uma memória que pertence somente a um único indivíduo, não possuindo uma intervenção externa. O acesso facilitado das memórias relacionadas ao primeiro elemento podem se dar pela constante interação com o grupo ao qual as lembranças estão ligadas. Enquanto, no segundo elemento já não temos mais uma interação constante ou de qualquer tipo com o grupo, o que para Halbwachs torna o acesso mais complicado, uma vez que falta estímulo para que sejam despertadas. Dessas combinações, algumas são extremamente complexas. É por isso que não depende de nós fazê-las reaparecer. É preciso confiar no acaso, aguardar que muitos sistemas de ondas, nos meios sociais onde nos deslocamos materialmente ou em pensamento, se cruzem de novo e façam vibrar da mesma maneira que outrora o aparelho registrador que é nossa consciência individual. (HALBWACHS, 1990, p. 51) Complementando o pensamento de Halbwachs, Ecléa Bosi (2001) diz que a memória existe não como sonho, pois se de fato o fosse, iríamos duvidar constantemente das nossas experiências já vividas, sendo somente inconsciente de cada indivíduo. Sendo a memória dos fatos diferente do que de fato vivemos, independente do quão nítida é a lembrança, pois, em suma, não somos os mesmos. Portanto, nossas percepções de mundo foram alteradas, assim como nossos valores e ideais. Design emocional O ser humano não busca um produto somente por sua funcionalidade, ele busca incorporar algum significado. Donald Norman (2002) em Kindlein Júnior et al. (2008) diz que um bom projeto é quando a beleza e a usabilidade estão em balanço. Ou seja, as emoções geradas durante o consumo não devem ser consideradas como uma consequência, mas como parte integral do projeto desde o início junto à funcionalidade. Um objeto bem projetado alcança todos os níveis de emoção segundo Norman (2004), sendo assim, ele é bem sucedido nos três níveis da emoção em Norman. Portanto, o produto alcançou o nível visceral, responsável pelas primeiras impressões, ou seja, a aparência do objeto; o nível comportamental, responsável pela experiência de uso do indivíduo; e por fim, ter sucesso no nível reflexivo, responsável pelos sentimentos em relação ao objeto. A percepção é realizada através de nossos sentidos, que são responsáveis por nosso acesso ao conhecimento, à maneira como nos relacionamos mutuamente e com o mundo. A realidade percebida tem sempre efeitos emocionais correspondentes aos referenciais de cada pessoa. Isso é precisamente o que faz alguém escolher um produto em vez de outro: a maneira como a pessoa avalia o produto. A consciência da interação entre produto e emoções é essencial ao projetar-se. (KINDLEIN JÚNIOR et al., 2008, p. 91) É fundamental para o designer a compreensão dos fatores externos e internos da estética, tal qual, afetam um indivíduo. Afinal, o design tem como função satisfazer as demandas tanto físicas, através das texturas. Como as demandas psicológicas por meio das experiências geradas durante o uso do produto. Vale ressaltar que, nem todas as interações geram boas respostas, existe a possibilidade do usuário ter uma experiência negativa. O modo de interação humano-objeto pode variar devido a alguns fatores como: religião, cultura, ética e sociedade. É possível categorizar o prazer da interação com um produto em quatro tipos, segundo Patrick Jordan (1999), referido em Rodolfo Porsani et al. (2022): prazer fisiológico, responsável pela interação do objeto com o corpo e os sentidos humanos; o prazer ideológico, derivado das entidades “teóricas” decorrente da junção das concepções pessoais e dos produtos; o prazer psicológico, refere-se ao prazer advindo da mente no desenvolvimento de uma atividade ou em sua conclusão; e por fim o prazer social; adquirido quando existe a interação com outros indivíduos. Para Bernd Löbach (2001), também em Porsani et al. (2022), um objeto pode desempenhar três funções, já que para o autor um projeto de design tem como função suprir a demanda do indivíduo baseado em suas experiências durante o uso. Ou seja, um projeto deve proporcionar ao usuário uma conexão entre suas memórias e o objeto. Portanto temos a função estética, referente à interação que o usuário tem com o produto de forma sensorial, ou seja, como o objeto influencia o humano. Löbach (2001) discorre sobre a dependência de fatores como experiências anteriores e das características estéticas do produto industrial para o uso sensorial do indivíduo. A função prática, por sua vez, compete na demanda das necessidades fisiológicas durante a interação humano-objeto, podendo ir além, e exercendo perspectivas essenciais para a própria sobrevivência humana e saúde física. Por fim, a função simbólica, que emprega os símbolos e conceitos aplicados de forma explícita ou implícita no objeto. Sendo considerada para o autor a função mais complexa entre as três, dado que, considera fatores sociais, políticos, culturais dentre outros, além dos fatores emotivos e dos valores pessoais. Ou seja, a função deve levar em conta as experiências pessoais adquiridas do indivíduo, estando diretamente ligada ao sentimento gerado pelo objeto. O sentimento de amor, por exemplo, possui diversos significados em diferentes culturas, é inerente ao ser humano, tal sentimento pode ser expresso como algum tipo de prazer ou uma emoção positiva muito forte. Dentro das relações interpessoais, o amor se manifesta no afeto das relações, sejam elas entre, mãe e filhos, irmãos, amigos ou parceiros. Além da relação interpessoal, o afeto pode ser voltado para os objetos, por exemplo, quando expressamos o quanto gostamos de uma marca ou de um produto usando o sentimento do amor, como, “eu amo a base desta marca!” ou “eu amo meu sapato vermelho”. A interação humano-produto possui um sentimento de afeto tal qual uma relação entre parceiros em um relacionamento amoroso. Essa semelhança fortalece o conceito da experiência do sentimento afetivo dentro do design, como por exemplo a troca de recompensas amorosas entre pessoas e produtos (RUSSO e HEKKERT, 2008). Os princípios do amor (ou da experiência amorosa) são modos de ação fixos e predeterminados que permitem o que é experienciado como sendo “amor”. Esses princípios são a essência, o elemento central que representa a experiência amorosa. E foram identificados através da análise das razões pelas quais as pessoas experienciam amor quando interagem com certos produtos. (RUSSO e HEKKERT, 2008, p. 36-37) O ser humano apresenta uma facilidade em desenvolver um sentimento de afeto sobre um objeto, quando existem estímulos como: a resposta de um produto; o nosso controle sobre um objeto; as memórias que um produto proporciona; os símbolos que cercam um objeto; e se partilham os princípios morais e éticos. António Damásio (2002) citado em Kindlein Júnior et al. (2008), diz que, não existe algo como um objeto “emocionalmente neutro”. Em razão da passagem do tempo, ou seja, conforme uma pessoa envelhece os objetos que rodeiam se tornam inclinados a perderem o que Damásio chama de “inocência emocional”. Também citado em Júnior et al. (2008), Jost Krippedorff (2001), enfatiza que o ser humano não responde ao produto somente por suas características físicas, mas ao significado que emprega. Para termos algum sentimento voltado para um objeto primeiro precisamos nos interessar por ele, seja pela aparência ou por sua funcionalidade. Os sentimentos que adquirimos depois derivam das nossas experiências com o produto, sendo boas ou ruins. Ou seja, é necessário um tempo longo para o desenvolvimento de tais emoções, afinal, um sentimento verdadeiro e duradouro leva tempo para ser cultivado (Norman, 2008), gerando uma importância para as lembranças associadas aos objetos. Fotografia A fotografia exerce diversas funções na nossa convivência em sociedade, pode ajudar na influência de compra de um produto, informar um acontecimento, a fotografia também auxilia na troca de ideias, conceitos e crenças de um indivíduo ou grupo. Mas para algumas pessoas uma foto pode ser seu bem mais precioso, afinal ela traz a lembrança de um momento que pode vir a ser importante ou não, dependendo das experiências de cada indivíduo. Podemos usar de exemplo as mães iranianas, que todas as quartas-feiras vão ao cemitério honrar a memória de seus filhos juntas às fotos dele para mostrar o quanto estão orgulhosas por terem dado suas vidas na luta contra a Guarda Republicana iraquiana (SHORT, 2013). Em Pedro Karp Vasquez, temos três tipos de abordagens básicas quando usamos fotografias de cunho documental ou histórico: geográfico, temporal e autoral. Isto posto, os três modelos podem existir de forma individual dentro de um trabalho, como também em conjunto (Vasquez, 2016). As fotos sem o intuito de registrar meramente a aparência trazem um aspecto mais pessoal para as narrativas presentes na imagem. Esse tipo de registro traz além da memória, a construção de identidade, podendo transmitir características como o temperamento ou um gosto pessoal do indivíduo. As fotos podem manter uma memória viva com todos os detalhes ou trazer distorções de fatos. Afinal, fotografia pode ser vista como mentira, já que depende do ponto de vista do fotógrafo e das suas experiências. Assim como a memória pode ser distorcida, uma única fotografia pode adquirir diversos significados a partir do contexto em que é posta. Essencialmente, fotos são sempre do passado. O momento aconteceu ou foi criado, foi fotografado e passou. Esses momentos documentados podem ser usados de várias maneiras e, embora sejam do passado, podem ter relevância imediata para o presente e encorajar-nos a pensar no futuro. (SHORT, 2013, p 9) Através de fotografias presentes na biblioteca pessoal do meu pai (as quais foram digitalizadas) espero conseguir transcrever partes de uma história que possui somente imagens e lembranças falhas das pessoas que vivenciaram os momentos. Se identificar com o conceito e estar inserido nele, pode trazer maior significado ao trabalho. Em uma de minhas aulas durante a pandemia nos primeiros anos da faculdade, um dos meus professores disse algo que ficou grudado na minha mente e que influenciou a maioria dos trabalhos que fiz durante a minha graduação. Short enfatizou que um trabalho feito de forma pessoal traz um significado muito mais profundo do que um conceito inventado. Não que o segundo seja descartável ou invaliado, os dois trabalhos têm suas próprias importâncias. Porém, o primeiro mostra não só as técnicas e o conceito, ele traz história e vivência de uma forma muito única e pessoal daquele que a produziu. Pensando nisso e em tudo o que aprendi ao longo desses quatro anos, decidi que este trabalho não seria diferente dos demais. Afinal, o que nos faz crescer mais como pessoa e profissional do que sair da nossa zona de conforto? Tina Barney citada por Short (2013) uma vez disse que começou a fotografar aquilo que conhecia, tal forma de registro se enquadra não só na minha narrativa como também em todo o meu conceito, afinal se trata de um projeto totalmente pessoal e familiar. Bruce Davidson também citado em Short (2013) enfatiza “se eu estiver procurando alguma história que seja, ela em minha relação com o objeto - não a história que eu conto, mas aquela que me conta”. PROJETO Público-alvo O público-alvo deste projeto se dá por pessoas entre 25-70 anos, ambos os gêneros, com ênfase na diversidade. Classe média, localizados em áreas urbanas e rurais, com interesses em tradições familiares, cultura e inovação literária. Gostam de adquirir novos conhecimentos e transmitir experiências. Análise de similares A ideia inicial se deu depois de uma aula onde tivemos uma palestra sobre fotografia, e comentei sobre a existência da faca que havia herdado a pouco da minha falecida avó. Em contra ponta a isso, também em uma aula de fotografia, porém em outro semestre, me foi apresentado o trabalho de Martha Martins Morais, que trabalha organizando acervos para a criação de uma “memória” de fácil acesso. Nesta palestra, trouxe um livro feito por ela mesma, onde aplicava seu modo de trabalho em sua própria memória. Vendo seu livro compreendi o que gostaria de aplicar ao meu trabalho de conclusão de curso. Após várias pesquisas e conversas me deparei com alguns livros emprestados pela minha orientadora. Livros de receitas para ser mais exata. Além de trabalhar o visual de boulet jornal, busquei aplicar os visuais presentes nos livros: “Culinária ilustrada passo a passo: sopas” de Anne Willan; e “Sabor com saúde: salteados” realizado pela Abril coleções em colaboração com Sandra Rose Gluck, Grace Young e Kate Slate. Procurei mesclar a presença de vários elementos visuais para o entendimento do passo a passo das etapas de preparo no primeiro, com a simplicidade na composição do segundo. A partir desses ideais visuais abaixo, pude chegar na minha própria estética e trabalhá-la de forma livre. Figura 1 e 2: Referência visual de boulet jornal. Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Life-Hacks/noticia/2018/06/bullet-journal-4-dicas-simples -para-personalizar-sua-agenda.html. Fonte: https://phomemo.com/pt-br/products/sticker-thermal-paper-3-rolls-white?variant= 37364124647587. Figura 3: Referência visual de boulet jornal. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059751153907/. Figura 4: Capa do livro “Culinária ilustrada”. Fonte: Autoria própria. Figura 5: Receita de pimentão-vermelho com pesto de coentro (p.54 e 55). Fonte: Autoria própria. Figura 6: Capa do livro “Sabor com saúde: salteados”. Fonte: Autoria própria. Figura 7: Receita de contrafilé apimentado à chinesa. Fonte: Autoria própria. Livro: Processo A produção do livro me levou um tempo considerável para as partes de escolhas, como, tipo de papel, formato do livro, plataforma, capa dura ou não?. De fato, foram muitas decisões que precisei fazer. Para a minha sorte havia um moodboard que fiz um semestre antes de começar todo o processo. O moodboard me serviu para eu não perder meu caminho, pois, tendo a indecisão. A figura abaixo apresenta a ideia geral da sensação que espero proporcionar ao leitor. Essa sensação de conforto e acolhimento nos braços da pessoa que é nosso porto seguro, seja ele nós mesmos. Figura 8: Moodboard conceito geral. Fonte: Autoria própria. Figura 9: Referência visual de diagramação. Figura 10: Referência visual de encadernação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059751154188/. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059751077190/. Uma das primeiras decisões que tomei foi o formato e o tamanho das margens. Inicialmente pensei em usar a margem áurea, porém depois de conversar bastante com meus orientadores, analisei se realmente se encaixava no tipo de livro que buscava produzir. Por fim decidi usar um formato A4 (210mm x 297mm) com margens superior e inferior medindo 25,4mm, interna 30mm e externa 19,1mm. Pois uma das principais características do meu projeto é o fato de não ser um livro com as páginas costuradas. A ideia é baseada nos livros de receitas de família onde podemos encontrar não só várias letras e recortes de revistas, mas ocasionalmente algumas folhas soltas escritas em folhas de caderno. Por tanto, pensei em criar um livro fichário, assim poderia trazer os antigos costumes e ainda haveria espaço para as novas descobertas e tradições. Figura 11: Referência visual de embalagem. Figura 12: Referência visual de diagramação. Fonte: https://www.behance.net/gallery/30468903/hipercuriosidad. Fonte: https://www.weekend-creative.com/thoughts/inspiration46. Figura 13 e 14: Referência visual de diagramação. Fonte: https://www.zazzle.com/minimal_modern_typography_photo_wedding_details_enclosure _card-256571584780539664?epik=dj0yJnU9eXVsbER5V01KNUFtRXJuRXY2YW8wVEw4NTQ2WFB ZcW4mcD0wJm49eGQ0eXdIQzR2OU1HTTRHblVWc1FYUSZ0PUFBQUFBR1ZXSlFB. Fonte: https://www.behance.net/gallery/21021005/1-Hotels-Branding. Figura 15: Referência visual de diagramação. Figura 16: Referência visual de encadernação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059750604756/. Fonte: https://www.are.na/block/16265211. Figura 17 e 18: Referência visual de diagramação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059750604756/. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059750372812/. A paleta de cores que escolhi me remete muito ao aconchego de chegar na casa da minha avó paterna na infância depois da escola no final do dia. Além de remeter a calmaria de uma cidade pequena no interior, onde nunca tinha nada para fazer além de sentar e aproveitar a passagem do dia. O nome “Viana de Margarida” se deu por conta do nome da família do meu bisavô. Mesmo que tenha sido questionada do porquê não ter colocado o sobrenome “Lupi” que pertencia a minha bisavó quando solteira. Optei pelo uso do sobrenome de casada, pois a partir do momento que se tornaram uma família ela se tornou uma “Viana”. A palavra “Margarida” nada mais é do que o nome da cidade onde ficava o sítio dos meus bisavós, e o local de início dessa história. Os textos presentes no livro são relatos de familiares e meus próprios, ou seja, pessoas as quais fizeram parte da vida da minha avó materna e bisavó. Esses relatos foram feitos a partir de uma única pergunta feita por mim: “Quais as lembranças que mais te marcaram da Dona Catarina e da Dona Maria José?”. Algumas pessoas tiraram um tempo para pensar sobre o assunto, outras perguntaram em que sentido, porém, apesar destes momentos de hesitação, responderam com todo o carinho que podiam. A partir desses relatos foi possível a criação de algumas das narrativas, além de contar com relatos próprios. O projeto gráfico contou principalmente com a estética de boulet jornal, porém trabalhado de uma maneira mais “limpa” sem muitas informações por página. A paleta utilizada, conforme citado anteriormente, tem como intuito a criação do sentimento de aconchego, além de remeter a estética mais rústica do campo. Figura 19: Paleta de cores . Fonte: Autoria própria. Existem quatro doenças principais responsáveis pelo desenvolvimento da baixa visão. O glaucoma é responsável pela diminuição do campo periférico; a degeneração muscular, encarregado pela perda do campo central da visão. A catarata, proporciona a perda da nitidez, e a retinopatia diabética é causadora de manchas por todo o campo visual. A baixa visão faz parte de um dos dois grupos principais referentes à deficiência visual. No Brasil cerca de 6,5 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência visual, equivalente a 3,5% da população total do país (Bueno et al., 2022). Pessoas que possuem baixa visão apresentam uma diminuição no desempenho visual e tendem a serem mais sensíveis à luz e manifestam uma dificuldade na distinção de cores, apesar desses fatores, são capazes de realizar suas atividades do dia-a-dia. Devido a algumas das principais causas de baixa visão serem correlacionadas com o deterioramento derivado da idade avançada, optei pelo uso de fontes com um corpo maior. Assim facilitando a leitura, uma vez que temos diversos textos em fontes muito pequenas que para pessoas sem a baixa visão são difíceis de serem lidos, e para os com baixa visão são apenas um borrão. Segundo Juliana Bueno et al., o corpo ideal para impressos possui um tamanho variando entre 18pt a 24pt, de preferência sem serifas e que sejam claras. Camila Medina et al., proporcionar maiores informações como, a altura de “x” ser maior; ser justificado à esquerda e o espaçamento entre linhas ser entre 20 a 30% do tamanho da fonte. Os autores, porém, discordam de Bueno et al. sobre o tamanho mínimo da tipografia, tendo para eles o recomendado de 12pt. Para o desenvolvimento do projeto procurei utilizar uma mistura das duas pesquisas para conseguir proporcionar uma legibilidade acessível o suficiente para o maior número de leitores com baixa visão possível. Portanto, para a diagramação foi utilizada a fonte Handil Pro Medium nos tamanhos entre 13pt e 15pt, além de contar com os títulos escritos com a fonte Helvetica Rounded Bold, nos tamanhos de 60pt e 72pt: Figura 20: Fonte de corpo de texto. Fonte: Autoria própria Figura 21: Escrita dos títulos. Fonte: Autoria própria Apesar de possuir uma margem com tamanhos nas partes superior e inferior de 25,4mm, interna de 30mm e externa de 19,1mm, a diagramação não seguiu a risca essa delimitação, uma vez que apesar da padronização de cores e estética, o conceito principal é voltado para o DIY (Do It Yourself) presente em alguns álbuns familiares mais trabalhados e livros de receitas. Uma parte essencial para a escolha de formato e cores foi a realização de testes de impressão para uma melhor visualização do formato real do produto. A partir destes testes pude notar como algumas fontes não funcionavam com outras e como seriam necessárias mudanças no tracking e kerning da fonte escolhida. Figura 22: Teste de impressão com várias fontes. Fonte: Autoria própria. Figura 23 e 24: Teste de impressão de espaçamento. Fonte: Autoria própria. Os testes de cores feitos também no Lab Design saíram como o esperado, porém foi possível notar a necessidade de algumas alterações referente a proximidade de elementos na margem. Figura 25: Teste de impressão de cor com texto. Fonte: Autoria própria. Figura 26: Teste de impressão de página dupla. Fonte: Autoria própria. Figura 27: Teste de impressão de cor. Fonte: Autoria própria. O espelho inicial do projeto contou com um total de 54 páginas incluindo as capas. Porém, durante o processo de diagramação percebi que algumas páginas não precisavam ser implementadas, por fim o projeto contou com 50 páginas ao todo contando com as capas. Como é possível notar nas imagens abaixo: Figura 28: Espelho de diagramação: versão inicial. Fonte: Autoria própria. Figura 29: Espelho de diagramação: versão final. Fonte: Autoria própria. Além dos testes de impressão realizados no Lab Design UNESP, foram realizados testes na gráfica ColorGraf localizada em Bauru, já que a calibragem das impressoras não era a mesma. Conforme cronograma abaixo, esse processo foi realizado após a entrega inicial do relatório. Figura 30: Cronograma de produção. Fonte: Autoria própria. Durante o processo de impressão ocorreram alguns problemas referente às margens, uma vez que não imprimiram o arquivo com as margens de segurança assim como havia sido solicitado. E devido a falta de tempo e recursos monetários para uma nova impressão em outro lugar, optei por manter as folhas já impressas e tentar consertar, entretanto, perdi muito da minha margem como é possível notar na comparação a seguir: Figura 31: Comparação da página 30 (digital e impresso). Fonte: Autoria própria. Além da perda de margem, tive problemas com o papel que havia escolhido inicialmente para o miolo (offset 150 g/m²), já que a gráfica não possuía a gramatura desejada. Fizemos um teste com o mesmo papel porém com uma gramatura de 90 m/g², mas como já era esperado, o papel ficou enrugado. Então utilizei um papel couchê 120 g/m² para não ter o problema de enrugar. Outro problema que surgiu durante os testes de impressão na gráfica foi a perda de qualidade do padrão para a segunda e terceira capa. Onde a imagem saiu totalmente pixelada. A partir disso tentei refazer o padrão com o mesmo tamanho, porém a qualidade ainda continuava baixa. Por fim, resolvi o problema aumentando o espaçamento e imagens presentes no padrão. Por possuir poucas páginas o livro impresso acabou apresentando problemas no manuseio. Uma vez que a encadernação contava com alças metálicas e por tanto ficaram muito folgadas. Figura 32: Livro finalizado impresso.. Fonte: Autoria própria. Compra de materiais Um momento que considero importante para a realização das fotografias foi a compra de alguns objetos para a composição e o garimpo em casa por alguns artefatos que fizeram parte da história das minhas avós. Esse processo de compra me levou alguns dias de pesquisa, principalmente no quesito estético, pois estava bastante perdida, mas em uma conversa com um dos meus professores, uma luz surgiu. Com o ideal estético já praticamente escolhido, fui atrás dos objetos para a composição. Passei um dia inteiro andando por toda a 25 de março na companhia da minha mãe (que abraça minhas loucuras com muita disposição), em busca dos itens ideais para as fotografias. Ainda assim, precisei de mais um dia de saída com o meu pai para ter certeza de que havia comprado tudo o que precisava. Quanto aos artigos que tínhamos em casa, levei um tempo menor para escolhê-los, pois já sabia o que precisava, porém, como comentei anteriormente, minha mãe abraçou minhas ideias e me sugeriu alguns outros objetos que ajudaram na composição. A compra não só ajudou na composição das minhas fotografias, mas também me proporcionou momentos de interação com meus pais. Um feito que não consigo desfrutar por muito tempo durante o período da faculdade, já que não moro na mesma cidade que eles. Ensaio fotográfico Durante a criação da composição fotográfica passei por diversas referências, porém nenhuma que imaginei fazer parte do conceito pensado inicialmente. O moodboard portanto acabou surgindo alguns antes da primeira seção acontecer de fato, tendo como principal foco a Natureza Morta e seus símbolos. Figura 33: Referência visual Natureza morta. Figura 34: Referência visual composição. Fonte: https://chasingdaisiesblog.com/40-vintage-halloween-decor-inspiration-photos-shop/. Fonte: https://www.instagram.com/p/CO9ruA2s-PS/?igshid=MGNmYzVhMTQ%3D&epik=dj0yJn U9UUhheXkxWEpfSDExd0hIWlVOZmlSZUNTc0IzSjVzWUkmcD0wJm49WkJGTEVjYXI2bER0Qnd3c U1kV2Z4dyZ0PUFBQUFBR1ZXTGFB. Figura 35 e 36: Referência visual composição. Fonte: https://www.fellize.com/. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059750019463/. Figura 37 e 38: Referência visual Natureza morta. Fonte: https://experiencevegetale.fr/vanites. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/788904059750019481/. Algumas das fotografias presentes no livro foram realizadas no laboratório de fotografias da UNESP, campus Bauru. Contei com auxílio de uma câmera Nikon D3000 utilizando as objetivas de 18-55mm (f/3.5-5.6), 50mm (f/1.8-22), 18-200mm (f/3.5-5.6) e 85mm (f/1,8-16). Dispus com a assistência de alguns amigos para conseguir tirar algumas das fotografias. Como por exemplo a foto abaixo que precisei que um deles mantivesse a lanterna do celular perto o bastante para assim o outro projetar a mão em direção à faca. Figura 39: Foto com sombra colorida. Fonte: Autoria própria. Figura 40: Foto com sobra em P&B. Fonte: Autoria própria. Para a criação desta fotografia em particular, foi preciso a realização de vários testes, pois eu não conseguia projetar a sombra da mão com nitidez como é possível observar a seguir: Figura 41: Teste de sombra com tocha. Fonte: Autoria própria. Figura 42 Teste de sombra com flash. Fonte: Autoria própria. Como é possível observar, na primeira fotografia mesmo com a mão quase encostando completamente na faca a sombra não fica totalmente nítida, neste caso foi utilizado o flash para a iluminação. Na segunda fotografia a sombra é ainda menos visível, neste teste foi utilizado luz contínua para a iluminação. Após vários testes, cogitei tentar a lanterna do celular, assim como fazia na infância, por fim acabou funcionando como o esperado, formando uma sombra mais nítida e com a mão longe o bastante para não aparecer na fotografia como no caso das outras duas imagens. Mesmo conseguindo boas fotografias para o trabalho, ainda não estava satisfeita e precisei fazer um segundo dia para tirar mais fotografias. Nesse segundo ensaio montei um composição voltado para a natureza morta. A composição me agradou mais em comparação com a primeira, não sei se devido a presença dos itens e suas lembranças ou por ser uma composição maximalista. O segundo ensaio foi realizado dentro do meu quarto, onde improvisei um estúdio. Usei toda a luz natural que consegui com o início do dia, e as que pude com a lanterna do celular e com a ring light. Minha estrutura para a montagem do cenário e do apoio das luzes foi a minha escrivaninha e minha sapateira, como é possível notar abaixo: Figura 43: Estúdio improvisado. Fonte: Autoria própria. Figura 44 e 45: Pontos de luz. Fonte: Autoria própria. Durante a primeira sessão de fotografia ainda não tinha o conceito das fotos muito bem definido na minha cabeça, então acabei com várias fotos, e como comentei anteriormente, fiz vários testes. Um dos testes que gostei bastante foi a imagem abaixo, mesmo sendo uma foto boa infelizmente não encaixava dentro das paletas de cores de todo o projeto. Na segunda seção, porém, o ideal estético já estava mais estruturado e consegui fotografias que me agradaram mais de um modo geral. Mesmo que não tenham sido feitas dentro de um estúdio com equipamentos próprios para o ensaio. Apesar da improvisação do estúdio e da carência de uma iluminação adequada, senti que o resultado final saiu como idealizei. Diagramação A diagramação foi um processo de busca por elementos gráficos que conversassem com o conceito do livro, além de várias tentativas e erros durante o processo. Assim como citado anteriormente foram utilizadas duas fontes: Handil Pro Medium e Helvetica Rounded Bold. Em seguida, após decidir o caminho estético que iria utilizar durante a diagramação, foi o momento de pesquisar os elementos que seriam colocados no projeto. Afinal cada página do projeto foi editada individualmente, assim teriam não somente a estética desejada, mas também suas próprias individualidades. Buscando utilizar não somente o design como função, mas utilizar as linguagens artísticas do design para elaborar um projeto mais complexo. Fiz uso de algumas formas geométricas como quadrados e algumas formas mais orgânicas para remeter aos marcadores com sua opacidade reduzida ou aos post-its em alguns momentos. Também fiz uso de formas vetorizadas de estrelas, flores, corações e rabiscos. Estes em sua maioria além de alterar as cores, também diminui sua opacidade até cerca de 70% para remeter aos rabiscos que fazemos em nossos cadernos durante as aulas. Figura 46: Página 20 do livro. Fonte: Autoria própria. A maioria das plantas utilizadas são vetores, já que durante o processo se tornou mais viável para a edição em alguns momentos, além de algumas imagens virem juntas em um arquivo com vários modelos. Figura 47: Arquivo de plantas. Fonte: Autoria própria. Pesquisei em vários sites modelos diferentes para a diagramação, muitas vezes, depois de horas procurando, conseguia utilizar um único arquivo do site. Mas, felizmente consegui a maioria dos arquivos em dois lugares: o Freepik e o Rawpixel. Figura 48: Margarida. Fonte: Autoria própria. O desenho da margarida incorporado no pattern e na quarta capa foi desenvolvido inteiramente por mim, com o auxílio de uma referência visual de uma fotografia de margarida encontrada no Pinterest. Utilizando o Adobe Photoshop, desenhei a flor e organizei dentro de um quadrado junto a várias cópias, posicionando em diversas posições para a criação do pattern. Porém, como já citado anteriormente, o pattern criado no Adobe Photoshop acabou tendo problemas com a perda de qualidade. A partir desse problema de qualidade, decidi fazer o padrão utilizando o Adobe Illustrator, para assim manter a qualidade. Figura 49: Primeiro pattern. Fonte: Autoria própria. Figura 50: Último pattern. Fonte: Autoria própria. Além das fotografias produzidas para este projeto, contei com diversas imagens presentes no meu acervo familiar criado pelo meu pai. A maioria das fotografias foram registradas pelo meu pai, que gosta desse tema documental familiar para suas fotografias, sempre prezando a espontaneidade. Como por exemplo a fotografia presente na página 24 do livro, onde ele conseguiu capturar o momento exato onde os confetes estouram e minha avó ainda sorrindo pelo momento de parabéns, acaba fechando os olhos pelo susto do estouro. Figura 51: Foto do aniversário de 70 anos. Fonte: Autoria própria. Fora as fotografias com pessoas, meu pai também gosta de registrar paisagens de seu cotidiano ou de lugares que visita. Como a foto da casa dos meus bisavós quando tinha acabado de ficar pronta ou a foto da árvore que fica no caminho de terra para o sítio. A fotografia da família da minha mãe em frente à antiga igreja de Nossa Senhora Aparecida, quando ela ainda era bebê e as fotografias autorais da faca, foram as únicas que meu pai não fez o registro. Figura 52: Fotografia da casa em Bela Vista do Paraíso. Fonte: Autoria própria. O texto foi escrito de forma a criar uma leitura não linear para o usuário, já que, assim como as memórias, não lembramos de forma linear. Portanto, existem diversos momentos onde o texto se encontra separado, quase fragmentado, assim como uma memória. Alguns acontecimentos são isentos de datas, só é possível ler sobre aquela lembrança como aconteceu a partir de um relato feito por um único ponto de vista. O uso de elementos visuais que remetem a fitas adesivas como wash tapes foi essencial para que a estética de boulet jornal ficasse em harmonia com a estética de álbum fotográfico familiar. Além de auxiliar na ideia de lembranças fragmentadas e técnicas artesanais. No projeto também foi possível explorar a subjetividade da faca a partir da diagramação das duas páginas a seguir. Onde a primeira apresenta uma total descaracterização do objeto através dos closes e a falta de composição. Enquanto a segunda através da composição de Natureza Morta, apresenta uma certa ritualização sobre o objeto, o proporcionando um novo significado. Figura 53: Página 26 do livro. Figura 54: Página 29 do livro. Fonte: Autoria própria. Edições fotográficas Título: Mangueira; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 12 de outubro de 2023; Formato: 99,011 x 138,616 mm; Sobre: Mangueira que fica na entrada do sítio do tio-avô Arlindo (herança); Edição: Realce das cores, saturação, exposição, saturação, filtro p&b e corte do formato original de 721 x 1600 px para o formato de 99,011 x 138,616 mm. Título: Mangueira; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 12 de outubro de 2023; Formato: 99,011 x 138,616 mm; Sobre: Mangueira que fica na entrada do sítio do tio-avô Arlindo (herança); Edição: Saturação, exposição, filtro p&b e corte do formato original de 721 x 1600 px para o formato de 99,011 x 138,616 mm. Título: Despedida; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 17 de maio de 2018; Formato: 157,823 x 118,367 mm; Sobre: Despedida antes da volta para São Paulo; Edição: Leve realce de cores. Título: O Gol vermelho; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 14 de junho de 1992; Formato: 257,046 x 167,736 mm; Sobre: Visita depois do casamento dos meus pais; Edição: Balanço de branco, contraste e corte do formato original 1571 x 1109 px para o 257,046 x 167,736 mm. Título: Casa da cidade; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 1992; Formato: 137,5 x 97 mm; Sobre: Casa de Bela Vista do Paraíso recebendo os acabamentos; Edição: Balanço de branco. Título: Visita à Basílica Velha; Registro: Fotográfico de rua; Data: 1974; Formato: 164 x 248,46 mm; Sobre: Foto de família em frente à Basílica Velha de Aparecida do Norte; Edição: Balanço de branco e contraste. Título: Aniversário no Sítio; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 12 de junho de 1992; Formato: 150 x 105,686 mm; Sobre: Aniversário da Dona Maria no sítio da família; Edição: Balanço de branco, alta frequência e contraste das cores. Corte do formato original de 1706 x 1202 px para o formato 150 x 105,686 mm. Título: Festa de noivado; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 03 de maio de 1992; Formato: 150 x 192,75 mm; Sobre: Festa de noivados de Luciana e Luciano na casa de infância da minha mãe em Carapicuíba; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Corte do formato original de 1594 x 1187 px para o formato 150 x 195,75 mm. Título: 70 anos; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 11 de junho de 2016; Formato: 197,95 x 149,468 mm; Sobre: Festa surpresa de 70 anos da dona Maria no sítio da família; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Corte do formato original de 5312 x 2988 px para o formato 197,95 x 149,468 mm. Título: Foto Nº 68; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 53,41 x 37,464 mm; Sobre: Fotografia realizada na primeira leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. Utilizei um pano na cor preta na mesa de fundo infinito junto com um copo de água, uma caixa de fósforo e uma vela. Utilizei flash com filtros nas cores vermelho e azul. f/5, ISO 100, 1/60s, distância focal de 35mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 53,41 x 37,464 mm. Título: Foto Nº 87; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 53,41 x 37,464 mm; Sobre: Fotografia realizada na segunda leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. A sombra foi projetada com a lanterna do telefone. f/6.3, ISO 100, 0.77s, distância focal de 65mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição, filtro p&b e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 53,41 x 37,464 mm. Título: Foto Nº 26; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 53,41 x 37,464 mm; Sobre: Fotografia realizada na segunda leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. O terço utilizado foi um presente e representa a espiritualidade presente na família. Utilizei flash com filtros nas cores vermelho e laranja. f/11, ISO 100, 1/20s, distância focal de 55mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 53,41 x 37,464 mm. Título: Foto 39; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 75,5 x 37,407 mm; Sobre: Fotografia realizada na segunda leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. O terço utilizado foi um presente e representa a espiritualidade presente na família. Utilizei flash com filtros nas cores vermelho e laranja. f/5, ISO 100, 1/60s, distância focal de 35mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição, filtro p&b e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 75,5 x 37,407 mm. Título: Foto 41; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 75,5 x 37,407 mm; Sobre: Fotografia realizada na segunda leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. Utilizei flash com filtros nas cores vermelho e laranja. f/14, ISO 100, 1/20s, distância focal de 300mm, lente macro; Edição: Alta frequência, contraste, exposição e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 75,5 x 37,407 mm. Título: Foto 44; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 22 de setembro de 2023; Formato: 97,916 x 125,964 mm; Sobre: Fotografia realizada na segunda leva de fotos feitas no LabFoto - UNESP. Utilizei flash com filtros nas cores vermelho e azul. f/20, ISO 100, 1/10s, distância focal de 300mm, lente macro; Edição: Alta frequência, contraste, exposição, filtro p&b e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 97,916 x 125,964 mm. Título: Foto 38; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 19 de outubro de 2023; Formato: 187,493 x 133,923 mm; Sobre: Estúdio improvisado no meu quarto, fotografia inspirada em Natureza Morta, utilizando vela, fósforo, copo, caneco de café de metal, caveira de plástico, algumas flores artificiais, pano preto e marrom e terço. f/6.3, ISO 100, 1/5s, distância focal de 43mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 187,493 x 133,923 mm.. Título: Foto 63; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 19 de outubro de 2023; Formato: 149,331 x 84,062 mm; Sobre: Estúdio improvisado no meu quarto, fotografia inspirada em Natureza Morta, utilizando vela, fósforo, copo, caneco de café de metal, caveira de plástico, algumas flores artificiais, pano preto e marrom e terço. f/2, ISO 100, 1/40s, distância focal de 75mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição, filtro p&b e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 149,331 x 84,062 mm. Título: Foto 76; Registro: Beatriz A. Rosa; Data: 19 de outubro de 2023; Formato: 186,602 x 104,964 mm; Sobre: Estúdio improvisado no meu quarto, fotografia inspirada em Natureza Morta, utilizando vela, fósforo, copo, caneco de café de metal, caveira de plástico, algumas flores artificiais, pano preto e marrom e terço. f/2, ISO 100, 1/60s, distância focal de 75mm; Edição: Alta frequência, contraste, exposição e saturação. Corte do formato original 3872 x 2592 px para o formato 186,602 x 104,964 mm. Título: Batizado em Aparecida do Norte; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: setembro de 2000; Formato: 113,972 x 309,644 mm; Sobre: Meu batizado em Aparecida do Norte, onde várias pessoas da família foram em um ônibus para lá; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Corte do formato original de 1278 x 1866 px para o formato 113,972 x 309,644 mm. Título: Zoológico; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 1997; Formato: 103,5 x 90 mm; Sobre: Passeio em família no zoológico; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Corte do formato original de 1862 x 1258 px para o formato 103,5 x 90 mm. Título: Almoço na cidade; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 1992; Formato: 103,5 x 91,358 mm; Sobre: Almoço em família no Paraná para mostrar o álbum de casamento dos meus pais; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Corte do formato original de 2095 x 1375 px para o formato 103,5 x 91,358 mm. Título: Fotografia em família; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 17 de agosto de 2019; Formato: 3264 x 2448 px; Sobre: Última foto em família tirada junto com o meu irmão antes da morte das minhas avós; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. Título: Sítio; Registro: Luciano de S. Rosa; Data: 1992; Formato: 1594 x 1106 px; Sobre: Vista do sítio na entrada de terra; Edição: Balanço de branco e contraste das cores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante meu processo de pesquisa em busca de referências para escrever algumas partes do projeto textual do livro, recebi diversos exemplares emprestados por um dos amigos de minha orientadora, assim que eu abri o livro eu automaticamente me lembrei da minha época de infância, onde minha avó materna pegava constantemente um pequeno livro gasto, que usava para provar algum argumento sobre um alimento ou fazer com que comecemos algo saudável. No mesmo dia eu entrei em contato com ela e pedi o livro emprestado, ela feliz, disse que me emprestava e gostou de saber que podia ajudar, comentou também como a alguns minutos tinha usado ele para mostrar ao meu avô o uso de alguma erva, quando voltei para casa e ela me entregou, fiquei um pouco espantada, afinal o livro estava tão gasto que estava já sem a capa, e possuía vários rasgos além do desgaste temporal. Durante uma das minhas reuniões com meus orientadores, contei sobre esse pequeno caso, e alguns momentos depois como se uma lâmpada tivesse se acendido, eu acabei ligando o caso dessa lembrança com o modo como lembramos de momentos a partir de uma foto ou qualquer outro gatilho. Também percebi como a minha memória lembrava de um objeto em certo estado e quando reencontrei tal objeto me espantei, pois, com a passagem do tempo ele se tornou mais gasto do que eu mesma esperava o encontrar. Como já citado em Halbwachs, a memória que experienciamos no passo se torna diferente da nossa lembrança dela no presente, uma vez que nunca será exatamente igual. Uma vez que perdemos detalhes e ela se modifica junto às nossas percepções. Por fim, foi possível compreender como é praticamente impossível entender de fato o sentimento que um indivíduo tem referente a um produto. Já que, muitas vezes, não conseguimos expressar nossas emoções com precisão. Em vista disso, é possível entender que o motivo se dá à multiplicidade de sentimentos e interesses alcançados, a partir da interação com o produto. Espero que meu projeto possa proporcionar uma interação positiva dos usuários, para então alcançar os sentimentos aconchegantes propostos inicialmente. Além de proporcionar a estimulação da busca de tradições familiares. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Juliana Gisi Martins de. 60/70 : as fotografias, os artistas e seus discursos. Curitiba: Ed. do autor, 2015. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade : lembranças de velhos. 15. ed.-. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. BUENO, Juliana; et al. Guia de recomendações para o desenvolvimento de materiais didáticos impressos para o público de baixa visão. Curitiba: PPGDesign; labDSI, 2022. FERREIRA, Glória. Glória Ferreira : fotografias de uma amadora. Rio de Janeiro: Nau, 2016. FISTAROL, Eliane; LÜERSEN, Angélica (Orgs). Manhã & tarde. Chapecó: Argos, 2005. 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