% %% � � � , , ,, � �� �� e ee @ @@ l l l Q QQ HHPPP XXX hhhh (((( ��� IFT Instituto de Física Teórica Universidade Estadual Paulista DISSERTAÇÃO DE MESTRADO IFT–D.006/13 Mecânica Quântica Supersimétrica: Aplicações Jonathan Bolaños Coral Orientador Prof. Dr. Bruto M. Pimentel Escobar Março de 2013 “A mi Zarca, mi Flaca, mi Canela y mi Gatuna” i Agradecimentos Primeiramente, agradeço ao Prof. Dr. Bruto M. Pimentel, não apenas pela orientação no desenvolvimento desta Dissertação, mas também agradecer a ele pela sua amizade e, em especial pelas discussões que contribuíram para minha formação como pesquisador em Física e por me ensinar que o primeiro dos objetivos tem que ser a procura pelo conhecimento. Infelizmente, o Prof. Dr. Pimentel não foi meu orientador desde o início de meu Mestrado, o que sem dúvida me fez perder. Contudo, espero que no futuro eu tenha a opor- tunidade de continuar trabalhando com ele. A todos os meus companheiros Brasileiros com os quais desfrutei de uma amizade durante estes dois anos; pela paciência com meu “portunhol” e prin- cipalmente por me aceitarem como um companheiro, apesar de não ser Bra- sileiro; espero que essas amizades continuem e cresçam cada dia. À Nathaly, Paulo, Pablo, Patrice e o Guilherme pela ajuda na revisão do português nesta dissertação. Ao Danilo Ruy, Pablo, Carlisson, Mario e ao mesmo Prof. Dr. Pimentel por terem me ajudado com os inúmeros problemas que tive para me manter no Brasil e para poder viajar para meu país nas férias de fim de ano. Às funcionárias Luzinete, Rosane e a Neila, por sua disposição perma- nente. Finalmente, agradeço à CAPES pela bolsa de estudos, sem a qual não seria possível realizar meu Mestrado no Brasil. ii Resumo Aqui se introduz os conceitos básicos de Mecânica Quântica Supersimétrica (SUSYQM), bem como sua aplicação nos regimes relativístico e não relati- vístico. Discutindo inicialmente o conceito de simetria e cargas conservadas, a álgebra da SUSYQM é introduzida. Sua aplicação é mostrada utilizando- a para calcular as autoenergias e autofunções do Átomo de Hidrogenio e o Oscilador Harmonico Tridimensional em ambos os regimes mencionados. Palavras Chaves: Mecânica Quântica Supersimétrica; Átomo de Hidrogê- nio não-relativístico; Oscilador Harmônico Tridimensional; Átomo de Hidro- gênio relativístico; Oscilador de Dirac. Áreas do conhecimento: Mecânica Quântica Supersimétrica. iii Abstract From the concepts of supersymmetric quantum mechanics (SUSYQM) we studied the hydrogen atom and the three-dimensional harmonic oscillator in non-relativistic and relativistic levels . The calculation of eigenenergies and eigenfunctions of such systems were also performed by the conventional method in order to establish a comparison with the results obtained from SUSYQM. iv Conteúdo 1 Introdução 1 2 Caso não-relativístico 8 2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.2 Átomo de hidrogênio: V (r) ∼ r−1 . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2.2 Solução explícita da equação diferencial radial . . . . . 12 2.2.3 Solução via SUSYQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Oscilador Harmônico 3D: V (r) ∼ r2 . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.3.2 Solução explícita da equação diferencial radial . . . . . 23 2.3.3 Solução via SUSYQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3 Caso relativístico 34 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.2 Átomo de Hidrogênio: V (r) ∼ r−1 . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.2.2 Solução explícita da equação diferencial radial . . . . . 37 3.2.3 Solução via SUSYQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.3 Oscilador de Dirac: V (r) ∼ r α̂ · β̂ . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.3.2 Solução via SUSYQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4 Conclusão 62 5 Apêndice i .1 Equação Diferencial Hypergeométrica . . . . . . . . . . . . . . i v Capítulo 1 Introdução Simetrias e cargas conservadas : O conceito de simetria é um dos conceitos mais importantes em Física. A maioria das pessoas tem uma ideia sobre o que é uma simetria, no entanto, a maneira de cada uma pensar faz com que a definição de simetria não seja universal. Além disso, para que a simetria seja incorporada na Física, precisamos que a mesma seja descrita por uma lingua- gem matemática, com a qual podemos trabalhar. Dessa forma, o conceito de simetria em Física deve ser entendido no sentido das teorias de grupos e representação, e da álgebra e geometria diferencial [1]. O tema das simetrias em Física foi historicamente desenvolvido em vir- tude de um grande entendimento da teoria de grupos. As simetrias em Física têm relações diretas com a física experimental por meio das leis de conserva- ção. Conservação de energia, de momento linear e de momento angular são quantidades medidas experimentalmente e vinculadas à invariância de um sistema físico sob diferentes classes de transformações, no caso, transforma- ções espaciais e por rotações, respectivamente. A relação entre as diferentes transformações de simetria e suas correspondentes leis de transformação é estabelecida pelo teorema de Noether [2]. Basicamente, as simetrias são classificadas em dois grandes grupos: si- metrias do espaço-tempo e simetrias em um espaço interno [1]; e a ideia de grupo é fundamental no desenvolvimento do primeiro grupo citado. Histori- camente, a eletrostática e a magnetostática foram teorias descobertas inde- pendentemente e sabemos que ambas são invariantes sob o grupo de rotações. Atualmente sabemos que, diferentemente do que se acreditava no passado, essas duas teorias não são totalmente independentes, elas fazem parte de uma mesma teoria que é invariante sob o grupo de Lorentz: o eletromagnetismo de Maxwell. Matematicamente, o grupo de Lorentz é considerado como uma generalização do grupo de rotação, e assim, neste caso, a unificação das duas 1 teorias físicas aparentemente independentes surge como resultado de uma ampliação dos grupos sobre os quais as teorias são construídas. Alguns fí- sicos acreditam que estas ampliações ajudarão na formulação de uma teoria que inclua como casos particulares todas as teorias físicas conhecidas [3]. Supersimetria: Um dos postulados da relatividade restrita é o princípio de constância da velocidade da luz no vácuo. Este princípio é equivalente a estabelecer a invariância do intervalo s2 = ηµνx µxν em diferentes referenci- ais inerciais, na expressão do intervalo (xµ) = (x0, x1, x2, x3) é um ponto da variedade espaço-tempo. O conjunto de transformações lineares xµ = Λµ νx ν que preservam o intervalo s2 constituem o chamado grupo de Lorentz. Ge- ralmente a definição do grupo de Lorentz se faz mediante a transformação da métrica L := O(1, 3) = { Λ ∈ GL(4, R)|ΛTηΛ = η } , (1.1) onde GL(4, R) é o conjunto de todas matrizes 4×4 invertíveis e de componen- tes reais [3]. Qualquer transformação de Lorentz (TL) pode ser descomposta como o produto de rotações, boosts, inversões temporais e inversões com- pletas. Sendo assim, é suficiente estudar rotações e boosts. Sabemos que existem três rotações e três boosts, então as TL são descritas em função de seis parâmetros [4]. Outro postulado da relatividade restrita estabelece que todos os fenômenos físicos são invariantes perante translações espaço- temporais. Fisicamente, este postulado representa a isotropia do espaço e do tempo. As translações espaço-temporais podem ser expressas da forma xµ → x′µ = xµ+aµ, onde aµ é um quadrivetor constante arbitrário. Este tipo de transformação também deixa invariante o intervalo. O grupo de Poincaré é o grupo de todas as transformações reais no espaço de Minkowski da forma xµ → x′µ = Λµ νx ν + aµ, aµ = constante (1.2) que deixa invariante o intervalo. Por sua definição, o grupo de Poincaré tem 10 geradores e denotaremos como Mµ os geradores das TL e como P µ os geradores das translações. Podemos mostrar que [Pµ, Pν ] = 0, (1.3a) [Mµν , Pρ] = i(ηνρPµ − ηµρPν), (1.3b) [Mµν ,Mρσ] = −i(ηµρMνσ − ηµσMνρ − ηνρMµσ + ηνσMµρ). (1.3c) Existe um importante teorema que vincula os geradores do grupo de Poincaré e a matriz S. O teorema se conhece como o teorema de Coleman e Mandula [5], e estabelece que a álgebra de Lie de simetrias da matriz S mais geral é [Pµ, Bl] = 0, (1.4a) [Mµν , Bl] = 0, (1.4b) 2 onde {Bl} é um conjunto finito formado por operadores escalares de Lorentz que satisfazem a álgebra [Bl, Bm] = iC k lmBk e C k lm são as constantes de estrutura desta álgebra de Lie [3]. Uma álgebra de Lie graduada Z2 é um espaço vetorial L que pode ser considerado como a soma direta de dois subespaços, Lo e L1, no qual atua um produto ◦ : L×L→ L, tal que se L(o) 1 , L (o) 2 ∈ Lo e L (1) 1 , L (1) 2 ∈ L1. Assim, temos 1. L(o) 1 ◦ L (o) 2 ∈ Lo, 2. L(o) 1 ◦ L (1) 1 ∈ L1, 3. L(1) 1 ◦ L (1) 2 ∈ Lo. Álgebra de Lie graduada Z2: Uma álgebra linear L = Lo ⊕ L1 pode ser considerada um grading de Z2 se o produto ◦ : L× L→ L atua como Lo ◦ Lo ⊂ Lo, (1.5a) Lo ◦ L1 ⊂ L1, (1.5b) L1 ◦ L1 ⊂ Lo, (1.5c) e Lo é uma álgebra de Lie. Para tudo xµ ∈ L existe um g ∈ {0, 1} o qual é determinado com as regras g(xµ) = 0⇔ xµ ∈ Lo, (1.6a) g(xµ) = 1⇔ xµ ∈ L1. (1.6b) Se g(xµ) = 0, se diz que x é par, no caso contrário x é impar. Definimos o produto como xµ ◦ xν = xµxν − (−1)g(xµ)g(xν)xµxν , (1.7) assim, se Lo = espan {Bi}, i = 1, 2, · · · , dimLo, L1 = espan {Qa}, a = 1, 2, · · · , dimL1 e L = espan {xµ}, onde espan {y} representa o espacio ex- pandido pelos elementos do conjunto {y}, temos Bi ◦Bj = [Bi, Bj] , (1.8a) Bi ◦Qa = [Bi, Qa] , (1.8b) Qa ◦Qb = {Qa, Qb} . (1.8c) Essas definições são suficientes para fazer uma extensão da álgebra de Poin- caré. Extensão da álgebra de Poincaré: Uma possibilidade para extensão da álgebra de Poincaré é utilizar uma álgebra de Lie graduada Z2 na qual 3 1. Lo : Álgebra de Poincaré, 2. L1 = espan{Qa}, a = 1, 2, 3, 4, e neste caso, exigindo que as relações (1.5) sejam satisfeitas, temos que (1.9) fica Pµ ◦Qa = [Pµ, Qa] = 0, (1.9a) Mµν ◦Qa = [Mµν , Qa] = −(σµν)abQb, (1.9b) Qa ◦Qb = {Qa, Qb} = a(γµC)abP µ, (1.9c) onde a é uma constante arbitrária. De (1.9c) e assumindo que os Q são espinores de Majorana temos que Qa ◦ Qb = { Qa, Qb } = −a(γµ)abPµ. No caso de P 0 definido positivo geralmente se adota a convenção a = −2, assim, no referencial em repouso { Qa, Qb } = 2γ0abP0. Logo, 8P0 = { Qa, Qb } γ0ba, do qual P0 = 1 8 ( Qaγ 0 T ab Qb +Qbγ 0 baQa ) , = 1 8 ( Qaγ 0 T ab Q † cγ 0 cb +Q†cγ 0 cbγ 0 baQa ) , = 1 8 ( QaQ † a +Q†aQa ) . (1.10) Como os espinores de Majorana são reais, então H ≡ P0 = 1 4 ∑ a Q2 a. (1.11) Por definição, um estado |Ω〉 é supersimétrico se Qa|Ω〉 = 0. Escrevendo a expressão { Qa, Qb } = 2(γµ)abPµ em função de espinores de Weyl obtemos{ QA, Q B } = 0, (1.12a){ QA, QḂ } = 2σµ AḂ Pµ, (1.12b){ Q Ȧ , QḂ } = 0, (1.12c){ Q Ȧ , QB } = 2σµȦBPµ. (1.12d) Uma completa dedução dessas expressões pode ser encontrada em [3]. A álgebra dada por (1.9) é conhecida como álgebra supersimétrica e seu estudo deu origem a supersimetria [6]. 4 Atualmente a supersimetria é uma importante linha de pesquisa, muitos pesquisadores acreditam que se é possível desenvolver uma teoria que inclua todas as teorias atuais, então essa teoria deve ser supersimétrica. Mecânica quântica supersimétrica: De (1.11) vemos que todo estado pos- sível |ψ〉 cumpre 〈ψ|H|ψ〉 ≥ 0. (1.13) Diz-se que supersimetria não é quebrada se 〈Ω|H|Ω〉 = 0, (1.14) é o mínimo valor possível de 〈ψ|H|ψ〉. No caso contrário, se diz que super- simetria é quebrada. Se um estado supersimétrico existe, ele tem que ser necessariamente o estado fundamental, e assim a supersimetria não é espon- taneamente quebrada. Na procura de um mecanismo de quebra dinâmica de supersimetria por efeitos não perturbativos, foi formulada a mecânica quântica supersimétrica (SUSYQM), atualmente a SUSYQM e uma teoria grandemente desenvolvida e aplicada [7]. Por definição, um sistema da me- cânica quântica supersimétrica é um sistema no qual os operadores de carga Qj comutam com o superhamiltoniano, isto é, [H,Qj] = 0, j = 1, 2, · · · , N (1.15) e seguem a álgebra {Qj, Qk} = δjkH, (1.16) onde δjk é a delta de Kronecker [8]. Essa álgebra é caso não-relativístico da álgebra supersimétrica. Uma Simples Realização: o caso mais simples da álgebra da SUSYQM é com N = 2. Neste caso [9], a construção dos operadores de carga pode ser feita assumindo a existência de operadores bosônicos A = ~√ 2m d dx +W (x), A† = − ~√ 2m d dx +W (x), (1.17) que cumprem [ A,A† ] = √ 2 m dW dx ~ (1.18) e de operadores fermiônicos f = ( 0 1 0 0 ) , f † = ( 0 0 1 0 ) (1.19) que satisfazem { f, f † } = 1. (1.20) 5 Com esses operadores é possível construir os operadores de carga Q ≡ ( 0 0 A 0 ) , Q† ≡ ( 0 A† 0 0 ) . (1.21) Usando esses dois operadores, se constrói o superhamiltoniano fica definido como H ≡ ( A†A 0 0 AA† ) . (1.22) Pode-se mostrar que esses operadores de carga e o hamiltoniano seguem a álgebra da SUSYQM. Na construção anterior, vimos que os operadores fermi- ônicos são completamente definidos, porém os operadores bosônicos depen- dem da determinação do superpotencial W (x). Diferentes superpotenciais implicam na determinação de diferentes operadores bosônicos, e consequen- temente, diferentes superhamiltonianos. Uma importante característica da SUSYQM é que a mesma é uma teoria formulada em uma dimensão [8]. Um breve comentário sobre método de fatoração: Os métodos de fatora- ção de operadores diferenciais são partes de uma área de pesquisa puramente matemática, não dependendo do fato de que o operador diferencial possa ser utilizado na construção de uma equação da física, em particular em mecânica quântica [10]. Os métodos de fatoração de equações diferenciais são muito utilizados no caso das equações de valores próprios [11]. Estes métodos apre- sentam uma importante característica: são aplicáveis unicamente nos casos de espectros de energia discretos e as equações diferenciais não precisam ser resolvidas mediante a substituição de séries de potências. Os espectros dos sistemas estudados nesta dissertação são discretos, en- tão podem ser estudados com os métodos de fatoração e isto é justamente o que fazemos nesta dissertação, aqui fatoramos os hamiltonianos de qua- tro sistemas quânticos e mostramos que os operadores resultantes seguem a álgebra de SUSYQM, assim, utilizando as propriedades desses operadores, encontramos as autofunções e as autoenergias de cada um dos sistemas. Os elementos da diagonal do superhamiltoniano (1.22) definem dois ha- miltonianos H1 = A†A e H2 = AA† os quais estão evidentemente relaciona- dos, pois são resultados de uma fatoração em função de dois operadores. A técnica básica utilizada na determinação do superhamiltoniano é uma classe particular dos métodos de fatoração de equações diferenciais, contudo, nesta dissertação desenvolvemos os cálculos com a linguagem e dentro do contexto da SUSYQM. A ordem desta Dissertação: Esta Dissertação tem como objetivo principal apresentar as noções básicas da SUSYQM fazendo a sua aplicação no estudo de dois sistemas físicos realmente importantes: o Átomo de Hidrogênio (AH) 6 e o Oscilador Harmônico Tridimensional (OAT). O estudo desses dois siste- mas se desdobra em dois casos, o não-relativístico e o relativístico. No caso não-relativístico os sistemas são modelados com a equação de Schrödinger (ES) e no caso relativístico a equação utilizada é a equação de Dirac (ED). Mostraremos que SUSYQM, que é uma teoria desenvolvida para sistemas em uma dimensão, pode ser utilizada para estudar a parte radial destes siste- mas. Enquanto à ordem desta dissertação, além deste capítulo introdutório, apresentamos mais três capítulos. No capítulo 2, desenvolvemos o aspecto não-relativístico do AH e o OAT. O capítulo 3, inclui a parte relativística. No capítulo 4, apresentaremos as conclusões e as perspectivas. 7 Capítulo 2 Caso não-relativístico 2.1 Introdução A equação com a qual se estuda a dinâmica dos sistemas da mecânica quân- tica não relativística é a ES. Existe uma grande quantidade de sistemas quânticos no nível não-relativístico que podem ser estudados com SUSYQM, isso significa que, a SUSYQM pode ser aplicada no caso de algumas equações de Schrödinger, dependendo da forma do potencial. No caso de potenciais que dependem das coordenadas e do tempo a ES não pode ser resolvida pelo método de separação de variáveis. Contudo caso de potenciais que dependem só das coordenadas a ES é separável. Na representação de coordenadas a ES é [ − ~2 2m0 ∇2 + V − i~ ∂ ∂t ] Ψ = 0 (2.1) onde V é o potencial. Se o potencial é radial, ou seja, se o potencial é da forma V = V (r), é natural tentar solucionar a equação utilizando coordenadas esféricas. Em coordenadas esféricas o laplaciano é ∇2 = 1 r2 ∂ ∂r ( r2 ∂ ∂r ) + 1 r2 sin(θ) ∂ ∂θ ( sin(θ) ∂ ∂θ ) + 1 r2 sin2(θ) ( ∂2 ∂φ2 ) . (2.2) Com este laplaciano e procurando soluções independentes do tempo da forma Ψ(r, θ, φ) = R(r)Θ(θ)Φ(φ), a ES (2.1) é − ~2 2m0 [Θ(θ)Φ(φ) r2 d dr ( r2 dR(r) dr ) + R(r)Φ(φ) r2 sin(θ) d dθ ( sin(θ) dΘ(θ) dθ ) + R(r)Θ(θ) r2 sin2(θ) ( d2Φ(φ) dφ2 )] + [V (r)− E]R(r)Θ(θ)Φ(φ) = 0, (2.3) 8 logo, multiplicando essa equação por −2m0r 2/~2R(r)Θ(θ)Φ(φ) obtemos 1 R(r) d dr ( r2 dR(r) dr ) − 2m0r 2 ~2 [V (r)− E] + 1 sin(θ)Θ(θ) d dθ ( sin(θ) dΘ(θ) dθ ) + 1 sin2(θ)Φ(φ) ( d2Φ(φ) dφ2 ) = 0. (2.4) Nessa equação, os dois primeiros termos dependem unicamente da coorde- nada r, os outros dois termos dependem só de θ e φ, assim d dr ( r2 dR dr ) − 2m0r 2 ~2 [V (r)− E] = l(l + 1)R = 0, (2.5a) 1 Θ(θ) d dθ ( sin(θ) dΘ(θ) dθ ) + 1 Φ(φ) d2Φ(φ) dφ2 = −l(l + 1) sin2(θ), (2.5b) onde l(l + 1) é uma constante se separação, aplicando um procedimento similar na segunda dessas equações, obtemos finalmente que a ES (2.1) é equivalente ao sistema d dr ( r2 dR(r) dr ) − 2m0r 2 ~2 [V (r)− E]R(r) = l(l + 1)R(r), (2.6a) sin(θ) d dθ ( sin(θ) dΘ(θ) dθ ) + l(l + 1) sin2(θ)Θ(θ) = m2Θ(θ), (2.6b) d2Φ(φ) dφ2 = −m2Φ(φ), (2.6c) onde m é outra constante de separação. A equação 2.6a é a equação radial e suas soluções são as autofunções radiais (FR). Utilizando a propriedade Φ(θ+ 2π) = Φ(θ) na equação (2.6c), obtemos a condição m = 0,±1,±2, · · · . A solução fisicamente aceitável de (2.6b) é Θ(θ) = APm l (cos(θ)) onde A é uma constante e Pm l (x) = (1− x2)|m|/2 ( d dx )|m| [ 1 2ll! ( d dx )l ( x2 − 1 )l] (2.7) são os polinômios de Legendre associados [12]. Essa expressão só tem sentido se l é inteiro não negativo e, se |m| > l temos Pm l (x) = 0, logo, as condições em l e m são l = 0, 1, 2, · · · (2.8a) m = −l,−l + 1,−l + 2, · · · ,−1, 0, 1, · · · , l − 2, l − 1, l, (2.8b) 9 assim, para todo l existem 2l+1 valores possíveis dem. A função de onda an- gular Y(θ, φ) = Θ(θ)Φ(φ), é normalizada sob a condição ∫ 2π 0 ∫ π 0 |Y(θ, φ)|2 sin(θ)dθdφ = 1, assim Y(θ, φ) = ε √ 2l + 1 4π (l − |m|)! (l + |m|)! exp (imφ)Pm l (cos(θ)), (2.9) na qual ε = (−1)m, para m ≥ 0 e ε = 1 para m ≤ 0 [13]. Comumente a equação (2.6a) é escrita utilizando a função de onda radial reduzida (FRR) U(r) = rR(r), assim a parte radial da ES (2.1) é[ − ~2 2m0 d2 dr2 + ~2 2m0 l(l + 1) r2 + V (r)− E ] U(r) = 0, (2.10) onde a condição de normalização desta nova variável é ∫∞ 0 |U(r)|2dr = 1. Do sistema (2.8) e da equação (2.10), vemos que as autoenergias desta classe de sistemas dependem unicamente da coordenada radial e podem ser calculadas utilizando a equação (2.10). Uma caraterística especial do operador desta equação é o fato que pode ser fatorado como o produto de dois operadores que seguem a álgebra da SUSYQM, logo, todo sistema quântico não-relativístico que apresente um potencial radial em principio pode ser estudado com o formalismo da SUSYQM. Neste capítulo vamos mostrar que SUSYQM pode ser aplicada no caso de dois importantes sistemas quânticos não-relativísticos para os quais o po- tencial é radial; o AHNR e o OAT. Com o objetivo de conseguir uma melhor completude conceitual da aplicação do formalismo da SUSYQM nessa classe de sistemas, primeiramente se resolverá tais problemas utilizando o método convencional, a solução explícita das equações diferenciais e, finalmente apre- sentaremos as respectivas comparações dos métodos. 10 2.2 Átomo de hidrogênio: V (r) ∼ r−1 2.2.1 Introdução No eletromagnetismo clássico, duas partículas carregadas estáticas interagem por meio do campo eletrostático que cada uma delas geram. A consideração que o campo elétrico é estático pode ser uma boa aproximação quando as acelerações das cargas são pequenas. O problema de dois corpos interagindo mediante o campo eletrostático é muito importante e é matematicamente análogo ao problema de dois corpos interagindo mediante o campo gravita- cional newtoniano. No estudo do problema de dois corpos é usual considerar que um deles tenha a massa muito maior que a massa do outro, logo, é possível assumir que o corpo de maior massa permanece na mesma posição. No caso que uma das cargas tenha uma magnitude pequena no sentido que o campo que gera não modifica sustancialmente a magnitude do campo gerado pela outra carga e sua aceleração é baixa, é possível estudar o problema de uma carga no interior de um campo eletrostático Coulombiano. O principal modelo clássico do AH consiste em um elétron de carga −e ≈ −1.6 × 10−19 e massa me ≈ 9.11× 10−31kg ligado a um próton de carga e e massa mp (mp ≈ 1836me), a força sobre o elétron é F = −kr/r3, onde k ≡ e2/4πε0 ≈ 9×109×e2N ·m2/C2 e r é o vetor de posição do elétron com respeito ao próton e r sua magnitude. Da força que experimenta o elétron, temos que a sua energia potencial é central e tem a forma V (r) = −k/r. Em mecânica quântica o AHNR é o sistema descrito pela ES para o potencial central V (r) = −k/r [13], esse potencial é radial e então as autofunções podem ser calculadas com a equação (2.10) para esse potencial[ − ~2 2m0 d2 dr2 + ~2 2m0 l(l + 1) r2 − k r − E ] U(r) = 0, (2.11) a fatoração desse tipo de equações tem uma relação com o fechamento das orbitas clássicas [14]. Para solucionar a equação (2.11) na procura de estados ligados devemos exigir que as energias sejam negativas, no caso de energias positivas a equação se associa ao espalhamento do elétron [15], métodos de fatoração podem ser utilizados para a solução [16]. Em referencia à rela- ção entre supersimetria e o AHNR, uma supersimetria exata no AHNR já foi encontrada [17], as autofunções desse sistema podem ser calculadas via supersimetria [18]. A solução do átomo de hidrogênio supersimétrico em diferentes dimensões foi tratada em [19]. 11 2.2.2 Solução explícita da equação diferencial radial Como se discutiu anteriormente, no caso de estados ligados as autoenergias têm de ser negativas, esse fato faz com que seja conveniente introduzir a constante κ2 = 2m|E|/~2, logo a equação (2.11) pode ser escrita como[ − 1 κ2 d2 dr2 + l(l + 1) κ2r2 − 2mk ~2κ2r + 1 ] U(r) = 0, (2.12) e fazendo as substituições ρ = κr e ρ0 = 2mk/~2κ, obtemos[ d2 dρ2 − l(l + 1) ρ2 + ρ0 ρ − 1 ] U(ρ) = 0. (2.13) Para encontrar a solução dessa equação de segunda ordem primeiramente vamos encontrar as soluções das equações diferenciais obtidas em casos limite. Com essas funções é possível propor a forma da função U(ρ). O limite ρ→∞ Nesse limite os termos proporcionais a ρ−1 e ρ−2 em (2.13), decrescem rapi- damente, assim [ d2 dρ2 − 1 ] Uρ→∞(ρ) = 0, (2.14) essa equação diferencial é muito conhecida nos estudos de dinâmica de uma partícula, cuja solução geral é Uρ→∞(ρ) = A exp(−ρ) + B exp(ρ), onde A e B são constantes. Entretanto, precisa-se que esta função seja normalizável, exigindo que a constante B seja nula, a solução fisicamente admissível é Uρ→∞(ρ) = A exp(−ρ). (2.15) Essa função limite depende do fato que o potencial decresce com a distância, sem isso o terceiro termo de (2.13) não poderia ser descartado. O limite ρ→ 0 Nesse limite o termo proporcional a ρ−2 cresce rapidamente em comparação aos outros termos de (2.13), assim[ d2 dρ2 − l(l + 1) ρ2 ] Uρ→0(ρ) = 0, (2.16) 12 procurando uma solução da forma Uρ→0(ρ) = ρα ∞∑ µ=0 aµρ µ, (2.17) podemos obter d2 dρ2 Uρ→0(ρ) = ρα−2 [ α(α− 1) ∞∑ µ=0 aµρ µ + 2α ∞∑ µ=0 µaµρ µ + ∞∑ µ=0 µ(µ− 1)aµρ µ ] . (2.18) Substituindo (2.17) e (2.18) em (2.16), obtemos as duas condições α(α− 1)− l(l + 1) = 0, (2.19a) µ(2α + µ− 1) = 0, (2.19b) e assim Uρ→0(r) = Aρl+1 + Bρ−l, contudo o termo proporcional a ρ−l cresce ilimitadamente quando ρ aproxima-se de zero, logo, a constante B tem de ser nula e Uρ→0(ρ) = Aρl+1. (2.20) Esse resultado depende da forma do potencial e é válido para todo potencial proporcional a ρn com n > −2, caso contrário o termo angular de (2.13) não é o termo que cresce mais rapidamente nesse limite. Autofunções radiais Obtidas as funções limite (2.15) e (2.20), podemos propor que a forma geral da FRR é U(ρ) = ρl+1 exp(−ρ)f(ρ), (2.21) na qual f(ρ) é uma função ainda não conhecida. A especificação dessa função vai determinar a FRR totalmente. Substituindo (2.21) em (2.13) vemos que a função f(ρ) precisa satisfazer a equação[ ρ d2 dρ2 + 2(l + 1− ρ) d dρ + [ρ0 − 2(l + 1)] ] f(ρ) = 0, (2.22) substituindo nessa equação a solução em série de potências f(ρ) = ∞∑ µ=0 aµρ µ, (2.23) 13 encontramos que os coeficientes têm de cumprir a relação de recorrência aµ+1 = 2[µ+ (l + 1)]− ρ0 (µ+ 1)[µ+ 2(l + 1)] aµ. (2.24) Essa relação de recorrência é sempre válida, no entanto, a FRR (2.21) tem de ser normalizável, esse fato faz com que precisemos impor uma condição aos aµ com o intuito que a função (2.23) não divirja. No caso de grandes valores de µ a relação de recorrência (2.24) pode se aproximar como aµg+1 ≈ 2 µg + 1 aµg , (2.25) na qual o subíndice g indica que o µ é suficientemente grande. Supondo que existe um ai+1 não nulo com i + 1 igual a um valor particular de µg que satisfaça aµg ≈ 2 µg 2 µg − 1 · · · 2 i+ 2 ai+1 = 2µg−i−1(i+ 1)! µg! ai+1, (2.26) temos fg(ρ) ∼ ai+1(i+ 1)! 2i+1 ∞∑ µg=0 (2ρ)µg µg! = ai+1(i+ 1)! 2i+1 exp(2ρ), (2.27) substituindo essa função em (2.21), obtemos Ug(ρ) ∼ ai+1(i+ 1)! 2i+1 ρl+1 exp(ρ). (2.28) A função g(ρ) = ρl+1 exp(ρ) é sempre crescente com ρ, o que faz com que seja uma função não é normalizável, no entanto, Ug(ρ) ∼ ai+1(i + 1)!/2i+1, logo, a não normalizabilidade de g(ρ) implica a não normalizabilidade de Ug(ρ) unicamente se o coeficiente ai+1(i + 1)!/2i+1 não é nulo, o qual só é possível se ai+1 = 0. De (2.23) vemos que ai+1 não pode ser o primeiro dos coeficientes, nesse caso a função f(ρ) se anularia, pois todos os termos seriam nulos. Se o primeiro dos coeficientes nulos é o ai+1, então o último dos coeficientes não nulo é o ai, assim, a função f(ρ) é um polinômio de grau i. De (2.24) vemos que a condição ai+1 = 0 implica ρ0 = 2(i + l + 1), os valores possíveis de i e l são inteiros, isso faz com que a quantidade i+ l+ 1 também seja inteira, além do que, diferentes valores de i e l podem gerar o mesmo valor de i + l + 1, sugerindo essas duas caraterísticas a definição de número quântico principal n = i+ l + 1. (2.29) 14 Em função dele podemos dizer que f(ρ) é um polinômio de grau n − l − 1 em ρ, logo, a FRR (2.21) não normalizada é Unl(ρ) ∼ ρl+1 exp(−ρ) n−l−1∑ µ=0 aµρ µ. (2.30) Das definições de ρ e ρ0 temos ρ = 2mkr/ρ0~2, onde ρ0 = 2n foi a condição encontrada pela existência de um ai+1 = 0, logo ρ = r/an onde a = ~2/mk é o raio de Bohr. Assim, a FR não normalizada Rnl(r) = Unl(r)/r é Rnl(r) ∼ 1 r ( r an )l+1 exp ( − r an ) n−l−1∑ µ=0 aµ ( r an )µ , (2.31) o subíndice nl mostra que a FR depende dos dois números quânticos. Autoenergias Na subseção anterior vimos que a existência de um ai+1 = 0 implica ρ0 = 2n, onde n é o número quântico principal. Além disso, vimos que ρ0 = 2mk/~2κ onde κ = 2m|E|/~2, estas relações implicam En = − [ m 2~2 ( e2 4πε0 )2 ] 1 n2 , n = 1, 2, · · · (2.32) isto é, o AHNR tem um espectro discreto de energia e os valores possíveis dependem apenas do número quântico principal. 2.2.3 Solução via SUSYQM A equação para a FRR (2.11) resulta[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m l(l + 1) r2 − k r ] U(r) = EU(r), (2.33) a qual pode se escrever como ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + l(l + 1) 2r2 − 1 ar ] U(r) = EU(r), (2.34) onde a = ~2/mk, aqui definimos o hamiltoniano Hl ≡ ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + l(l + 1) 2r2 − 1 ar ] . (2.35) 15 Veremos que esse hamiltoniano pode ser fatorado como o produto de dois operadores A e A† com os quais é possível fazer a construção de um su- perhamiltoniano de maneira que esses operadores satisfaçam a álgebra da SUSYQM. Fatoração da equação radial Para que seja possível aplicar as técnicas próprias da SUSYQM apresenta- das no primeiro capítulo ao estudo do hamiltoniano (2.35), primeiramente esse hamiltoniano deve ser fatorado como um produto de dois operadores os quais têm de ser hermiticamente conjugados. Pela forma dos termos do hamiltoniano (2.35), procuramos uma fatoração da forma Hl = ( −αd dr + β(l + δ) r − γk (l + δ)a )( αd dr + β(l + δ) r − γk (l + δ)a ) , (2.36) onde α, β e γ são contantes ainda indeterminadas. Não é possível encontrar α, β e γ pelas quais a equação (2.36) seja satisfeita diretamente, no entanto, fazendo as escolhas α = β = γ ≡ ~/ √ 2m , obtemos os operadores Alδ ≡ ~√ 2m [ − d dr + (l + δ) r − 1 (l + δ)a ] , (2.37a) A † lδ ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + δ) r − 1 (l + δ)a ] , (2.37b) os quais, além de ser hermitianos conjugados satisfazem AlδA † lδ = ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + 1 2 (l + δ)(l + δ + 1) r2 − 1 ra + 1 2a2(l + δ)2 ] . (2.38) O produto resultado da troca dos operadores é A † lδ Alδ = ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + 1 2 (l + δ − 1)(l + δ) r2 − 1 ra + 1 2a2(l + δ)2 ] , (2.39) solucionadas as equações (l + δ)(l + δ + 1) = l(l + 1) e (l + δ − 1)(l + δ) = l(l+ 1) vemos que o produto de operadores da forma (2.38) pode ser escrito como a soma do hamiltoniano Hl e uma constante unicamente no caso δ = 0. Similarmente, com um produto de operadores da forma (2.39) o mesmo resultado pode unicamente ser obtido com δ = 1. Adicionando a quantidade ~2/2ma2l2 nos dois lados da equação (2.34), obtemos Al0A † l0 U(r) = [ E + ~2 2ma2l2 ] U(r), (2.40) 16 correspondentemente, adicionando o termo ~2/2ma2(l+1)2 à mesma equação A † l1 Al1U(r) = [ E + ~2 2ma2(l + 1)2 ] U(r). (2.41) Contudo, as duas equações não podem ser adequadas para o estudo da equa- ção (2.34) com o formalismo da SUSYQM. O critério para a escolha de uma dessas duas equações será apresentado na seguinte subseção. Definição dos operadores de escada A forma da equação (2.40) sugere estudar a possibilidade de se encontrar uma função normalizável U+ l0 (r) que satisfaça a equação A † l0 U + l0 (r) = 0, similar- mente, (2.41) sugere procurar uma função normalizável U−l1 (r) que satisfaça Al1U−l1 (r) = 0, o que explicitamente, essas equações diferenciais são[ d dr + l r − 1 la ] U+ l0 (r) = 0, (2.42a)[ − d dr + (l + 1) r − 1 (l + 1)a ] U−l1 (r) = 0, (2.42b) com soluções gerais U+ l0 (r) = C0r −l exp [ r la ] , (2.43a) U−l1 (r) = C1r l+1 exp [ − r (l + 1)a ] , (2.43b) nas quais C1 e C2 são constantes ainda indeterminadas. As funções da forma (2.43a) são não normalizáveis, pelo qual não podem descrever uma particula ligada, no entanto∫ ∞ 0 [ U−l1 (r) ]2 dr = C1 2Γ[2l + 3] [ (l + 1)a 2 ]2l+3 , (2.44) desses resultados, podemos concluir que unicamente (2.41) inclui a equação (2.34), pois oferece a possibilidade de encontrar uma autofunção normalizável para o estado fundamental. Alem do mais, o primer tipo de funções não é normalizavel no caso l = 0. 17 Identificação de SUSYQM no sistema. Vimos que os operadores adequados para a fatoração são Al1 ≡ ~√ 2m [ − d dr + (l + 1) r − 1 (l + 1)a ] , (2.45a) A † l1 ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + 1) r − 1 (l + 1)a ] , (2.45b) a existência de um estado fundamental que se pode destruir com a aplicação do operador Al1 é uma importante caraterística para considerar os opera- dores anteriores como operadores escada. Com Al1 e A † l1 construímos os operadores de carga e o superhamiltoniano, os hamiltonianos componentes do superhamiltoniano são A †l1Al1 = ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + l(l + 1) 2r2 − 1 ra + 1 2a2(l + 1)2 ] , (2.46a) Al1A † l1 = ~2 m [ −1 2 d2 dr2 + (l + 1)(l + 2) 2r2 − 1 ra + 1 2a2(l + 1)2 ] .(2.46b) Então, o AHNR pode ser estudado totalmente com o formalismo da SUSYQM, pois o hamiltoniano A †l1Al1 que compõe o superhamiltoniano é o hamiltoniano que difere em uma só constante do hamiltoniano Hl. Autofunção e autoenergia do estado fundamental Por definição, o estado fundamental tem a propriedade de ser aniquilado pelo operador de destruição. A única possibilidade para a FRR do estado fundamental é U−l1 (r) apresentada em (2.43b). No entanto, primeiramente esta função deve ser normalizada utilizando a equação (2.44), assim U (0)(r) = √ [2/(l + 1)a]2l+3 Γ[2l + 3] rl+1 exp [ − r (l + 1)a ] , (2.47) na qual o simbolo (0) indica que se trata do estado fundamental. Substituindo esta função em (2.41) encontramos a energia associada com esse estado EU(0) = − ~2 2ma2(l + 1)2 . (2.48) Invertendo o ordem dos operadores na equação (2.41) podemos obter a nova equação Al1A † l1 V(r) = [ E + ~2 2ma2(l + 1)2 ] V(r), (2.49) onde V(r) é uma nova função. As equações (2.41) e (2.49) são vinculadas mediante a SUSYQM. 18 Autofunções e autoenergias dos estados excitados Explicitamente as equações (2.41) e (2.49) podem ser escritas como[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m l(l + 1) r2 − ~2 mar − E ] U(r) = 0, (2.50a)[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 1)(l + 2) r2 − ~2 mar − E ] V(r) = 0, (2.50b) das quais podemos ver que o operador da equação (2.50b) pode ser obtido do operador da equação (2.50a) fazendo a troca l → l + 1, assim, a função do estado fundamental do conjunto de autofunções {V(r)} pode ser obtida diretamente da função (2.47) utilizando a mesma troca, logo V(0)(r) = √ [2/(l + 2)a]2l+5 Γ[2l + 5] rl+2 exp [ − r (l + 2)a ] , (2.51) correspondentemente a energia desse estado pode ser obtida da energia (2.48) mediante o mesmo procedimento de substituição, assim EV(0) = − ~2 2ma2(l + 2)2 . (2.52) O conjunto de equações (2.41) e (2.49) inclui os dois hamiltonianos que for- mam o superhamiltoniano. Este fato faz com que exista uma relação entre os conjuntos de funções {U(r)} e {V(r)}, como foi explicado no capítulo de introdução, em particular a autofunção não-normalizada do primeiro es- tado excitado é U (1)(r) ∼ A † l1 V(0)(r) e EU(1) = EV(0) , assim, a autofunção não-normalizada e a correspondente autoenergia são U (1)(r) ∼ A † l1 r l+2 exp [ − r (l + 2)a ] , (2.53a) EU(1) = − ~2 2ma2(l + 2)2 . (2.53b) A equação (2.50b) foi obtida de um operador do tipo (2.38) no qual δ = 1, no entanto, essa equação também pode ser obtida utilizando um operador do tipo (2.39)com δ = 2. Em correspondência, deve existir outra equação similar à equação (2.50b) construída utilizando operadores do tipo (2.38) com δ = 2, assim podemos construir as equações[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 1)(l + 2) r2 − ~2 mar − E ] V(r) = 0, (2.54a)[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 2)(l + 3) r2 − ~2 mar − E ] W(r) = 0, (2.54b) 19 onde pode-se obter a equação (2.54b) de (2.54a) fazendo a troca l → l + 1, assim, utilizando (2.51) teremos W(0)(r) = √ [2/(l + 3)a]2l+7 Γ[2l + 7] rl+3 exp [ − r (l + 3)a ] , (2.55) de maneira similar, a energia associada com esse estado pode ser obtida de (2.52) EW(0) = − ~2 2ma2(l + 3)2 . (2.56) O fato que as duas equações (2.50) sejam relacionadas por SUSYQM garante que a autofunção não-normalizada do segundo estado excitado seja U (2)(r) ∼ A † l1 V(1)(r), da mesma maneira, as equações (2.54) garantem que V(1)(r) ∼ A † l2 W(0)(r) e, as correspondentes relações entre as energias são EU(2) = EV(1) e EV(1) = EW(0) , assim, a autofunção não-normalizada e a correspondente autoenergia são U (2)(r) ∼ A † l1 A † l2 r l+3 exp [ − r (l + 3)a ] , (2.57a) EU(2) = − ~2 2ma2(l + 3)2 . (2.57b) A função do estado fundamental (2.47), a sua energia (2.48) e as corres- pondentes expressões para o primeiro e segundo estado excitado e as suas energias apresentadas em (2.53) e (2.57), são casos particulares das relações gerais U (N)(r) ∼ A † l1 A † l2 · · ·A † lN rl+N+1 exp [ − r (l +N + 1)a ] , (2.58a) EU(N) = − [ ~2 2ma2(l +N + 1)2 ] , (2.58b) nessas expressões temos o termo l + N + 1. Para diferentes valores de l e N os valores de energia podem ser diferentes, porém, para todos os possíveis valores de l e N que gerem o mesmo número l +N + 1 os valores de energia são iguais, fato esse que sugere a definição do número quântico principal n = l +N + 1. (2.59) 20 Com a definição desse número quântico as expressões finais para as autofun- ções radiais não-normalizadas e as autoenergias são Rnl(r) ∼ 1 r N∏ i=1 A † li r n exp [ − r na ] , (2.60a) En = − [ ~2 2ma2 ] 1 n2 , (2.60b) onde ∏N i=1A † li = A † l1 A † l2 · · ·A † lN sendo a ordem dos operadores relevantes. Exemplos Vamos apresentar alguns exemplos do cálculo de diferentes autofunções ra- dias Rnl(r) ∼ 1 r N∏ i=1 A † li r n exp [ − r na ] , (2.61) onde os operadores A † li são A † li ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + i) r − 1 (l + i)a ] . (2.62) Como sugere a notação das autofunções (2.61) a escolha da autofunção se faz mediante a determinação dos dois números quânticos n e l, o número N fica implícito com a relação N = n − l − 1. A especificação desse número é muito importante, pois determina o número de operadores que atuam na função geratriz rn exp [−r/na]. As autofunções que têm o número quântico principal menor ou igual a três se mostram na seguinte tabela: n l Rnl(r) N = n− l − 1 1 0 R10(r) 0 2 0 R20(r) 1 2 1 R21(r) 0 3 0 R30(r) 2 3 1 R31(r) 1 3 2 R32(r) 0 Caso n = 1: Como vemos na tabela a única possibilidade para n = 1 é R10(r) ∼ exp ( −r a ) (2.63) 21 Caso n = 2: Neste caso existem dois possíveis valores do número quântico angular, l = 0, 1, assim, existem duas autofunções R20(r) ∼ 1 r A † l1 r 2 exp ( − r 2a ) = 1 r ~√ 2m [ d dr + 1 r − 1 a ] r2 exp ( − r 2a ) = 2~√ 2m [ 1− r 2a ] exp ( − r 2a ) (2.64) e R21(r) ∼ r exp ( − r 2a ) . (2.65) Caso n = 3: Neste caso existem três possíveis valores do número quântico angular, l = 0, 1, 2, assim, existem três autofunções R30(r) ∼ 1 r A † l1 A † l2 r 3 exp ( − r 3a ) = ( ~√ 2m )2 1 r [ d dr + 1 r − 1 a ] [ d dr + 2 r − 1 2a ] r3 exp ( − r 3a ) = 5 ( ~√ 2m )2 1 r [ d dr + 1 r − 1 a ] r2 ( 1− r 6a ) exp ( − r 3a ) = 15~2 2m ( 1− 2r 3a + 2r2 27a2 ) exp ( − r 3a ) , (2.66) R31(r) ∼ 1 r A † l1 r 3 exp ( − r 3a ) = ~√ 2m 1 r [ d dr + 2 r − 2 a ] r3 exp ( − r 3a ) = 5~√ 2m r ( 1− r 6a ) exp ( − r 3a ) (2.67) e R32(r) ∼ r2 exp ( − r 3a ) . (2.68) Todas essas FRR são totalmente iguais às funções de FRR não-normalizadas que podem ser obtidas com a equação (2.31), método apresentado nos textos usuais [13]. 22 2.3 Oscilador Harmônico 3D: V (r) ∼ r2 2.3.1 Introdução Em mecânica clássica, é dito que uma partícula oscila quando se desloca periodicamente em relação a sua posição de equilíbrio. Entre os movimen- tos oscilatórios um dos mais importantes é o movimento harmônico simples (MHS). É dito que um partícula descreve um MHS se sobre ela age uma força F = −ker , onde ke é uma constante positiva de proporcionalidade e r é o vetor de posição da partícula com respeito a sua posição de equilíbrio. Em geral esse vetor pode ter componentes nas três dimensões. A partícula que descreve um MHS é chamada oscilador harmônico simples (OHS), em ocasiões, o estudo do OHS pode ser feito em função de sua energia, a energia potencial de um OHS é V (r) = mω2r2/2, na qual ω = √ ke/m é a frequência das oscilações e m é a massa da partícula. O OHS é um dos sistemas clás- sicos mais importantes pelo fato de que toda partícula oscilante, no limite de pequenas oscilações pode ser aproximada como um desses osciladores. Em mecânica quântica, o sistema descrito pela equação de Schrödinger para um potencial central V (r) = mω2r2/2 é chamado oscilador harmônico tri- dimensional (OHT) [13]. A conexão entre o fechamento de orbitas clássicas e possíveis fatorações da parte radial da ES associada ao OHT é tratada em [14]. A dinâmica do OHT foi estudada por P. Kundrat [20] e algumas propriedades das autofunções deste sistema se estudam em [21]. O OHT é particularmente importante no estudo do modelo de camadas em Física Nu- clear, pois nesse modelo os nucleões individuais se deslocam em um potencial médio o que é aproximado como um potencial de OHT [15]. Geralmente o OHT é estudado em mecânica quântica relativista utilizando métodos con- vencionais [22], não entanto também pode ser estudado com a utilização dos métodos da SUSYQM [23]. 2.3.2 Solução explícita da equação diferencial radial Como foi dito na introdução desta seção, em mecânica quântica o OHT é o sistema descrito por a ES para o potencial V (r) = mω2r2/2. Nesse caso a equação (2.10) resulta em[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m l(l + 1) r2 + 1 2 mω2r2 ] U(r) = EU(r), (2.69) 23 de maneira semelhante à seção anterior, introduzindo a constante κ2 = −2m|E|/~2, podemos reescrever a equação acima como[ − 1 κ2 d2 dr2 + l(l + 1) κ2r2 + m2ω2 ~2κ2 r2 + 1 ] U(r) = 0, (2.70) a partir da qual fazendo as substituições ρ = κr e ρ0 = mω/~κ2 obtemos[ d2 dρ2 − l(l + 1) ρ2 − ρ20ρ2 − 1 ] U(ρ) = 0. (2.71) Para solucionar essa equação diferencial utilizaremos o mesmo método do capítulo anterior. Primeiramente estudaremos as soluções das equações dife- renciais que são obtidos calculando certos limites de ρ. O limite ρ→∞ Nesse limite o termo de momento angular na equação (2.71) é muito pequeno em comparação aos outros termos e ρ20ρ2 + 1 ≈ ρ20ρ 2, logo a equação resulta em [ d2 dρ2 − ρ20ρ2 ] Uρ→∞(ρ) = 0, (2.72) cuja solução Uρ→∞(ρ) = A √ ρI1/4 ( 1 2 ρ0ρ 2 ) +B √ ρK1/4 ( 1 2 ρ0ρ 2 ) , (2.73) onde Iα(x) e Kα(x) são as funções de Bessel modificadas de primeira e se- gunda espécie, respectivamente. No limite ρ → ∞ o termo com a fun- ção de Bessel de primeira espécie introduz divergências, no caso da função de Bessel de segunda espécie no limite ρ → ∞ utilizamos a propriedade Kα(x) = √ π/2x exp(−x) [12], logo Uρ→∞(ρ) ∼ exp ( −1 2 ρ0ρ 2 ) . (2.74) O limite ρ→ 0 Contrariamente ao caso anterior, nesse limite o termo de momento angular é o termo relevante, nesse limite a equação (2.13) resulta em[ d2 dρ2 − l(l + 1) ρ2 ] Uρ→0(ρ) = 0, (2.75) equação essa obtida no capítulo anterior, e cuja solução encontrada foi Uρ→0(ρ) = Bρl+1. (2.76) 24 Autofunções Radiais Com as soluções das equações diferenciais obtidas nos casos limite da variável ρ (2.74) e (2.76), podemos continuar a construção da FRR geral, que precisa ter a forma U(ρ) = ρl+1 exp ( −ρ0ρ 2 2 ) f(ρ), (2.77) na qual f(ρ) é uma função ainda não conhecida. Substituindo essa função em (2.71), obtemos que a função f(ρ) tem que satisfazer[ d2 dρ2 + 2 ( l + 1 ρ − ρ0ρ ) d dρ − [ρ(2l + 3) + 1] ] f(ρ) = 0, (2.78) introduzindo a nova variável t = ρ0ρ 2, obtemos[ t d2 dt2 + ( l + 3 2 − t ) d dt − [ 1 2 ( l + 3 2 ) − 1 4ρ0 ]] f(t) = 0, (2.79) que é uma equação diferencial de Kummer [ver apêndice], então a solução geral é f(ρ) = A 1F1 [ 1 2 ( l + 3 2 − 1 2ρ0 ) , l + 3 2 ; ρ0ρ 2 ] +Bρ−(2l+1) 1F1 [ 1 2 ( −l + 1 2 − 1 2ρ0 ) ,−l + 1 2 ; ρ0ρ 2 ] , (2.80) no caso l 6= 0 o segundo termo fica proporcional a ρ−(2l+1) e não pode ser normalizado pelo seu comportamento perto do ρ = 0. No caso l = 0 R(ρ, l = 0) = A exp ( −ρ0ρ 2 2 ) 1F1 [ 1 2 ( 3 2 − 1 2ρ0 ) , 3 2 ; ρ0ρ 2 ] +Bρ−1 exp ( −ρ0ρ 2 2 ) 1F1 [ 1 2 ( 1 2 − 1 2ρ0 ) , 1 2 ; ρ0ρ 2 ] , (2.81) a forma do segundo termo faz com que seja divergente na origem o que implica que este termo contribui infinitamente na energia cinética média, mantendo a energia potencial média. Esse fato não é aceitável e o termo precisa ser eliminado, logo, B = 0. Uma descrição detalhada dessa divergência pode ser encontrada em [13]. Das propriedades da função 1F1(a, c;x) [ver apêndice], sabemos que o primeiro termo de (2.80) é normalizável se 1 2 ( l + 3 2 − 1 2ρ0 ) = −n, onde n = 0, 1, 2, · · · , (2.82) 25 logo, a FR não normalizada, em função da variável original r = ρ/κ, é Rnl(r) = rl exp ( −mω 2~ r2 ) 1F1 [ −n, l + 3 2 ; mω ~ r2 ] , (2.83) na qual os subíndices nl indica que as FRs em geral dependem dos dois números quânticos n e l. Essas FRs não-normalizadas podem ser escritas em função dos polinômios de Laguerre associados [ver .1.6 do apêndice]. Rnl(r) = rl exp ( −mω 2~ r2 ) Ll+1/2 n (mω ~ r2 ) . (2.84) Autoenergias Utilizando as relações ρ0 = mω/~κ2 e κ2 = −2m|E|/~2 vemos que (2.82) é equivalente a Enl = ~ω ( 2n+ l + 3 2 ) , onde n, l = 0, 1, 2, · · · . (2.85) Nesta expressão vemos que as autoenergias dependem dos dois números quân- ticos n e l, o que é uma importante diferença com o AHNR, para o qual as autoenergias dependem só do numero quântico n. 2.3.3 Solução via SUSYQM Como foi discutido anteriormente o potencial sob o elétron atômico está submetido é o potencial de Coulomb gerado pelo próton do núcleo, potencial esse é radial e, nesse caso a equação para a FRR (2.10) resulta em[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m l(l + 1) r2 + 1 2 mω2r2 ] U(r) = EU(r). (2.86) Essa equação pode ser reescrita de um modo mais conveniente ~2 2m [ − d2 dr2 + l(l + 1) r2 + m2ω2 ~2 r2 ] U(r) = EU(r), (2.87) onde definimos o hamiltoniano Hl ≡ ~2 2m [ − d2 dr2 + l(l + 1) r2 + m2ω2 ~2 r2 ] . (2.88) Para que SUSYQM seja aplicável ao OHT, é preciso que o hamiltoniano anterior possa ser fatorado como o produto de dois operadores A e A†, como foi discutido na introdução. 26 Fatoração da equação radial Pela forma dos termos do hamiltoniano (2.88), procuramos uma fatoração Hl = ( −αd dr + β(l + δ) r − γr )( αd dr + β(l + δ) r − γr ) , (2.89) onde α, β e γ são constantes ainda indeterminadas. Não é possível encontrar α, β e γ de tal maneira que a equação (2.89) seja cumprida exatamente. Entretanto, escolhendo α = β = ~/ √ 2m e γ = ω √ m/2 construímos os operadores Alδ ≡ ~√ 2m [ − d dr + (l + δ) r − mω ~ r ] , (2.90a) A † lδ ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + δ) r − mω ~ r ] , (2.90b) que são tais que AlδA † lδ = ~2 2m [ − d2 dr2 + (l + δ)(l + δ + 1) r2 + (mω ~ )2 r2 − mω ~ (2l + 2δ − 1) ] . (2.91) O resultado da troca dos operadores fornece A † lδ Alδ = ~2 2m [ − d2 dr2 + (l + δ − 1)(l + δ) r2 + (mω ~ )2 r2 − mω ~ (2l + 2δ + 1) ] . (2.92) Solucionando as equações (l + δ)(l + δ + 1) = l(l + 1) e (l + δ − 1)(l + δ) = l(l + 1) vemos que o produto de operadores da forma (2.91) pode ser escrito como a soma do hamiltoniano Hl e uma constante unicamente no caso δ = 0. Similarmente, com um produto de operadores da forma (2.92) se obtém o mesmo hamiltoniano mais uma constante com δ = 1. Adicionando a quantidade −~ω(2l − 1)/2 nos dois lados da equação (2.87) obtemos Al0A † l0 U(r) = [ E − 1 2 ~ω(2l − 1) ] U(r). (2.93) Analogamente, adicionando −~ω(2l+ 3)/2 nos dois lados da mesma equação obtemos A † l1 Al1U(r) = [ E − 1 2 ~ω(2l + 3) ] U(r). (2.94) 27 Definição dos operadores escada Como no caso do AHNR, a forma da equação (2.93) sugere estudar a pos- sibilidade de se encontrar uma função normalizável U+ l0 (r) que cumpra com A † l0 U + l0 (r) = 0. Similarmente (2.94) sugere procurar outra função norma- lizável U−l1 (r) que satisfaça Al1U−l1 (r) = 0. Explicitamente, essas equações diferenciais são [ d dr + l r − mω ~ r ] U+ l0 (r) = 0, (2.95a)[ − d dr + (l + 1) r − mω ~ r ] U−l1 (r) = 0, (2.95b) e as soluções são U+ l0 (r) = C1r −l exp [mω 2~ r2 ] , (2.96a) U−l1 (r) = C2r l+1 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.96b) nas quais C1 e C2 são constantes. As funções da forma (2.96a) são não normalizáveis, entretanto, no caso das funções do tipo (2.96b) temos∫ ∞ 0 [ U−l1 (r) ]2 dr = C2Γ[l + 3/2] [ ~ mω ]l+3/2 . (2.97) Desses resultados é possível concluir que unicamente (2.94) pode ser utilizada para o estudo do OAT com formalismo da SUSYQM. Identificação de SUSYQM no sistema Na subseção anterior vimos que os operadores adequados para a fatoração são Al1 ≡ ~√ 2m [ − d dr + (l + 1) r − mω ~ r ] , (2.98a) A † l1 ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + 1) r − mω ~ r ] . (2.98b) De maneira análoga aos operadores (2.45), esses operadores também podem ser considerados como operadores escada, o operador Al1 é um operador de destruição devido à existência de um estado fundamental, que pode ser des- truído pela ação deste operador. Com esses operadores, Al1 e A † l1 , também 28 é possível introduzir os operadores de carga e o superhamiltoniano com ha- miltonianos componentes A † l1 Al1 = ~2 2m [ − d2 dr2 + l(l + 1) r2 + (mω ~ )2 r2 − mω ~ (2l + 3) ] , (2.99) e Al1A † l1 = ~2 2m [ − d2 dr2 + (l + 1)(l + 2) r2 + (mω ~ )2 r2 − mω ~ (2l + 1) ] . (2.100) Assim, o OAT pode ser estudado totalmente com o formalismo da SUSYQM, pois o hamiltoniano A †l1Al1 que compõe o superhamiltoniano difere somente de uma constante do hamiltoniano Hl do OHT. Autofunção e autoenergia do estado fundamental Vimos que unicamente a equação A † l1 Al1U(r) = [ E − 1 2 ~ω(2l + 3) ] U(r), (2.101) é adequada para o estudo do OHT com o formalismo da SUSYQM. A FRR de estado base pode ser construído utilizando as relações (2.95b) e (2.97), dita FRR é U (0)(r) = √ (mω/~)l+3/2 Γ[l + 3/2] rl+1 exp [ −mω 2~ r2 ] . (2.102) Substituindo essa função em (2.101), encontramos a autoenergia associada com o estado fundamental EU(0) = ~ω ( l + 3 2 ) . (2.103) Invertendo o ordem dos operadores na equação (2.101) podemos obter uma nova equação Al1A † l1 V(r) = [ E − 1 2 ~ω(2l + 1) ] V(r). (2.104) As equações (2.101) e (2.104) são vinculadas por SUSYQM. Os lados direitos das relações (2.101) e (2.104) são diferentes, o termo ~ω(2l + 3) pode ser obtido do termo ~ω(2l+ 1) fazendo a substituição l→ l+ 1, nos cálculos das 29 energias essa diferença precisa ser considerada. Explicitamente as equações (2.101) e (2.104) podem ser escritas como[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m l(l + 1) r2 + 1 2 mω2r2 − E ] U(r) = 0, (2.105a)[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 1)(l + 2) r2 + 1 2 mω2r2 − E ] V(r) = 0,(2.105b) a equação (2.105b) pode ser obtida de (2.105a) com a troca l→ l + 1, logo V(0)(r) = √ (mω/~)l+5/2 Γ[l + 5/2] rl+2 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.106a) EV(0) = ~ω ( l + 5 2 ) . (2.106b) Autofunções e autoenergias dos estados excitados Com as autofunções de estado fundamental calculadas podemos obter as autofunções dos estados exitados utilizando as relações apresentadas na In- trodução, as quais neste caso são U (n+1)(r) ∼ A†V(n)(r), (2.107a) V(n)(r) ∼ AU (n+1)(r), (2.107b) EU = EV(l→ l + 1), (2.107c) em (2.107c) introduziu-se a correção de l → l + 1 da qual se falou ante- riormente. Utilizando (2.106), (2.107a) e (2.107c) temos que a autofunção não-normalizada e autoenergia do primeiro estado excitado são U (1)(r) ∼ A†rl+2 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.108a) EU(1) = ~ω ( l + 7 2 ) . (2.108b) Em analogia a (2.105) podemos construir o sistema de equações[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 1)(l + 2) r2 + 1 2 mω2r2 − E ] V(r) = 0,(2.109a)[ − ~2 2m d2 dr2 + ~2 2m (l + 2)(l + 3) r2 + 1 2 mω2r2 − E ] W(r) = 0,(2.109b) 30 essas equações são construídas utilizando os operadores A † l2 Al2 e Al2A † l2 respetivamente, assim em analogia à construção de (2.102) e (2.103) temos que W(0)(r) = rl+3 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.110a) EW(0) = ~ω ( l + 7 2 ) . (2.110b) das quais em analogia à construção de (2.108) temos V(1)(r) ∼ A † 2 r l+3 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.111a) EV(1) = ~ω ( l + 9 2 ) , (2.111b) com a qual podemos gerar a segunda autofunção de estado excitado do con- junto {U(r)}, utilizando (2.107) obtemos U (2)(r) ∼ A † 1 A † 2 r l+3 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.112a) EU(2) = ~ω ( l + 11 2 ) . (2.112b) na qual A † 1 ≡ A†. É possível mostrar que as relações (2.102), (2.103), (2.108) e (2.112) são casos particulares das relações gerais Unl(r) ∼ A † l1 A † l2 · · ·A † ln r l+n+1 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.113a) Enl = ~ω ( 2n+ l + 3 2 ) . (2.113b) De (2.113a) temos que a expressão para as autofunções radiais não normali- zadas é Rnl(r) ∼ 1 r n∏ i=1 A † li r l+n+1 exp [ −mω 2~ r2 ] . (2.114) onde ∏n i=1A † li = A † l1 A † l2 · · ·A † ln sendo o ordem dos operadores relevante. Exemplos Apresentaremos alguns exemplos do cálculo de diferentes autofunções radiais não normalizadas Rnl(r) ∼ 1 r n∏ i=1 A † li r l+n+1 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.115) 31 onde os operadores A † li são escritas como A † li ≡ ~√ 2m [ d dr + (l + i) r − mω ~ r ] . (2.116) Escolhendo alguns valores de n e l para os quais o estado tem a mesma energia, podemos escrever a seguinte tabela n l Rnl(r) Enl 0 0 R00(r) 3~ω/2 0 1 R01(r) 5~ω/2 1 0 R10(r) 7~ω/2 0 2 R02(r) 7~ω/2 1 1 R11(r) 9~ω/2 0 3 R03(r) 9~ω/2 2 0 R20(r) 11~ω/2 1 2 R12(r) 11~ω/2 0 4 R04(r) 11~ω/2 Calculando algumas destas autofunções temos Caso n = 0: De (2.115), vemos que neste caso o produto dos operadores é igual á identi- dade, logo R0l(r) ∼ rl exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.117) assim, alguns casos particulares são R00(r) ∼ exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.118a) R01(r) ∼ r exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.118b) R02(r) ∼ r2 exp [ −mω 2~ r2 ] , (2.118c) R03(r) ∼ r3 exp [ −mω 2~ r2 ] . (2.118d) Caso n = 1: Neste caso precisa-se aplicar unicamente um dos operadores R1l(r) ∼ 1 r A † l1 r l+2 exp ( −mω 2~ r2 ) , = 1 r ~√ 2m [ d dr + l + 1 r − mω ~ r ] rl+2 exp ( −mω 2~ r2 ) , = 2~√ 2m [( l + 3 2 ) − mω ~ r2 ] rl exp ( −mω 2~ r2 ) . (2.119) 32 assim, alguns casos particulares são R10(r) ∼ 2~√ 2m [( 3 2 ) − mω ~ r2 ] r exp ( −mω 2~ r2 ) , (2.120a) R11(r) ∼ 2~√ 2m [( 5 2 ) − mω ~ r2 ] r1 exp ( −mω 2~ r2 ) , (2.120b) R12(r) ∼ 2~√ 2m [( 7 2 ) − mω ~ r2 ] r2 exp ( −mω 2~ r2 ) , (2.120c) R13(r) ∼ 2~√ 2m [( 9 2 ) − mω ~ r2 ] r3 exp ( −mω 2~ r2 ) . (2.120d) Todas essas funções são iguais às FR não-normalizadas que podem ser obtidas com a equação (2.84) o qual é o método apresentado nos textos usuais [15]. 33 Capítulo 3 Caso relativístico 3.1 Introdução Uma das equações com as quais se estudam muitos sistemas da Mecânica Quântica Relativística é a equação de Dirac (ED) [24]. A ES é uma equa- ção não-relativística que, em representação de coordenadas, pode-se escrever como [ − ~2 2m ∑ j ∂2 ∂xj2 + V (r , t)− i~ ∂ ∂t ] Ψs(r , t) = 0, (3.1) a forma dessa equação mostra, evidentemente, a sua não covariância e, quando substituindo os operadores desta equação pelas variáveis dinâmicas correspondentes obtemos a equação clássica E = p2/2m+ V (r , t). Em par- ticular, esse resultado implica que as partículas com momento zero e que não estão no interior de um potencial, não têm energia, este fato mostrando que a ES não pode descrever partículas para as quais a sua energia em repouso m0c 2 é relevante. Uma generalização relativística e covariante da ES tem que apresentar a mesma ordem nas derivadas para as diferentes coordenadas e, no caso de momento p e potencial zero, as partículas devem ter uma energia de repouso m0c 2. Dessa ultima consideração, vemos que a nova equação pre- cisa de um novo termo que dependa da energia em repouso. A apropriada extensão relativística da ES é a ED[ −i~cα̂ · ∇+m0c 2β̂ + V (r , t)− i~ ∂ ∂t ] Ψd(r , t) = 0, (3.2) onde α̂ = ( 0 σ̂ σ̂ 0 ) , β̂ = ( 1 0 0 −1 ) , (3.3) 34 e Ψd(r , t) é o espinor de Dirac [24]. Dois sistemas relativísticos que podem ser estudados com a ED são o Átomo de Hidrogênio Relativístico (AHR) e o Oscilador de Dirac (OA). 3.2 Átomo de Hidrogênio: V (r) ∼ r−1 3.2.1 Introdução O estudo do AHNR foi apresentado no segundo capítulo. Importantes efeitos do AH só podem ser discutidos em análises relativísticas desse sistema, que podem ser feitas utilizando a ED para o elétron no interior do mesmo po- tencial de Coulomb gerado pelo núcleo utilizado no segundo capítulo V (r) = −k/r [25], neste caso a ED (3.2) resulta em[ −i~cα̂ · ∇+m0c 2β̂ − k r − i~ ∂ ∂t ] Ψ(r , t) = 0, (3.4) possíveis simetrias do AHR foram fortemente discutidas [26]. A equação (3.4) pode ser resolvida perturbativamente [27] e diretamente utilizando coorde- nadas esféricas [15], neste ultimo caso definimos o operador ~k̂ = β̂ [ σ̂′ · L̂+ ~ ] , (3.5) no qual, substituindo o momento angular L̂ = −i~r̂ ×∇, obtemos ~k̂ = β̂ [−i~σ̂′ · (r̂ ×∇) + ~] , = −i~β̂σ̂′ · (r̂ ×∇) + ~β̂, (3.6) utilizando a propriedade iσ̂′ · ( Â× B̂ ) = ( α̂ ·  )( α̂ · B̂ ) −  · B̂, (3.7) podemos escrever ~k̂ = −~β̂ [(α̂ · r̂) (α̂ · ∇)− r̂ · ∇] + ~β̂, = −~β̂ (α̂ · r̂) (α̂ · ∇) + ~β̂r̂ · ∇+ ~β̂, (3.8) multiplicando por r−1β̂ os dois lados da equação e utilizando a propriedade β̂2 = Î, obtemos ~r−1β̂k̂ = −~ ( α̂ · r−1r̂ ) (α̂ · ∇) + r−1 ( ~r̂ · ∇+ ~Î ) , (3.9) 35 na qual o operador r−1r̂ = êr é o operador vetor unitário na direção da coordenada r . Decompondo o operador vetor α̂ em coordenadas esféricas e fazendo a multiplicação dos dois lados da equação pela matriz α̂r, temos ~ α̂r r β̂k̂ = −~α̂2 r (α̂ · ∇) + α̂r r (~r̂ · ∇+ ~) , (3.10) assumindo que α̂2 r = Î, multiplicando toda a equação por i e olhando a unica componente não trivial ao fazer atuar o operador ∇, é a componente radial, obtemos por fim −i~α̂ · ∇ = i~ α̂r r β̂k̂ − i α̂r r ( ~r̂ · êr ∂ ∂r + ~ ) , = i~ α̂r r β̂k̂ − i~α̂r ∂ ∂r − i~ α̂r r , (3.11) substituindo esse resultado na ED para o AHR (3.4), resulta[ i~c α̂r r β̂k̂ − i~cα̂r ∂ ∂r − i~cα̂r r +m0c 2β̂ − k r − i~ ∂ ∂t ] Ψ(r , t) = 0, (3.12) procurando uma solução da forma Ψ(r , t) = ψ(r)φ(t), observa-se que nossa ED é equivalente às duas equações i~ dφ(t) dt = Eφ(t), com solução φ(t) = exp ( −iEt ~ ) (3.13) e [ i~c α̂r r β̂k̂ − i~cα̂r d dr +m0c 2β̂ − k r − i~cα̂r r − E ] ψ(r) = 0 (3.14) nas quais E é uma constante de separação. Explicitamente a equação (3.14) resulta em i~c k̂ r ( 0 i i 0 )( F (r) G(r) ) + ~c d dr ( 0 −I I 0 )( F (r) G(r) ) +m0c 2 ( I 0 0 −I )( F (r) G(r) ) + ~ c r ( 0 −I I 0 )( F (r) G(r) ) = [ E + k r ]( I 0 0 I )( F (r) G(r) ) , (3.15) a qual é equivalente as duas equações ~c dG dr + ~c κ r G− [ E +m0c 2 + k r ] F = 0, (3.16a) ~c dF dr − ~c κ r F + [ E −m0c 2 + k r ] G = 0, (3.16b) 36 lembrando que k = e2/4πε0 podemos escrever as equações anteriores como dG dr + κ r G− [ E +m0c 2 ~c + α r ] F = 0, (3.17a) dF dr − κ r F + [ E −m0c 2 ~c + α r ] G = 0, (3.17b) onde α = e2/4πε0~c é a constante de estrutura fina. Vimos que encontrar a solução de (3.4) é equivalente a encontrar a solução do sistema (3.17), esse sistema pode ser resolvido perturbativamente [27], resolvendo as equações diferenciais utilizando series de potencias [15] ou utilizando o formalismo da SUSYQM [28], a relação deste ultimo método e as autofunções do estado fundamental é brevemente discutida em [29], propriedades gerais das auto- funções foram estudadas em [30]. 3.2.2 Solução explícita da equação diferencial radial Como foi feito no capítulo anterior, aqui solucionamos o sistema de equações radiais (3.17), estudando inicialmente os casos limites das equações para poder determinar a forma das soluções gerais do sistema O limite r → 0 Neste caso os termos proporcionais a r−1 em (3.17) crescem rapidamente e, as equações podem se aproximar por dGr→0 dr + κ r Gr→0 − α r Fr→0 = 0, (3.18a) dFr→0 dr − κ r Fr→0 + α r Gr→0 = 0. (3.18b) Este tipo de sistema de equações pode ser resolvido assumindo uma solução da forma Gr→0(r) = arδ e Fr→0(r) = brδ, onde a, b, δ, γ são constantes, substituindo em (3.18), obtemos δarδ−1 + κarδ−1 − αbrδ−1 = 0, (3.19a) δbrδ−1 − κbrδ−1 + αarδ−1 = 0, (3.19b) onde as igualdades só serão satisfeitas se a(δ + κ)− bα = 0, (3.20a) b(δ − κ) + aα = 0, (3.20b) 37 esse sistema tem solução se Det ( δ + κ −α α δ − κ ) = 0, é dizer δ = ± √ κ2 − α2. (3.21) A condição de normalização da função de onda exige que a integral∫ ∞ c ( F 2 r→0 +G2 r→0 ) dr ∼ ∫ ∞ c r2δdr, (3.22) seja finita. Para isso precisa-se que δ < −1/2, assim, de (3.21) temos a condição δ = − √ κ2 − α2 < −1 2 . (3.23) O limite r →∞ Nesse caso os termos proporcionais ao r−1 em (3.17), podem ser desprezados, assim temos dGr→∞ dr − E +m0c 2 ~c Fr→∞ = 0, (3.24a) dFr→∞ dr + E −m0c 2 ~c Gr→∞ = 0, (3.24b) fazendo as trocas ρ = 2ξr, ξ = √ m2 0c 4 − E2 ~c , (3.25) nas equações (3.24), estas ficam da forma dGρ→∞ dρ − E +m0c 2 2~cξ Fρ→∞ = 0, (3.26a) dFρ→∞ dρ + E −m0c 2 2~cξ Gρ→∞ = 0, (3.26b) essas equações podem ser desacopladas diretamente, obtendo d2Gρ→∞ dρ2 + E2 −m2 0c 4 (2~cξ)2 Gρ→∞ = 0, (3.27a) d2Fρ→∞ dρ2 + E2 −m2 0c 4 (2~cξ)2 Fρ→∞ = 0, (3.27b) nas quais substituindo o ξ de (3.25) resultam d2Gρ→∞ dρ2 − 1 4 Gρ→∞ = 0, (3.28a) d2Fρ→∞ dρ2 − 1 4 Fρ→∞ = 0, (3.28b) 38 essas equações têm as soluções gerais Gρ→∞ = aeρ/2 + be−ρ/2, (3.29a) Fρ→∞ = ceρ/2 + de−ρ/2, (3.29b) nas quais a, b, c e d são constantes, no entanto os termos exponenciais posi- tivos não são normalizáveis, portanto não devem ser considerados. Assim Gρ→∞ = be−ρ/2, (3.30a) Fρ→∞ = de−ρ/2. (3.30b) o que diz que para grandes distâncias as funções G e E decrescem exponen- cialmente. Autofunções radiais Substituindo em (3.17) as trocas (3.25) obtemos dG dρ + κ ρ G− [ E +m0c 2 2~cξ + α ρ ] F = 0, (3.31a) dF dρ − κ ρ F + [ E −m0c 2 2~cξ + α ρ ] G = 0. (3.31b) Para procurar a solução geral deste sistema de equações, suponhamos que as funções G e F podem ser escritas como a soma e a subtração de duas outras funções ainda desconhecidas, ou seja G = ϕ1 + ϕ2 e F = ϕ1 − ϕ2. No entanto, nas subseções anteriores estudou-se o comportamento dessas funções para pequenas e grandes distâncias, primeiramente vamos incluir o comportamento para grandes distâncias fazendo que a ϕ1 = e−ρ/2η1 e ϕ2 = e−ρ/2η2, assim G = e−ρ/2 (η1 + η2) e F = e−ρ/2 (η1 − η2). As relações( m0c 2 + E ~cξ )2 = m0c 2 + E m0c2 − E , ( m0c 2 − E ~cξ )2 = m0c 2 − E m0c2 + E (3.32) fazem que seja conveniente escrever as funções G e F como G = √ m0c2 + Ee−ρ/2 (φ1 + φ2) , (3.33a) F = √ m0c2 − Ee−ρ/2 (φ1 − φ2) . (3.33b) Substituindo (3.33) em (3.31), obtemos o sistema[ κ ρ − 1 2 ] (φ1 + φ2)+ dφ1 dρ + dφ2 dρ − [ E +m0c 2 2~cξ + α ρ ]√ m0c 2 − E m0c2 + E (φ1 − φ2) = 0 (3.34) 39 e[ κ ρ + 1 2 ] (φ1 − φ2)− dφ1 dρ + dφ2 dρ − [ E −m0c 2 2~cξ + α ρ ]√ m0c 2 + E m0c2 − E (φ1 + φ2) = 0 (3.35) subtraindo e adicionando as equações anteriores, obtemos 2κ ρ φ2−φ1+2 dφ1 dρ −α ρ ( m0c 2 − E ~cξ ) (φ1 − φ2)+ α ρ ( m0c 2 + E ~cξ ) (φ1 + φ2) = 0 (3.36) e 2κ ρ φ1−φ2+2 dφ2 dρ −α ρ ( m0c 2 − E ~cξ ) (φ1 − φ2)− α ρ ( m0c 2 + E ~cξ ) (φ1 + φ2) = 0 (3.37) é dizer dφ1 dρ − ( 1− αE ~cξρ ) φ1 + ( κ ρ + αm0c 2 ~cξρ ) φ2 = 0, (3.38a) dφ2 dρ − αE ~cξρ φ2 + ( κ ρ − αm0c 2 ~cξρ ) φ2 = 0, (3.38b) Na obtenção das equações (3.33) apenas foram utilizadas as funções Gρ→∞ e Fρ→∞ que dão o comportamento das G e F para grandes distâncias, porém as funções Gρ→0 e Fρ→0 que dão o comportamento das mesmas funções para pequenas distâncias, ainda não foram utilizadas. Incluindo essas últimas funções, vamos assumir que em (3.38) φ1 = ρδ ∞∑ k=0 akρ k, φ2 = ρδ ∞∑ k=0 bkρ k, (3.39) assim temos ak (k + δ)− ak−1 + αE ~cξ ak + ( κ+ αm0c 2 ~cξ ) bk = 0, (3.40a) bk (k + δ)− αE ~cξ bk + ( κ− αm0c 2 ~cξ ) bk = 0, (3.40b) de (3.40b) bk = αm0c 2/~cξ − κ k + δ − αE/~cξ ak, (3.41) substituindo em (3.40a) ak−1 = ak [ k + δ + αE ~cξ + ( κ+ αm0c 2 ~cξ ) αm0c 2/~cξ − κ k + δ − αE/~cξ ] , (3.42) 40 multiplicando essa expressão por k + δ − αE/~cξ ak−1 ( k + δ − αE ~cξ ) = ak [ (k + δ)2 − ( αE ~cξ )2 + ( αm0c 2 ~cξ )2 − κ2 ] = ak [ k(k + 2δ)− (α)2 − ( αE ~cξ )2 + ( αm0c 2 ~cξ )2 ] , (3.43) desprezando os termos de ordem superior ao primeiro em α, temos ak = k + δ − αE/~cξ k(k + 2δ) ak−1, (3.44) dessa e (3.41) bk = k − 1 + δ − αE/~cξ k(k + 2δ) bk−1, (3.45) substituindo em (3.39) φ1 = ρδ ∞∑ k=1 k + δ − αE/~cξ k(k + 2δ) ak−1ρ k = ρδa0 ∞∑ k=1 (1 + δ − αE/~cξ) (2 + δ − αE/~cξ) . . . (k + δ − αE/~cξ) k!(1 + 2δ)(2 + 2δ) . . . (k + 2δ) ρk = a0ρ δ 1F1 (1 + δ − αE/~cξ, 1 + 2δ; ρ) (3.46) e φ2 = ρδ ∞∑ k=1 k − 1 + δ − αE/~cξ k(k + 2δ) bk−1ρ k = ρδb0 ∞∑ k=1 (δ − αE/~cξ) (1 + δ − αE/~cξ) · · · (k − 1 + δ − αE/~cξ) k!(1 + 2δ)(2 + 2δ) . . . (k + 2δ) ρk = b0ρ δ 1F1 (δ − αE/~cξ, 1 + 2δ; ρ) , (3.47) essa última pode-se escrever em função do a0 com a ajuda da relação (3.41) φ2 = a0ρ δ(αm0c 2/~cξ−κ)/(δ−αE/~cξ) 1F1 (δ − αE/~cξ, 1 + 2δ; ρ) . (3.48) Para que as funções 1F1 de (3.46), (3.47) e (3.48) sejam normalizáveis tem que se cumprir [ver apêndice] η′ = αE/~cξ − δ, η′ = 0, 1, 2, · · · , (3.49) 41 assim, substituindo (3.46) e (3.47) em (3.33) temos que as FRR são G = Cρδe−ρ/2 × [ 1F1 (1 + η, 1 + 2δ; ρ) + (αm0c 2/~cξ − κ)/η 1F1 (η, 1 + 2δ; ρ) ] (3.50) e F = Cρδe−ρ/2 × [ 1F1 (1 + η, 1 + 2δ; ρ)− (αm0c 2/~cξ − κ)/η 1F1 (η, 1 + 2δ; ρ) ] (3.51) onde C = a0 √ m0c2 + E. Autoenergias Com a expressão (3.49) podemos definir o número quântico principal n = αE/~cξ− δ+ |κ| = ZαE/~cξ− δ+ j+ 1/2, n = 0, 1, 2, · · · , (3.52) ou seja n = ZαE√ m2 0c 4 − E2 − δ + j + 1/2, n = 0, 1, 2, · · · (3.53) logo, os valores próprios de energia En são En = m0c 2 1 + (Zα)2[ n− j − 1 2 + [( j + 1 2 )2 − (Zα)2 ]1/2]2  −1/2 , n = 0, 1, 2, · · · ; j = 1/2, 3/2, 5/2, · · · . (3.54) Na teoria de Dirac o elétron do AHR tem um espectro de energias diferente do encontrado no caso do AHNR [15]. 42 3.2.3 Solução via SUSYQM Na introdução dessa seção apresentou-se a solução da ED para o AHR. O estudo foi focado na solução das equações radiais, feito na subseção 3.2.2 resolvendo diretamente as equações diferenciais pelo método de substituição em série de potências. Em particular mostrou-se que as autoenergias de- pendem apenas da coordenada radial. Nesta subseção equações diferenciais radiais (3.17) dGκ dr + κ r Gκ − [ E +m0c 2 ~c + α r ] Fκ = 0, (3.55a) dFκ dr − κ r Fκ + [ E −m0c 2 ~c + α r ] Gκ = 0, (3.55b) serão resolvidas utilizando as técnicas próprias da SUSYQM [28]. Nas equa- ções anteriores é possível fazer um reagrupamento de termos dGκ dr + 1 r [κGκ − αFκ]− [ E +m0c 2 ~c ] Fκ = 0, (3.56a) dFκ dr − 1 r [κFκ − αGκ] + [ E −m0c 2 ~c ] Gκ = 0. (3.56b) Em principio esse reagrupamento só é possível pelo fato de que o potencial é o potencial de Coulomb. Equação diferencial matricial A importância do reagrupamento anterior radica no fato que assim é possível escrever as equações como uma só equação diferencial matricial( G′κ F ′κ ) + [1 r ( κ −α α −κ ) − ( 0 [m0c 2 + E] /~c [m0c 2 − E] /~c 0 )]( Gκ Fκ ) = 0, (3.57) na qual o símbolo ′ significa derivação da função com respeito à coordenada radial. Nem todas as matrizes da equação (3.57) são diagonais. Esse fato indica que as equações (3.56) não podem se desacoplar diretamente. Com o fim de gerar um sistema desacoplado de combinações lineares das funções Gκ e Fκ, pode-se calcular a matriz diagonalizante D da matriz não-diagonal. Em verdade, para nosso caso, o importante é a matriz D−1. Essa matriz é D−1 = ( s+ κ −α −α s+ κ ) , (3.58) 43 onde s = √ κ2 − γ2. Multiplicando a equação (3.57) pela esquerda com essa matriz, obtemos d dr ( (s+ κ)Gκ − αFκ (s+ κ)Fκ − αGκ ) + s r ( (s+ κ)Gκ − αFκ αGκ − (s+ κ)Fk ) = 1 ~c ( m0c 2 [(s+ κ)Fκ − αGκ] + E [(s+ κ)Fκ + αGκ] m0c 2 [(s+ κ)Gκ − αFκ]− E [(s+ κ)Gk + αFκ] ) , (3.59) que sugere escolher Gκ(ρ) = (s+ κ)Gκ − αFκ e Fκ(ρ) = (s+ κ)Fκ − αGκ como possíveis funções para separar o sistema. Embora, a última matriz não apresenta unicamente estas duas funções, o sistema AGκ(ρ) +BFκ(ρ) = (s+ κ)Fκ + αGκ e CGκ(ρ) +DFκ(ρ) = (s+ κ)Gk + αFκ, tem solução para A = D = α/s e B = C = κ/s, logo (3.59) pode-se escrever como d dr ( Gκ Fκ ) + s r ( Gκ −Fκ ) = 1 ~c ( m0c 2Fκ + E [(α/s)Gκ + (κ/s)Fκ] m0c 2Gκ − E [(κ/s)Gκ + (α/s)Fκ] ) , (3.60) da qual fazendo a troca ρ = Er pode-se escrever como as duas equações( d dρ + s ρ − α ~cs ) Gκ(ρ) = 1 ~c ( m0c 2 E + κ s ) Fκ(ρ), (3.61a)( − d dρ + s ρ − α ~cs ) Fκ(ρ) = − 1 ~c ( m0c 2 E − κ s ) Gκ(ρ), (3.61b) que embora ainda acopladas, se podem desacoplar, utilizando os métodos da SUSYQM. Definição dos operadores de escada Os operadores diferenciais que fazem parte das equações de autovalores (3.61) são adjuntos ( d dρ + s ρ − γ ~cs )† = ( − d dρ + s ρ − γ ~cs ) , (3.62) para esses operadores podemos procurar funçõesR+(ρ) eR−(ρ) que cumpram( d dρ + s ρ − γ ~cs ) R+ = 0, (3.63a)( − d dρ + s ρ − γ ~cs ) R− = 0. (3.63b) 44 As soluções gerais dessas equações são R+(ρ) = C1ρ −s exp ( γ ~cs ρ ) , (3.64a) R−(ρ) = C2ρ s exp ( − γ ~cs ρ ) , (3.64b) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias. As funções da forma (3.64a) não podem se normalizar e, no caso das funções da forma (3.64b) temos∫ ∞ 0 [ R−(ρ) ]2 dρ = C2 2 ( ~cs 2γ )2s+1 Γ(2s+ 1). (3.65) Desses resultados podemos concluir que unicamente (3.63b) oferece a possi- bilidade de encontrar uma autofunção normalizável que possa ser destruída pela aplicação de um operador. Definimos os operadores A† ≡ d dρ + s ρ − γ ~cs , (3.66a) A ≡ − d dρ + s ρ − γ ~cs . (3.66b) Veremos que esses operadores são importantes para mostrar que o sistema segue a álgebra da SUSYQM. Desacople das equações Com a definição dos operadores de escada, pode-se escrever as equações (3.61) como A†Gκ(ρ) = 1 ~c ( m0c 2 E + κ s ) Fκ(ρ), (3.67a) AFκ(ρ) = − 1 ~c ( m0c 2 E − κ s ) Gκ(ρ). (3.67b) multiplicando a primeira dessas equações por A e a segunda por A† temos AA†Gκ(ρ) = 1 ~c ( m0c 2 E + k s ) AFκ(ρ), (3.68a) A†AFκ(ρ) = − 1 ~c ( m0c 2 E − k s ) A†Gκ(ρ). (3.68b) 45 de (3.67) e (3.68) obtemos as duas equações desacopladas A†AFκ(ρ) = 1 (~c)2 [(κ s )2 − ( m0c 2 E )2 ] Fκ(ρ), (3.69a) AA†Gκ(ρ) = 1 (~c)2 [(κ s )2 − ( m0c 2 E )2 ] Gκ(ρ), (3.69b) que são duas equações de valores próprios. Identificação de SUSYQM no sistema Com os operadores A† ≡ d dρ + s ρ − γ ~cs , (3.70a) A ≡ − d dρ + s ρ − γ ~cs . (3.70b) podemos construir os operadores de carga e o superhamiltoniano H ≡ ( A†A 0 0 AA† ) , (3.71) do qual os os hamiltonianos componentes são A†A = − d2 dρ2 − 2α ~cρ + s(s− 1) ρ2 + ( α ~cs )2 , (3.72a) AA† = − d2 dρ2 − 2α ρ + s(s+ 1) ρ2 + ( α ~cs )2 . (3.72b) logo o sistema de equações radiais pode ser estudado com o formalismo da SUSYQM. Autofunção e autoenergia do estado fundamental A função de onda do estado fundamental F (0) k (ρ) tem de satisfazer AF (0) k (ρ) = 0, que é justamente a propriedade satisfeita pelas funções do tipo (3.64b), logo, de (3.65) temos F (0) κ (ρ) = ρs exp [ − α ~cs ρ ] , (3.73) 46 substituíndo essa função em (3.69a) obtemos que o valor da energia neste estado E(0) Fk é E (0) Fκ 2 = m 2 0 c 4s2 α2 + s2 . (3.74) Utilizando a propriedade κ2 = s2 + α2 podemos escrever (3.69) como[ − d2 dρ2 − 2α ~cρ + s(s− 1) ρ2 + (m0c ~E )2 − 1 ] Fκ(ρ) = 0, (3.75a)[ − d2 dρ2 − 2α ~cρ + s(s+ 1) ρ2 + (m0c ~E )2 − 1 ] Gκ(ρ) = 0, (3.75b) em que a única diferença entre os operadores diferenciais nessas duas equa- ções é o terceiro termo. A segunda equação pode ser obtida a partir da substituição s → s + 1. Similarmente ao segundo capítulo, tem de existir um hamiltoniano H1 = A†1A1, que de uma forma completamente análoga à (3.69a) satisfaça a equação H1Gκ = EGκ, assim, analogamente a (3.73) e (3.74), temos que a função do estado fundamental e a sua correspondente autoenergia no caso de Gκ são G(0)κ (ρ) = ρs+1 exp [ − α ~c(s+ 1) ρ ] , (3.76a) E (0) Gκ = m0c 2(s+ 1) [α2 + (s+ 1)2]1/2 . (3.76b) Com as autofunções e as autoenergias desses estados fundamentais, é possível obter as autofunções e as autoenergias dos estados excitados. Autofunções e autoenergias dos estados excitados As fórmulas gerais das autofunções (não normalizadas) e as autoenergias dos estados excitados apresentados na Introdução nesse caso são F (n+1) κ (ρ) ∼ A†G(n)κ (ρ), (3.77a) G(n)κ (ρ) ∼ AF (n+1) κ (ρ), (3.77b) E (n+1) Fκ = E (n) Gκ . (3.77c) De (3.76)e (3.77) temos F (1) κ (ρ) = A†ρs+1 exp [ − α ~c(s+ 1) ρ ] , (3.78a) E (1) Fκ = m0c 2(s+ 1) [α2 + (s+ 1)2]1/2 , (3.78b) 47 De (3.75) e da discussão anterior temos que com os operadores A1, A†1 pode- mos construir as duas equações[ − d2 dρ2 − 2γ ~cρ + s(s+ 1) ρ2 + (m0c ~E )2 − 1 ] Gκ(ρ) = 0, (3.79a)[ − d2 dρ2 − 2γ ~cρ + s(s+ 2) ρ2 + (m0c ~E )2 − 1 ] Tκ(ρ) = 0, (3.79b) em analogia às equações (3.76) T (0) κ (ρ) = ρs+2 exp [ − α ~c(s+ 2) ρ ] , (3.80a) E (0) Tκ = m0c 2(s+ 2) [α2 + (s+ 2)2]1/2 , (3.80b) e, em analogia a (3.78) G(1)κ (ρ) = A†1ρ s+2 exp [ − α ~c(s+ 2) ρ ] , (3.81a) E (1) Gκ = m0c 2(s+ 2) [α2 + (s+ 2)2]1/2 , (3.81b) dessas relações e das (3.77), podemos escrever F (2) κ (ρ) = A†0A † 1ρ s+2 exp [ − α ~c(s+ 2) ρ ] , (3.82a) E (2) Fκ = m0c 2(s+ 2) [α2 + (s+ 2)2]1/2 , (3.82b) nas quais A†0 ≡ A†. Pode-se mostrar que (3.78) e (3.82) são casos particulares das expressões gerais F (n) κ (ρ) = n−1∏ j=0 A†jρ s+n exp [ − α ~c(s+ n) ρ ] , (3.83a) E (n) Fκ = m0c 2(s+ n) [α2 + (s+ n)2]1/2 . (3.83b) 48 Com as funções F (n) κ podemos obter as funções radiais originais [28], utili- zando as definições de Fκ e Gκ[ G (n) κ F (n) κ ] = 1 2s(s+ κ) [ (s+ κ)G(n)κ + αF (n) κ (s+ κ)F (n) κ + αG(n)κ ] , = 1 2s(s+ κ)~c [ (s+ κ)(κ/s−m0c 2/E)−1A0F (n) κ + αF (n) κ (s+ κ)F (n) κ + α(κ/s−m0c 2/E)−1A0F (n) κ ] , = 1 2s(s+ κ)~c [ s+ κ α α s+ κ ][ (κ/s−m0c 2/E)−1A0F (n) κ F (n) κ ] , (3.84) e as autoenergias são E(n) κ = m0c 2[n+ (κ2 − α2)1/2] [α2 + [n+ (κ2 − α2)1/2]2] 1/2 , (3.85) similarmente ao primeiro capitulo, o símbolo (n) indica o estado. 49 3.3 Oscilador de Dirac: V (r ) ∼ r α̂ · β̂ 3.3.1 Introdução A equação de Dirac livre pode ser escrita como [−i~cα·∇+m0c 2β−i~(∂/∂t)]Ψ = 0, o momento é apresentado linearmente. Entre a grande possibilidade de possíveis potenciais externos podemos incluir um potencial que depende li- nearmente da coordenada radial, no entanto, existe uma quantidade infinita de possíveis potenciais com essa caraterística. Em particular, pode-se con- siderar o potencial V (r) = −icm0ωr α̂ · β̂, como o resultado da substituição não minimal p → p − im0ωr β̂, onde ω é uma constante. Veremos que essa constante é uma frequência de oscilação. Com a introdução desse potencial, a equação de Dirac correspondente é i~ ∂Ψ(r , t) ∂t = [ −icα̂ · ( ~∇+m0ωr β̂ ) +m0c 2β̂ ] Ψ(r , t). (3.86) Esta equação foi primeiramente apresentada por Itô et. al. desenvolvendo estudos de cromodinamica quantica do estudo de modelos de confinamento quark em mesons e baryons [33], revisado por Cook [34] e anos mais tarde redescuberto independentemente por M. Moshinsky et al. [35]. O sistema descrito pela equação (3.86) é conhecido como oscilador de Dirac (OD). As autofunções do OD em três dimensões formam um conjunto completo [36], autofunções e autoenergias do OD podem ser calculadas solucionando di- retamente sua equação diferencial [35] e tambem utilizando os métodos da SUSYQM [37]. Propiedade algebraicas do OD são demostradas em [38]. A relação do OD com alguns problemas de quebra de supersymetria podem ser encontrados em [39]. O OD foi utilizado em diferentes estudos e aplicações, em particular, se estudó o comportamento do OD no interior de um campo magnetico [40] e algumas propriedades estadisticas, fazendo a comparação com o oscilador harmonico [41], recentemente foi aplicado em optica quan- tica [42] e no modelamente de propriedades dos mésons utilizando sistemas partícula-antipartícula [43], uma realiação fotonica do OD foi proposta em [44]. Assumindo que a função de onda mencionada é da forma Ψ(r , t) = ψ(r)φ(t), podemos escrever a equação (3.86) como i~ψ(r) dφ(t) dt = −i~cφ(t)α̂ · ∇ψ(r)− imωcψ(r)φ(t)α̂ · r β̂ +mc2ψ(r)φ(t)β̂, (3.87) 50 a qual vemos que é equivalente às duas equações i~ dφ(t) dt = Eφ(t), com solução φ(t) = exp ( −iEt ~ ) ,(3.88a) −i~cα̂ · ∇ψ(r)− imωcψ(r)α̂ · r β̂ +mc2ψ(r)β̂ = Eψ(r), (3.88b) onde E é uma constante numérica com dimensões de energia. A equação (3.88b) pode ser escrita, explicitamente como( 0 −i~cσ̂ · ∇ −i~cσ̂ · ∇ 0 )( ψ1(r) ψ2(r) ) − ( 0 imωcσ̂ · r imωcσ̂ · r 0 )( I 0 0 −I )( ψ1(r) ψ2(r) ) +mc2 ( I 0 0 −I )( ψ1(r) ψ2(r) ) = E ( I 0 0 I )( ψ1(r) ψ2(r) ) , (3.89) fazendo algumas simplificações, temos( 0 −i~cσ̂ · ∇+ imωcσ̂ · r −i~cσ̂ · ∇ − imωcσ̂ · r 0 )( ψ1(r) ψ2(r) ) = ( E −mc2 0 0 E +mc2 )( ψ1(r) ψ2(r) ) , (3.90) essa equação é equivalente as duas equações acopladas cσ̂ · (−i~∇+ imωr)ψ2(r) = ( E −mc2 ) ψ1(r), (3.91a) cσ̂ · (−i~∇− imωr)ψ1(r) = ( E +mc2 ) ψ2(r), (3.91b) que podem ser desacopladas diretamente. Multiplicando a primeira por (E +mc2), obtemos cσ̂ · (−i~∇+ imωr) ( E +mc2 ) ψ2(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ1(r). (3.92) Em função da equação (3.91b), podemos substituir o termo (E +mc2)ψ2(r) pelo termo - cσ̂ · (i~∇+ imω2r)ψ1(r), assim obtemos uma equação desaco- plada para ψ1(r) c2σ̂ ·(−i~∇+ imωr) σ̂ ·(−i~∇− imωr)ψ1(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ1(r). (3.93) De uma maneira totalmente similar, podemos obter a equação correspondente à componente ψ2(r). Multiplicando (3.91b) por (E −mc2), obtemos cσ̂ · (−i~∇− imωr) ( E −mc2 ) ψ1(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ2(r), (3.94) 51 em função da equação (3.91a), podemos substituir o termo (E −mc2)ψ1(r) pelo termo cσ̂ · (−i~∇+ imω2r)ψ2(r), assim obtemos uma equação desaco- plada para ψ2(r) c2σ̂ ·(−i~∇− imωr) σ̂ ·(−i~∇+ imωr)ψ2(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ2(r). (3.95) Com a função (3.88a) e as funções solução das equações (3.93) e (3.95), podemos obter a função de onda total do OD. É usual fatorar as componentes espaciais do espinor [15] como( ψ1(r) ψ2(r) ) = ( ig(r)Ωjlm (r/r) −f(r)Ωjl′m (r/r) ) , (3.96) logo, temos − i~σ̂ · ∇ ( ψ1(r) ψ2(r) ) = ( ~σ̂ · [∇g(r)]Ωjlm (r/r) + ~g(r)σ̂ · ∇Ωjlm (r/r) −i~σ̂ · [∇f(r)]Ωjl′m (r/r)− i~f(r)σ̂ · ∇Ωjl′m (r/r) ) (3.97) é dizer − i~σ̂ · ∇ ( ψ1(r) ψ2(r) ) =  ~ dg(r) dr ( σ̂ · r r ) Ωjlm (r/r)− g(r) ( 2~ r + 1 r L · σ̂ ) Ωjl′m (r/r) −i~df(r) dr ( σ̂ · r r ) Ωjl′m (r/r)− if(r) ( 2~ r + 1 r L · σ̂ ) Ωjlm (r/r)  (3.98) na qual L é o operador de momento angular, assim −ic~σ̂·∇ ( ψ1(r) ψ2(r) ) =  −c~dg(r) dr Ωjl′m (r/r)− c~g(r) κ+ 1 r Ωjl′m (r/r) −ic~df(r) dr Ωjlm (r/r) + ic~f(r) κ− 1 r Ωjlm (r/r)  , (3.99) além disso, utilizando a relação (3.96), temos imcωσ̂ · r ( ψ1(r) ψ2(r) ) = ( mcωrg(r)Ωjl′m (r/r) imcωrf(r)Ωjlm (r/r) ) (3.100) 52 substituíndo (3.99) e (3.100) em (3.93) e (3.95), obtemos( −c~ d dr − c~κ+ 1 r −m0cωr ) gκ(r) = − [ E +m0c 2 ] fκ(r),( −ic~ d dr + ic~ κ− 1 r + im0cωr ) fκ(r) = [ E −m0c 2 ] igκ(r). (3.101) Essas equações mostram que as energias próprias do OD dependem apenas da coordenada radial. Fazendo as trocas Gκ = rgκ e Fκ = rfκ, temos( c~ d dr + c~ k r +m0cωr ) Gk(r) = [ E +m0c 2 ] Fk(r),( −c~ d dr + c~ k r +m0cωr ) Fk(r) = [ E −m0c 2 ] Gk(r), (3.102) conjunto de equações que formam a parte radial do OD. Desacople de equações Nesta subseção estamos interessados na interpretação das equações (3.93) e (3.95), as quais são as equações diferenciais para cada uma das componentes do espinor da equação diferencial do OD. A equação (3.93) pode ser escrita como( E2 −m2c4 ) ψ1(r) = c2σ̂iσ̂j [ −~2∇i∇j − ~mω (∇irj) − ~mωrj∇i + ~mωri∇j +m2ω2rirj ] ψ1(r) (3.103) e aplicando a propriedade das matrizes de Pauli σ̂iσ̂j = δ̂ij + iεijkσ̂k obtemos ( E2 −m2c4 ) ψ1(r) = c2 [ −~2∇2 +m2ω2r2 − 3~mω − i~2εijk∇i∇jσ̂k − i~mωεijk (∇irj) σ̂k + i~mωεijk (ri∇j − rj∇i) σ̂k + im2ω2εijkrirjσ̂k ] ψ1(r), (3.104) em que dois termos foram cancelados por serem iguais e de sinais opostos. Utilizando as relações εijk∇i∇j = 0, εijk∇irj = 0 e εijkrirj = 0, e observando que i~εijk (ri∇j − rj∇i) = 2i~εijkri∇j = −2εijkripj = −2(r × p)k = −2Lk onde L é o momento angular da partícula, obtemos c2 [ −~2∇2+m2ω2r2−3~mω−2mωL·σ̂ ] ψ1(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ1(r), (3.105) 53 na qual pode-se escrever a função da matriz spin Ŝ = ~σ̂/2, assim, finalmente temos a seguinte equação para a primeira componente do espinor c2 [ −~2∇2 +m2ω2r2 − 3~mω − 4m(ω/~)L · Ŝ ] ψ1(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ1(r). (3.106) É importante destacar que essa equação é totalmente equivalente à equação (3.93). De uma maneira totalmente similar, o mesmo procedimento aplicado na equação (3.95) leva à seguinte equação para a segunda componente do espinor c2 [ −~2∇2 +m2ω2r2 + 3~mω + 4m(ω/~)L · Ŝ ] ψ2(r) = ( E2 −m2c4 ) ψ2(r). (3.107) As equações (3.106) e (3.107) juntamente com (3.88a) são suficientes para a determinação do espinor da equação (3.86) para o OD. O limite de baixa energia das equações das componentes da função de onda A fim de estabelecer o sistema não-relativístico equivalente ao OD temos de calcular o limite de baixas energias das equações (3.106) e (3.107). Para toda partícula massiva, a magnitude do momento linear p satisfaz a condição p < m0c e considerando, termos até segunda ordem em p/mc, temos que a energia E = √ m2 0c 4 + p2c2 = m0c 2 √ 1 + (p/m0c)2 da partícula, pode ser escrita como E ≈ m0c 2[1 + (p/m0c) 2/2] = m0c 2 + p2/2m0 = m0c 2 + ε, onde a energia cinética da partícula ε ≡ p2/2m0 tem um pequeno valor em comparação à energia própria. Substituindo essa aproximação em (3.106) e (3.107), desconsiderando o termo proporcional ao ε2 e dividindo por 2mc2, obtemos [ − ~2 2m ∇2 + 1 2 mω2r2 − 3 2 ~ω − 2ω ~ L · Ŝ ] ψ1(r) = εψ1(r),(3.108a)[ − ~2 2m ∇2 + 1 2 mω2r2 + 3 2 ~ω + 2ω ~ L · Ŝ ] ψ2(r) = εψ2(r).(3.108b) Essas equações incluem termos proporcionais a ~, termos esses de natureza quântica e cujo significado físico será discutido mais adiante. Por enquanto, se a magnitude de L cumpre L� ~, os termos ∼ ~ω podem ser descartados e os termos ∼ L terão magnitudes muito grandes. Nesse caso as equações 54 ficam [ − ~2 2m ∇2 + 1 2 mω2r2 − 2ω ~ L · Ŝ ] ψ1(r) = εψ1(r), (3.109a)[ − ~2 2m ∇2 + 1 2 mω2r2 + 2ω ~ L · Ŝ ] ψ2(r) = εψ2(r), (3.109b) e cada uma delas corresponde a um oscilador harmônico simples com um acoplamento spin-orbita, este resultado que no limite não-relativístico deu origem ao nome de oscilador de Dirac [35]. Em comparação, as duas equações descrevem osciladores harmônicos simples de mesma massa e frequência, os valores de spin se diferenciam apenas pelo sinal e, as autoenergias dos dois osciladores são as mesmas. Condição de normalização Obtivemos as equações acopladas( E −m0c 2 ) ψ1(r) = (−ic~σ̂ · ∇+ im0cωσ̂ · r)ψ2(r), (3.110a)( E +m0c 2 ) ψ2(r) = (−ic~σ̂ · ∇ − im0cωσ̂ · r)ψ1(r), (3.110b) com as quais é possível calcular as duas componentes espaciais do espinor Ψ(r , t) = ( ψ1(r) ψ2(r) ) exp ( −iEt ~ ) , (3.111) que é a solução da equação do OD (3.86). Das equações (3.110), temos( E −m0c 2 ) ∫ |ψ1(r)|2dr = ∫ ψ∗1(r) (−ic~σ̂ · ∇+ im0cωσ̂ · r)ψ2(r)dr , (3.112) e ( E +m0c 2 ) ∫ |ψ2(r)|2dr = ∫ ψ∗2(r) (−ic~σ̂ · ∇ − im0cωσ̂ · r)ψ1(r)dr , (3.113) em que os lados direitos são iguais, logo( E −m0c 2 ) ∫ |ψ1(r)|2dr = ( E +m0c 2 ) ∫ |ψ2(r)|2dr , (3.114) além desta propriedade, a condição de normalização do espinor (3.111) exige que ∫ |ψ1(r)|2dr + ∫ |ψ2(r)|2dr = 1, (3.115) 55 com essas duas propriedades, temos∫ |ψ1(r)|2dr = 1 2 ( 1 + m0c 2 E ) , (3.116a)∫ |ψ2(r)|2dr = 1 2 ( 1− m0c 2 E ) , (3.116b) condições essas de normalização para cada uma das componentes espaciais do espinor do OD. 3.3.2 Solução via SUSYQM As equações radiais no caso do OD (3.102) podem ser resolvidas diretamente tomando os casos limites das mesmas e depois propor uma solução em séries de potência. Esse método de solução foi discutido nas últimas três seções, e no caso no OD apresentaremos diretamente a solução utilizando o formalismo da SUSYQM. Determinação dos operadores de escada Os operadores diferenciais nas equações diferenciais acopladas (3.102), satis- fazem a relação( c~ d dr + c~ κ r +m0cωr )† = ( −c~ d dr + c~ κ r +m0cωr ) , (3.117) que é uma das caraterísticas dos operadores de criação e aniquilação. Pro- curando a forma geral de funções R+(r) e R−(r) pela qual a ação desses operadores aniquila a função temos( −c~ d dr + c~ κ r +m0cωr ) R+(r) = 0, (3.118)( c~ d dr + c~ κ r +m0cωr ) R−(r) = 0, . (3.119) essas equações tenham as soluções R1(r) = C1r κ exp (mω 2~ r2 ) , (3.120) R2(r) = C2r −κ exp ( −mω 2~ r2 ) , (3.121) nas quais C1 e C2 são constantes. Dos dois possíveis tipos de soluções, a primeira tem de ser descartada, pelo fato que R1(r) = rk exp (mωr2/2~) não 56 pode ser normalizada contudo, as funções do tipoR2(r) = r−k exp (−mωr2/2~) são normalizáveis. Em correspondência ao qual, temos que os operadores po- dem ser definidos como operadores de criação A† e de aniquilação A, logo A† ≡ −c~ d dr + c~ κ r +m0cωr, (3.122a) A ≡ c~ d dr + c~ κ r +m0cωr, (3.122b) e a função de onda do estado base é do tipo R2(r). Desacoplamento das equações Com a definição dos operadores de escada, podemos escrever novamente as equações (3.102) como A†Fκ(r) = [ E −m0c 2 ] Gκ(r), (3.123a) AGκ(r) = [ E +m0c 2 ] Fκ(r), (3.123b) multiplicando a primeira dessas equações por A e a segunda por A†, temos AA†Fk(r) = [ E −m0c 2 ] AGk(r), (3.124a) A†AGk(r) = [ E +m0c 2 ] A†Fk(r). (3.124b) A partir da equação (3.123b) podemos substituir o termo AGκ(r) por [E +m0c 2]Fκ(r) na primeira equação de (3.124), similarmente, de (3.123a) podemos substituir o termo A†Fκ(r) por [E −m0c 2]Gκ(r) na segunda equa- ção de (3.124), assim obtemos as equações desacopladas A†AGκ(r) = [ E2 −m2 0c 4 ] Gκ(r), (3.125a) AA†Fκ(r) = [ E2 −m2 0c 4 ] Fκ(r), (3.125b) que são duas equações de valores próprios. Identificação de SUSYQM no sistema Com os operadores (3.122) podemos fazer a construção dos operadores de carga e do superhamiltoniano no qual A†A = c2~2 [ − d2 dr2 + 2mωκ ~ + (mωr ~ )2 + κ(κ+ 1) r2 − mω ~ ] (3.126) e AA† = c2~2 [ − d2 dr2 + 2mωκ ~ + (mωr ~ )2 + κ(κ− 1) r2 + mω ~ ] , (3.127) 57 assim, o superhamiltoniano (3.71) pode se escrever como [37] H = c2~2 [ − d2 dr2 + (κ r + mωr ~ )2 + ( κ r2 − mω ~ ) σ3 ] . (3.128) Autofunção e autoenergia do estado fundamental A função de onda do estado fundamental F (0) κ (r) tem que satisfazer a condição AF (0) κ (r) = 0, mostrou se que esta é uma das propriedades cumpridas pelas funções (3.121), logo, a função não normalizada é F (0) κ (r) = r−κ exp ( −mω 2~ r2 ) , (3.129) Com a substituição dessa função na equação (3.125a) temos que a energia do estado fundamental é E (0) Fκ = m0c 2. (3.130) Utilizando os operadores (3.126) e (3.127) para escrever explicitamente as expressões (3.125), obtemos c2~2 [ − d2 dr2 + (mωr ~ )2 + κ(κ+ 1) r2 + mω ~ (2κ− 1)− E2 c2~2 + (m0c ~ )2] Fκ(r), (3.131) e c2~2 [ − d2 dr2 + (mωr ~ )2 + κ(κ− 1) r2 + mω ~ (2κ+ 1)− E2 c2~2 + (m0c ~ )2] Gκ(r), (3.132) A†A = −c2~2 d 2 dr2 + ( c~ κ r +mcωr )2 + ( c2~2 κ r2 − c2~mω ) (3.133) Autofunções e autoenergias dos estados excitados As equações (3.125), onde o hamiltoniano é (3.128), se podem escrever como[ − d2 dr2 + (κ+m0ωr 2/~) 2 r2 + (κ−m0ωr 2/~) r2 σ3 − E2 −m2 0c 4 c2~2 ]( Gk(r) Fk(r) ) = 0. (3.134) o qual tem como solução geral as funções Gκ = C1Gκr −1/2MW ( E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ − 1 2 κ+ 1 4 ; 1 2 κ+ 1 4 ; m0ω ~ r2 ) + C2Gκr −1/2UW ( E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ − 1 2 κ+ 1 4 ; 1 2 κ+ 1 4 ; m0ω ~ r2 ) , (3.135) 58 e Fκ′ = C1Fκ′ r−1/2MW ( E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ − 1 2 κ′ − 1 4 ; 1 2 κ′ − 1 4 ; m0ω ~ r2 ) + C2Fκ′ r−1/2UW ( E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ − 1 2 κ′ − 1 4 ; 1 2 κ′ − 1 4 ; m0ω ~ r2 ) , (3.136) nas quais C1Gκ , C2Gκ , C1Fκ′ e C1Fκ′ são constantes eMW (α, β, γ) e UW (α, β, γ) são as funções de Whittaker [12]. Precisa-se que as funções Gκ(r) e Fκ′(r) no caso de r →∞ permaneçam limitadas, porém os termos proporcionais a UW (α, β, γ) não satisfazem tais condições, assim, as respectivas constantes devem ser anuladas, logo Gκ(r) = C1Gκ (m0ω ~ )κ/2+3/4 rκ+1 exp ( −mω 2~ r2 ) ×MW ( 1 2 + κ− E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ ;κ+ 3 2 ; m0ω ~ r2 ) (3.137) e Fκ′(r) = C1Fκ′ (m0ω ~ )κ′/2+1/4 rκ ′ exp ( −mω 2~ r2 ) ×MW ( 1 2 + κ′ − E2 −m2 0c 4 4m0c2ω~ ;κ′ + 1 2 ; m0ω ~ r2 ) . (3.138) Fazendo a definição do número radial principal n como n = E2 n −m2 0c 4 4m0c2ω~ − κ− 1 2 , (3.139) vemos que os possíveis valores de energia são E±nκ = ±m0c 2 [ 1 + 4ω~ m0c2 ( n+ κ+ 1 2 )]1/2 . (3.140) Nas funções de onda ainda não-normalizadas (3.137) e (3.138) podemos uti- lizar a relação [12] MW (−n;m+ 1;x) = n!m! (n+m)! Lmn (x), (3.141) logo Gl = C1Gl n!(l + 1/2)! (n+ l + 1/2)! (m0ω ~ )1/4 [(m0ω ~ )1/2 r ]l+1 exp ( −m0ω 2~ r2 ) × Ll+1/2 n (m0ω ~ r2 ) (3.142) 59 e Fl′ = C1Fl′ n′!(l′ + 1/2)! (n′ + l′ + 1/2)! (m0ω ~ )1/4 [(m0ω ~ )1/2 r ]l′+1 exp ( −m0ω 2~ r2 ) × Ll ′+1/2 n′ (m0ω ~ r2 ) . (3.143) Nestas expressões as constantes de normalização C1Gl e C1Fl′ ainda não são conhecidas. Calculando estas constantes, a parte espacial do espinor( ψ1(r) ψ2(r) ) = 1 r ( iGκΩjlm (r/r) −FκΩjl′m (r/r) ) , (3.144) será determinada. Fazendo a troca x = m0ωr 2/~ em (3.142) e (3.143), a condição de normalização (3.116) é C2 1Gκ [ n!(l + 1/2)! (n+ l + 1/2)! ]2( ~ m0ω )1/2 ∫ ∞ 0 dx xl+1/2 exp (−x) [ Ll+1/2 n (x) ]2 = ( Enκ +m0c 2 Enκ ) (3.145) e C2 1Fκ [ n′!(l′ + 1/2)! (n′ + l′ + 1/2)! ]2( ~ m0ω )1/2 ∫ ∞ 0 dx xl ′+1/2 exp (−x) [ Ll ′+1/2 n (x) ]2 = ( Enκ −m0c 2 Enκ ) (3.146) nas quais [12]∫ ∞ 0 dx xl+1/2 exp (−x) [ Ll+1/2 n (x) ]2 = (n+ l + 1/2)! n! , (3.147) assim C1Gκ = (m0ω ~ )1/4 [(n+ l + 1/2)! n![(l + 1/2)!]2 ( Enκ +m0c 2 Enκ )]1/2 , (3.148a) C1Fκ = (m0ω ~ )1/4 [(n′ + l′ + 1/2)! n′![(l′ + 1/2)!]2 ( Enκ −m0c 2 Enκ )]1/2 ,(3.148b) substituindo essas constantes em (3.142) e (3.143), obtemos as funções Gk(r) e Fk(r) Gk(r) = [ m0ωn! (Enκ +m0c 2) ~(n+ l + 1/2)!Enκ ]1/2 [(m0ω ~ )1/2 r ]l+1 exp ( −m0ω 2~ r2 ) × Ll+1/2 n (m0ω ~ r2 ) (3.149) 60 e Fk(r) = [ m0ωn ′! (Enκ −m0c 2) ~(n′ + l′ + 1/2)!Enκ ]1/2 [(m0ω ~ )1/2 r ]l′+1 exp ( −m0ω 2~ r2 ) × Ll ′+1/2 n′ (m0ω ~ r2 ) (3.150) finalmente, temos que o espinor do OD é Ψ(r , t) = 1 r  [ m0ωn! (Enκ +m0c 2) ~(n+ l + 1/2)!Enκ ]1/2 [(m0ω ~ )1/2 r ]l+1 L l+1/2 n (m0ω ~ r2 ) [ m0ωn ′! (Enκ −m0c 2) ~(n′ + l′ + 1/2)!Enκ ]1/2 [(m0ω ~ )1/2 r ]l′+1 L l′+1/2 n′ (m0ω ~ r2 )  × exp ( −m0ω 2~ r2 − iEt ~ ) . (3.151) 61 Capítulo 4 Conclusão Neste trabalho foi apresentado o estudo do Átomo de Hidrogênio e do Osci- lador Harmônico Tridimensional nos níveis não-relativísticos e relativísticos, utilizando o formalismo da Mecânica Quântica Supersimétrica (SUSYQM). Inicialmente, no capítulo 1, introduzimos os fundamentos da SUSYQM. No capitulo 2, realizamos o estudo não relativístico do Átomo de Hidrogênio e do Oscilador Harmônico Tridimensional, cujas expressões gerais para as autoenergias e as autofunções destes dois sistemas foram calculadas, sendo necessária a construção de operadores de escada com os quais o hamiltoniano de cada um destes sistemas pôde ser fatorado como o produto de dois opera- dores que seguem a álgebra da SUSYQM. Apresentamos diversos exemplos que ilustram a igualdade das autofunçoes encontradas pelo método conven- cional e utilizando o formalismo da SUSYQM . Finalmente, no capitulo 3, realizamos o estudo relativístico dos mesmos dois sistemas, a parte radial da ED para o Átomo de Hidrogênio Relativístico e do Oscilador de Dirac (a versão relativística correspondente do Oscilador Harmônico Tridimensional) foram fatoradas utilizando operadores que seguem a álgebra da SUSYQM, se obtiveram as respectivas expressões para as autoenergias e autofunções destes dois sistemas. As expressões para as autoenergias e as autofunções dos quatro sistemas estudados, Átomo de Hidrogênio relativístico e não-relativístico, Oscilador Harmônico Tridimensional e Oscilador de Dirac que foram obtidas com a utilização do formalismo da SUSYQM, podem ser comparadas com os resul- tados correspondentes obtidos por métodos convencionais os quais também são desenvolvidos neste trabalho. Em particular, as expressões para as auto- energias obtidas pelos dois métodos são evidentemente iguais, no entanto, os resultados obtidos para as autofunções, embora iguais, oferecem dificuldade para efeito de comparação, pois a resposta geral para qualquer autofunção 62 obtida com o formalismo da SUSYQM resulta em função de operadores e não pode ser simplificada, contrário ao caso do método convencional. Possíveis trabalhos futuros são: • Encontrar as constantes de normalização das autofunções do AHNR e o OAT utilizando unicamente o formalismo da SUSYQM. • Estender os resultados encontrados no caso do AHNR e o OAT, estabe- lecendo as condições sob as quais a ES para um potencial central pode ser resolvida utilizando o formalismo da SUSYQM. • Estender os resultados encontrados no caso do AHR e o OD, estabele- cendo as condições sob as quais o sistema formado pelas equações que conformam a parte radial da ED pode ser resolvido com o formalismo da SUSYQM. 63 Capítulo 5 Apêndice .1 Equação Diferencial Hypergeométrica Uma equação diferencial que pode-se reduzir à forma z(1− z) d2φ dz2 + [c− (a+ b+ 1)z] dφ dz − abφ = 0, (.1.1) onde a, b e c são constantes arbitrarias, é chamada equação diferencial hyper- geométrica. Fazendo primeiramente a troca x = bz e posteriormente pegando o limite b→∞ obtemos a equação x d2φ dx2 + (c− x) dφ dx − aφ = 0, (.1.2) que é conhecida como equação diferencial de Kummer. Utilizando os símbolos de Pochammer (a)0 = 1, (a)µ = a(a+ 1) · · · (a+ µ− 1) (.1.3) as soluções∗ das equações (.1.1) e (.1.2) respetivamente são φ(z) = A 2F1(a, b, c; z) +Bz1−c 2F1(a+ 1− c, b+ 1− c, 2− c; z); com 2F1(a, b, c; z) = ∞∑ µ=0 (a)µ(b)µz µ (c)µµ! (.1.4) ∗As soluções das equações (.1.1) e (.1.2) podem-se calcular propondo uma solução da forma φ(x) = xα ∞∑ i=0 cix iφ(z) = xα ∞∑ i=0 cix i i e φ(x) = A 1F1(a, c;x) +Bx1−c 1F1(a− c+ 1, 2− c;x); com 1F1(a, c;x) = ∞∑ µ=0 (a)µx µ (c)µµ! . (.1.5) Das definições das funções 1F1(a, c;x) e 2F1(a, b, c;x) vemos que a sua exis- tência implica c 6= −n com n = 0, 1, · · · , além disto, no caso a = −n (ou b = −n) com n = 0, 1, · · · , as séries terminam, e as funções 1F1(a, c;x) ou 2F1(a, b, c;x) definem polinômios finitos, em particular 1F1(−n,m+ 1;x) = n!m! (n+m)! L(m) n (x), (.1.6) define a relação entre as soluções da equação de Kummer e os polinômios de Laguerre [12]. ii Bibliografia [1] J. Wess, From symmetry to supersymmetry. [Eur. Phys. J. C. 59, (2009) 177-183]. [2] E. Noether, Invariant Variation Problems. Tradução ao inglês dos teoremas de E. Noether (1918) [arXiv:physics/0503066v1 [physics.hist-ph]]. [3] H. Kirsten, A. Wiedemann. Supersymmetry: an introduction with conceptual and calculational details. World Scientific. 1987. [4] P. Ramond, Field theory: a modern primer. Segunda edição. West- view Press. 2001. [5] S. Coleman, J. Mandula. All Possible Symmetries of the S Matrix. [Phys. Rev. 159, (1967) 1251–1256]. [6] J. Wess, J. Bagger. Supersymmetry and supergravity 1992. [7] Fred Cooper, Avinash Khare, Uday Sukhatme. Supersymmetry and quantum mechanics. [Phys. Rept. 251 (1995) 267-385]; C. V. Suku- mar. Supersymmetric quantum mechanics and its applications. [AIP Conf. Proc. 744, (2004) 166-235]; M. de Crombrugghe, V. 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